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O livro Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense apresenta de forma
pioneira um estudo iconográfi co específi co de uma região. Através de um
trabalho em equipe entre profi ssionais e especialistas das mais diversas áreas
e em parceria com universidades locais, foram levantadas minuciosamente
as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e cultural.
As belas fotografi as, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente
ilustrativos, mas são um patrimônio que poderá agregar valores a produtos e
serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfi ca e
o resgate da cultura material e imaterial.
ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE
ELEMENTOS DA ICONOGRAFIA DA SERRA CATARINENSE
Todos os direitos reservados e protegidos por lei de 19/2/1998. Nenhuma parte
deste material, texto ou imagens, poderá ser reproduzida nem transmitida
sem autorização prévia por escrito do(s) autor(es), sejam quais forem os meios
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação.
DIEDERICHSEN, Lars Jorge e outros
Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense.
Florianópolis: Sebrae/SC, 2006.
1. Iconografi a. 2. Santa Catarina 3. Sebrae 4. Design
I. Título
CONSELHO DELIBERATIVO
Presidente: Antônio Edmundo Pacheco
ENTIDADES QUE COMPÕEM O CONSELHO DELIBERATIVO
Federação do Comércio do Estado de Santa Catarina - FECOMÉRCIO
Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina - FACISC
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC
Fundação Centros de Referência em Tecnologia Inovadoras - CERTI
Banco do Brasil S.A
Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDE
Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina – FAESC
Federação das Associações das Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina - FAMPESC
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE
Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - BADESC
Caixa Econômica Federal - CEF
Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina - FCDL
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
DIRETORIA SEBRAE/SC
CARLOS GUILHERME ZIGELLI – Diretor Superintendente
ANACLETO ÂNGELO ORTIGARA – Diretor Técnico
JOSÉ ALAOR BERNARDES – Diretor Administrativo Financeiro
SPYROS ACHYLLES DIAMANTARAS – Gerente de Comunicação e Mercado
SORAYA TONELLI – Desenvolvimentos de Projetos
MARCONDES DA SILVA CÂNDIDO - Gerente de Projetos Regionais e Setoriais
CARLOS ROBERTO MENEZES - Gestor de Turismo e Artesanato
PAULO CÉSAR SABBATINI ROCHA - Agente de Articulação
DANIEL KELLER ALVEZ - Consultor
ROBERTA TEALDI FOGAÇA - Assistente
EQUIPE TÉCNICA
Especialistas
Lucélia L. Rodrigues
Alceu R. Santos
Cláudio Silveira
Cíntia Studzinski Rafael Antunes
Antonio Rogério de Macedo
Cleberson Espíndola
Tere Arruda
Chica Grass
Vivian V. R. Brandão
Marcelo Kowalski
Margareth C.F. Merkle
Antonio Edu Arruda
Pedro Donizete de Souza
Ana Paula Kuhn Gocks
Vera Rute Cruz da Silveira
Mercedes Maria Gevaerd
Rudimar Cifuentes
Zilma Isabel P.
Rosa Werner
Iolanda M. de Lima Zanella
Regina Ap. Córdova
Paulo César S. Rocha
Daniel Keller Alvez
James Faraco Amorim
TEXTOS
Iáscara Almeida Varela
James Faraco Amorim
Lars Diederichsen
Nelson Camargo (ABCCL)
Ulisses de Arruda Córdova
FOTOGRAFIAS
Anders Adq
Antonio Macedo
Anselmo
Cláudio Silveira
James Faraco Amorim
Lars Diederichsen
Luiz
Museu Thiago de Castro
Ricardo Almeida
Ricardo Vagner
CONSULTORIA
Lars Diederichsen
DESIGN E CONCEPÇÃO
Lars Diederichsen, Terra Design, São Paulo
Renata Bressan, Terra Design, São Paulo
Agradecimentos
UNIPLAC
APRESENTAÇÃO
O artesanato da Serra Catarinense tem mostrado um grande avanço em relação a qualidade, organização, apresentação
e locais de comercialização. Mas a falta de uma identidade restringe a venda de muitos produtos ao mercado local.
O Sebrae e parceiros, com o objetivo de fornecer aos artesãos locais e ao público em geral um acervo de imagens,
textos e representações gráfi cas que possam fortalecer a identidade do produto local, lançam o livro Elementos da Iconografi a
da Serra Catarinense. O acervo iconográfi co apresentado, além de aumentar o valor agregado do artesanato local, ajudará
a fortalecer a identifi cação da população com sua região.
Com a ajuda de um grupo de especialistas de várias áreas, foram identifi cados os elementos mais representativos
da iconografi a da região, encontrados nas artes, na arquitetura, nas paisagens, nos artefatos, na fauna, na fl ora, no folclore
e nas tradições populares. O livro traz belas imagens, representações gráfi cas e um texto especialmente elaborado para
permitir ao leitor entender o ícone dentro de sua realidade histórica e cultural e ainda ampliar seus conhecimentos sobre a
fauna e a fl ora locais.
O maior desafi o será, sem dúvida, promover e disseminar o conteúdo desse acervo para que ele possa fazer parte
do repertório comum. O ícone somente agregará valor aos produtos se ele for reconhecido por sua imagem e seu signifi cado
como elemento da cultura local.
A publicação servirá como ferramenta para o fortalecimento do artesanato local, acrescentando valor aos produtos
regionais; à economia local, como fomento ao turismo e educação dos jovens; como livro de referência, elevando a auto-
estima e evidenciando nossos patrimônios culturais e humanos.
CARLOS GUILHERME ZIGELLI
Diretor-superintendente
METODOLOGIA
Ao observarmos pinturas, obras arquitetônicas, até mesmo simples objetos decorados, peças bordadas ou entalhadas,
é comum nos depararmos com a pergunta: o que esses objetos signifi cam? O que se esconde por trás deles?
Nem sempre os adornos são legíveis ou de fácil interpretação. Esse conteúdo muitas vezes “escondido”, outras
claramente visível, é designado como conteúdo simbólico. Esse elemento simbólico na imagem é um valor implícito,
um intermediário entre a realidade reconhecível e o reino místico e invisível, estendendo-se, portanto, desde o que é
conscientemente compreensível até o campo do inconsciente. Nesse sentido, pode-se dizer que o artista ou artesão é, na
verdade, um mediador entre o mundo visível e o invisível. Um ícone cuja beleza, muitas vezes realçada por certa estilização,
destina-se inteiramente a revelar o conteúdo simbólico e inspirar o observador. O ícone teve, desde os primórdios de nossa
história, uma função importante na visualização do conteúdo simbólico. Os vasos decorados, as pinturas rupestres e outras
manifestações artísticas do homem são claros exemplos. Um dos ícones ou símbolos mais estilizados é o da cruz: Cristo crucifi cado.
Imagens simples, estilizadas através de um ícone, facilitam sua leitura como portadora de um vasto conteúdo
simbólico do ideário de um povo. Como as imagens se transformam em sinais simbólicos?
O ponto de partida de nossa pesquisa foi a identifi cação dos elementos mais representativos da cultura da Serra
Catarinense, encontrados nas manifestações culturais, que chamamos de ambiente cultural, e na manifestação da natureza
ou do ambiente natural. O ambiente cultural compreende as ações do habitante da serra através de sua arquitetura, seus
artefatos, do folclore, da culinária, das crenças e manifestações populares, compondo um vasto repertório de cultura material
e imaterial. Do ambiente natural, por outro lado, fazem parte as principais características naturais da região, como sua fauna,
sua vasta fl ora e seus atrativos naturais, como cachoeiras, rios e relevos.
Com a pesquisa em mãos, levantamos com os fotógrafos locais um banco de imagens que serviu como base para a
interpretação gráfi ca dos ícones, cujas representações pictóricas foram estilizadas. Os ícones como portadores deste conteúdo
e signifi cado da cultura local somente serão reconhecidos se fi zerem parte do repertório do observador, que poderá, através
dos textos e fotografi as, compreender, apreender e absorver a rica e vasta cultura da Serra Catarinense.
Embora este acervo tenha como público-alvo os artesãos que poderão aplicar os ícones nas diversas técnicas manuais,
agregando valores culturais e econômicos aos seus produtos, poderá ser utilizado também por todos os interessados em
preservar, pesquisar e difundir os valores culturais locais.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é mais uma iniciativa do Sebrae-SC, através do escritório regional de Lages, visando oferecer
ferramentas que possam estimular as micro e pequenas empresas da região serrana a se tornarem competitivas através de
valores como a identidade e a diferenciação.
