engenharia mecânica · through a new technological process. the technological process being...
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GERAÇÃO DE PERFIS CURTOS A PARTIR DE CHAPAS
POR ENFORMAÇÃO PLÁSTICA
(SHEET-BULK METAL FORMING)
Sérgio José Ferreira Poças Furtado
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Mecânica
Orientadores: Prof. Luís Manuel Mendonça Alves
Prof. Paulo António Firme Martins
Júri
Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista
Orientador: Prof. Luís Manuel Mendonça Alves
Vogal: Prof. Carlos Manuel Alves da Silva
Junho 2016
I
II
Agradecimentos
Em primeiro lugar desejo manifestar um profundo e sincero agradecimento ao meu orientador, o
Doutor Luís Alves, com o qual foi um prazer trabalhar ao longo deste trabalho. Com as suas
constantes inovações, boa disposição e acima de tudo, vontade de ensinar. A sua disponibilidade e
preocupação foram indispensáveis para o sucesso deste trabalho.
Queria também agradecer ao Doutor Paulo Martins com o seu profundo e amplo conhecimento,
especialmente no âmbito da simulação numérica, não surgiu qualquer problema para o qual não
tivesse imediatamente soluções ou sugestões válidas.
Ao Professor Carlos Silva, pela sua paciência e espírito de interajuda, estando sempre pronto para
me ajudar e incentivar, sempre que foi preciso.
Aos meus colegas, que considero muito mais do que isso, Guilherme, Diogo, Gonçalo, Armando,
Susana, Sara e Cláudia um sentido agradecimento por terem dado significado a toda a experiência
académica.
Finalmente, desejo agradecer aos meus pais especialmente à minha mãe, pelo seu amor, carinho,
paciência, motivação e confiança incondicionais. Sem eles, nada disto teria sido possível. Muito
obrigado.
III
iv
Abstract
In this thesis, a new form to generate short “T” profiles, using a single metal sheet is analyzed,
through a new technological process. The technological process being studied exploits the Sheet-
Bulk metal forming technology which consists in applying simultaneous sheet and bulk forming
operations, by applying small deformations on the sheet of metal in unconventional directions. In this
case, applying small deformations in the orthogonal direction to the thickness of the plate and not
along this direction, creating small local deformations.
This new alternative proposed has the potential to replace current solutions achieved by other
processes and technologies. That’s where the name comes from Sheet-Bulk because it combines
simultaneously bulk operations involving mass deformations with sheet operations in a metal plate.
The main objective will be to generate a short “T” profile using only one plate, not being necessary to
join multiple plates using some type of joining process to connect them, without using methods that
involve removing a lot of material from a block of raw material to achieve the final form. And it
doesn´t require a machine that is only specialized for that process without the ability of customizing
the final form. To achieve this, small plastic deformations will be applied on the plate in small
increments of deformation.
The present work is supported by a study using numerical modelling and one experimentation study,
that analyze the four variations that this method suffered and how it evolved, to be able to solve the
problems that where found during the simulations and experiments, to be able to reach the final
objective of generating a short “T” profile, verifying the applicability of the process.
Keywords:
Sheet-bulk metal forming
Plastic Deformation
Experimental studies
Finite element method
V
VI
Resumo
Nesta tese analisa-se uma nova maneira de se gerar perfis curtos em “T” usando uma única chapa
de metal, através de um novo processo tecnológico. O processo tecnológico em estudo utiliza a
técnica de Sheet-Bulk Metal Forming que consiste em realizar pequenas deformações plásticas
locais em chapas de metal numa direcção não convencional, trabalhando a chapa na direcção
ortogonal à espessura (ao contrário de outros processos de deformação de chapa como a
estampagem). Daí aparece a designação de Sheet-Bulk, porque combina simultaneamente
operações que envolvem deformações na massa (bulk) com operações de chapas finas (sheet).
O principal objectivo será alcançar um perfil curto em “T” usando apenas uma única chapa, ou seja,
não sendo necessário o uso de múltiplas chapas e algum processo de ligação para as unir, ou sem
usar métodos de corte que retirem uma grande quantidade de material de um bruto para chegarem
à forma final, e não sendo necessário uma máquina dispendiosa especializada só para esse
processo sem customização. Para tal vão ser realizadas pequenas deformações plásticas na chapa
em pequenos incrementos de deformação.
Este trabalho inclui um estudo feito por simulações numéricas e outro experimental, das quatro
variações que o processo sofreu e como evoluiu, de modo a solucionar problemas encontrados
durante as simulações e ensaios para atingir o objectivo final de geração de um perfil curto em “T”,
verificando assim a viabilidade do processo.
