FICHA CATALOGRÁFICA - PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
COMPREENSÃO LEITORA NAS SÉRIES INICIAIS: Uma leitura da obra infanto-juvenil de Maria de Fátima Gonçalves Lima
Autora Eliane Regina Belloto Bisconsini
Escola de Atuação
Col. Est. Humberto de Alencar Castelo Branco – EFMP
Município da escola
Jesuítas
Núcleo Regional de Educação
Assis Chateaubriand
Orientador Dr. Antonio Donizeti da Cruz
Instituição de Ensino Superior
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE
Disciplina/Área Língua Portuguesa
Prod. Didático-pedagógica
Unidade Didática
Público Alvo Alunos de sexta série do Ensino Fundamental
Localização
Col. Est. Humberto de Alencar Castelo Branco – EFMP Rua São Lázaro, 679 - Centro Jesuítas, PR
Apresentação
A Compreensão Leitora constantemente é acometida por fendas, desvios momentâneos na interação entre os interlocutores ou marcadas por elementos linguísticos, cognitivos ou sociais que, não compreendidos, interferem no domínio do entendimento do enunciado que se apresenta.Ter conhecimento dessas dificuldades pode ser um facilitador da leitura. Na Unidade Didática aqui apresentada destacam-se estratégias metacognitivas, que são atividades desenvolvidas de forma consciente, quando é possível se explicar e controlar o processo da ação que está sendo empenhado. Outros fatores são trabalhados, como derivados do texto, do contexto ou do leitor. Levar o aluno a identificar suas dificuldades para compreender o texto e evidenciar as possibilidades de raciocínio sobre as mesmas são objetivos deste material, também contando com a mediação do professor e o apoio dos demais colegas e familiares. Ter como apoio materiais lúdicos, atrativos e de conteúdo cativante para a leitura deve ser considerado como um diferencial, e este pode se encontrar na obra infanto-juvenil da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima, que é base para o desenvolvimento das atividades propostas no decorrer desta Unidade Didática.
Palavras-chave Compreensão leitora; leitura; estratégias
APRESENTAÇÃO
Pesquisas voltadas à Compreensão Leitora encontram-se em diferentes
áreas como Linguística, Psicolinguística, Sociolinguística e Pedagogia,
preocupadas com fatores que não compreendidos pelo leitor interferem no
domínio do entendimento textual. São fatores decorrentes do leitor, do
contexto, do texto, do autor, dos aspectos sociais, dos pedagógicos e de
aprendizagem, apoiados na compreensão de processos cognitivos ou
metacogitivos. A Teoria Sociocognitiva de Vygotsky está bem caracterizada em
O ensino da Compreensão Leitora. Da Teoria à Prática Pedagógica. Um
Programa de Intervenção para o 1.º Ciclo do Ensino Básico, de Fernanda
Leopoldina Viana. O material é de forte influência para o desenvolvimento de
atividades referentes aos fatores acima citados, entretanto, também são
considerados como importantes contribuições os estudos de Ângela Kleiman
(2004), Isabel Solé (1998), Leffa (1996), entre outros.
A Unidade Didática aqui desenvolvida pretende aprimorar tais
conhecimentos e apresentá-los aos alunos como evidências de estratégias
leitoras a serem utilizadas na analise de diferentes gêneros textuais vinculados
à obra da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima, por ser considerado
material lúdico, atrativo e de conteúdo cativante para uma leitura reflexiva e
prazerosa. Propõe o estudo do texto imagético com análise de capa de livro e
ilustrações, o estudo das narrativas lidas e ouvidas valorizando os elementos
da narrativa e ainda o estudo do texto de opinião contido nas obras da
escritora.
ENCAMINHAMENTO DE ATIVIDADES
As atividades referentes à Compreensão Leitora não podem estar
centradas apenas no encaminhamento dado no ato de desenvolvimento dessa
atividade. Há uma série de fatores a serem considerados pelo professor antes,
durante e depois de seu desenvolvimento. Portanto, alguns direcionamentos
serão apontados ao professor no decorrer da Unidade Didática voltados à
sugestões de como conduzir a conceituação do uso das estratégias de leitura
ao aluno, uma vez que este é um dos principais objetivos a ser aplicado. Como
exemplo, tais considerações são apontadas por Kleiman:
As atividades em que o leitor poderá se engajar quando ele não entender o texto são diversificadas e flexíveis, e constituem o indício do funcionamento de uma estratégia para conseguir mais eficiência na leitura: por exemplo, se leitor perceber que não está entendendo, ele poderá voltar para trás e reler, ou poderá procurar o significado de uma palavra-chave que recorre no texto, ou poderá fazer um resumo do que leu, ou procurar um exemplo de um conceito. Enfim, dependendo do que ele detectar como causa, ele adotará diversas medidas para resolver o problema. Para a realização desses diversos comportamentos faz-se primeiro necessário que ele esteja ciente de sua falha na compreensão. (KLEIMAN, 2004, p. 50).
Assim, os tópicos “Professor(a)” pretendem trazer presentes estes
conceitos e sugestões de forma abrangente ou fazerem chamadas para alguns
pequenos enfoques a serem considerados na atividade. Recortes do Projeto de
Pesquisa serão também apresentados como “Um pouco mais de informação”
a subsidiar o professor.
COMPREENSÃO LEITORA NAS SÉRIES INICIAIS:
Uma leitura da obra infanto-juvenil de
Maria de Fátima Gonçalves Lima
Considera-se como objeto da Compreensão Leitora o texto em
seus diferentes gêneros, o contexto em que esse discurso se faz, o
leitor/ouvinte e o produtor desse enunciado, bem como as interferências
internas e externas que direta ou indiretamente atribuem sentido ao que
se enuncia.
Há, também, necessidade que o professor tenha especial
preocupação com a escolha dos textos, que devem ser adequados à
idade, nível de conhecimento e gosto dos alunos de maneira que a
leitura possa ser apreciada e passe a ser um ato de busca natural de
realização pessoal.
A tomada de consciência das dificuldades que podem interferir
no processo de Compreensão da Leitura é de suma importância para o
aluno/leitor, para que partindo desse ponto, passe a construir sua
competência leitora e esteja certo de que ao evidenciar suas dificuldades
estará participando da interação com colegas e professores, constituindo
a troca mútua de ajuda na aprendizagem.
Ao lidar com situação de leitura, ocorrerão momentos de
desenvolvimento real, nos quais o aluno dominará sem problemas as
dificuldades que lhe surgirem, apresentando maturidade, porém,
também serão percebidas funções que estão em processo de maturação.
Para Vygotsky (2003, p. 111), em A Formação Social da Mente,
as dificuldades se apresentam em decorrência do grau de maturidade e
que devem ser desenvolvidas com o apoio de uma pessoa mais
capacitada no assunto. Assim, considera como curso interno de
desenvolvimento:
Zona do desenvolvimento real: Certos ciclos de desenvolvimento da
criança quando tidos por completos. A capacidade mental da criança é
indicada por aquilo que ela consegue fazer sozinha.
Zona do desenvolvimento proximal: A distância entre o nível de
capacidade real da criança quanto à solução independente de problemas
e o nível potencial, determinado pela dependência de orientação de
pessoas mais capazes para solucionar problemas.
Viana (2010, p. 3-8) enfatiza que a leitura eficiente recebe
interferência de pelo menos três tipos de fatores:
Os derivados do texto: Incluem variáveis como a estrutura, o conteúdo,
a sintaxe e o vocabulário.
Estabelecer objetivos para a leitura é necessário uma vez que a
busca por determinado texto possibilita ativar uma série de estratégias
cognitivas de apoio à compreensão. A leitura do texto imagético abaixo
propõe o reconhecimento de caracterizadores do gênero Capa de Livro e
a conscientização para o aluno de algumas estratégias metacognitivas
que estarão destacadas na atividade.
Trata-se da análise de O papagaio e a Rocodela, obra infanto-
juvenil da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima.
Os derivados do contexto: Marcados tanto pela motivação e
objetivos da leitura quanto pelas condições psicológicas, sociais e físicas
do leitor.
Os derivados do leitor: Apresentam variáveis das estruturas
afetivas e cognitivas do sujeito como atenção, memória, predição,
conhecimentos prévios e a análise dos processos de leitura por ele
ativados.
