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Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena
Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena Pós-Graduação Lato Sensu em EDUCAÇÃO INFANTIL
Prof. LUIZ RODRIGUES
Av. Gabriel Muller, 1065– Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000 www.ajes.edu.br – [email protected]
Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.
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CURSO: EDUCAÇÃO INFANTIL
ELABORAÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO E
PROPOSTA CURRICULAR PARA EDUCAÇÃO
INFANTIL
(Org) Prof. Luiz Rodrigues - Textos para estudo
Instituto Superior de Educaçaçãodo Vale do Juruena
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PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA
Fundamentos para a sua realização
Moacir Gadotti
Até muito recentemente a questão da escola limitava-se a uma escolha entre ser
tradicional e ser moderna. Essa tipologia não desapareceu, mas não responde a todas
as questões atuais da escola. Muito menos à questão do seu projeto.
A crise paradigmática também atinge a escola e ela se pergunta sobre si
mesma, sobre seu papel como instituição numa sociedade pós-moderna e pós-
industrial, caracterizada pela globalização da economia, das comunicações, da
educação e da cultura, pelo pluralismo político, pela emergência do poder local.
Nessa sociedade cresce a reivindicação pela participação e autonomia contra toda
forma de uniformização e o desejo de afirmação da singularidade de cada região, de
cada língua etc. A multiculturalidade é a marca mais significativa do nosso tempo.
Como isso se traduz na escola?
Nunca nossas escolas discutiram tanto autonomia, cidadania e participação. É
um dos temas mais originais e marcantes do debate educacional brasileiro de hoje.
Essa preocupação tem-se traduzido sobretudo pela reivindicação de um projeto
político-pedagógico próprio de cada escola. Neste texto, gostaríamos de tratar deste
assunto, sublinhando a sua importância, seu significado, bem como as dificuldades,
obstáculos e elementos facilitadores da elaboração do projeto político-pedagógico.
Começaremos esclarecendo o próprio título: “projeto político-pedagógico”.
Entendemos que todo projeto pedagógico é necessariamente político. Poderíamos
denominá-lo, portanto, apenas “projeto pedagógico”. Mas, a fim de dar destaque ao
político dentro do pedagógico, resolvemos desdobrar o nome em “político-pedagógico”.
Freqüentemente se confunde projeto com plano. Certamente o plano diretor da
escola – como conjunto de objetivos, metas e procedimentos – faz parte do seu projeto,
mas não é todo o seu projeto.
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Isso não significa que objetivos, metas e procedimentos não sejam necessários.
Mas eles são insuficientes pois, em geral, o plano fica no campo do instituído ou
melhor, no cumprimento mais eficaz do instituído, como defende hoje todo o discurso
oficial em torno da "qualidade", e em, particular da "qualidade total". Um projeto
necessita sempre rever o instituído para, a partir dele, instituir outra coisa. Tornar-se
instituinte. Um projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola que é a sua
história, que é o conjunto dos seus currículos, dos seus métodos, o conjunto dos seus
atores internos e externos e o seu modo de vida. Um projeto sempre confronta esse
instituído com o instituinte.
Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte, um rumo. Por
isso, todo projeto pedagógico da escola é também político. O projeto pedagógico da
escola é, por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em direção a
uma finalidade que permanece como horizonte da escola.
• De quem é a responsabilidade da constituição do projeto da escola?
O projeto da escola não é responsabilidade apenas de sua direção. Ao contrário,
numa gestão democrática, a direção é escolhida a partir do reconhecimento da
competência e da liderança de alguém capaz de executar um projeto coletivo. A
escola, nesse caso, escolhe primeiro um projeto e depois essa pessoa que pode
executá-lo. Assim realizada, a eleição de um diretor ou de uma diretora se dá a partir
da escolha de um projeto político-pedagógico para a escola. Portanto, ao se eleger um
diretor de escola, o que se está elegendo é um projeto para a escola.
Como vimos, o projeto pedagógico da escola está hoje inserido num cenário
marcado pela diversidade. Cada escola é resultado de um processo de
desenvolvimento de suas próprias contradições. Não existem duas escolas iguais.
Diante disso, desaparece aquela arrogante pretensão de saber de antemão quais
serão os resultados do projeto para todas as escolas de um sistema educacional. A
arrogância do dono da verdade dá lugar à criatividade e ao diálogo. A pluralidade de
projetos pedagógicos faz parte da história da educação da nossa época.
Por isso, não deve existir um padrão único que oriente a escolha do projeto de
nossas escolas. Não se entende, portanto, uma escola sem autonomia, autonomia para
estabelecer o seu projeto e autonomia para executá-lo e avaliá-lo.
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A autonomia e a gestão democrática da escola fazem parte da própria
natureza do ato pedagógico. A gestão democrática da escola é, portanto, uma
exigência de seu projeto político-pedagógico.
Ela exige, em primeiro lugar, uma mudança de mentalidade de todos os
membros da comunidade escolar. Mudança que implica deixar de lado o velho
preconceito de que a escola pública é apenas um aparelho burocrático do Estado e não
uma conquista da comunidade. A gestão democrática da escola implica que a comu-
nidade, os usuários da escola, sejam os seus dirigentes e gestores e não apenas os
seus fiscalizadores ou, menos ainda, os meros receptores dos serviços educacionais.
Na gestão democrática pais, mães, alunas, alunos, professores e funcionários
assumem sua parte de responsabilidade pelo projeto da escola.
Há pelo menos duas razões que justificam a implantação de um processo de
gestão democrática na escola pública:
1.ª) A escola deve formar para a cidadania e, para isso, ela deve dar o
exemplo. A gestão democrática da escola é um passo importante no aprendizado da
democracia. A escola não tem um fim em si mesma. Ela está a serviço da comunidade.
Nisso, a gestão democrática da escola está prestando um serviço também à
comunidade que a mantém.
2.ª) A gestão democrática pode melhorar o que é específico da escola, isto é, o
seu ensino. A participação na gestão da escola proporcionará um melhor conhecimento
do funcionamento da escola e de todos os seus atores; propiciará um contato
permanente entre professores e alunos, o que leva ao conhecimento mútuo e, em
conseqüência, aproximará também as necessidades dos alunos dos conteúdos
ensinados pelos professores.
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua aprendizagem. E
para ele tornar-se sujeito da sua aprendizagem, precisa participar das decisões que
dizem respeito ao projeto da escola, que faz parte também do projeto de sua vida.
Passamos muito tempo na escola para sermos meros clientes dela. Não há educação,
construção e reconstrução de conhecimentos sem sujeito da educação e da
aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico.
A autonomia e a participação – pressupostos do projeto político-pedagógico da
escola – não se limitam à mera declaração de princípios consignados em algum
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documento. Sua presença precisa ser sentida no Conselho de Escola ou Colegiado,
mas também na escolha do livro didático, no planejamento do ensino, na organização
de eventos culturais, de atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas
assistir às reuniões.
A gestão democrática deve estar impregnada por uma certa atmosfera que se
respira na escola, na circulação das informações, na divisão do trabalho, no
estabelecimento do calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de
elaboração ou de criação de novos cursos ou de novas disciplinas, na formação de
grupos de trabalho, na capacitação dos recursos humanos etc. A gestão democrática é,
portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas não é suficiente.
Precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia. Ela também
é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho.
Existem, certamente, algumas limitações e obstáculos à instauração de um
processo democrático como parte do projeto político-pedagógico da escola. Entre eles,
podemos citar:
a) a nossa pouca experiência democrática;
b) a mentalidade que atribui aos técnicos e apenas a eles a capacidade de
planejar e governar e que considera o povo incapaz de exercer o governo ou de
participar de um planejamento coletivo em todas as suas fases;
c) a própria estrutura de nosso sistema educacional que é vertical;
d) o autoritarismo que impregnou nossa prática educacional;
e) o tipo de liderança que tradicionalmente domina nossa atividade política no
campo educacional.
Enfim, um projeto político-pedagógico da escola apóia-se:
a) no desenvolvimento de uma consciência crítica;
b) no envolvimento das pessoas: comunidade interna e externa à escola;
c) na participação e na cooperação das várias esferas de governo;
d) na autonomia, responsabilidade e criatividade como processo e como produto
do projeto.
O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos seus agentes, da
ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da “cara” que tem, com o seu
cotidiano e o seu tempo-espaço, isto é, o contexto histórico em que ela se insere.
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Um projeto político-pedagógico constrói-se de forma interdisciplinar. Não basta
trocar de teoria como se ela pudesse salvar a escola.
Pelo que foi dito até agora, o projeto pedagógico da escola pode ser considerado
como um momento importante de renovação da escola. Projetar significa “lançar-se
para a frente”, antever um futuro diferente do presente. Projeto pressupõe uma ação
intencionada com um sentido definido, explícito, sobre o que se quer inovar. Nesse
processo podem-se distinguir dois momentos:
a) o momento da concepção do projeto;
b) o momento da institucionalização e implementação do projeto.
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro.
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um
período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que
cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode
ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam
visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores e autores.
A noção de projeto implica sobretudo tempo:
a) Tempo político – define a oportunidade política de um determinado projeto.
b) Tempo institucional – Cada escola encontra-se num determinado tempo de
sua história. O projeto que pode ser inovador para uma escola pode não ser para outra.
c) Tempo escolar – O calendário da escola, o período no qual o projeto é
elaborado é também decisivo para o seu sucesso.
d) Tempo para amadurecer as idéias – Só os projetos burocráticos são
impostos e, por isso, revelam-se ineficientes a médio prazo. Há um tempo para
sedimentar idéias. Um projeto precisa ser discutido e isso leva tempo.
Como elementos facilitadores de êxito de um projeto, podemos destacar:
1.º) Comunicação eficiente. Um projeto deve ser factível e seu enunciado
facilmente compreendido.
2.º) Adesão voluntária e consciente ao projeto. Todos precisam estar
envolvidos. A co-responsabilidade é um fator decisivo no êxito de um projeto;
3.º) Suporte institucional e financeiro, que significa: vontade política, pleno
conhecimento de todos – principalmente dos dirigentes – e recursos financeiros
claramente definidos.
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4.º) Controle, acompanhamento e avaliação do projeto. Um projeto que não
pressupõe constante avaliação não consegue saber se seus objetivos estão sendo
atingidos.
5.º) Uma atmosfera, um ambiente favorável. Não se deve desprezar um certo
componente mágico-simbólico para o êxito de um projeto, um certa mística que
cimenta a todos os que se envolvem no design de um projeto.
6.º) Credibilidade. As idéias podem ser boas, mas, se os que as defendem não
têm prestígio, comprovada competência e legitimidade, o projeto pode ficar limitado.
7.º) Referencial teórico que facilite encontrar os principais conceitos e a
estrutura do projeto.
A falta desses elementos obstaculiza a elaboração e a implantação de um
projeto novo para a escola. A implantação de um novo projeto político-pedagógico da
escola enfrentará sempre a descrença generalizada dos que pensam que de nada
adianta projetar uma boa escola enquanto não houver vontade política dos “de cima”.
Contudo, o pensamento e a prática dos “de cima” não se modificarão enquanto não
existir pressão dos “de baixo”. Um projeto político-pedagógico da escola deve
constituir-se num verdadeiro processo de conscientização e de formação cívica;
deve ser um processo de recuperação da importância e da necessidade do
planejamento na educação.
Tudo isso exige certamente uma educação para a cidadania.
• O que é “educar para a cidadania”?
A resposta a essa pergunta depende da resposta à outra pergunta: – “O que é
cidadania?”
Pode-se dizer que cidadania é essencialmente consciência de direitos e deveres
e exercício da democracia. Não há cidadania sem democracia.
A democracia fundamenta-se em três direitos:
• direitos civis, como segurança e locomoção;
• direitos sociais, como trabalho, salário justo, saúde, educação, habitação etc.
• direitos políticos, como liberdade de expressão, de voto, de participação em partidos
políticos e sindicatos etc.
O conceito de cidadania, contudo, é um conceito ambíguo. Em 1789 a
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão estabelecia as primeiras normas para
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assegurar a liberdade individual e a propriedade. Existem diversas concepções de
cidadania: a liberal, a neoliberal, a progressista ou socialista democrática (o socialismo
autoritário e burocrático não admite a democracia como valor universal e despreza a
cidadania como valor progressista).
Existe hoje uma concepção consumista de cidadania (não ser enganado na
compra de um bem de consumo) e uma concepção oposta que é uma concepção
plena de cidadania, que consiste na mobilização da sociedade para a conquista dos
direitos acima mencionados e que devem ser garantidos pelo Estado. A concepção
liberal e neoliberal de cidadania – que defende o “Estado mínimo”, a privatização da
educação e que estimula a concentração de renda – entende que a cidadania é apenas
um produto da solidariedade individual (da “gente de bem”) entre as pessoas e não
uma conquista no interior do próprio Estado. A cidadania implica em instituições e
regras justas. O Estado, numa visão socialista democrática, precisa exercer uma ação
– para evitar, por exemplo, os abusos econômicos dos oligopólios – fazendo valer as
regras definidas socialmente.
Cidadania e autonomia são hoje duas categorias estratégicas de construção de
uma sociedade melhor em torno das quais há freqüentemente consenso. Essas
categorias se constituem na base da nossa identidade nacional tão desejada e ainda
tão longínqua, em função do arraigado individualismo tanto das nossas elites, quanto
das fortes corporações emergentes, ambas dependentes do Estado paternalista.
O movimento atual da chamada “escola cidadã” está inserido nesse novo
contexto histórico de busca de identidade nacional. A “escola cidadã” surge como
resposta à burocratização do sistema de ensino e à sua ineficiência.
É nesse contexto histórico que vem se desenhando o projeto e a realização
prática da escola cidadã em diversas partes do país, como uma alternativa nova e
emergente. Ela vem surgindo em numerosos municípios e já se mostra nas
preocupações dos dirigentes educacionais em diversos Estados brasileiros.
Movimentos semelhantes já ocorreram em outros países. Vejam-se as
“Citizenship Schools” que surgiram nos Estados Unidos nos anos 50, dentro das quais
se originou o importante movimento pelos Direitos Civis naquele país, colocando dentro
das escolas americanas a educação para a cidadania e o respeito aos direitos sociais e
humanos.