O livro Elementos da Iconografi a da Serra Catarinense apresenta de forma pioneira um estudo iconográfi co específi co
de uma região. Através de um trabalho em equipe entre profi ssionais e especialistas das mais diversas áreas e em parceria com
universidades locais, foram levantadas minuciosamente as mais importantes referências regionais e seu contexto histórico e
cultural. As belas fotografi as, os textos e os símbolos não pretendem ser meramente ilustrativos, mas são um patrimônio que
poderá agregar valores a produtos e serviços na região serrana, além de contribuir para a pesquisa iconográfi ca e o resgate
da cultura material e imaterial.
Convido vocês a viajar conosco através da cultura e das belezas naturais da Serra Catarinense.
LARS DIEDERICHSEN
Coordenador do projeto
REGIÃO DA SERRA CATARINENSE
Araucária
Uva
PedraFurada
Cachoeira
Truta
Igreja Nossa Senhora de Lourdes
Gado lageano
Caminho de Bom Jardim da Serra
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15Igreja Nossa Senhora de Lourdes em Morrinhos
Foto por Ricardo Almeida
AMBIENTE CULTURAL
TropeirismoFazendas
GastronomiaReligiosidade
LagesPrefeitura
Colégio Vidal RamosCatedral Diocesana
Ciclo da madeiraMercado Municipal
Edifício dos Correios e TelégrafosEdifício Doutor Acácio
Cine Marajoara
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CRONOLOGIA
Ciclo da MadeiraÍcones:LocomóvelSerrariasCasas de MadeiraTurfeArt Déco
1900 1930 196017961766
Colonização
Fundação de Lages
Depressão econômicaTropeirismo
Ícones:FazendasCorredor de TaipasFestas e religiosidadeLendas e CausosCulinária (coalhada, doces, queijos, conservas, café tropeiro, charque, carreteiro, revirado)Vestimentas e FerramentasRodeio Cavalgada
Ícones:UvaPinusKiwiMaçã
Kaingang Xokleng
Ícones:1º Plano DiretorTanqueCacimbaArq. Colonial e AçorianaMercado Antigo 1880Convento 1890
Ícones:Palácio MunicipalCatedral 1922Colégio Vidal Ramos 1913Jardim Vidal Ramos
O ambiente cultural compreende
as manifestações da cultura local através da
materialidade de suas edifi cações, praças,
traçados urbanos, objetos e ferramentas do
cotidiano e seu patrimônio imaterial, sua culi-
nária, suas lendas, a religiosidade; enfi m, o
saber e o saber fazer as coisas na Serra Cata-
rinense.
A partir de uma linha traçada através
do tempo, buscou-se visualizar e contextuali-
zar os elementos da cultura local capazes de
dar legitimidade e força aos ícones identifi -
cados. Os ícones mais importantes estão lo-
calizados cronologicamente no seu contexto
histórico-cultural.
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A ocupação ofi cial da região do planalto catarinense
iniciou-se no século XVIII, com a chegada dos paulistas. Mas é
importante mencionar que essas não eram terras vazias à espera
da civilização ocidental. Elas já eram habitadas por grupos
indígenas das nações xoclengue e caingangue, que nesse processo
de ocupação foram aprisionados, expulsos ou aniquilados
em curto tempo, mas ainda estão presentes na cultura local,
através dos costumes alimentares, da medicina popular e da
materialidade dos sítios arqueológicos ainda encontrados na
região, como, por exemplo, as pontas de fl echas e as pinturas
rupestres encontradas na região de Urubici.
Razões geopolíticas e militares vinculadas às disputas
territoriais entre as coroas espanhola e portuguesa, assim como
razões estratégicas de abastecimento da região de Minas Gerais,
A OCUPAÇÃO DA SERRAdeterminaram no início do século XVIII a ocupação ofi cial eu-
ropéia na região. Os muares, criados nos campos do sul, foram
introduzidos em resposta ao desumano, caro e pouco efi ciente
meio de transporte escravo, indispensável no atendimento à cor-
rida desenfreada do ouro.
Foi nesse contexto que se originaram o tropeirismo e as
conseqüentes políticas de ocupação da Região Sul. O tropeirismo
possibilitou a toda a porção meridional do Brasil uma confi gura-
ção diferenciada. Primeiramente porque foram os tropeiros que
efetivaram a política de ocupação e manutenção das fronteiras
da região; em segundo lugar porque, ao ser um sistema voltado
para a circulação e o abastecimento internos, as relações e a
divisão social e territorial do trabalho eram diferenciadas; em
terceiro, porque possibilitou, mesmo que de forma rudimentar,
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1. Tropeiros (Arquivo Rogério Macedo)
2. Tropeiros (Arq. Museu Thiago de Castro)
3. Peão de fazenda (Ricardo Almeida)
4. Peão de fazenda (Ricardo Almeida)
5. Mangueira (Ricardo Almeida)
6. Corredor de Taipas (Ricardo Almeida)
a comunicação entre os mais distantes e isolados povoados, vilas
e cidades, através de um complexo de rotas e trilhas que passou
a cortar todo o território, e, por fi m, ensejou o surgimento de
inúmeras vilas e cidades ao longo das rotas.
O tropeirismo, como força econômica, social e cultural
dinamizadora da Região Sul, e a fundação da Vila de Lages, em
decorrência, são fatos vinculados ao ciclo colonial da economia
escravista mineira, então em seu apogeu.
Em meados do século XVIII, o sargento-mor Souza
Farias realizou a primeira viagem para o sul, e, em 1733,
Cristóvão Pereira de Abreu, para aperfeiçoar e encurtar o
caminho, estabeleceu outra rota ligando Viamão, na província
de São Pedro, à feira de Sorocaba, na capitania de São Paulo.
Ofi cializou-se, assim, o “Real Caminho de Viamão”, que se
tornou o principal eixo de ligação entre o sul e o centro do Brasil.
Ainda é possível ver as marcas do período através da
presença única dos “corredores de taipas” e a arquitetura
luso-brasileira nas sedes das fazendas, o modo de vida que
se revela nas lidas campeiras, na culinária, nas festas, nas
práticas do pixurum (mutirão), na linguagem, no modo de
vestir, na religiosidade, na utilização das ervas medicinais, nas
benzedeiras, no acolhimento, enfi m, no modo de produzir e
reproduzir a existência.
A divisa entre as Capitanias de São Pedro e São Paulo
é demarcada pelo leito do rio Pelotas. Nele situa-se o Passo de
Santa Vitória, na região denominada de Coxilha Rica. Este passo
servia como posto alfandegário do Real Caminho de Viamão por
ser um local privilegiado de acesso para ambas as margens do
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Rio Pelotas. Possui lajes de pedra em forma de suave escadaria
desde a água, nos dois sentidos da travessia; além disso, o
represamento do Pelotas pelo ingresso do Rio dos Touros forma
o poço onde era feita a passagem das tropas. Na margem
direita, do lado catarinense, em aclive acentuado, foi construído
o acesso que demanda a ampla mangueira, curral usado para
confi namento do gado, geralmente em forma de círculo.
Com a abertura do Caminho das Tropas, estabeleceu-
se a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lages, cujo
fundador, Antonio Correia Pinto de Macedo, foi nomeado pelo
Governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Matheus,
para tal fi m. A vila assegurou as fronteiras para a coroa
portuguesa e serviu de entreposto no caminho das tropas.
Esse período foi responsável pela confi guração da cidade
e a passagem dos tropeiros nessa região delineou um modo de
vida para essa sociedade, baseada na economia rural.
Após duas tentativas fracassadas de fundar a vila, a
primeira na chapada do Cajurú, localidade de Morrinhos, e a
segunda em Correia Pinto Velho, às margens do Rio Canoas se
instala em 1766 defi nitivamente a Vila das Lagens. Em 1910, a
vila contava com 15 casas de moradia, alguns ranchos, igreja,
uma biblioteca, um clube (Social, Literário e Recreativo Sete de
Setembro), um bodegão, uma pousada e um cemitério.
