comportamento alimentar e fatores de risco …§ão-final-97... · resumo introdução: as doenças...
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Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Fabiana Almeida da Silva
COMPORTAMENTO ALIMENTAR E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: JFCORAÇÕES
Juiz de Fora
2016
Fabiana Almeida da Silva
COMPORTAMENTO ALIMENTAR E FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES: JFCORAÇÕES
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ana Paula Carlos Cândido Mendes
Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Larissa Loures Mendes
Juiz de Fora
2016
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Saúde Coletiva, área de
concentração: Processo Saúde - Adoecimento
e seus Determinantes, da Faculdade de
Medicina da Universidade Federal de Juiz de
Fora, como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre.
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora Profª. Drª. Ana Paula Carlos Cândido Mendes, pela confiança,
pela oportunidade de trabalhar ao seu lado e pela partilha do saber. Agradeço também pela
disponibilidade e amizade nesses últimos três anos.
À Prof.ª Dr.ª Larissa Loures Mendes pelos valiosos ensinamentos e sábias palavras de
conforto.
Às professoras Michele, Silvia, Juliana e Renata por aceitarem prontamente a
participar da banca de defesa e pelas valiosas contribuições.
À minha querida mãe que embora distante, sempre esteve presente nos meus
pensamentos e sempre acreditou em mim, mesmo quando nem eu mesma acreditei.
Ao meu pai que mesmo sem entender muito bem o que eu andei fazendo nesses
últimos dois anos e sem maiores questionamentos sobre, sempre foi tão disponível.
A Christiano agradeço por ter sempre me compreendido e motivado em todos os
momentos, enfim, agradeço pelo seu companheirismo.
À Mariana e Clarinha, afinal éramos três.
Aos amigos que muitas vezes fizeram dos momentos difíceis momentos mais alegres.
À Marisa, pela disponibilidade.
A todos os voluntários do Projeto JF-Corações, afinal o percurso foi longo e sem
vocês não seria possível.
Às crianças, adolescentes e seus pais que participaram do projeto e que de alguma
forma acreditaram em tudo isso.
“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o
mar seria menor se lhe faltasse uma gota”
(Madre Teresa de Calcutá).
RESUMO
Introdução: As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morbidade e
mortalidade mundial e seu desenvolvimento se associa a comportamentos alimentares.
Objetivos: Investigar a relação entre a frequência de refeições diárias e o hábito de consumo
do café da manhã (CM) com fatores de risco para doenças cardiovasculares (FRC) em
crianças e adolescentes. Métodos: Realizou-se estudo transversal com uma amostra de 708
escolares (7 a 14 anos) residentes na cidade de Juiz de Fora, MG. Um questionário
semiestruturado foi aplicado para coleta de variáveis demográficas, socioeconômicas e
comportamentais. Para a obtenção do consumo diário de energia foram utilizados
recordatórios alimentares de 24 horas e registros alimentares de três dias. Medidas de peso,
altura, gordura corporal, perímetro da cintura e pressão arterial também foram realizadas. Por
fim, coletaram-se amostras de sangue para análises de colesterol total (CT), lipoproteína de
baixa (LDL) e de alta densidade (HDL), triglicerídeos e glicemia. A normalidade dos dados
foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov e o teste de Mann-Whitney foi utilizado para
verificar diferenças significativas nos valores de medidas de tendência central. Além disso,
modelos de regressão de Poisson foram construídos para avaliar o quanto os comportamentos
alimentares foram associados aos FRC. Resultados: Realizar ≥ 4 refeições diárias foi mais
prevalente entre as crianças que entre os adolescentes (80,1% vs. 68,8%, p= 0,003) e mais
prevalente entre o sexo masculino em comparação ao sexo feminino (77,9% vs. 66,6%, p=
0,001). Frequência de refeições < 4 se associaram, em crianças, a renda familiar < 3 salários
(p= 0,021) e em adolescentes, ao número de filhos na família > 2 (p= 0,010). Ainda na faixa
etária de 10 a 14 anos, < 4 refeições se relacionou a maior prevalência de excesso de peso (p=
0,032) e LDL (p= 0,030) elevados, após ajustes. Omitir o CM foi mais comum entre os
adolescentes em comparação com as crianças (30,0% vs. 22,0%; p = 0,035) e entre as
meninas em comparação com os meninos (33,1% vs. 22,1%; p = 0,001). Após ajustes, a
omissão do CM se associou, em crianças, a valores aumentados de pressão arterial diastólica
(p= 0,003), CT (p= 0,001) e LDL (p< 0,001) e em adolescentes, não foram encontradas
associações. Conclusão: Comportamentos alimentares como maiores frequências de refeições
diárias e consumo do CM estão relacionados à FRC, em crianças e adolescentes e devem ser
considerados em discussões e ações de promoção à saúde.
Palavras-chave: comportamentos alimentares, fatores de risco cardiovascular, crianças e
adolescentes.
ABSTRACT
Introduction: Cardiovascular diseases are the leading cause of morbidity and mortality
worldwide and its development is associated with eating habits. Objectives: Investigate the
relationship between the frequency of meals and breakfast consumption habit (CM) with risk
factors for cardiovascular disease (CRF) in children and adolescents. Methods: A cross-
sectional study with a sample of 708 schoolchildren (7-14 years) living in the city of Juiz de
Fora, MG. A semi-structured questionnaire was used to collect sociodemographic, behavioral
and relating to eating habits variables. To obtain the daily energy intake were used food 24-
hour recalls and food records three days. Weight, height, body fat, waist circumference and
blood pressure were also performed. Finally, they collected blood samples for analysis of total
cholesterol (TC), low lipoprotein (LDL) and high density (HDL) cholesterol, triglycerides and
glucose levels. Data normality was verified by the Kolmogorov-Smirnov test and the Mann-
Whitney test was used to identify significant differences in the values of central tendency.
Moreover, Poisson regression models were constructed to evaluate how dietary habits were
associated with the CRF. Results: Perform ≥ 4 meals was more prevalent among children than
among adolescents (80.1% vs. 68.8%, p = 0.003) and more prevalent among males compared
to females (77.9% vs. 66.6%, p = 0.001). Meal frequency < 4 were associated in children,
family income < 3 minimum wages (p = 0.021) and in adolescents, the number of children in
the family > 2 (p = 0.010). Even in the age group 10-14 years < 4 meals was related to
associated with increased prevalence of overweight (p = 0.032) and LDL (p = 0.030) higher,
after adjustments. Omit the CM was more common among adolescents compared to children
(30.0% vs. 22.0%; p = 0.035) and among girls compared to boys (33.1% vs. 22.1%; p =
0.001). After adjustments, the omission of breakfast was associated in children, increased
levels of diastolic blood pressure (DBP) (p = 0.003), CT (p = 0.001) and LDL (p <0.001) and
in adolescents, associations were not found. Conclusion: Dietary habits as higher frequency of
daily meals and CM consumption are related to the CRF, in children and adolescents and
should be considered in discussions and health promotion actions.
Keywords: eating habits, cardiovascular risk factors, children and adolescents.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Referencial teórico
Figura 1 Globalização, urbanização e doenças cardiovasculares...................................... 24
Figura 2 Composição do café da manhã baseada em alimentos in natura ou
minimamente processados..................................................................................
31
Figura 3 Área urbana do município de Juiz de Fora- MG................................................ 36
LISTA DE TABELAS
Referencial teórico
Tabela 1 Prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes brasileiros............. 20
Tabela 2 Classificação da pressão arterial em crianças e adolescentes............................. 39
Tabela 3 Valores de referência lipídica propostos para a faixa etária de 2 a 19 anos........ 40
Tabela 4
Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de diabetes mellitos e seu
estágio pré-clínico...............................................................................................
40
Artigo 1
Tabela 1
Características demográficas, antropométricas, clínicas, bioquímicas,
comportamentais e dietéticas das crianças e adolescentes, Juiz de Fora, MG,
2012.....................................................................................................................
60
Tabela 2 Distribuição da frequência de refeições diárias e a razão de prevalência
bruta segundo características demográficas, socioeconômicas, dietéticas,
comportamentais, antropométricas e bioquímica de crianças, Juiz de Fora,
MG, 2012............................................................................................................
61
Tabela 3 Distribuição da frequência de refeições diárias e a razão de prevalência
bruta segundo características demográficas, socioeconômicas, dietéticas,
comportamentais, antropométricas e bioquímica de adolescentes, Juiz de
Fora, MG, 2012...................................................................................................
62
Tabela 4
Associação entre frequência de refeições diárias menores que quatro e
características demográficas, socioeconômicas e bioquímica, em crianças e
adolescentes, Juiz de Fora, MG, 2012.................................................................
63
Artigo 2
Tabela 1 Características demográficas, antropométricas, clínicas, bioquímicas,
comportamental e dietética de crianças e adolescentes, segundo o hábito de
consumo do café da manhã, Juiz de Fora, MG, 2012.........................................
80
Tabela 2 Frequências de consumo do café da manhã e de alguns alimentos ou grupos
alimentares presentes na refeição, segundo faixa etária, Juiz de Fora, MG,
2012.....................................................................................................................
81
Tabela 3 Distribuição do consumo de café da manhã e associação da sua omissão a
características antropométricas, clínicas, bioquímicas e relativas à atividade
física em crianças, Juiz de Fora, MG, 2012................................................
82
Tabela 4
Distribuição do consumo de café da manhã e associação da sua omissão a
características antropométricas, clínicas, bioquímicas e relativas à atividade
física em adolescentes, Juiz de Fora, MG, 2012.........................................
83
LISTA DE SIGLAS
APAE Associação de Pais e Amigos dos Alunos Excepcionais
CARDIA Coronary Artery Risk Development in Young Adults
PC Perímetro da Cintura
CDC Centers for Disease Control and Prevention
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CM Café da Manhã
CT Colesterol Total
DCV Doenças Cardiovasculares
DM Diabetes Mellitus
DM 2 Diabetes Mellitus Tipo 2
ENDEF Estudo Nacional de Despesas Familiares
EP Excesso de Peso
FR Fator (es) de Risco
FRC Fatores de Risco Cardiovascular
FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
GC Gordura Corporal
HA Hipertensão Arterial
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica
HDL High Density Lipoprotein/ Lipoproteína de alta densidade
HMG-CoA 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IC Intervalo de Confiança
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IMC Índice de Massa Corporal
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
IOTF International Obesity Taskforce
LDL Low Density Lipoprotein/ Lipoproteína de Baixa Densidade
MS Ministério da Saúde
MSM Multiple Source Method Multiple Source Method
NCHS National Center for Health Statistics
NDEP National Diabetes Education Program
P 85 Percentil 85
PA Pressão Arterial
PAD Pressão Arterial Diastólica
PAS Pressão Arterial Sistólica
PeNSE Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
PIB Produto Interno Bruto
POF Pesquisa de Orçamento Familiar
RI Resistência à Insulina
RP Razão de Prevalência
SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia
SM Síndrome Metabólica
SUS Sistema Único de Saúde
TAF Tempo Total de Atividade Física
TG Triglicérides
TV Televisão
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
WHO/OMS World Health Organization/ Organização Mundial da Saúde
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ....... ...........................................................................................................17
2- REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. ...............................19
2.1- PREVALÊNCIA DE FRC EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNDO E NO
BRASIL .......................................................................................... ..........................................19
2.2- FATORES DE RISCO CLÁSSICOS E MODIFICÁVEIS PARA AS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES.......................................... 22
2.3- MUDANÇAS NOS PADRÕES DE CONSUMO ALIMENTAR E FATORES DE
RISCO CARDIOVASCULAR ................................................................................................ 24
2.4- COMPORTAMENTO ALIMENTAR E FATORES DE RISCO PARA DCV................28
2.4.1- Frequência de refeições diárias................................................................................... 28
2.4.2- Consumo do café da manhã......................................................................................... 31
3- OBJETIVOS....................................................................................................................... 35
3.1- OBJETIVO GERAL.......................................................................................................... 35
3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................ 35
3.2.1- Artigo 1.......................................................................................................................... 35
3.2.2- Artigo 2.......................................................................................................................... 35
4- METODOLOGIA............................................................................................................... 36
4.1- ASPECTOS GERAIS........................................................................................................ 36
4.2- ÁREA DO ESTUDO......................................................................................................... 36
4.3- DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO........................................................ 37
4.4- CÁLCULO DA AMOSTRA E PROCESSO DE AMOSTRAGEM................................. 38
4.5- COLETA DE DADOS E DEFINIÇÃO DE FRC EM ESCOLARES............................... 39
4.5.1- Variáveis socioeconômica, comportamental e nível de atividade física................... 39
4.5.2- Variável clínica.............................................................................................................. 40
4.5.3- Variáveis bioquímicas...................................................................................................40
4.5.4- Variáveis antropométricas........................................................................................... 42
4.5.4.1- Peso.............................................................................................................................. 42
4.5.4.2- Estatura........................................................................................................................ 42
4.5.4.3- Índice de massa corporal (IMC).................................................................................. 42
4.5.4.4- Perímetro de cintura .....................................................................................................43
4.5.4.5- Percentual de gordura corporal.................................................................................... 43
4.5.5- Variáveis sobre o comportamento alimentar e dietéticas......................................... 43
4.6- ANÁLISE DOS DADOS.................................................................................................. 44
4.7- ASPECTOS ÉTICOS........................................................................................................ 45
5- ARTIGO 1........................................................................................................................... 46
6- ARTIGO 2........................................................................................................................... 64
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 84
8- REFERÊNCIAS..................................................................................................................86
9- APÊNDICES .......................................................................................................................96
10- ANEXOS ..........................................................................................................................111
17
1 INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morbimortalidade
mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontaram que cerca de 7,3
milhões de indivíduos morrem anualmente em decorrência dessas doenças, número que
deverá superar 23,6 milhões até 2030 (WHO, 2011). Ainda de acordo com a OMS, existe uma
previsão de que nos países desenvolvidos ocorra um crescimento das DCV em cerca de 50%
até o ano de 2020, percentual que pode superar 100% nos países em desenvolvimento (WHO,
2006).
No Estado brasileiro, incluindo todas as faixas etárias, as DCV são responsáveis pelo
maior número de óbitos e pela maior parcela dos gastos em assistência médica pelo Sistema
Único de Saúde (SUS). Em 2013, as enfermidades crônicas associadas ao aparelho
circulatório foram determinantes de 10,1% das internações e a primeira causa de mortalidade,
sendo responsável por 55,3% dos óbitos decorrentes das doenças cerebrovasculares, do infarto
agudo do miocárdio e do diabetes mellitus (DM) (MS, 2013).
Estima-se que os fatores de risco comportamentais, como tabagismo, inatividade
física, alimentação inadequada e uso nocivo do álcool, possam ser responsáveis por cerca de
80% dos casos de DCV. Estes fatores comportamentais estão associados a quatro alterações
metabólicas e/ou fisiológicas essenciais: hipertensão arterial (HA), excesso de peso,
hiperglicemia e hiperlipidemia (DEATON et al., 2011; WHO, 2012). Essas alterações
passaram a ser cada vez mais comuns em crianças e adolescentes, que muitas vezes são
diagnosticadas com, pelo menos, uma delas (WHO, 2014).
Além disso, alguns estudos recentes têm sugerido que certos tipos de comportamento
alimentar como o baixo número de refeições diárias e a negligência ao consumo do café da
manhã também podem contribuir para as alterações metabólicas e/ou fisiológicas essenciais
associadas às doenças cardiovasculares (HO et al., 2015; JAASKELAINEN et al., 2013;
MURAKAMI, LIVINGSTONE, 2014). No entanto, ainda não são bem estabelecidos os
efeitos destes comportamentos sobre a saúde humana e os dados na literatura científica muitas
vezes são conflitantes, embora há muito se tem utilizado recomendações por profissionais e
autoridades de saúde sobre a importância da regularidade das refeições (MURAKAMI,
LIVINGSTONE, 2014).
Parece haver consenso de que a promoção da saúde cardiovascular e a prevenção e
controle de fatores associados às DCV, dependem de mudanças em alguns e comportamentos
18
alimentares, no entanto, alguns desses comportamentos ainda não são bem compreendidos.
Nesta perspectiva, o objetivo geral deste estudo foi: avaliar a associação da frequência de
refeições diárias e do hábito de consumo do café da manhã com fatores associados ao risco
cardiovascular em crianças e adolescentes, residente na cidade de Juiz de Fora, MG.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 PREVALÊNCIA DE FRC EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO MUNDO E
NO BRASIL
As importantes mudanças nos comportamentos alimentares e padrões de atividade
física, nos últimos anos, têm conduzido à emergência de fatores de risco para as doenças
cardiovasculares como a obesidade, dislipidemias, hipertensão arterial e diabetes mellitus em
todo o mundo (REKIA, 2014).
Em 2010, 43 milhões de crianças (81,4 % nos países em desenvolvimento) foram
estimadas com obesidade. A prevalência mundial de obesidade infantil aumentou de 4,2% em
1990 para 6,7% em 2010. Esta tendência deverá atingir 9,1% ou 60 milhões, em 2020.
Embora em 2010, a prevalência de obesidade na infância tenha sido estimada em 11,7% nos
países desenvolvidos e 6,1% nos países em desenvolvimento, a variação percentual entre
1990 e 2010 foi maior no segundo grupo (um aumento de 65%) em comparação com o
primeiro (um aumento de 48%) (ONIS et al., 2010).
Ainda no ano de 2010, segundo critérios da International Obesity Task Force (IOTF),
34,0%, 33,7% e 15,6% das crianças e adolescentes gregos (1-12 anos), italianos (6-11 anos) e
franceses (7-11 anos) respectivamente, foram detectados com excesso de peso. Embora a
França tenha apresentado uma prevalência mais de 50% menor que nos outros dois países,
ainda é considerada uma prevalência elevada (KOTANIDOU et al., 2013; THIBAUL et al.,
2013; TURCHETTA et al., 2012).
