comparações técnicas - paginas.fe.up.ptprojfeup/submit_15_16/uploads/relat_1... · ofdm 14. snr...
TRANSCRIPT
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 1/27
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
TDT vs. Televisão Analógica
Comparações Técnicas
Projeto FEUP 2015-2016 MIEEC
Equipa 1MIEEC04_1:
Supervisor: Prof. Dr. Sérgio Reis Cunha Monitora: Bruna Tavares
Estudantes & Autores:
Hélder Pereira [email protected] Diogo Rodrigues [email protected]
Rui Ramos [email protected] Gonçalo Baptista [email protected]
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 2/27
Resumo
Neste relatório foram abordadas diversas características técnicas quer da Televisão
Digital Terrestre quer da Televisão Analógica fazendo desta maneira várias comparações
como por exemplo a nível de tipo de sinal, formas de propagação e compressão do mesmo,
assim como vantagens e desvantagens de ambas as formas de transmissão do sinal
televisivo, por um lado a nível técnico, por outro em termos de utilidade/praticalidade para a
sociedade.
Palavras-Chave
● TDT;
● Televisão Analógica;
● AM;
● FM;
● OFDM;
● COFDM;
● QAM;
● ASK;
● FSK;
● PSK;
● Wifi;
● LTE;
● MFN;
● SFN;
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 3/27
Agradecimentos
Queremos deixar um breve agradecimento ao Prof. Dr. Sérgio Reis Cunha pela
disponibilidade e pela ajuda, essencialmente relativa a conceitos teóricos, e também à
monitora Bruna Tavares pelo auxílio a nível de organização/ estruturação do relatório assim
como algumas dicas práticas.
Índice
1. Introdução
2. História
2.1. Transição da televisão Analógica para a TDT (implementação da rede SFN)
3. Televisão Analógica como funciona o sinal
4. TDT como funciona o sinal
5. Modulação
5.1. Modulação na televisão analógica
5.1.1. FM
5.1.2. AM
5.2. Modulação do sinal digital
5.2.1. Transmissão com portadoras
5.2.1.1. ASK – Amplitude Shift Keying
5.2.1.2. FSK – Frequency Shift Keying
5.2.1.3. PSK – Phase Shift Keying
5.2.1.4. QAM
6. Frequência de emissão
6.1. No caso do sinal analógico
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 4/27
6.2. No caso do sinal digital
7. Emissão do sinal digital
7.1. Formação do código binário
7.2. Emissores
7.3. Multicasting
8. Desmodulação do sinal analógico
8.1. Formação da imagem
8.2. Extração do som
9. Compressão do sinal digital
9.1. Vantagens do MPEG-4 para o consumidor2:
9.2. Desvantagens do MPEG-4 para o consumidor2:
10. SFN
11. Migração para redes MFN
12. MFN
13. OFDM
14. SNR vs qualidade
15. Vantagens da TDT em relação à TV analógica ao nível da interatividade.
16. Resumo comparativo
17. Conclusão
18. Referências bibliográficas
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 5/27
Introdução
Num passado recente (no caso concreto de Portugal) deu-se uma transição da
transmissão televisiva analógica para a digital terrestre. Tal mudança teve como base uma
significativa evolução tecnológica: a nível de transmissão (maior qualidade de imagem e
som, menor suscetibilidade a interferências, capacidade de transmissão de maior número de
canais) ou até mesmo a possibilidade de gravar programas no próprio aparelho ou voltar
atrás (interatividade).
De seguida pretendemos precisamente apresentar essas “evoluções” bem como as
respetivas características relativas à televisão analógica.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 6/27
História
“A televisão portuguesa, RTP (canal estatal), inicia as emissões experimentais a 4 de
Setembro de 1956, na feira popular em Lisboa, passando, a 7 de Março de 1957, a emissão
regular.
