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DÚVENDOR - UM TRIBUTO A TOLKIEN WWW.DUVENDOR.HPG.COM.BR Os Dragões Os Flagelos de Morgoth O Quenta Silmarillion conta como, na Primeira Era do Sol, Morgoth, o Inimigo Negro escondeu-se nos Abismos de Angband e forjou suas obras-primas do mal a partir da chama e da bruxaria. Essas jóias tenebrosas do gênio de Morgoth eram os Grandes Vermes chamados Dragões. Ele os fez de três tipos: aqueles que eram como grandes serpentes que rastejavam, aqueles que caminhavam sobre pernas e aqueles que voavam, dotados de asas como as do morcego. Dessas raças havia dois tipos: os Dragões Gelados, que lutavam com presas e garras, e os miraculosos Urulóki ou Dragões Ígneos, que destruíam com sopros de chama. Todos os Dragões eram a corporificação dos piores males dos Homens, Elfos e Anões, e, portanto eram hábeis na destruição dessas raças. Os próprios Dragões eram como grandes exércitos que trabalhavam no sentido dos objetivos de Morgoth. Os répteis eram de um poder e tamanho imenso e eram protegidos por escamas de ferro impenetrável. Suas presas e garras eram como lanças e espadas, e seus calcanhares podiam esmagar a parede de escudos de qualquer exército. Os Dragões Alados varriam a terra abaixo de suas asas como furacões, e os Dragões Ígneos sopravam chamas verdes e escarlates que lambiam a terra e destruíam tudo em seu caminho. Os Dragões portavam outros poderes mais sutis além do poder da força. Sua visão era mais acurada que a do falcão e nada do que vissem podia escapar-lhes. Eles possuíam uma audição que podia capturar o som da mais leve respiração do mais silencioso dos inimigos, e um faro que lhes permitia nomear qualquer criatura pelo mais leve cheiro da sua carne. A inteligência dos Dragões era famosa, assim como a sua paixão por propor e resolver enigmas. Dragões eram antigas serpentes, e, portanto eram criaturas de enorme esperteza e conhecimento, mas sem sabedoria, pois sua inteligência era obscurecida por sua soberba, gula, cobiça, falácia e fúria. Tendo sido criados principalmente a partir de elementos de fogo e bruxaria, os Dragões temiam a água e preferiam a escuridão à luz do dia. Sangue de dragão era negro e mortalmente venenoso, e os vapores do seu corpo de verme eram de enxofre escaldante e limo. Seus corpos brilhavam sempre com uma chama forte, como uma pedra preciosa. Sua risada era mais profunda que as profundezas de uma nascente e fazia as próprias montanhas tremer. Os olhos dos Dragões emitiam raios de luz rubi ou luziam como raios vermelhos quando encolerizados. Suas cruéis vozes de réptil eram sussurros ásperos e, combinadas com a intensidade do olho da serpente, invocavam o feitiço de Dragão que dominava inimigos desavisados e os fazia querer se render à espantosa vontade da fera. O primeiro dos Dragões de Fogo, os Urulóki, a ser criado por Morgoth em Angband foi Glaurung, Pai dos Dragões. Depois de apenas um século sendo criado e crescendo nas cavernas, Glaurung irrompeu em fúria ardente do portão de Angband e apareceu para um mundo espantado. Os elfos que guardavam Angband ficaram deveras espantados com Glaurung, muitos simplesmente fugiram dele com medo de seu hálito de fogo e seus olhos penetrantes. Mas uma guarda de arqueiros élficos montada fez um círculo ao redor de Glaurung, e suas longas flechas eram fortes a ponto de penetrar na couraça do dragão que teve que fugir de volta a Angband ou ser morto, pois neste momento Glaurung ainda eram jovem e não tinha sua pele suficientemente A História dos Dragões 1

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Os DragõesOs Flagelos de Morgoth

O Quenta Silmarillion conta como, na Primeira Era do Sol, Morgoth, o Inimigo Negro escondeu-se nos Abismos de Angband e forjou suas obras-primas do mal a partir da chama e da bruxaria. Essas jóias tenebrosas do gênio de Morgoth eram os Grandes Vermes chamados Dragões. Ele os fez de três tipos: aqueles que eram como grandes serpentes que rastejavam, aqueles que caminhavam sobre pernas e aqueles que voavam, dotados de asas como as do morcego.