Nos Estados Unidos, segundo dados do National Health and Nutrition Exame Survey
2009-2010 e utilizando critérios de classificação do estado nutricional estabelecidos pelo
Centers for Disease Control and Prevention, 32,6 % das crianças e adolescentes com idade de
6 a 11 anos apresentaram excesso de peso (OGDEN et al., 2012), enquanto no Canadá a
prevalência verificada da mesma condição, a partir do Canadian Health Measures Survey
2009- 2011 foi de 32, 8% na faixa etária de 5 a 11 anos (ROBERTS et al., 2012).
Rivera et al. (2014) em uma revisão sistemática com o objetivo de estimar a
prevalência de sobrepeso e obesidade em países da América Latina e do Caribe, analisaram
artigos publicados em periódicos entre janeiro de 2008 e abril de 2013, as prevalências
20
nacionais combinadas de sobrepeso e obesidade, segundo o método de classificação da OMS
2007, variaram de 18, 9% a 36, 9% em crianças em idade escolar (5-11 anos) e de 16, 6% a
35, 8% em adolescentes (12 -19 anos).
Na África, a prevalência de excesso de peso infantil em 2010 foi de 8,5% e a
expectativa é que aumente para 12,7% em 2020. Na Ásia a prevalência foi menor que na
África, sendo de 4,9% em 2010 e podendo chegar a 6,8% em 2020, entretanto, em números
absolutos a Ásia possuía neste período o maior número de crianças com excesso de peso, uma
vez que mais da metade (aproximadamente 18 milhões) das crianças afetadas de países em
desenvolvimento viviam nesta região (ONIS, 2010).
Relativo à prevalência de diabetes mellitus tipo 2 em crianças e adolescentes, nos
Estados Unidos acomete aproximadamente 12: 100000 indivíduos, enquanto ele ainda é raro
na Europa (cerca de 2,5: 100000). A maioria dos jovens com diagnóstico de diabetes mellitus
tipo 2 foram encontrado em subgrupos étnicos específicos, como Afro-americanos, hispânicos
e índios americanos sendo mais alto em índios Pima (22,3/ 1000 crianças de 10 a 14 anos de
idade) (REINEHR, 2013).
A prevalência de dislipidemia em crianças e adolescentes varia no mundo todo entre
2,9% e 33%, adotado o nível de colesterol total (CT) superior a 200 mg/dl (AL-SHEHRI et
al., 2004). No entanto, este nível de colesterol adotado subestima a prevalência de indivíduos
expostos ao risco de desenvolver aterosclerose, uma vez que alguns autores e entidades de
saúde tem preconizados valores menores que 150 mg/dl como mais adequados para prevenção
da aterosclerose (SBC, 2013).
Já a prevalência de hipertensão na população pediátrica mundial não é bem conhecida,
devido a diferenças regionais na sua definição e nas metodologias utilizadas para medi-la.
Com base na utilização de percentil ≥ 95 para a definição de hipertensão arterial e seguindo as
recomendações de três medições alternadas, a prevalência global esperada desta afecção é de
1% a 3%, em crianças (FALKNER, 2010).
Acompanhando a tendência mundial, no Brasil, a Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF 2008- 09), indicou um aumento importante no número de crianças acima do peso no
país desde o Estudo Nacional de Despesas Familiares (ENDEF 1974-75). Na faixa etária entre
5 e 9 anos de idade o número de meninos com excesso de peso (≥ escore Z+1) mais que
triplicou entre 1974 e 2009, passando de 10,9% para 34,8%. Já o número de meninos obesos
(≥ escore Z+2) aumentou mais de cinco vezes, subindo de 2,9 % em 1974 para 16,6% em
2009. Entre as meninas a variação do percentual de excesso de peso e obesidade se manteve
21
elevado, aumentando respectivamente de 8,6% para 32,0% e de 1,8 % para 11,8%, entre os
anos analisados (IBGE, 2010, IBGE, 1983). A estimativa de obesidade encontrada pela POF
(2008- 09) em crianças de ambos os sexos (14,2%) foi mais de duas vezes maior que a
estimativa mundial no ano de 2010 (6,7%) (IBGE, 2010; ONIS, 2010).
Na Tabela 1 encontram-se as prevalências de excesso de peso observadas em outras
pesquisas brasileiras tanto na zona rural quanto urbana. É possível verificar a partir dos
achados que a prevalência de excesso de peso na zona urbana variou de 12,6 % a 27,8 % e na
zona rural de 9,8 % a 26,6 %, indicando que no país há uma grande desigualdade na
distribuição dos casos de excesso de peso, possivelmente devido a grandes disparidades
socioeconômicas entre suas diferentes regiões.
Tabela 1. Prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes brasileiros.
Autor/ano Local Faixa etária
(anos)
N Resultados (%) *
EP
CÂNDIDO et al., 2009 Ouro Preto/ MG 7-14 709 14,9 % b, 2
MOLINA et al., 2009 Vitória/ ES 7-10 1282 23,2 % b, 3
RECH et al., 2010 Caxias do Sul/ RS 7-12 1442 27,8 % b, 3
PINTO et al., 2011 Salvador/ BA 7-14 1131 12,6 % b, 2
COELHO et al., 2012 Ouro Preto/ MG 6-14 661 20,1 % b, 2
LEAL et al., 2012 Pernambuco/ RE 5-19 1484 9,8% a/ 20,7%
b, 2
GUEDES et al., 2013 Montes Claros/MG 7-17 1968 19,1% b, 3
MOREIRA et al., 2013 Cuiabá/ MT 10-16 1716 27,7 % b, 2
HOEHR et al., 2014 Santa Cruz do Sul/ RS 7-17 726 26,6 % a, 2
SILVA et al., 2015 Mato Grosso do Sul 5-10 19289 25,9% b, 1
*: Prevalência de excesso de peso.
Excesso de peso (EP): IMC ≥ escore Z+1 (sobrepeso ou obesidade). a: Zona rural;
b: Zona urbana.
Critério de classificação do estado nutricional: 1 (CDC/NCHS);
2 (WHO);
3 (IOTF).
As dislipidemias, hipertensão arterial e hiperglicemia também têm sido observadas
com alta prevalência na população pediátrica. Cândido et al. (2015) em um estudo transversal
realizado com 708 crianças e adolescentes de 7 a 14 anos de idade, na cidade de Juiz de Fora-
MG, verificaram que 9,6% dos indivíduos apresentaram valores de pressão arterial limítrofes
ou acima, 57,2%, 38,4% e 15,2% apresentaram valores séricos além dos desejáveis de
colesterol total (CT), lipoproteína de baixa densidade (LDL) e triglicérides (TG)
respectivamente, 38,1% níveis séricos baixos de lipoproteína de alta densidade (HDL) e 2,3%
hiperglicemia.
22
Rosini et al. (2014) também em um estudo transversal com 1011 crianças e
adolescentes (6-14 anos), no município de Guabiruba-SC, detectaram que 10,6% dos
indivíduos apresentaram valores de pressão arterial limítrofes ou acima desses valores, uma
alta prevalência de dislipidemias, onde 76,6 %, 54,2% e 26,1% apresentaram valores séricos
além dos desejáveis de colesterol total, LDL e triglicérides respectivamente, 37,7% níveis
séricos baixos de HDL e 11,6% hiperglicemia.
Muitos estudos com o mesmo delineamento utilizado por Cândido et al. (2015) e
Rosini et al. (2014), realizados em outras regiões geográficas brasileiras com crianças e
adolescentes, nos últimos dez anos, também indicaram altas prevalências de alterações
deletérias da pressão arterial, de lipídios séricos e da glicemia de jejum, corroborando as altas
prevalências desses fatores na população escolar no país (CÂNDIDO et al., 2009; MOREIRA
et al., 2013; CHRISTOFARO, 2011).
2.2 FATORES DE RISCO CLÁSSICOS E MODIFICÁVEIS PARA AS DOENÇAS
CARDIOVASCULARES EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
O termo fator de risco descreve características que, quando encontradas em indivíduos
saudáveis, estão associadas de forma independente com a manifestação subsequente de uma
determinada doença. Nesse sentido, um FR pode ser definido como qualquer traço ou
característica mensurável de um indivíduo que possa predizer a probabilidade desse indivíduo
vir a manifestar uma determinada doença (WOOD et al., 1998).
Os fatores de risco para as doenças cardiovasculares são classificados como fatores
não modificáveis e fatores modificáveis. Dentre os fatores não modificáveis estão idade, sexo
e história familiar de DCV precoce. Os fatores de risco modificáveis, que incluem
principalmente a obesidade, diabetes mellitus, dislipidemias e hipertensão arterial sistêmica
(GIRIA, 2007), são analisados com grande interesse pela saúde pública devido à possibilidade
de intervenções que diminuam o risco cardiovascular em populações.
De acordo com o clássico “Bogalusa Heart Study” realizado com crianças e
adolescentes (5- 17 anos), o tempo de duração do excesso de peso encontra-se diretamente
associada à morbimortalidade por DCV. As crianças com excesso de peso (IMC> P85)
apresentam uma razão de chances de 2,4 vezes para a elevação de colesterol e pressão arterial
23
diastólica, 4,5 vezes para o aumento da pressão arterial sistólica, 7,1 vezes para o aumento de
triglicerídeos e 12, 6 vezes para insulina de jejum, sendo possível verificar pelo menos um
fator de risco (dislipidemia, hiperinsulinemia ou hipertensão arterial) em 58% desses
indivíduos (FREEDMAN et al., 1999).
A resistência à insulina, por sua vez, parece ser uma síndrome que está associada com
um agrupamento de distúrbios metabólicos, incluindo as anomalias lipídicas, diabetes mellitus
e hipertensão (GALLAGHER, LEROITH, KARNIELI, 2010; REAVEN, 2011). No caso do
diabetes mellitus tipo 2 (DM 2), é desenvolvida uma resistência à insulina associada a
alterações da homeostasia vascular, acarretando disfunção endotelial e, por conseguinte,
favorecendo o processo aterosclerótico (PANENI et al., 2013). O DM 2 que era detectado
exclusivamente em adultos, é agora cada vez mais comum na população pediátrica em
decorrência dos aumentos recentes nas taxas mundiais de obesidade infantil (MIZOKAMI-
STOUT, CREE-GREEN, NADEAU, 2012).
A aterosclerose, é o substrato fisiopatológico para as doenças cardiovasculares que,
apesar de ser uma doença quase exclusiva da população adulta, se inicia na infância e se
desenvolve ao longo dos anos (JOHNSON et al., 2014; WHO, 2014). As estrias gordurosas,
precursoras das placas ateroscleróticas, aparecem na camada íntima da aorta aos três anos de
idade e nas coronárias durante a adolescência, possuindo como um marcador de risco
tradicional desse processo a dislipidemia (FORD, 2003), que se caracteriza por baixos níveis
séricos de HDL e altos níveis séricos de LDL, colesterol total e triglicérides, ocorrendo
isoladamente ou em combinação (CHANDRA et al., 2014).
Estima-se que a hipertensão arterial seja responsável por pelo menos 45% das mortes
por doença cardíaca e 51% das mortes por acidente vascular encefálico (WHO, 2013), as
complicações cardiovasculares em consequência da hipertensão residem no seu potencial de
provocar danos a órgãos-alvo, incluindo o coração, rins, cérebro e artérias (ADDO;
SMEETH; LEON, 2009). Em jovens, as alterações da pressão arterial constituem um
importante fator de risco para o desenvolvimento da HA, nessa fase. Além disso, jovens que
manifestam níveis pressóricos elevados tendem a manterem esse quadro quando adultos
(REDWINE et al., 2012).
24
2.3 MUDANÇAS NOS PADRÕES DE CONSUMO ALIMENTAR E FATORES DE
RISCO CARDIOVASCULAR
Dentre os elementos que contribuíram para a o rápido aumento dos fatores de risco
cardiovasculares em crianças e adolescentes, nos últimos anos, podemos destacar as
importantes mudanças ocorridas nos padrões alimentares, resultantes dos processos de
globalização, urbanização e inserção da mulher no mercado de trabalho, mudando
substancialmente a forma de alimentação em diversas sociedades (LELIS et al., 2013,
SATTERTHWAITE, MCGRANAHAN, TACOLI, 2010, POPKIN, 2012).
A globalização – caracterizada pelo fluxo de tecnologia, economia, conhecimento,
pessoas, valores e ideias entre fronteiras – afetou a quantidade, tipo, custo e conveniência de
alimentos disponíveis para consumo em todo o mundo (LABONTÉ; MOHINDRA;
SCHRECKER, 2011). Nesse processo, os países em desenvolvimento foram os principais
afetados, neles ocorreu um expressivo aumento do acesso ao mercado de alimentos
gordurosos e açucarados, incluindo franquias de fast foods, além do aumento do consumo de
refrigerantes, doces, biscoitos e petiscos produzidos por empresas multinacionais
(PETERSEN et al., 2011).
Além disso, com a globalização ocorreu um aumento das trocas de informações sobre
práticas alimentares, passando de um nível local para mundial. Tais trocas se efetuaram
segundo o processo sociológico de imitação e distinção. Os grupos sociais “dominados”
(pobres, rurais, países em desenvolvimento) imitaram os grupos “sociais dominantes” (ricos
urbanos ocidentais) e classes abastadas ocidentais se tornaram modelo para as populações
ricas de países em desenvolvimento, as quais adotaram práticas alimentares típicas dos grupos
“sociais dominantes” (LAMBERT et al., 2005).
Paralelo e simultâneo à globalização surge outro fenômeno designado urbanização. O
fenômeno é entendido como o processo de crescimento de uma cidade e de redistribuição das
populações das zonas rurais para os centros urbanos; por outro, pode significar a dotação de
áreas geográficas com infraestrutura e equipamentos urbanos. A urbanização está crescendo
rapidamente em quase todos os países em desenvolvimento e assim como a globalização, atua
como um fator determinante na modificação de hábitos e comportamentos alimentares
(SATTERTHWAITE, MCGRANAHAN, TACOLI, 2010).
25
A migração para as regiões urbanas criou um ambiente favorável para grandes lojas e
supermercados, esses por sua vez têm substituído gradualmente os mercados tradicionais.
Esses grandes estabelecimentos comerciais têm contribuído para facilitar o acesso a alimentos
submetidos à diversas técnicas de processamento industrial e ricos em sal, açúcar e gorduras
(POPKIN, 2012).
Existem vários caminhos através dos quais a globalização e a urbanização afetaram as
doenças não transmissíveis, dentre elas, as DCV; as ligações-chave foram apresentadas na
Figura 1.
Figura 1. Globalização, urbanização e doenças cardiovasculares.
(SCHRAM; LABONTÉ; SANDERS, 2013).
26
Além disso, com a urbanização ocorreu um aumento da participação das mulheres no
mercado de trabalho, reduzindo seu tempo livre para os afazeres domésticos e, por
conseguinte acarretando mudanças na distribuição das tarefas de casa e no seu envolvimento
com os cuidados interpessoais dos membros da família, como por exemplo, no tempo para o
preparo de refeições (BAUER et al., 2012; LELIS et al., 2013). Nesse contexto, é oportuno
enfatizar o incremento no consumo de produtos prontos, ou que não exijam muita dedicação
no preparo, além de maior demanda de sistemas de entrega em domicilio e de restaurantes de
comidas rápidas, a fim de atender as necessidades resultantes dos novos rearranjos familiares
(OELLINGRATH, HERSLETH, SVENDSEN, 2013).
Considerando o cenário nacional, Levy-Costa et al. (2005) ao avaliar a evolução da
disponibilidade domiciliar de alimentos, comparando dados do Estudo Nacional de Despesas
Familiares (ENDEF-1974/75) e da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF- 2002/03),
observaram que nas áreas metropolitanas do País, a participação na dieta aumentou para
carnes em geral (aumento de quase 50%), carne bovina (+22%), carne de frango (+100%),
embutidos (+300%), leite e derivados (+36%), óleos e gorduras vegetais (+16%), biscoitos
(+400%) e refeições prontas (+80%). Os Alimentos e grupos de alimentos que mostraram
tendência inversa incluíram o arroz (- 23%), feijões e outras leguminosas (-30%), raízes e
tubérculos (-30%), peixes (-50%), ovos (-84%) e gordura animal (-65%). Açúcar e
refrigerantes mostraram tendências opostas no período, com redução do primeiro (23%) e
aumento do segundo (400%). A participação de frutas e verduras e legumes na dieta
permaneceu relativamente constante durante todo o período.
Os resultados da POF 2008-09 mostraram que no Brasil o consumo alimentar foi
muito aquém do recomendado para frutas, verduras, legumes e leite e elevado para gordura
saturada, sódio e bebidas com adição de açúcar, como sucos, refrigerantes e refrescos. Nas
áreas rurais, as médias de consumo per capita diário foram muito maiores para arroz, feijão,
batata-doce, mandioca, farinha de mandioca, manga, tangerina, e peixes. Em contraste, nas
áreas urbanas, destacaram-se os produtos processados e prontos para consumo como: pão,
biscoitos recheados, sanduíches, salgados, pizzas, e refrigerantes, sucos e cerveja. Entre os
adolescentes, destaca-se a alta frequência de consumo de biscoitos, linguiça, salsicha,
mortadela, sanduíches e salgados e menor consumo de feijão, saladas e verduras quando
comparados aos adultos e idosos (IBGE, 2010).
Comparando-se o consumo de sódio segundo a POF 2002-2003 e POF 2008-2009, é
possível verificar que a origem da disponibilidade domiciliar de sódio modificou-se no Brasil:
27
houve aumento da fração proveniente de alimentos processados com adição de sal e pratos
prontos e diminuição da contribuição relativa do sal de mesa e de condimentos à base de sal.
Nesse período, a contribuição dos alimentos processados e dos pratos prontos mais que
dobrou entre os quintos de menor e de maior renda (12,9% a 30,3%) (SARNO et al., 2013).
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2012), realizada
com estudantes do 9° ano de escolas das 26 capitais estaduais do país, considerando os
alimentos consumidos cinco dias ou mais na semana anterior à da pesquisa, foi verificado que
69,9% dos escolares consumiram feijão; 43,4% hortaliças; 30,2% frutas frescas; e 51,5% leite.
