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CONSTRUÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE (SUS) -ANTECEDENTES
Objetivo
Revisar os antecedentes e princípios do SUS e analisar sua implementação nos anos 90.
• Antecedentes• Legislação básica• Financiamento • Gestão do SUS• Modelo de atenção• Participação social
Conteúdos
- Predomínio das doenças transmissíveis;
- Modelo econômico agrário-exportador;
- O Estado brasileiro intervém sobre o perfil de mortalidade e morbidade através de campanhas sanitárias;
- Embrião da legislação trabalhista e previdenciária com as Caixas de Aposentadorias e Pensões que proporcionavam também assistência médica.
República Velha (1889-1930)
- Predomínio das doenças da pobreza e de patologias relacionadas à vida moderna;
- Modelo econômico dinamizado pelo capital industrial;
- O Estado mantém as campanhas sanitárias, alguns programas especiais e atendimentos em centros e hospitais para os cidadãos pobres;
- Os trabalhadores formais urbanos eram assistidos pelos IAPs, organizados por categoria ocupacionais;
- Os ricos eram atendidos pela medicina liberal.
Era Vargas (1930 - 1964)
- Padrão de superposição das doenças da pobreza e doenças relacionadas à vida moderna;
- Modelo econômico atrelado ao capital internacional;
- Crise sanitária: alta MI,aumento dos casos de tuberculose, malária, doença de Chagas, acidentes de trabalho. Surto de Meningite nos anos 70.
- Concentração de renda e repressão política.- Em 1966, ocorre a unificação dos IAPs, dando
lugar ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
- Expansão da medicina previdenciária.
Autoritarismo (1964-1984)
Atenção à saúde caracterizada por uma separação histórica entre saúde pública, medicina previdenciária e medicina do trabalho.
Medicina Previdenciária – Conformação do Modelo Médico Assistencial Privatista:
Privilegia a prática curativa individual e especializada Padrão organizativo orientado para o lucro Capitalização e privilégio do setor privado Aumento do emprego de tecnologias médicas.
Antecedentes
Crise do Modelo Médico Assistencial Privatista
Modelo altamente excludente tem efeitos agudizados:
- Fim do “milagre econômico”- Contradição: exigências de expansão de
políticas sociais e dificuldades em nível nacional e internacional.
Crise sanitária das décadas de 70 e 80 , o “sistema” é:
Insuficiente Descoordenado Mal distribuído Inadequado Ineficiente Ineficaz,Autoritário
Antecedentes
Antecedentes – Propostas de mudança
Em 1975 – criação de um Sistema Nacional de Saúde, com vários ministérios e discriminando as atribuições da União, estados e municípios. Prev-Saúde (MS) – ênfase na APS, propunha a integração dos Ministérios da Saúde e Previdência. Crise financeira da Previdência Social – Plano do CONASP (1982), implanta as autorizações de internações hospitalares (AIH).
Antecedentes – Programas de Expansão da Atenção
Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento - PIASS (1976) Programa Nacional de Imunizações.Programa Especial de Controle da EsquistossomosePrograma Nacional de Alimentação e Nutrição Cuidados primários estimulados pela Conferência de Alma Ata (1978).
Nova República (1985-1988)
- Redemocratização do país e resgate da cidadania.
- Movimentos sociais em ebulição.
- Movimento da Reforma Sanitária Brasileira conclamando por mudanças sociais amplas e da situação sanitária.
Novos atores na cenaCentro Brasileiro de Estudos de Saúde - CEBES - 1976ABRASCO – 1979Movimento Municipalista (1978)Sistematização e divulgação de debate em torno de propostas alternativas, quebra do monopólio dos anéis burocráticos previdenciários.Movimentos de trabalhadores de saúdeEsboçava-se a Reforma Sanitária Brasileira
O que a Reforma Sanitária?Movimento de construção do novo sistema de saúde, a partir das conclusões e recomendações da 8ª CNS:
Saúde: resultante das condições de vida, direito de todos e dever do Estado.
