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Jovem: Transformador do mundo 2º SEMESTRE / 2012

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Edição | 2º semestre 2012

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Page 1: Em Família | Maristão

Jovem: Transformador do mundo

2º SemeStre / 2012

Page 2: Em Família | Maristão
Page 3: Em Família | Maristão
Page 4: Em Família | Maristão

22 ExpedienteCombinação única de bons valores com excelência.

O Grupo Marista conta com milhares de pessoas que diariamente vivenciam e disseminam importantes valores humanos

e cristãos, com o compromisso de promover e defender os direitos das crianças e jovens.

Faz parte do jeito Marista a busca constante por excelência. Na área da educação, da escola à universidade, formamos

pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades nas áreas de saúde e comunicação, levamos sempre a

melhor qualidade para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas áreas a ação social está presente

com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também atuamos diretamente, por meio de uma ampla

rede de solidariedade.

Bons valores com excelência. Nossa missão é proporcionar essa combinação única para a construção de um mundo melhor.

Rua Imaculada Conceição, 1155Prado Velho – Curitiba – PRPrédio Administrativo PUCPR – 8º andarCEP: 80215-901Tel.: (41)3271-6500

www.colegiosmaristas.com.br

BRAsílIA • Colégio Marista de Brasília - Educação Infantil e Ensino Fundamental - SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília - DF - 70200-690 - (61) 3442-9400

Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio - SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília - DF - 70200-750 - (61) 3445-6900

CASCAVEL • Colégio Marista de Cascavel - Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel - PR - 85812-011 - (45) 3036-6000

CHAPECÓ • Colégio Marista São Francisco - Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chape-có - sC - 89801-500 - (49) 3322-3332

CRICIÚMA • Colégio Marista de Criciúma - Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma - sC - 88811-503 - (48) 3437-9122

CURITIBA • Colégio Marista Paranaense - Rua Bispo Dom José, 2674 Seminário - Curitiba - P1) 3016-2552

Colégio Marista santa Maria - Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - Curitiba - PR - 82200-210 (41) 3074-2500

GOIâNIA • Colégio Marista de Goiânia - Avenida Oitenta e Cinco, n. 1440

St. Marista - Goiânia - GO - 74.160-010 - (62) 4009-5875

JARAGUÁ DO SUL • Colégio Marista São Luís - Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 Centro - Jaraguá do sul - sC - 89251-700 - (47) 3371-0313

JOAÇABA • Colégio Marista Frei Rogério - Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba - SC - 89600-000 - (49) 3522-1144

LONDRINA • Colégio Marista de Londrina - Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - londrina - PR - 86060-000 (43) 3374-3600

MARINGÁ • Colégio Marista de Maringá - Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro - Maringá - PR - 87010-430 - (44) 3220-4224

PONTA GROSSA • Colégio Marista Pio XII - Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carva-lho - Ponta Grossa - PR 84015-440 - (42) 3224-0374

RIBEIRÃO PRETO • Colégio Marista de Ribeirão Preto - Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis - Ribeirão Preto - sP - 14015-130 - Fone:(16) 3977-1400

SÃO PAULO • Colégio Marista Arquidiocesano - Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana - são Paulo - sP - 04035-000 - (11) 5081-8444

Colégio Marista Nossa senhora da Glória - Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - são Paulo - sP - 01518-000 - (11) 3207-5866

Jornalista Responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646 | supervisão: Maria Fernanda RochaRedação: Michele Bravos / Julio Cesar Glodzienski / Elizangela Jubanski | Diagramação: Julyana WerneckRevisão: Editora Champagnat | Divisão APC – Grupo MaristaR. Amauri lange silvério, 270 - Pilarzinho – Curitiba/PR – CEP: 82120-000 – Fone: (41) 3271-4700 www.grupolumen.com.br

Periodicidade da publicação: semestral

Quer anunciar? Entre em contato conosco pelo fone (41) 3271-4700 ou pelo site www.grupolumen.com.br

Todos os direitos reservados. Todas as opiniões são de responsabilidade dos respectivos autores.

Presidente das Mantenedoras: Ir. Delcio Afonso Balestrin

superior Provincial: Ir. Joaquim sperandio

superintendente Executivo do Grupo: Marco Antõnio B. Cândido

Rede de Colégios: Ir. Paulinho Vogel, André Garcia, Isabel Cristina

Michelan Azevedo

Comunicação e Marketing ABEC/UCE: Fabiane Campana, Camila

schmid, Bruno Bonamigo, Tiago Ienkot, Fábio Egg Mais, Kelen

Y. Azuma, Silvia S. Tateiva, Alexandre L. Cardoso, Denise Neves

Machado

Comunicação e Marketing Colégios: Bruna F. Gonçalves,

Cristiane R. santos, Eros A. A. Martins, Eziquiel M. Ramos, Fábio

S. Aparício, Guilherme F. Neto, Kely C. de Souza, Luana M. D.

dos santos, luiza B. Fleury, Mateus Vitor Tadioto, Mayara A.

Haudicho, Raquel A. Bortoloso, Samira D. Dutra, Tatiane Pereira,

Mayara Gutjahr

Capa: Gabriel Cauduro, Vagner Vergara, lucas Jiang, Bruna Braga luz e Geórgia Furquim, estudantes do Colégio Marista Rosário - Porto Alegre (Rs)

Elaboração da arte realizada pela professora Maria Cristina Kersting, do Colégio Marista são Pedro - Porto Alegre (Rs)

Foto: Wesley santos

Em Família | 10ª Edição | 2º Semestre 2012

Page 5: Em Família | Maristão

23Primeira impressão

Para abrilhantar o tema desta edi-

ção, permitam-me iniciar nossa

reflexão sobre a juventude com duas

frases instigantes, uma do escritor

francês Albert Camus: “A juventude é

sobretudo uma soma de possibilida-

des”, e a outra, de Franklin Roosevelt:

“Nem sempre podemos construir o

futuro para nossa juventude, mas

podemos construir nossa juventude

para o futuro".

Certamente, muitos de nós, assim

como os autores citados, acreditamos

que a juventude tem um potencial

enorme de transformação não só do

futuro, como de toda uma socieda-

de. Mas não há como a juventude, ou

qualquer outro grupo social, ser essa

mola propulsora de transformação,

se não estiver apoiada em valores em

que ela própria acredite.

O tempo em que vivemos hoje é de

transformações e mudanças. segun-

do alguns, não apenas uma época de

mudança, mas uma mudança de épo-

ca. A crise de muitas instituições como

a família, a escola, o Estado e a Igreja,

gerada por esse tempo de modifica-

ções, faz os jovens tentarem entrar na

sociedade, não mais por essas insti-

tuições, mas a partir das relações com

seus pares, gerando assim seus pró-

prios modelos culturais de identidade,

de formas tão originais e criativas quan-

to as realidades juvenis que existem em

cada cidade.

Quando os valores são vivos na

mente e no coração dos jovens, inde-

pendente de instituições, encontramos

uma juventude com vontade de parti-

cipar da transformação da realidade.

são jovens que procuram uma socie-

dade sustentável, baseada no respeito

à natureza, nos direitos humanos uni-

versais, na eficiência da justiça econô-

mica e em uma cultura de paz desde

uma perspectiva ecológica integral.

Muitos deles tratam de promover a

mudança a partir de seu compromisso

com organizações não governamen-

tais ou políticas, atentos para que os

temas pertinentes à juventude sejam

discutidos. Podemos dizer, além disso,

que a grande maioria dos jovens pro-

cura intensamente pela espiritualidade

hoje. são novas expressões, não neces-

sariamente ligadas às grandes religiões,

mas que manifestam de outra forma

a espiritualidade e a transcendência

latentes, de um modo que talvez não

consigamos descobrir nem entender.

Para os jovens, a fase da juventude é

uma etapa de magia, porque repleta

de alegria, liberdade, vitalidade e ener-

gia. É um tempo cheio de curiosidade,

com vontade de conhecer, provar e

sentir uma infinidade de experiências,

mas, em certos momentos, permeado

pela solidão, quando carentes de lar e

da companhia familiar.

O encontro e o protagonismo juve-

nil podem ser realizados na escola, na

rua, no bar, na balada, nas organizações

pastorais, nos movimentos sindicais,

nos fóruns de juventude e em outros

espaços públicos que propiciem o

encontro e permitam que se reconhe-

çam como jovens. Além dos lugares, há

também os espaços de encontro: fes-

tivais de música, eventos esportivos,

internet, reuniões de reflexão, experi-

ências de trabalho ou intercâmbio aca-

dêmico e cultural, bailes, expressões

culturais autóctones ou juvenis, mani-

festações em defesa dos direitos, rebe-

liões, guerras, prisões etc.

Cabe às instituições, ao poder públi-

co e aos órgãos governamentais desen-

volver nos jovens os valores essenciais

à vida humana e propiciar os espaços

adequados para que sua atuação este-

ja garantida. Garantindo formação e

espaço adequado, a juventude espon-

taneamente transformará o mundo à

sua volta. Assim, construímos nossa

juventude para o futuro, oferecendo a

ela todas as possibilidades de ser feliz e

fazer os outros felizes, como sonhava

Marcelino Champagnat, que acreditava

que, fazendo os outros felizes, encon-

trávamos nossa própria felicidade.

A transformação como possibilidade!Por Ir. Paulinho Vogel

Ir. Paulinho Vogel é Diretor Executivo da Rede Marista de Colégios

Page 6: Em Família | Maristão

24 Entrevista

Page 7: Em Família | Maristão

Chamado paratransformarA tarefa de contribuir para um futuro

ie um mundo melhores é respon-

sabilidade de cada um dos 7 bilhões de

habitantes do planeta. O jovem argen-

tino Juan Andrés Mussini, de 29 anos,

mestre em Ciência da Computação pela

PUCPR, tem feito sua parte a serviço

da nação do Timor leste, por meio da

Organização das Nações Unidas (ONU).

Como especialista em tecnologias

de informação e comunicação para

o Programa das Nações Unidas para

o Desenvolvimento (PNUD), Mussini

tem aprendido a lidar com frustrações

e percebido que sua missão é dar o

melhor de si, fazendo o que for possí-

vel pelo bem-estar das pessoas.

Como foi sua trajetória até chegar à ONU? Era um sonho?

Minha chegada à ONU foi resultado

de uma busca por um trabalho que

me desse um retorno moral comple-

to. sendo formado na área de Exatas/

Computação, tive dificuldade em unir,

ao mesmo tempo, um serviço que me

desse garantia econômica e um sen-

timento de estar fazendo algo que

valesse a pena. Já me sentia um pouco

assim ao trabalhar em uma faculdade,

por muitos anos. sentia que estava

ajudando os professores, estudantes e

funcionários da instituição a fazer seu

trabalho de forma eficiente. A informá-

tica é uma área que não produz nada

por si própria, ela serve de base para

outros aplicarem suas habilidades ou

seu conhecimento. Acredito que, se

cada um fizer bem seu trabalho, inicia-

-se uma reação em cadeia, na qual o

usuário do seu produto, por sua vez,

fará o mesmo, e assim por diante. Há

vários níveis de "ajuda", nenhum mais

importante que o outro, com todos tra-

balhando em harmonia até se formar

um produto final. se todos os membros

fizerem um trabalho decente, haverá

qualidade equivalente. Na ONU, con-

sigo ajudar outras pessoas mais direta-

mente, passando meu conhecimento a

pessoas que nunca tiveram condições

e nunca sonharam estar trabalhando

com informática.

De que forma você acabou sendo

enviado para o Timor Leste?

A ONU é equivalente a um órgão públi-

co, mas em âmbito mundial. Há várias

missões e agências da ONU. Cada uma

delas tem seu quadro de funcionários,

como se fossem empresas normais, e,

como tal, publicam vagas e contratam

colaboradores. Eu vi a oportunidade de

trabalhar para a ONU como voluntário

na área de informática e gostei muito

da ideia. O país era algo secundário, eu

me interessei mesmo pela proposta da

ONU. Como uma das línguas oficiais do

país é o português, já há muitos brasi-

leiros aqui. Esses brasileiros, por sua

vez, já aplicam o conhecimento que

aprenderam no Brasil desde que che-

gam aqui – entre eles, o conhecimento

sobre informática, particularmente de

linux, que é muito forte no Brasil. Ten-

do sido educado no Brasil, eu me tornei

um especialista nessa tecnologia, o que

ajudou no processo de seleção.