As primeiras emissões a cores começaram em 1975 com as eleições para a Assembleia
Constituinte, sendo esporádicas até Março de 1980, altura em que começaram as emissões
regulares a cores em Portugal, com o Festival RTP da Canção.
Mais tarde nascem também os canais privados: a SIC e a TVI, em emissão regular. A
SIC inicia as emissões experimentais na Primavera de 1992 e a TVI um ano depois. No
mesmo ano, começa a emissão regular do som estéreo, introduzido pela TVI, seguido logo
pela RTP, e pela SIC.
Em 1994, chega a Portugal a Televisão por cabo. Neste ano, é também a TVI a 1ª
televisão em Portugal a emitir alguns programas em ecrã panorâmico, o chamado 16:9,
também conhecido por PalPlus.
Com a tecnologia sempre em evolução, aparece em 1998, a Televisão Digital, na
Inglaterra e na Suécia. Portugal faz questão de iniciar alguns testes de televisão, nesta
plataforma, por ocasião da Expo 98 de Lisboa e tentou-se introduzir em 2002 e 2003 mas
sem sucesso.
A TDT só chega a Portugal em Outubro de 2008, em emissão experimental.
A 26 de Abril de 2012, foram desligados todos os retransmissores analógicos de TV e
Portugal entra na “era da televisão digital”.
Com a era digital, esperava-se o aparecimento de mais canais. Apenas a ART
(Assembleia da República), depois de vários impasses, dá finalmente entrada na TDT a 27
de Dezembro de 2012, que passa a emissão regular a 3 de Janeiro de 2013.
Estão atualmente a ser emitidos, no mux A, a RTP1, RTP2, SIC, TVI e ARTV. Há a
possibilidade de transmitir programas em HD num canal criado para o efeito, mas as
estações de TV não se mostram interessadas.”1
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 7/27
Transição da televisão Analógica para a TDT (implementação
da rede SFN)
“A rede analógica de televisão foi desligada na totalidade em 26 de Abril de 2012. E
ocorreu em três fases:
1.ª Fase - de 12 de Janeiro a 23 de Fevereiro de 2012 - Cessação dos emissores e
retransmissores que asseguravam a cobertura de quase toda a faixa litoral do território
continental.
2.ª Fase - 22 de Março de 2012 - Cessação dos emissores e retransmissores das
Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
3.ª Fase - 26 de Abril de 2012 - Cessação dos emissores e retransmissores no restante
território continental.”1
Televisão Analógica como funciona o sinal
A televisão analógica é o método anterior à televisão digital. Na televisão analógica a
informação é transmitida sobre a forma de um sinal contínuo que varia em amplitude e/ou
frequência dependendo da informação a ser transmitida.
Figura 1 - Exemplo de onda analógica1
1 Mark Suton. “Analog waveforms and TV lines: What is the resolution of an analog TV signal.” 1 de setembro de 2002.
http://www.spectra-one.com/digitalvideo.html
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 8/27
TDT como funciona o sinal
No caso da televisão digital terrestre a informação é codificada em sequências de
valores discretos. Estas sequências como não variam em frequência como as analógicas
vão precisar de muito menos espaço de sinal e são o resultado de por exemplo, variação de
tensão entre dois estados e da presença/ausência de corrente. Ou seja o sinal pode tomar
apenas valores discretos ao contrário da analógica que pode tomar um número infinito.
Figura 2 - Exemplo de um sinal digital2
Modulação
Modulação na televisão analógica
Este processo pode ser visto como sendo um sistema que recebe dois sinais de entrada
e produz um sinal de saída. Uma das entradas é o sinal portador que será alterado pela
outra entrada conhecida como onda moduladora. Ao sinal de saída é dado o nome de sinal
modulado
Resumindo, a informação é transmitida com o uso de uma onda portadora que após ser
2 João Duarte. “Sinal Analógico e Sinal Digital”
http://redes-joao-duarte.webnode.pt/sinal-analogico-e-sinal-digital/
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 9/27
modulada em frequência (FM) e em amplitude (AM) passa a ser capaz de transmitir imagem
e som a longas distancias.