Setor saúde: reorganizado e redimensionado para garantir acesso universal e igualitário de toda a população a todas as ações e serviços, no âmbito do conhecimento e da tecnologia disponíveis.
Passos da Reforma SanitáriaVIII Conferência Nacional de Saúde - consolida as bases doutrinárias da Reforma Sanitária Brasileira Propõe a criação de um Sistema Único de Saúde: universal, igualitário, participativo, descentralizado, integral.
Comissão Nacional de Reforma Sanitária.
Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988).
SUDS – Sistema Unificado Descentralizado de Saúde (1987-1989)
O que é o Sistema Único de Saúde?
“O SUS é a união de todas as ações e serviços de saúde públicos e privados contratados para garantir a todos os brasileiros (universalidade) no acesso à promoção de saúde, prevenção de doenças e assistência médica (integralidade).
(Súmula 81,2001, p.2).
SUS – Princípios
UniversalidadeEquidade Integralidade
RegionalizaçãoHierarquizaçãoDescentralizaçãoParticipação SocialComplementaridade do setor privado
OrganizativosDoutrinários
Arcabouço jurídico do SUS1988-1990
Constituição Federal 1988: Seção II – define os princípios e diretrizes.Lei 8080/90: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes.Lei 8.142/90: Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre a transferência intergovernamental de recursos financeiros na área de saúde.
O SUS como parte de uma sistema de proteção
Constituição de 1988, Art. 194:A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Atribuições do SUS (Art. 200 -Constituição 88)
Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; Vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as da saúde do trabalhador;Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde;Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas de consumo humano; Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; Colaborar ao proteção ao meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
Construção do SUS (I-O)Descentralização da gestão do sistema
Papel do Ministério da SaúdePacto federativo (papel das SES)Municipalização (papel das SMS)
Reorientação da atenção à saúdereorganização da Atenção Básicareorganização da média e alta complexidade
Fortalecimento do controle socialcriação dos Conselhoscapacitação dos conselheiros
Articulação intersetorial
Estrutura de gestão do SUSPrincípio básico: gestão participativa, envolvendo governo, usuários e prestadores de serviços (instituições públicas, privadas e profissionais).Manutenção do Conselho Nacional de Saúde vinculado ao MS - função de formulação e controle da política nacional de saúde.Criação de Conselhos Estaduais e Municipais com atribuições correspondentes.Criação de Conselhos Locais em cada unidade de prestação de serviço de saúde -função de controle e fiscalização dos serviços.
Conselhos de Saúde
A Lei 8142/90 estabelece as atribuições e as proporções de conselheiros por usuários, profissionais e gestores.
A organização e as normas de funcionamento são definidas em regimento próprio aprovado pelo respectivo conselho.
CONFERÊNCIASLEI Nº 8.142 / 90
CRIOU AS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE NOS TRÊS NÍVEIS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, AS QUAIS DEVERIAM TER COMPOSIÇÃO IGUAL À DOS CONSELHOS E OCORRER A CADA 04 ANOS.
AS CONFERÊNCIAS TÊM COMO OBJETIVO AVALIAR A SITUAÇÃO DE SAÚDE E PROPOR DIRETRIZES PARA A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS NOS NÍVEIS CORRESPONDENTES.
CONFERÊNCIA COMO PONTO CULMINANTE DA DISCUSSÃO DESENVOLVIDA NOS CONSELHOS JUNTAMENTE COM A SOCIEDADE.
Na década de 90, o SUS se contrapõe à predominância de políticas neoliberais de ajuste macroeconômico:
Reorganização do modo de produção capitalista
Privatização e Estado Mínimo:
Política social como controle de carências extremas
Setor Privado: atende estratos de alta renda
Setor Público: caráter assistencialista
“Políticas pobres para pobres”
O SUS é uma construção contra-hegemônica no campo político.
Processo de construção do SUS
Construção do SUSGoverno Collor: crise econômica, redução de recursos federais, PACS, Lei Orgânica, IX CNS.
Governo Itamar: crise financeira (saúde x previdência), NOB 93(municipalização), PSF
Governo FHC: CPMF, NOB 96, PAB 98, EC 29 e NOAS (2002); (avanço da municipalização e do PSF); Convenção Quadro; ANVISA e ANS.
