dissertação de mestrado claudio de castro...
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CLAUDIO DE CASTRO FERREIRA
PREPARAÇÃO DE FASES ESTACIONÁRIAS FLUORADAS PARA
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA EM FASE REVERSA.
CAMPINAS
2014
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE QUÍMICA
CLAUDIO DE CASTRO FERREIRA
PREPARAÇÃO DE FASES ESTACIONÁRIAS FLUORADAS PARA
CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA EM FASE REVERSA.
ORIENTADORA: PROFA. DRA. ISABEL CRISTINA SALES FONTES JARDIM
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
APRESENTADA AO INSTITUTO DE
QUÍMICA DA UNICAMP PARA
OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE
EM QUÍMICA NA ÀREA DE QUÍMICA
ANALÍTICA.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA POR
CLAUDIO DE CASTRO FERREIRA, E ORIENTADO PELA PROFA. DRA. ISABEL CRISTINA
SALES FONTES JARDIM.
__________________________
Assinatura do Orientador
CAMPINAS
2014
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Dedico esse trabalho aos meus pais, Benigno e Terezinha, que muito contribuíram para meu sucesso. Também dedico aos meus irmãos Honorio e Daniel. Por fim, dedico a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para este trabalho.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e aos meus irmãos, pelo apoio e incentivo nessa
jornada.
À professora Isabel Jardim, pela paciência dedicação e exemplo de
profissional.
À banca, professores: Fabio Augusto, Sônia de Queiroz, Rosely
Barboza e Carol Collins.
Aos meus amigos, Jude, Lorruama, Pedro, Gizelle, Camila, Thaty,
Marllon, Roberto e Danila, pela imensa amizade.
Aos meus familiares, em especial, Bárbara, Marlene, Márcia, Maria,
Marília, Mariana, Ildene, Rosilene, Marilene, pelo apoio e incentivo.
Aos amigos que fiz em Campinas, Luana, Renata, Elisa, Carla, Gisele,
Pedro, Ligia, Marcelo, Rômulo, Sol e Marcos.
Aos amigos do LabCrom, Luana, Elisa, Karen, Renata N., Renata
M., Karen, Carla, Daniele, Cristiane,Fernanda, Lucília, Marcelo e
Elias.
Ao CNPq, CAPES e FAPESP, pela bolsa concedida e apoio financeiro.
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CURRICULUM VITAE
FORMAÇÃO ACADÊMICA
2008-2012 – Licenciatura Plena em Química, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Campus Petrolina, Petrolina-PE.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS
2011 - Monitor de físico-química, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Campus Petrolina.
2009 – 2010 - Estágio, Embrapa Semiárido, Petronila-PE.
INDICADORES DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Trabalhos Apresentados em Eventos Nacionais: 6
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Resumo
Preparação de Fases Estacionárias Fluoradas para Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência em Fase Reversa
Neste trabalho, prepararam-se fases estacionárias (FE) fluoradas capeadas
para utilização em Cromatografia Líquida de Alta Eficiência em Fase Reversa
(CLAE-FR). A preparação da FE consistiu na sorção do polímero poli(metil-3,3,3-
trifluorproprilsiloxano) (PMTFS) sobre sílica, tipo B, com tamanho de partícula de 5
μm, seguido de imobilização térmica a 226 oC, por 12 horas e extração com
diclorometano, a fim de eliminar o polímero não aderido ao suporte. A FE
imobilizada, Si(PMTFS), foi submetida à reação de capeamento com
trimetilclorossilano e hexametildissilaxano, para a redução dos grupos silanóis que
não foram recobertos pelo polímero. Testes físico-químicos e cromatográficos
comprovaram a eficiência da imobilização do polímero e do capeamento. O
desempenho cromatográfico da FE fluorada capeada, Si(PMTFS)ec, foi superior
ao da não capeada e os testes de Tanaka e colaboradores demonstraram que o
capeamento diminuiu a atividade silanofílica da FE e aumentou a sua
hidrofobicidade. A FE Si(PMTFS)ec apresentou o mecanismo "U-shape", pois se
observou o aumento da retenção de compostos básicos e polares em altas
porcentagens do modificador orgânico na fase móvel. As FE de Si(PMTFS)ec
apresentaram estabilidade química superior às FE não capeadas, porém, elas
mostraram-se mais instáveis que as FE C8, C18 preparadas no grupo. Embora a
estabilidade química à fase móvel em meio básica seja uma desvantagem, a
mesma possui o mecanismo "U-shape" que pode ser utilizado para aumentar a
retenção dos compostos básicos, sem o uso de condições drásticas de pH, além
de ser uma FE mais apropriada quando se emprega o espectrômetro de massas,
pois a alta concentração de solvente orgânico na fase móvel melhora a ionização
dos analitos, aumentando as suas detectabilidades. A FE Si(PMTFS)ec constitui
em uma alternativa bem sucedida para emprego em CLAE-FR, devido a sua
capacidade em separar vários tipos de compostos.
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Abstract
Preparation of a Fluorinated Stationary Phases for Reversed Phase High-
Performance Liquid Chromatography
In this work, end-capped fluorinated stationary phases (SP) for use in High-
Performance Liquid Chromatography on Reversed Phase (RP-HPLC) were
prepared. The preparation of the SP consisted in the sorption of the polymer
poly(methyl-3,3,3-trifluorproprilsiloxane) (PMTFS) onto type B silica, with particle
size of 5 µm, followed by thermal immobilization at 226 °C for 12 h and extraction
with dichloromethane to eliminate the polymer that had not interacted with the
support. The immobilized SP, Si (PMTFS), was subjected to an end-capping
reaction to reduce the silanol groups that were not covered by the polymer.
Physical-chemical and chromatographic tests were conducted to evaluate the
efficiency of the immobilization of the polymer and of the end-capping reaction. The
chromatographic performance of the end-capped fluorinated SP, Si (PMTFS)ec,
was greater than that of the non-end-capped phase. The Tanaka tests showed a
decrease in silanophilic activity and an increase in hydrophobicity. The Si
(PMTFS)ec SP showed a U-shaped mechanism, because of the observed
increase in retention of basic compounds at high percentages of the organic
component in the mobile phase. The Si (PMTFS)ec SP showed superior chemical
stability to non-end-capped SP, however, less stability than C8 and C-18 SP also
prepared by the group. Although chemical stability in alkaline mobile phase is a
disadvantage, it has a "U-shape" mechanism that can be used to increase the
retention of basic compounds without the use of drastic conditions of pH, and is
more appropriate for use with a mass spectrometer. Due to the high concentrations
of organic solvent in the mobile phase the ionization of the analytes is better,
increasing the detectability. The Si (PMTFS)ec SP can be used in RP-HPLC due to
its ability to separate various types of compounds.
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Sumário
Lista de Tabelas .................................................................................................... xxi
Lista de Figuras ................................................................................................... xxiii
1 Introdução ......................................................................................................... 1
1.1 Fases Estacionárias para Cromatografia Líquida ...................................... 2
1.2 Sílica .......................................................................................................... 2
1.3 Fases Estacionárias Quimicamente Ligadas ............................................. 3
1.3.1 Sílica Híbrida ....................................................................................... 5
1.3.2 Óxidos Mistos ...................................................................................... 6
1.3.3 Capeamento ........................................................................................ 6
1.3.4 Fases Poliméricas ............................................................................... 6
1.3.5 Fases Estericamente Protegidas ......................................................... 7
1.3.6 Fases Estacionárias com Grupos Polares Embutidos ......................... 8
1.3.7 Fases Estacionárias Bidentadas.......................................................... 9
1.4 Fases Estacionárias com Polímeros Sorvidos ou Imobilizados ............... 10
1.5 Fases Estacionárias Fluoradas ................................................................ 11
1.5.1 Cromatografia De Fluido Supercrítico ................................................ 15
1.5.2 Cromatografia Líquida Eletrocinética Micelar .................................... 15
1.5.3 Cromatografia de Íons ....................................................................... 16
1.5.4 Cromatografia Líquida Acoplada À Espectrometria De Massas ........ 16
1.6 Avaliação Cromatográfica das Colunas ................................................... 18
2 Objetivo ........................................................................................................... 19
2.1 Objetivos Específicos: .............................................................................. 19
3 Parte Experimental ......................................................................................... 21
3.1 Reagentes ................................................................................................ 21
3.2 Equipamentos .......................................................................................... 23
xviii
3.3 Coluna cromatográfica comercial ............................................................. 24
3.4 Suporte Cromatográfico ........................................................................... 24
3.5 Fase Estacionária Líquida ........................................................................ 25
3.6 Colunas Cromatográficas ......................................................................... 25
3.7 Polimento das colunas ............................................................................. 27
3.8 Preparo das Fases Estacionárias ............................................................ 27
3.8.1 Sorção da Fase Líquida ao Suporte .................................................. 28
3.8.2 Imobilização por Tratamento Térmico ............................................... 28
3.8.3 Extração do Polímero não Imobilizado .............................................. 29
3.8.4 Capeamento ...................................................................................... 30
3.9 Caracterização Físico-Química das Fases Estacionárias ........................ 32
3.9.1 Análise Elementar .............................................................................. 32
3.9.2 Área Superficial Específica, Volume Específico e Diâmetro de Poros
34
3.9.3 Espectrometria de Absorção no Infravermelho .................................. 34
3.9.4 Ressonância Magnética Nuclear de Silício 29 (29Si) ......................... 35
3.10 Enchimento da Coluna ............................................................................. 35
3.10.1 Recheio das colunas com a fase estacionária ................................... 36
3.11 Preparo das Fases Móveis ....................................................................... 38
3.12 Condicionamento das colunas ................................................................. 39
3.13 Avaliação Cromatográfica das Fases Estacionária .................................. 40
3.13.1 Mistura teste de Tanaka70 .................................................................. 41
3.14 Influência da Concentração do Solvente Orgânico na Fase Móvel .......... 44
3.15 Avaliação da Aplicabilidade da Fase Estacionária ................................... 46
3.15.1 Separação de Composto Fluorados .................................................. 47
3.15.2 Separação de agrotóxicos ................................................................. 48
3.15.3 Separação de Fármacos ................................................................... 49
3.16 Avaliação da Estabilidade Química .......................................................... 50
xix
4 Resultados e Discussão ................................................................................. 53
4.1 Caracterização Físico-Química ................................................................ 53
4.1.1 Espectroscopia de absorção no infravermelho .................................. 53
4.1.2 Ressonância Magnética Nuclear de Sílicio 29 ................................... 54
4.1.3 Determinação da área superficial, volume e diâmetro de poros ........ 58
4.1.4 Análise Elementar .............................................................................. 59
4.2 Caracterização Cromatográfica ................................................................ 60
4.2.1 Otimização da composição da fase móvel e da vazão de análise. .... 60
4.2.2 Análise da Mistura Teste 1 e 2 .......................................................... 62
4.2.3 Misturas teste de Tanaka .................................................................. 65
4.3 Influência da Concentração de Solvente Orgânico na Fase móvel .......... 71
4.4 Avaliação da Aplicabilidade da Fase Estacionária Fluorada .................... 76
4.4.1 Compostos Fluorados ........................................................................ 76
4.4.2 Separação de Agrotóxicos ................................................................. 78
4.4.3 Separação de Fármacos ................................................................... 79
4.5 Avaliação da Estabilidade Química da FE Si(PMTFS)ec ......................... 81
5 Conclusão ....................................................................................................... 85
6 Referências Bibliográficas .............................................................................. 87
xx
xxi
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Algumas fases estacionárias fluoradas comerciais. (Adaptado da
referência 55) ........................................................................................................ 13
Tabela 2-Características da sílica nua e das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. ...... 58
Tabela 3- Análise elementar das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec ......................... 59
Tabela 4 - Parâmetros cromatográficos obtidos na avaliação da FE Si(PMTFS)ec,
utilizando diferentes composições de fase móvel MeOH:H2O. ............................. 61
Tabela 5 - Parâmetros cromatográficos para os compostos presentes na MT1,
usando a FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. ............................................................. 63
Tabela 6 - Parâmetros cromatográficos para os compostos presentes na MT2,
usando a FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. ............................................................. 64
Tabela 7 - Parâmetros obtidos através do teste Tanaka em diferentes colunas. .. 67
Tabela 8- Características físico-químicos dos fármacos estudados, fonte:
DrugBanK77. .......................................................................................................... 72
Tabela 9- Tempo de retenção de alguns fármacos separados usando a FE
Si(PMTFS)ec e variando a porcentagem de acetonitrila de 50 a 90%, em tampão
fosfato a pH 2,7 e 7,6 ............................................................................................ 72
Tabela 10 - Parâmetros cromatográficos obtidos na separação de agrotóxicos
empregando a FE Si(PMTFS)ec. .......................................................................... 79
xxii
xxiii
Lista de Figuras
Figura 1 - Tipos de grupos silanóis e ligações siloxano na superfície da sílica
amorfa. .................................................................................................................... 3
Figura 2 - Estruturas presentes em uma típica fase estacionária monomérica
ligada C8 e capeada com o grupo trimetilsilano. (Adaptado da referência 5) ......... 4
Figura 3 - Ilustração da fase estacionária polimerizada verticalmente (A) e da fase
estacionária polimerizada horizontalmente (B). 2 .................................................... 7
Figura 4 - Ilustração da fase estacionária estericamente protegida.2 ...................... 8
Figura 5 - Ilustração da fase estacionária com grupo polar embutido.2 ................... 9
Figura 6 - Ilustração da fase estacionária bidentada.2 ............................................ 9
Figura 7 - Retenção "U-shape" de compostos básicos em fases estacionárias
fluoradas. Adaptado da referência 55 *Conteúdo orgânico da FM ........................ 14
Figura 8 - Estrutura química do polímero poli(metil-3,3,3-trifluropropilsiloxano). .. 25
Figura 9 - Representação esquemática da coluna cromatográfica utilizada no
estudo (a) porcas terminais; (b) redutor de volume; (c) manga com filtro; (d) corpo
da coluna. .............................................................................................................. 26
Figura 10 - Representação esquemática do sistema de polimento desenvolvido no
LabCrom................................................................................................................ 27
Figura 11 - Representação esquemática do sistema de imobilização térmica para a
FE. ......................................................................................................................... 29
Figura 12- Representação esquemática do sistema de extração do excesso de
polímero imobilizado. ............................................................................................ 30
Figura 13 - Sistema para a reação de capeamento da FE Si(PMTFS). ................ 31
Figura 15 - Representação esquemática do sistema de enchimento de coluna. .. 36
Figura 16 - Estruturas químicas dos compostos presentes na MT1. ..................... 40
Figura 17 - Estruturas químicas dos compostos presentes na MT2. ..................... 41
Figura 18 - Estruturas químicas dos compostos presentes na Mistura A de Tanaka.
.............................................................................................................................. 42
xxiv
Figura 19 - Estruturas químicas dos compostos presentes na Misutra B de Tanaka.
.............................................................................................................................. 43
Figura 20 - Estruturas químicas dos compostos presentes na Mistura teste C e D
de Tanaka. ............................................................................................................ 44
Figura 21 - Estruturas químicas dos compostos estudados para verificar o
mecanismo "U-shape" na FE Si(PMTFS)ec. ......................................................... 46
Figura 22- Estrutura química dos compostos fluorados estudados. ...................... 48
Figura 23 - Estruturas químicas dos agrotóxicos estudados. ................................ 49
Figura 24 - Estruturas químicas dos fármacos estudados. ................................... 50
Figura 25 - Espectros de absorção na região do infravermelho da sílica pura (SiO2)
e das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. ................................................................... 54
Figura 26 - Nomenclatura e deslocamentos químicos das espécies de silício por
RMN de 29Si. ......................................................................................................... 55
Figura 27 - Espectros de RMN de 29Si para a sílica pura e para as fases
estacionárias Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. ............................................................ 57
Figura 28 - Representação da curva de van Deemter, para a fase estacionária
Si(PMTFS)ec. ........................................................................................................ 62
Figura 29 - Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste A de Tanaka
usando as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: volume de
injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:H2O 80:20 (v/v), vazão: 0,300 mL min-1, detecção
UV: 254 nm e temperatura de 40°C. Identificação dos picos (A): 1 - uracila, 2- o-
terfenil, 3 - trifenileno, 4 -butilbenzeno, 5 - pentilbenzeno. .................................... 66
Figura 30 - Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste B de Tanaka,
usando as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: volume de
injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:H2O 30:70 (v/v), vazão: 0,300 mL min-1, detecção
UV: 254 nm e temperatura de 40°C. Identificação dos picos : 1 - uracila, 2 - fenol,
3 - cafeína. ............................................................................................................ 68
Figura 31 - Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste C (pH 2,7) de
Tanaka, usando as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas:
volume de injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:10 mmol L-1 KH2PO4/H3PO4 30:70
(v/v); vazão: 0,300 mL min-1, detecção UV: 254 nm e temperatura de 40°C.