Ao longo do Caminho das Tropas, foram se organizando
sedes de fazendas, pousos, cemitérios, igrejas, vilas, povoados e
bodegões, novos espaços de interações sociais, de trocas de bens,
de informações e mercadorias. Construíram-se, dessa forma,
as diferentes identidades culturais e étnicas da população da
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7. Fazenda São João (Ricardo Almeida)
8. Fazenda Cajurú (Ricardo Almeida)
9. Fazenda Cajurú - detalhe (Ricardo Almeida) 10. Chifre de carneiro (Ricardo Almeida)
11. Fazenda São João (Ricardo Almeida)
Serra Catarinense, cujos sujeitos sociais eram índios, brancos,
negros, caboclos e eurodescendentes que se fi xaram mais ao
norte do estado. De fato, “o que se tem mostrado é que os
caminhos, mais do que condutores de veículos, mercadorias,
passageiros, são condutores de história e memórias. Caminhos
são testemunhos de cultura e de vida; são espaços que permitem
a troca e a refl exão, o trabalho e o lazer” (Santos, 2001).
Inúmeras fazendas da época dos tropeiros sobrevivem
até hoje. Além de se constituir em rico patrimônio cultural,
oferecem inúmeras potencialidades para o turismo rural. A
Fazenda Cajurú, datada de 1865 e tombada em 1980 por lei
estadual, representa hoje o mais importante remanescente
arquitetônico do período de ocupação ofi cial da Serra. A Fazenda
Tijolinho não segue a tradição luso-brasileira da maioria: feita
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em tijolo aparente, é oriunda da tradição italiana.
Na Fazenda Igrejinha é possível avistar o gado da raça
Crioula Lajeana. As fazendas são cuidadosamente projetadas e
implantadas com respeito ao conforto térmico, às orientações
solares, aos espaços de trabalho e aos lugares íntimos da família.
Em todos eles estão as taipas, feitas de pedras encaixadas, sem
recortes nem entalhes e com junta seca. Sua construção segue
uma ordem: nas áreas de serviço ou no campo, as taipas são
menos elaboradas; já nas áreas nobres, ou seja, na casa e em seu
entorno, são construídas de forma mais cuidadosa e bem acabada.
Em algumas edifi cações observa-se certa preocupação
com a pintura, em que aparecem elementos decorativos.
FAZENDAS
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12. Preparo do camargo 13. Pães e comidas típicas 14. Compotas 15. Cavalo e celas16. Arreio e laço artesanal17. Arreio e laço artesanal(Fotos Ricardo Almeida)
Nos galpões, além das atividades de manejo dos animais,
como o brete, por onde se leva o gado para marcá-lo, curá-lo,
vaciná-lo, pesá-lo, conduzi-lo ao banho, é comum encontrarmos
vaqueiros ordenhando ou preparando o típico café tropeiro com
leite fresco, chamado camargo. No interior das casas, na chapa
do fogão à lenha, encontram-se o pinhão assado, o café e o leite
quente, e, no forno, a rosquinha de coalhada. Sobre a mesa,
esperam os derivados de leite, como a nata, diferentes tipos
de queijo, a manteiga, a coalhada, o salame e o queijo caseiro
de porco, o mel e os doces, também caseiros, de pêssego,
marmelo, goiaba nativa, maçã, pêra, gila, fi go, broas, bolachas,
pães e bolos.
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18. Cemitério x??? (Ricardo Almeida)
19. Cemitério dos Ramos (Ricardo Almeida)
20. Frontispício da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim)
21. Torre dos fundos da Igreja do Conventinho dos Franciscanos (James Faraco Amorim)
22. Torre central da Igreja da Santa Cruz (James Faraco Amorim)
23.Igreja Nossa Senhora de Lourdes (Ricardo Almeida)
24. Altar na Fazenda Cajuru (Ricardo Almeida)
25. Tapete de Corpus Christi em Lages (Ricardo Vagner)
As igrejas como a de Nossa Senhora de Lourdes em
Morrinhos, pontos de encontro das comunidades geografi camente
dispersas, são o espaço onde a comunidade realiza suas reuniões
mensais, celebra sua religiosidade e sepulta seus mortos. A
Igreja de Nossa Senhora de Lourdes comemora sua padroeira
em fevereiro, quando é realizada sua festa anual.
Os fi eis confeccionam tapetes coloridos e tomam as ruas
e avenidas no mês de junho, na procissão de Corpus Christi que
lembra a eucaristia, um dos sete sacramentos da Igreja Católica.
Os cemitérios fazem parte da paisagem rural,
testemunhando o encontro da vida com a morte, celebrado por
essas populações originárias.
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A CIDADE DE LAGES Em mais de dois séculos de história, Lages constituiu-
se em pólo da região serrana de Santa Catarina. Ao longo do
tempo, a “Vila de Nossa Senhora dos Prazeres das Lagens” viu
surgir a cidade de Lages, hoje com quase 200 mil habitantes,
rica em patrimônio cultural e natural.
A cidade encontra-se a cerca de 900 metros acima do
nível do mar. Tem clima subtropical, com temperatura média
anual de 15,6 graus centígrados, e a temperatura média do mês
mais frio se situa entre 3 e 18 graus centígrados.
Segundo Ítalo Calvino, “a cidade não conta seu passado,
ela o contém como as linhas da mão, escrito nos ângulos das ruas,
nas grades das janelas, nos corrimões das escadas, nas antenas
dos pára-raios, nos mastros das bandeiras...”. Descobrindo
essa cidade, encontram-se marcas de todos os tempos, seja
nos remanescentes da arquitetura colonial, com alguns poucos
exemplares espalhados pela cidade, seja na predominância da
arquitetura Art déco, marca do ciclo econômico da madeira e do
processo de urbanização e modernização da cidade.
Por mais de um século, a economia pecuária foi a
principal atividade da região. Ainda estão presentes na cidade
marcas desse período como por exemplo a Cacimba de Santa
Cruz. Serviu como fonte abastecedora de água potável para
consumo dos tropeiros e viajantes que ali acampavam e para
toda a população da Vila de Lages. Tropeiros e viajantes foram
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LENDA DA SERPENTE DO TANQUE Nas segundas-feiras, no tanque, as lavadeiras, debruçadas sobre as tábuas, torcendo as roupas dos senhores coronéis e de suas famílias, trabalhavam enquanto batiam aquele papo gostoso do dia-a-dia. Em meio a essas conversas, as histórias iam sendo contadas e a lenda do tanque se repetia no palavreado simples das mulheres que ali lavavam suas roupas. A história narrada era de que uma mãe solteira, para encobrir o fruto de sua vergonha, jogara a criança naquele tanque onde estavam a labutar. Estranhamente, todavia, a criança não morrera, mas se transformara numa cobra. Contavam elas que a cabeça da cobra permanecera ali no tanque e a cauda se encontrava no Rio Carahá, estendida em todo o seu percurso. Nossa Senhora, a padroeira de Lages, ciente do hediondo crime praticado pela desnaturada mãe, prendia com os pés a cabeça da moderna hidra ao berço úmido da desgraça mítica, procurando assim evitar que a criança, transmutada em monstro, se revelasse ao mundo. No dia em que a santa abandonasse esse propósito, a cidade seria totalmente tomada pelas águas, escapando somente da enchente a Cacimba da Santa Cruz. Diversas vezes notou-se verídica a previsão, pois quando era tirada a imagem da santa de seu altar, na catedral, mesmo em procissões, começava a chover torrencialmente, parecendo que o mundo ia se desfazer em água. Porém, bastava retornar a imagem da santa a seu altar que o sol voltava a brilhar, afastando-se assim a promessa do cumprimento do trágico cataclisma. O relato das mulheres lavadeiras se espalhou por toda a cidade e o medo se apossou de todos, vindo assim a fazer com que as mulheres nunca comparecessem sozinhas ao tanque, sempre acompanhadas ou em grupos. Ninguém se atrevia a passar a noite naquele ermo, porque, ao lado do coaxar dos sapos, ouvia-se plangente e lúgubre o grito de um ser perdido em angústia e desesperança.
26. Praça do mercado em Lages na década de 30 (Antonio R. Macedo)
27. Picnic no Salto (Arq. Museu Thiago de Castro )
28. Parque Jonas Ramos - Tanque (Lars Diederichsen)
29. Cacimba (Lars Diederichsen)
30. Cavalgada (Gugu Garcia)
incentivados pelo fundador a fazerem parada e pousada na
colina, ao argumento de que o local oferecia uma ótima visão da
região, pastagem e principalmente água pura e cristalina para
o consumo, além do privilégio de estarem próximos à vila. Com
a canalização de água nas residências, a Cacimba foi desativada
em 1968. Soterrada por algum tempo, foi restaurada em 1976.