FM
Como a imagem sugere, na modulação em FM a amplitude da onda portadora
permanece inalterada enquanto a sua frequência varia com a frequência da onda
moduladora.
Figura 3 - Modulação em frequência3
Este método embora muito pouco suscetível ao ruido, necessita de uma largura de
banda elevada quando comparado com a modulação em AM
AM
No caso da modulação em AM a frequência permanece inalterada enquanto que a
amplitude varia conforme a amplitude da onda moduladora.
Figura 4 - Modulação em amplitude4
3Adriano J. C. Moreira. Técnicas de modulação Fevereiro de 1999
http://www3.dsi.uminho.pt/adriano/Teaching/Comum/TecModul.html
4 Adriano J. C. Moreira. Técnicas de modulação Fevereiro de 1999
http://www3.dsi.uminho.pt/adriano/Teaching/Comum/TecModul.html
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 10/27
Contudo este método é muito sensível ao ruído e interferências, uma vez que a
informação é transportada pela amplitude da portadora.
Modulação do sinal digital
Como o som e a imagem são formados sobre a forma analógica estes para serem
transmitidos sobre a forma de código binário tem primeiro de ser digitalizados e codificados
para depois serem enviados juntos, em oposição com a televisão analógica que existe uma
separação e que podem desde a sua formação ser emitidos
Os sinais podem depois ser transmitidos utilizando técnicas de modulação baseadas em
portadoras ou em banda base. Mas esta ultima não é usada na modulação do sinal de
televisão digital terrestre.
Transmissão com portadoras
Tal como na televisão analógica, a TDT também pode tomar partido de uma onda
portadora modulando-a. A modulação digital, tal como na analógica pode ser em amplitude
ou em frequência mas existe ainda outro tipo de modulação, a modulação em fase que não
é possível no sinal analógico.
ASK – Amplitude Shift Keying
A técnica ASK é muito semelhante à modulação por amplitude (AM) da televisão
analógica. Num sinal ASK a amplitude de uma portadora varia no tempo de acordo com os
bits a transmitir. Ou seja a cada valor binário dos dados vai ser associada uma amplitude.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 11/27
Figura 5 - Sinal ASK5
FSK – Frequency Shift Keying
Este método de modulação é semelhante à modulação em frequência (FM) da televisão
analógica. Num sinal FSK a frequência de uma portadora varia no tempo de acordo com os
bits a transmitir. Ou seja para cada valor binário dos dados é produzido uma ligeira alteração
na frequência.
5 “Transmissão Digital“. 15 de novembro de 2008
http://clientes.netvisao.pt/jomasole/transmissao.htm
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 12/27
.
Figura 6 - Sinal FSK6
PSK – Phase Shift Keying
Na técnica PSK o sinal transmitido transporta os dados digitais através da variação
temporal da fase de uma portadora de acordo com os bits a transmitir. Ou seja para cada
valor binário é produzido um desvio na fase da portadora.
6 “Transmissão Digital“. 15 de novembro de 2008 http://clientes.netvisao.pt/jomasole/transmissao.htm
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 13/27
Figura 7 - Sinal PSK7
QAM
A modulação em QAM é um método que usa uma mistura de diferentes níveis de
amplitude e de fase para criar os símbolos que representam os bits. Por exemplo o 16QAM
codifica quatro bits por símbolo.
Figura 8 - Diagrama em constelação8
7 “Transmissão Digital“. 15 de novembro de 2008
http://clientes.netvisao.pt/jomasole/transmissao.htm
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 14/27
O diagrama em constelação é usado para ilustrar a amplitude e a fase de cada simbolo.
