AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO E DA
CAPACIDADE DE LIBERAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO DE
i
MARIANA PIRES CRESPO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO E DA
CAPACIDADE DE LIBERAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO DE
RESÍDUOSDA PASTA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
COM DIFERENTES VEÍCULOS
2011
MARIANA PIRES CRESPO
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HIDROGENIÔNICO E DA
CAPACIDADE DE LIBERAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO DE
RESÍDUOSDA PASTA DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
COM DIFERENTES VEÍCULOS
ii
MARIANA PIRES CRESPO
CAPACIDADE DE ALCALINIZAÇÃO E LIBERAÇÃO DE ÍONS CÁLCIO DE
RESÍDUOS DA MEDICAÇÃO INTRACANAL COM HIDRÓXIDO DE CÁLCIO
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia).
Orientadores: Prof. Dr. Milton Carlos Kuga
Prof. Dra. Luciana Armada Dias
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO
2011
iii
AGRADECIMENTOS
Terminada uma etapa tão importante da minha vida, gostaria de deixar
expressos meus sinceros agradecimentos aos que me apoiaram nessa longa
caminhada. Dessa forma, dedico algumas palavras aqueles que fizeram parte
dessa vitória.
Primeiramente a Deus, por ter me dado a vida e forças para superar todas as
dificuldades, me guiar pelo caminho certo, me suprir em todas as minhas
necessidades.
A meus pais, Vera e Dermeval, os mais profundos agradecimentos por suas
verdadeiras lições de vida, me ensinando a ter responsabilidade, respeito,
garra. O meu amor por vocês é incondicional.
A minha avó Conceição (in memoriam), que não me deixa estar sozinha em
nenhum segundo, aposto que seria a primeira a estar me aplaudindo nesse
momento. Saudades eternas...
Ao meu avô Thídio, o meu maior orgulho, por me fazer acreditar que nada é
impossível, exemplo de pessoa, guerreiro, amigo. Obrigada por ser quem é!
A minha irmã Viviane, pelo carinho e pela presença na minha vida. Quem não
acredita no nosso amor fraterno, realmente não sabe expressar esse
sentimento.
Aos colegas de turma, agradeço pela solidariedade e amizade compartilhadas
por todo esse tempo.
iv
Aos primos Priscilla, Antônio Pedro e Clarissa, que me receberam de braços
abertos em sua casa, agradeço pelo carinho e por me acolherem com total boa
vontade.
Ao professor Hélio Sampaio da UERJ, pela enorme ajuda, paciência e
dedicação nas imagens cedidas.
Ao meu orientador Dr. Milton Kuga, por ter me incentivado a entrar de cabeça
na Endodontia, um verdadeiro mestre, digno de respeito. Obrigada por
acreditar em mim, no meu crescimento profissional e pelos conhecimentos
transmitidos. Nunca vou esquecer de você cantando essa música: "Nunca
deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem ou
que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém...
quem acredita sempre alcança." Saiba que meu carinho e admiração por você
é infinito.
A minha orientadora Dra. Luciana, por toda disponibilidade, apoio e
compreensão, nunca medindo esforços para me ajudar, acreditando na minha
capacidade. Certamente, um presente que ganhei ter sido orientada por você.
Aos professores do Mestrado e a Angélica, uma equipe maravilhosa e
competente, todos sempre com enorme disposição para ajudar, ouvir e
acrescentar conhecimentos fundamentais.
Em especial, ao meu amigo Jardel, que esteve 100% ao meu lado, ora como
amigo, ora como mestre. Nenhuma palavra seria suficiente para expressar o
quanto ele é especial em minha vida e o quanto eu devo essa vitória a ele.
v
Obrigada por todos os conselhos, orientações, por apostar em mim, pelo
companheirismo, amizade, respeito, confiança...
ÍNDICE
PÁG
RESUMO............................................................................................................vii
ABSTRACT.........................................................................................................ix
LISTA DE TABELAS............................................................................................x
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES...............................................................xiii
INTRODUÇÃO.....................................................................................................1
PROPOSIÇÃO...................................................................................................14
MATERIAIS E MÉTODOS.................................................................................15
1- Experimento I..........................................................................................15
1.1- Análise do escoamento das pastas.................................................15
2- Experimento II.........................................................................................16
2.1- Preparodos espécimes................................................................16
2.2- Análise da liberação de íons cálcio e hidroxila............................20
3- Experimento III........................................................................................23
3.1- Avaliação da quantidade de resíduos da medicação intracanal..23
vi
RESULTADOS...................................................................................................25
1- Teste do escoamento das pastas...........................................................25
2- Análise da liberação de íons cálcio e hidrogênio....................................26
3- Avaliação da quantidade de resíduos da medicação intracanal.............36
DISCUSSÃO......................................................................................................40
1- Discussão dos métodos..........................................................................43
1.1- Da avaliação do escoamento das pastas....................................43
1.2- Da análise da liberação de íons cálcio e hidroxila.......................43
2- Discussão dos resultados.......................................................................49
1.1- Da avaliação do escoamento das pastas....................................49
1.2- Da análise da liberação de íons cálcio e hidroxila.......................51
CONCLUSÃO....................................................................................................56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................57
ANEXO..............................................................................................................68
vii
RESUMO
O objetivo desse estudo foi avaliar longitudinalmente o potencial
hidrogeniônico e a capacidade de liberação de íons cálcio proveniente do
resíduo da pasta de hidróxido de cálcio associada a diferentes veículos, em
canais radiculares e quantificado o grau de escoamento dessas pastas e
posteriormente, verificado se houve a presença de resíduos intracanal após a
sua remoção. Os canais foram preenchidos com as seguintes pastas: Calen,
pasta de hidróxido de cálcio, PMCC e glicerina (HPG), e Calen com digluconato
de clorexidina a 0,4%.No teste de escoamento, não houve diferença
significante entre as duas pastas Calen (p>0,05). A pasta HPG apresentou
menor escoamento em relação às anteriores (p<0,05). Na sequência, 36
incisivos centrais inferiores extraídos humanos, com um único canal principal
foram selecionados para o estudo. Após instrumentação e irrigação, os dentes
foram divididos em três grupos experimentais (n=10) e grupos controle (n=6)e
após a simulação de sua remoção, os espécimes foram imediatamente imersos
em água destilada, por 24h, 7, 14 e 28 dias. Quanto o potencial hidrogeniônico
e capacidade de liberação de íons cálcio, verificados na solução em que os
dentes permaneceram imersos, não houve diferença significante entre os
grupos experimentais, independentemente do período (p>0,05). Ao final dos 28
dias, os dentes foram seccionados longitudinalmente no sentido mésio-distal e
a porção apical da face vestibular intracanal foi analisada através de MEV
(120x). Em todos os períodos avaliados, os resíduos das pastas de hidróxido
de cálcio não possuíram poder alcalinizante, apresentando pequena liberação
de íons cálcio, mesmo estando presente no terço apical radicular.
viii
Palavras-chaves: hidróxido de cálcio; pH; cálcio; glicerina, clorexidina,
paramonoclorofenol.
ABSTRACT
The aim of this study was to assess longitudinally the hydrogen potential
and the ability to release calcium ions from the residue of calcium hydroxide
paste associated with different vehicles, in root canals and quantified the
degree of flow of these folders and then checked whether there was presence
intracanal residue after their removal. The channels were filled with the
following folders: Calen paste, calcium hydroxide, CPMC and glycerin (HPG),
and Calen with chlorhexidine digluconate 0.4%.In the test flow, no significant
difference between the two folders Calen (p> 0.05). The folder HPG was less
runoff from the previous (p <0.05). Further, 36 extracted human mandibular
central incisors with a single main channel were selected for the study. After
instrumentation and irrigation, the teeth were divided into three experimental
groups (n = 10) and control groups (n = 6) and simulation after its removal, the
specimens were immediately immersed in distilled water for 24 hours, 7, 14 and
28 days.As the hydrogen potential and ability to release calcium ions in solution
verified that the teeth immersed, no significant difference between experimental
groups, irrespective of length (p> 0.05). After 28 days, the teeth were sectioned
longitudinally in the mesio-distal and apical portion of the buccal intracanal was
analyzed by SEM (120x).In all periods, the waste of calcium hydroxide pastes
ix
did not possess power alkaline, with a slight release of calcium ions, even when
present in the apical root.
Keywords: calcium hydroxide, pH, calcium, glycerin, chlorhexidine,
paramonochlorophenol.
LISTA DE TABELAS
TABELA PÁG
1 Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período
de 24 horas .................................................................................................26
2 Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais ...............................................................26
3 Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de
7 dias ..........................................................................................................27
4 Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais ...............................................................27
5 Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de
14 dias ........................................................................................................28
6 Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais................................................................29
x
7 Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no período de
28 dias ........................................................................................................29
8 Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais ...............................................................30
9 Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos (em
mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 24 horas .......31
10 Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em mg/l),
obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais..............................................................................................31
11 Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos (em
mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias ............32
12 Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em mg/l),
obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais .............................................................................................32
13 Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos (em
mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 14 dias ..........33
14 Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em mg/l),
obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais .............................................................................................34
15 Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos (em
mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 28 dias ..........34
xi
16 Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em mg/l),
obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais .............................................................................................35
LISTA DE FIGURAS
FIGURA PÁG
1
2
3
4
pHmetro DM 23 .................................................................................................21
Medidor de íons seletivos para cálcio, modelo Q400I........................................21
Média aritmética (em mm) do escoamento apresentado pelas pastas
experimentais, através da norma ISO 6876.......................................................25
Imagem representativa da presença da pasta Calen + clorexidina 0,4%, no
terço apical radicular, capturada em MEV (120 X).............................................36
5 Imagem representativa da presença da pasta HPG, no terço apical radicular,
capturada em MEV (120 X)................................................................................36
6 Imagem representativa da presença da pasta Calen, no terço apical radicular,
capturada em MEV (120 X)................................................................................37
xii
7 Imagem representativa do grupo controle sem impermeabilização, no terço
apical radicular, demonstrando inexistência de hidróxido de cálcio, capturada
em MEV (120X)..................................................................................................38
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
xiii
0C
Ca (OH)2
cm
Do
EDTA
EDTA-C
EDTA-T
g
g\mol
h
IRM
ISO
MEV
mg
mg\l
ml
mm
MTA
Grau Celsius
Hidróxido de cálcio
Centímetro
Diâmetro inicial
Ethylenediaminetetraaceticacid
Ethylenediaminetetraaceticacid + Cetavlon
Ethylenediaminetetraaceticacid + Texapon
Grama
Grama\mol
Hora
Intermediate Restorative Material
International Organization for Stardadization
Microscopia Eletrônica de Varredura
Miligrama
Miligrama\litro
Mililitro
Milímetro
Mineral trioxideaggregate
N.cm Nilton.centímetro
NaOCl
Ph
Hipoclorito de sódio
Potencial de Hidrogênio
xiv
PMCC
Rpm
Paramonoclorofenolcanforado
Rotação por minuto
1
INTRODUÇÃO
O hidróxido de cálcio foi introduzido na Odontologia por Hermann em
1920, com o objetivo de encontrar um medicamento biológico endodôntico, que
possuísse ação antisséptica, porém sem os inconvenientes dos até então
recomendados. Porém, coube a Rhoner em 1940, a primeira averiguação
histológica em dentes humanos da formação de barreira mineralizada após o uso
do Calxyl® em pulpotomia e obturação dos canais radiculares (LEONARDO &
SILVA, 2008).