Segundo Leffa (1996, p. 46), estratégias metacognitivas, são
monitoramentos em que o leitor, em determinados momentos de sua
leitura, volta-se para si mesmo e se concentra, não no conteúdo do que
está lendo, mas nos processos que conscientemente utiliza para chegar a
esse conteúdo.
1- Observe a imagem a seguir e estabeleça com os colegas e
professor, conclusões a respeito dos questionamentos apontados,
usando a oralidade:
Figura 1: O papagaio e a rocodela (Capa do livro)
Fonte: Lima (2007)
a) Passe os olhos pela imagem e observe um a um os elementos que a
compõem. Depois, converse com um colega e aponte oralmente esses
elementos.
b) Concentre sua atenção na imagem como um todo e conclua: O que essa
imagem pode ser?
c) Como você chegou a essa conclusão? Converse com um colega a respeito.
d) Na parte de baixo da imagem há dois símbolos. O que você pensa que eles
possam representar? Caso você tenha respondido, é porque tem
Conhecimento Prévio do gênero apresentado armazenado em sua memória.
Peça para que seu professor explique o que é Conhecimento Prévio.
e) O que as pequenas imagens que compõem a imagem primeira sugerem?
Alguns elementos interferentes na Compreensão Leitora:
Atenção: Vygotsky (2003, p. 47) destaca que “dentre as grandes
funções da estrutura psicológica que embasa o uso de instrumentos, o
primeiro lugar deve ser dado à atenção.” Neste sentido, tal função não
pode ser desconsiderada pelo professor, que antes disso, precisa estar
atento às reações de dispersão que seu aprendiz de leitor pode ser
acometido. Ainda para Vygotsky, “a capacidade ou incapacidade de
focalizar a própria atenção é um determinante essencial do sucesso ou
não de qualquer operação prática”.
É importante levantar discussão com os alunos a respeito do
processo de compreensão utilizado por eles. Questione sobre os recursos
cognitivos que usaram para chegar às conclusões: atenção, observação
de detalhes, conhecimentos prévios, memória...
Incentive os alunos à leitura como fonte de Conhecimento Prévio.
Conhecimentos prévios: Segundo Viana (2010, p. 9), “trata-se de um
conjunto de conhecimentos adquiridos que integram a enciclopédia
pessoal de cada leitor, o que ele conhece acerca da língua e do mundo,
fruto de leituras anteriores ou de experiências de vida”. São
conhecimentos que garantem que sua memória enciclopédica seja
ampliada.
Memória: Segundo Kleiman (2004, p. 32), a atividade intelectual da
leitura começa pela apreensão exercida pelos olhos sob o objeto a ser
interpretado. O material processado é organizado pela memória de
trabalho que recebe ajuda da memória intermediária. Esta, como num
estado de alerta, acessa os conhecimentos organizados na memória de
longo prazo, também conhecida como memória semântica ou memória
profunda. Quando uma nova informação é processada pela mente do
leitor, muitos dados dessa informação são confrontados com suas
informações prévias e são aceitas justamente por serem complementares
a estas. Dessa forma, o acúmulo de conhecimentos armazenados pelo
leitor é a todo o momento ativado.
2- Observe agora a parte escrita da imagem. Perceba como você
precisa pensar para chegar às respostas necessárias.
a) Quais os nomes próprios de pessoas que se apresentam?
b) Provavelmente há familiaridade entre as pessoas que têm os nomes na
imagem. Levante hipóteses de quais seriam estas familiaridades. Escreva sua
resposta com justificativa.
c) É possível identificar a função de cada pessoa citada neste texto visual.
Apresente-as e escreva como você pôde chegar à resposta.
Possivelmente, na questão 2-a, os alunos responderão Vovó
Maria e Rocodela. Mostre que os consideraram por estarem grafados
com inicias maiúsculas.
Abra uma discussão a respeito das estratégias utilizadas pelos
alunos para alcançarem as respostas das questões 2-b e 2-c. Trace com
eles os encaminhamentos cognitivos seguidos e apresente-os como
estratégias importantes a serem percebidas na Compreensão Leitora.
Amplie os conhecimentos dos alunos com dados sobre a escritora
Maria de Fátima Gonçalves Lima.
d) Observe o título “O papagaio e a Rocodela”. Você sabe o que significa
Rocodela? Junte-se com um colega para seguirem as pistas abaixo e tentarem
descobrir o significado:
Procurem lembrar-se de uma palavra parecida e também do seu
significado;
Observem de novo a imagem e tentem encontrar pistas para descobrirem o
seu significado;
Perguntem-se: “Esta palavra tem um sufixo ou um prefixo? Qual é a sua
raiz? É possível identificar seu significado usando esse recurso linguístico?”;
Pesquisem no dicionário ou em outras fontes.
Maria de Fátima Gonçalves Lima, advogada e graduada em Letras
Vernáculas pela Universidade Católica de Goiás, Mestre em Literatura
Brasileira pela UFG, Doutora em Teoria Literária pela Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de São José do Rio
Preto e Pós-doutoramento em Letras, pela PUC-Rio. É Docente do
Departamento de Letras e do Mestrado em Letras – Literatura e Crítica
Literária, da Universidade Católica de Goiás.
A escritora publicou o reconto de fadas O castelo de Branca de
Neve (2004), Histórias que vovó Maria contava – uma coletânea das três
narrativas: Renato e as bananas Ourinhos, O papagaio e a rocodela e
Sopa de pedras (2007). Publica mais tarde A pedra furada (2009), Os
cabelos de Rebeca (2009) e O Bezerro e a Rainha (2009).
e) Observe na imagem a informação: “HISTÓRIAS QUE VOVÓ MARIA CONTAVA - III”.
Marque ( V ) para as alternativas que julgar verdadeiras e ( F ) para aquelas
que considerar falsas. Caso tenha dúvidas com a resposta, use ( ? ) e
questione seus colegas e professor depois que terminar a atividade.
( ) Vovó Maria não conta mais histórias.
( ) Vovó Maria contava histórias para Everaldo e Cecília.
( ) Vovó Maria contava histórias para Maria de Fátima.
( ) O símbolo III representa um numeral ordinal.
( ) O símbolo III representa um numeral romano.
( ) Há também “Histórias que Vovó Maria contava – I.
( ) Há também “Histórias que Vovó Maria contava – II.
( ) Maria de Fátima Gonçalves Lima é uma escritora.
( ) Everaldo e Cecília são escritores.
( ) Histórias que a Vovó Maria contava é o nome dado a uma Série constituída
pelos volumes I, II e III.
m
Nas atividades 2-d e 2-e, os alunos estarão se utilizando de
conhecimentos linguísticos (verbo, prefixo, sufixo e radical, numerais),
de inferências, da análise de informações explícitas e implícitas na
imagem para constituírem suas respostas. Reflita com eles o uso de tais
estratégias comentando estes recursos.
Especificamente na atividade 2-e, algumas alternativas
apresentam respostas interrogativas mesmo, por não haver inferências,
como Everaldo e Cecília serem ou não escritores, Vovó Maria contar
histórias para Everaldo e Cecília.
Predição - Tanto pode ocorrer entre os amarres da memória
intermediária e a organização na memória de longo prazo como nas
chamadas que o texto geralmente apresenta e que possibilitam que o
leitor antecipe a informação textual. Há um jogo natural de adivinhação
da informação que depende do grau de dificuldade que esta apresenta e
do conhecimento que o leitor tem sobre o tema, o que possibilita que
muitas palavras sejam predizíveis.
Hipótese – Trata-se de suposição, o que se admite como princípio, de
modo provisório. O leitor imagina que algo pode acontecer, podendo se
confirmar ou não. Consideração deve ser feita de que nem sempre o que
é previsto pelo leitor se confirma pelo autor, tendo em vista que a
imaginação do leitor encontra-se ativada e em constante busca por
respostas que nem sempre confirmam suas hipóteses.
Inferência - Ato ou efeito de inferir, ter certeza, concluir. Ao ler um
enunciado, o leitor se apropria de alguma informação não verbalizada e
chega a uma conclusão. É a passagem de uma proposição a outra que
dela deriva de forma direta, sem mediação. O leitor pode, por exemplo,
ter certeza do significado de uma palavra desconhecida com base na
estrutura interna do texto ou no contexto.