Palavras-chave:
Enformação em massa de chapas finas de metal
Deformação Plástica
Análise experimental
Método dos elementos finitos
VII
VIII
Índice
Agradecimentos .................................................................................................................................... II
Abstract ................................................................................................................................................. iv
Resumo ................................................................................................................................................ VI
Lista de Figuras .................................................................................................................................. XI
Lista de Tabelas ............................................................................................................................... XIV
Nomenclatura ..................................................................................................................................... XV
Lista de Símbolos Gregos .............................................................................................................. XVI
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.1. Motivação ............................................................................................................................... 1
1.2. Objectivos .............................................................................................................................. 1
1.3. Estrutura da tese................................................................................................................... 1
2. ESTADO DA ARTE ...................................................................................................................... 3
2.1. Tecnologias Alternativas ..................................................................................................... 3
2.1.1. Soldadura e Brasagem ................................................................................................ 4
2.1.2. Ligação mecânica (Aperto mecânico) ....................................................................... 5
2.1.3. Electro-erosão ............................................................................................................... 5
2.1.4. Corte por Arranque de Apara, (Fresadora) .............................................................. 6
2.1.5. Ligação Adesiva ............................................................................................................ 6
2.1.6. Extrusão ......................................................................................................................... 7
2.3. Processo de geração de perfis em “T” em estudo .......................................................... 8
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS .................................................................................................. 11
3.1. Introdução ............................................................................................................................ 11
3.2. Teoria da Plasticidade ....................................................................................................... 11
3.2.1. Tensão, Extensão e Velocidade de Deformação .................................................. 11
3.2.2. Critérios de Plasticidade ............................................................................................ 13
3.2.3. Equações Constitutivas ............................................................................................. 17
4. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS ................................................................................. 19
4.1. Introdução ............................................................................................................................ 19
4.2. Equações Básicas .............................................................................................................. 20
4.3. Discretização através de elementos finitos .................................................................... 23
4.4. I-FORM2D ............................................................................................................................ 24
4.4.1. Pré-processador, pre ................................................................................................. 25
4.4.2. Pós- Processador, post ............................................................................................. 25
4.5. GiD 7.2 ................................................................................................................................. 25
5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA ......................................................................................................... 26
IX
5.1. Introdução ............................................................................................................................ 26
5.2. Parâmetros do Processo ................................................................................................... 27
5.3. Plano de Ensaios ................................................................................................................ 29
5.4. Simulações Numéricas Realizadas ................................................................................. 32
5.4.1. Estudo da validade do uso de uma linha de simetria ........................................... 32
5.4.2. Simulação da 1ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm .................................... 35
5.4.3. Simulação da 2ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm e 10mm ....................... 37
5.4.4. Simulação da 3ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, 10mm e 15mm.......... 40
5.4.5. Simulação da 4ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, 10mm ......................... 44
6. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................... 46
6.1. Introdução ............................................................................................................................ 46
6.2. Descrição do Processo ...................................................................................................... 46
6.3. Material Utilizado ................................................................................................................ 48
6.3.1. Caracterização Mecânica .......................................................................................... 48
6.4. Equipamentos, Ferramentas e Pré-formas .................................................................... 49
6.4.1. Máquinas ...................................................................................................................... 49
6.4.2. Ferramentas (Punções e Matriz) .............................................................................. 52
6.4.3. Pré-formas ................................................................................................................... 53
6.5. Procedimento Experimental .............................................................................................. 53
6.6. Ensaios Realizados ............................................................................................................ 55
6.6.1. Ensaios com o punção direito ................................................................................... 55
6.6.2. Ensaios com o punção com gume de separação de fluxo................................... 56
6.6.3. Ensaios alternando entre o punção de separação de fluxo e o punção direito 58
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 61
7.1. Introdução ............................................................................................................................ 61
7.2. Evolução da Carga com o Descolamento para os ensaios numéricos ...................... 61
7.3. Comparação Numérico-Experimental ............................................................................. 66
8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO ......................................... 68
8.1. Conclusões .......................................................................................................................... 68
8.2. Perspectivas de Trabalho Futuro ..................................................................................... 69
Referências .......................................................................................................................................... 70
Anexos.................................................................................................................................................. 71
X
XI
Lista de Figuras Figura 1 - Tipos de união e classes de soldadura [2] ..................................................................................... 3
Figura 2 – Exemplo do processo de brasagem ............................................................................................... 4
Figura 3 – Exemplos de ligações de chapas por parafusos e rebites .......................................................... 5
Figura 4 – Exemplos do processo de electro-erosão por fio ......................................................................... 6
Figura 5 – Exemplo do processo de corte por arranque de apara ............................................................... 6
Figura 6 – Exemplo do processo de extrusão ................................................................................................. 7
Figura 7 – Diferentes aplicações de sheet-bulk metal forming ..................................................................... 8
Figura 8 - Esquema da 1ª solução estudada ................................................................................................... 9
Figura 9 - Esquema da 2ª solução estudada ................................................................................................... 9
Figura 10 - Esquema da 3ª solução estudada ............................................................................................... 10
Figura 11 - Esquema da 4ª solução estudada ............................................................................................... 10
Figura 12 - Representação gráfica no espaço tridimensional de Haigh-Westergaard das superfícies
limites de deformação elástica de Tresca e Von Mises de um material isotópico. ................................. 15
Figura 13 - Exemplo de variações de 𝒍𝒈𝒂𝒑 inicial ........................................................................................ 28
Figura 14 - Exemplo de variações do deslocamento inicial do punção ..................................................... 28
Figura 15 – Exemplo de variações dos valores dos deslocamentos seguintes ou do número de
incrementos, aumentando o comprimento da aba Laba. ............................................................................... 29
Figura 16 – Diferentes punções e matrizes propostos e ensaiados para se conseguir gerar o perfil
final desejado ...................................................................................................................................................... 29
Figura 17 - Simulação numérica do Punção1+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=2mm. (a) Malha inicial
do 1º incremento. (b) Malha final do 1º incremento. (c) Malha inicial do 2º incremento, chapa subiu
2mm. (d) Malha num instante intermédio do 2º incremento. (e) Malha final do 2º incremento. ............. 35
Figura 18 - Simulação numérica do Punção1+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm. (a) Malha inicial
do 1º incremento. (b) Malha final do 1º incremento. (c) Malha inicial do 2º incremento, chapa subiu
5mm. (d) Malha num instante intermédio do 2º incremento. (e) Malha final do 2º incremento. ............. 35
Figura 19 – Sobreposição de material ao longo do comprimento da chapa no final do 2º incremento.
