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UFOP - CETEC - UEMG REDEMAT REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP – CETEC – UEMG Dissertação de Mestrado "Síntese e caracterização de géis de acetato de celulose reticulados com dianidrido piromelítico e dianidrido do ácido 3,3´,4,4´benzofenona tetracarboxílico" Autor: Víctor de Alvarenga Oliveira Orientador: Prof. Vagner Roberto Botaro Co-orientador: Cláudio G. dos Santos Maio de 2008

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UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Dissertação de Mestrado

"Síntese e caracterização de géis de acetato de celulose reticulados com dianidrido piromelítico e

dianidrido do ácido 3,3´,4,4´benzofenona tetracarboxílico"

Autor: Víctor de Alvarenga Oliveira Orientador: Prof. Vagner Roberto Botaro

Co-orientador: Cláudio G. dos Santos

Maio de 2008

UFOP - CETEC - UEMG

REDEMATREDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

UFOP – CETEC – UEMG

Víctor de Alvarenga Oliveira

"Síntese e caracterização de géis de acetato de celulose reticulados com dianidrido piromelítico e dianidrido do ácido

3,3´,4,4´benzofenona tetracarboxílico"

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais da REDEMAT, como parte integrante dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais.

Área de concentração: Análise e seleção de materiais Orientador: Prof. Vagner Roberto Botaro Co-orientador: Cláudio G. dos Santos

Ouro Preto, maio de 2008

Catalogação: [email protected]

O48s Oliveira, Victor de Alvarenga.

Síntese e caracterização de géis de acetato de celulose reticulados com dianidrido piromelítico e dianidrido do ácido 3,3’,4,4’ benzofenona tetracarboxílico [manuscrito] / Victor de Alvarenga Oliveira. – 2008.

xv, 137f.: il. color., grafs e tabs. Orientador: Prof. Dr. Vagner Roberto Botaro. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Rede Temática em Engenharia de Materiais. Área de concentração: Análise e seleção de materiais. 1. Acetato de celulose - Teses. 2. Acetatos - Teses. 3. Hidrogel - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. II. Título.

Agradecimentos

À minha mãe por ser grande e assim fazer todas as conquistas parecerem pequenas.

Agradeço à Lorena pela dedicação, amor e paciência.

Aos meus irmãos que estão sempre presentes em minhas conquistas.

Ao meu pai pelo apoio e confiança.

Agradeço ao Maurílio pela paciência e sabedoria.

Agradeço aos meus tios em especial ao Tio Inácio pela ajuda de sempre e ao Tibeto por

ser companheiro. Às minhas tias Glória, Vera e em especial à Tia Miriam.

Agradeço aos meus primos André, Alexandre Folhão e Henrique. À Daniela Preá pela

ajuda e à Bela (pelo dente).

Agradeço ao meu orientador Vagner por acreditar.

Agradeço ao meu co-orientador Cláudio pela total disponibilidade, incentivo e

confiança durante todo o desenvolvimento deste trabalho.

I

Abstract

This work describes the synthesis of hydrogels of cellulose

acetate (AC), with a nominal degree of substitution DS = 2.5,

cross-linked with 1,2,4,5-benzenotetracarboxylic dianhydride (PMDA)

and 3,3',4,4'-benzophenonetetracarboxylic dianhydride (BTDA).

Hydrogels were obtained by esterification of the free hydroxyl groups in AC,

using triethylamine as catalyst and acetone as solvent.

The raw materials were characterized by thermal analysis (TG/DTG

- DSC - DTA) and by Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR). DS

of cellulose acetate was determined by titration with a known amount

of standard NaOH solution.

Hydrogels of PMDA were synthesized in stoichiometric ratios 0.1,

0.25, 0.5, 0.75 and 1.0 mol of PMDA/mol of AC and hydrogels of BTDA

were synthesized instoichiometric ratios 0.5, 0.75 and 1.0 mol of

BTDA/mol of AC.

FTIR proved to be a suitable method to follow the course of

reactions and the progress of purification. UV-vis spectroscopy and

thermal analysis confirmed the esterification of the free hydroxyl

groups. Surface modification of AC structure after the cross-linking

reaction was analyzed by Scanning Electron Microscope (SEM).

Density and porosity of the hydrogels were determined by BET.

The influence of the concentration of dianhydride on the time necessary for

formation of the gel was investigated. The influence of increasing in the degree of

cross-linking on the thermal behavior of the material was also documented.

Water absorption isotherms were obtained for hydrogels with

different reticulating agents and reticulation degrees at different

temperatures. The water absorption isotherms were obtained at 20, 30

and 40 °C. The swelling mechanism was analyzed in three stages: the

first stage analyzed the first 60% of the absorption isotherms, the

second stage described the mechanism of relaxation of the chains for

II

long durations of experiments and the third described the mechanism as a

whole.

The Arrhenius equation was used to determine the diffusion coefficient of the

different hydrogels in different temperatures and the threshold energy for the swelling

process. The swelling kinetic of gels was analyzed using the second order equation of

Schott.

The enthalpy of mixture ∆Hmix of the gel-water system was

determined through the measurement of the maximum quantity of water

absorbed at equilibrium at different temperatures, with the equation

of Gibbs/Helmholtz.

III

Resumo

Nesse trabalho foram realizadas sínteses de hidrogéis de acetato de celulose

(AC), com grau de substituição 2,5, reticulados com dianidrido piromelítico (PMDA) e

dianidrido da 3, 3´, 4, 4´ benzofenona tetracarboxílico (BTDA), por intermédio da

esterificação das hidroxilas livres nas cadeias de AC.

As caracterizações das matérias primas foram realizadas por análises térmicas

(TG/DTG – DSC – DTA) e espectroscopia na região do infravermelho (FTIR). O grau

de substituição do acetato de celulose (AC) foi determinado por via úmida.

Hidrogéis de PMDA foram sintetizados com razões estequiométricas de 0,1,

0,25, 0,5, 0,75 e 1,0 mol de PMDA/ mol de AC e hidrogéis de BTDA foram

sintetizados com razões estequiométricas de 0,5, 0,75 e 1,0 mol de BTDA/ mol de AC.

A confirmação da reação de esterificação foi possível a partir de análises de

técnicas de espectroscopia na região do infravermellho (FTIR), espectroscopia na região

do ultravioleta (UV-vis) e análises térmicas (TG/DTG – DSC – DTA). Modificações

superficiais e a presença de poros no novo material foram analisadas através de

microscopia eletrônica de varredura (MEV) e porosimetria (BET), respectivamente.

A influência da concentração de dianidrido, no meio reacional, no tempo de

formação do gel foi investigada, bem como a influência do aumento no grau de

reticulação no comportamento térmico do material.

Isotermas de absorção de água foram obtidas para os hidrogéis com diferentes

agentes reticuladores e diferentes graus de reticulação em diferentes temperaturas. A

análise do mecanismo de inchamento dos géis foi feita em três etapas: a primeira etapa

analisa os primeiros 60% da isoterma de inchamento, a segunda etapa descreve o

mecanismo de relaxação das cadeias para grandes tempos de experimento (fração

superior a 60%) e a terceira etapa descreve o mecanismo como um todo.

O coeficiente de difusão dos diferentes géis em diferentes temperaturas foi

determinado, a energia de ativação para o processo de inchamento foi determinada,

utilizando a equação de Arrhenius, e a cinética de inchamento dos géis foi analisada

utilizando a equação de segunda ordem de Schott.

A entalpia de mistura ∆Hmix do sistema gel-água pôde ser determinada através da

medida da quantidade máxima de água absorvida no equilíbrio a diferentes

temperaturas, usando a equação de Gibbs/Helmholtz.

IV

Sumário Capítulo 1 1 1. Introdução 1 1.1. A utilização da celulose como matéria prima 1 1.2. A produção de celulose no Brasil 1 1.3. O acetato de celulose como matéria prima 2 1.4. A produção de acetato de celulose no Brasil 3 1.5. Hidrogéis de acetato de celulose 4 1.6. Objetivos 7

1.6.1. Gerais 7 1.6.2. Específicos 7

Capítulo 2 8 2. Revisão bibliográfica 8 2.1. Celulose 8 2.2. Estruturas cristalinas da celulose 9 2.3. As regiões amorfas da celulose 11 2.4. Ésteres de Celulose 13 2.5. Acetato de Celulose 14 2.6. Redes poliméricas 16 2.7. Hidrogéis 17

2.7.1. Hidrogéis neutros 20 2.7.2. Hidrogéis iônicos 22

2.8. Processos de absorção de água pelos hidrogéis 24

2.8.1. Primeira lei da difusão 24 2.8.2. Segunda lei de Fick 25

2.8.3. O processo de inchamento em hidrogéis 26 2.8.4. Análise da dinâmica de inchamento de hidrogéis 27

2.9. Agente reticulador 31

2.9.1. Dianidridos 31 2.9.2 - Ácidos tetracarboxílicos 32

V

Capítulo 3 34

3. Materiais e Métodos 34

3.1. Síntese dos géis 34

3.1.1. Matéria Prima 34 3.1.2. Purificação dos reagentes 34 3.1.3. Determinação do ponto de fusão da matéria prima 35 3.1.4. Análise Térmica Diferencial (DTA) 35 3.1.5. Determinação do grau de acetilação do Acetol Flakes® 35 3.1.6. Síntese dos géis de PMDA e BTDA 36 3.1.7. Processo de lavagem e secagem 37

3.2. Estudo cinético da reação 37 3.3. Espectroscopia de absorção no infravermelho (FTIR) 38 3.4. Termogravimetria (TG) e termogravimetria derivada (DTG) 38 3.5. Calorimetria Exploratóri Diferencial (DSC) 39 3.6. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) 39 3.7. Adsorção de Nitrogênio (BET) e densidade 39 3.8. Espectroscopias de absorção no ultravioleta (UV-vis) 39 3.9. Estudo do inchamento 40 Capítulo 4 41

4. Apresentação e discussão dos resultados 41

4.1. Resultados da síntese dos géis 41

4.1.1. Resultado de caracterização das matérias-primas 41

4.1.1.a. Pontos de fusão 41 4.1.1.b. Espectroscopia na região do infravermelho 41 4.1.1.c. Análises térmicas 44

4.1.2. Apresentação dos resultados de análise do grau de substituição do

Acetol Flakes® 53 4.1.3. Discussão dos resultados de síntese, secagem e lavagem dos géis 54

4.2. Apresentação e discussão dos resultados cinéticos 59 4.3. Apresentação e discussão dos resultados de TG e DTG 64 4.4. Resultados de DSC 67 4.5. Resultados de adsorção de Nitrogênio (BET) 68 4.6. Resultados de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) 68 4.7. Análise qualitativa do grau de esterificação 69 4.8. Resultados de inchamento 72

4.8.1. Isotermas de absorção 72

VI

4.8.1 (a). Apresentação dos resultados de inchamento para os géis de PMDA 73 4.8.1 (b). Apresentação dos resultados de inchamento para os géis de BTDA

76 4.8.1 (c). Comparação dos resultados de absorção de água para os géis de PMDA e BTDA 80

4.8.2. Mecanismo de inchamento 81 4.8.2.1. Mecanismo de inchamento para frações de água absorvida inferiores a 0,6 81 4.8.2.1 (a). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de PMDA 82 4.8.2.1 (b). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de BTDA 85 4.8.2.1 (c). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de PMDA e BTDA 87 4.8.2.2. Análise da fração de água absorvida superior a 0,6 88

4.8.2.2 (a). Análise da fração de água absorvida superior a 0,6, para os géis de PMDA 88

4.8.2.2 (b). Análise da fração superior a 0,6 dos géis de BTDA 92 4.8.2.2 (c). Análise da fração superior a 0,6 dos géis de PMDA e BTDA 95

4.8.2.3. Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de

inchamento 96

4.8.2.3 (a). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de inchamento, para os géis de PMDA 96

4.8.2.3 (b). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de inchamento, para os géis de BTDA 103

4.8.2.3 (c). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de inchamento, para os géis de PMDA e BTDA 108

4.8.3. A energia de ativação do processo de inchamento 108

4.8.3 (a). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de

PMDA 108 4.8.3 (b). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de

BTDA 109 4.8.3 (c). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de

PMDA e BTDA 110

4.8.4. Cinética de inchamento 111

4.8.4 (a). Cinética de inchamento para os géis de PMDA 111 4.8.4 (b). Cinética de inchamento para os géis de BTDA 115 4.8.4 (c). Cinética de inchamento para os géis de PMDA e BTDA 118

VII

4.8.5. A entalpia de mistura do sistema gel-água 118

4.6.5 (a). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de PMDA 118

4.8.5 (b). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de BTDA 122

4.8.5 (c). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de PMDA e BTDA 123

4.9. Descrição de um mecanismo simplificado e possível para a reação

123

Capítulo 5 129

5. Conclusões 129

Capítulo 6 132

6. Referência Bibliográfica 132

VIII

Lista de Figuras Figura 1.1. - Fotografia do Acetol Flakes® 2 Figura 1.2. - Estrutura química do hidrogel de PMDA 4 Figura 1.3. - Estrutura química do hidrogel de BTDA. 5 Figura 1.4. - Hidrogéis de acetato de celulose reticulados com PMDA. Na figura A mostramos o gel 0,1P com ampliação de 8X, na figura B mostramos o gel 1,0P com uma ampliação de10X, na figura C mostramos o gel 0,25P com ampliação de 50X e na figura D mostramos o gel 0,25P com ampliação de 6,5X. 5 Figura 1.5. - Hidrogéis de acetato de celulose reticulados com BTDA. Na figura A mostramos o gel 0,5B com ampliação de 6,5X, na figura B mostramos o gel 0,5B com ampliação de 8X e na figura C mostramos o gel 3,0B com ampliação de 50X. 5 Figura 2.1.1. - Unidade de (β) D-glucopiranose. 8 Figura 2.1.2. - A estrutura circulada pela linha pontilhada representa a unidade de anidrocelobiose. 9 Figura 2.2.1. - Algumas das possíveis ligações de hidrogênio intra e intermolecular formadas entre as cadeias de celulose. 11 Figura 2.5.1. - Estrutura química do acetato de celulose. 15 Figura 2.6.1. - Formação de uma rede polimérica através da polimerização de grupos terminais. 16 Figura 2.6.2. - Formação de uma rede polimérica através da reticulação das cadeias. 17 Figura 2.9.1.1. - Estrutura química do dianidrido do ácido 1,2,4,5 benzeno tetracarboxílico (PMDA). 31 Figura 2.9.1.2. - Estrutura química do dianidrido do ácido 3,3´,4,4´-benzofenona tetracarboxílico (BTDA). 31 Figura 2.9.2.1. - Ligação intramolecular presente em poli ácidos carboxílicos. 33 Figura 4.1.1. - Espectro de FTIR do acetato de celulose (Acetol Flakes®). 42 Figura 4.1.2. - Espectro de FTIR do acetato de celulose padrão. 42 Figura 4.1.3. - Espectro de FTIR do BTDA. 43 Figura 4.1.4. - Espectro de FTIR do PMDA. 44

IX

Figura 4.1.5. - A - curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - calorimetria exploratória diferencial (DSC) do AC. 45 Figura 4.1.6. - A - curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do AVICEL. 47 Figura 4.1.7. - A - Curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do BTDA. 49 Figura 4.1.8. - Reação atribuída ao primeiro evento da curva de DTG do BTDA. 49 Figura 4.1.9. - Curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do PMDA. 51 Figura 4.1.10. - Reação atribuída ao segundo evento da curva de DTG do PMDA. 51 Figura 4.1.3.1. - FTIR do acetato de celulose (a), do gel de PMDA lavado (b) e do gel de PMDA não lavado (c). 56 Figura 4.1.3.1. - FTIR do acetato de celulose (a), do gel de BTDA lavado (b) e do gel de BTDA não lavado(c). 58 Figura 4.1.3.3. - TG do acetato de celulose e dos géis de BTDA e PMDA. 59 Figura 4.1.3.4. - DTG do acetato de celulose e dos géis de BTDA e PMDA. 59 Figura 4.2.1. - Curva cinética mostrando a influência da concentração inicial de dianidrido no tempo gasto para o sistema alcançar o ponto de gel. 60 Figura 4.2.2. - Curvas que mostram o decaimento de primeira ordem quando as concentrações de dianidridos foram menores ou pouco maiores que o ponto de formação dos precipitados. 61 Figura. 4.2.3. - Formas canônicas no grupo carbonila de uma cetona. 62 Figura 4.2.4. - Formas canônicas de grupos anidridos. 62 Figura 4.2.5. - A molécula de PMDA e as posições ativadas por cada grupos ligado ao anel. 63 Figura 4.2.6. - A molécula de BTDA e as posições ativadas por cada grupos ligado ao anel. 63 Figura 4.3.1. - DTG e TG dos géis de BTDA com diferentes razões estequiométricas. 64 Figura 4.3.2. - DTG e TG dos géis de PMDA com diferentes razões estequiométricas. 65 Figura 4.3.3. - Desidratação dos dianidridos que reagiram com apenas uma cadeia de acetato de celulose. 66

X

Figura 4.4.1. - Curvas de DSC para os geís de BTDA. 67 Figura 4.4.2. - Curvas de DSC para os géis de PMDA. 68 Figura 4.6.1. - Microfotografia da superfície do AC. 69 Figura 4.6.2. - Microfotografia da superfície do gel 0.5 de PMDA. 69 Figura 4.6.3. - Microfotografia da superfície do gel 0.5 de BTDA. 69 Figura 4.7.1. - FTIR dos géis de PMDA com diferentes razões estequiométricas após desesterificação e do acetato de celulose. 70 Figura 4.7.2. - FTIR dos géis de BTDA com diferentes razões estequiométricas após desesterificação e do acetato de celulose. 71 Figura 4.7.3. - Espectro na região do ultravioleta para os fragmentos do gel de BTDA. 71 Figura 4.7.4. - Espectro na região do ultravioleta para os fragmentos do gel de PMDA. 72 Figura (a) 4.8.1.1. - Isotermas de inchamento para os géis de PMDA com diferentes razões estequiométricas, a 20ºC. 74 Figura (a) 4.8.1.2. - Isotermas de inchamento para os géis de PMDA, com diferentes razões estequiométricas, a 30ºC. 75 Figura (a) 4.8.1.3. - Isotermas de inchamento para os géis de PMDA, com diferentes razões estequiométricas, a 40ºC. 75 Figura (a) 4.8.1.4. - %Seq para os géis de PMDA a diferentes temperaturas. 76 Figura (b)4.8.1.1. - Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões estequiométricas, a 20ºC. 78 Figura (b)4.8.1.2. - Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões estequiométricas, a 30ºC. 78 Figura (b)4.8.1.3. - Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões estequiométricas, a 40ºC. 79 Figura (b)4.8.1.4. - %Seq para os géis de PMDA a diferentes temperaturas. 79 Figura (a) 4.8.2.1.2. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,25P a diferentes temperaturas. 83 Figura (a)4.8.2.1.3. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,5P a diferentes temperaturas. 83

XI

Figura (a) 4.8.2.1.4. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,75P a diferentes temperaturas. 83 Figura (a)4.8.2.1.5. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 1,0P a diferentes temperaturas. 84 Figura (b)4.8.2.1.1. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,5B a diferentes temperaturas. 85 Figura (b)4.8.2.1.2. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,75B a diferentes temperaturas. 86 Figura (b)4.8.2.1.3. - ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 1,0B a diferentes temperaturas. 86 Figura (a)4.8.2.2.1. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,1P a diferentes temperaturas. 90 Figura (a)4.8.2.2.2. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,25P a diferentes temperaturas. 90 Figura (a)4.8.2.2.3. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,5P a diferentes temperaturas . 91 Figura (a)4.8.2.2.4. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,75P a diferentes temperaturas. 91 Figura (a)4.8.2.2.5. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 1,0P a diferentes temperaturas. 92 Figura (b)4.8.2.2.1. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,5B a diferentes temperaturas. 94 Figura (b)4.8.2.2.2. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,75B a diferentes temperaturas. 94 Figura (b)4.8.2.2.3. - Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 1,0B a diferentes temperaturas. 95 Figura (a)4.8.2.3.1. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,1P. 97 Figura (a)4.8.2.3.2. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,25P. 97 Figura (a)4.8.2.3.3. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,5P. 98

XII

Figura (a)4.8.2.3.4. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,75P. 98 Figura (a)4.8.2.3.5. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 1,0P. 99 Figura (a)4.8.2.3.6. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,1P a diferentes temperaturas. 101 Figura (a)4.8.2.3.7. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,25P a diferentes temperaturas. 101 Figura (a)4.8.2.3.8. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,5P a diferentes temperaturas. 102 Figura (a)4.8.2.3.9. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,75P a diferentes temperaturas. 102 Figura (a)4.8.2.3.10. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 1,0P a diferentes temperaturas. 102 Figura (b)4.8.2.3.1. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,5B. 104 Figura (b)4.8.2.3.2. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 0,75B. 105 Figura (b)4.8.2.3.3. - Mt/Meq em função da raiz quadrado do tempo, a diferentes temperaturas para o gel 1,0B. 105 Figura (b)4.8.2.3.4. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,5B a diferentes temperaturas. 106 Figura (b)4.8.2.3.5. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,75B a diferentes temperaturas. 106 Figura (b)4.8.2.3.6. - Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 1,0B a diferentes temperaturas. 107 Figura (b)4.8.3.1. - Gráficos de lnD em função de 1/T, para o gel 0,75B. 109 Figura (b)4.8.3.2. - Gráficos de lnD em função de 1/T, para o gel 1,0B. 110 Figura (a)4.8.4.1. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 20ºC. 112 Figura (a)4.8.4.2. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 30ºC. 113 Figura (a)4.8.4.3. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 40ºC. 113

XIII

Figura (b)4.8.4.1. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 20ºC. 115 Figura (b)4.8.4.2. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 30ºC. 116 Figura (b)4.8.4.3. - 1/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 40ºC. 116 Figura (a)4.8.5.1. - lnMeq em função de 1/T para o gel 0,1P. 119 Figura (a)4.8.5.2. - lnMeq em função de 1/T para o gel 0,25P. 120 Figura (a)4.8.5.3. - lnMeq em função de 1/T para o gel 0,5P. 120 Figura (a)4.8.5.4. - lnMeq em função de 1/T para o gel 0,75P. 121 Figura (a)4.8.5.5. - lnMeq em função de 1/T para o gel 1,0P. 121 Figura (b)4.8.5.1. - Gráfico de lnMeq em função de 1/T para o gel 0,75B. 122 Figura 4.9.1. - Mecanismo para a síntese do gel de BTDA. 126 Figura 4.9.2. - Mecanismo para a síntese do gel de PMDA. 128

XIV

Lista de tabelas Tabela 2.1. - Expoente n da lei de potencia para sistemas de diferentes geometrias. 31 Tabela 4.1.2.1. - Grau de substituição (DS) do Acetol Flakes®. 53 Tabela 4.1.2.2. - Nomes que representarão os géis de BTDA e PMDA. 53 Tabela 4.3.1. - Temperatura de degradação dos diferentes géis. 66 Tabela 4.5.1. - Porosidade, densidade e superfície específica do gel 0,5P e do gel 0,5B. 68 Tabela (a) 4.8.1.1. - Coeficientes angulares e coeficientes de correlação para do gráfico (%Seq × T) para os géis de PMDA a 20ºC, 30ºC e 40ºC. 76 Tabela (a) 4.8.1.2. - Porcentagem de água no equilíbrio para os géis de PMDA. 76

Tabela(b) 4.8.1.1. - Porcentagem de água no equilíbrio para os géis de BTDA. 79

Tabela (b) 4.8.1.2. - Coeficientes angulares e coeficientes de correlação para o gráfico

(%Seq × T) para os géis de BTDA a 20, 30 e 40ºC. 80

Tabela (a) 4.8.2.1.1. - Valores dos coef. de inchamento para os diferentes géis a diferentes temperaturas. 84 Tabela 4.8.2.1.1. - Valores dos coef. de inchamento para os diferentes géis a diferentes temperaturas. 87 Tabela (a)4.8.2.2.1. - Valores da constante da velocidade de relaxação e do coeficiente de correlação dos géis de PMDA a diferentes temperaturas. 92 Tabela (b)4.8.2.2.1. - Valores da constante da velocidade de relaxação e do coeficiente de correlação dos géis de BTDA a diferentes temperaturas. 93 Tabela (a)4.8.2.3.1. - Coeficientes de difusão dos géis de PMDA a diferentes temperaturas. 103 Tabela (b)4.8.2.3.1. - Coeficientes de difusão dos géis de BTDA a diferentes temperaturas. 107

Tabela (a)4.8.3.1. - Energia de ativação para o processo de difusão para os géis de PMDA. 109

XV

Tabela (b)4.8.3.1. - Energia de ativação para o processo de difusão para os géis de BTDA. 110

Tabela (a)4.8.4.1. - Valores de M`eq, velocidade inicial de inchamento e dos coeficientes de correlação para as isotermas dos géis de PMDA. 114 Tabela (a)4.8.4.2. - Valores experimentais da quantidade de água absorvida no equilíbrio (Meq) a diferentes temperaturas e razão entre o valor teórico (M`eq) e o valor experimental (Meq) da quantidade de água absorvida no equilíbrio. 114 Tabela (b)4.8.4.1. - Valores de M`eq, velocidade inicial de inchamento e dos coeficientes de correlação para as isotermas dos géis de BTDA. 117 Tabela (b)4.8.4.2. - Valores experimentais da massa de água absorvida no equilíbrio e razão entre os valores experimentais e os valores teóricos da massa de água absorvida no equilíbrio. 117 Tabela (a)4.8.5.1. - Valores para os coeficientes de difusão dos géis de PMDA e para os coeficientes de correlação das retas lnMeq em função de 1/T. 122 Tabela (b)4.8.5.1. - Valores para os coeficientes de difusão dos géis de BTDA e para os coeficientes de correlação das retas lnMeq em função de 1/T. 123 Tabela 4.9.1. - Catalisadores utilizados na síntese dos géis de BTDA e PMDA. 124

1

Capítulo 1

1. Introdução 1.1. A utilização da celulose como matéria prima

Atualmente, o impacto ambiental causado pela crescente demanda de novas

tecnologias está entre as grandes preocupações da humanidade. A necessidade de

desenvolver materiais biodegradáveis vem sendo objetivo de vários centros de pesquisa

e cada vez mais, grandes empresas, seja por imposição governamental ou por estratégia

de marketing, despertam interesses em reduzir o impacto ambiental gerado por suas

linhas de produção.