Outro ícone da cidade antiga é o Parque Jonas Ramos,
mais conhecido como Tanque. Foi construído em 1771 como um
espaço para as mulheres lavarem as roupas em um ambiente
protegido de ataques de animais e de tribos indígenas. O tanque
inspirou a famosa Lenda da Serpente do Tanque.
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O processo de urbanização da cidade de Lages teve como
característica básica a utilização dos critérios de demarcação
indicadores do período colonial, ainda presentes no traçado
urbano em formato xadrez, construído a partir de três praças
centrais, unidas pela Rua Nereu Ramos. A Praça do Mercado,
local das feiras, do comércio, espaço privilegiado de
interação com o campo; a Praça Municipal,
palco dos comícios, do teatro e
também do comércio; e,
por fi m, a Praça da
Igreja, espaço de
sociabilidade
e de eventos
públicos.
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31. Praça Vidal Ramos em 1945 (Arquivo Antonio R. Macedo)
32. Fachada da Prefeitura de Lages (Lars Diederichsen)
33. e 34. Detalhes da fachada da Prefeitura (Lars Diederichsen)
35. Colégio Vidal Ramos (Antonio R. Macedo)
36. Portão do Colégio (Antonio R. Macedo)
O fi m do século XIX caracterizou-se pela expansão do
poder da oligarquia rural, que conseguiu representatividade
política estadual e nacional, atraindo para a região
importantes investimentos nas áreas sociais. A construção, em
1902, do Paço Municipal refl etiu esse momento político.
A grandiosa obra do Palácio Municipal teve início em 29
de outubro de 1898, com a colocação da pedra fundamental.
A obra teve como diretor-técnico o frei Feliciano Schlag.
Foi feita do mesmo material da catedral, uma pedra abundante
na região. O prédio recebeu uma reforma e, com o aterramento
da rua desapareceu a escadaria. Um segundo pavimento foi
erguido, porém mantendo as características iniciais do projeto.
Dez anos mais tarde, o governo do estado inaugurou
em Lages a primeira escola pública e laica de Santa Catarina,
o Colégio Vidal Ramos. Com construção em estilo neoclássico,
foi o primeiro grupo escolar-“modelo” de Santa Catarina e a
primeira escola estadual em Lages, inaugurada em 1912. Foi
tombada pelo governo do estado como patrimônio histórico em
1984. A construção da Catedral Diocesana foi também um marco
desse período, cuja arquitetura se caracteriza pela infl uência
centro-européia. Erguida em blocos de arenito, ou pedra laje,
pelos padres franciscanos, encabeçados pelo frei Rogério
Neuhaus, foi concluída em 1922, após dez anos de construção.
Seus vitrais importados da Alemanha, o altar-mor, em estilo
gótico, as imagens do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora das
Dores, também vindas da Alemanha, são uma atração à parte.
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A Capela e o Convento de São José foram
iniciados em 1915 também pelos frades franciscanos. Trata-se de
uma edifi cação de tijolo aparente e pedras de arenito, sendo a mais
importante dentro dessas características no planalto catarinense.
A infl uência européia é visível também em locais públicos,
como a Praça Vidal Ramos, anteriormente espaço do mercado.
Era nesse lugar que aconteciam, mais do que relações comerciais,
encontros de troca de mercadorias, informações e modos de vida.
Quem freqüentava as feiras do mercado eram pessoas simples,
trabalhadores da cidade e do interior, como mostra um artigo
publicado na década de 80 como “Notas em Arquivo”:
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37. Vitral da Catedral Diocesana Nossa Senhora dos Prazeres(Lars Diederichsen)
38. Vista aérea da Catedral (Gugu Garcia)
39. Vitral da Catedral (James Faraco Amorim)
40. Piso da Catedral (Lars Diederichsen)
41. Dobradiça da porta da Igreja Presbiteriana (Lars Diederichsen)
42. Parte superior da porta da Igreja do Convento dos Franciscanos
“Lembro tipos humanos; compradores na pechincha sempre engambelados
pelo nosso jeca, que somente fazia contas de cabeça, com uma rapidez
incrível, empenhando todo mundo. Mercadorias expostas dentro e fora
das bruacas de couro cru, enfi leiradas na calçada de pedra laje, rosário
de castanhas, cestos de butia, arroz-doce da tia Chica ou Marcolina e um
favo juntando abelhas no braço seco e preto da tia Maria cega, pinhão,
batata, feijão e batata-doce, tudo vendido em quartas e meias-quartas...”
Esse tipo de mercado, característico da época dos
tropeiros, deu lugar a um novo e bem equipado mercado público,
construído na década de 40. Na primeira metade do século XX
as relações econômicas, sociais e culturais da região sofreram
profundas mudanças.
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CICLO DA MADEIRA A partir da década de 40, iniciou-se um período de
desenvolvimento econômico e social da Serra Catarinense: o
ciclo da madeira. Caracterizou-se, por um lado, como uma
economia extrativista, durante um longo tempo de “abate” das
fl orestas nativas de araucária. Por outro, foi um momento de
grande efervescência social, política e cultural, evidenciando a
cidade no contexto estadual e nacional e rendendo-lhe o título
de “princesa da serra”.
Nesse contexto, a região recebeu um contingente
enorme de trabalhadores de outras regiões, que vinham para
suprir as necessidades geradas pelas serrarias, tendo como
maior símbolo os locomóveis, geradores de energia. Além dessas
unidades de extração da madeira, instalaram-se na região as
indústrias de pasta mecânica e papeleiras. Pequenos povoados
foram formados em suas imediações, interferindo nas práticas
cotidianas da sociedade local. São dessa época muitas das casas
de construção de madeira, cujas fachadas são enfeitadas com
lambrequins e que fazem parte, ainda hoje, da arquitetura
tradicional da serra.
A cidade, vivenciando um singular momento de
prosperidade, tomou novos ares, correspondendo à expectativa
nacional do período getulista. Essa efervescência pode ser
observada nas construções de teatros, cinemas, prédios para
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43. Corte de madeira (Arq. Cláudio R. Silveira)
44. Locomóvel (Arq. Cláudio R. Silveira)
45. Transporte das toras (Arq. Cláudio R. Silveira)
46.Casa em madeira (Antônio R. Macedo) 47.Lambrequim (Antônio R. Macedo)
comércio e moradia no estilo Art déco. Após o auge econômico
do ciclo da madeira veio um período de estagnação: a exploração
extrativista de mais de 80% da mata nativa esgotou as reservas
naturais de araucária e de outras madeiras nobres, gerando
uma grave crise no setor madeireiro a partir de 1960 e causando
a estagnação econômica por um longo período. É importante
ressaltar que o não-investimento na diversifi cação da produção
e na agregação de valor ao produto oriundo da indústria da
madeira contribuíram sobremaneira para o colapso do setor.
Tardiamente iniciou-se o plantio de fl orestas de pinus,
espécie de rápido crescimento, possibilitando, por um lado, o re-
aquecimento do setor fl orestal a partir de meados da década de
80, e, por outro, problemas sociais e ambientais típicos da mo-
nocultura, interferindo na paisagem original da Serra Catarinen-
se, como a Coxilha Rica e as sobreviventes matas de araucária.
O ostracismo econômico entre os anos 60 e 80 permitiu
a ruptura do poder das oligarquias tradicionais, possibilitando
novas práticas políticas através de administrações populares.
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Os mercados, ao longo da história urbana, foram
muitas vezes, senão o motivo principal da fundação de cidades,
sua maior razão de ser. O antigo mercado de Lages, criado em
meados do século XIX, era pleno de centralidade, cumprindo por
um longo período a função de espaço de comercialização, troca
de mercadorias, vivências e saberes. A construção de um novo
mercado público em 1931, trouxe consigo os novos momentos de
modernização que a cidade vivia nesse período.
O estilo arquitetônico presente também nessa edifi cação
é o Art déco, que marca toda essa nova fase de crescimento e
modernização de Lages.
MERCADO MUNICIPAL
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48. Mercado Municipal 49. Detalhe da fachada Mercado Municipal 50. Prédio dos Correios e Telégrafos51. e 52. Vitral do Prédio dos Correios(Fotos por Ricardo Almeida)
A disseminação das edifi cações dos Correios por todas as
principais cidades brasileiras corresponde ao período varguista,
constituindo-se em uma estratégia modernizante do Estado Novo.
