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UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO: O CASO COORIMBATÁ Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista UNIP para obtenção de título de Mestre em Administração. THIAGO COSTA CAMPOS SÃO PAULO 2017

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Page 1: Dissertação - Thiago Costa Campos - Programa de Mestrado em Administração · UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

O CASO COORIMBATÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP para obtenção de título de Mestre em Administração.

THIAGO COSTA CAMPOS

SÃO PAULO

2017

Page 2: Dissertação - Thiago Costa Campos - Programa de Mestrado em Administração · UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

UNIVERSIDADE PAULISTA

PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

O CASO COORIMBATÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP para obtenção de título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Celso Augusto Rimoli.

Área de concentração: Redes Organizacionais.

Linha de Pesquisa: Abordagem Sociais nas Redes.

THIAGO COSTA CAMPOS

SÃO PAULO

2017

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Campos, Thiago Costa. Inovação em redes de cooperativa: o caso Coorimbatá. / Thiago

Costa Campos - 2017. 97 f. : il. CD-ROM.

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Universidade Paulista, São Paulo, 2017.

Área de concentração: Redes Organizacionais.

Orientador: Prof. Dr. Celso Augusto Rimoli.

1. Redes. 2. Inovação. 3. Cooperação. 4. Cooperativa Coorimbatá. I. Rimoli, Celso Augusto (orientador). II. Título.

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THIAGO COSTA CAMPOS

INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

O CASO COORIMBATÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Paulista – UNIP para obtenção de título de Mestre em Administração.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA

__________________/_____/_________

Prof. Dr. Celso Augusto Rimoli Universidade Paulista – UNIP

__________________/_____/_________

Prof. Dr. Flávio Romero Macau Universidade Paulista – UNIP

__________________/_____/_________

Prof. Dr. Júlio Araujo Carneiro da Cunha Universidade Nove de Julho- UNINOVE

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por me amparar nos momentos mais difíceis

dessa longa caminhada, em outra cidade, e longe das pessoas mais importantes.

A minha esposa, Mayra Fernanda de Sousa Campos, com quem compartilho

as minhas dificuldades e angústias, e quem me mostra a cada dia, como passar por

elas pode ser mais leve e feliz. Meu grande exemplo de otimismo.

Ao meu amado filho, Arthur Sousa Campos, simplesmente o motivo de tudo!

Aos meus colegas, Carlos Eduardo Santos, Maria Carolina D’arruda, Augusto

Cézar D’arruda, Filipe Meirelles Gonçalves de Freitas e Paulo Henrique que, assim

como eu, aceitaram esse desafio em outra cidade, e que nos momentos mais

difíceis sempre ofereceram uma palavra amiga.

Ao meu professor orientador, Dr. Celso Augusto Rimoli, um grande

profissional, sempre um passo à frente nas suas orientações para que não saísse

dos trilhos até a última frase dessa dissertação.

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Três virtudes para evitar o fracasso: - Ensinar o que se sabe; - Praticar o que se ensina; - Perguntar o que se ignora.

(Mario Sergio Cortella)

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RESUMO

O presente estudo objetivou identificar como o processo de inovação se desenvolve

em redes de cooperação, tendo por base a afirmação orientadora de que a

confiança e o comprometimento são antecedentes e indutores da cooperação.

Esses dois elementos estão inseridos no contexto mais amplo da sociedade em

rede, no qual a sobrevivência e o desenvolvimento das organizações e das pessoas

atualmente são viabilizados por meio de objetivos comuns, atividades coletivas,

compartilhamento de recursos etc. Como objeto de investigação escolheu-se a Rede

Coorimbatá, formada em seu primeiro nível pelos seguintes atores: a Cooperativa de

Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso, associações de produtores

rurais, organizações de setores públicos e a Universidade Federal do Mato Grosso

(UFMT). Em termos metodológicos esta investigação se caracterizou como

predominantemente descritiva e qualitativa e empregou a estratégia de pesquisa

estudo de caso único. As evidências foram coletadas por meio de entrevistas

semiestruturadas, pesquisa de observação direta e dados secundários e

examinadas pela estratégia analítica ‘contando com proposições teóricas’. Os

resultados encontrados sustentaram a afirmação orientadora do trabalho e

confirmaram as proposições enunciadas, permitindo que o objetivo proposto fosse

alcançado.

Palavras-chave: Redes. Comprometimento. Confiança. Redes de cooperação.

Inovação.

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ABSTRACT

This study aimed to identify how the innovation process is developed in cooperation

networks, based on the guiding affirmation that trust and commitment are

antecedents and inducers of cooperation. These two elements – aim and guiding

affirmation – are embedded in the broader context of network society, which enables

the survival and development of organizations and people nowadays through

common goals, collective activities, sharing of resources, etc. The Coorimbatá

Network was chosen as research object, which was formed at its first level by the

following actors: Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso,

associations of rural producers, public sector organizations, and Universidade

Federal do Mato Grosso (UFMT). Methodologically this research was characterized

as predominantly descriptive and qualitative and employed the research strategy

single case study. The evidence was collected through semi-structured interviews,

direct observation research and secondary data and was examined by the analytical

strategy 'counting on theoretical propositions'. The results support the guiding

affirmation of the dissertation and confirmed the stated propositions, allowing the

proposed goal to be achieved.

Keywords: Networks. Commitment. Trust. Cooperation Networks. Innovation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 – Busca de palavras chaves no Portal Scielo ............................................. 18

Tabela 2 – Busca de palavras chaves no Ebsco ....................................................... 19

Figura 1 – Redes que atua no sistema integrado de inovação tecnológica .............. 20

Figura 2 – Modelo KMV de Morgan e Hunt ............................................................... 40

Figura 3 – Proposta de modelo teórico de pesquisa ................................................. 40

Figura 4 – Nova estrutura do frigorífico após reforma ............................................... 56

Figura 5 – Marca própria da Rede Coorimbatá ......................................................... 62

Quadro 1 – Características das inovações ................................................................ 34

Quadro 2 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 1 ......................... 41

Quadro 3 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 2 ......................... 42

Quadro 4 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 3 ......................... 42

Quadro 5 – Sujeitos de pesquisa .............................................................................. 49

Quadro 6 – Guia para coleta e análise de dados ...................................................... 50

Quadro 7 – Sujeitos das entrevistas semiestruturadas ............................................. 58

Quadro 8 – Características das inovações ................................................................ 71

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo produtivo Local

EIT-UFMT Escritório de Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Mato

Grosso

IFMT Instituto Federal de Mato Grosso

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

PME Pequenas e Médias Empresas

NIT Núcleos de Inovação Tecnológica

PADIC Programa de Apoio Direto às Iniciativas Comunitárias

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

1.1 Questão de pesquisa ...................................................................................... 14

1.2 Objetivos ......................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 14

1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................... 14

1.2.3 Proposições .......................................................................................... 15

1.3 Justificativa ..................................................................................................... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 17

2.1 Estudo bibliométrico ....................................................................................... 17

2.2 Base teórica .................................................................................................... 24

2.2.1 Conceituação de Redes ....................................................................... 24

2.2.2 Abordagens de redes e a vertente social ............................................. 27

2.2.3 Categorias sociais de rede: Confiança ................................................. 28

2.2.4 Categorias sociais de redes: Comprometimento .................................. 29

2.2.5 Redes de cooperação ........................................................................... 30

2.2.6 Inovação ............................................................................................... 32

2.2.7 Inovação em redes de cooperação....................................................... 35

2.3 Proposta teórica da pesquisa ......................................................................... 37

3 ABORDAGEM METODOLÓGICA ........................................................................ 43

3.1 Tipo de pesquisa ............................................................................................ 43

3.2 Estratégia de pesquisa ................................................................................... 44

3.3 Coleta de dados ............................................................................................. 45

3.3.1 Pesquisa de dados secundários ........................................................... 45

3.3.2 Entrevistas semiestruturadas ............................................................... 46

3.3.3 Pesquisa de observação direta ............................................................ 47

3.4 Análise dos dados .......................................................................................... 48

3.5 Esquematização da pesquisa realizada ......................................................... 49

3.5.1 Coleta e análise dos dados .................................................................. 49

3.5.2 Relatório ............................................................................................... 52

4 APRESENTAÇAO E ANÁLISE DOS DADOS ...................................................... 53

4.1 Dados secundários da rede Coorimbatá ........................................................ 53

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4.2 Dados primários da rede Coorimbatá ............................................................. 57

4.2.1 Resultados das Entrevistas semiestruturada ........................................ 57

4.2.1.1 Bloco A – Descrever a dinâmica da Rede de cooperação

Coorimbatá .............................................................................. 58

4.2.1.2 Bloco B – Identificar quais tipos de inovação (incremental e

radical; de produto, de processo, de marketing e

organizacional) ocorrem na rede ............................................. 60

4.2.1.3 Bloco C – Descrever a influência da variável confiança no

processo de inovação da rede estudada ................................. 63

4.2.1.4 Bloco D – Descrever a influência da variável comprometimento

no processo de inovação da rede estudada ............................ 64

4.2.1.5 Bloco E - Consolidação entre os blocos de questões .............. 65

4.2.2 Instrumento observação direta ............................................................. 66

4.3 Análise dos dados .......................................................................................... 68

4.3.1 Análise da dinâmica da Rede Coorimbatá ............................................ 68

4.3.2 Análise dos tipos de inovação encontrados na Rede Coorimbatá ........ 69

4.3.3 Análise da influência da variável confiança no processo de inovação da

rede estudada ....................................................................................... 71

4.3.4 Análise da influência da variável comprometimento no processo de

inovação da rede estudada .................................................................. 72

4.3.5 Análises das proposições do estudo .................................................... 73

4.3.6 Comentários sobre a proposta teórica da pesquisa ............................. 74

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 76

5.1 Limitações e sugestões para trabalhos futuros .............................................. 79

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 81

APÊNDICE ................................................................................................................ 89

Apêndice A – Roteiro de entrevista semiestruturada ............................................. 89

Apêndice B – Roteiro para observação direta........................................................ 94

Apêndice C – Principais trabalhos oriundos da bibliometria que complementam a

base teórica ........................................................................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

Conforme Nohria e Eccles (1992), a concepção de organização nas últimas

décadas passou por muitas transformações baseadas no desenvolvimento

tecnológico, no processo de tomada de decisão flexível e descentralizado, assim

como na capacidade de trabalhar em grupo e na constante busca por inovações.

Esses autores afirmam também que tais transformações vêm modificando a

estrutura da própria sociedade que as contêm, a ponto de elas, atualmente, se

constituirem em redes. Assim se pode falar em uma sociedade em redes que é

composta por redes de negócio, de políticas públicas, de inovação, de cooperação

etc.

A formação de redes, em função da possibilidade de ações conjuntas facilita a

resolução de problemas comuns e viabiliza oportunidades que dificilmente seriam

alcançadas pelas organizações atuando sozinhas (KLEIN, 2012). Por outro lado,

cada rede possui suas próprias características e, em alguns casos, ocorre de as

relações entre alguns atores serem mais fortes e com grande envolvimento. Em

outras situações, as ligações entre eles podem ser mais fracas com pouco

envolvimento e densidade. O primeiro caso revela redes mais coesas e com laços

fortes e o segundo caracteriza redes menos estruturadas e mais permeáveis à

influências externas, como é o caso da inovação (GRANOVETTER, 1985). Algumas

vantagens no fato das organizações se agruparem em redes podem ser notadas

pela interface entre categorias sociais na resolução de problemas e conflitos comuns

(BERTÓLI; GIGLIO; RIMOLI, 2014). E o desenvolvimento de uma rede pode ser

percebido ao se enxergar ações cooperativas em grupos. Nesses casos os atores se

tornam estrategicamente interdependentes, o que proporciona a solidificação das

relações sociais paralelamente ao surgimento de ações como troca de

conhecimentos e tecnologias (LARSON, 1992).

Outro parâmetro importante na sociedade atual é a inovação, que tem sido

apresentada como estratégia de diferenciação das organizações frente a seus

concorrentes. Conforme Silocchi (2002, p. 15) “diante das mudanças e dos cenários

cada vez mais competitivos, as empresas que pretendem manter-se ‘vivas’,

necessitam de uma estratégia de inovação”. Tradicionalmente, a inovação era

desenvolvida e aplicada em primeiro lugar por grandes empresas isoladamente, que

conduziam seu processo desde seu surgimento, passando pela aplicação até sua

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substituição. Entretanto, consistentemente à sociedade em rede, a evolução dos

modelos e práticas voltados à gestão da inovação teve seu contexto antes interno e

isolado em cada organização modificado para o desenvolvimento de inovações em

redes (NOHRIA; ECCLES, 1992).

É possível constatar isso por meio de abordagens de gestão da inovação que

começaram a surgir a partir dos anos 1990, como a Hélice Tripla da Inovação e o

modelo denominado Inovação aberta. O primeiro envolve a atuação conjunta de três

tipos de atores principais visando a otimização dos resultados das inovações

(ETZKOWITZ; LEYDESDORFF, 1995). Cada tipo ou grupo de atores é representado

por uma hélice do modelo. A primeira hélice é representada por um grupo de

empresas, a segunda por instituições de ensino e pesquisa e a terceira por

instituições governamentais. Pode-se dizer que a união de esforços e os trabalhos

conjuntos dos atores dessas três hélices fomentam e inovação e constituem uma

formação em redes.

A segunda abordagem, Inovação aberta, foi apresentada por Henry

Chesbrough (2006) e sugere que o conhecimento e a inovação são desenvolvidos e

aplicados de maneira mais eficiente por um conjunto de organizações do que por

cada uma isoladamente. Além das organizações focais da inovação, o modelo inclui

universidades, fornecedores, canais de distribuição e consumidores, entre outros. O

autor afirma que criar e inovar são necessidades constantes principalmente das

organizações voltadas a fabricar e comercializar bens e serviços em que há uma

aplicação de tecnologia em produtos, em processos, na organização etc. O autor

cunhou o termo ‘conectividade e desenvolvimento’, ampliando o escopo da inovação

para além da pesquisa e desenvolvimento (P&D) tradicional. Assim, a inovação

aberta ressalta a importância de outros atores para a obtenção dos resultados que

ela enseja no contexto de organizações que cooperam em uma sociedade em rede.

Desse modo, os dois modelos mencionados envolvem a criação e difusão de

inovações em rede, constituindo arranjos entre organizações que tendem a trazer

não apenas resultados econômicos positivos para as organizações envolvidas, mas

também sociais relativos ao desenvolvimento da área em que essas organizações

estão localizadas (PAIVA; FERREIRA; MORAES, 2009). Pode-se considerar que

ambas são abordagens que envolvem inovações em redes que cooperam, o que

caracteriza o tema básico do trabalho.

Diante do que foi exposto até este ponto, vale argumentar sobre a importância

de possíveis indutores sociais da cooperação: as categorias sociais confiança e

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comprometimento. Entende-se que a cooperação desempenha papel destacado no

alcance dos objetivos das redes e, entre eles estão a criação, desenvolvimento de

difusão de inovações e suas decorrências (produtos, serviços e soluções diversas).

Para diversos autores, a confiança e o comprometimento conduzem à cooperação,

mediando diversas outras variáveis (MORGAN; HUNT, 1994; WEGNER et al., 2010;

SOUSA et al., 2015).

Pode-se dizer também que não há consenso estabelecido quanto à

precedência das categorias ou variáveis confiança, comprometimento e cooperação

entre si. Assim, em alguns trabalhos a cooperação aparece antes da confiança e do

comprometimento em uma rede (LARSON, 1992); em outros, as três variáveis se

manifestam conjuntamente (PERROW, 1992; ZAWISLAK, 2000). Ainda em outros, a

confiança e o comprometimento geram ou antecedem a cooperação (PUTNAM,

2000), e ainda acontece de confiança e comprometimento ocorrerem

simultaneamente na rede (BERTÓLI, 2014). É possível que as posições como

antecedentes ou consequentes entre essas variáveis dependam do contexto

específico de cada rede, ou que alguma dessas posições seja prevalentes na

grande maioria dos casos. O que parece certo é que são necessários mais estudos

a esse respeito e essa é uma das razões que justificam a realização deste trabalho,

que parte da premissa de que confiança e comprometimento são variáveis

antecedentes da cooperação, e esta última potencializa as inovações.

Assim, foi adotada neste trabalho a afirmação orientadora de que a confiança

e o comprometimento são antecedentes e indutores da cooperação, com base no

estudo seminal de Morgan e Hunt (1994). Conforme foi desenvolvido na base teórica

da dissertação os autores identificaram essa relação, entre outras, na construção e

validação do modelo KMV (ver Figura 2, p. 40).

Considerando esse panorama, esta pesquisa se propôs a analisar um caso

que envolve pesquisadores de uma universidade e uma comunidade de pescadores

e pequenos produtores rurais e também mais alguns atores importantes bem como a

geração e aplicação de inovações. Trata-se de uma rede localizada no estado do

Mato Grosso na qual a inovação gerou resultados econômicos e sociais. Seus

principais atores são: a Cooperativa de Pescadores e Artesãos de Pai André e

Bonsucesso (Coorimbatá), associações de produtores rurais, organizações dos

setores públicos, e a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Este último ator

atua como incubadora através do Escritório de Inovação Tecnológica (EIT) no

contexto da inovação em rede. A Rede Coorimbatá constitui uma experiência bem-

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sucedida de participação da universidade em cooperação com uma comunidade de

pescadores e pequenos produtores, entre outros atores. Os resultados dessa

cooperação podem ser considerados exemplares em termos de desenvolvimento

econômico e social, e por esse motivo essa rede foi escolhida como objeto de

estudo desta dissertação. Isso se expressa no questionamento de pesquisa,

apresentado a seguir.

1.1 Questão de pesquisa

Este projeto pretende responder à seguinte questão: Como o processo de

inovação se desenvolve em redes de cooperação?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo desta dissertação é investigar como o processo de inovação se

desenvolve em redes de cooperação.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos, associados ao tema em questão, são:

a) Descrever a dinâmica da Rede de Cooperação Coorimbatá;

b) Identificar quais tipos de inovação (incremental e radical; de produto, de

processo, de marketing e organizacional) ocorrem na rede.

c) Descrever a influência da variável confiança no processo de inovação da

rede de cooperação estudada;

d) Descrever a influência da variável comprometimento no processo de

inovação da rede de cooperação estudada.

Os estudos, leituras e contatos permitiram no âmbito da Rede Coorimbatá

também a formulação e avaliação de algumas proposições que visaram avaliar a

precedência das categorias confiança e comprometimento à cooperação e a relação

desta última com as inovações. Elas são enunciadas na sequência.

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1.2.3 Proposições

Proposição 1. A confiança influencia positivamente o desenvolvimento e

a aplicação de inovações na rede de cooperação Coorimbatá.

Proposição 2. O comprometimento influencia positivamente o

desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede de cooperação

Coorimbatá.

Proposição 3. Redes de cooperação propiciam o desenvolvimento de

inovações.

1.3 Justificativa

A escolha do tema dessa pesquisa envolve o esforço de conhecer mais sobre

a dinâmica da inovação em redes de cooperação. Os conceitos centrais que a

norteiam – seus possíveis indutores, confiança e comprometimento, bem como seus

efeitos nas inovações – seguem linha de atuação conjunta de diferentes

organizações para o desenvolvimento e a aplicação de inovações, visando o alcance

e objetivos comuns com esforços compartilhados (NOHRIA; ECCLES, 1992;

CASTELLS, 1999; VERSCHOORE; BALESTRIN, 2008). Acredita-se que análises

das categorias confiança e comprometimento como antecedentes da cooperação

possam trazer contribuições a esses estudos, pois não se encontrou consenso sobre

isso.

A escolha da Rede Coorimbatá como objeto de pesquisa se deu devido a

algumas peculiaridades e repercussões que sua criação e desenvolvimento

geraram. Conforme foi desenvolvido no Capítulo 4, a parceria entre a UFMT, por

meio do EIT e das comunidades de pescadores e pequenos agricultores que a

compõem, junto a outros atores, propiciou à Rede Coorimbatá grandes

repercussões econômicas e sociais. Essa situação gerou diversas publicações em

periódicos científicos nas áreas de gestão da inovação, inovação tecnológica social,

economia solidária e sustentabilidade. Entretanto, no âmbito da Rede Coorimbatá, o

enfoque desta dissertação, não foi encontrado. Desse modo, justifica-se a escolha

do tema também em face da oportunidade de entender como os temas envolvidos

interagem para propiciar inovações em redes, podendo assim ampliar as

explicações teóricas existentes.

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Além disso, a pesquisa de Paese et al. (2013) analisou opiniões de gestores

de empresas em Mato Grosso e constatou a importância das Instituições de

pesquisas como indutoras no processo de inovação para pequenas empresas,

propiciando maior competitividade a elas. Porém, o desenvolvimento de novos

produtos e processos ainda é incipiente, o que torna fundamental a aplicação desse

conhecimento nas pequenas empresas de modo sistemático, senão os saberes

científico e tecnológico produzido na academia se encerrariam nela mesma.

Existem outros trabalhos científicos sobre a Rede Coorimbatá, resultantes de

processos sistêmicos de atuação articulados entre a cooperativa, instituições de

ensino e outras organizações públicas e privadas referentes às áreas de engenharia

e tecnologia de alimentos, microbiologia, entre outras. Nessas pesquisas o foco foi

direcionado aos aspectos técnicos e até para gestão, mas não contemplam os

questionamentos desta dissertação. Como exemplo há a pesquisa de qualidade de

processamento da matéria prima, que culminou na ampliação de parcerias para a

criação do Sistema Integrado de Inovação Tecnológica Social (HARUKO; PRIANTE,

2012). Em outra pesquisa (Neto et al., 2014) apresentaram a estratégia adotada pela

UFMT para estabelecer articulação inovadora a partir da incubação de

empreendimentos de economia solidária, com objetivo de ampliar as conexões dos

ambientes de inovação e os setores público e privado entre a UFMT, Coorimbatá e a

ARCA Multincubadora subordinada ao Escritório de Inovação Tecnológica da

Universidade Federal de Mato Grosso (EIT/UFMT). Desse modo, o que distingue o

presente trabalho é a busca por conhecer a influência das categorias sociais

confiança e comprometimento em redes de cooperação e seus efeitos em

inovações.