Dessas raças havia dois tipos: os Dragões Gelados, que lutavam com presas e garras, e os miraculosos Urulóki ou Dragões Ígneos, que destruíam com sopros de chama. Todos os Dragões eram a corporificação dos piores males dos Homens, Elfos e Anões, e, portanto eram hábeis na destruição dessas raças. Os próprios Dragões eram como grandes exércitos que trabalhavam no sentido dos objetivos de Morgoth. Os répteis eram de um poder e tamanho imenso e eram protegidos por escamas de ferro impenetrável. Suas presas e garras eram como lanças e espadas, e seus calcanhares podiam esmagar a parede de escudos de qualquer exército. Os Dragões Alados varriam a terra abaixo de suas asas como furacões, e os Dragões Ígneos sopravam chamas verdes e escarlates que lambiam a terra e destruíam tudo em seu caminho.

Os Dragões portavam outros poderes mais sutis além do poder da força. Sua visão era mais acurada que a do falcão e nada do que vissem podia escapar-lhes. Eles possuíam uma audição que podia capturar o som da mais leve respiração do mais silencioso dos inimigos, e um faro que lhes permitia nomear qualquer criatura pelo mais leve cheiro da sua carne. A inteligência dos Dragões era famosa, assim como a sua paixão por propor e resolver enigmas. Dragões eram antigas serpentes, e, portanto eram criaturas de enorme esperteza e conhecimento, mas sem sabedoria, pois sua inteligência era obscurecida por sua soberba, gula, cobiça, falácia e fúria.

Tendo sido criados principalmente a partir de elementos de fogo e bruxaria, os Dragões temiam a água e preferiam a escuridão à luz do dia. Sangue de dragão era negro e mortalmente venenoso, e os vapores do seu corpo de verme eram de enxofre escaldante e limo. Seus corpos brilhavam sempre com uma chama forte, como uma pedra preciosa. Sua risada era mais profunda que as profundezas de uma nascente e fazia as próprias montanhas tremer. Os olhos dos Dragões emitiam raios de luz rubi ou luziam como raios vermelhos quando encolerizados. Suas cruéis vozes de réptil eram sussurros ásperos e, combinadas com a intensidade do olho da serpente, invocavam o feitiço de Dragão que dominava inimigos desavisados e os fazia querer se render à espantosa vontade da fera. O primeiro dos Dragões de Fogo, os Urulóki, a ser criado por Morgoth em Angband foi Glaurung, Pai dos Dragões. Depois de apenas um século sendo criado e crescendo nas cavernas, Glaurung irrompeu em fúria ardente do portão de Angband e apareceu para um mundo espantado.

Os elfos que guardavam Angband ficaram deveras espantados com Glaurung, muitos simplesmente fugiram dele com medo de seu hálito de fogo e seus olhos penetrantes. Mas uma guarda de arqueiros élficos montada fez um círculo ao redor de Glaurung, e suas longas flechas eram fortes a ponto de penetrar na couraça do dragão que teve que fugir de volta a Angband ou ser morto, pois neste momento Glaurung ainda eram jovem e não tinha sua pele suficientemente

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endurecida. Assim a primeira aparição do Verme de Morgoth foi rápida e mal causou danos, e assim mesmo uma dura provação aos Noldor que cercavam Angband.

Apesar de não pertencer à raça alada que mais tarde surgiria, Glaurung era o maior terror da sua época. Ele queimou e tornou selvagens as terras dos Elfos em Hithlum e Dorthonion antes de Fingon, príncipe de Hithlum, tê-lo feito recuar. Morgoth, no entanto, estava descontente com Glaurung por sua impulsividade, pois ele havia planejado que os Dragões deveriam crescer até o seu poder total antes de revelá-lo para o Mundo desavisado. Para Glaurung o seu ataque não passava de uma aventura adolescente - um teste juvenil de poder. Apesar de ter sido terrível para os Elfos, sua força mal estava desenvolvida e sua armadura de escamas ainda estava penetrável às armas.

Devido a isso Morgoth manteve Glaurung dentro de Angband por outros dois séculos antes de soltar os Urulóki. Este foi o começo da Quarta Batalha nas Guerras de Beleriand que ficou conhecida como a Batalha da Chama Súbita, quando Glaurung o Grande Verme, no auge do seu poder, liderou as forças de Morgoth na batalha contra os Altos Elfos de Beleriand. Seu grande tamanho e seu fogo abrasador abriram um caminho entre os exércitos de seus inimigos, e com os demônios de Morgoth, os Balrogs, e legiões negras de orcs inumeráveis, ele quebrou o cerco a Angband e trouxe desespero aos Elfos.