Um dos materiais que vem causando grandes impactos ambientais são os

polímeros sintéticos. Esses materiais foram produzidos indiscriminadamente nos dois

últimos séculos e como conseqüência, a poluição ambiental causada por eles vêm

assumindo proporções perigosas. Por um outro lado, materiais poliméricos apresentam

propriedades tão peculiares que seria difícil imaginar a nossa vida sem eles.

Na tentativa de reduzir os impactos ambientais gerados por essas

macromoléculas e desenvolver novas tecnologias onde suas propriedades são

necessárias, grupos de pesquisa em todo o mundo voltam suas atenções para polímeros

naturais, biodegradáveis e renováveis. De um modo geral, um maior número de

pesquisas são destinadas à celulose, ao amido, à quitina e à quitosana que são polímeros

produzidos pela própria natureza e não necessitam do emprego de metodologia

industriais complexas e tão pouco solventes específicos para suas sínteses.

Entre esses polímeros naturais, destacamos aqui a celulose que além de ser

biodegradável e renovável é o material natural mais abundante do mundo e o Brasil,

sendo um país tropical, apresenta grandes vantagens climáticas que favorecem a

produção desse material.

1.2. A produção de celulose no Brasil

No Brasil a produção de celulose no ano de 2006 alcançou 11,1 milhões de

toneladas, registrando um crescimento sobre 2005 de 7,6%. Para 2007, a expectativa

para o segmento de celulose é de um aumento de 5,5% na produção e de 8,6% nas

2

exportações frente aos resultados de 2006. Os produtos de celulose e papel brasileiros

são fabricados, exclusivamente, a partir de madeira de florestas plantadas, a exemplo do

eucalipto e pínus (Associação Brasileira de Celulose e Papel/2007).

Em 2006, as exportações do setor de celulose e papel no Brasil foram de US$

4,0 bilhões e as previsões para o ano de 2007 são de US$ 4,3 bilhões, esses dados

mostram que o setor encontra-se em crescimento (Associação Brasileira de Celulose e

Papel/2007).

1.3. O acetato de celulose como matéria prima

Apesar da grande vantagem de ser sintetizada pela natureza, a celulose não é

solúvel em solventes orgânicos convencionais e a introdução de grupos menos polares,

tais como grupos acetatos, em suas cadeias poliméricas, para a obtenção de novos

materiais, é bastante comum.

O acetato de celulose é um material polimérico completamente atóxico que é

obtido de uma fonte de celulose de grande pureza como polpa de madeira, linter de

algodão ou pasta de celulose, através da reação com ácido acético e anidrido acético

utilizando ácido sulfúrico como catalisador, esse processo de acetilação pode ser

completo ou parcial. Na acetilação completa a celulose incorpora três grupos de radical

acetato por cada unidade de glicose, ao mesmo tempo em que o ácido sulfúrico provoca

uma acentuada degradação do polímero de modo que, ao final, apenas 200 – 300

unidades de (β) D-glucopiranose estarão presentes na cadeia do polímero. Alcançada

esta etapa do processo, o acetato de celulose é, em geral, parcialmente hidrolisado pela

adição de água até que de 2 – 2,5 grupos de acetato por unidade de glicose permaneçam

no polímero. Esse produto recebe o nome comercial de “acetol flakes” (fig. 1.1) e é um

polímero termoplástico bastante solúvel em acetona (27% em massa).

Figura 1.1. Fotografia do Acetol Flakes®.

3

O acetato de celulose termoplástico é notável pela sua dureza, maciez ao toque,

resistência a impactos, baixa flamabilidade e facilidade de processamento. É usado para

fabricação de cabos de chaves de fenda, talheres e escovas, armações de óculos,

lantejoulas, brinquedos, pentes de cabelo e, por sua total atoxicidade, em objetos de

contato com o corpo humano.

Acetato de celulose para filtros de cigarro chamado de "filter tow" ou cabo

acetato é feito a partir de mantas de acetato de celulose que, por sua vez, são produzidas

a partir do "acetol flakes". Este é dissolvido em acetona e regenerado em mantas a partir

da evaporação do solvente, a essa manta adiciona-se um plastificante, tri acetato de

glicerina, para tornar o produto mais macio, e em seguida puxa-se a mesma por uma

máquina de torção. Com a torção a manta se transforma num cilindro poroso que é o

filtro de cigarro.

1.4. A produção de acetato de celulose no Brasil

O acetato de celulose é um polímero derivado da polpa de celulose com alto

grau de pureza. Em escala comercial, a produção de acetato de celulose é um processo

complexo onde a primeira etapa envolve a acetilação da polpa de celulose fazendo uso

do anidrido acético para a produção de um produto intermediário conhecido como

“floco”. O cabo de acetato é produzido por meio da dissolução dos flocos em acetona.

Após a dissolução, o sistema passa por uma filtração para a remoção de partículas e a

fiação dos filamentos, que são reunidos para formar uma fita ou corda. Ainda antes de

sua comercialização, essa fita passa por um processo no qual é ondulada e condicionada

para a remoção dos resíduos de acetona.

Dados de 2005 mostram que a Celanese vendeu cerca de 10 toneladas de cabos

de acetato no Brasil, o que representa uma participação de mercado de apenas 0,1%, e a

Acetate Products LTDA (“APL”) vendeu cerca de 180 toneladas de cabos de acetato,

correspondendo a uma participação de mercado de apenas 1,6%. Dessa forma, verifica-

se que a participação das empresas foi de apenas 1,7%. A maior parte da produção de

cabos de acetato no Brasil é feita pela empresa Rhodia Acetow Brasil LTDA, com uma

participação de 98,3%.

4

1.5. Hidrogéis de acetato de celulose

O uso de uma fonte renovável e biodegradável para a síntese de hidrogéis foi

fator predominante na escolha de celulose como matéria prima. A utilização do acetato

de celulose ao invés de celulose microcristalina se deve à grande insolubilidade da

celulose em solventes orgânicos convencionais, o que torna difícil a síntese dos

hidrogéis. É importante lembrar também que o acetato de celulose é um polímero

atóxico e essa propriedade possibilita que propostas de bioaplicações sejam feitas para

os hidrogéis.

Nesse trabalho, as hidroxilas livres nas cadeias poliméricas do acetato de

celulose foram esterificadas utilizando a trietilamina como catalisador e dois dianidridos

como agentes reticuladores, o dianidrido do ácido 1,2,4,5 benzenotetracarboxílico

(PMDA) e o dianidrido da 3,3´,4,4´ benzofenonatetracarboxílico (BTDA). As figuras

1.2 e 1.3 mostram a estrutura química dos produtos obtidos após a reação de

esterificação e as figuras 1.4 e 1.5 mostram fotos dos hidrogéis hidratados.

OH

O

H

H

HH O

OH

H

H

HOH

OO

O

OO

* *

n

OH

O

O

OH

H

H

HH

OO

H

H

H

HOH

HOO

O

OO O

**

nO

OO

AcAc

AcAc Ac

Ac

AcAc

Ac

Ac

Figura 1.2. Estrutura química do hidrogel de PMDA.

5

O

OHO

O

O

OHO

OH

O

H

H

HH O

OH

H

H

HOHO

O

O

OO

* *

OH

O

H

H

HH O

OH

H

H

HOH

OO

O

OO

* *

AcAc Ac

AcAc

Ac

AcAc

Ac

Ac Figura 1.3. Estrutura química do hidrogel de BTDA.

Figura 1.4. Hidrogéis de acetato de celulose reticulados com PMDA. Na figura A mostramos o gel 0,1P com ampliação de 8X, na figura B mostramos o gel 1,0P com uma ampliação de10X, na figura C mostramos o gel 0,25P com ampliação de 50X e na figura D mostramos o gel 0,25P com ampliação de 6,5X.

Figura 1.5. Hidrogéis de acetato de celulose reticulados com BTDA. Na figura A mostramos o gel 0,5B com ampliação de 6,5X, na figura B mostramos o gel 0,5B com ampliação de 8X e na figura C mostramos o gel 3,0B com ampliação de 50X.

6

Como pode ser visto nas figuras 1.4 e 1.5 a reação de esterificação transforma as

cadeias poliméricas do acetato de celulose em redes poliméricas hidrofílicas.

Nesse trabalho, descrevemos o início de um estudo que tem como objetivo

caracterizar e propor aplicabilidades para esses hidrogéis de acetato de celulose

reticulados com dianidridos aromáticos. Nessa fase inicial do trabalho a caracterização

da rede polimérica, a cinética de inchamento, a dinâmica de inchamento, o coeficiente

de difusão dos hidrogéis, a entalpia de mistura e a energia de ativação do processo de

difusão foram determinados. Essa caracterização do processo de inchamento de

hidrogéis é de extrema importância para que propostas de aplicações do mesmo sejam

feitas.

7

1.6. Objetivos

1.6.1. Gerais

Este trabalho teve como objetivo geral, sintetizar e caracterizar géis de acetato de

celulose, obtidos através da reticulação das cadeias poliméricas com anidrido

piromelítico (PMDA) e o anidrido do ácido 3,3´,4,4´ benzofenona tetracarboxílico

(BTDA), visando obter um material capaz de absorver grandes quantidades de água.

1.6.2. Específicos

• Caracterizar as matérias primas e os produtos por técnicas de

espectroscopia na região do infravermelho (FTIR), termogravimetria

(TGA), calorimetria exploratória diferencial (DSC) e microscopia

eletrônica de varredura (MEV).

• Analisar o grau de reticulação das amostras por espectroscopia no

ultravioleta (UV)

• Determinar a microporosidade dos géis e a densidade empregando a

técnica de BET.

• Obter isotermas de absorção de água a 20, 30 e 40ºC.

• Determinar o mecanismo de absorção de água pelos hidrogéis.

• Determinar a cinética de inchamento para os hidrogéis.

• Determinar a entalpia de mistura do sistema hidrogel/água.

• Determinar o coeficiente de difusão dos diferentes hidrogéis

8

Capítulo 2 2. Revisão bibliográfica

2.1. Celulose

A celulose é um homopolímero natural (poli-β(1,4)-D-glucose), não ramificado,

fibroso, com configuração sindiotática e insolúvel em água. Esse é o material natural

mais abundante do mundo e o principal componente da madeira e das fibras vegetais.

Ele é composto de unidades de (β) D-glucopiranose (fig. 2.1.1), unidas através de

ligações glicosídicas entre os carbonos 1 e 4. Na cadeia de celulose cada mero de (β) D-

glucopiranose se encontra girado de 180º em relação à próxima unidade. (OSullivan,

1997) (Hon, 1994) (Albert L.Lehninger et al., 1995) (R.Boyd and R.Morrison, 1983)

O

C1

C4C5

H

HO

H

HO

H

H

OHH

C6

OHC2C3

OH

Figura 2.1.1. Unidade de (β) D-glucopiranose

Para uma melhor caracterização da celulose é bastante útil examina-la em

diferentes níveis estruturais. O nível estrutural primário, que diz respeito ao arranjo dos

átomos na unidade monomérica de glucopiranose e consiste na estrutura apresentada na

figura 2.1.1. O nível estrutural secundário que consiste no arranjo das unidades

monoméricas dentro da macromolécula e o nível estrutural terciário, que diz respeito

aos arranjos estruturais das moléculas de celulose uma em relação à outra (Atalla R.H.,

1999).

O arranjo estrutural primário encontra-se elucidado há algum tempo e não existem

grandes questões a seu respeito. Quanto aos arranjos estruturais secundário e terciário,

apesar da grande quantidade de estudos feitos para tentar elucidá-los, um arranjo

definitivo encontra-se ainda em discussão (Atalla R.H, 1999).

Estudos baseados em espectroscopia Ramam e RMN 13C do estado sólido revelam

que existem grandes diferenças na estrutura secundária da celulose, que não foram

identificadas através de investigações difratométricas. Esses estudos sugerem que as

9

unidades de (β) D-glucopiranose não são simetricamente equivalentes e, por isso, a

unidade de repetição básica da celulose, deveria ser considerada a anidrocelobiose (fig.

2.1.2). Um suporte para essa idéia é apresentado por Kono, H/2004 em seus estudos de

elucidação da estrutura cristalina da celulose II. Nesse trabalho, o autor evidencia a

existência de dois diferentes tipos de resíduos de anidroglucose (Atalla R.H., 1999)

(Kono and Numata, 2004).

O

H

O

H

HO

H

H

OHH

HO

O

H

O

H

HO

H

H

OHH

HOO

H

O

H

HO

H

HOH

H

HO

*

*

n

Figura 2.1.2. A estrutura circulada pela linha pontilhada representa a unidade de anidrocelobiose.

Em seu nível estrutural terciário, a celulose se revela um polímero altamente

cristalino. Estimativas das proporções de cristalinidade dão valores entre 50% e 90%.

Alguns autores atribuem valores de até 95% de cristalinidade. É importante ressaltar

que a porcentagem de cristalinidade em uma determinada amostra de celulose varia com

a técnica empregada para medida da cristalinidade, origem da amostra, processo de

purificação, tratamento recebido pela amostra, etc (Hon, 1994).

2.2. Estruturas cristalinas da celulose

A celulose possui diferentes formas cristalinas (polimorfismo), que foram

constatadas por ressonância magnética nuclear (RMN), espectroscopia do infravermelho

e estudos de difração. Esses estudos mostraram que ela possui seis estruturas

polimórficas, que recebem os seguintes nomes: celulose I, celulose II, celulose IIII,

celulose IIIII, celulose IVI e celulose IVII (OSullivan, 1997) (Hon, 1994).

Das seis formas polimórficas, a mais estudada é a celulose I, que é a celulose

nativa, isto é, na forma como ela é encontrada na natureza. A celulose II, a segunda

forma polimórfica mais estudada, pode ser obtida através de dois processos: 1)

mercerização, que consiste em um tratamento com NaOH ou 2) regeneração, que

consiste em solubilizar a celulose em algum solvente, e em seguida, precipita-la

adicionando água ao sistema. As celuloses IIII e IIIII são formadas, respectivamente,

10

pelo tratamento, da celulose I e II, com amônia ou amina. Obtemos as celuloses IVI e

IVII aquecendo, respectivamente, as celuloses IIII e IIIII, em glicerol, a 206 ºC

(OSullivan, 1997) (Lindgren et al., 1995) (Ishikawa et al., 1997).

Usando CP/MAS, 13CRMN, FTIR e difração de elétrons (DE), constatou-se a

existência de duas formas polimórficas para a celulose I que são chamadas de: celulose

Iα e Iβ. A quantidade de cada uma dessas fases, α e β, em uma determinada amostra,

varia de acordo com a origem do material (Hult et al., 2003) (OSullivan, 1997)

(Lindgren et al., 1995) (Hon, 1994) (Hardy and Sarko, 1996).

Duas linhas de investigações são utilizadas para explicar as diferenças entre as

duas formas alomorfas da celulose I. Uma delas se baseia em estudos difratométricos,

que indicam que a forma Iα possui estrutura triclínica, com uma cadeia por célula

unitária, e sem unidades equivalentes de anidroglucose. Os estudos sugerem que a

forma Iβ possui células monoclínicas de grupo espacial P2, com duas cadeias por célula

unitária e eixos em dupla hélice, simetricamente coincidentes com as cadeias, obrigando

que as unidades adjacentes de anidroglucose sejam simetricamente equivalentes. A

outra linha de estudos se baseia em estudos espectrométricos, que apontam para

similares estruturas secundárias, que se diferenciam apenas nas diferentes ligações de

hidrogênio entre as cadeias (Atalla R.H., 1999).

A fase Iα é termodinamicamente mais estável e pode ser transformada, quase

inteiramente, em Iβ, por tratamento térmico. Apesar da grande quantidade de estudos

com as diferentes formas alomorfas da celulose I, as diferenças entre elas não estão

ainda completamente esclarecidas (Lindgren et al., 1995) (Atalla R.H., 1999).

Durante a transformação polimórfica da celulose I para celulose II, através da

mercerização ou regeneração, o empacotamento cristalino da forma nativa, cadeias

paralelas, se rearranja em um empacotamento antiparalelo, característico da forma

polimórfica II. Essa transformação polimórfica é irreversível e normalmente

acompanhada por uma diminuição na cristalinidade do material. Processos, in vitro,

indicam que a forma termodinamicamente favorável é a forma polimórfica da celulose

II (Ass et al., 2006) (OSullivan, 1997).

A estrutura da celulose II possui duas cadeias por unidade de célula e um grupo

espacial P21. Estudos de espalhamento de nêutrons, RMN 2D spin-exchange e dados de

difração síncrotrons da celulose II confirmam o arranjo antiparalelo proposto por

difração de raios-X e indica que as cadeias apresentam diferenças nas conformações do

11

esqueleto, mas similaridades nas conformações dos grupos hidroximetil (Kono and

Numata, 2004).

A classificação, cadeias paralelas e antiparalelas, utilizada anteriormente, referem

às seguintes definições: quando dentro de uma mesma célula unitária, as cadeias de

celulose apresentam a mesma direção das ligações glicosídicas 1 4 diz-se que as

cadeias são paralelas. Se uma das cadeias possui uma ligação glicosídica,

correspondente à direção positiva do eixo da fibra, e a segunda cadeia têm a ligação no

sentido negativo do eixo da fibra, o arranjo dessas cadeias é dito antiparalelo

(OSullivan, 1997).

As celuloses IIII e IIIII são obtidas, reversivelmente, a partir das celuloses I e II,

respectivamente, enquanto as formas alotrópicas IVI e IVII são obtidas,

irreversivelmente, a partir das celuloses IIII e IIIII, respectivamente (OSullivan, 1997).

A estrutura altamente cristalina e organizada da celulose se deve aos grupos

hidroxilas, que ficam a mostra nas cadeias poliméricas lineares e formam ligações de

hidrogênio intra- e intermolecular, como pode ser observado na figura 2.2.1. Devido à

essa alta cristalinidade natural, a celulose não é solúvel em solventes convencionais e a

solubilidade das fibras de celulose vem apenas de seus segmentos amorfos e/ou

componentes não celulosídicos (Boluk, 2005) (Ass et al., 2006).

O

H

H

OH

H

H

HO HO

OH

O

H

H

OH

H

H

HO H

HO

O

H

O

H

OH

H

HHO H

O

OH

O

H

H

OH

H

H

HO HO

OH

O

H

H

OH

H

H

HO H

OH

O

H

O

H

OH

H

H

HO HO

OH

O

H

H

OH

H

H

HO HO

OH

O

H

H

OH

H

H

HO H

HO

O

H

O

H

OH

H

HHO H

O

OH

O

H

H

OH

H

H

HO HO

OH

O

H

H

OH

H

H

HO H

OH

O

H

O

H

OH

H

H

HO HO

OH

n

n

Figura 2.2.1. Algumas das possíveis ligações de hidrogênio intra e intermolecular formadas entre

as cadeias de celulose.

2.3. As regiões amorfas da celulose

Apesar de seu alto grau de cristalinidade, a celulose apresenta também regiões

menos ordenadas, conhecidas como regiões amorfas, normalmente situadas na

superfície das microfibrilas. As microfibrilas são formadas pelo empacotamento das

fibrilas e as fibrilas são feixes de cristalitos de celulose. As microfibrilas, por sua vez,

12

formam as macrofibrilas. As micro e macrofibrilas são as unidades de construção das

fibras de celulose (OSullivan, 1997) (Boluk, 2005).

Existem poucas informações estruturais das regiões amorfas da celulose, quando

essas são comparadas com o grande número de informações vindas da caracterização de

sua estrutura cristalina. Isto talvez se deva à terminologia, que sugere que, as regiões

amorfas são completamente sem estrutura, e também devido aos métodos de

caracterização serem limitados à WAXD e CP-MAS 13C NMR, para medir a presença

de fase amorfa. Alguns estudos da fase amorfa da celulose indicam a presença de certos

“arranjos” estruturais, formados, devido às ligações de hidrogênio intra- e

intermolecular (Kondo and Sawatari, 1996) (Hishikawa et al., 1999).

Como a interação solvente/celulose se dá em regiões amorfas da cadeia, uma vez

que as regiões altamente empacotadas são muito densas e inacessíveis aos solventes, a

caracterização da fase amorfa é de extrema importância, pois, ela pode ser o primeiro

passo na descoberta dos detalhes do arranjo das moléculas quando em solução (Kondo

and Sawatari, 1996) (Morgenstern and Kammer, 1999) (Boluk, 2005) (Ass et al., 2006).

Visando melhorar o acesso do solvente às cadeias de celulose, é comum o

emprego de técnicas, onde as cadeias são desintegradas em uma determinada extensão,

usando ar ionizado (Ass et al., 2006), tratamentos termo mecânicos, ativação

enzimaticamente controlada, etc (Morgenstern and Kammer, 1999).

Segundo Ass e Frollini, a ordem de reatividade dos grupos hidroxilas na cadeia de

celulose é C6 >>C2>C3. Essa ordem de reatividade foi observada também, quando as

cadeias de celulose estão em solução. Confirmando que, mesmo quando a celulose

aparece visualmente como um sistema homogêneo, pode existir algum grau de

agregação e/ou associação das cadeias poliméricas dissolvidas a um nível coloidal (Ass

et al., 2006).

Estudos da estrutura da celulose mostram que esta é um material complexo e que a

sua elucidação requer a consideração de vários fatores. Segundo R. H. Atalla, nos

estudos estruturais da celulose, ela normalmente é vista com um tratamento da ciência

polimérica, esquecendo seu caráter biológico, que sem dúvida, tem influência em sua

estrutura primária, secundária e terciária (Atalla R.H., 1999).

13

2.4. Ésteres de Celulose

As reações da celulose em que a cadeia polimérica fica intacta se dão nos grupos

hidroxilas livres presentes nas unidades de glucose. Estas reações utilizadas para

modificar as propriedades de um polímero, já pronto, barato e facilmente acessível

possuem excepcional importância industrial (R.Boyd and R.Morrison, 1983).

Os primeiros derivados de celulose sintetizados em laboratório e produzidos em

escala industrial foram os ésteres de celulose de ácidos orgânicos e inorgânicos. Esses

ésteres se formam quando os grupos hidroxilas das cadeias de celulose são substituídos

por grupos acila. A diminuição da quantidade de grupos –OH na cadeia de celulose,

leva a formação de derivados, normalmente mais solúveis em solventes convencionais,

um vez que, passamos a trabalhar com materiais menos cristalinos devido a diminuição

das possibilidades de ligação de hidrogênio intra e intermolecular (Freire et al., 2005).

Os ésteres de celulose mais importantes produzidos industrialmente são acetato de

celulose (CA), propionato acetato de celulose (CAP) e butirato acetato de celulose

(CAB). Esses ésteres de celulose, mesmo sendo, normalmente, mais caros que

termoplásticos originados de petróleo, são produzidos em grande escala por causa de

suas excelentes propriedades (Adair Rangel de Oliveira Júnior, 2002).

Tanto a natureza do grupo substituinte, tanto a extensão em que os grupos

hidroxilas são substituídos por esses grupos, levam a diferentes propriedade térmicas,

mecânicas e físico químicas. Para saber a extensão da substituição das hidroxilas por

grupos acilas em um determinado éster de celulose, usa-se o termo grau de substituição

(DS), que corresponde ao número médio de grupos substituintes por unidade de

anidroglucose. Os valores do grau de substituição podem varia de valores próximos a 0

até o valor máximo de substituição 3 (Adair Rangel de Oliveira Júnior, 2002; Freire et

al., 2005; Samios et al., 1997).

Além da possibilidade de substituir os grupos hidroxilas por diferentes grupos

acilas em diferentes extensões, a combinação de dois ou mais grupos acetil, diferentes,

em uma mesma cadeia celulosídica é de grande interesse em diversos campos, uma vez

que podemos combinar propriedades presentes em diferentes derivados em várias

proporções. A determinação do grau de substituição, de cada um dos substituintes, em

ésteres de celulose com diferentes substituintes, em geral, encontra muitas limitações e é

objeto de estudo de vários grupos de pesquisa (V.V.Kon'shin et al., 2002; Vaca-Garcia

et al., 2001; Freire et al., 2005; V.V.Kon'shin et al., 2002; Vaca-Garcia et al., 2001).

14

A potencial biodegradabilidade de ésteres de celulose é investigada por vários

autores e ainda se encontra em discussão. Segundo E. Samios et al. /1997, a

biodegradabilidade do acetato de celulose depende do grau de substituição do derivado

celulósico. No trabalho desenvolvido por D. Krishna Bhat, foi mostrado que a natureza

dos grupos substituintes na cadeia de celulose afeta a biodegradabilidade de blendas

obtidas com diferentes razões de esteres de celulose (acetato de celulose e ftalato

acetato de celulose) e PMMA. Um exame cuidadoso da literatura corrente mostra que

muitos dos ésteres de celulose apresentam algum grau de biodegradabilidade e que essa

biodegradabilidade é uma grande vantagem frente a materiais poliméricos não

biodegradáveis, uma vez que, o impacto ambiental causado por materiais poliméricos

utilizados em nosso dia-a-dia é objeto de crescente avaliação (Adair Rangel de Oliveira

Júnior, 2002; D.Krishna Bhat and M.Selva Kumar, 2006; Samios et al., 1997).

O estudo de polímeros biodegradáveis é um campo emergente, pois, a disposição

dos mesmos no meio ambiente não causa qualquer risco à população (D.Krishna Bhat

and M.Selva Kumar, 2006).

Ésteres de celulose vêm sendo empregados na fabricação de fibras têxteis,

materiais plásticos, filmes, blendas poliméricas, excipientes e cápsulas para a indústria

farmacêutica, filtros de cigarro, reforço em materiais compósitos, etc (Adair Rangel de

Oliveira Júnior, 2002; D.Krishna Bhat and M.Selva Kumar, 2006; Freire et al., 2005;

Jessica D.Posey-Dowty et al., 2007; Kevin J.Edgar, 2007; Saake et al., 2006).

2.5. Acetato de Celulose

O acetato de celulose (AC) é um polímero de grande importância industrial, sua

utilidade inclui fios de algodão para a indústria têxtil, filtros, filmes fotográficos

transparentes e pigmentados e na composição de plásticos, como aqueles utilizados para

compressão, extrusão, injeção e, em menor extensão, para revestimento de superfícies.