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=2mm (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm ...................................................... 36
Figura 20 - Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 3mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha
final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º
incremento respectivamente. ........................................................................................................................... 37
Figura 21- Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=2mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 2mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha
final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º
incremento respectivamente. ........................................................................................................................... 38
Figura 22 - Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 5mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha
XII
final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º
incremento respectivamente. ........................................................................................................................... 38
Figura 23 – Malhas finais após a concretização de três incrementos utilizando o Punção2 e a Matriz1
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=3mm, d=3mm. (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=2mm. (c) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm,
d=5mm ................................................................................................................................................................. 39
Figura 24 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=2mm, d=2mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento
respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente ......... 40
Figura 25 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento
respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente ......... 41
Figura 26 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento
respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente ......... 41
Figura 27 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento
respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente ......... 42
Figura 28 - Malhas finais após a concretização de três incrementos utilizando o Punção2 e a Matriz2
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=2mm, d=2mm. (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=3mm. (c) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm,
d=3mm. (d) 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm, h=3mm, d=3mm .................................................................................................... 42
Figura 29 - Simulação numérica do Punção3+Punção4+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, y=2mm, t=2mm. (a)(c)(f)
Malha inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 4º incremento
respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente ......... 44
Figura 30 - Simulação numérica do Punção3+Punção4+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, y=2mm, t=2mm.
(a)(c) Malha inicial do 1º e 2º incremento respectivamente. (b)(d)(e)(f)(g)(h) Malha final do 1º,2º, 3º,6º,
7º e 12º incremento respectivamente. ............................................................................................................ 45
Figura 31 – 1ª solução proposta ...................................................................................................................... 47
Figura 32 – 2ª solução proposta ...................................................................................................................... 47
Figura 33 – 3ª solução proposta ...................................................................................................................... 47
Figura 34 – 4ª solução proposta ...................................................................................................................... 48
Figura 35 - Curva Tensão – Extensão para o Alumínio 5754 H111 ........................................................... 49
Figura 36 - Prensa utilizada no trabalho experimental ................................................................................. 50
Figura 37 - Serra de fita utilizada ..................................................................................................................... 51
Figura 38 - Fresadora para rectificação das pré-formas e das formas finais ............................................ 51
Figura 39 – Punção2.......................................................................................................................................... 52
Figura 40 – Matriz modular, Punção1,4 e Punção ........................................................................................ 52
Figura 41 – Pré-formas utilizadas nos ensaios .............................................................................................. 53
Figura 42 – (a)(b)(c) Perfil gerado utilizando o Punção1+Matriz1 (1ª solução proposta) ....................... 55
Figura 43 – 4 perfis gerados utilizando a 3ª solução Punção2+Matriz2 (a) perfil nº1. (b)(c)(d) perfil nº2
(e)(f) perfil nº3 (g)(h) perfil nº4 .......................................................................................................................... 56
XIII
Figura 44 - 4 perfis gerados utilizando a 4ª solução Punção3+Punção4+Matriz2 (a)(b) perfil nº1. (c)(d)
perfil nº2 (e)(f) perfil nº3 (g)(h) perfil nº4 ......................................................................................................... 58
Figura 45 – Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm com incrementos de 2mm......... 59
Figura 46 - Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm com incrementos de 3mm ......... 59
Figura 47 - Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm com incrementos de 5mm ....... 60
Figura 48 – Evolução dos resultados entre os Punções1, 2, 3+4 com as Matrizes 1 e 2....................... 60
Figura 49 - Comparação das curvas da 1ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes ..................................................................................................................................................... 62
Figura 50 - Comparação das curvas da 2ª solução para o 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes e uma curva para o 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm para condições de incrementos semelhantes às
anteriores (1ºincremento de 2mm, e os seguintes com também 2mm)..................................................... 62
Figura 51 - Comparação das curvas da 2ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes ..................................................................................................................................................... 63
Figura 52 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes ........................................................................................................................................................ 63
Figura 53 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes ..................................................................................................................................................... 64
Figura 54 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes ..................................................................................................................................................... 64
Figura 55 - Comparação das curvas da 4ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes ........................................................................................................................................................ 65
Figura 56 - Comparação das curvas da 4ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes ..................................................................................................................................................... 65
Figura 57 - Comparação do numérico-experimental para a solução final, para 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm variando os
incrementos iniciais e os seguintes de aproximadamente 3mm. ................................................................ 66
XIV
Lista de Tabelas Tabela 1 - Tipo de processo para gamas de ponto de fusão do material de adição ................................. 4
Tabela 2 - Verificação da influência do uso de uma linha de simetria na simulação............................... 30
Tabela 3 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm. .................. 30
Tabela 4 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm,10mm.
Usando o Punção 2 e a Matriz 1 ...................................................................................................................... 31
Tabela 5 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm,10mm, 15mm.
Usando o Punção 2 e a Matriz 2 ...................................................................................................................... 31
Tabela 6 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm,10mm.
