como gerenciar o processo de integração pós-aquisição

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FUSÃO, AQUISIÇÃO E INCORPORAÇÃO: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição III r Prof a Prof.: J o s é Augusto Guagliardi ( FEA / USP ) Prof.: M i g u e l Abboud ( EAESP / FGV ) Smile BancaBan ca Examinadora

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Page 1: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

FUSÃO, AQUISIÇÃO E INCORPORAÇÃO:Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

III r P r o fa. : M a r i a C e c il i a C. de A rr ud a ( O r ie n ta d or a )

Prof.: J o s é Augusto Guagliardi ( FEA / USP )Prof.: M i g u e l Abboud ( EAESP / FGV )

Smile

Banca Banca Examinadora

Page 2: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGASESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

FUSÃO, AQUISIÇÃO E INCORPORAÇÃO:Como Gerenciar o processo de integração pós-aquisição

Smile

EDSON MASSAM1TSUDA

SÃO PAULO1996

Dissertação apresentada a oCurso de Pós-graduação, Areade Concentração: A D M -Administração G e r a l eRecursos Humanos

Profa. Ma ri a Cecilia C. de Arruda (Orientadora)

N-cr)coCS)

v i p p r, F u n c la k I A . G et . li o Va tgas

EsGo ta de Ad m i vi straçao '-F61 ," d e Emp re sas de S o Pau lo

Bthho p ra

Iii I 111 I

199700106

Page 3: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

1 1 .-isccb 13 ,d i•3 )i ii kf r: iv ;i io

6 P a u i a

,

rn

TSUDA, Edson Massami. Fusão, Aquisição e Incorporação: ComoGerenciar o processo de integração pós-aquisição. São Paulo:EAESP/FGV, 1 9 9 6 , 6 2 p . D i s s e r t a ç ã o d e Mes tradoapresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGVArea d e Concentração: A D M - Administração G er al eRecursos Humanos ).

Resumo: Trata-se da estratégia de gerenciamento da fusão deempresas c om culturas diferentes, o impac to s obre a spessoas da organização e como manter o moral elevado dosempregados da empresa adquirida.

Palavras-Chaves: Fusão - Aquisição - Sinergias - Integração

Page 4: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Sumário

iv

Capitulo In t r oduç ã o

Capitulo 2 - Fundamentação Teórica 8

2.1 - Fusão Aquisição e Incorporação 92.1.1 - Programas de Fusão: A probabilidade de Fracasso 172.1.2 - Programas de Fusão: Razões para o Fracasso 1 92.1.3 - Passos para um programa de fusão e

aquisição bem sucedido 2 2

2.2 - Comunicação Empresarial 2 42.2.1 - Processo de Transformação das mensagens 3 4

Capitulo 3 - Estudo de Caso: A Operação Ciminas - Paraíso 3 9

3.1 A Operação 4 03.2 - Os participantes da operação 4 0

3.2.1 - A Holderbank 4 03.2.2 A Ciminas 4 13.2,3 - Grupo Paraíso 4 3

3.3 - O porquê das operações 4 33.4 - A avaliação do Mercado Brasileiro 4 43.5 A oportunidade 4 43.6 - A negociação 4 53.7 - O processo de integração operacional 4 6

3.7.1 - Prazo 4 63.7.2 - O processo de comunicação antes e pós aquisição 4 73.7.3 - O impacto dos rumores sobre o

moral dos empregados 4 73.7.4 - Os Recursos Humanos 4 9

3.7.4.1 - E os processos de demissão ? 5 03.7.4.2 - E as transferências ? 5 1

3.8 - Seminários de integração 5 21 3 . 9 - Considerações Finais 5 3

Smile

Page 5: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Capitulo 4 - Conclusão 5 5

Bibliografia 6 0

Abstract 6 2

Smile

Page 6: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

vi

Ao concluir mais um desafio em minha vida,manifesto minha gratidão a TODAS aspessoas que, d e alguma forma, m eajudaram e apoiaram a o longo destacaminhada, inclusive a q u e m D e u schamou junto de Si.

Page 7: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

4Smile

Capitulo 1

INTRODUÇÃO

Page 8: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

O autor dessa dissertação teve seu primeiro contato com o tema

Fusão, Aquisição e Incorporação, há aproximadamente 10 anos, a o

participar d e u m Seminário com o objetivo d e obter uma avaliação

preliminar sobre o impacto, as vantagens e as desvantagens da operação,

para o grupo de empresas para o qual trabalhava.

Desde então, te m acompanhado o assunto com u m interesse

especial, por se tratar de um tema atual, que implica em um forte processo

de mudanças nas organizações e nas pessoas; e requer uma análise

cuidadosa por parte dos órgãos governamentais, para impedir que estas

operações se jam prejudiciais á l i v re concorrência e a o mercado

consumidor.

Este tema tem sido abordado quase que diariamente nos meios

econômicos e de comunicação, com o anúncio de operações envolvendo

grandes conglomerados nacionais e internacionais, se j a n a s á reas

bancárias, industriais ou de serviços.

Com a globalizagão da economia, hoje já não existem mais barreiras

intemacionalizagão, e o aumento da competitividade tem forçado as

empresat a aumentarem os seus níveis de produtividade, para manter ou

aumentar suas participações nos mercados, e por que não dizer, garantir asua sobrevivência.)11/11e

2

Page 9: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

gim

3

Portanto, há uma tendência de concentração de indústrias de uma

forma global, o que deverá provocar um grande aumento das operações de

fusões e aquisições, tanto no Brasil como no mundo.

As empresas de menor porte, mesmo quando tiverem um elevado

nível de produtividade e conhecimento do mercado, sofrerão uma forte

concorrência por parte dos grandes grupos empresariais, especialmente os

multinacionais

As empresas multinacionais possuem u m grande potencial d e

economia de escala, que lhes possibilita trabalhar com menores custos de

produção, e geralmente, investir mais e m pesquisa e desenvolvimento,

para melhorar a eficiência. Adicionalmente, estas empresas têm maior

facilidade de estruturar suas operações locais com base em indices de

produtividade obtidos e m outras subsidiárias (benchmarking) e maior

facilidade d e acesso a o s mercados financeiros internacionais, p a ra

obtenção de fundos para financiar seus negócios.

Segundo resultados d e anál ise realizada p e l a empresa d e

consult9ria McKinsey & Company, Inc., que avaliou 116 empresas nos

Estados Unidos e Europa entre 1972 e 1983, o s casosl d e fracasso

atingiram 61% dos programas realizados, ocorrendo uma maior incidência

-Il i

;AND, Tom.; KOLLER,Tin.; MURRIN Jack. Valuation Measuring and Managig the

A•••

.11

.111 Valuelof Companies. 2a edition. New York, N.Y.: McKinsey & Company, Inc. 1994.

Page 10: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

E por que os programas de fusão e aquisições têm fracassado?

Smile

4

quando se tratavam de operações entre empresas de grande porte. No

caso de empresas de grande porte, que atuam no mesmo segmento da

indústria, o índice de fracassos atingiu 73% e para aquelas que possuem

negócios não relacionados, o índice foi de 86%.

Tem se observado que uma operação de fusão e aquisição não se

trata apenas de uma operação legal, abrangendo os aspectos econômicos,

contábeis, fiscais e tributários, mas envolve principalmente um amplo

processo d e comunicação e pessoas, pois tem o objetivo d e unificar

organizações com culturas e processos diferenciados.

Um dos principais motivos que têm levado as operações de fusão e

aquisição a o fracasso é o gerenciamento inadequado d o período d e

integração pós-aquisição, po is esse gerenciamento requer u m amplo

planejamento de comunicação entre a empresa e os empregados.

A comunicação, e m si , é u m problema crucial n a maioria das

organizações. O processo inadequado d e comunicação empresarial

provoca perda d e produtividade, retrabalhos e , conseqüentemente,

impactos sobre os custos operacionais e o lucro das empresas.

Page 11: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

O processo de comunicação no caso de fusão e aquisição, quando

bem planejado, p o d e possibilitar u ma melhor integração en tre a s

organizações, aglutinar as pessoas em torno de objetivo comum, eliminar

rumores e cl ima d e insegurança e ansiedade e , finalmente, g e ra r

motivação e compromissos por parte dos empregados.