As menores proporções de escolares que consumiram feijão e leite foram encontradas,
respectivamente nas regiões Norte (41,4%) e Nordeste (39,9%) e as maiores proporções de
consumo de hortaliças, na região Centro-Oeste (51,2%). O consumo de frutas frescas foi
referido por 26,7% dos estudantes da região Norte; 28,4% do Sul; 28,9% do Nordeste, 31,7%
do Sudeste; e 32,9% do Centro-Oeste. Com relação aos marcadores de alimentação não
saudável, o consumo de guloseimas (doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos)
foi referido por 41,3% dos escolares, de biscoitos salgados por 35,1% e de refrigerantes por
33,2% (IBGE, 2012).
Em conclusão, diante das mudanças sofridas no cenário mundial nos últimos anos, a
comensalidade contemporânea tem se caracterizado pela falta de tempo para o preparo e
consumo de refeições, uma grande diversidade de itens alimentares produzidos por empresas
de várias partes do mundo, deslocamentos das refeições de casa para estabelecimentos que
comercializam alimentos – restaurantes, lanchonetes, vendedores ambulantes, padarias, entre
outros – arsenal publicitário associado aos alimentos e flexibilização de horários e
individualização das refeições (FONSECA et al., 2011).
No Brasil, estas modificações nos hábitos e comportamentos alimentares foram
acompanhadas de alterações epidemiológicas importantes, como o crescimento de fatores de
risco cardiovascular como a obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e dislipidemias,
as quais apresentam correlações causais com alterações nos padrões dietéticos e diminuição
da atividade física, relacionados ao modo urbano de vida (SCHMIDT et al., 2011).
28
2.4 COMPORTAMENTOS ALIMENTARES E FATORES DE RISCO PARA DCV
2.4.1 Frequência de refeições diárias
Nas sociedades ocidentais, a alimentação diária é normalmente organizada em três
refeições: café da manhã, almoço e jantar, elas ocorrem em tempos relativamente previsíveis e
com um cardápio previsível de opções de alimentos (que variam muito entre culturas),
consumidas em companhia (família, amigos, colegas), e em locais específicos (sala de jantar,
restaurantes, etc.). Outras refeições como a colação, lanche da tarde e ceia também ocorrem
no cotidiano da maioria das pessoas (BELLISLE, 2014).
Interpretando a literatura científica, é possível verificar que não há consenso sobre o
que constitui uma determinada refeição ou outra ocasião alimentar. Muitos estudos têm
contado com a auto identificação dos respondentes enquanto outros usam nutricionistas para
diferenciar os dois padrões. Devido a preocupações com as diferenças de definição, alguns
pesquisadores utilizam critérios mais objetivos para diferenciá-los, como o tempo de duração
do evento alimentar bem como a quantidade de calorias e os tipos de alimentos consumidos
no evento (MURAKAMI, LIVINGSTONE, 2014; RITCHIE, 2012).
Na população jovem, tem sido cada vez mais comum a omissão de refeições
importantes, principalmente o café da manhã (LEAL et al., 2010). Os motivos para a omissão
são variados e resultantes dos padrões de comensalidade contemporânea, no entanto, esse
comportamento tem sido verificado principalmente entre adolescentes e entre o sexo feminino
quando comparado às crianças e ao sexo masculino, o que tem sido explicado pela grande
preocupação com a imagem corporal, típicos dos dois primeiros grupos (FU et al., 2015;
HARVEY-GOLDING et al., 2015).
Souza et al. (2012) em um estudo, no Brasil, com abordagem qualitativa, descrevem
alguns discursos sobre comportamentos e o universo de 12 meninas adolescentes com relação
à omissão de refeições e sua substituição por lanches, segundo o ponto de vista dos sujeitos da
pesquisa. Abaixo é possível apreciar alguns desses discursos, onde a irregularidade das
refeições e a preocupação com o peso corporal são evidentes.
29
“Eu sou magra já, não tem. Quando eu pego para comer eu mando ver, como um monte,
mas também quando eu não quero comer eu não como. Hoje to o dia todo sem comer nada e
to sem fome nenhuma.” (indivíduo 4).
“Lá em casa tem bastante besteira também. Eu procuro cuidar do meu corpo, aí, às vezes, eu
não janto porque eu sei que engorda. Eu treino lutas marciais, aí já não janto porque
emagreço no treino, eu perco a fome no treino”. (indivíduo 5).
“[...] Lá em casa, a única refeição que é certa é o almoço, a janta é se der vontade de comer.
Não tem dia para pedir lanche, pizz., Ontem foi pizza, a gente pede sexta.” (indivíduo 7).
“Não faltaram exemplos no grupo feminino: [...] Meus pais não gostam de comer besteira,
mas eu gosto. Aí, finais de semana, às vezes, eles comem pizza, lanche. Também não tem
muito horário para comer, a gente come quando dá vontade. E eu adoro comer bala.”
(indivíduo 8).
“Na minha casa, dia de semana, eu não almoço, eu só janto. Gosto mais de comer bala, doce,
bala praticamente todo o dia. Chocolate eu também gosto de comer. [...]” (indivíduo 9).
(SOUZA et al., 2012)
Esse aumento crescente do hábito de omissão de refeições é preocupante, já que um
efeito protetor de maiores frequências de refeições diárias para sobrepeso e obesidade tem
sido observado em crianças e adolescentes (KELISHADI et al., 2016). Além disso, vários
estudos epidemiológicos tem encontrado relação entre maiores frequência de refeições e
outros fatores associados à saúde metabólica, principalmente de perfis lipídicos favoráveis
(DESHMUKH-TASKAR et al., 2013; HORIKAWA et al., 2011; KAISARI,
YANNAKOULIA, PANAGIOTAKOS, 2013; MURAKAMI, LIVINGSTONE, 2014).
Alguns autores sugerem que a omissão de refeições pode contribuir para inadequação
dietética e aumento do peso corporal, uma vez que os alimentos comumente consumidos em
determinadas refeições dificilmente serão ingeridos em outros horários ao longo do dia,
30
podendo inclusive ser substituídos por alimentos com alta densidade energética e baixo
conteúdo nutricional (ESTIMA et al., 2009; LEAL et al., 2010).
É possível que essa substituição ocorra devido a aumentos significativos no apetite
percebido e reduções de saciedade percebida quando algumas refeições são eliminadas da
dieta diária. Leidy e Campbell (2011), em um estudo de revisão sobre o impacto da frequência
de refeições sobre a regulação do apetite e a ingestão energética, verificaram que o aumento
da frequência alimentar (mais de três ocasiões alimentares / dia) tem um mínimo, ou nenhum
impacto no controle do apetite e da ingestão de alimentos, enquanto a redução da frequência
alimentar (menos de três ocasiões alimentares / dia) afeta negativamente o seu controle.
A redução do apetite por sua vez pode estar ligada, principalmente, à manutenção dos
níveis de glicose no plasma relativamente constantes ao longo do dia com o consumo de
pequenas refeições frequentes (JENKINS et al., 1995). O aumento dos níveis plasmáticos de
insulina também pode desempenhar um papel no controle da regulação do apetite, através do
sistema nervoso central, sendo associada com a saciedade (FILIPPI et al., 2013). Essa
regulação das concentrações de glicose e insulina no plasma, em padrões mais frequentes de
refeições, decorre da constância de ingestão calórica, contribuindo para a liberação lenta de
hidratos de carbono na corrente sanguínea (JENKINS et al., 1995).
Outra hipótese com relação à influência do número de refeições sobre o ganho de peso
corporal é a de que padrões de refeições menos frequentes promovem um gasto energético
pós-prandial mais baixo, com efeito térmico global dos alimentos reduzido quando
comparado com os mais frequentes, desta forma podendo ocasionar ganho de peso em longo
prazo (BANDÍN et al., 2015; OHKAWARA et al., 2013).
Além do controle do peso, as concentrações de colesterol total e da lipoproteína de
baixa densidade (LDL) são negativamente e consistentemente associadas com a frequência de
refeições em uma população geral. Os efeitos da frequência de alimentação sobre as
concentrações de lipídios induzidas em estudos de curto prazo em animais e voluntários
humanos, em condições controladas de laboratório também pode ser observada em uma
população geral de vida livre (PAPOUTSOU et al., 2014).
Acredita-se que um possível mecanismo são as menores concentrações médias nos
picos de insulina no plasma e menor área sobre a curva de respostas à insulina em padrões
alimentares regulares (SALEHI, KAZEMI, HASAN ZADEH, 2014), fazendo com que ocorra
a redução hepática da síntese e atividade da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A
31
redutase (HMG-CoA). Esta é a enzima limitante da síntese do colesterol e a redução da sua
produção e atividade pode melhorar o perfil de lipídios séricos (ARNOLD et al., 1993).
Embora algumas pesquisas têm indicado que menores frequências de refeições estão
relacionadas a menores ingestões diárias de energia, pode ocorrer o aumento de ingestão
calórica por refeição (HOUSE et al., 2014). Além disso, Pedersen et al. (2012) em um estudo
epidemiológico com adolescentes encontraram uma baixa frequência de consumo de frutas e
produtos hortícolas nos indivíduos que não consumiam as principais refeições regularmente.
Tanto o aumento de ingestão calórica por refeição (HOUSE et al., 2014) quanto o baixo
consumo de frutas e verduras, são fortes indicadores de perfis metabólicos deletérios, como
intolerância à glicose e dislipidemia e também podem contribuir na elucidação do papel
benéfico de maiores números de refeições.
2.4.2 Consumo do café da manhã
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, o café da manhã ou
desjejum é uma das três principais refeições do dia e deve ser baseado em alimentos in natura
ou minimamente processados. A Figura 2 ilustra a composição do café de quatro brasileiros
selecionados entre aqueles que têm como base da sua alimentação os tipos de alimentos
recomendados pelo guia. É notável que frutas, leite e seus derivados e preparações a base de
cereais – estes que são tradicionalmente substituídos por tubérculos em algumas regiões do
país – são presenças constantes na primeira refeição do dia. Pães e queijo também fazem parte
da refeição em alguns dos exemplos, ilustrando como esses alimentos processados podem ser
integrados a um café da manhã saudável (MS, 2014).
32
Figura 2. Composição do café da manhã baseada em alimentos in natura ou minimamente
processados.
Fonte: Guia alimentar para a população brasileira, MS 2014 a.
As diversas formas que o café da manhã e sua frequência de consumo são definidos é
um dificultador da comparação dos seus benefícios entre os estudos (BLONDIN et al., 2016).
Smith et al. (2010) definiram a refeição como a primeira realizada entre 6 e 9 horas e Alexy et
al. (2010) como a primeira entre 5 e 8:59 horas, já Corder et al. (2014) utilizaram como
definição qualquer consumo energético ≥ 100 kcal no mesmo horário utilizado por Smith et
al. Rampersaud (2009) sugere que além de ser a primeira refeição do dia em uma hora
específica, deve ser considerada a percepção que o indivíduo tem da mesma e o tipo de
alimento usualmente consumido (por exemplo: café com leite, pão com manteiga).
Para avaliar a frequência de consumo do café da manhã pode ser utilizado o
recordatório alimentar de 24h, onde se considera o consumo da refeição no dia anterior em
que foi aplicado o inquérito, no entanto, esse método pode não refletir o consumo ao longo do
tempo. Outra técnica que pode ser utilizada é perguntar diretamente ao sujeito da pesquisa
33
sobre o comportamento de realizá-la ou não e com que frequência, nesse caso, o conceito de
café da manhã dependerá do entrevistado (RAMPERSAUD, 2009).
Embora o café da manhã seja uma das principais refeições do dia, nos últimos anos
houve um decréscimo importante no seu consumo, evidenciando uma modificação importante
no comportamento alimentar atual (RAMPERSAUD, 2009). Na edição de 2012, a Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) incorporou o quesito sobre o comportamento de
realizar o café e os resultados apontaram que 61,9% dos estudantes do 9º ano do ensino
fundamental costumavam ter esta prática cinco dias ou mais na semana, sendo esta mais
elevada entre os meninos (69,5%) e nas Regiões Nordeste (71,2%) e Norte (70,2%) (IBGE,
2012).
Assim como maiores frequências de refeições diárias, o hábito isolado de consumo do
café da manhã também tem sido retratado em diferentes estudos como um fator de proteção
para os fatores de risco clássicos para as doenças cardiovasculares, em crianças e adolescentes
(HO et al., 2015; KARATZI et al., 2014; NASREDDINE et al., 2014).
Shafiee et al. (2013) em um estudo multicêntrico “Childhood and Adolescents of
Surveillance and Prevention of Adult Noncommunicabledisease” (CASPIAN-III) que incluiu
5.625 estudantes iranianos, com idades entre 10 e 18 anos, demonstraram que a prevalência de
indivíduos com obesidade, TG elevado e LDL elevado foi significativamente maior no grupo
de indivíduos que consumiam café da manhã “raramente” (0-2 dias/sem.) que no grupo que
consumia “normalmente” (3-5 dias/sem.) e “regularmente” (6-7 dias/sem.), ao passo que a
média de HDL foi significativamente menor nos que consumiam “raramente”. Nenhuma
diferença significativa nos níveis de glicose de jejum e CT foram encontradas dentre os três
diferentes grupos de consumo da refeição.
Também de acordo com o estudo longitudinal “Coronary Artery Risk Development in
Young Adults” (CARDIA), realizado com 3598 indivíduos adultos, acompanhados por 18
anos, o consumo diário de café da manhã foi fortemente associado com o risco reduzido de
um espectro de condições metabólicas. Em relação à ingestão frequente de café da manhã (4-6
dias / sem.) e a ingestão diária, foi detectada uma diminuição significativa do risco de SM
(síndrome metabólica), HA e DM II quando comparados a ingestões pouco frequentes
(ODEGAARD et al., 2013).
Em 1985, a fim de analisar a relação entre o não consumo do café da manhã na
infância e vida adulta com fatores de risco cardiovascular (FRC) em adultos, uma amostra
com crianças australianas de 9 a 15 anos foi acompanhada até 2004-2006. Após 20 anos de
34
acompanhamento os 2.184 participantes foram classificados em quatro grupos: os que não
pulavam o CM na infância e nem na idade adulta (n = 1.359), os que faziam o CM apenas na
infância (n = 224), apenas na idade adulta (n = 515), e os que não o faziam em ambas as
ocasiões (n = 86). Após o ajuste para idade, sexo e fatores de estilo de vida, os que pulavam o
CM na infância e a idade adulta apresentaram maior perímetro da cintura (PC) (diferença
média: 4,63 cm), maior insulina em jejum (diferença média: 2,02 mU / L), CT (diferença
média: 0,40 mmol/ L) e LDL (diferença média: 0,40 mmol/ L) que aqueles que faziam a
refeição em ambas as ocasiões (SMITH et al., 2010).
Entretanto, as vias que ligam o café da manhã aos fatores de risco cardiovascular são
pouco compreendidas e diversas. Essa ligação não é explicada por diferenças no consumo
diário de energia, uma vez que não há compensação energética no decorrer do dia entre os
indivíduos que o omitem, o que indica que pode haver outros mecanismos que servem para
dirigir esta associação entre consumo do café e FRC (REEVESS et al., 2015).
Kral et al. (2011), em um estudo com crianças de 8 a 11 anos, concluíram que a
omissão do café afeta o sentimento subjetivo de fome e do apetite ao longo do dia, mas não o
consumo energético nas refeições posteriores ao desjejum, sendo que no dia em que o café da
manhã não foi consumido, o consumo energético reduziu em 362 kcal, comparado ao dia que
consumiam a refeição.
Para Utter et al. (2007) o efeito do café da manhã sobre fatores de risco
cardiometabólico é que crianças que possuem o hábito de omitir esta refeição, embora tenham
uma menor ingestão diária total de energia, são menos propensos a almoçar e/ ou jantar
regularmente e mais propensos a fazerem pobres escolhas alimentares, consumir alimentos
não saudáveis principalmente entre as refeições e a comprar alimentos não saudáveis fora do
domicílio.
Por outro lado, o hábito de realizar o café se associa fortemente a uma melhor
qualidade global da dieta em crianças e adolescentes (DUBOIS et al., 2009; HO et al., 2015;
WILLIAMS et al., 2007), incluindo maior ingestão de alimentos ricos em fibras alimentares,
carboidratos, vitaminas, minerais (BARR, DIFRANCESCO, FULGONI, 2014) e pobres em
gordura total e colesterol (DESHMUKH-TASKAR et al., 2010; MATTHYS et al., 2007),
somados a uma distribuição mais uniforme da ingestão energética no decorrer do dia
(DUBOIS et al., 2009).
Somado a melhor qualidade alimentar global, o consumo de café da manhã também
tem sido relacionado a maiores níveis de atividade física em escolares (SANDERCOCK,
35
VOSS, DYE, 2010), o que pode desempenhar um papel significativo na prevenção de fatores
de risco cardiovasculares neste grupo populacional. Sendo assim, a refeição pode ser
considerada um marcador de estilo de vida saudável (RAMPERSAUD, 2009).
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a associação da frequência de refeições diárias e do consumo do café da
manhã com fatores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes, residente na cidade de
Juiz de Fora, MG.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
3.2.1 Artigo 1
Título: Frequência de refeições diárias e fatores associados em crianças e adolescentes:
JFCorações.
Objetivo: Investigar a distribuição da frequência de refeições diárias e sua relação com fatores
demográficos, socioeconômicos, comportamentais, antropométricos, clínicos e bioquímicos
em crianças e adolescentes.
3.2.2 Artigo 2
Título: Consumo do café da manhã e fatores associados em crianças e adolescentes:
JFCorações.
36
Objetivo: investigar a frequência de consumo do café da manhã e dos tipos de alimentos ou
grupos de alimentos presentes nesta refeição e os fatores demográficos, antropométricos,
clínicos, bioquímicos e comportamentais associados à sua omissão em crianças e
adolescentes.
4 METODOLOGIA
4.1 ASPECTOS GERAIS
Este estudo é parte do projeto “Fatores de risco para as doenças cardiovasculares
em crianças e adolescentes de Juiz de Fora, Minas Gerais”. Nessa pesquisa de delineamento
transversal, que teve a coleta de dados realizada na área urbana do município entre julho de
2011 e dezembro de 2012, foram avaliados 708 escolares com idade entre 7 e 14 anos quanto
a prevalência de fatores clássicos associados ao risco cardiovascular como excesso de peso,
hipertensão arterial, dislipidemias e hiperglicemia.