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Do movimento histórico-cultural a que nos referimos, estão surgindo alguns
eixos norteadores da escola cidadã: a integração entre educação e cultura, escola e
comunidade (educação multicultural e comunitária), a democratização das relações de
poder dentro da escola, o enfrentamento da questão da repetência e da avaliação, a
visão interdisciplinar e transdisciplinar e a formação permanente dos educadores. A
interdisciplinaridade refere-se à estreita relação que as disciplinas mantém entre si e, a
transdisciplinaridade, à superação das fronteiras existentes entre as disciplinas, indo,
portanto, além da interação e reciprocidade existentes entre as ciências.
Da nossa experiência vivida nesses últimos anos, tentando entender esse
movimento, algumas lições podemos tirar que nos levam a acreditar nessa
concepção/ realização da educação. Por isso, baseado nessa crença, apresentamos
um “decálogo” no livro Escola cidadã, em 1992. Para nós, a escola cidadã surge como
uma realização concreta dos ideais da escola pública popular, cujos princípios vimos
defendendo, ao lado de Paulo Freire, nas últimas duas décadas. Concretamente, dessa
experiência vivida, pude tirar algumas lições. Para finalizar, gostaríamos de mencionar
pelo menos quatro:
1.ª) A escola não é o único local de aquisição do saber elaborado.
Aprendemos também nos fins de semana, como costuma dizer Emília Ferreiro.
2.ª) Não existe um único modelo capaz de tornar exitosa a ação educativa da
escola. Cada escola é fruto de suas próprias contradições. Existem muitos caminhos,
inclusive para a aquisição do saber elaborado. E o caminho que pode ser válido numa
determinada conjuntura, num determinado local ou contexto, pode não o ser em outra
conjuntura ou contexto. Por isso, é preciso incentivar a experimentação pedagógica e,
sobretudo, ter uma mentalidade aberta ao novo e não atirar pedras no caminho
daqueles que buscam melhorar a educação.
3.ª) Todos não terão acesso à educação enquanto todos – trabalhadores e não
trabalhadores em educação, estado e sociedade civil – não se interessarem por ela. A
educação para todos supõe todos pela educação.
4.ª) Houve uma época na qual eu pensava que as pequenas mudanças
impediam a realização de uma grande mudança. Por isso, no meu entender, elas
deveriam ser evitadas e todo o investimento deveria ser feito numa transformação
radical e ampla. Hoje, minha certeza é outra: a grande mudança exige também o
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esforço contínuo, solidário e paciente das pequenas ações. Estas, no dia-a-dia,
construídas passo a passo, numa certa direção, também são essenciais à grande mu-
dança. E o mais importante: devem ser feitas hoje. Como dizia Paulo Freire, “a melhor
maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível
ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o
que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu
faço amanhã o que hoje também não pude fazer”.
Isso, de forma alguma, significa renunciar ao sonho da construção de uma
sociedade justa e humana, nem jogar no lixo da História nossa utopia revolucionária.
Precisamos sobretudo da utopia neo-socialista contra a ideologia neoliberal que prega
o fim da utopia e da história. Estou convencido, acima de tudo, que a educação, mais
do que passar por uma melhoria da qualidade do ensino que está aí, como sustenta o
Banco Mundial, ela precisa de uma transformação radical, exigência premente e
concreta de uma mudança estrutural provocada pela inevitável globalização da
economia e das comunicações, pela revolução da informática a ela associada e pelos
novos valores que estão refundando instituições e convivência social na emergente
sociedade pós-moderna. Por isso, como afirmamos no início do texto, não se constrói
um projeto político-pedagógico sem uma direção política, um norte, um rumo.
Moacir Gadotti é professor titular da Universidade de São Paulo e diretor do Instituto
Paulo Freire. Escreveu, entre outras obras: Escola cidadã (1992), História das idéias
pedagógicas (1993) e Pedagogia da práxis (1995).
O PROJETO PEDAGÓGICO DA ESCOLA NA LEI DE DIRETRIZES E BASES-
BASES LEGAIS
Não se podo começar a discutir sabre o projeto pedagógico da escala sem antes
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conhecer o que diz, textualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996.
No Título IV, artigo 12, fica estabelecido que:
«Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema
de ensino, terão incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica
VI- informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos
bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.
Na seqüência, a artigo 13 determina:
“Os docentes incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino;
11 - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino.”
E o artigo 14 diz:
Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino
publico na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os
seguintes princípios:
I -participação das profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico
da escola
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Numa primeira análise da Lei, nota-se um fato inédito na legislação bra-
sileira: o estabelecimento de ensino e os docentes são incluídos no Título IV,
referente à Organização da Educação Nacional, numa seqüência que começa com
as incumbências da União (artigo 9), dos Estados (antigo 10) e dos Municípios
(artigo 11). Ao contrário das leis anteriores, que valorizavam as instâncias
burocráticas, tamanho destaque significa o reconhecimento da escola como locus
privilegiado da educação e um crédito de confiança na competência técnica e
política dos profissionais que nela atuam.
Outro fato digno de realce é o número de vezes que a expressão ‘proposta ou
projeto pedagógico’ aparece. A insistência nos termos e sua associação à
organização da educação nacional traduzem sua relevância, numa perspectiva que
extrapola à instituição escolar, repercutindo no sistema como um todo.
Diante do exposto, é preciso refletir o que significa para os docentes, escolas e
sistemas a expressão “proposta ou projeto pedagógico”.
Antes porém, cabe um esclarecimento. Há quem prefira usar a expressão
“projeto político-pedagógico no sentido de que a ação pedagógica é um fato
político, por estar formando o cidadão para determinada sociedade. Sociedade esta
que cobra da escola uma formação que propicie competência profissional e
vivência democrática, participativa, crítica, responsável e ética.
Político e pedagógico são, portanto, adjetivos indissociáveis e recíprocos.
Por isso mesmo, outros entendem que dizendo pedagógico está subentendido o
termo político.
CONCEITOS
Para Veiga (1995, p.li e 13), o projeto político-pedagógico é a própria organização
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do trabalho pedagógica da escola como um todo, sendo construído e vivenciado em
todos os momentos, por todos os envolvidos com o processo educativo da escola.
Rezende (1995, p. 91) diz que o projeto resgata a identidade da escola é sua
intencionalidade, além de revelar seus compromissos e Marques
que:
“a intencionalidade política traduzida em proposta pedagógico não é apenas
constativa ou descritiva, mas é constitutiva do ser da escola, que define, assim, , em
sua especificidade e identidade por se fazer elucidativa da vontade coletiva e relevante
para os fins a que oferece as condições de se cumprierem (1994, p.9)
Santiago (1995, p.l76} considera que um projeto pedagógico ultrapassa a
concepção de reorientação curricular ou metodológica com finalidades especificamente
cognitivo -instrumentais para incorporar, no cotidiano da escola, elementos ético-
normativos, subjetivos e culturais do mundo concreto onde os sujeitos organizam-se e
interagem.
Na França onde há uma estrutura educacional centralizadora, buscou-se valorizar a
escola por meio do projeto pedagógico.diz o documento do Ministério de Educação que
um projeto de escola é a colocação em prática dos objetivos nacionais, levando em
conta as situações locais e as necessidades especificas da clientela.