Além desta introdução, este trabalho traz em seu segundo capítulo a revisão

da bibliografia com o estudo bibliométrico em que é mostrado um panorama sobre

trabalhos relevantes ao tema e também a fundamentação teórica que serviu de

respaldo conceitual para as análises realizadas. A abordagem metodológica é

desenvolvida no terceiro capítulo demonstrando o método e técnica escolhidos e,

por fim, a apresentação e análise dos resultados e as considerações finais do

trabalho estão descritas nos capítulos quarto e quinto, respectivamente.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo traz a revisão da literatura pertinente a esta dissertação que

serviu como base para as análises realizadas e é composto por três tópicos

principais. Assim, o Tópico 2.1 traz um estudo bibliométrico a partir das palavras-

chaves do trabalho indicadas no resumo (para a base de artigos em português) e no

abstract (para a base de artigos em inglês) que foram pesquisadas. Essa

providência teve como finalidade enriquecer a base teórica do trabalho,

desenvolvida no Tópico 2.2, que apresenta as principais áreas do conhecimento

envolvidas (redes e inovação) e seus recortes específicos. Por fim, o Tópico 2.3 traz

a proposta teórica da pesquisa e as proposições enunciadas.

2.1 Estudo bibliométrico

Este tópico apresenta uma busca em publicações acadêmicas a respeito do

tema desta dissertação a partir das palavras-chaves do trabalho, ou seja, redes de

cooperação, inovação, confiança e comprometimento. Tratou-se de acompanhar a

evolução sobre o tema e os principais artigos publicados em periódicos acadêmicos

nacionais e internacionais nas línguas em português e inglês. Isso foi realizado por

meio de um estudo bibliométrico que, conforme Cunha (1985) permite selecionar

uma quantidade artigos importantes para o tema estudado, direcionando as buscas

sobre determinado assunto. Para isso, foram utilizados os portais SCIELO e

EBSCO, dois bancos de dados com artigos nacionais e internacionais

respectivamente. Ambos são continuamente atualizados e indicam a quantidade e a

tendência temática de artigos publicados em revistas científicas que apresentam

resultados a partir de palavras e expressões chaves das pesquisas.

Em consulta ao portal SCIELO buscou-se inicialmente a palavra-chave “redes

de cooperação”, na área de Ciências Sociais aplicadas, o que resultou em 82

artigos. A busca foi repetida com filtro para o período 2006-2017 na área de Ciências

Sociais aplicadas e o total foi reduzido para 72 artigos. A Tabela 1 mostra o

resultado final dessa busca com os mesmos parâmetros para as quatro palavras-

chaves e acrescentando o filtro somente no resumo. Traz também as intersecções

entre elas.

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Tabela 1 – Busca de palavras chaves no Portal Scielo

Palavras-chaves Frequência

(1) Redes de cooperação 54

(2) Inovação 595

(3) Confiança 232

(4) Comprometimento 99

(1) e (2) 9

(1) e (3) 6

(1) e (4) 2

(2) e (3) 17

(2) e (4) 1

(3) e (4) 5

(1), (2),(3) e (4) 0

Fonte: Desenvolvida pelo autor em 2017.

Pode-se verificar pela Tabela 1 que houve uma quantidade considerável de

pesquisas acadêmicas no Brasil envolvendo o tema inovação, porém o tema central

dessa pesquisa redes de cooperação retornou somente 54, e desse número, apenas

9 envolvendo o tema redes de cooperação e inovação. Quanto às interseções

desses termos os números diminuem muito, e não apresentando nenhum trabalho

que traga as combinações dos termos 1, 2, 3 e 4, o que demonstra que pesquisas

envolvendo esses temas no Brasil ainda são irrisórias. Por fim, da Tabela 1 foram

consideradas para o estudo as intersecções 1 e 2 e também a 3 e 4, o que somou

14 artigos do portal Scielo.

Quanto à investigação dos artigos internacionais se considerou relevante

realizar a pesquisa pelo portal EBSCO, um banco de dados reconhecido e destinado

a indicar a quantidade e a tendência de artigos internacionais. A consulta ao EBSCO

se deu a partir da tradução das palavras-chaves utilizadas na busca anterior para o

idioma inglês, obtendo-se: Cooperation Networks (1); Innovation (2); Trust (3); e

Commitment (4). Analogamente à consulta anterior, esta foi feita para os termos

mencionados (1, 2, 3 e 4) e suas intersecções, tendo com filtros a busca em

periódicos acadêmicos, tipo de documento artigo, e com cada uma das palavras-

chaves no título e limitadas ao período 2006-2017. Os resultados obtidos são

mostrados na Tabela 2.

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Tabela 2 – Busca de palavras chaves no Ebsco

Categorias Frequência

(1) Cooperation Networks 183

(2) Innovation 15.079

(3) Trust 5.232

(4) Commitment 3.426

(1) e (2) 14

(1) e (3) 2

(1) e (4) 0

(2) e (3) 41

(2) e (4) 27

(3) e (4) 5

(1), (2), (3) e (4) 0

Fonte: Desenvolvida pelo autor em 2017.

Os resultados apresentados na Tabela 2 mostram números maiores para

cada um dos termos pesquisados individualmente em relação ao portal SCIELO,

mantendo, porém com um padrão semelhante de diminuição nas intersecções de

palavras-chaves. O destaque nos dois portais é a quantidade de pesquisas com o

tema inovação frente aos outros temas, o que mostra grande interesse em

pesquisas por esse tema genérico.

No entanto, o conjunto desses números mostra que o tema deste trabalho,

inovação em redes de cooperação, ainda não foi extensamente pesquisado. Para a

pesquisa deste trabalho, foram escolhidas da Tabela 2 as linhas 1 e 2, e também a 3

e 4, que totalizam 19 artigos extraídos do portal EBSCO.

A seguir se discorre brevemente sobre o conteúdo de alguns artigos

selecionados por essas buscas e que se acredita puderam enriquecer a feitura desta

dissertação. A seleção dos artigos que seguem privilegiou a experiência brasileira

em temas correlatos, em função de o objeto de estudo – a Rede Coorimbatá – ser

um fenômeno e uma experiência estritamente brasileiros.

A pesquisa de Freitas e Freitas (2013) buscou entender como um arranjo

organizacional de cooperativa de economia solidária contribui para fortalecimento da

agricultura familiar de maneira sustentável. Como resultado, as interações sociais

estabelecidas entre as organizações locais e a cooperativa tornaram-se um meio

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racional de desenvolvimento e fortalecimento econômico para os participantes da

cooperativa.

O trabalho de Araraki et al. (2012) propõe apresentar um processo de

desenvolvimento de tecnologias sociais e de incubação de empreendimentos de

economia solidária, com base na lei de inovação. Trata-se de um arranjo em rede e

de forma articulada entre uma cooperativa de economia solidária e uma Instituição

de ensino e pesquisa – Escritório de Inovação Tecnológica da Universidade Federal

de Mato Grosso (EIT-UFMT). Essa estrutura pode ser replicada em outros Núcleos

de Inovação Tecnológica (NIT) para inclusão social. O plano estratégico e as ações

são articulados em rede, propiciando a definição de novos parceiros e

proporcionando soluções conjuntas para a otimização dos recursos e melhor

alcance dos resultados. A Figura 1 a seguir ilustra a rede envolvida nesse trabalho,

cuja pesquisa de campo se deu em Cuiabá e envolve a Coorimbatá, cooperativa que

faz parte da rede objeto de estudo desta dissertação.

Figura 1 – Redes que atua no sistema integrado de inovação tecnológica

Fonte: Araraki et al. (2012).

O trabalho de Martins et al. (2014) traz a feitura de uma pesquisa em uma

rede de inovação tecnológica na qual um dos principais parceiros foi o SEBRAE. Os

resultados mostraram que houve fomento à rede via suporte às ações de pesquisas

desenvolvidas pelas empresas participantes da rede.

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Bastos et al. (2014) identificam em seu trabalho a categoria comprometimento

como a força que caracteriza o envolvimento do indivíduo com a organização por

meio da aceitação dos valores e objetivos organizacionais. Outro ponto importante

relacionado a isso é a vontade de fazer parte do grupo e a realização de esforços

individuais em benefício de todos os membros de um grupo.

Balestrin e Verschoore (2010) mostraram que os esforços de aprendizagem e

de inovação estão se modificando de um processo individual e endógeno para um

processo multidirecional, exógeno, colaborativo e em redes. Destacam-se também

na pesquisa que as redes mais antigas, com maior número de atores e do setor de

comércio foram as que obtiveram melhor desempenho com relação ao lançamento

de novos serviços e produtos, assim como a adoção de novas práticas. Tal fato

pode ser sustentado pela frequência de relacionamentos duradouros trazendo para

dentro da rede de cooperação maior capital social e confiança.

Klein et al. (2014) caracterizaram a categoria comprometimento como um

elemento responsável pela cooperação quando se trata de informações e

aprendizagem. Outro resultado importante e pertinente a esta dissertação é que a

falta de confiança e de comprometimento é um fator importante entre os

responsáveis pela saída das empresas das redes.

Silva et al. (2008) apresentaram um modelo com benchmarking, mostrando

como ocorre a transferência de tecnologia impulsionada pelas universidades ao nível

de redes de inovação. Foi confirmada na pesquisa a importância das universidades

como maiores propulsoras do desenvolvimento e da competitividade regional nas

redes, propiciando uma maior transferência de conhecimento visando à inovação.

De acordo com Hernandez (2012), comprometimento e confiança, por

possuírem a característica de inter-relacionamento, se apresentam como variáveis

importantes na relação com os demais atores da rede. Consistentemente, a falta de

ambos tende a influenciar negativamente a capacidade de troca de informações

entre atores da rede (HERNANDEZ, 2012).

Conforme Tálamo e Carvalho (2010) a estruturação em forma de redes de

cooperação foi um fator crítico para o sucesso das empresas participantes de seu

estudo, dotando-as de flexibilidade e competitividade frente aos obstáculos de

mercado. Contudo, exige-se amadurecimento tanto dos empresários participantes

quanto da rede de cooperação para a superação de limitações culturais, mitigando

assim as barreiras ao aprendizado sinérgico.

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De acordo com Pires et al. (2012) a complexidade no processo de inovação

tecnológica vem intensificando o surgimento de novos modelos de negócio e

arranjos colaborativos para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e de

inovação. Essa pesquisa identificou que para haver total alinhamento entre

instituições de pesquisa e empresas é necessário avançar na capacidade de

trabalhar em redes de colaboração e na configuração adequada de arranjos

institucionais e convergência com a estratégia corporativa.

Balestrin e Verschoore (2008) confirmaram proposições teóricas evidenciando

que a cooperação em redes é um caminho viável para desenvolver economias locais

de forma sustentável. Os fatores mais relevantes evidenciados nessa pesquisa, em

ordem de importância, foram: (1) acesso a soluções, (2) poder de mercado, (3)

inovação e aprendizagem, (4)relações sociais, (5) diminuição de riscos e custos.

Moura et al. (2008) identificaram em sua pesquisa três aprendizados. O

primeiro é que o processo de reestruturação de P&D “ocorre de fora para dentro”, ou

seja, a internalização de recursos e capacidades em redes de inovação. O segundo

remete a uma sequência lógica de tipos de inovações em que a inovação

incremental possibilita o acesso a recursos financeiros e mercadológicos que

possibilitam investimentos em inovação de ruptura, com maior impacto no mercado.

Por fim, a rede de inovação possibilitou reestruturação de seu modelo de negócio.

Para Silva, Feitosa e Aguiar (2012) o fator inovação foi considerado primordial

para o desenvolvimento de redes interorganizacionais em que seus atores

consideraram que a parceria entre as empresas era indutora de inovações. Porém,

apesar de os levantamentos estatísticos mostrarem que existe de fato uma relação

forte de parceria no APL, ficou claro que os benefícios econômicos dessa relação

eram limitados a algumas empresas em detrimento das outras.

Ainda no contexto da inovação, Ipiranga (2008) realizou um ensaio com

objetivo de articular esquemas e conceitos teóricos como um guia de aprendizagem

da inovação num contexto de redes interorganizacionais de arranjo local, por ser um

espaço de compartilhamento tácito que ocorre através do imbricamento social. O

autor concluiu que a capacidade de inovação em sistemas produtivos locais tem

reorientado as políticas públicas para desenvolvimento local.

Nascimento et al. (2011) analisaram como uma incubadora e sua equipe

gestora se relacionavam com as empresas incubadas na troca de informação para o

desenvolvimento da inovação. Dentre as observações, destacam-se: (1) As

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incubadoras tinham consciência do seu papel como mediadoras, porém de maneira

informal. (2) Devido ao grande número de empresas incubadas a oportunidade de

troca de informações era propícia, mas ainda assim, havia dificuldade de

comunicação entre elas. (3) Existia assimetria no âmbito da rede na percepção das

empresas parceiras. (4) Inovações incrementais eram mais frequentes.

O trabalho de Desidério e Popadiuk (2015) mostrou a possibilidade de as

pequenas empresas terem de obter vantagem competitiva através do acesso a

redes de inovação aberta, com o compartilhamento e transferência de conhecimento

viabilizando a inovação. Em pequenos negócios há uma grande dificuldade em

manter uma estrutura inovadora sustentável, que somente são acessíveis em

estrutura de grande porte. Nesse contexto a pesquisa buscou identificar os perfis na

interação em rede com pequenas empresas, onde foram identificadas oportunidades

de absorção tecnológica em ambientes interativos e abertos.

E por fim, Martin (2013) argumentou em sua pesquisa em vários setores

localizados em diferentes partes da Europa, que o tipo das redes de inovação varia

substancialmente considerando o nível de conhecimento que é necessário para que

ocorra a inovação. A base de conhecimento da rede pode diferir em vários aspectos:

localização geográfica, tempo de existência, sua estrutura e densidade, posição

estratégica de alguns atores e a relação entre eles. Os resultados sugerem que as

redes são pouco influenciadas pela distância geográfica e que o conhecimento é

trocado de uma forma altamente seletiva entre as empresas.

Pode-se constatar após essa breve busca que alguns artigos são mais

convergentes com o tema desta dissertação e por isso contribuíram mais para sua

evolução. Como exemplos, o artigo do Klein et al. (2014) em que a falta de confiança

e comprometimento constituem fator responsável pela saída das empresas das

redes. Também os artigos de Nascimento et al., (2011) sobre a troca de informação

para o desenvolvimento de inovações a partir de uma instituição de pesquisa e a

empresa incubada trazem importantes ideias. E o trabalho de Desidério e Popadiuk

(2015), que mostra bons resultados de pequenos negócios utilizando a inovação.

A lista dos artigos que complementam os artigos comentados, que foram

identificados na pesquisa bibliométrica e considerados relevantes para esta

dissertação, estão esquematizados no Apêndice C, que traz a autoria, fonte, o título,

as palavras-chaves e os conceitos e resultados importantes para esta pesquisa.

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2.2 Base teórica

Neste tópico são desenvolvidas teorias e conceitos sobre os temas redes,

principalmente em sua abordagem social e inovação, visando subsidiar a pesquisa

proposta neste projeto.

2.2.1 Conceituação de Redes

Conforme Alvarez e Ferreira (1995), em períodos de estabilidade e

competição restrita, as organizações configuradas de forma hierarquizada e

verticalizada obtiveram muito sucesso. Porém, a partir dos anos 1980 essa

configuração de negócios não tem dado a resposta que o mercado exige por estar

muitas vezes associada a inflexibilidade e ineficiência. O autor argumenta também

que com o intuito de atender às novas exigências de mercados instáveis, com

elevação nos padrões de consumo e demanda crescente por produtos

personalizados, as organizações têm utilizado uma nova configuração de negócios.

De maneira crescente as redes têm sido empregadas para isso e se caracterizam

por serem mais flexíveis e oferecerem maior capacidade adaptativa, com respostas

mais rápidas às necessidades do mercado e da sociedade na qual estão imersas.

Loiola e Moura (1997) lembram que a origem do termo redes faz alusão aos

nós ou entrelaçamento entre as organizações, destacando a complementaridade

entre elas, sendo que a competição isolada foi substituída pela cooperação entre as

organizações, em forma de redes. Dessa maneira, as organizações têm adotado sua

utilização, primeiramente as grandes e depois as pequenas, que se vincularam

umas às outras através de arranjos de cooperação. Há casos exemplares, como

ocorreu no norte da Itália, em que pequenas empresas vêm se mantendo

competitivas em seus mercados através do arranjo em redes (CASAROTTO; PIRES,

1998).

Redes podem ser vistas como grupos de instituições que cooperam entre si

no desenvolvimento de diversos projetos conjuntos visando superar problemas

comuns em pontos que nenhuma delas seria capaz de resolver melhor sozinha. Isso

é o que basicamente fomenta a colaboração entre elas (CEGLIE; DINI, 1999).

Segundo Passador (2003), na formação de redes as empresas integrantes

precisam manter algumas características, tais como flexibilidade, interdependência e

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diferenciação. A flexibilidade é uma importante característica das organizações

integrantes de redes e ocorre tanto no aspecto organizacional quanto na inovação

do processo produtivo. Outra característica importante é a interdependência: trata-se

de um mecanismo que sugere a constituição de atividades de coordenação e de

cooperação. E a diferenciação em redes ocorre a partir do momento em que todos

os seus atores conseguem acesso aos benefícios inovadores gerados e

compartilhados por eles.

Grandori e Soda (1995) defendem que as redes podem ser classificadas

conforme seu nível de formalidade, centralidade e por mecanismos de coordenação,

utilizados para regular a cooperação. Há redes que se caracterizam pela simetria,

situação na qual não existe uma organização centralizadora das decisões da rede. E

também há a situação de assimetria, em que uma empresa centraliza a maior parte

das relações, das decisões ou das informações. Isso evidencia a importância das

organizações e da coordenação ou governança da rede conforme o poder relativo

que cada ator detém.

Segundo Maturana e Varela (1987), no momento em que a rede se torna um

grupo com determinado nível de independência em relação às forças externas, essa

posição seria o objetivo maior buscado nos processos de rede. Em outras palavras,

uma rede está estabelecida quando a dinâmica de fluxos vai ocorrendo com relativa

independência das ações individuais e dos processos externos. Pode-se dizer que

redes assim configuradas têm características de auto-organização.

No plano de resultados, a potencialização dos benefícios do relacionamento

entre os atores tais como ganhos de escala e poder de negociação com o mercado

é oriunda do amadurecimento da rede. Em geral isso ocorre em relação direta com

seu tempo de existência e número de participantes (VERSCHOORE; BALESTRIN,

2008). Dessa maneira, para os autores, a vantagem competitiva em redes está

diretamente ligada ao nível de evolução e complexidade em que ela se encontra.

Essa condição favorece também os processos de inovação, que serão tratados

adiante.

Nohria e Eccles (1992), afirmam que o conceito de redes se tornou relevante

e mais discutido nas últimas décadas devido ao surgimento de:

1. Uma nova forma de competição, que busca a reestruturação da

organizações com enfoque em relações colaborativas;

2. Mudanças causadas pelas novas tecnologias, que trouxeram novos

arranjos produtivos desagregados, distribuídos e flexíveis; e

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3. Maturidade do tema no meio científico da análise de rede como disciplina

acadêmica, com teorias e métodos cada vez mais convergentes e

consistentes.

E finalizando essas noções iniciais sobre redes é oportuno apresentar cinco

premissas básicas para análise de organizações segundo a perspectiva de redes

(NOHRIA; ECCLES, 1992).

1. Toda organização é ou faz parte de uma rede social e deve ser analisada

como tal, pois é um conjunto de nós entre pessoas e organizações

entrelaçadas através de relacionamentos recorrentes, com foco em

relações formais e informais e não em produtos.

2. O ambiente organizacional é visto como sistemas abertos reconhecidos

como redes de organizações. Para entender suas estruturas principais é

preciso que sejam analisados de um ponto de vista externo como

funciona o padrão das relações com os outros participantes da rede.

3. As ações (atitudes e comportamentos) podem ser explicadas conforme a

posição dos atores na rede de relacionamento, em vez de se saber quais

atributos diferem um ator do outro.

4. Redes limitam as ações, mas são determinadas por elas. A posição dos

atores na rede ou restringe ou permite suas ações e, por sua vez, estão

em constante mudança conforme o interesse deles.

5. As características de rede devem ser levadas em consideração para

maior clareza na análise comparativa das organizações. A maior parte

das pesquisas comparativas não lida diretamente com as relações que

compõem a estrutura das redes, o que limita a observação de

configurações importantes.

Apesar de haver muitas distinções e conceitos conforme os autores

consultados, algumas características comuns das redes podem ser ressaltadas,

como a importância dos relacionamentos e a interdependência entre os atores. Além

disso, há também atributos como cooperação, objetivos coletivos, esforços

compartilhados, entre outros. Isso tudo proporciona eficiência coletiva através

cooperação para superar limitações individuais. Estabelecida a caracterização

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básica das redes, o próximo item traz duas abordagens principais ao estudo das

redes, a racional-econômica e a social e também descreve a segunda.

2.2.2 Abordagens de redes e a vertente social

Os estudos de redes podem ser agrupados em duas abordagens principais, a

racional-econômica e a social. A primeira segue a premissa de que a existência das

redes está vinculada principalmente a objetivos comuns dos atores, ligados a

resultados econômicos e de contratos que regulam suas ações. A segunda destaca

a proeminência de categorias sociais como confiança, comprometimento, poder,

capital social, governança informal, entre outras, para a existência das redes em

longo prazo e os comportamentos e ações em rede. Uma abordagem não nega a

relevância e a validade dos atributos básicos da outra. Existe apenas uma diferença

no grau de importância para cada uma em relação às questões

racionais/econômicas e às sociais.

