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Daniela Marques Garcia
Ketty de Moura Morais
O TRABALHO E A SAÚDE DOS PROFESSORES DE ENSINO
SUPERIOR
Bragança Paulista
2009
Daniela Marques Garcia - RA 001200600136
Ketty de Moura Morais - RA 001200701421
O TRABALHO E A SAÚDE DOS PROFESSORES DE ENSINO
SUPERIOR
Bragança Paulista
2009
Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho
de Conclusão de Curso, do Curso de Enfermagem,
do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, da
Universidade São Francisco, sob orientação da
Professora Ms. Elaine Reda como exigência para a
conclusão do curso de graduação.
DEDICATÓRIA
Eu, Daniela, dedico este trabalho a meus pais Dalva e Darnei por estarem comigo
compartilhando e contribuindo em todos os momentos da minha vida e terem me dado essa
oportunidade de realizar esse meu sonho.
A minha mãe em especial, por ser um exemplo de mulher batalhadora e que durante todos os
anos da minha graduação esteve me apoiando, me incentivando sempre e dividindo comigo
momentos de alegrias, risadas, choros e angústias.
À minha irmã Dalila por dividir comigo momentos da minha vida.
A amiga Ketty por ter compartilhado comigo momentos de medo, ansiedade, pela paciência,
compreensão, companheirismo e grande amizade.
A Prof Ms. Elaine Reda por ser esse exemplo de professora, pela orientação,
companheirismo e dedicação na realização desse trabalho.
À grande amiga Vânia Bacci pelos bons momentos compartilhados, pelas sinceras palavras
de carinho, pela amizade que vou levar para a vida.
Às queridas Ana Cláudia Braga e Fernanda Padilha, minhas eternas amigas-irmãs que de
alguma forma me ajudaram pelo simples fato de existirem, não poderia esquecer neste
momento, são amizades especiais que levarei comigo sempre.
As companheiras Aline, Dayane, Edilaine e Viviane, minha segunda família durante a
graduação, pela compreensão e por me entenderem nos momentos difíceis.
A todos os meus amigos e familiares que de maneira direta ou indiretamente contribuíram
para a realização do mesmo.
Eu, Ketty, dedico este trabalho primeiramente a Deus, que sempre me iluminou nessa
caminhada e pela grande oportunidade de concluir esse sonho.
Aos meus pais, Vanda e Moises, meu irmão Kleber e meu avô Geraldo que me apoiaram
durante todo o percurso da graduação, ao quais devo, em grande parte, o que sou, tenho
certeza que essa realização tem grande importância para eles.
Aos meus amigos que me ajudaram e colaboraram de alguma forma.
E aos anjos que Deus colocou no meu caminho, são eles:
Minha amiga Daniela por compartilhar momentos de estresse, alegrias, ansiedades,
companheirismo, medos, risadas e saber que no final deu certo e hoje somos grandes amigas.
A Profª. Ms. Elaine Reda pelo estímulo, orientação, atenção, disposição, que nos concedeu
na elaboração desta monografia.
Ao Cristiano por ter-me deixado fazer o trabalho na loja e me ajudar com conselhos
importantes e incentivos.
A uma pessoa mais que especial em minha vida, que foi importante e que será para o resto de
meus dias, porque sem ele eu não teria conseguido.
A minha amiga Natali que sempre esteve ao meu lado me apoiando, pelas palavras de
carinho, pela amizade que vou levar pra vida.
A todos os professores, pelo comprometimento e contribuição na construção do trabalho.
A todos meus amigos, pelo apoio e colaboração.
A todos que contribuíram de alguma forma para a realização desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que sempre nos iluminou durante nossa caminhada.
A Professora Elaine Reda por ser esse anjo em nossas vidas,
pelo estímulo, orientação e atenção que nos foi prestada.
Aos Colegas de graduação pelo diálogo e companheirismo
durante esses quatro anos.
A todos nossos familiares e amigos pelo apoio e colaboração.
Aos professores pela colaboração e atenção que nos foi
concedido para que este se fizesse realizar.
A todos que direta ou indiretamente nos ajudaram a realizar
este trabalho.
´´Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da
vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem
são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles. ``
Augusto Cury
O TRABALHO E A SAÚDE DOS PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR
RESUMO
O ensino, visto como uma prática profissional possui características particulares, geradoras de
fatores causadores de problemas físicos e psíquicos, logo este estudo teve como objetivo
analisar a relação existente entre condições de trabalho e processo saúde-doença dos docentes
dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia da Universidade São Francisco. Tratou-
se de um estudo descritivo, exploratório, de campo, com abordagem quantitativa. O projeto de
pesquisa foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São
Francisco, sendo que a coleta de dados foi realizada com 37 profissionais dos cursos acima
mencionados no período de abril a maio de 2009. Em relação aos principais resultados,
verificou-se que quanto à carga horária dos docentes, 15 (40,5%) tinham uma carga horária
semanal de 31 a 40 horas; 11 (30,0%) de 11 a 20 horas; 06 (16,0%) de 21 a 30 horas; 03
(8,1%) tinham uma carga horária semanal de até 10 horas e 02 (5,5%) tinham uma carga
horária semanal de mais de 40 horas. Em relação a outras atividades desenvolvidas, 19
(51,4%) não exerciam outras atividades e 18 (48,6%) exerciam outras atividades além da
docência. Quanto aos hábitos de vida verificou-se que 25 (67,6%) não eram tabagistas, 08
(21,6%) eram ex-tabagistas e 04 (10,8%) eram tabagistas; 21 (56,7%) consumiam bebidas
alcoólicas socialmente e que 16 (43,3%) não consumiam. Quanto à atividade física verificou-
se que 26 (70,3%) realizavam alguma atividade física e que 11 (29,7%) não realizam. Quanto
ao IMC, 19 (51,3%) apresentaram valores de IMC entre 22 e 26,9 kg/m2; 10 (27,1%) entre 27
e 31,9 kg/m2
e 8 (21,6%) entre 17 e 21,9 kg/m2. Quanto às patologias associadas verificou-se
que 18 (48,7%) referiram não apresentar patologias; 6 (16,2%) referiram apresentar
hipertensão; 6 (16,2%) doenças oftalmológicas; 4 (10,8%) doenças gastrointestinais e 1
(2,7%) doença urológica. Quanto à realização de tratamentos, 27 (72,9%) não realizavam e 10
(27,1%) realizavam. Quanto às principais queixas, verificou-se que 17 (16,2%) referiram
apresentar cansaço mental; 17 (16,2%) cansaço físico; 13 (12,5%) dor muscular e\ ou
cervical; 12 (11,4%) dor de cabeça; 10 (9,6%) referiram não apresentar queixas; 9 (8,5%)
referiram nervosismo; 7 (6,6%) enxaquecas; 6 (5,7%) insônia, entre outras. Quanto ao
afastamento do trabalho 31(83,8%) nunca precisaram se afastar e 6 (16,2%) já se afastaram.
Quanto ao espaço físico, verificou-se que 31(83,8%) responderam que o espaço físico está
adequado e 6 (16,2%) responderam que não está adequado. Quanto aos materiais e
equipamentos necessários, 26 (70,3 %) responderam que atendem as exigências da disciplina.
Quanto à caracterização dos fatores de estresse no ambiente de trabalho destacaram-se: 22
(15,7%) as atividades burocráticas; 17 (12,3%) a desvalorização da carreira profissional; 14
(10%) a conciliação casa / trabalho; 11 (7,8%) a carga horária excessiva; 10 (7,1%) a estrutura
organizacional, 10 (7,1%) as barreiras para implantar inovações, entre outros fatores. Quanto
às estratégias utilizadas para combater o estresse destacaram-se: 24 (24,2%) oportunidades
para conversar e trocar idéias; 23 (23,2%) reservar um tempo para as atividades de lazer; 19
(19,2%) praticar esportes, entre outras estratégias.
Palavras-chave: Trabalho; Saúde do professor; Enfermagem do trabalho.
TEACHER WORK AND HEALTH AT THE SUPERIOR TEACHING
ABSTRACT
Teaching, as a professional technique has many particular points, which could cause physical
and psychologia problems, so this study had a aim figure out the relationship between job
conditions and health-disease process in the people from nursing, physiotherapy and
odontology courses at São Francisco University. This study is descriptive and exploratory of a
certain field with big concern. The research project was submitted to the approval of the
Ethical research committee at São Francisco University, and the data was collected with 37
people form the courses above between April and May, 2009. According to the main results,
it’s clear that among the teaching body, 15 (40,5%) had a job of 31 to 40 hours a week; 11
(30%) 11 to 20; 06(16%) 21 to 30 hours; 30(8,1%) work until 10 hours a week and 2 (5,5%)
work over 40 hours a week. About other developed activities, 19 (51,4%) didn’t do other
activities and 18 (48,6%) took other activities besides teaching. About life habits it was
checked that 25 (67,6%) didn’t take tobacco; 21 (56,7%) drank alcoholic drinks formally and
that other 16 (43,3%) didn’t. According to their physical activities: 26 (70,3%) took some and
11 (28,7%) didn’t. About their IMC, 19 (51,3%) showed values between 22 and 26,9 kg/m;
10 (27,1%) between 27 and 31,9 kg/m and 8 (21,6%) between 17 and 21,9 kg/m. Among the
pathologies associated it was checked that 18 (48,7%) had none; 6 (16,2%) showed
hypertension; 6 (16,2%) had ophthalmological diseases; 4 (10,8%) gastric intestinal disease
and 1 (2,7%) urological disease. About treatments, 27 (72,9%) didn’t realize and 10 (27,1%)
did. Among the main complaints, it was checked that 17 (16,2%) had mental tiredness; other
17 (16,2%) physical tiredness; 13 (12,5%) muscle pain and/ or cervical one; 19 (18%)
headaches; 10 (9,6%) had no complaints; 9 (8,5%) were nervous; 6 (5,7%) insomnia, among
others. About keeping away from work for a while, 31 (83,8%) never needed it and 6 (16,2%)
already did. About the work space, 31 (83,8%) said it is good and the rest said it is not
adequate. About the available material and stuff, 26 (70,3%) answered they are according to
what is necessary. About stress causes in the job environment, 22 (15,7%) bureaucratic
activities; 17 (12,3%) the putting down of the carrier, 14 (10%) how to deal with home/work;
11 (7,8%) working overtime; 10 (7,1%) the difficult to innovate, among others. Among the
strategies used to beat stress some are deserved to be highlighted: 24 (24,2%). Opportunities
to talk and exchange ideas; 23 (23,2%). Some extra time to leisure activities; 19 (19,2%)
playing sports, among other strategies.
Keywords: Work; Teacher health; Job nursing.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterização da amostra estudada segundo idade, sexo, estado civil. Bragança
Paulista, 2009 (n = 37)..............................................................................................................37
Tabela 2 - Caracterização da amostra estudada segundo titulação, tempo de docência, carga
horária semanal e outra atividade além da docência. Bragança Paulista, 2009 (n = 37)..........39
Tabela 3 - Caracterização da amostra estudada segundo hábitos de vida. Bragança Paulista,
2009 (n = 37).............................................................................................................................40
Tabela 4 - Caracterização da amostra estudada segundo IMC, patologias associadas,
realização de tratamento, última consulta médica realizada. Bragança Paulista, 2009
(n = 37)......................................................................................................................................42
Tabela 5- Caracterização do espaço físico e mobiliário. Bragança Paulista, 2009 (n = 37)....50
Tabela 6- Caracterização das condições tecnológicas de trabalho, visando atender as
exigências da disciplina. Bragança Paulista, 2009 (n = 37)......................................................51
Tabela 7- Caracterização das condições físicas do ambiente de trabalho. Bragança Paulista,
2009 (n =37)..............................................................................................................................52
LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Caracterização da amostra estudada quanto aos exames realizados e período de
realização. Bragança Paulista, 2009..........................................................................................44
Quadro 2 – Caracterização da amostra estudada segundo principais queixas e necessidade de
afastamento do trabalho. Bragança Paulista, 2009...................................................................47
Quadro 3- Caracterização da organização da disciplina, segundo tipo de disciplina, curso e
adequação do número de alunos em sala de aula. Bragança Paulista, 2009.............................49
Quadro 4 - Caracterização da amostra estudada segundo os fatores de estresse no ambiente de
trabalho. Bragança Paulista, 2009...........................................................................................................53
Quadro 5- Caracterização da amostra estudada segundo as estratégias utilizadas para
combater o estresse. Bragança Paulista, 2009 ..........................................................................54
SUMÁRIO
1.INTRODUÇAO.....................................................................................................................12
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA ............................................................................................14
2.1 Condições de trabalho e desgaste profissional entre professores...................................14
2.2 Stress ocupacional...........................................................................................................19
2.3 Saúde mental e o trabalho...............................................................................................20
2.4 Cargas de trabalho na atividade docente.........................................................................23
2.5 Qualidade de vida no trabalho........................................................................................24
2.6 Segurança do trabalho e legislação..................................................................................28
2.7 Contribuição do enfermeiro na saúde do trabalhador......................................................31
3.JUSTIFICATIVA...................................................................................................................33
4. OBJETIVOS.........................................................................................................................34
4.1Objetivo geral ..................................................................................................................34
4.2 Objetivos específicos......................................................................................................34
5. MATERIAL E MÉTODO....................................................................................................35
5.1 Tipo de estudo.................................................................................................................35
5.2 Campo de estudo.............................................................................................................35
5.3 População de estudo........................................................................................................35
5.4 Fonte dos dados...............................................................................................................35
5.5 Critérios de inclusão/exclusão........................................................................................35
5.6 Procedimentos.................................................................................................................35
5.6.1 Procedimento ético-legal..............................................................................................35
5.6.2 Procedimento de coleta de dados.................................................................................36
5.6.3 Procedimento de análise dos dados..............................................................................36
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................................37
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................57
8. CONCLUSÕES....................................................................................................................58
REFERÊNCIAS........................................................................................................................62
APÊNDICE A...........................................................................................................................66
APÊNDICE B...........................................................................................................................70
APÊNDICE C...........................................................................................................................71
12
1.0 INTRODUÇÃO
O notável processo de globalização que a sociedade atual vive impõe um ritmo
acelerado de produção tecnológica e altera de maneira profunda as relações desenvolvidas no
mundo do trabalho, provocando, por conseqüência, queda crescente na qualidade de vida da
população trabalhadora (HECKERT et al, 2001). A escola se constitui um importante
ambiente onde tal problemática está presente, sofrendo os impactos das mudanças políticas,
tecnológicas e econômicas decorrentes da globalização.
Somado à problemática citada anteriormente vem o excesso de tarefas burocráticas, a
falta de autonomia e infra-estrutura do ambiente escolar, as relações conflitantes com alunos
e, principalmente, a baixa remuneração, tornando evidente o quadro crônico de depreciação e
desqualificação social, psicológica e biológica dos professores. Emerge dessa situação um
cenário com efeitos adversos, proporcionando aos docentes um conjunto de mal-estares, em
muitos casos desestabilizando a economia psicossomática e gerando doenças diversas, que
influenciam fortemente na qualidade de vida destes profissionais (GOMES, 2002).
Nas pesquisas citadas por Esteve (1999), as queixas apresentadas pelos professores
pesquisados dizem respeito às condições de trabalho, incluindo-se nelas as condições físicas e
as condições psicossociais. Segundo o autor, ressentidos com a desvalorização do seu
trabalho, alguns professores adoecem, mas permanecem trabalhando, enquanto outros optam
por abandonar a docência em busca de melhores condições de trabalho e de saúde em outras
atividades ocupacionais.