O hidróxido de cálcio presenta-se como um pó branco, alcalino (pH 12,8),
pouco solúvel em água, sendo uma base forte, obtida a partir da calcinação
(aquecimento) do carbonato de cálcio (cal viva). Com a hidratação do óxido de
cálcio, obtêm-se o hidróxido de cálcio (SIQUEIRA JR & LOPES, 2004). Possui
inúmeras aplicações, particularmente em Endodontia pode ser utilizado tanto nas
situações de tratamento da polpa viva (biopulpectomias) como em casos de
mortificação pulpar e contaminação do canal radicular (necropulpectomias).
Apesar de suas reconhecidas propriedades indutoras de formação de
tecido mineralizado (HOLLAND et al., 1980; SILVA, 1987) e ação antimicrobiana
e neutralizante de subprodutos bacterianos (SAFAVI & NICHOLS, 1993;
SILVEIRA, 1997; NELSON-FILHO et al., 2002; TANOMARU et al., 2003), suas
características físico-químicas são inadequadas. É praticamente desprovido de
radiopacidade e viscosidade, sendo necessário associá-lo a outras substâncias a
fim de viabilizar a aplicabilidade clínica. A característica do veículo associado é
2
importante, buscando não apenas facilitar a inserção do medicamento nos canais
radiculares, mas também favorecer ou ao menos não interferir nas ações
biológicas e microbiológicas.
Os veículos podem ser classificados de acordo com as atividades
antimicrobianas, em inertes ou biologicamente ativos, ou do ponto de vista físico-
químico, em hidrossolúveis ou oleosos (SIQUEIRA JR & LOPES, 2004).
Entretanto, independentemente de sua natureza, devem apresentar dissociação
iônica em íons cálcio e hidroxila (ANTHONY et al., 1982; SIMON et al., 1995),
mantendo sua ação antisséptica (TANOMARU-FILHO et al., 2002) e conservando
sua compatibilidade biológica tecidual indutora de tecido mineralizado (HOLLAND
et al., 1971; HOLLAND et al., 1980). Porém, suas ações poderão se modificar
dependendo das propriedades do veículo.
Diferentes veículos já foram propostos, buscando cada um deles a
excelência das múltiplas ações do hidróxido de cálcio. Destacam-se a água
destilada (SIMON et al., 1995; ESBERARD et al., 1996), polietilenoglicol
(NELSON-FILHO et al, 1999), propilenoglicol (HOLLAND & MURATA, 1993),
solução anestésica (ESBERARD et al., 1996) e óleo de oliva (LOPES et al.,
1986). Alguns outros têm sido estudados, como por exemplo, o óleo de rícino
(GARCIA et al., 2008), óleo de silicone (HAN et al., 2001; CWIKLA et al., 2005),
digluconato de clorexidina (SOARES et al., 2007; SOUZA-FILHO et al., 2008) e o
paramonoclorofenol canforado, isoladamente (VIANNA et al., 2005) ou associado
à glicerina (SIQUEIRA JR & UZEDA, 1998).
Mesmo que o uso clínico das pastas com hidróxido de cálcio seja
3
consagrado, após a sua utilização e remoção, a medicação poderá ainda persistir
aderida à dentina, interferindo na reparação perirradicular (RICUCCI &
LANGELAND, 1997). Porém, em relação à infiltração apical, as conclusões são
controversas, sendo que em determinadas condições de pesquisa tem se
observado uma diminuição (PORKAEW et al., 1990; HOLLAND & MURATA,
1993; HOLLAND et al., 1995a) e, opostamente, em outras metodologias um
aumento da percolação local (KONTATIOKIS et al., 1997; KIM & KIM, 2002). Há
dúvidas ainda, como este resíduo deveria ser removido.Preconizam-se métodos
biomecânicos (KENEE et al., 2006) ou somente recursos químicos (ÇALT &
SERPER, 1999; LAMBRIDIANIS et al., 1999; TATSUTA et al., 1999; SALGADO
et al., 2009) para a sua remoção, porém nenhum deles é totalmente eficaz. Os
métodos de averiguação destes resíduos incluem visualização direta, microscopia
digital ou através da microscopia eletrônica de varredura, que podem sofrer
interferência de inúmeros fatores oriundos do preparo biomecânico e anatomia
dos canais radiculares.
Resta a dúvida ainda, se estes resíduos de hidróxido de cálcio mantêm
suas propriedades mesmo após a medicação intracanal ter praticamente sido
removida do interior do canal radicular, em função de diversas associações
químicas das pastas de hidróxido de cálcio. SIQUEIRA JR et al.(1998) avaliaram
a capacidade de algumas medicações intracanal em prevenir a recontaminação
de canais radiculares não obturados, por bactérias oriundas da saliva. As
medicações avaliadas foram o paramonoclorofenol canforado (35%: 65%)
aplicado com bolinha de algodão na câmara pulpar. As pastas de hidróxido de
cálcio e solução salina e a pasta de hidróxido de cálcio,
4
paramonoclorofenolcanforado e glicerina preencheram o canal radicular. O tempo
médio para a recontaminação do canal radicular para o paramonoclorofenol
canforado foi de 6,9 dias, ao passo que, para a pasta de Ca(OH)2 + solução
salina e a associação Ca(OH)2/PMCC/glicerina foram de 14,7 e 16,5 dias,
respectivamente.
Com metodologia semelhante, GOMES et al. (2003) compararam o
tempo necessário para que ocorra a recontaminação do canal radicular após a
medicação intracanal com gel digluconato de clorexidina a 1%, pasta de hidróxido
de cálcio e polietilenoglicol (2:1) e associação da clorexidina com hidróxido de
cálcio (1:1), estando os espécimes sem ou com selamento coronário. Para os
sem selamento coronário, houve recontaminação em 3,7 dias para a clorexidina
gel, 1,8 dias para o hidróxido de cálcio e 2,6 dias para a combinação de ambos.
Quando as coroas foram seladas com IRM, os tempos necessários para a
recontaminação foram respectivamente 13,5; 17,2 e 11,9 dias, havendo diferença
estatística apenas entre os dentes com coroas seladas e as não seladas, ao
passo que não ocorreu diferenças significantes entre os tipos de medicação
intracanal. Quando apenas avaliado em dentes que submeteram ao selamento
coronário, VERÍSSIMO et al. (2010) observaram a recontaminação em situações
aonde a pasta de Ca(OH)2 + PMCC foi utilizada após 30 dias de exposição à
saliva. Quando apenas uma bolinha de algodão foi mantida na câmara pulpar
com hipoclorito de sódio a 2,5%, a recontaminação ocorreu em 2,6 dias. Ao
utilizar o gel de clorexidina a 2% o tempo necessário foi de 15,9 dias e quando
combinado com o Ca(OH)2 o período de 27,6 dias.
5
A literatura pertinente ao assunto que refere à persistência de
resíduos do hidróxido de cálcio como medicação intracanal é voltada
praticamente para o estudo da interferência deste medicamento sobre o
vedamento apical da obturação endodôntica e os prejuízos na adesividade dos
cimentos obturadores às paredes dentinárias. Uma vez constatada a
conveniência de sua remoção, muito enfoque tem sido dado a como devemos
realizá-la, podendo ser empregado tanto recursos químicos, através do uso da
irrigação com soluções irrigadoras específicas, bem como também associá-las a
métodos físicos, tais como o ultrassom ou uso de instrumentos manuais ou
rotatórios intracanal.
PORKAEW et al. (1990) avaliaram a infiltração marginal apical em
dentes obturados pela técnica de condensação lateral ativa após o uso da
medicação com o hidróxido de cálcio, demonstrando infiltração significantemente
menor quando comparados aos grupos em que a medicação não foi utilizada.
Nos grupos em que o curativo prévio foi empregado, o mesmo foi removido com
uma recapitulação com o instrumento de um calibre sucessivamente superior ao
utilizado no instrumento apical final associado à irrigação com hipoclorito de
sódio. Atribuíram este achado, a possível combinação do hidróxido de cálcio aos
componentes do cimento obturador, que ao incorporá-lo ocasionaria menor
percolação apical.
Em estudo similar, porém variando o diâmetro do instrumento para
executar a remoção do curativo e o agente de irrigação final, HOLLAND et al.
(1993) também observaram menor infiltração apical quando do uso prévio da
6
medicação, independentemente do diâmetro apical dilatado ou da utilização final
do EDTA. Posteriormente, com idéia similar, HOLLAND et al. (1995a) prepararam
os 120 canais radiculares de dentes unirradiculares, mantendo inicialmente o
diâmetro apical equivalente à lima tipo K 40, empregando exclusivamente
movimento de alargamento. Na sequência, os dentes foram divididos em dois
grupos, sendo que em um deles foi utilizado o hidróxido de cálcio associado ao
propilenoglicol, por 3 dias. Após este período, os canais tiveram seu diâmetro do
limite apical repreparado em várias ampliações, atingindo até 300 micrômetros do
diâmetro inicial, também com limas tipo K em movimento de alargamento. Para
os outros grupos, somente o preparo biomecânico foi realizado. Após os dentes
serem obturados e imersos em solução de azul de metileno a 2%, as infiltrações
também demonstraram ser significantemente menores para os grupos em que o
hidróxido de cálcio foi empregado.
Objetivando avaliar se em longo prazo os resíduos do hidróxido de
cálcio teriam a capacidade de manter a redução da infiltração apical das
obturações endodônticas, HOLLAND et al. (1995b) novamente prepararam
biomecanicamente dentes unirradiculares, recebendo ou não, na sequência um
curativo com hidróxido de cálcio. Após os canais terem sido obturados pela
técnica de condensação lateral, com os cimentos Fill Canal®, AH26® ou Apexit®,
os dentes foram imersos em azul de metileno a 2%, sob vácuo, imediatamente
após a conclusão da obturação, sendo mantidos sob imersão durante 12 horas.
Os resultados da magnitude da infiltração demonstraram que o resíduo do
hidróxido de cálcio determina melhor selamento marginal e que esse efeito é
mantido em médio prazo.
7
A técnica que emprega o azul de metileno como agente marcador foi
contestado por KONTAKIOTIS et al. (1997). Estes autores realizaram o preparo
dos canais radiculares de 80 raízes de incisivos centrais superiores, sendo que
40 raízes (grupo 1) receberam o hidróxido de cálcio como medicação intracanal.
Quinze dias após, todas as raízes foram então obturadas com guta percha e
Tubli-Seal® como cimento endodôntico. A infiltração marginal foi avaliada em 20
raízes de cada grupo, utilizando um modelo de transporte de fluídos específico,
nos períodos de 48h, 2, 4, 8 e 16 semanas após a obturação, ao passo que, nas
outras 20 raízes a infiltração foi mensurada através de testes de imersão em azul
de metileno a 1%. Concluíram que, na análise com o esquema proposto, os
grupos experimentais não diferiram entre si, independentemente do período
observado, ao passo que, ao ser analisado através do método de infiltração
marginal com o azul de metileno a 1%, o grupo 1sofreu infiltração marginal do
corante significantemente menor, indicando a interação química do hidróxido de
cálcio com o marcador, promovendo a sua descoloração.