Como é seu dia a dia nesse país?

Meu trabalho é situado diretamente no

Ministério da Justiça do Timor leste,

especificamente voltado para os timo-

renses colaboradores da Procuradoria

Geral da República. Todos eles fazem

parte da equipe de TI da instituição.

Eu dou aula para eles duas manhãs por

semana. Depois da aula, temos treina-

mentos específicos em cada institui-

Homens trajados com vestimentas típicas timorenses.

UN

MIT

Page 8: Em Família | Maristão

26 Entrevista

Trabalhando na ONU,

eu sou um agente de mudanças.

eu sinto que as coisas acontecem

porque nós fazemos acontecer

eu Tenho que tratar as pessoas

com respeito

eu quero ajudar da forma que

for possível

eu vou fazer muito bem feito o

que tenho que fazer

A restauração da independência do Timor leste, ocorrida em 2002, é motivo de comemoração no país.

Mar

tine

Perr

et/U

NM

IT

Um agente da paz desembarca no Timor leste, trazendo ajuda para a população.

UN

MIT

ção, atendendo a suas necessidades e

demandas. Aqui, aplica-se o conceito

de formação de capacidade, que vai

além de aulas normais. É possível se

dedicar àqueles que têm mais dificul-

dades, por exemplo.

Qual o maior desafio em estar em

missão?

Do ponto de vista profissional, é lidar

com as frustrações. Do lado pessoal,

é a saudade. sou uma pessoa muito

família, com três irmãs e, a partir de

dezembro, seis sobrinhos. Estar lon-

ge deles é difícil e ver os pequenos

crescendo e mudando, também. O

dia a dia aqui é seguro, mas instável.

No meio do ano, depois do resultado

das eleições, houve focos de revol-

tas, com muitos carros apedrejados

e queimados e até pessoas feridas e

mortas. Durante aquela semana, o cli-

ma ficou tenso, mas por sorte não se

agravou. A situação pode mudar rapi-

damente, por isso temos que sempre

estar atentos e ter um bom ponto de

segurança, como a própria casa, com

mantimentos e provisões básicas.

Como é conviver com a frustração

de que nem sempre a solução está

em suas mãos?

O maior desafio é fazer as pessoas

entenderem a importância do que

está sendo feito. Em outros luga-

res do mundo, essa formação de

capacidade diretamente aplicada ao

local de trabalho é algo raro, já que

os treinamentos tradicionais são

sempre dados em horário diferente

do horário do trabalho. As empre-

sas preferem que seus funcionários

estejam envolvidos em suas tarefas

laborais nesse horário. Aqui, a tarefa

laboral deles é aprender. Mas, mesmo

assim, muitos deles não dão valor a

isso e acabam por se interessar pou-

co, perdendo a oportunidade que

oferecemos. Para lidar com essa frus-

tração, temos que manter a meta e

nos concentrar naquelas pessoas que

apreciam isso e que estão mudando

com o que nós oferecemos. Ver que

estamos melhorando a vida de uma

pessoa é uma recompensa extrema-

mente gratificante, que nos dá força

pra seguir adiante.

Quando mais novo, de que for-

ma você fazia a diferença em sua

realidade?

Posso dizer que eu nunca fui um

rapaz extrovertido e com facilida-

des sociais, por isso não me envolvia

ativamente em causas sociais. Mas,

graças à educação que tive, gosto de

pensar que sempre diferenciei o bom

do mau. Por isso, em tudo que fazia

eu tratava de levar sempre em conta

isso, perguntando-me quais seriam

as consequências de minhas ações.

Acho que era algo simples, mas que

fazia a diferença em minha realidade.

Qual a maior recompensa que o seu

trabalho lhe proporciona?

Profissionalmente, é ver os colegas

aprendendo e mudando. Pessoal-

mente, é saber que estou fazendo

algo pra melhorar a vida de alguém.

Quais características esse trabalho

desenvolveu em você?

Trabalhar com tecnologia em um país

pós-conflito é algo muito desafiante.

Tive que aprender a lidar com situa-

ções difíceis, como falta de comuni-

cação e de energia durante quase o

dia todo. Aprendi a lidar com outras

culturas, porque cada pessoa tem

uma forma de lidar com as coisas.

Estou mais tolerante.

Hoje, trabalhando para o Timor Les-

te, qual é seu maior desejo?

Que eu consiga fazer a diferença para

mais pessoas. Quando eu for embora,

quero olhar para trás e enxergar um

trabalho bem-feito, uma diferença

clara (para melhor!) entre o momen-

to em que cheguei e o momento em

que estiver partindo.

Page 9: Em Família | Maristão
Page 10: Em Família | Maristão

28 Capa

Rebeldes com causaEste século é marcado por jovens transformadores e com irreverência suficiente para causar um impacto positivo no mundo

O ijeitão despojado e até blasé

iengana à primeira vista. Quem

vê pode pensar que são jovens per-

didos, que não levam nada a sério e

que vivem conectados – até demais.

O engano vai embora quando esses

jovens falam sobre o que pensam,

o que creem e como gostariam de

colocar em prática suas ideias para

melhorar o mundo.

Estamos falando dos jovens do

século XXI, as chamadas gerações

Y e Z. Jovens com causas, planos e

liberdade de sobra para transformar.

Segundo o Ir. Evilázio Teixeira, doutor

em Filosofia, Teologia e atual vice-rei-

tor da PUCRS, essa é “uma juventude

que se nega a simplesmente repetir

as gerações anteriores e que busca

afirmação”.

Diferente de décadas passadas,

o jovem da atualidade só se engaja

naquilo que realmente lhe faz sen-

tido. A vontade de ver pequenas

mudanças os move

para grandes con-

quistas. O soció-

logo Cézar Lima,

professor de Ci-

ências Sociais da

PUCPR, explica

que o jovem atual tem entendimento

de que não vai mudar o mundo, mas

sabe que tem em mãos a possibili-

dade de contribuir para um convívio

mais harmonioso.

Para os estudantes do 2º ano do

Ensino Médio, Bruna Luz, do Colé-

gio Marista Rosário (RS), e Alexan-

dre Longo Filho, do Colégio Marista

Pio XII, de Ponta Grossa (PR), ajudar

uma senhora a atravessar a rua ou

ser gentil com alguém já são atos de

grande valor. “Com certeza, pensar

nas próprias atitudes e acreditar que

elas provocam transformações é uma

combinação que mudaria o mundo”,

diz Alexandre.

Para o Ir. Evilázio Teixeira, os

jovens estão mais sensíveis por natu-

Além do voluntariado, a estudante Bruna Luz, do 2º ano

do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (Rs), acredita

que atitudes do cotidiano podem fazer a diferença.

“ser gentil com o porteiro ou com uma senhora são coisas que, por vezes, não são valorizadas. Mas fazem diferença na vida das pessoas.”

Page 11: Em Família | Maristão

Além das ações voluntárias, o estudante Gabriel Cauduro,

do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Rosário (RS),

realiza a doação de roupas para pessoas carentes.

“Eu gosto de me envolver com outras pessoas, de ajudar. A possibilidade de fazer isso no voluntariado me chama a atenção, por isso sou voluntário.”

reza e querem um mundo melhor

para todos. É nesse contexto que as

causas específicas ganham força. “A

juventude atual está muito sensi-

bilizada perante os problemas das

desigualdades sociais, a realidade de

marginalização, de ataque ao ecossis-

tema, da pobreza e morte que asse-

diam muitos dos países em desenvol-

vimento. Muitos deles estão dispos-

tos a dedicar parte de seu tempo, de

seu dinheiro, de suas férias e até anos

inteiros, a aliviar esses problemas”.

Mas tudo isso só dura enquanto o

jovem crê na bandeira que levantou.

A partir do momento em que ele não

acredita mais, ele não insiste e parte

para uma nova empreitada. O sociólo-

go afirma que as manifestações atuais

duram menos tempo se comparadas

às de 20 ou 30 anos atrás; no entanto,

são mais diretas e efetivas.

Minha, sua, nossa causaAtualmente, não se tem mais

a noção de mudanças grandiosas,

buscam-se mudanças pontuais. Já as

décadas de 60, 70 e 80 foram marca-

das por um anseio de grandes refor-

mulações. O contexto pedia alteração

na estrutura da sociedade, na política

ditatorial que sufocava a liberdade

dos seres humanos, na economia

que não favorecia boas condições de

vida. Quando essas conquistas foram

alcançadas, a noção de luta que havia

se construído se dispersou e um novo

molde surgiu, no formato que tem

sido apresentado hoje pelos jovens.

O estudante Heitor Fantinatti, do

3º ano do Ensino Médio do Colégio

Marista de Ribeirão Preto (sP), é um

exemplo dessa juventude. “Quando

nós falamos em mudar o mundo,

parece que é uma coisa gigantesca

e muito difícil de fazer. Isso se torna

realmente difícil se você falar em um

contexto global. Mas e se pararmos

para pensar e começarmos a mudar

o lugar onde vivemos? Primeiro, a

escola; depois, o bairro; até chegar a

uma cidade inteira”, diz.

A partir da década de 90, com o

conceito de globalização mais institu-

ído na vida das pessoas, veio também

o firmamento do multiculturalismo.

Assim, as lutas e causas também se

tornaram desterritorializa-

das, o que contribui

para o alcance de

conquistas glo-

bais. A internet

se tornou, e ain-

da é, uma forte

aliada para isso.

Das ruas para as redes socias“Revolução de verdade se faz na

rua.” Ou seria "se fez"? Os caras-pin-

tadas, os hippies ganharam a cidade

com seus gritos de revolução e pas-

seatas. Hoje, a manifestação é menos

alarmante – embora tão ou mais efe-

tiva que – e o ponto de encontro é no

mundo virtual.

O estudante Gabriel Cauduro,

do 1º ano do Ensino Médio do Colé-

gio Marista Rosário (Rs), conta que o

canal de comunicação do grupo de

voluntariado do qual participa são as

redes sociais. “Pela rede social, orga-

nizamos os grupos que vão visitar as

instituições que ajudaremos. O gru-

po da internet também é usado para

comentar outras atividades envolvi-

das com o voluntariado”.

Page 12: Em Família | Maristão

30 CapaPara que outras gerações possam

entender essa transição de espaços,

o questionamento deve ser: as pla-

taformas já conhecidas (cartazes,

manifestos nas ruas) ainda são con-

dizentes com a forma de expressão

do jovem Y ou Z?

Vale lembrar que essa juventude

nasceu em outro contexto, cercada

pela teia da World Wide Web. logo, é

natural que seus gritos e pensamen-

tos por mudanças sejam explicita-

dos em páginas de redes sociais, por

exemplo. Para o Ir. Evilázio Teixeira,

“é incontestável que esses avanços

tenham facilitado muitos aspectos

de nossa vida diária, tornado mais

compreensível nosso mundo e apro-

ximado os problemas de todos”.

O mundo virtual oferece um espa-

ço de encontro plural para os jovens,

onde podem encontrar pessoas com

inquietações similares, o que se tor-

na um incentivo para agirem. “A

internet proporciona a mobilização

de quem nem se conhece”, completa

o sociólogo Cézar lima.

Do meu jeitoOlhando para o passado, o jovem

Y e Z reconhece as vitórias alcança-

das pelos pais e avós, mas percebe

quantas barreiras foram impostas

pelas instituições com as quais a

velha juventude estava ligada. Por

isso, hoje o jovem luta por suas cau-

sas por conta própria. Ele não está

preocupado se terá o apoio de uma

ONG ou de um partido político; pelo

contrário, ele não crê nessas insti-

tuições. sendo assim, dá o primeiro

passo. No caminho, encontra outros

jovens com interesses similares. Jun-

tos, eles vão atrás do que querem.

