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  • 8/17/2019 Disser Mes Corporate Metrics

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    FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMECPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

     ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA 

    DDIISSSSEERRTT A AÇǠàÃOO DDEE MMEESSTTRR A ADDOO PPRROOFFIISSSSIINN A ALLIIZZ A ANNTTEE EEMM A ADDMMIINNIISSTTRR A AÇǠàÃOO 

    CORPORATEMETRICS  – MENSURAÇÃO DORISCO CORPORATIVO: ESTUDO DE CASO DO

    MERCADO SIDERURGICO BRASILEIRO 

    DDIIEEGGOO DDEE MMAAGGAALLHHÃÃEESS OOZZOORRIIOO 

    OORRIIEENNTT A ADDOORR:: PPRROOFF.. DDRR.. A ANNTTOONNIIOO MM A ARRCCOOSS DDUU A ARRTTEE JJÚÚNNIIOORR 

    RRRiiiooo dddeee JJJaaannneeeiiir r r ooo,,, 222999 dddeee nnnooovvveeemmmbbbr r r ooo dddeee 222000000666... 

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    CORPORATEMETRICS  – MENSURAÇÃO DO RISCO CORPORATIVO: ESTUDO DE CASO

    DO MERCADO SIDERURGICO BRASILEIRO 

    DIEGO DE MAGALHÃES OZORIO

    Dissertação apresentada ao curso de Mestrado

    Profissionalizante em Administração, como requisito parcial para

    obtenção do Grau de Mestre em Administração.

    Área de Concentração: Administração Geral

    ORIENTADOR: PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR

    Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2006.

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    CORPORATEMETRICS – MENSURAÇÃO DO RISCO CORPORATIVO: ESTUDO DECASO DO MERCADO SIDERURGICO BRASILEIRO

    DIEGO DE MAGALHÃES OZORIO

    Dissertação apresentada ao curso de MestradoProfissionalizante em Administração, como requisito

     parcial para obtenção do Grau de Mestre emAdministração.

    Área de Concentração: Administração Geral

    Avaliação:

    BANCA EXAMINADORA:

     _________________________________________________________

    PROF. DR. ANTONIO MARCOS DUARTE JUNIOR (Orientador) 

    Instituição: Ibmec/RJ

     _________________________________________________________

    PROF. DR. RAIMUNDO NONATO SOUSA DA SILVA 

    Instituição: Ibmec/RJ

     _________________________________________________________

    PROF. DR. CAIO IBSEN RODRIGUES DE ALMEIDA

    Instituição: FGV-RJ

    Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2006.

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    658.1145O99

    Ozorio, Diego de Magalhães.Corporatemetrics – Mensuração do risco corporativo: estudo de caso do

    siderúrgico brasileiro / Diego de Magalhães Ozorio – Rio de Janeiro: FaculdaIbmec, 2006.

    Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa deGraduação em Administração das Faculdades Ibmec, como requisito parcialnecessário para a obtenção do título de Mestre em Administração.

     Área de concentração: Administração Geral.

    1. Finanças corporativas. 2. Risco – Economia.

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    RESUMO

    O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo técnico, utilizando um modelo de mensuração

    e análise dos riscos corporativos, que permite a elaboração de estratégias, que visem trazer maior

    acuracidade ao processo decisório de empresas. O modelo de mensuração de risco corporativo a ser

    apresentado, toma como base o valor-em-risco (VaR), ou value at risk , adotado para medir risco dentro

    de ambientes puramente financeiros, adaptado para mensurar risco em ambientes empresariais, ou VaR

    Corporativo.

    Em seguida, será realizada análise comparativa de algumas empresas siderúrgicas brasileiras, através da

    adoção da metodologia de mensuração do VaR Corporativo, a fim de diagnosticar o posicionamento

    gerencial das empresas frente a risco. Acessoriamente, determinaremos o pior resultado para o patrimônio

    líquido dentro de condições de mercado, determinado período de tempo e intervalo de confiança, conforme

    apresentado pelo RiskMetrics Group (1999) no original Corporatemetrics.

    Palavras Chave: Risco; Gestão de Risco; Valor-em-risco (VaR); VaR Corporativo; CorporateMetrics.

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    ABSTRACT

    This study’s objective is to present a corporate risks computation and analysis model in order to design

    strategies that bring higher accuracy to the firm’s decision-making process. The corporate risk computation

    model to be presented is based on the value at risk (VaR) framework used to measure risk in purely financial

    environments, or Corporate VaR.

    In the second part of the study, we will analyze some Brazilian companies in the steel industry using the

    Corporate VaR computation methodology presented in the first part, to diagnostic how the management of

    the Brazilian steel industry are concern relative to risk. We will inside determine the worse one resulted for

    the equity of market conditions, time horizon e confidence level as presented by RiskMetrics Group (1999)

    in the original Corporatemetrics.

    Key Words: Risk; Risk Managers; Value at risk (VaR); Corporate VaR; CorporateMetrics.

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    LÍSTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Impactos Esperado da Gestão de Risco no Valor da Empresa----------------------------------19

    Figura 2 - Risco de Ativos em Análise Isolada----------------------------------------------------------------24

    Figura 3 - Eventos/Fatores que Afetam o Retorno de Ativos -----------------------------------------------25

    Figura 4 - Risco Específico X Risco Sistemático--------------------------------------------------------------26

    Figura 5 - Quantidade de Ativos, Risco da Carteira e Risco Sistemático ----------------------------------27

    Figura 6 - Valor-em-risco (VaR) da Carteira -----------------------------------------------------------------30

    Figura 7 - Histórico de Preço em US$ - Laminado a Quente por Ton. (1987 a 2005)--------------------46

    Figura 8 - Aço Bruto – Toneladas Produzidas em 2005 – China X Índia X Brasil------------------------47

    Figura 9 - Mercado Mundial – Distribuição da Produção por País (2005) ---------------------------------47

    Figura 10 - Mercado Brasileiro – Distribuição da Produção por Empresa (2005)-------------------------50Figura 11 - Produção Mensal Aço por Ton. - Mercado Interno (Jan/05 a Mar/06)-----------------------50

    Figura 12 - Produção por Processo - Mercado Doméstico (Mar/2005 a Mar/06) ------------------------51

    Figura 13 - CSN – Receita Bruta e Lucro Líquido (2000 a 2005) ------------------------------------------52

    Figura 14 - CST – Receita Bruta e Lucro Líquido (2000 a 2005)-------------------------------------------55

    Figura 15 - Gerdau – Quantidade Produzida – Brasil X Exterior (2000 a 2005)---------------------------57

    Figura 16 - Complexo Usiminas – Receita Bruta e Lucro Líquido (2002 a 2005)-------------------------58

    Figura 17 - Ke -Variação Patrimonial Histórica em Condições de Mercado – CSN ---------------------67

    Figura 18 - Ke -Variação Patrimonial Histórica em Condições de Mercado – CST----------------------68

    Figura 19 - Ke -Variação Patrimonial Histórica em Condições de Mercado – Gerdau S.A. ------------68

    Figura 20 - Ke - Variação Patrimonial Histórica em Condições de Mercado – Usiminas ---------------69

    Figura 21 - Comparativo da Variação Patrimonial (Ke) das Empresas Analisadas-----------------------69

    Figura 22 - Quadro Comparativo – VaR Corporativo das Empresas Analisadas -------------------------70

    Figura 23 - Quadro Comparativo – Índice PPL das Empresas Analisadas --------------------------------71

    Figura 24 - Relação Dívida Total X Patrimônio Líquido – 2001 a 2005 ---------------------------------- 741

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    LÍSTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Parâmetros da Gestão de Riscos Financeiros X Risco CorporativosErro! Indicador não definido. 

    Tabela 2 - Características dos Processos Produtivos - Tradicional X Mini-usinas-Erro! Indicador não

    definido. Tabela 3 - PL0 - Saldo Histórico do Patrimônio Líquido em t=0 (Mil R$) Erro! Indicador não definido. 

    Tabela 4 - L1 – Lucro Líquido Trimestral Consolidado em t=1 (Mil R$)Erro! Indicador não definido. 

    Tabela 5 - Ke – Variação Histórica do Patrimônio Líquido em Condições de MercadoErro! Indicador não

    definido. Tabela 6 – Resultados da Variável Aleatória Ke --------------------------Erro! Indicador não definido. 

    Tabela 7 - Medidas Comparativas de Risco Operacional Escolhidas----Erro! Indicador não definido. 

    TABELA 1 - PARÂMETROS DA GESTÃO DE RISCOS FINANCEIROS X RISCO

    CORPORATIVOS...................................................................................................................33 

    TABELA 2 - CARACTERÍSTICAS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS - TRADICIONAL XMINI-USINAS.........................................................................................................................44 

    TABELA 3 - PL0 - SALDO HISTÓRICO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM T=0 (MIL R$)  62 

    TABELA 4 - L1 – LUCRO LÍQUIDO TRIMESTRAL CONSOLIDADO EM T=1 (MIL R$)  63 

    TABELA 5 - K  E  – VARIAÇÃO HISTÓRICA DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM CONDIÇÕESDE MERCADO.......................................................................................................................64 

    TABELA 6 – RESULTADOS DA VARIÁVEL ALEATÓRIA  E .......................................64 

    TABELA 7 - MEDIDAS COMPARATIVAS DE RISCO OPERACIONAL ESCOLHIDAS 69 

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    TABELA 8 - COMPARATIVO QUALITATIVO ENTRE AS SIDERÚRGICAS ANALISADAS  71 

    TABELA 9 - FLEXIBILIDADE - PROCESSO TRADICIONAL X ACIARIA ELÉTRICA73 

    Tabela 9 - Flexibilidade - Processo Tradicional X Aciaria Elétrica ------Erro! Indicador não definido. 