Esse é um polímero amorfo, não tóxico e inodoro (fig. 2.5.1). É resistente a ácidos

fracos, estável em óleos minerais e permeável a vapor d`água e a álcool, sendo um

material termoplástico que possui custo reduzido (Samios et al., 1997).

O acetato de celulose é utilizado como membranas para a purificação ou

concentração de soluções aquosas através do processo de osmose reversa, devido à

facilidade de obtenção de filmes com estrutura porosa a partir desse material e também

15

foi um dos poucos polímeros utilizados na separação e purificação de gases (Adair

Rangel de Oliveira Júnior, 2002).

A produção desse importante derivado de celulose, no Brasil, é feita pela empresa

Rhodia do grupo francês Rhone Poulenc, existindo ainda outros 10 fabricantes no

mundo (Adair Rangel de Oliveira Júnior, 2002; Jessica D.Posey-Dowty et al., 2007;

Kevin J.Edgar, 2007).

Um fator muito importante na biodegradabilidade do acetato de celulose é o seu

grau de substituição, a biodegradação se torna mais fácil para o acetato menos

substituído e um aumento no grau de substituição leva a uma diminuição na

cristalinidade do material. O grupo acetil ligado ao carbono 6 é o mais vulnerável à

hidrólise, seguido pelo grupo ligado ao carbono 2 e finalmente o grupo ligado ao

carbono 3 (Samios et al., 1997; Sh.S.Arslanov et al., 1999).

Se considerando a afinidade dos grupos que constituem a cadeia polimérica do

acetato de celulose com a água, conclui-se que os grupos acetil são hidrofóbicos e os

grupos hidroxila são hidrofílicos e podem formar ligações de hidrogênio com a água.

Acetato de celulose com grau de substituição 2,5, apresenta aproximadamente 16% em

massa de água absorvida, quando este se encontra em equilíbrio com a água

(K.C.Khulbe et al., 2004).

Adair Rangel/2002 relata que não foi observada degradação do acetato de celulose

em meio aquoso e que a taxa de degradação em testes de compostagem dependem do

grau de substituição e seguem a seguinte ordem: 1,5 > 2,5 > 3,0. Acetato de celulose

com grau de substituição variando de 1,9 a 2,6, em um sistema aquoso, foi degradado

por lodo ativado, em um período de 15 a 30 dias (Adair Rangel de Oliveira Júnior,

2002).

16

2.6. Redes poliméricas

Redes poliméricas são redes moleculares, formadas por ligações covalentes e ou

interações físicas entre macromoléculas. Essas interações entre as macromoléculas

recebem o nome de ponto de junção. É importante ressaltar que, em redes poliméricas,

pontos adjacentes de junção são separados por subcadeias normalmente lineares,

formadas por muitas ligações covalentes.

As propriedades de uma rede polimérica são determinadas pela estrutura e pelo

comprimento das sub-redes entre os pontos de junção, pela estrutura e comprimento das

cadeias que formam os pontos de junção e pelo tipo de interação entre as

macromoléculas. É essencial para a formação de redes poliméricas a presença de pelo

menos um reagente com funcionalidade maior do que dois (f >2). Essa propriedade leva

à ramificação da estrutura molecular e formação da rede polimérica (R.F.T.Stepto,

1998).

Em uma reação de polimerização, o número de grupos reativos de uma

macromolécula cresce com o aumento do número de ramificações, levando à formação

de redes complexas. A ramificação da estrutura pode ser precisamente controlada e o

crescimento da rede é limitado apenas pelo volume do meio reacional (R.F.T.Stepto,

1998).

Existem dois processos que levam a formação da rede polimérica, o

entrecruzamento ou reticulação (crosslinking) e a polimerização de grupos terminais

(endlinking).

A formação da rede através da polimerização de grupos terminais se dá quando

grupos reativos estão no final da cadeia ou subcadeia. Veja figura 2.6.1.

Figura 2.6.1. Formação de uma rede polimérica através da polimerização de grupos terminais.

A formação da rede polimérica através da ramificação e eventual ligação da cadeia

polimérica ramificada em outra recebe o nome de entrecruzamento ou reticulação. Veja

figura 2.6.2.

17

Figura 2.6.2. Formação de uma rede polimérica através da reticulação das cadeias.

A presença de elevados valores de funcionalidade nos reagentes leva a gelificação

e freqüentemente a grandes quantidades de ciclização (reação intramolecular).

Em uma reação de polimerização não linear, o ponto onde a continuidade através

do volume reagente primeiro aparece, é denominado ponto de gel. Flory e Stockmayer

definiram, quantitativamente, em termos de conversão química, o ponto de gel como o

ponto na reação de polimerização onde a continuidade molecular através do volume

reagente ocorre com probabilidade 1. Normalmente o crescimento da rede polimérica

vai além do ponto de gel (R.F.T.Stepto, 1998).

2.7. Hidrogéis

De uma maneira geral, os processos de entrecruzamento e grafitização são

utilizados para melhorar as propriedades de polissacarídeos, formando redes poliméricas

tridimensionais que incham rapidamente, absorvendo uma grande quantidade de água,

segundo Mostafa & Morsy/2004, citado por Baljit Singh et al./2006. Esses

processamentos acabam por transformar cadeias poliméricas lineares em géis ou

hidrogéis (Baljit Singh et al., 2006).

Hidrogéis são redes poliméricas tridimensionais capazes de absorver grandes

quantidades de água ou fluidos biológicos, sem dissolver, como resultado de uma

reticulação química ou física. Grande atenção vem sendo dada a esses materiais por

causa do grande potencial para aplicações em bioengenharia, indústria alimentícia,

biomedicina, processos de separação, purificação de água, cromatografia, agricultura e

sistemas de liberação controlada de medicamentos (A.El-hag Ali et al., 2007; Baljit

Singh et al., 2006; Carlos Peniche et al., 1997; Erdener Karadag et al., 2002; Erdener

Karadag et al., 2004b; Erdener Karadag et al., 2004a; Esmaiel Jabbari and Samyra

Nozari, 2000; Ko-Shao Chen et al., 2005; Laura Serra et al., 2007; Nikolaos A.Peppas

and Atul R.Khare, 1993; S.Benamer et al., 2006; Ricardo G.Sousa et al., 1998; Toshio

18

Yoshimura et al., 2005). Alguns géis podem absorver proporções extremamente altas de

água e são chamados de géis “superabsorventes” (Erdener Karadag et al., 2006).

Propostas para a aplicabilidade desses materiais dependem principalmente da

sua capacidade de absorver água, essa capacidade de inchamento vem da presença de

grupos hidrofílicos como –OH, -CONH-, -COOH, -SO3H e –CONH2 em sua rede

polimérica. De acordo com a natureza dos grupos que formam a rede polimérica, os

hidrogéis podem ser classificados como iônicos ou neutros e baseando na estrutura

física da rede, hidrogéis podem ser classificados como amorfos, semicristalinos ou

reticulados por ligações de hidrogênio, por estruturas supramoleculares ou agregados

hidrocoloidais (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Hidrogéis podem ser sintetizados pelos mesmos métodos utilizados para a

preparação de materiais poliméricos em geral e utilizando as mesmas técnicas. As

reações de reticulação são feitas introduzindo um ou mais monômeros multifuncionais

(agente reticulante) durante o crescimento das cadeias poliméricas ou entre duas ou

mais cadeias poliméricas já sintetizadas anteriormente. A reação de polimerização pode

ser iniciada utilizando radicais livres gerados por aquecimento, ionização, radiação e/ou

por agentes redutores ou oxidantes (A.El-hag Ali et al., 2007; Baljit Singh et al., 2006;

Carlos Peniche et al., 1997; Erdener Karadag et al., 2002; Erdener Karadag et al.,

2004b; Erdener Karadag et al., 2004a; Esmaiel Jabbari and Samyra Nozari, 2000; Ko-

Shao Chen et al., 2005; Laura Serra et al., 2007; Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare,

1993; S.Benamer et al., 2006; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

Durante a síntese de hidrogéis a presença de solvente no meio reacional, bem

como o tipo de solvente no meio, influenciam diretamente nas propriedades do gel. Se a

quantidade de água presente durante a polimerização é maior do que a capacidade de

absorção do gel no equilíbrio, uma separação de fase durante a formação da rede ocorre

e uma rede polimérica heterogênea é formada, consistindo de domínios altamente

reticulados (microgéis) conectados por cadeias pouco reticuladas. Esse fenômeno é

conhecido como microsinerese. A quantidade de solvente no meio reacional é tão

importante que um hidrogel sem poros pode se tornar poroso variando apenas essa

condição reacional (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

É importante ressaltar que, hidrogéis podem ser obtidos não apenas por ligações

covalentes entre as cadeias lineares, junções devido à interações hidrofóbicas ou outras

interações específicas, embaraço das cadeias poliméricas, complexos carregados ou

cristalitos podem levar também a formação de hidrogéis, estes tipos de junções dão

19

origem aos hidrogéis físico. Hidrogéis formados através de ligações covalentes, ou seja,

a reticulação das cadeias poliméricas é feita através de ligações interatômicas, são

chamados de hidrogéis químicos (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993;

S.Benamer et al., 2006).

Os processos aos quais um hidrogel foi submetido durante sua síntese ou

processamento têm grande influência no seu comportamento de inchamento. Após ter

sido inchado até o equilíbrio e posteriormente seco, o mecanismo, a cinética de

inchamento e até mesmo a estrutura do hidrogel podem mudar. Uma explicação para

esse fenômeno é feita baseando na separação das cadeias que se encontravam

emboladas antes do processo de inchamento (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare,

1993).

Em todos os casos, o desempenho do gel em determinada aplicação depende de

detalhes em sua estrutura. Freqüentemente, um único valor numérico, como razão de

inchamento ou uma densidade efetiva de agente entrecruzante é empregada para

caracterizar a rede estrutural do hidrogel, citado por Dimitri R. Kioussis/2005, segundo

Kofinas P./1997. Uma caracterização quantitativa e mais detalhada da rede polimérica

entrecruzada permanece um problema, apesar de haver sido feitos avanços na

explicação estrutural de polímeros lineares solúveis (Dimitri R.Kioussis and Peter

Kofinas, 2005). A insolubilidade da rede e suas complexidades espaciais e topológicas

são as principais razões para a dificuldade na sua caracterização (Dimitri R.Kioussis and

Peter Kofinas, 2005).

O grau de reticulação na rede polimérica, que é uma medida da quantidade de

cadeias entrecruzantes presentes no material, é estudado sob vários aspectos, entre eles

em propriedades como influência na transição de fase a diferentes pH e temperatura

(Trong-Ming Don, Hann-Ru Chen/2005) e influência na estrutura tridimensional da

rede e no percentual de inchamento (Baljit Singh et al./2006).

Segundo Dimitri R. Kioussis, Peter Kofinas/2005 a quantidade de agente

reticulador afeta a densidade de reticulação do hidrogel. A densidade de reticulação será

fator importante na determinação das propriedades dos géis desenvolvidos no presente

trabalho (Dimitri R.Kioussis and Peter Kofinas, 2005).

20

2.7.1. Hidrogéis neutros

Hidrogéis neutros são hidrogéis que não apresentam grupos ionizáveis na rede

polimérica e devido a isso não sofrem influências de variações de pH e força iônica do

meio. Normalmente, esses hidrogéis são sensíveis às variações na temperatura do meio

reacional. Um aumento na temperatura aumenta a mobilidade das cadeias poliméricas e

conseqüentemente alteram a capacidade de inchamento dos mesmos. Esses hidrogéis

encontram grande utilidade em sistemas onde não se deseja variação nas propriedades

do hidrogel frente à variação na força iônica do meio bem como no pH (Nikolaos

A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

A interação da água ou solventes de grande afinidade com a rede polimérica, em

hidrogéis neutros, leva a uma tendência das cadeias poliméricas a se solubilizarem

aumentando assim a entropia do sistema, essa solubilização das cadeias é impedida

pelos pontos de entrecruzamento da rede, que atuam como forças retrativas elásticas e

impedem essa dissolução. Estes dois fatores se contrabalanceiam quando um hidrogel

neutro interage com um solvente (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Flory e Rehner desenvolveram um modelo do inchamento de géis reticulados

utilizando uma distribuição Gaussiana das cadeias poliméricas. Eles desenvolveram um

modelo para descrever o grau de equilíbrio de polímeros reticulados, postulando que o

grau de inchamento de uma rede polimérica é governado pelas forças elásticas retrativas

das cadeias polimérica e pela compatibilidade termodinâmica da rede e das moléculas

de água. Em termos de energia livre do sistema, a variação total da energia livre no

inchamento pode ser descrita como:

∆G = ∆Gelástica + ∆Gmistura (eq. 2.1)

onde ∆Gelástica é a contribuição da força retrativa elástica e ∆Gmistura representa a

compatibilidade termodinâmica do polímero e do solvente.

Mantendo constante a temperatura e a pressão, podemos derivar uma expressão

para a mudança no potencial químico da água em termos das contribuições devido ao

inchamento.

µg - µp = ∆µelástico + ∆µmistura (eq. 2.2)

21

onde µg é o potencial químico do solvente dentro do gel e µp é o potencial químico do

solvente puro. Como no equilíbrio o potencial químico do solvente dentro do gel e do

solvente puro são iguais, a contribuição elástica e da mistura para o potencial químico

irão se contrabalancear.

O fator atribuído ao processo de mistura pode ser calculado através do calor de

mistura e da entropia de mistura e pode ser expresso através da seguinte equação:

∆µmistura = RT(ln(1-v2s) + v2s + χ1v2s ) (eq. 2.3)

onde v2s é a fração volumétrica do polímero e χ1 é o parâmetro de interação solvente

polímero.

A contribuição elástica para o potencial químico é determinada pela teoria

estatística da elasticidade da borracha. A energia livre elástica depende do número de

cadeias na rede e do fator de expansão linear. Para géis que são reticulados na ausência

de água, a contribuição para o potencial químico é escrita como:

∆µelástico = (V1/vMc)(1-{2Mc/Mn})((v2s )1/3 – v2s/2) (eq. 2.4)

onde v é o volume específico do polímero, V1 é o volume molar do solvente, Mc é a

massa molecular média entre dois pontos de junção e Mn é a massa molecular das

cadeias poliméricas sem a presença do agente reticulador. Para polímeros reticulados na

presença de água a equação para a contribuição elástica para o potencial químico é:

∆µelástico = RT(V1/vMc)(1-{2Mc/Mn}) v2r ((v2s/ v2r )1/3 – (v2s/2 v2r)) (eq. 2.5)

onde v2r é a fração volumétrica do polímero em seu estado relaxado, isto é,

imediatamente após a reticulação. Sendo assim, a contribuição termodinâmica para géis

neutros reticulados na ausência e presença de água podem ser descritas,

respectivamente, pelas seguintes equações.

1/Mc = 2/ Mn – {(v/V1)[ln(1- v2s) + v2s + χ1v2s]}/ ((v2s)1/3 - v2s/2) (eq. 2.6)

22

1/Mc = 2/ Mn – {(v/V1)[ln(1- v2s) + v2s + χ1v2s]}/ v2r ((v2s/ v2r )1/3 – (v2s/2 v2r)) (eq. 2.7)

2.7.2. Hidrogéis iônicos

Hidrogéis iônicos são obtidos através da utilização de monômeros iônicos na

síntese de polímeros, monômeros iônicos com monômeros iônicos ou não iônicos na

síntese de copolímeros ou através da utilização de agentes reticuladores que possuam

grupos iônicos (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Esses hidrogéis podem ser classificados em aniônicos, catiônicos e anfóteros, de

acordo com os grupos presentes em suas cadeias. Géis aniônicos possuem grupos

funcionais capazes de apresentarem cargas negativas, tais como ácido carboxílico e

ácido sulfônico, a ionização desses géis acorre quando o pH da solução se encontra

acima do pKa dos grupos ionizáveis presentes na rede polimérica. Géis catiônicos

possuem grupos funcionais tais como aminas que se ionizam em meios com pH menor

que o pKb das espécies ionizáveis. No caso de hidrogéis anfóteros que são hidrogéis que

possuem grupos básicos e ácidos em sua estrutura, haverá grupos ionizados em pH

muito ácido e muito básico, no ponto de pH isoelétrico a capacidade absortiva do

hidrogel é moderada (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Hidrogéis iônicos apresentam vantagens quando comparados com hidrogéis

neutros, pois como são sensíveis ao pH e força iônica da solução, apresentam uma

grande variedade de aplicações como materiais biomédicos (Nikolaos A.Peppas and

Atul R.Khare, 1993).

O grau de absorção de água por esses hidrogéis sofre forte influência de fatores

como a força iônica e o pH da solução. Isso se deve à protonação ou desprotonação de

grupos ácidos ou básicos presentes na rede polimérica que acabam por promover o

afastamento das cadeias poliméricas e aumentar a capacidade desses materiais em

absorver água. Hidrogéis iônicos absorvem, normalmente, maiores quantidades de água

do que hidrogéis neutros. Um aumento no conteúdo iônico de uma rede polimérica

torna a rede mais hidrofílica e conseqüentemente leva a uma maior velocidade de

absorção e uma maior capacidade de inchamento (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare,

1993).

A presença de cargas fixas na rede polimérica leva a formação de duas camadas

elétricas, uma formada pelos grupos estruturais carregados, presentes na rede e outra

23

formada pelos contra-íons de carga oposta. A presença de cargas na rede leva a um

fluxo positivo de contra-íons para dentro do hidrogel. Quando o inchamento alcança o

equilíbrio, os potenciais químicos dos íons dentro e fora do gel são iguais, essa condição

é conhecida como equilíbrio de Donnan. No equilíbrio, tanto a rede polimérica quanto o

solvente estão neutros (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993; Christopher

S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 2000; Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

A presença de cargas fixas na rede polimérica, bem como, a condição de

eletroneutralidade, imposta no equilíbrio, levam a uma exclusão, exclusão Donnan, de

íons com cargas com o mesmo sinal (co-íons) das cargas presentes nos grupos fixos na

rede (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Por causa da exclusão Donnan, a presença de contra íons dentro do hidrogél é

sempre maior do que fora dele. Essa exclusão dos co-íons leva a uma diferença de

potencial eletrostático entre as duas fases. Quanto maior a diferença desse potencial,

potencial Donnan, maior a exclusão dos co-íons (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare,

1993).

A diferença absoluta entre o potencial Donnan aumenta quando a diferença de

concentração de contra-íons dentro e fora do hidrogel aumenta. Um aumento no grau de

reticulação e na quantidade de grupos ionizáveis dentro da rede levam a um aumento da

concentração interna de contra-íons. Por isso, a eficiência da exclusão ao co-íon

aumenta com uma redução na concentração da solução e com o aumento do conteúdo

iônico e grau de reticulação do hidrogel. A exclusão do co-íon é mais eficiente quanto

os contra-íons possuem baixa valência e os co-íons são multivalentes (Nikolaos

A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

A associação de íons multivalentes com os grupos iônicos fixos da cadeia

polimérica podem levar a uma inversão da carga líquida do hidrogel, um hidrogel

catiônico pode ser transformado em aniônico e vice versa. A capacidade de hidrogéis

iônicos em absorver contra-íons ao invés de co-íons permite com que esses hidrogéis

sejam utilizados como membranas semipermeáveis para os contra-íons (Nikolaos

A.Peppas and Atul R.Khare, 1993).

Equações para o inchamento no equilíbrio de géis iônicos foram desenvolvidas

baseando em três contribuições para a energia livre do gel inchado. Estas contribuições

são devido à mistura do polímero com o solvente, a elasticidade da rede e a contribuição

iônica. A equação geral é dada por:

24

∆G = ∆Gelástica + ∆Gmistura + ∆Gíon (eq. 2.8)

Em termos de potencial químico a diferença de entre o potencial químico do

solvente dentro e fora do gel é dada por:

µg - µp = ∆µelástico + ∆µmistura + ∆µíon (eq. 2.9)

O fator atribuído para a variação do potencial químico devido à presença de

grupos iônicos na rede só se torna importante para géis fortemente carregados. Para géis

fracamente carregados podemos considerar somente os fatores elásticos e de mistura.

Peppas; Brannon e Peppas; Ricka e Tanaka desenvolveram expressões para

descrever a contribuição iônica para o inchamento de hidrogéis iônicos. Eles assumiram

que a rede polimérica sob condições de inchamento comporta como soluções

poliméricas diluídas e consequentemente, a atividade da solução pode ser substituída

pela concentração. Sendo assim, o termo iônico é dado por:

∆µíon = RTV1∆ctot. (eq. 2.10)

onde V1 é o volume molar do solvente e ∆ctot é a concentração total de íons dentro do

gel.

2.8. Processos de absorção de água pelos hidrogéis

2.8.1. Primeira lei da difusão

A taxa de migração de uma propriedade é medida pelo seu fluxo, J, que é a

quantidade dessa propriedade passando através de uma determinada área, em um

determinado intervalo de tempo, divido pela área e pelo intervalo de tempo. Se a

matéria esta fluindo, nos teremos um fluxo de matéria, se a energia estiver fluindo, nos

teremos um fluxo de energia. As propriedades de transporte são propriedades

fenomenológicas e são normalmente expressas em termos de equações que são

empíricas, isto é, são obtidas através de observações experimentais.

Observações experimentais das propriedades de transporte mostram que o fluxo

de uma propriedade é, normalmente, proporcional à primeira derivada de alguma outra

25

propriedade relacionada. Para o fluxo de matéria difundindo paralelamente ao eixo X de

um recipiente é encontrado que ele é proporcional à primeira derivada da concentração:

J(matéria) ∝ dN/dx (eq. 2.11)

onde N é a densidade de partículas com unidade de número por metro cúbico.

Essa equação é conhecida como a primeira lei da difusão de Fick e ela diz que o

fluxo de matéria é proporcional ao gradiente de concentração isto é se a concentração

varia acentuadamente de um ponto para o outro dentro de um determinado sistema, o

fluxo de matéria será rápido. Quando não temos um gradiente de concentração dentro

do sistema não teremos também fluxo de matéria.

Como o fluxo de uma propriedade se dá de uma região de maior concentração

para uma região de menor concentração, J será positivo se dN/dx for negativo. Por isso,

a constante de proporcionalidade deve ser negativa, a equação (eq. 2.11) passa a ser

representada da seguinte forma:

J(matéria) = - D dN/dx (eq. 2.12)

a constante D recebe o nome de coeficiente de difusão e sua unidade é dada em m2. s-1

(Peter Atkins and Julio de Paula, 2006).

Quando trabalhamos com hidrogéis, a determinação do coeficiente de difusão

desse material é fator primordial para propormos uma aplicação para o mesmo, pois

como vamos ver, é através desse coeficiente que podemos determinar o tempo

necessário para que determinado substrato seja liberado ou absorvido pelo hidrogel.

2.8.2. Segunda lei de Fick

A equação que descreve a velocidade de mudança da concentração de partículas

para dentro de uma região homogênea é a equação de difusão, também chamada de

“Segunda lei da difusão de Fick” que é dada por:

∂c/∂t = D ∂2c/∂x2 (eq. 2.13)

26

esta equação mostra que a velocidade de variação na concentração é proporcional à

segunda derivada da concentração em relação à distância (Peter Atkins and Julio de

Paula, 2006).

Uma solução derivada dessa equação para filmes finos de espessura δ e

assumindo constante o valor da constante de difusibilidade é:

Mt /M∞ = 4(Dt/δ2)1/2 {π-1/2 + 2 Σ (-1)n ierfc nδ/2(Dt)1/2} (eq. 2.14)

onde, Mt e M∞ são a quantidade acumulativa absoluta de solvente no tempo t e no

tempo infinito, respectivamente; D representa o coeficiente de difusão. Para curtos

tempos de difusão, o segundo termo entre chaves tende a zero e uma aproximação

suficientemente precisa da equação, para Mt /M∞ < 0,6 pode ser escrita da seguinte

forma:

Mt /M∞ = 4(Dt/πδ2)1/2 = k t 0,5 (eq. 2.15)

onde k é uma constante.

Através dessa equação podemos calcular o coeficiente de difusão de hidrogéis

no início do processo de inchamento. Se admitirmos que no início do processo o

mecanismo predominante no processo de inchamento seja a difusão da água para o

interior da rede polimérica.(Christopher S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 2000; Erdener

Karadag et al., 2004b; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005)

2.8.3. O processo de inchamento em hidrogéis

O processo de inchamento de um hidrogel não é descrito unicamente por processos

difusionais. A cinética e o mecanismo de inchamento de um hidrogel dependem de

fatores estruturais como a composição química e a geometria da matriz. Para

descrevermos o processo de inchamento adequadamente é importante considerar vários

fatores, alguns deles são:

• A geometria exata do hidrogel:

• O transporte de matéria:

27

• A variação no coeficiente de difusão da matriz de acordo com o seu inchamento:

• O aumento nas dimensões do sistema:

• A solubilidade das cadeias poliméricas:

• A presença ou não de poros na matriz:

• Fatores estruturais da rede polimérica como tamanho das cadeias, grau de

reticulação, grau de substituição, etc:

• Degradação da rede:

A descrição matemática do processo de inchamento não é uma tarefa fácil e

tomando como base os fatores citados anteriormente é fácil perceber que não existe um

mecanismo valido para todos os tipos de hidrogéis. Na verdade o mecanismo que

controla o inchamento de uma rede polimérica varia de hidrogel para hidrogel e o

modelo adotado para a descrição desse mecanismo pode ser proposto empiricamente ou

através de modelos matemáticos.

Sendo assim, durante a proposta de um modelamento matemático para inchamento

de um determinado hidrogel, devemos identificar o fenômeno de transporte mais

importante e desconsiderar os outros para que o modelo matemático não se torne muito

complexo (J.Siepmann and A.Göpferich, 2001).

2.8.4. Análise da dinâmica de inchamento de hidrogéis

A dinâmica de inchamento dos hidrogéis é controlada por fatores estruturais da

rede polimérica e interações polímero-solvente. Durante a absorção de água a rede

polimérica passa de um estado vítreo para um estado borrachoso e a cinética de

absorção e transporte de moléculas para dentro do hidrogel é controlado por fatores

difusionais dentro de cada uma dessas regiões. É bastante claro que fenômenos de

transporte, como a difusão, não ocorrerão do mesmo modo nas duas fases diferentes

(Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993; Paolo Colombo et al., 2000).