Um dos pontos centrais da abordagem social de redes é expresso pelo termo

social embeddedness, que traduz o entrelaçamento ou imbricamento entre os atores

nas redes (GRANOVETTER, 1985). Para o autor, as relações sociais têm um papel

de suma importância na formação das redes, pois em todas as transações, mesmo

quando o foco é econômico, as relações sociais estão presentes em acordos formais

e informais. Segundo Nohria e Eccles (1992), as relações sociais são uma espécie

de plano de fundo de todas as relações existentes em uma rede e, por extensão,

todas as organizações estão em algum tipo de rede social, e devem ser analisadas

nessa perspectiva, tanto nas relações formais quanto nas informais. Para esses

autores, a complexidade em um ambiente de negócios depende do papel e da

relação entre os atores da rede, tais como: clientes, consumidores, fornecedores,

agentes econômicos e administrativos etc. Na mesma linha, Baldi (2004) defende

que a imersão em categorias ou laços sociais, como confiança e comprometimento,

é fundamental para a caracterização e os estudos de redes, pois proporcionam

maior compreensão sobre como elas emergem e se transformam. Oliver (1990) e

Doz (1996) afirmam que a relação entre as variáveis sociais (comprometimento,

confiança, capital social etc.) em uma rede criam estruturas que viabilizam a

cooperação e a gestão entre os participantes da rede, contribuindo para mantê-la

coesa.

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Considera-se apenas que as categorias sociais de redes são mais adequadas

para analisar e responder aos questionamentos colocados neste trabalho, dada a

natureza de seus questionamentos. Por isso a abordagem social de redes foi

adotada como uma das bases desta dissertação. Adiante serão conceituadas as

categorias sociais confiança e comprometimento, por fazerem parte dos

questionamentos expressos nos objetivos específicos do trabalho.

2.2.3 Categorias sociais de rede: Confiança

Conforme Morgan e Hunt (1994), confiança é a crença que um indivíduo tem

que outro parceiro se comportará da forma adequada, sem se aproveitar dos

demais. Para Lopes e Baldi (2009) o termo confiança é utilizado para definir algo

que pode ser calculado, um comportamento previsível pelos custos e riscos

envolvidos e como um imperativo moral definidor da conduta de um participante.

Tanto os autores brasileiros quanto internacionais apresentam nuances diferentes

no que se refere à definição de confiança, entendendo o mesmo construto de pontos

de vista diferentes. Muitas vezes é dada importância ao comportamento das

pessoas e das organizações para sua conceituação.

Conforme Gulati (1995) considera, confiança é um fenômeno interpessoal,

intrínseco às relações sociais. Sendo assim, trata-se de algo recorrente no âmbito

das redes de cooperação, considerando ser um agrupamento social, com

expectativa de atenuar o temor ao ato oportunista por parte de um parceiro

comercial, principalmente quando fatores relacionados à P&D estão envolvidos.

Segundo autores como Balestrin e Vargas (2004), a confiança torna as redes

de PMEs mais competitivas e fortes à medida que ela viabiliza a criação de laços

fortes e define padrões de comportamento entre os participantes da rede,

minimizando, por essa via, comportamentos oportunistas.

A confiança implica uma condição de risco, à medida que um participante da

rede toma a decisão de colocar o seu destino na responsabilidade de outro. Assim, a

confiança se torna fundamental nas relações entre os atores da rede para expor

seus problemas ou soluções, solicitar ajuda, compartilhar conhecimento e inovação

etc. Alternativamente, ou seja, se houver desconfiança, esses tipos de relações

podem ser tornar confusas e/ou dar margem ao surgimento de comportamentos

oportunistas entre os atores (INKPEN; TSANG, 2005).

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Considerando esses conceitos e comentários, a definição de confiança

adotada nessa dissertação é a que segue. Trata-se de um agir conforme

comportamento previsível, um imperativo moral em que as pessoas colocam-se na

dependência das outras de maneiras variadas. Como exemplos citamos a exposição

de problemas ou de soluções, solicitações de ajuda, oferecimento de recursos

compartilhamento de conhecimento e de inovação, evitando comportamentos

oportunistas (INKPEN; TSANG, 2005).

2.2.4 Categorias sociais de redes: Comprometimento

Conforme Pereira (2005, p. 67), “comprometimento é a disposição do ator

para o trabalho em conjunto”. O autor defende que para a formação de rede essa

categoria tem que estar presente em um grupo. O comprometimento está

relacionado à crença dos atores de uma rede que o relacionamento construído é

importante ao ponto de valer a pena seus esforços para mantê-lo. Em função de

estar na base do inter-relacionamento com outros atores da rede em geral é

considerada uma variável importante.

Para Anderson e Weitz (1992, p. 19) o comprometimento é entendido como a

predisposição de um indivíduo para ações coletivas, colocando os benefícios do

grupo ao qual pertence à frente dos interesses individuais. Os autores afirmam que o

“comprometimento de uma relação implica o desejo de desenvolver uma relação

estável, o desejo de fazer sacrifícios de curto prazo para manter a relação”

(ANDERSON; WEITZ, 1992, p. 19).

Segundo Cullen, Johnson e Sakano (2000) há dois tipos de

comprometimento: comprometimento calculativo, que se expressa pela expectativa

de se obter ganhos e recursos no relacionamento e comprometimento de atitude,

que se define como o esforço extra com objetivo de ir além das obrigações

contratuais. No comprometimento de atitude os atores são empenhados em

desenvolver tarefas, tomando novas iniciativas e apresentando novas ideias no

âmbito da rede da qual participa, pensando no crescimento do grupo. E o

comprometimento calculativo trata do esforço esperado por todos os sujeitos

envolvidos na rede para obter ganhos econômicos financeiros.

Safari et al. (2013) definem comprometimento como a forma pela qual são

demonstradas atitudes positivas e significativas sobre o comportamento dos

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indivíduos na rede. A pesquisa aponta também alguns indicadores de manifestação

do comprometimento, como: a colaboração interpessoal, a necessidade de

aprovação social e fatores de justiça distributiva.

Para Ariño (2003), à medida que os participantes percebem dos parceiros que

há um maior comprometimento nas relações, mais elas serão fortalecidas, como

uma espiral crescente. Isso quer dizer que, quanto mais pessoas estiverem

empenhadas e comprometidas com o negócio, mais participantes tendem a se

comprometer pelo grupo. Nessa linha, Anjos et al. (2013) definem o conceito de

comprometimento como a expressão da vontade de permanecer com os parceiros

atuais, mesmo se houver oportunidade de interações disponíveis mais gratificantes,

pois existem benefícios maiores ao se manter essas relações

Considerando as definições apresentadas, optou-se nesse trabalho por adotar

como definição de comprometimento como a disposição de uma pessoa para ações

coletivas, sem colocar o benefício próprio a frente dos interesses do grupo,

implicando fazer sacrifícios para manter e desenvolver uma relação estável

(ANDERSON; WEITZ, 1992). Mas essa categoria parte também da existência de um

engajamento afetivo, onde o sentimento de coletividade se reforça, fazendo com que

as organizações tenham o sentimento de pertencimento e identidade com a rede.

2.2.5 Redes de cooperação

Redes de cooperação estão ligadas à teoria das redes sociais. Elas se

referem ao modo como os laços sociais entre os atores, bem como a posição deles

nas redes, são importantes para o desempenho adequado das organizações

envolvidas. Burt (1992) buscou especificar como a posição de um ator em uma rede

está diretamente ligada às oportunidades que pode lançar mão. Por exemplo, a

posição de um ator em sua rede é determinada pela quantidade de inter-relações

que ele possui com outros atores e pode indicar uma relação de maior poder frente

aos atores com poucas ligações na rede.

Albers (2005) vê a cooperação nas redes como uma atividade de ações

compartilhadas e considera que a relação de cooperação se dá entre no mínimo

dois atores. As ações pretendidas por um deles devem ser tomadas segundo o

mesmo entendimento pelos demais participantes da rede.

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Conforme afirmam Balestrin e Vargas (2004) existem redes verticais e

horizontais, em que as verticais seguem uma estruturação hierárquica, com papéis e

relações bem-definidos para cada nó da rede, como fornecedores, compradores,

distribuidores etc. Esse tipo de rede também é chamada de cadeia (ou rede) de

suprimentos. Diferentemente, nas redes horizontais as relações entre os atores são

mais complexas, pois há maior dimensão de cooperação entre os atores, em função

de eles escolherem cooperar no âmbito da rede. Wegner e Padula (2010) destacam

que nessas redes a cooperação é uma alternativa estratégica importante, sendo que

elas podem ser compreendidas como organizações ou indivíduos se complementam

nas fases de um processo. Em geral essa divisão de tarefas leva em consideração

as habilidades individuais ou organizacionais. Entretanto, para que a cooperação

seja efetiva é preciso considerar os esforços de coordenação de atividades que

envolvem organizações diferentes. Assim, é preciso estudar e definir as

possibilidades de governança, tanto formal quanto informal que permeiam as ações

de cooperação entre elas.

A cooperação, segundo Ebers (1997), transforma concorrentes em aliados

que se fortalecem perante a competição no mercado, o que permite a eles alcançar

resultados melhores nas articulações e negociações para suprir suas necessidades.

Feijó e Zuquetto (2014) destacam que através da organização de empresas

alinhadas com o conceito de cooperação, em longo podem alcançar, com objetivos

comuns, vantagens competitivas sustentáveis diante da concorrência. Assim, a

atuação das empresas como redes de cooperação permite a elas competirem com

maior capacidade e recursos em cenários de concorrência acirrada. Entre os ganhos

obtidos podem ser destacados: aumento de inovações tecnológicas, reduções de

custo, ganhos de escala, melhor acesso a informações, marketing e capacitação de

gestores. Assim, as redes de cooperação têm contribuído para o alcance de

objetivos comuns pelos atores, com a realização de ações configuradas em relações

estruturadas por um conjunto de transações repetidas e dotadas de fronteiras

dinâmicas e elementos interconectados (TODEVA, 2006). Isso tudo propicia também

uma visão completa dos processos envolvidos, ampliando os resultados.

O trabalho de Balestrin et al. (2010) mostram que pesquisas crescentes sobre

redes de cooperação interorganizacionais estão na pauta de estudos

organizacionais brasileiros. Esse enfoque se deve principalmente a fatores como a

expressiva contribuição social e econômica que a formação de redes de empresas

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vem trazendo principalmente ao desenvolvimento das pequenas e também das

médias empresas brasileiras.

Outro aspecto importante é que as redes de cooperação constituem um

fenômeno presente da teoria organizacional e, por isso elas têm sido reiteradamente

estudadas a partir de diferentes abordagens teóricas (GRANDORI; SODA, 1995).

Tais contribuições revelam interdisciplinaridade e também foram destacadas por

Brass et al. (2004) e por Oliver e Ebers (1998) ao indicarem as principais teorias

correntes utilizadas para analisar e explicar as redes de cooperação entre

organizações. Destacam-se a teoria dependência de recursos, a economia

industrial, as teorias críticas, a teoria institucional, a teoria de redes sociais e a

abordagem de estratégias organizacionais.

Diante dessa discussão, a definição de rede de cooperação adotada no

interesse deste trabalho é: grupo de organizações interdependentes que trabalham

em conjunto para superar problemas comuns em pontos que nenhuma delas seria

capaz de resolver melhor se estivesse sozinha (CEGLIE; DINI, 1999).

2.2.6 Inovação

Para Schumpeter (1961) inovação é a introdução no mercado de um novo

produto ou processo, ou de uma versão otimizada ou qualidade de um produto ou

processo existente. Tais inovações abrangem: a) introdução de um novo bem ou de

uma nova qualidade de certo bem; b) introdução de um novo método de produção;

c) abertura de um novo mercado para determinada indústria; d) utilização de uma

nova fonte de matéria-prima ou produto semiacabado; e) estabelecimento de uma

nova organização em determinada indústria.

A partir da definição estabelecida pelo autor por volta de 1910, surgiram

diversas definições de inovação formuladas por autores diversos que conceituaram

além desses tipos, inovações tecnológicas, social etc. Por isso cabe no interesse

desta dissertação caracterizar claramente esse termo. O conceito de inovação que

foi considerado para este trabalho envolve novas ideias que necessariamente geram

resultados econômicos e/ou sociais. Aliás, esse é o ponto que diferencia inovação

do conceito de invenção, segundo o qual novas ideias não estão necessariamente

ligadas a resultados práticos imediatos (FREEMAN, 1982; QUANDT, 2009).

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33

Conforme foi comentado, muitas são as definições de inovação que

expressam esse conceito (ideias novas que geram resultados econômicos e

sociais). A adotada no interesse deste trabalho é a do Manual de Oslo (2005). Seu

conteúdo indica que a inovação envolve a implementação de um bem, serviço,

processo, método de marketing ou organizacional que seja novo ou

significativamente melhorado no contexto interno ou externo de atuação das

organizações.

Dessa definição derivam duas tipologias principais de inovação, sendo que

uma delas se refere à sua natureza, classificada de quatro maneiras. São elas:

1. Inovação de produto (ou serviço);

2. De processo (ligada a produção e operações);

3. De marketing (concepção de comunicação de produtos a seus mercados);

e

4. Organizacional (relativa aos processos administrativos das organizações).

A segunda tipologia caracteriza a intensidade das mudanças provocadas,

sendo a inovação classificada como incremental e radical. De acordo com Freeman

e Perez, (1982) a inovação incremental se refere à melhoria contínua de um

conceito ou aperfeiçoamento de algo que já existe. Tais inovações ocorrem no

cotidiano, tanto na indústria quanto nos serviços, como resultado de qualquer

pesquisa de desenvolvimento, partindo de iniciativas como de engenheiros, ou de

outros profissionais e até mesmo dos consumidores. Já a inovação radical é

caracterizada como um novo conceito que surge e provoca quebra de paradigmas,

podendo causar rupturas drásticas em relação aos produtos e empresas dominantes

em determinado mercado. Nesses casos, a inovação radical é de um tipo particular,

chamada de disruptiva, ou inovação de ruptura (CHRISTENSEN, 1997).

Geralmente, essa dimensão de inovação é resultado de pesquisas aprofundadas,

conduzidas em laboratórios de P&D, em instituições governamentais e em

universidades. Ambas as tipologias são caracterizadas no Quadro 1, a seguir:

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Quadro 1 – Características das inovações

INTENSIDADE DE INOVAÇÕES

Radical

- Tecnologia cria mercado novo

- Invenção de P&D nos laboratórios

- Desempenho funcional superior em relação à antiga

tecnologia

- Oportunidade de mercado específica ou necessidade

secundária apenas

- Lado da oferta: technology push

Incremental

- Extensão do produto ou processo existentes

- Características de produtos bem definidas

- Vantagens competitivas em custos de produção

baixos

- Sempre desenvolvida em resposta a uma

necessidade de mercado específica

- Lado da demanda: customer pull

T

I

P

O

S

D

E

I

N

O

V

A

Ç

Ã

O

Produto. A inovação de produto envolve a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente

melhorado referente à suas características ou previsão de uso. Podem contemplar mudanças em

especificações técnicas, nos componentes e nos materiais utilizados como insumos, além de softwares

que possam ser incorporados no produto, ou quaisquer outras características funcionais. A inovação de

produto pode também ser associada a um novo uso para do produto, mesmo que existam pequenas

modificações.

Processo. Visa reduzir custo e a melhoria da qualidade do produto ou serviço com a implementação de

um novo método de distribuição ou produção ou significativamente melhorado, com mudanças

significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.

Marketing. A inovações no marketing envolvem implementação de novos métodos de marketing, com

mudanças de design do produto e embalagem, em métodos de estabelecimento de preços de bens e de

serviços, e na promoção do produto e sua colocação.

Organizacional. Refere-se à implementação de novos métodos organizacionais, com mudanças nas

práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho e nas suas relações externas.

Visar à melhoria do desempenho de uma empresa por meio da redução de custos de transação ou

administrativos, com aumentando da produtividade no trabalho e redução de custos.

Fonte: Adaptado pelo o autor, com base no Manual de Oslo (2005) e Mohr, Sengupta e Slater (2005,

p. 19).

Cabe salientar ainda outro aspecto importante a respeito de inovação: por

muito tempo, principalmente no século XX, o processo inovador e de difusão, bem

como as questões de P&D, eram limitados aos recursos internos para geração de

inovações. Autores como Clark e Wheelwright (1993) e Dodgson, Gann e Salter

(2006) afirmam que o processo de inovação ocorria eminentemente com recursos

internos das organizações havendo baixa interação e acesso ao conhecimento

externo. Nesse sentido, se pode dizer que a estabilidade reinante no passado foi

substituída pela dinâmica dos processos compartilhados de inovação, em resposta

ao aumento de competitividade nos mercados (CHESBROUGH, 2003). Por isso, as

organizações passaram a gerar e administrar a inovação de forma compartilhada

com outras organizações, conforme é comentado no próximo item.

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2.2.7 Inovação em redes de cooperação

O processo de inovação passa por mudanças em que os resultados atuais

mostram que o processo de P&D passou de um processo endógeno à organização

que a permeia, mas é também exógeno a ela. Isso fica evidenciado nas redes de

cooperação (fornecedores, clientes, concorrentes), em que todos se beneficiam de

um ambiente favorável à socialização de conhecimento e inovação (ROTHWELL,

1995). Segundo afirmam Dyer e Nobeoka (2000), o aprendizado de uma

organização geralmente está além da sua capacidade individual, e presente na rede

da qual a empresa faz parte. Schilling e Phelps (2007) defendem que a coesão e a

conectividade de uma rede contribuem para maior transferência de informações e

consequentemente propiciam maior capacidade de criação das organizações em

rede. Afirmam que a heterogeneidade dos atores da rede também contribuem para

que a inovação ocorra nelas. Em complementação, Bell, Tracey e Heide (2009)

partindo de um contexto de redes e de suas relações sociais compreendem a

inovação como um processo interativo, coletivo e que depende de ação conjunta dos

participantes da rede.

Ahuja (2000) constatou o quanto a estrutura das redes afeta a capacidade de

inovação. Verificou-se que em redes fechadas, ou seja, naquelas com relações

constantes e de longo prazo entre os atores, havia um ambiente mais colaborativo e

de confiança mitigando um comportamento oportunista. De outra forma, as redes

com lacunas estruturais em que há contatos com muitos parceiros, porém com

pouca interação a obtenção de novas informações, são mais rápidas, porém ainda

assim prejudicam a inovação devido à limitação nas relações de confiança.

Nessa trilha, Powell e Grodal (2005) constataram os benefícios que a

inovação em redes contribui para o desenvolvimento e a difusão da inovação, com

compartilhamento de recursos e ativos das empresas da rede com troca de

conhecimento através da interação. Conforme Desidério e Popadiuk (2015), as

relações entre universidade e empresa no processo de transferência de inovação

são dependentes das demandas e de níveis relacionais entre os atores que

autorizam a transferência de conhecimento.

Fonseca e Cruz (2015) constataram que as motivações de trocas de

experiência resultaram em embeddedness associado, ou seja, os atores com

maiores índices de centralidade de grau, proximidade e intermediação para as

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motivações de novos negócios, têm mais possibilidade de obter melhor desempenho

em rede de inovação.

De acordo com Chesbrough (2006) criar e inovar são necessidades

constantes das empresas, principalmente quando se trata das que têm foco

concentradas em fabricar e comercializar itens que envolvem grandes mudanças no

processo produtivo. O conceito determinante da inovação aberta envolve as

empresas que têm capacidade de utilizar novas ideias externas a ela, cooperando

com uma rede outras organizações. Desse modo ela pode avançar em seu modelo

de gestão de negócios e prosperará no ambiente competitivo (DODGSON et al.,

2006).

Chesbrough (2006) considera como parte do processo inovador o

compartilhamento do conhecimento de universidades, de organizações parceiras, de

fornecedor e de canais de distribuição, entre outros atores. Esse modelo de geração

e gestão de inovação é denominado de inovação aberta. Além disso, o autor utiliza o

termo conectividade e desenvolvimento em adição à tradicional P&D, já estabelecida

em organizações com processos tradicionais de inovação, chamados por ele de

inovação fechada. Observa-se na literatura da área que nos últimos anos o conceito

de inovação aberta está presente em pesquisas não apenas de empresas grandes

de tecnologia, mas também empresas de médio e pequeno porte, incluindo aquelas

organizadas em cooperativas (VRANDE et al., 2009).

Assim, grandes centros de pesquisas qualificam seus funcionários

possibilitando que eles iniciem suas próprias empresas, trazendo todo conhecimento

adquirido para trabalhar em startups. Esse processo ocorreu na IBM e em muitas

outras grandes empresas e tornou a inovação fechada menos rentável. Além disso,

todo o investimento aportado em conhecimento e pesquisa não garantia mais que

seria mantida dentro da corporação (CHESBROUGH, 2006).

As empresas podem se beneficiar de várias formas na inovação aberta. Uma

das principais vantagens é que as organizações podem se beneficiar a partir de uma

ampla gama de especialistas que repassam seus conhecimentos para as empresas

envolvidas (WHITLA, 2009). Assim, se pode concluir que indivíduos ou empresas

com novas concepções de pesquisa e trabalho podem gerar ideias que

possivelmente não surgiriam no âmbito de apenas uma organização.

A inovação em redes de cooperação parte do princípio de que o aprendizado

de uma organização geralmente está além da sua capacidade individual e presente

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na rede da qual a empresa faz parte. Em complementação, considera nessa

pesquisa como parte do processo inovador o compartilhamento do conhecimento de

universidades, de organizações parceiras, de fornecedor e de canais de distribuição,

entre outros atores. Essa concepção de inovações em redes de cooperação está em

consonância com o estudo realizado na dissertação, cuja proposta teórica de

pesquisa, que procurou articular os conceitos desenvolvidos até este ponto, é

apresentada no próximo tópico.

2.3 Proposta teórica da pesquisa

Muito se tem discutido sobre as categorias sociais confiança,

comprometimento e cooperação no âmbito das redes. Sem ter a pretensão de

esgotar o assunto discute-se neste tópico alguns aspectos da interação dessas

categorias ou variáveis apresentadas anteriormente, para em seguida apresentar a

proposta teórica que norteou a pesquisa desta dissertação.