Além d e s s e s aspectos, q u e p o d e m s e r definidos c o m o

circunstanciais, outro ponto que motivou o autor a estudar o tema dessa

dissertação refere-se aos Recursos Humanos.

O autor, apesar de nunca te r atuado diretamente n a área d e

Recursos Humanos, sente uma grande atração pela área, pois entende

que a partir do momento que se vive em uma sociedade aberta, pratica-se

Administração de Recursos Humanos durante as 24 horas do dia, seja

como pessoa, chefe, amigo ou pai de família.

Não fo i p o r coincidência que a o longo d o seu curso d e p ó s-

graduação (MBA), pa rti c ipou d a maioria das matérias eletivas, q u e

estavam relacionadas com a area de Recursos Humanos. De uma maneira

puramente intuitiva e natural, sempre valorizou o aspecto de Recursos

Humanos e m suas atividades, o que assegura te r ajudado n o se u

relacionamento com subordinados, pares e superiores hierárquicos.ME

Smile

5

Page 12: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

1

O au to r destaca a importância d a s pessoas n a organização,

independente dos níveis hierárquicos e , conseqüentemente, a área de

Recursos Humanos deveria se r uma das áreas mais valorizadas d a

companhia. Entretanto, existem empresas que não respeitam os direitos

dos empregados, co mo pessoas o u profissionais, submetendo-os a

diferentes tipos de pressão.

As empresas em geral, apesar de possuírem recursos financeiros e

tecnológicos, s e não tiverem u ma preocupação com seus Recursos

Humanos, certamente terão equipes desmotivadas e não comprometidas

com o s objetivos d a organização, podendo implicar e m perda d e

produtividade e competitividade a médio e longo prazo.

Demonstrando a preocupação c o m o s pon tos mencionados

anteriormente, o segundo capitulo apresenta uma fundamentação teórica a

respeito d o s principais conceitos utilizados nessa dissertação, co mo

Fusão, Aquisição, Incorporação e seus impactos nas organizações; e sobre

o tema Comunicação Empresarial, enfatizando o s diferentes tipos d e

comunicação existentes.

r N o terceiro capítulo apresenta-se um estudo de caso recente, real e

6

que envolveu duas empresas d o mesmo segmento, u ma d a s quais

5 ertencente a um grupo estrangeiro. Trata-se d a aquisição d o grupor a l o P a r a pela Ciminas, cujo anuncio público ocorreu em 17 de•

Page 13: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

processo de integração bem sucedido.

Smile

7

julho de 1996. Pe las avaliações obtidas até o momento, trata-se de um

Finalmente, o quarto capi tulo apresenta a conclusão dessa

dissertação, sugestões p a ra fu turos estudos e a s l imitações p a ra

realização do trabalho. Apesar da preocupação inicial dessa dissertação

estar voltada ao processo de comunicação em casos de fusão e aquisição,

partiu-se do pressuposto básico de que:

a comunicação somente será eficaz, s e levar em consideração o

envolvimento e o comprometimento efetivo das pessoas ao longo do

processo.

Page 14: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

Capítulo 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 15: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

g E

2.1 - Fusão, aquisição e incorporação

9

Com a globalizagão o mundo está se reformulando ao longo de

fronteiras econâmicas, e não políticas. Durante a década d e 1990 a

estrutura dos negócios mudará dramaticamente, à medida que eles se

adaptem à dinâmica d o s mercados mundiais. Impulsionada p e l a

consolidação d o mercado global, acelerada pelo ri tmo d a s reformas

econômicas e revoluções sócio-políticas na Europa, esta década oferece

novas oportunidades marcantes para empresas que estão entrando no

mercado global.

Segundo Lynch (1994), a década de 1990 será uma era de grandes

revoluções organizacionais, a década atual reordenará as estruturas de

negócios. A superioridade chegará ás empresas mais rápidas e flexíveis.

Qualquer empresa n o mercado mund ia l p re c i sa en fren ta r

perpetuamente a questão d e que, s e não estiver crescendo, estará

extinguindo-se. Em essência, uma empresa pode crescer de duas maneiras

fundamentais.

1 A primeira opção é expandir internamente. Isto requer aplicação de

capital e m tecnologias superiores e/ou mercados em expansão. Essa

pção se bem sucedida pode produzir resultados muito compensadores.7• 1 c•

n1 a I Topção d e crescimento interno te m algumas l imitações

Page 16: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

i

glE

'o

consideráveis. Ela é dependente de mercados fortes, de boas margens de

lucros e da capacidade de contratar, treinar, organizar e controlar um grupo

de recursos humanos continuamente crescente. Ela também corre o risco

de tornar-se inflexível e cega a mudanças importantes n o ambiente

competitivo.

A segunda opção é o crescimento através de aquisições e fusões,

que requer recursos preciosos e uma superioridade competitiva de formas

novas e inovadoras. Com relativa rapidez e poucos recursos em espécie,

múltiplas fusões e incorporações podem ser formada horizontalmente ou

verticalmente em inúmeros mercados.

Copeland et.AI (1994) mostra que a s fusões e aquisições têm

crescido rapidamente em termos d e valores e m dólares nos Estados

Unidos, e que duas "ondas de fusão" aconteceram: a primeira, no meio da

decade de 60 e a segunda, 20 anos depois, no final dos anos 80.

O mercado mundial a tua l f a z co m q u e o s empreendimentos

cooperativos tornem-se um elemento essencial na busca bem sucedida de

negócios globais. A associação de forças corporativas acelerou mudanças

il- d e mercado, resultando, ao mesmo tempo, em maior estabilidade e maior...AP'

oportunidade. As fusões e incorporações também podem diversificar a

dependência de mercado domésticos, pelo ganho imediato de uma posição

r i r 1 rrfacados Istrangeiros. Combinações multinacionais também estão

a

Page 17: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

surgindo na forma fusões e aquisições.

Será importante adequar o s produtos a nichos d e mercados

nacionais, internacionais, regionais o u demográficos específicos. O s

produtos terão que ser altamente diferenciados e de alta qualidade e,

tipicamente, terão ciclos de vida mais curtos. H á requisitos cada vez

maiores d e flexibilidade e l igações ca d a v e z ma i s fo r te s e n tre

fornecedores, fabricantes, sistemas de distribuição de mercado e clientes

finais, novas parcerias em negócios estão sendo formadas para satisfazer

essas demandas.

Para Muniz (1996) a fusão, incorporação e aquisição constituem,

antes de tudo, um processo de sucessão, ou seja, uma operação em que

uma pessoa jurídica transfere para outra u m conjunto d e direitos e

obrigações, ou de ativos e passivos, ou ainda, um grupo de haveres e

deveres, de forma tal que, sem que haja solução de continuidade, uma

pessoa jurídica prossegue uma atividade até então exercida por outra.

Sucessão pode ser definida como o processo em que uma pessoa

transfere o u transmite para outra u m conjunto d e bens e direitos

(provavelmente assumirá igualmente alguns passivos relacionados com o

patrimônio recebido), tornando-se esta proprietária dos referidos bens egime id ire it os (e igualmente devedora dos eventuais passivos), que poderá

exerce t o d o r A direitos inerentes propriedade, como, p o r exemplo,41, •

Page 18: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

deles dispor.

,1111011a

De acordo com a Lei das Sociedades por Agões2 :

12

Art. 2 2 8 - "A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais

sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os

direitos e obrigações.'

Portanto fusão, incorporação e aquisição constituem um processo de

sucessão. Vejamos: duas ou mais pessoas jurídicas se unem e como

resultante de tal união surge uma nova pessoa jurídica, que se torna titular

de todos o s direitos e obrigações antes pertencentes á s sociedades,

inclusive d o somatório d o patrimônio (acervo líquido), pertencente á s

referidas pessoas jurídicas.

É comum referir-se à sociedades que se extinguiram no processo de

fusão como as sucedidas, enquanto a sociedade nova que absorveu o

patrimônio das sucedidas denomina-se sucessora.

Segundo a Lei das S/A uma análise de incorporação não conduzirá

a uma conclusão diferente3:

2 Olivel a r e z . t l i g o Comercial, Editora Saraiva, 1994.3 Idem. I

Page 19: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

13

Art. 227 " A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades

são absorvidas p o r outra, que lhes sucede e m todos o s direitos e

obrigações."