3- Junte-se com um colega e levantem oralmente hipóteses de
como se desenvolve a narrativa do livro O papagaio e a Rocodela,
da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima.
As imagens sequentes ilustram o livro O papagaio e a Rocodela,
obra infanto-juvenil da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima. As
imagens também estão presentes na capa do livro, analisada desde o
início da atividade.
Vocabulário - Quando se depara com uma nova palavra num texto, o
leitor proficiente busca inconscientemente uma aproximação de
significado com outras semelhantes, normalmente a nível lexical,
analisa sua estrutura morfológica ou pode ainda continuar a leitura em
busca de esclarecimento do significado da palavra desconhecida, o que
também é um recurso a ser empreendido.
Estratégia metalinguística – É o monitoramento consciente do leitor
sob recursos de ordem linguística interferentes na Compreensão Leitora.
Os caracterizadores podem ser coesivos, semânticos, de coerência,
presentes na ordem interna do texto ou não se apresentarem diretamente
grafados, como os diferenciadores dos gêneros ou o reconhecimento das
ideias principais.
Encaminhe com os alunos a discussão a respeito das hipóteses de
leitura por eles levantadas, compare-as com as ilustrações e leia a obra
para os alunos. O texto O papagaio e a rocodela, da escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima, encontra-se na íntegra nos anexos.
A motivação é uma estratégia importante a ser considerada para
se alcançar uma boa Compreensão Leitora. Antes de iniciar uma
atividade de análise textual é importante que o professor prepare os
alunos para o trabalho que será desenvolvido. Desta maneira, o
professor precisa deixar claro para os alunos os objetivos que tem com a
atividade, passar as informações correspondentes ao texto que poderão
interferir na Compreensão Leitora, observar a disponibilidade que
apresentam para receberem o texto, relacionar com os alunos o tema
com o conhecimento prévio que possuem sobre o assunto ou mesmo
ampliar este conhecimento.
O ambiente em que o trabalho será desenvolvido também pode
interferir negativamente, por isso há necessidade de um espaço
adequado para o bom desenvolvimento do trabalho.
A interação entre os alunos é um fator importante a ser
considerado devido ao apoio que eventualmente precisam encontrar
entre os colegas. Tal interação deve também se dar entre aluno e
professor.
Scritor
As atividades de oralidade abaixo objetivam tanto motivar os
alunos para a leitura do texto “Renato e as bananas Ourinhos” da
escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima, como pretendem evidenciar
outras estratégias como objetivos, atenção, hipóteses, conhecimentos
prévios.
Como professor entusiasmado com sua atividade, apresente aos
alunos o material a ser trabalhado, informando-lhes que se trata de uma
interessante narrativa em que o real e o imaginário são pares, numa
leitura fluente e encantadora. O conto aproxima-se das antigas narrativas
orais, justificado pela série Histórias que a Vovó Maria contava – I e
propõe à imaginação do leitor a magia da realização dos sonhos.
Retome com os alunos as informações sobre a escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima. Informações a respeito da escritora foram
apresentadas na atividade anterior.
É fundamental que os alunos sejam orientados sobre como ler um
texto e compreendê-lo monitorando suas estratégias metacognitivas.
Acompanhe o raciocínio dos alunos quanto aos procedimentos que
precisam utilizar e relembre com eles as estratégias que já foram
destacadas nas atividades anteriores. É importante que sejam sempre
retomadas.
Esteja atento à concentração dos alunos durante o
desenvolvimento das atividades, uma vez que é bastante comum que ao
encontrarem dificuldades, prefiram ignorar o desafio de compreenderem
o texto. Oriente para que pratiquem, como esclarecimento de dúvidas, a
releitura de palavras, parágrafos, títulos.
1- O texto “Renato e as bananas Ourinhos”, obra integral da
escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima, faz parte da série
“Histórias que a vovó Maria contava I”.
a) Ative seus conhecimentos prévios e, para isso, comente com um colega o
que você sabe sobre a escritora. Antes, porém, marque ( X ) nos itens que
representam a organização de pensamento que usou para ativar as
informações.
( ) Percebi que conheço esse nome.
( ) Busquei o nome em minha memória, mas não o recordei.
( ) Lembrei-me de já ter conhecido outra obra da escritora.
( ) Concluí que o livro “O papagaio e a Rocodela” é da mesma escritora.
( ) Lembrei-me das informações passadas pelo meu professor.
b) Ainda junto de seu colega, fale sobre “Histórias que a vovó Maria contava I”.
Trabalhem juntos:
Já ouviram falar sobre “Histórias que a vovó Maria contava”? Quando?
Onde?
O que se lembram a respeito? Quem foi mesmo vovó Maria? Vocês têm
certeza desta informação ou é apenas uma hipótese?
O verbo “contava”, no Pretérito Imperfeito do modo Indicativo, permite
que vocês façam inferências. Quais informações estão implícitas no
verbo?
Analisem a função do numeral romano “I” e tirem conclusões a respeito.
Comentem sobre a forma como os pensamentos de vocês estão se
desenvolvendo para chegarem às conclusões que estão tendo.
Vocês estão respondendo à todas as questões propostas em cada item?
Prestem atenção para não responderem apenas ao primeiro
questionamento e desconsiderarem os demais. É bastante comum que
isso aconteça, mas a atenção é uma estratégia metacognitiva que
precisa estar sempre ativa.
2- O texto tem como título “Renato e as bananas Ourinhos”. Pense
a respeito, seguindo as instruções abaixo.
Você sabe que Renato é um nome próprio de pessoa. Qual é a possível
função exercida por Renato no texto? Antes de ler o texto, sua resposta
representa uma hipótese ou uma certeza?
Organize em seus pensamentos hipóteses de como um texto que
recebe tal título pode estar desenvolvido. Fique atento para confirmar ou
refutar tais hipóteses durante a leitura do texto. Se preferir, anote estas
hipóteses para facilitar a organização de seu pensamento.
Viana (2010, p. 15), em O ensino da Compreensão Leitora. Da
Teoria à Prática Pedagógica. Um Programa de Intervenção para o 1.º
Ciclo do Ensino Básico, discorre sobre tipos variados de compreensão
leitora contemplados por Català e colaboradores (2001). São eles:
No decorrer das atividades escritas, os alunos continuarão sendo
estimulados a desenvolverem suas estratégias metacognitivas e ainda
precisarão de seu apoio. Reforce sempre que possível o controle da
atenção, o foco nos objetivos e o domínio dos procedimentos
necessários para a Compreensão Leitora.
As atividades em desenvolvimento estão pautadas em diferentes
tipos de Compreensão Leitora, apresentados por Viana (2010, p. 15).
São eles a Compreensão Literal, a Reorganização, a Compreensão
Inferencial e a Compreensão Crítica. Veja o quadro abaixo.
O texto a seguir, intitulado Renato e as bananas Ourinhos, da
escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima, está recortado em
trechos marcados com aspas e em cor lilás para facilitar o
desenvolvimento de algumas atividades que o ajudarão a organizar
Compreensão Literal: Transcreve a necessidade do reconhecimento
das idéias principais, das sequências, dos detalhes, das comparações, das
relações de causa-efeito e dos traços de caráter de personagens, enfim,
das informações gerais do texto.
Reorganização: Consiste em classificar, esquematizar ou resumir a
informação, ou seja, em reordenar as ideias numa síntese compreensiva.
Compreensão Inferencial: Ativa os conhecimentos prévios do leitor,
formula antecipações ou suposições sobre o conteúdo do texto com base
nas deduções a respeito da ideia principal, da sequência, dos detalhes,
das comparações, das relações de causa-efeito, dos traços de caráter dos
personagens, das características e aplicação a uma situação nova. Além
dessas deduções, a compreensão inferencial é ativada pela predição que
se tem de resultados, pelas hipóteses de continuidade textual ou pela
interpretação da linguagem figurativa.
Compreensão Crítica: É percebida quando há formação de juízos
próprios, com respostas de caráter subjetivo. São juízos de atos e de
opiniões, de suficiências e de validade, de propriedade, de valor, de
conveniência e de aceitação.
seus pensamentos para a compreensão textual. Trata-se de uma
interessante narrativa e o objetivo é que você preste atenção no uso
que faz de estratégias metacognitivas para compreendê-la.