Na Quinta Batalha, chamada de Batalha das Lágrimas Incontáveis, Glaurung causou uma destruição ainda mais terrível, pois nessa altura ele tinha (da maneira misteriosa dos Dragões) dado origem a uma ninhada de Dragões Ígneos e Dragões Gelados menores para segui-lo na guerra. Tanto exércitos de Elfos como de Homens caíram diante desse ataque furioso, e ninguém podia suportar a chama do Dragão a não ser os Anões de Belegost, que tinham vindo lutar contra o inimigo comum. Dizem as lendas que a última de todas as forças a permanecer firme foi a dos anões de Belegost, que, por isso, ganhou fama pois os Naugrim suportavam o fogo mais valentemente do que os Elfos ou os Homens e, ademais, era seu costume usar em combate grandes máscaras, horríveis à vista; e isso dava-lhes vantagem contra os dragões. Se não fossem eles Glaurung e sua prole teriam destruído tudo quanto restava dos Noldor.

Mas os Naugrim fizeram um círculo à volta dele quando os assaltou, e nem a sua poderosa armadura resistiu totalmente aos golpes dos seus grandes machados; e quando na sua ira Glaurung se voltou e derrubou Azaghâl senhor de Belegost, e rastejou sobre ele, com o último alento Azaghâl cravou-lhe uma faca na barriga, e de tal modo o feriu que ele fugiu do campo de batalha, e as feras de Angband, apavoradas fugiram atrás dele.

Então os anões levantaram o corpo de Azaghâl e levaram-nos com passos lentos, caminharam atrás dele a cantar em voz profunda, como se fora uma pompa fúnebre na sua terra, e não prestaram mais atenção aos seus inimigos, e nenhum ousou detê-los. Glaurung foi também a principal arma de Morgoth durante ataques a fortalezas élficas. Quando ocorreu o saque a Nargothrond, o Verme de Morgoth estava lá, Glaurung avistou Túrin e falou: “Salve filho de Húrin, bom encontro”. Túrin, enlouquecido de ódio atacou Glaurung que ficou parado e abriu por completo seus olhos, que eram como olhos de serpente. Sem medo Túrin sustentou-lhe o olhar enquanto erguia a espada, e imediatamente ficou sob o encanto do dragão. Então Glaurung falou novamente: “Ruins tem sido teus atos, filho de Húrin. Andas como um príncipe enquanto tua irmã e mão caminham pela terras ermas como mendigas, mas tu não te importas com isso. Feliz ficará teu pai ao saber que tem tal filho, pois há de sabe-lo”. E Túrin, sob o encantamento de Glaurung, escutou e acreditou nestas palavras. Vendo que suas mentiras tiveram efeito Glaurung libertou Túrin, que saiu correndo em busca de sua família sem nem ao menos pensar no que estava fazendo, e glaurung riu-se disso.

Então, vendo que todos s elfos de Nargothrond haviam sido mortos ou aprisionados e que Túrin não o incomodaria mais por longo tempo, Glaurung decidiu fazer sua a fortaleza semi-destruída. Expeliu fogo que queimou tudo a seu redor, ordenou a todos os orcs que estavam ocupados

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saqueando Nargothrond que parassem e recusou-lhes o que haviam roubado até a última moeda. Depois destruiu a ponte de pedra sobre o Narog e reuniu todo o tesouro e riquezas de Finrod, fez com elas um monte e deitou-se sobre ele no maior de seus salões. Glaurung era agora o novo Senhor de Nargothrond.

Morgoth usou Glaurung para manter territórios que conquistava; mas a força na batalha não era o único poder que o monstro conhecia. Ele trouxe muitos para o seu controle com o poder dominador do seu olho de serpente e a sua hipnótica fala. Anos depois de Glaurung ter saqueado e devastado o reino de Nargothrond, o "Narn i Hîn Húrin" relata com ele foi morto pelo mortal Túrin Turambar. O dragão encontrava-se em Cabed-en-Aras, onde o rio corria numa garganta profunda e estreita que poderia ser ultrapassada apenas por um salto de gamo. Túrin decidiu que esperaria Glaurung passar, e então, estando abaixo de seu ventre desprotegido o atacaria e mataria. Túrin desembaiou sua espada, Gurthang, e com toda a força de seu braço e ódio cravou-a no ventre mole do verme de Morgoth. Quando Glaurung sentiu o golpe mortal soltou um berro medonho e caiu no abismo, onde ficou se debatendo em espasmos e jatos de fogo que levaram a ruína todo o vale a sua volta.