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    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................12

    1.1. SITUAÇÃO PROBLEMA........................................................................................ 121.2. OBJETIVO DO TRABALHO................................................................................... 151.3. JUSTIFICATIVA DO TRABALHO......................................................................... 161.4. METODOLOGIA.....................................................................................................191.5. LIMITAÇÕES DA PESQUISA................................................................................20

    2. A ABORDAGEM FINANCEIRA PARA RISCO..........................................................22

    2.1. RISCO ESPECÍFICO X RISCO SISTEMÁTICO E OS MODELOS DEPRECIFICAÇÃO......................................................................................................22

    3. O VAR CORPORATIVO.................................................................................................28

    3.1. O VALUE AT RISK (VAR) E O VAR CORPORATIVO........................................ 283.2. CORPORATEMETRICS..........................................................................................303.3. MODELO DE MENSURAÇÃO DE RISCO CORPORATIVO - VAR

    CORPORATIVO ...................................................................................................... 34

    4. O MERCADO SIDERÚRGICO BRASILEIRO............................................................40

    4.1. A SIDERURGIA E OS PROCESSOS PRODUTIVOS............................................ 40

    4.2. MERCADO MUNDIAL DE AÇO E AS PERSPECTIVAS PARA ASIDERURGIA BRASILEIRA...................................................................................46

    4.3. O SETOR SIDERÚRGICO BRASILEIRO............................................................... 474.4. EMPRESAS DO SETOR SIDERÚRGICO BRASILEIRO....................................... 50

    4.4.1. CSN – Companhia Siderúrgica Nacional................................................................. 514.4.2. CST – Companhia Siderúrgica Tubarão.................................................................. 524.4.3. Gerdau S.A. ...........................................................................................................544.4.4. Complexo Usiminas................................................................................................ 56 

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    1.  INTRODUÇÃO

    1.1.  SITUAÇÃO PROBLEMA

    Cossin (2005) comenta: “o jogo do risco é extremamente incerto, e nunca poderemos avaliar os riscos com

    100% de precisão.” Assim, por que deveria uma diretoria, ou uma corporação, investir esforços numa

    avaliação quantitativa dos riscos da empresa? O fato é que, tal avaliação, mesmo quando pouco objetiva,

    oferece numerosas vantagens, que ultrapassam as discussões informais acerca dos riscos.

    Em primeiro lugar, as técnicas quantitativas estimulam o raciocínio sobre os riscos. Esses métodos ajudam

    diretoria e equipe gestora, a identificar os principais fatores que impactam os resultados da empresa. Cossin

    (2005) cita como exemplo, os impactos do aumento do preço do petróleo sobre uma montadora de

    veículos, como a DaimlerChrysler. “O preço do petróleo influencia uma série de variáveis, na complexa teia

    que é a economia moderna, inclusive os preços secundários de energia, o custo dos insumos para produção,

    a demanda do consumidor por modelos com alto consumo de combustível, assim como a inflação de modo

    geral. E, portanto, as taxas de juros, que afetam a demanda por carros, alterando o custo do leasing , ou

    dos empréstimos para financiamento de veículos. Em outras palavras, o impacto sobre a venda de carros é

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    veículos. Em outras palavras, o impacto sobre a venda de carros é múltiplo, em especial num setor onde os

    serviços financeiros, muitas vezes, correspondem a 50% a 100% dos lucros. A flexibilidade em relação às

    mudanças nas taxas de juros, proteção contra volatilidade da taxa de câmbio, vulnerabilidade ao risco de

    inadimplência de clientes ou fornecedores, e assim por diante, é vital para a posição competitiva da

    empresa. Ter consciência dos vários aspectos de toda a teia de riscos, e de como eles interagem, é essencial

     para compreender as decisões da equipe gestora, e, se necessário, questioná-las. A visão de portfólio

    torna-se uma necessidade no nível de diretoria, e números simples ajudam o raciocínio a ficar mais claro.

    Por exemplo, qual é a sensibilidade da empresa aos preços do petróleo, no contexto de seus custos? Qual o

    aumento no custo dos financiamentos, quando as taxas de juros sobem 1%? E, nesse caso, quanto à

    empresa perderia em vendas?”

    Em segundo lugar, as técnicas quantitativas esclarecem as questões de risco, ao criar uma linguagem comum,

    incentivando uma comunicação mais clara entre diretores e gestores. Permitem aos diretores compreender

    qual o apetite de risco dos gestores, e estimulam a compreensão dos riscos, tornando objetivos os pontos

    de vista subjetivos. Cossin (2005) comenta sobre uma ocasião, onde dois diretores, ao avaliarem o mesmo

     projeto, consideravam-no um muito arriscado, e o outro, moderadamente arriscado, embora os dois

    concordassem que a probabilidade de fracasso era de 10%. A avaliação refletia o grau de aversão ao risco

    de cada um, no nível pessoal, não provindo, entretanto de uma avaliação objetiva dos riscos.

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    Em terceiro lugar, as medidas quantitativas incentivam a melhoria da gestão de riscos, ajudando os diretores

    a se focarem nos riscos mais importantes. Sem um escalonamento claro dos riscos, a diretoria, e mesmo a

    equipe gestora, podem não se dar conta da vastidão e da complexidade dos riscos. Dessa forma, tendem a

    se concentrar nos riscos mais aparentes, tais como os relativos à moeda, taxas de juros, etc, em vez de

    analisar os riscos, que realmente exercem forte impacto sobre os negócios, tais como uma perda radical de

    fatia de mercado.

    Por fim, os modelos quantitativos de risco, quando bem desenhados, podem ajudar a definir os riscos do

    negócio. Por exemplo, a aquisição da Household International no ano de 2003, deu ao banco HSBC, mais

    do que apenas uma porta de entrada no mercado americano de financiamento ao consumidor. Na verdade,

    essa aquisição, deu ao HSBC a valiosa oportunidade de aplicar em todo o mundo, os modelos de

    quantificação de risco de crédito, desenvolvidos pela Household nos EUA.

    Os motivos do crescente interesse na mensuração e controle dos riscos de corporativos relacionam-se

    também às mudanças ocorridas nos mercados de capitais. Tais mudanças envolvem uma nova visão da

    avaliação de performance do gestor, desenvolvendo um novo paradigma, onde o desempenho, não pode

    ser aferido apenas pela perspectiva contábil. Retornos elevados, em geral, estão condicionados a riscos

    elevados. Daí a necessidade de mensurar os riscos corporativos incorridos e permitir que as instituições,

    mantenham sistemas estruturados de controle dos riscos de liquidez, fruto dos desequilíbrios entre os prazos

    de pagamento e recebimento. Os controles deverão permitir a avaliação periódica das operações,

    determinando assim o montante a ser alocado como capital mínimo, para fazer frente perdas potenciais

    estimadas.

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    Após tantas crises financeiras, é lugar comum ressaltar a importância da gestão de riscos para as empresas.

     No entanto, sua prática é ainda incipiente nas instituições não-financeiras, em parte, devido a dificuldades de

    adaptação dos conceitos originários do mercado financeiro, para a realidade das corporações.

    1.2.  OBJETIVO DO TRABALHO

    O gerenciamento de risco vem assumido papel relevante no ambiente das instituições não-financeiras. As

    constantes crises mundiais, permanentes mudanças de políticas econômicas, e o acelerado ritmo de

    inovações tecnológicas, têm reforçado a idéia de que os gestores deverão ter metas mais abrangentes, do

    que apenas os incrementos de retornos e fluxos de caixa. Contudo, as métricas tradicionais de diagnóstico e

    valoração da performance de empresas, tornam se incompletas, à medida que não contemplam de forma

    adequada, os riscos aos quais companhias estão sujeitas. A despeito da importância crescente do assunto,

    discussões acerca de modelos capazes de valorar os riscos de empresas, ainda são incipientes, complexas e

     pouco conclusivas.

    O modelo de mensuração de risco corporativo a ser apresentado, toma como base no valor-em-risco 

    (VaR), ou value at risk , adotado para medir risco dentro de ambientes puramente financeiros, adaptado

    neste para mensurar risco em ambientes empresariais, ou VaR Corporativo. A mensuração e o

    gerenciamento dos riscos corporativos, através da adoção do modelo de VaR Corporativo, constituem o

    foco do presente trabalho, que acessoriamente apresentará exemplos numéricos do cálculo do VaR

    Corporativo em empresas do setor siderúrgico brasileiro.

    As características cíclicas do setor escolhido para análise, também podem ajudar gestores na extrapolação

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    extrapolação dos resultados obtidos, para outros segmentos da economia que apresentem as mesmas

    características. Com grandes distúrbios na relação entre oferta e demanda e baixa diferenciação entre seus

     produtos (commodities), as empresas que atuam no setor siderúrgico, experimentam grandes variações dos

    resultados operacionais, impactados pelos ciclos econômicos (desvios da taxa “normal” de crescimento da

    economia). Todas as empresas são afetadas pelos ciclos econômicos, porém alguns determinados tipos de

    negócios sofrem maiores efeitos dessa ciclicidade, como no caso das siderúrgicas, onde a gestão integrada

    dos riscos corporativos se apresenta bastante relevante.

    As variações no desempenho operacional das siderúrgicas, impactadas pelos ciclos econômicos, também

     podem ser sentidas em outros setores da economia, como os de publicidade, papel & celulose, químico e

    transportes aéreos, todos com forte comportamento cíclico dos resultados. No setor de transporte aéreo,

     por exemplo, os ciclos de lucros estão ligados a tendências macroeconômicas mais amplas. No setor de

     papel e celulose, os ciclos são determinados principalmente por fatores setoriais, geralmente ligados à

    relação entre demanda e capacidade instalada de produção. Sendo assim, tanto o modelo de mensuração

    de risco corporativo proposto no presente trabalho, como as conclusões obtidas ao final desse estudo,

     poderão servir como embasamento para a mensuração e gestão de riscos em empresas de outros setores,

    que por ventura, apresentem comportamento cíclico dos lucros.

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    1.3.  JUSTIFICATIVA DO TRABALHO

    Ao longo dos anos, têm surgido diversos estudos comprovando os benefícios de se gerenciar os riscos

    corporativos. Todos eles afirmam que tal esforço deverá aumentar o valor da empresa, divergindo muitas

    vezes, na maneira como tal é conseguido.