Verifica-se portanto que diferentemente do que ocorre na fusão, em

que há a extinção de todas as pessoas jurídicas participantes do processo,

bem como a criação de uma nova pessoa jurídica que sucede 'as demais,

no caso da incorporação, uma pessoa jurídica preexistente absorve o

patrimônio d e uma o u mais pessoas jurídicas que se extinguirão n o

processo. Assim sobreviverá uma única pessoa jurídica, cujo patrimônio

corresponderá ao somatório dos patrimônios líquidos de todas as pessoas

jurídica absorvidas no processo de incorporação.

Essa distinção entre a incorporação e a fusão, qual seja, em que

uma sociedade preexistente sobrevive à s demais participantes d o

processo, enquanto na fusão todas desaparecem, mediante a criação de

uma nova sociedade - explica um dos motivos do porquê da grande

popularidade da incorporação. Na fusão será necessário proceder a todo o

processo de criação de uma pessoa jurídica nova, como por exemplo,

proceder novo registro no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da

Fazenda (CGC/MF), inscrição estadual, municipal, alvarás de localização

etc. Na hipótese de incorporação, boa parte desse trabalho já estará feito.

Igualmente existe uma forte motivação de natureza fiscal, uma vez que aarl rl

legislagão? d e e p o s t o d e pessoas jurídicas permi te u m me l h o r

Page 20: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

14

aproveitamento d e prejuízos fisca is n a hipótese d e incorporação,

prevalecendo a perda total de prejuízos sociais no evento fusão. Muniz

(1996)

Entretanto, da mesma forma que na fusão, a característica mais

marcante da incorporação esta em ser um processo de sucessão em que a

sociedade sobrevivente (sucessora) absorve patrimônio das sociedades

extintas (sucedidas), prosseguindo c o m a s atividades comerciais,

industriais ou de prestação de serviços em seu nome, as quais até então

eram exercidas pelas sucedidas.

Os processos de fusão e incorporação não constituem privilégio de

sociedades anônimas, podendo ser adotados por sociedade de qualquer

forma, se ja e la sociedade po r cotas d e responsabilidade limitada o u

sociedade em nome coletivo, etc, sem que necessariamente u m a das

sociedades envolvidas tenha a forma de sociedade por agões4.

Numa fusão ou incorporação o processo de deliberação deverá ser

o mesmo previsto para a alteração de seus estatutos ou contratos sociais,

ou seja, o processo aplicável a cada tipo de sociedade conforme requisito

legal ou convencional

4 I P

C e Ii 11 1I N4 Muniz, Ian de Porto Alegre, Reorganizay5es Societárias, 1996.

Page 21: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

15

Assim por exemplo, em se tratando de uma incorporação envolvendo

duas sociedades por quotas de responsabilidade limitada, caso inexista

qualquer previsão no contrato social autorizando a alteração do contrato

social po r vontade da maioria, sera indispensável a unanimidade dos

sócios para que a operação s e materialize. Havendo n o entanto,

autorização expressa no contrato social, poderá a incorporação, fusão ser

levada a efeito independentemente de eventual discordância de sócio

minoritário, restando-lhe tão somente o direito de recesso.

Em u m a fusão e incorporação existem sócios o u parceiros,

executivos, com estrutura, origem cultural e comportamentos diferentes e,

em muitos casos, ambições, aspirações que muitas vezes n ã o sã o

compartilhadas, quando d a formação d a sociedade. Esse conflito d e

interesses requer constantes manifestações de respeito mútuo entre os

componentes, para não formar elementos de desconfiança subconsciente

entre os parceiros.

Os processos de mudança e modernização em qualquer empresa

exigem a participação de todos os funcionários. Sem essa participação

global não se consegue nada. Além da participação, o processo exige a

colaboração de todos. Não se pode esperar que as coisas aconteçam por

milagre. I N1

Page 22: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

16

Essa teoria fo i defendida por Paulo Arasaki, gerente senior da

KPMG Peat Marwick Auditores e Consultores, em seminário realizado na

Folha de São Paulo em 28/08/94. Ele falou sobre "Como administrar

mudanças.

A mudança vai acabar gerando "dor". O combate a essa dor virá

com o "remédio" da nova fase. Nessas horas, segundo Arasaki, os conflitos

podem aumentar dentro das diversas areas envolvidas no processo de

mudança.

Para que essa passagem de uma para outra fase possa ser feita

sem traumas é fundamental a presença dos agentes de mudança. O

consultor d i z que é preferível te r poucos agentes, ma s que saibam

efetivamente implantar as mudanças.

Os gerentes de departamentos são, segundo Arasaki, as pessoas

ideais para serem os agentes de mudança. A eles caberá, entre outras

tarefas, mostrar aos outros como o trabalho de qualidade deve ser feito.

Além disso, o agente deve procurar alavancar o grupo sob seu comando

para qu9 as oportunidades sejam efetivamente alcançadas. Para isso,

algumas características são importantes: conhecimento e utilização das

habilidades e potenciais dos membros da equipe; motivar a equipe para

uebrar barreiras; manutenção de um ambiente construtivo de trabalho ear l r l

intercomunicaRpessoal.

Page 23: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

2.1.1 - Programas de fusão: A probalidade de fracasso,

No campo de fusões e aquisições, quem vence, quem perde e por

que? U m a companhia contemplando uma aquisição deve-se familiarizar

com o simples fato de que o crescimento externo é muito competitivo e a

probabilidade d e aumentar a riqueza dos acionistas po r meio deste

crescimento é baixa. Estudos acadêmicos têm tipicamente observado a

reação do mercado ex-ante do anúncio de uma fusão, considerando não

somente os custos e benefícios esperados, mas também a expectativa do

mercado que o negócio será efetivamente concluído.

A outra abordagem é ex-post, observando o sucesso ou fracasso

dos programa de fusão depois de terem sido concluídos.

Reagão do mercado ex-ante

17

Estudos empiricos realizados, por Copeland & Weston em 1988,

demonstram que os acionistas das companhias adquiridas são os grandes

vencedores, recebendo em média um prêmio de 20% e m uma fusão

amigável e 35% d e prêmio e m uma aquisição hostil. Acionistas das,Lompanlial, adquirentes obtém pequenos retornos, o s quais não são

mesmo estatisticamente diferente de zero, para fusões amigáveis.I - g •

- II

-5 An á irsI rldg .o a u t o, d e st a D i ss e rt a çã o sobre as idéias principais de Copeland et Al.

Valuation Measuring and Managig the Value of Companies, 1994.

Page 24: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Análise de Aquisições ex-post

foram bem sucedidos e 16% são desconhecidos.

programas de aquisição, teve o seguinte resultado:

A n ál i s e po r tipo de aquisição

• Negócios Relacionados

. Tamanho da Empresa Gr a n d e P e q u e n o

Sucesso 2 7 % 4 5 %

Fracasso 7 3 % 5 5 %

SmileProgramas (12) 2 6 20

18

McKinsey & Company analisou 1 1 6 programas d e aquisição,

envolvendo diversas aquisições nos Estados Unidos e Inglaterra entre

1972 e 1983. O estudo considerou uma operação bem sucedida se a

companhia obteve seu custo de capital ou mais, quando comparado com

os fundos investidos no programa de aquisição.

O resultado da análise é que 61% dos programas fracassaram, 23%

Uma outra análise, feita por McKinsey & Company envolvendo 97

Page 25: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

2.1.2 - Programas de fusão: Razões para o fracasso6

• Negócios Não Relacionados

Tamanho da Empresa Grande Pequeno

Sucesso 14% 38%

Fracasso 86% 62%

Programas (n2)

35 16

período pós-aquisição.• r

-I

19

Pode-se concluir que as chances de sucesso são maiores, quando

se tratar de fusões entre empresas com negócios relacionados e d e

pequeno porte. Porém, as possibilidades de fracasso são elevadas, tanto

em caso de negócios relacionados ou não, independente do porte das

empresas.

Por que muitos programas fracassam? Muitas razões podem ser

dadas, incluindo um fraco gerenciamento ou simplesmente, um azar. Um

dos motivos é que os compradores pagam um prego muito alto. Por que as

empresas pagam um preço tão alto? As principais razões são as seguintes:

superestimar o potencial de crescimento do mercado, superestimar as

sinergiaA propor um preço alto e um fraco processo de integração no_

-4 6 1% 01 1%

6 Copeland, Tom.; OLLER,Tin.; MURRIN Jack. Valuation Measuring and Managig theValue of Companie • 2a edition. New York, N.Y.: McKinsey & Company, Inc. 1994.