Entre outras edifi cações públicas desse período, os Correios
correspondem a uma imagem de um estado onipresente e
modernizador. A linguagem arquitetônica desse novo equipamento
urbano é moderna e, sem dúvida por isso, é o Art déco o
recurso mais empregado em todo o Brasil para sua construção.
No caso dos Correios de Lages, obra datada de 1936, a
linguagem do Art déco sofreu infl uências do racionalismo clássico,
presente no coroamento e em detalhes como os ornamentos de
serralheria. Cabe salientar a coerente marcação da entrada,
o jogo volumétrico da composição e o correto desenho da
esquina, formalizando uma arquitetura que reforça o caráter
monumental do edifício.
EDIFÍCIO DOS CORREIOS E TELÉGRAFOS
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Esse edifício de apartamentos, também projetado por
Rau e executado em 1941, parece inaugurar em Lages outro espaço
arquitetônico urbano: o morar coletivo. Sua posição estratégica,
marcando uma das principais esquinas de Lages, na Praça João
Costa, reafi rma sua importância no bojo das transformações da
cidade de então. Estabelece-se aí um diálogo essencialmente
urbano entre o edifício, a esquina e a praça, acentuando o
caráter do cenário assim confi gurado, de um espaço público que
enfatiza uma centralidade moderna, de novos hábitos como o
café, a discussão política ou o simples fl anar descompromissado.
EDIFÍCIO DR. ACCÁCIO
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53. e 54. Detalhe Edifício Accácio55. Fachada do Edifício Accácio56. Corrimão Ed. Accácio57. Fachada do Cine-teatro Marajoara58. Detalhe luminária Cine-teatro Marajoara59. Coluna iluminada Cine-teatro Marajoara(Fotos por Ricardo de Almeida)
O desenho de apresentação do projeto de Ludwig Rau é
esclarecedor das intenções simbólicas do empreendimento: em
uma cena urbana, uma dama de vestido longo contracena com
um faiscante automóvel atravessando uma larga avenida para
chegar ao cinema. Estão aí colocadas as premissas da inserção do
prédio e de sua função na cidade: o cinema traz a modernidade.
Por outro lado, a volumetria e a plástica do projeto
chamam a atenção do olhar, através da formulação de uma
torre lateral à fachada, propondo marcar a distância pela
verticalização de um elemento compositivo e – essa é sua função
– a chegada de um ícone urbano, tentando aparentemente
rivalizar com a torre da Catedral, essa símbolo de outros
tempos. Demais elementos compositivos da linguagem Art déco
são habilmente empregados na formulação da fachada. Podem
ser salientados aí o equilíbrio entre cheios e vazios, saliências e
TEATRO MARAJOARA
reentrâncias, marcações verticais e horizontais, propondo uma
dinâmica que coerentemente traduz o espírito moderno déco.
Na escala do cidadão passante se fazem notar a proteção
dada pela projeção da marquise, as amplas portas de acesso e
também as texturas e os desenhos da parede externa, como
que o convidando a entrar. Os interiores, então, se sucedem em
uma hierarquia espacial própria do programa de necessidades
de um cine-teatro. O foyer e seu tratamento cenográfi co, com
mobiliário especialmente desenhado, sofás, biombos à frente
das portas dos sanitários, espelhos estratégicos e a indispensável
bombonière certamente davam o tom apropriado ao ato social
de ver e ser visto.
Certamente a construção do Cine-Teatro Marajoara em
1947 foi um marco no processo de modernização de Lages,
tombado pela Lei de Tombamento do Município de Lages desde 1997.
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REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE CULTURAL
Campos Nativos
Foto por James Faraco Amorim
AMBIENTE NATURAL
Atrativos naturaisFlores e frutos
BorboletasMamíferos
Peixes
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A chegada à região pelo oeste ou pelo norte não é su-
fi ciente para aparentar maiores alterações na paisagem, que
vêm ocorrendo suavemente – cerca de 700 metros, no extremo
oeste, e cerca de 800 metros, no planalto norte –, até porque
tanto campos quanto a mata de araucária se estendem em uma
e outra direção. Do leste, pela Rodovia BR-282, a Serra Cata-
rinense começa a se mostrar a partir de Bom Retiro, com as
primeiras formações montanhosas do Campo dos Padres.
A aprazível Bom Retiro situa-se num vale entre
montanhas, com a cidade sendo abraçada por bela formação
montanhosa de um lado e pelo Morro da Cruz de outro, por trás
do qual se estende outro vale conhecido hoje como Paraíso da
Serra (antes, Campos de Trás da Serra), passagem de acesso ao
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Neste capítulo, apresentamos um percurso através do
ambiente natural da Serra Catarinense, citando os aspectos
característicos típicos da região. É claro que alguns dos ani-
mais, plantas ou paisagens são encontrados em outras regiões,
principalmente naquelas limítrofes, mas são considerados um
patrimônio valioso para os habitantes da serra.
Na Serra Catarinense, área geográfi ca de clima tempe-
rado, situada aproximadamente entre 900 metros e 1.800 metros
de altitude, isso não é diferente. Com clima frio, geadas cons-
tantes e esporádicas nevadas no inverno (ocasião em que são
freqüentes as temperaturas abaixo de 0 grau), de fantástica con-
formação geográfi ca, o planalto sul-catarinense encerra riquíssi-
ma variedade de elementos naturais em cujo seio fervilha vida.
60. Serra e Nuvens em Urupema (Marcio Oliveira)
61. Pedra Furada (Anselmo Viana Nascimento)
62. Serra do Rio do Rasto (James Fraco Amorim)
63. Canyon em Bom Jardim da Serra (Arq. Luiz Spuldaro)
64. Geada em Urupema (Marcio Oliveira)
Campo dos Padres pelo leste, em cavalgada forçada, íngreme,
de cerca de quatro horas.
Essa formação geográfi ca única, que é contida a sudeste
pelas escarpas, segue em direção a Urubici até as imediações
do Resfriador, na Serra do Panelão, a norte daquela formação,
e o Cânion do Espraiado e a Serra do Corvo Branco – alusão à
ave também conhecida como urubu-rei (Sarcoramphus papa)
–, mais ao sul, de onde se parte para a primeira abrupta e
deslumbrante descida, por uma estrada de chão batido, entre
penhascos, à região sul do estado.
O Campo dos Padres, extenso platô entre altitudes
aproximadas de 1.400 a 1.800 metros de altitude, formado por
campos com características próprias – os campos de altitude ou
campos de cima da serra –, hospeda as nascentes do Rio Canoas,
curso d’água fundamental para a vida na região e que domina a
paisagem em extensas áreas da Serra Catarinense.
Ao longo de seu curso, em Urubici, são encontradas as
locações com pinturas rupestres e cavernas – também em
Lages e em Bocaína do Sul –, diversas cachoeiras e a forte subi-
da em direção à montanha ao lado do Morro da Igreja, de onde
se avista também a Pedra Furada. É também nas altitudes de
Urubici, no Parque Nacional de São Joaquim, que nasce o Rio
Pelotas, outro importante curso d’água da região que, quilôme-
tros adiante, na direção oeste, se junta ao próprio Canoas para
formar o Rio Uruguai.
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Na saída para
São Joaquim, ainda um
atrativo natural de rara
beleza: a magnífi ca Cascata do
Avencal. Segue-se daí pelos campos
e matas de Rio Rufi no e Urupema até
a Serra do Rio do Rastro, em Bom
Jardim da Serra, onde se vê uma das
obras de engenharia mais belas de
nosso estado, com a estrada que desce,
serpenteando pelas fantásticas escarpas,
para o sul de Santa Catarina. Continuando
pelos campos naturais de lá, passando por
São Joaquim, Painel, adentrando Lages pela exuberante Coxilha
Rica, até Capão Alto, Cerro Negro, Campo Belo do Sul e Anita
Garibaldi, avançando, ainda, a nordeste, em direção a Correia
Pinto, Palmeira e Otacílio Costa.
Esses campos naturais possuem dezenas de milhões de
anos. Formam a primeira cobertura vegetal a revestir os solos
que se formaram após os derrames de lavas vulcânicas que co-
briram todo o sul da América, em uma época em que o clima
seco e frio não permitia o estabelecimento de qualquer outro
tipo de vegetação. Portanto, sua formação é anterior às matas.