Quando um solvente penetra na rede polimérica, esta começa a inchar. Se a

matriz polimérica for termodinamicamente compatível com o solvente, a rede se tornará

borrachosa devido à redução na temperatura de transição vítrea (Tg) da matriz. Essa

redução na temperatura de transição vítrea se deve a interação do solvente com as

cadeias poliméricas. Nesse caso, os solventes funcionam como plastificantes, pois

28

aumentam a mobilidade da rede diminuindo a interação entre elas. Esse aumento de

mobilidade é um dos motivos que permite com que os hidrogéis sofram grandes

aumentos de volume (Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993; Paolo Colombo et

al., 2000).

Para os hidrogéis, a transformação da rede polimérica esta associada com o

processo de absorção de água, onde as cadeias poliméricas que se encontravam em um

estado não perturbado se distanciam umas das outras e passam para um estado

solvatado, esse novo estado leva a uma redução na temperatura de transição vítrea desse

material e uma grande diferença é percebida entre as regiões vítreas e borrachosas

devido ao processo de inchamento.

O avanço das moléculas de água para dentro da rede polimérica leva à mudanças

abruptas nas propriedades reológicas desses materiais e esse avanço se deve à interações

polímero - polímero e polímero – solvente, essas interações irão controlar as

propriedades estruturais desses hidrogéis. Para alguns hidrogéis a degradação da rede

polimérica durante a absorção de água pode ocorrer e a penetração das moléculas de

água na rede polimérica se dá conjuntamente com a erosão da rede (J.Siepmann and

A.Göpferich, 2001; Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993; Paolo Colombo et al.,

2000).

O processo de erosão da rede se deve às tensões geradas na interface entre a

região borrachosa e a região vítrea durante o inchamento. A natureza e magnitude desse

processo dependem da natureza do polímero, do grau de reticulação, parâmetros de

interação polímero/solvente e grau de ionização. Condições do sistema onde o hidrogel

é colocado como pH e força iônica alteram o grau de inchamento do hidrogel e

conseqüentemente alteram as tensões na interface vítrea e borrachosa, alterando assim a

magnitude do processo de erosão (J.Siepmann and A.Göpferich, 2001).

Para redes poliméricas degradáveis dois tipos de erosão podem ocorrer, a erosão

superficial ou heterogênea e a erosão volumétrica ou homogênea. A erosão superficial é

a erosão que se dá nas camadas externas da rede, já a erosão volumétrica ocorre quando

o solvente difunde para dentro da rede e a rede vai se degradando homogeneamente. Na

erosão volumétrica a absorção de água pelo sistema é muito mais rápida do que o

processo de erosão. Na erosão superficial a degradação da matriz polimérica é mais

rápida do que na erosão volumétrica (J.Siepmann and A.Göpferich, 2001).

Em sistemas de imobilização ou liberação de solutos, a erosão do hidrogel é de

grande importância, por isso, modelos matemáticos empíricos e mecanisticos são

29

utilizados para tentar quantificar e modelar o processo de erosão em redes poliméricas.

Os dois modelos empíricos mais importantes são o modelo de Hopfenberg e o modelo

de Cooney. Simulações baseadas no modelo de Monte-Carlo e no modelo de não

Monte-Carlo são apresentadas por J. Siepmann.

A caracterização do processo de erosão pode ser feita através de TGA, DSC,

MEV, Raios-X ,RMN etc, essa caracterização físico química é ferramenta importante na

determinação do modelo empírico ou mecânico a ser utilizado para a determinação da

dinâmica de erosão (J.Siepmann and A.Göpferich, 2001).

Devido às propriedades viscoelásticas das redes poliméricas o mecanismo de

transporte de solvente para dentro e através da rede consiste de uma combinação de dois

fenômenos, um de difusão chamado de transporte do tipo Fickiano e um de relaxação

chamado de transporte do tipo caso II. Casos de transporte só do tipo caso II e só do tipo

Fickiano através de redes poliméricas já foram também descritos.

Em todas as situações o transporte de solventes e/ou soluto através de uma rede

polimérica pode ser descrito por um dos três seguintes tipos de transporte: Transporte

em que o processo de inchamento é devido ao gradiente de concentração, à relaxação

das cadeias poliméricas e à diferença de pressão osmótica. Gradientes de pressão

osmótica se dão devido à diferença do caráter hidrofílico da rede polimérica.

Em sistemas onde o tempo de relaxação das cadeias poliméricas é muito mais

curto que o tempo gasto para o transporte de solvente, um transporte do tipo Fickiano é

observado, isto é, a difusão do solvente para dentro da matriz polimérica governa a

dinâmica de inchamento. Em casos onde a relaxação das cadeias poliméricas é a etapa

mais lenta do processo de inchamento, isto é existe uma grande afinidade entre o

solvente e a matriz e conseqüentemente a difusão do solvente para dentro da rede ocorre

rapidamente, a dinâmica de inchamento é dita do tipo caso II. Entretanto, existem

sistemas em que o mecanismo de inchamento se dá através de um comportamento

mutuo entre os dois tipos de mecanismos já citados. Nesse mecanismo a relaxação das

cadeias e a difusão do solvente ditam em conjunto a dinâmica de inchamento do

hidrogel, esse mecanismo é conhecido como transporte do tipo anômalo (Christopher

S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 1999; Erdener Karadag et al., 2002; Esmaiel Jabbari

and Samyra Nozari, 2000; J.Siepmann and N.A.Peppas, 2001; Laura Serra et al., 2007;

P.Colombo et al., 2008).

Estudos sobre a natureza do tipo de transporte mostram que a interação

solvente/polímero e polímero/polímero são responsáveis pela dinâmica do mecanismo

30

de inchamento. Se a rede polimérica é muito compatível com o solvente ela irá inchar e

se rearranjar para acomodar o solvente o que pode levar a um caso de transporte

anômalo ou do tipo caso II, para redes poliméricas pouco solúveis a dinâmica de

inchamento será limitada ao transporte do solvente através dos poros da rede o que

caracterizará um transporte do tipo Fickiano.

A dinâmica de inchamento de uma rede polimérica pode variar com a

temperatura para um mesmo sistema polímero/solvente e pode também variar com

diferentes tipos de solventes.

A determinação do mecanismo de absorção de água por um hidrogel pode ser

feita através de um parâmetro adimensional para muitos sistemas polímero/solvente.

Muitos métodos vêm sendo usados para modelar o comportamento associado

com a absorção de água pelo hidrogel. A variação do coeficiente de difusão com o

tempo ou com a posição dentro da matriz vem sendo levada em conta para explicar

grandes mudanças na difusibilidade do sistema durante o inchamento. Princípios de

termodinâmica aplicada a sistemas irreversíveis vêm sendo aplicados em sistemas

poliméricos para tentar explicar a dinâmica da fase penetrante baseando se em forças

relacionadas com a atividade da água. Outros modelos focam na mudança do

comportamento da água ou na dependência da relaxação viscoelastica do polímero com

o tempo enquanto ele incha.

A maneira mais simples de relacionar a dependência do inchamento da rede com

o tempo é descrito pelo modelo lei de potência apresentado na equação 2.16.

Mt/M∞ = Ktn (eq. 2.16)

onde n é o expoente difusional, Mt/M∞ representa a fração de solvente absorvido

normalizado de acordo com a condição de equilíbrio . As variáveis K e n são constantes

que estão relacionadas com o coeficiente de difusão e o mecanismo de transporte

envolvido. Essa equação é utilizada para considerar os efeitos de difusão e relaxação na

rede polimérica. De acordo com o valor do expoente difusional podemos determinar o

tipo de transporte envolvido no processo de inchamento, esse valor varia de acordo com

a forma da matriz. Valores esperados para algumas matrizes são mostrados na tabela 2.1

(Christopher S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 1999; Erdener Karadag et al., 2002;

Esmaiel Jabbari and Samyra Nozari, 2000; J.Siepmann and N.A.Peppas, 2001; Laura

Serra et al., 2007; P.Colombo et al., 2008).

31

Tabela 2.1. Expoente n da lei de potencia para sistemas de diferentes geometrias. cilíndro Esfera 0,5 0,43 Difusão do tipo Fickian 0,5<n<1,0 0,43<n<0,85 Transporte anômalos 1,0 0,85 Transpote Caso II

2.9. Agente reticulador

2.9.1. Dianidridos

As estruturas químicas do PMDA e do BTDA são mostradas nas figuras 2.9.1.1 e

2.9.2.2.

OO

OO

O O Figura 2.9.1.1. Estrutura química do dianidrido do ácido 1,2,4,5 benzeno tetracarboxílico

(PMDA).

O

OO

O

O

O

O Figura 2.9.1.2. Estrutura química do dianidrido do ácido 3,3´,4,4´-benzofenona tetracarboxílico

(BTDA).

Estes dianidridos são tetrafuncionais e são utilizados na síntese de poliimidas.

Segundo Michael Bratychak, o PMDA além de ser largamente utilizado na síntese

de poliimidas, é empregado na síntese de poliamidoimidas, é utilizado para a síntese de

detergentes e plastificantes para polímeros termoplástico e como agente de cura em

resinas epoxy. (Michael Bratychak et al., 2002)

Segundo B. Sillion, existe um pedido de patente na reação de semi hidrolise do

anidrido piromelítico (PMDA), esta reação é de grande importância, pois o monômero

32

obtido pode ser utilizado na síntese de poliimidas com diferentes diaminas (B.Sillion,

1999).

2.9.2 - Ácidos tetracarboxílicos

A capacidade de compostos aromáticos carboxilados de coordenar metais de

transição já é bem conhecida.(Deping Cheng et al., 2003; Arpi Majumder et al., 2006)

Existe um aumento repentino na síntese de polímeros de coordenação. Estes

polímeros são baseados em ligantes multifuncionais e são materiais promissores na

formação de estruturas organo metálicas microporosas. (Ramaswamy Murugavel et al.,

2002)

Materiais microporosos, apresentam potencial aplicação em catalise heterogênea,

baterias e separação e preparação de sensores. (Shu-Feng Si et al., 2003)

A capacidade do ácido 1,2,4,5- benzeno tetracarboxílico coordenar metais como

Na+, K+, Mn2+, Ni2+, Cu2+, Co2+, Fe2+ e Zn2+ (Renata Diniz et al., 2005; Renata Diniz et

al., 2006), Co2+ (Yangguang Li et al., 2002), Co2+ e Cu2+ (Arpi Majumder et al., 2006),

Mn2+ e Ni2+ (Deping Cheng et al., 2003), Ni2+(Yangguang Li et al., 2003), Cu2+ (Shu-

Feng Si et al., 2003), Ni2+, Cu2+ e Zn2+ (Ramaswamy Murugavel et al., 2002) na

presença ou não de ligantes N-doadores é evidência da capacidade desse ácido em

coordenar metais de transição e metais alcalinos. A presença desses agentes

reticuladores fixos covalentemente na rede polimérica permite que a rede formada

apresente cargas iônicas que sejam capazes de imobilizar enzimas, proteínas e íons.

Lufang MA et. al./2005, cristalizou um complexo do tri hidrogênio- 1,2,4,5-

benzeno tetracarboxílico onde a 2,2´ bipiridina atua como receptor de próton .(Lufang

MA et al., 2005)

Poliácidos carboxílicos são importantes estruturas para estudos de ligações de

hidrogênio. Ânions desses compostos podem formar ligações de hidrogênio intra e

intermolecular (fig 2.9.2.1). Essas estruturas podem atuar como receptoras ou doadoras

de ligação de hidrogênio, de acordo com o número de grupos carboxílicos

desprotonados. Em compostos aromáticos efeitos cooperativos de ressonância são

observados entre as ligações de hidrogênio intramoleculares curtas e o sistema Π

.(Attila Kováscs et al., 2002; Lindgren et al., 1995; Lufang MA et al., 2005; Renata

Diniz et al., 2005; Renata Diniz et al., 2006)

33

Figura 2.9.2.1. Ligação intramolecular presente em poli ácidos carboxílicos.

34

Capítulo 3

3. Materiais e Métodos

3.1. Síntese dos géis

3.1.1. Matéria-Prima

Para a reação de reticulação fez-se uso de um acetato de celulose comercial

(Acetol Flakes®). Esse material possui grau de substituição (DS) 2,5 e é utilizado como

matéria-prima para a fabricação de filtros de cigarro.

Os dianidridos utilizados na reação foram fornecidos pela Alco Chemical

Corporation, o solvente utilizado foi a acetona, fornecida pela Proquímios, com pureza

de 99,5% e o catalisador foi a trietilamina fornecida pela Vetec Química Fina, com

pureza de 99%.

Para observar as alterações no comportamento térmico das cadeias de celulose

geradas pela incorporação de grupos acetato, fez-se uso da Avicel (celulose micro

cristalina), produzida pela MERCK, como material de referência.

Um acetato de celulose padrão fornecido pela ALDRICH, com teor de grupos

acetil de 39,8% p/p e peso molecular numérico médio (Mn/GPC) de 30.000 foi utilizado

como material de referência.

3.1.2. Purificação dos reagentes

O acetato de celulose ao ser recebido foi imerso em éter etílico por 30min, em

etanol por 1h e subsequentemente, lavado com água destilada. As amostras de acetato

de celulose purificadas foram submersas em água a 80ºC por 3h e em seguida secas em

estufa a vácuo, sob vácuo de 625 mmHg, a 80ºC, por 24h (Gocho et al., 2000).

Os dianidridos reagem rapidamente com a água e se transformam em seus

respectivos ácidos. Através dos resultados de análise térmica, pode-se concluir que, um

aquecimento dos ácidos em atmosfera inerte leva à desidratação dos mesmos e obtenção

do anidrido. Baseando nesses dados que serão apresentados na seção 4.1.1, o PMDA foi

colocado em estufa sob vácuo de 625 mmHg, a 210ºC, por 2h e em seguida guardado

35

em dessecador. De maneira semelhante, o BTDA foi colocado em estufa à vácuo, sob

vácuo de 625 mmHg, a 200ºC, por 2h e em seguida guardado em dessecador.

A acetona e a trietilamina foram utilizadas como recebidas.

O acetato de celulose padrão e a Avicel foram utilizados como recebidos.

3.1.3. Determinação do ponto de fusão da matéria prima

A determinação do ponto de fusão dos dianidridos e do acetato de celulose foi feita em

triplicata e utilizando um aparelho de ponto de fusão da Büchi (Melting point B-540)

capaz de determinar o ponto de fusão de amostras até 400°C.

3.1.4. Análise Térmica Diferencial (DTA)

Os dianidridos, o acetato de celulose e a Avicel (celulose microcristalina) foram

enviadas para análise térmica diferencial (DTA). Nessa análise o parâmetro medido é a

diferença de temperatura (∆T) entre a amostra em análise e um material de referência, o

qual não sofre transformações envolvendo variações de energia calorífica, na faixa de

temperatura de operação (Ivo Giolito and Massao Ionashiro, 1988; M.Ionashiro and

I.Giolito, 1980; Sebastião V.Canevarolo, 2004).

O aparelho utilizado para o estudo foi um METTLER TOLEDO STAR System

do laboratório de análises térmicas da UFMG/DQ.

3.1.5. Determinação do grau de acetilação do Acetol Flakes®

O acetato de celulose foi colocado em estufa sob vácuo de 625 mmHg, por 1h a

80 ºC. Depois de seco, ele foi colocado em um dessecador onde ficou até esfriar. Foram

pesados em frascos Erlenmeyer exatamente 0,500g de acetato de celulose e em seguida

adicionaram-se 20ml de solução etanol/água 75% v/v. Os frascos foram tampados e

aquecidos por 30 min a 60ºC, e em seguida, adicionaram-se 25 ml de solução de NaOH

(0,5M) previamente padronizada, ao sistema. O meio reacional foi aquecido,

novamente, por 15 min, a 60 ºC e em seguida deixado para reagir por 72h, à

temperatura ambiente. O excesso de NaOH foi titulado com solução padronizada de

HCl utilizando fenolftaleina como indicador.

36

O mesmo procedimento descrito acima foi feito utilizando Avicel no lugar de

Acetol Flakes. Esse meio reacional serviu como branco para os cálculos do grau de

substituição (DS).

O DS foi calculado usando a seguinte equação:

)(%4.102

)(%86.3Acetyl

AcetylDS−×

= ( eq. 3.1.1)

wBVAVBVAVAcetyl HClNaOHHClNaOH 3.4)]}()[()](){[(% ××′−×′−×−×

=

onde %Acetyl é a porcentagem de gupos acetil na amostra, A é a concentração da

solução de NaOH em mol/L; B é a concentração da solução de HCl em mol/L; VNaOH e

V´NaOH são os volumes da solução de NaOH adicionados nas amostras e no branco,

respectivamente, VHCl e V´HCl são os volumes de HCl adicionados nas amostras e no

branco, respectivamente e w é a massa da amostra em gramas (Freire et al., 2005;

Samios et al., 1997).

A determinação do grau de substituição foi feita em triplicata.

3.1.6. Síntese dos Géis de PMDA e BTDA

A reação do acetato de celulose com os dianidridos é feita em meio homogêneo, a

temperatura ambiente e sob agitação constante.

É indispensável que a reação seja feita em meio anidro, pois, alguns anidridos

podem reagir até 100 vezes mais rápidos com a água do que com a hidroxila da

celulose.

O acetato de celulose foi dissolvido em acetona e após a dissolução, a solução

passou por um processo de filtração para a retirada da fração insolúvel. A solução

acetato de celulose/acetona se mostrou uma solução transparente translúcida e viscosa.

Após a dissolução e filtração, os dianidridos foram adicionados e a solução passou

de transparente translúcida para levemente amarelada translúcida, quando adicionamos

o PMDA, e para alaranjada translúcida, quando adicionamos o BTDA. A solução

acetato de celulose/dianidrido/acetona foi deixada sob agitação por 5 minutos, com um

agitador magnético, para que todo o dianidrido fosse solubilizado.

37

Após a completa dissolução dos reagentes, o catalisador foi adicionado ao meio

reacional, sob agitação constante, e depois de, aproximadamente, 5 minutos ocorreu a

formação do gel, que pôde ser evidenciada pela brusca mudança na viscosidade do

sistema.

3.1.7. Processo de lavagem e secagem

Depois de sintetizado, o gel foi retirado do frasco reacional, picado em pedaços de

aproximadamente 1cm3 para facilitar a difusão do excesso de dianidrido para o banho

de lavagem e deixado submerso em uma solução etanol/água 20% v/v, por 10 dias a

temperatura ambiente. A partir do décimo dia a solução etanol/água 20% v/v foi

substituída por água destilada e o frasco de lavagem foi mantido dentro da estufa à 60ºC

por mais 20 dias. A água de lavagem dos géis foi analisada no uv-vis e os géis só foram

considerados limpos depois que a presença de grupos aromáticos não foi mais detectada

na água de lavagem.

A secagem dos géis foi feita a 50ºC, por 72h, em estufa e por 48h, a 40ºC, em

estufa a vácuo sob vácuo de 625mmHg. Depois de secos os géis foram colocados em

um dessecador.

3.2. Estudo cinético da reação

A determinação da dependência do tempo gasto para a reação alcançar o ponto de

gel, frente à variação na quantidade de dianidrido presente no meio reacional, foi feita

seguindo o seguinte procedimento.

Fez-se uma solução de acetato de celulose em acetona 4% p/v, da qual foram

retiradas alíquotas de 30ml, que foram transferidas para béqueres que continham 0,1;

0,2; 0,25; 0,5; 0,75; 1,0; 1,5; 2,0 e 3,0 mol de PMDA/mol de acetato de celulose e 0,5;

0,75; 1,0; 1,5; 2,0 e 3,0 mol de BTDA/mol de acetato de celulose. Os dianidridos foram

dissolvidos nessas alíquotas e após dissolução total adicionaram-se 0,9ml de trietilamina

disparando o cronômetro no mesmo instante em que a trietilamina era adicionada ao

sistema.

A reação foi feita à temperatura ambiente, com agitação magnética constante e na

mesma freqüência para todos os meios reacionais.

38

O ponto de gel foi tomado como ponto final da reação, uma vez que, ao atingir

esse ponto ocorre uma mudança abrupta e de fácil visualização na viscosidade do

sistema.

3.3. Espectroscopia de absorção no infravermelho (FTIR)

O instrumento utilizado para as análises de FTIR foi um Impact 410 (Nicolet) do

departamento de química da UFOP. As pastilhas foram preparadas homogeneizando 10

partes de KBr e 1 parte de amostra em um almofariz de ágata. Depois de

homogeneizada, a mistura foi prensada e os espectros de transmissão das pastilhas

foram então obtidos.

3.4. Termogravimetria (TG) e termogravimetria derivada (DTG)

Para a determinação da influência do grau de reticulação no comportamento

térmico dos géis, cinco amostras de gel de PMDA com as seguintes razões

estequiométricas 0,1; 0,25; 0,5; 0,75 e 1 e três amostras de géis de BTDA com as

seguintes razões estequiométricas 0,5; 0,75 e 1 foram enviadas para testes de análise

termogravimétrica (TGA).

Na termogravimetria (TG), o parâmetro medido é a massa, isto é, detecta-se,

utilizando-se um termobalança, o ganho ou perda de massa que ocorre na amostra em

função de uma variação de temperatura, ou tempo, neste último caso a temperatura é

mantida constante.

Na termogravimetria derivada (DTG) o parâmetro medido é a variação de massa

em função do tempo (dm/dt), que também pode ser descrito como velocidade ou taxa de

variação de massa.

Todas as medidas foram feitas em atmosfera de nitrogênio com um fluxo de

200ml/min, em uma rampa de aquecimento de 10ºC/min e uma programação de 25 a

750 ºC (Ivo Giolito and Massao Ionashiro, 1988; M.Ionashiro and I.Giolito, 1980;

Sebastião V.Canevarolo, 2004).

O aparelho utilizado para o estudo foi um METTLER TOLEDO STAR System do

laboratório de análises térmicas da UFMG/DQ.

39

3.5. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

As cinco amostras de géis de PMDA e as três amostras de géis de BTDA, com

diferentes graus de reticulação, foram enviadas para análise de DSC. Nessa técnica

medimos a variação de entalpia em função do tempo (dH/dt), assim, a técnica fornece

informações sobre o fluxo de calor no compartimento da amostra em função da variação

da temperatura ou do tempo, no último caso a temperatura é mantida constante.(Ivo

Giolito and Massao Ionashiro, 1988; M.Ionashiro and I.Giolito, 1980; Sebastião

V.Canevarolo, 2004)

As análises foram feitas em um aparelho Shimadzu modelo DSC50, em atmosfera

de N2 (50ml/min), a uma razão de aquecimento de 20 ºC/min, em um cadinho de

alumina. Apenas a segunda rampa de aquecimento (25 até 250 ºC) foi considerada.

3.6. Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)

As análises das modificações superficiais na estrutura do AC, após a reação de

reticulação, foi feita utilizando um microscópio eletrônico de varredura da marca JEOL

– 5SM-5510, com imageamento de elétrons secundários e retroespalhados, com sistema

EDS/EBSD acoplados. Utilizou-se voltagem de aceleração de 20Kev, spotsze 35,

working distance de 20mm e beam current de 50/20Hz.

3.7. Adsorção de Nitrogênio (BET) e densidade

A determinação da densidade da amostra foi feita utilizando um Multi pycnometer da

QUANTA CHROME à gás (He).

A determinação da porosidade dos hidrogéis foi feita utilizando um equipamento da

marca Nova 1000 da QUANTA CHROME.

3.8. Espectroscopias de absorção no ultravioleta (UV-vis)

Amostras dos géis com diferentes graus de reticulação foram desesterificadas em

solução padronizada de NaOH (0,5mol/L). As amostras foram mantidas a 70ºC por uma

semana e após a desesterificação o meio reacional foi filtrado. O filtrado foi

40

encaminhado para análise de FTIR e a água mãe foi encaminhada para análise de

absorção na região do ultravioleta.

O aparelho utilizado para análise foi um espectrofotômetro UV-VIS; Hewlett

Packard; Diode Array.

3.9. Estudo do inchamento

Existe uma relação fundamental entre o inchamento de um polímero em um

determinado solvente e a natureza do polímero e do solvente (Erdener Karadag et al.,

2006).

Para a determinação do percentual de inchamento dos géis de PMDA em água,

prepararam-se géis com as seguintes razões estequiométricas de PMDA 0,1; 0,25; 0,5;

0,75 e 1,0 e géis com as seguintes razões estequiométricas de BTDA 0,5, 0,75 e 1,0 em

formas cilíndricas com 1,0 cm de altura e 2,25cm de raio, com volume aproximado de

20ml. Todos os géis sintetizados tinham a mesma forma e, aproximadamente, o mesmo

volume.

Depois de prontos, os géis ainda não descolados das formas, foram colocados para

lavar dentro de béqueres com um litro de água destilada. À medida que os géis iam se

descolando, eles eram colocados para lavar e para secar seguindo o mesmo

procedimento descrito na seção 3.1.5. Na lavagem dos géis, eles foram colocados

apenas em água destilada e não em uma solução EtOH/água como é descrito na seção

3.1.7 e também não foram picados.

A não adição de EtOH na solução de lavagem teve o objetivo de evitar o

inchamento excessivo dos géis dentro das placas de petri, pois esse inchamento em

EtOH é tão exacerbado que provoca a quebra do gel.

Depois de secos, os géis foram colocados dentro de frascos de vidro, com 500ml

de água destilada, e em seguida mergulhados em um banho térmico à temperatura de 20,

30 e 40ºC. O aparelho utilizado para o banho térmico foi o banho térmico de um

Viscosímetro AVS 350 da Schott Gerate.

O percentual de inchamento (%S) dos géis em água foi calculado através da

seguinte equação:

%S = [(wt – wo)/ wo] * 100, (eq. 3.5.1)

onde wt é a massa de gel inchado no tempo t e wo é a massa de gel seco no tempo 0.

41

Capítulo 4

4. Apresentação e discussão dos resultados

4.1. Resultados da síntese dos géis

4.1.1. Resultados de caracterização das matérias-primas

Os dianidridos e o acetato de celulose foram analisados por FTIR, DTA, DSC e

TG/DTG, além do ponto de fusão que foi determinado para os dianidridos.