4.2 ÁREA DO ESTUDO
A área do estudo foi a sede do município de Juiz de Fora, situado na mesorregião Zona
da Mata Mineira, a 272 Km da região metropolitana de Belo Horizonte. Com uma população
estimada em 2010 de 516.247 habitantes, possui alto grau de urbanização, residindo cerca de
98% da sua população na área urbana (Figura 3). Ainda em 2010, seu Produto Interno Bruto
(PIB) per capita era de R$ 17.955,00; as rendas per capta de domicílios particulares urbanos e
rurais de respectivamente R$ 630,00 e R$ 350,00; e Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) de 0,778 (IBGE, 2010). A Figura 3 exibe a delimitação da área urbana do Município de
Juiz de Fora, a qual é composta por oito regiões (centro, leste, nordeste, noroeste, norte, oeste,
sudeste e sul).
37
Figura 3. Área urbana do município de Juiz de Fora- MG.
4.3 DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo epidemiológico possui delineamento transversal e contemplou um total
de 708 crianças (7-9 anos de idade) e adolescentes (10- 14 anos de idade), estudantes de
escolas do ensino fundamental da área urbana da cidade de Juiz de Fora. A cidade possui uma
população de aproximadamente 71.671 crianças e adolescentes na faixa etária de 7-14 anos,
38
matriculados nas 127 escolas públicas e 91 escolas privadas localizadas nas oito regiões que a
compõem (INEP, 2009). Os estudantes portadores de necessidades especiais da Associação de
Pais e Amigos dos Alunos Excepcionais (APAE) não foram incluídos no processo de
amostragem.
4.4 CÁLCULO DA AMOSTRA E PROCESSO DE AMOSTRAGEM
O número de escolas e o total de alunos foram obtidos por meio do censo escolar
realizado e coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP) (INEP, 2009). O tamanho da amostra (n= 848,22) foi calculado de acordo
com as seguintes premissas: 8% de prevalência de obesidade nas faixas etárias estudadas
(IBGE, 2010), 2% de nível de precisão desejado, 90% de poder, 5% de nível de significância
e acréscimo de 20% ao valor da amostra necessária para a representatividade da população do
estudo, a fim de prevenir perda amostral. Abaixo consta a fórmula utilizada para o cálculo
amostral:
n
n
n x 20%
n
Em que:
P é a prevalência de obesidade esperada na população estudada.
1- p é a proporção de indivíduos que não tem a condição.
é a precisão requerida no estudo (erro padrão).
Z é o percentil da distribuição normal determinada pelo nível de confiança do teste (1-α)
(SAMPAIO, 2007).
39
A seleção dos estudantes obedeceu a seguinte sequência:
(a) amostragem por conglomerado – as instituições públicas e particulares foram escolhidas
aleatoriamente em cada região da cidade;
(b) amostragem estratificada proporcional – a definição do número de indivíduos por série
escolar foi proporcional ao total de alunos em cada uma delas. Para isso, utilizou-se o cálculo:
nA = n x NA / N.
Onde:
nA – tamanho da amostra na escola A;
n – tamanho total da amostra calculado
NA – número de alunos de 7 a 14 anos na escola A;
N – total de alunos das escolas do município de Juiz de Fora.
(c) amostragem aleatória simples – a seleção dos participantes por unidades e séries escolares
atendeu a um sorteio aleatório até que fosse completada a quantidade necessária.
A amostra final disponível para análises foi de 708 escolares devido a perdas por
recusas ou não comparecimento da criança ou adolescente no dia da coleta. As recusas ou
ausências na coleta de dados não comprometeram a representatividade amostral uma vez que
foram previstas 20% de perdas no cálculo da mesma.
4.5 COLETA DE DADOS E DEFINIÇÃO DE FRC EM ESCOLARES
4.5.1 Variáveis socioeconômica, comportamental e nível de atividade física
As referidas variáveis foram obtidas por meio de entrevista conduzida face-a-face com
o escolar ou pelo menos um responsável pelo mesmo. Como indicador de renda, foi utilizada
a renda total da família, relatada pelo responsável. Assistir duas ou mais de duas horas de
televisão diariamente foi categorizado como “risco para a omissão de refeições”, baseado nas
recomendações do Comité para a Prevenção da Obesidade em Crianças e Jovens, sobre o
tempo diário de TV e risco de excesso de peso corporal (AMERICAN ACADEMY OF
40
PEDIATRICS, 2001). Em relação ao tempo total de atividade física (TAF) os escolares foram
classificados como ativos quando realizaram, semanalmente, 300 minutos ou mais de
atividade física moderada ou vigorosa e inativos quando realizaram menos de 300 minutos,
conforme classificação utilizada na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar e de acordo com
atuais recomendações internacionais (IBGE, 2012; WHO, 2010).
4.5.2 Variável clínica
Para a aferição da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foi utilizado
aparelho oscilométrico (Omron HEM-7200), com o indivíduo sentado e o braço esquerdo
estendido na altura do coração, em três medições alternadas, perfazendo desse modo três
medições em ocasiões diferentes, o valor mais discrepante foi desprezado e foi realizada a
média entre outros dois valores encontrados na aferição (SBC, 2010). O risco para a pressão
foi considerado a partir dos valores limítrofes descritos na Tabela 2.
Tabela 2. Classificação da pressão arterial em crianças e adolescentes.
Classe Percentil de pressão arterial sistólica ou
diastólica
Normal < 90
Pré- hipertensão ou limítrofe 90 a < 95 ou ≥ 120 x 80 mm Hg
HAS estágio 1 95 a 99 acrescido de 5 mm Hg
HAS estágio 2 > 99 acrescido de 5 mm Hg
Fonte: I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular, SBC (2013).
HAS – hipertensão arterial sistêmica.
4.5.3 Variáveis bioquímicas
As amostras de sangue foram coletadas (10 ml) por punção venosa na região
anticubital dos escolares após 12 horas de jejum.
41
As seguintes dosagens bioquímicas foram realizadas: colesterol total e frações (HDL,
LDL), triglicérides e glicose sérica. Todos foram dosados pelo método enzimático
colorimétrico e adaptados ao analisador automático. Os procedimentos foram normatizados
no laboratório de análises clínicas do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF), a fim de uniformizá-los durante o período de execução do estudo. Isto
inclui: se as pessoas estão em jejum ou não, procedimentos de recopilação de amostras,
métodos de calibragem, métodos analíticos, procedimentos de controle de qualidade interna e
externa.
As alterações dos lipídeos séricos foram analisadas pelos valores de referência para
crianças e adolescentes de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia – Tabela 3 –
(SBC, 2013) e considerados como risco os escolares que apresentaram dosagens dos lipídeos
séricos acima dos valores limítrofes. A glicemia de jejum foi classificada segundo critérios
estabelecidos pelo National Diabetes Education Program (NDEP) – Tabela 4.
Tabela 3 - Valores de referência lipídica propostos para a faixa etária de 2 a 19 anos
Lípides Desejáveis
(mg/dL)
Limítrofes
(mg/dL)
Aumentados
(mg/dL)
CT < 150 150- 169 ≥ 170
LDL < 100 100- 129 ≥ 130
HDL ≥ 45 - -
TG <100 100-129 ≥130
Fonte: V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2013).
Tabela 4 - Valores de glicose plasmática para o diagnóstico de diabetes mellitos e seu
estágio pré-clínico.
Categoria Jejum
(mg/dL)
2h após 75 g de glicose
(mg/dL)
Casual
(mg/dL)
Normal < 100 < 140 -
Pré-diabetes > 110 a < 125 140 a < 199 -
Diabetes mellitos 126 200 200 (sintomas clássicos)
Fonte: National Diabetes Education Program (2014).
42
4.5.4 Variáveis antropométricas
4.5.4.1 Peso
O peso foi aferido na balança da marca Tanita®, modelo Ironman BC-553 (Tanita
Corporation of America, Arlington Heights, IL, EUA), com capacidade máxima de 136 Kg e
precisão de 0,5 Kg. Os indivíduos foram pesados em pé, descalços e com roupas leves
(LOHMAN, ROCHE, MARTORELL, 1988).
4.5.4.2 Estatura
A estatura foi obtida por meio do estadiômetro de campo Alturexata®
(Alturexata,
Belo Horizonte, Brasil), com escala em centímetros e precisão de um milímetro. Os
indivíduos foram posicionados de costas para o marcador, com os pés unidos, posição ereta,
olhando para frente e a leitura realizada no milímetro mais próximo quando o esquadro móvel
que acompanha a haste vertical tocou a cabeça do escolar, seguindo as técnicas propostas por
Lohman et al. (1988).
4.5.4.3 Índice de Massa Corporal
A partir dos valores de peso e estatura, o grau do excesso ponderal foi obtido pelo
índice de massa corporal (IMC), proposto por Lambert Adolphe Jacques Quetelet em 1869,
através relação entre peso (kg) e altura ao quadrado (m2) (WHO, 1998). Os escolares foram
avaliados, através do software Anthro Plus® (versão 1.0.4; WHO AnthroPlus
®, Suíça) e
classificados como portadores de excesso de peso (sobrepeso ou obesidade), a partir do IMC
por idade ≥ escore Z + 1, segundo os limites propostos pela OMS (ONIS et al., 2007).
43
4.5.4.4 Perímetro da cintura
O perímetro da cintura (PC) foi aferido por meio de fita métrica simples e inelástica,
circundada no plano horizontal em torno do ponto médio entre a margem inferior da última
costela e da crista ilíaca. A medida foi realizada com o indivíduo em pé, os braços afastados
do tronco e em expiração (LOHMAN, ROCHE, MARTORELL, 1988). Para a classificação
do perímetro da cintura, adotou-se as recomendações de McCarthy et al. em que a obesidade
abdominal é caracterizada por valores iguais ou maiores que o percentil 85 (MCCARTHY,
JARRETT, CRAWLEY, 2001).
4.5.4.5 Percentual de gordura corporal
Foi utilizado para a medição do percentual de gordura corporal (% GC) o aparelho de
impedância bioelétrica bipolar (Tanita®, BC-553), com os indivíduos na posição ortostática e
calcanhares devidamente alinhados aos eletrodos da balança, em jejum por doze horas e livres
de acessórios de metal. O percentual obtido foi considerado de risco para valores de gordura
corporal igual ou acima de 30% para meninas e 25% para meninos (WILLIAMS, 1992).
4.5.5 Variáveis sobre o comportamento alimentar e dietéticas
As informações dietéticas e do comportamento alimentar foram respondidas pela
criança ou adolescente com auxílio dos pais ou responsáveis. Os dados sobre a frequência de
refeições diárias e frequência de consumo do café da manhã foram obtidos através de
formulário estruturado, contendo as seguintes opções de refeições: café da manhã, lanche da
manhã/ merenda, almoço, lanche da tarde/ merenda, jantar e lanche da noite. Foi solicitado
aos participantes que assinalassem somente as refeições que eram habitualmente realizadas
(AHADI et al., 2015). A definição das refeições foram de acordo com a auto identificação dos
respondentes.
44
Como instrumentos na avaliação do consumo alimentar foi utilizado, para cada sujeito
da pesquisa, um recordatório alimentar de 24 horas e um registro alimentar de três dias, sendo
que este último foi entregue aos escolares ou responsáveis para preenchimento no domicílio e
devolução em data previamente agendada, após serem orientados a anotar os alimentos e
bebidas consumidos em dias alternados e abrangendo um dia de final de semana.
Posteriormente os dados obtidos foram inseridos no programa Dietwin® (versão 2008) para
análise de sua composição energética.
Para a estimativa da ingestão habitual de energia, em decorrência da perda de registros
alimentares de três dias devido a não devoluções, foi utilizado o programa Multiple Source
Method (MSM) (HARTTIG et al., 2011), capaz de estimar a ingestão habitual de cada
indivíduo através de ajustes a partir de recordatórios alimentares de 24h da amostra total mais
três registros alimentares de uma subamostra.
4.6 ANÁLISE DOS DADOS
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov.
Posteriormente, foi realizada a análise descritiva estratificada por faixa etária de acordo com o
padrão de distribuição da população e o teste de Mann-Whitney foi utilizado para verificar
diferenças significativas nos valores das medidas de tendência central (médias e medianas).
Também foi realizado o teste do qui-quadrado para verificar diferenças na frequência de
refeições entre as diferentes faixas etárias e sexos e diferenças nos consumos de alimentos ou
grupos de alimentos presentes no café da manhã das crianças e dos adolescentes.
Nas análises univariadas e multivariadas, foi utilizada como medida de associação a
Razão de Prevalência (RP) calculada com o auxílio da técnica de regressão de Poisson, com
estimador de variância robusta, por se tratar de um delineamento transversal cujo desfecho
pesquisado é frequente (BARROS, HIRAKATA, 2003). As diferenças estatísticas foram
avaliadas segundo a razão de verossimilhança e pelo teste de Wald. Antes da construção dos
modelos estatísticos, foi verificada a colinearidade entre as variáveis independentes através do
teste de correlação de Pearson e adotou-se como critério r > 0,8, para avaliar se as variáveis
apresentavam alta correlação.
45
Na análise multivariada foram incluídas no modelo as variáveis que apresentaram um
p-valor < 0,20 nas análises univariadas ou que poderiam ser potenciais fatores de confusão
(HOSMER, LEMESHOW, 2000). A avaliação da qualidade do modelo final foi feita pelo
cálculo do seu coeficiente de determinação (R2) e pelas aplicações do teste da bondade
(goodness-of-fit test).
Diferenças entre os valores foram consideradas estatisticamente significativas para
valor de p < 0, 05. As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS®, SPSS Inc., IBM, Chicago, IL, EUA), versão 13.0 e Statistical
Software for Professional (Stata, Texas, US), versão 13.1.
4.7 ASPECTOS ÉTICOS
Aos responsáveis legais e diretores das instituições de ensino, depois de informados
sobre os objetivos da pesquisa, o protocolo e os procedimentos a serem realizados, bem como
os riscos e benefícios da participação no estudo, foram solicitados consentimentos de
participação por escrito (Apêndice 1). Após a obtenção da autorização das instituições e dos
responsáveis, foram agendadas datas para avaliação dos alunos e estabelecidas formas
adequadas de abordagem de maneira que não comprometesse o andamento e rotina das
atividades escolares. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de
Juiz de Fora (parecer n. 09/2010 – Anexo 1).
46
5- ARTIGO 1
FREQUÊNCIA DE REFEIÇÕES DIÁRIAS E FATORES ASSOCIADOS EM
CRIANÇAS E ADOLESCENTES: JFCORAÇÕES.
FREQUENCY OF DAILY MEALS AND ASSOCIATED FACTORS IN CHILDREN AND
ADOLESCENTS: JFCORAÇÕES.
Fabiana A. Silva; Marina S. Pequeno; Samara M. Candiá; Daniela S. Sartorelli; Renata M. S.
Oliveira; Michele P. Netto; Larissa L. Mendes; Ana Paula C. Cândido.
Submissão ao Jornal de Pediatria em 05/11/2015
RESUMO
Objetivo: Investigar a distribuição da frequência de refeições diárias e sua relação com fatores
demográficos, socioeconômicos, comportamentais, antropométricos, clínicos e bioquímicos
em crianças e adolescentes. Métodos: Este foi um estudo transversal realizado com uma
amostra representativa de 708 escolares com idades entre 7 e 14 anos. Os dados sobre
informações pessoais, nível socioeconômico, atividade física e número de refeições foram
obtidos através de questionário semiestruturado e o consumo através de recordatório de 24h e
registro alimentar. Medidas de peso, altura, gordura corporal, perímetro da cintura e pressão
arterial também foram realizadas. Por fim, coletaram-se amostras de sangue para análises de
colesterol total, lipoproteína de baixa e de alta densidade, triglicerídeos e glicemia. Análises
descritivas, Mann-Whitney e regressão de Poisson foram utilizadas nas análises estatísticas.
Resultados: Realizar quatro ou mais refeições foi mais prevalente entre as crianças (80,1%)
que entre os adolescentes (68,8%) (p= 0,003) e mais prevalente entre o sexo masculino
(77,9%) em comparação ao sexo feminino (66,6%) (p= 0,001). Frequência de refeições < 4 se
associaram, em crianças, a renda familiar < 3 salários (RP = 5,42; IC 95%: 1,29- 22,77; p=
0,021) e em adolescentes, ao número de filhos > 2 (RP =1,53; IC 95%: 1,11- 2,11; p= 0,010).
Ainda na faixa etária de 10 a 14 anos, < 4 refeições se relacionou a maior prevalência de IMC
(RP =1,33; IC 95%: 1,02-1,74; p= 0,032) e LDL (RP =1,39; IC 95%: 1,03- 1,87; p= 0,030)
elevados, após ajustes. Conclusão: Menor frequência de refeições foi mais prevalente entre o
47
sexo feminino e entre os adolescentes e se associou a menor renda e a maior número de filhos
na família, em crianças, e a valores aumentados de IMC e lipoproteína de baixa densidade, em
adolescentes.
Palavras-chave: frequência de refeições, fatores de risco cardiovascular, crianças e
adolescentes.
ABSTRACT
Objective: To investigate the distribution of the frequency of daily meals and its relation to
demographic, socioeconomic, behavioral, anthropometric, clinical and biochemical in
children and adolescents. Methods: This was a cross-sectional study of a representative
sample of 708 schoolchildren aged 7 to 14 years. Data on personal information,
socioeconomic status, physical activity and number of meals were obtained through semi-
structured questionnaire and consumption by 24-hour recall and dietary record. Weight,
height, body fat, waist circumference and blood pressure were also performed. Finally, blood
samples were collected for analysis of total cholesterol, low and high density lipoproteins,
triglycerides and glucose. Descriptive analysis, Mann-Whitney and Poisson regression were
used in statistical analysis. Results: Perform four or more meals was more prevalent among
children (80,1%) than among adolescents (68,8%) (p = 0,003) and more prevalent among
males (77,9%) compared to females (66,6%) (p = 0,001). Meal frequency <4 were associated
in children, family income <3 salaries (PR = 5,42; 95% CI: 1,29- 22,77; p = 0,021) and
adolescents, the number of children > 2 (PR = 1,53; 95% CI: 1,11 2,11; p = 0,010). Even in
the age group 10-14 years <4 meals was related to higher prevalence of BMI (PR = 1,33; 95%
CI: 1,02 to 1,74; p = 0.032) and LDL (PR = 1, 39; 95% CI: 1,03- 1,87; p = 0,030) high, after
adjustments. Conclusion: Low frequency of meals was more prevalent among women and
among adolescents and was associated with lower income and more children in the family, in
children, and increased levels of BMI and low-density lipoprotein in, adolescents.