Constituem-se num ecossistema único, onde espécies de
gramíneas e leguminosas, em conjunto com outras famílias que
incluem exemplares campestres, também numerosos, formam
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65. Ponte em Capão Alto (James Faraco Amorin)
66. Coxilha Rica (Ricardo Almeida)
67. Caminho em Bom Jardim da Serra (Arquivo Luiz Spuldaro)
68. Araucária (Arquivo Anders)
69. Paisagem de araucárias(James Faraco Amorim)
70. Paisagem araucária e rio (James Faraco Amorim)
uma biodiversidade que ultrapassa o total de espécies vegetais
encontradas nas fl orestas tropicais úmidas. Além disso, o valor
inestimável desses campos está associado a sua importância
histórica e cultural. Neles ainda vivem descendentes de famílias
que, no amanhecer da formação do sul do Brasil, pelos idos
de 1700, aqui estavam, criando pátria e querência, repelindo
castelhanos e enfrentando a tenaz – e justa – resistência
dos povos nativos; e foram palco de revoluções, através dos
farroupilhas, dos federalistas e dos fanáticos do contestado.
Por esses campos forjou-se o tropeiro, que, por seus
históricos corredores de taipas, fez passarem incalculáveis
tropas de bovinos, muares e eqüinos, a garantir outros
ciclos da economia brasileira, como o do ouro, da cana-de-
açúcar e do café. Ignorando tratados de além-mar, abrindo
trilhas no campo, enfrentando intempéries e intercambiando
valores culturais com os povos do Prata, o tropeiro,
resignado e no passo cadenciado de suas mulas, empurrou
as fronteiras do Brasil até as barrancas do Rio Uruguai.
Apesar de esses campos se caracterizarem como um
recurso natural de grande valor ecológico, pela cobertura vegetal
que proporcionam aos solos; por fatores genéticos, em função da
variabilidade de espécies vegetais que apresentam, muitas delas
até hoje desconhecidas; e econômica e socialmente, os campos
estão sujeitos a diversos tipos de pressão, a ponto de, nas últimas
décadas, aproximadamente um terço das áreas de campos
existentes na região ter sido substituído por outras culturas.
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A preservação dos campos naturais não interessa
apenas aos serranos, mas a toda a sociedade catarinense e
brasileira, especialmente pelo potencial de produção sem uso
de pesticidas, desenvolvimento de atividades como o turismo
rural e ecológico, além da manutenção de um ecossistema único
no mundo, com todos os seus valores históricos e culturais.
Nesse contexto, o mesmo pínus que alavanca a pujança
econômica da Serra Catarinense, em especial Otacílio Costa e
Correia Pinto, servindo à indústria papeleira e madeireira da
região, sem que se estabeleçam critérios responsáveis para
sua cultura, se transforma numa praga invasora e daninha, a
ameaçar, mais recentemente, a fascinante Coxilha Rica, região
característica de tudo quanto restou dito sobre campos nativos.
Nesses campos que ondulam pela paisagem da Serra
Catarinense, formavam-se as fl orestas de araucárias, exaus-
tivamente exploradas no chamado primeiro ciclo da madei-
ra, das quais hoje se têm apenas alguns remanescentes, num
mosaico de bosques e capões, campos naturais, campos for-
mados a partir da exploração e devastação das fl orestas e
monoculturas de maçã e de pinus.
No que restou dessa que é também chamada Floresta
Ombrófi la Mista, Mata dos Pinhais ou Mata das Araucárias, viceja
predominantemente o notável pinheiro-brasileiro (Araucaria
angustifolia), em risco de extinção, em meio a outras espécies
vegetais, como a canela-lageana (Mespilodaphne pulchella),
o cedro-lageano, a goiabeira-serrana (Feijoa sellowiana),
a bracatinga (Mimosa scabrella), mais o xaxim (Dicksonia
selowiana), o pinheirinho (Podocarpus lambertii) e a erva-mate
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71. Salto Caveiras (Ricardo Almeida)
72. Cachoeira (Gugu Garcia)
73. Rio Pelotinhas (James Faraco Amorim)
74. Cachoeira em Urupema ( Anders Adq. )
75. Cascata do Avencal - Uribici (James Faraco Amorim)
(Ilex domestica), dentre outras da rica fl ora regional. Também
nos desfi ladeiros e às margens dos cursos d’água a araucária se
faz presente, nas matas de galeria e ciliares.
Enfi m, é nessa paisagem natural, nos campos e nas
matas, nas várzeas e nos capinzais, nos planaltos, nos morros
e nas encostas, nas propriedades rurais e até nas cidades ou
em suas imediações que vamos encontrar riquezas naturais ím-
pares, como aves, anfíbios e mamíferos e inúmeras borboletas
de variados matizes, fl ores, ervas e frutos silvestres e cultiva-
dos, dentre incontáveis outros animais e plantas (inclusive as
cultivadas, como a maçã, a uva e o Pinus sp) que podem ser
considerados típicos da Serra Catarinense.
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Dos inúmeros frutos e fl ores encontrados na Serra
Catarinense, dentre outras formações vegetais silvestres ou
não, alguns podem ser classifi cados como típicos, com os quais
é possível haver uma identifi cação especial com a região.
Entre as fl ores, destacam-se a azedinha – Oxalis
rubra, um trevo nativo, com pequena fl or rósea, habitualmente
mastigada nas caminhadas pelos campos e matas, de sabor
bastante azedo, a justifi car o nome; o brinco-de-princesa
– Fuchsia regia, um arbusto ascendente (trepadeira), com fl ores
pendentes, muito delicadas e belas, relativamente comum
na Serra Catarinense; e a belíssima fl or da goiaba-serrana.
Nos campos nativos, bem como nas beiras de estradas
e caminhos da serra, aglomeram-se outras plantas por si só
de interesse típico, cujas fl ores se destacam: a maria-mole
(senécio, tasneirinha, fl or-das-almas) – Senecio
brasiliensis, que aparece principalmente na
região centro-sul do Brasil e, embora pouco
se conheça da intoxicação em humanos,
sabe-se ser perigosa para animais, que incluem entre os
principais sintomas necrose do fígado e lesões pulmonares.
A despeito disso, a fl oração é esteticamente interessante.
A macela – Achyrocline satureoides, erva da fl ora
brasileira também conhecida por marcela-do-campo, marcela,
macelinha, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional etc., é
um arbusto perene que atinge cerca de 1 metro de altura e
que, na Região Sul, costuma fl orescer em março, ao que se
atribui daí ter se originado o nome. Na Região Sul do Brasil,
as fl ores da marcela costumam ser usadas pela população
FLORES E FRUTOS
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como estofo de travesseiros (inclusive
para os bebês, por se acreditar que tenha
efeitos calmantes). Em Santa Catarina e
no Rio Grande do Sul, há a tradição de
colheita da marcela na Sexta-Feira Santa, já que existe a
crença de que a colheita nesse dia traga mais efi ciência ao
chá das fl ores, com propriedades fi toterápicas.
Também a espalhar-se pelos campos e às margens das
veredas serranas, a carqueja (carqueja-amargosa, carqueja-
amarga) – Braccharis trimera, como a macela, possui proprie-
dades medicinais. Supõe-se que a carqueja seja originária do
Brasil. Planta invasora de pastagens, nasce espontaneamente
em quase todo o território nacional, concentrando-se na Região
Sul e fl orescendo indiferentemente no verão e no inverno.
76. Maria-mole e borboleta77. Flor do maracujá-preto78. Flor silvestre79. Brinco-de-princesa80. Azedinha81.Goiaba-serrana82.Flor da goiaba-serrana83. Carqueja(Fotos por James Faraco Amorim)
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Quanto aos frutos, em meio às formações vegetais
abertas de altitude (campos e matas de pinhais), encontra-se
a goiaba-serrana (goiaba-do-campo, goiaba-silvestre, goiaba-
crioula, goiaba-da-serra, goiaba-verde, goiaba-ananás) – Feijoa
sellowiana, cuja fl or é extremamente bela e o fruto, muito sa-
boroso. Em São Joaquim, vem sendo cultivada comercialmen-
te e é chamada, também, de feijoa. Aparece do norte do Rio
Grande do Sul até o Paraná.
