distribuicao expancao edição 0 dez 2012

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“ANGOLA ESTÁ ABERTA PARA OS GRANDES PLAYERS DA DISTRIBUIÇÃO MODERNA” distribuição distribuição VIP f eiras Entrevista à Ministra do Comércio, Rosa Pacavira “Tudo para crescer” “Consumo no Natal penalizado pela crise económica” A opinião dos profissionais sobre a distribuição, produção e respectiva evolução “Um salão que se quer exportador” Snapshot Angola Retail Consumo no Natal Very Important Professional Alimentaria + >>Director: António Pedro >>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Bimestral >>Propriedade: Score Media >>preço capa: 0 Kz >>dezembro 2012 >>ano I 00

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Revista lançanda em Angola com artigo de opinião AYR na página 46

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Page 1: Distribuicao Expancao Edição 0 Dez 2012

“AngolA está AbertA pArA os grAndes plAyers dA distribuição modernA”

distribuição

distribuição

VIP

feiras

Entrevista à Ministra do Comércio, Rosa Pacavira

“Tudo para crescer”

“Consumo no Natal penalizado pela crise económica”

A opinião dos profissionais sobre a distribuição, produção e respectiva evolução

“Um salão que se quer exportador”

snapshot Angola retail

Consumo no natal

Very Important Professional

Alimentaria

+

>>Director: António Pedro >>Director Executivo: Victor Jorge >>Periodicidade: Bimestral >>Propriedade: Score Media >>preço capa: 0 Kz

>>dezembro 2012>>ano I

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#03Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

editorial

Angola é um País de oportunidades, com uma taxa mé-dia de crescimento de 11,1% que é mais alta entre as 10 economias que mais evoluíram na última década, segundo o FMI e o The Economist. O País está na

primeira linha do desenvolvimento e com um caminho definido e certo: o da evolução.Entre os sectores com maior potencial de crescimento e evolução está a Distribuição Moderna, nos vectores alimentar e não ali-mentar, bem como a Produção, também ela alimentar e não alimentar, além de actividades que complementam estes vastos mercados como, a título de exemplo, a Logística, Tecnologia, Veículos, Bebidas ou Vinhos, entre outros.É precisamente neste espectro que a revista “Distribuição em Ex-pansão” se quer posicionar e marcar a sua diferença. Bimestralmente, queremos dar visibilidade não só aos diversos sectores de actividade como, também, aos profissionais que neles intervêm, funcionando como uma ponte de diálogo e facilitador de ligação e relações entre sectores e seus profissionais. Pretendemos apresentar ao mercado uma revista inédita em An-gola, feita em Angola, que trata o sector da Distribuição Mod-erna e Produção enquanto alavancas para a diversificação e desen-volvimento da economia nacional e dirigida aos profissionais que exercem a sua actividade no universo do comércio e consumo.É reconhecido que a oferta, em termos de retalho alimentar e não alimentar, é débil, com cerca de 70% do comércio a realiza-se ainda no mercado informal. Também do lado da produção verifica-se que a generalidade dos produtos embalados encontrados e consumidos no País é importada, pois os dados do Conselho Nacional de Carrega-dores são elucidativos. Se Angola tem um caminho de progresso que deverá seguir no que diz respeito à Distribuição Moderna, com a aplicação de cada vez melhores práticas, também é verdade que a produção

de bens de grande consumo só poderá conhecer um registo de crescimento, sendo, no entanto, necessária uma definição de políticas que não faça os operadores do retalho depender tanto da importação, mas capazes de recorrer à oferta de produtos locais. E é aqui que queremos fazer a diferença e dar a conhecer as di-ficuldades e necessidades, mas também os casos de sucesso que existem em Angola nos mais variados sectores de actividade.Não queremos nem podemos limitar-nos, contudo, à realidade do mercado angolano. Pretendemos trazer, igualmente, temáticas que enriquecerão os profissionais com a apresentação das últi-mas tendências, análises, estudos, case studies do melhor que se realiza e produz em todo o mundo, através de parcerias com as mais destacadas e reconhecidas consultoras mundiais. É mais um desafio a que nos propusemos para darmos o nosso contributo neste sector.No alinhamento editorial da revista “Distribuição em Expansão”, os profissionais poderão encontrar entrevistas de fundo, análises aos sectores da “Distribuição Moderna”, “Produção”, “Bebidas”, “Vinhos”, “Logística”, “Veículos”, “Tecnologia”, “Inovação”, “Emprego&Formação”, apresentação de estudos, análises e in-sights, as últimas novidades no que diz respeito ao lançamento de produtos, artigos de opinião e muito mais.Além disso, a “Distribuição em Expansão” vai organizar um pai-nel, composto por profissionais dos mais variados sectores anali-sados na revista, que, bimestralmente, dará a sua opinião sobre o que de mais relevante se passa no mercado, lançando, ao mesmo tempo, pistas, discussão, debate e ideias do que são, poderão e deverão ser estes mercados no presente e futuro. Assim, convidamo-lo(a) a conhecer este novo projecto e a fazer parte da história da Distribuição Moderna e Produção em Angola.Junte-se a nós e apoie-nos na tarefa de fazer com que a dis-tribuição viva, de facto, um período de expansão em Angola.

Um sector de primeira linha

António Pedro, Director

ficha técnicaConselho de GerênCia Sílvio Baptista • Conselho editorial Victor Fernandes, Sílvio Baptista, Carlos Rosado de Carvalho, Juvenis Paulo, Miguel Coutinho, Nilza Rodrigues, Raul Vaz e Verónica Pereira • direCtora Geral de PubliCações Nilza Rodrigues • direCtor António Pedro • direCtor exeCutivo Victor Jorge • Consultor editorial Carlos Rosado de CarvalhoColaboram neste número Estêvão Martins, Eunice Sebastião, José Rousseau, Pedro Silva e Luís RasquilhaFotoGraFia Edson Chagas (Subeditor), César Magalhães, Lídia OndeProjeCto GráFiCo Rui Sampaio • imPressão Lisgráfica • distribuidora Score Media • direCção ComerCial Tânia Vasconcelos (Directora), Carina Amuedo, Cátia AmadodireCção administrativa e FinanCeira Renato Moreira (Director), Egídio Francisco, Garcia José, Herlander Tomás, Katila Denise, Rosa Ngola, Stanislau Pataca ContaCtos 244 222 322 665 / 244 222 322 654 / 244 222 322 674 • Fax: 244 222 443 453 • Rua Damião de Góis, n.º 81 – Bairro de Alvalade, Luanda – AngolaContaCtos e-mail [email protected] / [email protected]ção em PortuGal Estratégia Media • direCção-Geral Nilza Rodrigues • dePartamento administrativo Amélia Saavedra • Contactos +351 927747062 reGisto MCS-520/B2009

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#04

#

Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

índice08

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32

36

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44

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EntrEvistaMinistra do Comércio, Rosa Pacavira

Distribuição14 - 15 Snapshot Angola retail tudo para… crescer

16 - 19 Consumo no Natal Consumo no natal penalizado pela crise económica

20 Marketview Angola CBRE Grandes superfícies comerciais trazem retalhistas

internacionais para angola

opinião22 José António Rousseau o aDn da Distribuição

23 Pedro Miguel Silva a terceira vaga do capital humano

proDução26 - 27 A produção vista pelos profissionais

28 - 29 24 Horas com... raúl Mateus, proprietário e presidente do Conselho de

administração da pomobel

bEbiDas30 - 31 Cervejas importação de bebidas estrangeiras com processo dificultado

LoGístiCa32 ExpoTrans Logística e distribuição atraem investidores externos

35 GPS Distribuição e produção beneficiam com Gps

transportEs36 Mercedes Citan uma forma eficiente de fazer entregas urbanas

LEitura38 o Livro das Decisões - 50 Modelos para pensar com estratégia

38 o Estratega - seja o Líder de que a sua empresa precisa

FEiras40 Alimentaria & Horexpo Lisboa um salão que se quer exportador

noviDaDEsas últimas novidades em termos de produtos serão conhecidas nestas páginas

da Distribuição em Expansão.

vipum painel de profissionais dará, bimestralmente, a sua opinião sobre questões da

actualidade colocadas pela redacção da Distribuição em Expansão.

opinião46 Luís Rasquilha tendências: o que são e como servem para gerar inovação

08

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40

20

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#05Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

Em que década abriu o primeiro super/hipermercado organizado em Angola? a) 1970 b) 1968 c) 1999 d) 2001

Quantos players (cadeias de distribuição) existem a actuar em Angola? a) 6 b) 10 c) 4 d) 8

A associação que congrega os players da Distribuição Moderna em Angola tem o nome de …? a) Associação do Comércio de Angola b) Não existe associação da distribuição moderna

em Angola. c) Associação da Distribuição de Angola d) Associação dos Comerciantes de Angola

Quantas grandes superfícies comerciais (centros comerciais) vão ser abertas nos próximos tempos na cidade de Luanda? a) 1 b) Nenhuma c) 3 d) 2

quiz

Respostas:1 a), 2 a), 3 b), 4 d)

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#06Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

O interior da Distribuição em Expansão

A revista Distribuição em Expansão que chega agora ao mercado será dividida em várias secções, cada uma com identidade própria e explicativa do que mais importante se passa nesse mesmo sector.

A abrir a revista encontramos a secção de distribuição,

na qual será espelhada o que mais importante e rele-

vante acontece no sector da distribuição moderna, tanto

na vertente alimentar como não alimentar.

Será aqui que os profissionais poderão encontrar as últi-

mas novidades sobre o mercado em que actuam como,

também, análises das maiores consultoras mundiais de

retalho, bem como insights sobre tendências, comporta-

mentos do consumidor e de hábitos de consumo.

Desde a produção alimentar à não alimentar, existem

uma panóplia de produtos e empresas sobre as quais nos

iremos debruçar, dando a conhecer o que de mais rel-

evante se passa neste mercado. Análises, reportagens,

case studies, práticas, tendências, tudo se insere num

sector de extremamente importância para os consumi-

dores e profissionais da distribuição.

Acompanhe 24 horas na vida de um profissional. A que

horas se levanta, toma o pequeno-almoço, chega ao es-

critório/empresa, tem a sua primeira, segunda, terceira

reunião, a que horas almoço, o que faz da parte da tarde,

enfim, um sem número de passos que não dependem de

nós, mas do profissional a acompanhar.

Esta secção é dedicada ao universo de Baco, Deus do

Vinho. Sem produção própria, os vinhos que se podem

encontrar nos super e hipermercados espalhados por

Angola provém de países estrangeiros. França, Chile,

África do Sul, Portugal, Argentina, Espanha, Itália, Ar-

gentina, Austrália, Nova Zelândia, EUA, China são os

grandes produtores de vinho. Conheça aqui as últimas

novidades chegadas a Angola.

A entrevista é uma componente importante em qualquer

revista, reforçando-se o seu papel numa publicação que

se quer especializada e para profissionais. É neste es-

paço que poderá encontrar as entrevistas mais impor-

tantes a actores dos mais diversos sectores analisados

bimestralmente. Entrevistas de fundo, com relevância e

que irão tocar nos pontos mais importantes no mercado

e na realidade em que determinado profissional se move.

Alcoólicas, não alcoólicas, cervejas, refrigerantes, sumos,

com gás, sem gás, tudo o que se pode encontrar num

linear de super e/ou hipermercado na secção de bebi-

das tem o seu lugar nesta secção. Novidades, estraté-

gias, análises, quem quiser ficar a par do que acontece

no mundo das bebidas, terá aqui a seu leitura obrigatória.

\distribuição

\produção

\24 Horas com…

\vinhos

\entrevista

\bebidas

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#07Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

A logística é uma das componentes mas importantes na

operação de um distribuidor ou produtor.

A logística dentro e fora de armazém, as componentes

que fazem parte deste universo como as paletes ou soft-

ware, entre outros, encontrarão aqui o seu espaço.

Há opiniões que que qualquer profissional quer, deseja

e precisa de ouvir. Pois bem, a revista Distribuição em

Expansão reuniu alguns dos melhores profissionais, es-

pecialistas, opinion makers cujas palavras são ouvidas

e seguidas.

Feiras, congressos, conferências, workshops, seminári-

os, apresentações. Não sabe quando e onde acontecem.

A partir de agora terá um local onde ficará a par do que

de mais importante irá acontecer no mundo e com im-

portância para o seu sector.

Um painel de profissionais dará, bimestralmente, a sua

opinião sobre questões da actualidade colocadas pela

redacção da Distribuição em Expansão. Trabalhadas,

a posteriori, estatisticamente, ficará a saber o que os

profissionais convidados pensa sobre determinado as-

sunto, mas nunca de forma individual, mas em grupo.

O objectivo passa por conseguir lançar, ao mesmo

tempo, pistas, discussão, debate e ideias do que são,

poderão e deverão ser estes mercados no presente e

futuro.

Qualquer produto que necessite de ir de ponto A para pon-

to B precisa de um transporte. Nesta secção, pretendemos

dar a conhecer as mais recentes notícias e novidades no

mundo do transporte de mercadorias, seja o próprio veícu-

lo comercial pesado ou ligeiro seja na movimentação de

carga dentro de armazém.

Tecnologia é, normalmente, sinónimo de inovação e, con-

sequentemente, existe espaço para ela na Distribuição em

Expansão. Deste o último modelo de POS, à mais recente

forma de pesagem ou de pagamento, é aqui que o sec-

tor ficará a saber o que de melhor se faz em Angola e no

mundo.

Um livro pode ser mais do que um simples conjunto de

palavras. Pode mesmo mudar a percepção e ideia de um

profissional sobre determinado assunto e levá-lo a mudar

ou renovar a estratégia da sua empresa, marca ou inves-

timento. Aqui, poderá estar a par das sugestões de leitura

que serão essenciais para uma qualquer tomada de decisão.

As últimas novidades em termos de produtos serão conheci-

das nestas páginas da Distribuição em Expansão.

\logística

\opinião

\feiras

\VIP-Very Important Professional (Barómetro dos Notáveis)

\transportes

\tecnologia

\leituras

\novidades

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#08Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Rosa Escórcio Pacavira de Matos, Ministra do Comércio de Angola

entr

evis

ta

Distribuição em Expansão (D.E.): Que desafios estão reservados para o sector do comércio na-cional, fundamentalmente nas

redes de logísticas e de distribuição?Rosa Pacavira (R.P.): No âmbito da con-tribuição do sector do comércio, para o aumento da produção nacional de bens e serviços, o Ministério do Comercio tem como desafios a promoção e realização de investimentos em infra-estruturas com a construção e instalação de plataformas de logísticas e distribuição nos principais pontos geradores de carga. No sentido de fomentar e facilitar o escoamento da produção agrícola, foram criados quatro corredores regionais para o escoamento da produção agro-pecuária, tendo por base critérios de potencialidades de cada provín-cia e respectivo eixo de mobilidade. A operacionalidade dos corredores irá permitir um melhor aproveitamento dos

recursos naturais, de forma a responder às políticas de desenvolvimento económico, social e regional do País, tendo ainda em conta a operacionalização dos caminhos de ferro de Angola e os principais eixos viários.