Desenvolva por escrito as atividades propostas sempre
consciente de seus procedimentos cognitivos para alcançar as
respostas. Cuide para não deixar atividades incompletas e busque,
quando necessário, ajuda de colegas ou do professor.
1- “Numa floresta encantada, morava um menino
chamado Renato. Um dia, seus pais morreram e deixaram-
lhe como herança apenas um cacho de banana ourinho. O
garoto, desconsolado, saiu pelo mundo afora com seu
cabedal de bananas sobre os ombros.
Andou, andou, andou e encontrou um macaco faminto.
Ao ver Renato, o macaco, aos pulos, disse:
- Menino, me dá essas bananas!”
a) Algumas importantes informações podem ser encontradas no trecho acima.
Porém, nem sempre as respostas estão literalmente escritas. Trata-se de uma
história da realidade ou uma ficção? Comprove sua resposta com palavras e
expressões que podem ser grifadas no texto, mas que não respondem
diretamente à questão, e comente no espaço abaixo, sua justificativa para a
escolha feita.
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b) A palavra cabedal faz parte do trecho acima. Você sabe seu significado?
Não conhecer o significado desta palavra causa falta de compreensão do
enunciado? Anote algumas hipóteses de significados para o uso de cabedal no
trecho e depois busque no dicionário o significado mais apropriado. Faça uma
comparação do significado com as hipóteses que apontou.
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2- “- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram
bananinhas, posso dar não!
- Me dá as bananas, menino, que eu te dou esta
espiga de milho.”
a) Como recurso de Compreensão Leitora, é preciso que você construa a
imagem das personagens conforme a narrativa as apresenta. Anote, a seu ver,
traços característicos de Renato observando a forma como ele se expressa.
Depois, compare o personagem criado por você com o personagem criado por
um de seus colegas.
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b) É provável que você, como leitor, tenha imaginado a resposta que Renato
deu ao macaco. Anote sua resposta e continue a leitura para confirmar ou
refutar sua hipótese.
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3- “Renato ficou pensativo, mas resolveu fazer a troca.
Pegou a espiga de milho e continuou seu caminho.
Andou, andou, andou até encontrar um lavrador.
Percebendo a presença de Renato, com a espiga de milho
na mão, o lavrador parou o garoto e disse-lhe:
- Menino, me dá essa espiga de milho!”
a) Qual a ideia que se pretende expressar com “Andou, andou, andou...”? O
que o levou a esta resposta? Compare sua resposta com a de um colega.
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b) Você agora, possivelmente, tem mais certeza da resposta que Renato dará
ao lavrador. Anote esta provável resposta e explique como chegou à conclusão
dada.
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4- “Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram
bananinhas. Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu
milho. Posso dar não!
- Me dá a espiga, menino! Estou precisando de
semente de milho para minha lavoura. Eu troco a espiga
por esta enxada.
O garoto sentiu que a permuta podia ser proveitosa e
aceitou.”
No momento de correção das atividades, comente com os alunos
que a questão 1-a pede uma inferência de resposta que pode ser ativada
pela análise do real/ficcional apresentado. Abra uma discussão sobre o
processo metacognitivo ativado por eles para encontrar a resposta.
A questão 1-b refere- se ao vocabulário de palavra desconhecida.
Comente o processo de análise ativado e relembre a estratégia utilizada
em “A vez do aluno: Atividade 1, no item 2-d”.
A questão 2-a sugere uma volta ao texto com observação de uma
inversão na estrutura de fala do personagem. Comente a forma
diferenciada de a personagem se expressar, fato que contribui para a
construção de sua imagem.
A questão 3-b possibilita a interpretação de linguagem figurativa.
Incentive os alunos a perceberem a importância da significação do verbo
utilizado para criarem a imagem.
a) O que te permitiu prever a resposta de Renato?
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b) Você sabe o significado de “permuta”? É preciso buscar seu significado num
dicionário para compreender esta sequência narrativa? Justifique sua resposta
explicando a forma como você pensou para responder. Confira sua resposta
com um colega.
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5- “Com a enxada no ombro, o garoto entrou por um
desvio e continuou a sua caminhada. Andou, andou, andou
até encontrar o morador de uma chácara. Ao ver Renato
com a enxada, o homem aproximou-se e disse ao jovem
viajante:
- Menino, me dá essa enxada!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram
bananinhas. Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu
milho. Milho dei ao lavrador. O lavrador me deu enxada.
Posso dar não!
- Me dá a enxada, menino! Minha chácara foi tomada
por um mato raivoso. Eu troco a enxada por uma
espingarda.”
a) No trecho acima, quais termos o narrador usa para se referir ao
personagem? Para responder à questão, o que você precisa observar? Se tiver
dúvidas, primeiro tente encontrar a resposta lendo novamente a questão e a
passagem do texto e só depois procure ajuda.
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b) Qual dos termos foi usado pela primeira vez no texto? Não confie apenas
em sua memória e volte ao texto para comprovar sua resposta. O que te fez
concluir que se refere ao personagem?
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6- “Renato pensou, pensou, percebeu que era um
negócio vantajoso e fez o ajuste. Pegou a espingarda e
continuou o seu destino. Agora, atravessava uma mata
densa e perigosa.
A cada passo, o risco parecia espreitar Renato, como
uma onça pintada de sombra e medo. De repente, um ruído
vindo das trevas atravessou o caminho do nosso viajante.
Uma onça preparava, no salto, o golpe certeiro de suas
garras sobre um jovem que cruzava a perigosa floresta.
Renato, ao perceber a ameaça, puxou o gatilho da
espingarda, atirou para cima, e assustou a fera.”
a) O narrador, no trecho acima, proporciona ao leitor um clima de suspense.
Usando três cores diferentes, marque com uma a frase que inicia este
suspense, com outra a passagem que indica o centro da tensão e com a
terceira o desfecho desta passagem. A atenção é uma estratégia importante
para o desenvolvimento desta atividade. Fique atento. Se tiver dúvida, peça
ajuda ao professor.
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b) Você conseguiu desenvolver a atividade proposta acima? O que o ajudou ou
o prejudicou?
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c) Faça uma lista das ações que Renato desenvolve no trecho acima. Para
isso, você precisa centrar sua atenção apenas nas atividades que são
desempenhadas por Renato. Ao desenvolver esta atividade, você estará
usando a estratégia de reorganização. Esteja consciente dos processos
mentais que utiliza. Depois, confira sua lista com a de outro colega.
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7- “Com os olhos cheios de gratidão, surge da mata um
senhor bem vestido. Era um advogado-fazendeiro que por
ali andava com seu único filho. Estavam contemplando as
suas propriedades, quando foram surpreendidos pela cólera
de um felino de pintas e morte.
Agradecido, o advogado foi cumprimentar o rapaz.
Nesse instante, percebeu que a arma de Renato era muito
preciosa, pois, além de ter sido o instrumento de salvação
A questão 5-a pede apenas os termos usados pelo narrador.
Provavelmente os alunos apresentarão também o termo “menino” usado
pelo personagem lavrador. Caso aconteça, reforce a importância do uso
da atenção como estratégia.
A questão 6-a proporciona o uso de conhecimentos prévios dos
alunos a respeito da estrutura das partes da narrativa. A resposta à
questão 6-b evidencia o conhecimento prévio apresentado. Se o aluno
não apresentar o conhecimento, aproveite para ensinar o conteúdo e
peça-lhe uma pesquisa sobre o assunto como forma de aprofundar o
conhecimento.
Comente também a importância de estarem conscientes do
procedimento de reorganização que estão utilizando como estratégia
metacognitiva.
de seu herdeiro, era uma peça de marca especial. Então, o
senhor pediu ao viajante que lhe vendesse a espingarda:
- Meu rapazinho, gostaria de adquirir essa espingarda!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram
bananinhas. Bananinhas, dei ao macaco. O macaco me deu
milho. Milho dei ao lavrador. O lavrador me deu enxada.
Enxada, dei ao chacareiro. O chacareiro me deu
espingarda. Posso vender não!”
a) A mesma estrutura de texto vem sendo seguida com um novo personagem
propondo uma troca sempre aceita por Renato. O que leva Renato a aceitar as
propostas que recebe? A resposta a esta pergunta se encontra escrita no
texto? Como seu pensamento se desenvolveu para que você encontrasse a
resposta?