Túrin caminhou até onde estava a carcaça de Glaurung, agarrou sua espada e zombou do dragão: “Salve verme de Morgoth, esse é um feliz reencontro, morre agora e que a escuridão te devore, assim fica vingado Túrin, filho de Húrin”. Depois arrancou a espada, mas um jato de sangue negro e venenoso saiu com ela e queimou-lhe a mão. Glaurung ainda não estava morto e abriu os olhos olhando Túrin com tal perversidade que ele sentiu como uma pancada, por isso e pela dor do ferimento desfaleceu. Glaurung morreu instantes depois, mas antes teve tempo de amaldiçoar novamente Túrin e Nienor, sua irmã, e foram as palavras finais do dragão que causaram suas mortes. Com isso morreu Glaurung, pai dos dragões, o Grande Verme de Morgoth e flagelo de elfos e homens.

Mas apesar de Glaurung ser chamado de Pai dos Dragões, o maior Dragão que um dia entrou no Mundo era aquele chamado Ancalagon o Negro. "Mandíbulas Impetuosas" é o significado do seu nome, e sua majestade voraz devastou o exército do Ocidente na Grande Batalha e a Guerra da Ira no final da Primeira Era do Sol. Dos fossos de Angband saíram os dragões alados, que nunca tinham sido vistos antes; e tão súbito e ruinoso foi o aparecimento dessa temível esquadra que a hoste dos Valar recuou, pois a vinda dos dragões foi acompanhada de grande trovoada e relâmpagos e de uma tempestade de fogo.

Mas Eärendil chegou, ofuscante em uma chama branca, e à volta de Vingilot estavam reunidas todas as grandes aves do céu, e Thorondor era o seu capitão; travou-se combate no ar durante todo o dia e uma negra noite de dúvida. Antes do nascer do Sol, Eärendil. matou Ancalagon, o Negro, o mais poderoso da hoste dos dragões, e arremessou do céu; e ele caiu nas torres de Thangorodrim, que foram destruídas pela ruína do dragão. Então, o Sol nasceu, a hoste dos Valar predominou e quase à noite todos os dragões estavam destruídos; e todas as minas de Morgoth foram atacadas, e as forças dos Valar desceram às profundezas da terra.

Tão grande foi a derrota dos Dragões na Grande Batalha que apenas na Terceira Era do Sol que as histórias da Terra-média falam novamente de Dragões. Nesse tempo eles habitavam as regiões desertas além das Montanhas Cinzentas do Norte. E, segundo consta, sua cobiça os trouxe à riqueza escondida dos Sete Reis dos Anões. O maior de todos os dragões das Montanhas Cinzentas era aquele chamado Scatha o Verme, que expulsou os anões de suas mansões aterrorizados. Porém um príncipe dos Homens ficou e lutou. Este era o guerreiro Fram, filho de Frumgar, comandante da Éothéd, e Scatha foi morto por suas mãos. Contudo, foi um alívio apenas temporário do terror que se escondia nas montanhas, pois logo depois muitos Dragões Gelados voltaram às Montanhas Cinzentas. Apesar da defesa dos Anões ser valente e forte, eles foram esmagados; um por um seus guerreiros caíram e as ricas e auríferas Montanhas Cinzentas foram deixadas inteiramente para os Dragões.

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No século 28 da Terceira Era, a cronologia das Terras Ocidentais relata que o mais poderoso Dragão dessa Era veio do Norte para o grande reino dos Anões em Erebor, a Montanha Solitária. Esse Dragão Ígneo chamado Smaug o Dourado era imenso e tinha asas de morcego e era uma maldição de terror para os Anões e para os Homens. Com sua chama de Dragão abrasadora, Smaug arruinou a cidade dos homens de Dale e quebrou a porta e a muralha do Reino Anão na Montanha Solitária.

Os Anões fugiram ou foram destruídos e Smaug tomou as riquezas do lugar; ouro e pedras, mithril e prata, jóias élficas e gemas trabalhadas, e muitas esmeraldas, safiras e diamantes. Smaug havia se tornado "Rei sob a Montanha". No século 28 da Terceira Era, a cronologia das Terras Ocidentais relata que o mais poderoso Dragão dessa Era veio do Norte para o grande reino dos Anões em Erebor, a Montanha Solitária. Esse Dragão Ígneo chamado Smaug o Dourado era imenso e tinha asas de morcego e era uma maldição de terror para os Anões e para os Homens. Com sua chama de Dragão abrasadora, Smaug arruinou a cidade dos homens de Dale e quebrou a porta e a muralha do Reino Anão na Montanha Solitária. O primeiro sinal dele da vinda de Smaug foi um barulho como um furacão vindo do norte, e os pinheiros das montanhas chiando e estalando com o vento.