    O gerenciamento de risco se torna relevante dentro de instituições não financeiras, à medida que permite

    alterar fatores que impactam no resultado operacional depois de impostos. Tais fatores podem ser

    apresentados por: custos de falência, benefícios da maior capacidade de alavancagem financeira e

    operacional, alem da apropriação de benefícios fiscais.

    Os custos de falência estão atrelados à probabilidade da empresa se tornar inadimplente. Alem dos custos

    diretos de falências, como despesas com advogados, tribunais, etc, podemos identificar também custos de

    falência indiretos, oriundos de investimentos de alto risco, com grande probabilidade de insucesso.

    Outro grande benefício oriundo da redução da volatilidade dos retornos é a capacidade da empresa, operar

    em maiores níveis de alavancagem financeira. Uma vez que o risco de inadimplência está condicionado a

     probabilidade de que a geração de caixa, não seja suficiente, para honrar compromissos com terceiros, a

    redução de sua volatilidade permite que as empresas operem no máximo de sua alavancagem financeira,

    sem maiores incrementos nos custos de captação.

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    A redução da volatilidade do resultado operacional permite ainda que a empresa opere dentro de patamares

    mais elevados de custos fixos (maior alavancagem operacional), uma vez que o risco de inadimplência passa

    a estar mais controlado. Sendo então esperados incrementos nas margens operacionais da empresa.

    A forma legal de apropriação de benefícios fiscais é outro ponto que pode ser influenciado pela volatilidade

    dos resultados. No Brasil, as regras de apropriação de benefícios fiscais sobre prejuízos acumulados,

     podem beneficiar empresas que possuam maior controle dos resultados operacionais. Segundo a legislação

    tributária vigente, empresas que optaram pelo sistema de lucro real, só poderão deduzir do pagamento de

    impostos sobre resultados, 30% do saldo de prejuízo fiscal acumulado, a cada período. Supondo uma

    alíquota marginal de impostos de 20%, uma empresa que registre lucro de $ 10 milhões por dois anos

    consecutivos, será tributada em $ 2 milhões ao ano, totalizando um desembolso de $ 4 milhões em

    impostos, durante os dois anos. Caso a mesma empresa, enfrente oscilações em seu resultado tributável, e

    registre um prejuízo contábil de $ 10 milhões no primeiro ano e lucro de $ 30 milhões no segundo, irá

    desembolsar um total de $ 5,4 milhões em impostos durante o mesmo período, restando um crédito a

    compensar em exercícios futuros de $ 1,4 milhões. Tal raciocínio também passa a valer para benefícios

    fiscais sobre depreciação.

    Assim, a mensuração e gestão dos riscos corporativos podem contribuir para elaboração de estratégias, que

    visem à diminuição da volatilidade dos resultados operacionais depois de impostos e por conseqüência, a

    dispersão de retornos e fluxos de caixa, o que diminui os custos de captação de recursos com terceiros, e

    riscos percebidos pelos acionistas. Acessoriamente, tais estratégias poderão garantir: recursos para

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     poderão garantir: recursos para investimentos em programas de P&D, a geração de benefícios fiscais sobre

    despesas financeiras e depreciação, e, maiores níveis de alavancagem operacional e financeira. Todos esses

    fatores combinados permitem a valorização da empresa, através de incrementos nas margens operacionais e

    receitas futuras, assim como, reduções nas taxas de desconto. O esquema apresentado na figura 1 busca

    deflagrar, os impactos esperados da gestão de risco, no valor da empresa.

    Figura 1 - Impactos Esperado da Gestão de Risco no Valor da Empresa 

    Fonte: Elaborado pelo autor  

    O presente trabalho se justifica na crescente relevância do tema dentro do ambiente de instituições não

    financeiras e por considerar que as discussões referentes aos mecanismos de gerenciamento dos riscos

    corporativos, ainda não culminaram em um modelo único, o que permite a proposição de ferramentas que

     busquem ajudar gestores na mensuração dos riscos do negócio.

    Crescimentoda Receita

    Garantia deInvestimentos

    Redução do Custo

    Líquido de Captação

    Garantiade Recursos p/

    P&D e CDG

    Taxa deDesconto

    Redução PercepçãoRisco Acionista

    Maior AlavancagemFinanceira (D/E)

    Redução dosCustos Totais

    MargemOperacional

    Líquida

    Reduçãodos Custos de

    Falência

    Maior  Alavancagem

    Operacional

    Garantiado Benefício

    Fiscal

    Σ FCFF

    wacc - gPo   t=1

    t=∞

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    1.4.  METODOLOGIA

    Para a consecução dos objetivos desejados, descreveremos no capítulo 3 do presente estudo, a

    metodologia de mensuração de riscos corporativos a ser utilizada, no diagnóstico do desempenho frente a

    risco de empresas. Tal revisão terá como objetivo, desenvolver as bases teóricas necessárias a melhor

    compreensão dos resultados obtidos, tanto como, eventuais conclusões a cerca do desempenho das

    companhias analisadas. Quanto ao modelo, o VaR Corporativo, baseado no valor-em-risco (VaR), será

    adaptado neste, para determinar o pior resultado esperado para a variação patrimonial de uma empresa, em

    condições de mercado, dentro de determinado período de tempo e intervalo de confiança.

    Quanto ao estudo comparativo de risco corporativo a ser apresentado, a escolha das companhias em

    análise se deu: pelo razoável número de empresas comparáveis atuando no mercado brasileiro, o interesse

    do autor pelo setor siderúrgico e pelas características de ciclicidade dos resultados operacionais das

    empresas siderúrgicas. Para permitir a contextualização e conclusões qualitativas da análise, descreveremos

    as etapas dos dois principais processos produtivos adotados pelas siderúrgicas modernas, buscando

    identificar as principais diferenças mercadológicas e operacionais entre eles, a relação entre as empresas que

    optam por um, ou outro processo produtivo, suas respectivas cadeias de valor, fatores esses determinantes

    da volatilidade dos retornos. Em seguida descreveremos as diferenças nas estratégias, linhas de produtos,

    cadeias de valor e processos produtivos, das quatro empresas analisadas.

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    1.5.  LIMITAÇÕES DA PESQUISA

    O reduzido histórico de informações financeiras das empresas, assim como o pequeno número de empresas

    abertas atuando no setor, são as principais limitações do presente estudo. Adicionalmente, outras limitações,

     poderão ser observadas no modelo de mensuração de risco.

    O modelo VaR Corporativo, utilizado para diagnosticar a exposição a risco de empresas, tem como base o

    conceito de variação patrimonial em condições de mercado. Dentro dessa abordagem, em condições

    normais de mercado, a evolução do patrimônio líquido de uma empresa, deverá apresentar variações

    decorrentes apenas de seus resultados operacionais líquidos de juros e impostos (lucros líquidos),

    desconsiderando assim demais fatores que possam alterar a situação patrimonial da companhia, tais como:

    aporte ao capital social, reserva de reavaliação de ativos, distribuição de dividendos, etc. Sendo assim, o

    modelo de cálculo do risco corporativo, VaR Corporativo, parte exclusivamente do histórico de

    informações contábeis, o que por si só representa uma limitação, e de forma bastante restrita, toma como

     base a relação histórica entre lucro líquido acumulado dentro do período e patrimônio líquido inicial do

    mesmo.

    Ao compararmos empresa com base exclusivamente no modelo proposto, desconsideramos as

    discrepâncias entre as estruturas de capital, não permitindo conclusões distintas sobre riscos operacionais e

    financeiros, que afetam o lucro líquido das companhias analisadas, o que também representam uma limitação

    da metodologia proposta.

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    O valor-em-risco (VaR), base para formação do modelo proposto, foi desenvolvido com o objetivo de

    mensurar variações no valor de carteiras de investimentos, considerando assim a valor presente dos títulos e

    a diluição dos riscos específicos através da combinação entre ativos, ao passo que o VaR Corporativo, tem

    como parâmetro a performance contábil da empresa em análise. Adicionalmente, o gestor de instituições

    financeiras possui maior flexibilidade (liquidez e controle) de sua política de investimento, quando

    comparado ao gestor de instituições não financeiras. Sendo assim, dentro da perspectiva das teorias

    financeiras, os resultados obtidos através do cálculo do VaR Corporativo, apresentará conclusões distintas e

    mais restritas do que as obtidas pelo modelo de valor-em-risco. O fato das companhias em análise,

     possuírem títulos negociados em bolsas de valores, e consequentemente apresentarem históricos de

    informações sobre cotação de seus títulos (ações) indica que, acessoriamente, outros estudos

    complementares de mensuração de risco, poderão ser realizados, tomando como base o histórico de preços

    desses ativos.

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    2.  A ABORDAGEM FINANCEIRA PARA RISCO

     Neste capítulo, conceituaremos a abordagem financeira para risco, destacando a perspectiva do investidor

    diversificado, tanto como, a diferença entre risco específico e risco sistemático. Adicionalmente,

    observaremos a convergência de conceitos entre os principais modelos de precificação de risco e retorno

    em finanças, alem de descreveremos a importância dos modelos de mensuração, análise e gestão de riscos

    corporativos, para redução dos riscos específicos e riscos sistemáticos, que afetam a performance e o valor

    das empresas.

    2.1.  RISCO ESPECÍFICO X RISCO SISTEMÁTICO E OS MODELOS DE PRECIFICAÇÃO

    A maioria das pessoas associa a palavra risco a fatores negativos, como a exposição ao perigo ou à

    casualidade. Em finanças, o conceito de risco é diferente e mais amplo, relacionado a retornos inesperados

    de um dado investimento, ativo, empresa, etc. Pela ótica financeira, risco está associado não somente ao

    lado negativo, como a possibilidade de retornos baixos, mas também ao lado positivo, ou oportunidade de

    obtenção de retornos elevados, passando a ser tratado como uma medida de desconhecimento e incerteza.