Keywords: meal frequency, cardiovascular risk factors, children and adolescents.
48
INTRODUÇÃO
A prevalência mundial de obesidade infantil tem aumentado consideravelmente no
decorrer das últimas três décadas (JOAN, DEBBIE, SUE, 2010; ORSI, HALE, LYNCH,
2011). Os dados internacionais confirmam mudanças ascendentes semelhantes na distribuição
do índice de massa corporal (IMC) pediátrico, especialmente em países submetidos a
transições econômicas que favoreceram a industrialização e estilos de vida urbanos e
ocidentais (ORSI, HALE, LYNCH, 2011).
Esse aumento da prevalência de excesso de peso tem contribuído, na população
pediátrica, com o aumento da prevalência de outros fatores de risco cardiovasculares (FRC),
como pré- hipertensão ou hipertensão arterial, diabetes mellitus e perfis anormais de lipídios
séricos (FRANKLIN, CUSHMAN, 2011). E muitas vezes, pelo menos um desses fatores de
risco adicional é diagnosticado em crianças e adolescentes com excesso de peso (WHO,
2014).
Evidências até o momento atribuem o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade
à interação entre fatores genéticos e ambientais. No que diz respeito à dieta, o consumo de
energia e macronutrientes têm sido amplamente investigado. No entanto, os modelos
etiológicos alimentares existentes não podem explicar totalmente o desenvolvimento e
manutenção da obesidade infantil: os comportamentos alimentares também precisam ser
investigados (KAISARI, YANNAKOULIA, PANAGIOTAKOS, 2013).
Dentre as variáveis relacionadas a esses comportamentos, um efeito protetor de maiores
frequências de refeições diárias para sobrepeso e obesidade tem sido detectado em crianças e
adolescentes (JÄSKELÄINEN et al., 2013; KOLETZKO, TOSCHKE, 2010). Além disso,
embora esse efeito tenha sido observado principalmente com relação à massa corporal total e
a gordura corporal, também tem sido observado para outros fatores associados ao risco para
DCV (JÄSKELÄINEN et al., 2013; MURAKAMI, LIVINGSTONE, 2014).
Segundo alguns autores, a omissão de refeições pode contribuir para inadequação
dietética e aumento do peso corporal, uma vez que os alimentos comumente consumidos em
determinadas refeições dificilmente serão ingeridos em outros horários ao longo do dia,
podendo inclusive ser substituídos por alimentos com alta densidade energética e baixo
conteúdo nutricional (ESTIMA et al., 2009; LEAL et al., 2010). Além desse efeito que
poderia ser mediado por alterações na ingestão de alimentos, talvez secundárias ao apetite
49
modificado, também tem sido sugeridas mudanças no gasto energético pós-prandial que
podem predispor ao ganho de peso em longo prazo (OHKAWARA et al., 2013).
Uma vez que comportamentos como maiores frequências de refeições diárias podem
contribuir para adequação dietética, para a prevenção do aumento de peso corporal e
manutenção de reduções de peso, bem como para a redução da incidência de outros FRC, em
indivíduos e populações, o objetivo deste estudo foi investigar a distribuição da frequência de
refeições diárias e sua relação com fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais,
antropométricos, clínicos e bioquímicos em crianças e adolescentes.
MÉTODOS
População do estudo e processo de amostragem
Este estudo epidemiológico de delineamento transversal foi realizado no ano de 2012
com uma amostra representativa de 708 crianças e adolescentes – de 7 a 14 anos de idade – de
ambos os sexos, estudantes de escolas do ensino fundamental da rede pública e privada da
área urbana de Juiz de Fora- MG.
A definição do tamanho da amostra baseou-se nos seguintes critérios: determinação de
níveis desejáveis de precisão e significância de respectivamente 2% e 5%, estabelecimento de
uma prevalência de 8% de obesidade na faixa etária estudada (IBGE, 2010) e admissão de
20% de perdas devido a ausências de estudantes nos dias de coleta de dados ou recusas de
participação.
O processo amostral se deu em três fases, na seguinte ordem: amostragem por
conglomerado, as escolas foram selecionadas aleatoriamente dentro de cada região da cidade;
estratificada proporcional, onde o número de indivíduos amostrado em cada série escolar foi
proporcional ao total de alunos existentes em cada e amostragem aleatória simples, em que a
seleção dos alunos por escola e série foi feita por sorteio aleatório até completar o número de
alunos necessário por escola.
50
Instrumentos de coleta de dados
A frequência de refeições foi obtida por meio de aplicação de questionário estruturado,
contendo as seguintes opções de refeições: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche
da tarde, jantar e lanche da noite, sendo solicitado aos participantes que assinalassem as
refeições que eram habitualmente realizadas. As frequências de refeições foram categorizadas
de acordo com o valor médio desta variável na população estudada como risco (< 4 refeições)
e não risco (≥ 4 refeições).
Como instrumentos na avaliação do consumo alimentar foi utilizado, para cada sujeito
da pesquisa, um recordatório alimentar de 24 horas e um registro alimentar de três dias, este
último foi entregue aos escolares ou responsáveis para preenchimento no domicílio e
devolução em data previamente agendada. Posteriormente os dados obtidos foram inseridos
no programa Dietwin® (versão 2008) para análise do consumo diário total de energia.
Para a estimativa da ingestão média habitual na amostra total, foi utilizado o programa
Multiple Source Method (MSM), capaz de estimar a ingestão habitual de cada indivíduo
através de ajustes a partir de recordatórios alimentares de 24h da amostra total mais três
registros alimentares de uma subamostra.
Assistir duas ou mais de duas horas de TV diariamente foi categorizado como “risco”
a partir de orientações do Expert committee recommendations regarding the prevention,
assessment, and treatment of child and adolescent overweight and obesity (BARLOW, 2007).
Com relação ao tempo total de atividade física (TAF) os escolares foram classificados como
ativos quando realizaram, semanalmente, 300 minutos ou mais de atividade física moderada
ou vigorosa e inativos quando realizaram menos de 300 minutos, conforme classificação
utilizada na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2012) (IBGE, 2012).
O peso foi aferido na balança da marca Tanita®, modelo Ironman BC-553 (Tanita
Corporation of America, Arlington Heights, IL, EUA), com capacidade máxima de 136 Kg e
precisão de 0,5 Kg. Os indivíduos foram pesados em pé, descalços e com roupas leves. A
estatura foi aferida por meio do estadiômetro de campo Alturexata® (Alturexata, MG, Brasil),
a partir dos valores obtidos o índice de massa corporal (IMC) foi calculado e os escolares
classificados como portadores de excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) a partir do IMC
por idade ≥ escore Z + 1, segundo os limites propostos pela WHO (ONIS et al., 2007).
51
Na aferição do perímetro da cintura (PC) foi utilizada fita métrica, simples e inelástica,
circundada no plano horizontal em torno do ponto médio entre a margem inferior da última
costela e da crista ilíaca. A medida foi realizada com o indivíduo em pé, em expiração e com
os pés levemente afastados. A obesidade abdominal foi caracterizada por valores iguais ou
maiores que o percentil 85 (MCCARTHY, JARRETT, CRAWLEY, 2001).
Foi utilizado para a medição do percentual de gordura corporal (% GC) o aparelho de
impedância bioelétrica bipolar (Tanita®, BC-553), com os indivíduos na posição ortostática e
calcanhares devidamente alinhados aos eletrodos da balança, em jejum por doze horas e livres
de acessórios de metal. O percentual obtido foi considerado de risco para valores de gordura
corporal igual ou acima de 30% para meninas e 25% para meninos (WILLIAMS et al., 1992).
Para a aferição da pressão arterial foi utilizado aparelho oscilométrico em três medições
alternadas, sendo desprezada a medida mais discrepante e utilizado o valor médio entre as
duas outras medidas. A pressão arterial foi considerada aumentada a partir dos valores
limítrofes (iguais ou superiores ao percentil 90) de pressão arterial sistólica (PAS) ou
diastólica (PAD) conforme classificação da I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular
(SBC, 2013).
As amostras de sangue foram coletadas dos indivíduos após 12 horas de jejum. Foram
realizadas dosagens bioquímicas de colesterol total (CT), frações (HDL e LDL), triglicérides
(TG) e glicose. As alterações dos lipídeos séricos foram analisadas de acordo com a V
Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (SBC, 2013) e a glicemia
de jejum classificada segundo critérios do National Diabetes Education Program (NDEP).
Analises estatísticas
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov.
Posteriormente, foi realizada a análise descritiva estratificada por faixa etária de acordo com o
padrão de distribuição da população e o teste de Mann-Whitney foi utilizado para verificar
diferenças significativas nos valores das medidas de tendência central. Também foi realizado
o teste do qui-quadrado para verificar diferenças na frequência refeições entre as diferentes
faixas etárias e sexos.
52
Nas análises univariadas e multivariadas, foi utilizada como medida de associação a
Razão de Prevalência (RP) calculada com o auxílio da técnica de regressão de Poisson, com
estimador de variância robusta, por se tratar de um delineamento transversal cujo desfecho
pesquisado é frequente (BARROS, HIRAKATA, 2003). As diferenças estatísticas foram
avaliadas segundo a razão de verossimilhança e pelo teste de Wald. Antes da construção dos
modelos estatísticos, foi verificada a colinearidade entre as variáveis independentes através do
teste de correlação de Pearson e adotou-se como critério r > 0,8, para avaliar se as variáveis
apresentavam alta correlação.
Na análise multivariada foram incluídas no modelo as variáveis que apresentaram um
p-valor < 0,20 nas análises univariadas ou que poderiam ser potenciais fatores de confusão
(HOSMER, LEMESHOW, 2000). A avaliação da qualidade do modelo final foi feita pelo
cálculo do seu coeficiente de determinação (R2) e pelas aplicações do teste da bondade
(goodness-of-fit test).
Diferenças entre os valores foram consideradas estatisticamente significativas para
valor de p < 0, 05. As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS®, SPSS Inc., IBM, Chicago, IL, EUA), versão 13.0 e Statistical
Software for Professional (Stata, Texas, US), versão 13.1.
Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Juiz de Fora
(edital 09/2010), sendo o Termo de consentimento livre e esclarecido obtido dos pais ou
responsáveis legais após serem informados sobre os objetivos da pesquisa, o protocolo e os
procedimentos.
RESULTADOS
Dos 708 escolares de 7 a 14 anos, 47,66% eram meninos e 52,34% meninas, com média
de idade de 10,82 ± 2,14 anos, não havendo diferença na idade média segundo o sexo (p =
53
0,981). Na amostra, 35,5% das crianças e 31,5% dos adolescentes apresentaram excesso de
peso.
Os valores de IMC, PC, PAS, PAD, glicemia de jejum e TAF foram significativamente
maiores entre os adolescentes, no entanto as crianças apresentaram maiores valores de CT,
LDL e maior número de refeições, o consumo energético não variou de forma significativa
segundo a faixa etária (Tabela 1).
Realizar quatro ou mais refeições foi significativamente mais prevalente entre as
crianças (80,1%) que entre os adolescentes (68,8%) (p= 0,003) e mais prevalente entre o sexo
masculino (77,9%) em comparação com o sexo feminino (66,6%) (p= 0,001).
Entre os adolescentes, as meninas que fizeram menos de 4 refeições apresentaram 1,53
(RP = 1,53; IC 95%: 1,06- 2,22; p= 0,022) vezes mais prevalência de excesso de peso em
comparação as que tiveram um padrão mais frequente de refeições. Não foram verificadas
diferenças significativas na razão de prevalência de excesso de peso para os diferentes
padrões de refeições nos adolescentes do sexo masculino e crianças de ambos os sexos.
O TAF e a mediana de ingestão calórica, não variaram significativamente entre crianças
que consumiram menos de quatro refeições ou maior ou igual a quatro. Nos adolescentes
também não foi verificada diferenças no TAF segundo a frequência de refeições. No entanto
entre os adolescentes, o consumo mediano de energia foi maior (p<0,001) entre os indivíduos
que consumiram 4 ou mais refeições que entre os indivíduos que consumiram menos de 4.
Dentre os indivíduos que realizaram menos de 4 refeições ao dia, a ceia foi a refeição
mais omitida pelas crianças (66,0%) e pelos adolescentes (77,3%), em seguida tem-se: a
colação que foi omitida por 60,0 % das crianças e 61,0 % dos adolescentes e café da manhã,
por 32,0 % das crianças e 34,8% dos adolescentes.
Não foram observadas diferenças significativas entre as omissões das diferentes
refeições em crianças, segundo o sexo, no entanto entre os adolescentes, as meninas omitiram
mais o café da manhã (34,9% vs. 23,3; p = 0,009) e o almoço (11,2% vs. 5,6; p= 0,050) em
comparação com os meninos, já a colação foi mais omitida entre o sexo masculino que entre o
sexo feminino (60,3% vs. 49,1; p = 0,034).
Na Tabela 2 tem-se a análise de regressão de Poisson não ajustada em crianças,
verificou-se que a prevalência do padrão < 4 ref./dia foi maior entre os indivíduos com menor
renda familiar (RP= 3,63; IC 95%: 1,13- 11,59; p= 0,030) e este padrão se associou a maiores
prevalências de LDL aumentado (RP = 1,48; IC 95%: 1,02-2,13; p= 0,037).
54
Nos adolescentes (Tabela 3), o padrão < 4 ref./ dia foi mais prevalente entre o sexo
feminino (RP = 1,54; IC 95%: 1,17- 2,04; p= 0,002) e entre as famílias com número de filhos
> 2 (RP = 1,56; IC 95%: 1,13- 2,14; p= 0,007). Por sua vez, esse padrão de refeições também
foi diretamente associado a maior IMC (RP = 1,31; IC 95%: 1,00- 1,71; p= 0,043), percentual
de gordura corporal (RP = 1,37; IC 95%: 1,03- 1,82; p= 0,030) e LDL (RP = 1,33; IC 95%:
1,00-1,75; p= 0,042). Já as demais variáveis, não se relacionaram à frequência de refeições.
A Tabela 4 ilustra a análise de regressão de Poisson ajustada. No modelo, menor
frequência de refeições apresentou como fator associado, em crianças, a renda familiar abaixo
de três salários mínimos (RP = 5,42; IC 95%: 1,29- 22,77; p= 0,021) e em adolescentes, o
número de filhos > 2 (RP =1,53; IC 95%: 1,11- 2,11; p= 0,010). Ainda na faixa etária de 10 a
14 anos, os indivíduos com menor número de refeições demonstraram maior chance de
apresentarem IMC (RP =1,33; IC 95%: 1,02-1,74; p= 0,032) e LDL (RP =1,39; IC 95%: 1,03-
1,87; p= 0,030) elevados, após os ajustes.
DISCUSSÃO
No presente trabalho foi encontrada elevada frequência de excesso de peso (sobrepeso
ou obesidade) entre as crianças e adolescentes, sendo detectado em 35,5 % na faixa etária de 7
a 9 anos e em 31,5 % dos indivíduos com idade entre 10 a 14 anos. Esses resultados foram
consideravelmente inferiores aos encontrados em todo o território nacional pela Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF- 2008/2009) em crianças (49,8%) e semelhantes em
adolescentes (30,0%) nas mesmas faixas etárias (IBGE, 2010).
Conforme esperado, a relação entre frequência de refeições e gênero foi evidenciada
nesta pesquisa assim como em outras, sendo que o hábito de omitir refeições foi mais
frequente no sexo feminino. Entre as razões para esse achado, autores destacam a
preocupação com a imagem corporal, principalmente entre as meninas, o que comumente
acarreta à prática de dietas restritivas, sem orientação especializada, em que omitir refeições é
uma prática comum (BIBILONI, 2013; FU et al., 2015; HARVEY-GOLDING et al., 2015).
Outros estudos ressaltam que a omissão de refeições também é um fenômeno mais
comum entre adolescentes que entre as crianças, o que é justificado pela irregularidade
alimentar comum nessa fase do desenvolvimento, seja pela adesão a dietas restritivas sem
acompanhamento, ou seja por mudanças em seus estilos de vida, como maior autonomia para
fazer suas escolhas alimentares, necessidade de praticidade, influência da mídia e preferência
55
por determinados sabores (CURRIE et al., 2010; TEIXEIRA et al., 2010). Nesse grupo da
população frequentemente ocorre a omissão de refeições, como o café, ou a substituição das
grandes refeições por lanches ou refeições rápidas (EL-GILANY, ELKHAWAGA, 2012).
É possível que a relação encontrada entre excesso de peso e menor frequência de
refeições, em adolescentes do sexo feminino, seja devido à causalidade reversa, dado que a
preocupação com o peso corporal é muito comum neste grupo específico, podendo modificar
o comportamento de algumas variáveis explanatórias, tais como o número de refeições. Este é
um problema típico nos estudos transversais, em que a causalidade reversa pode mascarar os
efeitos de algumas associações investigadas (JENNINGS et al., 2012).
Nossos resultados sugerem ainda que os esforços para aumentar o consumo de
refeições em crianças devem priorizar famílias de menor renda, já é bem estabelecido que as
práticas alimentares estão condicionadas ao poder aquisitivo das famílias, do qual dependem a
disponibilidade, quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos. Neste sentido, as escolas
têm o potencial de fornecer opções de refeições saudáveis e acessíveis a escolares
provenientes de famílias com menores rendas.