Usando o Punção 2 e a Matriz 2 ...................................................................................................................... 32
Tabela 7 - Simulação de uma compressão para 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm,15mm,20mm usando uma linha de
simetria ................................................................................................................................................................ 33
Tabela 8 - Simulação de uma compressão para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm,15mm,20mm sem usar a linha de
simetria ................................................................................................................................................................ 34
Tabela 9 ............................................................................................................................................................... 50
XV
Nomenclatura
F(𝜎𝑖𝑗) Função limite de elasticidade
𝜅 Constante associada aos critérios de plasticidade dos metais
𝐼1 Primeiro invariante do tensor das tensões
𝐼2 Segundo invariante do tensor das tensões
𝐼3 Terceiro invariante do tensor das tensões
𝐽2 Segundo invariante do tensor desviador das tensões
𝐽3 Terceiro invariante do tensor desviador das tensões
Ε Módulo de Young
𝑟𝑐𝑚 Raio do canto da matriz
𝑙0 Altura inicial da pré-forma
t Espessura da chapa
𝑙𝑔𝑎𝑝 Distância entre o topo da chapa e a superfície superior da matriz inferior
Laba Comprimento da aba
h Espessura da aba
𝜈 Velocidade do punção
V Volume
𝑢𝑖𝑗 Campo de deslocamentos
𝑣𝑖𝑗 Campo de velocidades
𝑋𝑖 Forças mássicas
cN Pares de contactos
𝑣𝑖 Velocidades dos nós
Parâmetro adimensional
N Matriz das funções de forma
𝑁𝑖 Nós da malha
B Matriz das velocidades de deformação
K Constante de penalidade
XVI
Lista de Símbolos Gregos
𝛿𝑖𝑗 Delta de Kronecker
휀 Extensão verdadeira
휀𝑖𝑗 Tensor das extensões
휀 ̅ Extensão efectiva
휀̇ Velocidade de deformação
휀̅̇ Velocidade de extensão efectiva
휀�̇̅� Velocidade de deformação volumétrica
휀̅�̇�𝑗 Tensor das velocidades de deformação
𝜈 Coeficiente de Poisson
𝜎 Tensão verdadeira ou de Cauchy
𝜎𝑒 Tensão limite de elasticidade no ensaio de tracção uniaxial
𝜎𝑖𝑗 Tensor das tensões
𝜎´𝑖𝑗 Tensor desviador das tensões
𝜎 Tensão efectiva
𝜎𝑖𝑖 Tensões principais
𝜎𝑚 Tensão média ou hidrostática
τ Tensão de corte
λ Multiplicador de Lagrange
1
1. INTRODUÇÃO
Devido à situação actual onde tudo hoje em dia é feito virado para a customização individual, e para
se obter componentes personalizados para diversas aplicações diferentes, surgiu a ideia de se gerar
perfis curtos de metal a partir de uma única chapa de metal. Usando um conceito recente e que ainda
está em fase de desenvolvimento que é o metal sheet-bulk forming, o qual utiliza simultaneamente o
processo de deformação de chapa (sheet) e deformação de massa (bulk). Permitindo gerar estes
perfis curtos a partir de uma única chapa de metal, usando um processo económico que gaste pouca
energia e pouco material, o que é fundamental nos tempos que correm onde se quer diminuir os
custos para se manter no mercado competitivo actual. E também não necessitar de equipamentos de
grandes dimensões especializados só para esta operação.
1.1. Motivação Devido à ambição e descoberta de novas técnicas e métodos, pretende-se encontrar uma maneira
inovadora de se gerar perfis curtos em “T” com uma variedade de configurações diferentes a partir de
uma única chapa de metal.
Para tal iremos realizar pequenas deformações incrementais de forma a transformar uma chapa de
metal num perfil em “T”. Estas pequenas deformações serão realizadas no sentido ortogonal ao da
espessura da chapa. Trabalhando nesta direcção e em pequenos incrementos iremos estar a
trabalhar numa deformação em massa e numa deformação que é numa direcção não convencional, a
qual implicará novos desafios.
1.2. Objectivos
O objectivo desta tese centra-se em validar o processo de geração de perfis curtos em “T” com uma
variedade de configurações diferentes, permitindo criar lotes pequenos com geometrias customizadas
de acordo com o pretendido pelo utilizador. O processo propõe uma solução económica, sem
necessidade de materiais de adição e sem requerer equipamentos especializados de elevado custo.
Ela visa definir uma janela óptima para alguns dos parâmetros deste novo método e compreender o
seu potencial e aplicabilidade. Foi também realizado um levantamento das alternativas existentes a
este novo método e definido o campo de utilização deste novo processo tecnológico.
1.3. Estrutura da tese Esta tese está organizada em oito capítulos, incluindo a presente introdução, na qual se aborda a
motivação que levou a este estudo, o presente estado da arte e uma breve abordagem às soluções
comuns para obter este tipo de perfil.
2
No segundo capítulo, “Estado da Arte”, faz-se um levantamento dos tipos de técnicas e dos
processos tecnológicos diferentes que se usam correntemente para se obter perfis curtos. São
enumerados os pontos positivos e negativos de cada tecnologia, bem como os seus campos de
aplicação. No final, é feita uma primeira introdução ao processo a ser estudado nesta dissertação.
O terceiro e quarto capítulo fazem uma breve exposição dos fundamentos teóricos para a simulação
do processo.
No quinto capítulo, “Desenvolvimento Experimental”, estão definidos os ensaios realizados e mostra-
se a importância de cada um para o estudo deste processo. São ainda expostas as características
das máquinas e ferramentas utilizadas para possibilitar o estudo experimental. No final, é
apresentado o planeamento do trabalho experimental.
No sexto capítulo, “Simulação Numérica”, é feita uma introdução à ferramenta computacional utilizada
para fazer as simulações do processo. São ainda explicados alguns procedimentos para a utilização
desta ferramenta.
O sétimo capítulo é inteiramente dedicado à discussão dos resultados e comparação entre os ensaios
experimentais e os ensaios numéricos.