Alguns dos anões por acaso estavam do lado de fora quando, de uma boa distância, o dragão pousou na montanha num jato de fogo. Então ele desceu as encostas e, quando atingiu a floresta ela se incendiou inteira. Naquele momento todos os sinos estavam repicando em Vale e os guerreiros estavam se armando. Os anões correram para fora pelo seu grande portão, mas lá estava o dragão à espera deles. Nenhum escapou por ali. O rio se ergueu em vapor e um nevoeiro cobriu Vale, e no nevoeiro o dragão avançou sobre eles e destruiu a maioria dos guerreiros; a triste história de sempre, isso era muito comum naquela época. Depois voltou e se arrastou através do Portão Dianteiro e saqueou todos os salões e alamedas; e túneis, becos, adegas, mansões e corredores. Depois disso, não restaram anões vivos no lado de dentro, e ele pegou toda a riqueza deles para si. Provavelmente, pois esse é o jeito dos dragões, empilhou tudo num grande monte bem no interior da montanha, e dorme sobre ela como se fosse uma cama.

Assim, por dois séculos, Smaug reinou em Erebor sem ser desafiado. No entanto, no ano de 2941 uma companhia de aventureiros veio até a montanha; doze Anões liderados pelo rei legítimo de Erebor, Thorin Escudo-de-Carvalho, e um mercenário hobbit que se chamava Bilbo Baggins. Eles aproximaram-se do Dragão em segredo e ficaram espantados, uma vez que Smaug era maior do que poderiam ter imaginado e brilhava vermelho-dourado com uma fúria viperina. Ele também era protegido, como toda a sua raça, com escamas de ferro, mas por cautela ele também tinha protegido seu ventre macio da batalha; enquanto ele deitava estirado sobre a riqueza do seu tesouro, deixou que diamantes e gemas afiadas incrustassem no seu ventre, e desta forma curou sua única fraqueza. Assim, usando de esperteza o Hobbit Bilbo Baggins descobriu o único ponto no largo ventre da fera que não estava coberto de jóias, onde o aço afiado poderia penetrar.

Quando Smaug foi encolerizado pelos aventureiros, ele saiu em fúria e jogou o seu fogo sobre a terra. Por vingança, foi até Esgaroth no Lago Comprido, uma vez que os Homens do Lago haviam ajudado os aventureiros, lá vivia um Nórdico, valente e forte, chamado de Bard o Arqueiro que, guiado pelo segredo da fraqueza do Dragão. Smaug arremeteu contra a Cidade do Lago várias vezes, a última mais baixo do que nunca e, no momento em que se voltava para o mergulho, sua barriga brilhou, branca, as chamas das gemas faiscando no luar - exceto em um ponto. O grande arco zuniu. A flecha negra voou da corda, direto para o vazio no lado esquerdo do peito, perto de onde saía a pata dianteira.

Ali entrou e sumiu, farpa, haste e pena, tão violento foi seu vôo. Com um guincho que ensurdeceu os homens, derrubou árvores e partiu pedras, Smaug arremessou-se em chamas pelo ar, virou-se e caiu das alturas, derrotado. Caiu bem em cima da cidade. Seus últimos espasmos transformaram-na em centelhas e brasas. O lago invadiu-a com um rugido. Quando atingiu o lago o calor do seu corpo levantou ondas de vapor, tão forte era o calor que guerreiros chegavam a fugir

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das proximidades da água. Assim morreu Smaug, o Vermelho, o maior dos Dragões da Terceira Era. E daquela época em diante, tomaram-se de pavor pela água na qual o dragão jazia. Ele nunca mais retornaria ao seu leito de ouro, mas estava frio como pedra, retorcido sobre o fundo dos baixios. Ali, durante eras, seus enormes ossos podiam ser vistos quando o tempo era bom, em meio ás pilastras arruinadas da velha cidade. Mas poucos ousavam atravessar o ponto amaldiçoado, e ninguém atrevia-se a mergulhar na água gelada ou resgatar as pedras preciosas que caíam de sua carcaça putrefata.

Corriam rumores que os Dragões continuaram por muitos séculos a habitar o Deserto Nórdico além das Montanhas Cinzentas, mas nenhuma notícia chegou aos Homens da Terra-média falando novamente dessas criaturas maléficas, apesar de magníficas.

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