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    medida de desconhecimento e incerteza. Assim podemos afirmar que risco em finanças, está associado à

    volatilidade, onde dada uma expectativa de retorno, quanto maior à dispersão dos possíveis cenários

    futuros, mais arriscado é o investimento.

    Dentro das finanças, o assunto risco teve pouca, ou nenhuma relevância até a metade do século XX, onde

    os profissionais estavam mais preocupados com a preservação da liquidez dos mercados, controle do caixa

    e registro das operações. A partir do trabalho de Markowitz (1952), a volatilidade se tornou variável chave

    na moderna teoria de finanças, verificando sua presença, preponderantemente, nos mercados financeiros. O

    risco de um ativo, investimento, empresa, etc, observado de forma isolada e na forma como foi definido,

     passa a ser mensurado com base no desvio dos retornos, tomando como base o resultado esperado. Assim,

    no caso de investimentos com fluxos de caixa esperados, a melhor maneira de comparar ativos de forma

    isolada, é com base nas medidas estatísticas de dispersão. Onde um investidor, ao se deparar com dois

    ativos de mesmo retorno esperado, deverá optar por aquele de menor variância, ou, no caso da variância

    ser o fator comum, a escolha se dará, pelo ativo de maior resultado esperado. Contudo, alguns

    investimentos têm seu retorno determinado. É o caso de títulos de renda fixa, como letras do tesouro e

    debêntures de empresas, onde o investidor conhece a data e o valor a ser recebido, restando como dúvida

    o efetivo recebimento. A figura 2 apresenta uma ilustração comparativa dos riscos de ativos, quando

    observados de forma isolada.

    Figura 2 - Risco de Ativos em Análise Isolada

     Ativo s/ Risco

    (ou risco de inadimplência)

     Ativo de Baixo Risco Ativo de Alto Risco  σσσ

    R(Ε ) R(Ε ) R(Ε )

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    Fonte: Elaborado pelo autor  

    Embora os retornos efetivos possam divergir muito dos retornos esperados por muitas razões, podemos

    agrupar os riscos em duas categorias: os riscos específicos do ativo e aqueles que impactam todos os ativos.

    Os riscos específicos são aqueles que afetam um ou alguns investimentos, enquanto os riscos que influenciam

    um grande número de ativos, conhecidos como riscos sistemáticos, afetam muitos, ou todos os

    investimentos. Essa definição é crucial, em relação à forma como os modelos buscam determinar os retornos

    exigidos de investimentos. A figura 3 ilustra alguns dos principais eventos/fatores, que podem impactar no

    retorno esperado de ativos.

    Figura 3 - Eventos/Fatores que Afetam o Retorno de Ativos

    Fonte: Elaborado pelo autor  

    Como investidor, um indivíduo pode decidir alocar seus recursos em apenas um ativo. No entanto, ao tomar

    ∆ Cambial

    ∆ Petróleo

    ∆ Juros

    ∆ Matéria

    Prima

    ∆ LeiAmbiental

    ∆ Tributos

    Tecnologia   ∆

    Consumidor 

    ∆ Energia

    ∆ Comodites

    ∆ Ambiente

    Político

    ∆ Ambiente

    Micro

    ∆ Políticas

    de Crédito

    ∆ Nível de

    Poupança

    ∆ AtividadeEconômica

    ∆ Etc...

     Ativo A

     Ativo C

     Ativo B

     

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    ao tomar essa decisão, estará exposto integralmente, tanto aos riscos específicos do ativo, quanto aos riscos

    sistemáticos. Alternativamente, o mesmo investidor poderá distribuir seus recursos, diversificando seus

    investimentos, de maneira a reduzir a exposição ao risco específico de um único ativo. À medida que o

    investidor adiciona ativos em seu portifólio, este investimento passa a ser uma fração menor da carteira,

    diluindo os riscos até o limite do risco de mercado. Adicionalmente, os efeitos da correlação entre ativos,

    também contribuem para uma melhor relação entre risco e retorno dos investimentos. A figura 4 apresenta

    como eventos/fatores de risco, afetam um ou vários ativos/empresas.

    Figura 4 - Risco Específico X Risco Sistemático

    Fonte: Damodaram (2005)

    A Teoria das Carteiras de Markowitz (1952) indica que os investidores poderão gerir sem custos os riscos

    específicos de ativos, através da diversificação. Parte ainda da perspectiva de que todo investidor é

    diversificado, onde, o risco a ser premiado, é o risco sistemático. Sendo assim, pela ótica de risco, o

     benefício adicional de um ativo, passa a ser sua contribuição marginal ao portifólio, e, a taxa de rentabilidade

    exigida pelo investidor sobre esse ativo, não irá depender de seu risco específico, mas sim, de sua

    contribuição para redução do risco da carteira. A figura 5 apresenta graficamente os efeitos promovidos

     pela adição de ativos, ao risco de uma carteira de investimentos.

    Projetos

    Podem ter

    Desempenho

    Pior ou Melhor

    que Esperado

    Concorrência

    Pode ser

    mais Forte

    que Esperado

    Medidas e

    Eventos

    que Afetam

    o Setor

    Risco Político

    e Taxa de

    Câmbio

    Taxa de Juros,

    Inflação e

    Notícias Sobre

    a Economia

    Riscos que afetam muitas empresas

    Riscos que afetam apenas uma empresaRiscoEspecífico

    RiscoSistemático

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    Figura 5 - Quantidade de Ativos, Risco da Carteira e Risco Sistemático

    Fonte: Markowitz (1952)

    Existem diversos modelos, que buscam determinar a relação entre risco e retorno de investimentos. Dentre

    os quais, os mais importantes são: Modelo CAPM – Modelo de Precificação de Ativos de Capital de

    Sharpe (1964), Modelo APT – Modelo de Precificação por Arbitragem de Ross (1976), os Modelos

    Multifatorias e os Modelos de Regressão. Todos os modelos de determinação de risco e retorno em

    finanças, concordam como os supostos da diversificação e recompensas somente aos riscos sistemáticos,

    apesar, de apresentarem formas diferentes de como mensurá-los.

    O argumento de que a diversificação reduz a exposição a risco do investidor, é claro tanto do ponto de vista

    teórico, quanto estatístico. Contudo, o pressuposto sobre a ausência de custos de transação, assumido por

    Markowitz (1952), a muito vem sendo visto com ceticismo por teóricos e profissionais. Não é incomum,

    observar a incapacidade de alguns investidores em diversificar suas posições, caso onde se enquadram

    acionistas majoritários de empresas. Partindo da suposição, de que somente os riscos sistemáticos deverão

    ser premiados, a gestão de risco não contribuiria para redução das taxas de descontos das empresas. Sendo

    assim, o valor criado para acionista função do maior controle da volatilidade, seria nulo, ou função da maior

    geração de fluxo de caixa. Contudo, o que se verifica no universo das pequenas e médias empresas, é a

     presença de investidores bem mais concentrados, tornando-se incompatível com o pressuposto da

    No  Ativos

    σ

    RiscoSistemático

    Risco daCarteira

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    investidores bem mais concentrados, tornando-se incompatível com o pressuposto da diversificação. Esta

    visão é corroborada por Damodaram (2005), que sugeri como alternativa ao cálculo da taxa de desconto

    de empresas fechadas por intermédio do modelo CAPM, o expurgo dos efeitos redutores de risco, oriundo

    da correlação entre ativo e mercado, anulando assim os efeitos da diversificação. 

    Se todos os modelos de determinação da relação risco retorno, visam premiar, somente os riscos

    sistemáticos, então por que investidores e gestores, em especial de grandes empresas, deveriam estar

     preocupados com a estruturação de modelos que ajudem a mensurar, analisar e gerir, os riscos de

    empresas? A despeito da discussão sobre como os riscos podem afetar uma empresa, os modelos de

    mensuração, análise e gestão dos riscos corporativos, poderão ajudar investidores e gestores, a reduzir os

    impactos, tanto dos riscos específicos, como dos riscos sistemáticos.

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    3.  O VAR CORPORATIVO

     Neste capítulo apresentaremos conceitualmente o valor-em-risco (VaR), ou value at risk , modelo de

    mensuração de risco adotado dentro de ambientes puramente financeiros, identificando as necessidades

    essenciais de adaptação para mensuração do risco em empresas, ou VaR Corporativo, conforme o original

    CorporateMetrics, desenvolvido pelo  RiskMetrics Group (1999). Em seguida, apresentaremos

    numericamente o modelo mensuração de risco corporativo, VaR Corporativo, a ser utilizado na análise das

    siderúrgicas brasileiras.

    3.1.  O VALUE AT RISK (VAR) E O VAR CORPORATIVO

    Mesmo o modelo mais adequado ao cálculo da volatilidade, merece ainda calorosas discussões,

    configurando-se em um amplo campo de pesquisa. A mensuração de riscos corporativos é menos trivial e

    intuitivo do que em carteiras de ativos. Neste tópico apresentaremos conceitualmente o valor-em-risco

    (VaR), ou value at risk , modelo tradicional adotado para mensuração de riscos em ativos financeiros, e

     base para o modelo de mensuração do risco corporativo, VaR Corporativo, a ser apresentado. 

    O valor-em-risco (VaR), corresponde à perda máxima esperada no valor de um título ou carteira, dentro de

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    dentro de um intervalo de confiança e determinado período de tempo, função de adversidades nos

    movimentos de mercado. A figura 6 apresenta uma ilustração gráfica do cálculo do valor-em-risco (VaR),

    onde R(E) corresponde ao retorno esperado da carteira, e VaR, indica a pior perda esperada para a

    carteira, dentro de determinado período e intervalo de confiança de 95%.