O ensino, visto como uma prática profissional possui características particulares,
geradoras de fatores causadores de problemas físicos e psíquicos. O pó de giz, por exemplo,
provoca irritações e alergias na pele e nas vias respiratórias. A necessidade de falar
incessantemente e alterar o tom de voz, repetidas vezes, segundo a clínica médica
especializada, provoca calosidade das cordas vocais. Por último, a quase obrigatoriedade da
13
bipedestação de longa permanência causa sobrecargas musculares e para o sistema
circulatório, provocando desconforto e/ou dor, levando o docente a afastar-se do ambiente de
trabalho e em casos extremos, aposentar-se precocemente ou abandonar a profissão
(CASTRO, 1999; FONSECA, 2001).
Os estudos realizados com professores (tanto os estudos que abordam o estresse como
os que abordam as condições de trabalho e saúde) caracterizam a prática de ensino como um
trabalho dotado de intensificação das relações interpessoais que mobiliza os chamados fatores
psicossociais do trabalho docente (CODO, 1999; ESTEVE, 1999). Os resultados das
pesquisas apontam que a não (ou des) valorização e o não reconhecimento do trabalho
docente, expressos genericamente pela percepção de desrespeito por parte dos alunos (e até
mesmo da sociedade), as condições salariais (que não condizem com a importância e a
responsabilidade social deste trabalho), a necessidade de ampliação da jornada de trabalho
para recompor salário, os aumentos expressivos de alunos em salas de aula, além da luta
permanente por manterem-se no emprego, tudo isso, têm contribuído para a perda de
qualidade da saúde dos professores.
Vê-se, de forma geral, a acumulação do trabalho. As tarefas tendem a serem
diversificadas, mas fragmentadas; vê-se, também, aumentarem as exigências sobre estes
profissionais, que sofrem pressão por metas de produtividade em menor tempo e pela
necessidade de capacitação e atualização constante de conteúdos a serem ministrados.
Crescem as crises (do sistema educacional e nas instituições de ensino), as divergências e o
descaso com a educação no cenário nacional, o que se reflete nas condições de trabalho dos
docentes (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992; CODO, 1999; ESTEVE, 1999).
A produção do conhecimento sobre saúde e trabalho docente no Brasil se incrementa
ao longo da década de 90. Embora incipiente o que já se produziu até o momento revela um
crescimento significativo no número de casos de estresse e burnout entre os docentes (do
14
ensino fundamental, médio e superior) da rede pública e particular, associados ou não a outras
patologias. Observa-se, a partir desses estudos, uma necessidade de aprofundar, ainda mais, a
vinculação dos processos de trabalho aos processos de saúde e adoecimento desses
trabalhadores.
Por outro lado, a organização do trabalho determina as suas cargas, as quais são
definidas por Greco; Gomes (1996) “como exigências ou demandas psicobiológicas do
processo de trabalho”. Considerando que todo o trabalho é constituído de cargas, o trabalho
docente também as tem: cargas físicas – exigências que têm materialidade externa e que se
modificam na interação com o corpo (interação ambiental), e cargas psíquicas – disposições
psicológicas que adquirem materialidade no próprio corpo e se expressam por meio dele
(reações emocionais), que influenciam direta e indiretamente na saúde e na vida dos
professores. Para a compreensão da problemática das alterações da relação entre trabalho e a
saúde de quem trabalha, torna-se importante saber como o trabalho está organizado.
Na concepção de trabalhar a saúde coletivamente no ambiente escolar, não se pode
perder de vista a noção de saúde individual, o que remete à reflexão sobre a saúde dos
professores com os quais se pretende trabalhar, pois uma escola promotora de saúde deve
incluir a idéia do docente saudável, possuindo bem-estar em diversos aspectos, como físico,
mental, espiritual, entre outros.
O professor, portanto, deve ser capacitado a cuidar de si e agir em grupo na defesa da
promoção de qualidade de vida, devendo perceber a escola como espaço de humanização e
promoção de saúde, onde as práticas educativas não devam se limitar às tradicionais ações
pedagógicas, e, sim, a possibilitar também as transformações individuais e sociais (MOURA
et, al, 2007).
Nessa perspectiva, existe pouco conhecimento sobre as condições de trabalho e a
saúde do professor na escola, principalmente sobre a qualidade de vida de docentes do ensino
15
superior, os quais, geralmente, subestimam as suas necessidades de saúde e se conformam
com o quadro desanimador em que se encontram o que chama a atenção para a necessidade
do desenvolvimento de ações de promoção de saúde para este grupo de trabalhadores.
Embora já se saiba que há algum tempo os efeitos nocivos que podem ser ocasionados
por determinadas atividades laborais, o aprofundamento de estudos referentes a esta temática
na educação é recente (WERNICK, 2000).
Logo, o presente estudo tem como finalidade analisar um setor profissional que tem
ganhado visibilidade científica: o trabalho e a saúde dos professores do ensino superior.
16
2.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CONDIÇÕES DE TRABALHO E DESGASTE PROFISSIONAL ENTRE
PROFESSORES.
Trabalho, Educação, Saúde. Trata-se de um trinômio que fundamenta a construção e
desenvolvimento de uma sociedade e de uma nação, enfatizada geralmente, nos projetos de
governo e nos discursos políticos, mas nem sempre bem cuidados (ESTEVE, 1999).
As Universidades são centros de produção e difusão do conhecimento, que
fundamenta a formação profissional e pessoal dos futuros trabalhadores, e, por conseguinte, o
desenvolvimento da organização social (ESTEVE, 1999).
O mundo do trabalho e da produção, cada vez mais competitivo no campo da
economia e da participação social e política, imprimem mudanças nas relações de
compromisso, nos contratos e nos valores sociais, deixando marcas indeléveis na vida das
pessoas, que se esforçam para desenvolver capacidades de enfrentamento, de esquiva ou de
controles constantes sobre os processos de manutenção da saúde física e psicológica
(ESTEVE, 1999).
A docência é uma das mais antigas ocupações e a figura do professor é anterior à
criação das instituições de ensino. A docência e os processos de ensino-aprendizagem vêm se
modificando ao longo da institucionalização dos processos de formação profissional,
especialmente em função das transformações no mundo do trabalho e da produção, das
mudanças culturais e da evolução tecnológica, que repercutiram e repercutem sobre as
condições de vida e trabalho dos professores (CODO, 1999).
Para Esteve (1999), professores de todas as partes do mundo tiveram que se adaptar às
características evolutivas dos processos de trabalho na docência, ainda que, na maioria das
vezes, não se tenha evoluído necessariamente na melhoria das condições objetivas neste tipo
de exercício profissional.
17
Os professores e educadores, em geral, ocupam um lugar especial no processo social e
produtivo. Realizam atividades de assistência interpessoal e de dedicação no aprendizado dos
outros, invariavelmente os colocando numa condição de maior predisposição aos chamados
transtornos psicossociais no trabalho que, associados aos agravos na condição física (no caso
das Lesões por Esforços Repetitivos - LER, por exemplo), acentuam os desgastes
profissionais (ESTEVE, 1999).
Dentre os principais transtornos psicossociais no trabalho, destacam-se as neuroses do
trabalho, a fadiga psicológica, o estresse e a síndrome da desistência. Aubert (1996) faz uma
distinção entre estresse profissional e neurose profissional. O primeiro é caracterizado como
perturbação no indivíduo decorrente da excessiva mobilização de sua “força adaptativa” para
o enfrentamento de demandas de seu ambiente laboral que extrapolam suas capacidades
físicas ou psíquicas atuais. É de caráter passageiro quando os fatores desencadeantes podem
ser controlados. A neurose profissional é descrita como “um estado de desorganização
persistente da personalidade, com conseqüente instalação de uma patologia, vinculada a uma
situação profissional ou organizacional determinada”.
A produção do conhecimento sobre saúde e trabalho docente no Brasil é incrementada
ao longo da década de 90. Embora incipiente o que já se produziu até o momento revela um
crescimento significativo no número de casos de estresse e da síndrome da desistência
(burnout) entre os docentes, associados ou não a outras patologias (ESTEVE, 1999).
As pesquisas de Esteve (1999) e de Codo (1999) afirmam que as condições de trabalho
dos docentes brasileiros, a exemplo das condições de trabalho dos docentes americanos e
europeus são consideradas precárias e têm sido apontadas, nas pesquisas atuais, como
geradoras de adoecimento físico e psicológico. A reversão da situação de saúde depende da
elucidação dos fatos: depende de se saber, com clareza, em que condições trabalham os
docentes brasileiros. A profissão docente, existente há séculos, atravessa
18
contemporaneamente um dos seus piores momentos. O mestre visto antes como uma figura
profissional essencial para a sociedade, é hoje um profissional que luta pela valorização e
reconhecimento social do seu trabalho. Daqueles que persistem na profissão, muitos já
apresentam sinais de adoecimento físico ou psicológico com diagnósticos conhecidos e causas
desconhecidas.
Verificou-se que os profissionais docentes começaram a demonstrar sinais de
alterações das condições de trabalho e de saúde nos países Europeus (Suécia, França,
Alemanha e Reino Unido) no início da década de 80. O estresse e a Síndrome da desistência
eram apontados como os principais problemas entre professores naquela época, com
implicações sobre o absenteísmo por doença e abandono da profissão, como relata Esteve em
seus estudos publicados, pela primeira vez, em 1987 (ESTEVE, 1999).
Nas pesquisas citadas por Esteve (1999), as queixas apresentadas pelos professores
estão relacionadas às condições físicas e psicossociais do trabalho. Ressentidos com a
desvalorização do seu trabalho, alguns professores adoecem, mas permanecem trabalhando,
enquanto outros optam por abandonar a docência em busca de melhores condições de trabalho
e de saúde em outras atividades ocupacionais.
No Brasil, seguindo essa tradição de pesquisas, Helga Reinhold publica, em 1985, um
estudo sobre as fontes e os sintomas de estresse ocupacional em professores, apontando a
precariedade das condições de trabalho como a principal causa dos eventos estressores que
ocorrem nesses profissionais. Anteriormente, a tendência entre os professores era de
apresentar, ou melhor, registrar em seus pedidos de afastamentos ou em suas fichas de saúde,
problemas de ordem física, especificamente, problemas de distúrbios da voz como a
calosidade das cordas vocais e disfonia, que foram documentados em pesquisas da década de
90 (TENOR; GARCIA, 1999).
19
O ensino, visto como uma prática profissional possui características particulares,
geradoras de fatores causadores de problemas físicos e psíquicos. O pó de giz, por exemplo,
provoca irritações e alergias na pele e nas vias respiratórias. A necessidade de falar
incessantemente e alterar o tom de voz repetida vezes, segundo a clínica médica
especializada, provoca calosidade das cordas vocais. Por último, a quase obrigatoriedade da
bipedestação de longa permanência causa sobrecargas musculares e para o sistema
circulatório, provocando desconforto e/ou dor, levando o docente a afastar-se do ambiente de
trabalho e em casos extremos, aposentar-se precocemente ou abandonar a profissão
(CASTRO, 1999; FONSECA, 2001).
Os estudos realizados com professores (tanto os estudos que abordam o estresse como
os que abordam as condições de trabalho e saúde) caracterizam a prática de ensino como um
trabalho dotado de intensificação das relações interpessoais que mobiliza os chamados fatores
psicossociais do trabalho docente (CODO, 1999; ESTEVE,1999).
Os resultados das pesquisas apontam que a não desvalorização e o não reconhecimento
do trabalho docente, expressos genericamente pela percepção de desrespeito por parte dos
alunos (e até mesmo da sociedade), as condições salariais (que não condizem com a
importância e a responsabilidade social deste trabalho), a necessidade de ampliação da
jornada de trabalho para recompor salário, os aumentos expressivos de alunos em salas de
aula, além da luta permanente por manterem-se no emprego, tudo isso, têm contribuído para a
perda de qualidade da saúde dos professores (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992).
Verifica-se que o professor é contratado para realizar tarefas prescritas como ministrar
aulas (e conteúdos), orientar pesquisas e leituras e acompanhar o desenvolvimento dos alunos,
na perspectiva de avaliá-los no momento oportuno. É de sua competência aprovar ou reprovar
o aluno, em relação ao conhecimento e domínio dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula
e em laboratórios de ensino e de pesquisa. É dele a competência de atestar ou não o
20
aproveitamento do aluno durante o período letivo e se ele está apto a seguir em frente e
assimilar novos conteúdos. Na verdade, essa competência envolve crítica, autocrítica e
responsabilidade por parte do professor. A autonomia, mesmo que regulada pela direção do
Departamento ou da Universidade, não tira do professor a flexibilidade em administrar seu
próprio cotidiano de trabalho. Ao avaliar o que julga essencial em termos de transmissão de
conhecimento, o professor tem a liberdade, em sala de aula, de administrar as atividades de
acordo com seu senso crítico e sua criatividade (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992).
Esse é um dos aspectos que faz com que o trabalho do professor não se torne rotina,
dado que é a sua capacidade de poder interagir que leva o aluno a participar como sujeito
ativo no processo de ensino-aprendizagem. Ainda que, porventura, as tarefas da docência
possam ser repetitivas, é a forma de executá-las que as torna interessantes, qualificando o
trabalho do professor, afastando-o da monotonia, característica do trabalho constituída por
tarefas repetitivas e fragmentada (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992).
O saber construído ao longo do processo de formação profissional do professor é
confrontado com a realidade do trabalho de ser responsável pela educação de duas, três ou até
quatro turmas de quarenta alunos (número médio de alunos por turma), com duas ou mais
disciplinas diferentes para ministrar durante o ano letivo (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992;
CODO, 1999).
De uma forma geral, o professor recorre a esforços extras para atualizar
conhecimentos e instrumentalizar-se em novas tecnologias didático-pedagógicas, cumprindo
uma jornada de trabalho que extrapola em horas semanais a jornada prevista em seu contrato
de trabalho. As demais tarefas, consideradas atividades burocráticas como, por exemplo, o
preenchimento dos diários de classe, o registro da freqüência e da avaliação dos alunos são
atividades rotineiras e, portanto desinteressantes, na maioria dos casos executadas no
domicílio do professor (WENZEL, 1991; TENFEN, 1992; CODO, 1999).
21
Para Esteve (1999), o trabalho docente é composto de várias atividades e ele não pode
ser decomposto e dividido entre vários professores, como é possível dividir o trabalho em
uma linha de montagem. Este é um trabalho que é iniciado e terminado pelo mesmo
trabalhador. De fato, o trabalho docente requer habilidades intelectuais, mas não está isento de
habilidades físicas. A realização das atividades, intra ou extraclasse exige do professor
condições físicas e psicológicas, pois as atividades envolvem esforço físico (necessidade de
força e resistência muscular para a busca de informações atualizadas, transporte de livros e
materiais e ficar sentado ou em pé por tempo prolongado escrevendo ou desenhando – o que
envolve gasto energético/calórico e alterações fisiológicas) e esforço mental (para as
exigências cognitivas e psíquicas).
2.2 STRESS OCUPACIONAL
Atualmente a palavra estresse tem sido muito recorrida, associada a sensações de
desconforto, sendo cada vez maior o número de pessoas que se definem como estressadas ou
relacionam a outros indivíduos na mesma situação. O estresse é quase sempre visualizado
como algo negativo que ocasiona prejuízo no desempenho global do indivíduo. O estresse
não deve ser entendido como uma condição estática, pois é um fenômeno bastante complexo
e dinâmico (LIPP, 2002).
O estresse é difícil de conceituar e pode ser entendido de formas distintas. Existem
três formas de definição: como estímulo, como resposta ou interação ou como transação
entre ambiente interno e externo do Indivíduo. Admitem-se estas três questões envolvidas na
conceituação segundo distintas abordagens: (1) como estímulo, com o enfoque no impacto
dos estressores; (2) como resposta, quando examina a tensão produzida pelos estressores; e
(3) como processo, quando entendido a partir da interação entre pessoa e ambiente
(DEJOURS, 1992).