MARGELOS et al. (1997), visando averiguar o efeito de resíduos do
hidróxido de cálcio sobre o cimento de óxido de zinco e eugenol ou de seus
derivados, empregaram a Micro-MIR FTIR (microscopia de infravermelho em
espectroscopia de infravermelho com transformação de Fourier) para quantificar
as reações de presa dos cimentos. Analisaram também, a eficácia do NaOCl
isoladamente, NaOCl e manipulação apical digital ou NaOCl mais EDTA e
manipulação apical digital. Suas observações concluíram que o hidróxido de
cálcio preferencialmente interage com o eugenol interferindo na reação de
quelação do eugenol com o óxido de zinco, originando um composto quebradiço,
8
de característica granular. Ainda que nenhum dos tratamentos testado removesse
completamente o hidróxido de cálcio dos canais radiculares, o EDTA promoveu
remoção significantemente maior do curativo intracanal.
LAMBRIANIDIS et al. (1999) investigaram a influência de diversas
substâncias químicas na remoção de diferentes composições de pastas com
hidróxido de cálcio do interior dos canais radiculares. Após o preparo
biomecânico, os canais foram preenchidos com uma das seguintes preparações
contendo Ca(OH)2, Calxyl®, Pulpdent® e pasta aquosa de hidróxido de cálcio. Na
sequência, cada grupo experimental foi subdividido em três subgrupos, com cinco
dentes cada, e submetido a um dos procedimentos de remoção: I – irrigação com
soro fisiológico, recapitulação com lima #25 e nova irrigação com soro fisiológico;
II – irrigação com NaOCl a 3%, recapitulação com lima #25 e nova irrigação com
NaOCl a 3% ou III – irrigação com NaOCl a 3%, recapitulação com a lima #25 e
irrigação final com EDTA tetrassódico . Após o seccionamento das raízes, no
sentido vestíbulo-lingual, a quantidade de resíduos do curativo foi quantificada,
revelando que nenhum método remove eficientemente o curativo das paredes
dentinárias, assim como as concentrações das pastas pouco interferiu nos efeitos
dos métodos de limpeza. Entretanto, observaram que os excepientes e veículos
das pastas podem interferir no grau de retenção dos resíduos.
KIM & KIM (2002), objetivando avaliar a influência da medicação
com hidróxido de cálcio e várias técnicas para a sua remoção, sobre o selamento
apical de canais obturados com um cimento à base de óxido de zinco e eugenol
(Tubli-seal®), instrumentaram canais radiculares com o sistema ProFile 0,06, até
9
o instrumento #30. Concluído o preparo, em dois grupos experimentais, os canais
radiculares foram preenchidos com pasta aquosa de Ca(OH)2 , sendo que no
grupo controle nenhum medicamento foi colocado. Posteriormente, uma semana
após, a medicação foi removida com duas diferentes técnicas, sendo que em uma
foi empregado uma recapitulação apical com instrumento de calibre
sucessivamente maior e irrigado com NaOCl a 2,5% e EDTA a 15%. Idêntica
irrigação foi realizada para a outra técnica, entretanto empregando o instrumento
de recapitulação de diâmetro igual ao utilizado para realizar o degrau apical.
Concluída esta fase, as raízes foram obturadas, imersas em solução corante
(Indiaink), fragmentadas e a magnitude da infiltração quantificada. Observaram
que os grupos medicados apresentaram significantemente maior infiltração do
que os não medicados, porém não ocorreu diferenças entre os grupos
medicados, em função do diâmetro do instrumento empregado para a remoção
do Ca(OH)2.
KENEE et al. (2006) avaliaram a quantidade de resíduos de
hidróxido de cálcio nos canais radiculares após a remoção com várias técnicas,
incluindo combinações do hipoclorito de sódio com EDTA, reinstrumentação
manual, rotatória (Sistema ProFile) ou uso do ultrassom. Canais mesiais de
molares inferiores foram instrumentados e, então as raízes seccionadas
longitudinalmente. Moldes de resina foram confeccionados de tal forma que após
as hemisecções estarem separadas, puderam ser reaproximadas e a medicação
à base de hidróxido de cálcio, pode ser colocado no interior dos canais
radiculares. Em seguida, diversos recursos de remoção foram testados, sendo
que no primeiro grupo apenas com a reinstrumentação com o instrumento de
10
memória, intercalado por duas irrigações com 5ml de NaOCl foi empregado. Em
outro grupo, semelhante sequência foi empregada, porém a irrigação final foi com
2,5ml de EDTA. Nos demais grupos foram empregados ou a reinstrumentação
com o instrumento rotatório (de diâmetro equivalente ao de memória) ou realizado
uso do ultrassom. Após a análise das imagens digitais das secções dos canais
radiculares, concluíram que nenhuma técnica é eficaz para remover o curativo de
hidróxido de cálcio das paredes dentinárias, porém o método rotatório e a
ultrassonificação são mais eficazes que o recurso que utilizaram a recapitulação
manual.
Os veículos empregados para conduzir o hidróxido de cálcio no
interior dos canais radiculares podem dificultar a sua remoção das paredes
dentinárias. Sendo assim, NANDINI et al. (2006) após executarem o preparo
biomecânico dos canais radiculares em quarenta dentes anteriores
unirradiculados, os preencheram com pasta aquosa com hidróxido de cálcio e a
fórmula comercial Metapex®, que contém óleo de silicone. Após 7 dias, o
Ca(OH)2 foi removido, empregando o EDTA a 17% e o ácido cítrico a 10%, sob
agitação ultrassônica e a medicação intracanal remanescente foi quantificada
através da tomografia computadorizada. Para remover o Metapex®, o ácido
cítrico a 10% foi significantemente mais eficaz que o EDTA a 17%. O EDTA a
17% demonstrou melhor eficiência para remover a forma aquosa do Ca(OH)2,
assim como o ácido cítrico a 10% atuou menos eficazmente sobre a forma
aquosa do que sobre o Metapex®.
SALGADO et al. (2009) avaliaram a capacidade de remoção da
11
pasta aquosa de hidróxido de cálcio (em lidocaína a 1%), de paredes dentinárias,
sob a ação de diferentes soluções irrigadoras. Após o preparo biomecânico dos
canais radiculares de pré-molares unirradiculados, tendo como diâmetro cirúrgico
o equivalente a lima #60, os condutos foram preenchidos com a medicação e
mantidos por 36h. Sequencialmente, foram submetidos à irrigação com um dos
grupos experimentais: I – NaOCl a 0,5%; II – EDTA-C; III – Ácido cítrico a 15%; IV
– EDTA-T a 17% e V – EDTA-T, recapitulação com o instrumento de memória
empregando NaOCl a 0,5% intercalando com o Endo-PTC® e irrigação final com
o EDTA-T. Concluída a irrigação, as raízes foram seccionadas, na direção
vestíbulo-lingual, e preparadas para análise em microscopia eletrônica de
varredura, dos segmentos apical, médio e cervical radicular. Após atribuição de
escores às imagens, constataram melhores resultados de remoção da medicação
com o grupo V, em todos os segmentos radiculares, com significância estatística
com os demais grupos nos segmentos cervical e média e, somente em relação ao
grupo I, também no segmento apical. Por outro lado, somente a irrigação com
hipoclorito de sódio a 0,5% foi o pior resultado, sugerindo que, para uma efetiva
remoção da medicação intracanal, a irrigação deve ser também precedida de
uma recapitulação apical com o instrumento de memória. BALVEDI et al. (2010)
compararam duas técnicas irrigantes para remover o hidróxido de cálcio. Após
instrumentação com a técnica step-back de 92 incisivos bovinos, os mesmos
foram divididos em dois grupos de 40 dentes e 12 dentes serviram como controle
positivo e negativo. Cada grupo foi subdividido em 10 dentes. O G1 foi
preenchido com pó de hidróxido de cálcio; o G2 com hidróxido de cálcio e solução
salina; o G3 com hidróxido de cálcio e polietilenoglicol; e o G4 com hidróxido de
12
cálcio e PMCC. Após 7 dias, a remoção do hidróxido de cálcio foi feita usando
instrumentação manual ou através de ultrassom. Nenhum método irrigante foi
eficiente na remoção do hidróxido de cálcio. Restos de medicamento foram
encontrados em todos os grupos experimentais, independente do veículo
utilizado. KUGA & TANOMARU-FILHO (2010) avaliaram a eficácia de dois
instrumentos rotatórios empregados em associação ao hipoclorito de sódio a
2,5% ou EDTA a 17% na remoção de resíduos de hidróxido de cálcio das
paredes dos canais radiculares. Foram instrumentados 42 incisivos inferiores
humanos com o sistema Protaper até o instrumento F2, irrigados com NaOCl
2,5% seguido de EDTA 17% e posteriormente preenchidos com hidróxido de
cálcio. Após 7 dias, a medicação intracanal foi removida utilizando 4 técnicas: I –
K3 conicidade 0,06 e irrigação com EDTA 17%; II – Protaper F1 e irrigação com
EDTA 17%; III – K3 conicidade 0,06 e irrigação com NaOCl 2,5%; IV – Protaper
F1 e irrigação com NaOCl 2,5%. Nenhuma técnica remove o hidróxido de cálcio
completamente, porém, o instrumento Protaper removeu melhor a medicação do
que o instrumento K3 conicidade 0,06, independente da solução irrigadora
utilizada. No intuito de avaliar a eficácia de diferentes soluções irrigadoras na
remoção do hidróxido de cálcio, RODIG & VOGEL et al. (2010) instrumentaram
100 incisivos superiores humanos e preencheram com a medicação intracanal.
Os irrigantes usados para remoção da medicação foram: I - EDTA 20%. II - ácido
cítrico 10%; III - NaOCl 1%; IV - ácido cítrico 10% + NaOCl 1%; V – EDTA 20% +
NaOCl 1%, e para o grupo controle foi utilizado água. Pode se concluir que
nenhum irrigante, nem as respectivas combinações, foram capazes de remover
completamente o hidróxido de cálcio. Os melhores resultados foram encontrados
13
no ácido cítrico e EDTA. A combinação do hipoclorito de sódio e quelantes não
resultaram melhoras significantes na remoção da medicação intracanal.
Sendo assim, percebe-se que sempre existem resquícios da medicação
intracanal à base de hidróxido de cálcio, porém há carência de estudos a respeito
de sua repercussão físico-química, principalmente se os mesmos são capazes de
manter uma alcalinização bem como a liberação de íons cálcio, dúvidas que
devem ser esclarecidas e faz jus ao presente estudo.