    Figura 6 - Valor-em-risco (VaR) da Carteira

    Fonte: Elaborado pelo autor  

    O valor-em-risco (VaR), trata-se de um método de mensuração de risco, utilizado não só por instituições

    financeiras e não financeiras, mas também por órgãos reguladores, como o Comitê de Supervisão Bancária

    da Basiléia e o FED1. Sua criação teve como objetivo, determinar os montantes de capital mínimo exigido

    de instituições financeiras, para cobrir riscos de crédito, mercado e operações, assim como prevê o acordo

    de Basiléia. O cálculo da exigência de capital mínimo, mensurado por intermédio do valor-em-risco (VaR)

    de uma carteira de ativos e passivos, pode então ser definido como: “uma medida de incerteza, relacionada

    aos retornos esperados de um investimento, em decorrência de variações em fatores de mercado, como

    taxa de juros, taxa de câmbio, preços de commodities e ações”, conforme Duarte Junior (2000).

    1 FED, ou Federal Reserve, foi criado pelo congresso dos Estados Unidos em 1913, tendo como finalidade trazer maior flexibilidade eestabilidade ao sistema financeiro americano. 

     VaR 

    95%5%

    Intervalode

    Confiança

    E (R)

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    O valor-em-risco (VaR) vem sendo utilizado com êxito dentro de ambientes exclusivamente financeiros,

     permitindo a implantação do controle estruturado dos riscos de carteiras de investimentos. Contudo, sua

    utilização como modelo de gestão e controle de risco de empresas, ou VaR Corporativo, ainda é pouco

    difundido dentro do ambiente empresarial. Apesar das críticas à sua adoção de forma mais robusta,

    cedendo espaço para o uso de outras medidas de mensuração do risco corporativo, como o C-FaR (Cash

     Flow At Risk ), EaR ( Earnings At Risk ), PaR ( Profit At Risk ), a maior simplicidade apresentada no cálculo

    do VaR Corporativo, poderá ajudar gestores e investidores no controle dos riscos, utilizando basicamente

    informações contábeis. Adicionalmente, o modelo necessita de menos ajustes estatísticos, resumindo sua

    aferição a algumas poucas premissas.

    3.2.  CORPORATEMETRICS

    A seguir descreveremos os aspectos inerentes à adaptação do valor-em-risco (VaR), para mensuração de

    riscos em empresas, ou VaR Corporativo, conforme apresentado no original CorporateMetrics,

    desenvolvido pelo RiskMetrics Group (1999).

    Conforme Securato (2002), no caso de empresas, também podemos pensar em risco, como a possibilidade

    de ocorrência de cenários distintos do esperado. Assim uma empresa pode ser entendida como uma carteira

    de ativos e passivos, que terá seus valores alterados, em função das variações que ocorram na economia e

    no setor específico de atuação. Apesar de matematicamente, a definição de valor-em-risco (VaR) e VaR

    Corporativo ser a mesma, o gerenciamento do risco difere bastante do ambiente puramente financeiro, para

    o ambiente corporativo. O fato é que empresa não é banco, e tanto a falta de liquidez, como extraordinário

    tamanho dos ativos, sugerem que a gestão de riscos de uma grande empresa, de maneira diversa de um

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    que a gestão de riscos de uma grande empresa, de maneira diversa de um banco, deva visar à volatilidade

    da trajetória, e não ao valor presente das posições futuras, como no cálculo do valor-em-risco (VaR).

    Dessa forma, sem a possibilidade de uma troca rápida de posições, deve-se garantir uma trajetória segura

    ao longo do tempo.

    O CorporateMetrics é uma metodologia de cálculo do risco corporativo, desenvolvida pelo  RiskMetrics

    Group (1999), que se baseia no conceito de valor-em-risco (VaR). Seu pioneirismo, publicidade e

    gratuidade, contribuíram para torná-lo uma referência aos profissionais de mercado e acadêmicos que

    estudam o assunto. Segundo a metodologia apresentada no documento CorporateMetrics, as principais

     preocupações na adaptação do modelo de mensuração do risco em ambientes corporativos, são:

    ♦   Risco de mercado versus risco do negócio: o gerenciamento de risco em ambientes financeiros puros

    (mercados de câmbio, commodities, etc), onde as operações são mais facilmente heageable2, é

    inerentemente menos complexo que no ambiente corporativo, onde os riscos intrínsecos ao negócio,

    têm características non-hedgeable (não passível de hedge). O original CorporateMetrics propõe

    uma estrutura analítica para identificar os riscos do negócio, integrando medidas de risco ao

     processo de orçamentação da empresa.

    ♦   Resultados financeiros versus valor da empresa: visto que os gestores tendem buscar oportunidades

    de investimentos, que apresentem maiores perspectivas de retorno e fluxo de caixa, surgem

    discussões quanto ao conceito de valor dos fluxos de caixa, dentro de um ambiente de risco e as

    2  Heageable = passível de hedge = operações de mercado que funcionam como seguro/proteção, para garantir preço ou retorno numadata futura. 

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    ambiente de risco e as implicações da volatilidade dos retornos no valor da empresa.

    ♦   Gestão em ciclos de curto prazo versus longo prazo: comparado às instituições financeiras, que

     podem ativamente fazer alterações nas posições de curto prazo, para gerar lucros e reduzir riscos,

    as corporações, são geralmente menos sensíveis às flutuações diárias dos mercados e focam suas

    ações, na volatilidade mensal e trimestral dos resultados para medir o desempenho. A utilização de

    técnicas de gerenciamento de risco, discutida pelo original CorporateMetrics, relaciona as

    diferenças de controle diário da volatilidade, realizado por gestores de mercado, e em ciclos mais

    longos, como os realizados por gestores corporativos.

    ♦   Capital Mínimo: em um grande número de setores, vem crescendo o interesse em avaliar o nível de

    capital, necessário para sustentar os riscos do negócio. As medidas de risco, propostas no estudo

    original CorporateMetrics, fornece introspecções sobre o nível de capital mínimo, necessário a

    manter a capacidade operacional da empresa. No Brasil por exemplo, as instituições que atuam no

    mercado de saúde suplementar, têm a obrigação legal de manter um nível mínimo de capital, a cargo

    de reserva técnica, capaz de garantir as demandas de seus associados. A reserva técnica foi criada

     pela Agência Nacional de Saúde (ANS), tendo como princípio o conceito do valor-em-risco (VaR).

    ♦   Exigências subseqüentes de divulgação: com a sofisticação dos mercados, tem crescido o número de

    interessados em compreender a dinâmica dos riscos das corporações. No mercado americano, a

    filosofia de gerência de risco, tem inclusão exigida até mesmo na divulgação dos demonstrativos

    contábeis.

    Tabela 1 - Parâmetros da Gestão de Riscos Financeiros X Risco Corporativos

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    Parâmetro Financeiro  Corporativo 

    Resultado a ser Medido Valor do Portfólio Lucro, Fluxo de Caixa

    Registro Patrimonial Valor de Mercado Valor de Mercado, Valor Justo e RegistContábil

    Horizonte de Tempo Diário, Mensal Mensal, Trimestral, Anual

    Referencial de Performanc Índices de Mercado Alvos Específicos (expectativas dos analorçamento e concorrentes)

    Fonte: RiskMetrics Group (1999)

    Segundo o documento CorporateMetrics, o processo para mensuração de risco corporativo, pode ser

    sumarizado em cinco etapas básicas: (1) Especificação da medida de risco, determinando o resultado a ser

    medido (lucro ou fluxo de caixa); (2) Mapeamento da exposição a risco da empresa, identificando as

    variáveis que podem afetar os lucros e ou fluxos de caixa esperados; (3) Geração de cenários, simulando os

    valores possíveis para lucros e ou fluxos de caixa esperados, função das possíveis variações nos fatores de

    risco, em determinado horizonte de tempo e intervalo de confiança; (4) Calcular os resultados futuros (lucro

    ou fluxo de caixa), com a finalidade de determinar o valor justo do ativo em diversos cenários e; (5)

    Mensuração dos impactos, que os fatores de riscos podem promover no valor da empresa.

    3.3.  MODELO DE MENSURAÇÃO DE RISCO CORPORATIVO - VAR CORPORATIVO

     Nesta seção trabalharemos com a perspectiva de VaR Corporativo, em linha com que foi apresentado no

    original CorporateMetrics (1999), como o pior resultado esperado para a variação patrimonial da empresa

    em condições de mercado, dentro de determinado período de tempo e intervalo de confiança.

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    Partindo do conceito do lucro residual, apresentado por Securato (2002), temos que:

    Lucro Residual = Lt – K e PLt-1 

    onde:

    Lt  é o lucro contábil de períodos t ;

    PLt-1 é o patrimônio líquido contábil na data t-1, início do período t ;

    K e é o custo de capital próprio;

    e que o patrimônio líquido ao fim do período t , indicado por PLt , é dado por:

    PLt  = PLt-1 + Lt  - dt  

    onde:

    dt   corresponde ao valor distribuído aos acionistas ao fim do período t, qualquer que seja a forma de

    distribuição (dividendos, juros sobre capital e outras formas).

    Securato (2002), completa apresentando duas equações que procuram mostrar a evolução do

     patrimônio líquido em condições de mercado3, considerando a atuação de seus gestores.

    3 Evolução patrimonial em condições de mercado = variação do patrimônio líquido dentro de determinado período, desconsiderando arealização de novos aportes ao capital social, assim como retirada de dividendos. 

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    a.  Equação da evolução patrimonial da empresa, em condições de mercado

    PL*t  = PLt-1(1 + K e)

    onde:

    PL*t  é o patrimônio líquido da empresa ao fim da data t , antes de qualquer distribuição de resultados.

    Partindo desse suposto, a variação do patrimônio líquido, aqui representado por K e, dentro de determinado

     período e em situação de mercado, passa a ser estabelecido pela divisão do lucro líquido acumulado

    durante o período (Lt ), pelo total do patrimônio líquido no início do exercício (PLt-1), como segue:

    K e = Lt  / PLt-1

     b.  Equação da evolução patrimonial da empresa, em condições de mercado e efeitos da distribuição de

    resultados

    PLt  = PLt-1(1 + K e) - dt  

    onde:

    dt  é o valor distribuído ao fim do período t , em geral na forma de dividendos, juros sobre

    capital ou outras formas, tais como bônus ou prêmios, que poderiam ser evidenciados;

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    PLt   corresponde ao patrimônio líquido ao fim da data t , após as distribuições aos acionistas ou

    administradores.