Cada ponto representa uma amplitude e uma fase diferente e existem, no 16QAM, o total de
16 pontos. Este método permite aumentar a quantidade de dados transmitidos e é possível
trabalhar com mais níveis de sinal e com mais valores de fases, obtendo-se assim
constelações maiores como no 32 QAM, 64 QAM, 128 QAM e 256 QAM
Frequência de emissão
No caso do sinal analógico
A cada estação televisiva é atribuída uma largura de banda de 8MHz (este número pode
variar). Um canal na verdade consiste em dois sinais: a informação da imagem é transmitida
(utilizando modulação de frequência) numa dada frequência, e o som é transmitido com
modulação em amplitude numa frequência com um deslocamento (tipicamente 4,5 a 6 MHz)
fixo a partir do sinal de imagem.
Figura 9 - Sinal analógico 9
Estas frequências são medidas em megahertz (MHz) e dividem-se em:
● Very high frequency (VHF), que corresponde a faixa de 30 MHz até 300MHz;
● Ultra high frequency (UHF), que corresponde a faixa de 300MHz até 3GHz.
8 Lou Frenzel. “What’s The Difference Between Bit Rate And Baud Rate?” Apr 27, 2012.
http://electronicdesign.com/communications/what-s-difference-between-bit-rate-and-baud-rate
9 Sennheiser electronic GmbH & Co. KG. “Digital Video & Wireless Microphones” http://en-de.sennheiser.com/service-
support-digital-video-broadcast-terrestrial-and-wireless-microphones-interaction
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 15/27
No caso do sinal digital
Neste método os canais de transmissão funcionam de maneira muito diferente.
Cada canal possui 8MHz de banda, como na analógica, mas cada um é capaz de transmitir
aproximadamente 20mb/s de dados o que permite a capacidade de dividir um canal de
emissão e transmitir vários sub-canais, no espaço de um único canal se assim desejar a
emissora. Processo denominado (multicasting).
Isto funciona dividindo o canal em vários streams, cada um com por exemplo 5mb/s. Ou
varias outras combinações dependendo da qualidade de imagem que se quer transmitir em
cada canal.
Emissão do sinal digital
Como o som e a imagem são formados sobre a forma analógica estes para serem
transmitidos sobre a forma de código binário tem primeiro de ser digitalizados e codificados
para depois serem enviados juntos, em oposição com a televisão analógica que existe uma
separação e que podem desde a sua formação ser emitidos.
Formação do código binário
1. O sinal analógico tem de primeiro ser amostrado retendo um conjunto
de valores discretos a partir da gama contínua de valores assumidos pelo sinal
analógico;
2. O sinal é depois quantificado, ou seja o sinal é amostrado e
convertido no sinal quantizado. Sinal que assume apenas um determinado número
de valores restrito;
3. É depois associado um grupo de dígitos binários a cada um dos
valores quantizados. Criando um sinal binário
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 16/27
Emissores
A 7 de Setembro 2015 existiam 262 emissores de televisão digital terrestre em Portugal
(Madeira:11, Açores:14, Continente:237).
Sendo que a maior parte emite na frequência 750-758 MHz
Multicasting
Canais HD Subcanal
1× 1080i or 720p HDTV (19 Mbit/s) -
1× 1080i or 720p HDTV (15 Mbit/s) 480p or 480i SD subcanal (~3.8 Mbit/s)
1× 1080i or 720p HDTV (11 Mbit/s) 720p HDTV (8 Mbit/s) subcanal
1× 1080i or 720p HDTV (11 Mbit/s) 480p or 480i SD subcanal (~3.8 Mbit/s each)
1× 720p HDTV canal (8 Mbit/s) 480p or 480i SD subcanal (~3.8 Mbit/s each)
- 480p or 480i SD subcanal (~6 Mbit/s each)
- 480p or 480i SD subcanal (~4.2 Mbit/s each)
- 480p or 480i SD subcanal (~3.8 Mbit/s each)
Tabela 1 - Possíveis divisões de sinal10
Ou seja, se o emissor pretender enviar um canal HD, denominado de por exemplo 7.1,
poderá enviar mais 3 canais SD denominados, 7.2, 7.3 e 7.4. Mas se pretender enviar na
melhor qualidade possível não poderá emitir mais nenhum canal.