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b) Nos itens 6 e 7 do texto, o narrador se refere à onça com diferentes
substantivos e adjetivos. Como forma de organização de sua memória,
reescreva no espaço abaixo os termos usados pelo narrador. Antes de realizar
a atividade, marque ( x ) nos itens que considerar úteis para o seu processo de
compreensão.
( ) Busco em minha memória o conceito de substantivo e adjetivo.
( ) Confiro com um colega o conceito de substantivo e adjetivo.
( ) Pergunto para meu professor o conceito de substantivo e adjetivo.
( ) Analiso primeiro o item 7 e depois o 6.
( ) Analiso primeiro o item 6 e depois o 7.
( ) Passo os olhos pelo item 7 a procura de substantivos e adjetivos
relacionados à onça.
( ) Leio com muita atenção o item 7 a procura de substantivos e adjetivos
relacionados à onça.
( ) Copio do item 7 as palavras referentes à onça.
( ) Passo os olhos pelo item 6 a procura de substantivos e adjetivos
relacionados à onça.
( ) Leio com muita atenção o item 6 a procura de substantivos e adjetivos
relacionados à onça.
( ) Copio do item 6 as palavras referentes à onça.
( ) Percebo que qualquer dos itens (6 ou 7) pode ser analisado primeiro.
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Ao responder à questão 7-a, o aluno estará construindo juízo
próprio a respeito das trocas efetuadas por Renato ao concluir que o
menino obteve vantagens com as permutas. Comente com os alunos que
essa análise possibilita-lhes a Compreensão Crítica necessária ao
processo de Compreensão leitora. Há também, nesse processo, a
necessidade de reorganização das informações pelos alunos.
8- “- Venda-me a espingarda meu jovem! Em troca da
arma e como forma de reconhecimento pelo seu gesto de
bravura, dou-lhe uma fazenda.
Os olhos de Renato brilharam, o negócio não podia ser
melhor. Ter uma fazenda sempre foi seu grande sonho.
Sem pestanejar, aceitou com convicção.
Renato agora era fazendeiro. Sua fazenda ficava no
alto de uma colina, e a casa principal, toda rodeada por
Importante lembrar que antes de a troca ser proposta, o narrador
atribui um grau de valor a algum elemento permitindo ao leitor fazer
uma predição do que provavelmente vai ocorrer na narrativa. As pistas
sugestivas à predição, no caso, envolvem a coerência ao manter a
progressão temática.
A questão 7-b exige o uso de conhecimentos prévios dos alunos
quanto à função dos substantivos e adjetivos destacada na repetição da
estrutura usada pela autora em “...uma onça pintada de sombra e
medo.” e “...foram surpreendidos pela cólera de um felino de pintas e
morte.”
As estratégias desenvolvidas na questão 7-b envolvem
conhecimentos linguísticos e concentração no uso de estratégias
metacognitivas.
grandes mangueiras e outras árvores frutíferas. O vento
executava músicas que encantavam quem respirasse
aqueles ares. Assim, o menino das bananinhas possuía
agora a sua fazenda Ourinhos, seu salto para a
tranquilidade. Ali, o garoto cresceu e tornou-se um rapaz
belo e íntegro.”
a) Duas condições diferentes se integram a vivência de Renato. Copie do
trecho acima duas frases que mostram tais mudanças. Ao procurar as frases
de respostas no texto, sua mente faz um exercício cognitivo de busca de
informações de como era Renato no início do texto para comparar com as
informações novas apresentadas. Trata-se de uma estratégia de Compreensão
Leitora que nem sempre é percebida. Comente com um colega o uso desta
estratégia.
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b) A frase “Sem pestanejar, aceitou com convicção.” foi usada pelo narrador ao
comentar a permuta de Renato com o fazendeiro. Volte ao texto e observe os
comentários do narrador depois de cada situação de troca. Reescreva a
informação acima usando outras palavras. Ao resolver o exercício você estará
ampliando seu vocabulário.
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c) Ao descrever a fazenda, a autora possibilita que seu leitor visualize o
ambiente como um lugar agradável. Dentre a descrição ela se utiliza de uma
figura de linguagem conhecida como Prosopopéia ou Personificação, que
consiste em atribuir característica humana a seres inanimados. Copie esta
passagem. Caso tenha dúvidas, peça ajuda a seu professor ou aos colegas.
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9- “Na vizinhança da fazenda Ourinhos, morava um Rei
que, após anos de viuvez, casou-se novamente. O primeiro
casamento proporcionou-lhe a maior riqueza, sua filha
Luíza. Porém, a princesa não estava feliz naquele castelo ao
lado de sua madrasta. Luíza, que já era mocinha, pediu ao
seu pai que construísse um castelo só para ela. Então, pai e
filha foram procurar um lugar ideal para a construção do
sonho da jovem.
Andaram um pouco e chegaram até as terras vizinhas.
De repente, Luíza avistou a casa de Renato, no alto da
colina, e ouviu o vento encantado do lugar. Os olhos da
princesa brilharam e, eufórica, disse ao Rei:
- Papai, quero construir o meu castelo ali!
O pai observou a localidade e respondeu:
- Não, Luíza, ali não pode ser, aquelas terras não são
minhas.
- Então, compre-as, papai, aquela colina parece
encantada, pressinto que ali está o meu sonho!
O Rei foi procurar o dono daquela fazenda e, ao
encontrar Renato, falou ansioso:
- Meu jovem, preciso comprar suas terras com
urgência!
O moço fazendeiro de pronto, respondeu:”
a) Ao ler o primeiro parágrafo do item 8, qual é a principal hipótese que você
pode levantar para a sequência do texto?
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b) A expressão “Andaram um pouco...” pode ser comparada a outra expressão
usada outras vezes no texto. Qual é essa expressão e o que se pode concluir a
respeito de seus usos? O que você precisou saber para conseguir resolver a
atividade? Se tiver dúvidas, não trabalhe sozinho.
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c) O Rei propõe a Renato a compra de suas terras. Você, certamente, poderia
dar ao Rei a resposta de Renato. Reorganize em sua memória as trocas feitas
por Renato e anote a provável resposta dele ao pedido do Rei.
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10- “- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram
bananinhas. Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu
milho. Milho dei ao lavrador. O lavrador me deu enxada.
Ao processo de pensamento exigido pela questão 8-a atribui ao
aluno a necessidade de ativar a memória de longo prazo e manter em
atividade a memória intermediária para assim reorganização a
informação pedida. Não deixe de comentar com os alunos o processo
desenvolvido como uso necessário de estratégia metacognitiva.
A questão 8-b trabalha o vocabulário ao possibilitar que o aluno
volte ao texto revendo os comentários do narrador para depois elaborar
sua resposta.
A questão 8-c possibilita ao aluno a ampliação dos conhecimentos
prévios por meio do uso de figuras de linguagem. Conhecer os recursos
da linguagem é uma estratégia essencial para a Compreensão Leitora.
Enxada dei ao chacareiro. O chacareiro me deu espingarda.
Espingarda dei ao fazendeiro. O fazendeiro me deu esta
fazenda. Não posso vender não!
- Me venda a fazenda, meu rapaz! Eu pago o quanto
quiser.
Renato ia dizer não, novamente, quando seus olhos
encontraram-se com o brilho dos olhos azuis de Luíza,
pedindo, ansiosos, um sim. A presença da princesa deixou
Renato numa espécie de arrebatamento, mergulhado na
beleza dos cachos dourados e do magnífico rosto de Luíza.
Ela era a luz que ele buscava, seu sonho maior. Um mar de
amor inundou sua alma. Renato ficou mudo.
Luíza também sentiu que ali estava sua felicidade e
entendeu o som dos ventos que tinha ouvido ao chegar ali.
Fascinada, descobriu que tinha encontrado seu porto
seguro, seu príncipe. Agora, o medo da resposta era a sua
dor. Ela precisava dele e dos ventos daquela colina para ser
feliz em seu castelo. Enquanto ouvia seus pensamentos,
não percebeu a resposta afirmativa de Renato.”
a) A autora usou no texto um recurso da linguagem chamado Graduação. Por
meio deste recurso, Renato deixou de ser o herdeiro de um cacho de banana
ourinho para casar-se com uma princesa. Com o apoio de sua memória,
organize no quadro abaixo as trocas efetuadas por Renato bem como os
personagens com quem ele negociou. Volte a ler o texto e confirme sua
organização. Confira sua tabela com a de um colega.