    Enquanto a primeira equação (“a”) capta somente a parcela que caracteriza os efeitos sistêmicos, ou seja, a

    conjuntura econômica e concorrencial em que a empresa está envolvida, a equação “b” procura também

    captar os elementos de decisão da administração da empresa, por meio da distribuição de resultados, onde

     poderemos encontrar eventuais conflitos de agência.

    Partindo das equações apresentadas, poderemos aplicar o operador de variância, preparando assim para

    uma definição de risco corporativo em suas condição de mercado, onde nos situaremos numa data a qual

    conhecemos o patrimônio líquido da empresa, ou seja, o início do período em análise. Assim, para t-1 = 0,

    obtemos:

    PL*t  = PLt-1 (1 + e)

    onde:

    e é a nossa variável aleatória.

    Aplicando o operador variância, temos:

    S2 (PL*t ) = S2 (PL0) + PL

    20 S

    2( e)

    ou, como PL0 é conhecido,

    S(PL*t ) = PL0 S( e)

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    Considerando que a variável aleatória e, segue uma distribuição normal, podemos definir o VaR

    Corporativo para um intervalo de confiança, por meio da quantidade de desvios-padrão referentes ao

    intervalo. Desse modo, podemos definir:

    VaR Corporativo (PL*1, X%) = PL0  K  x S ( e)

    em que:

    VaR Corporativo (PL*1, X%) é o valor em moeda que corresponde ao pior resultado esperado para a

    variação patrimonial da empresa em condições de mercado, sendo que há X% de probabilidade de que

    essa perda possa ser maior que esse valor;

    PL0 é o patrimônio líquido com que a empresa inicia o período de análise;

    S ( e) é o desvio padrão da variável aleatória de variação do patrimônio líquido;

    K  x é o coeficiente relativo à distribuição normal, que corresponde ao intervalo de confiança com (1 – 2X)%

    de probabilidade.

    Assim, conforme Securato (2002), se uma empresa tem um patrimônio no início do ano de PL0=R$ 100

    milhões e o seu retorno sobre o patrimônio tem um desvio de S ( e) = 15% a.a., então, para a cauda

    esquerda da normal com 5% de probabilidade, teremos K  x = 1,64; o VaR Corporativo para o prazo de um

    ano será:

    VaR Corporativo (PL*, 5%) = 100.000.000 x 1,64 x 0,15 = R$ 24.600.000

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    39

    Significando que existe 5% de probabilidade, de que o patrimônio líquido da empresa tenha perdas maiores

    que R$ 24.600.000 em relação a seu valor estimado na data t  = 1.

    Com relação ao patrimônio líquido estimado para a data t  = 1, devemos considerar algumas hipóteses, tais

    como: (1) obtê-lo a partir do lucro estimado pelos gestores do negócio; e (2) considerar o valor esperado

    da rentabilidade do patrimônio - E [K] - a partir de uma média histórica. Partindo de tais supostos,

     podemos dizer que: existe X% de probabilidade, de que o patrimônio da empresa na data t  = 1 seja menor

    que PL estimado para t  = 1, menos VaR Corporativo (PLl * ; X%).

    Uma simplificação do modelo apresentado, considerar a diferença entre PL0  e o VaR Corporativo

    calculado, que representa o quanto o risco da empresa, pode afetar o patrimônio atual PL0. Finalmente, se

    estamos comparando empresas, é interessante observar qual o percentual do patrimônio que poderá ser

    consumido pelo risco da empresa, definido pelo índice perda do patrimônio líquido, indicado por PPL, em

    que:

    PPL = _________________________

    Onde o índice PPL, tem um caráter de risco performático, no sentido de mostrar como tem se comportado

    a empresa, em relação ao risco de perda patrimonial e nos ajudará na interpretação dos dados, no caso da

    comparação entre empresas. Assim como exemplificado por Securato (2002), teríamos que:

    VaR Corporativo (PL*, X%)

    PL0 

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    40

    PPL = ______________ = - 0,246 = - 24,6%

     Neste exemplo, podemos concluir que: a empresa em análise tem mantido uma posição, com 5% de

     probabilidade de perdas maiores que 24,6% do seu patrimônio líquido, a cada ano. Claro que podemos

    criticar as simplificações existentes nessas definições, mas não podemos nos esquecer, de criticar a hipótese

    de normalidade da variável aleatória. O fato importante, é que passamos a ter mais uma medida para a

    análise relativa de risco, partindo única e exclusivamente de dados contábeis, fato esse, também passível de

    críticas.

    -

    100.000.000

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    41

    4.  O MERCADO SIDERÚRGICO BRASILEIRO

     No capítulo a seguir, descreveremos as etapas dos dois principais processos produtivos adotados pelas

    siderúrgicas modernas, buscando identificar as principais diferenças mercadológicas e operacionais entre

    eles. Abordaremos também a relação entre as empresas que optam por um, ou outro processo produtivo,

    suas respectivas cadeias de valor e fatores determinantes da volatilidade dos retornos. Descreveremos a

    situação atual do mercado mundial de aço e os diferenciais competitivos das empresas brasileiras. Por fim,

    realizaremos descrições resumidas das quatro empresas siderúrgicas, com as quais realizaremos,

     posteriormente, nosso estudo.

    4.1.  A SIDERURGIA E OS PROCESSOS PRODUTIVOS

     No atual estágio de desenvolvimento da sociedade, é impossível imaginar o mundo sem o uso de ferro

    fundido e aço. A produção de aço é um forte indicador do estágio de desenvolvimento econômico de um

     país. Seu consumo cresce proporcionalmente à construção de edifícios, produção de equipamentos,

    fabricação de automóveis, investimentos em infra-estrutura, etc. Esses materiais já se tornaram corriqueiros

    no cotidiano, mas fabricá-los exigem técnicas que devem ser renovada de forma cíclica, por isso os

    investimentos constantes das siderúrgicas em pesquisa.

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    42

    Basicamente, o aço é uma liga de ferro e carbono. O ferro é encontrado em toda crosta terrestre,

    fortemente associado ao oxigênio e à sílica. O minério de ferro é um óxido de ferro, misturado com areia

    fina. O carbono, também relativamente abundante na natureza, pode ser encontrado sob diversas formas.

    Existem basicamente duas formas de produzir aço em grande escala. O processo tradicional por intermédio

    de alto-forno, que utiliza como matéria-prima o minério de ferro e o carvão, e o processo das aciarias

    elétricas, também conhecidas como mini-usinas, que tem a sucata ferrosa, proveniente dos resíduos de

    fabricação industrial como principal insumo.

    O processo siderúrgico tradicional (alto-forno) utiliza o carvão mineral e em alguns casos, o carvão vegetal.

    O carvão exerce duplo papel na fabricação do aço. Como combustível, permite alcançar altas temperaturas

    (mais de 1.600º Celsius) necessárias à fusão do minério. Como redutor, associa-se ao oxigênio, que se

    desprende do minério com a alta temperatura, deixando livre o ferro. O processo de remoção do oxigênio,

    que permite ligar o ferro ao carbono, chama-se redução e ocorre dentro de um equipamento chamado alto-

    forno. No processo de redução o ferro se liquefaz, transformando-se em ferro gusa. Algumas empresas se

    especializaram na produção de ferro gusa. A etapa seguinte do processo é o refino, onde o ferro gusa é

    levado para a aciaria, ainda em estado líquido, para ser transformado mediante queima de impurezas e

    adições em aço, seguindo para o lingotamento (contínuo ou convencional) para ser transformado em aço do

    tipo longo ou plano.

     No processo das aciarias elétricas (mini-usinas), a sucata é fundida no forno elétrico dando início à corrida,

    nome dado ao aço líquido. A corrida é então transferida para o forno-panela a fim de realizar o acerto da

    composição química e o aquecimento elétrico do aço. Depois de concluído o refino no forno-panela, a

    corrida passa para uma segunda etapa que consiste na desgaseificação a vácuo (VD/VOD). No

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    43

    vácuo (VD/VOD). No equipamento de desgaseificação são retirados gases do aço (principalmente

    hidrogênio), realizando o ajuste fino da composição química. A etapa seguinte do processo é o

    lingotamento, onde o aço é distribuído em moldes, dando início ao processo de solidificação e produção de

    aços longos ou planos.

    Todos os dois processos (aciarias tradicionais e aciarias elétricas) podem produzir aços planos e longos.

     Nas etapas seguintes de produção, aços planos e longos darão origem a linhas de produtos bem distintas,

    atendendo a segmentos diferentes. Na seqüência da fabricação de aços planos, o aço ainda em processo de

    solidificação é deformado mecanicamente e transformado em produtos laminados a quente e a frio, chapas

    grossas, bobinas, tubos sem costura, folhas metálicas e galvanizadas, utilizados pela indústria de

    transformação de grande porte como automobilística, naval, embalagens, linha branca (eletrodomésticos) e

    construção civil. Na etapa seguinte da produção de aços longos, o aço será transformado em produtos finais

    como vergalhões ou bobinas de fio-máquina. As bobinas de fio-máquina, podem ainda passar pelos

     processos de trefilação e recozimento, dando origem a outros produtos finais como arames galvanizados,

     pregos, parafusos, vergalhões, telas, treliças, barras, perfis, cantoneiras, etc, tendo como mercados alvo os

    segmentos: agropecuário, construção civil e industrial de todos os portes.