Identificação dos picos (A): 1 - uracila, 2 -benzilamina, 3 -fenol............................ 69
xxv
Figura 32 - Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste D (pH 7,6)
de Tanaka para as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições
Cromatográficas:volume de injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:10 mM
KH2PO4/K2HPO4 30:70 (v/v), vazão: 0,300 mL min-1, detecção UV: 254 nm e
temperatura de 40°C. Identificação dos picos (A): 1 - uracila, 2 - fenol, 3 -
benzilamina. .......................................................................................................... 70
Figura 33 - Gráfico do tempo de retenção dos compostos ácidos, levofloxacina,
bromazepam e diazepam, em função da concentração de solvente orgânico, a pH
2,7 ......................................................................................................................... 73
Figura 34 - Gráfico do tempo de retenção dos compostos ácidos, levofloxacina,
bromazepam e diazepam, em função da concentração de solvente orgânico, a pH
7,6 ......................................................................................................................... 74
Figura 35 - Gráfico do tempo de retenção dos compostos básicos amitriptilina,
nortriptilina e fluoxetina, em função da concentração de solvente orgânico, a pH
2,7 ......................................................................................................................... 75
Figura 36 - Gráfico do tempo de retenção dos compostos básicos amitriptilina,
nortriptilina e fluoxetina, em função da concentração de solvente orgânico, a pH
7,6 ......................................................................................................................... 76
Figura 37 – Cromatogramas obtidos nas separações de difluorfenóis utilizando
colunas diferentes: A) coluna de dimensões (60 mm x 3,1 mm d.i) recheada com a
FE Si(PMTFS) adaptado da referência 49; B) coluna de dimensões (60 mm x 3,9
mm d.i) recheada com a FE Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: fase
móvel: A) ACN:H2O 20:80 (v/v) B) MeOH:H2O 35:65 (v/v), volume de injeção: 5µL,
vazão: 0,300 mL min-1, temperatura ambiente e detecção UV: 254 nm.
Identificação dos picos: 1 - 2,6-difluorfenol, 2 - 2,4-difluorfenol, 3 - 2,3-difluorfenol,
4 - 3,4-difluorfenol, 5 - 3,5-difluorfenol, *- impureza. ............................................ 77
Figura 38 - Cromatogramas obtidos nas separações de agrotóxicos usando
colunas diferentes: A) Si(PMTFS)ec dimensões (60 mm x 3,9 mm d.i) e B) C18
Nova Pak (150 mm x 4,6 mm d.i). Condições cromatográficas: fase móvel:
MeOH:H2O 45:55 v/v, volume de injeção: 5µL, vazão: 0,300 mL min-1, detecção
UV: 254 nm e temperatura ambiente. Identificação dos picos: 1- imazaquim, 2-
carboxim, 3- atrazina, 4-diurom, 5- linurom. .......................................................... 78
Figura 39 - Cromatogramas obtidos na separação de uma mistura de fármacos
usando colunas diferentes: A) Si(PMTFS)ec dimensões (60 mm x 3,9 mm d.i) e B)
C18 Nova Pak (150 mm x 4,6 mm d.i). Condições cromatográficas: fase móvel
MeOH:tampão formiato pH=3,0 55:45(v/v), volume de injeção: 5µL, vazão: 0,300
xxvi
mL min-1 , detecção UV: 254 nm e temperatura ambiente. Identificação dos picos:
1 - bromazepam, 2 - alprozalam, 3 - lorazepam, 4 - diazepam. ............................ 80
Figura 40 - Variação da porcentagem de eficiência do acenafteno obtida para a
FE Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1
K2CO/KHCO3 a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1, temperatura de 50 ºC
e detecção a 254 nm. ............................................................................................ 82
Figura 41 - Variação do fator de retenção (k) do acenafteno obtido para a FE
Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1
K2CO/KHCO3 a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1 temperatura de 50 ºC e
detecção a 254 nm. ............................................................................................... 83
Figura 42 - Variação do fator de assimetria (As10%) do acenafteno obtido para a FE
Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1
K2CO/KHCO3 a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1 temperatura de 50 ºC e
detecção a 254 nm. ............................................................................................... 84
1
1 Introdução
As fases estacionárias (FE) para cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE), em sua maioria, consistem de um suporte sólido, no qual se deposita um
líquido estacionário. Dependendo da polaridade do líquido estacionário, polar ou
apolar, têm-se, respectivamente, as FE normal e reversa. As colunas recheadas
com FE reversas são mais vantajosas, pois requerem o uso de fase móvel (FM)
menos tóxica e de menor custo, constituídas de uma mistura de solvente orgânico
e água, essas FE estabelecem um rápido equilíbrio químico após a mudança de
solvente, apresentam boa reprodutibilidade de tempo de retenção, possibilitam o
uso de eluição por gradiente, além de oferecerem uma série de colunas com
diversas seletividades. 1,2
A cromatografia líquida que utiliza colunas recheadas com fase estacionária
reversa é denominada de cromatografia líquida de alta eficiência em fase reversa
(CLAE-FR) e é considerada, entre as técnicas de separação, uma das mais
importantes, principalmente, para identificação e quantificação de compostos em
diversos tipos de amostras. A aplicação da CLAE-FR tem crescido de forma
contínua, nas seguintes áreas: indústria farmacêutica, medicina, alimentos,
polímeros sintéticos, meio ambiente, etc. 1,2
Cerca de 70% dos fármacos disponíveis no mercado apresentam caráter
básico e, comumente, são analisados porCLAE-FR. No entanto, alguns problemas
ocorrem na separação desses compostos que estão associados com a superfície
da FE. Na maioria das vezes, a FE em CLAE-FR é obtida através da modificação
da superfície da sílica com moléculas apolares por meio de uma reação química,
originando as fases estacionárias quimicamente ligadas (FEQL). No entanto,
somente 50% dos grupos reativos da sílica podem ser funcionalizados. Esses
grupos apresentam caráter ácido, o que leva os compostosbásicosa
interagiremfortemente por forças eletrostáticas, ocasionando picos largos e com
2
cauda. Em casos extremos, essa interação pode ser irreversível, acarretando a
deterioração da coluna.1–5
Diante dessa problemática, pesquisas no desenvolvimento de novas FE são
impulsionadas para remediar as desvantagens relacionadas às FE para CLAE-FR.
1.1 Fases Estacionáriaspara Cromatografia Líquida
Durante muitas décadas, a cromatografia líquida foi praticada utilizando
fases estacionárias mais polares e fases móveis menos polares, ou seja, a
cromatografia líquida por adsorção. Contudo, para separação de compostos de
média polaridade a apolares foi necessário o uso de fases estacionárias menos
polares e fases móveis mais polares, o que levou ao desenvolvimento da
cromatografia líquida de partição (líquido-líquido), na qual a FE é constituída de
um suporte sólido recoberto fisicamente com um filme líquido, apolar ou polar
originando a FE mecanicamente sorvida.As FE mecanicamente adsorvidas
mostraram-se ineficientes para o uso em CLAE, pois a FE sorvida era facilmente
lixiviada com a passagem da fase móvel. Esse fato impediu a obtenção de
análises reprodutíveis ou a separação de misturas complexas utilizando o modo
de eluição por gradiente.Essas restrições levaram ao desenvolvimento de fases
estacionárias mais estáveis, em que os grupos funcionais encontravam-se ligados
covalentemente sobre o suporte cromatográfico, quegeralmente é a sílica.2,6
1.2 Sílica
A sílica é o suporte cromatográfico mais utilizando em CLAE-FR, devido às
suas características favoráveis.Segundo Unger7o suporte cromatográficoideal
deve apresentar as seguintes características:as partículas do suporte devem ter
uma faixa estreita de distribuição de tamanho e elevada área superficial; os poros
3
devem ter tamanhos adequados para o analito e também boa conectividade para
permitir uma rápida taxa de transferência de massa; deve resistir termicamente,
mecanicamente e quimicamente à degradação, possuir uma superfície que seja
tanto energeticamente homogênea quanto quimicamente modificável e exibir o
mínimo de inchaço.
A sílica reúne a maioria das características descritas anteriormente, ela é
amplamente empregada, principalmente,devido a sua alta reatividade proveniente
dos grupos silanóis presentes na sua superfície.8–10
A superfície da sílica consiste de uma rede de grupos silanóis, alguns dos
quais podem formar grupos siloxanos ou ligações de hidrogênio entre si ou com a
água. A Figura 1 apresenta os grupos funcionais presentes na superfície da sílica.
Si
OO
O
OH
Isolado
Si
OO
O
OH
Si
O
O
OH
Vicinal
Si
OO
O O
H
H
Geminal
SiO
O O
O
Si
O O
O
Ligação siloxano
Figura 1 - Tipos de grupos silanóis e ligações siloxano na superfície da sílica amorfa.
Existem algumas restrições que a impedem de ser um suporte
cromatográfico perfeito, comoa baixa estabilidade química e térmica.
1.3 Fases Estacionárias Quimicamente Ligadas
AsFEQL, geralmente, são obtidas através da reação de silanização, nesse
método os reagentes silanos são ligados aos silanóis da superfície da sílica,
resultando em FE com ligações do tipo siloxanos(≡Si-O-Si-C≡).11
4
O agente silano pode ser mono, bi ou trifuncional edependendo da sua
funcionalidade e do método de preparação são obtidos as FE monoméricas ou
poliméricas. As FE clássicas para CLAE-FR geralmente são monoméricas e para
adquirir essas FE, os reagentes monofuncionais, bifuncionais ou trifuncionais são
utilizados na ausência de água.12
A concentração de silanóis na superfície da sílica nua é relatada em 8,0
µmol m-2.10Durante a modificação do suporte, somente cerca de 4 a 4,5 µmol m-2
dos silanóis reagem com os grupos funcionais.Esse fatoestá associado ao
tamanho dos grupos modificadores que sofrem impedimento estérico (Figura2).13
Figura 2-Estruturas presentes em uma típica fase estacionária monomérica ligada C8 e
capeada com o grupo trimetilsilano.(Adaptado da referência 5)
Os grupos silanóis que não reagiram durante a funcionalização do suporte,
denominados de silanóis residuais, interagem fortemente com os solutos básicos
(atividade silanofílica) devido ao caráter ácido da sílica, segundo a reação
química:
BH+SiO- SiO-BH+
5
Essa interação interfere na retenção dos compostos básicos, além de gerar
picos largos e com caudas.14 Uma forma de impedir a retenção dos compostos
básicos (BH+) é através da manipulação de pH do componente aquoso da FM,
que controla a ionização da sílica e do analito.
O pKa médio dos grupos silanóis é ao redor de 7, a supressão iônica dos
silanóis e a dissociação deles podem ser controladas utilizando tampões
inorgânicos ou orgânicos. A faixa de pH segura para trabalhoé entre 2,5 a 7,5 para
colunas típicas de CLAE-FR. Abaixo de pH 2, há a hidrólise da ligação Si-C,
ocorrendo a clivagem da fase orgânica ancorada sobre suporte cromatográfico.
Acima de pH 8, a dissolução da sílica é acelerada, resultando na perda do
suporte. 1,2,6,11
Para contornar o problema dos silanóis residuais e a baixa estabilidade
química da sílica, algumas sugestões são apresentadas, como o uso de partículas
híbridas e óxidos mistos que conferem ao suporte cromatográfico maior
resistência química, o uso de algumas alternativas para preparação de FE a fim de
aumentar a estabilidade e/ou reduzir a interação analito-silanol. Essas propostas
serão descritas a seguir.
1.3.1 Sílica Híbrida
A sílica híbrida, como próprio nome sugere, reúne em um único material,as
características favoráveis de dois materiais. Essa partícula contém grupos metil e
etileno incorporados na estrutura da sílica. A presença desses grupos confere
maior estabilidade química e redução das interações indesejáveis com os silanóis
residuais. No entanto, a diminuição dos grupos silanóis sobre a superfície da sílica
indica que há uma menor quantidade de grupos reativos responsáveis pelo
ancoramento dos grupos funcionais, resultando em uma menor densidade de
grupos orgânicos substituintes. 8,15,16,17
6
1.3.2 Óxidos Mistos
Nesses suportes cromatográficos, tem-se a combinação das propriedades
ótimas da sílica, como alta área superficial, faixa estreita de distribuição de
partículas e tamanho de poro adequado, com a alta estabilidade química e térmica
dos óxidos metálicos. As FE desenvolvidas sobre sílica metalizadas apresentam
estabilidade química superior às obtidas sobre sílica nua. No entanto, é valido
destacar que a introdução de metais no suporte aumenta seu caráter ácido,
promovendo maior interação com compostos básicos.2,18–24
1.3.3 Capeamento
É uma etapa subsequente ao processo de funcionalização da sílica.
Consiste na inserção de grupos menores como o trimetilsilano, utilizando
reagentes apropriados, como o trimetilclorossilano (TMCS) e/ou o
hexametildissilazano (HMDS). Através desse procedimento ocorre a redução dos
grupos silanóis residuais, aumentando o tempo de vida da FE e melhorando seu
desempenho cromatográfico. No entanto, parte dos silanóis residuais permanece
sem reagir.24–26
1.3.4 Fases Poliméricas
Uma alternativa para a preparação das fases estacionárias é a
polimerização vertical (Figura 3A), que consiste na ligação química de um agente
silano bifuncional (ou trifuncional) com os grupos silanóis na presença de água.
Essas FE apresentam alta resistência em meio ácido e básico. Contudo, a
presença de água leva a uma reação de entrecruzamento incontrolável, o que
7
confere pouca reprodutibilidade no preparo da FE. Para melhorar a
reprodutibilidade das fases poliméricas, as fases estacionárias com polimerização
horizontal foram desenvolvidas (Figura 3B). O método consiste em ligar sobre as
partículas de sílica uma monocamada auto-organizada de agentes silanos
trifuncionais de cadeia longas (C8, C18) e curtas (C1). Através desse método se
obtem uma FE de alta estabilidade química. No entanto, não há dados na
literatura relativos à sua reprodutibilidade. 2,6,27
(A)
(B)
Figura 3 - Ilustração da fase estacionária polimerizada verticalmente (A) e da fase estacionária polimerizada horizontalmente (B). 2
1.3.5 Fases Estericamente Protegidas
Nas fases estacionárias estericamente protegidas (Figura 4), o agente
silano contém um grupo alquil de cadeia longa (C8,C18) e dois grupos volumosos
(isopropil ou terc-butil). Esses grupos volumososimpedem o acesso de analitos
básico aos grupos silanóis. Todavia, a presença de grupos volumosos dos
agentes silanos prejudica a formação de uma cobertura densa sobre o suporte,
sendo esse recobrimento inferior às FEQL convencionais.28,29
8
Figura 4 - Ilustração da fase estacionária estericamente protegida.2
1.3.6 Fases Estacionárias com Grupos Polares Embutidos
Neste tipo de fase estacionária (Figura 5), o agentealquilsilano apresenta
um grupo polar embutido (GPE), como amida, carbamato, uréia, tiocarbamato,
inserido no terceiro grupo metila da cadeia alquila.Esse tipo de FE mantém o
caráter de FE em modo reverso, mas apresenta seletividade diferenciada àquelas
FE puramente alifáticas, além de diminuir a interação analito-silanol.
Basicamente quatro mecanismos são propostos para explicar a baixa
interação entre os solutos básicos e os silanóis residuais: há uma interação
preferencial dos analitos com os GPE; os silanóis residuais e o GPE interagem por
ligação de hidrogênio, bloqueando o acesso do composto aos grupos silanóis
residuais; forma-se uma camada de água sobre a superfície do GPE, em que o
analito, preferencialmente, interage com “FE encharcada”e, ocorre interação, por
ligação de hidrogênio, entre os GPE de cadeias adjacentes, blindando o
acessodos analitos aos grupos silanóis.2,26,28
9
Figura 5 - Ilustração da fase estacionária com grupo polar embutido.2
1.3.7 Fases Estacionárias Bidentadas
São usualmente preparadas através de uma reação química em que dois
grupos silanóis são ligados a um agente silano que contém dois grupos C18
ligados a dois átomos de silício separados por um grupo propil (Figura 6). Esse
tipo de fase restringe o acesso de solutos básicos aos grupos silanóis, além de
aumentar sua estabilidade química, permitindo o uso de fase móvel a pH 11.
Entretanto, esse tipo de fase ligada com grupos volumosos, apresenta baixo
recobrimento da camada orgânica decorrente do impedimento estérico.2,28–30
Figura 6 - Ilustração da fase estacionária bidentada.2
10
De um modo geral, muitas das propostas apresentadas anteriormente ainda
apresentaram baixo recobrimento do silanóis residuais.