Produtos de troca
Personagens
Bananinhas Os pais
Castelo Rei
b) A informação abaixo faz referência a uma outra apresentada anteriormente.
Leia atentamente a frase abaixo e copie do texto a frase correspondente. Caso
tenha dúvidas, procure a ajuda de um colega ou do professor.
“Luíza [...] entendeu o som dos ventos que tinha ouvido ao chegar ali.”
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c) O que você precisou fazer para conseguir a resposta à questão anterior?
Lembre-se de que estar consciente do processo mental que está
desenvolvendo é importante para que aprenda a usar as estratégias
metacognitivas.
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d) Junte-se com um colega e concentrem a atenção para desenvolver a
atividade abaixo. As informações são retiradas do trecho 10. Coloque ( R ) para
aquelas que considerar próprias da realidade do ser humano e ( F ) para as
que representam o ficcional, a imaginação. Caso tenha dúvidas, coloque ( ? )
e depois comente com seu professor.
( ) “O macaco me deu milho.”
( ) Os olhos de Renato se encontraram com o brilho dos olhos azuis de Luíza.
( ) Renato estava mergulhado na beleza dos cachos dourados de Luíza.
( ) Um mar de amor inundou sua alma.
( ) “Enxada dei ao chacareiro.”
( ) Os olhos azuis de Luíza, pediam, ansiosos, um sim.
( ) Renato ficou mudo.
( ) Luíza também sentiu que ali estava sua felicidade.
( ) Luíza descobriu que tinha encontrado seu porto seguro.
( ) A resposta de Renato foi afirmativa.
( ) Ela precisava dele para ser feliz em seu castelo.
( ) Luíza entendeu o som dos ventos.
11- “Um majestosos castelo ergueu-se no alto da colina da
fazenda Ourinhos e sua inauguração foi marcada pelo
casamento mais importante de que se tem notícia. Renato
e Luíza eram o centro de um grande amor, de uma história
de encantos e sonhos realizados.”
a) O parágrafo acima é marcado por informações que se adiantam no tempo
em que a narrativa se desenvolve. Perceba que a autora não descreve os
acontecimentos intermediários aos momentos, mas possibilita que o leitor
possa inferir o que acontece. Coloque-se como escritor do texto e amplie o
parágrafo com as informações que você usaria para intermediar entre a
resposta afirmativa de Renato e a realização de seus sonhos.
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12-
Maria de Fátima Gonçalves Lima
Ao corrigir as atividades do texto, aproveite para aprofundar
outros elementos que surgirem, mas esteja sempre atento aos processos
mentais que os alunos precisam ativar para desenvolver as atividades.
Reforce sempre a necessidade de estarem conscientes de como se
compreende um texto.
O texto Renato e as bananas Ourinhos, da escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima, encontra-se na íntegra nos anexos.
Análise de texto de opinião: A “Apresentação” nas obras
de Maria de Fátima Gonçalves Lima.
Os alunos estudaram em A vez do aluno: Atividade 1 o texto
contido na imagem capa de livro O papagaio e a Rocodela, em A vez do
aluno: Atividade 2, viram o gênero narrativo com o texto Renato e as
bananas Ourinhos e a proposta para A vez do aluno: Atividade 3 é o
estudo do texto de opinião Apresentação, contido na abertura das obras
da escritora Maria de Fátima Gonçalves Lima. O estudo favorece para
que os alunos percebam a importância do uso das estratégias de leitura
nos diferentes gêneros com os quais se deparam.
As estratégias de leitura foram menos destacadas nas últimas
atividades para que não parecesse repetitivo, porém, é imprescindível
que o professor retome com os alunos o uso consciente destas
estratégias sempre que surgirem as oportunidades.
Esteja também consciente da necessidade de motivar os alunos, e,
para isso, apresente-lhes os livros da escritora Maria de Fátima como o
suporte do texto Apresentação.
Você vai agora conhecer outro tipo de texto da escritora Maria
de Fátima Gonçalves Lima. Não se trata de narrativa, como nos
outros textos analisados anteriormente, mas sim de um texto em
que a autora nos fala sobre suas obras, ou seja, sobre seus livros e
a forma como surgiram.
1- Concentre-se na atividade de leitura a seguir, tentando, além de
se apropriar das informações que surgem, perceber os
procedimentos ativados por sua mente ao buscar a compreensão
textual. Você precisa estar atento a alguns aspectos como:
Mantenha sua atenção na informação que está lendo;
Busque o entendimento de pequenos trechos como frases ou
períodos;
Pare sua leitura se não estiver compreendendo e retome o
trecho de dúvida;
Perceba que sua mente faz predições da informação seguinte
como se a antecipasse, num jogo natural de adivinhação;
Observe os detalhes do texto como letras maiúsculas, itálico,
negrito.
Não ignore palavras desconhecidas, continue sua leitura para
tentar descobrir o significado ou pesquise o vocabulário
desconhecido.
Reorganize as informações confrontando com seus
conhecimentos prévios;
Apóie-se em informações implícitas ou explícitas do texto;
Construa conceitos próprios partindo da análise crítica do que
lê.
O texto abaixo “Apresentação” foi usado pela escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima em suas obras infanto-juvenis. Leia-o
silenciosamente.
Apresentação
A comunicação é um dom natural do homem e sua
prática fundamenta a formação psicológica, social e
histórica de um ser. Presente em todos os gestos humanos,
literalmente, comunica a ação da própria vida e comunga
experiências, informações, esclarecimentos. É, ainda, uma
espécie de ponte que fornece passagem a descobertas, a
conhecimentos armazenados a histórias e vivências.
Dentre as modalidades de comunicação, a literatura
oral tem um lugar especial na história da humanidade.
Impulsionada por uma força mágica, a arte da palavra faz
lenda, desde as mais primitivas formas de contar narrativas
vivenciadas ou fingidas, dotadas de artifícios para divertir
ou instruir o povo, até aquelas que estão marcadas em
nosso imaginário, visto que foram relatadas por nossas
avós ou nossos pais. Luís da Câmara Cascudo em seu livro
Literatura oral no Brasil chama a atenção para o fato de que
as mulheres possuem o arquivo mental em desenvolvida
extensão (CASCUDO, L. C. (1984), P. 165/166), pois
realizam, com vantagem, a arte de exercitar a fantasia das
crianças.
Os livros da série Histórias que a Vovó Maria contava
trazem à memória noites de estórias e crianças no colo.
Conservam a lembrança de uma voz que contava narrativas
de mundos distantes, de horizontes sem fim. Depois, da
viagem na estória, uma menina retornava feliz para seu
canto entoado pelo sotaque de uma vovó contando, de uma
vovó cantando, de uma vovó fazendo seu gerúndio
continuado na circunstância do amor.
Os contos Renato e as bananas Ourinhos, O papagaio
e a rocodela e A sopa de pedras não são recontos, pois as
fabulações são outras, mas alguns mitos referidos nas
narrativas fazem parte da literatura oral.
A Autora
2- Ouça a leitura do texto “Apresentação”, agora desenvolvida por
seu professor.
Faça uma leitura do texto todo para os alunos e depois retorne
pausando nos parágrafos para comentar os processos mentais ativados
por você no momento da leitura. Coloque-se como modelo de leitor
eficiente.
cebe
Comente com os alunos que esses processos podem ser
percebidos por eles e que são estratégias de leitura que os ajudarão a
monitorar as dificuldades de compreensão que poderão encontrar ao ler
um texto.
Não deixe de comentar com os alunos os processos percebidos.
Algumas dessas estratégias metacognitivas encontram-se abaixo
relacionadas, porém, outras poderão se evidenciar durante o
desenvolvimento da atividade de leitura.
A força do valor semântico presente no título permite que se
levantem hipóteses do conteúdo textual. Ao se ler “Apresentação”, uma
série de significações do termo são pré-dispostas. As informações
disponibilizadas no enunciado inicial das atividades contribuem como
conhecimentos prévios ativados para a compreensão.