D.E.: Quais são os corredores que per-mitirão o escoamento da produção?R.P.: Para cobrir grande parte do planalto central, está o Corredor Centro-leste, do qual fazem parte as províncias do Huambo, Bié, Benguela, Lunda Sul e Moxico, ten-do como apoio os Caminhos de Ferro de Benguela que atravessa grande parte deste corredor. Para as grandes áreas de produção da região sul, surge o Corredor Sul en-globando as províncias do Namibe, Cu-nene, Huíla e Kuando Kubango, contando com os Caminhos de Ferro de Moçâmedes. As províncias delimitadas pela região lito-ral integram o Corredor Norte, agregando as províncias de Luanda, Bengo, Cabinda,

Zaire e Kwanza Sul. Através de Malanje, os produtos chegarão a Luanda pela via dos Caminhos de Ferro de Luanda, sendo distribuídos para as outras províncias do corredor pelas vias rodoviária e marítima.

D.E.: E qual a estratégia para a região centro-norte?R.P.: Com o intuito de cobrir a faixa centro-norte, foi criado o Corredor Norte com as províncias da Lunda Norte, Kwanza Norte, Malanje e Uíje, que serão também apoia-das pelos Caminhos de Ferro de Luanda. Em cada corredor serão implantadas infra-estruturas de logística primária estrutura-das em centros de logística e distribuição, mercados abastecedores, hipermercados, e entrepostos comerciais e a rede de arma-zenistas grossistas. Relativamente a infra-estrutura de logística secundaria estará estruturada numa rede de proximidade, com retalhistas, integrando

“Angola está aberta para os grandes players da distribuição moderna”

contactos:http://www.minco.gov.ao/

A ministra do Comércio de Angola falou para a revista Distribuição em Expansão e discorre sobre os projectos estruturantes do sector para os próximos cinco anos, desde a construção de plataformas logísticas e distribuição, a configuração dos mercados abastecedores, hipermercados, entrepostos comerciais e a rede de armazenistas grossistas. O País regista um défice de 50 mil estabelecimentos comerciais e projecta 11 mil lojas de proximidade. O mercado angolano aguarda pelos players internacionais da distribuição moderna.

>> texto: António Pedro >> fotos: César Magalhães e Edson Chagas

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#09Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

““No âmbito da contribuição do sector do comércio, para o aumento da produção nacional de bens e serviços, o Ministério do Comercio tem como desafios a promoção e realização de investimentos em infra-estruturas com a construção e instalação de plataformas de logísticas e distribuição nos principais pontos geradores de carga”

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#10Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Rosa Escórcio Pacavira de Matos, Ministra do Comércio de Angolaentrevista

os supermercados, mini-mercados e lojas do dia, a nível das comunas, ombalas e po-voações.

D.E.: Quando é que estas estruturas logísticas estarão concluídas?R.P.: Os produtores agrícolas contarão com a intervenção de privados, que farão a li-gação pela via compra directa da produção, ainda no campo, para as grandes superfí-cies. Toda estrutura logística acima referi-da, será implantada durante o quinquénio, com o estabelec-imento de parcerias público-privadas, como modelo para a promoção da instalação e exploração das infra-estrutur-as logísticas, que garantam a recepção, o armazenamento, a conservação e a distribuição da produção interna, quer ag-rícola quer industrial, partic-ularmente nas zonas de maior concentração no sentido de incentivar, em primeiro lu-gar, o empresariado nacional.

Neste sentido, esta projectada a construção de nove centros de distribuição e logística, os chamados CLODs, nas províncias de Luanda, Huambo, Bié, Benguela, Huíla, Lunda Sul, Malanje, Kwanza Sul, Uíje e um mercado abastecedor no Cunene.

D.E.: Como ficará organizado o comé-rcio, desde a recolha e armazenamento de produtos para o circuito comercial urbano?

R.P.: Um dos papéis estratégicos do co-mércio é o elo de ligação entre os sectores primário, secundário e terciário da econo-mia, traduzido no trinómio “Produção-Distribuição-Consumo”. Sendo assim, o Ministério do Comércio irá implantar centros de recolha nas provín-cias, particularmente nos municípios, com grandes potencialidades agropecuárias, como centro focal de comercialização e grandes dinamizadores dos mercados. Os

produtos serão provenientes de cooperativas organizadas de produtores, via coopera-tivas de comercialização e de transportadores. Acoplados aos centros de recolha, serão construídas unidades de re-cepção, lavagem, calibragem e embalagem de produtos, facilitando a compra dos mesmos pelos fornecedores, que colocarão as mercado-rias no circuito comercial urbano.

D.E.: Mas o processamento já exige a componente industrial e fica a questão: como será feito?R.P.: Relativamente ao processamento, o Ministério do Comércio em parceria com o Ministério da Indústria irão implantar mini-indústrias junto das cooperativas, para a transformação dos produtos, nome-adamente, milho, mandioca e tomate. Havendo necessidade de Angola criar a sua reserva estratégica alimentar, serão implan-tados quatro armazéns de retenção para a segurança alimentar, nas províncias de Luanda, Bié, Malanje e Huíla, onde serão canalizados produtos tanto de importação como alguma produção excedentária.

D.E.: A produção interna continua a “reclamar” mais atenção face o forte re-curso às importações, que estratégia está montada a este nível?R.P.: Em função das normas de consumo da Organização Mundial da Saúde, e esti-mativas da população, anualmente deter-mina-se as necessidades de consumo das quais se deduz a produção nacional mer-

“Um dos papéis estratégicos do comércio é o elo de ligação entre os sectores primário, secundário e terciário da economia, traduzido no trinómio ‘Produção - Distribuição - Consumo’”.

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#12Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Rosa Escórcio Pacavira de Matos, Ministra do Comércio de Angolaentrevista

cantil e se determina, posteriormente, o dé-fice à importação. Na prática, através do li-cenciamento automático e não automático das operações comerciais externas, no caso as importações e as exportações, tem sido possível aplicar-se as medidas de salvaguar-da previstas pela Organização Mundial do Comércio, com vista a salvaguarda e pro-tecção da produção nacional, no quadro da substituição, promoção e diversificação das exportações de produtos com vantagem competitiva e comparativa. Neste sentido, o Ministério do Comér-cio irá alargar a prática de plafond global da importação a todos os produtos com produção interna, como incentivo a esta numa perspectiva de substituição de im-portações. Para incentivar e fomentar as exportações, irá neste quinquénio criar o Instituto de Apoio as Exportações, numa lógica empresarial e numa perspectiva de aumento da base mercantil das expor-tações. No entanto, o Ministério irá trabalhar no sentido da aplicação de uma estrutura de quotas máximas e quotas mínimas por im-portadores. As quotas máximas são numa perspectiva de defesa da produção interna e de restrição à prática monopolista. As quotas mínimas são na defesa da eficiência do processo, permitindo a continuidade apenas aos importadores mais eficientes. Durante o quinquénio, o MINCO (Minis-tério do Comércio) irá trabalhar no sentido de restringir, progressivamente, a impor-tação de produtos pré embalados, em par-ticular da pequena embalagem, em benefí-cio da importação de produtos a granel, isto para garantir um Valor Acrescentado Bruto, o chamado VAB, no circuito com-ercial interno.

D.E.: Actualmente, quanto vale a linha de financiamento do Programa de Pro-moção do Comércio Rural?R.P.: Esta em curso a implementação do Plano Integrado de Desenvolvimento do Comércio Rural e Empreendedorismo (PLAIDENCOR), em todo o território nacional, tendo-se reforçado a estratégia do Executivo com a criação da Direcção Na-cional do Comercio Rural e Empreende-dorismo ao nível do Ministério do Com-ercio. Isto serve para fortalecimento e operacion-alização das iniciativas locais em termos de dinâmicas da produção agrícola, aquisição da produção ao camponês, mecanismos de escoamento da produção agro-pecuária, empreendedorismo e desenvolvimento in-tegrado das comunidades rurais. Respon-dendo a pergunta de forma concreta, para a promoção do comércio rural está apro-vada uma linha de crédito do Banco De-senvolvimento Angolano (BDA) de aproxi-

madamente 40 mil milhões de dólares.

D.E.: Que modelos in-ternacionais do sector da distribuição moderna po-dem ser adaptados para Angola?R.P.: A Lei das Actividades Comerciais foi elaborada com base nos pertinentes acordos no âmbito da Or-ganização Mundial do Comércio, da evolução do comércio universal e do comportamento dos con-sumidores do século XXI.Enfim, a nossa política e estratégia com-ercial assenta nos pressupostos da globali-zação, pelo que que todos os modelos de distribuição, nos marcos da lei, podem ser adaptados em Angola.

D.E.: O Orçamento Geral do Estado garante verbas suficientes para a con-strução de infra-estruturas?R.P.: O Estado de arte do comércio em Angola permite-nos registar neste mo-

mento que temos um défice de cerca 50.000 estabeleci-mentos comerciais e de pre-stação de serviços mercantis, face ao desequilíbrio que se regista entre a rede comercial e o crescimento demográfico da população. Neste sentido, quer ao nível do Programa de Investimen-tos Públicos, quer a nível do investimento privado, mobi-liza-se o sector do comércio para reabilitação e construção de novas infra-estruturas em todo o território nacional, no âmbito de promoção e desen-

volvimento sustentável e harmonioso do comércio em Angola. Durante o quinquénio, serão implanta-dos centros logísticos e de distribuição (os CLODs) de grande dimensão, nas provín-cias de Luanda, Huambo, Malanje, Huíla, Benguela, Uíje, Saurimo e Kwanza Sul. Serão construídas 11 000 lojas de proximi-dade, quatro armazéns de reserva do Esta-do, 18 CLODs provinciais, 163 armazéns municipais e mercados municipais de refer-ência. No entanto, as verbas atribuídas no OGE para 2013, relativas ao Ministério do Comércio, satisfazem em grande parte os investimentos planificados.

D.E.: Como encara a entrada no mer-cado angolano dos grandes players mun-diais da distribuição moderna?R.P.: No quadro do investimento de parce-rias público-privado e legislação comercial em vigor, não há nenhum factor inibitório de Angola acolher os players de referência mundial.

D.E.: De que forma o Estado vai con-tinuar a apoiar os agentes económicos nacionais?R.P.: O Executivo tem criado o quadro jurídico-legal e as infra-estruturas básicas, e assegurado a estabilidade política, macro-económica, incentivos fiscais e financeiros, para realização de investimentos por parte dos agentes económicos. Para o sector do comércio, em particular, trabalha-se para a criação do Fundo de Ga-rantia de apoio aos comerciantes, com vista a promoção de financiamentos com taxas de juros bonificados e prazos de reembol-sos dilatados. Isto permite assegurar a for-mação para economia, internacionalização de negócios, reabilitação e construção de infra-estruturas comerciais e de prestação de serviços mercantis. O Estado tem estado a criar condições de apoio aos agentes económicos, principal-mente com o surgimento do programa An-gola Investe, através dos bancos comerciais.

“No quadro do investimento de parcerias público-privado e legislação comercial em vigor, não há nenhum factor inibitório de Angola acolher os players de referência mundial.”

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#14Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Snapshot Angola retail

Mercado caracterizado por ter cerca de 70% do seu comé-rcio no mercado informal, os mais recentes dados da

Deloitte indicam que os mercados mais atractivos, em Angola, para além do re-talho alimentar, estão nos Fast Moving Consumer Goods (FMCG) e no retalho especializado, mais concretamente nas áreas do mobiliário e electrónica de con-sumo.O sector da distribuição moderna, mais concretamente o retalho alimentar, é ain-da incipiente, onde a oferta de players é limitada e com algumas (se não muitas) lacunas no que diz respeito à operação. Por isso mesmo, este é um sector a ter em conta, uma vez que há muito para fazer, desenvolver e evoluir em praticamente to-dos os aspectos a considerar na operação

de um retalhista, com a oferta a reduzir-se a seis players (ver quadro 1), cada um com poucas lojas nos cerca de 1 246 700

km2 do território angolano. Também no campo dos grossistas, a oferta é limitada, operando, actualmente,

Tudo para… crescer

Com cerca de 19 milhões de habitantes, Angola é vista como um mundo de oportunidades, aparecendo o retalho e a produção como os sectores em destaque.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: César Magalhães

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#15Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

de acordo com a consultora, cinco opera-dores (ver quadro 1).

MobiliárioA Deloitte destaca, no entanto, como maiores oportunidades de negócio as op-erações de retalho especializado na área do mobiliário e electrónica de consumo (ver quaro 2), onde não existem prat-icamente fabricantes em Angola, com as operações a serem alimentadas pela im-portação dos players locais e internacio-nais a actuar no território. Os produtos são, essencialmente, importados de países

como Portugal, China e Brasil por repre-sentantes locais ou importadores.Este destaque dado ao sector do mobil-iário é corroborado pelo facto de o Gov-erno estimar gastar cerca de 1,8 mil mil-hões USD em projectos habitacionais, em 2012, aumentando esse valor para 15,4 mil milhões USD em 2015. Verifica-se, igualmente, que a procura por habitações de valor alto está saturada, re-caindo o foco em projectos para as classes de rendimento médio e baixo.

electrónicaDo lado da electrónica de consumo, a realidade não é muito diferente da do mobiliário, com a existência quase nula de produtores locais, com a oferta a ter origem em países como os Estados Uni-dos da América, China, Coreia do Sul e Finlândia e operada por representantes e importadores locais. O mercado da electrónica de consumo angolano tem registado incrementos na ordem dos 5% anuais, muito devido ao crescimento demográfico e maior dis-ponibilidade de rendimento por parte da população angolana. Embora tivesse existido um reforço das leis do comércio, a consultora avança que 20% a 30% das transacções são ainda re-alizadas nos canais informais. As operações dos revendedores assumem, normalmente, uma integração vertical, desde a importação ao marketing, focan-do-se em mais do que uma categoria.

FMcGSegundo os dados disponibilizados pela Deloitte, o valor do mercado alimentar e de bebidas está estimado nos 10 mil mil-hões USD, registando um crescimento anual na ordem dos 22%.

No caso dos FMCG, existem produtores locais fortemente instalados, na sua maio-ria no sector das bebidas, destacando-se a emergência da produção de detergentes e higiene pessoal. Os players estabelecidos (ver quadro 3) há

mais tempo estão organizados de forma vertical, não possuindo formatos de retal-ho bem definidos, com o consumo a reg-istar uma transferência para os formatos de retalho moderno, especialmente, híper e supermercados.