Desmodulação do sinal analógico
Como já foi dito os canais de emissão não possuem um valor fixo mas sim uma banda
de frequências, que no caso da Europa é de 8MHz, esta largura de banda permite transmitir
o sinal de vídeo e de áudio sem que estes se sobreponham.
10
“Digital subchannel”. 16 de outubro 2015
https://en.wikipedia.org/wiki/Digital_subchannel
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 17/27
A desmodulação executa o processo inverso da modulação, ou seja, elimina a onda
portadora do sinal modulado, a fim de extrair o sinal modulador, que é o sinal que contêm a
informação a ser transmitida.
Neste sinal desmodulado encontram-se reservados 5MHz de sinal para a imagem, estes
5MHz possuem um pulso de sincronização para reconstrução da Imagem, e dois subsinais
sendo um deles a "luminância", que é responsável pela imagem a preto e branco e um outro
o RGB, que fornece a cor à imagem.
Formação da imagem
A imagem é formada enviando um feixe de eletrões numa linha horizontal, de cima para
baixo e da esquerda para a direita, a cada ponto a intensidade do feixe varia e
consequentemente varia também a cor e a luminância. No fim de cada linha o feixe regressa
ao início de uma outra linha impar. Após todas as linhas ímpares, inicia as linhas pares e
assim consecutivamente seguindo as instruções que se encontram no pulso de
sincronização.
Extração do som Neste ponto, o sinal é composto por uma onda de transporte de vídeo e a uma
frequência portadora de som num deslocamento fixo. Um desmodulador recupera o sinal de
vídeo. Também na saída do desmodulador é criada uma nova frequência portadora de som
modulada no mesmo desvio de frequência. Em alguns conjuntos feitos antes de 1948, este
processo era separado por filtração, e o som de IF de cerca de 22 MHz, era enviado para
um desmodulador de FM para recuperar o sinal base do som. Em conjuntos mais recentes,
este novo transportador no deslocamento de frequência permanece como som interportador,
e é enviado para um desmodulador FM para recuperar o sinal de som básico.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 18/27
Compressão do sinal digital
“Sistema de compressão do sinal utilizado pela TDT portuguesa - MPEG-4/H.264.
Em termos simples, a compressão MPEG-4, sendo mais eficiente (comprime mais o sinal),
permite difundir mais canais no mesmo espectro (espaço) radioelétrico (Mux) em
comparação com o MPEG-2
Ao utilizar o MPEG-4 o “negócio” da TDT fica economicamente mais apelativo para o
operador da rede (PT), porque pode transmitir mais canais, criando uma oferta
comercialmente mais atrativa com um custo de emissão de canais mais baixo. O principal
interessado na adoção do MPEG-4 é portanto o operador da rede e os operadores de
televisão que a vão utilizar.”2
Vantagens do MPEG-4 para o consumidor2:
● Torna possível uma maior oferta de canais.
● Os programas gravados ocupam menos espaço.
Desvantagens do MPEG-4 para o consumidor2:
● Preço elevado do equipamento (principalmente os recetores).
● É incompatível com praticamente todo o equipamento em uso (TDT MPEG-2).
● A oferta de equipamento compatível ainda é muito reduzida (televisores e recetores).
● Ainda não há equipamentos TDT portáteis compatíveis com MPEG-4.
SFN Uma rede SFN (Single-Frequency Network) é uma rede de transmissão onde vários
transmissores enviam o mesmo sinal sobre o mesmo canal de frequência.