1.4 Fases Estacionárias com Polímeros Sorvidos ou Imobilizados
Uma alternativa para se obterfases estacionárias para CLAE-FR é através
do recobrimento da superfície da sílica com polímeros orgânicos pré-sintetizados
sobre a superfície da sílica.31–33Esse método demonstra-se atrativo, devido à suas
inúmeras vantagens em relação as FE convencionais, como:2,34
Melhora a proteção dos silanóis residuais ou sítios ácidos de Lewis
(presentes em suportes baseados em sílica, zircônia, titânia ou alumina);
Minimização das interações por troca iônica com alguns solutos;
Proteção mais eficiente do suporte frente à fase móvel em meio básico;
Fácil preparação;
Há uma variedade de polímeros com distintas seletividades para as
diversas modalidades da cromatografia (fase reversa, troca iônica,
quiral,fase normal, exclusão por tamanho, afinidade e cromatografia de
interação hidrofílica).
As FE com determinado polímero imobilizado sobre um suporte
cromatográfico são, normalmente, preparadas de duas formas: através da
sorção/imobilização do polímero pré-sintetizado ou pela polimerização in situ do
monômero sobre o suporte.35
Como resultado desses métodos, o polímero depositado sobre a superfície
da sílica pode formar uma fina camada ou/e preencher completamente o volume
dos poros. Em ambos os casos, o polímero pode estar recobrindo as paredes dos
11
poros (por adsorção) sem entrecruzamento entre as cadeias do polímero ou, em
condições apropriadas, a cadeia polimérica pode também formar umacamada
grossa entrecruzada sem ligação química. As cadeias do polímero ainda podem
se ligar quimicamente às paredes dos poros.2
O grupo de pesquisa do LabCrom, (Laboratório de Pesquisas em
Cromatografia Líquida) do Instituto de Química da Unicamp, vem, há mais de
25anos,dando atenção às FE recobertas com polissiloxanos, sendo que já foram
estudados vários métodos de imobilização, bem como polímeros de
seletividadedistintas. Dentre os métodos de imobilização estudados têm-se: a
imobilização por tratamento térmico (TT)21,24,36–38, por radiação micro-ondas
(RM)37,39–41 e por radiação gama(RG)32,42–44.
Entre os polímeros estudados, têm-se o poli(metiloctilsiloxano)
(PMOS)36,37,43, poli(dimetilsiloxano)(PDMS)45,46, poli(metiloctadecilsiloxano)
(PMODS)45, poli(metiltetradecilsiloxano) (PMTDS)47, poli(metilfenilsiloxano)
(PMPS)48,o copolímero dimetil-(48-52%)fenilmetil(52-48%)siloxano49, o poli(3,3,3-
metiltrifluorpropilsiloxano) (PMTFS)50,51 e o polibutadieno (PBD)44.
Neste trabalho estudou-se a fase estacionária fluorada(PMTFS) devido às
suas propriedades únicas conforme descrito a seguir. O intuito desse estudo foi
aprimorar o desempenho cromatográfico da FE, bem como sua estabilidade
química.
1.5 Fases Estacionárias Fluoradas
Os compostos organofluorados apresentam propriedades únicas, em
virtude da presença dos átomos de flúor. Suas propriedades são governadas pela
alta eletronegatividade e baixa polarizabilidade do flúor, o que confere um caráter
mais iônico na ligação C-F, em baixo conteúdo de flúor na cadeia. Dessa
maneira, os compostos organofluorados oferecem maior estabilidade térmica
12
equímica, além de elevada lipo e hidrofobicidade. Algumas dessas propriedades
são exploradas no desenvolvimento de fases estacionárias fluoradas, uma vez
que oferecem muitas vantagens comparadas às FE convencionais C8 e C18.52–54
Desde a sua introdução na década de 1980, as pesquisas com fases
fluoradas foram direcionadas como alternativas de seletividade e retenção na
modalidade da cromatografia em fase reversa. No mercado, já existe um número
significativo de FE fluoradas disponíveis(Tabela 1).Essas fases, geralmente,
contém um grupo pentafluorfenil ou uma cadeia alquila fluorada de tamanhos
diferentes.55 Algumas das principais diferenças entre as fases fluoradas e não
fluoradas foram observadas, como:55–63:
1. Os hidrocarbonetos apresentam baixa retenção em FE fluoradas;
2. Compostos fluorados exibem maior retenção em FE fluoradas do que em
FE não fluoradas;
3. Uma mistura de compostos fluorados pode ser separada em uma fase
fluorada, de acordo com o conteúdo de flúor da FE;
4. Misturas contendo compostos fluorados e não fluorados podem ser
resolvidas em fase fluorada;
5. Alto conteúdo de solvente orgânico na fase móvel pode aumentar a
retenção de muitos compostos polares e básicos;
6. Fases fluoradas melhoram o desempenho de muitas técnicas
cromatográficas incluindo a Cromatografia de Convergência, Cromatografia
Líquida Micelar, Cromatografia de Íons, Eletrocromatografia e
Cromatografia Líquida acoplada à Espectrometria de Massas;
13
Tabela 1- Algumas fases estacionárias fluoradas comerciais. (Adaptado da referência 55)
Marca Fornecedor Fase Ligada Tamanho de Partícula
Fluorflash FTI C8F17 5
FluorSep-RP Octyl ES C8F17 5
Fluofix Wako C6F13-ramificada 5
Thermo
5
Fluophase RP/WP Thermo C6F13 5
Tridecafluoro Silicycle C6F5 3,5
FluorSep-RP Phenyl ES
3,5
Fluophase PFP Thermo
5
Discovery F5 HS Supelco
3,5
PentaFluorphenyl Silicycle
FluoroSep-RP Propyl ES C3F7 5
Fluorchrom Silicycle Não especificado 3,5
As diferenças entre as FE fluoradas e não fluoradas indicam que o
mecanismo de separação para as FE fluoradas não ocorre por interação simples
como na modalidade em fase reversa.55Os mecanismos que regem as separações
nas FE fluoradas ainda não foram claramente definidos, entretanto, muitos deles
têm sido propostos e alguns serão descritos a seguir.26
Os compostos fluorados são preferencialmente retidos em colunas
fluoradas, em comparação com as colunas alquila. Esse comportamento é muitas
vezes atribuído à intensidade do momento dipolo da ligação C-F ou/e à baixa
polarizabilidade do átomo de flúor. A seletividade das colunas fluoradas
comparada com a das colunas alquila pode ser explicada, pelo menos em parte,
como consequência da baixa polarizabilidade do ligante flúor. Menor
polarizabilidade indica interações via forças dispersivas reduzidas, que mostra
como consequênciaa baixa retenção de composto apolares e maior retenção de
compostos fluorados.64
As fases fluoradas têm um perfil de retenção denominado “U-shape” (Figura
7). Na parte esquerda do gráfico os solutos básicos decrescem sua retenção como
14
o aumento do conteúdo orgânico (metanol ou acetonitrila) na fase móvel, segundo
comportamento típico em fase reversa. Contudo, depois do ponto mínimo do
gráfico, os compostosbásicosaumentam a sua retenção com o aumento do
conteúdo de solvente (80-90%) na fase móvel, fazendo com quea retenção na
parte direita do gráfico seja similar a de fase normal. Esse mecanismo ainda está
sob investigação. Uma possível explicação é que, quando a fase móvelpossui alta
concentração de solvente orgânico, a fase estacionária fluorada torna-sesolvatada
e os silanóis residuais ficam mais disponíveis para interagirem com os compostos
básicos por troca iônica. Esse mecanismo mostra-se favorável quando se
empregam detectores como espectrômetros de massas, pois o aumento da
porcentagem de solvente orgânico na fase móvel facilita a ionização dos
compostos.26
Figura 7 - Retenção "U-shape" de compostos básicos em fases estacionárias fluoradas. Adaptado da referência 55 *Conteúdo orgânico da FM
Essa nova classe de fases estacionárias permite aplicações em outros
modos da cromatografia líquida (CL), como cromatografia de fluido supercrítico,
CL micelar, cromatografia de íons e CL acoplada à espectrometria de massa.
15
1.5.1 Cromatografia De Fluido Supercrítico
É uma boa substituição à cromatografia líquida em fase normal,
especialmente para separação de compostos polares. Essa modalidade apresenta
várias vantagens em comparação ao modo normal, como, não utiliza solventes de
alta toxicidade (hexano, clorofórmio, etc.), proporciona separação rápida com alta
eficiência e tempo de reequilíbrio curto. O solvente usado nessa modalidade é
diferente do da CL, no qual se utiliza o fluido supercrítico, um fluido denso que se
situa acima da temperatura e pressão crítica e apresenta caraterísticas
intermediárias entre a fase líquida e gasosa.65
Um trabalho publicado pelo grupo de Lee66demostrou a eficiência das
colunas fluoradas, pois a mesma foi capaz de separar 80 componentes de uma
mistura em comparação a coluna C18.
1.5.2 Cromatografia Líquida Eletrocinética Micelar
É uma excelente alternativa para cromatografia de par iônico e para solutos
iônicos.67 Essa modalidade apresenta várias vantagens, incluindo separação
simultânea de compostos iônicos e não iônicos com retenções reprodutíveis e
previsíveis. No entanto, quando comparado com cromatográfica líquida em modo
reverso, existem algumas desvantagens: (1) os compostos hidrofóbicos
apresentam retenção excessiva devido ao poder de eluição fraco da fase móvel
micelar quando se usam fases estacionárias com poros convencionais; (2)
eficiências reduzidas, devido a baixa transferência de massa ou ao fluxo
anisotrópico.
Com o usou de fases estacionárias fluoradas nesse modo, foi observado a
redução do tempo de retenção de aminoácidos e de pequenos peptídeos e maior
retenção de sulfonamidas.68
16
1.5.3 Cromatografia de Íons
Essa técnica é utilizada para análise de componentes aniônicos e
catiônicos.Ela é especialmente empregada na análise de amostras ambientais de
água para determinar íons comuns como F-, Cl-, Br-, I-, NO3-, SO4
2- e HPO42-.
Colunas C18 de modo reverso e carbono grafitizado recoberto com
cetiltrimetilamônio são as principais colunas usadas para cromatografia de íons.
Para análise desses ânions, muitas vezes, se utiliza um surfactante catiônico.
Dessa forma, o grupo de pesquisa de Helaleh desenvolveu um método que
emprega coluna C18 recoberta com um surfactante aniônico com conteúdo
fluorado. Como resultado, obtive-se boa reprodutibilidade e bons limites de
detecção.55
1.5.4 Cromatografia Líquida Acoplada À Espectrometria De
Massas
Nas últimas décadas, essa técnica se tornou uma ferramenta importante na
análise de rotina em laboratórios de diversos campos da ciência. Na análise de
compostos farmacêuticos, em que 70% dos mesmos são básicos, utilizando CL
em modo reverso, ocorrem interações indesejáveis com os silanóis residuais.
Para solucionar tal problema, emprega-se a supressão iônica, utilizando tampões
ou aumentando o conteúdo aquoso da fase móvel para aumentar a retenção dos
compostos básicos. Esses métodos nãos são compatíveis com um espectrômetro
de massas, podendo danificá-lo ou diminuir o limite de detecção do mesmo. 69
A descoberta da retenção “U-shape” para compostos polares e básicos em
fases estacionárias fluoradas tem sido uma solução ideal, pois a alta concentração
de solvente orgânico na fase móvel, aumenta a retenção desses compostos, além
de facilitar na ionização dos mesmos.55
17
O grupo de pesquisa de cromatografia líquida do LabCrom, desenvolveu FE
baseadas em polímeros de diferentes seletividades, inclusive polímeros fluorados,
estudados por Maldaner e Jardim50,51.
O polímero utilizado no presente estudo foi o poli(metil-3,3,3-
trifluorproprilsiloxano) (PMTFS), o mesmo usado no trabalho deMaldaner e
Jardim50,51que empregaram o tratamento térmico (TT) e a radiação micro-ondas
(RM) como procedimentos de imobilização. Para a FE Si-(PMTFS)TTas condições
de imobilização otimizadas foram de 10 horas a 220 °C, enquanto que para
Si(PMTFS)RM foram 50 min a 126 °C, 91,7% mais rápido. Contudo, quando se
usa a potência RM, para a imobilização, é necessária uma etapa adicional de seis
dias para descanso da FE pós-imobilização. Os dois modos de preparo
apresentaram boas eficiências e fatores de assimetria adequados para o
naftaleno, acetonafteno e N,N-dimetilanilina.
Testes cromatográficos, como o de Tanaka e colaboradores70 são usados
para avaliar a hidrofobicidade da FE, a capacidade de diferenciar compostos
apenas pelo seu grupo metila e sua configuração espacial, sua disposição de
interagir por ligação de hidrogênio e capacidade de fazer troca iônica em pH ácido
ou alcalino. As FE Si(PMTFS)TT e Si(PMTFS)RM se mostraram capazes de
separar alquilbenzenosque se diferenciavam entre eles apenas pelo grupo metila
e pela sua configuração espacial, mas evidenciou interações de hidrogênio e troca
iônica em pH básico. Esses resultados comprovam que não houve um
recobrimento adequado do suporte cromatográfico, isto é, os grupos silanóis
residuais interagiram fortemente durante a avaliação destes testes. Outro
problema que a FE apresentou foi a sua baixa resistência química frente a FM
com pH acima de 8. Uma boa alternativa para remediar esses problemas é fazer a
reação de capeamento.
18
1.6 Avaliação Cromatográfica das Colunas
Com a quantidade expressiva de colunas cromatográficas com
seletividades e tamanho de partículas diferentes, há dificuldade na escolha de
uma coluna ideal para determinada aplicação. Dessa forma, utiliza-se um conjunto
de artifícios para caracterizar ascolunas, a fim de obtereminformações mais
apuradas sobre o comportamento cromatográfico da mesma frente a diversas
condições e classes de analitos.
Segundo Neue et al.60, existem, no mínimo, 3 atributos das FE para CLAE-FR que
são relevantes para as propriedades de retenção: a hidrofobicidade, a seletividade
estérica e a atividade silanofílica. Através da caracterização cromatográfica é
possível adquirir informações sobre as interações físico-químicas discretas entre
os compostos em análise e a FE. A caracterização cromatográfica pode ser obtida
a partir da avaliação de parâmetros cromatográficos como71: fator de retenção (k),
eficiência da coluna (Pratos/metros), fator de assimetria a 10% da altura do pico
(As) e resolução (Rs), calculados após a análise cromatográfica dediversos tipos
de misturas teste como a de Tanaka e colaboradores70.
19
2 Objetivo
O objetivo desse trabalho foi preparar fases estacionárias fluoradas com
bom desempenho cromatográfico e estabilidade química. Para atingir este objetivo
após o preparo da fase Si(PMTFS) imobilizadas por tratamento térmico submeteu-
aà reação de capeamento, obtendo a FE Si(PMTFS)ec.
2.1 Objetivos Específicos:
Caracterizar físico e quimicamente as FE para comprovar a eficiência da
imobilização e da reação de capeamento;
Caracterizar cromatograficamente as FE capeadas e não capeadas, a fim
de obterem dados relativos aos benefícios do capeamento;
Verificar a presença do mecanismo U-shape na FE Si(PMTFS)ec;
Avaliar a aplicabilidade da FE Si(PMTFS)ec em separar classes distintas de
compostos, como fluorados, agrotóxicos e fármacos;
Avaliar a estabilidade química da FE Si(PMTFS)ec frente a FM em meio
básico.
20
21
3 Parte Experimental
3.1 Reagentes
2,3-difluorfenol, 95%, Aldrich
2,4-difluorfenol, 98%, Aldrich
2,6-difluorfenol , 95%, Aldrich
3,4-difluorfenol, 99%, Aldrich
3,5-difluorfenol, 99%, Aldrich
Acenafteno, 99%, Aldrich
Acetofenona, 99%, Vetec
Acetonitrila, grau HPLC, Tedia
Ácido fosfórico, 85%, Nuclear
Ácido nítrico p.a., Synth
Água deionizada, Mili-Q, Milipore
Alprazolam, adquirido da Medley
Amitriptilina 99%, Aldrich
Atrazina, 97,7% adquirido da Novartis
Benzeno p.a., Synth
Benzilamina, 99%, Merck
Benzonitrila, Riedel-de Haen
Bicarbonato de sódio, 99%, Ecibra
Bromazepam, adquirido da Medley
Butilbenzeno, 98%, Merck
Cafeína, 100% USP, Aldrich
22
Carboxim, 99,0% adquirido da BASF
Cianazina,98%, adquirido da Cyanamid
Diazepam, adquirido da Medley
Diclorometano p.a., Tedia
Diurom, 99,3%, adquirido da Du Pont
Etilbenzeno, Merck
Fenol, 99%, Aldrich
Fluoxetina, adquirido da Medley
Fosfato de dipotássio dibásico anidro, 99%, Synth
Fosfato de potássio monobásico anidro, 99%, Synth
Hexametildissilazano, 99%, Aldrich
Hexano, grau HPLC, Tedia
Hidróxido de sódio, 97%, Ecibra
Imazaquim, 99,4% ChemService
Isopropanol p.a. Tedia
Levofloxacina, adquirido da Medley
Linurom, 99,5%, adquirido da Hoescht
Lorazepam, adquirido da Medley
Metanol grau HPLC, Tedia
N,N-dimetilanilina, 98%, Fluka
Naftanelo, reagente puro Carlo Erba
Nortriptilina, 98%, Sigma
O-terfenila, 995, Merck
Pentilbenzeno, 98%, Merck
23
Propilbenzeno, 98%, Aldrich
Tetraidrofurado, grau HPLC, Tedia
Tolueno p.a., Merk
Trifenileno, 98%, Fluka
Trimetilclorossilano, 98%, Aldrich
Uracila, 98%, Aldrich
3.2 Equipamentos
Agitador magnético, Corning modelo PC351
Agitador roto-torque, Cole-Parmer modelo 7637-01
Agitador Vórtex, Phoenix modelo AP56
Analisador elementar, Perkin-Elmer modelo 2400
Analisador termogravimétrico, TA instruments modelo TGA-2050.