O desafioDiante do contexto de jovens enga-

jados em causas mais específicas e des-

crentes do sistema político e econômi-

co, é preciso encontrar formas para que

esses jovens possam tornar suas pautas

específicas potentes influenciadoras

dos direitos fundamentais. “Ainda não

vejo o jovem envolvido em lutas que

transcendam os interesses específicos.

Esse é o desafio do momento”, diz o

sociólogo.

Processo em cursosegundo Cézar lima, o que vivemos

hoje é um reflexo dos anos anteriores e

continuará sendo assim. Por isso, é pre-

ciso perceber que discussões acerca da

juventude e de seus comportamentos

não é um ciclo que se fecha, mas que se

altera com o passar do tempo. Quando

se fala em geração 2000, as percepções

são ainda mais incompletas, uma

vez que este é um processo

em curso.Por iniciativa própria, a estudante Georgia Furquim, do 2º ano do Ensino Médio do

Colégio Marista Rosário (Rs), começou a se envolver em atividades voluntárias:

“Acho que o Colégio me incentivou, trabalhando isso na minha vida desde pequenininha. Eu gosto de ajudar e quando conto histórias para a minha família, eles até sentem vontade de contribuir.”

Page 13: Em Família | Maristão

A juventude atual me parece assim...

Lucas Jiang, estudante do 3º ano

do Ensino Médio do Colégio Marista

Rosário (Rs), pratica voluntariado

desde 2010 e conta com o apoio

dos pais nessa atividade:

“Meus pais me apoiam. Converso muito

com meu pai sobre as atividades do grupo e ele

se sente orgulhoso.”

Os pais de Vagner

Vergara, do 3º ano do

Ensino Médio do Colégio

Marista Rosário (RS), nunca

praticaram ações voluntárias, mas

isso não impediu o estudante de se engajar:

“Comecei no voluntariado por influência dos meus amigos.”

Maria Carvalho, 63 anossalgadeira“Acredito que a juventude de

hoje não está perdida, mas

falta respeito dos jovens com os

outros. Penso que os pais não

querem que os filhos passem

pelo que eles passaram e por

isso não impõem limites.”

roseli silva, 48 anosDoméstica“A educação dos jovens de

hoje é bem diferente. Acre-

dito que os pais deixam os

adolescentes e as crianças

soltas demais, e isso torna

alguns jovens rebeldes.”

euclides s. Pereira, 48 anosCabeleireiro“Em relação ao comportamento

de antigamente, a juventude de

hoje tem mais liberdade. Nos

meus 40 anos de cabeleireiro, por

exemplo, o pai escolhia o corte

do filho até os 15 anos de idade;

hoje, a criança mais nova corta

o cabelo do estilo que quer."

eloir rosa, 42 anosCinegrafista

“Está cada vez mais difícil

educar um filho. Hoje em dia

está tudo muito livre. Acredito

que um pouco de censura

não faria mal. A culpa é da

sociedade, a televisão mostra

muita coisa que não deveria."

Isaura M. oliveira, 65 anosAposentada“Os jovens têm em

mãos uma coisa muito

grande, que se chama

liberdade. Muitos deles

sabem aproveitar isso.”

Eles viram a minissaia sur-

gir, os hippies pregarem

“paz e amor”, o muro de Ber-

lim cair. Alguns participa-

ram ativamente dessas e de

outras emblemáticas situ-

ações no mundo. Outros,

simplesmente, foram espec-

tadores. As gerações nas-

cidas no fim da década de

1950 e durante a de 1960

enxergam que os jovens

da atualidade desfrutam de

muita liberdade, são mais

donos de si que seus pais e

avós, mas isso muitas vezes

se torna ausência de limites

e falta de respeito.

O sociólogo explica que

a noção de respeito que se

tinha nas décadas passadas

estava muito ligada à obedi-

ência. “As gerações anterio-

res eram mais obedientes,

por uma questão de tradi-

ção”. Atualmente, os jovens

são mais questionadores,

não seguem aquilo que não

acreditam e expõem aberta-

mente o que pensam.

Page 14: Em Família | Maristão

32 Capa

Anos 60 l Liberdade sexual

l Filhos da geração Baby Boom (grande

crescimento populacional ocorrido após as

guerras mundiais)

l Pós-guerra

l Auge do consumismo, que, por sua vez,

é combatido fortemente pelos jovens

l liberdade na moda, na música e no com-

portamento

l Ascensão dos movimentos culturais,

como Op art, Pop art e Nouvelle Vague

l Movimentos estudantis

l Ditadura

Anos 80 l Conformismo

l Geração Y (nascidos em um momento

de grandes avanços tecnológicos. Atual-

mente, são reconhecidos como aqueles

que estão sempre em busca de inovação,

além de serem engajados em causas so-

ciais)

l Época de recente derrubada da ditadura

l Juventude mais conformista e mais po-

litizada

l Grandes conquistas políticas que in-

fluenciarão a próxima década

l sem protagonismo dos jovens

Anos 70 l Liberdade de Expressão

l Perda da inocência e das crenças nos íco-

nes dos anos 60

l Aprofundamento das discussões da dé-

cada anterior

l Combate à censura e ao racismo

l Direito das minorias

l Jovem menos ingênuo e mais cínico, mais

contestador

l Aumento da repressão

l Dúvida dessa geração: “Ficar à margem

do sistema ou entregar-se?”

Page 15: Em Família | Maristão

O jovem na linha do tempoO tempo passou e, com ele, os jovens se trans-

formaram. Os propósitos de vida são outros, assim

como seus ídolos, seus sonhos e sua forma de

expressão. Há quem diga que são acomodados,

menos ativos que outras gerações, que lutam por

causas pequenas demais. Na verdade, são apenas

diferentes. A equipe da revista em Família, junto

com o sociólogo Cézar lima, organizaram a linha do

tempo abaixo para que você entenda a geração atual,

conhecendo mais dos antecedentes desses jovens.

Anos 90 l Defensores

l Alto engajamento político

l Proliferação de ONGs

l Há uma necessidade comum em suprir

as necessidades emergenciais da socieda-

de civil

l Jovens unidos para a defesa de uma plu-

ralidade de direitos

Anos 2000 l Individualismo

l Geração Z (nascidos no universo digital,

são indivíduos muito familiarizados com a

tecnologia, com a internet e seus recursos)

l Globalização

l Capitalismo afeta o protagonismo do

jovem

l Jovem mais individualista

Anos 2010 l Conectados

l Críticos em relação às instituições e aos

governos

l Noção de Estado, família

l Intolerante à corrupção

l Cobra com rigor, exige bons exemplos e

questiona a hierarquia convencional

l Aquilo que se pensa deve

ser aquilo que se faz

l Acredita que é preciso fazer para merecer

l Luta por causas específicas, crendo que

transformar o pouco traz reflexos para o

muito

Page 16: Em Família | Maristão

34 Dia a dia

Filhos engajados epais preocupadosAfinal, a insegurança dos pais deve ser recompensada com a experiência dos filhos?

A criança lidera a turma em causas

sociais, promove a igualdade e

luta por justiça. Prepare-se: seu filho

é um ativista nato e o seu coração

ficará dividido entre orgulho e medo.

Eles querem conhecer cada canto do

mundo e se sujeitar às mais novas

experiências. Mas, a bandeira erguida

de que o filho deve ser criado para o

mundo logo dá espaço à proteção e

ao medo de expô-lo a uma realidade

tão dura. E aí, os pais estão preparados

para desengatar o laço de proteção?

Na tentativa de proteger os filhos,

os pais podem perder o controle da

situação. O ideal é conversar sobre

os riscos e o benefício da atividade

que será praticada. Foi assim que,

em 2006, Gabriela Howes, ex-aluna

Marista e atualmente colaboradora

no Colégio Marista Rosário (Rs), no

setor de Pastoral, conseguiu a per-

missão do pai, Mário César Howes,

para ir à África com apenas 19 anos.

“Foi um impacto muito grande esta

decisão dela. Confesso que foi difícil

para nós. Diziam que eu estava louco

em apoiá-la”, lembra Mário.

Gabriela partiu para Moçambi-

que em missão pela ONG Associação

Page 17: Em Família | Maristão

do Voluntariado e da solidariedade

(Avesol). Ela ficou em terras africanas

durante nove meses e passou por situ-

ações com as quais jamais teria conta-

to caso não aceitasse a empreitada.

Howes sabia que a filha enfrentaria

problemas, afinal, ela se depararia com

uma realidade muito diferente da de

seu país. “Perguntei se ela sabia das

dificuldades que ia enfrentar. Vi que

estava determinada e apoiei a deci-

são”. Para a desarmonia da família, a

mãe foi totalmente avessa à viagem e

até o último instante, antes de embar-

car, pediu que a filha não fosse. “Não

queria que minha filha ficasse longe

de casa. Achava ela muito nova para

ficar num país totalmente diferente”,

apontou Ivelise Howes.

Test-drive

A vontade de ir à África teve capí-

tulos importantes a serem vencidos.

Dois anos antes, Gabriela teve a opor-

tunidade de fazer um intercâmbio – o

Rondon Internacional. lá, ela passou

três meses vivendo o desprendimento

familiar. “Quando eu voltei do Canadá,

falei aos meus pais que eu estava pre-

parada para ir a Moçambique”, conta

ExperiênciaEnfim, Gabriela pisou na África,

enquanto a mãe ainda sofria por aqui.

“Eu não acreditei, até o último ins-

tante”. lá, a ideia inicial da missão de

Gabriela tomou outras proporções, e

o que antes era um trabalho volun-

tário, acabou sendo uma experiência

pessoal e intrasferível. “Eu ia ser pro-

fessora de inglês da 6ª e 7ª série, tanto

de ensino regular como na educação

de jovens e adultos. Quando cheguei

lá, percebi que a demanda era muito

maior, eu ia ser mais que uma profes-

sora, ia ser uma pessoa de outra cultu-

ra que ia aprender muito sobre eles. A

sensação que eu tenho, hoje, é que eu

não fiz nada, quem fizeram foram eles

na minha vida”, disse.

Já para Ivelise, a sensação era outra,

e a cada dia aguardava a volta da filha.

“Durante todos os meses envelheci

50 anos. Passava noites sem dormir,

conseguia falar com ela somente por

telefone e de madrugada. Às vezes

passava 15 dias sem notícias dela”.

Gabriela conta que a comunicação

era precária e o local onde tinha acesso

à internet ficava a pelo menos 30 qui-

lômetros de onde eles estavam. “Não

sei nem com qual periodicidade falava

com meus pais”, recorda.

Realidade“Eu sentia que a morte estava sem-

pre presente comigo”, revelou Gabrie-

la, que escutava a todo o momento

sobre a naturalidade com que os afri-

canos lidavam com esse tema. “Quan-

do alguém não chegava para a aula,

eles respondiam ‘morreu, professora’,

assim, sem pudor. Diziam que mor-

riam por causa de doença. Então,

eu dava aula de inglês, mas sempre

que podia falava sobre higiene, pre-

venção, doença, até mesmo da aids.

Coisas que a demanda da realidade

faziam com que eu falasse”, revela.

Valeu?O retorno foi alegre e vigoroso. A

mãe, que tanto rejeitou a ideia, ren-

deu-se. “Ela voltou diferente, mais

madura”. Mas ressalta a importância

de se saber com quem o filho está

indo. “Antes de qualquer decisão,

verifiquem realmente o lugar para

onde irão, com quem vão morar e

que tipo de situação vão enfrentar”,

aconselha. O pai reforçou a tese do

apoio e disse: “precisamos saber

criá-los e orientá-los para vida, pois

não somos donos dos nossos filhos.

somos simplesmente pais, amigos e

companheiros”.

Hoje, Gabriela é formada em Psi-

cologia e diz que só consegue se defi-

nir e se autoconhecer depois do que

viveu em Moçambique. "Tive experi-

ência de vida goela abaixo. Conheci o

ser humano na essência, sem bens,

sem ter, sem nada. só ele”, finaliza.

Apesar de tudo isso, Gabriela e a

mãe tiveram algo bastante significa-

tivo em comum. Enquanto a viagem

durou nove meses, a sensação para

as duas foi de que esse tempo durou

anos a fio.