Edso

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Quadro 1 - Oferta Retalho Alimentar + GrossistasInsígnia Retalho

Kero Retalhista angolano em crescimento, com operação em Luando. Conta com 2 hipermercados e 3 supermercados

Casa dos Frescos Operação caracterizada por ser diferenciadora, com produtos de qualidade superior, mas com preços altos. Conta com 5 lojas em Luanda

Shoprite Retalhista sul-africano estabelecido em Angola desde 2003. Opera com 12 lojas (hiper e supermercados)

Nosso Super Retalhista local, sendo o único a operar em todas as regiões do território angolano. Conta com 29 supermercados (10 em Luanda e 19 nas províncias)

Jumbo Primeiro hipermercado a abrir em Angola na década de 1970. A operação limita-se a uma única loja

Poupa Lá Lojas pequenas de proximidade detidas pelo Ministério do Comércio. Após um longo período de inactividade, reabriu recentemente com 18 lojas em Luanda

Insígnia Grossistas

Mega Grossista angolano-portuguesa, com uma única loja (mas a maior de todas) em Luanda

CLA Distribuidor de foodservice que detém o maior armazém em Angola

Angoalissar Operação local estabelecida em Angola desde 1992. Detém 45 lojas e emprega 1200 pessoas

Alimenta Angola Operação angolano-brasileira com 2 lojas em Luanda

Maxi Operação detida pela construtora portuguesa Teixeira Duarte

Fonte: Snapshot of Angolan Retail (Deloitte)

Quadro 2 - Oferta Retalho Especializado Insígnia Mobiliário

Moviflor Líder de mercado de origem portuguesa em mobiliário, interior e jardim

OK Furniture Distribuidor sul-africano de mobiliário e interior

Casa de Decoração Operação de mobiliário, interior e jardim detida pela empresa de construção portuguesa Teixeira Duarte

Porcelanosa Fabricante espanhol de cozinhas, equipamentos para casa-de-banho e materiais de construção. Abertura da primeira loja em 2009 em Luanda

Espazio Retalhista local de mobiliário de interior de qualidade superior

Cormat Distribuidor local com operação desde 2009

Insígnia Electrónica de consumo

NCR Distribuidor local dos produtos HP e deequipamentos para entretenimento e produtos electrónicos

Sistec Distribuidor local e retalhista de hardware da Lenovo, bem como de electrodomésticos, entretenimento e telemóveis

Meditech Distribuidor local de hardware da Dell, bem como de sistemas de entretenimento

Ripro Distribuidor local de electrónica

Rocha Monteiro Distribuidor local de produtos de informática, electrdomésticos, entretenimento e telemóveis

Imporáfrica Distribuidor local de produtos de informática da Samsung, electrodomésticos, entretenimento e telemóveis

Fonte: Snapshot of Angolan Retail (Deloitte)

Quadro 3 - Oferta FMCGEmpresa Produtores locais

Refriango Fabricante angolano-português de refrigerantes, sumos, águas, vinhos e detergentes. Líder com a marca Blue

Cuca BGI Joint-venture entre a SABMiller e Castel gerida pela última. Detém 70% do mercado de cerveja e todas as marcas locais (Cuca, Nocal, Eka, etc.)

Coca-Cola Bottling Luanda Engarrafador local da Coca-Cola detido, maioritariamente, pela SABMiller

Lactiangol Líder de mercado angola de produtos lácteos

Carnes Valinho Produtor de carnes angolano

Nestlé Possui fábrica de packaging para a distribuição de importados a granel

Insígnia Principais exportadores

Unicer Empresa portuguesa, detida parcialmente pal Carlsberg. Líder na exportação de cerveja com as marcas Super Bock e Cristal

SCC Produtor de cerveja, detido pela Heineken. Marca principal: Sagres

Sumol+Compal Produtor português de sumos e refrigerantes. Iniciou a produção em Moçambique em 2012

Fonte: Snapshot of Angolan Retail (Deloitte)

16 20Consumo no Natal penalizado pela crise económica

pág. pág. Grandes superfícies comerciais trazem retalhistas internacionais para Angola links úteis:

http://www.deloitte.co.ao

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#16Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Consumo no Nataldistribuição

Num estudo recente, a Deloitte conclui que a maioria dos con-sumidores ouvidos pela con-sultora para o “Xmas Survey

2012” estão pessimistas quanto ao cenário económico vivido no respectivo país, reflectindo-se nos gastos que irão fazer numa época caracterizada, por norma, por elevados consumos, mesmo que, por vezes, desnecessários. Dos 19 países incluídos no estudo da De-loitte (foram ouvidos 18.587 consumi-dores), destaque para a Europa, onde 55% dos europeus classificam como negativo o cenário económico do seu país, sendo

que nos Estados que estão sobre interven-ção das instâncias internacionais da troika (FMI, UE e BCE), como são os casos de Irlanda, Grécia e Portugal, a situação seja considerada ainda mais grave. Mesmo assim, este indicador é menos neg-ativo do que nos anos de 2008,2009 ou 2011, mas ainda longe dos níveis de 2006 e 2007, quando “apenas” 37% dos consu-midores europeus avaliava como negativa a situação económica dos seus respectivos países.

Sul em criSeUsando, de resto, como barómetro o perfil

de consumo face ao ano anterior de 2011, o estudo depara-se com três padrões na Europa: um primeiro, onde se incluem a Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e França, em que existe uma redução gener-alizada no consumo; um segundo, em que os gastos se mantêm no total, mas com os consumidores a tomarem diferentes opções de consumo entre as diversas cat-egorias, como, por exemplo, na Finlândia, Dinamarca ou Bélgica; e, finalmente, um terceiro onde se assiste a um aumento gen-eralizado dos gastos nas diversas categorias, como são os casos da Alemanha, Polónia ou Rússia, entre outros.

As tendências gerais são claras: uma di-minuição generalizada no consumo das várias categorias, penalizando, em particu-lar, os gastos em entretenimento e férias. O apelo das Marcas da Distribuição (MDD), lojas de desconto e compras em promoção, é, igualmente, mais pronunciado. Por outro lado, o factor preço é cada vez mais um atributo crítico no processo de decisão de compra dos consumidores, bem visível nos 92% dos europeus (em 2012), em contraste com os 70% de 2011.Efectivamente, os países da Europa do Sul projectam diminuir os seus gastos, en-quanto os restantes países tencionam man-

consumo no Natal penalizado pela crise económica

A crise económico-financeira que os países atravessam em todo o mundo é a principal razão para que o consumo no Natal se caracterize por uma palavra que entrou recentemente no léxico de todos: resiliência. Os países do Sul da Europa são os mais pessimistas.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

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#17Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

ter ou mesmo aumentar os seus gastos, face a 2011. Do lado negativo, destaque para os gregos, que evidenciam uma in-tenção de diminuição dos seus gastos em 16%, já sobre uma diminuição de 22% em 2011. Do lado oposto, os alemães lideram o ranking dos países que aumentará os seus gastos, com expectativas de uma evolução de 7% face a 2011. Paradigmático não deixa de ser a análise que a Deloitte faz em relação ao poder de compra de 2012 face a 2011, verificando-se que 4 em cada 10 europeus revela que diminui, com especial destaque para os países do Sul. De 2008 a 2011, a percep-ção média dos europeus de alteração do seu poder de compra foi melhorando con-sistentemente, passando do ponto mais baixo, em 2008, quando 60% admitia que tinha menos dinheiro para gastar, contra

14% que gastaram mais. Neste ano de 2011, regista-se um de-clínio ligeiro da percepção do poder de compra em países como a Bélgica, Suíça,

Finlândia, Polónia ou África do Sul (ver gráfico 1). Curioso, ou não, é o facto das mulheres europeias serem mais negativas que os ho-

mens na sua percepção do actual poder de compra face a 2011, com o índice de con-fiança a baixar para -29 pontos, em 2012, face aos -22 pontos do ano passado, con-

Gráfico 2. Que tipo de lojas irá escolher para efectuar as compras das prendas

País Geral Para produtos alimentares

Marcas a comprar

Irlanda Loja especializada Hipermercado MDD*

França Hiper/Supermercado Hipermercado MDF**

Portugal Loja de Centro Comercial Hipermercado MDD*

Espanha Loja de Centro Comercial Hipermercado MDF**

Itália Hiper/Supermercado Hipermercado MDF**

Grécia Loja especializada Supermercado MDF**

Suíça Loja de Centro Comercial Hipermercado MDD*

Alemanha Loja de Centro Comercial Supermercado MDD*

Luxemburgo Hiper/Supermercado Hipermercado MDF**

Bélgica Loja especializada Supermercado MDD*

Holanda Loja especializada Supermercado MDD*

Dinamarca Loja especializada Supermercado MDD*

Finlândia Hiper/Supermercado Hipermercado MDD*

Polónia Loja de Centro Comercial Hipermercado MDF**

Rep. Checa Loja especializada Supermercado MDF**

Eslováquia Loja especializada Hipermercado MDD*

Ucrânia Loja de Centro Comercial Supermercado MDD*

Rússia Loja especializada Hipermercado MDD*

África do Sul Hiper/Supermercado Hipermercado MDF**

Fonte: Xmas Survey 2012, Deloitte

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-20%

-60%

0%

20%

-40%

-80%

2008 2009 2010 2011 2012

40%

Gráfico 1. Como descreveria o seu poder de compra actualmente versus o ano passado

76%

73%

70%67%

57%58%

60%64%

45%50%

82%78%

20122011

Não compro produtos que envolve trabalho infantil

Evito comprar produtos com um impacto substancial nas emissões de carbon para o planeta

Desenvolvimento sustentável é uma desculpa para aumentar preços

Comprarei produtos, maioritariamente, produzidos na minha região ou país

Estou preocupado em pagar o menos possível independetemente da origem do produto

A informação disponibilizada na embalagem do produto é muito importante para mim

Gráfico 3. Propostas com as quais concorda mais

Fonte: Xmas Survey 2012, Deloitte

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#18Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Consumo no Nataldistribuição

trastando com os -17 pontos dos homens para o actual exercício. Os consumidores com idades compreen-didas entre os 35 e 64 anos estão entre os mais negativos na percepção do poder de compra, embora os consumidores mais jovens, cujo índice de confiança era de +5

pontos, em 2011, tivesse baixado para -1 ponto, em 2012.

À procura do melhor preçoMais do que nunca, os consumidores eu-ropeus procuram os melhores preços para realizar as suas compras de Natal. O preço

Gráfico 4. Top prendas a comprar e desejadas

Top 102012 2007

1.º desejo 1.ª compra 1.º desejo 1.ª compra

Irlanda Livros Livros Livros Livros

França Dinheiro Livros Dinheiro Livros

Portugal Dinheiro Livros Roupa Livros

Espanha Dinheiro Roupa Roupa Roupa

Itália Dinheiro Livros Livros Livros

Grécia Dinheiro Livros Roupa Livros

Suíça Dinheiro Livros Livros Vouchers

Alemanha Dinheiro Livros Dinheiro Livros

Luxemburgo Dinheiro Livros n.d. n.d.

Bélgica Dinheiro Voucher Vouchers Vouchers

Holanda Livros Livros Livros Livros

Dinamarca Dinheiro Livros n.d. n.d.

Finlândia Dinheiro Livros n.d. n.d.

Polónia Livros Livros n.d. n.d.

Rep. Checa Dinheiro Livros Livros Cosméticos

Eslováquia Livros Livros n.d. n.d.

Ucrânia Dinheiro Cosmética n.d. n.d.

Rússia Dinheiro Cosmética Dinheiro Cosméticos

África do Sul Dinheiro Chocolates Roupa Música

Fonte: Xmas Survey 2012, Deloitte

Gráfico 5. Onde vai buscar ideias para as compras de prendas

País Locais

Irlanda Websites e lojas

França Lojas

Portugal Websites e lojas

Espanha Websites e lojas

Itália Websites e lojas

Grécia Websites e lojas

Suíça Websites e lojas

Alemanha Websites e lojas

Luxemburgo Websites e lojas

Bélgica Lojas

Holanda Websites e lojas

Dinamarca Websites e lojas

Finlândia Websites e lojas

Polónia Websites e lojas

Rep. Checa Websites

Eslováquia Websites e lojas

Ucrânia Websites e lojas

Rússia Lojas

África do Sul Websites e lojas

Fonte: Xmas Survey 2012, Deloitte

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#19Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

é, aliás, considerado um factor decisivo por 92% dos europeus (contra 70% em 2011). Por isso, 84% dos consumidores do Velho Continente revelaram que planeiam comprar produ-tos em saldo/promoção, ad-mitindo 65% que irão utilizar esta “técnica” face à realidade de 2011. Ao mesmo tempo, 77% dos consumidores afirmam que irão comprar prendas mais baratas (contra os 57% em 2011) e que irão considerar lojas que pra-tiquem preços mais baixos (78%). Entre os países que, declaradamente, as-sumem ir comprar produtos em saldo/promoção estão a Irlanda (+44%), Fran-ça (+35%), Espanha (+36%), Portugal (+46%), Grécia (+63%), Bélgica (+33%), Holanda (+41%) e África do Sul (+42%), com Grécia e Portugal a liderarem o rank-ing dos países que irão optar por lojas de preços mais baixos (ver quadro 2).

QuaNdo comprar?Curioso não deixa também a análise de quando é que os diversos consumidores preferem efectuar as suas compras de Na-tal, existindo uma data que marca, clara-mente, a divisão: 15 de Dezembro. Se No-vembro é o mês preferido para os alemães,

irlandeses, franceses, portugueses, suíços, holandeses e sul-africanos fazerem as suas compras de Natal, o período de 1 a 15 de Dezembro é o preferido para os espan-hóis, italianos, luxemburgueses, belgas, dinamarqueses, finlandeses, polacos e es-lovacos. Já os últimos 15 dias do último mês do ano são os eleitos pelos gregos, ucranianos e russos. Cada vez mais importante para os consu-midores é também saber como e onde é que os produtos que adquirem são pro-duzidos. Embora se verifique que 2/3 dos europeus prefere comprar produtos não nocivos e em que não esteja envolv-ida qualquer questão laboral relacionada com as crianças, este factor conheceu um ligeiro retrocesso em 2012, em favor de se conseguir comprar produtos ao mais baixo preço possível.

Do lado de quem produz, verifica-se, também, que o desenvolvimento susten-tável é utilizado para aumentar os preços dos produtos, destacando-se neste item a França e Portugal. A compra de produtos locais reganhou im-portância (ver quadro 3), aos passo que os consumidores europeus esperem encontrar informação útil e adequada nas embala-gens dos produtos adquiridos.

o Que comprar?A oferta de dinheiro continua a ser a op-ção mais desejada por quem recebe, mas também por quem oferece (ver quadro 4), embora os smartphones e os tablets ten-ham entrado no Top 10, muito devido às preferências das gerações mais jovens. Entre as escolhas mais populares é possível encontrar, igualmente, os livros, embora tenham perdido a liderança em nove dos 19 países analisados pela Deloitte para este estudo. No que diz respeito à busca de ideias para as ofertas (ver quadro 5), a análise é bastante fácil, ou sejam limita-se a dois espaços: loja e websites. No entanto, é pos-sível verificar que quando se fala de produ-tos como jogos vídeo, filmes ou música, existe uma busca na Internet para depois poder comprar online ou offline, enquan-to nos produtos alimentares a procura é, fundamentalmente, feita nas próprias lo-

jas onde depois é efectuada a compra (ver quadro 6).

e o Futuro?Quanto às expectativas para 2013, estas melhoram, marginalmente para a média dos europeus, com “apenas” 49% a per-spectivar uma situação negativa para o ano, por comparação com os 54% verifi-cados em 2011 face a 2012. Entre os europeus, 34% (35% em 2011) admitem ter menos poder de compra em 2013, enquanto 19% esperam ter maior poder de compra (21% em 2011).Dos países onde a preocupação está em alta, relativamente ao poder de compra para o ano que vem, estão a Bélgica, Ale-manha, Espanha, Polónia, Portugal e a República Checa, enquanto a África do Sul, Ucrânia, Rússia, Finlândia e Suíça, o grau de optimismo é alto. Também aqui as mulheres são mais negativas que os homens, com os mais jovens (18-34 anos) a serem os que mais acreditam num futuro melhor e mais op-timista, com a faixa dos 45 aos 54 anos a serem os mais pessimistas. A conclusão retirada pode ser “demasiado” fácil: enquanto o clima económico nos principais países europeus não melhorar, muito dificilmente se verificará um au-mento das intenções nos gastos por parte dos consumidores.