Page 26: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

• Superestimar o potencial de crescimento do mercado

20

A aquisição de uma empresa pode ser arriscada, se baseada na

premissa de que o mercado irá se recuperar após um cliclo de recessão ou

de que a companhia terá uma grande virada (turn-around). Não menos

problemática ou incomum é a premissa de que o rápido crescimento do

mercado continuará indefinidamente.

Se o adquirente estiver pagando um prêmio acima do mercado para

adquirir uma companhia, o mesmo deverá capturar as sinergias, melhorar

as operações da companhia, ou ambos. Se o comprador não for capaz de

executá-las, então, estará apostando contra o mercado, e contra o

vendedor, q u e certamente conhece melhor o negócio que o próprio

comprador.

• Superestimar as sinergias

Se o comprador não tiver a habilidade para realizar as melhorias

estimadas na magnitude necessária, isto resultará em uma significante

destruição no patrimônio dos acionistas.

41Smile

Page 27: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

• Propor um prego alto

21

Na competição pelo negócio, o adquirente pode considerar fácil

oferecer um preço além dos limites razoáveis de avaliação. Lembre-se da

"maldição do vencedora. Se você é o vencedor de um leilão, por que os

concorrentes desistiram?

• Integração pós-aquisição

Um pobre gerenciamento da integração pós-aquisição pode arruinar

a melhor estratégia. Infelizmente, em um processo de fusão e aquisição, a

execução d a s estratégias d e negócios torna-se d i fíci l , dev i do

complexidade d a integração d e d u a s di ferentes organizações. O

relacionamento com os clientes, empregados e fornecedores pode se r

facilmente descontinuado durante o processo, e esta descontinuidade pode

causar danos ao valor do negócio. Compradores agressivos acreditam que

podem melhorar a performance d a empresa com a designação d o s

melhores talentos em termos gerenciais, mas terminam dispensando-os

posteriormente.

•e

Page 28: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

22

2.1.3 - Passos para um programa de fusão e aquisição bem sucedido7

• Gerenciar a fase de pré-aquisição

Estar pronto para um campanha ativa de aquisição significa tomar

uma posição pró-ativa. Uma lição crucial é que o segredo deve ser mantido

durante o processo completo. Se o mercado detectar um rumor sobre a

tentativa de aquisição, o prego objetivo ficará mais alto, o suficiente para

inviabilizar o negócio.

A equipe deverá estar treinada para fazer avaliações a partir de uma

perspectiva, utilizando-se de um banco de dados público disponível. Um

bom começo é avaliar a própria empresa, avaliar suas unidades d e

negócios e decidir que melhorias internas podem ser viáveis.

A análise da estrutura da indústria da companhia objetivo deve ser

considerada, avaliando detalhadamente o s aspectos d e fornecedores,

clientes, barreiras de entrada e a existência de candidatos substitutos.

fl* I7 C o M I , TomAKOLLER,Tin.; MURRIN Jack. Valuation Measuring and Managig theValue of Companies. 2a edition. New York, N.Y.: McKinsey 8, Company, Inc. 1994

Page 29: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

• Gerenciar a integração pós-aquisição

23

Um d o s ma i s importante aspectos d a integração pós-fusão,

especialmente se a companhia adquirida for grande, é rapidamente decidir

os objetivos gerenciais comuns. É irrealístico para uma companhia impor

seus desejos sobre a outra. A alta administração deve definir a nova

direção que ambas as companhias devem adotar.

É muito comum a possibilidade de redução de custos corporativos

pela combinação de funções. Deve-se sempre lembrar, que as melhores

pessoas de cada organização devem ser mantidas, e que as piores devem

ser demitidas. Nada é pior para o moral das pessoas da companhia

adquirida que a demissão em massa.

Um planejamento cuidadoso é requerido, devido ao grande número

de comunicações q u e precisam s e r bem gerenciadas. O p lano d e

integração deve ser comunicado à alta gerência da companhia adquirida

para assegurar que suas expectativas estão sendo consideradas.

Um plano d e comunicação para ambas a s empresas deve se r

,desenvolivido para acalmar a s ansiedades, sendo q u e a s estruturas_

organizacional e d e sistemas devem s e r integradas para minimizar

descontinuidade operacional e saída de pessoas com talento.

Page 30: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

A integração pós-aquisição é u ma di fíci l ta re fa q u e torna-se

monumental se as duas organizações forem praticamente do mesmo porte.

Talvez esta seja uma explicação porque as fusões bem sucedidas ocorrem

quando grandes empresas adquirem pequenas companhias na mesma

indústria.

2.2 - Comunicação empresarial

A comunicação é u m fa to r importante dentro d o processo d e

qualidade. Ela deve ser a mais ativa possível. É preciso assegurar-se de

que a s informações se jam divulgadas o ma i s ráp ido possível e

incentivando a participação d e todos. A empresa q u e b u sca a

modernização, q u e passou p o r processo d e fusão e incorporação,

estabelece um processo de troca de informações e mútuo aprendizado

com estas trocas, com isso se torna ca d a vez mais fácil a inovação, o

aperfeiçoamento e as mudanças que forem necessárias.

Etimologicamente, comunicação vem do latim communis, comum. O

que induz á idéia de comunhão, comunidade. Comunicar significa, assim,

tornar comum, estabelecer comunhão, participar da comunidade, através

do intercâmbio de informações.

24

Segundo Buarque d e Holanda (1986:443) e m se u dicionário:t o-I rl •

e•Dimunicagão dim communicatione, ato ou efeito de emitir, transmitir e

Page 31: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

25

receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados,

quer através de linguagem falada ou escrita, de outros sinais, signos ou

srmbolos, qu e r d e aparelhamento técnico especializado, sonoro e /ou

visual. É a capacidade de discutir idéias, de dialogar, de conversar, com

vistas ao bom entendimento entre as pessoas: transmissão de mensagens

entre uma fonte e um destinatário.

• Elementos, tipologias e o processo de comunicação

A comunicação envolve pelo menos duas pessoas, a que envia e a

que recebe uma mensagem. O a to de comunicação so é completado

quando uma outra pessoa a recebe.

A comunicação d e v e s e r considerada c o m o u m processo

bidirecional para que seja eficaz, isto 6, um processo que caminha em duas

mãos: basicamente, o processo exige u m emissor que transmite a

mensagem através de um canal a um recebedor, que codifica a mensagem

e envia de volta algum sinal de retroagão ou retroinformagão. Desta forma,

ambas a s partes são emissoras e recebedoras no processo. Sem urn

receptor o emissor está apenas proferindo sons e gestos. Quando se

tmunica , o emissor entra em contato com a percepção de cada indivíduo.

Por esta razão, o que não é dito mas é transmitido através de gestos, do

tom de voz e de todo o comportamento, precisa ser encarado como parteorNe'N

do processo da comunicação.

Page 32: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

O processo de comunicação envolve vários elementos, sem os quais

ele não poderia ser efetivado. H á vários modelos desenvolvidos pelos

estudiosos d o assunto, que vão desde o mais simples a té o s mais

complexos, i sto de acordo com o objetivo proposto pelo autor. Como

referência será adotado o modelo apresentado por Thill & Bovée (1991)

pois este modelo é um dos mais simples e também de fácil compreensão.

Emissor

Feedback-

Fonte: Thill & Bovée ( 1991)

ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Codificaefin IMensagem

VelentoRuído

Sendo:

Emissor: a parte que emite a mensagem para a outra parte, também é a

fonte da mensagem.-

Codificação: o processo de colocar o pensamento em forma simbólica.

Mensagem: o conjunto de símbolos que o emissor transmite.Smile

Decodifieacio

26

Receptor

Resposta

Page 33: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

27

Veículos: os canais de comunicação pelos quais a mensagem passa do

emissor para o receptor.

Decodificagão: o processo pelo qual o receptor atribui significado aos

símbolos transmitidos pelo emissor.

Receptor: a parte que recebe a mensagem emitida pela outra parte

(também chamada destino).