Também bastante comum na região, especialmente na
mata, nos capões, às vezes à beira de estradas com capoeira mais
densa, encontra-se a amora-preta (ou amora-vermelha, amora-
silvestre, amora-do-campo, amora-brava, moranguinho) – Rubus
sp, fruta nativa, do gênero Rubus, da família das rosáceas. A
amoreira-silvestre é um arbusto frágil, de até 2 metros, composto
de longos caules curvos, bastante ramifi cados,
com espinhos curtos (também nos ramos e nas
folhas), levemente encurvados e aguçados,
que aparece no Sul e Sudeste do Brasil.
Dentre outras encontradas na Ser-
ra Catarinense, o maracujá-preto e o ma-
racujá-da-serra (Passifl ora sp.) são duas espécies silvestres
de maracujá que ocorrem na região (das espécies de ma-
racujá conhecidas no Brasil, são mais de sessenta as que
produzem frutos comestíveis, dentre as quais as serranas).
Não se pode deixar de mencionar, como típicas de
nossa região, a maçã e, mais recentemente, a uva. O cultivo da
maçã na Serra Catarinense é considerado uma das atividades
econômicas mais relevantes e está de tal modo associado à região
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que há muitos anos se realiza, em São Joaquim, a Festa Nacional
da Maçã. Nossa maçã se destaca por sua excelente qualidade,
sendo um importante item de exportação de Santa Catarina.
A uva, por sua vez, tem merecido atenção especial, nos
últimos anos, a partir de estudos recentes sobre a excelência
do clima e do solo para o cultivo de espécies destinadas à
vinicultura de alto nível.
Também fortemente associadas à Mata de Pinhais
encontra-se o xaxim (Dicksonia selowiana), uma das espécies
vegetais mais antigas, contemporânea dos dinossauros, e cuja
extração, especialmente para fabricação de vasos para plantas
ornamentais, está proibida.
A ressaltar ainda que há na Serra Catarinense expressivo
número de bromélias, orquídeas e epífi tas em geral, que enfeitam as
árvores e as formações rochosas nas proximidades de cursos d’água.
Finalmente, não é possível falar em Serra
Catarinense sem mencionar a imponente araucária (Araucaria
angustifólia), também chamada pinho, pinheiro-do-paraná,
pinheiro-brasileiro, pinheiro-caiová, pinheiro-das-missões e pi-
nheiro-são-josé, que se destaca das outras espécies brasileiras
principalmente por sua forma original, que dá às paisagens do
sul uma característica toda especial.
84. Amora-preta (James Faraco Amorim)
85.Maçã (Arquivo Luiz Spuldaro)
86. Uva (Lars Diederichsen)
87. Pinha e pinhão (Anders)
88. Xaxim (James Faraco Amorim)
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A araucária é uma árvore de grande porte: atinge cerca
de 50 metros de altura e seu tronco pode medir até 8,5 metros
de circunferência, embora seja cada vez mais raro encontrar
espécimes que consigam atingir esse tamanho, tal foi e ainda
é a exploração dessa espécie. Seu fruto, a pinha, contém até
150 sementes – os famosos pinhões –, que são muito nutritivas,
servindo de alimento a aves, a animais selvagens e ao homem.
A semente da araucária, o pinhão, é realmente
muito nutritiva. Pesquisas históricas e arqueológicas sobre as
populações indígenas que viveram no planalto sul-brasileiro, de
6 mil anos atrás até nossos dias, registram a importância do
pinhão no cotidiano desses grupos. Restos de cascas de pinhões
aparecem em meio aos carvões das fogueiras acesas pelos
antigos habitantes das matas com araucária. Um depósito de
restos de pinhões em uma espessa camada de argila evidencia
não apenas a existência do pinhão na dieta diária dos grupos,
mas também uma engenhosa solução para conservá-lo durante
longos períodos, evitando o risco de deterioração pelas ações
do clima ou do ataque de animais.
À araucária estão associados inúmeros animais sil-
vestres, como papagaios, bugio, gralha-azul, ouriço, caititu,
rato-do-mato etc. Ela, e mais especialmente sua semente, o
pinhão, são com certeza dos maiores símbolos da região serrana.
A Serra Catarinense é agraciada, também, por inúmeras
espécies de borboletas, que enfeitam com seu colorido as matas,
os jardins e as beiras de cursos d’água de nossa região.
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89. Macela90. Borboleta91. Borboleta92. Borboleta sobre fl or silvestre(Fotos por James Faraco Amorim)
Para ter idéia da dimensão da distribuição geográfi ca das
aves, vale dizer que se sabe ocorrerem no Brasil aproximadamente
1.800 espécies; em Santa Catarina, em torno de 650; e, na
Serra Catarinense, não menos de 200. Existem algumas aves na
Serra Catarinense, mais conhecidas do que outras, consideradas
típicas da região. Desse universo animal, seguem alguns bons
exemplos de aves registradas na Serra Catarinense, muitas
das quais se valem comumente dos mourões e das cercas de
arame farpado como pouso, além de muitas delas estarem
associadas à mata de araucária ou aos campos nativos.
Carrapateiro (40 centímetros) – Milvago chimachima.
O nome desse gavião se refere ao hábito de pousar sobre o gado
ou outros animais, como a capivara, para catar carrapatos e
bernes, de que se alimenta. Em termos de alimentação, o carra-
pateiro possui dieta bem variada. É comum vê-lo às mar-
gens de rodovias asfaltadas, alimentando-se da carniça
de animais mortos por atropelamento; preda ninhos de
outras aves; come lagartas, pesca, caça cupins em revoada.
De ampla distribuição em Santa Catarina, é um dos gaviões mais
comuns do estado. Aparece desde a América Central, em todo o
Brasil, até o norte do Uruguai. Ocorre em toda a região, em áre-
as abertas. Comumente visto em bordas de plantações de Pinus.
Curucaca (69 centímetros) – Theristicus caudatus.
Habita paisagens campestres e campos agropecuários, sendo
comum na Serra Catarinense. Vale-se das araucárias para a
construção de ninhos e como dormitório, e para lá se dirige
no crepúsculo, em bandos, parecendo gritar seu nome.
Caminha freqüentemente pelos campos catando insetos e
AVES
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outros pequenos animais. Ocorre em toda a Serra Catarinense,
sendo vista inclusive nas cidades, em ambiente urbano.
Gralha azul (39 centímetros) – Cyanocorax caeruleus.
Na Serra Catarinense, é fortemente associada às araucárias
e ao pinhão, tida como “plantadora de pinhões”, informação
controversa, até hoje não comprovada. Por isso mesmo foi
escolhida como ave-símbolo da maior festa popular serrana, a
Festa Nacional do Pinhão, em Lages.
Marreca-pardinha (40 centímetros) – Anas fl avirostris.
Considerada rara em Santa Catarina, só há registros na Serra
Catarinense e no litoral sul do estado. Costuma ser vista aos
pares ou em pequenos bandos em laguinhos no meio do campo
ou açudes de propriedades rurais. Em Lages, há pelo menos
três pequenos grupos, na localidade de Macacos (açude do
sítio Repouso do Guerreiro), na estrada de
Morrinhos e na antiga BR-02.
Seriema (90 centímetros)
– Cariama cristata . Aparece nos países
vizinhos (Uruguai, Argentina, Paraguai
e Bolívia) e em extensa área no Brasil não amazônico. Em
Santa Catarina, está restrita aos campos do Planalto Sul,
especialmente na região da Coxilha Rica. É vista com freqüência
caminhando pelos campos, geralmente em grupos de dois
a quatro indivíduos, capturando insetos e outros pequenos
animais. O canto das seriemas, melancólico e rascante, é
característico das manhãs dos campos nativos de cima da serra
Perdiz/perdigão (37 centímetros)– Rhynchotus
rufescens. Vive nos campos da Serra Catarinense, do Planalto
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LENDA DA GRALHA-AZUL Há muito tempo, nos campos de Lages, levava-se uma vida tranqüila e pacata. Só as festas, quermesses, casamentos ou pixuruns quebravam sua monotonia. Admiradores respeitosos de suas coisas, os serranos se surpreendiam vendo surgir onde menos se esperava grupos de pinheiros, e, por mais que o fi zessem, não conseguiam explicação para o fato. Conta-se que, em certo tempo, essa gente serrana foi surpreendida por uma forte trovoada. Em meio à correria e aos gritos, recolheram as criações e se abrigaram em suas casas junto ao fogo de chão. Um dos moradores atreveu-se a olhar a tempestade, desrespeitando as crendices populares, que diziam ser perigoso vê-la. Ele observou uma cena jamais vista. Ele contou que, no meio da tempestade, uma avezinha – a gralha-azul – estava tentando se abrigar, e um dos pinheiros gigantescos estirou seus galhos como braços e acolheu a pobre avezinha. O morador foi correr para chamar o povo para ver, mas um clarão o surpreendeu e disse a ele que era para contar a todos o que tinha visto e tomar como exemplo. Maravilhado, o morador passou a explicar às pessoas que era a gralha a responsável pelo aparecimento de tantos pinheiros. Ela enterrava o pinhão para se alimentar no inverno, e, esquecendo o lugar onde escondera, ela buscava outros, deixando na terra a semente de novos pinheiros. Fora, portanto, um gesto de gratidão quando o pinheiro se envergou para proteger a pobre avezinha. A partir daquele dia, todos souberam o porquê dos pinheiros surgirem sem que alguém os plantasse.