Gráfico 6. Os retalhista devem investir em

País Investimento

Irlanda Baixar preços

França Baixar preços

Portugal Baixar preços

Espanha Baixar preços

Itália Baixar preços

Grécia E-commerce (Internet)

Suíça Baixar preços

Alemanha E-commerce (Internet)

Luxemburgo Relação com cliente*

Bélgica Baixar preços

Holanda Baixar preços

Dinamarca Baixar preços

Finlândia Baixar preços

Polónia E-commerce (Internet)

Rep. Checa E-commerce (Internet)

Eslováquia E-commerce (Internet)

Ucrânia E-commerce (Internet)

Rússia E-commerce (Internet)

África do Sul Baixar preços

Fonte: Xmas Survey 2012, Deloitte

A conclusão retirada pode ser “demasiado” fácil: enquanto o clima económico nos principais países europeus não melhorar, muito dificilmente se verificará um aumento das intenções nos gastos por parte dos consumidores.

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#20Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Marketview Angola CBREdistribuição

Com o comércio em Luanda a ser caracterizado pelo mercado in-formal, nomeadamente, a venda directa na rua (“zungueiros”) e a

existência de diversos mercados informais, a oferta recente de espaços de comércio restringe-se ao rés-do-chão e galerias dos novos edifícios que se vão erguendo na ci-dade, revela um relatório recente da Zenki Real Estate – empresa filiada da CBRE para o mercado angolano. As conclusões do estudo da consultora apontam para o facto de a maioria dos lo-jistas a operar em Angola ser de origem lo-cal ou africana, existindo poucas unidades internacionais, verificando-se que as poucas marcas de referência internacional se en-contram dispersas pela cidade, não existin-do, assim, uma zona específica de comércio.O Belas Shopping, situado em Talatona, a aproximadamente 20 km do centro de Luanda, é o mais moderno e emblemático centro comercial de Luanda, assinalando a Zenki que nos próximos anos é expec-tável que abram novas grandes superfícies comerciais no centro da capital, nome-adamente, o Luanda Shopping, situado no empreendimento Gika em Alvalade, e o Kinaxixi Shopping, situado no empreendi-mento Torres do Kinaxixi, no Kinaxixi. A baixa da cidade de Luanda tem ainda uma escassez de unidades comerciais, tais como restaurantes, cafés, livrarias, papelarias, la-vandarias, cabeleireiros e mercearias/super-mercados, entre outros, que satisfaçam as necessidades de residentes e funcionários dos escritórios presentes nesta zona.As lojas com frente de rua, localizadas nos pisos térreos dos edifícios, têm apresentado boa procura, sendo ocupadas maioritari-amente por instituições bancárias, agências de seguros e telecomunicações. A procura

continua a ser efectuada maioritariamente por operadores locais ou de origem africa-na, sendo ainda reduzido o interesse de op-eradores internacionais. No entanto, com a abertura de grandes superfícies comerciais, é expectável a entrada de diversos retalhistas internacionais, nomeadamente, na área da moda, acessórios e restauração.

As rendas mensais de lojas de rua remod-eladas variam entre 50 e 80 USD/m2 e en-tre 100 e 130 USD/m2/mês para espaços situados em edifícios novos, enquanto os valores de venda destes últimos situam-se entre os 6000 e os 9000 USD/m2. No que diz respeito à oferta actual de es-critórios na cidade de Luanda, esta é ainda

incipiente face à procura. Em relação às tax-as de ocupação, em edifícios recentemente concluídos, a Zenki Real Estate estima que 90% da oferta esteja colocada. Este facto tem mantido os valores de arrendamento nos imóveis novos bastante desajustados face à procura premente, por parte de PME, por espaços de escritórios novos e de quali-dade no centro de Luanda.No entanto, enquanto os valores continu-arem demasiado elevados, a maioria das PME continuará a instalar-se em espaços precários e pouco funcionais, revelando a consultora que na baixa da cidade o preço de venda da área bruta de escritórios é em média de 8500 USD/m2. Os valores de ar-rendamento situam-se entre os 120 e os 180 USD/m2. Na zona alta da cidade, o preço de venda da área bruta de escritórios é em média de 7500 USD/m2, enquanto os va-lores de arrendamento estão situados entre os 100 e os 120 USD/m2.Em Luanda, excluindo os poucos edifícios prime existentes, a oferta do mercado de escritórios caracteriza-se por edifícios resi-denciais adaptados a escritórios e edifícios mistos de habitação e escritórios, em que a componente reservada a escritórios é re-duzida, normalmente um a dois pisos. Apesar das rendas altas, a maior parte da procura prefere o arrendamento à compra, na medida em que o investimento para a aquisição de um espaço de escritório, num edifício novo, é bastante elevado.

Grandes superfícies comerciais trazem retalhistas internacionais para Angola

Angola deverá apresentar uma das maiores taxas de crescimento mundiais em 2012. Isto reflectir-se-á na construção de novos espaços comerciais e, consequentemente, na mais que provável entrada de novos retalhistas internacionais no País.

Economia de Angola: passado, presente e futuro

Após mais de quatro décadas de guerra, Angola emergiu para se tornar no segundo maior exportador de petróleo de África e a sua terceira maior economia. Em 2009, quando a crise financeira global atingiu Angola, a economia ficou vulnerável. Contra a redução de um terço das reservas internacionais no primeiro semestre de 2009, as autoridades solicitaram o apoio do FMI para um programa de estabilização. A estabilidade macroeconómica melhorou em 2011. Apesar de problemas de produção que limitaram o crescimento do sector petrolífero, o sector não petrolífero compensou a queda, resultando numa taxa de crescimento do PIB de 3,9%. A taxa de inflação caiu para 11,4% no final do ano (média de 13,5% anual), beneficiada por uma taxa de câmbio estável. A perspectiva para 2012 é relativamente favorável, mas afectada pela recente queda dos preços do petróleo e algumas incertezas. O ritmo da actividade económica deve acelerar com um crescimento do PIB de 6,8%. A inflação deverá continuar a diminuir lentamente, para 9,6% no final de 2012 (média de 10,8% anual).

>> texto: Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas

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#22Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

opinião

Cada célula deste organismo vivo chamado Distribuição contém uma multiplicidade de pares de cromossomas que constituem o seu código genético, o seu ADN. Sem quaisquer preocupações de seguir um paralelismo rig-

oroso com as características científicas do genoma humano, esta linha de reflexão sobre a Distribuição, usa-o apenas como metáfora de enquadramento e análise. A identificação e selecção dos genes que irão integrar este processo foi totalmente livre e da minha in-teira responsabilidade. A sua ordem é também aleatória e não segue qualquer critério temporal ou de importância.Mas podemos começar esta viagem pelo gene EXPANSÃO, o ver-dadeiro oxigénio da Distribuição pois sem ele qualquer conceito comercial sufoca, estagna e morre. Será sempre uma questão de tempo. Na Distribuição parar é realmente morrer.Temos depois o LIVRE SERVIÇO. O seu ex-libris, que o carrinho de compras tão bem simboliza, o sistema que tudo mudou na ac-tividade comercial exercida em lojas. A seguir a CONCORRÊN-CIA o sangue que lhe corre nas veias e que melhor a evidencia se comparada com outros sectores da actividade económica.Tal como o SORTIDO que forja a sua personalidade e claramente identifica os formatos com que se apresenta aos consumidores. E as TECNOLOGIAS/PROCESSOS cuja adesão da Distribuição é não só imediata como, a partir delas, tudo muda e nada fica como era dantes. Ou o CRÉDITO nas suas diferentes formas desde o velhinho livro de fiado até à venda a prestações ou às compras pagas com cartões. A multiplicidade de FORMATOS/INSÍGNIAS que com difer-entes características e posicionamentos todos os dias estão à dis-posição dos consumidores em qualquer parte do mundo ou o gene da LOGÍSTICA sem o qual a Distribuição não existiria e não se-ria, como é, um negócio de tostão gerido pela informação. E a INOVAÇÃO a verdadeira alma mater, a partir da imaginação e das necessidades detectadas quer ao nível da oferta quer dos processos.A LOCALIZAÇÃO que pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma loja e assumir formas tão variadas sempre com o objectivo de estar perto e com FOCO NO CONSUMIDOR, gene sem o qual a Distribuição não tinha razão de ser, servir o consumidor é a sua religião e seu único mandamento. Para tal, a NEGOCIAÇÃO é fundamental e imprescindível, desde os seus primórdios quer com os consumidores quer com os fornecedores.A ORGANIZAÇÃO sem a qual, e independentemente da sua forma, não seria possível, dia após dia, manter a capacidade de abastecer os mercados com o que eles necessitam e com a QUALI-

DADE e respectivo controlo que os consumidores exigem e a leg-islação impõe.Mas nada disto se conseguiria sem o CAPITAL HUMANO ou factor H, aquele que por ser constituído por pessoas faz realmente a diferença não obstante a sua natureza de mão-de-obra intensiva. A INTEGRAÇÃO (DE FUNÇÕES) da Distribuição é um dos seus mais recentes genes que lhe permitiu gerar economias de escala e racionalização de processos.Uma dessas funções a COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃO gan-hou autonomia face aos produtores e saiu para fora das lojas in-vadindo os meios de comunicação social incluindo a televisão. O VALOR ACRESCENTADO demorou muito tempo a ser recon-hecido como um predicado da Distribuição, que no passado até era vista como uma actividade parasitária, mas ninguém hoje o põe em causa.Tal como a INTERNACIONALIZAÇÃO/GLOBALIZAÇÃO um processo muito lento que até começou com os portugueses e a sua descoberta do caminho marítimo para a Índia mas que só no final do século vinte acelerou de forma imparável.A ESTRATÉGIA nas diferentes formas com que se assume através dos preços, do sortido ou dos serviços impactando assim no posi-cionamento de cada empresa ou formato no mercado onde con-corre.O gene da EXPERIÊNCIA (DE COMPRA) tem vindo a ganhar peso no código genético da Distribuição por força da evolução nos últimos anos pois o ato de consumo deixou de ser uma forma de sobrevivência para se transformar num ato lúdico e de prazer.De igual modo, a MUDANÇA/TRANSFORMAÇÃO verificada na Distribuição, ilustra da melhor forma a famosa Lei de Lavoisier segundo a qual, na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Pois, na Distribuição também assim é.Três das descobertas mais recentes do código genético da Dis-tribuição são o gene da SUSTENTABILIDADE nas suas vert-entes de responsabilidade social e de defesa ambiental, o gene do WORKING TOGETHER/PARCERIAS quer com os fornece-dores quer com os seus próprios concorrentes segundo modernas formas de competição e o gene do BRANDING cada vez mais assumido sob a forma de insígnia ou de produto como a cavalgada heróica das MDD pela Europa têm vindo a evidenciar. E por fim, a RESILIÊNCIA, ou seja, a capacidade de cair e se levantar, de ir abaixo e voltar para cima, de errar e de se corrigir, de perder para voltar a ganhar, de recuar para poder avançar, de mudar do negativo para o positivo fazendo das fraquezas, forças.

O ADN da DISTRIBUIÇÃO

José António RousseAu, Docente, consultor e especialista em Distribuição Modernawww.rousseau.com.pt

A partir de hoje, em cada número da Distribuição em Expansão, José António Rousseau irá analisar e desenvolver cada um dos elementos do código genético da Distribuição, sendo este texto o pontapé-de-saída, em jeito de enquadramento e lançamento do tema.

““Cada célula deste organismo vivo chamado Distribuição contém uma multiplicidade de pares de cromossomas que constituem o seu código genético, o seu ADN. Na Distribuição parar é realmente morrer”

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#23Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

opinião

A extracção de recursos naturais, em particular de petróleo, é e continuará a ser durante muitos anos o motor do crescimento da economia angolana. A exploração petrolífera e respectivas actividades associadas represen-

taram em 2011: • 85% do PIB angolano, de acordo com o CIA Factbook • 81% da receita fiscal cobrada pelo Governo de Angola • Mais de 97% das exportações, de acordo com o Economist

Intelligence Unit. A riqueza gerada por esta actividade encontra naturalmente forma de chegar às populações. O PIB per capita duplicou na última dé-cada, mais ou menos o mesmo crescimento que foi observado na produção petrolífera.Os recursos libertos pelo sector petrolífero foram depois aplicados em grandes projectos de investimento, em particular na construção de infra-estruturas imobiliárias, energéticas e de transporte. O in-vestimento público em projectos de construção superou os 5 mil milhões de USD em 2010, representando cerca de 82% da totali-dade deste mercado.Os sectores de extracção e construção são actividades de capital in-tensivo e baixa incorporação de mão-de-obra, em que as competên-cias críticas requeridas são a especialização técnica, a captação de projectos, a atracção de investimento e a gestão de risco. Estes sec-tores não conseguem por isso gerar competências em quantidade e diversidade significativas, em particular aquelas que são requeridas aos sectores de consumo em que o cliente não é um comprador empresarial mas um consumidor individual.Adicionalmente, no caso da extracção de recursos naturais, a ger-ação de emprego e a utilização de mão-de-obra são muito localiza-das nos pontos de extracção o que, em Angola, as coloca longe dos grandes centros urbanos, onde reside a generalidade da população.A necessidade de movimentar e aplicar os recursos gerados pelo sector petrolífero conduziu naturalmente a um aumento do vol-ume de depósitos bancários e à sofisticação dos produtos finan-ceiros disponibilizados a empresas e indivíduos, fazendo hoje do sector financeiro a actividade mais bem regulada e capacitada do país. A taxa de bancarização da população tem subsequentemente crescido a uma média de 19% ao ano atingindo actualmente, de acordo com a Empresa Interbancária de Serviços, cerca de 22% da população.Em paralelo assistimos também um grande crescimento do sector de telecomunicações, em particular dos serviços móveis de voz e dados, em resultado da abertura deste sector a operadores privados. De acordo com o CIA Factbook, 9,5 milhões de angolanos pos-suíam telemóvel em 2011, o que equivale a uma taxa de penetração próxima dos 50%.Ambos os sectores anteriores, financeiro e telecomunicações, têm uma vertente forte de atendimento e serviço, embora este seja emi-nentemente não presencial. O contacto de um cliente com o seu banco é muito focado em momentos chave como a abertura de

conta ou o pedido de crédito para aquisição de automóvel ou hab-itação própria. No caso das telecomunicações, podemos ser um dos melhores clientes da Unitel ou Movicel sem alguma vez contactar com um único colaborador destas empresas.Assistimos agora, em particular desde os últimos 2 anos, a uma terceira vaga de crescimento sectorial que inclui, entre outros, o advento da Distribuição Moderna no país através quer da entrada de empresas multinacionais quer do surgimento de redes nacionais de retalho alimentar e especializado.Este crescimento resulta não só do aumento do rendimento dis-ponível das populações mas também de uma maior formalização do comércio a retalho e consequente transferência do consumo actualmente realizado em estabelecimentos não licenciados e vendedores de rua para redes organizadas que obedecem à lei das actividades comerciais, pagam impostos e cumprem requisitos de higiene e segurança.O comércio a retalho é, pela proximidade ao consumidor e pela rel-evância para a sua qualidade de vida, um negócio particularmente exigente de competências humanas que não foram até hoje tão re-queridas aos sectores de actividade mais desenvolvidos em Angola.Em primeiro lugar, o conhecimento da cultura, preferências e hábitos de consumo locais. No caso de Angola, dada a extensão e diversidade do país, o estudo do consumidor não se deve restringir a Luanda ou às grandes cidades, antes considerando as tradições e gostos de cada província e cada comunidade.Segundo, a eficiência de utilização de activos humanos e logísti-cos. Face aos sectores mais desenvolvidos em Angola, a margem do comércio a retalho é comparativamente baixa, sendo cá inclusiva-mente limitada por lei. A actuação eficaz neste sector requer por isso a capacidade de: • Planear, executar e controlar os elevados investimentos logís-

ticos – armazéns, lojas e frotas de transporte – necessários ao abastecimento contínuo e fiável de uma rede alargada de pon-tos de venda

• Extrair elevado valor dos recursos humanos empregues. Aqui se coloca um dos paradoxos mais difíceis de vencer: não sen-do dos sectores com maior margem para remunerar os seus colaboradores, é dos que maior produtividade e rapidez de aprendizagem lhes exige.