Resposta: o conjunto de reagões que o receptor tem depois de ter sido

exposto à mensagem.

Feedback: a parte da resposta do receptor que retorna ao emissor.

Ruído: distorção não planejada durante o processo de comunicação que

resulta numa mensagem que chega ao receptor diferente da que foi emitida

pelo emissor.

Este modelo salienta os fatores-chave da comunicação eficaz. Os

emissores devem saber quais destinos querem atingir e quais as respostas

desejadas. Precisam ser experientes em codificar mensagens, levando em

consideração como os receptores habitualmente a s decodifica. Devem

desenvolver canais de feedback que lhes possibilitem saber a resposta do

receptor à mensagem.

,,—ASmile

Page 34: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

• Tipos de comunicação

28

Existem numerosas formas e tipos d e comunicação q u e sã o

geralmente agrupados e classificados e m categorias para faci l i tar a

compreensão.

Podemos classifica-las em formais e informais, orais e escritas,

descendentes, ascendentes e laterais.

A) Comunicação formal

Constitui-se de instrumentos oficiais, pelos quais passam tanto as

informações descendentes, ascendentes e q u e visam assegurar o

funcionamento ordenado e eficiente d a empresa (normas, relatórios,

instruções, portarias, sugestões, reclamações, etc.)8

Thill & Bovée (1991) consideram que nas comunicações formais, a

mensagem é enviada, transmitida, e recebida através de um padrão de

autoridade determinado p e l a hierarquia d a empresa, comumente

denominada cadeia de comando.

4111 I

1 1 0 1 1 W i l - p m %

8Torquato, do Rego e Gaudêncio, Francisco. Comunicação Empresarial I Comunicação

Institucional, São Paulo: Sumus Editorial, 1986. p.63.

Page 35: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Para efeito deste trabalho, entenderemos comunicação formal como:

instrumentos oficiais planejados e definidos pela alta direção da empresa,

em conjunto com seus membros, no sentido de padronizar o processo de

comunicação (ascendente, descendente e lateral) em toda a empresa e

que melhor se adequem e se efetivem. Desta forma, a empresa estará

preparada e organizada para resolver seus problemas internos, visando

sempre atingir o seu objetivo maior e a sua missão.

B) Comunicação informal

Segundo Lesikar (1991) a comunicação informal não segue uma

regra, e la é complexa e sua estrutura liga todos os membros de uma

organização, como esta demonstrado na figura a seguir.

Smile•••q

29

Page 36: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Fonte: Lesikar, 1991 - p.9

Legenda

Rede peão

Comunicação formal

Smile

-

30

A complexidade desse meio de comunicação, especialmente nas

grandes organizações, não pode ser enfatizada Tipicamente não é um

meio único de comunicação, mas um complexo meio de relacionamento

que envolve diferentes grupos de pessoa. Este assunto será tratado em

maior profundidade em item específico sob o título de Rádio Peão.

Page 37: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

C) Comunicações orais e escritas

31

As designações ora is e escritas s e referem a o formato d a s

mensagens comunicadas. Muitas formas de comunicação, especialmente

as comunicações interpessoais, são feitas no formato falado ou escrito.

Muitos indivíduos preferem a intimidade d a comunicação oral ,

enquanto outros preferem a acuracidade e precisão d a comunicação

escrita. Todavia, tempo, custo, rapidez, preferências pessoais, habilidades

individuais, recursos disponíveis e outras considerações servem como

critérios d e decisões para a escolha d e u m desses do is tipos d e

comunicação.

D) Comunicações descendentes, ascendentes e laterais

As classificações de comunicações descendentes, ascendentes e

laterais se referem ao fluxo direcional das mensagens e informações dentro

de uma estrutura organizacional de uma empresa.

As comunicações descendentes - aquelas que fluem de cima para

baixo - incluem questões como intercâmbio de informações face a face,

entre chefe e subordinado ao longo da cadeia de comando, relatórios

adrujnistrativos, manuais de políticas e de procedimentos, jornais internos

carta 9 circulares aos empregados, relatórios escritos sobre

Page 38: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

32

desempenho, manuais de empregados, etc. Todo administrador tem certa

dificuldade de definir qual informação deverá ou não ser passada aos seus

subordinados.

As comunicações descendentes se prestam mais às informações

que n ã o apresentam controvérsias, e quando o propósito é ma i s

informativo do que persuasivo.

O fluxo ascendente é geralmente menos adequado, n a grande

maioria das empresas, em relação às comunicações descendentes. Alguns

métodos têm sido utilizados para incrementar e melhorar as comunicações

ascendentes nas empresas, como memorandos escritos, reuniões grupais

planejadas entre empregados, conversas informais com superiores, além

de outras técnicas adicionais como relatórios de desempenho, pianos de

sugestões, pesquisa de opiniões, etc.

O flu xo la te ra l e /o u horizontal d e comunicações t ê m s i d o

relativamente ignorados na literatura administrativa, e constitui uma das

formas de fluxo de informação organizacional mais cruciais. Virtualmente

todo contato d e trabalho direto entre duas ou mais pessoas envolve

comunicações laterais o u horizontais. O s intercâmbios d e informação

interdepartamental ou intercargos ajudam a ligar e a unir os componentes

de uma organização e servem como forças coordenadoras e integradas

dent Pr e lutur filpr e s a r ia l•

Page 39: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

33

Todos estes tipos de comunicações (descendentes, ascendentes,

laterais, orais, escritas, formais e informais) se interrelacionam. Cada

organização terá em seu contexto a combinação mais adequada para o seu

ambiente.

Em u ma empresa, a comunicação te m como pré-requisito a

transparência n o fluxo d e informações dentro d a organização. Todos

devem entender qual é o negócio, a missão, os grandes propósitos e os

pianos empresariais:

• Conhecimento do negócio, missão, propósito, estratégia e pianos

• Troca de informações com o meio exterior

• Sistema interno de difusão das informações

• Credibilidade da informação

• Fluxo de informações rápido e constante

• Transparência da organização

A participação coletiva na definição dos objetivos da empresa é a

melhor forma de assegurar o compromisso de todos com sua execução.

Serve também para promover maior conhecimento d o papel q u e a

atividade de cada um representa no contexto da empresa.

A comunicação c o m o s cl ientes, efetivos o u potenciais, éI t

nclfvel. Além de levantar suas necessidades e expectativas, é•

Page 40: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

importante transmitir a eles a idéia de missão da empresa, seus objetivos,

produtos e serviços. Os processos de comunicação devem ser ágeis,

seletivos, precisos e confiáveis. Devem permitir a transparência d a

empresa junto a seus funcionários, clientes, fornecedores e sociedade.

Segundo Dubrin, i n Chiavenatto (1989) geralmente ocorrem

barreiras á comunicação, que são restrições dentro ou entre as etapas do

processo de comunicação, fazendo com que nem todo o sinal emitido pela

fonte percorra o processo de modo a chegar incólume ao seu destino. O

sinal pode sofrer perdas, mutilações, distorções, como pode também sofrer

ruídos, interferências, vazamentos e ainda implicações ou desvios. O rumor

é um exemplo típico de comunicação distorcida, ampliada e, muitas vezes

desviada.

2.2.1 - Processo de transformação das mensagens

Serb analisado agora o processo de transformação ou distorção por

onde passam os assunto no trajeto de sua difusão pela "Rádio Peão".

Rádio Peão, como foi definida por Cardoso (1995) é um mecanismo

real, utilizado pelas pessoas de um grupo social, no caso as empresas,

para fazer c y l a r informações que estas mesmas pessoas consideramM h .

importantes para suas necessidades.

Smile

34

Page 41: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Assim, da própria definição, pode-se depreender que nela circulam

informações de todo tipo, e o enfoque principal, será a circulação de

rumores e boatos.

A rádio peãog está presente em todas as organizações, não possui

estrutura formal ou permanente, não está sob controle ou direção dos

gerentes, e sequer dos funcionários; move-se em todos os sentidos, dentro

dos níveis hierárquicos da organização, e praticamente todos os membros

da empresa dela participam.

Além disso, ela não se restringe aos limites físicos da organização.

Ela invade os clubes, igrejas, associações, sindicatos, bares, reuniões,

transportes etc., freqüentados ou utilizados por funcionários.