Page 18: Em Família | Maristão

A grande aventuraPara tornar um sonho realidade, às vezes, pode ser preciso se desapegar

daquilo que traz segurança. e é aí que se ganha muito mais.Por roy rudnick

É agora ou nunca. Agora! Este é o

subtítulo do primeiro capítulo do

livro Mundo por Terra – uma fascinante

volta ao mundo de carro, que trata de uma

viagem, feita em um veículo automotor,

por 60 países, 5 continentes, 1.033 dias

e mais de 160 mil quilômetros.

Viajar por tanto tempo sempre foi

um paradigma para mim e para Michelle

Weiss, minha namorada e companheira

de viagem. Aliás, tudo que extrapolasse

o período de férias – 30 dias – era algo

impossível, mas bastou um “nós vamos”

e tudo mudou. Tudo passou a convergir

em favor do que havíamos decidido: ir à

busca de nosso sonho.

Por mais que essa decisão aparente-

mente tenha sido difícil, durou menos

que um segundo. Foi como num passe

de mágica. Antes dela, seguíamos uma

vida regida por rotinas e regras e, depois,

os dias passaram a ser diferentes um do

outro, com acontecimentos marcantes

que jamais experimentaríamos em casa.

Um segundo que acarretou uma grande

mudança de vida, mas que teve suces-

so por termos nos deixado levar por um

fator que é muito discutido nos dias atu-

ais: o desapego.

Saímos de uma casa confortável e

embarcamos em um veículo com um

pequeno motorhome de 4 m² para

morar nele por três anos. Ali carregáva-

mos somente o essencial – uma cozinha,

uma boa cama, espaço para se ficar em

pé e armários para os mantimentos –,

tudo feito para oferecer o mínimo de

segurança e conforto. As estradas do

mundo e os quintais de nossos acampa-

mentos passaram a ser nosso patrimô-

nio, pelo qual jamais tivemos que reco-

lher o IPTU. Éramos livres para seguir

sempre que tivéssemos vontade, livres

das atribuições que nossos próprios

bens materiais nos incumbem.

Agora, claro que adversidades tam-

bém faziam parte do nosso dia a dia e o

acúmulo delas é que era duro de suportar.

Estar em lugares desconhecidos, comuni-

cação difícil, adaptação a novas culturas,

comidas exóticas, problemas mecânicos,

lugares inóspitos, aduanas, dificuldades

para achar lugar para dormir, dias sem

banho, falta de privacidade em países

populosos, estradas ruins e saudade eram

apenas algumas delas.

Mas a recompensa era sempre supe-

rior e, percebendo isso, o ato de “desistir”

nunca foi parte de nossos planos. Além

disso, o que nos manteve foi ter metas

claras e definidas. Nós partimos, vivemos

o mundo, cumprimos o planejado e volta-

mos para casa, certamente enriquecidos

de alma. Aprendemos que a vida é muito

mais do que ter uma boa conta bancária.

Aprendemos a viver com menos e nos

tornamos muito mais simples.

O livro mundo por

terra – uma fasci-

nante volta ao mun-

do de carro é um

relato da viagem do

casal roy e michelle.

essa narrativa des-

creve com detalhes

todos os assuntos relacionados à via-

gem. As histórias seguem o itinerário

realizado e são traduzidas de forma

simples e informal – uma conversa

entre o leitor e os viajantes.

Site: www.mundoporterra.com.br

e-mail: [email protected].

Michelle Weiss e Roy Rudnick partiram para uma viagem de três anos rumo à realização de um sonho.

Olhar36

Page 19: Em Família | Maristão

Crianças e jovens são os grandes agentes transforma-

dores do mundo. Por meio de gestos e atitudes diárias,

eles comprovam, a cada dia, que estão aptos a mudar a

realidade com vistas a futuro melhor. O protagonismo da

juventude se torna diariamente mais forte e consolidado.

E para que isso seja exercido de maneira solidária e com

valores fundamentais, a escola desempenha papel primor-

dial nesta formação de jovens engajados.

Nesta parte da em Família leia histórias, projetos e ideais

de alunos em trecho exclusivo do Colégio Maristão, de

Brasília, que tiveram participação fundamental na trans-

formação do amanhã.

Page 20: Em Família | Maristão

38

Vivemos tempos de competitivi-

dade acirrada em quase tudo:

nas relações, nos estudos, nos negó-

cios. Essa competitividade tem como

base a produção de conhecimento e

a geração de riquezas. Nesse senti-

do, constata-se um cenário mundial

perigosamente dividido entre países

produtores de conhecimento e rique-

zas, países meramente consumido-

res e outros tantos excluídos dessas

possibilidades.

Parte considerável desse jogo é

jogada no mundo dos negócios e

da política. Outra parte é jogada no

ambiente escolar. As duas partes se

entrelaçam e concorrem para dese-

nhos distintos de futuro. Na melhor

alternativa, enseja uma sociedade

produtiva e inovadora, capaz de des-

frutar dos bens produzidos. Na pior,

subtrai futuro de milhões de crianças

e jovens. Basta olhar para o que está

acontecendo em certas regiões do

planeta. Essa conta não tem como

ser paga. Em última análise, significa

menos vida para todos.

Por tudo isso, essencial mesmo

para uma escola é encontrar um cami-

nho para ajudar professores e alunos

a se entusiasmarem com a vida e com

a ciência. Nesse percurso, a prática da

pesquisa é fundamental para desen-

volver o espírito científico, neces-

sário ao questionamento e à elabo-

ração própria. Mas o conhecimento

que realmente pode fazer diferença

é aquele que nasce da capacidade de

perceber e sentir a beleza profunda

da vida.

No Maristão estamos engajados

nessa tarefa, cuidando para que a

excelência de nossos professores

e alunos, hoje e amanhã, seja não

somente fruto da busca pelo suces-

so na vida pessoal e profissional,

mas também, e principalmente, seja

expressão do amor pela vida e pelas

pessoas. É o amor que pesquisa,

aprende, constrói excelência, solida-

riza-se e humaniza.

ENCONTRAR UM CAMiNHO PARA AJUDAR PROfEssOREs E ALUNOs A sE ENTUsiAsMAREM COM A ViDA E COMA CiêNCiA.

Com a palavra José Leão da Cunha filho – Diretor-Geral

Cuidando do futuroO que está em jogo numa escola é o futuro. Futuro de crianças e jovens. Futuro do país. Futuro da humanidade

Page 21: Em Família | Maristão
Page 22: Em Família | Maristão

40

Jovens produtores de

conhecimentoA escola deve ser um espaço de conhecimento além do convencionalPor Leandro Grass*

Educa�

*Professor de sociologia.

Page 23: Em Família | Maristão

Em meio às profundas transforma-

ções sociais, culturais e tecnológi-

cas de nosso tempo, surgem constan-

tes questionamentos acerca do papel

das instituições, em especial da esco-

la. Para que ela serve, e qual será seu

papel em meio aos novos desafios da

sociedade, são algumas questões que

a tornam alvo de constantes críticas

e proposições. A presença da escola

na sociedade, bem como na vida de

crianças e jovens, passa pelo seu sen-

tido como espaço que potencializa o

valor e a capacidade desses sujeitos. E

isso depende diretamente do que se

entende por aprendizagem e do jeito

de fazer escola.

Para concluir o ensino básico regu-

lar, considerando desde as primeiras

fases da educação infantil até o fim

do ensino médio, um indivíduo pas-

sa de 14 a 15 anos dentro da escola.

Nos moldes tradicionais de ensino e

aprendizagem, ele passaria boa parte

de seu tempo assistindo a aulas, cum-

prindo tarefas, avaliações, resenhan-

do e resumindo. A cultura da autoria e

da produção do conhecimento ainda

esbarra em uma pedagogia instruti-

vista, que hierarquiza o processo de

aprendizagem na divisão dos sujeitos

entre transmissores e receptores do

conhecimento.

De acordo com Paulo Freire: “ensi-

nar não é transferir conhecimento,

mas criar possibilidades para sua

construção”. Pensando nisso, desde

2009, a escola tem investido na pes-

quisa como princípio educacional

e forma de abrir inúmeras possibili-

dades para os jovens. Inicialmente

com o projeto Maristão faz Ciência e,

a partir de 2012, com a instalação do

Observatório de Ciências Humanas,

sociais e Filosofia, vários jovens têm

se tornado exímios pesquisadores e

produtores de conhecimento.

Hoje a escola conta com aproxi-

madamente 30 estudantes que estão

envolvidos em projetos de pesquisa

nas mais diferentes áreas do conhe-

cimento, em parceria com seus pro-

fessores. Pesquisar representa muito

mais do que uma simples atividade, tal

como afirma a estudante Ana Beatriz

Neri, do 2º ano:

Durante as nossas pesquisas, entra-mos em contato com diversos textos com que normalmente não entraría-mos em sala de aula. Além disso, com esse processo de experimentação, podemos observar mais a fundo diver-sos temas constantemente presentes no nosso cotidiano, compreendendo mais a sociedade em que vivemos. Além de uma experiência amadure-cedora, fornecendo-nos outras visões sobre diversas coisas, também é pre-paratória, nos acostumando com o esquema de produção e interpretação de diversas modalidades de texto.

Estudos sistemáticos, leituras coti-

dianas, discussões, saídas de campo

e, principalmente, autoria organizada

são alguns elementos da rotina desses

jovens. É um aprendizado em movi-

mento, que os tem feito crescer inte-

lectual e humanamente. Artur André

lins, do 3º ano, é outro estudante-

pesquisador do Maristão, que reco-

nhece o sentido dessa experiência:

O ato de mover-se é o de conhe-cer, portanto, o estudante inerte está fadado ao fracasso e à opressão. Nesse sentido, a pesquisa, no âmbito escolar, cumpre o papel da forma-ção crítica e inventiva do estudante-pesquisador, colocando-o diante do mundo na condição de curioso em movimento. Reconhecer a iniciação científica como educação representa o incentivo à mente autônoma, pré--requisito à condição de agente da própria existência.

Pais, estudantes e parte da socieda-

de clamam, em muitos momentos, por

uma escola que prepare para a vida e

para os desafios do futuro, como o

ingresso no ensino superior. Vemos,

nesses jovens pesquisadores, sujeitos

preparados para ingressar na univer-

sidade, mas, principalmente, capazes

de viver e encarar os desafios da vida

universitária e acadêmica. Tais projetos

representam a iniciação científica na

escola e têm transformado o jeito de

fazer educação do Maristão. Porém o

mais significativo é ver o protagonismo

dos jovens na relação com o conheci-

mento, tornando-se autores e produ-

tores de saberes, dignificando nosso

jeito de fazer escola.

A presença da escola (...) na vida de crianças e jovens passa pelo seu sentido

como espaço que potencialize o valor e a capacidade desses sujeitos.

Page 24: Em Família | Maristão

42

*Agente de Pastoral.

Ser melhor

Uma semana especialSemana Champagnat, período dedicado a homenagear o fundador do Instituto marista – marcelino ChampagnatPor Flaviane Bertoldo Soares Leite*

O Maristão, por meio de sua Pastoral,

transformou a semana Champag-

nat em uma gincana especial e bastan-

te significativa não só para os jovens

do Colégio, mas para todos que parti-

cipam da atividade.

No decorrer do evento ocorrem

provas solidárias, culturais, pedagógi-

cas e recreativas. Todas elas são pen-

sadas e pesquisadas pela organização

com muito cuidado, para que real-

mente estejam adequadas à proposta

maior de homenagear Champagnat na

linguagem jovem.

A gincana é organizada em equi-

pes: organização (Núcleo de Pastoral,

Atividades Complementares e profes-

sores); competição (alunos e professo-

res); monitores (ex-alunos); colabora-

dores (assistência de alunos, manuten-

ção e demais professores) e parceiros

(empresas locais). E durante a prepa-

ração, as equipes recebem o caderno

de provas, para melhor enfrentarem os

desafios apresentados e os que virão

futuramente. É o momento em que

colocam em prática todo seu prota-

gonismo juvenil, vivem o trabalho em

equipe e aprendem a gerenciar confli-

tos, comuns nesse tipo de atividade.