22
Estas diferenças de abordagem têm propiciado o questionamento se o estresse é uma
demanda do ambiente, uma característica do indivíduo ou uma interação entre indivíduo e o
ambiente; este fenômeno ainda não está devidamente respondido. O estresse é um processo
psicológico e a compreensão dos eventos oposta da pessoa que define o estresse mais a
percepção do indivíduo sobre a situação (FARIA, 2004).
As situações de estresse e as suas conseqüências sobre a saúde humana constituem
objeto de inúmeros estudos em todo o mundo, havendo múltiplas correntes teóricas de
compreensão desse fenômeno. Denomina-se estresse ocupacional aquele oriundo do
ambiente de trabalho, embora não exista consenso quanto à sua definição entre os diversos
pesquisadores desse assunto (LIPP, 2002).
A quantidade de estresse que cada pessoa experimenta pode ser modulada por fatores
como experiência no trabalho, nível de habilidade, padrão de personalidade e auto-estima. O
estresse ocupacional constitui experiência extremamente desagradável, associada a
sentimentos de hostilidade, tensão, ansiedade, frustração e depressão, desencadeadas por
estressores localizados no ambiente de trabalho. Os fatores contribuintes para o estresse
ocupacional vão desde as características individuais de cada trabalhador, passando pelo
estilo de relacionamento social no ambiente de trabalho e pelo clima organizacional, até as
condições gerais nas quais o trabalho é executado (LIPP, 2002).
Numa das abordagens mais produtivas sobre o estresse ocupacional, o estresse é um
problema negativo, de natureza perceptiva, resultado da incapacidade de lidar com as fontes
de pressão no trabalho. Provoca conseqüências sob forma de problemas na saúde física e
mental e na satisfação no trabalho, comprometendo o indivíduo e as organizações (LIPP,
2002).
Os estressores do ambiente de trabalho podem ser categorizados em seis grupos:
fatores intrínsecos para o trabalho (condições inadequadas de trabalho, turno de trabalho,
23
carga horária de trabalho, contribuições no pagamento, viagens, riscos, nova tecnologia e
quantidade de trabalho), papéis estressores (papel ambíguo, papel conflituoso, grau de
responsabilidade para com pessoas e coisas), relações no trabalho (relações difíceis com o
chefe, colegas, subordinados, clientes sendo diretamente ou indiretamente associados),
estressores na carreira (falta de desenvolvimento na carreira, insegurança no trabalho
devido a reorganizações ou declínio da indústria), estrutura organizacional (estilos de
gerenciamento, falta de participação, pobre comunicação), interface trabalho-casa
(dificuldade no manejamento desta interface) (COOPER, 1996).
Ensinar é uma atividade em geral altamente estressante, com repercussões evidentes
na saúde física, mental e no desempenho profissional dos professores. Dentre as
repercussões mais relatadas destacam-se doenças cardiovasculares, distúrbios advindos do
estresse, labirintite, faringite, neuroses, fadiga, insônia e tensão nervosa (COOPER, 1996).
O estresse ocupacional pode ser constatado entre os docentes pelos seus problemas
de saúde e pela redução na freqüência ao trabalho. Fatores psicológicos ligados ao estresse
docente incluem ansiedade, depressão, irritabilidade, hostilidade e exaustão emocional
(CAPEL, 1987).
2.3 SAÚDE MENTAL E O TRABALHO
Ao longo do desenvolvimento do capitalismo, a concepção do que seja a saúde do
trabalhador modificou-se, passando do patamar da 'preocupação com a sobrevivência do
corpo' para a 'preocupação com a saúde mental do trabalhador'. A gestão da saúde foi sendo
incorporada às novas formas de gestão dos empreendimentos capitalistas, mas a despeito
disso, o sofrimento no trabalho continua expresso em manifestações como estresse, fadiga
crônica, burnout, etc (VASCONCELOS; FARIA, 2008).
24
A compreensão da relação entre trabalho e Saúde Mental tem sido, há várias décadas,
objeto de estudo de pesquisadores. Essas pesquisas tiveram início nos anos 50 com o estudo
de Lê Guillant (1954) e Sivadon (1952, 1957) sobre as afecções mentais que poderiam ser
ocasionadas pelo trabalho. Na década de 1980, Christophe Dejours, psiquiatra francês,
introduziu uma nova teoria sobre a relação entre trabalho e o sofrimento psíquico. Pesquisas
que buscavam encontrar doenças mentais caracterizadas em operários semi qualificados
evidenciaram não doenças mentais clássicas, mas fragilizações que favoreciam o surgimento
de doenças do corpo. Além disso, constataram-se comportamentos estranhos, paradoxais
(estratégias defensivas) e consumo de bebidas alcoólicas (DEJOURS, 1992).
As pesquisas mostraram que pressões eram decorrentes da organização do trabalho
(divisão das tarefas, repetição, cadência, hierarquia, comando, controle). Para Dejours
(1992), as condições de trabalho têm como alvo o corpo, enquanto que a organização do
trabalho atinge o funcionamento psíquico.
A organização do trabalho pode apresentar-se como fator de fragilização mental dos
indivíduos, o que torna as organizações como parte responsável pela Saúde Mental de seus
integrantes. De acordo com os dados divulgados pela Fundacentro (2007), entre 2000 e 2005
foram registradas 144.789 doenças relacionadas ao trabalho, e pesquisas do Laboratório de
Saúde do Trabalhador da Universidade de Brasília demonstram um aumento de 260% do
número de afastamentos por doenças mentais entre os anos de 2000 a 2006. Atualmente, 83
mil brasileiros se afastam do trabalho todo ano por problemas de Saúde Mental. Em 2006, os
transtornos de humor representaram o segundo motivo de ausência de trabalho e, nesse
mesmo ano, o custo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) com auxílio-doença para
quem sofria de transtornos neuróticos e relacionados ao estresse foi de R$ 90 milhões
(MELLO, 2008).
25
O aumento do número de registro de doenças relacionadas ao trabalho a cada ano
instiga os pesquisadores a investigar a relação entre o surgimento de doenças (físicas,
mentais ou psicossomáticas) e a organização do trabalho e as modificações nas relações
sociais de produção, principalmente a partir da década de 1970. Muitas mudanças ocorreram
a partir desta data, entre elas: revolução tecnológica, interdependência global das sociedades
econômicas e políticas, reestruturação produtiva (gestão flexível, formação de redes, fusões,
incorporações etc.), o capital financeiro circulando com mais desenvoltura, geração de um
novo sistema de comunicação digital, entre outras (FARIA, 2004).
Atualmente, as práticas de Saúde Mental, coexistem com uma pressão por
produtividade crescente, num ambiente extremamente competitivo, no qual o indivíduo deve
estar sempre pronto para mudar e se adaptar às demandas do mercado. Nesse sentido, pode-
se perguntar: quais as relações entre a Saúde Mental do trabalhador e as demandas,
especialmente as que exigem maior produtividade, agilidade, perfeição, criatividade e
atualização constante (CODO, 2004)?
O estudo das relações entre o processo de trabalho docente, as reais condições sob as
quais ele se desenvolve e o possível adoecimento físico e mental dos professores constituem
um desafio e uma necessidade para se entender o processo saúde-doença do trabalhador
docente e se buscar as possíveis associações com o afastamento do trabalho por motivo de
saúde (GASPARINI, BARRETO E ASSUNÇÃO, 2005).
A Organização Internacional do Trabalho definiu as condições de trabalho para os
professores ao reconhecer o lugar central que estes ocupam na sociedade, uma vez que são
os responsáveis pelo preparo do cidadão para a vida (OIT, 1984). Tais condições buscam
basicamente atingir a meta de um ensino eficaz.
26
As transformações sociais, as reformas educacionais e os modelos pedagógicos
derivados das condições de trabalho dos professores provocaram mudanças na profissão
docente, estimulando a formulação de políticas por parte do Estado.
De acordo com Souza et al. (2003), até os anos de 1960, a maior parte dos
trabalhadores do ensino gozavam de uma relativa segurança material, de emprego estável e
de um certo prestígio social. Já a partir dos anos de 1970, a expansão das demandas da
população por proteção social provocou o crescimento do funcionalismo e dos serviços
públicos gratuitos, entre eles a educação.
Na atualidade, o papel do professor extrapolou a mediação do processo de
conhecimento do aluno, o que era comumente esperado. Ampliou-se a missão do
profissional para além da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a escola e a
comunidade. O professor, além de ensinar, deve participar da gestão e do planejamento
escolar, o que significa uma dedicação mais ampla, a qual se estende às famílias e à
comunidade (GASPARINI; BARRETO; ASSUNÇÃO, 2005).
Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a administração
escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização das tarefas, cada vez mais
complexas. Os professores são compelidos a buscar, então, por seus próprios meios, formas
de requalificação que se traduzem em aumento não reconhecido e não remunerado da
jornada de trabalho (TEIXEIRA, 2001; BARRETO; OLIVEIRA, 2003).
Na última década, o trabalho docente tornou-se, por demanda do sindicalismo, tema de
vários estudos e de investigações, incentivando a formação de grupos e de redes de
pesquisadores organizados para esse fim. Souza et al. resumem sete projetos de pesquisa com
resultados consistentes e abrangentes que dão visibilidade, nos anos de 1990, às precárias
condições do trabalho docente e mostram sua associação com sintomas mórbidos e a elevada
27
prevalência de afastamentos por motivos de doença na categoria (GASPARINI; BARRETO;
ASSUNÇÃO, 2005).
As condições de trabalho, ou seja, as circunstâncias sob as quais os docentes
mobilizam as suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para atingir os objetivos da
produção escolar podem gerar sobre esforço ou hiper solicitação de suas funções psico-
fisiológicas. Se não há tempo para a recuperação, são desencadeados ou precipitados os
sintomas clínicos que explicariam os índices de afastamento do trabalho por transtornos
mentais, conforme descrito no que segue (NORONHA, 2001).
O que, afinal, podemos notar é que a atividade humana chamada trabalho
praticamente tem se restringido àquilo que Arendt (2001) denomina labor, ou seja, uma
atividade vinculada à sobrevivência imediata e que se perpetua na repetição dos gestos e do
que ela produz; uma atividade na qual o trabalhador não domina o processo e não detém o
produto, sendo servo e não senhor da matéria que trabalha. Para Arendt (2001), seria ocioso
até mesmo perguntar "se os homens vivem e consomem para ter forças para trabalhar ou se
trabalham para ter os meios de consumo".
Essa laborização parece tornar-se cada vez mais marcante no mundo do trabalho, na
contemporaneidade, intensificando os prejuízos à integridade física e psíquica dos
trabalhadores, em que pese a existência de condições tecnológicas que bem poderiam levar
ao contrário.
2.4 CARGAS DE TRABALHO NA ATIVIDADE DOCENTE
As cargas de trabalho representam segundo Seligmann-Silva (1994), um conjunto de
esforços desenvolvidos para atender as exigências das tarefas, abrangendo os esforços físicos,
cognitivos e psico-afetivos (emocionais) que são traduzidos como desgaste, na
capacidade potencial corporal e psicológica dos trabalhadores. De acordo com Cruz (2002),
28
os estudos realizados pela Psicologia do Trabalho e pela Ergonomia, ao confirmarem a
existência das cargas de trabalho como um produto da relação entre as exigências do trabalho
e a capacidade do trabalhador em respondê-las de forma efetiva e com menor desgaste.
Destacam a importância de sua caracterização e dimensionamento, tendo em vista a sua
íntima relação com o processo de produção e organização do trabalho e com as diferentes
formas de adoecimento físico e psicológico. O termo “carga de trabalho” substitui o termo
“fatores de risco”, que é uma evolução do termo “fatores nocivos” utilizados por Oddone et
al. (1986) que significa riscos próprios do ambiente laboral, aos quais estão expostos os
trabalhadores.
A substituição se dá em razão dos vários significados de risco. Na Medicina do
Trabalho e na Epidemiologia, o termo “risco” pode ser utilizado na acepção de fator de risco,
identificando possíveis agentes ou substâncias capazes de determinar um efeito sobre a saúde,
estabelecendo a probabilidade que determinado evento venha ocorrer. Os riscos seriam, na
verdade, a existência de agentes ou substâncias capazes de influenciar nas condições de saúde
e nos processos de adoecimento dos trabalhadores. A expressão “carga de trabalho” expressa
um novo conceito enfocando o processo e a organização do trabalho (FACCHINI, 1994).
Ela engloba os fatores nocivos capazes de provocar estresse ou tensão emocional
(monotonia, repetitividade, pressões, responsabilidades) como engloba, também, os fatores de
riscos físicos, químicos, biológicos, fisiológicos. Na evolução da terminologia aplicada, torna-
se possível compreender e traduzir os efeitos psicogênicos que os riscos ocupacionais (de
qualquer natureza) provocam no dia-a-dia dos trabalhadores. O trabalhador está exposto,
cotidianamente, às cargas de trabalho. Assim, para cada ramo produtivo e para cada processo
de trabalho é possível identificar um perfil de cargas de trabalho que conformam um padrão
de desgaste operário (SELIGMANN-SILVA; FACCHINI, 1994; CRUZ, 2002).
29
A organização do trabalho determina as suas cargas de trabalho, definidas por; Gomes
(1996) “como exigências ou demandas psicobiológicas do processo de trabalho”.
Considerando que todo o trabalho é constituído de cargas, o trabalho docente também as tem:
cargas físicas – exigências que têm materialidade externa e que se modificam na interação
com o corpo (interação ambiental), e cargas psíquicas – disposições psicológicas que
adquirem materialidade no próprio corpo e se expressam por meio dele (reações emocionais),
que influenciam direta e indiretamente na saúde e na vida dos professores.
2.5 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Segundo Rodrigues (1999), com outros títulos e em outros contextos, mas sempre
voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de suas
tarefas, a qualidade de vida sempre foi objeto de preocupação da raça humana. Historicamente
exemplificando, os ensinamentos de Euclides (300 a.C.) de Alexandria sobre os princípios da
geometria serviram de inspiração para a melhoria do método de trabalho dos agricultores à
margem do Nilo, assim como a Lei das Alavancas, de Arquimedes, formulada em 287 a.C.,
veio a diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores. No século XX, muitos pesquisadores
contribuíram para o estudo sobre a satisfação do indivíduo no trabalho. Entre eles destacamos
Helton Mayo, cujas pesquisas, conforme Ferreira; Reis; Pereira (1999), Hampton (1991) e
Rodrigues (1999), são altamente relevantes para o estudo do comportamento humano, da
motivação dos indivíduos para a obtenção das metas organizacionais e da Qualidade de Vida
do Trabalhador (QVT), principalmente a partir das pesquisas e estudos efetuados na Western
Eletric Company (Hawthorne, Chicago) no início dos anos 20, que culminaram com a escola
de Relações Humanas. Merece igualmente crédito o trabalho de Abrahan H. Maslow, que
concebeu a hierarquia das necessidades, composta de cinco necessidades fundamentais:
fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-realização. Douglas McGregor, autor da Teoria
30
X, por sua vez, considerava, entre outras coisas, que o compromisso com os objetivos
depende das recompensas à sua consecução, e que o ser humano não só aprende a aceitar as
responsabilidades, como passa a procurá-las (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 1999).
Essa teoria, aliás, na sua essência, busca a integração entre os objetivos individuais e
os organizacionais. Segundo Rodrigues (1999), várias das dimensões destacadas por
McGregor são analisadas e consideradas em programas de QVT.