4.1.1.a. Pontos de fusão

Os pontos de fusão dos dois dianidridos foram determinados e comparados com

valores encontrados na literatura. O valor encontrado para o PMDA foi de 284,55ºC +/-

0,05ºC, estando esse valor de acordo com a literatura (NIST 557,15 K / 284 ºC) e para o

BTDA o valor encontrado foi de 204,63ºC +/- 0,028ºC valor inferior ao encontrado na

literatura (Chemy -YQ 220 - 224ºC).

A diferença no valor do ponto de fusão para o BTDA pode ser atribuída à

hidratação do dianidrido o que pode ter acarretado na presença da forma hidrolisada na

amostra analisada.

4.1.1.b. Espectroscopia na região do infravermelho

A figura 4.1.1 mostra o espectro de FTIR do acetato de celulose (AC), onde estão

destacadas as bandas de absorção em 3440 cm-1, 1752 cm-1 e 1095-1049 cm-1, que

correspondem à deformação axial das hidroxilas (-OH), deformação axial da carbonila

de ésteres (C=O) e deformação axial de C-O-C de éter, respectivamente.

A figura 4.1.2. mostra o espectro de FTIR do acetato de celulose padrão. A

detecção das mesmas bandas, quando comparamos os espectros de FTIR mostrados na

figura 4.1.1 e 4.1.2, é uma evidência da eficiência do processo de purificação do Acetol

Flakes.

42

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

50

60

70

(1095-1049)1752

por

cent

agem

de

trans

mitâ

ncia

3440

número de ondas (cm-1)

Acetato de Celulose

Figura 4.1.1. Espectro de FTIR do acetato de celulose (Acetol Flakes®)

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50030

40

50

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de ondas (cm-1)

Acetato de Celulose (padrão)

Figura 4.1.2. Espectro de FTIR do acetato de celulose padrão.

43

A figura 4.1.3 mostra o espectro de FTIR do BTDA onde são destacadas as bandas

de absorção em 707 cm-1, 743 cm-1 e 801 cm-1 atribuídas à deformação angular fora do

plano das ligações C-H do anel aromático, em 919 cm-1 referentes à deformação axial

de C-O de anidridos cíclicos, em 1424 cm-1 e 1488 cm-1 atribuídas à deformação axial

das ligações C-C dentro do anel aromático, 1783 cm-1 e 1854 cm-1 atribuídas à

deformação axial de carbonila (C=O) de anidridos cíclicos e em 3122-2857 cm-1

atribuídas à deformação axial de C-H aromático.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

20

40

60

80

1783

1854 919

(3122 - 2857)

1424

1488 801743707

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de ondas (cm-1)

BTDA

Figura 4.1.3. Espectro de FTIR do BTDA

A figura 4.1.4 mostra o espectro de FTIR do PMDA onde são destacadas as

bandas de absorção em 707 cm-1, 766 cm-1 e 813 cm-1, referentes à deformação angular

fora do plano das ligações C-H do anel aromático, em 1460 cm-1 e 1412 cm-1, atribuídas

à deformação axial das ligações C-C dentro do anel aromático, em 1854 cm-1referentes

à deformação axial de carbonila (C=O) de anidridos cíclicos e em 3051 cm-1 atribuídas

à deformação axial do C-H aromático.

É importante destacar que nos espectros de FTIR obtidos experimentalmente para

os dianidridos, foram detectadas as mesmas bandas de absorção mostradas em um

espectro padrão fornecido pela NIST. A não detecção de bandas extras e a equivalência

das bandas são evidências do alto grau de pureza dos regentes utilizados.

44

3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

0

10

20

30

40

por

cent

agem

de

trans

mitâ

ncia

707

766

813

14121460

1854

3051

número de ondas (cm-1)

PMDA

Figura 4.1.4. Espectro de FTIR do PMDA.

4.1.1.c. Análises térmicas

A figura 4.1.5 mostra os resultados de análise térmica para o AC. Podem ser

observados três eventos na curva de DTG (fig. 4.1.5 B), sendo o primeiro evento com

início em 32 ºC que pode ser atribuído à evaporação dos solventes orgânicos utilizados

no processo de lavagem (éter etílico/etanol), o segundo evento em 225 ºC que é

atribuído à degradação dos grupos acetatos e o terceiro e último evento inicia-se em 275

ºC, mostrando o seu máximo em 360 oC e pode ser atribuído à degradação das cadeias

de celulose e dos grupos acetatos.

45

100 200 300 400 500 6000

20

40

60

80

100A

porc

enta

gem

em

mas

sa

temperatura (ºC)

Acetato de Celulose

100 200 300 400 500 600

-18

-16

-14

-12

-10

-8

-6

-4

-2

0

2 B

Der

ivad

a

temperatura (ºC)

Acetato de Celulose

0 50 100 150 200 250

-0,4

-0,2

0,0

0,2

endo C

DSC

(mW

)

temperatura (ºC)

Acetato de Celulose

Figura 4.1.5. A - curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C – curva DSC do acetato de celulose (AC), atmosfera de N2.

46

Na figura 4.1.6 são mostradas as curvas de TG, DTG e DTA da AVICEL

(celulose micro cristalina). Quando comparamos a curva de DTG do acetato de celulose

com a curva do AVICEL podemos observar que a temperatura em que o segundo evento

começa a ocorrer, na curva do AC, é exatamente a mesma temperatura em que o

AVICEL começa a degradar, 275 ºC por isso, atribuímos o segundo evento dessa curva

à degradação das cadeias poliméricas. Neng Wang e colaboradores, estudando o

comportamento térmico de celuloses micro cristalinas, também encontraram uma larga

faixa de temperatura de degradação atribuído a um único evento de pirólise para esse

tipo de material (Neng Wang et al., 2007).

As curvas de TG para os dois polímeros apresentam o mesmo comportamento e a

única diferença é a mudança na inclinação da curva no inicio da degradação para o AC,

essa diferença na inclinação da curva de TG se deve à degradação dos grupos acetato,

como já foi discutido na análise da curva de DTG.

O valor encontrado para a temperatura de transição vítrea do AC, na curva de

DSC, foi de 61ºC e está de acordo com os dados do fornecedor e com a literatura

(Brandrup J., 1974).

100 200 300 400 500 6000

20

40

60

80

100A

porc

enta

gem

em

mas

sa

temperatura (ºC)

Avicel

47

100 200 300 400 500 600-3

-2

-1

0B

Der

ivad

a

temperatura (ºC)

Avicel

100 200 300 400 500 600-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

endo

C

Dife

renç

as d

e te

mpe

ratu

ra

temperatura (ºC)

Avicel

Figura 4.1.6. A - curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do AVICEL.

A figura 4.1.7 mostra os resultados de análise térmica do BTDA, onde podemos

observar a ocorrência de três eventos na curva de DTG, o primeiro evento inicia a

temperatura de 150ºC, tem um máximo em 203ºC e termina em 231ºC, a esse evento foi

atribuída a reação de desidratação do ácido dicarboxílico, sabe-se que essa reação

48

ocorre a temperatura de aproximadamente 200ºC (figura 4.1.8 ). Os resultados de DTA

mostram que o primeiro evento é um evento endotérmico (∆T < 0) o que esta de acordo

com a transformação proposta. O evento endotérmico na curva de DTA, em 209ºC,

também se deve á fusão do BTDA. Esse valor esta de acordo com os valores

encontrados no experimento de determinação do ponto de fusão.

O segundo e o terceiro evento da curva de DTG estão sobrepostos sendo que o

primeiro inicia em 300ºC e tem o seu máximo em 367ºC e o segundo tem o seu máximo

em 414ºC. A curva de DTA cruza a linha base em 352ºC o que nos diz que a

temperatura da amostra se torna maior que a do material referência e evidencia assim a

ocorrência de um evento exotérmico (∆T > 0). A partir desses resultados pode ser

concluído que o segundo evento é endotérmico e se deve principalmente a degradação

dos grupos ligados ao anel aromático e que o terceiro evento é exotérmico e se deve à

formação de carvão, isto pode ser confirmado através da análise da curva de TG onde

podemos confirmar uma massa residual de 25%.

100 200 300 400 500 600 700 8000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100A

porc

enta

gem

em

mas

sa (%

)

temperatura (ºC)

BTDA

49

100 200 300 400 500 600

-6

-4

-2

0

B

Der

ivad

a

temperatura (ºC)

BTDA

100 200 300 400 500 600

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

C

dife

renç

a de

tem

pera

tura

(∆T)

temperatura (ºC)

BTDA

Figura 4.1.7. A - Curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do BTDA.

OOHOH

O O

O

O

O

200ºCO O

O O

O

O

O

+ H2O

Figura 4.1.8. Reação atribuída ao primeiro evento da curva de DTG do BTDA.

50

A figura 4.1.9 mostra os resultados de análise térmica para o PMDA. Na curva

de DTG podemos observar três eventos, o primeiro evento é atribuído à liberação da

água adsorvida pelo material, o evento tem o seu máximo em 100ºC. O segundo evento

inicia em 148ºC, possui o seu máximo em 218ºC e termina em 246ºC. Assim como para

o BTDA, esse evento se deve à desidratação do ácido dicarboxílico (figura 4.1.10). A

curva de DTA mostra os dois primeiros eventos endotérmicos (∆T < 0) o que está de

acordo com as atribuições feitas a cada um dos eventos, quando analisamos a curva de

DTG.

Analisando o último evento na curva de DTG, pode-se perceber que ele se deve

à degradação da molécula como um todo, pois como pode ser visto na curva de DTA, o

que parece ser apenas um evento na curva DTG, são na verdade três eventos, dois

endotérmicos e um exotérmico, ocorrendo ao mesmo tempo. Os dois últimos eventos

endotérmicos apresentam máximos em 288ºC e 344ºC, respectivamente. A esses

eventos é atribuída a fusão do PMDA, como pode ser confirmado pelos valores

encontrados na determinação do ponto de fusão, e a posterior degradação dos

fragmentos ligados ao anel aromático. Ao evento exotérmico é atribuída a degradação

do anel aromático.

100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100 A

porc

enta

gem

em

mas

sa (%

)

temperatura (ºC)

PMDA

51

100 200 300 400 500 600

-15

-10

-5

0B

Der

ivad

a

temperatura (ºC)

PMDA

100 200 300 400 500 600-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

0,2

endo

C

Dife

renç

as d

e te

mpe

ratu

ra

temperatura (ºC)

PMDA

Figura 4.1.9. Curva termogravimétrica (TG), B - curva termogravimétrica derivada (DTG) e C - curva térmica diferencial (DTA) do PMDA.

O OOOHOH

O O

OO O

O O

O

200ºC+ H2O

Figura 4.1.10. Reação atribuída ao segundo evento da curva de DTG do PMDA.

52

Quando comparamos as curvas de análise térmica dos dois dianidridos, podemos

observar que a curva de DTA do PMDA cruza a linha base a 415ºC, temperatura

consideravelmente maior que aquela encontrada para o BTDA, 352ºC, e que nas duas

curvas de DTG, após o evento de desidratação, as duas moléculas começam a se

degradar. A degradação começa a ocorrer para o BTDA a 281ºC e para o PMDA a

246ºC.

O cruzamento da curva de DTA do PMDA a uma temperatura superior àquela

encontrada para o BTDA, se deve à fusão e à degradação de toda a molécula em um só

evento. A ocorrência de eventos endotérmicos e exotérmicos simultaneamente leva a

sobreposição das bandas e somente após a freqüência dos eventos endotérmicos

diminuírem é que a curva cruza a linha base e o evento exotérmico passa a ser

perceptível. Observe que para o BTDA a fusão ocorre a uma temperatura

consideravelmente inferior à temperatura de degradação da molécula, sendo assim, os

eventos endotérmicos e exotérmicos se encontram mais afastados uns dos outros quando

comparados com a molécula de PMDA e, consequentemente, o evento exotérmico,

degradação do anel aromático, torna-se perceptível a uma temperatura mais baixa.

A maior estabilidade da molécula de BTDA, maior temperatura necessária para

o início da degradação, se deve à carbonila de cetona que permite que a molécula

apresente um número maior de freqüências vibracionais quando esta é comparada com a

molécula de PMDA, que é uma estrutura plana e rígida. A maior estabilidade também se

deve à estabilização gerada pela ressonância entre a carbonila de cetona e o anel

aromático.

As análises quantitativas das curvas de TG para os dois dianidridos revelam que

eles estavam completamente hidrolisados, isto é, na forma ácida no momento da análise.

Para o PMDA o primeiro evento na curva de TG atribuído à perda de água absorvida,

revela uma perda de massa de 11,54%, valor extremamente alto para uma substância

que deve ser mantida em meio anidro. Os valores encontrados para a perda de massa no

evento de desidratação dos dianidridos foram de 13,65% para o PMDA e 9,93% para o

BTDA, valores bem próximos dos valores teóricos, 14,17% para o PMDA e 10,05%

para o BTDA, quando consideramos 100% da amostra hidrolisada.

Como as amostras foram enviadas para a análise em outro laboratório, alguma

violação dos frascos onde as amostras foram armazenadas durante o transporte, o longo

tempo de espera para que as análises fossem feitas ou até mesmo descuidos técnicos no

momento da análise, podem ter levado à hidrólise dos dianidridos.

53

4.1.2. Apresentação dos resultados de análise do grau de substituição do

Acetol Flakes®

A determinação do grau de substituição (DS) por desesterificação dos grupos

acetato confirmou o valor em 2,5, como indicado pelo fornecedor. A tabela 4.1.2.1

mostra o valor encontrado para cada uma das amostras analisadas, bem como os valores

encontrados para a porcentagem de grupos acetato.

Tabela 4.1.2.1. Grau de substituição (DS) do Acetol Flakes®

Amostra Massa da amostra %acetato DS

1 0,505g 40,93 2,57

2 0,500g 41,66 2,64

3 0,491g 39,18 2,39

Média ------ ------ 2,53

O grau de substituição do acetato de celulose apresentou um valor médio de 2,53 e

um desvio padrão de 0,12. A partir dessa caracterização, o trabalho foi desenvolvido

baseando na presença de, aproximadamente, um grupo hidroxila livre por unidade de

anidrocelobiose.

Para que a reticulação possa ocorrer, cada molécula de dianidrido deve reagir com

hidroxilas pertencentes a duas unidades de anidroglucose de diferentes cadeias

poliméricas do acetato de celulose. Considerando a massa de duas unidades de

anidroglucose como a massa molar do acetato de celulose na reação de reticulação, géis

de PMDA foram preparados com as seguintes razões estequiométricas: 0,1; 0,25; 0,5;

0,75 e 1,0 mol de PMDA/ mol de AC e os géis de BTDA foram feitos com razões

estequiométricas de: 0,5; 0,75 e 1,0 mol de BTDA/ mol de AC.

Todo o trabalho foi feito com os géis citados acima e a tabela 4.1.2.2 resume os

nomes com os quais eles serão representados no decorrer do trabalho. Tabela 4.1.2.2. Nomes que representarão os géis de BTDA e PMDA.

Razão estequiométrica de dianidrido

Nomes dos géis de PMDA

Nomes dos géis de BTDA

0,1 0,1P -

0,25 0,25P -

0,5 0,5P 0,5B

0,75 0,75P 0,75B

1 1,0P 1,0B

54

Géis de BTDA foram sintetizados com a razão estequiométrica mínima de 0,5,

pois não houve formação de gel quando a razão foi menor do que esse valor. O PMDA

se mostrou mais reativo do que o BTDA, pois além dos géis serem formados com

razões estequiométricas menores, o tempo de formação desses géis foram, quase

sempre, inferiores aos tempos de formação dos géis de BTDA com a mesma razão

estequiométrica, como será mostrado e discutido na seção 4.2.

4.1.3. Discussão dos resultados de síntese, secagem e lavagem dos géis

Os espectros de FTIR do gel de PMDA lavado e não lavado são mostrados na

figuras 4.1.3.1 e comparados com o espectro do acetato de celulose. As principais

diferenças incluem as vibrações angulares fora do plano das ligações C-H do anel a 815

cm-1, vibrações de deformação angular fora do plano de C-H de hidrocarbonetos

aromáticos a 952 cm-1e vibração de deformação axial de C-O em ésteres de ácidos

aromáticos a 1299 cm-1. A 1730 cm-1 pode ser observado um alargamento e

desdobramento da banda de carbonila devido à incorporação de outros ésteres na

estrutura e ácido carboxílico presentes na estrutura do agente de entrecruzamento. Outra

importante modificação corresponde ao alargamento da banda a 3480 cm-1

correspondente ao aumento do teor de hidroxilas de grupos carboxílicos após formação

da estrutura reticulada.

Os espectros de FTIR do gel de BTDA lavado e não lavado são mostrados na

figuras 4.1.3.2 e comparados com o espectro do acetato de celulose. As principais

diferenças incluem as vibrações angulares fora do plano das ligações C-H do anel a 815

cm-1, vibrações de deformação angular fora do plano de C-H de hidrocarbonetos

aromáticos a 950 cm-1 e vibração de deformação axial de C-O em ésteres de ácidos

aromáticos a 1305 cm-1. A 1730 cm-1 pode ser observado um alargamento e

desdobramento da banda de carbonila devido à incorporação de outros ésteres na

estrutura, além de carbonila de cetona e ácido carboxílico presentes na estrutura do

agente de entrecruzamento. Outra importante modificação corresponde ao alargamento

da banda a 3480 cm-1 correspondente ao aumento do teor de hidroxilas de grupos

carboxílicos após formação da estrutura reticulada.

O surgimento de novas bandas é evidência da formação de um novo material e

mostra que o produto é composto de uma rede polimérica formada por ligações

covalentes, uma vez que, depois de lavados, não houve o completo desaparecimento das

55

bandas de absorção na região aromática dos géis e sim uma diminuição na intensidade

dessas bandas. Esses fatos evidenciam o acontecimento da reação, que pode ser

confirmada também pelas mudanças no perfil das curvas de TGA e DTG mostradas nas

figuras 4.1.3.3 e 4.1.3.4. O processo de entrecruzamento leva a um aumento da extensão

de formação de ligações éster. Ligações do tipo éster são menos estáveis que ligações,

p. ex, carbono-carbono. Nesse sentido e como conseqüência, pode ser observado pelas

figuras 4.1.3.3 e 4.1.3.4 que os produtos obtidos após entrecruzamento apresentam

início de degradação em temperaturas inferiores ao acetato de celulose.

As curvas de TG/DTG serão discutidas posteriormente, por hora será focado

apenas o fato de que esses dados são comprovações da formação de novos produtos e

que a perda insignificante de massa até aproximadamente 110ºC é evidência da

eficiência do processo de secagem.

Os espectros de FTIR também mostram o total desaparecimento, após a lavagem,

das bandas de deformação axial de N-H de sais de amina terciária em 2680 cm-1, que

surgiram devido à presença do catalisador. Esse total desaparecimento é uma evidência

da eficiência do processo de lavagem.

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50048

50

52

54

56

58

60

62

64

66

68

70A

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda cm-1

Acetato de Celulose

56

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50028

30

32

34

36

38B

1261

952815

por

cent

agem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda (cm-1)

Gel de PMDA lavado

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50016

18

20

22

24

26

28

30

32

34C

17482675

(2763-2734)2922

2970

(3463-3410)

por

cent

agem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda (cm-1)

Gel de PMDA sem lavar

Figura 4.1.3.1. FTIR do acetato de celulose (a), do gel de PMDA lavado (b) e do gel de PMDA

não lavado (C).

57

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50048

50

52

54

56

58

60

62

64

66

68

70A

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda cm-1

Acetato de Celulose

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50028

30

32

34

36

38

40

42

44

46

48

50B

1305

950

815

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda cm-1

Gel de BTDA lavado

58

3500 3000 2500 2000 1500 1000 50016

18

20

22

24

26

28

30

32

34C

1752

2680

(2769-2742)

29422977

3461

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda cm-1

Gel de BTDA sem lavar

Figura 4.1.3.1. FTIR do acetato de celulose (a), do gel de BTDA lavado (b) e do gel de BTDA não

lavado(c).

A técnica de FTIR se mostrou conveniente para assegurar a incorporação de

BTDA e PMDA nas cadeias de acetato de celulose.

Durante a síntese dos géis, quando a razão estequiométrica de dianidrido era maior

ou igual a 0,75, para o PMDA, e 1,0, para o BTDA, verificou-se a formação de sólidos

brancos no meio reacional, no momento em que o catalisador era adicionado.

Acreditamos que essas heterogeneidades possam ser co-produtos da reação. As

heterogeneidades desapareceram no decorrer da reação ou durante o processo de

lavagem.

59

0 200 400 600 8000

20

40

60

80

100

% m

assa

Temperatura (ºC)

Ac.Celulose gel de PMDA gel de BTDA

Figura 4.1.3.3. TG do acetato de celulose e dos géis de BTDA e PMDA.

0 200 400 600 800-20

-15

-10

-5

0

Der

ivad

a

Temperatura (ºC)

Ac.Celulose gel de PMDA gel de BTDA

Figura 4.1.3.4. DTG do acetato de celulose e dos géis de BTDA e PMDA.

4.2. Apresentação e discussão dos resultados cinéticos

A figura 4.2.1 mostra o gráfico relativo ao tempo gasto para a reação alcançar o

ponto de gel como função da concentração de dianidrido no meio reacional. Para o

60

estudo cinético da reação, géis com razões estequiométricas de 1,5, 2,0 e 3,0 foram

sintetizados. Esses géis receberam os nomes de 1,5P, 2,0P e 3,0P para o PMDA e 1,5B,

2,0B e 3,0B para o BTDA.

O tempo gasto para alcançar o ponto de gel apresenta um decaimento de primeira

ordem para as concentrações de dianidrido variando de 0,1 a 1,0, para o PMDA e de 0,5

a 1,5, para o BTDA, como é mostrado na figura 4.2.2. Para razões estequiométricas

superiores a 1,0, para o PMDA e 1,5, para o BTDA, o tempo gasto, para que o ponto de

gel seja alcançado aumenta, como pode ser visto na figura 4.2.1.

Figura 4.2.1. Curva cinética mostrando a influência da concentração inicial de dianidrido no

tempo gasto para o sistema alcançar o ponto de gel.

A explicação para o aumento no tempo de formação dos géis pode ser dada

baseando-se nas informações apresentadas na seção 4.1.3, onde é relatada a formação de

precipitado para altas concentrações de dianidrido e a redução na quantidade de

precipitado no decorrer da reação. Os resultados sugerem a formação de algum

intermediário insolúvel no sistema, que precipita no meio reacional quando o seu

produto de solubilidade (Kps) é atingido. A precipitação leva a diminuição da

concentração de dianidrido no meio e essa redução leva a um aumento no tempo de

formação do gel.

A explicação para a diminuição da quantidade de precipitado no meio reacional,

no decorrer da reação, se deve à redução na concentração de dianidrido dissolvido

provocada pela reação de reticulação. A concentração de dianidrido dissolvido, no

decorrer da reação, atinge valores inferiores ao Kps do precipitado o que acarreta na

61

solubilização do mesmo. O precipitado chega a ser totalmente dissolvido, quando a

razão estequiométrica de dianidrido é 0,75, para o PMDA e 1,0, para o BTDA. Em

razões estequiométricas superiores a 2,0, no ponto de gel ainda é possível ver a presença

de precipitado no meio reacional. Isso se deve ao aumento da viscosidade do sistema

que impede a difusão e dissolução do precipitado no meio reacional, provocando o

impedimento do processo de reticulação.

Não existem dúvidas quanto à formação de diferentes substâncias quando a

quantidade de dianidrido é aumentada no meio reacional, experimentos feitos com a

mesma quantidade de catalisador e quantidades diferentes de dianidrido, mostram que a

cor do meio reacional pode variar de incolor (pouco dianidrido no meio) a vermelho

intenso (muito dianidrido no meio), passando por amarelo, alaranjado e marrom.

Figura 4.2.2. Curvas que mostram o decaimento de primeira ordem quando as concentrações de

dianidridos foram menores ou pouco maiores que o ponto de formação dos precipitados.

A figura 4.2.1 mostra que, para uma mesma concentração de dianidrido, os géis de

PMDA são formados em um tempo menor do que os géis de BTDA. Consequentemente

é possível afirmar que o PMDA se mostrou mais reativo do que o BTDA.

Uma revisão bibliográfica minuciosa nos leva a crer que a reação ocorre em duas

etapas. A primeira consiste no ataque do catalisador à carbonila do dianidrido e a

formação de um intermediário ativado. A segunda etapa consiste no ataque feito pela

hidroxila livre na cadeia de acetato de celulose ao intermediário. O mecanismo

simplificado da reação é apresentado na seção 4.9 (Jerry March, 1968).

Para que se possa explicar a maior reatividade do PMDA frente a um ataque

nucleófilo (trietilamina), se faz necessária uma análise do caráter eletrofílico das

carbonilas presentes nas estruturas dos dois dianidridos, uma vez que a formação do

intermediário (quaternário de amônio) é a etapa determinante da cinética da reação. As

62

formas canônicas e os híbridos de ressonância dos grupos carbonilas presentes nas

estruturas dos dianidridos estão representados na figura 4.2.3 e 4.2.4.

R R

O

R R

O

R R

O

R R

O

híbridoformas canônicas

Figura. 4.2.3. Formas canônicas de ressonância do grupo carbonila de uma cetona.

ROR

O O

ROR

O O

ROR

O O

ROR

O O

ROR

O O

hibrido

R O R

OO

formas canônicas

Figura 4.2.4. Formas canônicas de grupos anidridos. Na estrutura do PMDA encontramos apenas carbonilas de grupo anidrido, figura

4.2.4, enquanto na estrutura do BTDA encontramos dois diferentes tipos de carbonila,

uma carbonila de grupo cetona, figura 4.2.3, e quatro de grupo anidrido.

Sabe-se que o carbono de uma carbonila de grupo cetona é, normalmente, menos

eletrofílico que carbonos de carbonilas de grupo anidrido. Além da carbonila de cetona

ser uma carbonila menos eletrofílica, a conjugação entre o grupo carbonila e o anel

benzênico de carbonilas ligadas diretamente a um anel aromático, altera a reatividade de

ambas as funções. Enquanto o grupo cetona reage mais lentamente com nucleófilos, o

anel aromático é menos reativo frente a reações de substituição eletrofílica aromática

(Paulo Costa et al., 2003).

Observe que a carbonila de cetona presente no BTDA encontra-se ligada a dois

anéis aromáticos que estão em conjugação com essa carbonila.