Nas atividades culturais, os parti-

cipantes são motivados à criativida-

de e à capacidade de dramatização.

Privilegia-se a valorização da cultura

brasileira na preparação de uma apre-

sentação de quadrilha junina e desen-

volve-se a pesquisa sobre a vida de

Champagnat para elaboração e ence-

nação de esquetes. Tudo com a parti-

cipação de alunos, professores e pais

na execução das tarefas. A integração

entre todos os envolvidos se perpetua

durante o semestre seguinte e os anos

vindouros.

Já as provas solidárias, em 2012,

atingiram o máximo em arrecadação

de materiais de limpeza para as institui-

ções Creche Santo Aníbal, Escola Maria

Teixeira e mantimentos para as ofici-

nas da ONG GirArte. A prática solidária

motiva a participação e momento de

entrega ao próximo dos participantes.

Este ano os números superaram

significativamente os registrados em

2011, com acréscimo de 92,95% de

participação. Houve adesão de 90%

dos alunos, 73% dos professores, atu-

ando diretamente junto às equipes

ou na organização, 70% dos colabo-

radores (organização, manutenção e

disposição dos espaços), monitoria de

ex-alunos (com a participação de 35

pessoas), 68 pais diretamente envolvi-

dos e a presença de 9 empresas patro-

cinadoras, com destaque ao Curso Exa-

tas e à Forma Turismo.

O crescimento e a união resultante

nos faz perceber o significado da sema-

na e como foi adequada a estratégia

encontrada pela Pastoral, tornando-a

acessível aos jovens de nossa unidade

educacional, aos pais e à comunidade.

A preocupação em transformar a

homenagem ao fundador do Instituto

Marista em algo memorável e signifi-

cativo motiva a comissão organizado-

ra a inovar a cada ano, com o objetivo

maior de tornar os nomes de Jesus

Cristo e Champagnat cada vez mais

conhecidos e amados.

Page 25: Em Família | Maristão

43Destaque

Quando entrei no Maristão ano

passado, no 1º ano, interessei-

-me por um grupo de solidariedade,

procurei saber como era, e resolvi dar

uma chance ao projeto. O Grupo Terra

é coordenado por um grupo de alunos

e ex-alunos, responsáveis pelas ações

sociais da Pastoral e do grupo da Pas-

toral Juvenil Marista (PJM). Com datas

agendadas desde o início do ano letivo,

planejamos ações com crianças caren-

tes de samambaia, revivendo o sonho

de Champagnat, levando às crianças

afeto, amor, carinho e atenção, além de

tornarmos Jesus conhecido e amado.

Fazemos o Terra para propiciar momen-

tos especiais e motivar as crianças à

vida. É uma experiência única.

Minha primeira participação foi em

2011, e só havia ex-alunos; mesmo

assim, eu e uma amiga que me acom-

panhou, resolvemos nos entregar de

verdade para realizar uma ótima tarde

com as crianças. Fiquei surpreendida

vendo cada uma delas com um sorriso

no rosto, só esperando a hora de come-

çar a diversão e a formação. Fizemos

inúmeras brincadeiras, e, ao fim do dia,

mais uma surpresa veio, quando várias

crianças agradeceram o dia me abraçan-

do. Foi realmente emocionante! Ver um

sorriso no fim de um dia e receber um

"obrigada" não tem preço. logo come-

cei a me envolver cada vez mais com

o grupo, minha vida foi se tornando

mais alegre e desenvolvi mais con-

fiança em mim. Apreendi a ter mais

solidariedade, saber dar valor à vida,

e, no fim do ano passado, o ex-

-coordenador do grupo me convi-

dou para substituí-lo. Fiquei muito

feliz com o convite, e ao conversar

com o Coordenador de Pastoral,

recebi grande apoio.

Hoje sou uma pessoa melhor,

mais alegre, que valoriza muito

mais a vida. O Grupo Terra realmente

provocou em mim uma grande mudan-

ça, e a cada encontro me surpreendo

com a reação das crianças.

Todos os estudantes do Maris-

tão têm a oportunidade de vivenciar

momentos como esses. Deixo aqui o

convite para que todos participem do

Grupo Terra, vale muito a pena. são

reações que não têm explicação, o sen-

timento é incrível.

Gesto simplesGrupo Terra é um convite à vivênciaPor Brenda Marques*

*Coordenadora do Grupo Terra e integrante da Comissão local da Juventude/PJM – 2º ano.

Page 26: Em Família | Maristão

44 Caleidoscópi�

A embaixada dos Estados Unidos, em parceria com o Maristão, pro-moveu, dia 31/7, uma palestra sobre Ciência da Computação com: sonica li, engenheira de softwares da Google; Jen Chen, Gerente de Produtos da Google Maps; e a Diretora de Recursos de Informação dos EUA.

O Maristão prepara um momento de acolhida aos alunos que estão chegando no segundo semestre. Houve apresentação da Direção, equipe do educacional, Pastoral e Núcleo de Atividades Comple-mentares.

Dia 10/8 realizamos o recreio festivo, em comemoração pelo Dia do Estu-dante. Os alunos receberam o tradicional bolo gelado e se divertiram ao som da banda surf sessions. Tivemos, também, a premiação dos alunos TOP FIVE, além do sorteio de cortesias para teatro.

O Maristão recebeu representantes da Capes e do CNPq, que proferi-ram uma palestra sobre o Ciência sem Fronteiras. Trata-se de progra-ma de mobilidade internacional em ciência, tecnologia e inovação. O objetivo principal é qualificar 101 mil estudantes e pesquisadores brasileiros, nas melhores universidades, até 2015.

O objetivo da Central de Vestibulares é orientar os alunos à escolha do curso na universidade, com um suporte quantitativo em relação a notas do PAs. Inclui, ainda, a participação no Enem de forma mais eficaz, mostrando, por meio de projetos já em execução, as várias possibilidades que o Enem oferece.

Dia 14 de junho o Maristão lançou a Campanha TOP FIVE. O objetivo foi reconhecer o esforço dos bons alunos, incentivar a participação nos si-mulados optativos e dar mais visibilidade às ações da Central de Vestibu-lares. Os cinco primeiros classificados nos simulados recebem uma cami-seta e também ingressos para teatro ou vouchers para a compra de livros.

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Page 28: Em Família | Maristão

Diz aí46 Diz aí

Qual é a sua causa?

Artur lins – 3º ano

O espírito do jovem é o do tempo

do qual faz parte e, também, revita-

liza. A revolução é fruto do bom uso

do tempo, do saber que liberta e do

cuidado holístico. Uma das lutas, em

nome da subversão, se dá por meio

de uma educação libertária para todos

e, sobretudo, um educar para o todo.

Felipe Pavoni – 2º ano

lutaria pela melhora do transpor-

te público em Brasília! Nosso sistema

de transporte é deficitário e urge

por investimentos e melhoras. Isso

deixaria a população mais satisfeita

e incentivaria mais pessoas a aderir

ao sistema coletivo e, assim, ajudar o

meio ambiente.

Gabriele Oliveira – 1º ano

lutaria contra o individualismo. A

sociedade precisa de humildade, de

generosidade e de compaixão. Acre-

dito não ser difícil olhar pelo próximo.

Dar atenção a quem nós nunca nos

preocupamos em dirigir um sorriso

ou uma palavra amiga, pois às vezes

isso faz uma diferença muito maior

que todo o dinheiro do mundo.

Hegly Cavalcante – 3º ano

Lutaria pela ética política. Com um

Congresso ético, problemas como

saúde, educação e saneamento bási-

co também se resolveriam, uma vez

que os políticos cumpririam seu papel

perante a sociedade e investiriam cor-

retamente os recursos.

Izzadora Duarte – 2º ano

lutaria pela própria educação, não

só brasileira, mas mundial. Como seres

racionais, buscamos conhecimento por

nós mesmos, e o sistema educacional

deve nos ajudar a sermos responsáveis

pela nossa mente, e não tentar definir o

que somos e como somos apenas atra-

vés de avaliações que não demonstram

nossa real essência humana.

Rafael Acioli – 1º ano

Acredito que o que mais me

mobiliza a lutar é a desigualdade

social e o preconceito. Não acho

correto a sociedade capitalista dei-

xar de lado o compromisso com

irmãos que não têm o que comer,

onde morar.

Page 29: Em Família | Maristão
Page 30: Em Família | Maristão

48

Jovens, hoje e Sempre!Por prof. César Augusto Berçott*

Educa�

Em um programa da televisão espa-

nhola, no dia 21 de agosto de 2011,

sobre a visita do papa à Espanha, o ânco-

ra perguntou ao comandante do corpo

de bombeiros sobre os atendimentos

no encerramento da XXVI Jornada Mun-

dial da Juventude, e, diante da resposta

de que não houve ocorrência de coma

alcoólico ou atendimento decorrente

de uso de drogas, o jornalista bradou:

“Que juventude é essa?”. Reação ine-

quívoca de quem duvidava dos dados

oficiais sob uma crença pessimista de

que não seria possível encontrar jovens

à busca de um sentido pleno e autênti-

co para sua existência.

A Jornada Mundial da Juventude

(JMJ), marcada por vários momentos, foi

* César Augusto Berçott é professor de Geografia.

Page 31: Em Família | Maristão

uma semana recheada de catequeses,

orações e festas, que só pode ser com-

preendida à luz da biografia do sempre

jovem João Paulo II. O evento que reúne

jovens católicos de todo o mundo possui

dois dias marcantes: a Vigília que come-

ça na noite de sábado e uma grande

celebração eucarística no domingo pela

manhã encerrando o encontro.

simples e tocante! Assim pôde ser

definido o encontro que, em sua edi-

ção de 2011, reuniu dois milhões de

jovens em Madri, e as ruas da capital da

Espanha ficaram vibrantes e coloridas,

sinceras e espontâneas, carregadas de

alegria e emoção, porque assim são os

jovens de hoje e de sempre. Confesso

que acompanhar 450 jovens de Brasília

com minha esposa e meus dois filhos

mais velhos foi um privilégio.

As origens das JMJs estão na déca-

da de 1950, quando o então padre

Karol Wojtyla, acompanhado por seu

pequeno coral de música gregoriana,

saía para acampar, esquiar ou cami-

nhar pelas montanhas. A missa era

celebrada improvisando um caiaque

emborcado como altar e dois remos

cruzados simbolizando uma cruz.

Esse homem, que sofreu os horro-

res da segunda Guerra Mundial e, em

1978, tornou-se papa, soube como

ninguém captar a essência da juven-

tude, captar esse maravilhoso período

concedido por Deus, cheio de inter-

rogações e de buscas por um sen-

tido da vida, período de sonhos, de

construção de projetos e de imensas

realizações.

As Jornadas não podiam ser pen-

sadas de forma diferente. Uma longa

caminhada para chegar até o local

do encontro (no caso de Madri, uma

base aérea militar separada por mais

de duas horas em passo apertado),

saco de dormir estendido no chão,

muitos violões, algumas músicas reli-

giosas e outras profanas, bate-papo

com os novos amigos de vários paí-

ses, um banho de chuva garantido

por uma tempestade inimaginável e

um pequeno cochilo à espera do Papa,

a celebração da missa pela manhã e

a caminhada de volta ao alojamen-

to designado para cada grupo. Uma

combinação de cansaço e alegria

envolvem os jovens após o encontro.

No que João Paulo II acreditava,

incentivando e acompanhando as

JMJs era na força da juventude para

transformar e renovar o mundo,

construir uma sociedade livre, justa

e próspera, baseada e animada pelo

amor. Como ele mesmo afirmou no

ano de 1980, em homilia pronuncia-

da aos jovens de Belo Horizonte, por

ocasião de sua vinda ao Brasil: “só o

amor verdadeiro constrói”. Aprendeu

a estar apoiado na juventude.