14
PROPOSIÇÃO
Diante das premissas elaboradas na introdução, a proposta do presente
estudo consiste em:
1. Analisar o escoamento das pastas à base de hidróxido de cálcio,
conforme a norma ISO 6876:2001;
2. Quantificar o potencial hidrogeniônico e a capacidade de liberação de
íons cálcio de resíduos das pastas de hidróxido de cálcio, Calen®
(polietilenoglicol), pura ou acrescida de digluconato de clorexidina a 0,4% eda
pasta HPG (hidróxido de cálcio, paramonoclorofenol canforado e glicerina), em
dentes recém-extraídos, nos períodos de 24 h, 7, 14 e 28 dias;
3. Avaliar, após 28 dias, a presença residual da medicação intracanal à
base de hidróxido de cálcio com diversos veículos, no terço apical radicular.
15
MATERIAIS E MÉTODOS
1- EXPERIMENTO I:
1.1- Análise do escoamento das pastas
As pastas de hidróxido de cálcio, Calen® (polietilenoglicol), pura ou
acrescida de digluconato de clorexidina a 0,4% e a pasta HPG (hidróxido de
cálcio, paramonoclorofenol canforado e glicerina inicialmente foram
acondicionadas em seringas plásticas, modelo insulina de 1 ml (Injex, Ourinhos,
SP, Brasil) e 0,05 + 0,005 ml de cada uma delas foi depositada individualmente
no centro de uma placa de vidro (40 cm x 40 cm). Após 3 minutos, uma segunda
placa, com peso determinado de 20 g, foi colocada sobre as pastas e sobre o
conjunto foi posicionado um peso de 100 g, bem no centro de onde a pasta foi
depositada. Decorridos sete minutos, a média do maior e menor diâmetro do
disco formado pelo escoamento da pasta foi medido com auxilio de um
paquímetro com resolução de 0,01 mm (Mitutoyo MTI Corporation, Tokyo, Japan).
As análises foram sempre realizadas em triplicata, conforme adaptação da norma
da ISO 6876:2001, citada no estudo de CAMPS et al. (2004). Os resultados
obtidos foram submetidos à análise de variância a 1 critério, com nível de
significância a 5%.
16
2- EXPERIMENTO II:
2.1-Preparo dos espécimens
Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Estácio de Sá, conforme protocolo 373486/2010 (Anexo), trinta e
seis incisivos inferiorespermanentes humanos recém-extraído foram, mantidos
em solução de timol a 0,1%, com um único canal principal, constatado por
tomada radiográfica no sentido mésio-distal, e abertura foraminal praticamente
centralizada no ápice radicular, foram selecionados para o estudo.
Os dentes foram seccionados transversalmente ao seu longo eixo, a
18mm do ápice radicular, com auxílio de fresa carbideZecrya (Dentsply, Maillefer,
Ballaigues, Suíça) em alta rotação, sob refrigeração com água. Em seguida, os
canais radiculares foram inicialmente explorados com uma lima tipo K#15, de 21
mm (Dentsply, Maillefer, Ballaigues, Suíça), em movimentos de cateterismo em
toda sua extensão, até que sua pontado instrumento fosse visível na abertura
foraminal.
Sequencialmente, o preparo químico e mecânico foi realizado com o
sistema rotatório ProTaper® (Dentsply, Maillefer, Ballaigues, Suíça), utilizando o
aparelho Endo Mate TC (NSK, Nakanishi Inc., Japan) com discretos movimentos
de penetração e retirada, conforme o esquema:
- etapa 1: instrumento S1, até 9,0mm aquém do ápice radicular, com
torque de 2,3 N.cm, em velocidade de 375 rpm;
- etapa 2: instrumento SX, em idêntica situação ao S1;
17
- etapa 3: instrumento S2, até a pontado instrumento surgir na
abertura foraminal, com torque de 2,3 N.cm, em velocidade de 375 rpm;
- etapa 4: instrumento F1, até a pontado instrumento surgir na
abertura foraminal, com torque de 1,5 N.cm, em velocidade de 250 rpm;
- etapa 5: instrumento F2, até que a ponta do instrumentofosse
visível na abertura foraminal, com torque de 1,5 N.cm, em velocidade de 250rpm.
Entre cada troca de calibre de instrumento e no final do preparo
químico e mecânico, os canais radiculares foram irrigados com 1,0 ml de
hipoclorito de sódio a 2,5% (Cloro Rio, São José do Rio Preto, SP, Brasil) com o
uso da ponta de irrigação NaviTip de 30G (Ultradent, South Jordan, Utah, EUA),
introduzida a 4 mm do comprimento de trabalho. Em seguida foi realizada uma
irrigação com 5 ml de soro fisiológico (ArboretoLtda.,Juiz de Fora, MG, Brasil).
Após a conclusão do preparo químico e mecânico, os canais foram preenchidos
com EDTA trissódico a 17% (Biodinâmica Ind. Com., Ibiporã, PR, Brasil) por 3
minutos, sendo em seguida realizada a irrigação final com 5 ml de soro
fisiológico, aspirados e secos com pontas de papel absorvente.
A face externa radicular, exceto o local correspondente à abertura
foraminal, foi impermeabilizada com duas camadas de impermeabilizante para
telhas (Hidronorth, Londrina, PR, Brasil). A fim de evitar que a abertura foraminal
fosse atingida, durante toda a fase de impermeabilização, o instrumento F1 foi
mantido no canal radicular, visualizando sua ponta no local.
Os dentes foram então, divididos aleatoriamente em três grupos (n=
10) e preenchidos, com auxílio de uma espiral de Lentulo (Maillefer, Ballaigues,
18
Suíça), com uma das seguintes pastas: Calen® (2,5 g de hidróxido de cálcio, 0,5
g de óxido de zinco p.a., 0,05g de colofônica e 1,75 ml de polietilenoglicol) (SS
White, São Paulo, Brasil) associada a 0,4% do digluconato de clorexidina a 20%
(peso/volume) (Farmácia Arte e Ciência Araraquara, SP, Brasil), na proporção de
1,96g de pasta para 0,04 ml de líquido, pasta de hidróxido de cálcio (Biodinâmica
Ind. Com. Ltda, Ibiporã, PR, Brasil) com paramonoclorofenol canforado
(Biodinâmica Id. Com. Ltda, Ibiporã, PR, Brasil) e glicerina (SS White, São Paulo,
SP, BR), na proporção de 1 g: 0,5 ml: 0,5 ml(VIANNA et al.,2009), doravante
designada de pasta HPG, e Calen® (SS White, São Paulo, SP, BR). O
preenchimento foi conduzido de tal forma que a pasta extravasasse pela abertura
foraminal. Três dentes foram mantidos sem nenhuma medicação intracanal e sem
impermeabilização e três dentes foram totalmente impermeabilizados, servindo
como controle. Todos os dentes foram radiografados no sentido vestibulo-lingual,
com o objetivo de verificar se o canal radicular foi completamente preenchido com
as medicações intracanais.
Após o preenchimento dos canais, os ápices radiculares foram
limpos com gaze estéril embebida em água ultrapura e do segmento cervical,
foram removidos 3,0 mm da medicação, colocada uma bolinha de algodão estéril
e preenchido com cimento de ionômero de vidro Maxion R (FGM, Joinville, SC,
Brasil), espatulado conforme recomendações do fabricante. Sobre este, nova
impermeabilização foi executada, como anteriormente descrito. Todos os dentes
foram então mantidos imersos em 10 ml de água destilada (Cinord, São Paulo,
SP, Brasil), por 7 dias, em frascos individualizados.
19
Passado este período, o material restaurador provisório foi removido
com auxílio de uma sonda exploradora estéril (Duflex -SSWhite, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil), o canal radicular irrigado com 1,0 ml de hipoclorito de sódio a 2,5%
(Cloro Rio, são José do Rio Preto, SP, Brasil) com o uso da ponta de irrigação
NaviTip 30G aprofundando intracanal até 4 mm do comprimento de trabalho.
Após esta irrigação, mantendo os canais radiculares com a solução irrigadora, o
instrumento F1 foi repassado até que sua ponta fosse visível na abertura
foraminal e outra irrigação, realizada com a mesma ponta, com 1,0 ml de
hipoclorito de sódio a 2,5%. Após os canais radiculares serem aspirados e secos
com pontas de papel absorvente (Tanari, Manacapuru, AM, Brasil), uma bolinha
de algodão foi colocada nas embocaduras do canal radicular e a porção cervical
restaurada com cimento ionomérico Maxion R (FGM, Joinville, Brasil). Sobre esta
restauração foi reaplicada a impermeabilização conforme anteriormente descrito.
Os dentes foram então novamente imersos em 10 ml de água
destilada, em frascos individualizados e identificados. Após 24h, 7, 14 e 28 dias
os espécimens foram trocados de frascos, contendo outros 10 ml de água
destilada. O pH da água utilizado foi avaliado obtendo o valor de 6,10 e nenhuma
detecção de íons cálcio foi observada.
Concluído este período, foram obtidas 120 amostras de água
destilada, dos grupos experimentais, em função dos períodos estudados e 24
amostras dos grupos controles, totalizando 144 amostras. Cada uma das
amostras foi submetida à avaliação do pH da solução e quantificação de íons
cálcio presente, liberados pelos resíduos das pastas. Os dentes, por sua vez,
20
foram seccionados, longitudinalmente no sentido mésio-distal. Da porção apical
da face vestibular dos canais radiculares foi qualificado o resíduo persistente da
medicação intracanal através da Microscopia Eletrônica de Varredura, em
aumento de 120 X.
2.2-Análise da liberação de íons cálcio e hidroxila
Para se determinar o pH das soluções nas quais os dentes
permaneceram imersos, e a liberação de íons cálcio pelos resíduos do hidróxido
de cálcio, empregou-se a metodologia com pHmetro e analisador de íons
seletivos, respectivamente.
Os frascos com água destilada, antes de receberem as amostras
foram mantidos por um período de 24 h nas condições de 370C em estufa. A cada
período previamente estabelecido para as trocas, as medições foram executadas
diretamente nas soluções aonde os espécimens permaneceram imersos, sendo
utilizado um pHmetro DM 23 (Digimed, São Paulo, SP, Brasil), devidamente
calibrado conforme indicação do fabricante, na temperatura ambiente de 25oC.
Para a calibração do aparelho foram utilizadas soluções padrões de pH 4,0; 6,86
e 9,18 e eletrodo combinado de pH DME-CV1 (Digimed, São Paulo, SP, Brasil)
(Figura 1).
As medidas de dosagem de liberação de íons cálcio foram obtidas
através de um Medidor de Íons Seletivos, modelo Q400I (Quimis, Diadema, SP,
Brasil) (Figura 2), com eletrodo de íons seletivos Cálcio, modelo Q838-Ca2
(Quimis, Diadema, SP, Brasil), trabalhando em conjunto com eletrodo de
21
referência Ag/AgCl (Quimis, Diadema, SP, Brasil), imerso em solução de nitrato
de potássio 1M. Após a calibração do medidor de íons seletivos com as soluções
de cloreto de cálcio 2M e 4M (peso molecular do cloreto de cálcio anidro =
110,98g/mol), determinando-se 2 pontos de referências, o eletrodo de íons
seletivos foi individualmente imerso em cada uma da amostra, estabelecendo a
concentração, em mg/l, presente proporcionado por cada um dos espécimes, nos
períodos fixados. Os dados obtidos, tanto para o pHquanto para a liberação de
cálcio foram submetidos ao teste de análise de variância a 1 critério.