Dessas leituras, pode-se considerar como - não únicas - mas principais
características de um projeto pedagógico: totalidade, identidade, intencionalidade,
dinamismo, construção democrática e a transparência.
Em suma, o projeto pedagógico é um instrumento de trabalho que ilumina
princípios filosóficos, define políticas, harmoniza as diretrizes da educação nacional
com a realidade da escola, racionaliza e organiza ações, dá voz aos atores
educacionais, otimiza recursos materiais e financeiros, facilita a continuidade
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administrativa, mobiliza diferentes setores na busca de objetivos comuns e por ser de
domínio público, permite constante acompanhamento e avaliação (Castro Neves, 1995,
p.ll).
ETAPAS DA CONSTRUÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO
Sendo uma construção democrática, a elaboração do projeto envolve todos os
segmentos que atuam e se relacionam com a escola. E, pois, uni processo
participativo.
A seguir são indicadas as etapas do processo de elaboração e alguns itens que
as compõem. Sem a pretensão de esgotá-los; conforme a realidade de cada escola, a
lista se modifica.
1. Diagnóstico da situação — levantar dentre outros:
Infra-estrutura física (o prédio, terreno, salas de aula, de professores, dos
dirigentes, salas especiais para biblioteca, laboratórios, multimeios, depósitos,
refeitório, local para receber os pais e responsáveis, iluminaç~o, ventilação,
espaço para recreio, banheiros, mobiliário para alunos, professores e pessoal
técnico administrativo, rede de água, luz e esgoto,linha. telefônica., tomadas e
fiação que permitiam uso das novos tecnologias em todas as salas, ou, pelo
menos, nos salas de aula, horta, jardim);
indicadores pedagógicos (analisar a evolução das matriculas, notas dos alunos,
especialmente a média estatística, taxas de evasão, de repetência, de absenteísmo,
nível de utilização da biblioteca e número e tipo de livros novos que deram entrada no
último ano)
recursos materiais e didático-tecnológicos (material de expediente e
consumo, acervo da biblioteca, fitas de vídeo, softwraes, CD Rom, equipamentos de
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cozinha, jardinagem e segurança, mimeógrafo, televisão, vídeo, computador, quadro de
giz, copiadora, faz, gravadores, antena parabólica, apólices de seguros dos
equipamentos, contratos de manutenção de equipamentos e consertos em geral etc);
recursos humanos (ouvir professores, pessoal técnico-administrativo e de apoio,
conhecer suas dificuldades técnicas, colher sugestões e expectativas pessoais e
profissionais, descobrir áreas de habilidades específicas e de interesse, etc);
recursos financeiros (levantar as fontes de recursos da escola: secretarias de
educação, MEC e do Estado ou Município,de organizações não-governamentais, da
comunidade, procurar identificar fontes alternativas de apoio);
o entorno da escola (descobrir o potencial da comunidade: artistas políticos,
pessoas que conheçam a história da localidade, jornalistas, e outros profissionais que
possam contribuir com idéias para o projeto, mesmo que não tenham filhos na escola,
outras escolas, faculdades, universidades, hospitais, comércio, clubes, associações,
parques, praças. museus, bibliotecas, templos religiosos, escolaridade e renda do
bairro e arredores, etc);
projetos já desenvolvidos e em desenvolvimento pela escola, com análise
critica de resultados e impactos;
2. Definição de objetivos e metas: discutir os objetivos (cognitivos, habilidades e
atitudes) e metas nacionais, regionais, estaduais, municipais,harmonizando-os e
acrescentando a eles outros que atendam realidade da escola e de sua
comunidade;
3- Escolha das estratégias: levantar quais os pontos fortes e fracos da escola, identifica
a que pode ser melhorado, o que deve ser mudado, apontando o que pode ser feito
internamente, o que precisa da Secretaria de Educação, o que pode ser resolvido
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com parcerias firmadas com a comunidade ou entorno da escola (por exemplo,
treinamento para os professores organizando, por demanda da própria escola, por
universidade ou faculdade; exames de saúde para todos os alunos, feitos por
hospital da rede pública ou privada; aulas de esportes oferecidas pelos clubes da
redondeza; acordos com outras escolas, para uso de dependências ou trabalhos
coletivos, como um projeto conjunto de melhoria da habilidade de leitura ou do
domínio da tabuada, etc.);
4- Coordenação dos diferentes profissionais, áreas e projetos, zelando sempre pela
unidade da ação da escola e pela primazia do pedagógico sobre as ações
assistenciais;
5- Estabelecimento de cronograma e prazos, para a implementação das ações,
determinando o que pode ser alcançado em curtíssimo, curto, médio e longo
prazo incluindo período para primeira avaliação do projeto pedagógico.
6- Implementação do projeto.
7 - Acompanhamento e avaliação colocado como um último ítem, na verdade, o
acompanhamento e avaliação ocorrem simultaneamente ao processo de preparação
e implementação, e esta sempre oferecendo subsídios para constante
aperfeiçoamento do projeto pedagógico- Apesar disso, uma avaliação formal, feita
por todos os envolvidos na construção do projeto, deve ser previamente marcada
pela escola.
A característica de dinamismo do projeto faz com que, resolvido um problema,
aprimorado um contexto, a sítense e, conseqüentemente, o projeto ,tenham de ser
revistos e reconstruídos, pelo menos em parte.
Como está na lei de Diretrizes e Bases, 9394/96, o projeto pedagógico torna os
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professores artífices de uma obra democrática e autônoma. A responsabilidade de
construi-lo é enorme.O compromisso de implementá-lo é uma questão de ética
profissional. O seu resultado deve ser uma educação de elevado padrão, de qualidade
pata todo cidadão.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Projeto Pedagógico: um estudo introdutório
Maria Adelia Teixeira Baffi
Mestre em Educação - UFRJ
Doutoranda em Pedagogia Social - UNED
Professora Titular FE/UCP
Petrópolis, 2002
Vivemos a época da "cultura de projeto" em nossa sociedade, onde as condutas
de antecipação para prever e explorar o futuro fazem parte de nosso presente. Essa
influência do futuro sobre nossas adaptações cotidianas só faz sentido se o domínio
que tentamos desenvolver sobre os diferentes espaço cumpre a função de melhorar as
condições de vida do ser humano. Portanto, foi a partir desse pensar inicial que surgiu
este texto, com o objetivo de melhor compreender o significado e o processo do projeto
pedagógico.
Partindo do óbvio, como sugere Gadotti (2001), a palavra projeto vem do verbo
projetar, lançar-se para frente, dando sempre a idéia de movimento, de mudança. A
sua origem etimológica, como explica Veiga (2001, p. 12), vem confirmar essa forma de
entender o termo projeto que "vem do latim projectu, particípio passado do verbo
projecere, que significa lançar para diante". Na definição de Alvaréz (1998) o projeto
representa o laço entre presente e futuro, sendo ele a marca da passagem do presente
para o futuro. Para Fagundes (1999), o projeto é uma atividade natural e intencional
que o ser humano uti1iza para procurar solucionar problemas e construir
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conhecimentos. Alvaréz (op cit) afirma que, no mundo contemporâneo, o projeto é a
mola do dinamismo, se tomando em instrumento indispensável de ação e
transformação.
