em um lugar qualquer - outeiro
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Catálogo Exposição na Galeria Fayga Ostrower na Funarte Brasília. 2011TRANSCRIPT
24 de novembro a 25 de dezembro de 2011
Galeria Fayga Ostrower – Complexo Cultural da FunarteEixo Monumental, Setor de Divulgação Cultural, Lote 02 – Brasília (DF)
Em um lugar qualquer – Outeiro –
Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011– Atos Visuais Funarte Brasília –
Para Bruno Assis
in memoriam
Numa praia do Brasil
Narrativas pictóricas em pinhole
Mariano Klautau Filho*
Após dedicação à fotografia documental em p&b e sólida experiência no fotojornalismo, Dirceu Maués entrou no universo da experimentação em cor, criando suas próprias câmeras, e construindo uma poética a partir das possibilidades do pinhole. Fotografou intensamente o mercado do Ver-o-Peso em Belém recriando ficcionalmente o lugar em imagens que dialogam fortemente com a pintura.
Com a série “Ver-o-Peso pelo Furo da Agulha”, Maués começou a por em questão a relação objeto-fotografia que vem da origem da imagem fotográfica. Estamos falando tanto da imagem fotográfica antes da descoberta da fotografia como também da origem de cada imagem que o fotógrafo vem construindo em sua experiência artesanal.
Séculos antes da invenção da fotografia, o homem já convivia com a imagem fotográfica numa relação direta e complexa com a câmera obscura. Esta experiência intensifica-se como representação quando finalmente a câmera obscura é adotada pelos pintores. A imagem formada dentro da caixa, não só era um guia para a técnica pictórica como essencialmente um modo de se relacionar com a imagem imaterial do mundo. A imagem na caixa escura se mostrava ao mesmo tempo real e volátil, pois não havia como fixá-la em nenhum suporte. Desta ambiguidade resultava uma experiência ficcional com a imagem da natureza.
Cada Caixa Preta em seus diversos tamanhos, formatos e lentes resultava em uma imagem particular para desenhistas, pintores e artistas que a utilizavam para “copiar” a realidade. Esta prática, muito conhecida na história da fotografia vem se tornando o campo de experimentação para Dirceu Maués, possibilidades que estão além do comprometimento documental e técnico. Com isso o artista dedicou-se a construir câme-ras artesanais, com mecanismos e soluções inventadas por ele, não mais com o intuito de comprovação da lógica fotográfica, e sim buscando poéticas de acerto e erros que geram imagens cuja atmosfera distorce qualquer ideia de fidelidade com a cena real.
As imagens produzidas pelas câmeras artesanais são a prova contrária da precisão documental. O pinhole é a fotografia de ficção por excelência e o fotógrafo, consciente do fato, constrói imagens que falam com muita propriedade dos lugares escolhidos justamente pelo lado inverso da realidade concreta: a sua am-biencia, sua atmosfera. O modo de perceber estas imagens e compreender a poética de Maués é exercer o desprendimento com o factual, imergir nas vibrações imateriais da realidade evocadas por sua fotografia errática. Cada câmera em sua configuração própria construída pelo fotógrafo resulta em modos de ver e
captar a cena. O artista constrói seus outros olhos, aparatos artesanais de natureza diversa. A dimensão pictórica das imagens surge de sua adesão ao acaso e às imperfeições das caixas. Vazamentos de luz, cores inusitadas, transparências que atravessam a imagem ganham uma força especial quando o artista passa a operar estas sequências numa proposição narrativa e videográfica. Tanto na tela de monitores ou em ima-gens projetadas no espaço expositivo, o artista avançou nas experiências quando conduziu o seu pinhole pictórico para as linguagens do vídeo.
“Um Lugar Qualquer – Outeiro” faz parte de um conjunto de trabalhos cuja mistura do procedimento do-cumental e experimentação permite captar a energia do cotidiano dos lugares fotografados, a partir de um giro de 360 graus todo captado por câmeras artesanais feitas com caixinhas de fósforo. Neste momento, assumindo uma fotografia não realista, o artista propõe uma ponte entre o low e o high tech, entre o século XIX e o XXI, entre as imagens precárias do pinhole e o suporte digital.
O lugar captado para esta instalação é uma praia bastante popular da periferia de Belém. Podemos sentir a vibração do lugar, o fluxo das pessoas, a pulsação do ambiente. Dirceu constrói um desenho narrativo e nervoso incorporando os acertos e erros na captação das imagens e cria um mundo colorido, instável e muito envolvente. Atento à liberdade experimental da fotografia, Dirceu coloca suas imagens em outros circuitos e traduz de modo original a instabilidade de seu país.