A transmissão em SFN geralmente não é compatível com a transmissão de TV
analógica, uma vez que o SFN resulta em imagens “fantasma” devido aos ecos do mesmo
sinal.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 19/27
O objetivo do SFN é a utilização eficiente do espectro radioelétrico, permitindo a
emissão de um maior número de programas de rádio e TV em comparação à rede MFN de
transmissão. Uma rede SFN pode também aumentar a área de cobertura e diminuir a
probabilidade de falha em comparação a uma MFN uma vez que a força total de sinal
recebido pode ser “reforçado” entre as posições de transmissores.
Migração para redes MFN
Devido aos inúmeros problemas de interferência destrutiva inerentes à rede SFN,
procedeu-se à passagem desta para diversas redes MFN com base em algumas torres da
rede analógica.
As zonas que estão neste momento cobertas pelos dois tipos de rede e em que os
utilizadores tenham as antenas viradas para os respetivos emissores da rede (MFN) têm
uma receção do sinal sem quebras ao longo do ano ao contrário dos utilizadores da mesma
zona que tenham a antena virada para um emissor SFN o que demonstra que uma rede em
MFN é muito mais robusta. Mas esta rede MFN só cobre uma pequena parte de Portugal e o
resto do país contínua com os problemas da rede SFN.
MFN
Como é visível no mapa, o plano da futura rede MFN (Multi-Frequency Network) cada
região é abrangida por intervalos de frequências distintos. A divisão no mapa refere-se à
informação divulgada pela entidade reguladora ICP-ANACOM sobre a cobertura obtida
quando a rede MFN estiver totalmente implementada. Nessa altura, terminarão as emissões
no canal 56, que atualmente serve quase todo o País.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 20/27
Figura 10 - Mapa da cobertura de rede MFN11
Uma rede de multifrequência (MFN) é uma rede na qual várias frequências de rádio (RF)
são usadas para transmitir conteúdo de multimédia. Um tipo de MFN é uma rede
multifrequência horizontal (HMFN), onde uma onda de distribuição é transmitida através de
diferentes canais de RF em diferentes áreas. O conteúdo pode ser transmitido como parte
de formas de onda de distribuição transitadas diferentes canais de RF em áreas locais.
Outro tipo de MFN é uma rede de multifrequência vertical (VMFN) na qual os canais (RF) de
frequência de rádio são usados numa dada área local para transmitir ondas de distribuição
independentes com o objetivo de aumentar a capacidade da rede (mais conteúdo para o
utilizador). Uma rede MFN pode consistir em VMFN em determinadas áreas e HMFN
noutras.
Este sistema usa OFDM e não COFDM.
11 João Fernandes. “Adicionados mais 4 canais de receção no TDT” 6 Outubro 2014 http://wintech.pt/44-noticias/noticias-
gerais/17636-adicionados-mais-4-canais-de-rececao-no-tdt
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 21/27
OFDM
O OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplex) é uma evolução do convencional
FDM (Frequency Division Multiplex), onde as ondas subportadoras são sobrepostas porque
são ortogonais entre si, não existindo interferência entre subportadoras e sendo o espetro
necessário reduzido em 50 %. A grande diferença entre o OFDM e o FDM está no facto de
no FDM, os dados transmitidos são modulados numa única portadora ou SC (Single Carrier),
enquanto que no OFDM, os dados são transmitidos em paralelo em cerca de 6000
subportadoras, onde o débito de cada uma é inversamente proporcional ao número de
subportadoras usadas na transmissão.
Na difusão digital de banda larga, o cancelamento de “auto-interferências” é facilitado
pelo método de modulação OFDM ou COFDM. O OFDM utiliza um grande número de
moduladores de largura de banda baixa lentos em vez de um modulador rápido. Cada
modulador tem a sua própria frequência, sub-canal de frequência e sub-carrier. Uma vez que
cada modulador é muito lento, pode-se inserir um intervalo de guarda entre os símbolos, e
assim eliminar a ISI (intersymbol interference). Períodos de guarda maiores permitem
eliminar “ecos” mais distantes. Contudo, intervalos de guarda maiores reduzem a eficiência
do canal. Em DVB-T, são usados quatro tipos de intervalo de guarda (dados como frações
de período de símbolo):
1/32, 1/16, 1/8 e 1/4.