Balança analítica, Fischer Scientific modelo A-250, precisão de 0,0001g
Banho ultrassom, Thornton modelo T14
Bomba para enchimento de colunas, Haskel modelo 51769
Centrífuga, Fischer Scientific modelo 225
Cromatográfo a líquido, Shimadzu, composto de uma bomba de alta
pressão, Shimadzu modelo LC-10 AD; detector UV-Vis , Shimadzu modelo
SPD-10A utilizado em λ = 254 nm; válvula de injeção (alça de amostragem
de 5 µL), Rheodyne modelo 8125; os dados foram adquiridos e
processados empregando o software ChromPerfect for Windows 3.52 e
Report Write Plus (Justice Innovations)
Cromatógrafo a líquido, Shimadzu, equipado com uma bomba de alta
pressão, Shimadzu modelo LC-10AD, detector UV-Vis, Shimadzu modelo
SPD-10ª utilizado em λ = 254 nm; forno de coluna CTO-10AS; injetor
automático SIL-10AD e um sistema controlador SCL-10A. Os dados foram
adquiridos e processados empregando o software CLASS-VP da Shimadzu
24
Espectrômetro de absorção no infravermelho, Perkin-Elmer modelo FTIR
1600
Espectrômetro de ressonância magnética nuclear, Varian modelo INOVA
500
Estufa à vácuo, Yamato modelo ADP21
Forno tubular, EDG modelo 10P-S
pHmetro, Digimed modelo DM 21
Porosímetro, Micromeritics ASAP 2010
Sistema de deionização de água, Milli-Q plus, Millipore
Sistema para extração do excesso de polímero, composto por uma bomba
cromatográfica Waters modelo 510
3.3 Coluna cromatográfica comercial
Coluna analítica C18 Nova Pak, capeada, fabricada pela Waters, tamanho
de partícula 5 µm, comprimento de 150 mm, diâmetro interno de 3,9 mm.
3.4 Suporte Cromatográfico
Como suporte cromatográfico foi utilizado a sílica porosa Kromasil®, tipo B,
forma esférica, área superficial de 295 m2g-1, tamanho de partícula médio de 5 µm,
tamanho de poro 11,5 nm e lote 5052.
25
3.5 Fase Estacionária Líquida
Como fase estacionária líquida foi utilizado o polímero poli(metil-3,3,3-
trifluorpropilsiloxano) (PMTFS), produzido pela Gelest, Inc.®, lote 3C-2623, código
215-547-1015.Este polímero apresenta viscosidade de 1000 cSt. Sua estrutura
química está mostrada na Figura 8.
Si OCH3
CH3
CH3
Si
CH2
CH3
O
CH2
Si
CF3
CH3
CH3
CH3
Figura 8 - Estrutura química do polímero poli(metil-3,3,3-trifluropropilsiloxano).
3.6 Colunas Cromatográficas
O material utilizado para construir as colunas cromatográficas é de
fundamental importância, pois pode comprometer o desempenho cromatográfico
durante uma separação. Para resistir as altas pressões aplicadas pelas bombas
cromatográficas, assim como apresentar resistência química aos solventes
orgânicos utilizados como fase móvel, as colunasempregadasneste trabalho foram
constituídascom aço inoxidável 316, sem costura. Este material é descrito como
rígido e com força mecânica apropriada para as condições em que será
submetido.
Tomando como base a equaçãoque calcula a eficiência da coluna, é
possível observar que o tamanho da coluna é de fundamental importância para a
obtenção de boas eficiências.Colunas maiores apresentam maiores eficiências, no
26
entanto, o tempo de análise é superior àquelas de menores tamanhos. Em geral,
colunas curtas são utilizadas em separações simples.72
Outro fator que influencia no desempenho da coluna é seu diâmetro
interno.Colunas de diâmetros internos maiores amplificam a capacidade de
aceitação de amostra, bem como a vazão da fase móvel. Entretanto, o aumento
do diâmetro leva a picos mais largos, o que gera piora na detectabilidade.72
Para economia do material utilizado para o desenvolvimento das FE, foram
utilizadas colunas com comprimento de 60 mm e diâmetro interno de 3,9 mm.
Essas colunas foram confeccionadas na oficina mecânica da UNICAMP, a partir
de tubos de aço inoxidável 316, sem costuras. A coluna é seguida por
acessórios:2 mangas com filtros, 2 redutores de volume, 2 porcas terminais e 2
tampas são conectadasem cada uma das extremidades. O esquema da coluna
está apresentado na Figura 9.
Figura 9-Representação esquemática da coluna cromatográfica utilizada no estudo (a) porcas terminais; (b) redutor de volume; (c) manga com filtro; (d) corpo da coluna.
Os tubos adquiridos apresentavam superfície interna rugosas, dessa forma
se fez necessário o uso do método de polimento utilizado no grupo de pesquisa
LabCrom.73
27
3.7 Polimento das colunas
Para o polimento da superfície interna da colunafoi utilizado a técnica
desenvolvida no LabCrom.73 O procedimento consiste em fixar em um mandril
uma haste de ferrode diâmetro interno menor que o tubo da coluna envolto com lã
de aço e pasta de polimento com partículas abrasivas e passá-lo, inúmeras vezes,
em movimentos exaustivos de sobe e desceatravés do tubo da coluna (Figura 10).
Esse processo foi repetido até a obtenção de uma superfície interna lisa e perfeita.
Após o polimento, os tubos foram lavados com detergente e água. Finalmente, a
coluna foi deixada em ácido nítrico 50% (v/v) por 24 horas e lavada com água e
etanol.
Figura 10-Representação esquemática do sistema de polimento desenvolvido no LabCrom.
3.8 Preparo das Fases Estacionárias
As fases estacionárias foram preparadas empregando as etapas de sorção
e imobilização do polímero na sílica nua, seguido da extração do polímero não
imobilizado.
28
3.8.1 Sorção da Fase Líquida ao Suporte
O preparo foi baseado no trabalho publicado por Maldaner e Jardim50 que
descreveram o desenvolvimento da FE Si(PMTFS) imobilizada termicamente.
Antes da etapa de imobilização foi feito o procedimento de sorção. É valido
ressaltar que a etapa de imobilização é indispensável, pois aumenta a intensidade
da interação do polímero com o suporte, evitando a lixiviação do mesmo com a
passagem de fase móvel.
Primeiramente, a sílicaKromasil foi seca a 140 ºC por no mínimo 12 horas,
para a sua ativação. Em um béquer foram pesadosaproximadamente 1,13 g de
PMTFS, com ajuda de uma pipeta de Pauster, e em seguida foram adicionados 11
mL de diclorometano para obter uma solução 10%(m/v). Subsequentemente, foi
adicionado 1,0 g de sílica seca.Essas massas foram pesadas para alcançar a
proporção de 53% de PMTFS e 47% de sílica, quantidade necessária para o
preenchimento completo dos poros da sílica.
A solução foi mantida sob agitação em capela por 3 horas e deixada na
mesma por 6 dias para a evaporação do solvente e para a obtenção da fase
estacionária sorvida. Depois das etapas iniciais, a FE sorvida foi submetida ao
tratamento térmico para promover a máxima interação do polímero com a sílica.
3.8.2 Imobilização por Tratamento Térmico
A FE sorvida foi transferida para tubos de aço inoxidável(comprimento 100
mm e diâmetro interno 10mm) e conectada a umforno tubular, de maneira a obter
um fluxo de nitrogênio através do tubo, como mostrado na Figura 11.O tempo e a
temperatura de imobilização foram de 226 °C por 12 horas, condições nas quais
se obtiveram maior porcentagem de carbono imobilizada, bem como melhores
29
valores dos parâmetros cromatográficos.50Para alcançar a temperatura desejada,
o programador foi ajustado para um aquecimento gradual, isto é,a taxa de
aquecimento programada foi de 5 °C por minuto.Após a imobilização, o polímero
não imobilizado foi extraído.
Figura 11- Representação esquemática do sistema de imobilização térmica para a FE.
3.8.3 Extração do Polímero não Imobilizado
O excesso de polímero que não interagiu com a sílica foi extraído para não
comprometer o desempenho cromatográfico da fase estacionária, decorrente da
redução da velocidade de transferência de massa do soluto entre a fase
estacionária e a fase móvel. Bombas de alta pressão, tipo recíproca de pistão
duplo (Water modelo 486) foram utilizadas, empregando o diclorometano como
solvente extrator.O solvente foi bombeado por 4 horas em uma vazão de 0,5 mL
30
min-1através da fase estacionária contida em tubos de aço inoxidável(comprimento
100 mm e diâmetro interno 10mm), como mostrado na Figura 12. Após o período
de extração, a fase estacionária foi retirada do tubo de aço inoxidável, transferida
para um béquer e recoberto com papel alumínio com pequenos furos, para
secagem.
Figura 12- Representação esquemática do sistema de extração do excesso de polímero imobilizado.
3.8.4 Capeamento
A reação de capeamento foi feita nas fases estacionárias após a
imobilização do PMTFS sobre a sílica, com o intuito de reduzir os grupos silanóis
residuais, isto é, diminuir os silanóis que não foram recobertos pelo polímero.
Primeiramente, a fase Si(PMTFS), imobilizada termicamente, foi seca a
120ºC por 12 horas. Cerca de 5,0 g da FE foram transferidas para um balão de
31
fundo redondo e acrescentado 100 mL de tolueno anidro(seco em peneira
molecular).Respectivamente, foram adicionados 35 mL de hexametildissilazano e
o 15 mL de trimetilclorossilano. A reação foi mantida em refluxo por 48 horas a
110°C (Figura 13). Após este tempo, foi obtida a fase estacionária Si(PMTFS)
capeada, simbolizada por [Si(PMTFS)ec].
A FE Si(PMTFS)ec foi lavada com 20 mL de tolueno, 20 mL de isopropanol,
20 mL de metanol:água (50:50 v/v) para a remoção dos resíduos dos reagentes.A
FE capeada foi transferida para um béquer e seca em estufa por 6 horas a 110 °C
para a evaporação dos solventes.
Figura 13- Sistema para a reação de capeamento da FE Si(PMTFS).
32
3.9 Caracterização Físico-Química das Fases Estacionárias
Amostras de FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec foram coletadas e
caracterizadas físico e quimicamente para comprovar a imobilização do polímero
sobre a sílica, bem como verificar se a reação de capeamento foi efetiva. As
técnicas utilizadas para caracterização físico-químicas e seus procedimentos
serão descritos a seguir.
3.9.1 Análise Elementar
A análise elementar foi utilizada para adquirir informações a respeito da
porcentagem de carbono que foi imobilizado sobre a FE, bem como a quantidade
de carbono inserida após a reação de capeamento.
A análise elementar foi realizada no Analisador de Carbono, Hidrogênio e
Nitrogênio da marca Perkin Elmer, modelo 2400. Foram pesados cerca de 2 a 3
mg da amostra em uma cápsula de estanho. A cápsula de estanho que continha a
amostra foi levada ao aquecimento à temperatura elevada, 900-1200 ºC. Durante
o aquecimento a matéria orgânica foiconvertida em gases como CO2, NOx e
vapores de H2O, que por sua vez foram reduzidos a CO2, N2 e H2 com ajuda de
uma catalisador de cobre. A medição foi feita por condução térmica que fornece
dado a respeito da quantidade de carbono, hidrogênio e nitrogênio na amostra. As
análises foram feitas em triplicata, a porcentagem foi obtida com um erro de 1%,
inerente ao equipamento.74
Através das informações adquiridas sobre a porcentagem de carbono do
PMTFS da FE imobilizada, bem como os grupos trimetilsilanos inseridos na
mesma, foi calculado a espessura do filme do polímero na superfície do suporte.
33
Sabendo-se que o PMTFS contém 31% (m/m) de carbono, as porcentagens
de carbono obtidas por análise elementar foram convertidas em massa específica
do PMTFS (m PMTFS retido) sobre a sílica pela Equação1.
m PMTFS retido =
Equação (1)
A massa específica do PMTFS nos poros da sílica, m PMTFS poros_cheios,foi
obtida a partir do volume específico de poros da sílica,νp sílica, e da densidade do
PMTFS, p PMTFS, conforme a Equação 2.
m PMTFS poros_cheios = νp sílica (mL/g) x p PMTFS (g/mL) Equação (2)
Assumindo-se que os poros da sílica têm diâmetro (d) constantes e que o
recobrimento do PMTFS é caracterizado por uma espessura de camada de
polímero (Ƭ) constante nas paredes dos poros do suporte, esta pode ser calculada
a partir das porcentagens de carbono pela Equação3.
τ = (√
)
Equação (3)
O valor de F (fração do polímero imobilizado) foi determinado a partir da
Equação 4:
F =
Equação (4)
34
3.9.2 Área Superficial Específica, Volume Específico e Diâmetro
de Poros
Para determinar as propriedades da superfície e dos poros foi utilizado um
método em que as medidas se baseiam nas isotermas de adsorção e dessorção
de nitrogênio.
Inicialmente, o material foi colocado em uma estufa, que se encontrava a
temperatura de 120 ºC,e foi mantida por 24 horas sob vácuo, para
desgaseificação a amostra.A área superficial foi calculada de acordo com o
método deBrunaer,Emmett,Teller (BET).75 Para a obtenção do tamanho e volume
de poros, utilizou-se o método Barret, Joyner e Halenda (BJH)76que foi
desenvolvido em 1951. Estes métodossão utilizados até hoje para execução
desses cálculos.77
3.9.3 Espectrometria de Absorção no Infravermelho
Os espectros de absorção na região do infravermelho foram obtidos para
sílica pura e para FE Si(PMTFS) antes e após o capeamento.
Os espectros de absorção na região do infravermelho (IV) foram obtidos na
região de 400 a 4000 cm-1, com resolução de 4 cm-1 e uma taxa de 20 varreduras
por minutos. Os espectros das amostras de sílica e das FE, imobilizadas e
capeadas, foram obtidos pesando-se as amostras de FE e do suporte
35
cromatográfico com brometo de potássio (KBr), numa proporção de
10:1(KBr:Amostra) para formar pastilhas homogêneas.
3.9.4 Ressonância Magnética Nuclear de Silício 29 (29Si)
Os espectros de RMN 29Si e 13C com CP/MAS (polarização cruzada
segundo rotação em ângulo mágico) foram obtidos em um espectrômetro Bruker
400 MHz Anvacell, usando um rotor de zircônia, em velocidade de rotação de
3500 Hz, contendo amostras de 200 mg. O tempo de contato foi de 5 ms e o
intervalo entre os pulsos de 1,5 s. O alargamento de banda usado foi de 30 Hz e a
largura espectral para todos os espectros foi de aproximadamente 25 kHz.
Os espectros foram obtidos para a sílica pura e para as FE Si(PMTFS) e
Si(PMTFS)ec, como o intuito de identificar as funcionalidades dos grupos silanóis
e os tipos de ligações, através dos espectros de RMN de 29Si.
3.10 Enchimento da Coluna
A suspensão da fase estacionária foi preparada em um solvente adequado
denominado de solvente de suspensão, que possui duas funções: impedir que as
partículas da fase estacionária se aglomerem e evitar sedimentação das mesmas.
O solvente empregado foi o tetraidrofurano, utilizadopor apresentar melhores
resultados comparado a outros solventes que também foram estudados
(acetonitrila, metanol, isopropanol).
Foi pesado cerca de 1,0 g de FE Si(PMTFS)ec e transferida para um tubo
de ensaio e depois foram adicionados cerca de 20 mL de tetraidrofurano para
formar uma suspensão de 5 % (m/v). A suspensão de 10% (m/v) também foi
usada, no entanto, a proporção de 5 % (m/v) mostrou melhor resultado. O tubo de
36
ensaio com a suspensão foi agitado usando um agitador roto-torque, por um
período mínimo de 12 horas.