22
Figura 1: pHmetro DM 23.
Figura 2: Medidor de íons seletivos para cálcio, mo delo Q400I.
23
3- EXPERIMENTO III:
3.1- Avaliação da quantidade de resíduos da medicação intracanal
Respeitado o período de 28 dias de imersão, após a remoção da
medicação intracanal,foram confeccionados dois sulcos longitudinais com auxílio
de um disco de aço diamantado (KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil), adaptado
em um mandril para baixa rotação, na face mesial e distal das raízes, de cervical
para apical, tomando-se o cuidado de não atingir a cavidade pulpar.Estando
próximo do canal radicular, com a ajuda de um cinzel reto (Golgran Instrumentos
Cirúrgicos e Odontológicos, São Paulo, SP, Brasil) as raízes foram clivadas, com
discretos movimentos no sentido horário.A detecção da presença de resíduo das
pastas de hidróxido de cálcio presentes na superfície dentinária foi realizada com
microscopia de varredura, por observação dos 6,0mm do segmento apical
radicular, da face vestibular radicular. Para tanto, aleatoriamente foram
selecionados 6 raízes de cada grupo experimental, totalizando 24 análises. As
amostras foram observadas ao Microscópio de Varredura de pressão variável
(marca LEO, modelo 1450VP) nas condições de EHT: 15 kV, pressão da câmara:
1.2 +- 0,04mBa, Detector: QBSE e WD: 30mm. As imagens obtidas foram
processadas, utilizando-se o programa JascPaint Shop Pro, versão 7.02
(JascSoftware,Eden Prairie, Minnesota, USA). As imagens foram classificadas de
acordo com os parâmetros propostos por HÜLSMANN et al. (1997), por dois
avaliadores que desconheciam os procedimentos realizados:
- escore 1: paredes do canal limpas e somente pequenas partículas da
24
medicação aderidas à parede do canal radicular;
- escore 2: pequenas aglomerações de partículas da medicação aderidas à
parede do canal radicular;
- escore 3: intensas aglomerações de partículas da medicação cobrindo
menos que 50% da parede do canal radicular;
- escore 4: intensas aglomerações de partículas da medicaçãocobrindo
mais que 50% da parede do canal radicular;
- escore 5: superfície dentinária totalmente coberta por partículas da
medicação..
Os escores obtidos para as diferentes pastas foram submetidos ao teste de
Kruskal Wallis, com nível de significância de 5%.
25
RESULTADOS
Os resultados obtidos serão apresentados de acordo com o tipo de análise
e tempo de avaliação, exceto para o teste de escoamento.
1. Teste de escoamento das pastas
Através da adaptação da norma ISO 6876, aplicada para teste de
escoamento com cimentos endodônticos, a média das medidas obtidas nos três
testes, para cada pasta, foram:
- Calen – 23,140 mm + 1,4150
- Calen com digluconato de clorexidina a 0,4% -24,765 mm +1,1035
- Pasta de HPG (hidróxido de cálcio, PMCC, glicerina) - 19,476 mm
+0,1890
Apenas entre as duas pastas Calen não houve diferença significativa
(p>0,05). A pasta HPG apresentou significantemente menor escoamento que as
demais pastas (p<0,05). A figura 3 apresenta o gráfico com a média do
escoamento das pastas.
26
Figura 3 – Gráfico com a média aritmética (em mm) do escoamento das pastas
experimentais.
2. Análise da liberação de íons hidrogênio e cálcio
Liberação de íons hidrogênio
a) Período de 24 horas:
Os valores obtidos na análise do pH, com o uso do pHmetro, estão
descritos na tabela 1.
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
27
Tabela 1. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no
período de 24 horas.
CALEN-
CLOREXIDINA HPG CALEN
1 6,48 6,61 6,50 2 6,37 6,42 6,37 3 6,07 7,32 6,32 4 6,11 6,55 6,82 5 6,23 6,36 6,00 6 6,28 6,11 5,88 7 6,69 6,46 5,92 8 6,46 6,33 6,20 9 5,75 7,04 5,90 10 6,65 10,52 6,01
Sobre os dados apresentados na tabela 1 foi aplicado o teste de análise de
variância a 1 critério, obtendo Hobs = 2,8578, não existindo diferenças
significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A
tabela 2 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em
função dos grupos experimentais.
Tabela 2. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 6,30 6,97 6,19 Desvio padrão 0,28 1,29 0,09
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores do pH, da análise da água destilada em que os espécimes
ficaram imersos por 24 horas.
28
b) Período de 7 dias
Os valores obtidos na análise do pH, com o uso do pHmetro, estão
descritos na tabela 3.
Tabela 3. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no
período de 7 dias.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 6,00 6,05 6,09 2 6,15 6,04 6,19 3 5,98 6,25 5,96 4 5,92 6,34 5,99 5 6,17 6,07 6,68 6 6,15 6,33 6,31 7 6,34 6,30 6,20 8 6,13 6,36 6,19 9 6,21 6,34 6,61
10 5,94 6,17 6,02
Sobre os dados apresentados na tabela 3 foi aplicado o teste de análise de
variância a 1 critério, obtendo Hobs = 1,6332, não existindo diferenças
significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A
tabela 4 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em
função dos grupos experimentais.
Tabela 4. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 6,09 6,22 6,22 Desvio padrão 0,28 0,13 0,24
29
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores do pH, da análise da água destilada em que os corpos de prova
ficaram imersos por 7 dias.
c) Período de 14 dias
Os valores obtidos na análise do pH, com o uso do pHmetro, estão
descritos na tabela 5.
Tabela 5. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no
período de 14 dias.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 6,24 6,40 6,08 2 6,01 6,12 6,29 3 6,11 6,27 6,10 4 5,79 6,31 6,04 5 6,07 5,96 6,58 6 6,17 6,18 6,32 7 6,60 6,19 6,22 8 6,06 6,40 6,16 9 6,18 6,31 6,43
10 5,87 6,13 5,94
Sobre os dados apresentados na tabela 5 foi aplicado o teste de análise de
variância a 1 critério, obtendo Hobs = 1,1893, não existindo diferenças
significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A
tabela 6 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em
função dos grupos experimentais.
30
Tabela 6. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 6.11 6.22 6.22 Desvio padrão 0,22 0.13 0.19
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores do pH, da análise da água destilada em que os corpos de prova
ficaram imersos por 14 dias.
d) Período de 28 dias
Os valores obtidos na análise do pH, com o uso do pHmetro, estão
descritos na tabela 7.
Tabela 7. Valores obtidos do pH, em função dos grupos experimentais, no
período de 28 dias.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 6,15 6,55 6,16 2 6,06 6,10 6,36 3 6,15 6,26 6,09 4 5,89 6,24 6,06 5 6,05 6,03 6,42 6 6,07 6,17 6,31 7 6,62 6,10 6,17 8 5,99 6,37 6,17 9 6,14 6,35 6,41
10 5,95 6,07 6,02
31
Sobre os dados apresentados na tabela 7 foi aplicado o teste de análise de
variância a 1 critério, obtendo Hobs = 1,4624, não existindo diferenças
significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância de 5%. A
tabela 8 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores obtidos em
função dos grupos experimentais.
Tabela 8. Média aritmética e desvio padrão obtidos através da análise de pH, em
função dos grupos experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 6.10 6.22 6.21 Desvio padrão 0,20 0.16 0.14
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores do pH, da análise da água destilada em que os corpos de prova
ficaram imersos por 28 dias.
Liberação de íons cálcio
a) Período de 24 horas:
Os valores obtidos na dosagem de cálcio através de análise de íons
seletivos encontram discriminados na tabela 9.
32
Tabela 9. Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos (em
mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 24 horas.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 3,776 3,657 4,100 2 4,769 3,657 0,428 3 3,266 5,708 2,309 4 3,260 3,854 0,987 5 0,001 3,943 4,164 6 2,383 2,553 1,501 7 4,171 2,447 3,967 8 0,165 3,023 2,509 9 0,001 3,667 1,986
10 3,982 1,779 2,130
Sobre os dados apresentados na tabela 9 foi aplicado o teste de análise de
variância a 1 critério, obtendo Hobs = 0,8750, não demonstrando existirem
diferenças significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância
de 5%. A tabela 10 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores
obtidos em função dos grupos experimentais.
Tabela 10. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em
mg/l), obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 2,6773 3,4288 2,7933 Desvio padrão 1,7184 1,0759 1,2254
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores obtidos de íons cálcio, presente na análise da água destilada
em que os espécimes ficaram imersos por 24 horas.
33
b) Período de7 dias:
Os valores obtidos na dosagem de cálcio através de análise de íons
seletivos encontram discriminados na tabela 11.
Tabela 11. Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos
(em mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias.
CALEN- CLOREXIDINA HPG CALEN
1 2,217 0,924 0,000 2 0,010 0,058 0,029 3 0,037 0,000 0,000 4 3,313 0,000 0,805 5 0,431 1,001 0,324 6 0,042 0,947 0,000 7 0,815 0,679 0,019 8 0,623 2,032 2,640 9 0,000 3,085 0,025
10 0,341 0,592 0,000
Sobre os dados apresentados na tabela 11 foi aplicado o teste de análise
de variância a 1 critério, obtendo Hobs = 0,8189, demonstrando não existirem
diferenças significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância
de 5%. A tabela 12 apresenta a média aritmética, desvio padrão e posto médio
dos valores obtidos em função dos grupos experimentais.
Tabela 12. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em
mg/l), obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 0,7829 0,9247 0,3842 Desvio padrão 1,1115 0,9733 0,8332
34
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores obtidos de íons cálcio, presente na análise da água destilada
em que os espécimes ficaram imersos por 7 dias.
c) Período de 14 dias:
Os valores obtidos na dosagem de cálcio através da análise de íons
seletivos encontram discriminados na tabela 13.
Tabela 13. Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos
(em mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 7 dias.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 4,216 4,132 2,184 2 0,087 2,659 0,359 3 2,144 0,561 2,720 4 2,844 0,441 0,077 5 0,754 0,189 1,239 6 0,766 0,105 2,209 7 2,885 2,597 1,856 8 2,689 0,183 2,238 9 0,794 2,242 0,023
10 1,466 1,771 1,070
Sobre os dados apresentados na tabela 13 foi aplicado o teste de análise
de variância a 1 critério, obtendo Hobs = 0,3993, demonstrando não existirem
diferenças significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância
de 5%. A tabela 14 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores
obtidos em função dos grupos experimentais.
35
Tabela 14. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em
mg/l), obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 1,8645 1,4880 1,3975 Desvio padrão 1,2993 1,3944 0,9881
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores obtidos de íons cálcio, presente na análise da água destilada
em que os espécimes ficaram imersos por 14 dias.
d) Período de 28 dias:
Os valores obtidos na dosagem de cálcio através do uso de espectrometria
de análise de íons seletivos encontram discriminados na tabela 15.