O serviço ao consumidor. Angola viveu um período prolongado de escassez, em que uma empresa obtinha vantagens competitivas da simples capacidade de conseguir colocar um produto disponível para consumo no país, seja a que condições ou preço. À medida que essa escassez é reduzida e o acesso da população a bens de consumo é generalizado, o serviço ao cliente torna-se o elemento crítico de diferenciação entre concorrentes.O advento da Distribuição Moderna trará por isso consigo um novo ciclo de transformação do capital humano em Angola. Não será rápido, não será fácil mas será inevitável e, sobretudo, do maior valor acrescentado para o país.

A terceira vaga do capITal hUmanO

Pedro Miguel Silva, Senior Manager de consultoria da [email protected]

““O comércio a retalho é, pela proximidade ao consumidor e pela relevância para a sua qualidade de vida, um negócio particularmente exigente de competências humanas que não foram até hoje tão requeridas aos sectores de actividade mais desenvolvidos em Angola”

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/a produção vista pelos profissionais

1 Não sendo um conhecedor habili-tado a poder pronunciar-me sobre o

sector não alimentar, já no que concerne ao sector alimentar, considero que se trata de um domínio com um desenvolvi-mento muito embrionário, se excluirmos o sector das bebidas alcoólicas (cerveja) e refrigerantes. Nos restantes, a economia nacional ainda se encontra numa fase de arranque e tem pela frente muitas dificul-dades que terão de conseguir ultrapassar.Destas barreiras ao desenvolvimento, considero que a falta de quadros habilita-dos, a fragilidade ou inexistência dos for-necimentos base – água e energia – bem como a política fiscal e alfandegária são os principais entraves ao desenvolvimento do sector produtivo nacional.

2 A correcção da pauta aduaneira no que diz respeito a parte importante

dos produtos alimentares, que são taxa-dos por valores mínimos, a obrigatorie-dade da observância das normas internac-ionais do Codex Alimentários da FAO/OMS no que toca aos produtos alimen-tares, particularmente aos importados, uma reviravolta completa para melhor no abastecimento de água, energia e nas acessibilidades, bem como um reforço na formação e disponibilidade de técnicos capazes e com visão de gestão, seriam um conjunto de factores que determinariam

um salto em frente muito significativo por parte do sector produtivo nacional No domínio da agricultura são espe-cialmente débeis os circuitos de comer-cialização e de benefiação/preparação da produção, o que os torna de difícil acesso por parte do público consumidor.

3Para além das já atrás referidas, não podemos esquecer a enorme e demo-

rada tramitação biocrática inerente ao de-senvolvimento da actividade produtiva, bem como a acessibilidade e as condições de financiamento ao investimento que actualmente são pouco atraentes, esper-ando-se que os actuais programas divul-gados quotidianamente nos “média”, ven-ham a alterar para melhor o panorama actual.

4A distribuição moderna em Angola, tem pautado a sua presença ou por

ignorar pura e simplesmente a produção nacional, em especial as cadeias de dis-tribuição que vivem quase exclusiva-mente das suas centrais de compras sedia-das no exterior do País ou então, por uma permanente atitude de esmagamento de preços à produção e sucessivos aumen-tos de exigências, chegando em alguns casos a exigir um pagamento por parte dos produtores para cada artigo (item) cadastrado e colocado à venda nos lin-

A produção à lupa dos profissionAis

O estado do sector da produção em Angola analisado por dois profissionais do mercado.

>> texto: António Pedro e Victor Jorge >> fotos: Edson Chagas e César Magalhães

pro

du

ção

1 Considera a produção alimentar e não alimentar em Angola um sector desenvolvido? Se não for o caso,

explicite quais são as maiores barreiras a esse desenvolvimento.

2 O que falta para tornar a produção alimentar e não alimentar em Angola mais competitiva?

3 Quais são as maiores dificuldades deparadas por quem deseja produzir? Justifique.

4 A relação com a distribuição moderna em Angola é saudável e fácil? O que poderá ser melhorado e onde

existem dificuldades?

5 Acredita que, a médio prazo, Angola poderá não depender tanto da importação de produtos estrangeiros?

Se sim, quais são os produtos/sectores onde mais facilmente isso poderá acontecer?

6 Um desenvolvimento da distribuição moderna em Angola conduzirá a uma redução do comércio informal

ou sente que esse tipo de comércio, pelo preço mais baixo, terá sempre uma quota bastante alta?

José César Macedo CEO da Lactiangol

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1Ao longo dos anos temos assistido a um desenvolvimento crescente que

consideramos muito importante ao nível da produção nacional, alimentar e não alimen-tar. Empresas como a Refriango têm dado pas-sos consistentes que têm por base aportar à produção nacional os mais elevados stand-ards de qualidade mundial, uma dinâmica de inovações que Angola desconhecia e, so-bretudo, uma relação qualidade preço abso-lutamente extraordinária. No entanto, é ainda é prematuro consid-erarmos a produção nacional um sector de-senvolvido. Condicionantes estruturais, de formação técnica e educacional, e financeira ainda não permitem alcançar uma maturi-dade superior. É de enaltecer o trabalho dos diferentes Governos Provinciais nesta maté-ria, bem como o trabalho desenvolvido pela AIA e outras entidades que diariamente tra-balham por uma Angola mais competitiva.

2Em primeiro lugar acreditamos que o futuro de Angola e da produção na-

cional será de grande sucesso, no médio e longo prazo. Na razão desta nossa crença está a aposta governamental e de privados nas áreas estruturantes para o desenvolvimento do país e que têm consequência directa na indústria nacional.O forte investimento do Governo da República de Angola no melhoramento das vias de comunicação tem sido um factor muito positivo para a distribuição terrestre dos produtos. Efectivamente, ainda existem alguns troços que exigem um esforço adi-cional de superação mas que não são im-pedimento para a prestação de um serviço de qualidade. É de enaltecer a recuperação e as melho-rias significativas das estradas nas maiores províncias que têm encurtado o tempo de distância entre elas e paralelamente na ligação ferroviária entre províncias. A con-jugação da modernização dos clientes com a rapidez alucinante a que assistimos ao crescimento do mercado e ao investimento em obras públicas vão, com certeza, fazer de Angola um dos benchmarks da Logística e Indústria em África. Paralelamente, a componente humana é

outro factor crítico de sucesso. Em primeira instância é fundamental a construção de equipas estáveis, com muita experiência nas funções desempenhadas e com uma clara orientação para resultados. Neste âmbito, a Refriango tal como outras empresas apostam na formação contínua e na constituição de equipas mistas, de nacionais e expatriados, para que da simbiose de conhecimento e experiências resulte a liderança de mercado. Finalmente Angola será sempre mais com-petitiva quanto menos depender do es-trangeiro para aceder a matérias-primas e à transformação das mesmas. Quando a base do sistema produtivo estiver em Angola, a competitividade do País irá conhecer uma dinâmica extraordinária.

3No caso da Refriango, ao longo do processo produtivo dos nossos produ-

tos, vamos encontrando alguns desafios que exigem de nós um esforço adicional. Em primeiro lugar o acesso a matérias-primas na-cionais, quer seja pela quantidade necessária, quer seja pela qualidade exigida. Em seg-undo lugar a burocracia associada à impor-tação e exportação que muitas vezes impede que sejamos mais competitivos. Finalmente a mão-de-obra qualificada, que é a base do sucesso de qualquer empresa.

4O dinamismo do mercado faz com que áreas de negócio não sejam estanques e

os conceitos de distribuição se fundam e se expandam. Cadeias grossistas abrem pontos de venda de distribuição moderna e vice-ver-sa, e começam também a aparecer conceitos de comércio integrado, com imagem e sor-tido semelhante, numa estratégia de retalho de proximidade e que tendem a substituir parte dos pontos de vendas não licenciados, que com o aumento da fiscalização, vêem a sua actividade com os dias contados.Ao nível da Distribuição Moderna temos verificado dia-após-dia a uma modernização muito significativa, aproximada aos padrões europeus. Dificuldades existem, tal como existem fora de Angola mas o caminho é de prosperidade.

5Os produtos disponíveis em Angola ainda são em grande parte provenientes

de importação (Portugal, África do Sul, Bra-sil), na maioria através de Representações ou Distribuidores.Há, no entanto, uma legítima pressão crescente das empresas locais para um au-mento das taxas aduaneiras à importação de produtos acabados, de modo a incentivar e a proteger Industria Local, que cresce e se desenvolve a um ritmo bastante elevado e que em alguns sectores já produz o suficiente para satisfazer as necessidades do país, com alta qualidade e garantia de fornecimento constante. É também um garante do de-senvolvimento do país, pois essas empresas, para além de gerarem empregos directos, desenvolvem também sectores paralelos, em especial através fornecimento de serviços ou de captação de matérias-primas.O consumidor começa também a sustentar esta posição porque há cada vez mais marcas angolanas a conseguirem derrubar essa bar-reira, pelo facto do consumidor angolano es-tar cada vez mais informado, pela alta quali-dade dos produtos (processos de fabrico, equipamentos, matérias-primas e controlo do processo logístico), pelo esforço de co-municação e pela capacidade de internacion-alização que algumas marcas já demonstram. Conceitos e campanhas como o “Feito em Angola”, uma marca que associa as empre-sas locais e o Governo, visa credibilizar a produção nacional e garante de qualidade. A percepção geral de que “o que vem de fora é que é bom”, está rapidamente e irreversivel-mente a mudar para “o de cá é tão bom que até vai para fora”.

6Quem experiencia uma viagem pelas ruas de Luanda sabe que pode comprar

tudo sem sair do carro. O Mercado Informal é o grande fornecedor de produtos à popu-lação. Não existem valores em concreto, mas é comumente aceite que cerca de 80% dos produtos adquiridos pela população seja feito neste canal.Há uns anos atrás, marcas que não estavam presentes no mercado informal, não estavam verdadeiramente em Angola. Hoje o cenário é diferente e altera-se a um ritmo alucinante. Apesar de visíveis desigualdades sociais, há uma classe média emergente, com algum poder de compra e com necessidades que já

eares, para além da constante exigência de descontos à produção, que suportam sozinhos as campanhas de promoção das cadeias de distribuição.Há que mudar de atitude sob pena do colapso da produção nacional que se vê obrigada a vender à moderna distribuição em condições altamente penalizadoras, ou a ser pura e simplesmente ignorada.Há no país casos em que a produção nacional é encarada como algo ”infecto-

contagioso” que de modo algum pode estar exposta nos seus lineares.

5Acredito que se houver uma mudan-ça na taxação dos produtos alimen-

tares importados e a exigência pelo cum-primento das regras universais do Codex Alimentários, os produtos frescas terão espaço para crescer e ganhar presença no mercado, já que a importação de frescos, implica a via aérea o que torna os produ-

tos muito caros, fruto do custo do frete.

6Naturalmente que o desenvolvi-mento da distribuição moderna traz

consigo uma muito maior e melhor aces-sibilidade aos produtos por parte do con-sumidor, o que naturalmente vai implicar uma diminuição significativa do mercado informal, embora este tenha tendência a manter um peso ainda expressivo na oferta.

2824 Horas com...Raúl Mateus, Proprietário e Presidente do Conselho de Administração da Pomobel

links úteis:www.lactiangol.co.ao/ www.refriango.com

Estevão Daniel Administrador da Refriango

não são satisfeitas no canal informal. É esta faixa da população que despoleta o cresci-mento do número de supermercados e out-ras formas de retalho organizado (Mercado Formal). Estrategicamente, as marcas ou em-presas já podem optar por estar presente ap-enas no mercado formal, já há massa crítica de operadores e consumidores. A quota correspondente ao mercado in-formal irá seguramente diminuir para um maior nível de equilíbrio com o mercado for-mal, mas no longo prazo continuará a existir com um peso significativo.

pág.

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#28Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

produção

24Horas com...Raúl Mateus, Proprietário e Presidente do Conselho de Administração da Pomobel

>> fotos: Edson Chagas

Pequeno-almoço em casa, com cereais e sumo natural.

Saída para Futungo, num percurso de 55 minutos, para visita ao armazém e supermercado para constatar in loco os cabazes recebidos, tendo em conta que será o ponto de distribuição destes.

Permanência no escritório, interagindo com os Directores de Departamento, leitura e envio de e-mails e de algumas das principais notícias na imprensa nacional. Atendimento de alguns clientes e fornecedores especiais no escritório durante a manhã.

De volta à cidade para visita a um dos supermercados situado na Rua Rei Katiavala.

Após esta visita, regresso ao escritório.

Chegada ao escritório para verificar novamente os e-mails e despacho dos assuntos pendentes diários como, por exemplo, assinatura de documentos e breve briefing com os directores das respectivas áreas.

07:30 horas

11:00 horas

09:00-11:00 horas

16:00 horas

16:45 horas

17:00 horas

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/24 Horas com...

Visita aos armazéns da Petrangol, para constatar a recepção da mercadoria que irá fazer face à procura na época da quadra festiva do Natal.

Chegada a Talatona.

Início do jogo de basquetebol que termina às 21:10.

Regresso a casa.

Chegada a casa e pratico 15 minutos de natação para relaxar.Finalmente, por volta das 22:45 horas, jantar e para fechar o dia ver um pouco das principais notícias dos dia e preparar-me para o dia de trabalho seguinte.

Breve paragem na pastelaria para petiscar qualquer coisa ao almoço e de seguida partida para o Armazém Central do Zango, num percurso de 1 hora, para constatar a recepção de mercadoria, execução dos cabazes e atendimento a outros organismos e supermercados, de mercadoria a grosso.

Finalmente, após um dia laboral, regresso à casa como algo ligeiro e preparo-me para ir aos treinos de basquetebol.

Partida para Talatona para jogo de basquetebol partilhado com amigos.

Viagem até ao escritório na Rua Arnaldo de Novais.

Saída da fábrica do Futungo.Saída do Armazém Central em direcção aos armazéns da Petrangol num percurso que demorará 45 minutos.

Chegada ao escritório e primeira análise do dia com secretária da administração.