No parágrafo inicial, há a necessidade de uma pausa para a
reorganização das informações. O leitor eficiente localiza o termo
“comunicação”, e percebe como ele é retomado por pronomes ou
elipses no decorrer de todos os períodos e está sempre associado ao ser
humano.
O segundo parágrafo inicia com o termo “Dentre” já
possibilitando ao leitor localizar a informação seguinte “literatura oral”
como núcleo do parágrafo. A partir do nome “Luís da Câmara
Cascudo” inicia-se uma citação indireta que exige do leitor o
conhecimento prévio necessário para a funcionalidade das citações nos
textos.
No terceiro parágrafo, uma viagem ao passado da autora se
sugestiona por meio da leveza vocabular escolhida. O uso de itálico em
“Histórias que a Vovó Maria contava” atrai a atenção do leitor e
Teatro “Renato e as bananas Ourinhos”.
Propaganda de leitura dos livros da autora.
Leitura das demais obras da escritora:
O castelo de Branca de Neve;
A sopa de Viaro;
A pedra furada;
Os cabelos de Rebeca;
O bezerro e a rainha.
possibilita que os conhecimentos prévios referentes sejam ativados. O
termo destacado em itálico justifica o título do texto. Apenas o uso de
“gerúndio continuado” pede ao leitor o conhecimento da linguagem
figurativa e linguística.
O último parágrafo é marcado pelos títulos da obras da escritora
em itálico e informações complementares às mesmas. As palavras
reconto e fabulações retomam conhecimentos prévios ou estudo
vocabular.
O texto como um todo apresenta vocabulário elaborado para o
dissertativo, mas não traz dificuldades de compreensão, uma vez que
parte da escolha de palavras muitas vezes sugestivas, próximas da
linguagem poética.
REFERÊNCIAS
KLEIMAN, Angela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 2. ed.
Campinas, SP: Pontes, 1989.
_______. Oficina de Leitura: teoria e prática. 10. ed. Campinas, SP: Pontes,
2004.
LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura. Porto Alegre: Sagra: DC Luzzatto, 1996.
LIMA, Maria de Fátima Gonçalves. O castelo de Branca de Neve. Ilustrado
por Everaldo Correia de Lima Júnior. Goiânia: Edição do autor, 2004;
_______. A sopa de Viaro e outras estórias. Ilustrado por Everaldo Correia
de Lima Júnior e Cecília Menezes Gonçalves Lima. Goiânia, 2007;
_______. O papagaio e a rocodela. Ilustrado por Everaldo Correia de Lima
Júnior e Cecília Menezes Gonçalves Lima. Goiânia: Edição do autor, 2007;
_______. A pedra furada. Ilustrado por Diana Gonçalves Lima. Goiânia: UCG,
2009;
_______. Os cabelos de Rebeca. Ilustrado por Everaldo Correia de Lima
Júnior e Cecília Menezes Gonçalves Lima. Goiânia: UCG, 2009;
_______. O bezerro e a rainha. Ilustrado por Everaldo Correia de Lima Júnior
e Cecília Menezes Gonçalves Lima. Goiânia: UCG, 2009.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schilling. 6. ed. Porto
Alegre: ArtMed, 1998.
VIANA, Fernanda Leopoldina [et al.] O ensino da compreensão leitora: da
teoria à prática pedagógica: um programa de intervenção para o 1.º Ciclo do
Ensino Básico. Coimbra: Almedina, 2010. ISBN 978-972-40-4362-3. Disponível
em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/11219>. Acesso em: 13
jul. 2011
VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o
desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. L. S. Vigotsky;
organizadores Michael Cole [et. al.]. Tradução José Cipolla Neto, Luís Silveira
Menna Barreto, Solange Castro Afeche. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1998. – (Psicologia e Pedagogia)
AVALIAÇÃO
O resultado da aplicação da Unidade Didática sob o título A
COMPREENSÃO LEITORA NAS SÉRIES INICIAIS: Uma leitura da obra
infanto-juvenil de Maria de Fátima Gonçalves Lima encontra-se voltado à
observação do envolvimento dos alunos no decorrer das atividades.
Serão observados aspectos como:
Atenção dispensada pelos alunos ao desenvolver as atividades;
Participação dos alunos nas atividades de oralidade;
Comprometimento dos alunos na resolução das atividades escritas;
Interação entre os alunos;
Busca de apoio pedagógico pelos alunos;
Demonstração de uso das estratégias metacognitivas pelos alunos;
Motivação dos alunos para novas leituras.
ANEXOS
Anexo I: Texto narrativo O papagaio e a Rocodela, da escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima;
Anexo II: Texto narrativo Renato e as bananas Ourinhos, da escritora Maria de
Fátima Gonçalves Lima.
ANEXO I:
O PAPAGAIO E A ROCODELA
Era uma vez, uma floresta assombrada. Todos os habitantes da região
temiam aquele lugar misterioso. Porém, perto dali, morava um homem que se
dizia muito corajoso. Certo dia, este moço avisou que iria caçar na floresta.
Aflitos, seus conhecidos tentaram convencê-lo a desistir da ideia. Mas parece
que, movido por uma força oculta, o pretenso caçador preparou suas armas e
bagagens e partiu para a temida extensão de terra coberta por árvores e
mistérios.
Na floresta, o caçador não viu resquício de animal algum. O ambiente
era sombrio e silencioso. Somente ouviam-se as vozes dos ventos e das folhas
de árvores. Não havia canto de pássaros, nem ruído de outros seres
selvagens. Um frio correu pela barriga do caçador. Como um lugar podia ser
assim, tão triste e calado? Que segredo este silêncio guardava?
No frio mudo de um lúgubre recanto, o homem avistou um papagaio
comendo um pequeno fruto arredondado. Estava ali uma possível caça; aliás,
sua única alternativa. Ele não queria chegar em casa de mãos vazias.
Precisava de uma presa qualquer, o papagaio lhe servia. Assim, foi logo
armando-se para o alvo.
O papagaio, que continuava degustando sua frutinha, parecia olhar o
caçador atenciosamente. E, ao perceber a intenção do homem, cantou assim:
- Não me mate agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha
rocodela, paco papaco!
Surpreendido pela voz e canto do animal, o caçador ficou gelado de
medo, mas logo pensou sobre a necessidade daquela caça e respondeu:
- Que história de comer rocodela! Nunca vi papagaio falar assim!
Dito isso, o caçador deu um tiro certeiro e a ave caiu no chão de folhas
secas.
Ansioso, o moço correu para agarrar sua caça. Entretanto, antes de
tocar no animal, ouviu um novo canto:
- Não me pegue agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha
rocodela, paco papaco!
Ainda espantado, o homem respondeu que não queria saber de
rocodela. Convicto, jogou dentro de seu balaio de caçador, o animal apanhado
na caçada.
O destemido moço saiu daquela floresta misteriosa, bastante
sobressaltado, mas com uma caça a tiracolo.
Ao chegar em sua casa, foi logo preparar o fogo e a panela com água
para despenar o papagaio. Como morava sozinho, não tinha ajudante, ou
alguém para testemunhar sua coragem ou assombramento. Sem perder tempo,
mergulhou a ave na panela com água quente. De novo o papagaio cantou:
- Não PE pele agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha rocodela,
paco papaco!
Já um pouco acostumado com o controvertido discurso do estranho
animal, o homem continuou respondendo que não queria saber de rocodela
nenhuma, tirou todas as penas do papagaio, limpou o corpo, decepou-lhe a
cabeça e começou a cortar-lhe a barriga.
Nessa hora, ouviu novamente o pedido:
- Não me corte agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha
rocodela, paco papaco!
Já cansado dessa história de rocodela, o homem cortou as carnes da
ave, fez toda a limpeza necessária, temperou e colocou seu almoço no fogo. E,
para seu espanto, ouviu:
- Não me cozinhe agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha
rocodela, paco papaco!
Apesar de ter certeza do que estava ouvindo e vivenciando, o homem
continuou com seus afazeres culinários e deixou o fogo dominar aquela
assombração falante.
Ao perceber que o almoço estava pronto, o intrépido caçador foi
experimentar sua refeição. Ao dar a primeira garfada na carne da ave, ouviu,
incrédulo, a insistente súplica:
- Não me coma agora, não, paco papaco, deixa eu comer minha
rocodela, paco papaco!