Todos os grupos funcionais ligados ao anel são grupos desativantes, isto é,

desativam o anel em reações de substituição aromática eletrófila e ativam o ataque

nucleófilo em grupos funcionais que se encontram em posições orto e para.

63

A maior reatividade do PMDA se deve à presença de grupos ativantes do ataque

nucleófilo, mais fortes do que aqueles presentes no BTDA. Como é mostrado na figura

4.2.5, no PMDA cada carbonila de anidrido, que já é uma carbonila muito reativa, é

ativada por duas outras carbonilas de anidrido, enquanto no BTDA, figura 4.2.6,

existem carbonilas ativadas por apenas uma carbonila de anidrido ou carbonilas ativadas

por carbonila de anidrido e carbonila de cetona em conjugação com um anel aromático,

que é uma carbonila menos ativante.

C5

C4C3

c2

C1

C6 C7

C8C10

C9

O O

O O

OO

C7 ativa C8 e C10C8 ativa C7 e C9C9 ativa C8 e C10C10 ativa C7 e C9

Figura 4.2.5. A molécula de PMDA e as posições ativadas por cada grupos ligado ao anel.

C4`

C5`C6

C1`

C2`C3`

C6

C1

C2C3

C4C5

C11

O

C10

C9

O

C8

C7

O

O

O

O

O

C11 ativa C8 e C10C10 ativa C9 e C11

C9 ativa C10C8 ativa C7 e C11

C7 ativa C8

Figura 4.2.6. A molécula de BTDA e as posições ativadas por cada grupos ligado ao anel.

Outro fator que também contribui para a menor reatividade do BTDA é o

impedimento estérico às hidroxilas livres das cadeias de acetato de celulose. Como o

BTDA é uma molécula mais volumosa, alcançar essas hidroxilas livres é mais difícil,

uma vez que elas são impedidas, estericamente, pelos grupos acetatos. Esse fator se

mostra de grande importância, pois como a hidroxila menos reativa na celulose é a

hidroxila ligada ao carbono 3, após a reação de acetilação essa será a hidroxila livre para

a reticulação, e comparada com as outras hidroxilas, essa é a mais impedida.

64

4.3. Apresentação e discussão dos resultados de TG e DTG

As figuras 4.3.1 e 4.3.2 mostram as curvas de DTG e TG dos géis obtidos com

diferentes razões estequiométricas de BTDA e PMDA.

Figura 4.3.1. DTG e TG dos géis de BTDA com diferentes razões estequiométricas.

65

Figura 4.3.2. DTG e TG dos géis de PMDA com diferentes razões estequiométricas.

A partir das curvas de TGA e DTG pode-se concluir que o entrecruzamento das

cadeias de acetato de celulose por qualquer um dos dianidridos leva a uma redução na

temperatura de degradação (Td). Os valores da Td para cada um dos diferentes géis são

mostrados na tabela 4.3.1.

66

Tabela 4.3.1. Temperatura de degradação dos diferentes géis. Razão

estequiométrica de dianidrido

Temperatura de degradação (Td) para os géis de PMDA (ºC)

Temperatura de degradação (Td) para os géis de BTDA (ºC)

Acetato de Celulose 225 225 0,1 214 -

0,25 203 - 0,5 185 181

0,75 180 165 1,0 174 161

As curvas DTG dos dois géis mostram dois eventos de perda de massa, o primeiro

evento foi atribuído à degradação dos substituintes da cadeia de celulose, isto é, os

grupos acetato e os dianidridos e o segundo evento foi atribuído, principalmente, à

degradação da cadeia polimérica do acetato de celulose.

Os dados experimentais que nos levam a essa conclusão são:

- A redução na Td e a temperatura onde a perda de massa tem início T(onset),

sugerem que, parte da degradação inicial, primeiro evento de perda, se deve à

desidratação dos dianidridos que só se ligaram em apenas uma cadeia de acetato de

celulose e ficaram com dois grupos hidroxilas livres após a lavagem dos géis (figura

4.3.3).

- Quando a razão estequiométrica de dianidrido aumentou, a área do primeiro

evento aumentou como pode ser visto nas figuras 4.3.1 e 4.3.2, para os géis de BTDA e

para os géis de PMDA, respectivamente.

- Um aumento na primeira perda leva a redução do segundo evento, que foi

atribuído à desintegração da cadeia polimérica.

O

H

O

H

O

H

HOH

O

O

O

H

H

O

H

HOH

O

*

OH

OH

O

O O

O

OH

calorO

H

O

H

H

HOH

OO

H

H

H

HH*

OH

O

O O

O

O H2O+

nn

O

H

O

H

O

H

HOH

O

O

O

H

H

O

H

HOH

O

*

n

O

OH

OH

O O

OO

OH

O

H

O

H

O

H

HOH

O

O

O

H

H

O

H

HOH

O

*

n

O

OH

O O

OO

calor

O+ H2O

O

O

O

OO

Ac

AcAc

Ac

Ac

AcAc

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac Ac

Ac

Ac

AcAc

Figura 4.3.3. Desidratação dos dianidridos que reagiram com apenas uma cadeia de acetato de

celulose.

67

4.4. Resultados de DSC

Um aumento no grau de reticulação para os dois géis levou a um aumento na

temperatura de transição vítrea (Tg), quando as razões estequiométricas dos dianidridos

no meio reacional foram menores que 1,0. As figuras 4.4.1 e 4.4.2 mostram um

aumento gradual na Tg de 60ºC, valor encontrado para o AC, para valores próximos a

120ºC, para os dois géis.

Um aumento na Tg pode ser visto como uma evidência do aumento no grau de

reticulação das cadeias de AC, pois aumentando a concentração de dianidrido no meio

reacional, aumentamos o grau de reticulação dos géis e esse aumento no grau de

reticulação dos géis, leva a um maior impedimento à mobilidade das cadeias

poliméricas.

Apesar da redução na estabilidade térmica, como foi mostrado nas curvas

termogravimétricas, o aumento nos valores da Tg confirmou um aumento no grau de

reticulação promovido pelo aumento nas razões estequiométricas de dianidrido no meio

reacional.

Figura 4.4.1. Curvas de DSC para os géis de BTDA.

68

Figura 4.4.2. Curvas de DSC para os géis de PMDA.

4.5. Resultados de adsorção de Nitrogênio (BET)

Os géis 0,5P e 0,5B foram enviados para a análise de BET e os resultados são

apresentados na tabela 4.5.1. Segundo a classificação proposta por Peppas e Meadows

(Mary Tanya am Ende and Nikolaos A.Peppas, 1997) esses hidrogéis podem ser

classificados como não porosos uma vez que os valores encontrados para o diâmetro

médio dos poros foi de 41 Å para o gel de PMDA e 40 Å para o gel de BTDA.

Tabela 4.5.1. Porosidade, densidade e superfície específica do gel 0,5P e do gel 0,5B.

Coeficiente Gel Superfície especifica

(m²/g)

Vol. Total dos Poros

(cm³/g)

Volume dos Microporos

(cm³/g)

Área dos Microporos

(m²/g)

Diâmetro Médio dos

Poros (Å)

Tamanho Máx. Dos

Poros (Å)

Densidade (g/cm³)

0,999992

0,999933

0,5P

0,5B

1,102

2,739

1,145×10-3

2,781×10-3

4,603×10-4

1,318×10-3

6,303

3,732

4,156×101

4,062×101

1338,4

1437,1

1,417

1,422

4.6. Resultados de microscopia eletrônica de Varredura (MEV)

As figuras 4.6.1, 4.6.2 e 4.6.3 mostram a superfície do Acetol Flakes, do gel 0,5P e do

gel 0,5B, respectivamente. Os resultados de microscopia eletrônica mostram as

modificações superficiais ocorridas após a reação de reticulação e as micrografias

mostram que os hidrogéis são não porosos concordando assim com os resultados de

69

BET. As modificações superficiais são evidências da formação de um novo material

após a reação de reticulação.

Figura 4.6.1. Microfotografia da superfície do AC.

Figura 4.6.2. Microfotografia da superfície do gel 0.5 de PMDA.

Figura 4.6.3. Microfotografia da superfície do gel 0.5 de BTDA.

4.7. Análise qualitativa do grau de esterificação

A análise qualitativa da efetividade da introdução de dianidridos nas cadeias

poliméricas (grau de esterificação) por espectroscopia na região do ultravioleta foi feita

70

através da desesterificação dos géis, utilizando uma solução padronizada de NaOH

(0,5mol/L). A desesterificação levou a formação de uma solução amarela contendo os

fragmentos solúveis e um sólido contendo as cadeias de celulose insolúveis no fundo do

frasco.

Antes de serem submetidos à reação de desesterificação, os géis foram imersos em

água destilada à 70ºC e a água de lavagem foi substituída até o momento em que nessa

não foi detectada a presença de absorções características de grupos aromáticos no UV-

vis.

Para determinarmos qualitativamente o grau de esterificação alcançado pelos géis,

pesaram-se 0,3g de cada gel seco e lavado e colocaram-se as amostras em 50ml de uma

solução de NaOH (0,5mol/L) previamente padronizada. O meio reacional foi deixado

por 7 dias à 80ºC e em seguida foi filtrado. O precipitado foi levado para análise no

FTIR o que confirmou a total desesterificação do material, desaparecimento da banda de

carbonila em 1750 cm-1, que pode ser vista na figura 4.7.1 para os géis de PMDA e na

figura 4.7.2 para os géis de BTDA.

2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 8000

10

20

30

40

50

60

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda (cm-1)

AC 1,0P 0,75P 0,5P 0,25P 0,1P

Figura 4.7.1. FTIR dos géis de PMDA com diferentes razões estequiométricas após desesterificação e do acetato de celulose.

71

2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 8000

10

20

30

40

50

porc

enta

gem

de

trans

mitâ

ncia

número de onda (cm-1)

AC 0,5B 0,75B 1,0B

Figura 4.7.2. FTIR dos géis de BTDA com diferentes razões estequiométricas após desesterificação e do acetato de celulose.

O filtrado foi levado para análise no uv-vis e mostrou um aumento na absorção no

uv quando o gel utilizado foi preparado em meios com maiores razões estequiométricas

de dianidrido (figura 4.7.1 e 4.7.2).

Uma amostra de AC passou pelo mesmo procedimento e serviu como branco para

a análise no uv-vis.

220 240 260 280 300 320 3400,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

Abs

orvâ

ncia

λ / nm

0,5B 0,75B 1,0B

Figura 4.7.3. Espectro na região do ultravioleta para os fragmentos do gel de BTDA.

72

240 250 260 270 280 290 300 3100,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

Abso

rvân

cia

λ / nm

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura 4.7.4. Espectro na região do ultravioleta para os fragmentos do gel de PMDA.

Os espectros na região do ultravioleta confirmaram um aumento no grau

esterificação dos géis quando a quantidade de dianidrido no meio reacional foi

aumentada. Esses resultados confirmam que o aumento na quantidade de dianidrido no

meio reacional promoveu um aumento na quantidade de dianidrido introduzido nas

cadeias poliméricas do acetato de celulose. É importante lembrar que a técnica

empregada não indica o grau de reticulação alcançado pelo dianidrido e sim o grau de

esterificação, basta lembrar que os dianidridos presentes na solução analisada poderiam

ter reagido apenas com uma cadeias polimérica, o que não caracterizaria uma reação de

reticulação.

4.8. Resultados de inchamento

4.8.1. Isotermas de absorção

As curvas de absorção de água para os géis de PMDA e BTDA foram obtidas

utilizando a seguinte equação:

%S = [ (Mt – Mo)/ Mo ] ×100 (eq – 4.8.1)

onde Mt é a massa do gel hidratado no tempo t, Mo é a massa do gel seco e %S é a

porcentagem de água absorvida. A porcentagem de água absorvida no equilíbrio (%Seq)

é a porcentagem de água absorvida depois que os processos de difusão e relaxação das

73

cadeias poliméricas já ocorreram. Essa porcentagem de absorção é a capacidade

máxima de absorção de água pelo gel.

4.8.1 (a). Apresentação dos resultados de inchamento para os géis de PMDA

As figuras (a)4.8.1.1, (a)4.8.1.2 e (a)4.8.1.3 mostram as isotermas de inchamento

dos géis de PMDA a 20, 30 e 40 ºC, respectivamente. Os gráficos mostram que, de uma

maneira geral, um aumento no grau de esterificação leva a um aumento no percentual de

inchamento no equilíbrio.

O aumento gradativo no %Seq dos géis se deve ao aumento na quantidade de

grupos hidrofílicos nas cadeias poliméricas de AC. Os grupos carboxílicos presentes nas

moléculas de dianidrido são capazes de formar ligações de hidrogênio com a água, e

dessa forma provocarem o inchamento do gel. Outro fator importante é que em água

destilada (pH ≅ 6,5) os grupos carboxílicos estarão desprotonados e provocarão uma

repulsão das cadeias poliméricas, ricas em cargas negativas (-COO-), e assim, facilitarão

a difusão da água para dentro da matriz polimérica, bem como o relaxamento das

cadeias.

A análise dos gráficos da figura (a)4.8.1.4 mostra que o aumento da temperatura,

para géis com as mesmas razões estequiométricas, provoca um aumento no percentual

de inchamento no equilíbrio dos géis. A figura (a)4.8.1.4 mostra também que géis

preparados com maiores razões estequiométricas de agente entrecruzante apresentam

maiores variações na %Seq quando aumentamos a temperatura do sistema. Isso pode ser

confirmado analisando os coeficientes angulares mostrados na tabela (a)4.8.1.1.

Vários fatores podem contribuir para o aumento no percentual de inchamento no

equilíbrio (%Seq) de um gel frente a um aumento na temperatura, entre eles pode-se

destacar o aumento no percentual de grupos carboxílicos desprotonados, fornecimento

de energia térmica às moléculas de água e aumento da mobilidade das cadeias

poliméricas, permitido novas conformações para a rede.

A observação de que géis com menores valores de Tg apresentaram menores

variações na %Seq frente à variação de temperatura, mostra a grande influência da

presença dos grupos carboxílicos na rede polimérica. Pode-se afirmar que, a

desprotonação dos grupos carboxila na rede polimérica tem grande influência na

variação do %Seq, frente a um aumento na temperatura, pois à medida que aumentamos

a razão estequiométrica de dianidrido no meio, inevitavelmente, aumentamos a Tg do

74

gel (seção 4.4). Se a proximidade da temperatura do experimento à Tg do gel fosse o

fator principal na variação do %Seq, frente a uma variação da temperatura, era de se

esperar que géis com menores Tg fossem mais sensíveis (maiores coeficientes

angulares). No entanto, isso não é verdade, visto que os géis com maiores Tg, maiores

graus de reticulação, foram mais sensíveis à variação da temperatura.

Pode-se concluir que um aumento na quantidade de grupos iônicos (-COO-) na

rede polimérica, provocado pelo aumento da temperatura, leva a um aumento no

percentual de inchamento do gel, pois a presença desses grupos carregados torna a rede

polimérica mais hidrofílica aumentando a afinidade desta pelas moléculas de água. As

moléculas de água com maior energia térmica terão maior facilidade para difundir para

dentro do gel e essa maior afinidade provoca um aumento na quantidade de água dentro

da rede o que, conseqüentemente, reduz a Tg do gel e leva a uma grande capacidade de

inchamento. Em outras palavras, um aumento na quantidade de grupos iônicos na rede

polimérica, dos géis de PMDA, acentua a redução na Tg, quando esse é colocado em

água, permitindo assim que as cadeias poliméricas absorvam maiores quantidades de

água.

Os valores para a porcentagem de água no equilíbrio (%Seq) para os géis de

PMDA a diferentes temperaturas são mostrados na tabela (a)4.8.1.2.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

200

400

600

800

1000

1200

1400 ISOTERMA 20ºC

porc

enta

gem

de

inch

amen

to (%

S)

tempo (min)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a) 4.8.1.1. Isotermas de inchamento para os géis de PMDA com diferentes razões

estequiométricas, a 20ºC.

75

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

500

1000

1500

2000

2500 ISOTERMA 30ºCpo

rcen

tage

m d

e in

cham

ento

(%S)

tempo (min)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a) 4.8.1.2. Isotermas de inchamento para os géis de PMDA, com diferentes razões

estequiométricas, a 30ºC.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500 ISOTERMA 40ºC

porc

enta

gem

de

inch

amen

to (%

S)

tempo (min)

0,1P 0,25p 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a) 4.8.1.3. Isotermas de inchamento para os géis de PMDA, com diferentes razões

estequiométricas, a 40ºC.

76

20 25 30 35 400

500

1000

1500

2000

2500

3000

porc

enta

gem

de

inch

amen

to n

o eq

uilib

rio (%

Seq)

Temperatura (ºC)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a) 4.8.1.4. %Seq para os géis de PMDA a diferentes temperaturas.

Tabela (a) 4.8.1.1. Coeficientes angulares e coeficientes de correlação para os gráficos (%Seq × T) para

os géis de PMDA a 20, 30 e 40ºC. Gel 0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Coef. Angular

Coef. correlação

3,76734

R2=0,9997

*

R2=0,88693

19,44087

R2=0,96174

18,91456

R2=0,98978

95,63969

R2=0,99928

Tabela (a) 4.8.1.2. Porcentagem de água no equilíbrio para os géis de PMDA

Gel / temp. 0,1P

(%)

0,25P

(%)

0,5P

(%)

0,75P

(%)

1,0P

(%)

20ºC

109,08

213,23

370,62

571,83

1164,69

30ºC 144,44 396,49 469,11 808,18 2058,13

40ºC 180,51 405,93 759,4 950,13 3077,43

4.8.1 (b). Apresentação dos resultados de inchamento para os géis de BTDA

As figuras (b)4.8.1.1, (b)4.8.1.2 e (b)4.8.1.3 mostram as isotermas

de inchamento para os géis de BTDA a 20, 30 e 40 ºC, respectivamente. As

77

isotermas mostram que o aumento no grau de reticulação e a elevação da

temperatura levam a um aumento geral dos valores da %Seq.

A tabela (b)4.8.1.1 mostra os valores experimentais da %Seq para

os géis de BTDA a diferentes temperaturas.

O aumento no %Seq para os géis de BTDA, quando aumentamos o grau

de esterificação, se deve ao aumento na quantidade de grupos hidrofílicos na

rede. As moléculas de BTDA ricas em grupos polares (4 carboxílas e 1

carbonila) formam ligações de hidrogênio com a água e aumentam a capacidade

absortiva dos géis.

Os grupos carboxílicos, que estarão desprotonados em água destilada,

provocam tanto um aumento no caráter hidrofílico da rede, como também

provocam uma repulsão das cadeias poliméricas, por causa da presença de

cargas iônicas de mesmo sinal, e conseqüentemente, aumentam a capacidade de

absorção de água pelos géis.

A figura (b)4.8.1.4 mostra a variação no %Seq como função da

temperatura e a tabela (b)4.8.1.2 mostra os valores dos coeficientes angulares e

dos coeficientes de correlação do gráfico da figura (b)4.8.1.4.

Os resultados mostram que géis de BTDA com maiores graus de

esterificação apresentam maiores sensibilidades à variação na temperatura do

sistema. Como nos géis de PMDA, um aumento na temperatura acarreta em um

aumento na quantidade de grupos carboxílicos desprotonados e

conseqüentemente, aumentam o caráter iônico da rede.

Apesar de o aumento no caráter iônico da rede ser um fator de grande

importância no processo de inchamento da rede polimérica, aumentos na energia

térmica das moléculas de água e na mobilidade das cadeias poliméricas, também

influenciam a %Seq.

Assim como nos géis de PMDA, o aumento no caráter iônico da rede

aumenta a afinidade das moléculas de água que à medida que difundem para

dentro da rede agem como plastificantes aumentando a mobilidade das cadeias

poliméricas e a capacidade absortiva do gel.

78

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

100

200

300

400

500

600

700

800

900ISOTERMA 20ºC

porc

enta

gem

de

inch

amen

to (%

S)

tempo (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.1.1. Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões

estequiométricas, a 20ºC.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000 ISOTERMA 30ºC

porc

enta

gem

de

inch

amen

to (%

S)

tempo (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.1.2. Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões

estequiométricas, a 30ºC.

79

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100 ISOTERMA 40ºC

porc

enta

gem

de

inch

amen

to (%

S)

tempo (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.1.3. Isotermas de inchamento para os géis de BTDA, com diferentes razões

estequiométricas, a 40ºC.

Tabela(b) 4.8.1.1. Porcentagem de água no equilíbrio para os géis de BTDA.

Gel / temp. 0,5P

(%)

0,75P

(%)

1,0P

(%)

20ºC

414,08

680,03

812,53

30ºC 461,43 777,57 890,37

40ºC 541,13

870,75

1009,88

20 25 30 35 40400

500

600

700

800

900

1000

porc

enta

gem

de

inch

amen

to n

o eq

uilíb

rio (%

Seq)

temperatura (ºC)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.1.4. %Seq para os géis de PMDA a diferentes temperaturas.

80

Tabela (b) 4.8.1.2. Coeficientes angulares e coeficientes de correlação para os gráficos (%Seq × T) para os géis de BTDA a 20, 30 e 40ºC.

Gel 0,5B 0,75B 1,0B

Coef. Angular

Coef. Correlação

6,35

0,98937

9,53589

0,99991

9,86744

0,99265

4.8.1 (c). Comparação dos resultados de absorção de água para os géis de

PMDA e BTDA

As isotermas de absorção, para os géis de PMDA e BTDA, mostram que eles

absorvem água até certo nível e a partir desse nível, eles alcançam um percentual

máximo de absorção que é chamado de percentual de inchamento no equilíbrio (%Seq)

(Erdener Karadag et al., 2006). O grande número de grupos funcionais nas cadeias dos

géis de PMDA e BTDA (éster, éter, carbonila, hidroxila e carboxila) implicam em

diversas possibilidades de formação de ligação de hidrogênio entre as moléculas de

água e os géis. O aumento apresentado nos valores de %Seq dos géis, confirmam que um

aumento no grau de esterificação, das cadeias de acetato de celulose, leva a um aumento

na capacidade absortiva desses materiais.

Os géis de PMDA apresentaram maiores capacidades absortivas que os géis de

BTDA. Dados cinéticos e teóricos, discutidos na seção 4.2, mostram que o PMDA é

mais reativo que o BTDA. Os resultados sugerem que a reação com o PMDA apresenta

maior rendimento e por isso, os géis de PMDA, com razões estequiométricas iguais as

do BTDA, apresentaram maiores capacidades absortivas. Levantamos a hipótese de que

géis de BTDA apresentam graus de reticulação e esterificação inferiores aos

apresentados pelos géis de PMDA, quando comparamos géis com as mesmas razões

estequiométricas. É importante lembrar também que a molécula de BTDA, mais

volumosa, terá um maior impedimento estérico às hidroxilas livres nas cadeias de AC o

que provoca um menor rendimento da reação.

Outro fator que pode contribuir para as menores porcentagens de água absorvida

pelos géis de BTDA é a estrutura mais hidrofóbica dessa molécula. A molécula de

BTDA possui dois anéis benzênicos que podem atribuir aos géis um caráter mais

hidrofóbico quando comparados com os géis de PMDA.

81

Para os dois géis, um aumento no grau de esterificação e na temperatura provocou

aumentos no %Seq. No entanto, os géis de PMDA apresentaram maiores sensibilidades

à variação na temperatura do que os géis de BTDA. Esses dados também sugerem que

os géis de PMDA possuem maiores graus de esterificação, pois géis com maiores

percentuais de esterificação apresentarão maiores sensibilidades à variação na

temperatura, uma vez que, o aumento na temperatura irá aumentar a quantidade de

grupos iônicos presentes nas redes poliméricas e conseqüentemente, aumentará a

capacidade absortiva da rede.

4.8.2. Mecanismo de inchamento

A análise do mecanismo de inchamento dos géis foi feita em três etapas, a

primeira etapa analisa os primeiros 60% da isoterma de inchamento, a segunda etapa

descreve o mecanismo de relaxação das cadeias para grandes tempos de experimento

(fração superior a 60%) e a terceira etapa descreve o mecanismo como um todo.

4.8.2.1. Mecanismo de inchamento para frações de água absorvida inferiores

a 0,6.

A análise do mecanismo de inchamento dos géis, para valores de Mt / Meq

inferiores a 0,6, foi feita utilizando a seguinte equação:

Mt / Meq = Ktn (eq – 4.8.2.1)

onde Mt é a massa de água absorvida no tempo t, Meq é a massa de água absorvida no

equilíbrio, K é uma constante característica do gel e n é o expoente de inchamento.

Para géis cilíndricos, valores de n entre 0,45 e 0,5 correspondem a mecanismo do

tipo Fickiano, isto é, o mecanismo de inchamento e ditado pela difusão do solvente para

dentro da rede polimérica, quando n=1 o mecanismo é dito do tipo caso II onde a

relaxação das cadeias poliméricas controla o mecanismo de inchamento. Quando 0,5 <

n < 1,0 os dois mecanismos controlam o processo de inchamento e o mecanismo é dito

do tipo anômalo ou não Fickiano (A.El-hag Ali et al., 2007; Carlos Peniche et al., 1997;

Christopher S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 1999; Christopher S.Brazel and Nikolaos

A.Peppas, 2000; Erdener Karadag et al., 2002; Erdener Karadag et al., 2004b; Erdener

Karadag et al., 2004a; Esmaiel Jabbari and Samyra Nozari, 2000; J.Siepmann and

82

N.A.Peppas, 2001; Jayanti Nerurkar et al., 2005; Laura Serra et al., 2007; Mary Tanya

am Ende and Nikolaos A.Peppas, 1997; Nikolaos A.Peppas and Atul R.Khare, 1993;

P.Colombo et al., 2008; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

4.8.2.1 (a). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de PMDA

As figuras (a)4.8.2.1.1, (a)4.8.2.1.2, (a)4.8.2.1.3 e (a)4.8.2.1.4 mostram os gráficos

de ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para valores de Mt / Meq inferiores a 0,60, a

temperatura de 20, 30 e 40 ºC e a tabela (a)4.8.2.1.1 mostra os valores obtidos para os

coeficientes n, K e os coeficientes de correlação das retas.

A tabela 4.8.2.1.1 mostra que os coeficientes de inchamento para os géis de

PMDA apresentaram um mecanismo do tipo anômalo. Para os géis 0,1P (40ºC), 0,75P

(30ºC) e 1,0P (30ºC) o mecanismo de inchamento foi bem próximo ao mecanismo do

tipo II.