Finalmente, no oitavo capítulo analisa-se as conclusões retiradas deste estudo e faz-se uma
abordagem ao possível trabalho futuro, para o desenvolvimento e optimização do processo.
3
2. ESTADO DA ARTE
Neste capítulo são expostos os vários tipos de modos para obter perfis curtos, bem como os
principais processos tecnológicos existentes que permitem a obtenção destes componentes. O
estudo das tecnologias concorrentes do processo a ser estudado é muito importante, pois permite-
nos concluir sobre a necessidade de se obter um processo alternativo que consiga cumprir esta
tarefa. São também abordados os campos em que está a ser aplicada a tecnologia de sheet-bulk
metal forming no presente. Sendo por fim realizada uma introdução ao método estudado nesta
dissertação.
Os processos tecnológicos para obtenção deste tipo de componentes podem ser divididos em cinco
tipos. A Figura 1 mostra os diferentes métodos existentes,
Figura 1 - Tipos de união e classes de soldadura [2]
2.1. Tecnologias Alternativas É importante estudar os diferentes métodos existentes para se obter este tipo de componente, pois
existem diferentes maneiras para alcançar o mesmo objectivo, e é através do estudo dos pontos
fortes e fracos dos variados processos diferentes que podemos desenvolver um novo método
alternativo que os ultrapasse.
A seguir abordam-se os processos mais comuns para obter este tipo de componentes.
Método Objectivo
Obter um perfil curto em T
Soldadura
Ligação Mecânica
Rebites
Parafusos
Electro-erosão
Corte por Arranque de
Apara
Extrusão
4
2.1.1. Soldadura e Brasagem Os processos de soldadura são provavelmente os mais utilizados quando é necessário se ligar duas
chapas metálicas para formar um perfil em “T”. Existem muitos processos de soldadura distintos, com
maior ou menor dificuldade e melhor ou pior qualidade, estes processos cobrem a maioria de ligações
de duas chapas metálica transversalmente para formar um perfil, como por exemplo T,H,I.
O processo de soldadura é caracterizado pela aplicação de calor e/ou pressão, sendo a união
conseguida por acção de forças em escala atómica semelhantes às existentes no interior do material.
Deste modo, originam-se ciclos de aquecimento e arrefecimento, sendo que estes ultrapassam as
temperaturas de fusão dos materiais (em alguns processos de soldadura), o que resulta no
aparecimento de tensões residuais com valores na ordem da tensão de cedência do material. Cria-se
uma zona termicamente afectada, onde poderão existir mudanças nos arranjos das microestruturas,
havendo por isso a necessidade de realizar tratamentos térmicos para rearranjar as microestruturas e
remover as tensões residuais, e prevenir desalinhamentos estruturais e distorções [1].
A dificuldade destes processos exige operadores especializados devido à complexidade dos
processos e também das complicações envolvidas em soldar áreas de contacto reduzida entre as
chapas.
A brasagem forte e fraca são processos similares aos processos de soldadura usuais mas com
utilização de material de enchimento, diferindo no facto das temperaturas de fusão dos materiais a
ligar serem superiores à temperatura de fusão do material de enchimento, permitindo que a ligação
seja feita sem que as peças a ligar sejam fundidas. Eles permitem assim a união de geometrias mais
complexas, que processos de soldadura usuais não permitiriam, e não dão origem à zona
termicamente afectada no material base (peças a ligar). A união é alcançada devido aos efeitos de
difusão e reacções metalúrgicas na superfície dos dois componentes ligados, e o material de adição
espalha-se na junta por acção de capilaridade [5]. A brasagem forte e a brasagem fraca diferem na
temperatura do material de adição tal como está exposto na tabela 1.
Ponto de fusão do material de adição
<450ºC >450ºC
Brasagem fraca Brasagem forte Tabela 1 - Tipo de processo para gamas de ponto de fusão do material de adição
Figura 2 – Exemplo do processo de brasagem
5
2.1.2. Ligação mecânica (Aperto mecânico) A união dos componentes é alcançada através de parafusos, porcas, rebites, etc. Ao contrário dos
outros tipos de maneiras de ligar duas ou mais chapas de modo a obter a forma pretendida, este
depende maioritariamente da geometria e da superfície a ligar e não tanto dos materiais de que são
feitos. Não depende de reacções químicas ou de fusão de materiais, o que permite que não haja
alterações na composição química ou na microestrutura dos materiais que se vão ligar. [4]
Mesmo assim este tipo de ligações sofrem de limitações geométricas, dimensionais e até estéticas.
Principalmente no caso de se obter o perfil em estudo pois irá sempre acrescentar cabeças de
parafusos ou rebites nos sítios onde eles tiverem sido instalados o que irá tornar inútil o objectivo de
se obter um perfil em “T”. Adiciona também mais peso à estrutura, devido às peças extras utilizadas
para se obter a ligação, aumentando também o custo do componente. Outras desvantagens são as
zonas de concentração de tensões nas juntas que aceleram a corrosão e a ocorrência de falha.
Figura 3 – Exemplos de ligações de chapas por parafusos e rebites
2.1.3. Electro-erosão
No processo de electro-erosão por fio, para se atingir a forma pretendida terá de se partir de um bruto
com dimensões superiores às dimensões do perfil e retirar o material em excesso até se obter a
forma final desejada. A electro-erosão por fio utiliza um eléctrodo em fio de latão como ferramenta,
este vai-se desenrolar continuamente e recortar num bloco de material em bruto, o perfil da forma
pretendida. O eléctrodo encontra-se a uma distância da peça denominada de intervalo de descarga
(gap), o qual é função das condições de trabalho. O eléctrodo e a peça estão ligados a um gerador de
corrente contínua, o qual produz descargas sucessivas de curta duração com tensões na ordem dos
20 e 30 Volts originando um efeito erosivo. Este efeito erosivo irá também afectar o eléctrodo (que
está guardado em forma de bobine, e que terá de ser trocado após a utilização quando chegar ao fim
da bobine, o que envolve custos adicionais relacionados com a troca do eléctrodo. [3]
A grande desvantagem deste processo é o elevado desperdício de material, pois é necessário retirar
muito material ao bruto original para se obter a peça pretendida.