Adicionalmente ela é onipresente, pois enquanto os empregados

estão tranqüilamente trabalhando, seus "agentes externos" (esposas,

filhos, sogra etc.) estão agindo nos cabeleireiros, shopping centers, clubes,

supermercados, em frente ao colégio, nas filas de bancos, etc.

Outra característica fundamental é a apontada por Shibutani (1966)

e diz respeito à sua eficiência, isto 6, a rádio peão é infalível, responde a

todas as dúvidas surgidas sobre determinado assunto de interesse.

9 Daqui r r n t e tratar-se-a d a R a d i o R e d o c o m o u m c o n c ei t o c o n h ec i d o , e p o rt a nt o t er á

a forma simples de rádio peão.

35

Page 42: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

36

Explorando melhor esta afirmação, encontra-se por trás dela todo o

mecanismo de funcionamento de radio peão, isto 6, na falta de informações

consistentes e confiáveis sobre determinado assunto de interesse, p o r

exemplo, o índice d e reajuste d o salário n a data base, a s pessoas

começam a interagir e buscar resposta; uma vez iniciado o processo não

demora nada para ocorrer o surgimento de um índice, com precisão de até

duas casas decimais, que segundo a rádio peão será o adotado pela

empresa e aceito pelo sindicato.

Neste ponto, entra a outra parte do mecanismo, que torna a rádio

peão imbatível c o m relação à cadeia formal d e comunicação d a

organização.

Por ser totalmente informal, te r penetração em todos o s níveis

internos e externos da organização, e ser ágil, a rádio peão é sempre mais

eficiente q u e o s canais formais d e comunicação d a empresa, q u e

dependem de uma cadeia hierárquica e toda uma série de procedimentos

burocráticos para promoverem a divulgação das notícias aos funcionários.

Antes mesmo d e preparada a no ta d o comunicado, b o a parte d a

comunidade já esta sabendo d o novo nível salarial, para desespero e

agonia da maioria dos chefes.

REUma última característica geral diz respeito á sua indestrutibilidade,

Sist2 ,nrslo conti'io desejo e a vontade de boa parte dos supervisores e

Page 43: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

37

gerentes, como apontam vários autores, a rádio peão é indestrutível, a

menos que se consiga uma forma de trabalho onde não haja interação

entre as pessoas.

Cardoso (1995) descreve d u a s condições q u e controlam a

intensidade da divulgação do rumor e portanto o grau de atividade da rádio

peão: a importância do assunto para os interlocutores e a ambigüidade dos

fatos. Isso significa q u e assuntos se m importância o u q u e estejam

devidamente entendidos ou explicados não darão origem a nenhuma forma

de rumor ou ação da rádio peão.

A intensidade do rumor, além da ambigüidade dos fatos, pode e

deve representar a falta de informações confiáveis sobre o assunto, ou de

outro modo, falhas ou omissões dos canais formais de comunicações da

empresa.

Allport (1948) diz que o rumor é colocado em movimento e continua

sua trajetória num meio social homogêneo, devido aos fortes interesses

dos indivíduos envolvidos n a sua transmissão. A poderosa influência

desses interesses transformam os rumores em agentes de racionalização,

ou seja, muitas vezes a relação entre os interesses e os rumores é tãofr

intima que se pode descrever tais rumores como resultado da projeção deNI

Ue s t a d o emocional coletivo.

s mile

Page 44: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Mishra (1990) fornece alguns outros fatores que podem afetar a

difusã'o dos assuntos pela rádio peão. Assim, a ação da rádio peão será

tanto maior quanto maior fo r a homogeneidade e a padronização d e

empresas ma l gerenciadas, e e m situações d e crises e mudanças,

ameaças e incertezas.

Smile

38

Page 45: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

Capitulo 3

ESTUDO DE CASO:

A OPERAÇÃO CIMINAS - PARAÍSO

Page 46: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

- A Operação

No dia 19 de julho de 1996, a imprensa divulgou a aquisição do

Grupo Paraíso pela Cinninas S.A., subsidiária do grupo suíço Holderbank,

ambas no setor de produção e comercialização de cimento no Brasil

A operação recém realizada resultou em urn salto quantitativo e

qualitativo do grupo no Brasil. A missão da empresa tem sido, e continua

sendo, contribuir ativamente para o desenvolvimento econômico e social

do pais, atendendo de forma equilibrada as expectativas, necessidades e

interesses d e cl ientes, fornecedores, funcionários, acionistas e d a

comunidade em geral.

A missão d o grupo Holderbank fundamenta-se nos padrões d e

idoneidade, responsabilidade e ética, q u e sempre caracterizaram a

empresa ao longo dos anos.

3.2 - Os participantes da operação

3.2.1 - A H o l d e r b aA

,oe

40

A Holderbank Financieri Glaris S.A., é uma empresa suíça, l íder

II

mundial na produ ãoéle cimento, com operações em 24 países e em 5* ) M I

Page 47: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

continentes. No Brasil, possui investimentos no setor de cimento, concreto,

agregados e produtos químicos para Construção.

A Holderbank iniciou suas atividades no Brasil da década de 60,

com uma planta de cimento na cidade de Sorocaba, interior do Estado de

São Paulo, e também possuía uma joint venture com o grupo Paraíso, na

fábrica de cimento de Barroso, interior de Minas Gerais. N o início da

década de 60, houve uma cisão da Fábrica de Barroso e ambos os grupos

continuaram su a s atividades n o mercado brasileiro co m operações

próprias.

A Holderbank possui uma forte operação na América Latina, e

possui grandes pianos de investimentos no Brasil, por se tratar de um país

com u m enorme potencial d e crescimento, especialmente devido

estabilização da economia, após duas décadas de inflação elevada.

3.2.2 - A Ciminas

A Ciminas possui uma fábrica e m Pedro Leopoldo (MG) e e m

Sorocaba (SP), com Terminais de Distribuição em Santo André (SP),

Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Uberlândia (MG). Possui uma

41

frota própria de 360 vagões graneleiros para escoamento da sua produção

da fábrica para os principais mercados da região sudeste do Brasil.miie

Page 48: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

42

A sua participação no mercado nacional é d e 5% e na região

sul/sudeste de aproximadamente 7%. Sua operação é caracterizada pela

produção de cimentos especiais para a indústria da construção civil, e pela

flexibilidade na entrega dos produtos dentro de prazos pré-estabelecidos.

Sua participação no mercado de revenda é baixa, onde praticamente são

consumidos produtos commodities.

Devido à característica d a Ciminas e m focar sua produção e

comercializagão em produtos especiais, a empresa possui u m Centro

Tecnológico localizado em Santo André (SP), com o s mais modernos

equipamentos para desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas

produção de concreto. Possui ainda, uma equipe de assessoria técnica que

atua nos principais mercados consumidores, orientando e fornecendo

soluções as necessidades dos clientes.

Nos últimos anos, a Ciminas vem desenvolvendo u m esforço

empresarial de modernização, com estratégias bem definidas pelo Grupo, o

que tem possibilitado um reconhecimento do mercado como uma empresa

fornecedora de produtos e serviços de alta qualidade.

Smile

Page 49: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Faltavam à Ciminas, duas características básicas:

• Maior escala em suas operações;

• Maior p roximidade d o s p r i n c i p a i s me rca d o s consumidores;

3.2.3 - Grupo Paraíso

O grupo Paraíso, pertencia a um grupo familiar (Família Pereira da

Silva), com fábricas de cimento localizadas em Barroso (MG), Cantagalo e

ltalva (RJ), além de outra planta na cidade de Vitória (ES).

O grupo tem uma forte participação no mercado de revendedores, e

possui uma ampla rede de depósitos nos Estados de Sao Paulo, Minas

Gerais e Rio de Janeiro.

Sua participação de mercado é semelhante á da Ciminas, com

aproximadamente 5% no mercado nacional e 8% no mercado regional

sul/sudeste.

3.3 - O Porquê das Operações

43

A operação realizada p e l a Ciminas fundamentou-se n a s u a

estratégia empresarial d e longo prazo, n a busca d e crescimento eteNrN • I r- -1

intensificação de seus negócios. Os estudos realizados pela empresa nos

Page 50: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

últimos anos para expansão de suas unidades industriais, aquisições ou

fusões com outras empresas, bem como a concentração de investimentos

do grupo Holderbank nos países da América Latina, explicam de certa

forma essa busca.