Vale mencionar também Frederick Herzberg, visto que suas pesquisas detectaram que
os entrevistados associavam a insatisfação com o trabalho ao ambiente de trabalho e a
satisfação com o trabalho ao conteúdo. Assim, os fatores higiênicos – capazes de produzir
insatisfação – compreendem: a política e a administração da empresa, as relações
interpessoais com os supervisores, supervisão, condições de trabalho, salários, status e
segurança no trabalho. Os fatores motivadores – geradores de satisfação – abrangem:
realização, reconhecimento, o próprio trabalho, responsabilidade e progresso ou
desenvolvimento (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 1999; RODRIGUES, 1999).
Conforme França (1997), “Qualidade de vida no trabalho (QVT) é conjunto das ações
de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e
tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a
partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que chamamos de
enfoque biopsicossocial. O posicionamento biopsicossocial representa o fator diferencial para
a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos
voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.”
A mesma pesquisadora esclarece que “A origem do conceito vem da medicina
psicossomática que propõe uma visão integrada, holística do ser humano, em oposição à
abordagem cartesiana que divide o ser humano em partes”. E conclui, ao afirmar que, “No
contexto do trabalho esta abordagem pode ser associada à ética da condição humana. Esta
31
ética busca desde a identificação, eliminação, neutralização ou controle de riscos ocupacionais
observáveis no ambiente físico, padrões de relações de trabalho, carga física e mental
requerida para cada atividade, implicações políticas e ideológicas, dinâmica da liderança
empresarial e do poder formal até o significado do trabalho em si, relacionamento e satisfação
no trabalho.”
Albuquerque; França (1997) considera que a sociedade vive novos paradigmas de
modos de vida dentro e fora da empresa, gerando, em conseqüência, novos valores e
demandas de Qualidade de Vida no Trabalho. Para os referidos autores, outras ciências têm
dado sua contribuição ao estudo do QVT, tais como:
Saúde – nessa área, a ciência tem buscado preservar a integridade física, mental e
social do ser humano e não apenas atuar sobre o controle de doenças, gerando avanços
biomédicos e maior expectativa de vida.
Ecologia – vê o homem como parte integrante e responsável pela preservação do
sistema dos seres vivos e dos insumos da natureza.
Ergonomia – estuda as condições de trabalho ligadas à pessoa. Fundamenta-se na
medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial, visando ao conforto
na operação.
Psicologia – juntamente com a filosofia, demonstra a influência das atitudes internas e
perspectivas de vida de cada pessoa em seu trabalho e a importância do significado
intrínseco das necessidades individuais para seu envolvimento com o trabalho.
Sociologia – resgata a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído
socialmente, demonstrando suas implicações nos diversos contextos culturais e
antropológicos da empresa.
32
Economia – enfatiza a consciência de que os bens são finitos e que a distribuição de
bens, recursos e serviços deve envolver de forma equilibrada a responsabilidade e os
direitos da sociedade.
Administração – procura aumentar a capacidade de mobilizar recursos para atingir
resultados, em ambiente cada vez mais complexo, mutável e competitivo.
Engenharia – elabora formas de produção voltadas para a flexibilização da
manufatura, armazenamento de materiais, uso da tecnologia, organização do trabalho e
controle de processos.
Walton apud Rodrigues (1999) considera que “a expressão Qualidade de Vida tem
sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos,
negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade
e do crescimento econômico.”
Walton (1973) propõe oito categorias conceituais, incluindo critérios de QVT:
Em Compensação Justa e Adequada busca-se a obtenção de remuneração adequada
pelo trabalho realizado, assim como o respeito à eqüidade interna (comparação com outros
colegas) e à eqüidade externa (mercado de trabalho).
Em Condições de Trabalho medem-se as condições prevalecentes no ambiente de
trabalho. Envolve a jornada e carga de Trabalho, materiais e equipamentos disponibilizados
para a execução das tarefas e ambiente saudável (preservação da saúde do trabalhador). Ou
seja, esse tópico analisa as condições reais oferecidas ao empregado para a consecução das
suas tarefas.
O fator Uso e Desenvolvimento de Capacidades implicam o aproveitamento do
talento humano, ou capital intelectual, como está em voga atualmente. É forçoso, portanto,
reconhecer a necessidade de concessão de autonomia (empowerment), incentivo à utilização
33
da capacidade plena de cada indivíduo no desempenho de suas funções e feedbacks constantes
acerca dos resultados obtidos no trabalho e do processo como um todo.
Oportunidade de Crescimento e Segurança abarca as políticas da instituição no que
concerne ao desenvolvimento, crescimento e segurança de seus empregados, ou seja,
possibilidade de carreira, crescimento pessoal e segurança no emprego. Neste fator pode-se
observar, através das ações implementadas pelas empresas, o quanto a prática empresarial está
de fato sintonizada com o respeito e a valorização dos empregados.
Essencialmente, em Integração Social na Organização pode-se efetivamente
observar se há igualdade de oportunidades, independente da orientação sexual, classe social,
idade e outras formas de discriminação, bem como se há o cultivo ao bom relacionamento.
Constitucionalismo mede o grau em que os direitos do empregado são cumpridos na
instituição. Implica o respeito aos direitos trabalhistas, à privacidade pessoal (praticamente
inexistente no mundo empresarial moderno), à liberdade de expressão (altamente em cheque,
tendo-se em vista as enormes dificuldades de trabalho com registro em carteira).
No fator Trabalho e o Espaço Total da Vida deveríamos encontrar o equilíbrio entre
a vida pessoal e o trabalho. Todavia, como veremos mais adiante, estamos muito distantes de
uma prática minimamente ideal nesse campo.
Por fim, em Relevância do Trabalho na Vida investiga-se a percepção do empregado
em relação à imagem da empresa, à responsabilidade social da instituição na comunidade, à
qualidade dos produtos e à prestação dos serviços. Felizmente, esses aspectos vêm tendo
significativos avanços no campo empresarial.
Para Silva, a adoção de programas de qualidade de vida e promoção da saúde
proporcionaria ao indivíduo maior resistência ao estresse, maior estabilidade emocional,
maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor auto-imagem e melhor relacionamento.
Por outro lado, as empresas seriam beneficiadas com uma força de trabalho mais saudável,
34
menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde
assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um melhor ambiente de
trabalho.
França (1997); Rodrigues (1999) oferecem uma interessante e abrangente visão da
evolução do conceito de QVT. Vale ressaltar que o desafio imaginado pelos seus
idealizadores persiste, isto é, tornar o QVT uma ferramenta gerencial efetiva e não apenas
mais um modismo, como tantos outros que vêm e vão. E esse desafio torna-se mais instigante
neste momento em que nos vemos às voltas com uma rotina diária cada vez mais desgastante
e massacrante. Quando se pensava que os seres humanos poderiam finalmente desfrutar do
rápido progresso alcançado em várias ciências, paradoxalmente o que temos visto é o trabalho
como um fim em si mesmo.
Após os sucessivos processos de reestruturação e reengenharia que marcaram toda a
década de 90, nota-se atualmente que as pessoas têm trabalhado cada vez mais, e, por
extensão, têm tido menos tempo para si mesmas (VEIGA, 2000).
Para Silva; De Marchi (1997), a adoção de programas de qualidade de vida e
promoção da saúde proporcionariam ao indivíduo maior resistência ao estresse, maior
estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor auto-imagem e
melhor relacionamento. Por outro lado, as empresas seriam beneficiadas com uma força de
trabalho mais saudável, menor absenteísmo/rotatividade, menor número de acidentes, menor
custo de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e, por último, um melhor
ambiente de trabalho.
35
2.6 SEGURANÇA DO TRABALHO E LEGISLAÇÃO.
Segurança do trabalho é o conjunto de medidas que são adotadas visando minimizar os
acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade
de trabalho do trabalhador (BRASIL, 1997).
O quadro de segurança do trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe
multidisciplinar composta por técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do
trabalho, médico do trabalho e enfermeiro do trabalho. Estes profissionais compõem os
chamados SESMT- Serviço Especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho. Os
empregados da empresa constituem a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes,
que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo
a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da
saúde do trabalhador (BRASIL, 1997).
Segurança do trabalho é definida por normas e leis. No Brasil a Legislação de
Segurança do trabalho compõe-se de normas regulamentadoras, Normas Regulamentadoras
Rurais, outras leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções
Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil (BRASIL,
1997).
A recente portaria nº 1679 do Ministério da Saúde editada em 2002, traz um enorme
avanço para os trabalhadores, pois dispõe sobre a Rede Nacional de Assistência a Saúde do
Trabalhador (RENAST), que define como organizar as ações de assistência e vigilância nesta
área especifica. Nesse contexto, o Ministério do Trabalho não foi descartado, pois cabe a ele
realizar a inspeção e fiscalização das condições e dos ambientes de trabalho em todo o
território nacional. Para cumprir essa atribuição utiliza principalmente o capítulo V da
36
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), na qual estão as Normas Regulamentadoras
(BRASIL, 1997).
A partir da Portaria nº 3.214 de 08 de junho de 1978, foram aprovadas as Normas
Regulamentadoras (NRs), relacionadas à Segurança e Medicina do Trabalho, que são de
observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos de
administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos poderes legislativo e judiciário
que possuam empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). As NRs
foram criadas e ampliadas para a manutenção de condições seguras, bem como potencializar o
ambiente de trabalho para a redução ou até mesmo eliminar os riscos existentes, como é o
caso da NR5. Outra Norma Regulamentadora estabeleceu a obrigatoriedade da elaboração,
implementação e a implantação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
(PCMSO) contemplado na NR 7, que objetiva a promoção e preservação da saúde do
conjunto dos seus trabalhadores (BRASIL, 1997).
A NR9 discorre sobre a obrigatoriedade da elaboração de um programa de prevenção
de riscos ambientais no trabalho e a implementação por parte de todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados, visando preservação da saúde e a
integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e
conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos
naturais, contemplado no programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA). Ressalta-se
ainda, a realização do exercício laboral, o uso de equipamentos de proteção individual – EPI,
representando um recurso utilizado para minimizar os riscos à que os trabalhadores estão
exposto (BRASIL, 1997).
A NR15 relaciona-se com a exposição dos agentes insalubres encontrados na atividade
laboral, diz respeito ao grau de insalubridade existente no ambiente laboral (BRASIL, 1991).
37
As outras normas regulamentadoras contribuíram no processo de trabalho, modificando e
atuando nas adaptações e condições de trabalho, como nas características psicofisiológicas
(ergonomia), contempladas na NR17 (BRASIL, 1997).
A NR32, decretada no final da década de 90 estabelece diretrizes básicas para
implantação de medidas de proteção em relação à segurança e à saúde dos trabalhadores, bem
como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL,
2001).
Além disso, torna-se importante comentar sobre acidente de trabalho, ou seja, aquele
que acontece no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional podendo causar morte, perda ou redução permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho (BAGGIO; MARZIALE, 2001).
Segundo Baggio; Marziale (2001) equiparam-se aos acidentes de trabalho:
O acidente que acontece quando está sendo prestado serviços por ordem da empresa
fora do local de trabalho;
O acidente que acontece em viagem a serviço da empresa;
O acidente que ocorre no trajeto entre a casa e o trabalho ou do trabalho para casa;
Doença profissional (as doenças provocadas pelo tipo de trabalho);
Doença do trabalho (as doenças causadas pelas condições do trabalho).
De acordo com Baggio; Marziale (2001) o acidente de trabalho deve-se
principalmente a duas causas:
I. Ato inseguro: é o ato praticado pelo homem, em geral consciente do que está
fazendo, que está contra as normas de segurança. São exemplos de atos
inseguros: subir em telhado sem cinto de segurança contra quedas, ligar
tomadas de aparelhos elétricos com as mãos molhadas e dirigir a altas
velocidades.
38
II. Condição Insegura: é a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo
e ou risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras: instalação
elétrica com fios desencapados, máquinas em estado precário de manutenção,
andaime de obras de construção civil feitos com materiais inadequados.
Eliminando-se as condições inseguras e os atos inseguros é possível reduzir
os acidentes e as doenças ocupacionais. Esse é o papel da Segurança do
Trabalho.
2.7 CONTRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO NA SAÚDE DO TRABALHADOR
A Enfermagem do Trabalho, como especialidade, vem buscando desenvolver e
aprofundar conhecimentos e ampliar seu papel junto à área de saúde do trabalhador
desenvolvendo pesquisas que visam fundamentar teoricamente sua prática profissional
seguindo a trajetória da enfermagem na conquista de sua profissionalização (BAGGIO;
MARZIALE, 2001).
Na evolução da Enfermagem no Brasil, pode-se observar que foram utilizadas diversas
formas de organizar o cuidado e a assistência prestada ao cliente, dentre as quais está o
processo de enfermagem, considerado um instrumento de trabalho básico para o enfermeiro
no desempenho de suas atividades profissionais (BAGGIO; MARZIALE, 2001).
Segundo Baggio; Marziale (2001) cabe ao enfermeiro as seguintes atribuições:
Estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando
observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar as
necessidades no campo de segurança, higiene e melhoria do trabalho;
Elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos empregados,
participando de grupos que realizam inquéritos sanitários; estudar as causas de
39
absenteísmo; fazer levantamentos de doenças profissionais e lesões traumáticas;
realizar estudos epidemiológicos; coletar dados estatísticos de morbidade e
mortalidade de trabalhadores; investigar possíveis relações com as atividades
funcionais, para obter a continuidade operacional e aumento da produtividade;
Executar e avaliar programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais ou
não-profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e
das condições de trabalho para propiciar a preservação de integridade física e mental
do trabalhador;
Prestar primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença,
fazendo curativos ou imobilizações especiais, providenciando o posterior atendimento
médico adequado, para atenuar conseqüências e proporcionar apoio e conforto ao
paciente;
Elaborar e executar ou supervisionar e avaliar as atividades de assistência de
enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento ambulatorial, no
local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando medicamentos prescritos,
curativos, coletando material para exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos,
para reduzir o absenteísmo profissional; organizar e administrar o setor de
enfermagem da empresa, provendo pessoal e material necessários, treinando e
supervisionando auxiliares de enfermagem do trabalho, atendentes e outros, para
promover o atendimento adequado às necessidades de saúde do trabalhador;
Treinar trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo
de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;
Planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e
estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais,
mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais
40
nos pedidos de indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças
profissionais.
41
3.0 JUSTIFICATIVA
As preocupações com a saúde do professor, em especial no caso brasileiro, apesar de
recentes (CODO, 1999; LEMOS, 2005; ESTEVE,1999) indicam que os problemas de saúde
que afetam a categoria estão intimamente relacionados ao tipo de trabalho exercido, ao fato de
estar relacionado à formação de outros sujeitos, ao excesso de trabalho, a precarização de
trabalho, à perda de autonomia, a sobrecarga de trabalho burocrático, ao quadro social e
econômico e às condições de vida dos alunos, entre outros fatores.
Estas condições apontam para um quadro cada vez mais precário de saúde, vida e trabalho. De
acordo com Araújo et AL (2003), os processos de desgaste físico e mental dos professores
representam conseqüências negativas não somente para os professores, mas também para os
alunos e para o sistema de ensino. Os custos sociais e econômicos podem ter múltiplos
desfechos: absenteísmo, acidentes e enfermidades diversas (físicas, comportamentais e
psíquicas).
Nessa perspectiva, verifica-se pouco conhecimento sobre as condições de trabalho e a
saúde do professor na escola, principalmente sobre a qualidade de vida de docentes do ensino
superior, os quais, geralmente, subestimam as suas necessidades de saúde e se conformam
com o quadro em que se encontram, o que chama a atenção para a necessidade do
desenvolvimento de ações de promoção de saúde para este grupo de trabalhadores.