    Apesar de ambos os processos (aciarias tradicionais e aciarias elétricas) permitirem a produção de aços

     planos ou longos, os menores volumes produzidos tornam as aciarias elétricas (mini-usinas), pouco

    competitivas na produção de aços planos, função de maiores custos logísticos proporcionais de aquisição de

    matéria-prima e escoamento da produção. Sendo assim, as usinas que operam pelo processo de aciarias

    elétricas (mini-usinas), acabam focando na produção de aços longos, enquanto as usinas que operam no

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    44

    as usinas que operam no processo tradicional (alto-forno), normalmente são competitivas na produção tanto

    de aços longos, como de ações planos. No Brasil, a maioria das usinas que operam no processo tradicional

    (alto-forno) produz aços planos, enquanto todas as unidades que operam dentro do processo de aciaria

    elétrica (mini-usinas) produzem aços longos.

    Enquanto as aciarias elétricas (mini-usinas) têm fornecedores de matéria-prima e clientes pulverizados, as

    usinas que operam no processo siderúrgico tradicional (alto-forno) têm a ter fornecedores e clientes dentro

    de setores consolidados. No mercado de minério de ferro, principal insumo das siderúrgicas tradicionais,

    três empresas (Vale do Rio Doce, BHP Billiton e Rio Tinto), respondem por mais da metade do

    fornecimento mundial, enquanto os agentes que atuam no mercado de compra e venda de sucata

    (fornecedores das mini-usinas), são bastante pulverizados. Somente no Brasil, o mercado de compra e

    venda de sucata é formado por mais de 4 mil empresas.

    Em termos gerais, o processo de produção tradicional (alto-forno), ainda é o mais competitivo,

     principalmente nos países com grandes reservas de minério de ferro. Contudo o processo siderúrgico

    tradicional obriga o funcionamento permanente e ininterrupto dos alto-fornos, reduzindo a flexibilidade

    operacional, o que pode consumir em parte suas vantagens competitivas.

    Os processos produtivos, também diferem muito em relação à forma de investimentos. Enquanto as

    empresas que optam pela produção em aciarias elétricas (mini-usinas), aumentam sua capacidade produtiva

    através de investimentos menores e pulverizados, as companhias com usinas siderúrgicas tradicionais,

    realizam grandes investimentos na construção de alto-fornos, promovendo grandes incrementos de

     produção. A tabela 2 apresenta um comparativo, entres as principais características dos dois processos

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    dos dois processos produtivos.

    Tabela 2 - Características dos Processos Produtivos - Tradicional X Mini-usinas

    Fonte: Elaborado pelo autor  

    Em termos de demanda, o mercado de aço é comandado pelas tendências dos vários segmentos de

    consumo e a capacidade instalada suficiente para atendê-los. As empresas do setor siderúrgico são bastante

    afetadas pelos ciclos econômicos, em especial aquelas unidades que operam pelo processo tradicional (alto-

    forno).

    Ciclos econômicos podem ser definidos como desvios da taxa “normal” de crescimento da economia.

    Todas as empresas são afetadas pelos ciclos econômicos, porém alguns determinados tipos de negócios

    sofrem maiores efeitos dessa ciclicidade. Empresas cíclicas são aquelas que possuem volatilidade de

    resultados superior à média da economia. Segundo Damodaram (1993), “durante os booms econômicos, os

    lucros dessas empresas provavelmente estarão inflados, ao passo que, durante as recessões, estarão

    deprimidos.”

    FornecedoresConcentrados

    Matéria Prima

    Tradicional

    (Alto-Forno)

     Aciaria Elétrica(Mini-usina)

    FornecedoresPulverizados

    Processo Produção

     Aços Planose Longos

    Produtos

    Concentradoem Aços Longos

    Maior Distânciada Produção

    Clientes

    SetoresPulverizados

    c/ Menor Poderde Barganha

    Minériode Ferroe Carvão

    Sucata Ferrosae EnergiaElétrica

    Competitividadeonde tem Minério

    de Qualidade

    BaixaFlexibilidade

    Grandes Volumes

     Alto Forno SetoresConcentradosc/ Maior Poderde Barganha

    CompetitividadeBaixa em

     Aços Planos

    Flexibilidade

     Volumes Menores

    Forno-Panela

    Próximo asUnidadesProdutivas

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    46

    Intensivo em capital, forte estrutura de custos fixos e baixa diferenciação dos produtos (commodities). Essas

    são as principais características de um setor pulverizado, onde a empresa líder, oriunda da fusão dos dois

    maiores complexos siderúrgicos mundiais, a Mittal Arcelor, possui cerca de 10% do mercado. Contudo, as

    unidades siderúrgicas que operam dentro do processo tradicional, apresentam como agravante a baixa

    flexibilidade dos volumes produzidos, função do funcionamento contínuo dos alto-fornos. A grande

    elasticidade do consumo, adicionada aos fatores acima citados, provocam grandes distúrbios na relação

    entre oferta e demanda dos produtos siderúrgicos e consequentemente, grande volatilidade nos preços do

    aço. O gráfico abaixo (figura 7) apresenta o histórico de preço por tonelada do laminado a quente, primeiro

     produto acabado na cadeia dos aços planos.

    Figura 7 - Histórico de Preço em US$ - Laminado a Quente por Ton. (1987 a 2005)

    Fonte:

    Assim como nas receitas, as margens das siderúrgicas também são afetadas pelos ciclos econômicos. As

    variações nas margens operacionais se devem a grande volatilidade dos preços, versus, o elevado nível

    custos fixos (alavancagem operacional) das empresas.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

        J   a   n    /    8    7

        O   c    t    /    8    7

        J   u    l    /    8    8

        A   p   r    /    8    9

        J   a   n    /    9    0

        O   c    t    /    9    0

        J   u    l    /    9    1

        A   p   r    /    9    2

        J   a   n    /    9    3

        O   c    t    /    9    3

        J   u    l    /    9    4

        A   p   r    /    9    5

        J   a   n    /    9    6

        O   c    t    /    9    6

        J   u    l    /    9    7

        A   p   r    /    9    8

        J   a   n    /    9    9

        O   c    t    /    9    9

        J   u    l    /    0    0

        A   p   r    /    0    1

        J   a   n    /    0    2

        O   c    t    /    0    2

        J   u    l    /    0    3

        A   p   r    /    0    4

        J   a   n    /    0    5

        O   c    t    /    0    5

    Laminado a Quente

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    47

    4.2.  MERCADO MUNDIAL DE AÇO E AS PERSPECTIVAS PARA A SIDERURGIABRASILEIRA

    O principal elemento condicionador da boa performance do setor siderúrgico, gira em torno, da manutenção

    das taxas de crescimento da economia chinesa. Não há consenso sobre essa questão. Os mais pessimistas

    estimam que o intenso crescimento da economia chinesa não venha a perdurar após 2008, enquanto alguns

    analistas acreditam que esse ritmo seria mantido pelo menos até 2020. Segundo o Instituto Brasileiro de

    Siderurgia, o PIB da China, crescerá em média, 8,3% ao ano no período de 2005 a 2010, inferior ao

    crescimento médio de 9,5% ao ano entre 1978 a 2004.

    Figura 8 - Aço Bruto – Toneladas Produzidas em 2005 – China X Índia X Brasil

    Fonte: International Iron and Steel Institute

     No ano de 2003, pela primeira vez, os volumes de aço brasileiro exportados para China, ultrapassaram as

    vendas destinadas aos EUA, deixando claro, que uma redução no crescimento da economia chinesa,

     poderia afetar a performance das siderúrgicas brasileiras. A figura 9, apresenta a distribuição das

    quantidades produzidas por país no ano de 2005.

    Figura 9 - Mercado Mundial – Distribuição da Produção por País (2005)

    219.449

    273.930

    348.409

    32.626 32.626   39.09831.133 32.910 31.618

    0

    100.000

    200.000

    300.000

    400.000

    2003 2004 2005

    China Índia Brasil

      México1%

    Espanha

    2%

    Outros

    14%

    Japão10%

    China31%

    Taiwan2%

    França

    2%

    Turquia

    2%

    Itália3%

    Brasil

    3%

    Ucrania4%

     

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    48

    Fonte: International Iron and Steel Institute

    A produção mundial de aço bruto alcançou 1,09 bilhão de toneladas em 2005, com crescimento de 3% em

    relação a 2004, tendo como destaques: o aumento da produção chinesa, com crescimento de 25% em

    relação a 2004, e, a excelente performance da Índia, com 12% de crescimento em relação a 2004. Para

    2006, a produção chinesa, deverá ficar em torno de 410 milhões de toneladas, crescimento de 21% em

    relação ao ano de 2005.

    4.3.  O SETOR SIDERÚRGICO BRASILEIRO

    Com o parque produtivo mais eficiente do mundo, as empresas do setor siderúrgico brasileiro, têm

    apresentado nos últimos anos, contínua valorização de seus ativos. Tal apreciação decorre dos movimentos

    de privatização, investimentos em modernização e aumento da capacidade das unidades produtivas, os

    elevado níveis de consumo mundial do aço, e, fatores macroeconômicos, como a redução das taxas de

    desconto para empresas brasileiras.

    A notória vantagem competitiva de custos das empresas brasileiras é fator a ser destacado. As abundantes

    reservas brasileiras de minério ferro, principal insumo na produção de aços pelo processo tradicional (alto-

    forno), são as de maior teor de ferro contido do mundo, podendo chegar a 68%. Em países como a

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    49

    a 68%. Em países como a Austrália, segundo maior exportador mundial, dificilmente tal “pureza” passa de

    54%. Adicionalmente, os menores desembolsos com frete, beneficiam as empresas estabelecidas no país.

     No primeiro trimestre de 2006, cerca da metade dos custos do minério de ferro embarcados do Brasil para

    China, eram oriundos de despesas com frete transoceânico (informação verbal) 4. Os investimentos em

    modernização, assim como, os baixos custos de aquisição da matéria-prima, permitem que as siderúrgicas

     brasileiras produzam aço de qualidade, de forma eficiente, a custos competitivos para entrega em qualquer

    lugar do mundo. Essa vantagem competitiva tem conferido a algumas siderúrgicas brasileiras, margens

    operacionais (EBITDA/Receita), superiores a 40%, enquanto, em outros países esse patamar dificilmente

    supera os 20%.