O intervalo de guarda de 1/32 do período permite uma menor “supressão” de
interferências mas maior velocidade de transferência de dados. Já o de 1/4 oferece maior
eficácia porém permite também uma velocidade de transferência de dados mais baixa.
OFDM é utilizado nos sistemas de transmissão de TV digital DVB-T (usado na Europa e
em muitas outras áreas) e ISDB-T (usado no Japão e no Brasil). OFDM também é
amplamente utilizado em sistemas de rádio digital DAB, incluindo, HD Radio, e T-DMB. Por
conseguinte, estes sistemas são bem adequadas para o funcionamento do SFN.
Outros exemplos de tecnologias que usam este tipo de modulação são o LTE e o WiFi.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 22/27
SNR vs. qualidade
Uma das necessidades a ter em conta na colocação dos emissores é ter a certeza que o
sinal chega na melhor qualidade possível ao recetor e para isso é necessário ter em conta:
O rácio entre a força do sinal e ruido permite ter uma noção de como o sinal é afetado
com as distâncias.
Gráfico 1 - Relação entre a força de sinal e a qualidade de imagem12
Na televisão analógica a qualidade do sinal sofre uma redução proporcional com a
distância e a consequente redução da força do sinal e aumento de ruido, mas embora a
qualidade da imagem reduza, ela continua a ser visível. No entanto a quantidade de "grão"
na imagem aumenta.
Na televisão digital existe um "precipício digital" que se não for ultrapassado a imagem
não sofre qualquer diminuição na qualidade de imagem, mas a partir do momento que se
passa este "precipício digital" a imagem congela ou deixa mesmo de existir.
12
SKUA Tech. “Medições e amplificação de sinais TDT (DVB-T)”.
http://www.dipol.pt/medicoes_e_amplificacao_de_sinais_tdt_dvb-t__bib212.htm
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 23/27
O sinal digital não perde qualidade com o aumento de ruido visto que este é codificado
redundantemente e descodificado usando algoritmos de correção, por exemplo o Viterbi,
que permite corrigir erros que possam ocorrer durante a transmissão. Isto é feito
adicionando, antes da transmissão, outros símbolos para proteção (códigos detetores ou
corretores de erros) ou para execução de funções protocolares (controlo, endereçamento,
etc.). A única desvantagem de usar este método é o número de símbolos binários a
transmitir seja superior ao número de símbolos binários que são usados para representar a
informação.
Vantagens da TDT em relação à TV analógica ao nível da
interatividade.
● Pausa TV (parar e retomar a emissão quando se quiser);
● Menus mais detalhados (horários de transmissões passadas e futuras para todos os
canais;
● Procura de programas por horário, título, canal, género e sugestões;
● Visualização de conteúdos, informação e programação através de aplicações para
smartphones e computadores;
● Opção de bloqueio parental.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 24/27
Resumo comparativo
Televisão Digital Terrestre Televisão Analógica
Frame rate ● 50/60 frames por segundo
● 25/30 frames por segundo
Resolução ● Mínimo: 640x480 pixels Máximo: 1920x1080 pixels
● 625 linhas
Proporção ● 16:9 ● 4:3
Modulação ● PSK; ASK; FSK; QAM
● AM e FM
Largura de banda
● 8MHz mas com possível uso de canais adjacentes
● 8MHz
Som ● Mono ou estéreo ● Dolby Digital
Emissores ● Necessidade de um maior número de emissores
● Menor número de emissores necessários
Relação sinal/ ruído
● Sem redução na qualidade de imagem
● Existe uma redução na qualidade de imagem
Tabela 1 - Comparações técnicas
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 25/27
Conclusão
A TDT apresenta vários “pontos a favor” em termos de qualidade e capacidade de
transmissão assim como de evitar interferências, contudo, para além dos iniciais problemas
de cobertura do sinal que impossibilitaram (e em alguns locais ainda impossibilitam), o custo
relativo aos equipamentos adicionais que requer fizeram com que esta mudança para a TDT
não fosse plenamente aceite.