6
Figura 4 – Exemplos do processo de electro-erosão por fio
2.1.4. Corte por Arranque de Apara, (Fresadora) No processo de corte por arranque de apara recorrendo ao uso de uma fresadora, altera-se a forma
de um bruto inicial removendo o material não necessário à obtenção do perfil desejado. Na fresagem
a remoção de material é feita pela combinação de dois movimentos simultâneos, a rotação da
ferramenta (a fresa) e o movimento da mesa da máquina onde a peça a ser trabalhada está fixa. [3]
Tal como no processo de electro-erosão por fio, a grande desvantagem deste processo também será
o elevado desperdício de material, devido à quantidade de material que é removido do bruto para se
obter a forma original pretendida.
Figura 5 – Exemplo do processo de corte por arranque de apara
2.1.5. Ligação Adesiva
O uso de adesivos como método de ligação remonta à pré-história, tendo sido descobertos vestígios
de colares nos quais se utilizou sangue animal como adesivo. Os adesivos sintéticos apareceram
durante a segunda guerra mundial, tais como os epoxy, poliuretanos, fenólicos e ureia-formaldeído.
Apesar do uso de adesivos estruturais ter vindo a aumentar, os adesivos, não-estruturais continuam a
ter um consumo bastante mais elevado [6] (embalagens, indústria do papel, madeiras, etc.).
A ligação com adesivos dá-se através de uma substância que actua como agente químico, gerando
as forças que mantêm os componentes ligados. Essa ligação é garantida principalmente pelas
reacções químicas à superfície dos materiais dos componentes, ainda que possam haver forças
mecânicas de origem electroestática no processo. Este género de ligação, ao contrário dos processos
7
de soldadura e da brasagem, evita os ciclos de aquecimento-arrefecimento que acontecem nos
anteriores. As ligações com adesivo requerem uma cuidada preparação das superfícies com
pequenas tolerâncias e também tempo suficiente de imobilização para que o adesivo solidifique, o
que implica uma produtividade bastante reduzida.
As ligações com adesivo podem também perder as suas propriedades caso estejam sujeitos a
ambientes adversos, e a sua reparação em caso de defeito é praticamente impossível.
No caso de se unir duas chapas finas transversalmente, como seria o caso para a obter a forma em
estudo, a área de contacto entre as chapas é muito reduzida, o que irá diminuir bastante a resistência
final da ligação.
2.1.6. Extrusão A extrusão é um processo tecnológico de deformação plástica em massa, no qual o material é
submetido a pressões muito elevadas (aplicadas por um punção), sendo forçado a atravessar um
orifício (com a forma do perfil pretendido) da matriz projectada, de modo a reduzir e/ou modificar a
forma da sua secção transversal inicial para a pretendida.
Esta tecnologia permite fabricar perfis para componentes de forma variada mas para tal implica
matrizes diferentes para cada forma desejada. Estas matrizes têm a desvantagem de só servirem
para fazer a forma do orifício de cada matriz e o custo que estas matrizes têm é elevado. Estes
equipamentos têm dimensões muito elevadas e custos elevados
Figura 6 – Exemplo do processo de extrusão
8
2.2. Aplicações do processo de sheet-bulk metal forming
O processo de sheet-bulk metal forming é ainda bastante recente, sendo que tem poucas aplicações
por enquanto. Este processo tem sido aplicado para gerar pequenas variações de espessura em
certas zonas de chapas de metal de modo a ser possível depois de obter engrenagens a partir de
chapas de metal, ou obter taças com variações de espessura nas paredes e formas diferentes, como
se pode observar na figura seguinte.
Figura 7 – Diferentes aplicações de sheet-bulk metal forming
2.3. Processo de geração de perfis em “T” em estudo
O estudo das tecnologias alternativas para obter este tipo de componente permitiu concluir que existe
espaço para se desenvolver um novo processo simples e eficiente que possibilite alcançar com
sucesso o resultado pretendido.
Através de um conceito proposto pelo Prof. Luís Alves, estudou-se um método para conseguir a partir
de uma única chapa de metal, se gerar um perfil em “T” com a possibilidade de ter diferentes
configurações finais. Para tal, iram se realizar deformações plásticas de forma a deformar a chapa na
direcção ortogonal à sua espessura, não deixando a zona que está a ser deformada (que se encontra
entre a matriz e o punção) instabilizar. O processo consiste em segurar a chapa ao longo da sua
altura usando uma matriz e deixando de fora uma pequena região da altura da chapa, de seguida
utiliza-se um punção que irá comprimir e deformar a chapa formando um perfil em “T” com abas
curtas, depois sobe-se a chapa e volta-se a deformar aumentando o comprimento das abas do “T” e
continua-se este processo incremental até que as abas tenham o comprimento final desejado. Este
processo passou por 4 fases diferentes nas quais se alterou os punções utilizados, a matriz utilizada
e abordagens diferentes para conseguir alcançar o resultado pretendido e diminuir os defeitos ou
imperfeições causados durante o processo. Também se pode variar a espessura final que se
pretende que as abas tenham no componente final. Nas figuras 8, 9, 10 e 11, podem-se observar
esquemas identificando as diversas partes da evolução do processo e as alterações que este foi
sofrendo.