Boutinet (2002), em seu estudo sobre a antropologia do projeto, explica que o
termo projeto teve seu reconhecimento no final XVII e a primeira tentativa de
formalização de um projeto foi através da criação arquitetônica, com o sentido
semelhante ao que nele se reconhece atualmente, apesar da marca do pensamento
medieval "no qual o presente pretende ser a reatualização de um passado considerado
como] jamais decorrido" (p. 34).
Na tentativa de uma síntese, pode-se dizer que a palavra projeto faz referência a
idéia de frentes um projetar, lançar para, a ação intencional e sistemática, onde estio
presentes: a utopia concreta/confiança, a ruptura/continuidade e o instituinte/instituído.
Segundo Gadotti (cit por Veiga, 2001, p. 18),
Todo projeto supõe ruptura com o presente e promessas para o futuro.
Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se,
atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um
projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas
rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível,
comprometendo seus atores e autores.
E o projeto com a qualificação de pedagógico, qual é o seu significado? De
repente, em meados da década de 90, a idéia de projeto pedagógico vem tomando
corpo no discurso oficial e em quase todas as instituições de ensino, espalhadas nesse
imenso Brasil. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/94), em seu
artigo 12, inciso I, prevê que "os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas
comuns e as do seu sistema de ensino, terno a incumbência de elaborar e executar
sua proposta pedagógica", deixando explícita a idéia de que a escola não pode
prescindir da reflexão sobre sua intencionalidade educativa. Assim sendo, o projeto
pedagógico passou a ser objeto prioritário de estudo e de muita discussão.
Para André (2001, p. 188) o projeto pedagógico não é somente uma carta de
intenções, nem apenas uma exigência de ordem administrativa, pois deve "expressar a
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reflexão e o trabalho realizado em conjunto por todos os profissionais da escola, no
sentido de atender às diretrizes do sistema nacional de Educação, bem como às
necessidades locais e específicas da clientela da escola"; ele é "a concretização da
identidade da escola e do oferecimento de garantias para um ensino de qualidade".
Segundo Libâneo (2001, p. 125), o projeto pedagógico "deve ser compreendido como
instrumento e processo de organização da escola", tendo em conta as características
do instituído e do instituinte. Segundo Vasconcellos (1995), o projeto pedagógico
é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os
desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente,
sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. E uma metodologia
de trabalho que possibilita resignicar a ação de todos os agentes da instituição
(p. 143).
Para Veiga (1998), o projeto pedagógico não é um conjunto de planos e projetos
de professores, nem somente um documento que trata das diretrizes pedagógicas da
instituição educativa, mas um produto específico que reflete a realidade da escola,
situada em um contexto mais amplo que a influencia e que pode ser por ela
influenciado". Portanto, trata-se de um instrumento que permite clarificar a ação
educativa da instituição educacional em sua totalidade. O projeto pedagógico tem como
propósito a explicitação dos fundamentos teóricos-metodológicos, dos objetivos, do tipo
de organização e das formas de implementação e de avaliação institucional (p. 11-
113).
O projeto pedagógico não é modismo e nem é documento para ficar engavetado
em uma mesa na sala de direção da escola, ele transcende o simples agrupamento de
planos de ensino e atividades diversificadas, pois é um instrumento do trabalho que
indica rumo, direção e construído com a participação de todos os profissionais da
instituição.
O projeto pedagógico tem duas dimensões, como explicam André (2001) e
Veiga (1998): a política e a pedagógica. Ele "é político no sentido de compromisso com
a formação do cidadão para um tipo de sociedade" (André, p. 189) e é pedagógico
porque possibilita a efetivação da intencionalidade da escola, que é a formação do
cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo". Essa última é a
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dimensão que trata de definir as ações educativas da escola, visando a efetivação de
seus propósitos e sua intencionalidade (Veiga, p. 12). Assim sendo, a "dimensão
política se cumpre na medida em que em que ela se realiza enquanto prática
especificamente pedagógica" (Saviani, cit por Veiga, 2001, p. 13).
Para Veiga (2001, p. 11) a concepção de um projeto pedagógico deve
apresentar características tais como:
a) ser processo participativo de decisões;
b) preocupar-se em instaurar uma forma de organização de trabalho pedagógico
que desvele os conflitos e as contradições;
c) explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre
os agentes educativos e no estímulo à participação de todos no projeto comum e
coletivo;
d) conter opções explícitas na direção de superar problemas no decorrer do
trabalho educativo voltado para uma realidade especifica;
e) explicitar o compromisso com a formação do cidadão.
A execução de um projeto pedagógico de qualidade deve, segundo a mesma
autora:
a) nascer da própria realidade, tendo como suporte a explicitação das causas
dos problemas e das situações nas quais tais problemas aparecem;
b) ser exeqüível e prever as condições necessárias ao desenvolvimento e à
avaliação;
c) ser uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola,
d) ser construído continuamente, pois com produto, é também processo.
Falar da construção do projeto pedagógico é falar de planejamento no contexto
de um processo participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial,
sendo este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que
tratam do planejamento, como por exemplo Moacir Gadotti, falam simplesmente em
referencial, mas outros, como Danilo Gandin, distinguem nele três marcos: situacional,
doutrinal e operativo.
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PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO:
IGUALDADE ⇒ de oportunidade para acesso e permanência na escola, requer mais
que a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação do atendimento com
simultânea manutenção de qualidade;
QUALIDADE ⇒⇒⇒⇒ esse é o grande desafio que se coloca ao Projeto Político –
Pedagógico da escola propiciar uma qualidade para todos;
Implica duas dimensões indissociáveis : a forma ou técnica e a política.
Segundo DEMO “ a qualidade formal” (....) significa a habilidade de manejar meios,
instrumento, formas, técnicas, procedimentos diante dos desafios do desenvolvimento
(Demo, Pedro 1994, pag.14);
A Qualidade Política ⇒ condição imprescindível da participação, esta voltada para os
fins, valores e conteúdos.
Para Demo significa : “ a competência humana do sujeito em termos de se fazer e de
fazer história, diante dos fins históricos da sociedade humana.” ( Demo, Pedro 1994,
pag. 14).
GESTÃO DEMOCRÁTICA ⇒ princípio consagrado pela Constituição vigente, abrange
as dimensões: pedagógica, administrativa e financeira.
Exige a ruptura com o processo de exclusão presente no sistema educacional
brasileiro. Implica a construção de um P.P.P. voltado para a educação das classes
populares.
Exige o repensar da estrutura de poder da escola (Socialização das Relações de
Poder).
LIBERDADE ⇒ associado ao princípio da autonomia, deve ser considerado também
como liberdade para aprender; ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o saber
direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente.
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VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO⇒ princípio central na discussão do P,P,P. A
qualidade do ensino ministrado na escola e seu sucesso na tarefa de formar cidadãos
capazes de participar da vida sócio-econômica, política e cultural do país relacionam-
se a formação, condições de trabalho e remuneração do magistério.
CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO parte dos princípios de :
igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e valorização do
magistério.