Os jovens de hoje e sempre trazem

essa imensa capacidade de amar, de

se dar ao outro sem reservas, de que-

rer e buscar o bem. Ele é a composição

adequada e necessária para temperar

um mundo muitas vezes sem sabor

e sem esperança. Por isso Bento XVI

também quis contar com essa energia

que rompe barreiras, que não vê pre-

conceitos e abre espaço para o anún-

cio da boa-nova que é Cristo.

Por essa razão, a imagem escolhi-

da pelo Brasil para receber a próxima

Jornada Mundial da Juventude foi de

grande felicidade: um país de braços

abertos ao mundo, esperando encon-

trar essa multidão de jovens que tra-

zem em si o desejo sincero de paz

e felicidade. O Rio de Janeiro ficará

pequeno em 2013, mas é certo tam-

bém que uma pequena manjedoura

recebeu Aquele que se fez pequeno

pelo ser humano. Que venham os

jovens, como disse João Paulo II ao

jornalista Vittorio Messorio, no livro

Cruzando o limiar da esperança, “com

tudo o que eles querem me dizer a

respeito de si próprios, de sua socie-

dade, de sua Igreja”. Jovens, sejam

bem-vindos! Hoje e sempre!

UM PAís DE bRAçOs AbERTOs AO MUNDO, EsPERANDO ENCONTRAR EssA MULTiDãO DE JOVENs QUE TRAzEM EM si O DEsEJO siNCERO DE PAz E fELiCiDADE.

Page 32: Em Família | Maristão

50 Educa�

Na atual fase de globalização, a sus-

tentabilidade ambiental ganha

cada vez mais visibilidade. O Brasil, nos

últimos anos, com sua vasta e rica bio-

diversidade, tem sido um dos principais

focos da atenção mundial. E um dos

pontos-chave de grande discussão é a

utilização sustentável da água e seu tra-

tamento para o benefício da sociedade.

Com a intencionalidade de abordar

o tema de maneira acadêmica, o Colé-

gio proporcionou, dentro do projeto

Maristão faz Ciência, uma parceria de

intercâmbio além-fronteiras para de

estudantes do Ensino Médio desenvol-

verem, de forma acadêmica, estudos

técnicos sobre a temática da água e seu

uso sustentável. O objetivo não foi ape-

nas o aprendizado do conteúdo, mas

a possibilidade de produção científica

integrada ao seu currículo ainda no

Ensino Médio, visando ao maior prepa-

ro ao ensino superior.

No primeiro semestre de 2012, o

programa de internacionalização do

ensino enviou alunos do grupo de

pesquisa e um dos orientadores para

a Nova Zelândia, país com ótimos indi-

cadores sociais e ambientais. Foram

escolhidas duas capitais de países

distintos para análise do uso susten-

tável dos recursos hídricos: Brasília e

Wellington (capital da Nova Zelândia).

Os estudantes de Brasília, orien-

tados pela coordenação do projeto

Maristão faz Ciência, realizaram em

Wellington estudos sobre a política de

recursos hídricos, as técnicas usadas,

possibilitando-lhes ferramentas que

os tornem pesquisadores. O progra-

ma de internacionalização educacio-

nal associado ao programa de produ-

ção científica criou um ambiente mais

rico de intercâmbio, ampliando o leque

de opções culturais para os nossos

estudantes.

Para complementar os objetivos do

projeto, os estudantes desenvolveram

pesquisas adicionais na cidade de Bra-

sília, visando à comparação com os

dados obtidos na Nova Zelândia. Obte-

ve-se, assim, uma visão geral do uso

dos recursos hídricos, possibilitando

aos alunos a consciência crítica de um

problema planetário numa perspectiva

de fundamentação teórico-científica.

Os estudos realizados nas capitais

servirão de base para a produção de

um artigo científico com vistas à inves-

tigação do estágio atual do uso dos

recursos hídricos. Baseado na com-

paração de duas capitais distintas, o

estudo tem o propósito de apresentar

medidas para o uso mais eficaz desse

recurso. A execução da pesquisa e a

produção do artigo são de responsa-

bilidade dos alunos, com orientação

metodológica dos professores de Geo-

grafia e Biologia.

MARisTãO E NEWLANDs COLLEGE: PROJETO RECURsOs HíDRiCOsestudo além das fronteiras e salas de aula dá ao aluno maior preparo para a vida acadêmicaPor prof. Nilson Caetano e prof. Lúcio Bravin*

* Nilson (Geografia) e Lúcio (Biologia) são orientadores do projeto Recursos Hídricos.

Page 33: Em Família | Maristão
Page 34: Em Família | Maristão

52 Gente noss�

Comecei a estudar no Maristinha em

1986, na 7ª Série, e concluí o 3º ano

do Ensino Médio em 1990. Foram cinco

anos muito intensos, em que participei

de várias atividades oferecidas pelo

Colégio, dentre elas a Banda Marcial e o

atletismo, com nosso treinador e ami-

go, professor Hermínio. Nos anos em

que participei da Banda, aprendemos

muito sobre música, naturalmente,

mas também sobre a importância do

papel de cada um, orientado para a

realização de projetos maiores, ou seja,

um perfeito trabalho em equipe.

Naquele período sob a direção do

incansável Ir. lino, a batuta do Maestro

França, o carinho das “tias” da Banda

e com o apoio de nossas famílias, a

Banda Marcial sagrou-se vencedo-

ra em diversos concursos pelo país,

tornando-se uma referência. Firmei

amizades que trago até hoje, e sem-

pre que nos encontramos lembramos

esse maravilhoso período de nossa

vida. Dentre estes amigos, alguns até

hoje são envolvidos seriamente com

música, tornando-se profissionais em

orquestras renomadas ou curtindo um

especial hobby.

lembro-me de que para viabilizar

as viagens, ajudar nossos pais ou mes-

mo garantir aquele dinheirinho para

custear nossas despesas com autono-

mia, vendíamos rifas, promovíamos

eventos, tudo em um grande clima de

camaradagem. Merecem destaque as

viagens da Banda, quando dávamos

nossos primeiros passos fora do ninho.

Muita diversão, mas também disciplina

e compromisso para nossas apresenta-

ções pelo país, afinal representávamos

ali nosso colégio e nossa cidade.

Também naquele período pude

desenvolver habilidades em lideran-

ça que me são muito úteis até hoje.

Fui representante de turma desde a

7ª série e presidi o Grêmio Estudantil

entre o 2º e o 3º ano. saber ouvir e res-

peitar opiniões contrárias, construir o

consenso, resolver conflitos e liderar

baseado em princípios foram algumas

lições que aprendi na prática nos anos

do Marista.

A qualidade do ensino, o envolvi-

mento e a dedicação dos professores

e funcionários, envolvidos no ideal de

oferecer àqueles meninos uma edu-

cação integral, marcou a minha vida

e a de meus amigos. somos o que

somos hoje em razão da conjugação

de lições e esforços de nossos pais e

mestres. Hoje meus sobrinhos, Viní-

cius e Otávio, estudam no Maristinha

e torço para que eles usufruam destes

maravilhosos anos como eu. Este ano

que a Banda Marcial Marista comemo-

ra seus 40 anos, impossível não me

emocionar ao participar de mais uma

apresentação e mostrar para minhas

três filhas o papai tocando. lembrarei

sempre das palavras de Champagnat:

"Colherás na velhice o que semeares

na juventude". Aos 40 anos, em plena

maturidade, reforço dia a dia minha

crença nessas lições.

*Ex-aluno Marista (1986 a 1990), bacharel em Direto e analista judiciário – Diretor de Secretaria do TJDFT.

Uma história de sucesso com o Marista e com a banda Marcial

Por Paulo Gonçalves Costa*

Page 35: Em Família | Maristão

Acesse: www.grupolumen.com.br

Page 36: Em Família | Maristão

54

Nos últimos anos temos visto uma

variedade de estudos e pesquisas

sobre o fenômeno juvenil. Muitas des-

sas pesquisas objetivam apenas avaliar

padrões de comportamento e consumo.

Outras são extraordinariamente inusita-

das e esclarecedoras, como os estudos

geracionais comparativos, os estudos

sobre protagonismo juvenil, as experi-

ências de voluntariado juvenil, os mapas

da violência, as escutas abertas sobre as

expectativas e sonhos dos adolescentes

e jovens da geração atual. O Grupo Maris-

ta − cujo carisma é o trabalho e a presença

evangelizadora entre crianças e jovens −

não poderia perder esse bonde da histó-

ria. sendo assim, em 2010 decidimos efe-

tuar uma ampla pesquisa denominada

Aspectos Culturais e Crenças da Juventude

Marista, abrangendo jovens com mais

de 13 anos, representativos de todos os

colégios e centros sociais Maristas do Bra-

sil. No total, foram 11.509 respondentes

que opinaram sobre afetividade, rela-

cionamentos, família, educação, visão

de sociedade, consumo, mídias, reli-

gião, valores pessoais e outros assuntos

importantes. O resultado foi compilado

no vídeo Dossiê da Juventude Marista, já

disponibilizado no YouTube (em cinco

blocos, iniciados a partir de (www.you-

tube.com/watch?v=v9fphYI5H9M). O

material vem servindo como um recur-

so importante para revermos concep-

ções enraizadas e nos reposicionarmos

em alguns processos pedagógicos,

sociais e de evangelização – sem dizer

dos inúmeros insights e provocações

oriundas dessa experiência. Pois bem,

fechado esse parêntesis, merece um

destaque elogioso a pesquisa realizada

pela agência BOX 1824: O Sonho Brasilei-

ro Manifesto (osonhobrasileiro.com.br).

Quem ainda não viu nem participou,

está perdendo a chance de conhecer

um novo Brasil e uma nova geração de

jovens protagonistas.

Num mundo em constantes mudan-

ças, nossos jovens passam a questionar

e ressignificar muitos modelos até então

estabelecidos. Os jovens atuais avaliam

que os sonhos de seus pais foram gran-

des e ideológicos demais, que por isso

acabaram nunca acontecendo e gera-

ram frustração. sendo assim, preferem

sonhar com os pés no chão, operando

microrrevoluções a partir daquilo que é

possível ser realizado. Noventa e dois por

cento dos jovens brasileiros concordam

que a soma das pequenas ações do dia a

dia pode melhorar a sociedade.

Quem está agindo pelo sonho cole-

tivo? são jovens anônimos, porém

influentes, que a pesquisa da Box con-

vencionou chamar de “jovens-ponte”.

É possível reconhecê-los atuando em

vários espaços com características bem

interessantes: é o jovem com bom rela-

cionamento interpessoal, que, ao invés

de fechar-se num grupo de identidade

homogênea, prefere transitar por muitos

grupos. O jovem-ponte funciona como

um catalisador de ideias, gerando um

novo tipo de influência, que se dá pela

transversalidade e pelo contágio das

pessoas por causas altruístas. A partici-

pação cidadã ganha novos significados

a partir do jovem-ponte, pois na medida

em que esse conecta e promove a troca

com otimismo pragmático, esses jovens

promovem a construção do novo Brasil

e, por que não, de um novo mundo. Esse

jovem-ponte é simultaneamente local e

global, conectado a novas maneiras de

pensar, agir e se localizar no mundo.

Mais do que um meio de entreteni-

mento, os jovens usam a internet para

mobilizar as pessoas e fazer política. As

manifestações no mundo árabe iniciadas

na Tunísia em 2010, também conheci-

das como “Primavera Árabe”, são prova

irrefutável disso. Os protestos que se

espalharam pelo Oriente Médio têm

compartilhado técnicas de resistência

civil, envolvendo greves, manifestações,

passeatas e comícios, mas, sobretudo, a

articulação com o uso das mídias sociais,

como Facebook, Twitter e YouTube. A

internet tem sido utilizada para organi-

zar, comunicar e sensibilizar as pessoas.

A maioria dos manifestantes é jovem

– o que fez com que os protestos no

Egito recebessem também o nome de

“Revolução da Juventude”. Com telefo-

nes celulares e computadores, os jovens

protagonistas da Primavera Árabe muda-

ram a maneira como a história falará das

mobilizações populares e da mobilização

juvenil. É fato que as macrorrevoluções

nascem da soma dessas microrrevolu-

ções cotidianas.