Já entre os adolescentes verificou-se que o número total de filhos por domicílio deve
ser considerado na determinação de padrões de refeições. A presença de maior número de
filhos na família aumenta a demanda por alimentos, comprometendo a disponibilidade dos
mesmos. Segundo Hoffmann (2008), a situação de insegurança alimentar é afetada
positivamente pela presença de maior número de indivíduos com menos de 18 anos e pelo
número de pessoas por domicílio. Além disso, o maior número de filhos pode interferir, ainda,
nos cuidados de saúde da mãe com esses adolescentes.
Mesmo que a frequência de refeições tenha sido reconhecida como uma possível
influência para excesso de peso, assim como o observado nos adolescentes em nosso estudo,
até o momento pouco se sabe sobre os mecanismos envolvidos (KOLETZKO, TOSCHKE,
2010; MURAKAMI, LIVINGSTONE, 2014). Tem sido sugerido que as concentrações
plasmáticas de glicose e insulina relativamente constantes ao longo do dia, como resultado do
consumo frequente de pequenas refeições, promovem um melhor controle do apetite. Outra
hipótese é a de que ocorre aumento do gasto energético pós-prandial, com efeito térmico
global dos alimentos aumentado em padrões de refeições regulares (OHKAWARA et al.,
2013).
Neste estudo, menores níveis séricos de LDL também se associaram a maiores
frequências de refeições em adolescentes. Acredita-se que um possível mecanismo são as
56
menores concentrações médias nos picos de insulina no plasma e menor área sobre a curva de
respostas à insulina, em padrões alimentares regulares (SALEHI, KAZEMI, HASAN
ZADEH, 2014) fazendo com que ocorra a redução hepática da síntese e atividade da enzima
3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A redutase. Esta enzima atua diminuindo a secreção de
lipoproteínas contendo apolipoproteína B e aumentando a síntese de receptores de hepáticos
de LDL e, por conseguinte diminuindo seus níveis séricos (ARNOLD et al., 1993).
Algumas pesquisas têm indicado que, embora um menor número de refeições esteja
relacionado à ingestão diária menor de energia, pode ocorrer o aumento de ingestão calórica
por refeição, o que é um forte indicador de perfis metabólicos deletérios como intolerância à
glicose e dislipidemia (HOUSE et al., 2014). Isso pode explicar porque mesmo em indivíduos
eutróficos é possível verificar associação entre maiores frequências de refeições e LDL sérico.
Além do desenho transversal, o que impede conclusões sobre relações causais, este
estudo possui como limitações, a dificuldade para padronização do que seria definido como
refeição e a subnotificação concomitante da ingestão de alimentos e frequência alimentar.
Esta subnotificação tem sido amplamente divulgada, e é particularmente evidente em
indivíduos com excesso de peso e na enumeração de lanches em comparação com as
principais refeições (RITCHIE, 2012).
Em conclusão, esta análise indicou que o hábito de realizar quatro ou mais refeições
diárias se associa a fatores demográficos, socioeconômicos, antropométricos e bioquímicos.
Foi verificado que maiores frequências de refeições são mais observadas em crianças em
comparação com adolescentes bem como no sexo masculino em relação ao feminino, maiores
valores de renda familiar e menor número de filhos na família também favorecem o aumento
da frequência de refeições em crianças e adolescentes, respectivamente. Além disso, um
maior número de refeições pode contribuir para o controle de peso e melhor perfil de LDL
sérico em adolescentes.
AGRADECIMENTOS
Apoio financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
57
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60
61
62
63
64
6- ARTIGO 2
CONSUMO DO CAFÉ DA MANHÃ E FATORES ASSOCIADOS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES: JFCORAÇÕES.
BREAKFAST CONSUMPTION AND ASSOCIATED FACTORS IN CHILDREN AND
ADOLESCENTS: JFCORAÇÕES.
Fabiana A. Silva; Cristina Padez; Daniela S. Sartorelli; Renata M. S. Oliveira; Michele P.
Netto; Larissa L. Mendes; Ana Paula C. Cândido.
Submissão ao Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics
RESUMO
Objetivo: Investigar a frequência de consumo do café da manhã (CM) em crianças e
adolescentes, os tipos de alimentos ou grupos de alimentos presentes nesta refeição e os
fatores demográficos, antropométricos, clínicos, bioquímicos e comportamentais associados à
sua omissão. Método: Este foi um estudo transversal realizado com uma amostra
representativa de 708 escolares com idades entre 7 e 14 anos. Os dados sobre informações
pessoais, atividade física e frequência de consumo do CM foram obtidos através de
questionário semiestruturado e o consumo energético através de recordatório de 24h e registro
alimentar. Medidas de peso, altura, gordura corporal, perímetro da cintura e pressão arterial
também foram realizadas. Por fim, coletaram-se amostras de sangue para análises de
colesterol total (CT), lipoproteína de baixa (LDL) e de alta densidade (HDL), triglicerídeos e
glicemia. Análises descritivas, Mann-Whitney e Poisson foram utilizadas nas análises
estatísticas. Resultados: Omitir o CM foi mais comum entre os adolescentes em comparação
com as crianças (30,0% vs. 22,0%; p = 0,035) e entre as meninas em comparação com os
meninos (33,1% vs. 22,1%; p = 0,001). Após ajustes, a omissão do café se associou, em
crianças, a valores aumentados de pressão arterial diastólica (PAD) (RP = 5,58; IC 95%: 1,79-
17,38; p= 0,003), CT (RP = 1,47; IC 95%: 1,17- 1,86; p= 0,001) e LDL (RP = 2,08; IC 95%:
1,50- 2,89; p< 0,001) e em adolescentes, não foram encontradas associações. Conclusão: A
65
omissão do café da manhã foi mais frequente entre os adolescentes e no sexo feminino e se
associou a valores aumentados de PAD, CT e LDL em crianças.
Palavras-chave: café da manhã, fatores de risco cardiovascular, crianças e adolescentes.
ABSTRACT
Objective: To investigate the frequency of breakfast consumption (CM) in children and
adolescents, the types of foods or food groups present in this meal and the demographic,
anthropometric, clinical, biochemical and behavioral factors associated with their omission.
Methods: This was a cross-sectional study of a representative sample of 708 schoolchildren
aged 7 to 14 years. Data on personal information, physical activity and CM consumption
frequency were obtained through semi-structured questionnaire and energy consumption by
24-hour recall and dietary record. Weight, height, body fat, waist circumference and blood
pressure were also performed. Finally, samples were collected for blood total cholesterol
analysis (TC), low lipoprotein (LDL) and high density (HDL), triglycerides and glucose.
Descriptive statistics, Mann-Whitney and Poisson regression were used in statistical analysis.
Results: Omit the CM was more common among adolescents compared to children (30,0% vs.
22,0%; p= 0,035) and among girls compared to boys (33,1% vs. 22,1%; p= 0,001). After
adjustments, the omission of breakfast was associated in children, increased levels of diastolic
blood pressure (DBP) (PR= 5,58; 95% CI: 1,79- 17,38; p = 0,003), total cholesterol (PR=
1,47; 95% CI: 1,17- 1,86; p= 0,001) and LDL (PR= 2,08; 95% CI: 1,50- 2,89; p< 0,001) and
adolescents associations were not found. Conclusion: The omission of breakfast was more
common among adolescents and female and was associated with increased levels of DBP, TC
and LDL in children, there were no associations between adolescents.
Keywords: breakfast, cardiovascular risk factors, children and adolescents.
66
INTRODUÇÃO
O café da manhã ou desjejum é uma das três principais refeições do dia (IBGE, 2014)
devendo prover, em média, entre 20 a 35% do total das necessidades energéticas diárias
(GIOVANNINI et al., 2008) e consistir de uma variedade de alimentos pertencentes aos
grupos alimentares dos cereais, principalmente com elevado teor de fibras, frutas e produtos
lácteos (MATTHYS et al., 2007; RAMPERSAUD et al., 2005).
O hábito de consumir a refeição se associa a uma ingestão de nutrientes mais favorável e
a uma melhor qualidade global da dieta em crianças e adolescentes (DUBOIS et al., 2009; HO
et al., 2014; WILLIAMS, 2007), incluindo maior ingestão de alimentos ricos em fibras
alimentares, carboidratos, vitaminas, minerais (BARR, DIFRANCESCO, FULGONI, 2014) e
pobres em gordura total e colesterol (DESHMUKH-TASKAR et al., 2010; MATTHYS et al.,
2007), somados a uma distribuição mais uniforme da ingestão de energia ao longo do dia.
Além de uma melhor qualidade global da alimentação, estudos sugerem que a ingestão
habitual de café da manhã está associada com um risco reduzido de excesso de peso e com a
redução do índice de massa corporal (IMC) em crianças e adolescentes (COPPINGER et al.,
2012; HUNTY et al., 2013; SZAJEWSKA, RUSZCZYNSKI, 2010). Isso pode ser atribuído,
principalmente ao fato de que crianças e adolescentes que não consomem o café da manhã são
menos propensos a almoçar e/ ou jantar regularmente, tendem a fazer pobres escolhas
alimentares, a consumir alimentos não saudáveis entre as refeições, a comprar alimentos fora
do domicílio (INTIFUL, LARTEY, 2014; UTTER et al., 2007) e serem fisicamente menos
ativos (VISSERS et al., 2013).
Somando-se a proteção para o ganho de peso corporal, estudos prospectivos fornecem
evidências de que o hábito de consumo do café da manhã também se associa a um risco
reduzido de diversas condições metabólicas como dislipidemia, hipertensão (CAYRES et al.,
2016), resistência à insulina e diabetes mellitus tipo 2 (DONIN et al., 2014), independente da
qualidade geral da dieta e do IMC (HO et al., 2015).
Contudo, cabe mencionar que apesar dos benefícios do consumo do café da manhã, o
estilo de vida das sociedades contemporâneas tem contribuído para a modificação dos
comportamentos alimentares da população. Estudos têm evidenciado a diminuição do
consumo desta refeição como uma modificação importante no comportamento alimentar atual
(RAMPERSAUD, 2009).
67
Considerando a relevância do consumo de café da manhã, o presente trabalho teve como
objetivo investigar a frequência de seu consumo em uma amostra de crianças e adolescentes,
verificar os tipos de alimentos ou grupos de alimentos presentes nesta refeição e os fatores
demográficos, antropométricos, clínicos, bioquímicos e comportamentais associados à sua
omissão.
MÉTODOS
População do estudo e processo de amostragem
Este estudo epidemiológico de delineamento transversal foi realizado no ano de 2012
com uma amostra representativa de 708 crianças (7-9 anos) e adolescentes (10-14 anos), de
ambos os sexos, estudantes de escolas do ensino fundamental da rede pública e privada da
área urbana de Juiz de Fora- MG.
A definição do tamanho da amostra baseou-se nos seguintes critérios: determinação de
níveis desejáveis de precisão e significância de 2% e 5%, respectivamente; prevalência de 8%
de obesidade na faixa etária estudada (IBGE; 2010) e admissão de 20% de perdas devido a
ausências de estudantes nos dias de coleta de dados ou recusas de participação.
O processo amostral se deu em três fases, na seguinte ordem: amostragem por
conglomerado, as escolas foram selecionadas aleatoriamente dentro de cada região da cidade;
estratificada proporcional, onde o número de crianças amostrado em cada série escolar foi
proporcional ao total de alunos existentes em cada e amostragem aleatória simples, em que a
seleção dos alunos por escola e série foi feita por sorteio aleatório até completar o número de
alunos necessário por escola.
68
Instrumentos de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada, nas escolas selecionadas, por um grupo de
pesquisadores devidamente treinados. Foram incluídas variáveis demográficas (idade do
escolar e sexo), dietéticas (hábito de consumo do café da manhã e demais refeições, alimentos
ou grupos de alimentos consumidos nesta refeição e ingestão calórica diária), antropométricas
(peso, estatura, perímetro da cintura e percentual de gordura corporal), clínicas (pressão
arterial sistólica e diastólica), bioquímicas (colesterol total e frações, triglicérides e glicose) e
comportamental (nível de atividade física).
Os dados sobre hábito de consumo do café da manhã e demais refeições foram obtidos
por meio de aplicação de questionário estruturado, contendo as seguintes opções de refeições:
café da manhã, lanche da manhã/ merenda (colação), almoço, lanche da tarde/ merenda, jantar
e lanche da noite, sendo solicitado aos participantes que assinalassem as refeições que eram
habitualmente realizadas (5 a 7 dias na semana) (AHADI et al., 2015). O café da manhã foi
definido de acordo com a auto identificação dos respondentes.
Como instrumentos na avaliação do consumo alimentar foi utilizado, para cada sujeito
da pesquisa, um recordatório alimentar de 24 horas e um registro alimentar de três dias, sendo
que este último foi entregue aos escolares ou responsáveis para preenchimento no domicílio e
devolução em data previamente agendada. Posteriormente os dados obtidos foram inseridos
no programa Dietwin® (versão 2008) para análise do consumo diário total de energia.
Para a estimativa da ingestão média habitual na amostra total, foi utilizado o programa
Multiple Source Method (MSM) (HARTTIG et al., 2011), capaz de estimar a ingestão
habitual de cada indivíduo por meio de ajustes a partir de recordatórios alimentares de 24h da
amostra total e mais três registros alimentares de uma subamostra.
O peso foi aferido na balança da marca Tanita®, modelo Ironman BC-553 (Tanita
Corporation of America, Arlington Heights, IL, EUA), com capacidade máxima de 136 Kg e
precisão de 0,5 Kg. Os indivíduos foram pesados em pé, descalços, em posição ereta no
centro da plataforma, com os braços estendidos ao longo do corpo e vestindo roupas leves. A
estatura foi aferida mediante o uso de estadiômetro de campo Alturexata (Alturexata, Belo
Horizonte, Brasil), a partir dos valores obtidos o índice de massa corporal foi calculado e os
escolares classificados por meio do software WHO anthro plus (versão 1.0.3), como
69
portadores de excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) a partir do IMC por idade ≥ escore Z
+ 1, segundo padrões propostos pela OMS (ONIS, et al., 2007).
Na aferição do perímetro da cintura (PC) foi utilizada fita métrica, simples e inelástica,
circundada no plano horizontal em torno do ponto médio entre a margem inferior da última
costela e da crista ilíaca. A medida foi realizada com o indivíduo em pé, os braços afastados
do tronco, em expiração e com os pés levemente afastados. Para a classificação como
perímetro relacionado ao risco de fatores associados a doenças cardiovasculares foi utilizada a
classificação de McCarthy et al. (MCCARTHY, JARRETT, CRAWLEY, 2001).
Foi utilizado para a medição do percentual de gordura corporal (% GC) o aparelho de
impedância bioelétrica bipolar (Tanita®, BC-553), com os indivíduos na posição ortostática e
calcanhares devidamente alinhados aos eletrodos da balança, em jejum por doze horas e livres
de acessórios de metal. O percentual obtido foi considerado de risco para valores de gordura
corporal igual ou acima de 30% para meninas e 25% para meninos (WILLIAMS et al., 1992).
Para a aferição da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foi utilizado
aparelho oscilométrico, em três medições alternadas, perfazendo desse modo três medições
em ocasiões diferentes, o valor mais discrepante foi desprezado e foi realizada a média entre
outros dois valores encontrados na aferição (SBC, SBH, SBN, 2010). As crianças e
adolescentes que apresentaram valores de pressão limítrofes (maiores ou iguais ao percentil
90) de acordo com a estatura e idade (SBC, 2013) foram classificadas como de risco.
Foram coletadas amostras de sangue dos indivíduos após 12 horas de jejum e realizadas
dosagens bioquímicas de colesterol total, frações (HDL- lipoproteína de alta densidade e
LDL- lipoproteína de baixa densidade), triglicérides (TG) e glicose. As alterações dos lipídeos
séricos foram analisadas pelos valores de referência, para crianças e adolescentes, de acordo
com a V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (SBC, 2013) e
considerados como risco os escolares que apresentavam lipídeos séricos acima dos valores
limítrofes. A glicemia de jejum foi classificada segundo critérios estabelecidos pelo National
Diabetes Education Program (NDEP).
Com relação ao tempo total de atividade física (TAF) os escolares foram classificados
como ativos quando realizaram, semanalmente, 300 minutos ou mais de atividade física
moderada ou vigorosa e inativos quando realizaram menos de 300 minutos, conforme
classificação utilizada na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2012) e de acordo
com atuais recomendações da World Health Organization (IBGE, 2012; WHO, 2010).
70
Analises estatísticas
A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Kolmogorov-Smirnov.
Posteriormente, foi feita análise descritiva estratificada por faixa etária, de acordo com o
padrão de distribuição da população e o teste de Mann-Whitney foi utilizado para verificar
diferenças significativas nos valores das medidas de tendência central. Também foram
realizadas análises descritivas acompanhadas do teste de qui-quadrado para caracterizar e
verificar diferenças nos consumos de alimentos ou grupos de alimentos presentes no café da
manhã das crianças e dos adolescentes.
Nas análises univariadas e multivariadas, foi utilizada como medida de associação a
Razão de Prevalência (RP), calculada com o auxílio da técnica de regressão de Poisson com
estimador de variância robusta, por se tratar de um delineamento transversal cujo desfecho
pesquisado é frequente (BARROS; HIRAKATA, 2003). As diferenças estatísticas foram
avaliadas segundo a razão de verossimilhança e pelo teste de Wald. Antes da construção dos
modelos estatísticos, foi verificada a colinearidade entre as variáveis independentes. Para a
verificação de colinearidade entre as variáveis independentes, utilizou-se a correlação de
Pearson. Para avaliar se as variáveis apresentavam alta correlação, adotou-se como critério
um r > 0,8.
Na análise multivariada foram incluídas no modelo as variáveis que apresentaram um
p-valor < 0,20 nas análises univariadas ou que poderiam ser potenciais fatores de confusão
(HOSMER, LEMESHOW, 2000). A avaliação da qualidade do modelo final foi feita pelo
cálculo do seu coeficiente de determinação (R2) e pelas aplicações do teste da bondade
(goodness-of-fit test).
Diferenças entre os valores foram consideradas estatisticamente significativas para
valor de p < 0, 05. As análises estatísticas foram realizadas nos softwares Statistical Package
for the Social Sciences (SPSS®, SPSS Inc., IBM, Chicago, IL, EUA), versão 13.0 e Statistical
Software for Professional (Stata, Texas, US), versão 13.1.