9
A notação utilizada neste trabalho, no que diz respeito aos parâmetros e geometria deste processo de
deformação, encontram-se nas figuras seguintes tal como um esquema das várias etapas das
diferentes fases do processo.
1ª solução
Figura 8 - Esquema da 1ª solução estudada
2ª solução
Figura 9 - Esquema da 2ª solução estudada
t Espessura da chapa
𝑙0
Altura da chapa
Punção1
Punção2
Matriz1
Matriz1
10
3ª solução
Figura 10 - Esquema da 3ª solução estudada
4ª solução
Figura 11 - Esquema da 4ª solução estudada
𝑟𝑐𝑚
𝑟𝑐𝑚
Punção2
Punção3 Punção4
Matriz2
Matriz2
11
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1. Introdução
O estudo que se apresenta envolve a utilização da deformação plástica de uma chapa de modo a
alterar a sua forma geométrica e provocar alterações nas propriedades mecânicas dessa mesma
peça, tendo em vista obter novas geometrias com possíveis utilizações futuras.
A compreensão mais aprofundada deste processo, quer a nível da definição dos parâmetros
principais, quer das variáveis envolvidas, torna-se fundamental, sendo necessária para a sua plena
descrição científica a utilização da teoria matemática da plasticidade, dado esta descrever os
fenómenos físicos envolvidos no processo que será realizado.
No presente capítulo expõe-se de forma breve esta teoria.
3.2. Teoria da Plasticidade . Quando os corpos sólidos são sujeitos a solicitações exteriores, podem sofrer dois tipos de
deformações, com características distintas entre si.
Os dois tipos de deformações provocadas por solicitações exteriores existentes são a deformação
elástica e a deformação plástica, sendo esta última a importante neste processo. O domínio elástico
caracteriza-se pela recuperação da sua forma original quando cessam as solicitações exteriores
impostas sobre o corpo sólido, anulando a deformação causada. Enquanto no domínio plástico o
corpo sólido irá sofrer deformações das quais o corpo não vai conseguir recuperar a sua forma
original.
Para descrever a mecânica das deformações permanentes (deformações plásticas) associadas a
este domínio utiliza-se a teoria matemática infinitesimal da plasticidade.
3.2.1. Tensão, Extensão e Velocidade de Deformação
De acordo com esta teoria, as deformações num meio contínuo são quantificadas a partir das
variáveis independentes, que são as coordenadas no estado deformado. Perante isto, as tensões,
extensões e velocidades de deformação, são expressas relativamente a um sistema de coordenadas
fixo ao material no estado deformado.
O conceito de tensão é um conceito puramente matemático que está ligado à noção da força (ou
carga) aplicada por unidade de superfície, como tal é um conceito não mensurável ao contrário das
forças e deslocamentos. A generalização do conceito de tensão aplicado ao domínio tridimensional,
dá origem à noção de estado de tensão num ponto, P, que se define através do tensor das tensões
seguinte:
12
𝜎ij = [
𝜎xx 𝜏xy 𝜏xz
𝜏yx 𝜎yy 𝜏yz
𝜏zx 𝜏zy 𝜏zz
] (3.1)
em que 𝜏𝑖𝑗 = 𝜏𝑗𝑖
O tensor das tensões pode ser decomposto num tensor hidrostático ou das tensões médias (σkk)
envolvendo somente estados puros de tracção ou compressão e num tensor desviador (σ’ij), onde as
componentes normais são o remanescente da tensão hidrostática para a total [1].
𝜎𝑖𝑗 = 1
3 𝛿𝑖𝑗𝜎𝑘𝑘 + 𝜎´𝑖𝑗 = [
𝜎𝑚 0 00 𝜎𝑚 00 0 𝜎𝑚
] + [
𝜎′𝑥𝑥 𝜏𝑥𝑦 𝜏𝑥𝑧
𝜏𝑦𝑥 𝜎′𝑦𝑦 𝜏𝑦𝑧
𝜏𝑧𝑥 𝜏𝑧𝑦 𝜎′𝑧𝑧
] (3.2)
em que 𝛿𝑖𝑗 é o delta de Kronecker e 𝜎𝑚 a tensão média,
𝜎𝑚 = 𝜎𝑥𝑥 +𝜎𝑦𝑦 +𝜎𝑧𝑧
3 (3.3)
Para descrever as deformações nos corpos sólidos é também introduzido o conceito matemático de
extensão. Na presença de grandes deformações é frequente recorrer-se à extensão verdadeira ou
logarítmica (ε),
휀 = ∫𝑑𝑙
𝑙
𝑙
𝑙𝑜= 𝑙𝑛 (
𝑙
𝑙𝑜) (3.4)
A fórmula anterior considera que em cada instante um incremento infinitesimal de deslocamento, d𝑙,
relativamente ao comprimento instantâneo de referência, 𝑙.