Num mundo tão plural como o nos-

so, somos desafiados a derrubar “muros

de preconceito” para construir “pontes de

diálogo”. E se, em nosso trabalho, em nos-

sa Igreja, no dia a dia, agíssemos como os

jovens-ponte? Essas são algumas, dentre

tantas outras coisas boas, que podemos

aprender com as juventudes que nos

cercam em toda a sua diversidade.

Toda geração de jovens encontra seu modo de

mudar o mundoPor Ir. Adriano Brollo

Essência

Page 37: Em Família | Maristão

Ao vivermos uma mudança de época, com influ-

ências das mídias e da interatividade, resultados

do avanço científico e tecnológico, encontramo-nos

num mundo caracterizado pela multiculturalidade e

por diferentes formas de compartilhar este mundo.

Nesse universo de possibilidades, as Juventudes,

organizadas por grupos, redes ou tribos, encontram-

-se marcadas pelo dinamismo, pelo acesso variado às

informações, pela comunicação e pela exposição de

si com inúmeras possibilidades de (re)inventar-se.

Consequentemente, as mudanças nas relações

interpessoais compuseram uma realidade que vai

além das tradicionais fronteiras de espaço/tempo.

As manifestações públicas, paralisações, greves

dão espaço e lugar a manifestações livres nas redes

sociais, com posicionamentos que, em pouco tem-

po, atraem adeptos, consolidam pontos de vista e

interesses comuns.

Para tanto, os diálogos, as imagens, os recados,

os depoimentos, as interações entre os sujeitos,

as comunidades e as metrópoles são aspectos que

manifestam múltiplos posicionamentos, seguidos,

na maioria das vezes, pela adesão por reconheci-

mento, identificação com as mais diferentes causas

nas quais as Juventudes se sintam engajadas. Na

interação com os outros, constroem-se saberes que

dão sentido às múltiplas expressões do sentimento

coletivo.

Tendemos para um mundo em rede. Por mais

que pertençamos a grupos diferentes na sociedade,

compartilhamos algo em comum com ela, sendo

essa a forma, o modo, a maneira como interagimos

com o outro.

Juventudes: “Curtir e Compartilhar”Por Ir. Manuir José Mentges

Jovens reinventados, engajados com causas que nem

faziam sentido algumas décadas atrás. A juventude atu-

al ressignifica a própria realidade e os sonhos de gerações

passadas. Para se aprender com as gerações Y e Z, é preci-

so parar e refletir sobre o que eles pensam e como têm se

expressado. Os Irmãos Manuir Mentges, diretor do Instituto

Marista Graças, e Adriano Brollo, diretor do setor de Pasto-

ral do Grupo Marista, compartilharam aqui suas reflexões

sobre a temática.

Uma nova geração

ir. Manuir Mentges

ir. Adriano brollo

Page 38: Em Família | Maristão

56 Como fazer

E stimular as crianças para que

sejam voluntárias, mostrando a

importância disso para elas e para

quem recebe a ação, não é uma mis-

são fácil. É importante que, entre os

afazeres do dia a dia, os pais incen-

tivem os pequenos, de algum modo,

a praticarem alguma ação social,

desenvolvendo nos filhos essa capa-

cidade, para que eles, futuramente,

tornem-se cidadãos ativos.

Mas nem tudo é um mar de rosas,

e as crianças preferem cuidar dos

seus games e redes sociais, a desen-

volver alguma atividade para bene-

fício de um terceiro. E que desafio:

como ensinar uma criança quanto à

importância da sua participação em

atividades voluntárias e fazê-la enten-

der que toda a carga de conhecimen-

to e estudos que ela adquire na escola

é aplicável, muitas vezes, às comuni-

dades, e que esse envolvimento con-

tribui para o seu desenvolvimento e

formação humana?

A missão é árdua para os pais:

mostrar para os pequeninos que a

vivência de gestos concretos e a prá-

tica da solidariedade é o termômetro

para a boa vivência cidadã. É o traba-

lho voluntário que vai possibilitar esse

contato com a realidade, e ele tem

muito a ver com os valores. A psicope-

dagoga e professora de Pedagogia da

PUCPR Evelise Portilho aponta que é

em casa que tudo começa: “exemplos

que a família pode e deve dar, viven-

ciando no seu dia a dia o voluntariado,

por que, como valor, não é do dia para

noite que a criança vai perceber essa

prática em casa. Com essa prática, ao

longo do tempo ela vai efetivamente

valorizar isso”.

quAL A IMPorTânCIA Do InCenTIvo FAMILIAr?

A própria ação em si é a razão de

ser do propósito. logo isso não pode

ser algo mecânico, e nem isso pode

ser feito por moda, muito menos a

criança deve fazê-lo por obrigação ou

para ganhar status de boa gente. “Essa

é uma ação para as pessoas que que-

rem viver numa sociedade mais justa,

mais ética, mais sustentável, é preciso

trabalhar com isso”, aponta o antropó-

logo, educador popular, idealizador e

presidente do Centro Popular de Cul-

tura e Desenvolvimento, Tião Rocha,

ao expor que a criança deve estar

ciente de que não receberá nenhum

prêmio pelo ato, mas sim de que pro-

porcionará o benefício a alguém.

Portanto, os pais têm que ser

também parte importante na vida

do próprio filho, que se integra nes-

se processo de missão, pois o que

se vive na escola não é toda a reali-

dade. “Os pais, juntamente com as

crianças, devem ter a humildade de

reconhecer que a própria escola não é

todo mundo, mas todo mundo pode

aproveitar aquilo que se aprende na

escola”, como explica o responsável

Pequenos gestos, grandes mudançasComo os pais podem incentivar os pequenos a desenvolver o voluntariado, e como essa ação pode contribuir para o desenvolvimento da criança

Page 39: Em Família | Maristão

pelo secretariado de Colaboração

Missionária Internacional (CMI), Ir.

Chris Wills.

Além dos benefícios éticos e

morais que a criança desenvolve, há

um benefício no seu desenvolvimen-

to pessoal, uma formação integral. A

criança passa a desenvolver a aquisi-

ção de um conhecimento quando ela

começa a problematizar a realidade,

relacionando os conteúdos que a

escola passa, ou seja, ela passa a ser

alguém que já interfere, de algum

modo, mesmo que em pequenos

gestos, na sociedade. Além da rela-

ção emocional, pois a proximidade de

realidades que não necessariamente

comunguem com as mesmas ques-

tões que ela vive provoca a reflexão.

“É muito importante ela ir se dando

conta, desde muito cedo, de que ela

vive em uma realidade diferente de

muitas outras”, explica a psicope-

dagoga Evelise, ao indicar que essa

aprendizagem envolve a questão

sociocultural.

Desse modo, existe um favoreci-

mento para que os pequenos tenham

esse desenvolvimento e percebam a

sociedade do jeito que ela é, e não do

modo que um livro aponta ou como

as experiências que a família lhe pro-

porcionam. “são práticas que ajudam

sem sombra de dúvidas, mas sempre

tendo um ambiente que potencialize

isso, que evidencie e que faça inter-

venções em relação a isso”, completa

Evelise.

A criAnçA pAssA

A desenvolver A

Aquisição de um

conhecimento

quAndo elA começA

A problemAtizAr A

reAlidAde.

Page 40: Em Família | Maristão

58

"A criança não tem

condições de, por ela

mesma, tomar posição

e sair a fazer coisas,

mas ela tem que ter o

adulto que a leve. Desde

pequenininha ela vendo um

pai e uma mãe atendendo

bem essas pessoas que

estão ao seu redor,

isso já faz parte das

primeiras noções da

prática social."

MIssão: CoMo InCenTIvAr?É claro que o incentivo é impor-

tante, que o desenvolvimento de

ações voluntárias vai ajudar a criança

a construir um senso crítico, e ela será

um cidadão mais comprometido. Mas

como fazer isso?

segundo Tião, “ela tem, como

criança, no seu ritmo, na sua idade,

um monte de possibilidades de ações

umas com as outras, de brincar, de

construir, sempre em grupo”. Para os

educadores, uma atividade possível

que as crianças podem realizar é um

bazar no próprio condomínio, ven-

dendo objetos para ajudar outras pes-

soas. Outros simples gestos são funda-

mentais. As crianças pequenas podem

começar a aprender e saber fazer coi-

sas do voluntariado, por exemplo, em

contato com os estudantes maiores,

com os adultos que já tiveram essa

experiência. “Ao haver essa transmis-

são, nasce na criança a vontade justa-

mente de fazer qualquer coisa”, com-

pleta o Ir. Chris Wills.

A imagem dos pais é extrema-

mente importante nessa fase. Como

a criança não tem autonomia para

ir e vir, ela vai ter que estar junto de

alguém, e é alguém que já tenha isso

como uma prática e que acredita nisso.

“A criança não tem condições de, por

ela mesma, tomar posição e sair a fazer

coisas, mas ela tem que ter o adulto

que a leve. Desde pequenininha ela

vendo um pai e uma mãe atendendo

bem essas pessoas que estão ao seu

redor, isso já faz parte das primeiras

noções da prática social”, pontua Eve-

lise, ao revelar que a melhor receita

está dentro de casa. Por fim, o melhor

exemplo ao incentivo é mais simples

do que parecem: “o que os pais podem

dar para os filhos é serem uma referên-

cia”, conta Tião. Afinal, os filhos olham

para os pais como um espelho e eles

refletem atitudes dos pais. se os pais

têm uma atitude de solidariedade, de

desenvolver ações voluntárias, se tive-

rem compromisso social, os filhos vão

observar, acompanhar e vão aprender.

Vão assimilar primeiro pela observa-

ção, pela imitação, pelo reconheci-

mento e pelo exemplo. Isso incorpora

como valor; o que é valor para o pai vai

passar a ser valor para o filho.

Como fazer

Page 41: Em Família | Maristão
Page 42: Em Família | Maristão

Compartilhar60

A correria e as preocupações do dia a dia por vezes impedem muitas pessoas de serem voluntárias, e isso não significa apenas plantar árvores, coletar lixo ou contar histórias. Atualmente, existem várias formas de desenvolvimento das mais diferentes atividades para ajudar o próximo.

VoLuntárIo onLInE

Essa opção permite que aqueles que não têm tempo

de sair de casa para praticar uma boa ação coloquem

em prática seus conhecimentos, em qualquer hora do

dia ou da noite, em qualquer local. Isso facilita a partici-

pação, como voluntário, em diferentes organizações,

de qualquer Estado.

Onde: voluntariosonline.org.br

LIVros E JogosVocê pode ajudar as organizações pesquisando e pro-

pondo livros para leitura, auxiliando na implementação

de oficinas, jogos e dinâmicas, que podem contribuir

para a formação de crianças e/ou adolescentes. são

vários temas de estímulo, como educação ambiental,

cidadania e respeito.

DoE uMA árVorE

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Vidágua

possuem o clikarvore, site por meio do qual qual-

quer pessoa pode doar árvores para recuperar a

Mata Atlântica. O programa só funciona se as pessoas

plantarem as árvores com seus clicks, e o internauta

pode fazer uma nova doação a cada 24 horas.

Onde: clickarvore.com.br

Logo Ao LADo

Que tal ir até o orfanato mais próximo, ou ao asilo, ou

a qualquer outro lugar que necessite de ajuda, e saber

de que forma você pode ajudá-los? se você possui

habilidades de trabalho online, a construção de sites

de divulgação e campanhas é uma boa pedida. Mas, se

você gosta de ler, quem sabe pode ajudar a construir

uma minibiblioteca. Ou, então, se faz algum trabalho

artesanal, que tal dedicar parte de seu tempo, em casa

mesmo, para a confecção de produtos que possam

ser vendidos, revertendo o lucro em benefício da

instituição? Fica a dica.

AJuDE o MunDo

Já pensou em ajudar o mundo com um clique? Você

pode apoiar a causa do Greenpeace como ciberativista.

Essa participação online é uma forma de mobilizar

empresas e governantes a protegerem o planeta.