71
Aspectos éticos
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Juiz de Fora
(parecer n. 09/2010), sendo o Termo de consentimento livre e esclarecido obtido dos pais ou
responsáveis legais antes de seu início do estudo e após serem informados sobre os objetivos
da pesquisa, o protocolo e os procedimentos a serem realizados.
RESULTADOS
A amostra total foi composta por 708 alunos de 7 a 14 anos, sendo 47,66% meninos e
52,34% meninas, com média de idade de 10,82 ± 2,14 anos, não havendo diferença na idade
média segundo sexo (p = 0,981). Um total de 35,5% das crianças e 31,5% dos adolescentes
apresentaram excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) (dados não mostrados).
Nas crianças, o hábito de omitir o café da manhã foi associado a medianas maiores de
colesterol total e LDL e nos adolescentes a menor tempo de atividade física. Além disso, a
ingestão calórica diária foi significativamente menor nas crianças (p< 0,001) e adolescentes
(p= 0,010) que não possuíam o hábito de realizar a refeição (Tabela 1).
Foi verificado que omitir o café foi mais comum entre os adolescentes em comparação
com as crianças (30,0% vs. 22,0%; p = 0,035) e mais comum entre o sexo feminino em
comparação com o sexo masculino (33,1% vs. 22,1%; p = 0,001) (dados não mostrados).
O hábito de fazer a colação regularmente foi mais prevalente (50,3 % vs. 39,9 %; p= 0,
014) entre os indivíduos que não possuíam o hábito de realizar o café da manhã em
comparação com os indivíduos que possuíam esse hábito. Por sua vez realizar o lanche da
tarde foi mais frequente (86,7 % vs. 80,6 %; p = 0,046) entre os que possuíam o hábito de
consumir o café. Não houve associação entre o consumo do almoço, jantar e ceia com relação
ao café da manhã (dados não mostrados).
Os alimentos detectados com mais frequência no café da manhã das crianças e
adolescentes foram o leite (63,3 % vs. 62,1 %; p = 0,899), seguido dos pães (59,5 % vs. 61,6
%; p = 0,657), derivados do leite (37,3 % vs. 38,2 %; p = 0,860), cafés ou chás (44,3 % vs.
52,1 %; p = 0,103), achocolatados em pó (29,1 % vs. 24,2 %; p = 0, 242) e biscoitos sem
72
recheio (15,8 % vs. 12,3 %; p = 0, 272). O consumo de frutas em crianças e adolescentes foi
de 10,1% e 6,7%, respectivamente (Tabela 2).
Na Tabela 3 está descrita a prevalência de omissão do café da manhã segundo as
variáveis de interesse em crianças. Após ajustes para sexo, ingestão calórica total e nível de
atividade física, observamos que a omissão do café da manhã se associou a valores
aumentados de PAD (RP = 5,58; IC 95%: 1,79- 17,38; p= 0,003), colesterol total (RP = 1,47;
IC 95%: 1,17- 1,86; p= 0,001) e LDL (RP = 2,08; IC 95%: 1,50- 2,89; p< 0,001).
Não foram encontradas associações entre o consumo de café da manhã e variáveis
antropométricas, clínicas, bioquímicas e relativas à atividade física entre os adolescentes, após
os ajustes (Tabela 4).
DISCUSSÃO
Foi encontrada uma alta prevalência de omissão do café da manhã neste estudo, sendo
de 22,0 % em crianças e 30,0 % em adolescentes, valores comparáveis aos verificados em
alguns países desenvolvidos. Nos EUA, por exemplo, em pesquisa com 4.320 crianças e
5.339 adolescentes Deshmukh-Taskar et al. (2010) detectaram uma prevalência de omissão do
café da manhã de 20,0 % e 31,5 % respectivamente.
Ainda nos EUA, Siega-Riz et al. (1998) identificaram em um estudo de análise de
tendência que houve um aumento da omissão do café da manhã entre 1965 e 1991,
especialmente para os adolescentes mais velhos com idade entre 15 a 18 anos; as taxas para
omissão em meninos e meninas eram de 10,3% e 15,6%, em 1965, subindo para 25,1% e
35,3%, respectivamente, em 1991. Esses dados evidenciam importantes modificações
ocorridas nos comportamentos alimentares de indivíduos jovens nos últimos anos.
Como tentativa de enfrentar o problema, nos últimos anos alguns países têm criado
programas de incentivo ao consumo do café da manhã, dois exemplos são o School Breakfast
Program (SBP), nos EUA (GLEASON, DODD, 2009) e o Breakfast for Learning, no
Canadá. No Brasil temos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que possui
entre seus objetivos, ofertar alimentação a estudantes da educação básica (educação infantil,
ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos) matriculados em escolas
públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias, por meio da transferência de recursos
73
financeiros. Entretanto, o programa não possui diretrizes específicas para o consumo do café
da manhã (FNDE, 2015).
De acordo com os achados no presente estudo, a omissão da refeição foi mais prevalente
entre o sexo feminino e entre os adolescentes, o que tem sido explicado, por outros autores,
pela insatisfação corporal, frequentemente verificada nesses grupos específicos (FU et al.,
2015; HARVEY-GOLDING et al., 2015). Neste sentido é comum práticas extremas, para
controle de peso e dentre elas a prática do jejum (CLARO, SANTOS, OLIVEIRA-CAMPOS,
2014).
Branco et al. (2007) ao avaliarem a associação entre o café da manhã e imagem corporal
em 812 adolescentes matriculados em escolas da cidade de Cotia- SP, notaram que o hábito
de realizar a refeição 5 a 7 vezes por semana nos adolescentes do sexo feminino que possuíam
uma auto percepção corporal de eutrofia, sobrepeso e obesidade foi de respectivamente
63,4%, 52,2% e 40,3%, diferindo de forma significativa para os três padrões de percepção. A
mesma relação não foi verificada no sexo masculino.
Além da preocupação com a imagem corporal, a omissão do café da manhã por crianças
e adolescentes ocorre principalmente devido à escassez de tempo para seu preparo, ausência
de fome no momento da refeição (FUGAS et al., 2013), indisponibilidade de alimentos para o
consumo (DESHMUKH-TASKAR et al., 2013) e ao comportamento de acordar tarde
(CHITRA, REDDY, 2007).
Sobre a análise dos alimentos presentes no café dos escolares, foi possível verificar a
predominância de alimentos lácteos, pães a base de cereais refinados, achocolatados em pó e
biscoitos, além de baixa ingestão de frutas. Estas características estão em desacordo com as
recomendações alimentares presentes no novo guia alimentar para a população brasileira, em
que é estimulado o consumo de pães a base de cereais integrais, frutas e limitado consumo de
bebidas adoçadas e alimentos processados ou ultraprocessados (MS, 2014). No entanto, a alta
ingestão de lácteos e derivados do leite aponta que o café da manhã contribuiu de forma
importante para a adequação de cálcio na dieta da população estudada.
Ainda sobre a composição do café da manhã, Córdoba Caro et al. (2014) em uma
pesquisa com 1197 escolares espanhóis, verificaram que apenas 49,12% dos indivíduos
conheciam a tríade básica (laticínios, cereais integrais e frutas) que deve fazer parte de um
CM saudável (CÓRDOBA CARO, LUENGO PÉREZ, GARCÍA PRECIADO, 2014). No
Brasil, não há dados disponíveis em estudos com crianças e adolescentes sobre o
74
conhecimento a respeito desta tríade e programas de educação alimentar e nutricional que
enfatizem esta composição podem ser necessários.
Contrariando a hipótese, saltar o café da manhã, não foi associado com excesso de peso
nas crianças e adolescentes, contudo foi verificado que este hábito se associou ao aumento da
pressão arterial diastólica, colesterol total e LDL na faixa etária de 7-9 anos. Isto sugere que,
nesta faixa etária, as alterações destes parâmetros clínicos e bioquímicos podem preceder o
ganho de peso corporal em sujeitos que omitem o CM.
A associação entre a realização do CM habitualmente e valores favoráveis de pressão
arterial diastólica, colesterol total e LDL, entre as crianças, não pôde ser explicada neste
estudo pelas diferenças entre os sexos, consumo energético e atividade física. Diversas
pesquisas assim como esta, indicaram que os consumidores não habituais de café da manhã
tendem a ingerir menos calorias diárias, entretanto a pior qualidade global da dieta e a
distribuição irregular do consumo de energia ao longo do dia associada a esse comportamento
pode ser a responsável por alterações de parâmetros clínicos e bioquímicos nesses indivíduos.
Os efeitos do café da manhã sobre a distribuição do consumo energético e de
macronutrientes ao longo do dia ainda permanecem obscuros. Dubois et al. (2009)
verificaram que crianças que omitem o desjejum tendem a concentrar seu consumo de energia
por meio de ingestão mais elevadas de proteínas no almoço e pelo consumo de lanches mais
calóricos e ricos em carboidratos no período da tarde e da noite. Desta forma o consumo do
café foi associado a uma distribuição mais uniforme da ingestão de energia ao longo do dia,
mas essa hipótese precisa ser mais bem investigada.
Relativo à atividade física, após ajuste para sexo, esta não se associou ao consumo do
café da manhã em crianças e adolescentes embora na literatura científica essa associação
tenha sido documentada (VISSERS et al., 2013). É possível que os meninos mais ativos
tendam a realizar a refeição devido à maior demanda energética, enquanto as meninas
busquem a restrição calórica por meio da omissão do café e por meio do incremento da
atividade física com o propósito de perda de peso.
Algumas limitações do presente estudo é seu desenho transversal, em que a causalidade
para a associação positiva entre omissão do café da manhã e fatores associados ao risco
cardiovascular, em crianças, não pode ser estabelecida. Outra limitação está relacionada às
dificuldades de avaliar o consumo alimentar decorrentes, principalmente, de vieses de
memória e de alterações na ingestão de alimentos, típicos dos métodos de investigação do
consumo alimentar por Recordatório de 24 horas e Registro de Consumo Alimentar,
75
respectivamente. Apesar das limitações o estudo possui pontos fortes específicos. Esse é um
dos primeiros estudos brasileiros a associar o consumo do café da manhã com fatores clínicos
e bioquímicos em escolares e nossos achados indicam a necessidade de futuros estudos
longitudinais relativos ao tema.
Em conclusão, os resultados indicaram elevada prevalência de omissão do café da
manhã, principalmente entre os adolescentes e entre o sexo feminino, e uma baixa frequência
de indivíduos que consumiram frutas na refeição. As crianças que relataram consumir
habitualmente o café da manhã tiveram um risco significativamente menor de apresentar um
espectro de condições metabólicas em relação aos seus pares que não possuíam o hábito,
independente do sexo, ingestão calórica total e dos níveis de atividade física. Sendo assim, o
desjejum pode ser um hábito altamente relevante para a saúde metabólica em crianças e deve
ser considerado na elaboração de políticas e programas de saúde.
AGRADECIMENTOS
Apoio financeiro: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
76
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81
82
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84
7- CONSIDERAÇÕES FINAIS
A associação entre o hábito de realizar maiores frequências de refeições com a renda
familiar e com o número de filhos na família, em crianças e adolescentes respectivamente,
ilustra como fatores econômicos e demográficos são determinantes de iniquidades em saúde,
as quais ainda são um dos traços mais marcantes da situação de saúde do Brasil e discussões
relativas ao tema devem ser priorizadas.
Em ambos os manuscritos a omissão de refeições foi um comportamento mais
prevalente entre os adolescentes e entre o sexo feminino e possivelmente está relacionado à
evidente preocupação com o peso corporal nesses grupos. Neste sentido, intervenções para a
educação alimentar e nutricional que abordem a demanda de escolares insatisfeitos com seu
peso podem evitar que os mesmos cometam erros nutricionais comumente vistos, como a
omissão de refeições importantes.
A literatura existente sobre os possíveis mecanismos de que os comportamentos de
realizar mais refeições diárias e do consumo do café da manhã exercem uma proteção para
fatores de risco cardiovascular ainda é controversa, mesmo considerando-se os estudos
longitudinais. No entanto, parece haver consenso de que esses comportamentos alimentares
favorecem a uma melhor qualidade global da alimentação, o que poderia direcionar futuras
investigações sobre os mecanismos pelos quais exercem efeitos positivos na saúde
cardiovascular.
Ainda é possível que componentes alimentares específicos, como o consumo de
alimentos ricos em cálcio ou fibras, em indivíduos que realizam maior número de refeições e
o desjejum regularmente podem ser os responsáveis pelos efeitos positivos desses
comportamentos sobre o índice de massa corporal, CT, LDL e pressão arterial diastólica, o
que também pode direcionar outros estudos.
Os resultados controversos a respeito dos mecanismos de ligação entre refeições e
FRC podem ser devido às dificuldades em se avaliar acuradamente as variáveis relacionadas a
esses comportamentos, sendo desafios para a investigação epidemiológica sobre o tema. A
falta de padronização sobre o conceito de refeições e sobre a avaliação da sua frequência em
diferentes estudos dificulta a comparação entre seus resultados.
Além disso, estudos que investiguem o efeito independente das refeições sobre os
FRC precisam utilizar métodos rigorosos para mensurar todas as possíveis variáveis
85
envolvidas nessa relação, de forma a controlar adequadamente o confundimento por variáveis
como atividade física, outros hábitos de vida e, até mesmo, estrutura familiar. Quando os
métodos de avaliação não são acurados, não se pode afastar a possibilidade de confundimento
residual por erros de classificação.
Por fim, políticas e programas inter setoriais para a promoção da saúde também devem
ser planejados sob a ótica de comportamentos alimentares saudáveis, como o aumento da
frequência de refeições diárias e o consumo regular do café da manhã, já que esse essas
práticas são associadas a uma melhor qualidade global da dieta e há cada vez mais evidências
de que contribuem para a saúde cardiovascular.
86
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96
9 APÊNDICES
9.1 APÊNDICE 1: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL
LEGAL
NOME DO PACIENTE:__________________________________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE No._________ÓRGÃO EXPEDIDOR: ____________
SEXO: M ( ) F ( )
DATA NASCIMENTO: ____/____/____
RESPONSÁVEL LEGAL:___________________________________________________
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador etc.): ______________________
DOCUMENTO DE IDENTIDADE:_______ ÓRGÃO EXPEDIDOR______
SEXO: M ( ) F ( ) DATA NASCIMENTO:____/____/____
ENDEREÇO:________________________________________________________________
BAIRRO:_____________________________________
CIDADE:_____________________________________
TELEFONE: DDD (32) __________________________
DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
TÍTULO DO PROTOCOLO DE PESQUISA: Estudo dos fatores de risco para as doenças
cardiovasculares na população do ensino fundamental de Juiz de Fora, Minas Gerais.
Coordenação do Estudo: Pesquisadores Participantes do Estudo:
Ana Paula Carlos Cândido Mendes (UFJF) Juliana Faria de Novaes Barros (UFJF)
Ana Cláudia Peres Rodrigues (UFJF)
Céphora Maria Sabarense (UFJF)
Renata Maria Souza Oliveira (UFJF)
George Luiz Lins Machado Coelho (UFOP)
AVALIAÇÃO DO RISCO DA PESQUISA: ( ) SEM RISCO (X) RISCO MÍNIMO ( )
RISCO MÉDIO ( ) RISCO BAIXO ( ) RISCO MAIOR
97
A pesquisa que a criança ou adolescente está sendo convidado (a) a participar tem como objetivos: (1)
determinar a prevalência dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares na faixa etária de 7 a 14 anos na
cidade de Juiz de Fora, (2) identificar os fatores biológicos, ambientais e socioeconômico que fazem com que um
indivíduo tenha mais ou menos chance de apresentar uma doença do coração na idade adulta, e (3) promover o
desenvolvimento de padrões comportamentais adequados (hábitos alimentares, atividade física) que previnam o
desenvolvimento da doença cardiovascular na vida adulta. Nesta pesquisa os alunos serão avaliados nas escolas
quanto às características antropométricas (peso, altura e percentual de gordura corporal), bioquímicas (adipocinas,
insulina, colesterol total e frações, glicose, triglicérides e lipoproteína (a), clínicas (avaliação da pressão arterial) e
comportamentais (consumo alimentar e atividade física) em data e horário previamente agendados com a direção
do estabelecimento de ensino. Para as análises bioquímicas será necessário coletar 10 mL de sangue após jejum
de 12 horas. As medidas antropométricas e a coleta do sangue serão realizadas por profissional qualificado e
treinado. O responsável legal por cada participante deverá responder a um questionário aplicado pela equipe.
Todas as análises serão realizadas por pessoas treinadas e orientadas, estando sob a supervisão dos orientadores
do projeto. Os exames bioquímicos serão realizados por profissionais do Laboratório de Bioquímica da
Universidade Federal de Juiz de Fora. As amostras de sangue receberão um número (código) e apenas o
coordenador do projeto terá conhecimento da origem dos dados. Estas amostras ficarão armazenadas sob a
responsabilidade da Profa. Ana Paula Carlos Cândido Mendes e poderão ser utilizadas futuramente em outros
estudos, de caráter semelhante, desde que com sua autorização e se esta não for possível, esta utilização deverá
ser justificada e aprovada pelo Comitê de Ética. Em nenhum momento desse estudo, as pessoas que estarão
trabalhando com o material das crianças e dos adolescentes saberão a quem pertence, garantindo o sigilo dos
dados. Nenhuma outra pessoa ou instituição, que não aquelas envolvidas no presente projeto, terá acesso aos
dados gerados por esta pesquisa. A participação ou não neste estudo não influenciará de nenhuma forma o tipo e a
qualidade do atendimento médico que a criança ou adolescente está ou poderá está recebendo no futuro. O
responsável legal poderá solicitar aos pesquisadores o desligamento do estudo a qualquer momento. É através
deste tipo de pesquisa que esperamos poder aumentar o nosso conhecimento sobre os riscos de desenvolver
doenças do coração (pressão alta, colesterol alto, obesidade etc.), sobre as formas de se prevenir essa doença na
fase adulta e os benefícios da prevenção e do tratamento que o participante poderá vir a receber. A participação
dos alunos poderá ajudar a conhecer os fatores de risco presente nessa faixa etária e prevenir as doenças
cardiovasculares na idade adulta. Ainda, o participante estará realizando uma série de exames e consulta médica
que poderão identificar alterações que, tratadas ou prevenidas, irão diminuir a chance de se desenvolver essas
doenças na fase adulta.