3.10.1 Recheio das colunas com a fase estacionária
O sistema utilizado para o recheio das colunas está apresentado,
esquematicamente, na Figura 15.
Figura 14- Representação esquemática do sistema de enchimento de coluna.
As colunas foram recheadas com as FE preparadas utilizando uma bomba
pneumática Haskel para pressurizar o sistema. O procedimento de enchimento
está descrito passo a passo da seguinte forma:
Primeiramente, foi observado se o reservatório de solvente (1) estava
devidamente preenchido, pois este recipiente, preferencialmente, deve ser
37
mantido sempre cheio. O metanol foi o solvente propulsor para o enchimento de
colunas e caso o reservatório estivesse vazio,fazia-se o abastecimento com
metanol previamente filtrado.
Etapas sucessivas para o enchimento:
1. Fechar a válvula do solvente (4), abrir a válvula do nitrogênio e, em
seguida, abrir a válvula de segurança(9).
2. Fechar a válvula de controle de pressão do gás nitrogênio (3) até alcançar a
pressão de 6000 psi (41,4 MPa).
3. Conectar na parte inferior do reservatório de suspensão (6) a coluna
(7).Equipar a extremidade oposta àquela que a coluna está conectada ao
reservatório de suspensão, com seus acessórios, mangacom filtro, redutor
de fluxo e porcas, para evitar a perda da FE durante o enchimento.
4. Transferir a suspensão de fase estacionária (5) para o reservatório (6) e
completar o volume do reservatório com metanol e imediatamente fechar a
sua entrada superior.
5. Abrir a válvula do solvente (4) e deixar passar 80 mL do solvente propulsor.
A medição foi feita utilizando uma proveta(8)na saída do reservatório de
suspensão, posterior a coluna que estavaconectada ao sistema.
6. Fechar a válvula do solvente (4) após a passagem de 80 mL de metanol.
7. Desconectar a coluna do reservatório e imediatamente conectar os
acessórios remanescentes da coluna na extremidade que estava conectada
no sistema de enchimento.
8. Fechar, em sequência, as válvulas de controle de pressão do gás (3), de
segurança (9) e de nitrogênio (2).
Como o enchimento é uma etapa difícil de controlar, para adquirir uma
coluna com excelentes eficiências e bons fatores de assimetria, vários recheios de
coluna com a FE foram feitos até a obtenção de parâmetros cromatográficos
aceitáveis.
38
Para o esvaziamento das colunas utilizou-se o mesmo sistema de
enchimento acoplando a coluna sem os acessórios em sua extremidade inferior,
para permitir a saída da FE contida no interior da coluna. O reservatório de
suspensão foi completado com metanol e a extremidade superior foi fechada. O
procedimento 1 e 2 foram usados, no entanto, a pressão utilizada foi de 3000 psi.
A FE foi coletada em um béquer quando a válvula do solvente foi aberta.
Para melhorar a qualidade do enchimento cromatográfico algumas medidas
devem ser tomadas. O reservatório de enchimento deve estar sempre limpo, livre
de poeira, resto de FE e outros solventes. Então, fez-se a limpeza do aparelho
com metanol e secagem com nitrogênio. Outro cuidado a ser tomado é a limpeza
interna da coluna e dos filtros. Normalmente, utiliza-se água, sabão e material
macio, como cordão de algodão, para a limpeza da superfície interna da coluna.
Os filtros foram lavados com diclorometano em ultrassom para solubilizar o
polímero que pode obstruir os filtros, etambém,com metanol para retirada da
sílica, sendo que em cada procedimento eles foram deixados no mínimo 30
minutos em banho de ultrassom. Casos extremos em que os filtros estavam
obstruídos foi feita a lavagem utilizando ácido nítrico 10% (v/v), deixando-os
imersos durante 12 horas em solução ácida. Após a lavagem ácida, os filtros
foram lavados com água deionizada, exaustivamente, para a eliminação total do
ácido.
3.11 Preparo das Fases Móveis
Todos os solventes utilizados no preparo da fase móvel foram filtrados em
uma membrana Durapore®, 0,22 µm de poro, 47 mm de diâmetro, hidrofílica
(GVWP04700, Millipore) para eliminar as impurezas sólidas.
Os volumes dos solventes que compõem a fase móvel foram medidos,
individualmente, com ajuda de uma proveta e, sequencialmente, misturados e
39
desgaseificados. Rotineiramente, as fases móveis foram desgaseificadas em
banho de ultrassom por 30 minutos, para evitar bolhas no sistema cromatográfico
que podem comprometer a repetibilidade nas retenções, bem como uma possível
danificação no sistema.
Para os testes prévios realizados para estabelecer as melhores condições
para uma boa separação, foram preparadas fases móveis com metanol e água
nas proporções de 50:50, 55:45, 60:40 e 70:30 (v/v). Outras fases móveis foram
feitas de acordo com a necessidade ou para seguir um protocolo de análise
descrito na literatura.
3.12 Condicionamento das colunas
O condicionamento é usado para eliminar todos os vestígios dos solventes
usados no enchimento da coluna e do polímero da FE que não ficou devidamente
ancorado. O condicionamento também é usado para que a FE entre em equilíbrio
com a fase móvel para se ter repetibilidade nos tempos de retenção dos
compostos eluídos. Para o procedimento, a coluna foi conectada a uma bomba
cromatográfica, mas sem acoplar ao detector para evitar a obstrução das
tubulações na entrada e saída do detector e a contaminação da cela de detecção.
O método de condicionamento foi feito logo após o enchimento, passando-
se a fase móvel MeOH:H2O 50:50 (v/v) em uma vazão de 0,300 mL min-1, durante
2 horas. A coluna foi conectada ao detector para verificar a linha de base e caso
houvesse variação na linha de base durante a passagem da fase móvel, o
condicionamento era refeito.
40
3.13 Avaliação Cromatográfica das Fases Estacionária
Após o recheio da coluna com a FE Si(PMTFS)ec foi necessário
estabelecer as condições ótimas de proporção de metanol:água na FM e da vazão
da FM, que apresentassem parâmetros cromatográficos aceitáveis segundo a
literatura71,78. Esse estudo foi realizado avaliando uma mistura de compostos
como características distintas, contidas nas misturas testes 1 e 2.
A mistura teste 1 (MT1)foi utilizada para medir a seletividade e a
hidrofobicidade da FE e é composta de solutos polares (acetofenona 20 mg L-1) e
apolares (benzeno 2 mg L-1, tolueno 2mg L-1 e naftaleno 100 mg L-1).Com esta
mistura foram avaliados os parâmetros cromatográficos como eficiência (para o
naftaleno), fator de assimetria (para o naftaleno) e resolução (entre todos os
compostos). As estruturas dos compostos da MT1 estão mostrados na Figura 16.
NH
NH
O
O
Uracila
O CH3
Acetofenona
Benzeno
CH3
Tolueno
Naftaleno
Figura 15-Estruturas químicas dos compostos presentes na MT1.
A mistura teste 2 (MT2) é constituída de uracila, fenol (200 mg L-1), N,N-
dimetilanilina (80 mg L-1), naftaleno(60 mg L-1) e acenafteno (200 mg L-1), cujas
estruturas químicas estão apresentadas na Figura 17. Esta mistura foi usada para
estimar a acidez da FE, assim como a sua polaridade, pois é constituída por
compostos ácidos (fenol), básicos (N,N-dimetilanilina) e neutros (naftaleno e
acenafteno). Através desta mistura foram avaliados os parâmetros
41
cromatográficos como eficiência(para acenafteno e naftaleno), fator de
assimetria(para N,N-dimetilanilina, acenafteno e naftaleno) e resolução(entre
todos os compostos). A uracila foi adicionada nas misturas teste para a obtenção
do tempo de retenção de um composto não retido pela fase estacionária ou tempo
de retardamento da fase móvel, tM, que é uma parâmetro essencial para a
realização dos cálculos de vários parâmetros cromatográficos.
NH
NH
O
O
Uracila
OH
Fenol
NCH3 CH3
N,N-dimetilanilina
Naftaleno
Acenafteno
Figura 16-Estruturas químicas dos compostos presentes na MT2.
As duas misturas foram preparadas e avaliadas em FM metanol:água nas
proporções 50:50, 55:45, 60:40, 70:30 v/v. A coluna que apresentou melhores
parâmetros cromatográficos, posteriormente, foi avaliada segundo os protocolos
de Tanaka e colaboradores70. A descrição desse teste encontra-se a seguir.
3.13.1 Mistura teste de Tanaka70
Os testes de Tanaka são compostos de 4 misturas que fornecem
informações a respeito da hidrofobicidade da FE, seletividade metilênica eestérica,
capacidade de ligação de hidrogênio e capacidade de troca iônica em meio ácido
e básico. Todas as misturas foram avaliadas a temperatura de 40 ºC, empregando
42
uma vazão ótima de fase móvel de 0,3 mL min-1 e detecção a 254 nm. As misturas
e suas respectivas fases móveis foram:
Mistura (A): uracila, butilbenzeno, pentilbenzeno, o-terfenila e trifenileno.
FM: metanol:água, 80:20 (v/v);
Mistura (B): uracila, cafeína e fenol. FM: metanol:água 30:70 (v/v);
Mistura (C): uracila, benzilamina e fenol. FM: metanol:20 mmol L-1 de
K2HPO4/KH2PO4 pH 7,6, 30:70 (v/v);
Mistura (D): uracila, benzilamina e fenol. FM: metanol: 20 mmol L-1 de
KH2PO4/H3PO4 pH 2,7, 30:70 (v/v).
As estruturas químicas dos compostos presentes na Mistura A de Tanaka,
estão mostrados na Figura 18.
NH
NH
O
O
Uracila
Butilbenzeno
Pentilbenzeno
o-terfenila
Trifenileno
Figura 17-Estruturas químicas dos compostos presentes na Mistura A de Tanaka.
A hidrofobicidade da FE é medida de acordo com o fator de retenção do
pentilbenzeno (kpentilbenzeno), esse valor depende somente da quantidade de
polímero imobilizada sobre a sílica. A seletividade metilênica é medida pela razão
dos fatores de retenção do pentilbenzeno e do butilbenzeno,
43
αCH2=kpentilbenzeno/kbutilbenzeno, pois esses alquilbenzenos se diferenciam entre si
apenas pelo grupo metila.
A seletividade estérica é medida pela razão entre os fatores de retenção do
trifenileno e do o-terfenila, αT/O=ktrifenileno/ko-terfenil, que se diferenciam apenas pela
sua configuração espacial.
A capacidade de ligação de hidrogênio é obtida pela razão entre os fatores
de retenção da cafeína e do fenol, αC/F=kcafeína/kfenol. Essa medida expressa o
número de silanóis disponíveis para formarem ligações de hidrogênio com os
constituintes da amostra.As estruturas químicas dos compostos presentes na
Mistura B de Tanaka, estão mostrados na Figura 19
.
NH
NH
O
O
Uracila
N
N
CH3
O
CH3
O
N
N
CH3
Cafeína
OH
Fenol
Figura 18 - Estruturas químicas dos compostos presentes na Misutra B de Tanaka.
A capacidade de troca iônica em meio básico é medida pela razão entre os
fatores de retenção da benzilamina e do fenol em pH 7,6, αB/F=kbenzilamina/kfenol.O
valor obtido é uma estimativa da atividade silanofílica total da FE. As estruturas
químicas dos compostos presentes na Mistura C e D de Tanaka, estão mostrados
na Figura 20.
44
NH
NH
O
O
Uracila
NH2
Benzilamina
OH
Fenol
Figura 19-Estruturas químicas dos compostos presentes na Mistura teste C e D de Tanaka.
A capacidade de troca iônica em meio ácido é medida pela razão entre os
fatores de retenção da benzilamina e do fenol em pH 2,7, αC/F=kcafeína/kfenol. O valor
obtido é uma estimativa da acidez dos grupos silanóis residuais.
3.14 Influência da Concentração do Solvente Orgânico na Fase
Móvel
Em uma separação de compostos básicos e polares utilizando uma coluna
fluorada, a quantidade do componente orgânico na fase móvel influencia
diretamente na retenção desses compostos. O pH do conteúdo aquoso da fase
móvel tem relação direta com o aumento da retenção, principalmente, para os
compostos básicos.
Para o estudo dessas duas variáveis, conteúdo orgânico e pH do meio
aquoso, foram preparadas, separadamente, duas séries de fases móveis, sendo
que em cada série o conteúdo aquoso da fase móvel foi tamponado em meio
ácido ou básico.
45
Série 1 (meio ácido):
FM: acetonitrila:10 mmol L-1 de KH2PO4/H3PO4pH 2,7, 50:50; 60:40; 70:30;
80:20; 90:10 (v/v).
Série 2(meio básico) :
FM: acetonitrila:10 mmol L-1 de K2HPO4/KH2PO4pH 7,6, 50:50; 60:40; 70:30;
80:20; 90:10 (v/v).
Para a análise do mecanismo U-shape, foi avaliado,individualmente, o
tempo de retenção da amitriptilina (10 mg L-1), nortriptilina (10 mg L-1), fluoxetina
(10 mg L-1), lexofloxacina (10 mg L-1), bromazepam (10 mg L-1) e diazepam (10 mg
L-1) em cada proporção de fase móvel dasduas séries. As condições
cromatográficas utilizadas foram: temperatura ambiente, detecção UV-Vis 220 nm,
empregando uma vazão de 0,3 mL min-1.As estruturas químicas dos compostos
usados nesses estudos estão mostrados na Figura 21.
46
N
Amitriptilina
NH
Nortriptilina
F3C
O NHCH3
Fluoxetina
NH
N
N
Br
O
Bromazepam
N
N
O
N
CH3 F
O
OH
O
CH3
Levofloxacina
NN
O
CH3
Cl
Diazepam
Figura 20- Estruturas químicas dos compostos estudados para verificar o mecanismo "U-shape" na FE Si(PMTFS)ec.
3.15 Avaliação da Aplicabilidade da Fase Estacionária
Para avaliar a aplicabilidade das fases estacionárias fluoradas realizaram-
se as separações de compostos fluorados, agrotóxicos e fármacos. As misturas
foram preparadas em concentrações suficientes para que houvesse avaliação
qualitativa dos compostos.
O desempenho da fase estacionária preparada [Si(PMTFS)ec] foi
comparado com o de uma coluna comercial, do tipo C18 Nova Pak®, 5 µm.
47
Primeiramente injetaram-se os compostos individualmente, para a obtenção
dos seus tempos de retenção e, posteriormente, preparou-se uma mistura dos
compostos em fase móvel de força cromatográfica inferior às fases móveis de
análise e fizeram-se as injeções das misturas.
3.15.1 Separação de Composto Fluorados
Uma mistura de compostos fluorados, contendo 2,6-difluorfenol , 2,4-
difluorfenol, 2,3-difluorfenol, 3,4-difluorfenol, 3,5-difluorfenol, todos na
concentração de 10 mg L-1, foi analisada em FM ACN:H2O 20:80 e 25:75 (v/v).
Como o metanol é um solvente menos tóxico e mais barato que a
acetonitrila, fez-se a alteração da seletividade da FM mantendo a mesma força
cromatográfica, desse modo, usou-se a proporção MeOH:H2O 35:65 v/v para a
separação dos mesmos solutos. As condições cromatográficas utilizadas foram:
temperatura ambiente, detecção UV-Vis a 254 nm e vazão de 0,3 mL min-1 para a
coluna recheada com Si(PMTFS)ec. As estruturas químicas dos compostos
fluorados estão ilustradas na Figura 22.
48
OH
FF
2,6-difluorfenol
OH
F
F
2,4-difluorfenol
OH
F
F
2,3-difluorfenol
OH
F
F
3,4-difluorfenol
OH
FF
3,5-difluorfenol
Figura 21- Estrutura química dos compostos fluorados estudados.
3.15.2 Separação de agrotóxicos
Analisou-se uma mistura preparada com 20 mg L-1 de cada um dos padrões
de agrotóxicos, em elevada pureza, imazaquim, atrazina, diurom, linurom e
carboxim, cujas estruturas químicas estão ilustradas na Figura 23. Esta mistura foi
analisada em FM MeOH:H2O 45:55 (v/v), vazão de 0,3 mL min-1 para a coluna
preparada no laboratório e vazão de 1,2 mL min-1 para a coluna comercial,
temperatura ambiente e detecção UV-Vis em 254 nm.
49
NN
NH
O
O
OH
Imazaquim
N
N NHNHCH3
CH3
CH3
Cl
N
Atrazina
NH
O
N
CH3
CH3Cl
Cl
Diurom
NH
O
N
O
CH3Cl
Cl
CH3
Linurom
NH
O
S
O
CH3
Carboxim
Figura 22 - Estruturas químicas dos agrotóxicos estudados.