Larson (1992) afirma que para o surgimento e desenvolvimento de uma rede

são necessários pré-requisitos como a reputação dos participantes da rede,

expectativas mútuas e experiências de cooperação anteriores. Os fatores sociais

nesse sentido atuam de modo a reduzir as incertezas sobre o comportamento dos

parceiros. Com o desenvolvimento da rede, com regras e apresentação de

resultados, surgem demonstrações de comprometimento e confiança, até que o

grupo adquire o ponto de equilíbrio da rede.

Na pesquisa de Perrow (1992), a cooperação, a confiança e o

comprometimento se apresentam como pontos centrais para as cooperativas

obterem vantagens frente às concorrentes, pois se cria um ambiente favorável para

a inovação, trazendo vantagem competitiva, como diferenciação de produto e

processo com diminuição de custos. Define desenvolvimento da rede quando há a

presença de variáveis como relações de longo prazo e compartilhamento de

informações.

No caso da experiência italiana, a pesquisa de Putnam (2000) verificou bons

indícios no mecanismo de cooperação quando questionou os motivos que levaram

determinadas regiões na Itália a se desenvolverem mais que as outras. O autor

buscou explicações sobre a influência que os aspectos sociais tiveram no

desenvolvimento dessas regiões. A explicação mais surpreendente para essa

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disparidade de desenvolvimento entre as regiões se deveu principalmente à

importância da confiança e do comprometimento entre as pequenas empresas para

desenvolvimento das regiões. Putnam verificou que as regiões mais desenvolvidas

na Itália eram justamente aquelas que já apresentavam há muito tempo sinais de

virtudes cívicas com bases em confiança e em comprometimento. O autor concluiu

que foi fundamental um alto nível de confiança mútua entre as pequenas empresas

para ocorrência de cooperação. A confiança mútua entre elas, ao mesmo tempo em

que foi de suma importância para a cooperação, constituiu também um desafio para

pessoas e instituições, pois não havia exemplos de cooperação bem-sucedidos, o

que tornou mais difícil a superação de barreiras postas pela desconfiança e pelo

oportunismo, que conduziam a um círculo vicioso. E o oposto também se mostrou

verdadeiro neste caso, ou seja, quanto maior o grau de confiança e

comprometimento maior será a tendência de que a cooperação aumente, diminuindo

incertezas e desestimulando transgressões e oportunismos.

Algumas variáveis sociais foram pesquisadas por Zawislak (2000) e as

conclusões indicaram que havendo a presença das variáveis cooperação,

comprometimento e confiança entre os atores, ocorrerão trocas de ativos tangíveis e

intangíveis. Esses resultados induzem à formação de novas competências e

aprendizados coletivos, o que permite a esses atores desempenharem melhor suas

funções.

Balestrin e Vargas (2004) afirmam que as organizações em configuração de

redes mantêm relações de interdependência e que as variáveis sociais vêm

mostrando que são as que mais influenciam redes de diversos tipos. Nessas redes,

variáveis como comprometimento e cooperação têm se mostrado essenciais para a

obtenção de resultados como trocas de conhecimento, aprendizagem e inovação.

Lourenzani, Silva e Azevedo (2006) constataram que a confiança e o

comprometimento conquistados só são possíveis em relações repetitivas com

antigos parceiros. Assim, há um aspecto histórico nas redes envolvendo essas

variáveis que deve ser levado em considerado nas pesquisas.

Pereira e Bellini (2007), em pesquisa sobre o relacionamento entre empresas

e clientes de software, concluíram que os principais construtos para a análise de

redes são: a confiança, o comprometimento, a cooperação e a comunicação. Além

de confirmarem que quanto maior é a capacidade de adaptação maior será a

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interdependência, esta acontece em função da percepção de comprometimento e

confiança entre as partes.

Percebe-se, por meio dos trabalhos mencionados, que o tripé cooperação,

confiança e comprometimento são de extrema importância para a sobrevivência e

desenvolvimento de redes. Além disso, a cooperação geralmente se dissolve

quando uma das partes percebe que há um tratamento desigual e injusto ou

apresenta resultados incompatíveis com sua contribuição, assim normalmente o

comprometimento dentro da rede é afetado (WEGNER, 2010). Hernandes (2012)

complementa afirmando que a ausência do comprometimento e da confiança

poderia trazer desequilíbrio na troca de informação entre os participantes da rede.

Pode-se dizer também, conforme já foi antecipado na introdução, que não há

um consenso estabelecido quanto à precedência das categorias ou variáveis

confiança, comprometimento e cooperação entre si. Assim, em alguns trabalhos, a

cooperação aparece antes da confiança e do comprometimento em uma rede

(LARSON, 1992). Em outros, as três variáveis se manifestam conjuntamente

(PERROW, 1992; ZAWISLAK, 2000). Ainda em outros, a confiança e o

comprometimento geram ou antecedem a cooperação (PUTNAM, 2000).

Conforme foi mencionado na introdução da dissertação, este trabalho assume

como afirmativa orientadora que confiança e comprometimento são antecedentes e

indutores da cooperação. Essa linha de pensamento está de acordo com o projeto

temático do orientador desta dissertação e tem suas raízes no estudo seminal de

Morgan e Hunt (1994). Os autores, nesse estudo seminal, propuseram e concluíram

que confiança e comprometimento atuam como mediadores, aumentando a relação

de causalidade entre diversas variáveis sendo algumas antecedentes e outras

consequentes. Conforme mostra a Figura 2, há, entre as variáveis antecedentes:

valores compartilhados e benefícios do relacionamento; entre as consequentes,

efeitos de diminuição da propensão a sair da rede e da incerteza e aumento da

cooperação. Isso significa que as variáveis antecedentes e consequentes desse

modelo se potencializam se houver confiança e comprometimento envolvidos como

mediadores. Cabe ressaltar também que a única variável consequente que é

positivamente influenciada por ambos, confiança e comprometimento

simultaneamente, é a cooperação.

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Figura 2 – Modelo KMV de Morgan e Hunt

Fonte: Morgan e Hunt (1994).

Desse modo, a proposta teórica que orientou a pesquisa dessa dissertação

adotou como premissa a ideia de que confiança e comprometimento atuam como

indutores, ou influenciam positivamente as redes de cooperação, que potencializam

inovações de tipos variados. Isso está esquematizado na Figura 3, a seguir.

Figura 3 – Proposta de modelo teórico de pesquisa

Fonte: o autor.

Assim, se defende neste trabalho que as redes de cooperação podem ser

fortalecidas pelas categorias sociais confiança e comprometimento e, com isso elas

podem desenvolver, adotar e aplicar inovações que as aperfeiçoam.

Confiança

Comprometi-

mento

Rede de

cooperação

Coorimbatá

Inovações Radical---Incremental

Produto

Processo

Marketing

Organizacional

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Na sequência são apresentados três quadros que visam dar sustentação

teórica às proposições que operacionalizam a proposta teórica de modelo teórico por

meio da fundamentação das proposições teóricas indicadas na introdução. Cabe

ressaltar que esses quadros complementam e são complementados pelo Quadro 6,

apresentado no próximo capítulo, bem como pelos apêndices A e B. Em conjunto

eles procuram explicitar e sintetizar as opções escolhidas para levar a bom termo a

pesquisa desta dissertação.

Proposição 1: A cooperação influencia positivamente o desenvolvimento e a

aplicação de inovações na rede estudada.

Quadro 2 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 1

Numeração no

roteiro de

pesquisa

Texto da questão Referência

A2 Existem muitos ou poucos contatos e

trabalhos em conjunto entre os atores

para resolução de problemas da rede,

introdução de novidades etc.?

Para Morgan e Hunt (1994) a

cooperação é quando o trabalho é

realizado em conjunto para alcançar

objetivos mútuos.

A3 Em sua opinião os atores consideram

as ações coletivas mais importantes

que as isoladas para soluções de

problemas, trocas de conhecimentos e

introdução de novidades na rede? Pode

dar exemplos?

Feijó e Zuquetto (2014) destacam que

organização de empresas alinhadas com

o conceito de cooperação conseguem

competir com mais capacidade de

recursos, inovação tecnológica, redução

de custos, ganhos de escala, acesso à

informação, marketing, capacitação de

gestores, propiciando uma visão

completa dos processos ampliando os

resultados.

A4 Os atores da rede compartilham

recursos para alcance dos objetivos

coletivos ou não? Até que ponto fazem

isso?

Wegner e Padula (2010) destacam que a

cooperação pode ser compreendida

quando organizações ou indivíduos se

complementam nas fases de um

processo.

Fonte: O autor.

Proposição 2: A confiança influencia positivamente o processo de inovação

na rede de cooperação estudada.

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Quadro 3 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 2

Numeração

no roteiro

de pesquisa

Texto da questão Referência

C1 O senhor percebe que os

participantes confiam uns nos outros

e trocam informações, contam seus

problemas e dificuldades entre eles

todos, ou isso não acontece?

A confiança implica uma condição de risco, à

medida que um participante da rede toma a

decisão de expor seu problema ou soluções,

solicitar ajuda (INKPEN; TSANG, 2005).

C3 Senhor, pode me contar algum caso,

ou situação em que alguém do grupo

confiou em outro e essa pessoa se

aproveitou dessa confiança para

obter benefício próprio? Se existem

essas situações, como são tratados?

Existem punições?

Segundo autores como Balestrin e Vargas

(2004), a confiança cria laços fortes e define

padrão de comportamento entre os

participantes da rede, minimizando

comportamento oportunista.

C4 Acredita que esse nível de confiança

ajuda ou atrapalha o surgimento de

mudanças benéficas e de soluções

para os problemas da rede?

Na pesquisa de Perrow (1992), a cooperação,

confiança e comprometimento apresentam

como ponto central para as cooperativas

obterem vantagens frente as concorrentes, pois

cria-se um ambiente favorável para a

inovação, trazendo vantagem competitiva,

como diferenciação de produto e processo com

diminuição de custos.

Fonte: O autor.

Proposição 3: O comprometimento influencia positivamente o

desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede de cooperação Coorimbatá.

Quadro 4 – Questões relacionadas à sustentação da proposição 3

Numeração

no roteiro

de pesquisa

Texto da questão Referência

C4 Existem na rede muitas situações nas

quais um ator se empenha em trabalhar

pelo grupo sem ganhar nada com isso ou

essas situações tendem a ser raras? Já

houve casos em que um parceiro arcou

com custos ou esforços próprios para que

houvesse ganhos coletivos?

Comprometimento como a disposição de

uma pessoa em ações coletivas, sem

colocar o benefício próprio a frente do

interesse do grupo, implicando em fazer

sacrifícios para manter e desenvolver uma

relação estável (ANDERSON; WEITZ,

1992).

D4 Acredita que esse nível de

comprometimento ajuda ou atrapalha o

surgimento de mudanças benéficas e de

soluções para os problemas da rede?

Conforme Zawislak (2000) e conforme o

pesquisador, havendo a presença das

variáveis cooperação, comprometimento e

confiança entre os atores, ocorrerão trocas

de ativos tangíveis e intangíveis, existirá

formação de novas competência e

aprendizado coletivos, assim os atores a

desempenharão melhor suas funções.

Fonte: O autor.

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3 ABORDAGEM METODOLÓGICA

A caracterização metodológica de um trabalho científico é importante porque

explicita a lógica e a coerência que deve existir entre seus questionamentos e os

resultados encontrados, e por isso conferem a ele credibilidade e validade (YIN,

2010; MARCONI, 2003). Seguindo esse princípio, são apresentadas nesse capítulo

as definições e os passos metodológicos que foram seguidos para a realização da

dissertação, envolvendo principalmente sua tipificação e o plano para coleta e

análise dos dados.

3.1 Tipo de pesquisa

A pesquisa realizada na dissertação se caracterizou como qualitativa e

descritiva, de corte transversal. A pesquisa qualitativa pode ser compreendida como:

Um meio para explorar ou compreender o significado que indivíduos ou grupos atribuem a um problema social ou humano. O pesquisador que escolhe essa abordagem adota um estilo indutivo de pesquisa, com foco no significado individual e na importância da interpretação da complexidade (CRESWELL, 2010, p. 26).

Assim, a pesquisa qualitativa propicia ao exame de fenômenos sociais em

que o pesquisador capta dados reais do objeto de pesquisa. O corte transversal

visou fornecer uma visão atual sobre a rede estudada desde sua constituição, que

ocorreu no ano de 2000, com a formalização da parceria entre a Cooperativa de

Pescadores e Artesãos de Pai André e Bonsucesso (Coorimbatá), e a UFMT. Além

desses dois atores, integram a rede de primeiro nível objeto deste estudo:

pescadores ribeirinhos filiados à Coorimbatá, Secretaria Municipal de meio Ambiente

e as associações de pequenos produtores rurais. Em segundo nível há empresas do

setor público e privado como a Secretaria de Estado do Mato Grosso, bancos e

grandes redes de supermercados.

Estudos descritivos, a segunda caracterização da dissertação, têm como

finalidade principal o entendimento do fenômeno como um todo, levando em

consideração as suas complexidades (GODOY, 1995; TRIVINÕS, 1987). Conforme

Gil (2002), pesquisa descritiva deve exibir as características de determinado

fenômeno, grupo etc. utilizando técnicas de forma padronizada na coleta de dados.

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Como a proposta da dissertação foi descrever a rede informada anteriormente em

relação à sua dinâmica envolvendo inovações e categorias sociais, com proposições

de caráter confirmatório e não explicativo, caracteriza-se assim a escolha pela

abordagem descritiva.

3.2 Estratégia de pesquisa

Neste trabalho, a estratégia de pesquisa escolhida foi o estudo de caso único,

que é centrada no entendimento das dinâmicas percebidas em um contexto em

eventos contemporâneos. Além disso, possibilita o entendimento de diversos

aspectos relacionados com o objeto de estudo, principalmente quando os limites

entre os fenômenos e o seu contexto não são claros (YIN, 2010). Isso se expressa

na citação que segue.

Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam questões do tipo ‘como’ e ‘por quê’, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real (YIN, 2001, p. 19).

De acordo com Creswell (2010), a estratégia de pesquisa estudo de caso

permite que o pesquisador alcance maior profundidade e compreensão na descrição

do fenômeno ou do grupo estudado, por meio da coleta e análise de dados

qualitativos. Tanto esse autor quanto Yin (2010) referenciam que os estudos de caso

múltiplos são geralmente mais robustos que os únicos, dada a possibilidade de

replicação e análises cruzadas que podem ser realizadas. Entretanto, há situações

de pesquisa que recomendam o estudo de caso único, como ela ser extrema ou

peculiar, ou reveladora, ou exemplar etc. Acredita-se que haja unicidade suficiente

no objeto desta pesquisa – a Rede Coorimbatá – para condução de um estudo de

caso único. Essa rede é um exemplo de parceria bem-sucedida entre uma

universidade e uma comunidade de pescadores e pequenos empresários em que a

inovação possibilitou ganhos econômicos e sociais, e que ainda, esse objeto de

estudo é especial pela expectativa de confirmar teorias onde afirmam que as

instituições e empresas configuradas em redes de cooperação propiciam a

inovação.

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45

A escolha desse caso surgiu levando em consideração alguns aspectos, tais

como: fácil acesso do pesquisador ao grupo, sinais de rede e pesquisas científicas

anteriores com descrições a respeito da capacidade de inovação dessa rede.

A unidade de análise deste estudo de caso é a própria Rede Coorimbatá

considerada em sua totalidade, conforme definida anteriormente, no Tópico 3.1 e

não apenas na cooperativa de mesmo nome. Considera-se que esses atores

compõem o todo que dá sentido à rede e permite que ela funcione como tal.

3.3 Coleta de dados

As fontes utilizadas na coleta de dados para alcançar o objetivo pretendido na

pesquisa são de natureza primária e secundária. Fontes primárias dependem da

ação do pesquisador, como aplicação de questionários, realização de entrevistas, de

observação direta. E as fontes secundárias referem-se a informações que já

estavam disponíveis ao pesquisador, como arquivos particulares, documentos,

pesquisas anteriores, notícias, publicações etc (LAKATOS; MARCONI 2003).

Conforme Yin (2010) é recomendável a utilização de múltiplas fontes de

evidências na coleta de dados, o que permite realizar a triangulação, ou seja a

obtenção de linhas convergentes de investigação, em que os resultados podem ser

reforçados ou não. Segundo o autor, a triangulação pode se dar em quatro

instâncias: de dados, de investigadores, de teorias e de métodos de pesquisa. Esse

procedimento minimiza vieses de pesquisa em função da confirmação das

informações. Neste trabalho procurou-se principalmente realizar a triangulação dos

dados obtidos a partir de diferentes fontes de evidência, porém complementares.

Tais fontes foram pesquisa de dados secundários, entrevistas semiestruturadas com

atores chaves da rede estudada e também pesquisa de observação direta pelo

acompanhamento de reuniões da rede (YIN, 2010).

3.3.1 Pesquisa de dados secundários

A primeira fase da pesquisa focalizou o levantamento extensivo dos dados

secundários disponíveis sobre a Rede Coorimbatá ao autor do trabalho nos

seguintes canais: artigos acadêmicos, matérias em sites da internet, jornais e

revistas tradicionais, estatuto da cooperativa, entre outros documentos. Essa fase

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permitiu traçar um panorama geral da rede em estudo. Foi organizada com essas

informações a história da rede, e seu desenvolvimento, através de um vasto material

disponível em publicações em sites e artigos publicados sobre a rede, muito devido

ao acesso da rede a instituições de pesquisa com suas publicações científicas e as

instituições financeiras com financiamento de projetos aprovados, oportunizando ao

pesquisador uma maior compreensão da rede.

3.3.2 Entrevistas semiestruturadas

Em seguida, procedeu-se ao levantamento de dados primários, através

principalmente da realização de entrevistas semiestruturadas com atores principais

da rede. Foram realizadas seis entrevistas, sendo: dois pesquisadores da

Universidade, presidente e Diretor Administrativo da Cooperativa Coorimbatá,

pequeno agricultor e o representante da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e

Desenvolvimento Rural Sustentável. Foi realizado levantamento simples utilizando

questionário semiestruturado, com objetivo de verificar como percebem a rede e a

troca de conhecimento entre os atores.

Para a realização das entrevistas foi desenvolvido o roteiro que consta do

Apêndice A, que se baseou em roteiros utilizados em outras dissertações que

abordaram as mesmas áreas temáticas, especificamente redes e inovação. O roteiro

foi inicialmente construído e, durante seu desenvolvimento passou por três pré-

testes. O primeiro com um ex-presidente da Coorimbatá, que iniciou sua vida

profissional como pescador. Isso foi muito útil, pois tem uma visão ampliada da rede

na medida em que como pescador conhece muito bem as relações e necessidades

internas da rede. E como ex-presidente consegue expressar a realidade das

interações com outras organizações de um ponto de vista bem diferente. Os outros

dois pré-testes foram realizados com professores doutores do Instituto Federal de

Educação, muito familiarizados com pesquisa dentro da Instituição, sendo que um

deles já teve como objeto de pesquisa a própria rede em estudo, porém com outro

foco. Assim, eles puderam oferecer contribuições ao aperfeiçoamento do roteiro do

ponto de vista acadêmico e também com conhecimento da realidade do objeto de

pesquisa. Tais pré-testes permitiram que o roteiro de entrevista semiestruturada

fosse aperfeiçoado em vários aspectos. Um deles se refere à clareza e pertinência

das questões frente aos objetivos estabelecidos; outro, à adequação do roteiro aos

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entrevistados que vivem realidades distintas. Isso, levando em conta que o mesmo

roteiro foi aplicado com pesquisadores doutores da universidade e a representantes

pescadores e gestores da cooperativa e um pequeno agricultor com nível de

escolaridade mais elementar.

Quanto aos atores entrevistados, procurou-se atender aos critérios de

representatividade, ou seja, entrevistar sujeitos que pudessem fornecer informações

significativas sobre a Rede Coorimbatá, bem como o de saturação. Este último

critério recomenda que as entrevistas devem ser interrompidas quando entrevistas

adicionais não acrescentam novas informações relevantes (CRESWELL, 2010).

Devido à grande convergência e consistência obtidas nas respostas, bem como à

oferta de atores disponíveis para entrevista não ser muito grande, decidiu-se

terminar esse processo após a realização de seis entrevistas. O Quadro 5

esquematiza os atores que foram entrevistados, indicando também sua posição e

função na rede estudada.

3.3.3 Pesquisa de observação direta

Conforme Triviños (1987), pesquisa de observação direta trata da pesquisa

que acompanha eventos e fenômenos da realidade social, da forma como

acontecem, através do convívio com os sujeitos em seu cotidiano em eventos de

interesse para a pesquisa. Neste estudo além da entrevista semiestruturadas

utilizou-se também como fonte de dados primários a observação direta não

participante. Esse instrumento foi muito importante para compreensão da rede,

podendo destacar alguns benefícios, como: forma de aproximação com os

participantes, entender a dinâmica e amplitude da rede, constatar e conhecer os

atores em destaque da rede, e oportunizar o agendamento das entrevistas com

atores.

A pesquisa de observação direta teve acompanhamento em duas reuniões, a

primeira foi uma reunião de posse da nova equipe gestora da cooperativa

Coorimbatá, enquanto a segunda foi uma reunião operacional na sede da Arca

Multincubadora subordinada Escritório de Inovação Tecnológica da Universidade

Federal de Mato Grosso (EIT/UFMT).

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3.4 Análise dos dados

Neste tópico são apresentadas as estratégias e técnicas utilizadas para

análise e interpretação dos dados coletados. Creswell (2010) afirma que analisar

estudos de casos consiste em construir uma descrição em detalhes do contexto e

do(s) caso(s) em estudo. E de acordo com Yin (2010), a análise de um caso consiste

em categorizar, tabular e recombinar evidências de modos variados para que o

pesquisador possa chegar a conclusões consistentes e fundamentadas.