Caso você queira se informar de mais detalhes sobre a pesquisa agora, ou no futuro, poderá entrar em
contato com a Profa. Ana Paula Carlos Cândido Mendes (Departamento de Nutrição/UFJF- Tel: 2102-3209),
Obrigado!
ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA:
Acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à
pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas.
Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar do estudo, sem que
isso traga prejuízo à comunidade da assistência.
Salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade.
Disponibilidade de assistência no Serviço Municipal de Saúde, por eventuais danos à saúde, decorrentes
da pesquisa.
Viabilidade de indenização por eventuais danos à saúde decorrentes da pesquisa.
CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado,
autorizo a participação do meu (minha) _______________ no presente Protocolo de Pesquisa.
Juiz de Fora, _____________________ de __________________ 20 _____.
___________________________________ ______________________________
Assinatura do responsável legal Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome legível
98
Estudo dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares em escolares do ensino fundamental de
Juiz de Fora, MG.
Apoio:
CNPq
PROEX/UFJF
PROPESQ/UFJF
Prefeitura Municipal de Juiz de Fora
9.2 APÊNDICE 2: Questionário do estudo.
Universidade Federal de Juiz de Fora
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Nutrição
99
Identificação do Formulário: ___________
IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS BIOLÓGICAS
Número de alíquotas:
Código da alíquota 1: Freezer: Gaveta: Caixa: Fileira: Coluna:
Código da alíquota 2: Freezer: Gaveta: Caixa: Fileira: Coluna:
Código da alíquota 3: Freezer: Gaveta: Caixa: Fileira: Coluna:
Código da alíquota 4: Freezer: Gaveta: Caixa: Fileira: Coluna:
Código da alíquota 5: Freezer: Gaveta: Caixa: Fileira: Coluna:
100
Estudo dos Fatores de Risco para
Doenças Cardiovasculares em
Escolares de Juiz de Fora
1- IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA
1.1-Escola:
1.2-Endereço: 1.3-Ponto referência:
1.4-Bairro: 1.5-Telefone:
1.6-Diretor(a):
2- IDENTIFICAÇÃO DO ALUNO
2.1-Nome:
2.2- Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2.3- Data de nascimento: _____/_____/_____
2.4- Série que freqüenta: 2.5- Turma:
2.6- Período: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite 2.7- Data da entrevista: _____/_____/_____
2.8-Endereço:
2.9-Bairro: 2.10-Ponto referência:
2.11-Telefone (casa): 2.12-Celular do responsável:
2.13-Telefone (recado para pais/responsáveis):
3- ANTROPOMETRIA
3.1-Altura atual: _________cm
3.2-Peso atual: _________kg
3.3-Gordura corporal bipolar:_______%
3.4-Resistência: ______________ 3.5 – Reactância: _____________________
3.6-PC Triciptal:1ª______2ª______3ª______mm
3.7-PC Biciptal :1ª______2ª______ 3ª______mm
3.8-PC suprailíacal:1ª_____2ª______3ª______mm
3.9-PC Subescapular :1ª______2ª______ 3ª______mm
3.10-Perímetro cintura: _________cm
3.11-Circunferência braço _________cm
Obs.:
101
3.12-Bioimpedância Tetrapolar – TANITA IRONMAN BC-558
Gordura corporal
% gordura corporal total: _______
Braço esquerdo: _____% Braço direito: _____%
Perna esquerdo: _____% Perna direito: _____%
Tronco: _____%
Massa muscular
% massa muscular total: _______%
Braço esquerdo: _______% Braço direito: _______%
Perna esquerdo: _______% Perna direito: _______%
Tronco: _______%
Escala de constituição física: _______%
Peso: _________Kg
% de água do organismo: _________
Massa óssea: _________Kg Gordura visceral: _________Kg
Obs.:
4- PRESSÃO ARTERIAL
Medida: Pressão arterial sistólica Pressão arterial diastólica
1a:
2a:
3a:
Obs.:
5- COR DA PELE
( 1 ) Branca ( 2 ) Morena-clara ( 3 ) Morena-escura ( 4 ) Preta ( 5 ) Não declarado
102
6- RECORDATÓRIO DE 24 HORAS
6.1. Que dia da semana foi ontem? (Atenção: o entrevistador deve responder esta questão, não
solicite a resposta ao entrevistado).
1.Segunda-feira 3.Quarta-feira 5.Sexta-feira 7.Domingo
2.Terça-feira 4.Quinta-feira 6.Sábado
CAFÉ DA MANHÃ
6.2. Ontem você tomou café da manhã?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 5- Período da Manhã)
6.3. A que horas você tomou seu café da manhã? _________
6.4. Onde você tomou seu café da manhã? ______________
1. ( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro _________________
2. ( )Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. ( )Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. ( )Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. ( )Outro local. Qual? ______________________________________
CAFÉ-DA-MANHÃ
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
PERÍODO DA MANHÃ
6.5. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o café da manhã e almoço?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 7- Almoço)
6.6. Onde você comeu esses alimentos?
1.( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro __________________
2. ( ) Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. ( ) Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. ( ) Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. ( ) Outro local. Qual? ______________________________________
103
PERÍODO DA MANHÃ
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
ALMOÇO
6.7. Ontem você almoçou?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 10- Período da tarde)
6.8. A que horas você almoçou? _________
6.9. Onde você almoçou?
1.( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro _____________________________
2. ( )Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. ( )Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. ( )Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. ( )Outro local. Qual? ______________________________________
ALMOÇO ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
PERÍODO DA TARDE
6.10. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa entre o almoço e o jantar?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 12- Jantar)
104
6.11. Onde você comeu esses alimentos?
1.( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro _____________________________
2. ( )Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. ( )Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. ( )Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. ( )Outro local. Qual? ______________________________________
PERÍODO DA TARDE ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
JANTAR
6.12. Ontem você jantou?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 15- Período da noite)
6.13. A que horas você jantou? _________
6.14. Onde você jantou?
1.( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro _____________________________
2. ( ) Na escola: merenda ou qualquer outro alimento oferecido de graça pela escola.
3. ( ) Na escola: alimentos trazidos de casa.
4. ( ) Na escola: alimentos comprados na lanchonete da escola ou de vendedores de rua.
5. ( ) Outro local. Qual? ____________________________________
JANTAR ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
105
PERÍODO DA NOITE
6.15. Ontem você comeu ou bebeu alguma coisa depois do jantar (ou antes de dormir)?
( ) Sim (passe para questão seguinte)
( ) Não (passe para questão 17- Hábitos alimentares)
6.16. Onde você comeu esses alimentos?
1.( ) Em casa. ( ) na frente da televisão ( ) sentado à mesa ( ) outro _____________________________
2. ( ) Outro local. Qual? ______________________________________
PERÍODO DA NOITE
ALIMENTO/ BEBIDA QUANTIDADE (em medidas caseiras)
COMPORTAMENTOS ALIMENTARES
Assinale as refeições realizadas normalmente (> que 4 vezes por semana) e o respectivo local:
6.17. Café da manhã: ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
6.18. Lanche da manhã/ merenda: ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
6.19. Almoço: ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
6.20. Lanche da tarde/ merenda ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
6.21. Jantar: ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
6.22. Lanche da noite: ( ) Não ( ) Sim. Local? ____________________
106
7- QUESTIONÁRIO
Dados do responsável:
7.1-Nome:
7.2-idade: 7.3-Grau de parentesco:
7.4-Peso: 7.5-Altura: 7.6-% gordura: 7.7- P cintura:
7.8-Pressão arterial: 1a 2
a: 3
a:
7.9-Número de filhos: 7.10-idade que a mãe teve o 10 filho:
7.11-Tipo de parto: (a) normal n0 (b) cesariana n
0
7.12-Grau de instrução: (b) primário ( ) completo ( ) incompleto (d) 20grau ( ) completo ( )incompleto
(a) analfabeto ou <4anos (c) ginasial ( ) completo ( ) incompleto (e) superior ( ) completo ( )incompleto
7.13-Trabalha fora (a) sim (b) não
7.14-Tipo de trabalho: 7.15-Turno:
7.16-Doenças crônico-degenerativas: Apresenta alguma doença citada abaixo?
( ) hipertensão arterial ( ) osteoporose ( ) diabetes mellitus ( ) outras. Qual (ais)?
7.17-Medicamento(s)? Qual (ais)____________________________________________
História de doenças familiares:
7.18-( ) hipertensão arterial 7.20-( ) diabetes mellitus
7.19-( ) osteoporose 7.21-( ) outras. Qual (ais)?_____________________
Dados da criança:
7.22-Fez pré-natal durante a gestação da criança ( ) sim ( ) não quantas consultas:
7.23-Peso ao nascer: ( ) > 2.500g ( ) < 2.500g ( ) não sabe informar
7.24- Comprimento ao nascer: _________________cm ( ) não sabe informar
7.25-A criança teve alguma complicação pós-parto: ( ) sim ( ) não Qual?___________________________
7.26-A criança já foi internada ( ) sim ( ) não Qual motivo:______________________________________
Por quanto tempo: ________________________________
7.27-Patologias atuais ( ) sim ( ) não Qual?______________________________________________
Medicamento?_________________________________________________________________________
7.28-Qual a data de nascimento do irmão que nasceu antes da criança: _____ /______/______
Sobre os hábitos da criança:
7.29-A criança mamou no peito: ( ) sim ( ) não ( ) Exclusiva ( )≤6 meses ( )>7meses < 1 ano ( )> 1 ano
( )Predominante ( )≤6 meses ( )>7meses < 1 ano ( )> 1 ano
( ) Complementar ( )≤6 meses ( )>7meses < 1 ano ( )> 1 ano
7.30-Com que idade a criança começou a receber outros alimentos:___________________________
7.31-A criança faz suas refeições principais em frente à televisão ( ) sim ( ) não ( ) às vezes
7.31-Qual o responsável que está presente nas refeições principais: ___________________________
107
8- AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA 8.1-Você pratica ou praticou esporte ou exercício físico em clubes, academias, escolas de esportes, parques,
ruas ou em casa nos últimos 12 meses? ( ) Sim ( ) Não
8.2-Qual esporte ou exercício físico você pratica freqüentemente?
( ) futebol ( ) natação ( ) ginástica ( ) basquete ( ) vôlei ( ) caminhada ( ) handebol ( ) judô ( )
musculação ( ) outro Qual? _____________________
8.3-Quantas horas por dia você pratica?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.4-Quantas vezes por semana você pratica?
( ) 1-2 x/semana ( ) 3-4x/semana ( ) todos os dias
8.5-Você participa das aulas de Educação Física escolar?
( ) Sim ( ) Não ( ) É dispensado. Por que?
8.6-Quantas aulas por semana?
( ) 1-2 x/semana ( ) 3-4x/semana ( ) todos os dias
8.7-Qual a duração de cada aula?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas
8.8-Você costuma ir de bicicleta ou a pé para a escola, clube, academia ou cursos em geral?
( ) Sim ( ) Não
8.9-Quantas horas por dia você gasta nessas atividades?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.10-Quantas horas por dia você costuma assistir à televisão nos dias de semana?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.11-Quantas horas você costuma assistir à televisão nos finais de semana, somando sábado e domingo?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.12-Você costuma jogar vídeo-game? ( ) Sim ( ) Não
8.13-Quantas horas por dia você costuma jogar vídeo-game?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.14-Quantas vezes por semana você costuma jogar vídeo-game?
( ) 1-2 x/semana ( ) 3-4x/semana ( ) todos os dias
8.15-Você costuma usar o computador? ( ) Sim ( ) Não
8.16-Quantas horas por dia você costuma usar o computador?
( ) 30-1 hora ( ) 1- 2 horas ( ) mais de 2 horas
8.17-Quantas vezes por semana você costuma usar o computador?
( ) 1-2 x/semana ( ) 3-4x/semana ( ) todos os dias ANOTAÇÕES GERAIS:
108
9- AVALIAÇÃO DA MATURAÇÃO SEXUAL
SEXO FEMININO
Obs.: A partir de 9 anos
9.1-Estágios de Tanner: Mamas:
1. ( )M1
2. ( )M2
3. ( )M3
4. ( )M4
5. ( )M5
Pêlos Pubianos:
1. ( )P1
2. ( )P2
3. ( )P3
4. ( )P4
5. ( )P5
9.2-Menarca:
1. ( ) Sim. Idade da menarca: __________ Anos
2. ( )Não.
3. ( )Não sabe/ não lembra.
SEXO MASCULINO
Obs.: A partir de 9 anos
9.3-Estágios de Tanner: Genitália
1. ( )G1
2. ( )G2
3. ( )G3
4. ( )G4
5. ( )G5
Pêlos Pubianos
6. ( )P1
7. ( )P2
8. ( )P3
9. ( )P4
10. ( )P5
10- CONDIÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA
Indicadores de Renda
10.1- Quantas pessoas na família recebem alguma remuneração por seu trabalho ou aposentadoria?
10.2- Quantos estão desempregados?
10.3- Há quanto tempo( em meses) estão desempregados?
Individuo 1______________
Individuo 2______________
Individuo 3______________
Individuo 4______________
10.4- Qual foi a renda total de sua família incluindo salários, aposentadorias, pensões e outros rendimentos
(como aluguel) ?
109
11- CONSUMO DE BEBIDA A LCOÓLICA
Obs.: A partir de 10 anos
11.1-Você ingere bebidas alcoólicas ? ( ) sim ( ) não
11.2-Qual a idade que você tinha quando bebeu pela primeira vez ? __________
11.3- Qual a freqüência que você consome 6 ou mais doses de bebidas alcoólica em uma ocasião?
(0) Menos que mensalmente (2) Semanalmente
(1) Mensalmente (3) Diariamente ou quase diariamente
11.4- No último ano quantas vezes você ficou alcoolizado (tomou um porre)?
(0) Nunca (2) 5-6 dias/semana (4) 1-2 dias/semana (6) 1-2 dias/mês
(1) Todos os dias (3) 3- 4dias/semana (5) 3-4 dias/mês (7) menos 1 vez/mês
11.5- Quantas vezes durante os últimos 12 meses você precisou de uma primeira dose pela manhã para
sentir-se melhor depois de uma bebedeira?
(0) Nunca (2) Mensalmente (4) Diariamente ou quase diariamente
(1) Menos que mensalmente (3) Semanalmente
11.6-Quantas vezes durante o ano passado você não conseguiu lembrar o que aconteceu na noite anterior por
que você estava bebendo?
(0) Nunca (2) Mensalmente (4) Diariamente ou quase diariamente
(1) Menos que mensalmente (3) Semanalmente
11.7-Você foi criticado pelo resultado das suas bebedeiras?
(0) Nunca (2) Mensalmente (4) Diariamente ou quase diariamente
(1) Menos que mensalmente (3) Semanalmente
Pai Mãe
11.8-Consome bebida alcoólica? ( )sim ( )não 11.9-Consome bebida alcoólica? ( )sim ( )não
11.10- Qual freqüência ele consome bebidas
alcoólicas?
(0) Não se aplica
(1) Uma ou menos de uma vez por mês
(2) 2 a 3 vezes por semana
(3) 2 a 4 vezes por mês
(4) 4 ou mais vezes por semana
11.11-Qual a frequência que ele consome bebidas
alcoólica?
(0) Não se aplica
(1) Uma ou menos de uma vez por mês
(2) 2 a 3 vezes por semana
(3) 2 a 4 vezes por mês
(4) 4 ou mais vezes por semana
11.12- Em sua casa há outros que consomem álcool? ( ) sim ( ) não Quem?__________________
11.13-O consumo de bebidas alcoólicas ocorre dentro de sua residência? ( ) sim ( ) não
110
12- TABAGISMO
Obs.: A partir de 10 anos
12.1-Você tem o hábito de fumar ? ( ) sim ( ) não
12.2-Qual a idade você tinha quando fumou pela primeira vez ?
(0) abaixo de 9 anos (2) 10 anos (4) 12 anos
(1) 9 anos (3) 11 anos (5) 13 anos (6) 14 anos
12.3-Que idade você tinha quando começou a fumar diariamente?
(0) Não se aplica (2) 9 anos (4) 11 anos (6) 13 anos
(1) abaixo de 9 anos (3) 10 anos (5) 12 anos (7) 14 anos
12.4-Qual a freqüência de uso do cigarro no último ano?
(0) Atualmente não fumo (2) 5-6 dias/semana (4) 1-2 dias/semana (6) 1-2 dias/mês
(1) fumo todos os dias (3) 3-4 dias/semana (5) 3-4 dias/mês (7) menos que 1 vez/mês
12.5-Se você fumava e parou, há quanto tempo está sem fumar?
(0) Não se aplica (2) até 1 mês (4) Mais de 1 anos e menos de 3 anos
(1) 1 semana (3) mais de 1 mês e menos de 1 anos (5) mais de 3 anos
12.6-Quantos cigarros você fuma/dia?
(0) 1 a 10/dia (2) 21 a 30/dia (4) mais de 2 maços/dia
(1) 11 a 20/dia (3) 31 a 40/dia
12.7-Após acordar, quanto tempo você demora para fumar o primeiro cigarro?
(0) 5 minutos ou menos (2) 31-60 minutos (4) 4 horas ou mais
(1) 6-30 minutos (3) 1 a 3 horas
12.8-Seu pai ou sua mãe tem o hábito de fumar?
(0) Nenhum dos dois (2) Apenas minha mãe
(1) Os dois (3) Apenas o meu pai
12.9-Sua mãe fumou durante a gravidez? ( ) sim ( ) não
12.10-Em sua casa há mais algum fumante? ( ) sim ( ) não Quem?_________________________
12.11-O fumante tem o hábito de fumar dentro de sua residência? ( ) sim ( ) não
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10 ANEXOS
10.1 ANEXO 1 - Termo de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Humanos.