Tabela 15. Valores obtidos de cálcio total, através de análise de íons seletivos
(em mg/l), em função dos grupos experimentais, no período de 28 dias.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
1 1,129 2,969 0,289 2 0,600 0,503 0,951 3 3,175 2,787 1,309 4 0,503 0,002 3,030 5 2,124 0,854 0,574 6 0,214 2,145 2,362 7 3,615 0,128 3,096 8 2,396 0,716 0,228 9 2,489 2,531 0,059
10 1,991 2,470 1,583
Sobre os dados apresentados na tabela 13 foi aplicado o teste de análise
36
de variância a 1 critério, obtendo Hobs = 0,4335, demonstrando não existirem
diferenças significantes entre os grupos experimentais, em nível de significância
de 5%. A tabela 16 apresenta a média aritmética e desvio padrão dos valores
obtidos em função dos grupos experimentais.
Tabela 16. Média aritmética e desvio padrão da quantidade de íons cálcio (em
mg/l), obtidos através de análise de íons seletivos, em função dos grupos
experimentais.
CALEN-CLOREXIDINA HPG CALEN
Média aritmética 1,8236 1,5105 1,3481 Desvio padrão 1,1661 1,1731 1,1433
Entre os grupos experimentais não ocorreram diferenças significantes (p >
0,05) nos valores obtidos de íons cálcio, presente na análise da água destilada
em que os corpos de prova ficaram imersos por 28 dias.
3.Avaliação da quantidade de resíduos da medicação intracanal
Após 28 dias, 6 dentes de cada grupo experimental foram preparados para
análise em microscopia eletrônica de varredura, em aumento de 120X, com o
objetivo de averiguar se havia a persistência de resíduos das pastas após os
procedimentos de remoção. A presença de partículas da medicação no terço
apical radicular foi classificado conforme os parâmetros de HÜLSMANNet
al.(1997).
Constatou-se que em todos os grupos experimentais havia a
permanência de resíduos da pasta de hidróxido de cálcio aderidos à parede
vestibular do canal radicular dos dentes em questão, independentemente do
veículo utilizado, sendo atribuído escore
Kruskal Wallis, em 5% de significância, não detectou diferença entre os grupos
experimentais. As figuras 4,5 e 6 representam o aspecto de permanência de
resíduos da pasta de hidróxido
(figura 5) e HPG (figura 6) e no interior do canal radicular.
Objetivando averiguar se existiu correlação entre a quantidade de resíduos da
pasta de hidróxido de cálcio, com o pH e liberação de cálcio aos 28 dias,
circunstância em que as imagens na microsc
realizadas, sobre os valores numéricos atribuídos com auxílio dos escores,
realizou-se a comparação entre presença de resíduos X pH e presença de
resíduos X liberação de cálcio. Sendo as variáveis dados numéricos, obteve
coeficiente de correlação de Pearson
estatística entre os dados e grupos experimentais.
valor do pH da água ultrapura foi mantido em 6.1 e nenhuma presença de íon
cálcio foi detectado durante todo o período experimental. O controle positivo
sempre manteve pH alcalino e constatado presença de íons cálcio.
empregada para analise da correlação foi:
A figura 7 demonstra a imagem representativa dos grupos controles sem a
pasta de hidróxido de cálcio
37
vestibular do canal radicular dos dentes em questão, independentemente do
ilizado, sendo atribuído escore5 para todas as imagens. O teste de
Kruskal Wallis, em 5% de significância, não detectou diferença entre os grupos
experimentais. As figuras 4,5 e 6 representam o aspecto de permanência de
resíduos da pasta de hidróxido Calen (figura 4), Calencom clorexidina 0,4%
) e no interior do canal radicular.
Objetivando averiguar se existiu correlação entre a quantidade de resíduos da
pasta de hidróxido de cálcio, com o pH e liberação de cálcio aos 28 dias,
circunstância em que as imagens na microscopia eletrônica de varredura foram
realizadas, sobre os valores numéricos atribuídos com auxílio dos escores,
se a comparação entre presença de resíduos X pH e presença de
resíduos X liberação de cálcio. Sendo as variáveis dados numéricos, obteve
de Pearson igual a 0, sugerindo inexistirem correlação
estatística entre os dados e grupos experimentais.No grupo controle negativo o
valor do pH da água ultrapura foi mantido em 6.1 e nenhuma presença de íon
tado durante todo o período experimental. O controle positivo
sempre manteve pH alcalino e constatado presença de íons cálcio.
empregada para analise da correlação foi:
demonstra a imagem representativa dos grupos controles sem a
asta de hidróxido de cálcio.
vestibular do canal radicular dos dentes em questão, independentemente do
das as imagens. O teste de
Kruskal Wallis, em 5% de significância, não detectou diferença entre os grupos
experimentais. As figuras 4,5 e 6 representam o aspecto de permanência de
com clorexidina 0,4%
Objetivando averiguar se existiu correlação entre a quantidade de resíduos da
pasta de hidróxido de cálcio, com o pH e liberação de cálcio aos 28 dias,
opia eletrônica de varredura foram
realizadas, sobre os valores numéricos atribuídos com auxílio dos escores,
se a comparação entre presença de resíduos X pH e presença de
resíduos X liberação de cálcio. Sendo as variáveis dados numéricos, obteve-se o
igual a 0, sugerindo inexistirem correlação
No grupo controle negativo o
valor do pH da água ultrapura foi mantido em 6.1 e nenhuma presença de íon
tado durante todo o período experimental. O controle positivo
sempre manteve pH alcalino e constatado presença de íons cálcio. A fórmula
demonstra a imagem representativa dos grupos controles sem a
38
Figura 4 – Imagem representativa da presença da pasta Calen (seta), no terço
apical radicular, capturada em MEV (120 X).
Figura 5 – Imagem representativa da presença da pasta Calen + clorexidina
0,4% (seta), no terço apical radicular, capturada em MEV (120 X)
39
Figura 6 – Imagem representativa da presença da pasta HPG, no terço apical
radicular, capturada em MEV (120 X).
Figura 7 – Imagem representativa do grupo controle sem impermeabilização, no
terço apical radicular, demonstrando inexistência de hidróxido de cálcio,
capturada em MEV (120X)
40
DISCUSSÃO
A análise da persistência da medicação intracanal e suas repercussões
são importantes a fim de colaborar nas resoluções de algumas dúvidas, tais como
se estes resíduos ainda são capazes de manter a alcalinização e constante
liberação de cálcio, mesmo após grande parte ter sido removida e/ou solubilizada,
como em situações aonde houve a remoção acidental do material restaurador
provisório e/ou se apenas uma pequena quantidade desta medicação já seria o
suficiente para a manutenção de um pH alcalino nos tecidos adjacentes. Outra
especulação interessante é averiguar se apenas resíduos ainda realmente
manteriam efeitos alcalinizantes e liberação de cálcio, uma vez que há suspeitas
de que curativos intracanal à base de hidróxido de cálcio, seja a curto ou longo
prazo, possam ocasionar a redução da resistência radicular às fraturas. Com este
intuito, o presente estudo foi realizado, objetivando esclarecer se apenas resíduos
da medicação intracanal, em função da característica do veículo utilizado, são
capazes de manter as propriedades físico-químicas da medicação intracanal à
base de hidróxido de cálcio.
As pastas com hidróxido de cálcio atuam como barreiras físico-químicas
dificultando a recontaminação bacteriana dos canais radiculares, tanto é que
SIQUEIRA JR et al. (1998) avaliaram a capacidade de alguns medicamentos de
uso intracanal em prevenir a recontaminação de dentes desprovidos de
restauração coronária, por bactérias presentes na saliva. Canais radiculares
medicados com uma bolinha de algodão na câmara pulpar, embebida com
paramonoclorofenol canforado permitiram a recontaminação em média 6.9 dias
41
após. Canais preenchidos com hidróxido de cálcio e solução salina e hidróxido de
cálcio/PMCC/glicerina demonstraram recontaminação, em média, após 14,7 e
16,5 dias respectivamente, sendo significantemente mais efetivos.
Por outro lado, segundo JEANSONNE & WHITE (1994) e GOMES et al
(2001), a clorexidina tem sido largamente utilizada na Periodontia e na
Endodontia é recomendada tanto para irrigação dos canais radiculares como na
medicação intracanal. Com semelhante metodologia, GOMES et al. (2003)
determinaram in vitro o tempo requerido para que ocorra a recontaminação de
canais radiculares coronalmente vedados ou não, medicados com pasta de
hidróxido de cálcio com polietilenoglicol, clorexidina com gel de natrosol a 1% ou
hidróxido de cálcio associado com clorexidina gel a 1%. A recontaminação foi
detectada em canais não vedados após um tempo médio de 3,7 dias submetidos
à medicação com gel de clorexidina, 1,8 dias na medicação com pasta de
hidróxido de cálcio e 2,6 dias na associação do hidróxido de cálcio com a
clorexidina. Em canais coronalmente vedados, a recontaminação dos canais foi
detectada em 13,5 dias quando do uso da clorexidina, 17,2 dias quando do uso
da pasta de hidróxido de cálcio e 11,9 dias quando realizada a associação do
hidróxido de cálcio e clorexidina. Foi detectada diferença significante apenas
entre os grupos com as coroas vedadas dos não vedadas.
A medicação intracanal com pasta de hidróxido de cálcio é também muito
utilizada para favorecer a indução do fechamento da abertura foraminal.
Entretanto, tem sido relatado que o tratamento intracanal com este material, em
longo prazo de duração, pode reduzir a resistência radicular e contribuir para uma
42
possível fratura de dentes com ápice incompleto. ANDREASSEN et al.(2002)
extraíram incisivos inferiores de animais e os submeteram a dois grupos
experimentais. No grupo 1, as polpas dentais foram removidas via forame apical e
os canais radiculares preenchidos com pasta de hidróxido de cálcio (Calasept®),
vedados com IRM e então armazenados em solução salina, em temperatura
ambiente, por 0,5, 1, 2, 3, 6, 9 ou 12 meses. No grupo 2, após a remoção da
polpa dental, os canais foram apenas preenchidos com solução salina e vedados
com IRM. Todos os dentes foram avaliados quanto à resistência a fratura em
máquina de ensaio universal. Os resultados demonstraram uma acentuada
redução na resistência à fratura com o aumento do tempo para o grupo 1. Com o
objetivo de avaliar esses mesmos efeitos, porém em curto tempo de exposição da
dentina ao hidróxido de cálcio, SAHEBI et al. (2010) prepararam os canais
radiculares de 50 dentes unirradiculares humanos com instrumentação rotatória
e, em metade deles, os condutos foram preenchidos com pasta de hidróxido de
cálcio e solução salina. Na sequência, todos os dentes foram mantidos em
solução salina por 30 dias e após este período, cilindros de dentina foram criados,
removendo a coroa dental e o ápice radicular, e submetidos à força de
compressão. Os cilindros de dentina submetidos ao tratamento com hidróxido de
cálcio apresentaram significantemente menor resistência à compressão que o
grupo sem tratamento.
Sendo assim, é interessante avaliar se apenas resíduos da medicação
intracanal com hidróxido de cálcio, com veículos de diversas naturezas, tais como
o polietilenoglicol, clorexidina ou glicerina, manteriam suas propriedades físico-
químicas, pensando em uma situação de eventual remoção do material
43
restaurador provisório ou, até mesmo, com intuito de evitar fragilizar a estrutura
dentinária radicular, mantendo apenas de resíduos da medicação intracanal. Tais
pressuposições justificaram o presente estudo, sendo a discussão dividida em
função da metodologia empregada e resultados obtidos.