Para o autor, explicitar as estratégias e as técnicas analíticas (e obviamente

realizá-las) confere validade interna aos estudos de caso, então seguem

comentários nesse sentido. Yin (2010) apresentou quatro estratégias para análise

dos dados de um estudo de caso: contar com proposições teóricas, desenvolver a

descrição do caso, utilizar dados qualitativos e quantitativos e examinar explanações

rivais. Para operacionalizar a aplicação dessas estratégias, apresentou também

cinco técnicas analíticas. São elas: combinação de padrões, construção da

explanação, análise de séries temporais, modelos lógicos e síntese cruzada de

casos.

No trabalho analítico, é possível combinar tanto utilizar cada estratégia

isoladamente quanto combiná-las, dependendo de cada projeto de estudo de caso,

sendo esse mesmo princípio válido para as técnicas analíticas também. Por

exemplo, é possível analisar um estudo de casos múltiplos servindo-se da estratégia

de ontar com proposições teóricas e as técnicas combinação de padrões e síntese

de casos cruzados. Isso indicaria que o plano de análise desse estudo de casos

múltiplos permitiu o desenvolvimento de proposições construídas a partir dos

campos teóricos desse trabalho a serem testadas empiricamente segundo a técnica

combinação de padrões, em que o padrão teórico estabelecido pelas proposições é

confrontado e comparado a um padrão empírico que é fruto da coleta de dados

realizada. E como se trata de um estudo de caso múltiplo, os resultados dos casos

poderiam ser analisados de modo cruzado, ou seja, comparando as respostas a

uma mesma questão para todos os casos estudados, além dos resultados de cada

caso em si. Essa estratégia analítica mista proveria maior riqueza e profundidade de

análise, mas cabe lembrar que essa é apenas uma entre as várias possibilidades

analíticas que podem ser construídas conforme os interesses de cada pesquisador.

Nesta dissertação optou-se por usar a estratégia contando com proposições

teóricas, pois foram construídas três proposições a partir da teoria que envolve

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redes de cooperação e inovação. E a técnica analítica considerada mais adequada e

que foi escolhida é combinação de padrões, em que foi realizada uma comparação

do padrão teórico construído no Capítulo 2 com o padrão empírico levantado durante

a coleta de dados. O próximo item esquematiza as opções metodológicas escolhidas

e utilizadas neste trabalho.

3.5 Esquematização da pesquisa realizada

Este tópico traz de forma sintética as opções metodológicas e a

esquematização da coleta e análise realizadas. Os Quadros 5 e 6 trazem

respectivamente a indicação dos sujeitos pesquisados e um guia para coleta e

análise de dados.

3.5.1 Coleta e análise dos dados

Quanto aos sujeitos de pesquisa entrevistados, foi realizado um total de seis

entrevistas com atores considerados mais centrais segundo sua posição na rede,

tempo de convivência nela e conhecimento de sua realidade. Utilizou-se também o

critério de saturação para obtenção e confirmação de informações a respeito da

Rede Coorimbatá.

Quadro 5 – Sujeitos de pesquisa

ENTREVISTADO PAPEL DO ENTREVISTADO NA REDE

Sujeito 1 Pesquisador Cooperado da Universidade Federal de Mato Grosso.

Sujeito 2 Pesquisador Cooperado da Universidade Federal de Mato Grosso.

Sujeito 3 Presidente da Cooperativa Coorimbatá e ex-pescador.

Sujeito 4 Diretor Administrativo da Cooperativa Coorimbatá.

Sujeito 5 Pequeno agricultor participante da rede.

Sujeito 6 Diretor da Secretaria Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural

Sustentável.

Fonte: O autor.

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Sobre Quadro 6 cabe esclarecer que: a) sua função principal foi indicar a

lógica que une os questionamentos e proposições do trabalho aos resultados

encontrados (YIN, 2010); b) as técnicas de coleta relativas a dados secundários e

pesquisa de observação direta foram apresentadas antes da indicação dos objetivos

específicos por terem iniciados antes de eles estarem completamente definidos,

auxiliando nessa tarefa; e c) as proposições do trabalho foram alocadas junto aos

objetivos que auxiliaram a questionar e alcançar e, nesse sentido a proposição 3 é

pertinente a todos os objetivos específicos bem como ao questionamento geral da

pesquisa realizada.

Quadro 6 – Guia para coleta e análise de dados

QUESTÃO DE PESQUISA

Como o processo de inovação se desenvolve em redes de cooperação?

OBJETIVO GERAL

Identificar como o processo de inovação se desenvolve em redes de cooperação.

COLETA DE DADOS SECUNDÁRIOS

Os dados secundários são a primeira fase da pesquisa, com o levantamento extensivo dos dados,

ele permeia todo o trabalho, e de forma direta como um guia para definição dos objetivos

específicos.

PESQUISA DE OBSERVAÇÃO DIRETA

A observação direta assim como outras fontes permeia todo o trabalho, orientando a cada decisão

a seguir, em particular nos ajustes dos objetivos específicos.

OBJETIVO

ESPECÍFICO 1 E

PROPOSIÇÃO 3

CONTEÚDOS DA

BASE TEORICA

- Conceituação de

Redes;

- Redes de cooperação;

.

ROTEIRO ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

a.1 – Quais são os principais objetivos da Rede Coorimbatá?

Esses objetivos foram definidos em conjunto por todos os

atores ou por alguns deles e apresentados aos demais? São

reconhecidos e aceitos por todos na rede?

a.2 – Existem muitos ou poucos contatos e trabalhos em

conjunto entre os atores para resolução de problemas da

rede, introdução de novidades, etc.?

a.3 – Em sua opinião os atores consideram as ações

coletivas mais importantes que as isoladas para soluções de

problemas, trocas de conhecimentos e introdução de

novidades na rede? Pode dar exemplos?

a.4 – Os atores da rede compartilham recursos para alcance

dos objetivos coletivos ou não? Até que ponto fazem isso?

a.5 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor

(a) avalia a cooperação na Rede Coorimbatá? Existe, não

existe, há muita ou pouca cooperação? Acredita que esse

nível de cooperação ajuda ou atrapalha o surgimento de

mudanças benéficas e de soluções para os problemas da

rede?

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OBJETIVO

ESPECÍFICO 2 E

PROPOSIÇÃO 3

CONTEÚDOS DA

BASE TEORICA

- Conceituação de

Redes;

- Redes de cooperação;

- Inovação;

- Inovação em redes de

cooperação

b.1 – Tem havido muitas ou poucas mudanças e novas

ideias (exemplificar, se necessário para o sujeito o tipo de

mudança: produtos, processos, formas de comercialização,

organização e gestão) na Rede Coorimbatá?

b.2 – O senhor poderia me falar como se dá a criação de

novos conhecimentos, processos e soluções? Os atores

discutem e criam dentro da rede ou buscam essas soluções

fora dela? Nesse último caso, onde são buscados?

b.3 – Pedir para o entrevistado indicar em ordem

decrescente quais atores trazem mais novas ideias e soluções

para o grupo: (pesquisadores, pescadores, pequenos

empresários, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia,

Secretaria da agricultura, etc., conforme a visão dele).

b.4 – Alguma dessas mudanças e soluções modificou

totalmente o que era feito antes ou houve apenas pequenas

melhoras no que já estava sendo feito na rede? Pode dar

exemplos de pequenas e grandes mudanças?

b.5 – Entre as mudanças e soluções introduzidas na Rede, o

Sr (a) poderia identificar os seguintes tipos:

b5.1 Produtos: tem havido criação ou aperfeiçoamentos de

produtos pelos atores da rede. Exemplos

b5.2 Processos: tem havido criação ou aperfeiçoamentos

nos modos de fabricar ou estruturar produtos e serviços?

Exemplos

b5.3 Marketing: tem havido criação ou aperfeiçoamentos

nos modos de comercializar ou divulgar os produtos e

serviços da rede? Exemplos

b5.4 Organizacional: tem havido criação ou

aperfeiçoamentos nas maneiras de gerenciar e conduzir a

cooperativa? Exemplos

b.6 – Na opinião senhor (a), essas mudanças e soluções são

pouco ou muito importantes para a sobrevivência e a

evolução da rede?

OBJETIVO

ESPECÍFICO 3 E

PROPOSIÇÕES

1 E 3

CONTEÚDOS DA

BASE TEORICA

- Conceituação de

Redes;

- Abordagens de redes

e a vertente social;

- Categorias sociais de

rede: Confiança;

- Redes de cooperação;

- Inovação;

- Inovação em redes de

cooperação

c.1 – O senhor percebe que os participantes confiam uns nos

outros e trocam informações, contam seus problemas e

dificuldades entre eles todos ou isso não acontece?

c.2 – Como o senhor (a) percebe a confiança entre os atores

da rede (intensa ou não; só para alguns assuntos; irrestrita,

etc.)? É uniforme entre todos ou há subgrupos ou

‘panelinhas’?

c.3 – senhor pode me contar algum caso, ou situação em que

alguém do grupo confiou em outro e essa pessoa se

aproveitou dessa confiança para obter benefício próprio? Se

existem essas situações, como são tratados? Existem

punições?

c.4 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor

(a) avalia a confiança na Rede Coorimbatá? Existe, não

existe, há muita ou pouca confiança? Acredita que esse nível

de confiança ajuda ou atrapalha o surgimento de mudanças

benéficas e de soluções para os problemas da rede?

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OBJETIVO

ESPECÍFICO 4 E

PROPOSIÇÕES

2 E 3

CONTEÚDOS DA

BASE TEORICA

- Conceituação de

Redes;

- Abordagens de redes

e a vertente social;

- Categorias sociais de

redes:

Comprometimento;

- Redes de cooperação;

- Inovação;

- Inovação em redes de

cooperação

d.1 – Existe na rede muitas situações nas quais um ator se

empenha em trabalhar pelo grupo sem ganhar nada com isso

ou essas situações tendem a ser raras? Já houve casos em

que um parceiro arcou com custos ou esforços próprios para

que houvesse ganhos coletivos?

d.2 – Conte um pouco como é a participação das pessoas nas

atividades desenvolvidas pelo grupo. Elas estão sempre

dispostas e empenhadas para as atividades da rede, ou

preferem atuar individualmente?

d.3 – O senhor (a) tem observado situações em que as

pessoas desse grupo sempre fazem o que prometem ou tem

acontecido mais de prometerem e não cumprirem?

d.4 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor

(a) avalia o comprometimento na Rede Coorimbatá? Existe,

não existe, há muito ou pouco comprometimento? Acredita

que esse nível de comprometimento ajuda ou atrapalha o

surgimento de mudanças benéficas e de soluções para os

problemas da rede?

Fonte: O autor.

3.5.2 Relatório

Por fim, o relatório do trabalho foi escrito conforme uma estrutura linear

padrão recomendada para uma dissertação que traz a seguinte sequência de

capítulos: Introdução, Revisão da literatura, Metodologia, Apresentação e análise

dos dados e Conclusão (LAKATOS; MARCONI, 2003; TRIVINÕS, 1987). Em termos

formais, foi adotado o Guia de Normalização para Apresentação de Trabalhos

acadêmicos da Universidade Paulista: ABNT.

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4 APRESENTAÇAO E ANÁLISE DOS DADOS

Este capítulo traz a coleção de dados recolhidos durante o trabalho de campo

organizados em secundários e primários, bem como a análise realizada frente à

base teórica do trabalho visando responder a seus questionamentos. No item 4.1

são apresentados os dados secundários, que estabeleceram o contexto do objeto de

estudo, ou seja, a Rede Coorimbatá. A partir desse contexto, no item 4.2 foram

apresentados os dados primários (entrevistas semiestruturadas e pesquisa de

observação direta) e em seguida, no tópico 4.3 a análise do referido material. Tanto

na apresentação quanto na análise dos dados procurou-se, quando possível, indicar

a convergência ou divergência de evidências coletadas pelas três fontes. Buscou-se

desse modo, realizar a triangulação de dados no processo analítico.

4.1 Dados secundários da rede Coorimbatá

Neste item são apresentados os dados de fontes secundárias, constando em

documentos consultados, reportagens em sites, artigos publicados, sobre a rede em

estudo.

A cooperativa dos pescadores e Artesões de Pai André e Bonsucesso

(Coorimbatá) tem sua sede no município de Várzea Grande, cidade vizinha a Cuiabá

(MT). Foi fundada em 1997, por meio do Programa de Apoio Direto às Iniciativas

Comunitárias (PADIC), financiado pelo Governo do Estado do Mato Grosso. Essa foi

a alternativa encontrada pelos pescadores das comunidades da Coorimbatá para

tentar agregar valor a seus produtos e assim buscar maior competitividade no

mercado em relação ao trabalho individual de cada pescador. A atividade inicial

estava ligada apenas ao processamento de peixes e derivados e húmus de

minhoca. No entanto, devido à falta de informações sobre gestão e planejamento, a

cooperativa não alcançou os resultados esperados com essa iniciativa (HARUKO,

PRIANTE, 2012).

No ano de 2000, a Coorimbatá e a Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT) estreitaram seus laços e assim alguns de seus pesquisadores se

associaram à cooperativa. Foi formalizado então o novo estatuto da Coorimbatá,

incluindo a pesquisa científica como um de seus objetivos. Para isso foi criada a

figura do pesquisador cooperado, que não participa da renda do setor produtivo,

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mas compartilha seus riscos. Desse modo os pesquisadores obtêm em contrapartida

aos riscos, oportunidades para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas. Essa

nova forma de organização estabeleceu novos espaços de trabalho, em que

acadêmicos, representantes do poder público, pescadores, artesãos, distribuidores e

outros atores se envolveram voluntariamente em uma empreitada em rede. Esse

conjunto de atores constitui o objeto de pesquisa desta dissertação e passam a ser

referidos neste trabalho a partir deste ponto como Rede Coorimbatá. Em geral os

resultados deste arranjo têm sido positivos desde o início, pois os atores vêm

compartilhando seus recursos, conhecimentos, experiências, em prol do

desenvolvimento da rede (HARUKO; PRIANTE, 2012).

O que é especial nesse projeto de acordo com Vankrunkelsven Luc (2009) é o

trabalho em rede de parceiros variados. Ninguém pode se apropriar do projeto, mas

pode apoiá-lo e isso favorece a cooperação e participação de todos os atores. A

alteração do estatuto estabeleceu novas fontes de renda além do processamento de

peixes e de húmus de minhoca preexistente. Passou a haver também o

processamento de frutas (manga, banana e abacaxi) e de carne de jacaré,

oferecendo oportunidades de manutenção e complementação de renda àqueles que

não podem pescar em épocas de piracema.

Promovendo parcerias e estabelecendo fortes relações com entidades e

empresas do setor público e privado, como o Programa Petrobrás Fome Zero, a

Rede Coorimbatá se estruturou (possui sede própria, frigorífico, lanchas, entre

outros) e ganhou corpo em todo o estado. Prova disso, é o reconhecimento nacional

expresso na obtenção dos prêmios FINEP de Inovação Tecnológica de 2004 na

região Centro Oeste, que promoveu a articulação e o estabelecimento de fortes

relações entre pessoas, entidades e empresas do setor público e privado.

A partir de 2005, além de suprir os cooperados, a Rede Coorimbatá, com

base nos princípios da economia solidária e do comércio justo, vem mantendo

relações comerciais com atores diversos. Entre eles estão agricultores parceiros,

como os chamados ribeirinhos; e também com quilombolas não ligados à Rede

Coorimbatá, além de associações, empresas comerciais e produtores rurais. Essas

parcerias garantiram a distribuição da produção, possibilitando fortalecimento de

toda a cadeia fornecedora de matérias-primas, que contribui para o funcionamento

adequado das três unidades produtivas da Rede Coorimbatá, com o processamento

de peixe, jacaré, doces e do processamento de húmus de minhoca oriundo dos

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resíduos sólidos. Em outro extremo da cadeia produtiva, a Rede Coorimbatá tem

privilegiado a comercialização de seus produtos em uma rede de supermercados de

Mato Grosso, conforme os princípios de comércio justo e solidário.

Segundo Mariano (2009), se pode aquilatar a importância da Rede

Coorimbatá para amenizar a escassez de renda dos pescadores ribeirinhos na

época de piracema, quando estão proibidos de pescar. Destaca-se também a

parceria com os pesquisadores da UFMT, que utilizavam seus laboratórios e

técnicos para o desenvolvimento de projetos com os alimentos processados no

âmbito da rede. E a prefeitura de Várzea Grande (MT) cidade vizinha a Cuiabá,

cedeu um prédio para a Cooperativa.

O site da Arca Multi Incubadora (2013) – subordinada ao Escritório de

Inovação Tecnológica da Universidade Federal de Mato Grosso (EIT/UFMT) –

mostra que ela atua em rede, de forma sistêmica em parceria com os setores

governamentais, acadêmicos e não governamentais, além de empresas. Entre suas

atribuições ela desenvolve e consolida empreendimentos solidários agregando valor

a processos, produtos e serviços por meio da articulação de conhecimentos e de

projetos que promovam a evolução socioambiental e/ou a inclusão.

De acordo com o site Redes de Desenvolvimento Sustentável (2015), o

frigorífico utilizado pela rede foi reformado com recursos do Programa Redes do

BNDES/VOTORANTIM. O espaço onde ele se localiza foi totalmente reorganizado,

havendo aquisição de novos equipamentos, como câmara fria e maquinário para

lavar e escamar peixes com capacidade de evisceração de 5000 kg por dia. A esse

respeito o mais recente ex-presidente da Coorimbatá comentou:

O programa foi uma benção para nós. Passávamos muita dificuldade até então, pois o espaço não era adequado e não tínhamos as certificações e selos que hoje o mercado exige. E sem isso não conseguíamos vender. Com o projeto, vamos ficar numa situação bastante privilegiada em termos de concorrência com outros serviços semelhantes da região (SITE, REDES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2015).

A Figura 4 mostra o aspecto externo do frigorífico.

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Figura 4 – Nova estrutura do frigorífico após reforma

Fonte: http://www.programaredes.com.br/coorimbata-comemora-reformulacao-de-espaco-e-novos-

equipamentos/img_0760/

O Programa Redes do BNDES/VOTORANTIM também contribuiu com os

pescadores na busca por novos mercados para os produtos produzidos com foco

voltado à venda dos produtos da rede para o setor gastronômico da região de Mato

Grosso, que conta com vários restaurantes trabalhando com peixe, além de

supermercados e hotéis. Além disso, a Rede Coorimbatá acessou também

mecanismos de aquisições públicas, através do Programa de Aquisição de

Alimentos (PAA), impulsionando as vendas na região. Com esses novos

investimentos, a vida dos cooperados melhorou muito, comentou o ex-presidente da

Coorimbatá Benedito Gonçalves da Silva:

Hoje, é muito difícil sobreviver da pesca do rio. Não há peixe suficiente e a renda é sempre muito instável. Por isso, muitos cooperados ainda vivem de serviços pontuais, para conseguir se manter. Com o projeto funcionando de verdade, vai fazer diferença na vida de todos. Pela primeira vez, teremos a oportunidade de ter uma renda fixa e um trabalho contínuo (REDES DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2015).

Em 2015, a Coorimbatá deu um passo importante e estratégico para a

comercialização de seus produtos à base de pescado. Trata-se da reserva do

Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa), que avalia a qualidade da produção de alimentos de origem

animais comestíveis ou não comestíveis.

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A Coorimbatá também sagrou-se vencedora do edital da Fundação Banco do

Brasil, o que vem gerando grandes repercussões econômicas e sociais. Ser

contemplada por esse edital foi mais um passo para a conquista de melhor

qualidade de vida para os pescadores em pequenos empresários. Foram obtidos

pelo edital recursos financeiros no valor de R$ 149 mil, o que permitiu a ampliação

do processamento e comercialização de pescados e a aquisição de novos

equipamentos. Houve também aquisição de um furgão frigorífico responsável pela

comercialização de peixes em diversos bairros de Cuiabá.

Para conseguir a aprovação de um projeto desta natureza, foi necessário superar diversas dificuldades técnicas, documentais e de gestão. O recebimento dos recursos deste edital demonstra a maturidade da cooperativa e um grande engajamento dos nossos cooperados. Isso gera mais reconhecimento e, consequentemente mais responsabilidade, devido à sua importância para processos de inclusão produtiva no Território da Baixada Cuiabana (SITE, VGNEWS, 2017).

Em função das informações apresentadas, se pôde verificar a repercussão

que a Rede Coorimbatá trouxe para a região, envolvendo vários atores que

colaboram para o alcance de objetivos comuns, o que está relacionado às

categorias estudadas nessa pesquisa.

4.2 Dados primários da rede Coorimbatá

Seguem as informações primárias, mais diretamente relacionadas aos

objetivos e proposições enunciados, nos itens 4.2.1 e 4.2.2, entrevistas

semiestruturadas e pesquisa de observação direta respectivamente.

4.2.1 Resultados das Entrevistas semiestruturada

São mostradas neste item informações coletadas seguindo o roteiro de

entrevista semiestruturada previamente definido e elaborado a partir de bases

teóricas (TRIVINOS, 1987). Esse instrumento é apropriado para captar as

percepções dos atores chaves da pesquisa e os aspectos dos fenômenos

estudados. Foram buscadas a síntese dos pensamentos dos entrevistados e a

identificação de convergências e divergências entre as respostas, exemplificadas

através de dizeres ilustrativos, quando apropriado. As entrevistas foram realizadas

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de acordo com dois critérios: incluir os principais atores da rede objeto deste estudo,

e também os de saturação, ou seja, as entrevistas cessaram quando novas

informações relevantes deixaram de ser agregadas. De acordo com esses critérios

foram realizadas seis entrevistas, conforme o Quadro 7, a seguir.

Quadro 7 – Sujeitos das entrevistas semiestruturadas

ENTREVISTADO PAPEL DO ENTREVISTADO NA REDE

Sujeito 1 Pesquisador Cooperado da Universidade Federal de Mato Grosso.

Sujeito 2 Pesquisador Cooperado da Universidade Federal de Mato Grosso.

Sujeito 3 Presidente da Cooperativa Coorimbatá e ex-pescador.

Sujeito 4 Diretor Administrativo da Cooperativa Coorimbatá.

Sujeito 5 Pequeno agricultor participante da rede.