* Mariano Klautau Filho é fotógrafo e pesquisador em Arte. Mestre em Semiótica pela PUC/SP e doutorando em Artes pela
ECA/USP, atua como curador independente em projetos na área de arte e fotografia.
Dirceu Maués
Belém (BR), 1968. Artista multimídia, vive e trabalha em Brasília (BR). Fotógrafo desde 1991, atuou
como instrutor de oficinas de fotografia na Fundação Curro Velho, na década de 1990, em Belém
(Brasil). Trabalhou como repórter fotográfico nos grandes jornais impressos de Belém durante 12 anos.
Desde 2003, desenvolve trabalho autoral nas áreas da fotografia, cinema e vídeo, os quais têm como
base pesquisas com a construção de câmeras artesanais e utilização de aparelhos precários. Em 2009,
foi contemplado com uma bolsa de residência em arte na Künstlerhaus Bethanien/Berlim pelo Programa
Rumos Itaú Cultural No mesmo ano também foi contemplado com a Bolsa Funarte de estimulo à criação
artística, Esteve entre os 40 fotógrafos que participaram do projeto Encontros com a Fotografia – FNAC /
2009. Atualmente é o responsável técnico pelo laboratório fotográfico da Universidade Paulista - unidade
Brasília (UNIP - Brasília) e é estudante de graduação do curso de Artes Plásticas na Universidade de
Brasília (UnB). Seus trabalhos fazem parte das coleções Pirelli-Masp, FNAC, Videobrasil, MAC - PR (Museu
de Arte Contemporânea - PR), MARP (Museu de Arte de Ribeirão Preto), MEP (Museu do Estado do Pará)
e Coleção Joaquim Paiva.
http://www.dirceumaues.com
Exposições
Somewhere – Alexanderplatz, 7º Festival Internacional de Fotografia Paraty em Foco, Paraty, BrasilFestival Internacional de Arte Contemporânea Sesc – Videobrasil. São Paulo, BrasilFotosecuencia 2011, Montevidéu, UruguaiFluxus 2011, Espaço Oi Futuro BH, Belo Horizonte, BrasilPercursos e Afetos - Coleção Rubens Fernandes Junior, Pinacoteca do Estado, São Paulo, Brasil43º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Piracicaba, Brasil30º Salão Arte Pará, Belém, BrasilFórum Eletronika – Vivo Arte Mov – Belém, Brasil16º Bienal de Artes de Cerveira, Vila de Cerveira, PortugalProjeto @rroba, Centro Dragão do Mar, Fortaleza, Brasil5th Video Zone – International Video Art Biennial, Tel Aviv, Israel
Em um lugar qualquer – Belém/Brasília, Centro Cultural São Paulo (CCSP), São Paulo, BrasilEn qualquier lugar – Outeiro, Centro de Fotografia (CMDF), Montevideu, UruguaiVer-o-Peso pelo furo da agulha, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, Juiz de Fora, Brasil10º Edição Prêmio Porto Seguro de Fotografia, São paulo, BrasilAmazônia, a Arte. Vila Velha / Belo Horizonte, BrasilI Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia - Museu da UFPa, Belém, BrasilIndicial – Fotografia Paraense Contemporânea, Belém, Brasil
Somewhere – Alexanderplatz, Künstlerhaus Bethanien, Berlim, AlemanhaDos sonhos que não acordei, 3rd Polish Festival of Pinhole Photography, Katowice, Polônia9a Edição Prêmio Porto Seguro de Fotografia, São Paulo, BrasilTrilhas do Desejo - Rumos Artes Visuais 2008-2009. São Paulo / Rio de Janeiro, BrasilEspaço em Relação: fluidez e simultaneidade, Rumos Artes Visuais 2008-2009, Salvador, BrasilMirantes - Rumos Artes Visuais 2008-2009, Rio Branco, BrasilUm Lugar A Partir Daqui - Rumos Artes Visuais 2008-2009, Brasília, BrasilFestival de Fotografia de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil
2011
2010
2009
Dos sonhos que não acordei, Galerias FNAC, São Paulo / Campinas / Curitiba / Rio de Janeiro / Brasília, BrasilVIVO Arte.Mov - 3º Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis, Belo Horizonte, BrasilSalão Arte Pará, Belém, Brasil