1. Discussão dos métodos
1.1. Da avaliação do escoamento das pastas.
Inexiste uma metodologia específica para avaliar o grau de escoamento de
pastas com finalidade de medicação intracanal. No presente estudo, a norma ISO
6876 foi adaptada para as pastas, semelhante ao empregado para avaliar
cimentos obturadores, como preconizados por CAMPS et al (2004) e FARIA-
JUNIOR et al. (2010).
1.2. Da análise da liberação de íons cálcio e hidro xila
A eficiência do hidróxido de cálcio como medicação intracanal está
diretamente relacionada aos seus efeitos iônicos, baseado na dissociação
química em cálcio e íons hidroxila, em solução aquosa (BYSTRÖM et al., 1985),
aos quais são responsáveis pela alcalinização do meio, resultando em altos
valores de pH (SOUZA-FILHO et al., 2008; VIANNA et al., 2009). O elevado valor
de pH e a concentração de cálcio presente induz à formação de tecido
mineralizado e é também responsável pelos efeitos bactericidas (GORDON et al.,
1985; BLANSCET et al., 2008). Sendo assim, a quantificação do potencial
hidrogeniônico e a capacidade de liberação de cálcio por pastas que contenham
hidróxido de cálcio associadas a diversos veículos é de fundamental importância
44
para indicá-las nas adversidades endodônticas. Porém, mais importante ainda é
avaliar o quanto apenas os resíduos destes medicamentos retidos intracanal,
ainda são capazes de alcalinizar e manter a liberação de íons cálcio.
A metodologia de avaliação de pH é bem estabelecida empregando
pHmetro, podendo ser utilizado diretamente nas pastas (VIANNA et al. 2009) ou
através de aferições indiretas, em cavidades preparadas na superfície externa
radicular (ESBERARD et al.,1996) ou nas soluções em que dentes naturais
(ÇALT et al.,1999), dentes artificiais (DUARTE et al., 2009) ou tubos de polietileno
(KUGA et al., 2010) permaneceram imersos, por períodos pré determinados.
Similar metodologia, porém quantificando os íons cálcio liberados pelas
misturas, foram avaliados empregando a espectrometria de absorção atômica
(DUARTE et al., 2009) ou eletrodos de íons seletivos (ÇALT et al., 1999). A
diferença elementar entre ambos os métodos é que, para o primeiro há a
quantificação total do cálcio liberado, enquanto para o segundo há a quantificação
apenas do cálcio ionizado, motivo pelo qual se fez a opção de análise, uma vez
que principalmente o íon cálcio é quem participa dos processos de mineralização
tecidual (SEUX et al., 1991). Ainda que exista uma maior possibilidade de
variações na dosagem final do cálcio, pois a mesma emprega um eletrodo de íon
seletivo para cálcio em conjunto com outro eletrodo, que permanece imerso em
solução de nitrato de potássio, estando sujeito a interferência externa, tais como a
intensidade da corrente elétrica do potenciômetro, trata-se de uma técnica
simples e de baixo custo, evitando assim a necessidade de realizar amostras com
condutimetria e espectrometria de absorção atômica. SANTOS et al. (2005)
45
alertaram para a necessidade de verificar se os íons cálcio detectados nas
amostras, através da espectrometria, encontram-se realmente dissociados, sendo
possível a observação apenas através da condutibilidade elétrica da solução.
Como o objetivo do estudo foi averiguar os efeitos de resíduos da
medicação intracanal, à base de hidróxido de cálcio com diversos veículos, por
diversos períodos de avaliação, a opção escolhida recaiu sobre o emprego de
dentes humanos recém-extraídos. As raízes dos incisivos centrais inferiores
apresentam achatamento no sentido mésio-distal, sendo úteis para análise da
persistência de resíduos de medicação à base de hidróxido de cálcio. KUGA et al.
(2010) avaliaram através de MEV a persistência de resíduos na dentina radicular
de incisivos centrais inferiores, da medicação com hidróxido de cálcio e
propilenoglicol, na proporção de 1:1, após a remoção com NaOCl a 2,5% e
EDTA, isolados ou combinados e com auxilio do sistema ProTaper ou K3. Os
autores concluíram que em todos os espécimes havia a persistência de resíduos.
A fim de igualar a amplitude dos canais radiculares, o comprimento das
raízes foi definido em 18,0 mm. Este comprimento deve-se ao fato que, a
padronização da abertura foraminal foi estabelecida com o D0 do instrumento F2
do sistema ProTaper® e, pelo fato da sua parte ativa possuir 16,0mm (LOPES et
al., 2010), criteriosamente foi mantido mais 2,0mm para a colocação do material
restaurador provisório. Sendo assim, obteve-se a uniformização dos canais
radiculares e do volume de pasta de hidróxido de cálcio neles inseridos.
O hipoclorito de sódio a 2,5% foi empregado durante o preparo
biomecânico e ao final do mesmo foi feita uma irrigação com soro fisiológico
46
eutilizadoo EDTA a 17% seguido por uma irrigação final com soro fisiológico,
sendo selecionada esta associação visando favorecer a difusão de íons hidroxila
pela dentina, mesmo que no presente estudo apenas a região da abertura
foraminal não tenha sido impermeabilizada. SAIF et al. (2008) avaliaram a difusão
de íons hidroxilas através dos túbulos dentinários, através da confecção de um
defeito radicular envolvendo o cemento. Após diversos esquemas de irrigação
final, antes da colocação da pasta aquosa (solução salina) com hidróxido de
cálcio, observaram que a combinação de 3ml de EDTA a 17% seguido por uma
irrigação final com NaOCl a 6% proporcionou, após 30 dias de avaliação, os
maiores valores de pH.
A impermeabilização externa foi conduzida a fim de evitar interferências da
dentina do próprio dente, sobre as aferições de pH e cálcio das amostras.
FREIRE et al.(2010) avaliaram o pH do hidróxido de cálcio isolado e do gel de
clorexidina a 2%, isolados ou associados, adicionado ou não com 1,8%, em peso,
de pó de dentina. Após análise do pH das amostras em que os espécimes
permaneceram imersos por 24h, 7, 14 e 21 dias, concluíram que o pó de dentina
propiciou uma elevação do pH em relação aos medicamentos utilizados
isoladamente. Em contrapartida, HAAPASALO et al. (2000) observaram
acentuadas interferências negativas na ação antimicrobiana de medicamentos de
uso intracanal, principalmente do hidróxido de cálcio.
As pastas de hidróxido de cálcio foram manipuladas com veículos
de diferentes viscosidades. A clorexidina, polietilenoglicol e glicerina são veículos
aquoso, viscoso e oleoso, respectivamente. A pasta Calen® é consagrada na
47
literatura (TANOMARU-FILHO et al., 2002) e possui em sua composição 2,5g de
hidróxido de cálcio, 1g de óxido de zinco, 0,05g de colofônia e 2ml de
polietilenoglicol. A proporção empregada para a pasta de hidróxido de cálcio com
paramonoclorofenol canforado e glicerinafoi na relação de 1g:0,5ml;0,5ml,
conforme descrito por VIANNA et al.(2009). A composição da pasta de hidróxido
de cálcio com clorexidina foi alicerçada na proposta de SILVA et al. (2008) pois,
também através de estudos piloto, foi observada uma dificuldade na manipulação
e consistência inviável para uso intracanal quando apenas associada ao
digluconato de clorexidina.
Após os dentes serem totalmente preenchidos com a medicação
intracanal, os espécimes foram mantidos em ambiente úmido por 7 dias, evitando
prolongar a manutenção da medicação intracanal por maior tempo, pois
ROSENBERG et al.(2006) comprovaram que a manutenção da pasta aquosa
(solução salina) de hidróxido de cálcio por período superior a 7 dias ocasiona
redução da resistência dentária à fratura, bem como GOMES et al. (2003)
encontraram recontaminação dos canais radiculares, mesmo o dente estando
vedado com IRM e com o Ca(OH)2intracanal em média após 12 a 17 dias.
Outrossim, o período recomendado para se obter uma adequada redução
microbiana do interior dos canais radiculares é em media 7 dias (SIQUEIRA JR et
al.,2007). As pastas de hidróxido de cálcio, independentemente do veículo
utilizado, foram removidas com o instrumento F1 do sistema ProTaper®, ou seja,
com o D0 inferior ao do instrumento F2, propositalmente a fim de evitar a total
remoção da medicação, pois o objetivo do estudo foi exatamente simular uma
situação em que apenas resíduos permaneceram no interior dos canais
48
radiculares. Neste momento, apenas o NaOCl a 2,5% foi empregado, pois KUGA
et al.(2010) não encontraram diferenças entre a associação deste com o EDTA,
quando o sistema ProTaper foi utilizado para auxiliar na remoção do hidróxido de
cálcio.
O tempo de imersão dos espécimes nas soluções é controverso. VIANNA
et al. (2009) avaliaram o pH de diversas associações de pasta de hidróxido de
cálcio com 5 min, 1, 24 e 28 horas e aos 7, 14 e 28 dias, concluindo que, com o
passar do tempo há um decréscimo nos valores do pH, independentemente do
veículo utilizado. Resultados inversos foram obtidos por ZMENER et al.(2006)
que ao comparar o pH da pasta aquosa de hidróxido de cálcio com duas formas
comerciais (Calasept e Ultracal XS), observaram maiores pH após 30 dias para
estas duas últimas composições. Portanto, os períodos foram semelhantes ao
proposto por DUARTE et al. (2009), excluindo apenas o período de 10 minutos,
pois os resíduos da pasta não estavam em fase coloidal e também o período de
48hs, visto que no estudo piloto previamente realizado, não houve diferença com
o período de 24 horas.
As soluções nos quais os tubos de polietileno permaneceram imersos
foram trocadas a cada período de análise, a fim de evitar a saturação do mesmo,
conforme observado por SANTOS et al. (2005) que analisaram o pH do MTA com
semelhante metodologia utilizada no presente estudo.Outro motivo para a
substituição das soluções foi a necessidade de manutenção da uniformidade dos
resultados. GONÇALVES et al. (2010) avaliaram o pH, liberação de cálcio e
condutividade de algumas apresentações do cimento Portland (branco estrutural
49
e não estrutural, cinza) e do MTA (MTA Bio e White ProRoot MTA). Nas soluções
em que foram aferidos o pH, não realizaram a troca da solução, encontrando
resultados variáveis e inconstantes.
1.3. Da análise em microscopia eletrônica de varred ura (MEV)
A análise através de microscopia eletrônica de varredura teve como
objetivo averiguar se, após os procedimentos de remoção de hidróxido de cálcio,
ainda persistia resíduos da medicação independentemente do veículo utilizado.
Para a classificação utilizou-se os parâmetros propostos por HÜLSMANNet al.
(1997), pois assim é possível obter um dado numérico, com um campo visual
maior, não incorrendo no erro de visualizar apenas uma área restrita e obter
resultados adversos.