Sujeito 6 Diretor da Secretaria Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural

Sustentável.

Fonte: Elaborado pelo autor.

A apresentação foi estruturada levando em consideração o roteiro de

entrevista (Apêndice A), dividido em cinco blocos, sendo que os quatros primeiros

(A,B,C,D) visaram atender a cada um dos objetivos específicos e às proposições

enunciadas. O último (bloco E) buscou consolidar as informações de campo frente

às categorias sociais pesquisadas, bem como consolidar as proposições. Desse

modo, seguem as informações das entrevistas por bloco de questões sendo que

cada parágrafo corresponde a uma questão do referido roteiro.

4.2.1.1 Bloco A – Descrever a dinâmica da Rede de cooperação Coorimbatá

Os entrevistados foram unânimes ao declararem que os principais objetivos

da Rede Coorimbatá são propiciar renda aos participantes com a comercialização da

produção, oportunizar a inclusão social às pessoas em situação de vulnerabilidade e

facilitar as pesquisas científicas envolvendo a rede. É de se ressaltar que, embora

atualmente esses objetivos sejam reconhecidos e aceitos por todos na rede, logo

após a entrada dos pesquisadores houve receio dos participantes mais antigos,

especialmente os pescadores. Nos primeiros passos foram realizados contatos

iniciais entre os líderes da Coorimbatá e pesquisadores da UFMT visando realizar

algumas pesquisas para solução de problemas específicos. Os pescadores temiam

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que fossem explorados, que os pesquisadores não trouxessem resultados efetivos

para a rede, privilegiando suas pesquisas. Tal receio somente se dissipou com o

tempo e as soluções que aos poucos os pesquisadores trouxeram para a rede. Do

ponto de vista dos pesquisadores, a participação da Rede Coorimbatá era de grande

interesse pelo fato de poderem dirigir seu escopo de pesquisa para além da

universidade em direção a algo social. A frase do sujeito 1 ilustra essa situação: “A

grande virada na minha vida foi no momento que eu deixei de fazer pesquisa tendo

como foco a universidade”. Isso mostra a importância para o pesquisador da

investigação de um tema envolvendo a comunidade. O marco inicial foi a alteração

do estatuto da Coorimbatá em 2000, quando foi incluída a pesquisa científica como

um dos objetivos da rede, pela criação da figura do pesquisador cooperado. Com

isso tudo, as relações entre pesquisadores, pescadores, pequenos produtores e

demais atores se estreitaram até que passaram a definir objetivos comuns e a agir

de forma consistente a isso.

Em relação aos contatos e trabalhos em conjunto para resolução de

problemas ou introdução de novidades, os entrevistados responderam que em geral

há muitos contatos nas atividades entre os atores e que hoje pouca coisa se faz

sozinho na rede. A frase do sujeito 3 exemplifica essa interpretação: “Uma pessoa

isolada não tem o poder de solução de problemas mais complexos, como exemplo

foi a decisão em produzir o húmus da minhoca a partir da orientação dos

pesquisadores”. Contudo, o sujeito 5 ponderou que: “em momentos de crise

financeira alguns tendem a trabalhar sozinhos”.

Quanto à opinião dos atores sobre a importância das ações coletivas frente às

isoladas para troca de conhecimento, introdução de novidade ou solução de algum

problema, segundo os entrevistados, no começo existia uma grande resistência dos

participantes da rede quanto às ações coletivas, porém com o passar do tempo eles

foram percebendo que as ações coletivas eram mais importantes do que as isoladas

para a busca de soluções de problemas e trocas de conhecimento. Como exemplo,

o sujeito 2 ilustrou: “Quando algum ator da rede está com problema de

documentação, a Arca incubadora da UFMT auxilia nesse sentido”. Em outro caso, o

sujeito 4 citou: “que era um grande problema na época da proibição de pesca, pois a

renda caía drasticamente e os pesquisadores, para solucionar esse problema,

propuseram a produção de frutas desidratadas, atividade que até aquele momento

era pouco explorada, e que foi fundamental para complementação da renda”. Em

outra fala, o sujeito 5 ilustrada com a seguinte frase: “Está impregnada em todos nós

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essa necessidade, não é possível solucionar problemas sem ser através de ações

coletivas”.

No que se refere ao compartilhamento de recurso para o alcance dos

objetivos comuns e até que ponto é compartilhado, como regra geral os atores da

rede compartilham recursos para alcance dos objetivos coletivos, ao ponto de

compartilharem estrutura física, automóveis, equipamentos ou espaço público

cedido pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável.

Uma frase dita pelo sujeito 3 que ilustra esse ponto é: “uma época nós tínhamos o

caminhão, mas não tínhamos o motorista, pedimos emprestado o serviço de um

motorista de uma outra cooperativa que foi prestado sem custo algum”.

Sobre existir ou não cooperação na rede e se o nível cooperação ajuda ou

não as mudanças benéficas na rede: conforme opinião dos entrevistados, existe

muita cooperação na rede, e o nível de cooperação existente na rede contribui muito

para a solução de problemas e para o surgimento de mudanças benéficas.

Entretanto, foi relatado também pelos entrevistados que isso tem acontecido com

maior frequência nos últimos anos em que a rede está mais “madura”. Um

comentário ilustrativo dessa situação foi feito pelo sujeito 6: “Quando chega ao ponto

de comercializar junto é porque há muita cooperação”.

4.2.1.2 Bloco B – Identificar quais tipos de inovação (incremental e radical; de

produto, de processo, de marketing e organizacional) ocorrem na rede

A primeira pergunta sobre inovação foi se tem havido muitas ou poucas

mudanças e novas ideias na Rede Coorimbatá, o que foi respondido

afirmativamente por todos os entrevistados. Eles declararam que concordam que

tem havido novas ideias e mudanças na rede em grande número e de todos os tipos

indagados. Eles também destacaram que, além dos pesquisadores cooperados, as

novas ideias provêm dos produtores mais simples, pois eles têm conhecimento e

visão da prática que os pesquisadores da UFMT não possuem. Outro ponto

destacado é que as novas ideias estão sendo implementadas à medida que se

consolidam as relações de confiança e comprometimento na rede.

Quando indagados sobre a criação de novos conhecimentos, processos e

soluções e se eles são buscados dentro ou fora da rede, houve grande convergência

nas respostas no sentido de que a maior parte das novas criações e soluções

surgem dentro da rede pela interação entre os atores. Em geral essa interação tem

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sido motivada por necessidades econômicas. Nessa troca, o pesquisador cooperado

contribui com conhecimentos científicos e os cooperados com habilidades adquiridas

no dia a dia, de modo que os atores criam e discutem a inovação internamente na

rede.

Na visão dos atores quando solicitados para indicarem em ordem decrescente

quais atores trazem mais novas ideias e soluções para o grupo, houve certa de

quem traz mais novas ideias. Os pesquisadores responderam que no processo de

inovação um ator complementa o outro. Pode-se ter uma ideia disso pela fala do

sujeito 4, que diz: “O pesquisador é quem faz os projetos e nós executamos, então

um depende do outro”. Os pescadores e os pequenos agricultores consideram,

porém, que os pesquisadores trazem mais soluções e sustentabilidade para dentro

da rede. Uma frase do sujeito 5 exemplifica essa posição: “Somos leigos de

conhecimento técnico e a universidade supre isso”. Foi possível depreender pelas

respostas que os pesquisadores e o poder público tendem a contribuir mais com

mudanças radicais e estruturais para a rede, ao passo que os pescadores e

produtores rurais o fazem com mudanças incrementais e técnicas, ligadas a seu dia

a dia.

Acerca dessas mudanças e soluções se elas modificaram totalmente o que

era feito antes (inovações radicais) ou houve pequenas melhorias no que já estava

sendo feito na rede (inovações incrementais), os entrevistados confirmaram que

houve muitas mudanças, dos dois tipos. O sujeito 3 ilustrou:

Uma das grandes alterações foi o processamento de peixe em conformidade com a legislação com a certificação do Selo de Inspeção Federal (SIF) e a utilização da carne de peixe para fazer hambúrguer, linguiça e empanado.

Em outro exemplo foi mencionado, pelo sujeito 5 que “a fabricação de banana

verde e de mandioca chips, que antes não existiam no mercado, ajudam a

complementar a renda”. Outras alterações lembradas foram o aprimoramento das

embalagens dos produtos e a reestruturação da parte administrativa e contábil da

cooperativa. O sujeito 2 afirmou: “Hoje tem uma legislação rigorosa que regula a

maneira de manipular o peixe e, para nos adequarmos a ela ocorreu uma grande

mudança estrutural e cultural entre nós”.

Sobre exemplos de inovações de produtos os entrevistados mencionaram a

produção de banana e mandioca chips, de linguiça e empanado de um peixe, frutas

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secas, doces típicos da região, roupas confeccionadas com couro de peixe, húmus

de minhoca, criação de jacaré para extração de carne e de couro. Assim, as

inovações de produto se concentraram na oferta de bens simples à comunidade que

tem contribuído para incremento da renda.

As inovações de processo exemplificadas pelos entrevistados foram a

introdução de quebradores do fruto do Cumbaru para retirada de sua amêndoa e

aquisição de máquina de desidratação de frutas cuja patente é própria à rede.

Houve também mudanças no modo de manipular peixes a partir da construção de

uma nova planta para processamento de alimentos em conformidade com a

legislação.

Quanto às inovações de marketing os entrevistados mencionaram o

desenvolvimento da marca própria à Rede (ver Figura 5), utilizando a logomarca da

cooperativa em novas embalagens, além de participação em feiras e workshops

para divulgação. Nesse aspecto, ressalta-se o fomento que a Secretaria de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável tem realizado para o

desenvolvimento da rede. Há anualmente a organização pela Secretaria de dois

grandes eventos, sendo que o primeiro se chama “Peixe Santo”. Isso porque na

Semana Santa a Secretaria organiza toda a estrutura de vendas necessária em

pontos estratégicos da cidade de Cuiabá para estimular a venda de peixes. E o

segundo evento é uma série de feiras itinerantes nas quais os agricultores têm

oportunidade de vender seus produtos diretamente ao consumidor final.

Figura 5 – Marca própria da Rede Coorimbatá

Fonte: https://www.cirandas.net/coorimbata/galeria-de-imagens.

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Os entrevistados indicaram como inovações organizacionais: a adaptação da

nova planta frigorífica conforme as exigências das normas sanitárias e a criação da

Central de Distribuição que recebe os produtos de todos os pescadores e

agricultores e os distribui para o mercado consumidor. Além disso, comentaram que

a partir da entrada da Arca - a incubadora de empreendimentos solidários ligada à

UFMT, anteriormente mencionada - houve a reestruturação da parte administrativa

da cooperativa.

As opiniões dos entrevistados convergiram no sentido de que as mudanças e

soluções implantadas foram muito importantes para a sobrevivência e o

desenvolvimento da Rede Coorimbatá. Os pesquisadores cooperados (sujeitos 1 e

2) comentaram a respeito da importância na evolução da rede no sentido de permitir

que pescadores e pequenos agricultores compreendam cada vez melhor a

importância do trabalho em rede, bem como os papéis destacados que eles

desempenham nela.

4.2.1.3 Bloco C – Descrever a influência da variável confiança no processo de

inovação da rede estudada

Neste subitem foi analisado o modo como os atores percebem a existência de

confiança entre os participantes da rede na troca de informações e se compartilham

seus problemas e dificuldades uns com os outros. As respostas foram unânimes em

afirmar que os participantes da rede confiam uns nos outros para a troca de

informações ou para o compartilhamento de seus problemas pessoais e

profissionais. Uma frase do sujeito 6 exemplifica essa situação:

Uma cooperativa parceira foi multada e em reunião na rede os motivos foram compartilhados com integrantes de outras cooperativas parceiras para que elas pudessem se readequar e evitar serem multadas também.

Os atores da rede entrevistados declararam ser alta a confiança entre eles de

modo geral, mas alguns assuntos especiais que no primeiro momento são tratados

em nível de direção para harmonização. Posteriormente, quando se trata de decidir

e divulgar resultados o processo é uniforme, ou seja, sem haver diferenças entre os

atores. Um comentário do sujeito 2 indica essas características.

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Como as decisões são tomadas em reunião com muitos participantes, e geralmente acontecem muitas discussões até que se chegue a um consenso, em um primeiro momento a decisão é uniformizada a decisão pelos gestores antes das reuniões com os participantes das várias cooperativas.

Quando perguntados sobre oportunismo, ou seja, situações em que alguém

do grupo confiou em outro e essa pessoa se aproveitou dessa confiança para obter

benefício próprio, foram relatados alguns casos, mas todos receberam punições

exemplares. Destacaram o caso em que um presidente foi destituído do cargo por

não ter conseguido prestar contas de recursos financeiros gastos. Em outro caso um

ator utilizou um veículo com intuito particular e consumiu combustível da Rede sem

fazer a devolução ou reembolso e isso foi repudiado pelo restante do grupo, que o

expulsou.

Em relação à avaliação sobre como é a confiança na Rede Coorimbatá, os

entrevistados declararam que ela é intensa e que ela auxilia no surgimento de novas

ideias ou a solucionar problemas. Mas eles indicaram que não foi sempre assim, que

tratou-se de um processo gradativo. Essa confiança foi construída aos poucos e à

medida em que os atores foram se conhecendo e os resultados positivos das ações

conjuntas foram se consolidando. Uma frase do sujeito 5 ilustrou esse processo:

Hoje em dia tem um grande acordo entre as cooperativas para fornecimento de alimentos in natura para as escolas da prefeitura e do estado. A Central de Distribuição é responsável por toda a logística. Foi longo o processo para viabilizar esse fornecimento, até que houvesse confiança entre os participantes.

4.2.1.4 Bloco D – Descrever a influência da variável comprometimento no

processo de inovação da rede estudada

Sobre a existência de comprometimento na rede, ou seja, de situações em

que um ator se empenha em trabalhar pelo grupo sem ganhar nada com isso, foi

dito que isso ocorre com frequência. Muitas vezes se observam as pessoas na rede

trabalharem pelo grupo e ganharem muito pouco em troca. Uma frase do sujeito 3

ilustra esse ponto:

Hoje mesmo todos estão se submetendo a ganhar muito menos do que normalmente se ganha por mês, devido à dificuldade da cooperativa em regularizar umas documentações que estavam em atraso.

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Em outra frase o sujeito 4 exemplifica essa situação: “A minha preocupação

sempre foi com que todos tenham retorno do esforço aqui dentro. Se não houver

comprometimento dificilmente conseguimos passar por momentos de crise”.

Os entrevistados, quando perguntados se as pessoas sempre estão

comprometidas para participação nas tarefas desenvolvidas pelo grupo ou preferem

atuar sozinhas, disseram que existem as duas situações, mas que prevalecem as

atividades desenvolvidas em grupo. Algumas vezes, pessoas entram no grupo com

a mentalidade de quem trabalha individualmente e só depois de conhecerem os

benefícios do trabalho cooperativo é que mudam a forma de pensar e agir. O sujeito

5 ilustrou esse ponto em sua fala:

Na hora do trabalho em conjunto a maioria das pessoas se compromete com o grupo, porém tem pessoas ainda que pouco contribuem. Só que na hora de repartir o resultado querem a distribuição de forma igualitária, ainda que isso é uma exceção.

Outro ponto abordado foi a existência de situações nas quais os participantes

ou fazem sempre o que prometem, ou prometem e não cumprem. Foi pontuado que

a primeira situação é bem mais comum. Nem sempre cumprem o que prometem,

mas de modo geral tem acontecido mais o cumprimento do que foi combinado.

Mesmo porque foi reportada a existência de controle informal na rede, uma cultura

no grupo que desaprova o não cumprimento do que estava estabelecido. O sujeito 3

ilustrou a situação de forma coloquial: “Em uma caixa de bananas a maioria é boa,

mas sempre tem a banana podre”.

Por fim, quando indagados se após essas perguntas consideram que existe

ou não comprometimento na Rede Coorimbatá e sua intensidade, os entrevistados

afirmaram que o comprometimento é intenso na rede e que esse nível de

comprometimento auxilia a resolução de problemas e adoção de inovações. Porém,

foi destacado também pelo sujeito 4 que “há um limite para isso, por falta da

compreensão de algumas pessoas, dos benefícios que o trabalho em grupo pode

trazer”.

4.2.1.5 Bloco E - Consolidação entre os blocos de questões

Os entrevistados confirmaram que de modo geral a confiança e

comprometimento ajudam a melhorar a cooperação na rede. Entretanto, indicaram

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também que existem situações que impõem certa dificuldade a algumas pessoas

para a cooperação em rede. Como exemplo, foram mencionadas situações em que

algumas pessoas mostraram dificuldades em seguir a decisão do grupo. Tratava-se

de um período em que a rede passava por uma crise financeira e alguns se

afastaram para trabalhar de forma isolada. Apesar disso, o que ficou patente nas

entrevistas, pelas respostas e exemplos fornecidos é que dificilmente a Rede

Coorimbatá teria se tornado o que ela é atualmente se não houvesse confiança e o

comprometimento como pilares das relações de cooperação.

Quanto à avaliação dos entrevistados se a cooperação facilita ou atrapalha o

surgimento de inovações na rede, as respostas foram positivamente convergentes.

Foi declarado, de forma praticamente unânime, que a cooperação na rede facilita

muito no surgimento de inovações relacionadas à solução de problemas e novas

ideias aplicadas. Nas entrevistas ficou explícito que a cooperação propicia a

inovação, através principalmente da quantidade de novas atividades introduzidas no

escopo dos participantes, atividades que dificilmente seriam introduzidas

isoladamente. É importante destacar que nas entrevistas ficou clara a importância da

UFMT, através de seus pesquisadores, no processo de inovação.

Por fim, observou-se no discurso dos atores entrevistados, que compõem a

rede de primeiro nível, que apesar de seus diferentes papéis e características, houve

grande convergência entre as respostas. Acredita-se que essa sintonia seja

indicativa de que eles realmente assumem e procuram realizar objetivos coletivos

por meio de esforços comuns em um contexto no qual a inovação tem papel

destacado. Além dessas razões, ressalta-se também a repercussão positiva que a

Rede Coorimbatá vem alcançando na região. Houve também sinergia e boa-vontade

dos atores da rede em conceder e responder às entrevistas.

4.2.2 Instrumento observação direta

A pesquisa de observação direta foi realizada através do acompanhamento

de duas reuniões, sendo a primeira referente à posse da nova equipe gestora da

Rede Coorimbatá e a segunda uma reunião de trabalho que tratou de questões

operacionais.

O primeiro acompanhamento se deu no dia 1 de abril de 2017, na sede da

cooperativa. Estavam presentes cerca de 20 pessoas, entre elas os seguintes

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representantes dos seguintes atores: Coorimbatá (a cooperativa), associações de

produtores rurais, um representante da Secretaria de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Rural Sustentável e a UFMT. O motivo da reunião foi a cerimônia

de posse da nova diretoria para mais um mandato de dois anos de gestão da Rede.

Algo que ficou evidente foi o sentimento de religiosidade compartilhado pelos

presentes, que iniciou com uma missa para abençoar a nova gestão. Houve diversas

menções à Deus e à religião durante todo o decorrer da reunião. Após a missa

foram iniciadas de fato as discussões referentes à nova gestão, identificando-se

sinais da liderança dos dois pesquisadores cooperados, que organizaram e

conduziram a reunião, definindo algumas regras para isso.

Um ponto de destaque foi a participação dos líderes de outras três

cooperativas parceiras, com um breve dizer sobre a renovação de compromisso

entre todos os atores para transpor as dificuldades na rede. Foi digno de nota o que

disse um dos representantes de uma dessas cooperativas parceiras: “Nós somos

todos Coorimbatá”. Embora ele fosse representante de outra cooperativa, mostrou

nessa frase um sentimento de pertencimento ao grupo maior, demonstrando sinais

de laços sociais presentes e da existência de uma configuração em formato de rede.

Outro ponto que chamou atenção foi o primeiro discurso do novo presidente

ao assumir o desafio de conduzir a Coorimbatá. Ele declarou que foi necessário abrir

mão de algumas questões particulares em nome do grupo e que, para superar as

dificuldades, todos terão de pensar e agir de forma cooperativa. Nesse instante

houve uma forte demonstração de emoção tanto do novo presidente quanto de um

dos pesquisadores cooperados, indicando forte ligação deles com a rede e que

nesse âmbito os fatores sociais se sobrepõem aos racionais e econômicos.

A segunda reunião ocorreu em 12 de abril de 2017, na sede da Arca

incubadora da UFMT e tratou do Fórum Territorial de Segurança Alimentar e

Nutricional da Baixada Cuiabana (FTSAN-BC). Estavam presentes além dos

pesquisadores cooperados que foram responsáveis pela organização e condução da

reunião os representantes das cooperativas, pequenos agricultores e um

representante do governo estadual através da Secretaria de Estado de Trabalho e

Assistência Social. Essa reunião tratou de assuntos operacionais, com uma breve

apresentação dos encaminhamentos definidos na última reunião, destacando-se o

andamento de alguns projetos em execução, tendo o envolvimento de todos para o

alcance de resultados. Nessa dinâmica se pôde observar certa interdependência

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entre os atores. Outro assunto abordado foram os ajustes necessários na logística

de entrega pelas cooperativas de produtos oriundos da agricultura familiar nas

escolas estaduais e municipais. Essa ação tem a participação da Arca, o que

caracteriza mais um envolvimento da UFMT na Rede Coorimbatá.

Com a observação direta verificou-se que as variáveis estudadas nessa

pesquisa como a confiança, comprometimento e inovação estão presentes e

configuradas em rede, pois se constata nas falas dos participantes relatados acima

sinais importantes dessas variáveis para as mudanças significativas, que para essa

pesquisa caracterizamos como inovação em rede.

4.3 Análise dos dados

Neste tópico são relatadas as análises das evidências coletadas e

apresentadas nos tópicos 41 e 42. Foi realizada basicamente buscando-se verificar

a convergência ou divergência das evidências coletadas pelos três modos de coleta

de dados, a partir de fontes secundárias e primárias. E também relacionando os

padrões de respostas encontrados com os padrões teóricos desenvolvidos na base

teórica.