Intrigado, o moço pensou que era apenas imaginação. Ficou a supor:
seria um fantasma aquela cantoria! Costume de ouvir aquele canto! Ideia fixa!
O que parecia impossível era esta carne cozida falar. Assim pensando,
devorou o seu alimento sem maiores preocupações.
Depois do almoço,como sempre fazia, deitou na rede para a sua sesta.
Entretanto, logo ao primeiro cochilo, ouviu uma voz saindo de dentro de sua
barriga:
- Quero sair! Quero sair! Quero sair!
No início, pensou que fosse um pesadelo, havia comido demais. Depois,
concluiu que não, pois a voz era insistente, repetia como um relógio, um
discurso batido.
- Quero sair! Quero sair! Quero sair! Quero sair! Quero sair! Quero sair!
Certo de que era pura realidade, resolveu enfrentar a situação
respondendo:
- Sai pela boca.
- Pela boca já entrei.
- Sai pelos olhos
- Pelos olhos tem sujeira.
- Sai pelos ouvidos.
- Seus ouvidos também não estão limpos.
- Quero sair! Quero sair! Quero sair! Mas quero sair sem me sujar, não
gosto de imundície.
- Ah! Então, eu não sei, sai por onde você quiser.
- Ótimo, vou sair pela barriga!
Os vizinhos ouviram um estouro. Alguns viram um papagaio voando por
cima da casa do ousado caçador. Curiosos, foram ver o sucedido. E ficaram
pasmos: o homem estava dormindo na rede, rodeado de pequenos papagaios
falantes, todos comendo rocodelas.
Maria de Fátima Gonçalves Lima
ANEXO II:
RENATO E AS BANANAS OURINHOS Numa floresta encantada, morava um menino chamado Renato. Um dia,
seus pais morreram e deixaram-lhe como herança apenas um cacho de
banana ourinho. O garoto, desconsolado, saiu pelo mundo afora com seu
cabedal de bananas sobre os ombros.
Andou, andou, andou e encontrou um macaco faminto. Ao ver Renato, o
macaco, aos pulos, disse:
- Menino, me dá essas bananas!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas,
posso dar não!
- Me dá as bananas, menino, que eu te dou esta espiga de milho.
Renato ficou pensativo, mas resolveu fazer a troca. Pegou a espiga de
milho e continuou seu caminho.
Andou, andou, andou até encontrar um lavrador. Percebendo a presença
de Renato, com a espiga de milho na mão, o lavrador parou o garoto e disse-
lhe:
- Menino, me dá essa espiga de milho!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas.
Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu milho. Posso dar não!
- Me dá a espiga, menino! Estou precisando de semente de milho para
minha lavoura. Eu troco a espiga por esta enxada.
O garoto sentiu que a permuta podia ser proveitosa e aceitou.
Com a enxada no ombro, o garoto entrou por um desvio e continuou a
sua caminhada. Andou, andou, andou até encontrar o morador de uma
chácara. Ao ver Renato com a enxada, o homem aproximou-se e disse ao
jovem viajante:
- Menino, me dá essa enxada!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas.
Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu milho. Milho dei ao lavrador. O
lavrador me eu enxada. Posso dar não!
- Me dá a enxada, menino! Minha chácara foi tomada por um mato
raivoso. Eu troco a enxada por uma espingarda.
Renato pensou, pensou, percebeu que era um negócio vantajoso e fez o
ajuste. Pegou a espingarda e continuou o seu destino. Agora, atravessava uma
mata densa e perigosa.
A cada passo, o risco parecia espreitar Renato como uma onça pintada
de sombra e medo. De repente, um ruído vindo das trevas atravessou o
caminho do nosso viajante. Uma onça preparava, no salto, o golpe certeiro de
suas garras sobre um jovem que cruzava a perigosa floresta. Renato, ao
perceber a ameaça, puxou o gatilho da espingarda, atirou para cima, e
assustou a fera.
Com os olhos cheios de gratidão, surge da mata um senhor bem vestido.
Era um advogado-fazendeiro que por ali andava com seu único filho. Estavam
contemplando as suas propriedades, quando foram surpreendidos pela cólera
de um felino de pintas e morte.
Agradecido, o advogado foi cumprimentar o rapaz. Nesse instante,
percebeu que a arma de Renato era muito preciosa, pois, além de ter sido o
instrumento de salvação de seu herdeiro, era uma peça de marca especial.
Então, o senhor pediu ao viajante que lhe vendesse a espingarda:
- Meu rapazinho, gostaria de adquirir essa espingarda!
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas.
Bananinhas, dei ao macaco. O macaco me deu milho. Milho dei ao lavrador. O
lavrador me deu enxada. Enxada, dei ao chacareiro. O chacareiro deu
espingarda. Posso vender não!
- Venda-me a espingarda meu jovem! Em troca da arma e como forma
de reconhecimento pelo seu gesto de bravura, dou-lhe uma fazenda.
Os olhos de Renato brilharam, o negócio não podia ser melhor. Ter uma
fazenda sempre foi seu grande sonho. Sem pestanejar, aceitou com convicção.
Renato agora era fazendeiro. Sua fazenda ficava no alto de uma colina,
e a casa principal, toda rodeada por grandes mangueiras e outras árvores
frutíferas. O vento executava músicas que encantavam quem respirasse
aqueles ares. Assim, o menino das bananinhas possuía agora a sua fazenda
Ourinhos, seu salto para a tranquilidade. Ali, o garoto cresceu e tornou-se um
rapaz belo e íntegro.
Na vizinhança da fazenda Ourinhos, morava um Rei que, após anos de
viuvez, casou-se novamente. O primeiro casamento proporcionou-lhe a maior
riqueza, sua filha Luíza. Porém, a princesa não estava feliz naquele castelo ao
lado de sua madrasta. Luíza, que já era mocinha, pediu ao seu pai que
construísse um castelo só para ela. Então, pai e filha foram procurar um lugar
ideal para a construção do sonho da jovem
Andaram um pouco e chegaram até as terras vizinhas. De repente,
Luíza avistou a casa de Renato, no alto da colina, e ouviu o vento encantado
do lugar. Os olhos da princesa brilharam e, eufórica, disse ao Rei:
- Papai, quero construir o meu castelo ali!
O pai observou a localidade e respondeu:
- Não, Luíza, ali não pode ser, aquelas terras não são minhas.
- Então, compre-as, papai, aquela colina parece encantada, pressinto
que ali está o meu sonho!
O Rei foi procurar o dono daquela fazenda e, ao encontrar Renato, falou
ansioso:
- Meu jovem, preciso comprar suas terras com urgência!
O moço fazendeiro de pronto, respondeu:
- Não posso, papai morreu, mamãe morreu, deixaram bananinhas.
Bananinhas dei ao macaco. O macaco me deu milho. Milho dei ao lavrador. O
lavrador me deu enxada. Enxada dei ao chacareiro. O chacareiro me deu
espingarda. Espingarda dei ao fazendeiro. O fazendeiro me deu esta fazenda.
Não posso vender não!
- Me venda a fazenda, meu rapaz! Eu pago o quanto quiser.
Renato ia dizer não, novamente, quando seus olhos encontraram-se
com o brilho dos olhos azuis de Luíza, pedindo, ansiosos, um sim. A presença
da princesa deixou Renato numa espécie de arrebatamento, mergulhado na
beleza dos cachos dourados e do magnífico rosto de Luíza. Ela era a luz que
ele buscava, seu sonho maior. Um mar de amor inundou sua alma. Renato
ficou mudo.
Luíza também sentiu que ali estava sua felicidade e entendeu o som dos
ventos que tinha ouvido ao chegar ali. Fascinada, descobriu que tinha
encontrado seu porto seguro, seu príncipe. Agora, o medo da resposta era a
sua dor. Ela precisava dele e dos ventos daquela colina para ser feliz em seu
castelo. Enquanto ouvia seus pensamentos, não percebeu a resposta
afirmativa de Renato.
Um majestoso castelo ergueu-se no alto da colina da fazenda Ourinhos
e sua inauguração foi marcada pelo casamento mais importante de que se tem
notícia. Renato e Luíza eram o centro de um grande amor, de uma história de
encantos e sonhos realizados. Casaram-se e foram felizes para sempre.
Maria de Fátima Gonçalves Lima