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ⇒⇒⇒⇒ entendido como a própria organização do
trabalho pedagógico da escola. Assim: a análise dos elementos constitutivos da
organização trará contribuições relevantes para construção do P.P.P. considerando: as
finalidades da escola, a estrutura organizacional, o currículo, o tempo escolar, o
processo de decisão as relações de trabalho e avaliação.
FINALIDADES ⇒⇒⇒⇒ referem-se aos efeitos intencionalmente pretendidos e almejados. A
escola define suas finalidades e objetivos buscando a construção da cidadania;
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ⇒⇒⇒⇒ na escola há dois tipos básicos : administrativa e
pedagógica.
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA ⇒⇒⇒⇒ asseguram a locação e gestão de recursos
humanos, físicos e financeiros, isto é, todos os elementos que tem uma forma material.
ESTRUTURA PEDAGÓGICA ⇒⇒⇒⇒ refere-se às interações políticas, às questões de
ensino e aprendizagem e as de currículo. Inclui todos os setores necessários aos
desenvolvimento do trabalho pedagógico.
CURRÍCULO
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Uma construção social do conhecimento,
pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive.
Na organização curricular deve-se considerar alguns pontos básicos:
1º O currículo não é um instrumento neutro (passa ideologia);
2º O currículo não pode ser separado do contexto social ( ele é historicamente situado
e culturalmente determinado);
3º Refere-se ao tipo de organização curricular que a escola deve adotar. Deve ser mais
integradora, buscando reduzir o isolamento entre as disciplinas curriculares,
procurando agrupá-las num todo mais amplo;
4º Refere-se à questão do controle social já que o currículo formal implica controle.
TEMPO ESCOLAR
Um dos elementos constitutivos da organização do trabalho
pedagógico. Para a melhoria da qualidade do trabalho pedagógico é necessário que
escola reformule seu tempo estabelecendo períodos de estudos e reflexão de equipes
de educadores, fortalecendo a escola com instância de educação continuada;
O PROCESSO DE DECISÃO
Precisa ser reformulado prevendo a participação de todos
nesse processo, já que estrutura administrativa da escola deve se adequar a realização
de objetivos educacionais;
AS RELAÇÕES DE TRABALHO
deverão estar colocadas nas atitudes de solidariedade,
de reciprocidade e de participação coletiva, em contraposição à organização regida
pelos princípios da divisão do trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico;
AVALIAÇÃO (Do Projeto Político-Pedagógico)
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Em uma visão crítica, parte da necessidade de se conhecer a realidade escolar,
busca explicar e compreender criticamente as causas da existência de problemas, bem
como suas relações, suas mudanças e se esforça para propor ações alternativas
(criação coletiva).
O processo de avaliação envolve três momentos : a descrição e a
problematização da realidade escolar, a compreensão crítica da realidade descrita
e problematizada e a proposição de alternativas de ação, momento de criação
coletiva.
A Construção de um projeto político pedagógico supõe as seguintes etapas:
1 – ANÁLISE DA SITUAÇÃO⇒⇒⇒⇒ levantar indicadores pessoais e escolares dos alunos (
se possível, comparar esses últimos com avaliações de outras escolas, cidades,
estados) e indicadores sobre a equipe pedagógica; levantar as condições materiais e
financeiras; examinar o entorno da escola e as possibilidades de um trabalho conjunto
ou enriquecido pela comunidade; (Diagnóstico)
2 – DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS: discutir os objetivos nacionais, acrescentando-lhes
outros que atendam a realidade da escola, tendo presentes sua função e seu
compromisso social;
3 – ESCOLHA DAS ESTRATÉGIAS: levantar quais são os pontos fortes e fracos da
escola, identificar quais os que podem ser melhorados sem auxilio externo e quais os
que precisam de apoio externo, estabelecer prioridades, apontar o reforço necessário;
4 – Estabelecimento do cronograma e definição dos espaços necessários;
5 – Coordenação entre os diferentes profissionais e setores envolvidos, zelando
sempre pela primazia do pedagógico sobre as ações culturais e assistenciais;
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6 – IMPLEMENTAÇÃO ⇒⇒⇒⇒ todo processo de execução do projeto político-pedagógico
na dinâmica cotidiana da escola;
7 – ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO ⇒⇒⇒⇒ essas etapas
podem sobrepor-se e devem ser acompanhadas e avaliadas permanentemente.
Acompanhar no sentido de interferir, mudar e avaliação com o recurso pedagógico
administrativo que impulsiona ações para corrigir e aperfeiçoar o projeto.
O Projeto Pedagógico tem quatro níveis:
1º Nível Missão – define o que se quer
2º Nível Fundamentos – ético político, epistemológico, didático pedagógico.
3º Nível Proposta educacional
4º Nível Projeto disciplina
NÍVEL 1 – A MISSÃO ⇒ a missão indica a grande finalidade da instituição. Ela justifica
os outros três níveis. Quem a define é a mantenedora.
NÍVEL 2 – OS FUNDAMENTOS⇒ neles estão especificadas os grandes princípios
orientadores dos planejamentos, e das ações dos membros e das ações dos membros
da comunidade educativa da Escola.
São três os fundamentos Ético-políticos : Epestimológicos e Didáticos Pedagógicos.
Quem os define é a Direção da Instituição.
Ético-políticos : valores
Epistemológico : conhecimento
Didático pedagógico : relações
Conhecimento é a capacidade de estabelecer relações significativas em uma
sociedade simbólica.
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NÍVEL 3 – PROJETOS SETORIAIS⇒ cada setor, com base nos fundamentos
propostos pela instituição, elabora o conjunto de princípios orientadores para seu setor
definindo objetivos, metodologia, conteúdos e especificidades.
A elaboração é da responsabilidade do chefe do setor e de seus componentes.
TÓPICOS:
1 – Identificação do setor
2 – Justificativa
3 – Objetivos
4 – Metodologia
5 – Conteúdos
6 – Especificidades
NÍVEL 4 – PROJETOS DISCIPLINA⇒ para cada disciplina do currículo, os professores
elaboram o Projeto Disciplina, especificando à luz dos princípios anteriores, os
objetivos específicos da disciplina, a metodologia adequada, os conteúdos a serem
abordados, as especificidades da matéria e a forma de avaliação aconselhada.
TÓPICOS:
1 – Diagnóstico : como está
2 – Objetivos : o que se deseja
3 – Metodologia : qual o caminho
4 – Conteúdos : o que abordar
5 – Especificidades : particularidades
6 – Avaliação : objetivos atingidos
ROTEIRO PARA ORIENTAR A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO POLÍTICO
PEDAGÓGICO
SUMÁRIO
Identificação da Escola .....................................................................................
Filosofia da Escola ...........................................................................................
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27
Missão da Escola..............................................................................................
Objetivo Geral ...................................................................................................
Objetivos Específicos ...............................................................................
Justificativa...............................................................................................
Diretor ......................................................................................................
Atribuições Do Diretor ......................................................................................
Atribuições do coordenador ..............................................................................
Atribuições do Secretário Escolar .....................................................................
Atribuições do Agente Administrativo ...............................................................
Serviços Gerais ................................................................................................
Perfil da Merendeira .........................................................................................
Guarda .............................................................................................................
Atribuições dos Alunos .....................................................................................
Pais ..................................................................................................................
Professores ......................................................................................................
Colegiado da Escola ..........................................................................................