4.3.1 Análise da dinâmica da Rede Coorimbatá

Os dados levantados tanto nas entrevistas como nos dados secundários

revelaram que atualmente os atores da rede têm objetivos comuns definidos com a

participação da maioria. Entre eles destacaram-se a inclusão social e renda as

pessoas em situação de vulnerabilidade e propiciar a pesquisa científica. Quanto a

esse último objetivo, seu alcance começou a ser observado com a alteração do

estatuto da cooperativa, sendo incluída a pesquisa científica como uma das

finalidades da rede. O trabalho de Araraki et al. (2012) que investigou o mesmo

objeto de estudo, apresentou evidencias convergentes ao indicar que o processo de

desenvolvimento de tecnologias se dava em um contexto organizacional articulado

em forma de redes envolvendo uma Instituição de ensino e pesquisa, exatamente a

UFMT. Assim, verificou-se que existe convergência tanto entre fontes de dados

coletados nesta pesquisa quanto em resultados encontrados na literatura sobre a

influência da positiva da UFMT no processo de desenvolvimento e inovação da rede

estudada.

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Apurou-se nas entrevistas que os atores consideram as ações coletivas mais

importantes que as isoladas para assuntos como solução de problemas, trocas de

conhecimento e introdução inovações. Essas ações coletivas ficaram evidenciadas

pelo volume reportagens em sites mostrando vários projetos de fomento aprovados

com o auxílio do EIT/UFMT.

Alguns trabalhos anteriores a esta dissertação indicaram a existência de

parcerias bem sucedidas, com destaque para a pesquisa de Martins et al. (2014).

Esse trabalho traz o exemplo de uma pesquisa em uma rede de inovação

tecnológica na qual um dos principais parceiros foi o SEBRAE. Os resultados

mostraram que houve fomento à rede via suporte às ações de pesquisas

desenvolvidas pelas empresas participantes da rede.

4.3.2 Análise dos tipos de inovação encontrados na Rede Coorimbatá

Em relação ao segundo objetivo específico, os dados coletados mostraram

que todos esses tipos de inovação têm ocorrido na rede, ou seja, foram identificados

na Rede Coorimbatá inovações de produto, de processo, de marketing e

organizacional. Além disso, esses tipos de inovações puderam ser classificados

também como radical ou incremental, sendo esta última mais frequente, em

convergência com o resultado apontado na pesquisa de Nascimento et al. (2011)

Eles analisaram como uma incubadora e sua equipe gestora se relacionava com as

empresas incubadas na troca de informação para o desenvolvimento da inovação.

Dentre as observações da pesquisa destacou-se que as Inovações incrementais

eram mais frequentes, conforme aponta a teoria (DODGSON; ROTHWELL, 1995).

De acordo com as evidencias coletadas as inovações e as novas soluções

para problemas antigos surgem com maior intensidade internamente à rede, a partir

da interação entre os atores envolvidos. Isso possivelmente ocorre por haver na

própria rede uma diversidade de habilidades e capacidades dos atores participantes.

Exemplo disso é a interação dos pesquisadores da UFMT com pescadores

ribeirinhos e pequenos produtores. Trata-se de um processo cíclico de

complementariedades teóricas e técnicas dos primeiros e da prática dos últimos que

acaba resultando em uma espiral positiva de inovações. Ahuja (2000) em trabalho

semelhante constatou o quanto a estrutura das redes afeta a capacidade de

inovação. Esse autor verificou que em redes nas quais prevalecem relações internas

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entre os atores há um ambiente de confiança, mas com menor capacidade de

inovação. E no caso de redes mais permeáveis a relacionamentos com atores

externos a elas a capacidade de inovação tende a ser maior. Esses resultados estão

em linha também com Granovetter (1985), que relaciona maior capacidade de

inovação a laços fracos e vice-versa. Acredita-se que o resultado diferente desse

padrão, apresentado pela Rede Coorimbatá se deva à figura do pesquisador

cooperado como membro ativo da rede e seu relacionamento próximo aos

pescadores ribeirinhos e pequenos produtores.

Tanto no discurso dos entrevistados quanto nas observações diretas

realizadas durante o acompanhamento das duas reuniões da rede se pôde constatar

que os pesquisadores e o poder público contribuem mais com inovações radicais, ao

passo que os pescadores e produtores rurais com mudanças incrementais. Esses

resultados são condizentes com o que afirma Christensen (1997), de que a inovação

radical geralmente resulta de pesquisas aprofundadas, conduzidas em laboratórios

de P&D, em instituições governamentais e em universidades.

Foram detectadas na Rede Coorimbatá inovações dos quatro tipos (produtos,

processo, marketing e organizacional), algumas resultando em poucas alterações

(incrementais) ao passo que outras mudaram totalmente a forma de fazer as coisas

(radicais), conforme (SCHUMPETER, 1961; MANUAL DE OSLO, 2005). Estão

relacionados no Quadro 8 os tipos de inovação propriamente ditos que ocorreram na

rede durante o período pesquisado, considerando também a intensidade de

inovação mais preponderante, ou seja, se mais radical ou incremental. Para a

caracterização desse último quesito, considerou-se, conforme Mohr, Sengupta e

Slater (2005) que as inovações radicais e incrementais são pontos extremos de um

contínuo no qual varia a intensidade da novidade (baixa nas incrementais e alta nas

radicais). Essa intensidade de novidade levou em conta os benefícios agregados à

rede, bem como os esforços e os recursos empregados em cada inovação de

acordo com os entrevistados, que as caracterizaram como baixo, médio e alto. E o

contexto geral dessa classificação foi o impacto das inovações na dinâmica da

própria rede.

Ressalta-se que essas mudanças e soluções introduzidas têm sido muito

importantes para a sobrevivência e o desenvolvimento da Rede Coorimbatá. Neste

trabalho se considera como rede desenvolvida aquelas que alcançaram determinado

ponto de equilíbrio ou homeostase. Ou seja, elas estão desenvolvidas a partir do

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momento em que atingem certa estabilidade e podem resolver problemas criados

por assimetrias e conflitos entre os atores (BERTÓLI; GIGLIO; RIMOLI, 2014).

Quadro 8 – Características das inovações

INTENSIDADE DE INOVAÇÕES

INCREMENTAL RADICAL

GRAU DE NOVIDADE

BAIXO MÉDIO ALTO

T

I

P

O

S

D

E

I

N

O

V

A

Ç

Ã

O

Pro

du

to

- Húmus de minhoca;

- Frutas secas;

- Doces típicos da região;

- Criação de jacaré.

- Produção de linguiça e

empanado de peixe.

- Banana e mandioca chips.

Pro

cesso

- Maneira de manipular com

peixe.

- Quebrador de cumbaru para

retirada da amêndoa.

- Máquina de desidratação de

frutas patenteada pela rede

- Construção de nova planta de

processamento; certificada

pelo SIF.

Ma

rketin

g

- Participação em feiras e

workshops.

-Aprimoramento das embalagens

dos produtos.

- Criação e aplicação da marca

da rede.

Org

an

izacio

na

l

- Organização dos

processos administrativo e

contábil da rede.

- Adaptação da nova planta

frigorífica da Rede Coorimbatá.

- Criação da Central de

distribuição.

Fonte: Baseado em Mohr, Sengupta e Slater (2005) e no Manual de Oslo (2005).

4.3.3 Análise da influência da variável confiança no processo de inovação da

rede estudada

Percebeu-se que os atores da rede confiam um nos outros para a troca de

informação ou para compartilhamento de problemas, tanto em nível pessoal quanto

profissional. Isso ficou evidente nas entrevistas e principalmente na observação

direta feita em uma das reuniões, em que demonstraram como é intenso o

compartilhamento de informações e problemas, considerando que, apesar da

participação de variados atores na reunião não houve nenhum constrangimento no

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compartilhamento de problema. Essa constatação está em convergência com a

teoria, pois conforme afirmam Inkpen e Tsang (2005) a confiança implica uma

condição de risco na medida em que um participante da rede toma a decisão de

expor seu problema e solicitar ajuda e soluções. Em outras palavras, os autores

indicam que para obter os benefícios da confiança se corre o risco de compartilhar

informações sensíveis e/ou estratégicas. Considera-se assim, que foram

encontradas evidências na Rede Coorimbatá de níveis altos de confiança e que eles

favorecem as inovações.

As evidências mostraram também que houve poucos casos em que alguém

do grupo se aproveitou em benefício próprio da confiança depositada por outra

pessoa, ou seja, pequena incidência de comportamento oportunista. Além disso,

esse tipo de ocorrência não acontece há vários anos, o que também contribui para o

sucesso das inovações implantadas na rede. Esses achados estão de acordo com

Balestrin e Vargas (2004), ao afirmarem que a confiança cria laços fortes e define

padrões de comportamento entre os participantes da rede, minimizando

comportamento oportunista.

4.3.4 Análise da influência da variável comprometimento no processo de

inovação da rede estudada

Quanto ao último objetivo específico, verificou-se tanto nas entrevistas quanto

na observação direta forte existência de sinais da influência positiva da categoria

comprometimento no processo de inovação. Um exemplo claro disso é que foram

identificadas situações nas quais determinados atores trabalham pelo grupo

ganhando muito pouco em curto prazo. Assim, são diversos os atores que se

comprometem com a rede e investem no trabalho visando benefícios futuros para

todo o grupo. Isso está expresso no trabalho de Anderson e Weitz, (1992) para

quem o comprometimento é a disposição de uma pessoa para ações coletivas, sem

colocar o benefício próprio a frente do interesse do grupo. Ações desse tipo

implicam fazer sacrifícios para desenvolver e manter uma relação estável.

Surgiram também nas entrevistas fatos apartados das ações em rede, como

pessoas que nem sempre estão dispostas para atividades em grupo, preferindo

atuar individualmente ou que não cumprem o que prometeram. Isso geralmente

ocorre em momentos de crise financeira na rede, tendendo a ser um comportamento

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de exceção. Nos resultados de Klein et al. (2014) a falta de confiança e de

comprometimento são fatores importantes entre os responsáveis pela saída das

empresas das redes. Assim, acredita-se que em um grupo relativamente grande

algumas pessoas destoam nas ações de comprometimento em alguns momentos,

porém isso não macula o nível de comprometimento do grupo todo e não

compromete o surgimento de mudanças benéficas na rede.

4.3.5 Análises das proposições do estudo

As proposições desta pesquisa procuraram direcionar de maneira focalizada

seus questionamentos em uma base confirmatória em relação aos objetivos

específicos já comentados.

Proposição 1: A cooperação influencia positivamente o desenvolvimento e a

aplicação de inovações na rede estudada.

Essa proposição foi confirmada com a análise dos dados. No conjunto dos

dados analisados pode concluir que a cooperação influenciou positivamente o

desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede, com destaque a inovação

entre a EIT/UFMT com as Cooperativas, sendo mostrada que a implementação das

maiorias das inovações teve o suporte da universidade, através de captação de

recursos de projetos e assessoria na execução, conclui-se que a grande maioria das

inovações ocorridas na rede ocorreu na troca de conhecimento da universidade para

as cooperativas. Isso está expresso no trabalho de Nascimento et al. (2011) que

analisaram como uma incubadora da universidade e sua equipe gestora se

relacionava com as empresas incubadas na troca de informação para o

desenvolvimento da inovação. Foi observado que as incubadoras tinham

consciência do seu papel como mediadoras, porém de maneira informal. Além disso,

devido ao grande número de empresas incubadas a oportunidade de troca de

informações era mais propícia.

Proposição 2: A confiança influencia positivamente o processo de inovação

na rede estudada.

Essa afirmativa após análises dos dados também se confirmou, ficando claro

que a confiança entre os atores influencia positivamente o processo de inovação na

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rede. Na entrevista com presidente da cooperativa Coorimbatá foi relatado que no

começo quando os pesquisadores da UFMT passaram a participar da rede, houve

certo receio de que o interesse deles fosse somente obter dados para suas

pesquisas. Entretanto, com a convivência mútua os cooperados mais antigos

perceberam que tais receios eram infundados em função da postura dos

pesquisadores e dos resultados obtidos. Assim, essas reservas iniciais foram aos

poucos dissipadas, o que pode ser observado nas reuniões da rede que foram

acompanhadas. Essa constatação está em convergência com a teoria, pois

conforme afirma Perrow (1992), a cooperação, a confiança e o comprometimento

apresentam vantagens para as cooperativas frente aos concorrentes, pois se cria

um ambiente favorável à inovação, trazendo vantagens competitivas baseadas em

diferenciação de produtos e de processos com diminuição de custos.

Proposição 3: O comprometimento influencia positivamente o

desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede de cooperação Coorimbatá.

Os dados da pesquisa mostraram que o comprometimento está ligado à

confiança, pois assim que ela aumentou na rede na mesma proporção também

aumentou o comprometimento e vice-versa. Verificou-se tanto nas entrevistas

quanto nas observações que em várias ocasiões os cooperados aceitaram os novos

projetos. Havia confiança nas análises de viabilidade realizadas pelos pesquisadores

da UFMT, o que contribuiu para reforçar o comprometimento durante o

desenvolvimento e a aplicação das inovações. Esses achados estão de acordo com

Ariño (2003) pois, à medida que os atores percebem que há grande

comprometimento por parte dos parceiros, mais suas relações são fortalecidas,

como uma espiral crescente. Em outras palavras, quanto mais pessoas estiverem

empenhadas e comprometidas com o negócio, mais participantes tendem a confiar e

comprometer-se pelo grupo. Desse modo considera-se que a proposição 3 também

foi confirmada neste estudo.

4.3.6 Comentários sobre a proposta teórica da pesquisa

O objetivo geral da pesquisa foi identificar como o processo de inovação se

desenvolve em redes de cooperação, e o que distingue o presente trabalho é a

busca por conhecer as interfaces de inovação e de variáveis sociais entre os atores,

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pois assume a premissa de que confiança e comprometimento são antecedentes e

indutores da cooperação. Essa linha de pensamento está de acordo com o projeto

temático do orientador desta dissertação e tem suas raízes no estudo seminal de

Morgan e Hunt (1994) em que seu modelo teórico afirma que a única variável

consequente que é positivamente influenciada por ambos, confiança e

comprometimento simultaneamente é a Cooperação.

A partir desse raciocínio foi construída a proposta teórica que orientou a

pesquisa desta dissertação, adotando como premissa a ideia de que confiança e

comprometimento atuam como indutores, ou influenciam positivamente as redes de

cooperação e potencializam inovações de tipos variados. Reproduz-se aqui a Figura

3 apresentada inicialmente na Base teórica à p. 40, que esquematiza a pesquisa

realizada.

Figura 3 – Esquema da proposta teórica de pesquisa

Fonte: o autor.

Entende-se que esta proposta de pesquisa serviu bem aos propósitos da

pesquisa realizada, espelhando adequadamente a questão de pesquisa, os objetivos

estabelecidos e as proposições formuladas. Pode-se dizer que no âmbito da Rede

Coorimbatá esta proposta se revelou adequada e permitiu que se pesquisasse o

papel das variáveis sociais confiança e comprometimento como indutoras em redes

de cooperação. Isso no que tange à criação e aplicação de inovações de vários tipos

e intensidades.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho versou sobre a influência das categorias sociais confiança e

comprometimento em inovações de uma rede de cooperação. Foi realizado um

estudo de caso único em uma rede que envolve uma parceria inovadora entre

pesquisadores da UFMT em cooperação com uma comunidade de pescadores e

pequenos produtores rurais, entre outros atores. A pesquisa teve como objetivo

geral “investigar como o processo de inovação se desenvolve em redes de

cooperação”. Para sua operacionalização e investigação efetiva esse objetivo geral

foi detalhado em quatro objetivos específicos e também em três proposições.

O primeiro objetivo específico procurou descrever a dinâmica da Rede de

Cooperação Coorimbatá. As evidências coletadas e analisadas mostraram que os

atores compartilham objetivos comuns definidos com a participação da maioria

deles. Apurou-se também que as finalidades da rede são a inclusão social, o

aumento da renda de pessoas em situação de vulnerabilidade social e propiciar a

realização de pesquisas científicas que beneficiem a rede. Quanto a essa última

finalidade, seu alcance começou a ser observado com a alteração do estatuto da

Coorimbatá, quando a pesquisa científica passou a ser formalmente incluída como

uma das finalidades da rede. Assim, verificaram-se resultados positivos da influência

da UFMT no processo de desenvolvimento e inovação da rede estudada. Verificou-

se também que os atores consideram as ações coletivas mais importantes que as

isoladas quando se trata de solução de problemas da rede, de trocas de

conhecimento e desenvolvimento e aplicação de inovações. Essas ações coletivas

ficaram evidenciadas nas entrevistas realizadas e pelo volume de reportagens em

sites mostrando vários projetos de fomento aprovados e aplicados à rede com o

auxílio do Arca, incubadora do EIT/UFMT.

Em relação ao segundo objetivo específico, identificar quais tipos de inovação

(incremental e radical; de produto, de processo, de marketing e organizacional)

ocorrem na rede, pode-se afirmar que foram encontrados exemplos de todos esses

tipos. Cada um foi classificado também como radical ou incremental, sendo este

último mais frequente do que o primeiro. Esses resultados foram esquematizados no

Quadro 8 do capítulo anterior. Os dados mostraram ainda que os atores poder

público e pesquisadores cooperados têm contribuído principalmente com inovações

radicais, ao passo que os pescadores e produtores rurais com mudanças

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majoritariamente incrementais. Isso se justifica pela origem e habilidade de cada

ator, ou seja, os pesquisadores da UFMT tendem a trazer mais contribuições

técnicas de laboratórios de P&D e os pescadores possuem maior conhecimento

prático de sua realidade diária de trabalho. Observou-se também que a maioria das

inovações tem origem internamente à rede, pela interação entre esses três atores.

Isso possivelmente ocorre por haver na própria rede uma diversidade de habilidades

e capacidades dos atores participantes. Ressalta-se por fim que as inovações

introduzidas têm sido muito importantes para a sobrevivência e o desenvolvimento

da Rede Coorimbatá. Neste trabalho se considerou como redes desenvolvidas

aquelas que alcançaram determinado ponto de equilíbrio ou homeostase. Isso ficou

caracterizado nesta rede a partir do momento em que ela alcançou estabilidade para

resolver problemas criados por assimetrias e conflitos entre os atores (BERTÓLI;

GIGLIO; RIMOLI, 2014).

O terceiro objetivo específico foi descrever a influência da variável confiança

no processo de inovação da rede de cooperação estudada. Percebeu-se através da

pesquisa que os atores confiam um nos outros para a troca de informações ou para

compartilhamento de problemas, tanto em nível pessoal quanto profissional. Isso

ficou evidente nas entrevistas e principalmente na pesquisa de observação direta

realizada durante o acompanhamento das reuniões da rede. Ficou patente como é

intenso o compartilhamento de informações e de problemas. Considera-se que

apesar da participação de atores variados nas reuniões não houve nenhum

constrangimento quanto ao compartilhamento e tentativa de resolução desses

problemas simples ou complexos. Desse modo, as evidências encontradas na

pesquisa de campo indicaram que na Rede Coorimbatá há níveis altos de confiança

entre os atores que favorecem a ocorrência de inovações.

Por fim, o quarto objetivo específico buscou descrever a influência da variável

comprometimento no processo de inovação da rede de cooperação estudada.

Verificaram-se nos dados coletados evidências consistentes da influência positiva da

categoria comprometimento no processo de inovação. Exemplos disso são situações

nas quais determinados atores trabalham pelo grupo ganhando muito pouco em

curto prazo, visando ao bem da rede no futuro. Assim, são diversos os atores que se

comprometem com a rede e investem seu trabalho em ações coletivas para gerar

benefícios futuros para todo o grupo. É verdade também que houve alguns

resultados indicando a existência de comportamentos individualistas e de pessoas

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que não cumprem o que prometeram em relação à rede. Porém, tais ocorrências se

dão em momentos de crise financeira, caracterizando comportamentos de exceção

e, apesar deles, a rede como um todo tem conseguido superar esses momentos

difíceis. Desse modo essas ações não maculam o nível de comprometimento do

grupo todo e nem atrapalham o surgimento de inovações na rede.

Assim, diante do que foi apresentado nos parágrafos anteriores, conclui-se

que o objetivo geral foi alcançado, uma vez que ficou caracterizado como o processo

de inovação se desenvolve em redes de cooperação no caso estudado. Investigou-

se especificamente a importância das categorias sociais confiança e

comprometimento nesse processo. Essas categorias, além de estarem presentes,

são importantes para o surgimento e a implantação das inovações. Esse resultado

inclusive foi ratificado pelas proposições examinadas, conforme está exposto a

seguir.

A primeira proposição tratou de verificar se a cooperação influencia

positivamente o desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede estudada, o

que foi confirmado. Foi possível concluir que a cooperação influenciou positivamente

o desenvolvimento e a aplicação de inovações na rede, com destaque para as

interações entre a EIT/UFMT com os pescadores e pequenos produtores. Foi

mostrado também que a implementação maior parte das inovações teve o suporte

da universidade, através de captação de recursos de projetos e assessoria na

execução. A segunda proposição examinou se a confiança influencia positivamente

o processo de inovação na rede estudada e os resultados indicaram que sim, de

modo que esse resultado respalda também o alcance já relatado dos objetivos

específicos. E a terceira proposição tratou de verificar se o comprometimento

influencia positivamente o desenvolvimento e a aplicação de inovações na Rede de

cooperação Coorimbatá, o que, além de ser confirmado, ainda sugeriu que o

comprometimento está ligado à confiança. Isso porque as evidências indicaram a

construção e o aumento dessas duas categorias em paralelo. Verificou-se, tanto nas

entrevistas quanto nas observações diretas, que em várias ocasiões os cooperados

aceitaram novos projetos sem muita resistência. Havia confiança nas análises de

viabilidade realizadas pelos pesquisadores da UFMT, o que contribuiu para reforçar

o comprometimento durante o desenvolvimento e a aplicação das inovações.