3.4 - A Avaliação do Mercado Brasileiro

A Ciminas tem orientado suas ações em u m piano estratégico

baseado em princípios e valores, tendo como objetivo ser cada vez mais

completa, diferenciada, competitiva, fornecendo produtos e serviços de alta

qualidade, com menores custos, o que possiblita melhores resultados.

As recentes mudanças no cenário econômico brasileiro, que vêm

propiciando a o pa is uma estabilidade monetária, vieram a o encontro

dessas estratégias do grupo. As condições favoráveis dessa estabilidade

têm oferecido oportunidade para o crescimento dos negácios, entre os

quais aquelas em que o Governo deve atuar com mais intensidade, como a

construção de obras sociais e de infraestrutura

3.50A Oportunidade

44

Em Janeiro/96, a Ciminas contratou a McKinsey & Company, Inc.

parveal izar um estudo de mercado, considerando os diferentes cenáriosr-a

para a economia brasileira. Neste estudos foram considerados todos os

Page 51: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

aspectos macro-econômicos, b e m corno a s diferentes estratégias d e

crescimento d o grupo a longo prazo, se ja através d a expansão das

operações atuais, seja pela aquisição de empresas concorrentes.

Como resultado deste estudo, surgiu o interesse pelo grupo Paraíso,

pelas características de sua operação, pela sua complementaridade em

relação a s operações atuais, e principalmente pe las sinergias q u e

poderiam ser obtidas a partir da fusão dos dois grupos. No seu conjunto,

apresentaram-se as seguintes vantagens:

• Aumento de participação de mercado

• Rápida expansão da base de clientes

• Potencial redução de despesas administrativas

• Potencial redução de custos de distribuição

• Melhor otimização dos custos fixos e variáveis de produção

3.6 - A Negociação

Para conduzir o processo de negociação, a Holderbank contratou os

serviços da Merril Lynch & CO., de Londres, a qual fi c o u r e s p o n s á v e l p e l ar e L l s 5 dIe l e p r i mo r a m e nt o d os e st ud os i ni ci ai s, bem como es tru turar as

estratégias de negociação com a parte vendedora.

Smile

45

Page 52: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

46

Para representar os interesses do grupo Paraíso, fo i designado o

Citibank N.A. ( São Paulo ).

Após cerca de seis semanas de intensas viagens, reuniões no

Brasil, Suíça e Londres, chegou-se a um acordo de compra e venda, tendo

sido estabelecido um período para que fossem realizadas diligências por

parte da Ciminas, a fim de apurar a existência ou não de contigências que

de certa forma pudessem alterar o valor do negócio.

Findo este período, a negociação foi concluída e a Ciminas assumiu

o controle das operações do grupo Paraíso a partir de 17 de julho de 1996.

3.7 - O processo de integração operacional

3.7.1 - Prazo

O processo de integração operacional, apesar de extremamente

complexo, ocorreu em um período de 45 dias, com a transferência do

Escritório Central da Paraíso que estava sediado no Rio de Janeiro para

São Paulo e a implementação de medidas operacionais nas unidades

ind tr i a l s q u , viabilizassem a busca d a s sinergias anteriormente

planejadas.

Smile

Page 53: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

3.7.2 - O processo de comunicação antes e pós- aquisição

Como acontece na maioria dos processos de fusão e aquisição,

durante o período de avaliação do projeto, já existiam rumores no mercado

sobre a venda da Paraíso. É admirável a velocidade com que esses

rumores ocorreram e principalmente o conteúdo desses rumores, que

estabeleciam desde o valor da transagão, percentual da venda caso fosse

parcial, e até viagens de Diretores para Suíça para obter os fundos para

pagamento da transagão.

Durante todo o processo, criou-se u m cl ime d e ansiedade e

insegurança para os empregados de ambas as empresas, especialmente

na empresa adquirida, p o r vizualizar fortes mudanças n o processo

gerencial dos negócios.

3.7.3 - O impacto dos rumores sobre o moral dos empregados

Com base na preocupação de que os rumores prejudicassem o

moral dos empregados, organizou-se um grupo de trabalho para planejar o

processo de comunicação na nova empresa, que contou a contratagão de

urrLprotissional d o mercado, com grande experiência na condução de

processos de fusão, aquisição, incorporação e/ou reestruturação.

Smile

47

Page 54: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

comunicação.I N

10 L a r k i r nf? & S a nd a r t a r ki n . R ea c hi n g and C ha ng in g F ro nt li ne Employees. Harvard

Business Review. May-June. 1996, pp.95-104

48

Como parte d o planejamento, foram organizadas ações com o1

objetivo de se obter um comportamento uniforme p o r parte das pessoas

que deveriam liderar este processo, bem como o conteúdo das informações

a serem transmitidas. 1 . ,

Durante todo o processo, a maior preocupação da administração era

a adoção de medidas que sempre levassem em consideração o respeito

aos empregados, e q u e a s informações fossem claras e objetivas,

buscando evi tar-se mal-entendidos q u e pudessem provocar m a i s

intranqüilidade nas pessoas em seus locais de trabalho.

Foram feitas reuniões locais com os gerentes e supervisores, a fim

de que as informações fossem retransmitidas aos demais empregados.

Larkin & Larkin ( 1996 )1 0 c i t a m q u e a m e l h or f o r ma d e c o m un i c a çã o com a

força d e trabalho é a comunicação face a face, e que o s melhores

especialistas para realizarem esta tarefa são os supervisores, pois são

estes que se relacionam com os empregados diariamente.

De fa to , n o ca so e m questão, o processo te m funcionado

adequadamente, pois até o momento não foram constatados casos de

problemas' entre a empresa e o s empregados, devido a falhas n a

Page 55: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

3.7.4 - Os Recursos Humanos

A política da Ciminas com relação aos Recursos Humanos foi de

reconhecer a competência e o talento de seus funcionários. Nas areas

onde houve necessidade de ajustes de estrutura e de quadro funcional

foram disponibilizados serviços de apoio à recolocagão profissional, com o

objetivo de dar suporte aos processos de aproveitamento interno daqueles

com bom histórico profissional, mas não puderam ser aproveitados em

suas areas de origem e também, aos funcionários desligados, que estão

recebendo apoio profissional, visando sua rápida recolocagão no mercado.

No decorrer das operações, e até o presente momento, a Ciminas

manteve contatos francos e abertos com os Sindicatos. A o mesmo tempo,

tem buscado agilizar o processo de integração dos Recursos Humanos.

Diversas iniciativas têm sido tomadas, como Seminários de integração, em

que os funcionários são informados e atualizados constantemente sobre

todos os passos do processo de integração.

Do ponto de vista da administração de Recursos Humanos, todos os

funcionários já têm acesso aos mesmos benefícios e políticas gerais de

Recursos iliumanos.

49

„ . Como forma de incentivar e reconhecer a participação de cadar y l • I r-1 ,

funciorlárfo Pio c r e s c p-n e n t o d a e m p r e s a , a C i m i na s c r io u r e c e nt e m en t e o

1

Page 56: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

PGDI - Programa de Gestão e Desempenho Individual, que se destina a

um conjunto de cargos de todas as unidades de negócios.

O programa está em linha com as mais modernas tendências de

gestão de Recursos Humanos e representa mais um passo em direção

excelência buscada pela organização.

3.7.4.1 - E os processos de demissão?

Ao longo deste período, medidas de racionalização e de aumento de

produtividade foram implementadas, o que resultou na demissão de um

número expressivo de funcionários, a maioria dos quais com muitos anos

de companhia. Então, como reduzir o impacto destas medidas na vida dos

empregados a serem demitidos?

A Diretoria da empresa aprovou um programa de benefícios para os

empregados que foram demitidos, válidos por um certo período de tempo,

cujos pontos principais são os seguintes:

• Serviços d e apoio á recolocação profissional (somente nível

gerencial)- A V

I I• x% do salário atual por ano trabalhado

s• Garantia de assistência médica

M i l e

50

Page 57: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Corn a aplicação destas medidas, acompanhadas de um processo

de comunicação claro, transparente e contínuo, as operações não sofreram

nenhum tipo de impacto, por problemas de greves, pressões sindiciais,

baixo moral dos empregados remanescentes, etc.

3.7.4.2 - E as transferências?