Apesar da variação nos valores de n, o mecanismo de inchamento para os géis de

PMDA se mostrou sempre anômalo independente da temperatura e do grau de

reticulação. Os gráficos apresentaram bons coeficientes de correlação. Os géis 0,1P e

0,25P apresentaram frações de absorção de água superiores a 60% em pequenos tempos

experimentais e por isso, apenas dois pontos experimentais puderam ser aplicados à

equação 4.8.2.1.

Os valores dos expoentes de inchamento, dos géis de PMDA, mostram que o

mecanismo de inchamento, no início do processo de absorção de água, depende da

relaxação das cadeias poliméricas e da difusão das moléculas de água para dentro da

rede.

83

3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8 4,9-1,8

-1,7

-1,6

-1,5

-1,4

-1,3

-1,2

-1,1

-1,0

-0,9

-0,8

-0,7

-0,6

-0,5 gel 0,25P

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

30ºC 40ºC

Figura (a) 4.8.2.1.1. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 0,25P a diferentes temperaturas.

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4 gel 0,5P

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.1.2. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 0,5P a diferentes temperaturas.

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8

-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4 gel 0,75P

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a) 4.8.2.1.3. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 0,75P a diferentes temperaturas.

84

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2

-2,2

-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4gel 1,0P

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.1.4. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 1,0P a diferentes temperaturas.

Tabela (a) 4.8.2.1.1. Valores dos coef. de inchamento para os diferentes géis a diferentes temperaturas.

Temp. / gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

n

20ºC

30ºC

40ºC

0,69

0,61

0,90

0,89

0,76

0,65

0,73

0,70

0,69

0,76

0,93

0,87

0,69

0,96

0,69

K

20ºC

30ºC

40ºC

25,57×10-3

48,88×10-3

10,77×10-3

12,72×10-3

13,74×10-3

31,93×10-3

16,32×10-3

13,20×10-3

24,72×10-3

15,67 ×10-3

6,18 ×10-3

6,97×10-3

15,84 ×10-3

4,71 ×10-3

18,22 ×10-3

R2

20ºC

30ºC

40ºC

-

-

-

-

0,99992

0,99873

0,99982

0,99996

0,99865

0,99852

0,99623

0,9784

0,98618

0,98949

0,97442

85

4.8.2.1 (b). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de BTDA

As figuras (b)4.8.2.1.1, (b)4.8.2.1.2 e (b)4.8.2.1.3 mostram os gráficos de ln(Mt /

Meq) como função de ln(t), para valores de Mt / Meq inferiores a 0,60, a temperatura

de 20, 30 e 40 ºC e a tabela (b)4.6.2.1.1 mostra os valores obtidos para os coeficientes n,

K e os coeficientes de correlação das retas.

As curvas ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para os géis de BTDA apresentaram

bons coeficientes de correlação e os valores encontrados para o expoente de inchamento

mostram que o mecanismo de inchamento para os géis é do tipo anômalo, isto é a

relaxação das cadeias poliméricas e a difusão das moléculas de água para dentro da rede

polimérica atuam em conjunto, durante a absorção de água pela rede polimérica. Os géis

de BTDA apresentaram, no início do processo de difusão, o mesmo tipo de mecanismo

de difusão independente da temperatura e do grau de reticulação.

O gel 1,0B, a temperatura de 30 e 40 ºC apresentou mecanismo de inchamento

bem próximo ao mecanismo do tipo II.

3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6

-1,3

-1,2

-1,1

-1,0

-0,9

-0,8

-0,7

-0,6

-0,5gel 0,5B

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

30ºC

Figura (b)4.8.2.1.1. ln(Mt / Meq) como função de ln(T) para o gel 0,5B a diferentes temperaturas.

86

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4 gel 0,75B

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.1.2. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 0,75B a diferentes

temperaturas.

3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2-2,0

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1,0

-0,8

-0,6

-0,4 gel 1,0B

ln(M

t / M

eq)

ln(t)

20ºC 30ºC

Figura (b)4.8.2.1.3. ln(Mt / Meq) como função de ln(t) para o gel 1,0B a diferentes temperaturas.

87

Tabela 4.8.2.1.1. Valores dos coef. de inchamento para os diferentes géis a diferentes temperaturas.

Temp. / gel

0,5P

0,75P

1,0P

n

20ºC

30ºC

40ºC

0,84

0,53

0,63

0,85

0,78

0,76

0,87

0,98

0,98

K

20ºC

30ºC

40ºC

16,02×10-3

55,38×10-3

44,96×10-3

9,62 ×10-3

16,56 ×10-3

14,35×10-3

8,42 ×10-3

7,39 ×10-3

9,28 ×10-3

R2

20ºC

30ºC

40ºC

-

0,98199

-

0,9494

0,99675

0,99911

0,98974

0,99402

-

4.8.2.1 (c). Mecanismo de inchamento da fração de água absorvida inferior

a 0,6, para os géis de PMDA e BTDA

Géis de PMDA e BTDA apresentaram mecanismo de difusão do tipo anômalo,

esse resultado é conseqüência da incorporação de grupos iônicos na rede polimérica. A

presença de grupos iônicos influencia o mecanismo do tipo fickiano, pois a presença de

cargas na rede aumenta a afinidade entre a rede e as moléculas de água, provocando a

difusão das moléculas para o interior da rede. Essa difusão das moléculas de água para

dentro da rede ocorre para que o sistema alcance o equilíbrio Donnan, situação em que o

potencial químico dos íons dentro do gel é igual ao potencial químico dos íons no meio

externo ao gel.

Por outro lado a presença, de grupos iônicos (-COO-), de mesmo sinal, dentro da

rede polimérica provoca uma repulsão das cadeias favorecendo o mecanismo do tipo II.

Como pode ser visto na seção 4.8.1, mesmo no início do processo de inchamento, os

88

géis absorvem grandes quantidades de água. Para que grandes volumes de água possam

ser absorvidos é necessário que as cadeias poliméricas sofram relaxação e assim possam

reter a água absorvida.

O mecanismo do tipo anômalo encontrado para os dois géis indica que no início

do processo de inchamento os dois mecanismos estão ocorrendo e os dois são

responsáveis pela dinâmica de inchamento.

4.8.2.2. Análise da fração de água absorvida superior a 0,6

Para obtermos uma descrição mais completa do mecanismo de inchamento, após a

razão Mt / Meq alcançar valores superiores a 0,6, partimos da hipótese de que para

grandes tempos de experimento, a sorção de água ocorre, principalmente, devido à

relaxação das cadeias poliméricas. Para analisar tal sistema utilizou-se a equação

diferencial de Berens-Hopfenberg:

dMt /dt = k´(Meq - Mt) (eq – 4.8.2.1)

onde k´ é a constante da velocidade de relaxação. Integrando a equação tem-se:

Mt / Meq = 1 – Aexp(-k´t) (eq – 4.8.2.2)

onde A é uma constante. Os valores de k´ foram calculados pela inclinação da reta

obtida no gráfico de ln(1- Mt / Meq) em função de t (A.El-hag Ali et al., 2007; Erdener

Karadag et al., 2004b; Erdener Karadag et al., 2004a; S.K.Bajpai and Susamma

Johnson, 2005).

4.8.2.2 (a). Análise da fração de água absorvida superior a 0,6 para os géis de

PMDA

As figuras (a)4.8.2.2.1, (a)4.8.2.2.2, (a)4.8.2.2.3, (a)4.8.2.2.4 e (a)4.8.2.2.5

mostram as curvas de ln(1- Mt / Meq) em função de t e a tabela (a)4.8.2.2.1 mostra os

valores encontrados para k´ e os coeficientes de correlação das retas.

89

As retas apresentaram bons coeficientes de correlação o que nos diz que a hipótese

de que o mecanismo de relaxação é o mecanismo dominante para grandes tempos

experimentais é válida para os géis de PMDA.

Os resultados do mecanismo de inchamento para frações de absorção de água

superiores a 0,6 mostram que um aumento na temperatura, para os géis 0,25P, 0,5P e

0,75P, aumentou o valor da constante da velocidade de relaxação. Para o gel 0,1P o

valor da constante foi maior a 30ºC do que a 40ºC e para o gel 1,0P o menor valor

encontrado foi a 30ºC. Apesar das variações nos coeficientes para os géis 0,1P e 1,0P,

podemos afirmar que, de uma forma geral, um aumento na temperatura provocou um

aumento na velocidade de relaxação das cadeias.

Os dados obtidos na tabela (a)4.8.2.2.1 também mostram que os valores da

constante variaram de forma aleatória frente ao aumento no grau de reticulação, sendo

que os maiores valores para a constante foram encontrados para o gel com menor grau

de reticulação, gel 0,1P.

Diferente do início do processo de inchamento onde os grupos desprotonados não

estavam ligados às moléculas de água e por isso tinham grandes influências no processo

de inchamento, para tempos maiores de experimento, as moléculas de água já se ligaram

aos grupos iônicos e reduziram assim os efeitos de sua carga no processo de

inchamento. Por isso, a hipótese de que a relaxação das cadeias poliméricas é

responsável pelo mecanismo de inchamento para longos tempos de experimento se

mostrou válida para os géis de PMDA. De forma adicional, longos tempos de

experimento levam a redução das cargas iônicas na rede e o mecanismo do tipo

Fickiano deixa de ter grande influência no mecanismo geral.

A hidratação dos grupos iônicos permite que a rede possa ser tratada como uma

rede não carregada, onde um aumento na temperatura vai provocar uma maior

mobilidade das cadeias poliméricas e consequentemente, aumentar a velocidade de

relaxamento das mesmas.

Os maiores valores para as constantes do gel 0,1P, menos reticulado, podem ser

explicados baseando-se na falta de grupos iônicos na cadeia polimérica, isso provoca

uma redução na afinidade da água e consequentemente o início do processo de

relaxação das cadeias se dá em tempos superiores de experimento. A relaxação das

cadeias poliméricas mais reticuladas ocorre junto com o mecanismo do tipo Fickiano no

inicio do experimento, por isso géis com razões estequiométricas maiores que 0,25

apresentam menores valores para as constantes da velocidade de relaxação. É

90

importante lembrar, que as frações de água absorvidas pelos géis, com maiores graus de

reticulação, foram sempre superiores às frações de água absorvidas pelos géis com

menores graus de reticulação e que logo no início do experimento, esses géis já

absorvem grandes quantidades de água, sendo necessária uma grande relaxação das

cadeias. Consequentemente, a velocidade de relaxação das cadeias para géis mais

reticulados ocorre em maiores velocidade no início do processo de inchamento, por

outro lado, géis que absorvem pequenas quantidades de água, no início do processo de

inchamento, sofrem pouca relaxação das cadeias, no início do processo, e grandes

relaxações no final do processo.

80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 190

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,00,1P

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.2.1. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,1P a diferentes

temperaturas.

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5gel 0,25P

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.2.2. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,25P a diferentes

temperaturas.

91

100 150 200 250 300 350 400 450 500 550

-5

-4

-3

-2

-1

gel 0,5P

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.2.3. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,5P a diferentes

temperaturas.

100 150 200 250 300 350 400 450 500 550-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

gel 0,75P

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.2.4. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,75P a diferentes

temperaturas.

92

150 200 250 300 350 400 450 500 550

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

gel 1,0P

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.2.5. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 1,0P a diferentes

temperaturas.

Tabela (a)4.8.2.2.1. Valores da constante da velocidade de relaxação e do coeficiente de correlação dos géis de PMDA a diferentes temperaturas.

Temp. /

gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

k´ (min-1)

20ºC

30ºC

40ºC

0,01137

0,03612

0,01668

0,00724

0,00771

0,00825

0,00404

0,00633

0,00863

0,00513

0,00874

0,01085

0,00711

0,0061

0,00889

R2

20ºC

30ºC

40ºC

0,96451

0,98497

0,95968

0,96961

0,99795

0,99941

0,97891

0,99616

0,95308

0,99089

0,99866

0,97898

0,98517

0,98351

0,99727

4.8.2.2 (b). Análise da fração superior a 0,6 dos géis de BTDA

As figuras (b)4.8.2.2.1, (b)4.8.2.2.2 e (b)4.8.2.2.3 mostram as curvas de ln(1- Mt /

Meq) em função de t e a tabela (b)4.8.2.2.1 mostra os valores encontrados para k´ e para

os coeficientes de correlação das retas.

93

Os bons coeficientes de correlação encontrados para os géis de BTDA valida a

hipótese de que o mecanismo de relaxação, para esses géis, é o mecanismo dominante

para grandes tempos experimentais.

Os valores da constante da velocidade de relaxação para os géis de BTDA

variaram de forma aleatória frente a variações da temperatura e do grau de reticulação.

A 20 ºC o aumento no grau de reticulação provocou um aumento na velocidade de

relaxação e o gel 0,5B mostrou um aumento na velocidade de relaxação frente a um

aumento na temperatura.

Apesar do gel 0,5B mostrar um aumento na velocidade de relaxação frente a um

aumento na temperatura e a 20 ºC os géis mostrarem aumentos na velocidade de

relaxação frente a um aumento no grau de reticulação, qualquer análise baseando nesses

dados, poderia ser questionada, uma vez que, os géis 0,75B e 1,0B mostraram variações

aleatórias frente a variações na temperatura e a temperatura de 30 ºC e 40 ºC a constante

da velocidade de relaxação variou de forma aleatória quando variamos o grau de

reticulação.

Tabela (b)4.8.2.2.1. Valores da constante da velocidade de relaxação e do coeficiente de

correlação dos géis de BTDA a diferentes temperaturas.

Temp. /

gel

0,5B

0,75B

1,0B

k´ (min-1)

20ºC

30ºC

40ºC

0,00444

0,00459

0,00539

0,00769

0,00598

0,01036

0,01075

0,00519

0,00937

R2

20ºC

30ºC

40ºC

0,98561

0,97307

0,90833

0,98287

0,9813

0,96099

0,96343

0,99467

0,98582

94

100 200 300 400 500-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

gel 0,5B

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.2.1. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,5B a diferentes

temperaturas.

100 150 200 250 300 350 400 450 500 550

-5,5

-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5gel 0,75B

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.2.2. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 0,75B a diferentes

temperaturas.

95

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550

-5,5

-5,0

-4,5

-4,0

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

gel 1,0B

ln(1

- Mt /

Meq

)

t (min)

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.2.3. Curva ln(1- Mt / Meq) em função de t para o gel 1,0B a diferentes

temperaturas.

4.8.2.2 (c). Análise da fração superior a 0,6 para os géis de PMDA e BTDA

Para longos tempos de experimento, a hipótese de que o mecanismo de relaxação

é predominante no processo de inchamento mostrou-se satisfatória, uma vez que as

curvas mostradas para os géis de PMDA e BTDA apresentaram bons coeficientes de

correlação.

Para os géis de PMDA e BTDA, a velocidade de relaxação das cadeias variou de

forma aleatória frente a variações no grau de reticulação.

Para os géis de PMDA, um aumento na temperatura provocou um aumento na

velocidade de relaxação, mas para os géis de BTDA a temperatura influenciou de forma

aleatória na velocidade de relaxação.

Os resultados obtidos mostram que o processo de inchamento para géis iônicos é

um processo dinâmico, onde alguns fatores irão contribuir para a relaxação e a difusão

do solvente para o interior da rede, enquanto outros fatores irão prejudicar a relaxação e

a difusão da solvente para o interior da rede.

Os resultados discutidos na seção 4.8.1 mostraram aumentos no %Seq, para os

dois géis, quando a temperatura e o grau de reticulação aumentaram. Apesar de

parecerem contraditórios com os resultados obtidos na seção 4.8.2., onde vimos que a

velocidade de relaxação variou de forma aleatória quando variamos o grau de

reticulação e para o géis de BTDA, esta também variou de forma aleatória, quando

aumentamos a temperatura. Uma maior velocidade de relaxação das cadeias não implica

96

necessariamente, em um aumento no percentual de inchamento do gel, uma vez que

estamos medindo a velocidade após 60% de absorção de água e desconsiderando o

mecanismo de difusão do tipo Fickiano.

Os resultados de análise do mecanismo de difusão superior a 60% sugerem que o

aumento no grau de reticulação da rede atua de duas maneiras na velocidade de

relaxação das cadeias. Uma favorecendo o aumento da velocidade de inchamento

(aumento na quantidade de grupos iônicos) e outra prejudicando a velocidade de

relaxação das cadeias (aumento no número de mesh na rede).

Os valores da quantidade de grupos iônicos e do número de mesh da rede irão

variar para os dois géis de uma forma não linear, pois as moléculas de dianidrido podem

estar ligadas a apenas uma cadeia de AC e dessa forma introduzirem três grupos iônicos

e nenhum ponto de rede ou reagirem com duas cadeias de AC, introduzindo na rede

polimérica, dois grupos iônicos e um ponto de rede. Essa não linearidade da reação de

reticulação acarreta em resultados aleatórios na velocidade de relaxação da rede.

Os resultados da seção 4.8.2 mostram que os graus de reticulação obtidos para os

géis não são suficientemente altos para impedirem o processo de absorção de água

promovido pelos grupos iônicos, apesar de influenciarem a velocidade de relaxação das

cadeias.

4.8.2.3. Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de

inchamento

Uma forma de distinguir entre os mecanismos do tipo Fickiano e do tipo II é obter

a curva da fração de água absorvida (Mt/Meq) em função da raiz quadrada do tempo

(t0.5). Para um mecanismo do tipo Fickiano a curva exibe uma inflexão monotônica livre

aproximando do equilíbrio e as curvas do mecanismo do tipo II são claramente

sigmoidais.

4.8.2.3 (a). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de

inchamento, para os géis de PMDA

As figuras (a)4.8.2.3.1, (a)4.8.2.3.2, (a)4.8.2.3.3, (a)4.8.2.3.4 e (a)4.8.2.3.5 mostram as

curvas obtidas quando é analisada a fração de água absorvida em função da raiz

quadrada do tempo.

97

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,1P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.1. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,1P.

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,25P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.2. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,25P.

98

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,5P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.3. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,5P.

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

0,75P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.4. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,75P.

99

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,0P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.5. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

1,0P.

As curvas de Mt/Meq em função de t1/2 mostram que o mecanismo de difusão

em géis de PMDA é mais voltado para o mecanismo tipo II do que para o mecanismo

do tipo Fickiano. No entanto, se olharmos a parte da curva onde 0,2 < Mt/Meq < 0,6 o

perfil de inchamento pode ser considerado linear. Com os valores encontrados para a

inclinação desta fração da curva é possível determinar o coeficiente de difusão

baseando-se na seguinte equação:

Mt/Meq = 4(Dt/πr2)1/2 (eq – 4.8.3.1)

onde D é o coeficiente de difusão e r é o raio da amostra polimérica cilíndrica. Os

gráficos da fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2 são mostrados nas figuras

(a)4.8.2.3.6, (a)4.8.2.3.7, (a)4.8.2.3.8 e (a)4.8.2.3.9. A tabela (a)4.8.2.3.1 mostra os

valores encontrados para os coeficientes de difusão dos diferentes géis (Carlos Peniche

et al., 1997; Christopher S.Brazel and Nikolaos A.Peppas, 1999; Erdener Karadag et al.,

2002; Erdener Karadag et al., 2004b; J.Siepmann and N.A.Peppas, 2001; Laura Serra et

al., 2007; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

É importante lembrar que para analisar o mecanismo de difusão para a fração de

absorção de água maior que 0,2 e menor que 0,6, a equação utilizada baseia-se apenas

no mecanismo Fickiano, onde o processo de relaxação não foi levado em consideração.

100

Os resultados da tabela (a)4.8.2.3.1 mostram um aumento nos valores do

coeficiente de difusão frente ao aumento no grau de reticulação da rede polimérica e

uma redução nos valores dos coeficientes de difusão quando aumentamos a temperatura

do sistema.

O aumento no coeficiente de difusão, quando aumentamos o grau de reticulação,

pode ser atribuído ao aumento no caráter hidrofílico da rede. A análise dos coeficientes

de difusão mostra que o aumento no caráter hidrofílico do gel, quando aumentamos o

grau de reticulação da rede, favorece o mecanismo do tipo Fickiano.

Os valores encontrados para os coeficientes de difusão da rede polimérica são

validos apenas para as frações de absorção de água superiores a 0,2 e inferior a 0,6. É

bastante claro que durante o processo de inchamento o coeficiente de difusão dos géis

irá variar, uma vez que, esse passa de um estado vítreo a um estado altamente hidratado.

A redução no coeficiente de difusão dos géis provocada pelo aumento da

temperatura pode ser explicada baseando no grande número de ligações de hidrogênio

formadas na rede devido aos grupos carboxílicos. Termodinamicamente, o processo de

mistura à baixas temperaturas é favorecido pela formação de ligações de hidrogênio que

levam a uma elevada entalpia negativa de mistura. Contudo, a formação dessas ligações

leva a uma organização do sistema acarretando em uma baixa entropia. A redução no

coeficiente de difusão, devido ao aumento da temperatura, pode ser atribuída à

contribuição desfavorável do aumento na entropia à energia livre do sistema (eq –

4.8.3.2).

∆G = ∆H - T∆S (eq – 4.8.3.2)

onde ∆G é a variação da energia livre de Gibbs, ∆H é a variação da entalpia, T é a

temperatura do sistema e ∆S é a variação na entropia.

Os resultados sugerem que os géis de PMDA alcançaram elevados graus de

esterificação.

101

5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,00,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,600,25P

Mt/M

eq

t1/2

30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.6. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,25P a diferentes

temperaturas.

5 6 7 8 9 10 11 12 130,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,5P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.7. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,5P a diferentes

temperaturas.

102

5 6 7 8 9 10 110,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,600,75P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.8. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,75P a diferentes

temperaturas.

5 6 7 8 9 10 11 12 13

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65 1,0P

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (a)4.8.2.3.9. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 1,0P a diferentes

temperaturas.

103

Tabela (a)4.8.2.3.1. Coeficientes de difusão dos géis de PMDA a diferentes temperaturas.

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

D (m2/s)

20ºC

30ºC

40ºC

-

-

-

-

1,46×10-8

2,95×10-8

1,62×10-7

1,68×10-8

6,84×10-8

2,67×10-7

8,13×10-8

5,30×10-8

3,75×10-7

1,52×10-7

4,98×10-8

R2

20ºC

30ºC

40ºC

-

-

-

-

0,99932

0,99942

0,99816

0,99982

0,99954

0,99984

0,99997

0,99968

0,98682

0,98853

0,97995

4.8.2.3 (b). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de

inchamento, para os géis de BTDA

As figuras (b)4.8.2.3.1, (b)4.8.2.3.2 e (b)4.8.2.3.3 mostram as curvas obtidas

quando se traçou o gráfico da fração de água absorvida em função da raiz quadrada do

tempo.

As curvas de Mt/Meq em função de t1/2 mostram que o mecanismo de difusão em

géis de BTDA é mais voltado para o tipo II do que para o mecanismo do tipo Fickiano.

Se observarmos as curvas nos valores onde 0,2 < Mt/Meq < 0,6, o perfil de

inchamento pode ser considerado linear.

Assim como para os géis de PMDA, a equação 4.8.3.1 foi utilizada para calcular

os valores dos coeficientes de difusão dos diferentes géis a diferentes temperaturas.

Como no caso dos géis de PMDA, a equação 4.8.3.1 leva em consideração apenas o

mecanismo do tipo Fickiano.

As figuras (b)4.8.2.3.4, (b)4.8.2.3.5 e (b)4.8.2.3.6 mostram os gráficos obtidos

para a fração de água absorvida inferior a 0,6 e superior a 0,2, como função da raiz

quadrada do tempo. A tabela (b)4.8.2.3.1 mostra os valores encontrados para os

coeficientes de difusão dos diferentes géis.

104

Os resultados da tabela (b)4.8.2.3.1 mostram que, o aumento no grau de

reticulação e o aumento na temperatura, provocaram um aumento no coeficiente de

difusão dos géis de BTDA.

O aumento nos coeficientes de difusão provocado pelo aumento na temperatura

pode ser explicado com base nos seguintes fatores;

- aumento no caráter hidrofílico da rede.

- aumento na mobilidade das cadeias poliméricas.

- aumento na energia térmica das moléculas de água.

Para os géis de BTDA o aumento no grau de reticulação provocou um aumento no

coeficiente de difusão, esse resultado pode ser explicado com base no aumento do

caráter hidrofílico da rede polimérica que facilita a difusão das moléculas de água. Esse

aumento nos valores dos coeficientes de difusão, quando aumentamos o grau de

reticulação para os géis de BTDA, mostra que os valores de mesh alcançados por esses

géis não foram suficientemente grandes para atrapalharem a difusão das moléculas de

água para dentro da rede.

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

gel 0,5B

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.3.1. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,5B.

105

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

gel 0,75B

Mt/M

eq

t1/2

40ºC 30ºC 20ºC

Figura (b)4.8.2.3.2. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

0,75B.

0 5 10 15 20 25 30 35 400,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

gel 1,0B

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.3.3. Mt/Meq em função da raiz quadrada do tempo, a diferentes temperaturas para o gel

1,0B.

106

5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,00,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60gel 0,5B

Mt/M

eq

t1/2

30ºC

Figura (b)4.8.2.3.4. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,5B a diferentes

temperaturas.

5 6 7 8 9 10 110,15

0,20

0,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60gel 0,75B

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC 40ºC

Figura (b)4.8.2.3.5. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 0,75B a diferentes

temperaturas.

107

5 6 7 8 9 10 11 12 130,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

gel 1,0B

Mt/M

eq

t1/2

20ºC 30ºC

Figura (b)4.8.2.3.6. Fração linear da curva (Mt/Meq) em função de t1/2, para o gel 1,0B a diferentes

temperaturas.

Tabela (b)4.8.2.3.1. Coeficientes de difusão dos géis de BTDA a diferentes temperaturas.

0,5B 0,75B 1,0B

D

20ºC

30ºC

40ºC

-

2,32×10-7

-

3,06×10-7

3,7×10-7

3,89×10-7

2,73×10-7

7,39×10-7

-

R

20ºC

30ºC

40ºC

-

0,97697

-

0,94872

0,99831

0,9988

0,99293

0,99817

-

108

4.8.2.3 (c). Análise do mecanismo de absorção para toda a isoterma de

inchamento, para os géis de PMDA e BTDA

Géis de PMDA e BTDA apresentaram mecanismo de inchamento mais voltado

para o mecanismo do tipo II e os coeficientes de difusão dos dois géis aumentaram

quando o grau de reticulação do sistema foi aumentado.