Projetos desenvolvidos ......................................................................................
Organização curricular dos cursos .....................................................................
Sistemática de Avaliação ...................................................................................
Bibliografia ..........................................................................................................
Anexos ...............................................................................................................
Referências Bibliográficas FRIEDMAN, Milton e Rose. Liberdade de escolher: o novo liberalismo econômico. Rio de Janeiro, Record, 1982.
FRIGOTO, Gaudêncio. Produtividade da escola improdutiva, 4ª ed – São Paulo: Cortez, 1993.
GADOTTI, Moacir. Escola Cidadã, 4ª ed – São Paulo: Cortez, 1997.
GADOTTI, Moacir. Uma só escola para todos: caminhos da autonomia escolar. Petrópolis, Vozes, 1989.
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28
_____e Romão, José Eustáquio. Projeto da Escola Cidadã. São Paulo, IPF, 1994 (mimeo.). GARCIA, Walter Esteves. Administração educacional em crise. São Paulo, Cortez e Autores Associados, 1991. (Polêmicas do Nosso tempo, v. 46)GIRARDI,
GOMES, Cândido Alberto. Gestão participativa nas escolas; resultados e incógnitas. In: XAVIER, Antonio Carlos da R.; AMARAL SOBRINHO, José & MARRA, Fátima (org.). Gestão escolar: desafios e tendências. Brasília, Ipea, 1994. (Série Ipea, 145): 23-50.
GONÇALVES, Maria Dativa de Salles. Autonomia da escola e neoliberalismo: Estado e escola pública. São Paulo, 1994. Tese de Doutorado. PUC-SP.
GONZALES, Elias Nunes. Conselho de classe participativo, fator de integração na escola.
São Paulo, Loyola, 1987.
HORA, Dinair Leal da. Gestão Democrática na Escola: Artes e Ofícios da Participação Coletiva. Campinas, Papirus, 1994.
PISTRAK, Cd. Fundamentos da escola do trabalho. trad. E apresent. Maurício Tragtenberg. São Paulo, brasiliense, 1981.
Política Educacional para Mato Grosso: uma proposta alternativa, Secretaria de Estado de Educação, Cuiabá – 1995.
PRAIS, Maria de Lourdes Melo. Administração colegiada na escola pública. Campinas, Papirus, 1990.
RAMOS, Cosete. Pedagogia da qualidade total. Rio de Janeiro, Qualitymark, 1994.
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INDICAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL PELO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Texto a ser apresentado na Audiência Pública promovida pelo CNE, em São Paulo,
em 20.10.09. Ele foi elaborado com base no documento “Subsídios para Diretrizes
Curriculares Nacionais Específicas da Educação Básica” enviado ao CNE pela
Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares da Educação Básica do MEC e
revisto a partir da reunião da CEB / CNE, em Brasília, no dia 5 de agosto de 2009,
do encontro da UNDIME – Região Norte e do MIEIB em Santarém-PA, ocorrido em
14 de Agosto de 2009, e das Audiências Públicas realizadas em São Luis do
Maranhão, em 28 de Agosto de 2009, em Brasília, em 05 de Outubro de 2009 e na
ANPED, em 06 de Outubro de 2009. Contou ainda com a colaboração de vários
segmentos da sociedade civil e de vários educadores.
1. A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches
e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos
que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e
cuidam de crianças de até 6 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou
parcial (de, no mínimo, quatro horas), regulados e supervisionados pelo sistema de
ensino competente e submetidos a controle social.
2. O currículo da Educação Infantil é, nessas Diretrizes, concebido como um
conjunto sistematizado de práticas corporais, culturais, ecológicas e sociais, no qual
se articulam as experiências e os saberes das crianças, de suas famílias, das
professoras e professores, dos demais profissionais e de suas comunidades de
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pertencimento, com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural,
artístico, científico e tecnológico historicamente elaborado.
3. A organização das instituições de Educação infantil deve orientar-se pelos
seguintes fundamentos e compromissos:
a) O direito da criança e da família, sem qualquer requisito de seleção.
b) O dever do Estado com a garantia da oferta pública, gratuita e de qualidade.
c) A indissociabilidade entre o educar e o cuidar.
d) A qualidade da educação, comprometida com o crescimento, o desenvolvimento
integral, o cuidado, o bem-estar, o contato com a natureza, a aprendizagem, a
formação humana, o acesso ao conhecimento culturalmente produzido, os direitos
fundamentais, a participação e a cidadania, a diversificação das experiências
afetivas, sensoriais, lúdicas, linguísticas, estéticas, cognitivas e sociais das crianças.
e) A função social, política e pedagógica das creches e pré-escolas como
instituições que compartilham com a família e a comunidade a responsabilidade de
educar e cuidar as crianças e de oferecer-lhes as melhores condições e recursos
construídos culturalmente para que vivam suas infâncias e como espaços
privilegiados de convivência e ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes
naturezas.
f) A gestão democrática com a criação de mecanismos de participação coletiva e a
elaboração e o acompanhamento do Projeto Político-pedagógico pelas professoras
e professores, demais profissionais da instituição, famílias, comunidade e, sempre
que possível, da criança.
g) O reconhecimento da criança como sujeito ativo que se constitui histórico-
culturalmente e que, nas interações e relações sociais que estabelece com adultos e
crianças de diferentes idades, brinca, aprende, observa, deseja, faz amizades,
experimenta, questiona, exerce a imaginação e a fantasia, constrói sentidos, produz
história e também cria cultura.
h) A efetivação de práticas intencionalmente planejadas que considerem a
integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva,
lingüística, ética, estética e sociocultural das crianças, e que se estruturem na
instituição por meio de modalidades espaciais e temporais que assegurem as metas
educacionais de seu Projeto Político-pedagógico.
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i) As especificidades e interesses singulares e coletivos dos bebês e das demais
faixas etárias de crianças de zero a seis anos de idade, assim como a promoção das
interações entre crianças de mesma idade e crianças de diferentes idades.
j) A dimensão do cuidado no seu caráter ético, orientada pela perspectiva de
promoção da qualidade e sustentabilidade da vida e pelo princípio da proteção
integral da criança.
k) A necessária relação de escuta e diálogo cotidianos com as famílias, respeitando
os diferentes arranjos familiares.
l) A relação positiva e a apropriação criativa das contribuições histórico-culturais dos
povos indígenas, descendentes de africanos, asiáticos, europeus e de outros países
da América, contemplando a diversidade cultural, étnico-racial e social de nosso
país.
m) O reconhecimento, a valorização, o respeito e o contato das crianças com as
histórias e culturas africanas e afro-brasileiras, bem como o combate ao racismo e
discriminação.
n) A valorização da diversidade das crianças e de suas famílias, por meio de
brinquedos, imagens e narrativas que promovam a construção por elas de uma
identidade positiva em relação a seus grupos de pertencimento.
o) A promoção de ações educativas de combate às discriminações de gênero,
étnico-raciais, sócio-econômicas, religiosas e em relação a pessoas com
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação;
p) A acessibilidade de espaços, materiais, procedimentos e formas de comunicação
às especificidades e singularidades das crianças, em especial às crianças com
deficiência, transtornos de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, de
modo a possibilitar que elas participem das atividades curriculares com os colegas.
q) A dignidade da criança como pessoa humana e a proteção contra qualquer forma
de violência – física ou simbólica – ou negligência no interior das instituições de
Educação Infantil ou pelas famílias assim como o encaminhamento de violações
para as instâncias competentes.
r) O atendimento às crianças com mais de 6 anos no ano em que completarem essa
idade após o corte legal para a entrada no Ensino Fundamental.