Com a transferência do Escritório Central do Rio de Janeiro para

São Paulo, tornou-se necessário a elaboração d e u m programa d e

transferência q u e fosse suficientemente compensador para atra i r o s

funcionários mais qualificados para a continuidade das operações em São

Paulo,

seguintes:

a I• rlegamento de despesas de hotel referentes à transferência•••• -

Valor fixo para pagamento de despesas diárias

• Passagens aéreas e de ônibus SP/RJ/SP

s

• Seguro de vida

• Cesta básica

• Preferência na contratagâ° de serviços terceirizados

mile

51

Os principais pontos do programa de transferência são ainda hoje os

Page 58: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

52

• Pagamento de despesas relativas a mudança física

• Pagamento de passagem aérea para esposa e/ou marido para

escolha de escolas, residências, etc. em São Paulo

• Gratificação em folha de pagamento

A adesão aos convites de transferência fo i maciça, próxima d e

100%, o que indica a percepção dos empregados quanto à preocupação da

empresa co m a qualidade d e vida d e seus funcionários, a l ém d e

perspectivas de crescimento e desenvolvimento profissional.

3.8 - Seminários de Integração

Como c i ta d o anteriormente p a r a proporcionar u m a me l h o r

integração entre o s membros de ambas empresas, foram organizados

Seminários de Integração e Informação sobre o grupo, em termos de Brasil

e mundo.

O primeiro seminário d e 3 d i a s ocorreu e m u m Hote l n a s

proximidades de São Paulo, com a participação de toda a Diretoria, do

corpo gerencial e com a participação d e convidados d o Holderbank,

r sponsávels pelas estratégias e programas mundiais do grupo.4 11 11 1=11 00

-••Smile

Page 59: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Os principais pontos do programa foram os seguintes:

53

• Conhecer a Holderbank e suas estratégias mundiais

• Conhecer a cultura Holderbank e suas prioridades estratégicas

• Conhecer e entender a visão, os objetivos e as prioridades do

grupo no Brasil

• Integração das duas equipes

O mesmo tipo d e seminário, com menor duração, está sendo

aplicado para todos os funcionários do grupo, em todas as localidades e o

cliclo deverá ser concluído até o final de setembro/96.

3.9 - Considerações finais

Para a Ciminas, 1996 sera um ano de grande crescimento, no que

diz respeito aos seus negócios.

Sem dúvida, o seu maior acontecimento foi a aquisição do grupo

Paraíso, que resultou num rápido crescimento quantitativo e qualitativo de

suas operações, possibilitando uma grande mudança de escala em suas

atividadesl, c o m i m ed i a to s b en e fí c io s e unh hor izon te me rcado lóg ico muito

itemoto

a m p l o .o l i, , . .Smile

Page 60: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Como conseqüência, 1996 será um ano pautado pela consolidação

do processo de integração, visando alcançar, no menor espaço de tempo

possível, o s resultados esperados resultantes d a s oportunidades d e

sinergias oferecidas por esta operação. Neste sentido, será objeto de

grande esforço a integração dos Recursos Humanos, d e Sistemas e

principalmente, a busca da Qualidade Total.

Smile

54

Page 61: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Smile

Capitulo

Conclusão

55

Page 62: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

Com a globalizagão d a economia e a internacionalizagão d o s

mercados, h á a tendência de um forte crescimento das operações de

fusão, aquisição e incorporação de empresas, não somente no Brasil, mas

principalmente no mundo.

Desta forma, as empresas que estiverem envolvidas neste processo,

especialmente as compradoras, deverão avaliar criteriosarnente todos os

passos que envolvem uma transagão desta natureza, j á que estudos

indicam uma alta probabilidade de fracasso, devido a fatores que são sub-

estimados ou não considerados durante o período.

Os ca so s m a i s comuns d e fracassos ocorrem quando o s

compradores superestimam as taxas de crescimento do mercado, pagam

um prêmio mu i to elevado n a aquisição e /o u executam u m fra co

gerenciamento da integração no período pós-aquisição.

Ha q u e s e ressaltar a importância n o relacionamento com o s

empregados da firma incorporada, para que não se estabeleça um clima de

vencedores e perdedores. Convém que sejam enfatizados os pontos fortes

e fracos de cada empresa e que a operação conjunta torne as empresas

mais fortes', proporcionando melhores oportunidades para todos.

1 11 11

Quando medidas di fíceis tê m q u e s e r implementadas, co mo

d e m i s s M c i ç a 9 •empregados, deve-se adotar atitudes de respeito e

56

Page 63: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

57

dignidade para com os mesmos, pois assim os funcionários remanescentes

sentem mais confiança n a administração, trabalham mais motivados e

comprometidos.

No estudo d e caso do terceiro capitulo, p o r se tratar d e uma

operação muito recente, efetivada em julho de 1996, seria prematuro tentar

mensurar a incorporação da nova cultura organizacional, bem os objetivos

e missão da nova empresa.

Entretanto, medidas visando a otimização e racionalização das

atividades operacionais já foram implementadas, resultando em sinergias

consideráveis e ganhos palpáveis. Algumas d a s principais medidas

adotadas estão mencionadas abaixo:

• Redução dos custos de distribuição: com a opção de várias fábricas

fornecendo para mercados comuns, foram desenvolvidos modelos de

programação linear que resultam em recomendação sobre o melhor

ponto de suprimento para um dado mercado consumidor a um menor

custo.

• Redução de custos administrativos: desativação do escritório central no

Rio de Janeiro, com transferência parcial de pessoal.

• Redução do quadro de pessoal operacional: otimização de processos

que resultaram no desligamento significativo de pessoal.miie

Page 64: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

• Plano de comunicação: implementação de um piano de comunicação

claro e objetivo, mantendo o grupo informado sobre a s medidas,

resultando e m redução d e rumores e questões q u e geravam

insegurança e ansiedade nas pessoas.

• Programa d e benefícios: adoção d e u m amp lo programa p a ra

empregados demitidos e, principalmente, para os funcionários que foram

transferidos para outras localidades.

A estratégia d e comunicação d a empresa com o s funcionários

continua a ti va , c o m a divulgação d e jo rna is in te rnos emi tidos

periodicamente, realização de seminários de integração, com o objetivo de

manter os empregados informados e atualizados quanto ao andamento do

processo de integração.

Uma das principais ações para garantir o sucesso no gerenciamento

dos processos de integração pós-aquisição, nos casos de fusão, aquisição

e incorporação, é a implementação de um programa de comunicação, o

qual será mais eficaz, à medida em que considerar o envolvimento das

pessoas ao longo do processo.

Para estudos futuros sobre o tema objeto desta dissertação, o autor

sugere que sejam realizadas pesquisas sobre a avaliação global d e

programas de fusão, aquisição e incorporação, considerando os diferentesmiie

58

Page 65: Como Gerenciar o processo de Integração pós-aquisição

ou fracasso da operação.

Smile

59

aspectos culturais das empresas envolvidas e suas implicações no sucesso

Como limitações p a ra realização desta dissertação, o a u to r

considera os principais pontos mencionados abaixo:

• Fa l ta de estudos mais detalhados no Brasil, que avaliem não somente o

número d e operações ocorridas e seus valores, mas a forma d e

integração, e principalmente registros d o s casos d e sucesso o u

fracasso, e o porquê.

• impossibilidade de utilização de dados estatisticos para complementar o

estudo de caso constante no terceiro capítulo.

• Como último ponto, o autor considera que o prazo exigido pe la

EAESP/FGV para entrega desta dissertação é muito reduzido, o que não

está em linha com os pressupostos do programa MBA, j á que em

aproximadamente 2 anos, o s alunos têm que cumprir com todos os

créditos necessários, elaborar a dissertação, dedicar-se á empresa e a

família, entre outros compromissos.

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Smile

61

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Abstract o f the dissertation presented to EAESP/FGV asfulfillment of the requirements for the degree of Master inBusiness Administration ( MBA)

Merger, Acquisition and incorporation:How to manage the postmerger integration process ?

The Dissertation r e S t i:t o t h e s t r a t e g y h o w t o m a na g e

mergers of companieS'fri*Oiffprent cultures, the impact onpeople of the organizati66. 6 ' o w t o k e e p t h e m o r al e o f

the employees from the acquit d eti r p a n y .

,

Smile

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