Em suma podemos concluir que as diferenças da TDT em relação à televisão analógica
são bastante significativas e que, apesar de o seu “início” em Portugal ter sido algo
“atribulado” à medida que as falhas sejam corrigidas a Televisão Digital Terrestre poderá
comprovar todas as expetativas como um serviço de maior qualidade e fiabilidade em
relação à televisão analógica.
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 26/27
Referências bibliográficas
(1) “Televisão em Portugal” 25 de outubro de 2015.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Televis%C3%A3o_em_Portugal
(2) “TDT Portuguesa em MPEG-4: Prós e Contras” 2 de dezembro de 2008
http://tdt-portugal.blogspot.pt/2008/12/tdt-portuguesa-em-mpeg-4-prs-e-contras.html
ANACOM. “TDT - Televisão Digital Terrestre”.
http://tdt.telecom.pt/o_que_e/
Adriano J. C. Moreira. “Técnicas de modulação” Fevereiro de 1999
http://www3.dsi.uminho.pt/adriano/Teaching/Comum/TecModul.htm
“Analog television”. 20 de agosto 2015.
https://en.wikipedia.org/wiki/Analog_television
Brain, Marshall. “How Digital Television Works”. 10 de janeiro 2001.
http://electronics.howstuffworks.com/dtv1.htm
“Digital subchannel”. 16 De outubro 2015.
https://en.wikipedia.org/wiki/Digital_subchannel
“Digital television”. 24 De outubro 2015
https://en.wikipedia.org/wiki/Digital_television
Tecnicontrol 2015. “The various methods of TV transmission”.
http://www.tecnicontrol.pt/en/wiki/item.html?id=81-the-various-methods-of-tv-
transmission
Projeto FEUP - TDT vs. Televisão Analógica 27/27
João Duarte. “Sinal Analógico e Sinal Digital”
http://redes-joao-duarte.webnode.pt/sinal-analogico-e-sinal-digital/
João Fernandes. “Adicionados mais 4 canais de receção no TDT” 6 Outubro 2014
http://wintech.pt/44-noticias/noticias-gerais/17636-adicionados-mais-4-canais-de-
rececao-no-tdt
Lou Frenzel. “What’s The Difference Between Bit Rate And Baud Rate?”27 de abril 2012.
http://electronicdesign.com/communications/what-s-difference-between-bit-rate-and-
baud-rate
Mark Suton. “Analog waveforms and TV lines: What is the resolution of an analog TV signal.”
1 de setembro de 2002.
http://www.spectra-one.com/digitalvideo.html
“Multi-frequency network” 24 fevereiro 2013.
https://en.wikipedia.org/wiki/Multi-frequency_network
Sennheiser electronic GmbH & Co. KG. “Digital Video & Wireless Microphones”
http://en-de.sennheiser.com/service-support-digital-video-broadcast-terrestrial-and-
wireless-microphones-interaction
SKUA Tech. “Medições e amplificação de sinais TDT (DVB-T)”.
http://www.dipol.pt/medicoes_e_amplificacao_de_sinais_tdt_dvb-t__bib212.htm
“Single-frequency network”. 23 De julho 2015.
https://en.wikipedia.org/wiki/Single-frequency_network
Yagi. “TDT Portuguesa em MPEG-4: Prós e Contras”. 2 de dezembro de 2008.
http://tdt-portugal.blogspot.pt/2008/12/tdt-portuguesa-em-mpeg-4-prs-e-contras.html