3.15.3 Separação de Fármacos
Uma mistura de fármacos na concentração de 20 mg L-1 para cada um
deles, contendo os seguintes benzodiazepínicos:bromazepam, alprozolam,
lorazepam e diazepam, foi analisada em temperatura ambiente, detecção UV-Vis
a 220 nm, FM MeOH:10 mmolL-1HCO2NH4/HCO2H pH 3,0 55:45 (v/v), vazão de
0,3 mL min-1 para coluna recheada com Si(PMTFS)ec e 1,2 mL min-1 para a
coluna comercial C18. As estruturas químicas dos fármacos estão mostradas na
Figura 24.
50
NH
N
N
Br
O
Bromazepam
N
NH
OH
O
Cl
Cl
Lorazepam
N
N
Cl
N
NCH3
Alprazolam
NN
O
CH3
Cl
Diazepam
Figura 23- Estruturas químicas dos fármacos estudados.
3.16 Avaliação da Estabilidade Química
A estabilidade química da fase estacionária Si(PMTFS)ec foi avaliada em
condições alcalinas de fase móvel, metanol: 50 mmol L-1K2CO3/KHCO3 a pH 10
(50:50 v/v) e empregando temperatura de 50 °C . Essas condições de análise são
consideradas drásticas e foram adotadas com o objetivo de acelerar a
deterioração e o colapso da fase estacionária. Os resultados foram comparados
com a estabilidade química da FE Si(PMTFS) descrita na literatura.79
51
A estabilidade química em condições alcalinas foi avaliada pelo
monitoramento de parâmetros cromatográficos, eficiência, fator de assimetria 10%
da altura do pico e fator de retenção para o composto mais retido (acenafteno) da
mistura teste 2, utilizada para este estudo. Para efeito de comparação, as
condições cromatográficas para a análise da estabilidade química da FE
Si(PMTFS)ec foram as mesmas utilizadas para a FE Si(PMTFS). Dessa maneira,
a fase móvel metanol:50 mmol L-1K2CO3/KHCO3 a pH 10 (50:50 v/v) foi eluída
através da colunas cromatográfica contento a fase estacionária Si(PMTFS)ec, a
uma vazão de 1,0 mL min-1, empregando uma temperatura de 50°C e detecção
UV-Vis 254 nm. A mistura teste 2 foi injetada a cada 30 minutos.
Antes do início das avaliações de estabilidade, a coluna cromatográfica foi
condicionada por 30 minutos com a fase móvel metanol:50 mmol L-1
K2CO3/KHCO3a pH 10 (50:50 v/v).
A estabilidade química da fase estacionária fluorada foi determinada em
termos de número de volumes de colunas eluídos, sendo que cada volume de
coluna (Vcol) corresponde ao volume da fase móvel que ocupa os espaços internos
da coluna cromatográfica, que não são ocupados pela fase estacionária. O volume
de coluna é determinado através do produto entre a vazão de análise e o tempo
de retenção de um soluto não retido, no caso, a uracila, conforme mostra a
equação 5:
Vcol= F. tMEquação(5)
sendo:
F: vazão da FM de análise.
tM: tempo de retenção de um composto não retido.
52
53
4 Resultados e Discussão
4.1 Caracterização Físico-Química
As caracterizações físico-química foram realizadas,em triplicatas, para a
fase estacionária Si(PMTFS)ec. Para comparação, em alguns momentos
tambémforam feitas as caracterizaçõesda sílica nua e da fase estacionária
Si(PMTFS).
4.1.1 Espectroscopia de absorção no infravermelho
O suporte cromatográfico, as fases estacionárias Si(PMTFS) e
Si(PMTFS)ec foram caracterizadas por espectroscopia de absorção na região do
infravermelho, para a determinação da presença de grupos funcionais
característicos. Na Figura 25 estão apresentados os espectros no infravermelho
da sílica pura, da FE Si(PMTFS) e da FE Si(PMTFS)ec.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0
11
50
98
09
80
35
00
35
00
Tra
nsm
itâ
ncia
(u
.a)
Número de Onda(cm-1)
SiO2
Si(PMTFS)
Si(PMTFS)ec
11
00
14
00
14
00
11
50
98
0
35
00
54
Figura 24-Espectros de absorção na região do infravermelho da sílica pura (SiO2) e das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
Nos espectros obtidos para sílica pura podem serdestacadasas bandas em
3500 cm-1, 1653 cm-1 e 1100 cm-1. As bandas observadas em 3500 cm-1 e 1653
cm-1 referem-se às vibrações das moléculas de água adsorvidas na superfície da
sílica e dos grupos silanóis. A banda de adsorção em 1100 cm-1 refere-seao
estiramento das ligações siloxanos (≡Si-O-Si≡)e a banda em 980 cm-1
corresponde aos grupos silanóis livres.
Nos espectros de IV obtidos para as FE podem ser destacadas as bandas
na região de 1150 cm-1 e 1400 cm-1que correspondem, respectivamente, aos
estiramentos C-F e estiramentos característicos do carbono ligado a 3 átomos de
flúor, confirmando, que o polímero foi imobilizado sobre a sílica.
Outra banda característica a ser observada está na região de 980 cm-1.
Esta banda, atribuída aos grupos silanóis livres, praticamente desapareceu no
espectro obtido para a FE Si(PMTF)ec, confirmando o sucesso do capeamento.
4.1.2 Ressonância Magnética Nuclear de Sílicio 29
Através da espectroscopia de RMN de 29Si é possível determinar a
funcionalidade dos silanos e os tipos de ligações encontradas nas fases
estacionárias. As nomenclaturas e os deslocamentos químicos características das
espécies de silício presentes na superfície da sílica, estão mostrados na Figura
26.
55
Si
O O
OHHO
Geminais
Si
OH
O OO
Livres
Si
O
O OO
Si
H
OO
OH
Vicinais
SiO
O
O
O
Ligação Siloxano
Q2
-92 ppm
Q3
-101 ppm
Q4
-110 ppm
Si
OO
O
O
Si OHH3C
R
D1H
Si
OO
O
O
Si
OO
O
Si CH3
R
O
SiH3C
R
n
D2’
Si
CH3
O
Rn
D2’’
Si
OO
O
O
Si CH3H3C
CH3
M
-22 ppm -16 ppm -32 ppm +13 ppm
Figura 25- Nomenclatura e deslocamentos químicos das espécies de silício por RMN de29Si.
No espectro de 29Si da sílica pura, mostrado na Figura 27, pode-se observar
os grupos que compõem a estrutura da sílica, que consistem basicamente de
ligações tipo siloxanos e silanóis. Os picos localizados em deslocamentos
químicos de -91 ppm, -101 ppm e -110 ppm, são atribuídos, respectivamente, aos
grupos geminais (Q2), grupos vicinais e livres(Q3) e as ligações tipo siloxanos (Q4).
Analisando a razão entre a intensidade dos picos Q3 e Q4,foi possivel obter, de
forma comparativa, a quantidade de silanóis livres presentes na supefície da sílica
e a de grupos siloxanos. A razão Q3/Q4 estimada em 3,98para sílica nua, indica a
presença de uma quantidade significativa de silanóis livres na superficie da
mesma. A presença dos grupos geminais e livres são de fundamental importância
56
para a funcionalização da superfície da sílica, pois estes grupos são bastante
reativos.
57
Figura 26-Espectros de RMN de 29Si para a sílica pura e para as fases estacionárias Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
No espectro obtido para a FE Si(PMTFS), queestá apresentado na Figura
27, é notório o surgimento de novas espécies na região de -20 a -22 ppm. O sinal
em -22 ppm corresponde as cadeias do PMTFS fracamente ligadas à sílica ou
fisicamente sorvida (D2”) e os sinais em -20 ppm correspondem ao polímero
(PMTFS) ligado covalentemente à superfície da sílica (D1H e D2’). Também
observa-se a diminuição significativa da intensidade do sinal correspondente aos
50 0 -50 -100 -150 -200
Q4
Q3
Q2
ppm
SiO2
50 0 -50 -100 -150 -200
D2''
D1
H+ D
2'
Q4
Q3
Q2
ppm
Si(PMTFS)
50 0 -50 -100 -150 -200
Q4
Q3
Q2
D1
H+ D
2'
D2''
M
ppm
Si(PMTFS)ec
58
silanóis geminais (Q2) e da relação Q3/Q4 (1,98), indicando que houve uma
redução dos grupos silanóis residuais decorrentes da interação do polímero com o
suporte cromatográfico.
Na Figura 27 também pode ser visualizado o espectro RMN de 29Si para a
FE Si(PMTFS)ec. Analisando esta figura, verifica-se o aparecimento do sinal em
+14 ppm atribuído ao grupo TMS ligado a sílica,mostrando que o capeamento foi
realizado com sucesso. Comparando os espectros da FE capeada com o da não
capeada e da sílica, observa-se que houve uma redução dos silanóis residuais, o
que reafirma que com o capeamento houve a ligação do TMS com os silanóis
residuais, bloqueando-os.
4.1.3 Determinação da área superficial, volume e diâmetro de
poros
A sílica pura e as fases estacionárias Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec foram
submetidas à análise para determinação da área superficial, diâmetro de poro e
volume de poro. Os resultados estão mostrados na Tabela 2.
Tabela 2-Características da sílica nua e das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
Material
Área Superficial Específica (m2 g-1)
Diâmetro de Poro (nm)
Volume de Poro ( cm3 g-1)
Sílica pura 295 11,7 0,88
Si(PMTFS) 254 10,1 0,64
Si(PMTFS)ec 246 10,1 0,62
Após a imobilização do polímero sobre a sílicaé possível observar a
diminuição da área superficial específica e do diâmetro e de volume de poro.
Esses resultados sugerem que o polímero preencheu relativamente os poros do
material.
59
Após a reação de capeamento, os parâmetros referentes à área superficial
específica e volume de poro, diminuíram devido a inserção das moléculas de
trimetilsilanos nas regiões em que o polímero não recobriu a sílica.
Com os dados relativos ao diâmetro de poro, é possível observar, que tanto
a imobilização do polímero PMTFS sobre a sílicaquanto a reação de capeamento,
não levaram a obstrução dos poros da sílica, isto é, a modificação do suporte
ocorreu no interior dos poros sem bloqueá-los.
4.1.4 Análise Elementar
Através da análise elementar foi possível determinar a quantidade de
carbono, em termos de porcentagem,presente na superfície da sílica.
As fases estacionárias Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec foram submetidas à
análise elementar utilizando um analisador de carbono, hidrogênio e nitrogênio,
para estimar a quantidade de carbono proveniente do polímero que está
imobilizado sobre o suporte, bem como a quantidade de carbono dos
trimetilsilanos ligados à sílica. Os valores estão mostrados na Tabela 3.
Tabela 3- Análise elementar das FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec
FE %C nm
Si(PMTFS) 10,83 1,8
Si(PMTFS)ec 11,88 1,97
Comparando a porcentagem de carbono da fase estacionária Si(PMTFS)
com a Si(PMTFS)ec, é possível observar que houve um aumento de 9,7%na
porcentagem de carbono, indicando que após a reação de capeamento uma
quantia significativa de moléculas de trimetilsilanos foram efetivamente ligadas ao
60
suporte. A espessura da camada da fase estacionáriafoi ligeiramente aumentada
com a ligação dos grupos trimetilsilanos.
.
4.2 Caracterização Cromatográfica
Junto com a caracterização físico-química, a caracterização cromatográfica
descreve algumas propriedades intrínsecas da FE que avalia o potencial de
separação da mesma.
Para efeito de comparação, uma coluna, com a mesma dimensão da que
continha a FE Si(PMTFS)ec, foi recheada com a fase estacionária Si(PMTFS) sem
o capeamento. Para verificar o efeito do capeamento, as colunas fluoradas foram
avaliadas utilizando as (MT1) e (MT2) e as misturas de Tanaka e colaboradores70.
4.2.1 Otimização da composição da fase móvel e da vazão de
análise.
Inicialmente, foram determinadas a composição ideal da fase móvel e a sua
vazão ótima para a análise usando a FE Si(PMTF)ec. A porcentagem de solvente
orgânico na fase móvel ideal para a avaliação da FE Si(PMTFS)ec foi determinada
pelas análises dos cromatogramas obtidos com as injeções das misturas testes 1
e 2.Fases móveis de MeOH:H2O nas composições de 50:50, 55:45, 60:40 e 70:30
(v/v) foram utilizadas nasanálises da FE Si(PMTFS)ec.Os parâmetros
cromatográficos estão mostrados na Tabela 4.
61
Tabela 4-Parâmetros cromatográficos obtidos na avaliação da FE Si(PMTFS)ec, utilizando diferentes composições de fase móvel MeOH:H2O.
Mistura teste 1
Composição FM MeOH:H2O (v/v) N/m (m-1)a As10%a tR(min)a ka,b Rsc
50:50 80140 0,8 18,1 10,4 6,4
55:45 84084 0,9 11,1 6,0 4,5
60:40 79805 0,9 5,6 2,6 2,0
70:30 66600 1,3 4,4 1,7 1,1
Mistura teste 2
Composição FM MeOH:H2O (v/v) N/m (m-1)d As10%e tR(min)d kd,b Rsf
50:50 79760 1,0 35,1 21,1 10,3
55:45 83732 0,9 20,5 12,0 9,3
60:40 84222 0,9 7,9 4,0 6,3
70:30 61650 1,1 7,1 3,5 3,0 acalculado para o pico do naftaleno; bmedido para uracila;ccalculado para o par tolueno/naftaleno;dcalculado para o pico do acenafteno;ecalculado para o pico da N,N-dimetilanilina;fcalculado para o par naftaleno/acenafteno. Condições cromatográficas: vazão de 0,3 mL min-1, temperatura ambiente e detecção UV-Vis a 254 nm.
Avaliando os resultados da Tabela 3 para a MT1, é possível observar que a
composição de fase móvel MeOH:H2O 50:50, 55:45, 60:40 (v/v) apresentaram
parâmetros adequados e boa eficiência.
Os resultados obtidos para MT2, que estão mostrados na Tabela 3,
indicaram que as composições de fase móvel MeOH:H2O 50:50 e 55:45 (v/v)
forneceram tempos de retenção longospara o acenafteno em relação a
composição 60:40 e 70:30 (v/v). No entanto, para todas as composições de fase
móvel, os parâmetros cromatográficos como fator de assimetria, resolução e
eficiência, foram satisfatórios.
A composição de fase móvel MeOH:H2O 60:40 (v/v)foi selecionada, pois
apresentou boa eficiência,para os compostos mais hidrofóbicos da MT1 e MT2,
parâmetros cromatográficos e tempo de análise satisfatórios. Assim, a partir da
melhor composição de fase móvel foi avaliada a vazão ótima através da
construção da curva de van Deemter.
62
A curva de van Deemter relaciona altura de um prato (H) à velocidade linear
da fase móvel (µ) , essa relação está mostrada na Figura 28. O ponto mínimo da
curva, que corresponde ao valor máximo de eficiência da coluna, 1,27 µm
(eficiência de 79327 N/m para o naftaleno) foi obitido empregando a vazão de 0,3
mL min-1 (3,82 cm min-1).
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
1.2
1.4
1.6
1.8
2.0
2.2
2.4
H.1
0-6(m
)
cm min-1)
0,3 mL min-1
Figura 27- Representação da curva de van Deemter, para a fase estacionária Si(PMTFS)ec.
4.2.2 Análise da Mistura Teste 1 e 2
Utilizando a vazão e a composição de fase móvel ótimas para a fase
estacionária Si(PMTFS)ec, foram avaliadas as misturas testes MT1 e MT2 e
calculados os parâmetros cromatográficos para os compostos presentesnas
mesmas. Para efeito de comparação, as MT1 e MT2 foram avaliadas em uma
coluna recheada com a fase estacionária Si(PMTFS), em fase móvel MeOH:H2O
63
50:50 (v/v),empregando vazão 0,3 mL min-1, sendo que essas condições foram
previamente otimizadas.50
A MT1, composta por solutos neutros de diferentes polaridades, foi utilizada
para avaliar a seletividade hidrofóbica da fase estacionária. Através do naftaleno,
composto de maior hidrofobicidade presente na MT1, foipossível calcular a
eficiência da coluna, assim como os demais parâmetros cromatográficos.
Na Tabela 5, estão mostrados os parâmetros cromatográficos para cada
composto que compõe a MT1, analisados nas fases estacionárias Si(PMTFS) e
Si(PMTFS)ec.