15:30 horas

19:15 horas

19:30 horas

21:30 horas

22:15 horas

13:00 horas

17:30 horas 18:10 horas

08:00 horas

12:30 horas 14:45 horas

09:00 horas

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#30Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/cerveja

beb

idas

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

Até 2017, o Executivo angolano prevê bloquear a importação excessiva de bebidas no País, incluindo as bebidas alcoóli-

cas. O objectivo insere-se nas políticas de protecção da indústria nacional e pre-tende desestimular a importação de bebi-das alcoólicas no País, num processo que tem como objectivo despertar a produção nacional. Neste processo, a cerveja estrangeira também terá dificuldades para entrar em Angola.A ministra da Indústria, Ber-narda Gonçalves Martins Henriques da Silva, referiu, recentemente que as limi-tações não abrirão margem aos sumos, refrigerantes, águas e, principalmente à cerveja, bebida mais acen-tuadamente importada. “O Executivo tem estado a tra-balhar na protecção da indús-tria nacional, tendo em vista a redução das importações”, frisou a responsável pela

pasta da Indústria.“O objectivo do Executivo é de reactivar o tecido produtivo de bens transaccionáveis do país e forçar as empresas estrangeiras, que importam para Angola, a produzirem esses produtos no país”, reforçou a min-istra.Destaque-se o caso do mercado das cerejas em Angola dominado pelo grupo Castel Cuca BGI que detém o monopólio da produção de cerveja em Angola através

do qual controla 80% do mercado domé-stico com as marcas Cuca (48%), Nocal (16%), N’gola (9,6%), Eka (4,8%) e out-ras (1,6%).Os restantes 20% pertencem às cervejas importadas, realçando-se as portuguesas Cristal, Super Bock e Sagres, além da Carlsberg (dinamarquesa) e da Heineken (holandesa).De recordar que, as importações per-mitem aos consumidores de um país ter

acesso a uma maior varie-dade de bens a um preço mais baixo. Condicionar as importações significa limitar as escolhas dos consumidores e obrigá-los a pagar mais caro pelo que consomem. De relembrar são também as afirmações de Philipe Fred-eric, administrador-delegado do grupo Castel Cuca BGI ¬— uma parceria 50/50 entre os franceses da Castel BGI e a Ucerba, empresa que agrupa vários investidores

Importação de bebidas estrangeiras com processo dificultado

O Governo angolano está a preparar um dossier para criar mecanismos para proteger a indústria nacional de bebidas através da introdução de taxas aduaneiras elevadas aos produtos estrangeiros.

“De recordar que, as importações permitem aos consumidores de um país ter acesso a uma maior variedade de bens a um preço mais baixo. Condicionar as importações significa limitar as escolhas dos consumidores e obrigá-los a pagar mais caro pelo que consomem.”

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angolanos — em Maio passado à Exame, onde recordava esta “velha” promessa do Governo angolano: “o governo desafiou a indústria nacional, dizendo que aumen-taria os impostos sobre a importação no dia em que nós fossemos auto-suficientes na produção. Ora esse dia chegou. Nessas mesmas declarações, o responsável máximo pela operação da Castel Cuca BGI sugeria que a quota da cerveja impor-tada no mercado angolano não deveria ultrapassar os 5% a 7%, percentagem que diz ser “normal” em África.De referir ainda que são vários os gru-pos que desejam entrar em Angola com produção própria, caso concreta da portu-guesa Unicer que tem visto o seu processo de entrada “adiado” ao longo dos últimos anos. António Pires de Lima, CEO da Unicer, mostrava-se, recentemente, preocupado com as taxas alfandegárias, acreditando a existência de uma inflação no mercado das bebidas. “Os angolanos vão pagar mais pelas bebidas, porque as taxas estão muito altas”, explicou, destacando, no entanto, que não serão as taxas, ou outros

obstáculos que impedirão a continuidade da Unicer em Angola: “Continuamos comprometidos com a aposta em Angola, pelo caminho que temos feito como pelo projecto que queremos levar a cabo, num valor de 200 milhões de dólares”, asseg-urou no final de 2011.Nesse ano de 2011, o mercado ango-

lano representou mais de 150 milhões de dólares (79 milhões de euros) para as duas cervejeiras portuguesas – Unicer, dona da Super Bock e Cristal – facturou 109 milhões de dólares (79 milhões de euros), enquanto a concorrente Sociedade Cen-tral de Cervejas (SCC), dona da marca Sagres, encaixou cerca de 42 milhões de dólares (30 milhões de euros). Dada esta nova política de penalização das bebidas importadas, as empresas portu-guesas estão a deslocalizar os seus inves-timentos para países como Moçambique, sendo exemplo o caso da Sumol+Compal, com a empresa liderada por Duarte Pinto a anunciar em meados de 2012 um inves-timento de oito milhões de euros (cerca de 10,5 milhões de dólares) numa fábrica em Moçambique.Ao jornal Sol, Pires de Lima tinha avan-çado, em Junho de 2012, planos para a criação de uma base industrial em Moçam-bique, referindo o responsável na altura que ser “uma hipótese que estamos a ana-lisar”, sublinhando, contudo, ser ”um projecto independente de Angola”. Certo é que o único investimento no sector cervejeiro angolano fora do grupo

Castel Cuca BGI foi feito em 2009 pela sul-africana SABMiller, no relançamento da N’gola e na fabricação da sul-africana Castle. Dois anos depois, em 2011, tudo passou para as mãos da Castel Cuca BGI.

Posição da AIA

A Associação Industrial de Angola defende a posição tomada pelo Executivo angolano, pois, segundo o seu presidente, José Severino, “é preciso proteger quem fez largos investimentos no sector cervejeiro, em detrimento das empresas importadores de cervejas. Revelou que a AIA tem procurado dialogar com os parceiros portugueses, de modo a ajudar-lhes a encontrar parceiros angolanos com capacidade técnica e financeira, a fim de investirem em fábricas no País mas afirma que não se percebe as razões dos parceiros lusos de se fecharem quanto a esta iniciativa. Refira-se que as importações de cervejas de 2008 a 2011, segundo dados do Conselho Nacional de Carregadores, registam redução com excepção de 2010 em que subiu para as 800,8 mil toneladas mas decaiu para 297,3 mil toneladas em 2011.

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/ExpoTrans

log

ísti

ca

>> texto: Estêvão Martins >> fotos: César Magalhães

Investidores e empresas da África do Sul, Alemanha, Brasil, China, Espanha, França, Inglaterra, Nigéria, Portugal e Zimbabue, trouxeram a Angola o que

de melhor existe no ramo da logística e transportes, sem dissociar a distribuição moderna, e exibiram no espaço da Feira Internacional de Luanda (FILDA) visando acrescentar mais-valia ao mercado ango-lano.Para além dos diferentes sectores dos trans-portes que estiveram em exposição, desde aéreo, ferroviário, marítimo e rodoviário, a feira exibiu os sectores da logística, serviços e novas tecnologias, três indicadores do sis-

tema do comércio que contribuem para a consolidação de um sector de distribuição moderna.Segundo a organização, a inclusão dos três sectores já referenciados jogam um papel muito relevante para o crescimento e desenvolvimento de uma plataforma conjunta, no sector dos transportes, que permite a distribuição eficaz de produtos alimentares e não alimentares em todo o

País. Nesta vertente, entre várias exposições, o comércio internacional e logística de carga, para além do sector de equipamen-tos, foi visível quer para especialistas quer para pessoas interessadas em aprender con-ceitos sobre o estava exposto.E é face aos bons indicadores macroe-conómicos que Angola tem registado, nos últimos anos, que a feira adoptou o lema “Logística e Transportes pelo Crescimento de Angola” levando para a FILDA empre-sas dos sectores público e privado, após o considerado êxito da edição de 2011.Como referência, os 85 expositores que

participaram na ExpoTrans 2012 repre-sentam uma taxa de crescimento de 70% em relação ao número de expositores da edição do ano passado.Nos últimos anos assistiu-se a um consid-erável aumento de construção de novas infraestruturas, nomeadamente, a reabili-tação e modernização de infraestruturas existentes, desde as linhas férreas, estações e apeadeiros dos caminho-de-ferro, termi-

nais rodoviários, marítimos e aeroportos, segundo o assessor de comunicação do Ministério dos Transportes.Luís Paulo assinalou que o reforço no investimento da formação e capacitação de quadros e a regulamentação de todo o sector, a criação do Instituto Superior de Gestão, Logística e Transportes (ISGEST), que dotará de uma importante infraes-trutura universitária especializada nas áreas dos transportes, da logística e da gestão.

GiGantes buscam mercadoA Espanha, a título de exemplo, partic-ipou com seis empresas de referência que

actuam nas áreas de projectos de infraes-truturas de transportes, segurança e águas; de manutenção e reparação de material ferroviário; construção e equipamentos de controle e sistemas de sinalização para tráfego ferroviário.Segundo o conselheiro Económico e Comercial da embaixada de Espanha em Luanda, Manuel Sánchez Melero, as empresas do seu país participaram na

Logística e distribuição atraem investidores externos

A segunda edição da Feira Internacional dos Transportes e Logística de Angola (Expotrans 2012) registou, em Luanda, a presença de países cujos projectos têm reflexos directos no sector da distribuição moderna.

35Distribuição e produção beneficiam com GPS

“Investidores e empresas da África do Sul, Alemanha, Brasil, China, Espanha, França, Inglaterra, Nigéria, Portugal e Zimbabue, trouxeram à FILDA o que de melhor existe no ramo da logística e transportes, sem dissociar a distribuição moderna”

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/ExpoTranslogística

ExpoTrans com visão de longo prazo no mercado angolano, nomeadamente a Quantum, numa parceria entre a Indra e a Vossloh, a Erion Mantenimiento Fer-roviario SA, a Invensys Rail Dimetronic e a Sacyr, através de uma parceria entre a sua subsidiária Neopul e a Somague Engenha-ria Angola.A Indra, por sua vez, é uma empresa de tecnologia e líder mundial no sector, pois fornece aos mercados dos diferentes con-tinentes uma ampla e diferenciada inte-gração de sistemas. Este foco que possui, muito direccionado para a gestão do tráfego aéreo, aeroportos, sistemas de transporte de massa, ferrovias e estradas e do tráfego marítimo, tem tam-bém utilidade na gestão de frotas focadas na distribuição.Sánchez Melero justificou as razões que podem levar o governo de Angola ter o seu país como um parceiro credível nos sectores expostos na ExpoTrans, visto que “sete empresas espanholas estão, actual-mente, construindo ou dirigindo 40% das principais insfrastructuras de transporte do mundo”.As infra-estruturas de que fez referência são, concretamente, aeroportos, portos e auto-estradas. Outro destaque é que as quatro maiores concessionárias de infra-structuras do mundo são espanholas, des-ignadamente, a ACS, FCC, Abertis e Fer-rovial, afirmou Melero.“Algumas delas (empresas) estão já estabel-ecidas em Angola onde trabalham desde há alguns anos. As demais estão desen-volvendo relações económicas a distintos níveis. Todas elas estão muito interessa-das em alargar a sua larga experiência e presença internacional à modernização e expanção das redes de transporte de pes-soas e mercadorias de Angola”, detalhou Melero.A ExpoTrans apostou em áreas que são essenciais, do ponto de vista do crescimento e do desen-volvimento económico, no apoio aos sectores produtivos em franco crescimento no País, reforçou Luís Paulo e ressaltou que o evento valorizou a posição geo-estratégica de Angola na definição de políticas dos trans-portes, que possui ramificações noutros subsectores.Entre vários temas de palestras e work-shop, sobre as diferentes áreas do sector, o ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás falou para investidores, empresários nacionais e estrangeiros, numa palestra, sobre as “Plataformas Logísticas”.Outros temas foram abordados, como a “Implementação dos Sistemas Logísticos”, “Sistemas Inteligentes de Transportes”,

“Parcerias Público-Privadas para a Con-strução” e “Exploração e Financiamento de Metros Ligeiros em Áreas Metropoli-tanas”.

Promoção do desenvoLvimentoEm forma de balanço, a organização da ExpoTrans reconheceu que o seu objectivo foi o de promover o desenvolvimento da actividade no domínio dos portos, aero-

portos, indústria, serviços públicos e pri-vados de transportes aos cidadãos.A par disto, de acordo com a organização, a feira conseguiu oferecer tecnologias inovadoras, produtos, sistemas e soluções para a racionalização e optimização dos custos dos processos internos de logística, aquisição, armazenamento, produção e distribuição.

O ministro Augusto Tomás adiantou que os novos modelos de organização e gestão que ocorrem nesses sectores e a situação dos custos energéticos, “estão a dar origem a novos espaços para o desenvolvimento das trocas comerciais para a mundialização dos negócios”. Por esta razão, apontou o governante, a indústria de transporte e de logística se vai agigantando com a reabilitação, modernização e a criação de novas infra-estruturas de transporte e de

logística, fruto dos amplos programas de investimentos em curso no País.Tomás acalmou os partici-pantes a ExpoTrans que os projectos já concretizados, os que se encontram em curso e os previstos, “con-stituem parte integrante de uma revolução tran-quila” que está a ocorrer em Angola no sector que dirige.A ExpoTrans foi co-organ-izada pelo Ministério dos

Transportes e a FIL, empresa gestora do recinto da FILDA. O evento decorreu nos pavilhões 1 e 2, numa área bruta de 10.000 m2 e recebeu cerca de 4.000 visi-tantes durante os quatro dias de exposição.

inteGração ProGressiva O ministro dos Transportes ressaltou que a rede integradora da plataforma logistica

nacional está a conectar, de forma progres-siva, os portos, aeroportos e os grandes centros populacionais do País.Acrescentou, igualmente, que a rede se extende aos complexos mineiros, indus-triais e logísticos, bem como às três lin-has dos caminhos-de-ferro existentes, nomeadamente o Caminho de Ferro de Luanda, Caminho de Ferro de Benguela e o Caminho de Ferro de Mocâmedes, para além de interligar os países vizinhos.Pontualizou que a criação de interfaces, nas diferentes infra-estruturas logística de transporte, está a facilitar o desenvolvi-mento das populações a nível dos municí-pios, comunas, das grandes cidades das províncias e a melhorar as relações com os países vizinhos.“Com a coesão territorial, económica e social tem vindo a fazer-se o caminho da integração regional ao reforçar a sua implementação da plantaforma logística de transportes”, esclareceu.

cronoLoGia da exPotransEm 2011, o Ministério dos Transportes entendeu materializar na froam de feira, o que já havia concluído há anos, de que uma infra-estrutura logística adequada é um elemento essencial para o posi-cionamento de todo o País no panorama económico internacional.Surge assim a ExpoTrans 2011, uma vez que a logística nacional e internacional converteu-se, nos últimos cinco anos, num dos sectores chave no actual ambiente económico mundial.A iniciativa surge face à importância desta actividads nos movimentos de globali-zação económica internacional, é o caso do comércio exterior, nas novas tecnologias, onde a Internet joga um papel indispen-sável, e no suporte à actividade industrial, com a logística just-in-time em foco. Os serviços de transporte contaram com a exibição das áreas da logística marítima, carga aérea, transporte de mercadorias por caminhos de ferro, veículos para estradas, serviços de courrier, transportes frigorífi-cos, mercadorias perigosas, serviços de dis-tribuição, agências de transporte e trans-portes especiais.No evento do ano passado, entre os 50 expositores de diferentes países alguns integram um leque de operadores logísti-cos com ênfase para a exibição de serviços focados a armazém, picking, merchandis-ing, distribuição, informática de gestão, frio/congelados, alimentação e gestão de frotas.Angola dispõe de um plano estratégico detalhado para 2009-2012 para o sector dos transportes, que, por sua vez, favorece o desenvolvimento de demais sectores como o da distribuição.