Para a obtenção dos fragmentos radiculares, as mesmas foram clivadas,
após a realização de um sulco longitudinal radicular, a fim de evitar que partículas
de dentina pudessem interferir nas imagens dos resíduos de hidróxido de cálcio.
2. Discussão dos resultados
2.1. Da avaliação do escoamento das pastas.
O conhecimento do grau de escoamento das pastas empregadas no presente
estudo é importante, no intuito de correlacioná-lo com a possível magnitude do
grau de retenção de resíduos após os procedimentos de remoção intracanal. Ou
seja, provavelmente a pasta que apresenta menor escoamento e maior
viscosidade tende a manter maior quantidade de detritos na parede do canal
radicular, similar ao que acontece com substâncias de irrigação endodôntica
50
(CARVALHO et al., 2008). Negativamente, estes resíduos podem manter um
elevado grau de sujidade das paredes dentinárias, sobretudo interferindo na
obturação dos canais radiculares, principalmente na adesividade dos cimentos
endodônticos (BARBIZAM et al., 2008) e na hermeticidade da obturação
(KONTAKIOTIS et al., 1997). Por outro lado, há o lado positivo reduzindo a
recontaminaçãodentinária em casos de ausência da restauração provisória
(SIQUEIRA JR et al., 1998) ou infiltração através da mesma (VERISSIMO et al.,
2010).
Tomando como base a norma ISO 6876 para cimentos endodônticos e
adaptada para avaliar os escoamentos das pastas em avaliação, foi observado
um menor escoamento para a pasta HPG, constituída por hidróxido de cálcio,
paramonoclorofenol canforado (6,5:3,5) e glicerina (1g:0,5ml:0,5ml). Entretanto,
quando analisado em microscopia eletrônica de varredura verificou-se que a
medicação proporcionou o preenchimento de todos os canais radiculares, bem
como manteve o mesmo padrão de persistência de resíduos aderidos às paredes
dentinárias. ESTRELA et al. (2005) avaliaram a tensão superficial do hidróxido de
cálcio associado a diversas substâncias (água destilada deionizada,
paramonoclorofenol canforado, digluconato de clorexidina, Otosporin, lauril sulfato
de sódio a 3%, furacin e paramonoclorofenolfuracinado) determinando para a
pasta de Ca(OH)2 com paramonoclorofenol canforado o valor de 37,50 dinas/cm,
inferior ao da associação com água destilada deionizada (68,40 dinas/cm).
Porém, a composição da pasta HPG utilizada no presente estudo apresenta
51
praticamente 25% (em volume) de glicerina, que pode ter conferido uma maior
viscosidade e, por consequência, menor escoamento da pasta. As proporções do
pó de hidróxido de cálcio e líquido das pastas avaliadas praticamente se
assemelham, em uma relação de 1:1.
A glicerina se apresenta como um veículo viscoso, higroscópico e miscível
em qualquer proporção com água e álcool, com peso molecular 92,09 (SIQUEIRA
JR et al., 2010). Apesar deste menor escoamento apresentado pela pasta HPG
em relação ao Calen® e Calen® com clorexidina a 0,4%, o resultado não
demonstrou interferências nas demais propriedades de pH e liberação de cálcio,
como será visto adiante. Curiosamente, em estudos microbiológicos, a pasta
HPG demonstra significativo potencial antimicrobiano em relação às diversas
outras associações com o hidróxido de cálcio, até mesmo sobre a associação
isolada do paramonoclorefol canforado com Ca(OH)2 (GOMES et al.,2002).A
pasta de hidróxido de cálcio com clorexidina a 2% apresenta tensão superficial de
58,0 dinas/cm, muito superior à da associação com o paramoclorofenol canforado
(ESTRELA et al., 2005). Porém, a concentração utilizada no presente estudo foi o
equivalente a 0,4% do valor total da mistura, quantidade bem inferior ao utilizado
por ESTRELA et al. (2005), praticamente assemelhando ao Calen® puro, motivo
pelo qual apresentaram semelhante comportamento.
2.2. Da análise da liberação de íons cálcio e hidro xila
Independentemente do período analisado (24 h, 7, 14 e 28 dias), os grupos
experimentais se assemelharam em relação ao potencial hidrogêniônico dos
resíduos da medicação intracanal, mantendo proximidade ao pH proporcionado
52
pelos grupos controles. É sugestivo que, mesmo permanecendo resíduos da
medicação aderidas às paredes dentinárias, os mesmos praticamente são
desprovidos da capacidade de alterar o pH da solução nas quais as raízes
permaneceram submersas.
Em relação à liberação do íon cálcio identicamente, os grupos
experimentais também não diferiram entre si, nos diversos períodos analisados,
porém proporcionaram alguma liberação em relação aos grupos controles, em
que não foi detectada nenhuma presença de íons cálcio.
Diversos estudos (ZMENER et al., 2006; VIANNA et al., 2009; BALLAL et
al.,2010) realizaram a avaliação do potencial hidrogeniônico e liberação de cálcio
das pastas de hidróxido de cálcio com os mais diferentes veículos, porém
inexistem estudos que tenha avaliado o potencial de resíduos desta medicação
em manter o pH alcalino e/ou liberação de íons cálcio, como em situações
clínicas anteriormente descritas. Adicionalmente há diversas pesquisas que
demonstram que uma vez utilizada a medicação intracanal com pastas de
hidróxido de cálcio, sempre persiste resíduos após a sua remoção, aderidas às
paredes dentinárias (LAMBRIANIDIS et al., 1999; KUGA et al., 2010; WISEMAN
et al., 2011), que podem interferir no prognóstico dos tratamentos endodônticos.
Diante dos resultados obtidos da análise do potencial hidrogeniônico
proporcionado pelos resíduos das pastas, pode ser observado que as mesmas
não possuem capacidade alcalinizante, assemelhando aos grupos controles.
Portanto, partindo dos resultados obtidos por GOMES et al. (2003) que
observaram uma recontaminação dos canais radiculares, quando ainda a pasta
53
de hidróxido está presente, em média após 17,2 dias, provavelmente há
interações físico-químicas reduzindo a sua efetividade antimicrobiana ao longo do
tempo. Desta forma, quando há a presunção de que existe apenas resíduos da
medicação, certamente o pH desfavorável à proliferação microbiana, não mais
estará presente nesta medicação intracanal, independentemente do veículo
utilizado, sendo recomendável um novo preparo biomecânico e medicação
intracanal. VIANNA et al. (2009) citam que a maioria dos micro-organismos
proliferam em pH ao redor de 7 e que um aumento ou redução deste pH pode
causar inativação reversível e temporária das bactérias. Uma vez restabelecido o
pH ideal, retornam às suas atividades metabólicas. A grande maioria dos micro-
organismos são destruídos em pH 9,5 e poucos sobrevivam em pH igual ou
superior a 11 (HAN et al., 2001).
A presença de íons cálcio é fundamental para a reparação tecidual (SEUX
et al., 1991), porém identicamente ao que ocorre com o valor do pH, os resíduos
das pastas, independentemente dos veículos, apresentaram baixa liberação de
íons cálcio. Embora os métodos de obtenção dos valores de cálcio presente nas
amostras sejam diferentes do sistema de íons seletivos, comparando com os
trabalhos de HOSOYA et al. (2001) e DUARTE et al. (2009), é possível observar
a menor liberação de cálcio das amostras no presente estudo.
Sendo assim, a partir destes resultados podemos entender que, em
situações clínicas aonde se observa apenas resíduos da medicação no interior
dos canais radiculares e/ou nas situações aonde há história clínica da medicação,
mas que, com certeza possui resíduos aderidos à dentina do canal radicular,
54
seguramente o pH e a liberação de cálcio propício aos interesses microbiológicos
e biológicos certamente será impróprio.
2.3. Da análise em microscopia eletrônica de varred ura (MEV)
Em todos os espécimes avaliados foram constatados presença de resíduos
aderidos às paredes dentinária, indiferentemente dos grupos experimentais,
coincidindo com BALVEDI et al. (2010) que compararam dois protocolos de
remoção da medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio puro ou com
diferentes veículos (solução salina, polietilenoglicol ou polietilenoglicol com
paramonoclorofenocl canforado), utilizando irrigação final com NaOCl a 1%
isoladamente ou procedida com irrigação final com solução salina
ultrassoenergizada. Independentemente do veículo empregado ou do tipo de
método de remoção, sempre houve a persistência de resíduos da medicação
aderidos às paredes dentinárias.
Durante algum tempo crer-se-ia que estes resíduos seriam benéficos e
interagiam com os materiais empregados na obturação dos canais radiculares,
tanto é que HOLLAND et al. (1995b) observaram menor infiltração marginal em
canais radiculares que receberam medicação prévia com o hidróxido de cálcio,
sendo contestado por KONTAKIOTIS et al. (1997) que ao compararem um
método específico para análise de microinfiltração apical, observaram resultados
contraditórios empregando o corante azul de metileno como agente marcador.
Todavia, estes resíduos interagem ativamente com os materiais empregados na
obturação endodôntica (MARGELOS et al., 1997).
Desta forma, apesar de ser constatada a presença de resíduos do
55
hidróxido de cálcio, seus efeitos físico-químicos são relativamente poucos
pronunciados, necessitando estudos que contemplem as dúvidas em termos
microbiológicos e biológicos, pois praticamente todos os estudos são voltados
para a presença da medicação e não em situações acidentais, em que
permaneceram apenas resquícios do hidróxido de cálcio.
56
CONCLUSÃO
De acordo com os três experimentos propostos e os resultados obtidos,
podemos concluir que:
1. Houve menor escoamento da pasta HPG em relação às pastas Calen e Calen
associada aclorexidina 0,4%.
2. O potencial hidrogeniônico e liberação de íons cálcio dos resíduos da
medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio, independente do veículo e
associação empregada, não houve diferença entre si, assemelhando aos grupos
controle, em todos os períodos analisados.
3. Após o período de 28 dias, as imagens realizadas em microscopia eletrônica
de varredura detectaram a persistência de resíduos aderidos às paredes
dentinárias.
57
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ANEXO
Andamento do projeto
Título do Projeto de Pesquisa
Avaliação da persistência e da capacidade de liberação iônica de resíduos da medicação intracanal à base de hidróxidode cálcio
Situação Data Inicial no CEP
Aprovado no CEP 14/10/2010 10:13:06
Descrição
Envio da Folha de Rosto pela Internet
Protocolo Aprovado no CEP
Recebimento de Protocolo pelo CEP (C List)
68
Andamento do projeto - CAAE - 0129.0.308.000-10
Avaliação da persistência e da capacidade de liberação iônica de resíduos da medicação intracanal à base de hidróxido
Data Inicial no CEP Data Final no CEP Data Inicial na CONEP
14/10/2010 10:13:06 22/10/2010 09:45:13
Data Documento
22/09/2010 11:29:31 Folha de Rosto
22/10/2010 09:45:13 Folha de Rosto
14/10/2010 10:13:06 Folha de Rosto
Avaliação da persistência e da capacidade de liberação iônica de resíduos da medicação intracanal à base de hidróxido
Data Inicial na CONEP Data Final na CONEP
Nº do Doc
FR373486
0146
0129.0.308.000-10
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