Tabela 5-Parâmetroscromatográficos para os compostos presentes na MT1, usando a FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
Mistura teste 1 para FE Si(PMTFS)
Composto tR k Pratos Pratos/m As10 Rs
(min)
Uracila 1,67 0 1160 19293 2,5 0
Acetofenona 4,91 2 3610 60171 1,4 10,0
Benzeno 6,63 3 3905 65089 1,2 5,0
Tolueno 10,15 5 3973 66222 0,9 7,0
Naftaleno 14,13 8 4391 73185 1,0 5,0
Mistura teste 1 para FE Si(PMTFS)ec
Composto tR k Pratos Pratos/m As10 Rs
(min)
Uracila 1,57 0 1113 18546 1,8 0
Acetofenona 2,84 1 3072 51197 1,3 4,0
Benzeno 3,81 1 3992 66529 1,0 4,0
Tolueno 4,98 2 4587 76444 0,9 4,0
Naftaleno 5,58 3 4760 79327 0,9 2,0
Avaliando as fases estacionárias fluoradas, ambas apresentaram
seletividade hidrofóbica, pois houve boa resolução entre todos os compostos da
MT1. Os parâmetros cromatográficos calculados para o pico do naftaleno, que
64
estão mostrados na Tabela 4, estão dentro da faixa aceitável para ambas as fases
estacionárias.
A MT2, composta por substâncias ácidas, básicas e neutras com
polaridades distintas, foi utilizada para avaliar o caráter ácido da fase estacionária.
A N,N-dimetilanilina, composto fortemente básico, interage com os silanóis
residuais da fase estacionária devido ao caráter ácido desses grupos.
Os parâmetros cromatográficos calculados para os compostos presentes na
MT2, analisados nas fases fluoradas, estão apresentados na Tabela 6. A coluna
recheada com a fase estacionária Si(PMTFS)ec apresentou eficiência superior à
fase estacionária Si(PMTFS), entretanto, ambas apresentaram boas eficiências.
Os fatores de assimetria para os compostos mais hidrofóbicos, nafteleno e
acenafteno, e para a N,N-dimetilanilina, para ambas as FE estão de acordo com
os valores aceitos na literatura, que é de 0,9 a 1,2, sendo aceitos valores de até
1,6.80
Tabela 6- Parâmetroscromatográficos para os compostos presentes na MT2, usando a FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
Mistura teste 2 para a FE Si(PMTFS)
Composto tR k Pratos (Pratos/m) As10 Rs
(min)
Uracila 1,70 0 1530 25515 2,5 0
Fenol 2,70 0,6 2770 46167 2,0 6,0
N,N-dimetilanilina 8,50 4,1 3929 65481 1,3 9,0
Naftaleno 14,20 7,5 4260 70990 1,2 8,0
Acenafteno 23,40 13 4665 77743 1,0 8,0
Mistura teste 2 para a FE Si(PMTFS)ec
Composto tR k Pratos (Pratos /m) As10 Rs
(min)
Uracila 1,60 0 1108 18462 1,9 0
Fenol 2,00 0,3 1991 33187 1,3 3,0
N,N-dimetilanilina 4,10 1,6 4069 67816 1,2 9,0
Naftaleno 5,50 2,5 4740 78998 0,9 5,0
Acenafteno 7,90 4 5008 83464 0,9 6,0
65
De acordo com os resultados mostrados anteriormente, a presença dos
átomos de flúor na FE, promove um retenção diferenciada, principalmente, para os
compostos básicos e polares. Isso ocorre, pois o soluto básico apresenta-se em
sua forma dissociada, dessa maneira, há uma predominância na interação do tipo
íon dipolo-dipolo entre o soluto e a FE, promovendo assim picos simétricos. No
entanto, a reação de capeamento é recomendada, poisprotege a FE de possíveis
adsorções irreversíveis dos compostos básicos com os sítios ácidos da FE,além
de aumentar a hidrofobicidade da FE, o que melhora a retenção dos compostos
apolares.
4.2.3 Misturas teste de Tanaka
Nesse estudo também foi utilizada a FE Si(PMTFS), para mensurar os
efeitos da reação de capeamento nas fases fluoradas. Esses resultados foram
comparados com os descritos na literatura, que avaliaram as misturas teste de
Tanaka para colunas comerciais fluoradas, mostrados na Tabela6.
A Mistura A avalia a hidrofobicidade(kpentilbenzendo), a seletividade hidrofóbica
(αCH2=kpentilbenzeno/kbutilbenzeno) e a seletividade estérica(αT/O=ktrifenileno/ko-terfenil). Os
cromatogramas que representam a separação desta mistura nas colunas
recheadas com as FE Si(PMTFS)ec e Si(PMTFS) estão mostrados na Figura 29 e
os parâmetros propostos por Tanaka e colaboradores estão na Tabela 6.
66
0 2 4 6
Re
sp
osta
do
De
tecto
r
Si(PMTFS)ec
1
2
2
3
4 5
0 2 4 6
Tempo (min)
Si(PMTFS)
13
4 5
Figura 28 - Cromatogramasobtidos nas separações da mistura teste A de Tanaka usando
as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: volume de injeção 5 µL,
Fase móvel: MeOH:H2O 80:20 (v/v),vazão: 0,300 mL min-1, detecção UV: 254 nm e
temperatura de 40°C. Identificação dos picos (A): 1- uracila, 2-o-terfenil, 3-trifenileno, 4-
butilbenzeno, 5-pentilbenzeno.
A partir do fator de retenção do pentilbenzeno, foi possível avaliar o
recobrimento do suporte pelo polímero. Na FE Si(PMTFS) o fator de retenção do
pentilbenzeno foi inferior que na FE Si(PMTFS)ec, apontando que após a inserção
dos trimetilsilanos houve um aumento na hidrofobicidade da FE. Comparando os
valores obtidos para as colunas recheadas com as FE preparadas com as colunas
comerciais fluoradas, foipossível comprovar que as FE fluoradas comerciais
apresentaram menores hidrofobicidades.
Avaliando os resultados, em termos da razão entre os fatores de retenção,
destacando o αCH2=kpentilbenzeno/kbutilbenzeno, compostos que são diferentes entre si
por apenas um grupo metileno (-CH2-), foi possível concluir que a FE Si(PMTFS)
tem menor capacidade em diferenciar um composto apenas pelo seu grupo
metilênico quando comparada com a FE Si(PMTFS)ec. A seletividade hidrofóbica
67
da FE Si(PMTFS)ec é semelhante a das FE fluoradas comerciais, comprovando
que o capeamento aumentou este parâmetro.
Tabela 7-Parâmetros obtidos através do teste Tanaka em diferentes colunas.
Coluna kPB αCH2 αT/O αC/F αB/PpH 7,6 αB/PpH 2,7 N/m
Si(PMTFS) 1,0 1,1 1,3 1,6 3,50 0,01 73000
Si(PMTFS)ec 1,4 1,2 1,3 0,6 2,88 0,13 79000
(Fluorflix)eca 0,57 1,24 0,58 0,81 2,06 0,38 60500
Fluorflirxa 0,48 1,2 0,67 1,37 3,9 0,26 68900
ainformações retiradas da referência 81.
Outra avaliação que foi feitaatravés da mistura A de Tanaka foi a
seletividade estérica da FE. Através desses resultados foi possível concluir que as
FE baseadas em PMTFS são capazes de separar compostos que diferenciam
entre si apenas pela configuração espacial. O valor αT/O 1,3 para ambas as FE
fluoradas preparadas no laboratório indicaram que a cadeia do polímero PMTFS
está distribuída uniformemente na FE.
A mistura teste B, avalia a capacidade da FE em interagir como a cafeína
por ligação de hidrogênio. Essa interação ocorre devido a presença de silanóis
que não foram recobertos pelo polímero, isto é, quando maior a quantidade de
silanóis residuais mais retida ficará a cafeína na FE. Essahabilidade foi medida
através da razão entre o fator de retenção da cafeína e do fenol(C/F).
Os cromatogramas obtidos com a análise da mistura B para as FE
fluoradas, estão mostrados na Figura 30 e a razão entre o fator de retenção da
cafeína e do fenol (C/F) está mostrado na Tabela 6.
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do
De
tecto
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Si(PMTFS)1
2
3
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Tempo(min)
Si(PMTFS)ec1
3
2
Figura 29- Cromatogramasobtidos nas separações da mistura teste B de Tanaka, usando
as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: volume de injeção 5 µL,
Fase móvel: MeOH:H2O 30:70 (v/v), vazão: 0,300 mL min-1, detecção UV: 254 nm e
temperatura de 40°C. Identificação dos picos : 1-uracila, 2- fenol, 3- cafeína.
Avaliando os resultados obtidos, a FE fluorada capeada apresentou menor
interação por ligação de hidrogênio que a FE não capeada, isso ocorreu devido a
diminuição dos grupos silanóis residuais promovida pela reação de capeamento. A
razão entre o fator de retenção da cafeína e do fenol (C/F) foi menor que 1,0 para
a FE Si(PMTFS)ec (C/F= 0,6) e maior que 1,0 para FE Si(PMTFS) (C/F= 1,6).
Esses resultados estão de acordo com os estimados na literatura, em que
descreve que as FE que apresentam maior interação por ligação de hidrogênio o
C/Fé maior que 1,0, diferente para as FE que apresentam menor capacidade de
interação por ligação de hidrogênio, em que esses valores devem ser inferiores a
1,0.70Nas FE fluoradas comerciais, (Fluorflix) e (Fluorflix)ec, esses valores foram
similares às FE recobertas pelo polímero PMTFS, indicando que o capeamento
reduz a atividade silanofílica.
69
Através da mistura C e D de Tanaka, foi possível avaliar a capacidade da
FE em interagir com compostos básicos por troca iônica. Nesse estudo, avaliou-se
o comportamento da benzilaminaem meio ácido ou básico, para verificar a
capacidade da FE em interagir por troca iônica. Essa capacidade é dependente do
pH do meio e da quantidade de silanóis residuais presentes na FE. A medição foi
feita através da razão dos fatores de retenção entre a benzilamina e o fenol.
Os cromatogramas que avaliaram a mistura C, estão mostrados na Figura
31 e a razão entre o fator de retençãoda benzilamina e do fenol está Tabela 6.
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Si(PMTFS)ec
12
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Tempo (min)
Si(PMTFS)1+2
3
Figura 30 - Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste C (pH 2,7) de
Tanaka, usando as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: volume
de injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:10 mmol L-1 KH2PO4/H3PO4 30:70 (v/v); vazão: 0,300
mL min-1, detecção UV: 254 nm e temperatura de 40°C. Identificação dos picos (A): 1-
uracila, 2-benzilamina, 3-fenol.
Em meio ácido, a pH 2,7, a benzilamina encontra-se carregada
positivamente, no entanto, nesse pH ocorre a supressão iônica dos silanóis, que
são relativamente ácidos. Através dos resultados obtidos para as FE fluoradas,
tanto as baseadas em PMTFS quanto as comerciais, verificou quenão
70
ocorreutroca iônica entre a benzilamina e os silanóis remanescentes, devido as
condições cromatográficas estabelecidas.
Como os silanóis presentes na FE apresentam caráter ácido,a pH 7,6, eles
estão desprotonados e a benzilamina protonada. Assim, em meio alcalino, ocorre
a interação por troca iônica do composto básico com os silanóis residuais, cuja
magnitude depende da quantidade de silanóis que não foram devidamente
recobertos. A extensão da troca iônica em pH básico é mensurada através da
razão entre o fator de retenção da benzilamina e do fenol (B/F).
Os cromatogramas obtidos na separação da mistura D para as FE fluoradas
estão apresentados na Figura 32 e a razão entre o fator de retenção da
benzilamina e do fenol está na Tabela6.
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Si(PMTFS)ec1
2
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Tempo
Si(PMTFS)
1
2
3
Figura 31- Cromatogramas obtidos nas separações da mistura teste D (pH 7,6) de
Tanaka para as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec. Condições Cromatográficas:volume de
injeção 5 µL, Fase móvel: MeOH:10 mM KH2PO4/K2HPO4 30:70 (v/v), vazão: 0,300 mL
min-1, detecção UV: 254 nm e temperatura de 40°C. Identificação dos picos (A): 1- uracila,
2-fenol, 3- benzilamina.
Os resultados referentes à FE Si(PMTFS)ec demonstraram que a reação de
capeamento diminuiu a quantidade de silanóis que não foram recobertos pelo
71
polímero, isto porque o B/F foi relativamente menor para a FE capeada.As FE
fluoradas, tanto as comercais quanto as preparadas no laboratório, apresentaram
atividade silanofílica significativa, mesmo após a reação de capeamento,
indicando que essa característica é comum para esse tipo de FE.
Outro dado interessante referente às FE recobertas com PMTFS foi que o
fator de assimetria, calculada para benzilamina foi de 1,3 para a FE Si(PMTFS) e
0,9 para a FE Si(PMTFS)ec. Esse fato pode ser explicado, devido a interação do
tipo íon dipolo-dipolo entre a benzilamina e a FE , o que reduz a interação com os
silanóis residuais.
4.3 Influência da Concentração de Solvente Orgânico na Fase
móvel
As fases estacionárias fluoradas exibem um perfil de retenção conhecido
como “U-shaped”. A retenção dos analitos polares diminui com o aumento do
conteúdo do modificador orgânico na fase móvel em baixa ou moderada
concentração do solvente. Entretanto, os compostos básicos após passarem pelo
ponto de inflexão, usualmente, apresentam umaumento na retenção em alta
concentração de solvente orgânico na fase móvel (80-90%). Esse mecanismo é
similar ao que ocorre em cromatografia de interação hidrofílica.55
A influência da concentração de acetonitrila na retenção de compostos
ácidos e básicos foi estudada para verificar o mecanismo “U-shaped” na FE
Si(PMTFS)ec. A constante de dissociação ácida e o coeficiente de partição
octanol/água dos compostos estudados estão listados na Tabela 8. As retenções
de cada analito em diferentes concentrações de acetonitrila, em uma faixa de 50 a
90%, em tampão fosfato a pH 2,7 e 7,6, estão mostradas na Tabela 9.
72
Tabela 8- Características físico-químicos dos fármacos estudados, fonte:DrugBanK82.
Fármacos log P pKa
Amitriptilina 4,91 9,4
Nortriptilina 4,43 10,47
Fluoxetina 4,17 9,8
Levofloxacina -0,02 6,2;5,45
Bromazepam 2,54 2,68;12,24 Diazepam 3,08 2,92
Tabela 9- Tempo de retenção de alguns fármacos separados usando a FE Si(PMTFS)ec e variando a porcentagem de acetonitrila de 50 a 90%, em tampão fosfato a pH 2,7 e 7,6
Fármacos % ACN
50 60 70 80 90
10 mmol tampão fosfato (pH 2,7) Amitriptilina 2,78 1,89 1,7 1,8 2,2
Nortriptilina 2,78 1,8 1,64 1,72 1,98
Fluoxetina 2,68 2 1,73 1,77 2,09
Levofloxacina 1,37 1,32 1,34 1,42 1,55
Bromazepam 1,92 1,68 1,57 1,6 1,5
Diazepam 3,4 2,44 2,01 1,87 1,6
10 mmol tampão fosfato (pH 7,6)
Amitriptilina 21 13,5 10,5 7,1 8,88
Nortriptilina 12,1 9,18 7,83 8 10,2
Fluoxetina 13,5 9,57 8,25 7,79 9,02
Levofloxacina 1,57 1,52 1,61 1,65 1,72
Bromazepam 1,99 1,7 1,58 1,53 1,57
Diazepam 3,51 2,48 2,03 1,79 1,78
Nas Figuras 33 e 34 podem ser visualizados os comportamentos da
retenção dos fármacos ácidos, levofloxacina, bromazepam e diazepam, em função
do aumento da porcentagem de solvente orgânico, respectivamente, em pH 2,7 e
7,6.
73
Figura323 - Gráfico do tempo de retenção dos compostos ácidos, levofloxacina,
bromazepam e diazepam, em função da concentração de solvente orgânico, a pH 2,7
Em teoria, os compostos ácidos deveriam aumentar sua retenção em pH
ácido, o que não ocorreu com o bromazepam e diazepam que apresentaram
comportamento clássico de fase reversa, uma vez que as suas retenções
diminuíram com o aumento da concentração de acetonitrila, até 90%. De acordo
com o pKa do bromazepam e do diazepam, esse compostos deveriam estar na
sua forma molecular em pH 2,7, no entanto, a porcentagem do modificador
orgânico influencia diretamente no pH da fase móvel, aumentando o pH da fase
móvel.1 Dessa forma, o bromazepam e diazepam foram avaliados em uma
condição em que sua retenção foi diminuída por se apresentarem na sua forma
dissociada e terem pouca interação com os silanóis residuais que também
estavam na sua forma não dissociada.Acima de 80% de acetonitrila na FM, a
levofloxacina mostrou um aumento na sua retenção, provavelmente devido a sua
alta polaridade, pois em FM com alto conteúdo de solvente orgânicoo mecanismo
de retenção é similar ao de modo normal, no qual o analito interage,
50 60 70 80 90
1,5
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3,0
3,5
Te
mp
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nção
(m
in)
Porcentagem de Acetonitrila (%)
Levofloxacina
Bromazepam
Diazepam
74
preferencialmente, com os grupos silanóis. Em pH 7,6, Figura 34, o
comportamento desses compostos foi semelhante ao que ocorreu em pH 2,7.