42
4.0 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral
Analisar a relação existente entre condições de trabalho e processo saúde-doença dos
docentes dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia da Universidade São
Francisco.
4.2 Objetivos Específicos
Caracterizar os docentes dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia, de
acordo com seus dados demográficos e hábitos de vida;
Identificar as relações existentes entre as condições do ambiente de trabalho e a saúde
do professor universitário;
Identificar os fatores avaliados como estressores pelos docentes dos cursos de
enfermagem, fisioterapia e odontologia e as estratégias defensivas por eles utilizadas;
43
5.0 MATERIAL E MÉTODO
5.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo descritivo exploratório, de campo, com abordagem quantitativa.
5.2 CAMPO DE ESTUDO
Esta pesquisa foi realizada na Universidade São Francisco, localizada na cidade de
Bragança Paulista, estado de São Paulo.
5.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO
A população do estudo foi composta por docentes dos cursos de enfermagem,
fisioterapia e odontologia.
5.4 FONTES DOS DADOS
Para a coleta de dados foi utilizado um questionário (Apêndice A) composto por
questões abertas e fechadas.
5.5 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO / EXCLUSÃO
Inclusão:
Ser docente dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia ;
Concordar em participar da pesquisa;
Entregar o questionário preenchido até o dia 29/05/2009.
Exclusão:
Não ser docente dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia;
Não concordar em participar da pesquisa;
44
Não entregar o questionário preenchido até o dia 29/05/2009.
5.6 PROCEDIMENTOS
5.6.1 PROCEDIMENTO ÉTICO-LEGAL
O projeto de pesquisa foi submetido à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
da Universidade São Francisco;
Foi enviada uma carta ao diretor da Universidade São Francisco (Apêndice B),
solicitando autorização para a coleta de dados;
Foi apresentado um Termo de Consentimento à população envolvida neste estudo
(Apêndice C);
Somente participaram deste estudo os docentes que estiveram de acordo com o
Termo de Consentimento.
5.6.2 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Após aprovação e autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e do diretor da
Universidade São Francisco, os dados foram coletados nos meses de abril e maio de 2009.
Primeiramente as pesquisadoras entraram em contato com as funcionárias que trabalham na
sala dos professores a fim de saber os dias e os horários que os professores dos cursos de
enfermagem, fisioterapia e odontologia ministram suas aulas. Diante destas informações as
pesquisadoras estiveram presentes, na sala dos professores, nos dias e horários anteriormente
estabelecidos, com a finalidade de apresentar os objetivos da pesquisa e o Termo de
Consentimento aos respectivos professores. Após autorização dos mesmos foi entregue o
questionário para posterior preenchimento a fim de não atrapalhar o horário das aulas, porém
foi solicitado a devolução do questionário preenchido até o dia 29/05/2009.
45
5.6.3 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DOS DADOS
Os dados foram analisados segundo as freqüências relativas e absolutas, agrupados e
discutidos em forma de tabelas e quadros.
46
6.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1 - Caracterização da amostra estudada segundo idade, sexo, estado civil. Bragança
Paulista, 2009 (n = 37).
IDADE N %
26 – 30
31 – 35
36 – 40
41 – 45
46 – 50
51 – 55
Acima de 55 anos
02
08
06
07
09
04
01
05,4
21,6
16,2
18,9
24,4
10,8
02,7
SEXO N %
Masculino 14 37,8
Feminino 23 62,2
ESTADO CIVIL N %
Solteiro (a) 05 13,5
Casado (a) 24 64,9
Viúvo (a) 01 02,7
Separado (a) 02 05,4
União consensual 05 13,5
Quanto ao perfil da clientela (Tabela 1) verificou-se que 09 (24,4%) tinham entre 46 e
50 anos; 08 (21,6%) tinham entre 31 e 35 anos; 07 (18, 9%) entre 41 e 45 anos; 06 (16,2%)
entre 36 e 40 anos; 04 (10,8%) entre 51 e 55 anos; 02 (05,4%) entre 26 e 30 anos e 01
(02,7%) acima de 55 anos. Quanto ao sexo, 23 (62,2%) eram do sexo feminino e 14 (37,8%)
do sexo masculino. Quanto ao estado civil, 24 (64,9%) eram casados; 05 (13,5%) solteiros; 05
(13,5%) referiram apresentar união consensual; 02 (05,4%) separados e 01 (02,7%) referiram
ser viúvo (a).
No Brasil, a População Economicamente Ativa (PEA), segundo estimativa do
47
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (PNAD 2002), era de 82.902.480
pessoas, das quais 75.471.556 consideradas ocupadas. Destes, 41.755.449 eram empregados
(22.903.311 com carteira assinada; 4.991.101 militares e estatutários e 13.861.037 sem
carteira assinada ou sem declaração); 5.833.448 eram empregados domésticos (1.556.369 sem
carteira assinada; 4.275.881 sem carteira assinada e 1.198 sem declaração); 17.224.328 eram
trabalhadores por conta-própria; 3.317.084 eram empregadores; 3.006.860 eram trabalhadores
na produção para próprio consumo e construção para próprio uso; e 4.334.387 eram
trabalhadores não remunerados. Portanto, entre os 75.471.556 trabalhadores ocupados em
2002, apenas 22.903.311 (com carteira assinada) possuíam cobertura da legislação trabalhista
e do Seguro de Acidentes do Trabalho – SAT (PNSST, 2004).
Lemos (2005), realizou um estudo com o objetivo de caracterizar as cargas psíquicas
no trabalho de professores universitários e sua influência nos processos de saúde. A
pesquisa,foi iniciada com base em uma análise documental dos afastamentos para tratamento
de saúde dos professores do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa
Maria (CCSUFSM-RS), contando com uma amostra de 86 profissionais. Quanto às variáveis
sócio-demoráficas verificou-se que 2/3 dos participantes eram do sexo feminino, faixa
predominante em se tratando de professores, principalmente considerando as pesquisas
revisadas neste estudo. A idade dos participantes da amostra variou entre 21 e 64 anos de
idade, com média de 41,4 anos, considerada como uma idade altamente produtiva. Entre os
professores estudados, 2/3 deles eram casados ou viviam em união consensual estável.
48
Tabela 2 - Caracterização da amostra estudada segundo titulação, tempo de docência, carga
horária semanal e outra atividade além da docência. Bragança Paulista, 2009 (n = 37).
TITULAÇÃO N %
Graduado
Lato sensu
Mestrando
Mestre
Doutorando
Doutor
02
03
06
13
05
08
05,4
08,1
16,2
35,2
13,5
21,6
TEMPO DE DOCÊNCIA N %
01 – 05 anos
06 – 10 anos
11 – 15 anos
02
13
05
05,4
35,2
13,5
16 – 20 anos
21 – 25 anos
26 – 30 anos
Acima de 30
06
05
05
01
16,2
13,5
13,5
02,7
CARGA HORÁRIA SEMANAL N %
Até 10 horas 03 08,1
11 – 20 horas 11 30,0
21 – 30 horas 06 16,0
31 – 40 horas 15 40,5
Acima de 40 horas 02 05,4
OUTRAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS N %
Sim* 18 48,6
Não 19 51,4
* Clínica de fisioterapia (1); consultor do MEC e do Conselho Estadual da Educação (1); instrutor de curso (1);
Consultório odontológico (10); gerente de marketing e desenvolvimento (1); coordenador de curso (2); fiscal da
VISA(1); administrativa do secretariado (1) ; técnica de laboratório (1).
Quanto à atividade de docência (tabela 2) verificou-se que 13 (35,2%) eram mestres;
08 (21,6%) eram doutores; 06 (16,2%) eram mestrandos; 05 (13,5%) eram doutorandos; 03
(8,1%) tinham latu sensu 03 (8,1%) e 02 (5,4%) possuíam apenas a graduação. Quanto ao
49
tempo de docência verificou-se que 13 (35,2%) tinham de 6 a 10 anos de docência; 05
(13,5%) tinham entre 26 e 30 anos de docência; 05 (13,5%) tinham de 21 a 25 anos de
docência; 05 (13,5%) tinham de 11 a 15 anos de docência; 02 (5,4%) tinham de 1 a 5 anos de
docência e 01 (2,7%) tinha mais de 30 anos de docência. Quanto à carga horária dos docentes
verificou-se que 15 (40,5%) tinham uma carga horária semanal de 31 a 40 horas; 11 (30,0%)
de 11 a 20 horas; 06 (16,0%) de 21 a 30 horas; 03 (8,1%) tinham uma carga horária semanal
de até 10 horas e 02 (5,5%) tinham uma carga horária semanal de mais de 40 horas. Em
relação à outras atividades desenvolvidas 19 (51,4%) não exerciam outras atividades e 18
(48,6%) exerciam outras atividades além da docência.
Ainda na pesquisa de Lemos (2005), citada anteriormente, verificou-se que em relação
ao nível de instrução, 70% dos docentes efetivos eram mestres e doutores e a maior
ocorrência quanto ao tempo de docência foi entre 11 e 20 anos, com média de 13.4 anos.
Tabela 3 - Caracterização da amostra estudada segundo hábitos de vida. Bragança Paulista,
2009 (n = 37).
TABAGISTA N %
Sim
Não
Ex-tabagista
04
25
08
10,8
67,6
21,6
ETILISTA N %
Sim
Não
Socialmente
Ex-etilista
00
16
21
00
00,0
43,3
56,7
00,0
ATIVIDADE FÍSICA N %
Sim*
Não
26
11
70,3
29,7
* Caminhada (9); escalada (1); multifuncional (1); mallet golf (1); corrida (4); aik- dô (1); academia (2), yoga
(3); natação (1); pilates (4), alongamento (2); tênis (1); musculação (3); aeróbica (1).
50
** Existem professores que fazem mais de uma atividade física.
Quanto aos hábitos de vida (Tabela 3) verificou-se que 25 (67,6%) não eram
tabagistas, 08 (21,6%) eram ex-tabagistas e 04 (10,8%) eram tabagistas. Quanto ao etilismo
verificou-se que 21 (56,7%) consumiam bebidas alcoólicas socialmente e que 16 (43,3%) não
consumiam. Quanto à atividade física verificou-se que 26 (70,3%) realizavam alguma
atividade física e que 11 (29,7%) não realizam.
Nahas (2006) conceitua qualidade de vida como uma medida da dignidade humana
referente ao atendimento das necessidades humanas, conceito este que tem sido adotado nos
estudos mais atuais.
Esta concepção contempla a percepção de bem-estar como resultado de um conjunto
de parâmetros individuais e socioambientais que assinalam as condições em que vive o
indivíduo. Nesta perspectiva, a qualidade de vida é abordada a partir dos parâmetros
socioambientais e dos parâmetros individuais. Enquanto os primeiros estão relacionados a
moradia, transporte e segurança, assistência médica, condições de trabalho e remuneração,
educação, opção de lazer, meio ambiente, entre outros, os segundos são determinados a partir
da hereditariedade e estilo de vida (NAHAS, 2006).
Em um estudo realizado por Garcia; Oliveira; Barros (2008) sobre qualidade de vida
de professores do ensino superior constatou-se que o lazer e demais atividades sociais de
modo geral parecem ser prejudicadas, principalmente as relacionadas à atividade física, visto
que a maioria dos professores que participaram deste estudo afirma que há um prejuízo no que
se refere à prática de atividades físicas em função da docência.
51
Tabela 4 - Caracterização da amostra estudada segundo IMC, patologias associadas,
realização de tratamento, última consulta médica realizada. Bragança Paulista, 2009
(n = 37).
IMC N %
17 à 21,9 kg/m2
22 à 26,9 kg/m2
27 à 31,9 kg/m2
8
19
10
21,6
51,3
27,1
PATOLOGIAS ASSOCIADAS N %
Ausência de patologias
Diabetes
18
02
48,7
05,4
Hipertensão
Doenças cardiorrespiratórias
Câncer
Doenças gastrointestinais
Doenças nefrológicas / urológicas
Doenças oftalmológicas*
06
00
00
04
01
06
16,2
00,0
00,0
10,8
02,7
16,2
REALIZAÇÃO DE TRATAMENTO N %
Sim** 10 27,1
Não 27 72,9
ÚLTIMA CONSULTA REALIZADA N %
Menos de 1 ano 32 86,5
Entre 1 e 2 anos 03 08,1
Há mais de 2 anos 02 05,4
* miopia (5); astigmatismo (4); hipermetropia (1).
** psicanálise (1); diabetes(1); úlcera gástrica (1); hipertensão (3); dor (1); reposição de hormônio da
tireóide(2); acupuntura (1); colesterol(1).
*** Existem professores que fazem mais de um tratamento
Quanto ao IMC, patologias, tratamentos e consultas (Tabela 4) verificou-se que 19
(51,3%) apresentaram valores de IMC entre 22 e 26,9 kg/m2, 10 (27,1%) entre 27 e 31,9
kg/m2
e 8 (21,6%) entre 17 e 21,9 kg/m2. Quanto às patologias associadas verificou-se que 18
(48,7%) referiram não apresentar patologias, 6 (16,2%) referiram apresentar hipertensão, 6
52
(16,2%) doenças oftalmológicas; 4 (10,8%) doenças gastrointestinais e 1 (2,7%) doença
urológica. Quanto à realização de tratamento 27 (72,9%) não realizam e 10 (27,1%) realizam.
As transições demográfica, nutricional e epidemiológica ocorridas no século passado
determinaram um perfil de risco em que doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão
assumiram ônus crescente e preocupante. Ambas são condições prevalentes e importantes
problemas de saúde pública em todos os países, independentemente de seu grau de
desenvolvimento.
A cada dia, o nosso estilo de vida se modifica, em conseqüência da introdução de
novas tecnologias e de diversas alterações vitais, que caracterizam o século atual. Dentre elas,
Albrecht (1990) destaca a passagem da vida rural para a urbana; da auto-suficiência para o
consumo, do isolamento para a integração; e da atividade física para o sedentarismo.
Em relação ao trabalho, várias modificações também se manifestam, como a extinção
de diversas ocupações e o surgimento de novas; e o aumento da complexidade das profissões
mais tradicionais, a exemplos das da área de saúde, tecnologia e docência, exigindo, de seus
executantes, uma maior capacidade de adaptação física e mental. Adaptação esta que, de
acordo com Ladeira (1996), deve ser um exercício contínuo, que ocorre em função dos altos
índices de agentes estressores existentes nas sociedades modernas.
No estudo de Garcia; Oliveira; Barros (2008), citado anteriormente, verificou-se que
para os sujeitos deste estudo as queixas relativas a doenças relacionadas ao sistema digestivo,
respiratório, circulatório e até doenças neurológicas com sintomas como: ansiedade, tensão,
insônia, dor e outras estão intensamente relacionados às condições desfavoráveis a que os
professores estão submetidos.
Por outro lado, sabemos que a doença desequilibra a vida de qualquer pessoa;
descontrola o ritmo de alimentação, descanso e trabalho.
53
Quadro 1 - Caracterização da amostra estudada quanto aos exames realizados e
período de realização. Bragança Paulista, 2009.