93. Marreca-pardinha94. Seriema95. Quero-quero96. Perdiz97. Curucaca 98. Carrapateiro99. Gralha-azul (Fotos por James Faraco Amorim)
Norte e do meio-oeste, e prefere capim alto, com inços e arbustos.
Sofre grande pressão pela caça. Os ninhos construídos nos campos,
na primavera, muitas vezes são destruídos pela queimada. Além
disso, o uso abusivo de agrotóxicos infl uencia negativamente na
preservação da espécie. Ocorre nos campos de toda a região.
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Naturalmente, é muito mais difícil avistar e manter
qualquer contato com mamíferos na natureza. De modo geral,
a percepção da presença desses animais acontece através de
indícios de sua presença, como rastros, restos da vítima, a toca
onde eventualmente se esconda, até fezes ou o cheiro caracte-
rístico. Esses que são apresentados a seguir são apenas alguns.
Gado lageano (nome científi co?) Essa raça vem sofrendo
seleção natural há quase quatro séculos na Serra Catarinense, e
atualmente sua população se encontra bastante reduzida e estaria
provavelmente extinta não fosse o trabalho perseverante dos cria-
dores Antônio Camargo e Nelson de Araújo Camargo e seus anteces-
sores, que, com a percepção do valor desses animais, preservaram
o acervo genético que hoje serviu de base para a fundação da Asso-
ciação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Crioula Lageana.
Ovelha-serrana. Também chamada ovelha-crioula, é
considerada uma raça local, com origem nos rebanhos intro-
duzidos pelos jesuítas no Rio Grande do Sul durante o século
XVI e do cruzamento com outras raças importadas a partir
da colonização portuguesa. A ovelha-crioula está classifi cada
como rara e conserva traços dos ovinos primitivos que lhe
deram origem, representando uma enorme importância so-
cial nas comunidades em que outros animais da espécie não
sobrevivem e contribuem para a manutenção do homem no
campo. No processo de produção de lã para artesanato e ta-
peçaria industrial, por exemplo, a ovelha-crioula apresenta
uma variedade natural de cores e um bom comprimento de
mecha. Sua fi bra é resistente e áspera ao tato, enquanto sua
pele é comercializada in natura ou curtida.
MAMÍFEROS
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Tatu – Dasypus sp. Essa é uma dentre mais de 20 espécies
de tatu conhecidas no Brasil. Todas cavam galerias, onde passam
o dia refugiados e também à procura de algum alimento, sob
a forma de vermes e larvas. À noite, vagam pelos campos,
remexendo formigueiros e cupins, seus principais alimentos.
Leão-baio – Puma concolor. Provavelmente seja o ma-
mífero que mais povoa o imaginário do serrano. Conta-se nos
dedos, porém, o número de pessoas que já o viram na natureza.
Nos últimos tempos, sua presença na Serra Catarinense tem sido
percebida de forma conflituosa. Premido pela intervenção
humana em seu habitat natural, com a conseqüente diminuição
de suas presas (veados, capivaras, porcos-do-mato, macacos
etc.), o leão-baio vem, há algum tempo, atacando criações no
meio rural, especialmente nos campos da Coxilha Rica e prin-
100. Gado raça-crioula (Ricardo Almeida)
101. Ovelha Serrana (Ricardo Almeida)
102. Tatu (James Faraco Amorim)
103. Leão Baio (Cláudio R. Silveira)
104. Bugio (James Faraco Amorim)
cipalmente ovinos, razão por que tem sido caçado por fazen-
deiros da região. O leão-baio consta da lista do Ibama das espé-
cies da fauna ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável.
Bugio – Alouatta guariba (bugio, bugio-ruivo,
guariba, barbado). A mais destacada característica dos bugios
é a vocalização – o “ronco do bugio” –, produzida pelo grande
desenvolvimento do osso hióide (localizado entre a laringe e a
base da língua), que se transforma numa caixa de ressonância por
onde emite um som muito alto que pode ser ouvido a quilômetros.
O macaco bugio é dotado de uma curiosa habilidade: é capaz de
debulhar cuidadosamente as pinhas que guardam os pinhões.
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Veado – Mazama sp. As espécies de veados que aparecem
na Serra Catarinense sofreram e ainda sofrem grande pressão
pela ação do homem, seja pela caça, seja pela destruição de seus
habitats. Além do interesse pela caça em si, há outra situação
confl ituosa entre os veados serranos e o homem: o gosto desses
animais pelos tenros brotos da macieira!
Graxaim-do-campo (graxaim, cachorro-do-mato) – Pseu-
dalopex gymnocercus. Animal de porte mediano, com peso médio
de 5 quilos (de 3 a 8 quilos), com pelagem bem densa. Apresenta
hábitos usualmente noturnos, podendo, contudo, ser diurno.
Aparece na porção centro-leste da América do Sul, a partir do
sul do Brasil e leste da Bolívia, nos habitats abertos dos pampas,
savanas e chaco. Sua alimentação consiste de frutos, pequenos
vertebrados (principalmente mamíferos), insetos e carniça. As
105. Veado106. Graxaim (James F. Amorim)
107. Truta (Anselmo)
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principais ameaças à espécie são a perda de habitat para áreas
agrícolas e abate por predação de cordeiros e galinhas.
Dentre os peixes, destaca-se, na região, a truta ou tru-
ta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss), animal introduzido e criado
comercialmente, muito bem adaptado a nosso clima e adotado
por Urupema com a Festa Nacional da Truta; e o lambari (As-
tyanax sp), que todo ano, na comunidade de Salto Caveiras, é
“homenageado” com a Festa Mundial do Lambari.
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REFERÊNCIA CROMÁTICA AMBIENTE NALTURAL
ICONOGRAFIA AMBIENTE CULTURAL
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Cacimba Marca de gado 1
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Marca de gado 3Marca de gado 2
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Locomóvel 1 Locomóvel 2
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AraucáriaCorte do tronco
AraucáriaCorte do tronco
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PinhaChifre de carneiro
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Trançado de couro Laço de couro
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Casas de madeiraDetalhe lambrequim
Casas de madeiraDetalhe lambrequim
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Fazenda CajuruDetalhe
Casas de madeiraDetalhe lambrequim
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Igreja N. S. LourdesCorpus Christi
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Igreja N. S. LourdesDetalhe vitral Cruz 1
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Cruz 2 Cruz 3
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Cruz 4 Cruz 5
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Praça Nereu RamosPlanta original
Prefeitura de LagesDetalhe da fachada
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Prefeitura LagesDetalhe da fachada 2
Prefeitura de LagesDetalhe da fachada 3
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Colégio V. RamosDetalhe do gradil 1
Colégio V. RamosDetalhe do gradil 2
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Igj. do ConventoDetalhe do vitral
Igreja PresbiterianaDetalhe da dobradiça
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Catedral de LagesDetalhe do piso
Catedral de LagesDetalhe do vitral
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Mercado MunicipalDetalhe da Janela
Mercado MunicipalDetalhe da Fachada
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Prédio dos CorreiosDetalhe do gradil 1
Préd. dos CorreiosDetalhe do gradil 2
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Ed. AccácioCorrimão
Ed. AccácioDetalhe da fachada
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Teatro MarajoaraDetalhe interno
ICONOGRAFIA AMBIENTE NATURAL
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Pedra Furada Geada
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Cachoeira Araucária
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Casca da PinhaPinha
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MaçãXaxim
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Uva Folha da uva
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Brinco-de-princesaCarqueja
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Maria-mole Azedinha
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Borboleta Curucaca
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Gralha-Azul Seriema
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Marreca-pardinha Tatu
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Gado lageano Leão baio
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