“A organização da ExpoTrans reconheceu que o seu objectivo foi o de promover o desenvolvimento da actividade no domínio dos portos, aeroportos, indústria, serviços públicos e privados de transportes aos cidadãos”

O ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás reforçou a ideia de que indústria de transporte e de logística se vai agigantando com a reabilitação, modernização e a criação de novas infra-estruturas de transporte e de logística

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#35Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/GPS

>> texto: Eunice Sebastião >> fotos: D.R.

A tecnologia de sistemas de GPS (acrónimo do original inglês Global Positioning System, ou do português Posicionamento

Global por Satélite) em Angola é ainda pouco satisfatória em termos de expansão, por falta de conhecimento das vantagens que o mesmo oferece, segundo o repre-sentante da Sinfic (Sistemas de Informação Industriais e Consultoria, SA), Alexandre Nobre, quando entrevistado pela revista Distribuição em Expansão.De acordo com o responsável, um dos prin-cipais constrangimentos encontrados na venda e expansão dos aparelhos GPS tem a ver com a ausência de alguma maturidade de gestão, por parte das empresas, que no seu entender, desconhecem os benefícios que os aparelhos trazem para a sua operação.O GPS possui diversos serviços como indi-cação e/ou localização de veículos à distân-cia, gestão de rotas e combustível, paragens indesejadas, entre outros, começa a ser muito solicitado nas empresas e supermer-cados do país. Apesar de alguns supermer-cados aderirem já a esses serviços, poucos são os que têm conhecimento das vantagens que o mesmo oferece.Segundo o representante da Sinfic a empresa que representa a ESRI em Angola na venda e formação de softwares de siste-mas de informações geográficas, é preciso que exista formação ao nível da gestão da informação que os sistemas produzem para que se alterem comportamentos, trazendo mais rentabilidade para a organização do mercado.A empresa que tem como principais cli-entes, empresas de logística, distribuição, transporte, gestão de equipamentos como a Socoil e a Transful, conta neste momento com cerca de 3 mil aparelhos activos na rua e obteve um volume de negócio na ordem dos 2 milhões USD este ano.Apesar da empresa colocar este número de activos na rua, o representante afirma que

tem havido muitos constrangimentos na venda desses produtos pelo facto das empre-sas não conhecerem as vantagens do mesmo.“Um dos principais constrangimentos encontrados na venda de GPS tem como causa principal a ausência de alguma matu-ridade de gestão por parte das empresas que, muitas vezes, têm dificuldades em perceber os benefícios que esses sistemas podem trazer, em termos económicos e de operação”.

Vantagens do gPsApesar de ter sido criado originalmente para aplicações militares pelos Estados Uni-das da América (EUA) nos anos de 1980,

o equipamento GPS é hoje também usado para fins comerciais, influenciando a gestão de meios e da frequência de actividades dos serviços.Hoje, a utilização deste meio tornou-se mais do que um simples software, sistema e servi-dores para as empresas, funcionando como guia para ter vantagens competitivas. De acordo com o representante da Sinfic, este sistema ajuda principalmente as empre-sas de distribuição moderna a ter maior controlo relativamente às mercadorias, acelerando, igualmente, a forma de gestão e entrega dessa mesma mercadoria.Para Alexandre Nobre, a empresa que adere aos serviços de GPS consegue facilmente detectar e penalizar a actividade, cuja mesma não tenha autorizado.“Os gestores das empresas só saem a gan-har usando esse sistema, porque permite detectar o tempo gasto pelo veículo de dis-tribuição ao longo do trajecto, penalizando, deste modo, os condutores que usam os meios da empresa em seu benefício”.Tendo em conta a restruturação dos municípios de Luanda, que estão já previs-tos para este ano, a organização de mapas possibilitará aos automobilistas a detenção das localidades.

distribuição e produção beneficiam com gPs

Apesar de ter ainda uma utilização incipiente no mercado angolano, as vantagens da utilização dos sistemas de GPS são imensas para a distribuição moderna e produção.

Do militar para o civil

O sistema de posicionamento global, popularmente conhecido por GPS é um sistema de navegação por satélite que fornece a um aparelho receptor móvel a posição do mesmo, assim como informação horária, sob todas quaisquer condições atmosféricas, a qualquer momento e em qualquer lugar na Terra, desde que o receptor se encontre no campo de visão de quatro satélites GPS. Encontram-se em funcionamento dois sistemas de navegação por satélite: o GPS americano e o GLONASS russo. Existem também dois outros sistemas em implementação: o Galileo da União Europeia e o Compass chinês. O sistema americano é detido pelo Governo dos EUA e operado através do Departamento de Defesa norte-americano. Inicialmente o seu uso era exclusivamente militar, estando actualmente disponível para uso civil gratuito. No entanto, poucas garantias apontam para que em tempo de guerra o uso civil seja mantido, o que resultaria num sério risco para a navegação. O GPS foi criado em 1973 para superar as limitações dos anteriores sistemas de navegação.

COmO fUNCIONAEste sistema é constituído por 3 componentes. A primeira consiste dos satélites em órbita. A segunda componente são as estações de controlo em terra. Por fim temos o utilizador. Existem actualmente 24 satélites em órbita. Desde o primeiro lançamento na década de 1970 e com o desenvolvimento da tecnologia, foram sendo criados satélites cada vez mais precisos e autónomos. Encontrando-se em 4 órbitas diferentes, isto possibilita que qualquer área terrestre seja abrangida ininterruptamente por pelo menos 4 satélites. Caso contrário não seria possível a trilateração e, com isso, uma localização precisa. O componente de controlo localizado em terra é onde são controlados os satélites GPS. É feita uma verificação constante destes satélites, incluindo velocidade e trajectória. Também são enviados dados necessários para a funcionalidade máxima deste sistema. Por fim temos o utilizador, ou seja, a pessoa que tem um equipamento de recepção e envio do sinal e onde é indicado onde é que ela está.

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#36Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/Mercedes-Benz Citan

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Com a recente apresentação do novo Citan, a Mercedes-Benz completou a sua gama de veículos comerciais ligeiros (Vito, Sprinter

e Vario), colocando no mercado um au-tomóvel com quatro motorizações que sat-isfazem todas as necessidades (ver caixa). Com um espaço de carga até 3,8 m3 e uma carga máxima de 800 kg, o constru-tor alemão refere que com esta qualidade, dinâmica de condução, segurança e eco-nomia e versatilidade, o Citan é o novo profissional de referência entre os veículos urbanos de entregas. Ciente de que o exterior e interior de um veículo de trabalho terá de possuir (quase) as mesmas qualidades e instrumentos que os veículos de passageiros, a Mercedes do-tou este Citan de soluções próximas pos-síveis de encontrar em modelos da classe A, B ou C.Assim, para além do conforto, o painel de instrumentos foi pensado para uma utili-zação driver friendly, em que todos os in-

strumentos são de fácil acesso, funcionais e com materiais de limpeza fácil. De resto, o ponto da funcionalidade deste novo Citan foi algo que a Mercedes teve especial aten-ção, com vários espaços de arrumação, di-versos compartimentos nas portas, consola central, tablier e apoio de braços, existindo ainda a possibilidade de dotar o veículo de outros espaços através dos extras disponi-bilizados pelo construtor de Stuttgart. Com três versões – Compact, Long e Ex-tra Long – o Citan tem, correspondente-mente, três tamanhos de espaço de carga: 1,36 m; 1,75 m e 2,13 m, respectivamente. Do ponto de vista de capacidade de carga esta vai aumentando a partir dos 2,4 m3 até aos 3,8 m3, passando pelo 3,1 m3 da versão Long. Dependendo do comprimento e variante de peso, a carga máxima do Citan começa nos 500 kg (Compact), passando pe-los 650 kg (Long) até aos 800 kg (Extra Long).Para a facilidade de carga, as portas pos-

suem duas opções de abertura: 90 e 180 graus, ficando o espaço de carga somente a 568 mm de altura do solo, enquanto a distância entre eixos de 1.219 mm permite facilmente o carregamento de uma palete com as medidas Euro. Entre um dos vários pontos fortes deste Citan, a Mercedes revela a sua poupança de combustível, referindo mesmo tratar-se do modelo “com menor consumo de com-bustível na sua classe”. Assim, além dos in-tervalos de manutenção que podem ir até aos 40.000 km ou dois anos, o consumo do Citan 108 CDI BlueEFFICIENCY não vai além dos 4,3 litros/100 km (dados do construtor), verificando-se, igualmente, uma emissão de CO2 muito reduzida, na ordem dos 112 g/km no caso do 109 CDI BlueEFFICIENCY. O sistema BlueEFFICIENCY, montado de origem na versão a gasolina e opcional nas versões a diesel, além da poupança de combustível inclui, igualmente, a função ECO start/stop, bem como uma gestão de bateria e alternador, fazendo com que a energia da travagem possa ser aproveitada. Com um equipamento base prático e fun-cional, que inclui ajuste de voltante em altura, fecho central de portas, espelhos retrovisores com ajuste interior e pré-in-stalação de rádio, a Mercedes disponibiliza uma vasta gama de customizações, con-forme as necessidades de cada cliente.

>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

contactos:www5.mercedes-benz.com/en/

Uma forma eficiente de fazer entregas urbanas

Os motores do novo Mercedes CitanModelo Combustível Cilindrada Potência Torque

Citan 108 CDI Diesel 1.461 cm3 75 cv/4.000 rpm 180 Nm às 1.750-2.500 rpm

Citan 109 CDI Diesel 1.461 cm3 90 cv/4.000 rpm 200 Nm às 1.750-3.000 rpm

Citan 111 CDI Diesel 1.461 cm3 110 cv/4.000 rpm 240 Nm às 1.750-2.750 rpm

Citan 112 Gasolina 1.192 cm3 114 cv/4.500 rpm 190 Nm às 2.000-4.000 rpm

Fonte: Dados da Mercedes-Benz

Apresentado recentemente a nível internacional, o novíssimo Citan da Mercedes é algo mais do que um simples veículo para fazer entregas urbanas.

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#38Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/livros

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O Livro das Decisões junta, num único volume, os melhores cinquenta modelos de decisão utilizados pelos grandes gurus, universidades, empresas e público em geral. Tornou-se de imediato um bestseller na Europa e nos EUA, e vem

ajudar a resolver as questões mais importantes do dia-a-dia, nos mais diversos níveis. Neste livro encontram-se desde os modelos e matrizes mais conhecidas como a SWOT ou a BCG até aos modelos menos conhecidos como o do queijo suíço ou o cisne negro, todos eles igual-mente úteis nos momentos de tomada de decisão. Apresentados de uma forma fácil e prática, mostram-lhe formas de pensar que vão facil-itar todas as suas decisões. Elegante e compacto, este pequeno livro preto é um trunfo poderoso. Se precisa de planear uma apresentação, avaliar uma ideia ou um negócio, ou apenas conhecer-se melhor, ele irá ajudá-lo a simplificar qualquer problema que surja e a tomar as medidas adequadas no sentido de chegar à decisão mais acertada.

T odos os anos, CEOs de todo o mundo frequentam o mais concorrido curso da Harvard Business School. Líderes de companhias que facturam entre 10 milhões e 2 mil milhões de dólares por ano - ou seja, lideram as pequenas e médias

empresas que movem a economia global - pagam milhares de dólares para estarem fechados num campus a ouvir a lendária professora Cyn-thia Montgomery. Não vão aprender estratégia, nem liderança, vão pôr em prática a síntese de ambas. Montgomery argumenta que a estratégia não se deve centrar nos objectivos ou soluções, mas antes na viagem: requer liderança contínua, e para isso precisa de um estratega.O Estratega é o resumo do curso, o ponto de partida. Devolve aos líderes o duplo papel de pensar e executar. Ninguém conhece o negó-cio como as pessoas que vivem para ele. Essas pessoas aprendem rapi-damente que uma estratégia não é uma teoria fechada, mas uma forma de pensar, que começa sempre com uma pergunta: “Se hoje fechasse as portas, o que é os meus clientes iriam perder? Quanto tempo seria pre-ciso e que dificuldade teriam em encontrar outra empresa que pudesse satisfazer as necessidades deles tão bem como a minha?” Bem-vindo ao curso. As aulas vão começar.

O Livro das Decisões - 50 Modelos para pensar com estratégia

O Estratega - Seja o Líder de que a sua empresa precisa

Autor(es): Roman Tschappeler,

Mikael Krogerus

Editora: Marcador

Tema: Administração e Gestão

Ano: 2012

Págs.: 224

Preço: €13,50 (1.665 KZ)

Autor(es): Cybthia A Montegomery

Editora: Lua de Papel

Tema: Administração e Gestão

Ano: 2012

Págs.: 208

Preço: €14,90 (1.837 KZ)

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#40Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

Alimentaria & Horexpo Lisboa 2013

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>> texto: Victor Jorge >> fotos: D.R.

contactos:www.alimentariahorexpo-lisboa.com/

Um salão que se quer exportador

Durante quatro dias, mais concretamente de 14 a 17 de Abril de 2013, Lisboa será a capital europeia dos sectores alimentar e bebidas, bem como do canal Horeca.

A Alimentaria & Horexpo 2013 - Salão Internacional da Alimen-tação, Hotelaria e Tecnologia para a Indústria Alimentar, promovida

pela AIP/FIL e Alimentaria Exhibitions, será o certame líder do sector alimentar em Portugal ena Península Ibérica em 2013, constituindo-se como a maior plataforma de negócios e contactos profissionais para os sectores da alimentação, distribuição, bebi-das e hotelaria.

A ambição da organização para o evento de 2013, é a de alcançar o milhar de empre-sas participantes e aumentar o contingente de compradores estrangeiros para cerca de 2.000, oriundos de mais de uma centena de mercados. Conservando o modelo de certame que congrega três salões e potencia as sinergias inerentes aos mesmos, este formato traduz-se numa ampla oferta do mercado alimen-tar e de hotelaria, com a presença de mui-tas empresas produtoras e distribuidoras de alimentos e bebidas, de equipamentos e decoração para a restauração e hotelaria, tecnologia e maquinaria para a indústria e distribuição alimentar.