Dos sonhos que não acordei, Espaço Cultural Banco da Amazônia, Belém, Brasil62º Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, Brasil14° Salão da Bahia, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador, Brasil7 a Edição do Prêmio Porto Seguro de Fotografia, São Paulo, Brasil16º Festival Internacional de Arte Eletrônica Sesc_Videobrasil, São Paulo, BrasilAtlas Americas - Espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro, Brasil1ª Semana de Fotografia do Recife, Recife, BrasilFestival de Fotografia de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil9ª Semana de Fotografia de Ribeirão Preto, Casa da Cultura, Ribeirão Preto, BrasilSalão Arte Pará, Belém, Brasil
Dos sonhos que não acordei, Casa Culpi. Curitiba, BrasilSalão Unama de Pequenos Formatos, Galeria Graça Landeira, Belém, Brasil
Ver-o-peso pelo furo da agulha, Espaço Furnas Cultural, Rio de Janeiro, BrasilVer-o-peso pelo furo da agulha, Galeria dos Arcos – Usina Gasômetro. Porto Alegre, BrasilColeção Pirelli/Masp de Fotografias, Museu de Arte de São Paulo (Masp), São Paulo, BrasilQuotidien et Cérémonies, Bibliothèque Saint John Perse, Aubervilliers, FrançaColeção Joaquim Paiva, Théâtre de la Photographie, Nice, FrançaUrbanidade Plural, Casa de Cultura da América Latina, Brasília, Brasil
Ver-o-peso pelo furo da agulha, Galeria Theodoro Braga. Belém, Brasil
Fotografia Contemporânea Paraense - Anos 90, Museu do Estado do Pará, Belém, Brasil
2008
2007
2006
2005
2004
2002
II Salão de Fotografia do CCBEU, Belém, Brasil
Concurso Internacional Imagens do Futuro: Crianças e Adolescentes da América Latina, UFRS-UNICEF, Porto Alegre, Brasil
Fotoativa 10 Anos, Rio de Janeiro, BrasilI Concurso Fotográfico Ilford Microservice, São Paulo, BrasilSalão Arte Pará, Belém, Brasil
Fotoativa 10 Anos, Belém, BrasilEstações do olhar, Galeria Theodoro Braga, Belém, Brasil
Salão Arte Pará, Belém, BrasilI Salão Paraense de Arte Contemporânea, Belém, Brasil
Prêmios e Bolsas:
Prêmio de Residência Artística – WBK - Vrije Academie – Haia, Holanda (17º Festival Internacional de Arte Contemporânea Sesc – Videobrasil). São Paulo, Brasil, 2011Ateliê Residência/Rumos Artes Visuais 2008/2009 Künstlerhaus Bethanien, Berlim, AlemanhaPrograma de Bolsas de Estímulo à Criação Artística – FUNARTE, Belém, Brasil, 2008.Prêmio Fotografia – Secult/PA, Belém, Brasil, 2008.XII Salão Unama de Pequenos Formatos (Prêmio Aquisição), Belém, Brasil, 2006.Bolsa de Pesquisa, Experimentação e Criação Artística do Instituto de Artes do Pará – IAP – 2004Salão Arte Pará (Prêmio Aquisição). Fundação Romulo Maiorana, Belém, Brasil. Edições 2009, 2004 e 2003.II Salão de Fotografia do CCBEU (Prêmio Aquisição). Galeria de Arte do CCBEU, Belém, Brasil, 1997.
1997
1996
1995
1994
1992
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - PROIBIDA A VENDA
Ficha Técnica da Exposição
Concepção e direção:
Dirceu Maués
Produção Executiva:Adriana Machado
Colaboradores:
Bruno Assis (In memoriam), Daniel Cruz, Fabio Hassegawa,Ionaldo Filho, Luciana Magno, Michel Pinho, Veronique Isabelle
Desenho de som, edição e montagem:
Bruno Assis (In memoriam)
Vídeo Making of :
Michel Pinho
Texto:
Mariano Klautau Filho
Projeto Gráfico:
Marcus Reis de Queiroz
Editoração Eletrônica: Cássio Tavernard
Assessoria de Imprensa:
Thaís Margalho
Montagem:
CSette Eventos
Apoio:
Casa das ArtesSCLN 102 Bloco - C - 10 e 20 subsolos
Tel.: (61) 3034-6203 / 3031-6600www.acasadasartes.com.br
Presidenta da RepúblicaDilma Vana Rousseff
Ministra de Estado da CulturaAna de Hollanda
Fundação Nacional de Artes
PresidenteAntonio Grassi
Diretora ExecutivaMyriam Lewin
Diretor do Centro de Artes VisuaisFrancisco de Assis Chaves Bastos (Xico Chaves)
Coordenadora do Centro de Artes VisuaisAndréa Luiza Paes
Coordenador do Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2011/BrasíliaIvan Pascarelli
Coordenadora de ComunicaçãoCamilla Pereira
Coordenadora de Difusão Cultural em BrasíliaDébora Aquino
Coordenação de Artes Visuais em BrasíliaIara Martorelli
Este projeto foi contemplado pela Funarte no Prêmio Funartede Arte Contemporânea 2011 – Atos Visuais Funarte Brasília