EXAMES N % PERÍODO N %
SANGUE
Sim 36 97,3
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
26 72,2
06 16,6
Não 01 02,7 Há mais de 2 anos 04 11,2
TOTAL 37 100 36 100
FEZES
Sim 11 29,7
Não 26 70,3
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
05 45,4
05 45,4
01 09,2
TOTAL 37 100 11 100
GINECOLÓGICO
Sim 23 100
Não 00 00,0
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
20 87,0
02 08,7
01 04,3
TOTAL* 23 100 23 100
MAMA (USG / mamografia)
Sim 23 100
Não 00 00,0
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
10 55,5
05 27,8
03 16,6
TOTAL 23 100 18 100
OFTALMOLÓGICO
Sim 29 78,4
Não 08 21,6
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
15 51,8
07 24,1
07 24,1
TOTAL 37 100 29 100
ODONTOLÓGICO
Sim 34 91,9
Não 03 08,1
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
28 82,3
04 11,8
02 05,9
TOTAL 37 100 34 100
PRÓSTATA (PSA / toque retal)
Sim 06 42,8
Não 08 57,2
Menos de 1 ano
Entre 1 e 2 anos
Há mais de 2 anos
03 50,0
03 50,0
00 00,0
TOTAL** 14 100 06 100
* Considerou-se apenas o sexo feminino (n = 23)
** Considerou-se apenas o sexo masculino (n=14)
54
Quanto a realização de exames (Quadro 1) verificou-se que 36 (97,3%) realizaram
exame de sangue e 1 (2,7%) não realizou. Entre os que realizaram verificou-se que 26
(72,2%) realizaram num período inferior há 1 ano, 6 (16,6%) num período entre 1 e 2 anos e 4
(11,2%) há mais de 2 anos. Quanto ao exame de fezes 26 (70,3%) não realizaram e 11
(29,7%) realizaram. Entre os que realizaram verificou-se que 5 (45,4%) realizaram num
período inferior há 1 ano, 5 (45,4%) num período entre 1 e 2 anos e 1 (9,2%) há mais de 2
anos. Quanto ao exame ginecológico 23 (100%) realizaram, sendo que 20 (87%) num período
inferior há 1 ano, 2 (8,7%) num período entre 1 e 2 anos e 1 (4,3%) há mais de 2 anos. Quanto
ao exame de mama 19 (51,3%) não realizaram e 18 (48,7%) realizaram. Entre os que
realizaram verificou-se que 10 (55,5%) realizaram num período inferior há 1 ano, 5 (27,8%)
num período entre 1 e 2 anos e 3 (16,6%) há mais de 2 anos. Quanto ao exame oftalmológico
29 (78,4%) realizaram e 8 (21,6%) não realizaram. Entre os que realizaram verificou-se que
15 (51,8%) realizaram num período inferior há 1 ano, 7 (24,1%) num período entre 1 e 2 anos
e 7 (24,1%) há mais de 2 anos. Quanto ao exame odontológico 34 (91,9%) realizaram e 3
(8,1%) não realizaram. Entre os que realizaram 28 (82,3%) realizaram num período inferior
há 1 ano, 4 (11,8%) num período entre 1 e 2 anos e 2 (5,9%) há mais de 2 anos. Quanto ao
exame de próstata 8 (57,2%) não realizaram e 6 (42,8%) realizaram. Entre os que realizaram
verificou-se que 3 (50%) realizaram num período inferior há 1 anos e 3 (50%) entre 1 e 2
anos.
A Medicina Preventiva têm se mostrado de uma importância fundamental no
rastreamento precoce de doenças. Desde o fim dos anos 80, vigora em medicina, a filosofia do
“check-up personalizado”. No passado, o médico tinha o costume de solicitar a todos os
pacientes uma mesma série de exames. Hoje, essa lista varia de pessoa para pessoa e é
determinada depois de uma avaliação minuciosa do estilo de vida e do histórico familiar de
55
doenças. Há, no entanto, exames que são indicados para todas as pessoas (MEDEIROS,
2008).
Medeiros (2008) descreve uma orientação atualizada de como se fazer um “check-up”:
A partir dos 20 anos: a) Colesterol e Triglicerídeos: o excesso de gorduras no sangue
pode levar ao entupimento das artérias e conseqüentemente ao derrame ou ao infarto.
Aconselha-se a cada 5 anos para as pessoas sem fatores de risco e a cada 2 anos para
quem tem mais de um fator de risco cardiovascular. b) Medição da circunferência
abdominal: a avaliação do acúmulo de gordura no abdômen é importante na prevenção
aos males cardiovasculares (para os homens ela deve ser inferior a 90 cm e, para as
mulheres, inferior a 85 cm.). Aconselha-se medir a cada ano. c) Pressão arterial: a
pressão alta é o principal fator de risco para derrames e uma das principais ameaças à
saúde do coração. Deve-se medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao ano.
A partir dos 35 anos: a) Glicemia: o acompanhamento das taxas de glicose no sangue
é uma das armas mais efetivas contra o diabetes tipo 2. Deve ser realizado a cada 3
anos para as pessoas normais e anualmente para quem tem histórico de diabetes na
família. b) TSH: alterações nos níveis desse hormônio podem indicar problemas na
tireóide. Fazer a cada 5 anos.
A partir dos 40 anos: a) Ácido úrico: em excesso, essa substância aumenta os riscos
de lesões nas articulações e de cálculos renais. Aconselha-se a fazer anualmente. b)
Colonoscopia: é um exame do intestino. Imagens detalhadas do interior do intestino
são a melhor opção para flagrar pequenas lesões antes que elas se transformem em
tumores malignos. A cada 5 anos. c) Eletrocardiograma e Teste Ergométrico: esses
dois exames traçam o registro da atividade elétrica do coração. O ECG é feito em
repouso e o outro, em atividade. Devem ser feitos anualmente. d) Proteína C reativa
ultra-sensível: em excesso, essa proteína no sangue indica a probabilidade de infartos e
56
derrames. Deve ser realizado a cada 2 anos. e) Tomografia do coração: esse exame é
capaz de captar imagens muito precisas do órgão. É muito importante na detecção de
pequenas lesões nas artérias coronárias. A cada 5 anos para as pessoas normais e a
cada 2 anos para quem tem dois ou mais fatores de risco para doenças cardíacas. f)
Sangue oculto nas fezes: investiga a existência de possíveis lesões intestinais, que
podem resultar em câncer. Deve ser realizado anualmente. g) Pressão intra-ocular:
analisa o risco de desenvolvimento de glaucoma. Realizar a cada 3 anos.
Homens a partir dos 40 anos: a) PSA: a dosagem dessa proteína no sangue pode
indicar a presença de tumor na próstata. Realizar anualmente. b) Toque retal: o exame
de toque identifica com mais precisão alterações no tamanho e na consistência da
próstata. Também realizar anualmente.
Mulheres a partir dos 30 anos: a) Exame Preventivo e Colposcopia: identificam
infecções e lesões pré-cancerosas no colo do útero. Realizar anualmente. b)
Densitometria óssea: esse exame avalia a massa óssea, determinando o risco ou não de
osteoporose. Fazer anualmente. c) Mamografia: exame de imagem imprescindível para
a detecção precoce do câncer de mama. Aos 35 anos, recomenda-se uma mamografia
que servirá de base para comparações com exames futuros. Realizar anualmente. d)
Ultra-som transvaginal: esse exame é recomendado para a prevenção de câncer no
útero e nos ovários, pois têm a capacidade de captar imagens minuciosas nesses
órgãos. Deve-se realizar anualmente.
57
Quadro 2 – Caracterização da amostra estudada segundo principais queixas e necessidade de
afastamento do trabalho. Bragança Paulista, 2009
PRINCIPAIS QUEIXAS N %
Sem queixas
Dor de cabeça
Dor muscular e/ou cervical
Alergia*
Rouquidão
Cansaço mental
Cansaço físico
Nervosismo
Enxaquecas
Insônia
Palpitações
Maior freqüência de infecções
Outras
10
12
13
05
04
17
17
09
07
06
03
02
00
09,6
11,4
12,5
04,7
03,8
16,2
16,2
08,5
06,6
05,7
02,9
01,9
00,0
TOTAL 105 100
AFASTAMENTO DO TRABALHO N %
Sim
Não
06
31
16,2
83,8
TOTAL 37 100
* rinite (1); camarão (1); cefalexina (1); poeira (1); dipirona(1).
Quanto as principais queixas e necessidades de afastamento do trabalho (Quadro 2)
verificou-se que 17 (16,2%) referiram apresentar cansaço mental; 17 (16,2%) cansaço físico;
13 (12,5%) dor muscular e\ ou cervical; 12 (11,4%) dor de cabeça; 10 (9,6%) referiram não
apresentar queixas; 9 (8,5%) referiram nervosismo; 7 (6,6%) enxaquecas; 6 (5,7%) insônia,
5 (4,7%) alergia (1 de rinite, 1 de camarão, 1 de cefalexina, 1 de poeira e 1 de dipirona); 4
(3,8%) referiram rouquidão, 3 (2,9%) palpitações e 2 (1,9%) maior freqüência de infecções.
Quanto ao afastamento do trabalho 31(83,8%) nunca precisaram se afastar e 6 (16,2%) já se
afastaram.
58
De acordo com Lambrou (2004) “estudos realizados sobre a profissão de professor,
dizem que a mesma está em terceiro lugar no ranking das profissões estressantes”.
De acordo com Ballone (2002), o corpo de um indivíduo que sofre um processo de
desgaste logo emite sinais de maneira natural e inteligente, sinalizando perigo e representa
uma forma que o corpo encontra para demonstrar um estado emocional alterado, quando se
encontra sob pressão por alguma situação. O estresse se dá por uma alteração que o indivíduo
sofre sempre em que se encontra frente a situações adversas pelas quais não está acostumado,
há um descontrole gerado pelo desconhecido e a partir do momento em que aparece
imediatamente o corpo procura uma maneira para se defender.
Greenberg (2002) esclarece que o estresse provoca alterações físicas a partir da ação
dos hormônios adrenais que causam a aceleração dos batimentos cardíacos, dilatação das
artérias coronárias, dilatação dos tubos brônquios, aumento da taxa do metabolismo basal,
constrição dos vasos sanguíneos nos membros, maior consumo de oxigênio, aumento na
glicose sanguínea e aumento na pressão sanguínea. Uma pessoa estressada apresenta diversos
sintomas que vão se apresentando e mudando sua rotina conforme o tempo.
De acordo com Oshima (2001), fisicamente os sintomas mais freqüentes são dores de
cabeça, dores musculares, insônia, taquicardia, alergias, queda de cabelo, falta de apetite, e os
psicológicos são perda de memória, isolamento, introspecção, sentimento de perseguição,
desmotivação, irritabilidade, ansiedade, tiques nervosos, entre outros. Para o autor esses
sintomas são claramente perceptíveis na medida em que a doença começa a se manifestar, as
reclamações costumam ser cada vez mais freqüentes, o indivíduo passa a sentir dores de
cabeça e no corpo muito fortes, gerando um desânimo pelas atividades realizadas diariamente
e a auto-estima cai. A maneira de tratar as pessoas se modifica, pois a paciência fica
diminuída, a pessoa passa a não gostar mais de sua vida pessoal e de si mesmo, evitando
contatos externos, preferindo viver sozinha e isolada de tudo que para ela possa fazer mal.
59
Quadro 3- Caracterização da organização da disciplina, segundo tipo de disciplina,
curso e adequação do número de alunos em sala de aula. Bragança Paulista, 2009.
TIPO DE DISCIPLINA N %
Teórica
Teórico-prática
Prática
03
34
00
08,1
91,9
00,0
TOTAL 37 100
CURSO N %
Enfermagem
Fisioterapia
Odontologia
14
11
17
33,3
26,2
40,5
TOTAL 42 * 100
ADEQUAÇÃO DO NÚMERO DE ALUNOS
Sim
Não
28
09
78,4
21,6
TOTAL 37 100
* Existem professores que ministram aula em mais de um curso
Quanto a organização da disciplina (Quadro 3) verificou-se que quanto ao tipo de
disciplina, 34 (91,9%) ministram aulas teórico-práticas e 3 (8,1%) ministram apenas aulas
teóricas. Quanto ao curso, 17 (40,5%) ministram aula no curso de odontologia, 14 (33,3%) na
enfermagem e 11 (26,2%) na fisioterapia, sendo que alguns professores ministram aulas em
mais de um curso. Quanto a adequação do número de alunos em sala de aula 28 (78,4%)
responderam que está adequado e 9 (21,6%) responderam que não está adequado.
Segundo Batista; Codo (1999), na situação escolar, o trabalho teorizado inclui
procedimentos didáticos corretos, métodos adequados e utilização criteriosa dos recursos do
ensino, conhecimento da forma de abordagem dos alunos, segundo sua faixa etária, maneiras
de funcionamento da organização escolar, estabelecimento de normas, distribuição de cargos
e funções, entre outros. Essas prescrições do trabalho, segundo os autores acima referidos,
tiveram início pela escolha da profissão, passaram pela formação como professor, pelos
60
cursos de aperfeiçoamento realizados. Além destes, continuaram na formulação do
planejamento pedagógico da escola e no planejamento das disciplinas, feitos pelo grupo de
professores. Pode ser acrescida, também, a seleção de disciplinas para compor as grades
curriculares dos novos cursos, os ementários com conteúdos programáticos, a inserção
estratégica de atividades de estágio em determinados períodos da formação, entre outros.
A realidade do trabalho, incluindo os dinamismos do cotidiano, introduz elementos
como: as relações com os colegas, os recursos disponibilizados, o tipo de gestão adotado, o
aluno real. Nestes dinamismos, também podem ser incluídos: a adaptação dos conteúdos aos
cursos, níveis e possibilidades de assimilação do aluno; a interligação dos conteúdos com as
exigências colocadas por outras disciplinas ou pela experiência profissional dos alunos; a
atenção ou desatenção dispensada durante as aulas; o reconhecimento profissional obtido pelo
professor com seu trabalho; a necessidade ou não de pré-requisitos para a disciplina, entre
outros (BIAZUS, 2000).
Tabela 5- Caracterização do espaço físico e mobiliário. Bragança Paulista, 2009 (n = 37).
ADEQUAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO N %
Sim
Não
31
06
83,8
16,2
ADEQUAÇÃO DO MOBILIÁRIO N %
Sim
Não
28
09
75,7
24,3
Quanto ao espaço físico e mobiliário (Tabela 5) verificou-se que 31(83,8%)
responderam que o espaço físico está adequado e 6 (16,2%) responderam que não está
adequado. Quanto a adequação do mobiliário 28 (75,7%) responderam que está adequados e 9
(24,3%) que não está adequado.
61
Segundo Rocha (1997), "o meio ambiente, condições físicas do trabalho, representa
todos os elementos, inter-relações e condições que influenciam o trabalhador em sua saúde
física e mental, comportamento e valores reunidos no lócus do trabalho, caracterizando-se,
pois, como a soma das influências que afetam diretamente o ser humano, desempenhando
aspecto chave na prestação e desempenho do trabalho."
Tabela 6- Caracterização das condições tecnológicas de trabalho, visando atender as
exigências da disciplina. Bragança Paulista, 2009 (n = 37).
MATERIAL AUDIOVISUAL N %
Sim
Não
26
11
70,3
29,7
MATERIAIS / EQUIPAMENTOS N %
Sim
Não
26
11
70,3
29,7
Quanto às condições tecnológicas de trabalho (Tabela 6) verificou-se que quanto ao
material audiovisual, 26 (70,3%) responderam que atendem as exigências da disciplina e 11
(29,7%) responderam que não atendem as exigências da disciplina. Quanto aos materiais e
equipamentos necessários, 26 (70,3 %) responderam que atendem as exigências da disciplina
e 11 (29,7%) responderam que não atendem as exigências da disciplina.
Segundo Guerin et al (1991), para trabalhar é preciso estruturar o espaço sensório-
motor, conhecer o barulho da máquina, ter à mão os instrumentos de trabalho, contar com os
membros da equipe. Os autores afirmam que as condições do trabalho constituem-se então
sempre como condições da atividade pessoal, e que essa relação pessoal da atividade no
resultado pretendido está mediatizada por condições espaciais, temporais, técnicas,
organizacionais, relacionais, nas quais se desenvolve a atividade.