Figura 334-Gráfico do tempo de retenção dos compostos ácidos,levofloxacina, bromazepam e diazepam, em função da concentração de solvente orgânico, a pH 7,6
Os gráficos do tempo de retenção versus o volume percentual de
acetonitrila a pH 2,7 (Figura 33) e 7,6 (Figura34) mostraram que não ocorreu o
mecanismo “U-shaped” para as substâncias de caráter ácido bromazepam e
diazepam, utilizando a FE Si(PMTFS)ec.
Os tempo de retenção para os fármacos amitriptilina, nortriptilina e
fluoxetina em função do aumento da porcentagem de acetonitrila na fase móvel,
em pH 2,7 e 7,6, podem ser visualizados, respectivamente, nas Figuras 35 e 36.
Os anatilos básicos mostraram aumento na retenção em baixa e alta
concentração de acetonitrila, resultando no perfil de retenção “U-shaped”,
característico em fases fluoradas.Os compostos básicos, em pH ácido,
50 60 70 80 90
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Te
mp
o d
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ete
nção
(m
in)
Porcentagem de Acetonitrila (%)
Levofloxacina
Bromazepam
Diazepam
75
aumentaramas suas retenções em porcentagens de ACN acima de 70% na
composição da fase móvel, devido ao aumento do caráter polar dos composto em
pH ácido (Figura 35).
Figura 34-Gráfico do tempo de retenção dos compostos básicos amitriptilina, nortriptilina efluoxetina, em função da concentração de solvente orgânico, a pH 2,7
A pH 7,6, os composto básicos estão na sua forma protonada e o silanóis
em sua forma dissociada, o que leva a interação por troca iônica. A retenção dos
analitos básicos em pH básico foi maior comparada com a retenção em meio
ácido, indicando que a interação por troca iônica domina esse efeito.
As FE fluoradas, tanto as capeadas quanto as não capeadas, apresentam
quantidade expressiva de silanóis residuais. Como o mecanismo "U-shape"
depende da atividade silanofílica da FE, esse efeito foi mais pronunciado em meio
básico, explicando o porquê da maior retenção dos analitos básicos em meio
alcalino.55
50 60 70 80 90
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
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Te
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ete
nção
Porcentagem de Acetonitrila (%)
Amitriptilina
Nortriptilina
Fluoxetina
76
Figura 35-Gráfico do tempo de retenção dos compostos básicos amitriptilina, nortriptilina e fluoxetina, em função da concentração de solvente orgânico, a pH 7,6
4.4 Avaliação da Aplicabilidade da Fase Estacionária Fluorada
4.4.1 Compostos Fluorados
Para comprovar a capacidade da FE Si(PMTFS)ec em separar compostos
fluoradas, foi usada uma mistura de difluorfenóis que são isômeros de posição.
Com o uso de FM na proporção 20:80 (ACN:H2O v/v), condições usadas na FE
sem o capeamento, o tempo de análise foi um pouco maior que 15 min,
comprovando que houve um aumento na hidrofobicidade da FE com a inserção
dos grupos trimetilsilanos. Assim, aumentou a porcentagem de solvente orgânico
na FM para ACN:H2O 25:75 (v/v) para aumentar a força cromatográfica da FM e
50 60 70 80 90
6
8
10
12
14
16
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20
22
Te
mp
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e R
ete
nçã
o (
min
)
Porcentagem de Acetonitrila (%)
Amitriptilina
Nortriptilina
Fluoxetina
77
obter menor tempo de análise, boas eficiências e fatores de assimetria
adequados.
Como o metanol é um solvente mais barato e menos tóxico que a
acetonitrila se fez a alteração da seletividade da FM mantendo a mesma força
cromatográfica.Desse modo, usou-se a proporção 35:65 (MeOH:H2O v/v) para a
separação dos mesmos solutos. Observou-se que utilizando o metanol, a
eficiência e o fator de assimetria dos picos se mantiveram similares à FM que
empregou acetonitrila como modificador orgânico. Na Figura 37 podem ser
visualizados os cromatogramas obtidos nas separações dos compostos fluorados
usando as FE Si(PMTFS) e Si(PMTFS)ec.
Figura 36– Cromatogramas obtidos nas separaçõesde difluorfenóis utilizando colunas
diferentes: A) coluna de dimensões (60 mm x 3,1 mm d.i) recheada com a FE Si(PMTFS)
adaptado da referência 49; B) coluna de dimensões(60 mm x 3,9 mm d.i) recheada com a
FE Si(PMTFS)ec. Condições cromatográficas: fase móvel: A) ACN:H2O 20:80 (v/v) B)
MeOH:H2O 35:65 (v/v), volume de injeção: 5µL, vazão: 0,300 mL min-1, temperatura
ambiente e detecção UV: 254 nm. Identificação dos picos: 1- 2,6-difluorfenol, 2- 2,4-
difluorfenol, 3- 2,3-difluorfenol, 4- 3,4-difluorfenol, 5- 3,5-difluorfenol, *- impureza.
78
4.4.2 Separação de Agrotóxicos
A separação de agrotóxicos de diferentes classes utilizando a FE
Si(PMTFS)ec está apresentada na Figura 38.
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Tempo(min)
A)
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Tempo(min)
B)
Figura 37- Cromatogramas obtidos nas separações de agrotóxicos usando colunas
diferentes: A) Si(PMTFS)ec dimensões (60mm x 3,9 mm d.i) e B) C18 Nova Pak(150 mm
x 4,6 mm d.i). Condições cromatográficas: fase móvel: MeOH:H2O 45:55 v/v, volume de
injeção: 5µL, vazão: 0,300 mL min-1, detecção UV: 254 nm e temperatura ambiente.
Identificação dos picos: 1- imazaquim, 2-carboxim, 3- atrazina, 4-diurom, 5- linurom.
Analisando os cromatogramas da Figura 38, verifica-se que os picos estão
estreitos, simétricos e bem resolvidos, mostrando que, visualmente, a FE
proporcionou um bom desempenho cromatográfico, além de um tempo de análise
bastante satisfatório, próximo a 14 minutos. Este tempo é adequado considerando
que a separação foi realizada por eluição isocrática.
Na Tabela 1 são mostrados os valores de eficiência, fator de assimetria,
fator de retenção e resolução dos agrotóxicos analisados. A resolução entre
atrazina e diurom foi suficiente para que ocorresse a separação completa dos
compostos, isto é, resolução acima de 1,5. A atrazina, diurom e linurom são
compostos clorados, dessa forma é possível comprovar a eficiência da coluna em
separar compostos que são halogenados.
79
Tabela 10-Parâmetros cromatográficos obtidos na separação de agrotóxicosempregando
a FE Si(PMTFS)ec.
Agrotóxicos tR(min) k N Eficiência (N/m) As10 Rs
Imazaquim 1,01 0 758 12630 1,3 0
Carboxim 5,87 4,8 3917 65280 1,1 18,7
Atrazina 7,44 6,4 3485 58085 1,4 3,6
Diurom 8,37 7,3 4220 70335 1,0 1,8
Linurom 13,71 12,6 4598 76640 0,9 8,1
Para comprovar a eficácia da separação de agrotóxicos utilizando FE
fluorada, foi utilizada uma fase comercial C18 nas mesmas condições, no entanto,
a vazão da coluna comercial foi ajustada, pois esta apresenta dimensões maiores
que a coluna recheada com Si(PMTFS)ec. A coluna C18 apresentou resoluções
maiores que a FE fluorada, porém o tempo de análise foi superior. As separações
conseguidas nas duas colunas foram boas, contudo vale ressaltar a eficiência da
FE Si(PMTFS)ec na separação dos agrotóxicos, uma vez que suas dimensões
eram bem menores.
4.4.3 Separação de Fármacos
Para comprovar que a coluna Si(PMTFS)ec é eficaz na separação de
fármacos, devido às interações dos átomos de flúor com os compostos polares, foi
utilizada uma mistura de benzodiazepínicos, como o bromazepam, alprozolam,
lorazepam e diazepam. Esses quatro compostos pertencem ao grupo de fármacos
com função ansiolítica.82A mistura desses compostos foi bem separada utilizando
a coluna fluorada, com bom tempo de análise, bons fatores de assimetria e
eficiência, como pode ser confirmado na Tabela 10 e na Figura 39.
80
0 5 10 15
Tempo (min)
C18 Nova Pack
12
3
4
Res
post
a do
Det
ecto
r
Si(PMTFS)ec
1 2
3
4
Figura 38- Cromatogramas obtidos na separação de uma mistura de fármacos
usandocolunas diferentes: A) Si(PMTFS)ec dimensões (60mm x 3,9 mm d.i) e B) C18
Nova Pak(150 mm x 4,6 mm d.i). Condições cromatográficas:fase
móvelMeOH:tampãoformiato pH=3,0 55:45(v/v), volume de injeção: 5µL, vazão: 0,300 mL
min-1 , detecção UV: 254 nm e temperatura ambiente. Identificação dos picos: 1-
bromazepam, 2 - alprozalam, 3- lorazepam, 4-diazepam.
Utilizando a coluna C18 (Nova Pak), o tempode análise foi maior em
relação a coluna recheada com a FE Si(PMTFS)ec. O alprazolam, por
exemplo,apresentou fator de assimetria inadequado quando analisado na coluna
C18 Nova Pak. Contudo, mesmo a coluna C18 tendo uma eficiência bem maior,
ela apresentou baixa resolução entre o alprozalam e lorazepam, o que não
ocorreu na coluna recheada com a FE Si(PMTFS) ec. A diferença de eficiência se
dá pela diferença dos comprimentos de coluna das utilizadas, pois quanto maior o
comprimento da coluna, maior é a eficiência.2
81
Tabela 10-Parâmetros cromatográficos obtidos nas separações de fármacos usando colunas Si(PMTFS)ec e C18 Nova Pak.
Coluna Si(PMTFS)ec
Composto tR(min) N Eficiência(N/m) As10 Rs
Bromazepam 3,14 2488 41472 1,7 0
Alprozalam 4,08 3034 50575 1,0 3,5
Lorazepam 6,36 2679 44651 1,3 5,8
Diazepam 8,28 3670 61163 1,1 3,7
Coluna C18 Nova Pak
Composto tR(min) N Eficiência(N/m) As10 Rs
Bromazepam 3,57 3480,9 58014,8 1,6 0
Alprozalam 6,28 3421,8 57030,4 0,8 2,9
Lorazepam 6,58 4675,4 77923,9 1,4 0,7
Diazepam 12,28 6788,6 113143,2 1,0 11,6
4.5 Avaliação da Estabilidade Química da FE Si(PMTFS)ec
As Figuras 40, 41 e 42mostram, respectivamente, as variações na
porcentagem de eficiência, no fator de retenção e no fator de assimetria da fase
estacionária Si(PMTFS)ec, ao passar através dela diversos volumes de coluna da
fase móvel alcalina, metanol:tampão de 50 mmol L-1 deK2CO/KHCO3a pH 10,
50:50 v/v,vazão de 1 mL/min e temperatura de 50 ºC. Estas condições agressivas
de FM foram empregadas para acelerar a deterioração da fase estacionária e em
um menor tempo poder avaliar a sua estabilidade química frente a pH alto.
82
Figura 39- Variação da porcentagem de eficiência do acenafteno obtida para a FE Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1 K2CO/KHCO3
a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1, temperatura de 50 ºC e detecção a 254 nm.
Para avaliar a estabilidade química da fase estacionária, a MT2 foi injetada
a cada 30 minutos e monitorou-se a eficiência do composto mais retido da mistura,
que no caso foi o acenafteno. O decréscimo da eficiência até a metade do seu
valor inicial indica a morte da coluna, isto é, a coluna é considerada inutilizável
após a perda de 50% da sua eficiência.Portanto, após a passagem de cerca de
250 volumes de coluna de FM, a coluna perdeu a sua estabilidade química.
Outro parâmetro cromatográfico que foi avaliado nesse estudo, foi a queda
do fator de retenção, Figura 41, do acenafteno, uma vez que em meio básico (pH
> 8,0) ocorre a dissolução da sílica, na qual a fase estacionária líquida (PMTFS)
se encontra imobilizada, dessa maneira, a diminuição do fator de retenção do
analitosugere a degradação da coluna cromatográfica.
0 100 200 300 400 500 600 700 800
0
20
40
60
80
100
Eficiê
ncia
(%
)
Volume de Coluna
83
Figura 40- Variação do fator de retenção (k) do acenafteno obtido para a FE Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1 K2CO/KHCO3
a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1 temperatura de 50 ºC e detecção a 254 nm.
Considerando os resultados obtidos para a FE Si(PMTFS)ec e comparando
com as informações obtidas da literatura sobre a FE Si(PMTFS)79em ternos da
queda na eficiência em relação ao pico do acenafteno, a FE capeada apresentou
maior estabilidade química, uma vez que resistiu a passagem de
aproximadamente 250 volumes de coluna, enquanto a FE Si(PMTFS) resistiu a
aproximadamente 150 volumes de coluna. A maior resistência da FE fluorada
capeada é explicada devido ao maior recobrimento da FE após a reação de
capeamento. Entretanto, a estabilidade química das FE fluoradas foi inferior a
várias outras FE preparadas no LabCrom empregando suporte de sílica não
modificado e FE não capeadas.
Os fatores de retenção e de assimetria para a FE Si(PMTFS)ec se
mostraram instáveis até o final do teste, sendo que o decréscimo do fator de
retenção do acenafteno e o aumento da assimetria de seu pico estão relacionados
0 100 200 300 400 500 600
0
2
4
6
8
10
12
14
k
Volume de Coluna
84
com a perda contínua da FE líquida, ocasionada pela dissolução do suporte
cromatográfico.
Figura 41- Variação do fator de assimetria (As10%) do acenafteno obtido para a FE Si(PMTFS)ec em função da passagem de fase móvel metanol: 50 mmol L-1 K2CO/KHCO3 a pH 10,0 (50:50 v/v); vazão de 1,0 mL min-1 temperatura de 50 ºC e detecção a 254 nm.
Antes dos testes, a FE foi submetida a análise elementar para a obtenção
da quantidade de carbono presente na FE.A FE Si(PMTFS)ec apresentou 11, 88
% de carbono, no início dos testes. Após o teste de estabilidade química frente à
fase móvel básica, a quantidade de carbono mensurada na FE foi próxima a 0,3%,
comprovando a perda da FE, após a passagem de um volume relativamente
pequeno de FM, apontando para uma FE de baixa estabilidade química em pH
elevado de FM.
0 100 200 300 400 500
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0A
s10%
Volume de Coluna
85
5 Conclusão
Os espectros de absorção na região do infravermelho, bem como os de
RMN de29Si,confirmaram que houve uma interação efetiva da sílica com o PMTFS
edemonstraram que a reação de capeamento foi bem sucedida. O aumento da
hidrofobicidade da FE é característico após o capeamento e foi confirmado através
do aumento da porcentagem de carbono, verificada nas análises elementares.
Na caracterização cromatográfica observou-se que os parâmetros
avaliados, eficiência, fator de assimetria e resolução, melhoraram após a reação
de capeamento, bem como sua estabilidade química. A diminuição dos grupos
silanóis residuais reduziu significativamente as interações de compostos básicos
com a FE. Os testes de Tanaka e colaboradores70 caracterizaram a FE
Si(PMTFS)ec como apropriada para separar compostos que diferenciam entre si
pelo grupo metila e pela configuração espacial. A inserção dos grupos
trimetilsilano diminuiu a atividade sinalofílica e a interação por troca iônica, em
relação a FE sem o capeamento. O efeito “U-shape” foi observado nesta FE,
mesmo após a diminuição das interações por troca iônica da FE Si(PMTFS)ec.
Este efeito depende do pH da FM e dos pKa dos compostos analisados.
As separações de compostos fluorados, alguns fármacos e agrotóxicos
mostraram que a FE Si(PMTFS)ec pode ser aplicada em cromatografia líquida de
alta eficiência em fase reversa.
A estabilidade química da fase Si(PMTFS)ec frente a fase móvel a pH 10,
foi superior à FE Si(PMTFS), no entanto, essas fases se mostraram mais
instáveis em relação às FE preparadas no grupo do LabCrom.
Embora a baixa estabilidade química em meio básico seja uma
desvantagem, o efeito U-shape, que ocorreu nesta FE, aumenta a retenção de
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compostos básicos em alta concentração de solvente orgânico em FM, o que leva
a ser considerada vantajosa, sobretudo, quando se emprega oespectrômetro de
massas na detecção de compostos básicos e polares.
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