Onde: greenpeace.org

ser voluntário é fácilser voluntário é fácilCompartilhar

Page 43: Em Família | Maristão

Prateleira

lIVRO

o guArAnI

José de Alencar, Editora ática, 2011

Os clássicos da literatura brasileira agora podem ser encontrados no formato de

histórias em quadrinhos. A linguagem é adequada aos estudantes, e as ilustrações

são bem divertidas. Pela arte dos quadrinhos, os livros dessa série levam o leitor

a se envolver com os grandes clássicos brasileiros.

Quem indica: Roberta Dannemann, bibliotecária do Colégio Marista João

Paulo II, Distrito Federal

MÚsICA

CAPItAL InICIAL Ao VIVo MuLtIshow

Capital Inicial, sonY BMg, 2008

Mesmo com anos de estrada, a banda Capital Inicial conquista novos fãs

a todo momento. Isso acontece por conta das músicas empolgantes e do

carisma de seus integrantes, principalmente do vocalista Dinho Ouro Pre-

to. Esse álbum se destaca por reunir as melhores músicas da carreira do

grupo, incluindo "Não olhe pra trás" e "Natasha". Vale a pena conferir!

Quem indica: sandra Inês limberger, auxiliar de biblioteca do Colégio

Marista São Luís, de Santa Cruz do Sul

VÍDEO

CYBErBuLLY

Charles Binamé, 2011

Recomendo o filme Cyberbully para ser assistido com toda a família, pois ele mostra

que o cyberbullying está presente em nosso cotidiano mais do que podemos imagi-

nar. Esse longa-metragem, se trabalhado nas séries finais do Ensino Fundamental,

pode alertar sobre como as ferramentas da internet e de outras tecnologias de

comunicação e informação podem ser utilizadas com o propósito de maltratar,

humilhar, ofender, constranger, intimidar e até excluir pessoas inocentes.

Quem indica: Idonês Rossin Lucatelli, professora de Língua Portuguesa e

literatura do Colégio Marista Aparecida, de Bento Gonçalves

Page 44: Em Família | Maristão

62 SolidariedadeSolidariedade

Page 45: Em Família | Maristão

Crianças brincam o tempo todo,

com o que estiver a seu alcance. No

início da vida, o brinquedo é o próprio

corpo; depois, elas se divertem com

o esconde-esconde de tecidos, com

o abrir e fechar de gavetas, jogando

tudo no chão, com vassouras que

viram cavalos ou com batuques em

panelas, que ganham das mais baru-

lhentas baterias de bandas de rock.

No início, achamos tudo lindo e até

brincamos junto, mas, com as ocupa-

ções do dia a dia, o tempo de brincar

junto vai ficando escasso, e a sofistica-

ção do brinquedo eletrônico compra-

do vai ocupando o lugar dos objetos

criativos que estão à disposição da

criança, em qualquer lugar. O brinque-

do torna-se o objeto de consumo, até

que o próximo lançamento seja ainda

mais atrativo, com uma propaganda

mais convincente.

Nesse jogo do desejo instantâneo,

onde fica o lugar do brincar junto, do

construir uma cabana de panos que

daqui a pouco vira barco, para, depois,

virar uma ilha deserta? Onde fica o

espaço para ensinar as gerações mais

novas a brincar com brincadeiras de

nossa infância? E o tempo de conviver

com a criança que cresce tão rápido?

Em uma sociedade consumista

como a nossa, é preciso resgatar a

importância do brincar espontâneo

na infância, com materiais não estru-

turados pelo adulto.

O brincar é uma atividade humana

imprescindível. Ao brincar, a criança

faz uma elaboração cognitiva e psico-

lógica profunda, além de representar

as situações sociais em que vive, dan-

do a elas novo significado. Ao brincar,

a criança também produz a cultura

infantil, construindo significados e

interpretando sua existência no mun-

do. O brincar facilita uma criatividade

que pode se desenvolver sem obstá-

culos, por causa do estado de espírito

com que se brinca. Deve ser por isso

que brincar é um direito da criança,

garantido na Convenção da ONU sobre

os Direitos da Criança (1989).

Desenvolvido pela Rede Marista de

solidariedade, com parceiros como a

Rede Nacional Primeira Infância, o

Direito ao Brincar é um programa que

busca disseminar e fortalecer o tema

por meio da mobilização da sociedade

e do poder público.

Você brinca com seu filho?Por Viviane Aparecida da silva

Conheça as 10 iniciativas pelo Direito ao Brincar.

Acesse solmarista.org.br/brincar

Page 46: Em Família | Maristão

64 Solidariedade

Resultado do Programa de Forma-

ção Contínua e das ações desen-

volvidas na Rede Marista de solida-

riedade, o livro educação Infantil:

reflexões e práticas para a produ-

ção de sentidos apresenta experi-

ências e estudos de educadores rela-

cionados às suas iniciativas diárias na

Educação Infantil Marista, tendo como

ponto de referência aspectos funda-

mentais da atualidade.

Publicada pela Editora Universitária

Champagnat e lançada no dia 11 de

agosto, na 22ª Bienal Internacional do

livro de são Paulo, a obra reúne mate-

rial elaborado por 32 educadores e visa

dialogar com outros atores da socieda-

de sobre o papel da educação na defe-

sa e na promoção dos direitos da crian-

ça. “É o resultado do que pensamos

como proposta de Educação Infantil,

não só para a Rede Marista, mas tam-

bém para a escola pública. Defende-

mos que toda criança tem o direito

de estudar em uma boa instituição de

ensino, com professores que primam

pela excelência e com uma proposta

pedagógica que atenda às necessida-

des de hoje e de amanhã”, enfatiza

Viviane Aparecida da silva, uma das

organizadoras do título e assessora da

Rede Marista de solidariedade.

Composta de relatos de práticas

desenvolvidas nas Unidades sociais

e nos Colégios Maristas, a publicação

provoca a reflexão do leitor ao abordar

temas como formação de professores,

participação infantil, inclusão, transi-

ção para o Ensino Fundamental, entre

outros. Além de contar com ilustrações

e frases das crianças, há também o pre-

fácio escrito por Vital Didonet, profes-

sor e especialista em Educação Infan-

til. segundo ele, “Crianças são livres.

Dançam a liberdade de seus corpos e

a leveza de suas mentes, em busca de

sentidos para o mundo que as cerca.

Crianças têm ritmos – não um, mas tão

vários quanto é o número delas. Cada

uma é única, não repetível, original. Por

isso, crianças são diversas” (p. 11).

A pedagoga e educadora social

infantil do Centro social Marista Ita-

quera, Cristiane de Novais, foi uma

das colaboradoras do livro. Ela conta a

trajetória de Gabriel, uma criança com

encefalopatia crônica não progressiva

(ECNP) que ensinou a todos sobre soli-

dariedade, espera e compreensão da

diversidade. “A obra é importante, pois

ajuda a capturar um universo único e

nos traz o desafio de nos aprimorar”,

afirma Cristiane.

Reflexões e práticas para a produção de sentidosObra traz a imagem de criança ativa, competente, capaz de participar ativamente na construção de sua vida e na produção de cultura

Por Cíntia Gomes

Interessados na obra podem adquiri-la pelo e-mail [email protected]

Page 47: Em Família | Maristão
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66

Diversão em famíliaÉ hora de soltar a criatividadePor Paulo Zaniol

O que era bom, vai ficar ain-da melhor. se passar o fim

de semana em família é motivo de diversão, agora a festa está completa. O professor Paulo d’Assumpção zaniol, do curso de Design da PUCPR, preparou um passo a passo de três instrumen-tos para serem confeccionados por toda a família. A criatividade é a peça-chave para a produção. inclusive, o professor deixa claro que o material e a quantidade usada para preencher os potes são fatores que diferenciam o som de cada um deles. A diver-são será em dose dupla – a pre-paração e a brincadeira.

Diversão

Page 49: Em Família | Maristão

De que precisa:

• 1 garrafa pet

• 5 tampinhas plásticas

• Fita crepe para acabamento

• Fitas adesivas coloridas

• Tesoura

Como faz:

• Corte o fundo e a parte superior da garrafa pet

• Coloque as tampas plásticas

• Encaixe a parte debaixo dentro da parte de cima

• Coloque fita colorida na junção dos potes

Chocalho

De que precisa:

• Cano conduíte de 26 cm para ins-

talação elétrica ou mangueira

• Lixa para usar no corte onde vai

colocar a boca

• Tesoura

• 1 bexiga

• Fita adesiva colorida

• Grão (arroz, sagu, feijão)

Como faz:

• Tirar as rebarbas das pontas cortadas

e lixar bem a borda para não machucar a

boca

sopro D´água

De que precisa:

• 6 copinhos de iogurte

• 1 copo de grão (sagu, arroz, feijão)

• Tesoura

• Alicate

• Arame

• Fita adesiva

• Fita crepe

Como faz:

• Cortar o fundo de 4 copos e um arame

de 60 cm

• Torcer o arame enrolando até formar uma

bola de arame com vãos, colocar 6 bolinhas

uma para cada pote

• Colocar os potes fechados nas pontas, para

evitar que os grãos caiam para fora. Colocar

fita crepe na borda

• Colocar as bolinhas de arame em cada

pote, ocupando o espaço vazio entre eles;

eles não podem ficar soltos

• Montar 3 pares

Pau de Chuva

Page 50: Em Família | Maristão

68 Inspiração

Ninguém melhor para ensinar algo

senão aquele bom e velho amigo

da escola. Ele conhece e entende as

dúvidas em particular e pode usar

de exemplos próprios para ajudar o

colega com dificuldade. Essa facilida-

de em entender as matérias quando

explicadas por quem está no mesmo

nível hierárquico se deve à comunica-

ção horizontal, na qual é empregada

uma mesma linguagem e existe troca

mútua de conhecimento.

Ainda quando pequeno, leonir

João lavratti Marcon, 14 anos, alu-

no do 9º ano do Colégio Marista Frei

Rogério, de santa Catarina, percebeu

que era importante ajudar aos outros.

Diante do incentivo dos pais, e como

tinha facilidade em aprender, leonir

passou a ajudar os colegas, ensinando

a eles os assuntos em que apresen-

tavam dificuldades de aprendizado.

Para o sempre solícito aluno, a

caridade e a amizade que desenvolve

são virtudes básicas do bom conví-

vio. “Percebi que queria ser diferente

dos outros; algumas pessoas apenas

falam que é preciso ser solidário e não

fazem nada, mas, para mim, é preciso

ação”, afirma. Para a assistente psico-

pedagógica do Colégio, Ivete Rosso,

leonir “tem um grau de solidariedade

que é fabuloso”, pois, quando alguém

solicita sua ajuda, ele dificilmente

nega.

“ser solidário não é necessaria-

mente dar dinheiro, mas, sim, aju-

dar como se pode”, conta o aluno, ao

afirmar que ajudar outros estudantes

o faz se sentir melhor, pois “o conhe-

cimento foi feito para todo mundo”,

completa.

sua busca é pelo aprendizado

efetivo. Para o jovem solidário, “se a

pessoa não absorver o conhecimen-

to, é importante que depois absorva,

pois o que se aprende na escola se

leva a vida toda”. O aluno dedicado,

que realiza monitoria em Matemáti-

ca e Inglês, “tem paixão por ajudar os

colegas”, afirma Ivete, e “se relaciona

bem com os colegas”, completa ela.

Para ele, o prazer em ajudar, e ver que

aqueles que ajuda realmente apren-

deram, é uma realização, além de

um aprendizado mútuo. “Para mim,

é um bônus duplo: ajudo os outros

e aprendo junto, acabo estudando

e aprendendo ainda mais”, explica o

estudante sempre pronto a ajudar.

É possível ser solidário no colégio?Aluno marista mostra que, para ajudar quem precisa, basta fazer uso de suas próprias habilidades

"PERCEbi QUE QUERiA sER DifERENTE DOs OUTROs; ALGUMAs PEssOAs APENAs fALAM QUE É PRECisO sER sOLiDáRiO E NãO fAzEM NADA, MAs, PARA MiM, É PRECisO AçãO."Leonir João Lavratti Marcon

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