Governo Lula: questão do financiamento; Saúde Bucal (Brasil Sorridente – CEO); PROESF; SAMU; Reforma Psiquiátrica (CAPS e De volta para Casa); Farmácia Popular; Política Nacional de Promoção da Saúde; Comissão Nacional de Determinantes Sociais da Saúde; Pacto da Saúde.
Financiamento do SUSBrasil gasta com saúde: 8,4% do PIB (US$ 271 por habitante) EUA (13,1%/US$4.432), Canadá (9,3%/US$2.151), Argentina (9,1%/US$697), México (5,3 (US$ 221)
Gasto público: 3,3% do PIB em 2000 (40% do total)
Gasto federal: Em 1999, 20,3 bilhões de reais (2,06% do PIB ou R$113,8 per capita)
Atualmente em torno de 40 bilhões de reais (MS).
Mudança do modelo de atenção no SUS
Vigilância em saúde
Reorganização da Atenção Básica (PACS/PSF)
Redes e linhas de cuidado
SAMU
Acolhimento (PNH)
Gestão participativa do SUSConferências de saúde
Conselhos de Saúde: deliberativos e paritários (50% de usuários, 25% de trabalhadores da saúde e 25% de gestores)
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Comissão Intergestores Bipartite
Outros: conselhos distritais e locais, conselhos diretores, ouvidorias, etc.
1,5 bilhão de atendimentos ambulatoriais290 milhões de exames laboratoriais12 milhões de internações9 milhões de ultra-sonografias8 milhões de sessões de hemodiálise1 milhão de tomografias23.400 transplantes 31,62 milhões de partos normais assistidos617,6 mil cesáreas650 Caps1624 pessoas em 294 residências terapêuticas e 1113 de volta para casa 1
60 % DE RECURSOS DO FNS REPASSADOS FUNDO A FUNDO PARA ESTADOS E, PRINCIPALMENTE, PARA MUNICÍPIOS.
EXPANSÃO DO PACS/PSF NO PAÍS(28 mil equipes)26 CONSELHOS ESTADUAIS DE SAÚDE e MAIS DE 5.000 CONSELHOS MUNICIPAIS NO BRASIL
Avanços do SUS
Único no mundo a garantir assistência integral e gratuita a população, incluindo pacientes com HIV, sintomáticos ou não, renais crônicos e com câncer.
SIH/SUS: maior conjunto de procedimentos executados em hospital no mundo pago por um mesmo financiadorMais de 1.000.000 de internações por mês
Mais de 95% de transplantes feitos no Brasil
SÍNTESE DOS PROBLEMAS ATUAIS DO SUSInstabilidade e insuficiência do financiamento público, com investimentos reduzidos
Distribuição desigual dos recursos e da infra-estrutura;
Acesso insuficiente
Baixa eficácia;
Qualidade insatisfatória;
Ineficiência na gestão dos recursos;
Humanização deficiente: desrespeito ao cidadão e consumidor; autoritário; maus tratos.
Perspectivas e desafiosRepolitização do SUS, consolidando a política pública de saúde brasileira como uma política de estado, mais do que uma política de governos;
Reconhecimento da necessidade de romper os limites setoriais e levar a discussão sobre a política pública de saúde para a sociedade organizada, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais.
Envolvimento de ações concretas e articuladas pelos três níveis federativos no sentido de reforçar o sus como política de estado;
Defesa dos princípios basilares dessa política pública, inscritos na Constituição Federal (universalidade, integralidade e equidade).
Perspectivas e desafios
Implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de:
Consolidar a concepção de saúde como direito da cidadania;
Garantir o incremento de recursos orçamentários;
Aprovação do orçamento do SUS (das três esferas de gestão, explicitando o compromisso de cada uma delas).
Regulamentação da EC 29;
Divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS
Questões para reflexãoE então? O que cabe aos profissionais e trabalhadores de saúde?O que se espera do estágio de vivências no SUS?