62
Tabela 7- Caracterização das condições físicas do ambiente de trabalho. Bragança Paulista,
2009 (n =37).
CONDIÇÕES DE ILUMINAÇÃO N %
Insatisfatória
Regular
Boa
00
20
17
00,0
54,1
45,9
CONDIÇÕES DE VENTILAÇÃO N %
Insatisfatória
Regular
Boa
09
22
06
24,3
59,5
16,2
CONDIÇÕES DE TEMPERATURA N %
Insatisfatória
Regular
Boa
10
24
03
27,1
64,8
08,1
CONDIÇÕES SONORAS N %
Insatisfatória 06 16,2
Regular 23 62,2
Boa 08 21,6
Quanto às condições físicas do ambiente de trabalho (Tabela 7) verificou-se que
quanto às condições de iluminação 20 (54,1%) relataram ser regular e 17 (45,9%) relataram
ser boa. Quanto as condições de ventilação 22 (59,5%) relataram ser regular, 9 (24,3%)
insatisfatória e 6 (16,2%) boa. Quanto as condições de temperatura 24 (64,8%) relataram ser
regular, 10 (27,1%) insatisfatória e 3 (8,1%) boa. Quanto as condições sonoras 23 (62,2%)
relataram ser regular, 8 (21,6%) boa e 6 (16,2%) insatisfatória.
Quanto às fontes de estresse nos professores, pesquisas realizadas no Brasil, segundo
Cruz (1990) apontam como fontes do estresse: o demasiado trabalho para fazer; nível de
barulho bastante elevado; temperaturas das salas elevadas devido à falta de estrutura; alunos
pouco motivados; salário inadequado; comportamento inadequado dos alunos; formação
63
inadequada; más condições de trabalho; pressão de tempo; a excessiva carga de trabalho, já
que os professores preparam aulas em casa e em época de provas, sendo que estas são
corrigidas em seus lares, em momentos que deveriam ser destinados ao lazer; questões
ambientais como iluminação e ruído excessivo; relacionamento ruim com colegas; mau
gerenciamento e classes com números excessivos de alunos.
Quadro 4 - Caracterização da amostra estudada segundo os fatores de estresse no ambiente
de trabalho. Bragança Paulista, 2009.
FATORES DE ESTRESSE N %
Relacionamento com alunos
Relacionamento com colegas
Estrutura organizacional
Rede de comunicação
Atividades burocráticas
Carga horária excessiva
Recursos financeiros, materiais e temporais
Condições ambientais internas e externas
Conciliação casa / trabalho
Salário do professor
Desvalorização da carreira de professor
universitário
Recebimento apenas de feed-back negativo, por
parte dos superiores
Barreiras para implantar inovações
Conflitos de regras da Universidade (dois pesos
e duas medidas)
Pouca participação dos professores na tomada de
decisão
Outros
09
06
10
08
22
11
09
02
14
04
17
06
10
03
09
00
06,3
04,3
07,1
05,7
15,7
07,8
06,3
01,4
10,0
02,9
12,3
04,3
07,1
02,5
06,3
0,00
TOTAL 140* 100
* Cada professor pode assinalar mais de um fator de estresse
64
Quanto a caracterização dos fatores de estresse no ambiente de trabalho (Quadro 4)
destacaram-se: 22 (15,7%) as atividades burocráticas; 17 (12,3%) a desvalorização da
carreira profissional; 14 (10%) a conciliação casa / trabalho; 11 (7,8%) a carga horária
excessiva; 10 (7,1%) a estrutura organizacional, 10 (7,1%) as barreiras para implantar
inovações; 9 (6,3%) o relacionamento com os alunos; 9 (6,3%) recursos financeiros, materiais
e temporais; 9 (6,3%) a pouca participação dos professores na tomada de decisão; 8 (5,7%) a
rede de comunicação; 6 (4,3%) o relacionamento com colegas; 6 (4,3%) recebimento apenas
de feed-back negativo por parte dos superiores; 4 (2,9%) o salário do professor; 3 (2,5%)
conflitos de regras da Universidade e 2 (1,4%) as condições ambientais internas e externas.
Fazendo uma análise do ensino universitário e das questões que envolvem o trabalho
do professor, Zabalza (2004) reconhece tratar-se de um oficio permeado de desafios e
exigências, por isso também necessitando de uma adequação das condições de trabalho às
necessidades daqueles que o desenvolvem.
As contribuições de Zabalza (2004) estão sintonizadas com os fatores mencionados
por Walton (1973), pois todos estudam fatores relacionados à qualidade de vida no trabalho.
Sugerem o levantamento de estratégias que propiciem melhores condições de trabalho,
motivação e qualidade de vida saudável.
Segundo Dejous (1992), das situações específicas vivenciadas pelos professores no
exercício do ofício docente, destacamos alguns estímulos que podem se tornar estressores e
patológicos, pela freqüência com que ocorrem: sala de aulas numerosas, barulho excessivo,
temperatura e iluminação inadequadas, excesso de atividade extra-classe, cobranças de
familiares, cobranças da equipe pedagógica e da direção. Tudo isto sem considerarmos as
questões da baixa remuneração, carga horária excessiva e questões pessoais do professor:
problemas orgânicos, afetivos, familiares, econômicos e sociais. Os pontos mencionados
podem contribuir para a caracterização do quadro patológico do estresse, uma vez que podem
65
ocasionar desmotivação do professor, insatisfação, comprometimento do seu trabalho,
dificuldade no processo de aprendizagem doa alunos e, via de regra, o dispêndio acentuado de
energia, ao ponto de se materializar como sofrimento somático por intermédio de vários
sintomas.
Quadro 5- Caracterização da amostra estudada segundo as estratégias utilizadas para
combater o estresse. Bragança Paulista, 2009
ESTRATÉGIAS UTILIZADAS N %
Procuro oportunidades pra conversar e trocar
idéias
Recorro à coordenação para discutir problemas
Nos fins de semana esqueço as obrigações e
problemas
Pratico esportes
Reservo um tempo para as atividades de lazer
Outros*
24
10
15
19
23
08
24,2
10,1
15,2
19,2
23,2
08,1
TOTAL 99** 100
* Respira fundo pra aliviar a ansiedade (1); vivência familiar (1); leitura e atualizações (1); religião (1); reiki (1);
acupuntura(2); brinca com o filho(2); procura relacionar-se com amigos que não seja da área da saúde(1).
** Cada professor pode assinalar mais de uma estratégia
Quanto as estratégias utilizadas para combater o estresse (Quadro 5) destacaram-se: 24
(24,2%) oportunidades para conversar e trocar idéias; 23 (23,2%) reservar um tempo para as
atividades de lazer; 19 (19,2%) praticar esportes; 15 (15,2%) esquecer as obrigações e
problemas nos fins de semana; 10 (10,1%) recorrer à coordenação para discutir problemas e 8
(8,1%) realizar outras atividades (respirar fundo para aliviar; recorrer a vivência familiar;
leitura e atualizações; recorrer a religião; realizar reiki; realizar acupuntura, brincar com os
filhos; procurar relacionar-se com amigos que não sejam da área da saúde).
Na maior parte dessas ações, os professores controlam as situações estressantes,
mudando o foco da sua atenção e se conectando ou se ligando em ações que lhes
proporcionem prazer ou alívio. A redução da tensão emocional também reduz a dispersão de
66
energia e pode restabelecer o equilíbrio interno. Opções dessa natureza, além de terem sido
elencadas pelos professores, são na maioria das vezes as mais escolhidas, como busca de
opção de lazer e exercício físico. Na visão do desenvolvimento da resiliência como adaptação
positiva, algumas estratégias, aquelas que deixam o indivíduo numa situação de conforto e
flexibilidade, poderiam ser conhecidas como estratégias resilientes.
Para lidar com os agentes estressores é necessário que os indivíduos utilizem
estratégias defensivas. Estas, segundo Aldwin (1981), consistem no “... esforço cognitivo e
comportamental, orientado para o gerenciamento tanto do ambiente como das demandas
internas e dos conflitos que possam estar afetando uma pessoa.”. Tais estratégias são
escolhidas de forma inconsciente, ressaltando-se o fato de que, não se tem conhecimento do
que as torna eficazes ou não.
Lazarus apud Reinhold (1984) considera dois tipos distintos de técnicas para enfrentar
o stress: 1º) técnicas de ação direta – que implicam em dirigir esforços para as próprias fontes
de stress, como por exemplo, organizar bem o tempo para realizar tudo o que planeja, negar-
se a fazer aquilo que não gosta, etc.; e 2º) técnicas paliativas – que são formas de lidar com as
experiências subjetivas do stress, como por exemplos, fugir das fontes de tensão, fazer
programas de lazer, praticar esportes, desenvolver a auto-confiança e o otimismo.
As estratégias defensivas podem ser classificadas como positivas (busca de apoio
social, exercer hobby, etc.) e negativas (fumar e/ou ingerir bebida alcoólica excessivamente,
tomar remédios ou substâncias químicas, etc.). Esta terminologia, no entanto, é denominada
por Everly (1979), respectivamente, como estratégias adequadas e inadequadas.
Carvalho (1997), tratando da importância do lazer na vida do trabalhador, esclarece a
necessidade de substituirmos, em alguns momentos, uma atividade que requer muito
dispêndio de energia por outra que possibilite relaxamento e reposição energética. As
67
atividades físicas, o relaxamento ou a meditação, conversa com os amigos, além de tantas
outras atividades, permitem ao individuo colocar a energia ao seu favor.
Na afirmação do autor, evidencia-se que, ao adotar estratégia dessa natureza, o estresse
deixa de ser um produtor de doenças ou exaustão energética e passa a ser também um
mobilizador de novas mudanças e mecanismo de adaptação saudável às situações
imprevisíveis da vida. Dessa forma, pode-se reaver o que há de positivo e gerador de
satisfação no exercício das ações cotidianas.
68
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação é um dos pilares do desenvolvimento de uma sociedade. Nela, como
cenário, encontram- se diversos atores (alunos, professores, supervisores e diretores, e os
funcionários técnico-administrativos) que desempenham diferentes papéis. Cada um deles tem
sua função definida. E, para que cada um desempenhe com êxito a sua função, é necessário
que as condições (ambientais, técnicas e psicossociais) sejam favoráveis.
As condições de saúde e trabalho dos profissionais da educação têm despertado o
interesse em pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento como sociólogos, psicólogos,
epidemiologistas, ergonomistas e demais profissionais da saúde. Os estudos recentes, com
base na contribuição desses pesquisadores, revelam a preocupação com as condições do
exercício profissional dos trabalhadores da educação, tendo em vista a tendência crescente de
transtornos de saúde manifestados nos últimos vinte anos.
O trabalho docente vem sofrendo transformações e mudanças mais recentes, apontam
para uma precarização do trabalho e um sobre-trabalho a ser desempenhado por estes
profissionais dentro e fora da escola. Pesquisas na área apontam que as novas exigências
impostas a estes trabalhadores podem estar comprometendo sua saúde, pois não são dadas aos
mesmos as condições mínimas ideais de trabalho bem como o tempo necessário para a
reprodução de sua força de trabalho. A síndrome de burnout e o alto índice de absenteísmo
pelos profissionais da educação, principalmente professores, por motivos de saúde física e
mental, marca a urgência do tratamento cuidadoso da questão.
O trabalho do professor representa uma parte histórica e significativa da expressão das
relações de trabalho, constituindo-se num dos principais modos de construção de processos
institucionais no âmbito da educação e da aprendizagem humana. Contudo, apesar de sua
importância social, os estudos sobre as implicações das condições de trabalho na saúde dos
69
professores necessitam serem incentivados e desenvolvidos na própria comunidade
universitária.
O ser humano apresenta um limite físico, mental e emocional que precisa ser
respeitado para se obter bons resultados na vida pessoal e profissional.
Existe uma urgente necessidade de implementar programas de alerta, reeducação e
cuidado da saúde junto aos professores do ensino superior , consequentemente trazendo
melhorias para o ambiente e vida pessoal de cada profissional.
70
8. CONCLUSÕES
Quanto ao perfil da clientela verificou-se que: 09 (24,4%) tinham entre 46 e 50 anos;
08 (21,6%) tinham entre 31 e 35 anos; 07 (18, 9%) entre 41 e 45 anos; 06 (16,2%)
entre 36 e 40 anos; 04 (10,8%) entre 51 e 55 anos; 02 (05,4%) entre 26 e 30 anos e 01
(02,7%) acima de 55 anos; quanto ao sexo, 23 (62,2%) eram do sexo feminino e 14
(37,8%) do sexo masculino; quanto ao estado civil, 24 (64,9%) eram casados; 05
(13,5%) solteiros; 05 (13,5%) referiram apresentar união consensual; 02 (05,4%)
separados e 01 (02,7%) referiu ser viúvo (a).
Quanto à atividade de docência verificou-se que: 13 (35,2%) eram mestres; 08
(21,6%) eram doutores; 06 (16,2%) eram mestrandos; 05 (13,5%) eram doutorandos;
03 (8,1%) tinham latu sensu 03 (8,1%) e 02 (5,4%) possuíam apenas a graduação.
Quanto ao tempo de docência verificou-se que 13 (35,2%) tinham de 6 a 10 anos de
docência; 05 (13,5%) tinham entre 26 e 30 anos de docência; 05 (13,5%) tinham de 21
a 25 anos de docência; 05 (13,5%) tinham de 11 a 15 anos de docência; 02 (5,4%)
tinham de 1 a 5 anos de docência e 01 (2,7%) tinha mais de 30 anos de docência.
Quanto à carga horária dos docentes verificou-se que 15 (40,5%) tinham uma carga
horária semanal de 31 a 40 horas; 11 (30,0%) de 11 a 20 horas; 06 (16,0%) de 21 a 30
horas; 03 (8,1%) tinham uma carga horária semanal de até 10 horas e 02 (5,5%)
tinham uma carga horária semanal de mais de 40 horas. Em relação à outras atividades
desenvolvidas 19 (51,4%) não exerciam outras atividades e 18 (48,6%) exerciam
outras atividades além da docência.
Quanto aos hábitos de vida verificou-se que: 25 (67,6%) não eram tabagistas, 08
(21,6%) eram ex-tabagistas e 04 (10,8%) eram tabagistas. Quanto ao etilismo
verificou-se que 21 (56,7%) consumiam bebidas alcoólicas socialmente e que 16
71
(43,3%) não consumiam. Quanto à atividade física verificou-se que 26 (70,3%)
realizavam alguma atividade física e que 11 (29,7%) não realizam.