Com isso tudo foi possível responder à questão de pesquisa: “Como o

processo de inovação se desenvolve em redes de cooperação?”. Entendeu-se que

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foi confirmado que na Rede Coorimbatá o processo de inovação se desenvolve a

partir do fortalecimento das relações sociais permitindo afirmar que dentre as

variáveis sociais a confiança e o comprometimento são antecedentes e indutores da

cooperação, que por sua vez potencializa as inovações.

As contribuições do trabalho podem ser ressaltadas em duas instâncias: a

teórica e a gerencial. A contribuição teórica se expressa na confirmação de que as

categorias sociais confiança e comprometimento são antecedentes e indutores da

cooperação que potencializa inovações, conforme foi estabelecido no modelo de

Morgan e Hunt (1994). A afirmação orientadora deste trabalho se baseou em um

recorte das relações entre confiança, comprometimento e cooperação expressa no

trabalho desses autores, no qual há outras variáveis envolvidas (ver Figura 2, p. 40)

e adicionou inovação como resultado alcançado. Nesta dissertação, essa relação foi

confirmada em um contexto específico da Rede Coorimbatá, algo bem diferente da

pesquisa original, tanto no plano metodológico quanto em relação ao setor

investigado. No artigo supramencionado a investigação foi realizada em uma rede

de varejistas de pneus de automóveis e utilizou uma abordagem quantitativa, com

hipóteses e análise de equações estruturais. E a contribuição gerencial se expressa

em reflexões sobre como o processo de confiança e comprometimento são

importantes para a realização de inovações que permitem o desenvolvimento e o

fortalecimento da Rede Coorimbatá. Entretanto, essas categorias ficam mais frágeis

em tempos de crise. Essa constatação pode servir para treinamentos e outras ações

gerenciais visando o fortalecimento da rede em épocas difíceis.

5.1 Limitações e sugestões para trabalhos futuros

Quanto às limitações do estudo se tem, em primeiro lugar, as limitações de

caráter metodológico, pois a utilização de estudo de caso como estratégia de

investigação permitiu estudar em profundidade a realidade da rede. Entretanto, não

é possível extrapolar esses resultados para outras redes análogas diretamente, mas

apenas utilizá-los como possibilidades de replicação e verificar então os resultados.

Outro fator limitador foi a resistência inicial de alguns sujeitos de pesquisa

investigados, o que ocorreu no início de algumas entrevistas. Porém, após as

explicações sobre os propósitos da pesquisa e os cuidados que foram tomados,

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envolvendo sigilo de informações e anonimato das pessoas, acredita-se que essa

resistência tenha sido minimizada.

Como sugestão para estudos futuros sugere-se a replicação desta pesquisa

em redes de cooperação com características similares. Dessa forma, sugere-se

pesquisar os fenômenos aqui estudados em outras redes de cooperação, buscando-

se evidências de variáveis sociais na dinâmica do de inovação em redes que

possam confirmar ou não os resultados da pesquisa atual, o que pode contribuir

para a generalização dos resultados. Abordagens quantitativas também são

encorajadas.

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APÊNDICE

Apêndice A – Roteiro de entrevista semiestruturada

O roteiro de entrevista foi desenvolvido a partir de indicadores convergentes

com os objetivos da pesquisa, com questões semiestruturadas, em que os

entrevistados serão os atores que na pesquisa com dados secundários mostraram

ser importantes na rede. A aplicação se dará, a princípio, após uma explanação

sobre a pesquisa com a apresentação do tema do trabalho, assim como as regras

de ética quanto ao sigilo, tempo de entrevista, autorização para gravação e o

feedback a eles ao final do resultado da pesquisa.

Entrevistados:

1. Pesquisadores Cooperado da UFMT;

2. Presidente e Diretor Administrativo da Cooperativa Coorimbatá;

4. Pequeno agricultor participante da rede e,

5. Diretor da Secretaria Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável

ROTEIRO DE ENTREVISTAS

Objetivos específicos a, b, c, d.

a) Descrever a dinâmica da rede de cooperação Coorimbatá.

Definição de rede de cooperação escolhida para este trabalho: Grupo de

organizações interdependentes que trabalham em conjunto para superar problemas

comuns em pontos que nenhuma delas seria capaz de resolver com eficiência

sozinha (CEGLIE; DINI, 1999; VERSCHOORE, 2006).

a.1 – Quais são os principais objetivos da Rede COORIMBATÁ? Esses objetivos

foram definidos em conjunto por todos os atores ou por alguns deles e apresentados

aos demais? São reconhecidos e aceitos por todos na rede? [Finalidade: Conhecer

o modo como os objetivos da rede foram formulados]

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a.2 – Existem muitos ou poucos contatos e trabalhos em conjunto entre os atores

para resolução de problemas da rede, introdução de novidades etc.? [Finalidade:

Identificar o nível de atividades coletivas entre os atores da rede]

a.3 – Em sua opinião os atores consideram as ações coletivas mais importantes que

as isoladas para soluções de problemas, trocas de conhecimentos e introdução de

novidades na rede? Pode dar exemplos? [Finalidade: Identificar a disposição dos

atores para realizar atividades coletivas na rede]

a.4 – Os atores da rede compartilham recursos para alcance dos objetivos coletivos

ou não? Até que ponto fazem isso? [Finalidade: identificar até que ponto os atores

compartilham recursos ao executar as atividades da rede]

a.5 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor (a) avalia a cooperação

na Rede Coorimbatá? Existe, não existe, há muita ou pouca cooperação? Acredita

que esse nível de cooperação ajuda ou atrapalha o surgimento de mudanças

benéficas e de soluções para os problemas da rede? [Finalidade: Identificar se o

nível de cooperação existente na rede favorece a implantação de inovações]

b) Identificar quais tipos de inovação (incremental e radical; de produto,

de processo, de marketing e organizacional) ocorrem na rede.

Definição de inovação escolhida para este trabalho: A implementação de um

produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou

um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de

negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (MANUAL

DE OSLO, 2005).

b.1 – Tem havido muitas ou poucas mudanças e novas ideias (exemplificar, se

necessário para o sujeito o tipo de mudança: produtos, processos, formas de

comercialização, organização e gestão) na Rede Coorimbatá? [Finalidade: chamar a

atenção do entrevistado para a ocorrência de inovações na rede]

b.2 – O senhor poderia falar como se dá a criação de novos conhecimentos,

processos e soluções? Os atores discutem e criam dentro da rede ou buscam essas

soluções fora dela? Nesse último caso, onde são buscados? [Finalidade: investigar a

origem interna ou externa das inovações]

b.3 – Pedir para o entrevistado indicar em ordem decrescente quais atores trazem

mais novas ideias e soluções para o grupo: (pesquisadores, pescadores, pequenos

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empresários, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia, Secretaria da

agricultura, etc., conforme a visão dele). [Finalidade: hierarquizer em ordem

decrescente os atores mais inovadores]

b.4 – Alguma dessas mudanças e soluções modificou totalmente o que era feito

antes ou houve apenas pequenas melhoras no que já estava sendo feito na rede?

Pode dar exemplos de pequenas e grandes mudanças? [Finalidade: investigar a

ocorrência de inovações incrementais e radicais na rede].

b.5 – Entre as mudanças e soluções introduzidas na Rede, o Sr (a) poderia

identificar os seguintes tipos:

b5.1 Produtos: tem havido criação ou aperfeiçoamentos de produtos pelos

atores da rede. Exemplos

b5.2 Processos: tem havido criação ou aperfeiçoamentos nos modos de

fabricar ou estruturar produtos e serviços? Exemplos

b5.3 Marketing: tem havido criação ou aperfeiçoamentos nos modos de

comercializar ou divulgar os produtos e serviços da rede? Exemplos

b5.4 Organizacional: tem havido criação ou aperfeiçoamentos nas maneiras

de gerenciar e conduzir a cooperativa? Exemplos [Finalidade: caracterizar as

inovações da rede segundo a tipologia do Manual de Oslo]

b.6 – Na opinião senhor (a), essas mudanças e soluções são pouco ou muito

importantes para a sobrevivência e a evolução da rede? [Finalidade: investigar a

visão que o entrevistado tem sobre a importância das inovações na rede]

c) Descrever a influência da variável confiança no processo de

inovação da rede estudada;

Definição de confiança escolhida para este trabalho: Como uma predisposição

em que as pessoas colocam-se na dependência do outro de várias formas, como a

expor seu problema ou soluções, solicitar ajuda, dispor de seus recursos,

compartilhando conhecimento e inovação, minimizando o comportamento

oportunista (INKPEN e TSANG, 2005).

c.1 – O senhor percebe que os participantes confiam uns nos outros e trocam

informações, contam seus problemas e dificuldades entre eles todos ou isso não

acontece? [Finalidade: Obter uma ideia geral da confiança existente entre os atores

da rede]

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c.2 – Como o senhor (a) percebe a confiança entre os atores da rede (intensa ou

não; só para alguns assuntos; irrestrita etc.)? É uniforme entre todos ou há

subgrupos ou ‘panelinhas’? [Finalidade: Caracterizar a confiança de acordo com

intensidade e uniformidade na rede]

c.3 – O senhor pode contar algum caso, ou situação em que alguém do grupo

confiou em outro e essa pessoa se aproveitou dessa confiança para obter benefício

próprio? Se existem essas situações, como são tratados? Existem punições?

[Finalidade: identificar a ocorrência de oportunismo na rede]

c.4 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor (a) avalia a confiança na

Rede Coorimbatá? Existe, não existe, há muita ou pouca confiança? Acredita que

esse nível de confiança ajuda ou atrapalha o surgimento de mudanças benéficas e

de soluções para os problemas da rede? [Finalidade: verificar se o nível de

confiança existente na rede favorece o surgimento e a aplicação de inovações]

d) Descrever a influência da variável comprometimento no processo de

inovação da rede estudada.

Definição de comprometimento escolhida para este trabalho: Disposição de

uma pessoa para ações coletivas sem colocar o benefício próprio à frente do

interesse do grupo, implicando fazer sacrifícios para manter e desenvolver uma

relação estável (ANDERSON; WEITZ, 1992).

d.1 – Existe na rede muitas situações nas quais um ator se empenha em trabalhar

pelo grupo sem ganhar nada com isso ou essas situações tendem a ser raras? Já

houve casos em que um parceiro arcou com custos ou esforços próprios para que

houvesse ganhos coletivos? [Finalidade: identificar o nível de comprometimento dos

atores com o todo da rede da qual fazem parte]

d.2 – Conte um pouco como é a participação das pessoas nas atividades

desenvolvidas pelo grupo. Elas estão sempre dispostas e empenhadas para as

atividades da rede, ou preferem atuar individualmente? [Finalidade: identificar o nível

de comprometimento dos atores com seus pares]

d.3 – O senhor (a) tem observado situações em que as pessoas desse grupo

sempre fazem o que prometem ou tem acontecido mais de prometerem e não

cumprirem? [Finalidade: identificar o nível de comprometimento dos atores com as

tarefas a serem cumpridas por eles na rede]

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d.4 – Após as perguntas feitas neste bloco, como o senhor (a) avalia o

comprometimento na Rede Coorimbatá? Existe, não existe, há muito ou pouco

comprometimento? Acredita que esse nível de comprometimento ajuda ou atrapalha

o surgimento de mudanças benéficas e de soluções para os problemas da rede?

[Finalidade: verificar se o nível de comprometimento existente na rede favorece o

surgimento e a aplicação de inovações]

e) Consolidação entre os blocos de questões

e.1 – O senhor (a) acredita que os níveis de confiança e de comprometimento

existentes na rede ajudam a melhorar a cooperação na rede? [Finalidade: identificar

se a confiança e o comprometimento são indutores da cooperação nessa rede]

e.2 – Em sua opinião, a cooperação na rede estudada facilita ou atrapalha o

surgimento de mudanças benéficas e de soluções para os problemas da rede?

[Finalidade: verificar se o nível de cooperação existente na rede favorece o

surgimento e a aplicação de inovações]

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Apêndice B – Roteiro para observação direta

a. Postura geral

A proposta é acompanhar as assembleias e reuniões festivas da rede nas quais a

maioria dos atores participa, observando: certos fenômenos de forma direta e sem

interferir nos discursos dos participantes. Mediante autorização, as reuniões serão

gravadas, registradas e transcritas de acordo com os objetivos específicos desse

projeto, mantendo-se o autor do trabalho sempre neutro para que não seja

introduzido nenhum viés na pesquisa.

b. Observação dos participantes

- Quantidade de pessoas presentes

- Interação entre os participantes e com quem está comandando a reunião

- Conteúdo das comunicações

- Facilidade ou dificuldade de obtenção de consenso

- Participação e atitudes dos participantes

- Nível de entrosamento dos participantes

- Grau de liberdade para expressar ideias e sentimentos

- Consideração de pontos de vista diferentes

- Nível de troca de ideias (alto-baixo)

- Sinais de interdependência cooperação

c. Clima da reunião

- Agradável e amistoso

- Interessante e produtivo

- Tenso, com sinais de hostilidade

- Desinteressante

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Apêndice C – Principais trabalhos oriundos da bibliometria que complementam

a base teórica

Autor Fonte Título da Obra Palavras- chaves Conceitos e resultados relevantes para a pesquisa

SCHREIBER D. et al. (2013).

Revista Eletrônica de Administração, Porto Alegre, Edição 76, N° 3, p. 767-795, Set/Dez. 2013.

Posicionamento estratégico de MPE´s com base na inovação através do modelo hélice tríplice

Micro e Pequenas Empresas, Hélice Tríplice, Estratégia, Redes de Cooperação.

A conclusão do trabalho indicou que o posicionamento estratégico de empresas de pequeno porte configuradas em rede de cooperação permitiu o desenvolvimento de competências dentro do modelo de Hélice Tríplice, contribuiu de forma efetiva para a concepção de estratégias das organizações em rede, com foco na inovação de produtos e de processos.

TRAVAGLINI C. (2012).

Revista de Administração da USP, São Paulo, v.47, n.3, p.436-445, jul./ago/set. 2012.

A construção e reconstrução de capital social em empresas cooperativas sociais de multi-staheholders: uma abordagem dinâmica do sistema

Cooperativas Sociais, Capital Social, Multi-Stakeholder, Sistema Dinâmico, Empreendedorismo Social.

O trabalho concluiu que o capital social é um ativo importante no Terceiro Setor e, ao mesmo tempo, considera suas variáveis criadoras e propagadoras. A cooperação entre voluntários, clientes, líderes da comunidade e empreendimentos locais do Terceiro Setor é fundamental para o estabelecimento da confiança para manter contratos de longo prazo possibilitando-lhes aumentar a inovação.

VERSCHOORE J.; BALESTRIN A. (2008).

Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 12, n. 4, p. 1043-1069, Out./Dez. 2008.

Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul

Cooperação, Redes, Competitividade.

O trabalho indicou que a cooperação em redes se destacou como configuração organizacional alternativa. Os resultados obtidos confirmam a importância de fatores como aprendizagem e inovação; aumento de escala e de poder de mercado; e acesso a soluções.

BAIARDI A. (2008).

Revista Organizações & Sociedade, Bahia, v.15, n.45, Abr./Jun. 2008.

Competição e competição / cooperação

Competição, Cooperação

O trabalho é uma tentativa de encontrar um eixo comum baseado na relação entre a competição e a cooperação em arranjos produtivos locais e redes.

BEUREN I. et al. (2015).

Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 216-237, Mar./Abr. 2016.

Percepção de Justiça nos Sistemas de Controle Gerencial Aumenta Comprometimento e Confiança dos Gestores?

Justiça Organizacional; Sistemas de Controle Gerencial; Comprometimento dos Gestores; Confiança dos Gestores

O artigo objetiva verificar se a percepção de justiça em relação às dimensões dos Sistemas de Controle Gerencial aumenta o comprometimento e a confiança dos gestores. Concluiu-se que o comprometimento e a confiança dos gestores podem ser fatores preponderantes na diminuição de ações retaliatórias causadas pelo sentimento de injustiça organizacional.

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BARCELLOS P. et al. (2012).

Revista Portuguesa e Brasileira de Gestão, Rio de Janeiro, Out/Dez. 2012.

Insucesso em redes de cooperação

Redes, Cooperação, Insucesso, Estudo Multicasos.

O objetivo do trabalho foi identificar as possíveis causas que levaram algumas redes de cooperação a encerrarem suas atividades. As seis redes que integraram essa pesquisa faziam parte do Programa de Redes de Cooperação da Universidade de Caxias do Sul, o discurso dos respondentes indica que aspetos associados ao individualismo e à falta de confiança, comprometimento e liderança entre os membros estão entre os 12 motivos que levaram à extinção das redes.

WEBER B..; HEIDENREICH S. (2016).

International

Journal of

Innovation

Management, Vol.

20, Issue 7, p. 1-

29, 2 Diagrams, 3

Charts, Oct. 2016.

Improving innovation capabilities by cooperation: examining effects of core network management functions and relational mechanisms in the industrial goods sector.

Cooperação, Rede, Inovação.

Os resultados mostrados no artigo trazem modelagem de equações estruturais que fornecem evidências de que as funções de gerenciamento de rede melhoram significativamente a capacidade de inovação das empresas.

KAMALIAN A. et al. (2015).

International Journal of Management, Accounting & Economics, Vol. 2, Issue 3, p. 233-242, Mar. 2015.

Cooperation Networks and Innovation Performance of Small and Medium-Sized Enterprises (SMEs).

Redes de Cooperação, Inovação.

O artigo descreve como o relacionamento entre as pequenas e as médias empresas nos anos estudados favoreceu a inovação. Além disso, a cooperação vertical e horizontal com clientes, fornecedores e outros atores teve papel significativo e distintivo no processo de inovação das pequenas e médias organizações.

JELONEK D. (2016)

Scientific Papers

of Silesian

University of

Technology.

Organization &

Management,

Issue 90, p. 9-24,

2016.

Innovation networks identification of cooperation barriers.

Redes, Cooperação.

O trabalho tem como objetivo identificar as barreiras à cooperação em redes de inovação. O estudo mostrou que há barreiras mentais e barreiras relacionadas à experiência de cooperação ruim. A identificação de barreiras permite que as empresas mitiguem seus impactos negativos e possibilitem colaborações efetivas e bem-sucedidas.

SCHILLER M. (2015).

Global Business &

Economics

Anthology, Vol. 2,

p. 114-125, 12p.

Dec. 2015.

Innovation, knowledge, and cooperation: a survey of networks in Brazil.

Inovação, Cooperação.

O artigo mostrou que o propósito de uma rede de inovação é a troca de conhecimentos e experiências na cooperação entre parceiros. As conclusões da pesquisa mostram que o crescimento da cooperação aumentou 50% entre 2008 e 2011 no Brasil.

Page 99: Dissertação - Thiago Costa Campos - Programa de Mestrado em Administração · UNIVERSIDADE PAULISTA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO INOVAÇÃO EM REDES DE COOPERAÇÃO:

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PINTO H.; TERESA M.; FAUSTINO C. (2015).

Journal of

Technology

Management &

Innovation, Vol.

10, Issue 1, p. 83-

102, 20p. 2015.

knowledge and cooperation determinants of innovation networks: a mixed-methods approach to the case of Portugal.

Redes de inovação, Inovação.

O artigo traz um modelo que sublinha que os atores que utilizam tecnologias externas e promovem o conhecimento têm maior probabilidade de inovar. Do mesmo modo, os atores envolvidos em gestão e apoio ao empreendedorismo têm menor probabilidade de fazê-lo.

HOFFMANN M.; AMAL M.; MAIS I. (2011)

Revista de

Administração

Faces Journal,

Vol. 10, Issue 4, p.

64-85, 22p,

Oct/Dec. 2011.

Estratégia, estrutura e redes de cooperação: relações com uma capacidade de um conjunto de inovação têxtil.

Redes de cooperação, Inovação

O objetivo da pesquisa foi verificar como variáveis relevantes estão configuradas para a inovação em um clusters têxtil em Blumenau-SC, são abordadas três variáveis: a lógica estratégica que fundamenta as decisões da empresa; a estrutura e investimentos destinados às atividades voltadas à inovação; e a inserção em redes de cooperação. Os resultados demonstram que a lógica estratégica, a estrutura de investimentos e a inserção em redes de cooperação são baseadas em uma lógica de manutenção do paradigma vigente, refletida na capacidade de inovação das empresas investigadas.

GRETZINGER S.; HINZ H.; MATIASKE W. (2010).

Management

Revue, Vol. 21,

Issue 2, p. 193-

219, 27p, 2010.

Cooperation in innovation networks: the case of Danish and German SMEs.

Inovação, PME. O artigo mostra que a Informação é um recurso crítico no processo de inovação, e que as PME em particular são aconselhadas a recorrer a consultorias externas no processo de inovação, considerando que seus recursos internos são limitados frente às grandes empresas. Para promover as informações relevantes as PME recorrem ao setor Público que presta consultorias, no entanto, as informações mais relevantes no processo de inovação vem do contato direto com clientes e fornecedores.

XIE X.; ZENG S.; TAM C. (2010)

Innovation:

Management,

Policy & Practice,

Vol. 12, Issue 3, p.

298-310, 13p,

Dec. 2010.

Overcoming barriers to innovation in SMEs in China: A perspective based cooperation network.

Rede de Cooperação, Inovação.

Este trabalho revela que: a) a "falta de especialistas técnicos" é a barreira mais importante;; b) o 'cliente', o mais importante parceiro de cooperação; e c) a 'política fiscal preferencial’ é a mais favorável em termos de inovação para as PME.

RAMPERSAD G.; QUESTER, P.; THOSHANI, I. (2010).

Journal of

Business &

Industrial

Marketing, Vol. 25,

Issue 7, p. 487-

500,. 14p. 2010.

Examining network factors: commitment, trust, coordination and harmony.

Confiança, Comprometimento.

O objetivo deste artigo foi investigar o impacto de confiança e do comprometimento na harmonia e na coordenação da rede. Revela que a confiança tem impactos significativos sobre ambos, coordenação da rede e em sua harmonia.