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4. As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes
princípios:
a) Éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem
comum e ao meio ambiente;
b) Políticos dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à
ordem democrática;
c) Estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de
manifestações artísticas e culturais.
5. As instituições de educação infantil, nos termos da lei, têm como finalidade a
promoção do desenvolvimento integral da criança e para isso devem:
5.1 assegurar às crianças condições materiais, relacionais, de organização dos
espaços, tempos e das atividades para:
a) expressão da imaginação e outras manifestações simbólicas nos gestos, no
corpo, na oralidade e/ou na língua de sinais, no faz de conta, nas representações
gráficas;
b) acolhimento, respeito, carinho e conforto nas situações de sono, higiene, fome,
sede, e em todos os momentos em que se encontram na instituição de educação
infantil;
c) manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades e consideração dessas
manifestações na orientação das práticas educativas;
d) deslocamentos e movimentos amplos nos espaços internos e externos às salas
de referência das turmas e à instituição;
e) exploração e brincadeira com objetos e materiais diversificados, que contemplem
as particularidades dos bebês e das crianças maiores, as condições específicas das
crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades, e as diversidades sociais, culturais, étnico-raciais e lingüísticas;
f) acesso a espaços culturais diversificados: inserção em práticas culturais da
comunidade, participação em apresentações musicais, teatrais, fotográficas e
plásticas, visitas a bibliotecas, brinquedotecas, museus, parques etc.
g) brincadeiras e convívio com elementos da natureza, e exploração de espaços
naturais, permitindo a construção de uma relação identitária com o meio ambiente;
5.2 assegurar condições para a organização:
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a) do tempo cotidiano em práticas que equilibrem continuidade e inovação nas
atividades, movimentação e concentração, segurança e desafios na participação das
crianças, e articulem ritmos individuais, vivências pessoais e experiências coletivas
com crianças e adultos;
b) de espaços acolhedores, desafiadores, saudáveis e inclusivos, que facilitem as
interações entre as crianças e a construção da cultura de pares, e favoreçam o
contato com a diversidade de produtos culturais (livros de literatura, brinquedos,
objetos e outros materiais), de manifestações artísticas e com elementos da
natureza;
c) da infra-estrutura e do funcionamento da instituição de modo a garantir ao espaço
físico adequada ventilação, insolação, luminosidade, higiene, segurança e
dimensões em relação ao tamanho dos grupos e das atividades realizadas;
d) de diversas formas de agrupamento das crianças (grupos de mesma idade e
grupos de diferentes idades), com base em critérios estritamente pedagógicos,
respeitando o desenvolvimento físico, social e linguístico de cada uma, de modo a
favorecer-lhes diferentes experiências de interações.
e) de ações de inclusão das crianças nos modos culturais de alimentação e de
cuidados pessoais que sejam sensíveis às vivências e especificidades etárias e
promotoras de gradativa autonomia da criança em relação ao cuidar de si.
6. As práticas corporais, culturais, ecológicas e sociais que compõem a proposta
curricular da instituição devem ter como eixos estruturantes a brincadeira e as
interações.
6.1 São nas brincadeiras e nas interações que se renovam e se articulam os saberes
das crianças, de suas famílias, das professoras e professores e a produção cultural,
artística, científica e tecnológica.
6.2 A proposta curricular deve contemplar, dentre outras, experiências que:
- promovam a exploração dos movimentos e a expressividade afetiva e gestual, a
sensação, a percepção e o conhecimento do mundo pelo próprio corpo, de modo a
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atender as especificidades etárias, desejos, interesses, curiosidades e necessidades
individuais e coletivas das crianças, e valorizar as diferentes expressões de
corporeidade (formas, cabelos, tons de pele).
- possibilitam às crianças vivências éticas na relação com outras crianças e com
seus grupos culturais e étnico-raciais em um ambiente de educação coletiva que
alarguem os padrões de referência das crianças e permitam a construção de
múltiplas identidades no diálogo e reconhecimento das diferenças.
- façam a mediação da exploração, da expressão da curiosidade, do questionamento
e do conhecimento das crianças em relação ao mundo físico, social e natural, as
coisas, ao tempo, ao espaço e à natureza, e em relação às quantidades e relações
matemáticas;
- ampliam as possibilidades comunicativas com uso de diferentes linguagens,
incluindo a língua de sinais.
- possibilitam a apreciação, a interação e o progressivo domínio das crianças das
várias formas de expressão oral e escrita, assim como seu convívio com diferentes
gêneros orais e escritos e suportes textuais.
- possibilitam às crianças o relacionamento com diversos gêneros e manifestações
de música, cultura popular, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança,
teatro, poesia e literatura.
§ A instituição de Educação Infantil, no processo coletivo de elaboração de sua
proposta curricular, deverá explicitar sua concepção de educação infantil e de
infância e detalhar o modo de organização e integração dessas experiências.
7. As propostas curriculares na educação infantil para crianças de comunidades
indígenas devem:
a) proporcionar uma relação viva com as memórias da sua comunidade indígena;
b) reafirmar a identidade étnica e a língua como elementos de constituição das
crianças;
c) articular-se às práticas sócio-culturais de educação e cuidado coletivos de
crianças da comunidade indígena;
d) valorizar os conhecimentos de sua cultura indígena.
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8. As propostas pedagógicas de Educação Infantil de filhos de agricultores
familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e
acampados da reforma agrária, quilombolas, caiçaras, e outras, devem:
a) refletir uma relação orgânica com a cultura, as tradições, os saberes e as
identidades dessas populações;
b) orientar-se por estratégias que garantam o atendimento às especificidades dessas
comunidades - tais como a flexibilização e adequação no calendário, nos
agrupamentos etários e na organização de tempos, atividades e ambientes - em
respeito às diferenças quanto à atividade econômica e à política de igualdade e sem
prejuízo da qualidade do atendimento;
c) prever a oferta de materiais didáticos, brinquedos e outros equipamentos em
conformidade com a realidade da comunidade e as diversidades dos povos do
campo;
d) evidenciar o papel dessas populações na produção do conhecimento sobre o
mundo.
9. As instituições de Educação infantil devem criar procedimentos para
acompanhamento do trabalho pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das
crianças, sem objetivo de seleção, ou classificação, garantindo:
a) a observação crítica e criativa das brincadeiras e interações das crianças no
cotidiano, e a utilização de múltiplos registros realizados por adultos e crianças
(relatórios, fotografias, desenhos, álbuns etc.);
b) a continuidade dos processos de aprendizagem por meio da criação de
estratégias adequadas aos diferentes momentos de transição vividos pela criança
(transição casa/instituição de Educação Infantil, transições no interior da instituição,
transição creche/pré-escola e transição pré-escola/Ensino Fundamental);
c) que não haja instrumentos ou mecanismos de retenção das crianças na Educação
Infantil.