RefoRço da veRtente inteRnacionalSob o lema “os ingredientes certos para grandes negócios”, a edição de 2013 da Ali-mentaria & Horexpo Lisboa reforça a vertente internacional do certame, que já se sedimen-tou enquanto a 4.ª maior e mais importante feira generalista do sector da alimentação no ranking europeu e como plataforma de acesso a um mundo de oportunidades de 250 mil-hões de consumidores a falar Português. Para apoiar as empresas nos negócios com o exterior, a organização da Alimentaria & Horexpo Lisboa apresenta na edição de 2013 novas iniciativas como o 1.º Fórum de Internacionalização do sector Alimentar com o envolvimento de todos os parceiros para concertação de estratégias internacionais de promoção, criação de sinergias inter-empresas orientadas para a exportação e definição das linhas orientadoras para os próximos anos. O Espaço Clube Portugal Exportador dedicado à promoção das exportações das empresas portuguesas, um espaço com um dinamismo próprio, e que servirá de ponto de encontro por excelência dos compradores internacionais, com a realização de encontros B2B pré-agendados. RefoRço do pRogRama de Hosted BUyeRs em 2013Fátima Vila Maior, directora de Área de Feiras da FIL e responsável pela Alimentaria&Horexpo confirmou para 2013 a duplicação da dotação do programa de Hosted Buyers, o que permitirá fazer crescer o número de compradores internac-ionais registados em 2011.De acordo com a mesma responsável, em 2013 a organização da Alimentaria & Hor-expo Lisboa quer “aumentar exponencial-mente o número de compradores estrangei-ros, o número de reuniões de negócios, o

número de mercados de origem destes com-pradores e o número de compradores oriun-dos dos países com economias emergentes e dos de língua oficial Portuguesa”. De referir que na edição de 2011 (a Alimentaria&Horexpo Lisboa organização de dois em dois anos, em alternância com a Alimentaria de Barcelona), os quatro pavil-hões da FIL (Feira Internacional de Lisboa) ocuparam uma área de 45.000 m2, onde estiveram presente mais de 850 empresas, com uma forte presença internacional, com empresas oriundas de mais de 30 países e mais de 30.000 visitantes profissionais entre os quais 1.200 compradores estrangeiros. Esta será uma boa oportunidade para os profissionais angolanos ficarem a par das últimas novidades e tendências ao nível dos produtos agro-alimentares, bem como refor-çar a sua presença em Portugal com o objec-tivo de servir não só como um país importa-dor de produtos portugueses, mas, também, como um exportador.De referir que Luanda foi o mercado que mais contribuiu para a crescimento das exportações de Portugal em 2011, com as vendas a registarem um aumento de 22%. O mercado angolano foi, de resto, o que mais contribuiu para o crescimento das expor-tações portuguesas em 2011, avançando o Banco de Portugal (BdP) que neste ano de 2012 deverá continuar a ganhar peso nas vendas ao exterior de Portugal. Entre os produtos mais vendidos encon-tram-se bebidas, tabaco, produtos agro-ali-mentares, máquinas e material de transporte. Portugal continua, de resto a destacar-se como cliente nas importações de Angola e tem aumentado o seu peso relativo nas contas de Luanda. De acordo com dados do Banco Nacional de Angola, o peso de Por-tugal nas importações totais angolanas subiu de 12% para 17% entre 2006 e 2011.

• Alimentaria Lisboa – Salão Internacional da alimentação e bebidas

• Horexpo – Salão Internacional da hotelaria e restauração

• Tecnoalimentaria – Salão Internacional das tecnologias, maquinaria e equipamento para a indústria e distribuição alimentar

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Foi com base nas características únicas, capilares e dermatológicas, dos angolanos que a marca Oasis desenvolveu toda a sua gama de produtos. Partindo das condições adversas provocadas pela poluição, poeira e sol intenso que deixam a pele seca e irritada e os cabelos baços e sem brilho, a marca Oasis desenvolveu um conjunto de produtos ultra-hidratantes que solucionam a maioria dos problemas identificados.Maracujá, amêndoas doces, oliva, abacate, manteiga de karité, lactose e mel foram os ingredientes escolhidos para esta gama de produtos, pela sua frescura, alto nível de hidratação e naturalidade.

#42Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

novidades As últimas novidades em termos de produtos serão conhecidas nestas páginas da Distribuição em Expansão.

CerelaC lança papa para preparar Com leite

apple anunCia novo imaC

Quinta do vallado aposta em porto Centenário

marCa oasis ConCebida para o merCado angolano

Este produto Cerelac é a primeira papa de sabor original para preparar com leite. Produzida com cereais ricos em vitaminas A, C e D, cálcio, zinco e ferro, foi pensada para se ajustar às necessidades nutricionais dos bebés a partir dos 6 meses.

Já disponível no mercado, o novo iMac sofreu alterações no design: uma carcaça de alumínio e vidro com uma espessura de apenas 5 mm e um ecrã redesenhado que reduz o reflexo até 75%. O novo modelo tem um ecrã com baixos reflexos, processadores mais rápidos e uma nova opção de armazenamento chamada Fusion Drive. O iMac de 21,5 polegadas vai estar disponível através da Apple Online Store e dos revendedores Apple autorizados.

O novo porto do produtor duriense reforça a estratégia da marca no segmento dos vinhos do Porto, orientada para a criação de produtos de qualidade superior. Depois de conquistar Portugal e o mundo com os seus vinhos de mesa, com os portos vintage e tawnies 10, 20, 30 e 40 anos, a Quinta do Vallado lança agora um vinho de extrema raridade, apresentado num formato que vai ao encontro do seu elevado nível de excelência.

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Neste Natal, a Canon vai levar a cabo a campanha “O melhor é celebrar”, no âmbito da qual, na compra de uma câmara fotográfica PowerShot SX240 HS, SX260 HS, SX50 HS ou SX500 IS, a Canon oferece um álbum fotográfico digital Classic Slim da Dreambooks. A campanha é válida para compras efectuadas de 1 a 31 de Dezembro de 2012 e é limitada ao stock existente. Para usufruir da oferta, os compradores devem registar-se no microsite da campanha em www.canon.pt/ofertaalbum, até dia 15 de Janeiro, enviando simultaneamente o comprovativo de compra do equipamento.

A marca progressista de acessórios de pele de cortiça preparou uma nova e-shop que vem facilitar o acesso de todos ao universo Pelcor, com diversos mecanismos que lhe irão facilitar a navegação pelos seus produtos. A marca desenvolveu também uma aplicação para iPad e iPhone, disponível de forma gratuita, onde poderá consultar as suas colecções e efectuar compras em qualquer lugar. Entre as diversas possibilidades, a nova loja online oferece-lhe uma listagem de produtos relacionados e a possibilidade de zoom nas imagens e utilização HTML5, que permite a apresentação das funcionalidades e características das peças com a tecnologia 360º Touch, para que possa compreender todos os detalhes das peças.

A Nespresso não pára de surpreender nem de deliciar os seus consumidores com novas experiências de café ao lançar Crealto, o seu novo Grand Cru Limited Edition de Outono.

Crealto é um café torrado e intenso, que combina a mais profunda perícia em café com a mais requintada gastronomia internacional. Selado numa cápsula branca salpicada por linhas castanhas – uma reminiscência da forma como os chefs decoram as suas criações – a embalagem de Crealto reflecte o seu carácter refinado. Crealto, cujo preço de venda é de 4,25 EUR por sleeve, está disponível em todos os canais de venda Nespresso.

Chama-se “Vai correr tudo bem”, a campanha que a Dodot lança agora no mercado. A marca fez um casting a quatro casais à espera de bebé, acompanhou o parto e, através de vídeos, tem ajudado os novos pais a cuidarem dos seus rebentos. Os vídeos estão disponíveis em dodot.pt.

#43Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

/novidades

blue polpa, uma novidade blue

de dietriCh Com selo de Qualidade

Canon ofereCe álbum fotográfiCo digital dreambooks

pelCor Com nova loja online

edição limitada da nespresso inspirada em alta gastronomia

nova Campanha para a dodot: “vai Correr tudo bem”

Blue Polpa é o mais recente lançamento da marca Blue. O refrigerante de sumo de fruta traz agora pedacinhos de fruta, uma inovação nunca vista no mercado angolano. O produto destaca-se por ter polpa de fruta, ter menos açúcar e ser suavemente gaseificado. Este novo lançamento reforça a posição de liderança da marca Blue no mercado dos refrigerantes de sumo de fruta. A estimativa de vendas para 2013 é de 10 milhões de litros.

A De Dietrich, uma das marcas mais antigas da Europa, e reconhecida mundialmente por fabricar e comercializar electrodomésticos topo de gama, acaba de ser distinguida pela Quercus com o selo Topten – líderes em eficiência energética, em 3 das 4 novidades da colecção 2012 de máquinas de lavar louça, na categoria de integração total de 60 cm.

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#44Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

VIPBarómetro dos Notáveis

Very Important professIonal

Um painel de profissionais dará,

bimestralmente, a sua opinião

sobre questões da actualidade

colocadas pela redacção da

Distribuição em Expansão.

Trabalhadas, a posteriori,

estatisticamente, ficará a saber o

que os profissionais convidados

pensa sobre determinado

assunto, mas nunca de forma

individual, mas em grupo.

1. Aguinaldo Jaime, Jurista2. Carlos Sumbula, Administrador da Coca-Cola3. Gomes Cardoso, Presidente do Codex Angola, Comité Nacional

para o Código Alimentar Angola.4. Jorge Baptista, Presidente da Associação dos Empreendedores de

Angola (AEA)5. Jorge Coelho Pinto, Director da Jotil6. José António Rousseau, Docente, consultor e especialista em

distribuição moderna7. José Macedo, Director-geral da Lactiangol 8. José Severino, Presidente da Associação Industrial de Angola (AIA)9. Judith Correia, Administradora da FaciCredit10. Luís Reis, Presidente da Associação Portuguesa de Empresas de

Distribuição (APED)

11. Paulo de Carvalho, Director-geral da ScoreDistribuição12. Paulo Trindade, CEO da Abacus, Consultora Imobiliária13. Paulo Uime, Presidente da UNACA, Confederação das Associações

e Cooperativas de Camponeses de Angola14. Pedro Miguel Silva, Senior Manager da Deloitte Angola15. Raúl Mateus, Sócio-administrador da Pomobel 16. Regina Santos, Pesquisadora do CEIC, Centro de Estudos e

Investigação Científica da Universidade Católica de Angola17. Renato Azevedo, Presidente-executivo da Associação de

Empresários e Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN)18. Rui Catalo, Administrador da Casa dos Frescos19. Rui Miguel Nabeiro, Administrador da Delta-Cafés20. Rui Santos, Presidente da Sistec

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#45Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

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Quais as maiores necessidades sentidas no sector da distribuição

moderna em Angola?

a) Falta de organização dos

diversos players

b) Cadeia de abastecimento

eficaz e eficiente

c) Mais players, logo mais

concorrência para baixar preços

d) Inexistência de infra-estruturas

essenciais

a) Supermercado

b) Loja de proximidade

c) Hipermercado

d) Misto, indo, assim, ao encontro

de todas as necessidades

a) Lácteo

b) Frutas e Legumes

c) Cerveja

d) Pescas

a) Parcerias entre players

angolanos com internacionais

b) Entrada de players

internacionais de retalho

c) Sinergias entre Estado e

players nacionais

d)Aposta única e exclusiva em

players nacionais

a) Ao simples facto de Angola

não ter produção

b) À qualidade fraca dos produtos

angolanos, logo é preciso

importar

c) Aos preços excessivos

praticados pelos produtores

angolanos

d) Facilidade com que é possível

importar esses produtos

a) Sim

b) Não

c) Depende da forma como forem

geridos e consumidor target

d) Tudo depende do rendimento

disponível do consumidor

angolano

Qual o formato mais apropriado para o mercado angolano de

distribuição?

Qual o sector da produção angolano com maior probabilidade de

sucesso imediato?

Qual a melhor forma para desenvolver a distribuição moderna em

Angola?

Os Bens de Grande Consumo são, maioritariamente, importados. Isso

deve-se?

Os shoppings poderão ser um veículo para a evolução do comércio

em Angola?

1.

3.

5.

2.

4.

6.

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#46Distribuição em Expansão • Dezembro 2012

opinião

Muitos acreditam que as Tendências são sinónimo de modas ou, ainda, algo que ninguém realmente compreende, pelo que o objectivo deste nosso artigo é revelar a anatomia das tendências e, findamentalmente, para que servem: gerar

inov ação.Tendências são processos de mudança comportamental assentes em mentalidades emergentes e suportadas em interpretações passíveis de gerar insights capazes de serem convertidos em negócios, e que podem ser Fundacionais, Macro e Micro, bem como, Mundiais ou Regionais, dependendo da sua capacidade de afectar comportamentos no tempo e em determinados locais. Elas são um espelho de como a sociedade está a se comportar hoje e, principalmente, para onde vai no futuro. E são tão importantes que A Ayr Consulting acabou de lançar, em conjunto com um Trends Research Center, um World Trend Report que cobre 24 tendências Fundacionais, Macro e Micro. Mas nós mesmos reconhecemos que eles de pouco ou nada servem se não forem postas a serviço dos negócios, como geradoras de insights de inovação, pelo que, para além de as estudarmos, desenvolvemos uma metodologia única que faz exactamente isto, e que tem 2 passos:1. O inicial, é designado TrendsLator, que tem na sua base: a. Objectivos de Negócio: Não há sentido desenvolver nada sem um

objectivo claro para o negócio do Cliente. b. Necessidades Estratégicas: O que o projecto tem que entregar

para obter os objectivos de negócio. vendas, criação de um novo negócio, definição de um novo mercado; no posicionamento ou reposicionamento de uma marca; motivação de colaboradores e de equipas; compromisso com clientes e com parceiros? Etc.

2. O final, chamado innovAyr, e que, combinado com a Ayr ibox, foca, filtra e refina o processo de geração de Insights de Inovação para a sua fase final, actua seguindo o modelo abaixo:

A partir das idéias iniciais geradas pelo Trendslator (representado neste modelo pelos passos 1 e 2), passamos a uma avaliação das beses de inovação necessárias, através da Ayr ibox, para determinarmos a ori-entaçãod o processo de Inovação: Produto ou Serviço, Organização ou Marca e Processo, seja de forma isolada ou pela combinação de 2 ou 3 bases:

E um exemplo desta aplicação da nossa metodologia foi a criação – em todas as fases- do conceito e operacionalização - da Glamorous, a 1ª na Península Ibérica a oferecer ao mercado feminino o acesso a carteiras de marcas premium, normalmente inacessíveis à maioria das pessoas e 100% online, em www.glamorous.pt. A nossa metodologia permitiu-nos desenvolver Insights de Inovação baseando-nos no es-tudo das Tendências e cobrindo os pontos essenciais para a construção da oferta e da Marca:a. O ambiente de mercado, em plena crise e com a necessidade de uma

maior valorização do Consumidor ;b. A definição do público-alvo principal: as “lutadoras” da sociedade

moderna, para quem malas e carteiras premium são um factor de afirmação e confiança para a vida profissional ou pessoal;

c. A definição da atitude da Marca para com elas – para romper com o preconceito do aluguer VS a compra, em muitos casos;

d. A definição da oferta – tanto de lançamento quanto a de expansão a acessórios para além das malas e carteiras, bem como a criação do “Outlet”, que permite a compra e revenda de produtos selec-cionados.

O resultado foi um conceito e uma oferta verdadeiramente inovadores, que tiveram excelente acolhida junto à comunicação social e às consu-midoras-alvo e que se expande até hoje.

Em resumo, o estudo das Tendências ér algo cada vez mais importante para entendermos o mundo à nossa volta e como ele evolui. Mas mais importante ainda é colocá-las a serviço do cresdcimento e da inovação. E voltaremos a isso, com insights sobre e para o futuro, nos nossos artigos subsequentes. Até lá.

Tendências: o que são e como servem para gerar inovação

Luís RasquiLha CEO da AYR Consulting, Trends & Innovation

““Tendências são processos de mudança comportamental assentes em mentalidades emergentes e suportadas em interpretações passíveis de gerar insights capazes de serem convertidos em negócios, e que podem ser Fundacionais, Macro e Micro, bem como, Mundiais ou Regionais, dependendo da sua capacidade de afectar comportamentos no tempo e em determinados locais.”

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