As variações dos coeficientes de difusão dos géis, frente a variações na

temperatura, mostraram comportamentos bastante distintos. Para os géis de PMDA o

aumento na temperatura levou a uma redução no coeficiente de difusão do gel enquanto

que, para os géis de BTDA, provocou um aumento no coeficiente de difusão do gel.

Esses resultados sugerem maiores graus de esterificação para os géis de PMDA,

uma vez que a rede polimérica formada se mostrou tão hidrofílica que a formação de

ligações de hidrogênio dentro da rede foi responsável pelas variações no coeficiente de

difusão.

Os valores dos coeficientes de difusão dos dois géis foram da mesma ordem de

grandeza.

4.8.3. A energia de ativação do processo de inchamento

A energia de ativação para o processo de inchamento foi determinada utilizando

a equação de Arrhenius:

D = Do exp(-ED/RT) (eq – 4.8.3)

onde ED é a energia de ativação para o processo de difusão, R é a constante dos gases e

T é a temperatura em Kelvin. Os valores para a energia de ativação foram obtidos

através da inclinação da reta obtida quando se constrói o gráfico de ln(D) em função de

1/T (Carlos Peniche et al., 1997; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

4.8.3 (a). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de PMDA

Para os géis de PMDA, os valores encontrados para a energia de ativação não

concordaram com a eq 4.8.3 e apenas os valores dos coeficientes de correlação são

mostrados na tabela (a)4.6.3.1.

109

Tabela (a)4.8.3.1. Energia de ativação para o processo de difusão para os géis de PMDA.

gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

∆ED (KJ/mol)

R2

*

0,41274

*

0,07884

*

0,0706

*

0,02969

*

0,02327

4.8.3 (b). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de

BTDA

As figuras (b)4.8.3.1 e (b) 4.8.3.2 mostram os gráficos de lnD em função de 1/T

e a tabela (b)4.8.3.1 mostra os valores de ED encontrados para os diferentes géis.

O gráfico de lnD em função de 1/T para o gel 0,5B não apresentou um bom

coeficiente de correlação e por isso apresentamos apenas o valor desse coeficiente na

tabela (b)4.8.3.1.

Para os géis de BTDA o aumento no grau de reticulação provocou um aumento

na energia de ativação para o processo de difusão (ED).

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-15,00

-14,95

-14,90

-14,85

-14,80

-14,75

Ln(D

)

1/T (K-1)

0,75B

Figura (b)4.8.3.1. Gráfico de lnD em função de 1/T, para o gel 0,75B

110

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345-15,2

-15,0

-14,8

-14,6

-14,4

-14,2

-14,0

Ln(D

)

1/T (K-1)

1,0B

Figura (b)4.8.3.2. Gráfico de lnD em função de 1/T, para o gel 1,0B

Tabela (b)4.8.3.1. Energia de ativação para o processo de difusão para os géis de BTDA.

gel

0,5P

0,75P

1,0P

∆ED (KJ/mol)

R2

*

0,36405

9,19

0,95278

41,54

0,90763

4.8.3 (c). A energia de ativação do processo de inchamento, para os géis de

PMDA e BTDA

Não foi possível calcular a energia de ativação dos géis de PMDA utilizando a

equação 4.8.3.

Para os géis de BTDA um aumento no grau de reticulação provocou um

aumento nos valores da ED.

Como será visto na seção 4.6.5, o processo de inchamento é endotérmico e por

isso a relaxação das cadeias poliméricas é o fator que precisa ser ativado para que o

inchamento ocorra. Como um aumento no grau de reticulação dificulta a relaxação das

cadeias espera-se que um aumento na energia de ativação quando aumentamos o grau

de reticulação.

111

4.8.4. Cinética de inchamento

A cinética de inchamento dos géis foi analisada utilizando a equação de segunda

ordem de Schott:

t/Mt = A + Bt (eq – 4.8.4)

onde Mt é a massa de água absorvida no tempo t e A e B são coeficientes físicos que

podem ser interpretados da seguinte maneira: Para grandes tempos de experimento o

termo Bt >> A e de acordo com a equação, B = 1/Meq, que é o recíproco da quantidade

de água absorvida no equilíbrio. No início do experimento quando os valores de t são

pequenos, A >> Bt e a equação pode ser escrita como:

Lim t o(dMt/dt) = 1/A (eq – 4.8.5)

com isso, o coeficiente linear da reta obtida da equação 4.4.4 será o recíproco da

velocidade inicial de inchamento (Erdener Karadag et al., 2004b; Erdener Karadag et

al., 2004a; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

4.8.4 (a). Cinética de inchamento para os géis de PMDA

As figuras (a)4.8.4.1, (a) 4.8.4.2 e (a)4.8.4.3 mostram as curvas obtidas quando

plotamos t/Mt como função de t e a tabela (a)4.8.4.1 mostra os valores da massa teórica

de água absorvida no equilíbrio (M`eq), da velocidade inicial de inchamento e dos

coeficientes de correlação das retas obtidas para os géis de PMDA.

A velocidade inicial de absorção de água variou aleatoriamente frente à variação

no grau de reticulação dos géis de PMDA. As retas apresentaram bons coeficientes de

correlação mostrando que o processo de inchamento para estes géis apresenta uma

cinética de segunda ordem.

Para todos os géis uma variação na temperatura de 20 para 40 ºC levou a um

aumento na velocidade inicial de inchamento do gel. Isso pode ser explicado devido ao

aumento na quantidade de grupos carboxilas desprotonados provocado pelo aumento da

temperatura. Quando a temperatura foi aumentada de 20 para 30 ºC a velocidade inicial

112

de absorção de água dos géis não apresentou um comportamento linear, isto é, a

velocidade de inchamento de alguns géis aumentou enquanto a velocidade de outros

diminuiu.

A tabela (a)4.8.4.2 mostra os valores experimentais da quantidade de água

absorvida no equilíbrio (Meq) a diferentes temperaturas e a razão entre o valor teórico

apresentado na tabela (a)4.8.4.1 e o valor experimental. Os valores teóricos

apresentaram boa concordância com os valores experimentais onde a diferença entre os

valores apresentou valor máximo de 19% e mínimo de 1%.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800ISOTERMA 20ºC

t / M

t

t (min)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a)4.8.4.1. t/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 20ºC.

113

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

200

400

600

800

1000

1200ISOTERMA 30ºC

t / M

t

t (min)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a)4.8.4.2. t/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 30ºC.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

200

400

600

800

1000ISOTERMA 40ºC

t / M

t

t (min)

0,1P 0,25P 0,5P 0,75P 1,0P

Figura (a)4.8.4.3. t/Mt como função de t para os diferentes géis de PMDA a 40ºC.

114

Tabela (a)4.8.4.1. Valores de M`eq, velocidade inicial de inchamento e dos coeficientes de correlação para as isotermas dos géis de PMDA.

Temp. / gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

M`eq=1/B (g)

20ºC

30ºC

40ºC

0,85

1,34

1,54

2,07

3,66

3,8

4,41

4,97

8,13

6,11

9,59

12,75

11,73

14,48

22,57

1/A (g/min)

20ºC

30ºC

40ºC

0,017

0,0679

0,0345

0,0425

0,0348

0,0744

0,0334

0,035

0,1189

0,0671

0,103

0,0981

0,0854

0,0956

0,2031

R2

20ºC

30ºC

40ºC

0,99852

0,99917

0,99736

0,99871

0,995

0,99883

0,99918

0,99531

0,99854

0,99793

0,98558

0,97992

0,98724

0,98701

0,99337

Tabela (a)4.8.4.2. Valores experimentais da quantidade de água absorvida no equilíbrio (Meq)

a diferentes temperaturas e razão entre o valor teórico (M`eq) e o valo experimental (Meq) da quantidade de água absorvida no equilíbrio.

Temp. / gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

Meq (g)

20ºC

30ºC

40ºC

0,817

1,311

1,4835

1,9665

3,281

3,6005

4,0045

4,35

7,5945

5,608

8,553

10,963

10,1525

12,4265

20,1235

M`eq / Meq

20ºC

30ºC

40ºC

0,96

0,98

0,96

0,95

0,90

0,95

0,91

0,88

0,93

0,92

0,89

0,86

0,87

0,86

0,89

115

4.8.4 (b). Cinética de inchamento para os géis de BTDA

As figuras (b)4.8.4.1, (b) 4.8.4.2 e (b)4.8.4.3 mostram as curvas obtidas quando

plotamos t/Mt como função de t e a tabela (b)4.8.4.1 mostra os valores da massa teórica

de água absorvida no equilíbrio (M`eq), da velocidade inicial de inchamento e dos

coeficientes de correlação para os géis de BTDA.

As retas apresentaram bons coeficientes de correlação e confirma assim uma

cinética de segunda ordem para o processo de inchamento dos géis.

A velocidade inicial de inchamento variou de forma aleatória frente a variações no

grau de reticulação dos géis.

O aumento na temperatura aumentou a velocidade inicial de inchamento dos géis

de BTDA o que é justificado pelo aumento na quantidade de grupos iônicos na rede,

aumento na energia térmica das moléculas de água e aumento na mobilidade das cadeias

poliméricas.

A tabela (b)4.8.4.2 mostra os valores experimentais encontrados para a massa de

água absorvida no equilíbrio e a razão entre os valores teóricos e práticos. Como pode

ser visto, houve boa concordância nos resultados e os valores teóricos e práticos

mostraram diferenças menores que 12% e maiores que 1%.

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

100

200

300

400

500

600 ISOTERMA 20ºC

t / M

t

tempo (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.4.1. t/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 20ºC.

116

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

50

100

150

200

250

300ISOTERMA 30ºC

t / M

t

t (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.4.2. t/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 30ºC

0 200 400 600 800 1000 1200 14000

100

200

300

400

500

600

ISOTERMA 40ºC

t / M

t

t (min)

0,5B 0,75B 1,0B

Figura (b)4.8.4.3. t/Mt como função de t para os diferentes géis de BTDA a 40ºC.

117

Tabela (b)4.8.4.1. Valores de M`eq, velocidade inicial de inchamento e dos coeficientes de correlação para as isotermas dos géis de BTDA.

Temp. / gel

0,5P

0,75P

1,0P

M`eq=1/B (g)

20ºC

30ºC

40ºC

2,67

4,86

2,44

6,74

6,93

7,61

6,86

9,39

7,21

1/A (g/min)

20ºC

30ºC

40ºC

0,0432

0,0845

0,0889

0,0588

0,105

0,0754

0,0532

0,130

0,154

R2

20ºC

30ºC

40ºC

0,99977

0,9998

0,99956

0,99378

0,99839

0,99545

0,99405

0,99837

0,99861

Tabela (b)4.8.4.2. Valores experimentais da massa de água absorvida no equilíbrio e razão

entre os valores experimentais e os valores teóricos da massa de água absorvida no equilíbrio.

Temp. / gel

0,5P

0,75P

1,0P

Meq (g)

20ºC

30ºC

40ºC

2,543

4,6485

2,386

6,019

6,498

6,852

6,057

8,788

6,853

Meq / M´eq

20ºC

30ºC

40ºC

0,95

0,95

0,98

0,89

0,93

0,90

0,88

0,93

0,95

118

4.8.4 (c). Cinética de inchamento para os géis de PMDA e BTDA

Os bons coeficientes de correlação obtidos para o estudo cinético do inchamento

mostram que a cinética para os géis de PMDA e BTDA é uma cinética de segunda

ordem.

Os dois géis apresentaram variações aleatórias na velocidade inicial de

inchamento frente às variações no grau de reticulação dos géis, porém aumentos na

temperatura provocaram aumentos na velocidade inicial de inchamento para os dois

géis. O aumento na velocidade inicial de inchamento para os géis, quando aumentamos

a temperatura, pode ser justificado pelo aumento na quantidade de grupos iônicos na

rede, aumento na mobilidade das cadeias poliméricas e aumento na energia térmica das

moléculas de água.

4.8.5. A entalpia de mistura do sistema gel-água

A entalpia de mistura ∆Hmix do sistema gel-água pode ser determinada através da

medida da quantidade máxima de água absorvida no equilíbrio a diferentes

temperaturas, usando a equação de Gibbs/Helmholtz:

dlnMeq / d(1/T) = - ∆Hmix/R (eq – 4.8.5.1)

onde R é a constante dos gases e T é a temperatura absoluta (Carlos Peniche et al.,

1997; S.K.Bajpai and Susamma Johnson, 2005).

4.6.5 (a). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de PMDA

As figuras (a)4.8.5.1, (a)4.8.5.2, (a)4.8.5.3, (a)4.8.5.4 e (a)4.8.5.5 mostram as

curvas lnMeq em função de 1/T, onde o coeficiente angular será a entalpia da mistura

(∆Hmix). A tabela (a)4.8.5.1 mostra os valores encontrados para a entalpia de mistura.

Os valores encontrados para a entalpia de mistura do sistema gel-água mostram

que o processo de absorção de água pelos géis de PMDA é um processo endotérmico e

que o gel não se comporta como um “gel ideal” (∆Hmix = O). Os resultados mostram

119

também que um aumento no grau de reticulação leva a um aumento na entalpia de

mistura do sistema.

Estes resultados mostram que apesar dos grupos iônicos inseridos na rede

facilitarem o processo de relaxação, uma vez que, a formação de ligações de hidrogênio

entre as moléculas de água e os grupos iônicos da rede será um processo exotérmico, a

relaxação das cadeias é o mecanismo que precisa ser ativado para que o processo de

inchamento ocorra. A variação no volume das amostras durante o inchamento é

bastante pronunciada e principalmente, para maiores tempos de experimento, esse

processo se torna fundamental para que a absorção de água tenha continuidade.

Como o processo de relaxação das cadeias poliméricas é um processo

endotérmico, é necessário energia para promover o afastamento e aumentar a

mobilidade das cadeias. O processo de relaxação ocorre, principalmente, após a

ocupação dos “vazios” presentes na rede, o que reduz a repulsão entre os grupos iônicos

por causa do aumento na quantidade de água absorvida (grupos iônicos mais hidratados

“sentirão” menos a presença uns dos outros).

Podemos concluir que o aumento no grau de reticulação dificulta a relaxação das

cadeias poliméricas, por causa do aumento no número de pontos de reticulação na rede,

e consequentemente, aumenta a energia necessária para o processo de mistura.

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345-7,2

-7,1

-7,0

-6,9

-6,8

-6,7

-6,6

-6,5

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

0,1P

Figura (a)4.8.5.1. lnMeq em função de 1/T para o gel 0,1P.

120

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345-6,3

-6,2

-6,1

-6,0

-5,9

-5,8

-5,7

-5,6

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

0,25P

Figura (a)4.8.5.2. lnMeq em função de 1/T para o gel 0,25P.

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345-5,6

-5,5

-5,4

-5,3

-5,2

-5,1

-5,0

-4,9

-4,8

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

0,5P

Figura (a)4.8.5.3. lnMeq em função de 1/T para o gel 0,5P.

121

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-5,2

-5,1

-5,0

-4,9

-4,8

-4,7

-4,6

-4,5

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

0,75P

Figura (a)4.8.5.4. lnMeq em função de 1/T para o gel 0,75P.

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-4,6

-4,5

-4,4

-4,3

-4,2

-4,1

-4,0

-3,9

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

1,0P

Figura (a)4.8.5.5. lnMeq em função de 1/T para o gel 1,0P.

122

Tabela (a)4.8.5.1. Valores para os coeficientes de difusão dos géis de PMDA e para os coeficientes de correlação das retas lnMeq em função de 1/T.

gel

0,1P

0,25P

0,5P

0,75P

1,0P

∆H (KJ/mol)

R

20,2

0,9165

23,2

0,9354

24,2

0,91166

25,6

0,99162

25,9

0,96866

4.8.5 (b). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de BTDA

A figura (b)4.8.5.1 mostra a curva lnMeq em função de 1/T, onde o coeficiente

angular será a entalpia da mistura (∆Hmix). A tabela (b)4.8.5.1 mostra os valores

encontrados para as entalpias de mistura para os diferentes géis.

Os coeficientes de correlação das curvas dos géis 0,5B e 1,0B não apresentaram

boas concordâncias com a equação utilizada. A tabela (b)4.8.5.1 mostra os valores dos

coeficientes de correlação para esses géis.

O gel 0,75B mostrou uma entalpia de mistura positiva, portanto o processo de

mistura para géis de BTDA é um processo endotérmico.

Esse resultado nos diz que o processo de relaxação das cadeias poliméricas deve

ser ativado para que o processo de inchamento ocorra assim como para os géis de

PMDA.

0,00320 0,00325 0,00330 0,00335 0,00340 0,00345

-5,12

-5,10

-5,08

-5,06

-5,04

-5,02

-5,00

-4,98

-4,96

ln (

Meq

)

1/T (K-1)

0,75B

Figura (b)4.8.5.1. Gráfico de lnMeq em função de 1/T para o gel 0,75B

123

Tabela (b)4.8.5.1. Valores para os coeficientes de difusão dos géis de BTDA e para os coeficientes

de correlação das retas lnMeq em função de 1/T

gel

0,5P

0,75P

1,0P

∆H (KJ/mol)

R

*

-0,34362

4,92

0,99636

*

0,06758

4.8.5 (c). A entalpia de mistura do sistema gel-água para os géis de PMDA e

BTDA

Os géis de PMDA e BTDA mostraram valores endotérmicos para a entalpia de

mistura.

Para os géis de BTDA, apenas o gel 0,75B apresentou bom coeficiente de

correlação não sendo possível analisar a influência do grau de reticulação na ∆Hmix

para esses géis.

Os géis de PMDA mostraram aumentos na entalpia de mistura quando o grau de

reticulação foi aumentado, o que está relacionado com o aumento no número de pontos

de reticulação da rede que dificulta o processo de relaxação e consequentemente,

aumenta a energia necessária para que o processo de inchamento ocorra.

Os valores da entalpia de mistura encontrados para os géis de PMDA foram

sempre maiores que os valores encontrados para o gel de BTDA. Esse resultado sugere

que os géis de PMDA apresentam maiores graus de reticulação e consequentemente,

para que o processo de inchamento ocorra é necessário que mais energia seja fornecida

ao sistema, para que a força elástica da rede seja vencida.

4.9. Descrição de um mecanismo simplificado e possível para a reação

As figuras 4.9.1 e 4.9.2 mostram mecanismos para a reação de reticulação.

Os resultados obtidos sugerem que a reação só ocorre na presença do catalisador e

que a basicidade do catalisador não é o único fator que determina a formação do gel.

Investigações vêem sendo feitas com outros catalisadores e os resultados são

apresentados na tabela 4.9.1.

124

Tabela 4.9.1. Catalisadores utilizados na síntese dos géis de BTDA e PMDA. Catalisador utilizado Meio reacional com BTDA Meio reacional com PMDA

NH3 Não formou gel Não formou gel

Dietilamina Não formou gel Não formou gel

Trietilamina Formou gel Formou gel

Piridina Não formou gel Formou gel

NaOH Não formou gel Não formou gel

Sem catalisador Não formou gel Não formou gel

Com os dados obtidos podemos concluir que a reação se forma somente na

presença de uma amina terciária. Sh. S. Arslanov et. al./1999, relata a formação do gel

de PMDA em um meio reacional utilizando acetato de celulose e dimetilformamida e

sugere que junto com a reação de esterificação dos grupos hidroxilas livres pelo

dianidrido, uma reação de transesterificação também pode ter lugar.

As reações de transesterificação podem ocorrer quando não existem grupos

hidroxilas livres e o dianidrido acaba por reagir com algum grupo acetil localizado

próximo ao dianidrido. Essa reação pode ter lugar através de uma reticulação

intermolecular ou intramolecular. (Sh.S.Arslanov et al., 1999)

A não formação de gel de BTDA utilizando piridina como catalisador pode ser

explicada baseando-se na formação de uma grande quantidade de precipitado no meio

reacional. Grande quantidade de precipitado é formada quando usamos piridina como

catalisador da reação de reticulação com o PMDA e o BTDA. A formação de géis

apenas de PMDA se deve a maior reatividade desse dianidrido que é capaz de formar

géis mesmo quando sua concentração no meio reacional é muito pequena.

125

O

O

O

OO

O

O

H2C CH3

H2C CH3

H3C

H2C N

O

OO

O

OOO

O

O

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CH2

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O

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O

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H2CCH3

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H

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126

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CH2

CH3

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H3C H2C

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OH

H

H

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OO

O

O

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AcAc Ac

*

Figura 4.9.1. Mecanismo para a síntese do gel de BTDA

127

OH

H

H

HHO

OH

H

H

H HOHO

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O

O

**

n

H2C CH3

H2C CH3

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CH2

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128

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H

H

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H

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H

H

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O

O

O

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AcAcAc

AcAc

OOH

O

O

O

Ac

Ac

Ac

Ac

Ac

Figura 4.9.2. Mecanismo para a síntese do gel de PMDA.

129

Capítulo 5

5. Conclusões

Hidrogéis de acetato de celulose com grau de substituição 2,5 foram sintetizados

utilizando PMDA e BTDA como agentes entrecruzantes. Hidrogéis de PMDA com

razões estequiométricas de 0,1, 0,25, 0,5, 0,75 e 1,0 e de BTDA com razões

estequiométricas de 0,5, 0,75 e 1,0 foram obtidos. O PMDA se mostrou um agente

entrecruzante mais reativo que o BTDA, uma vez que com esse agente entrecruzante,

conseguimos sintetizar hidrogéis com razões estequiométricas tão pequenas quanto 0,1.

A técnica de FTIR se mostrou apropriada para a confirmação da reação e do

processo de purificação. A análise dos hidrogéis através da desesterificação e posterior

análise dos fragmentos na região do UV-vis se mostrou também satisfatória para

confirmar o aumento no grau de reticulação dos hidrogéis, quando aumentamos a

quantidade de dianidrido no meio reacional.

Resultados de análise térmica mostraram que um aumento no grau de reticulação

do hidrogél provocou uma redução em sua estabilidade térmica e um aumento nos

valores da temperatura de transição vítrea (Tg).

Análises superficiais, através de microscopia eletrônica de varredura,

confirmaram a maior rugosidade do acetato de celulose. Os hidrogéis de PMDA e

BTDA foram classificados como não porosos uma vez que apresentaram diâmetro

médio dos poros de 41,56 Å e 40,62 Å, respectivamente.

As isotermas de inchamento para os dois hidrogéis mostraram que um aumento no

grau de reticulação provocou um aumento no percentual de água absorvida no equilíbrio

(%Seq) o que foi atribuído ao aumento no caráter hidrofílico da rede. O %Seq também

aumentou com o aumento da temperatura o que foi atribuído ao aumento na energia

térmica das moléculas de água, aumento na mobilidade das cadeias poliméricas e no

aumento na quantidade de grupos iônicos dentro da rede.

A análise do mecanismo de absorção de água pelos hidrogéis, para os primeiros

60% das isotermas, se mostrou anômalo, onde concluímos que presença de grupos

iônicos influencia o mecanismo do tipo Fickiano, pois a presença de cargas na rede

aumenta a afinidade entre a rede e as moléculas de água, provocando a difusão das

130

moléculas de água para o interior da rede. Por outro lado, os mesmos grupos iônicos

responsáveis pela ativação do mecanismo do tipo Fickiano, por estarem todos

carregados negativamente, provocam uma repulsão das cadeias poliméricas favorecendo

o mecanismo do tipo II. O aumento da mobilidade da rede provocado pela hidratação

também facilita o mecanismo do tipo II.

Para longos tempos de experimento, levantou-se a hipótese de que o mecanismo

de relaxação foi predominante no processo de inchamento. Os bons coeficientes de

correlação obtidos durante a análise das curvas validaram a hipótese.

Para os géis de PMDA e BTDA, a velocidade de relaxação das cadeias variou de

forma aleatória frente a variações no grau de reticulação e para os géis de PMDA, um

aumento na temperatura provocou um aumento na velocidade de relaxação. Para os géis

de BTDA a temperatura influenciou de forma aleatória na velocidade de relaxação.

Os resultados de análise do mecanismo de difusão superior a 60% sugerem que o

aumento no grau de reticulação da rede atua de duas maneiras na velocidade de

relaxação das cadeias. Uma favorecendo o aumento da velocidade de inchamento

(aumento na quantidade de grupos iônicos) e outra prejudicando a velocidade de

relaxação das cadeias (aumento no número de mesh na rede).

Na análise de toda a curva de inchamento, hidrogéis de PMDA e BTDA

apresentaram mecanismo de inchamento mais voltado para o mecanismo do tipo II e os

coeficientes de difusão dos dois géis aumentaram quando a temperatura do sistema foi

aumentada.

Os coeficientes de difusão dos dois géis aumentaram quando o grau de reticulação

do sistema foi aumentado.

Os valores dos coeficientes de difusão foram da mesma ordem de grandeza para os

dois géis.

Não foi possível calcular a energia de ativação para os géis de PMDA. Para os géis

de BTDA um aumento no grau de reticulação provocou um aumento nos valores da

energia de ativação..

Os estudos cinéticos para o processo de inchamento mostraram que a velocidade

inicial de absorção de água para todos os hidrogéis aumenta quando a temperatura

aumenta de 20 a 40ºC e que o processo segue uma cinética de segunda ordem.

Os géis de PMDA e BTDA mostraram valores endotérmicos para a entalpia de

mistura. Os géis de PMDA mostraram aumentos na entalpia de mistura quando o grau

131

de reticulação foi aumentado. Os valores da entalpia de mistura encontrados para os géis

de PMDA foram sempre maiores que os valores encontrados para o gel de BTDA.

Dada a grande capacidade de absorção de água, a baixa demanda energética, o

baixo custo das matérias primas utilizadas na preparação dos géis, a possibilidade de se

obter hidrogéis com razões estequiométricas muito baixas, a utilização de matéria prima

renovável e a simplicidade do processo de síntese desses hidrogéis. Hidrogéis de acetato

de celulose reticulados com PMDA e BTDA surgem como um interessante material

para o uso em sistemas de liberação controlada de medicamentos, processos de

tratamento de água e processos de separação e purificação.

132

Capítulo 6

6. Referência Bibliográfica

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