Quanto ao IMC, patologias, tratamentos e consultas verificou-se que: 19 (51,3%)
apresentaram valores de IMC entre 22 e 26,9 kg/m2, 10 (27,1%) entre 27 e 31,9 kg/m
2
e 8 (21,6%) entre 17 e 21,9 kg/m2. Quanto às patologias associadas verificou-se que
18 (48,7%) referiram não apresentar patologias, 6 (16,2%) referiram apresentar
hipertensão, 6 (16,2%) doenças oftalmológicas; 4 (10,8%) doenças gastrointestinais e
1 (2,7%) doença urológica. Quanto à realização de tratamento 27 (72,9%) não
realizam e 10 (27,1%) realizam
Quanto a realização de exames verificou-se que: 36 (97,3%) realizaram exame de
sangue e 1 (2,7%) não realizou. Entre os que realizaram verificou-se que 26 (72,2%)
realizaram num período inferior há 1 ano, 6 (16,6%) num período entre 1 e 2 anos e 4
(11,2%) há mais de 2 anos. Quanto ao exame de fezes 26 (70,3%) não realizaram e 11
(29,7%) realizaram. Entre os que realizaram verificou-se que 5 (45,4%) realizaram
num período inferior há 1 ano, 5 (45,4%) num período entre 1 e 2 anos e 1 (9,2%) há
mais de 2 anos. Quanto ao exame ginecológico 23 (100%) realizaram, sendo que 20
(87%) num período inferior há 1 ano, 2 (8,7%) num período entre 1 e 2 anos e 1
(4,3%) há mais de 2 anos. Quanto ao exame de mama 19 (51,3%) não realizaram e 18
(48,7%) realizaram. Entre os que realizaram verificou-se que 10 (55,5%) realizaram
num período inferior há 1 ano, 5 (27,8%) num período entre 1 e 2 anos e 3 (16,6%) há
mais de 2 anos. Quanto ao exame oftalmológico 29 (78,4%) realizaram e 8 (21,6%)
não realizaram. Entre os que realizaram verificou-se que 15 (51,8%) realizaram num
período inferior há 1 ano, 7 (24,1%) num período entre 1 e 2 anos e 7 (24,1%) há mais
de 2 anos. Quanto ao exame odontológico 34 (91,9%) realizaram e 3 (8,1%) não
realizaram. Entre os que realizaram 28 (82,3%) realizaram num período inferior há 1
72
ano, 4 (11,8%) num período entre 1 e 2 anos e 2 (5,9%) há mais de 2 anos. Quanto ao
exame de próstata 8 (57,2%) não realizaram e 6 (42,8%) realizaram. Entre os que
realizaram verificou-se que 3 (50%) realizaram num período inferior há 1 anos e 3
(50%) entre 1 e 2 anos.
Quanto às principais queixas e necessidades de afastamento do trabalho verificou-se
que: 17 (16,2%) referiram apresentar cansaço mental; 17 (16,2%) cansaço físico; 13
(12,5%) dor muscular e\ ou cervical; 12 (11,4%) dor de cabeça; 10 (9,6%) referiram
não apresentar queixas; 9 (8,5%) referiram nervosismo; 7 (6,6%) enxaquecas; 6
(5,7%) insônia, 5 (4,7%) alergia (1 de rinite, 1 de camarão, 1 de cefalexina, 1 de
poeira e 1 de dipirona); 4 (3,8%) referiram rouquidão, 3 (2,9%) palpitações e 2 (1,9%)
maior freqüência de infecções. Quanto ao afastamento do trabalho 31(83,8%) nunca
precisaram se afastar e 6 (16,2%) já se afastaram.
Quanto à organização da disciplina verificou-se que: quanto ao tipo de disciplina, 34
(91,9%) ministram aulas teórico-práticas e 3 (8,1%) ministram apenas aulas teóricas.
Quanto ao curso, 17 (40,5%) ministram aula no curso de odontologia, 14 (33,3%) na
enfermagem e 11 (26,2%) na fisioterapia, sendo que alguns professores ministram
aulas em mais de um curso. Quanto a adequação do número de alunos em sala de aula
28 (78,4%) responderam que está adequado e 9 (21,6%) responderam que não está
adequado.
Quanto ao espaço físico e mobiliário verificou-se que: 31(83,8%) responderam que o
espaço físico está adequado e 6 (16,2%) responderam que não está adequado. Quanto
a adequação do mobiliário 28 (75,7%) responderam que está adequados e 9 (24,3%)
que não está adequado.
Quanto às condições tecnológicas de trabalho verificou-se que: ao material
audiovisual, 26 (70,3%) responderam que atendem as exigências da disciplina e 11
73
(29,7%) responderam que não atendem as exigências da disciplina. Quanto aos
materiais e equipamentos necessários, 26 (70,3 %) responderam que atendem as
exigências da disciplina e 11 (29,7%) responderam que não atendem as exigências da
disciplina.
Quanto às condições físicas do ambiente de trabalho verificou-se que: às condições de
iluminação 20 (54,1%) relataram ser regular e 17 (45,9%) relataram ser boa. Quanto
as condições de ventilação 22 (59,5%) relataram ser regular, 9 (24,3%) insatisfatória e
6 (16,2%) boa. Quanto as condições de temperatura 24 (64,8%) relataram ser regular,
10 (27,1%) insatisfatória e 3 (8,1%) boa. Quanto as condições sonoras 23 (62,2%)
relataram ser regular, 8 (21,6%) boa e 6 (16,2%) insatisfatória.
Quanto a caracterização dos fatores de estresse no ambiente de trabalho destacaram-
se: 22 (15,7%) as atividades burocráticas; 17 (12,3%) a desvalorização da carreira
profissional; 14 (10%) a conciliação casa / trabalho; 11 (7,8%) a carga horária
excessiva; 10 (7,1%) a estrutura organizacional, 10 (7,1%) as barreiras para
implantar inovações; 9 (6,3%) o relacionamento com os alunos; 9 (6,3%) recursos
financeiros, materiais e temporais; 9 (6,3%) a pouca participação dos professores na
tomada de decisão; 8 (5,7%) a rede de comunicação; 6 (4,3%) o relacionamento com
colegas; 6 (4,3%) recebimento apenas de feed-back negativo por parte dos superiores;
4 (2,9%) o salário do professor; 3 (2,5%) conflitos de regras da Universidade e 2
(1,4%) as condições ambientais internas e externas.
Quanto às estratégias utilizadas para combater o estresse destacaram-se: 24 (24,2%)
oportunidades para conversar e trocar idéias; 23 (23,2%) reservar um tempo para as
atividades de lazer; 19 (19,2%) praticar esportes; 15 (15,2%) esquecer as obrigações e
problemas nos fins de semana; 10 (10,1%) recorrer à coordenação para discutir
problemas e 8 (8,1%) realizar outras atividades (respirar fundo para aliviar; recorrer a
74
vivência familiar; leitura e atualizações; recorrer a religião; realizar reiki; realizar
acupuntura, brincar com os filhos; procurar relacionar-se com amigos que não sejam
da área da saúde).
75
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80
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I - CARACTERÍSTICAS
Idade: ________
Sexo: ( ) feminino ( ) masculino
Estado Civil:
( ) solteiro (a)
( ) casado (a)
( ) viúvo (a)
( ) Separado (a)
( ) União consensual
Titulação:
( ) Graduado
( ) Lato sensu
( ) Mestrando
( ) Mestre
( ) Doutorando
( ) Doutor
Tempo de docência: __________ Carga horária semanal: ___________
Possui outra atividade além da docência? Sim ( ) Não ( )
Qual? __________________________________________________________
II- HÁBITOS DE VIDA
Tabagista? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ex-tabagista
Etilista? ( ) Sim ( ) Não ( ) Socialmente ( ) Ex-etilista
Pratica alguma atividade física? ( ) Sim ( ) Não Qual: _________________
III- DADOS REFERENTES À SAÚDE
Peso: ____________ Altura: _____________
Patologias associadas:
( ) diabetes
( ) hipertensão
( ) doenças cardiorrespiratórias _____________________________
( ) câncer _________________
( ) doenças gastrointestinais _______________________________
( ) doenças nefrológicas / urológicas ________________________________
( ) Doenças oftalmológicas ________________ Faz uso de lentes corretivas ( ) Sim ( ) Não
Faz Algum Tratamento: ( ) Não ( ) Sim. Qual: __________________________
Quando realizou a última consulta médica?
( ) menos de 1 ano
( ) entre 1 e 2 anos
81
( ) há mais de 2 anos
Exames realizados:
Sangue ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Fezes ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Ginecológicos ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Mama (USG / Mamografia) ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Oftalmológico ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Odontológico ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Próstata (PSA / Toque retal) ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quando? ( ) menos de 1 ano ( ) entre 1 e 2 anos ( ) há mais de 2 anos
Principais queixas:
( ) Sem queixas
( ) Dor de cabeça
( ) Dor muscular e/ou cervical
( ) Alergia (especificar tipo): _________________________
( ) Rouquidão
( ) Cansaço mental
( ) Cansaço físico
( ) Nervosismo
( ) Enxaquecas
( ) Insônia
( ) Palpitações
( ) Maior freqüência de infecções
( ) Outras (especificar): __________________________________
Você já precisou afastar-se do trabalho para tratar da sua saúde?
Sim ( ) Não ( )
IV- CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO
1- Caracterização da organização da disciplina
Tipo de disciplina
( ) Teórica ( ) Teórico-prática ( ) Prática
Curso:
( ) Enfermagem ( ) Fisioterapia ( ) Odonto
82
O número de alunos em sala de aula está adequado para o desenvolvimento da disciplina?
( ) Sim ( ) Não
2- Caracterização do espaço físico e mobiliário (sala de aula e locais específicos para o
desenvolvimento das aulas práticas)
O espaço físico está adequado para atender às exigências da disciplina?
( ) Sim ( ) Não
O mobiliário está adequado para atender às exigências da disciplina?
( ) Sim ( ) Não
3- condições tecnológicas de trabalho
As condições do material audiovisual disponível ao professor atendem as exigências da
disciplina?
( ) Sim ( ) Não
As condições dos materiais / equipamentos disponíveis para a realização das aulas práticas
atendem as exigências da disciplina?
( ) Sim ( ) Não
4- Condições físicas do ambiente (das salas de aula, ambientes da área da saúde)
Condições de iluminação
( ) Insatisfatória ( ) Regular ( )Boa
Condições de ventilação
( ) Insatisfatória ( ) Regular ( )Boa
Condições de temperatura
( ) Insatisfatória ( ) Regular ( ) Boa
Condições sonoras internas e externas
( ) Insatisfatória ( ) Regular ( ) Boa
V- FATORES DE ESTRESSE E ESTRATÉGIAS UTILIZADAS
1- Na sua opinião quais são os fatores de estresse no ambiente de trabalho?
( ) Relacionamento com alunos
( ) Relacionamento com colegas
( ) Estrutura organizacional
( ) Rede de comunicação
( ) Atividades burocráticas
( ) Carga horária excessiva de trabalho
( ) Recursos financeiros, materiais e temporais
( ) Condições ambientais internas e externas
( ) Conciliação casa / trabalho
( ) Salário do professor
( ) Desvalorização da carreira de professor universitário
( ) Recebimento apenas de feedback negativo, por parte dos superiores
( ) Barreiras para implantar inovações
( ) Conflitos de regras da Universidade (dois pesos e duas medidas)
( ) Pouca participação dos professores na tomada de decisões
( ) Outos (especificar): ____________________________________________
83
2- Quais são as estratégia que você utiliza para combater o estresse?
( ) Procuro oportunidades para conversar e trocar idéias com meus colegas
( ) Recorro à coordenação para discutir problemas relacionados ao trabalho
( ) Nos fins de semana esqueço as obrigações e problemas da faculdade
( ) Pratico esportes
( ) Reservo um tempo para atividades de lazer (cinema, teatro, leitura, viagens, etc)
( ) Outras (especificar): _____________________________________
84
APÊNDICE B
AUTORIZAÇÃO
Bragança Paulista, ____ de___________ de 2009.
Exmo Sr. Dr. _______________________________________________
Diretor da Universidade São Francisco (Câmpus de Bragança Paulista)
Vimos solicitar as dignas providências no sentido de autorizar a coleta
de dados da pesquisa intitulada “O trabalho e a saúde dos professores de ensino superior”
em desenvolvimento por minhas orientandas Daniela Marques Garcia e Ketty de Moura
Morais alunas do 7º semestre do Curso de Enfermagem, do Centro de Ciências e Biológicas
da Saúde da Universidade São Francisco, como exigência parcial para conclusão do curso de
graduação. Os dados serão obtidos através da aplicação de um questionário, com o objetivo de
analisar a relação existente entre condições de trabalho e processo saúde-doença dos docentes
dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia da Universidade São Francisco.
.
Somente participarão desta pesquisa os docentes que estiverem de
acordo com o Termo de Consentimento e a coleta de dados somente será realizada após
autorização do Comitê de Ética em Pesquisa
Em anexo, enviamos o Projeto de Pesquisa, o Termo de Consentimento e
o Instrumento de Coleta de Dados
Agradecendo antecipadamente a valiosa colaboração de VS, colocamo-
nos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente
_______________________________
Profª Elaine Reda
Meu endereço: (orientadora)
Rua: Alfredo Vieira Arantes, 907
Cidade: Itatiba - SP
Telefone: (11) 91187512
E-mail: [email protected]
Declaro que conheço o projeto de pesquisa em questão e autorizo a realização do mesmo
após apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa.
Dr. _______________________
(Diretor da Universidade São Francisco – Campus Bragança Paulista)
85
APÊNDICE C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
O TRABALHO E A SAÚDE DOS PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR
O abaixo assinado:
Nome:_______________________________________________________________
Endereço:____________________________________________________________
Cidade/ Estado: _______________________________________________________
RG: ______________________________ Idade: __________
Declara que é de livre e espontânea vontade que está participando como voluntário (a) do
projeto de pesquisa supra-citado, de responsabilidade do pesquisador. O voluntário está ciente
que:
Os objetivos desta pesquisa são:
Objetivo geral:
Analisar a relação existente entre condições de trabalho e processo saúde-doença dos docentes
dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia da Universidade São Francisco.
Objetivos Específicos:
Caracterizar os docentes dos cursos de enfermagem, fisioterapia e odontologia, de
acordo com seus dados demográficos e hábitos de vida;
Identificar as relações existentes entre as condições do ambiente de trabalho e a saúde
do professor universitário;
Identificar os fatores avaliados como estressores pelos docentes dos cursos de
enfermagem, fisioterapia e odontologia e as estratégias defensivas por eles utilizadas;
1- A participação neste estudo não acarretará nenhum risco que possa comprometer a sua
saúde ou o seu trabalho como docente.
2- Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a
participação no referido estudo.
3- Está livre para interromper a participação no estudo a qualquer momento ou deixar de
responder qualquer pergunta.
4- A interrupção do estudo não lhe causará prejuízo referente às atividades profissionais
desenvolvidas na Instituição que atua.
86
5- Responderá a um questionário, o qual não possuirá nenhuma forma de fornecer sua
identidade, visto que todas as informações obtidas serão convertidas em dados numéricos.
6- Uma vez encerrado o trabalho, os resultados poderão ser divulgados em eventos e revistas
científicas, onde será mantido sigilo e anonimato de qualquer informação fornecida.
7- Poderá contactar a pesquisadora, sempre que necessário, pelo telefone abaixo citado.
8- Poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou reclamações
em relação ao estudo (Fones: (11) 4034-8028 - Comitê de Ética em Pesquisa – USF.
9- Este Termo de Consentimento, livre e esclarecido, constará de duas vias, sendo uma delas
entregue ao voluntário.
Pesquisadores:
Daniela Marques Garcia
RG: MG-10.781.638
Endereço: Avenida São Francisco de Assis, 14- Apto 02
Cidade: Bragança Paulista - SP
Fone: (11) 86473143
E-mail: [email protected]
Ketty de Moura Morais
RG: 43.781.221-2
Endereço: Rua Victório Bonucci, 43
Cidade: Bragança Paulista - SP
Fone: (11) 6551-3515
E-mail: [email protected]
Pesquisadora Responsável:
Profª Elaine Reda
RG: 21.851.823-7
Endereço: Rua Alfredo Viera Arantes, 907
Cidade: Itatiba - SP
Fone: (11) 91187512
E-mail: [email protected]
Bragança Paulista, ___ de de 2009.
Assinatura do (a) voluntário (a) : ____________________________________
Assinatura do Responsável pela pesquisa:
Profª ________________________
Assinatura: ________________________________