    Em 1994, primeiro ano de atuação da siderurgia brasileira totalmente privatizada, foi iniciado um programa

    de investimentos de mais de US$ 13 bilhões, visando à atualização tecnológica do parque produtivo.

    Segundo levantamentos realizados pelo Instituto Brasileiro de Siderurgia, para o período de 2005 a 2010,

    estão programados novos investimentos em expansão da capacidade, que montam US$ 12,5 bilhões, e

    devem gerar incremento de 66% da capacidade produtiva, voltada à oferta para o mercado externo.

    Em 2005, a produção brasileira de aço bruto totalizou 32 milhões de toneladas, uma redução de 4% em

    relação a 2004. Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia, essa queda reflete a redução no nível de

    atividade em importantes setores consumidores de aço, motivada principalmente, pela manutenção de

    4  Notícia fornecida por HORTA (2006), diretor da Arcelor Brasil, durante encontro com investidores e analista, na APIMEC, Rio deJaneiro, abril de 2005. 

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    manutenção de elevadas taxas de juros pelo Banco Central. Na figura 10, poderemos observar a

    distribuição da produção de aço bruto por empresa, no ano de 2005, enquanto na figura 11 apresenta a

    evolução mensal da produção nacional de aço por tonelada, no período de janeiro de 2005 a março de

    2006.

    Figura 10 - Mercado Brasileiro – Distribuição da Produção por Empresa (2005)

    Fonte:

    Figura 11 - Produção Mensal Aço por Ton. - Mercado Interno (Jan/05 a Mar/06)

    Fonte:

    Brasil

        2.  5   8

       8    2.  5

       9  0     2.   7

      6  0 

       2.   7  5   7

     

       2.   7  4   2

     

       2.  4   8   9

        2.  4

       9  0 

       2.  6   3   7

     

       2.  5   8   9

        2.  6

       7  6 

       2.  6   3  5

        2.  6

      5  6 

       2.  5   7   7

     

       2.  1   3  1

        2.  4   7

       9 

    -

    500

    1.000

    1.500

    2.000

    2.500

    3.000

       j   a  n  /  0  5

      f  e  v  /  0  5

      m  a  r  /  0

      5  a   b

      r  /  0  5

      m  a   i  /  0

      5   j   u  n

      /  0  5    j   u   l  /  0  5

      a  g   o  /  0

      5  s  e  t

      /  0  5  o  u

      t  /  0  5

      n  o  v  /  0

      5  d  e

      z  /  0  5

       j   a  n  /  0  6

      f  e  v  /  0  6

      m  a  r  /  0

      6

    Ton. Aço Bruto (Produção)

    Arcelor Brasil;

    28%

    Gerdau Brasil;

    22%

    ComplexoUsiminas;

    27%

    CSN; 17%

    Outras; 6%

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    51

    A figura 12 apresenta a distribuição do volume de produção nacional de aço bruto no ano de 2005, dividida

    entre, usinas que operam pelo processo tradicional (alto-forno), e pelo processo elétrico (mini-usinas).

    Figura 12 - Produção por Processo - Mercado Doméstico (Mar/2005 a Mar/06)

    Fonte:

    4.4.  EMPRESAS DO SETOR SIDERÚRGICO BRASILEIRO

    A seguir, apresentaremos as quatro empresas, a serem analisadas no presente estudo: Companhia

    Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), Gerdau S.A. (Gerdau) e

    Complexo Usiminas (Usiminas e Cosipa). No ano de 2005, a soma da produção de aço bruto das quatro

    companhias, representou cerca de 80% do volume produzido no mercado nacional.

    Vale ainda mencionar, que não analisaremos os dados da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, segunda

    maior produtora brasileira de aços longos, ficando apenas atrás da Gerdau S.A.. Apesar de sua importância

    mercadológica, e representatividade de volumes produzidos, a empresa não possui histórico mínimo de

    informações financeiras divulgadas trimestralmente, necessárias à realização do estudo proposto.

    Mar/05 à Mar/06

    22,3%

    77,7%

    Aciaria Elétrica (mini-usinas)

    Processo Tradicional (alto-forno)

     

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    52

    4.4.1.  CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

    Iniciando suas operações em outubro de 1946, e privatizada em abril de 1993, a Companhia Siderúrgica

     Nacional (CSN), é um marco no processo industrial brasileiro, e primeira produtora integrada de aços

     planos do país. Com capacidade de produção anual de 5,8 milhões de toneladas, e cerca de oito mil

    empregados, a CSN concentra suas atividades em siderurgia, mineração e infra-estrutura. A empresa é uma

    das maiores produtoras brasileiras de aços planos e sua única usina, localizada na cidade de Volta Redonda,

    estado do Rio de Janeiro, opera dentro do processo siderúrgico tradicional (alto-forno).

    A CSN, opera dentro de um complexo siderúrgico integrado, combinando minas próprias, usina, ferrovias,

     portos e energia. Na última década, a empresa focou seus esforços no aumento de sua participação no

    mercado doméstico, particularmente, nos segmentos de maior valor agregado. A aquisição, em 2001, dos

    ativos da EUA Heartland Steel (constituindo a CSN LLC), deu início ao processo de internacionalização da

    empresa. Hoje a CSN conta com uma usina siderúrgica integrada, cinco unidades industriais, sendo duas no

    exterior (EUA e Portugal), minas de minério de ferro, calcário e dolomita, uma distribuidora de aços planos,

     portos, participações em ferrovias e em usinas hidrelétricas.

    Figura 13 - CSN – Receita Bruta e Lucro Líquido (2000 a 2005)

      3.  9  1  3

    .  3  7  3

     4.  0  0  9

    .  8  0  5   5. 4

      0  5.  6 4  5   7.

      2  8  3.  9  3  0

      1  0.  1  2  8.  5  1  1

      1  2.  2  8 4. 4  6 4

      2.  0  0  5

    .  2  8  2

      2.  1 4 4

    .  9  9  7

      1.  0  5  8

    .  8  3  8

     -  2  1  8.  6  1  5

      0  1.  6 4  0

    .  3  3  6

    -2.000.000

    0

    2.000.000

    4.000.000

    6.000.000

    8.000.000

    10.000.000

    12.000.000

    14.000.000

    2000 2001 2002 2003 2004 2005

    Receita Bruta Lucro/Prejuízo

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    53

    Fonte:

    Como destaques, a CSN apresenta o menor custo de produção do mundo, em parte por possuir mina

     própria, e, a diversificação de seu portfólio de produtos e clientes, estando presente em diversos segmentos,

    dentre os quais se destacam o Automotivo, Construção Civil, Embalagem e Linha Branca, fornecendo aço

     para empresas no Brasil e no Exterior. Segue abaixo, a lista dos principais produtos vendidos pela CSN e

    suas aplicações:

    ♦   Folhas metálicas – utilizadas em embalagens de produtos alimentícios, tampas metálicas pilhas e

     brinquedos.

    ♦   Laminados a quente – tubos, autopeças, relaminação, construção civil, botijões e indústria

    automobilística.

    ♦   Chapas galvanizadas – automóveis e eletrodomésticos.

    ♦   Laminados a frio – telhas para coberturas, forros, divisórias, indústria automobilística, utilidades

    domésticas, silos, dutos e condutores de ar, máquinas e implementos agrícolas.

    ♦   Minério de ferro – principal insumo à produção de aço pelo processo tradicional.

    4.4.2.  CST – Companhia Siderúrgica Tubarão

    Instalada no município de Serra, no Espírito Santo a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) produz aços

     planos, através do processo tradicional (alto-forno). Com um dos menores custos entre os competidores

    mundiais, a CST é responsável, por volta de 14% do volume global de placas de aço comercializado no

    mundo, e consolida-se como fornecedora preferencial de semi-acabados de qualidade para a indústria

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    qualidade para a indústria automotiva.

    A CST tem sua produção concentrada em placas e bobinas a quente. Essa concentração faz parte da

    estratégia da companhia em focar sua produção no primeiro estágio do processo siderúrgico, direcionando a

    maioria de seus produtos para o mercado externo (por volta de 90% das vendas), e fornecendo para outras

    empresas siderúrgicas que realizarão o beneficiamento do aço. Tal estratégia tem como ponto positivo, os

    altos níveis de produtividade, e como ponto negativo, uma maior exposição aos efeitos da ciclicidade do

    setor. As placas que correspondem a 70% das vendas da companhia são matérias-primas para outros

     produtos siderúrgicos, enquanto as bobinas, restante da produção, são comercializadas para indústria de

    tubos, autopeças, construção civil e relaminação.

    A empresa possui um complexo composto de portos e ferrovias integradas, que permitem, redução no custo

    logístico e ganhos operacionais. As usinas, apresentam elevado nível de automação, e auto-suficiência em

    energia elétrica, gerada a partir de gases produzidos durante o processo produtivo.

    As perspectivas de contínuo crescimento da demanda por aço, fizeram com que a CST realizasse

    investimentos de US$ 600 milhões para aumento da produção, elevando a capacidade de 5 milhões, para

    7,5 milhões de toneladas de aço ano.

    A CST, também é controladora da Vega do Sul, indústria de transformação de aço, localizada em Santa

    Catarina, que possui plantas de decapagem, laminação a frio e galvanização. A Vega do Sul produz

     bobinas, com aplicação nas indústrias automobilística, linha branca (eletrodomésticos) e construção civil,

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    55

    construção civil, entre outras. Sua matéria-prima são as bobinas laminadas a quente, fornecidas pela CST. A

    empresa tem projetos para duplicar a capacidade de sua linha de galvanização, que hoje é de 600 mil

    toneladas por ano.

    Figura 14 - CST – Receita Bruta e Lucro Líquido (2000 a 2005)

    Fonte: http://www.economatica.com.br  5 

    Com o objetivo de consolidar as participações da Arcelor em empresas brasileiras, no final de 2005, foi

    criada a Arcelor Brasil, resultado da união das Siderúrgicas Belgo-Mineira, CST e Vega do Sul, extinguindo

    assim as ações da CST, que foram substituídas