Generalizando o conceito de extensão ao referencial tridimensional, tal permite, para incrementos de
deslocamentos pequenos, determinar o acréscimo de deformação num elemento de volume arbitrário
através do tensor das extensões, 휀𝑖𝑗 (휀𝑖𝑗 = 휀𝑗𝑖) [1],
휀𝑖𝑗 = [
휀𝑥 휀𝑥𝑦 휀𝑥𝑧
휀𝑦𝑥 휀𝑦 휀𝑦𝑧
휀𝑧𝑥 휀𝑧𝑦 휀𝑧
] = 1
2 (
𝜕𝑢𝑖
𝜕𝑥𝑗+
𝜕𝑢𝑗
𝜕𝑥𝑖) (3.5)
13
em que εij = εji
De forma análoga ao que foi feito com o conceito de extensão, pode ser igualmente introduzido o
conceito de velocidade de deformação, atendendo a que sendo as extensões expressas em função
do campo de deslocamentos (𝒰𝑖𝑗 ), as velocidades de deformação (ℰ̇) são expressas através do
campos de velocidades (𝒱𝑖𝑗), obtendo-se,
휀�̇�𝑗 = 1
2 (
𝜕𝑣𝑖
𝜕𝑥𝑗+
𝜕𝑣𝑗
𝜕𝑥𝑗) (3.6)
3.2.2. Critérios de Plasticidade A generalidade dos processos tecnológicos de deformação plástica compreendem estados de tensão
à tracção e/ou compressão de natureza biaxial ou triaxial. Uma das características com maior impacto
na teoria da plasticidade é o estabelecimento de relações entre as tensões, as quais permitem
conhecer as condições em que o material sai do domínio elástico e entra no domínio plástico, ou seja,
quando ultrapassa o limite de elasticidade, independentemente do estado de tensão a que está
sujeito. Estas relações são os critérios de plasticidade. Na maioria dos casos, um critério de
plasticidade irá depender do completo estado de tensão de um ponto a considerar, o qual é
caracterizado por nove componentes de tensão nesse ponto, sendo seis dela independentes. ([1]
Rodrigues e Martins, 2005),
Genericamente, qualquer condição de limite de elasticidade pode escrever-se da seguinte maneira,
Ϝ(𝜎𝑖𝑗) = K (3.7)
Sendo F(𝜎𝑖𝑗) uma função conhecida do estado de tensão, e K um parâmetro característico do
material, o qual é determinado experimentalmente. No caso de materiais isotrópicos, a entrada em
domínio plástico, ou seja, o critério de plasticidade deve ser independente do sistema de eixos
escolhido. Passando a expressão matemática anterior, a escrever-se em função dos três invariantes
do tensor das tensões 𝐼1, 𝐼2, 𝐼3 , ou seja,
𝐹 (𝐼1𝐼2𝐼3) =K (3.8)
14
em que,
𝐼1 = 𝜎𝑖𝑖 (3.9)
𝐼2 = 1
2 𝜎𝑖𝑗𝜎𝑗𝑖 (3.10)
𝐼3 = 1
3 𝜎𝑖𝑗𝜎𝑗𝑘𝜎𝑘𝑖 (3.11)
Como já foi referido anteriormente, o estado de tensão pode ser decomposto em dois componentes,
podendo o tensor das tensões ser formado por um tensor hidrostático e um tensor desviador.
A tensão média, ou hidrostática, é obtido através da média aritmética das tensões normais,
𝜎𝑚 = 𝜎𝑥𝑥+𝜎𝑦𝑦 +𝜎𝑧𝑧
3 =
𝐼1
3 (3.12)
Segundo os trabalhos experimentais de Bridgman [9], os materiais metálicos densos não são
afectados pela tensão hidrostática, e a função limite de elasticidade será apenas função dos
invariantes do tensor desviador das tensões [1],
F ( 𝐽2 , 𝐽3 ) = 𝐾 (3.13)
em que 𝐽2 e 𝐽3 representam respectivamente o segundo e terceiro invariantes do tensor desviador
das tensões:
𝐽2 = 1
2 𝜎′í𝑗 𝜎′𝑖𝑗 (3.14)
𝐽3 = 1
3 𝜎′𝑖𝑗 𝜎′𝑗𝑘 𝜎′𝑘𝑖 (3.15)
No estudo dos materiais metálicos, os critérios de plasticidade mais utilizados são os de Tresca [7] e
Von Mises [8]:
- Tresca admite que, o início da deformação plástica ocorre, quando a tensão de corte máxima atingir
um valor crítico, K.
15
-Von Mises admite que, o início da deformação plástica se verifica quando, a energia elástica de
distorção atingir um valor crítico, igual à energia elástica de distorção, no ponto correspondente ao
limite de elasticidade em tracção uniaxial.
O critério de plasticidade de Tresca pode ser escrito matematicamente sob a forma da equação ([1]
Rodrigues e Martins, 2005),
𝜏𝑚𝑎𝑥 = 𝜎1−𝜎3
2 ≥ 𝑘 (3.16)
em que 𝑘 representa a tensão limite de elasticidade em corte puro, que se relaciona com a tensão
limite de elasticidade (𝜎𝑒) no ensaio de tracção uniaxial, por 2𝑘 = 𝜎𝑒, no caso do critério de Tresca, e
por √3𝑘 = 𝜎𝑒 , no caso do critério de von Mises.
A representação gráfica destas equações no espaço tridimensional de Haigh-Westergaard (Figura
12), ou espaço das tensões principais, define as designadas superfícies limite de elasticidade de
Tresca e Von Mises, sendo o critério de Tresca representado por um prisma hexagonal e o critério de
Von Mises por um cilindro, ambos centrados no eixo 𝜎1= 𝜎2= 𝜎3.
Figura 12 - Representação gráfica no espaço tridimensional de Haigh-Westergaard das superfícies limites de deformação elástica de Tresca e Von Mises de um material isotópico.
Na generalidade de materiais metálicos, o critério de plasticidade de Von Mises é o mais adequado
na reprodução dos resultados experimentais.
16
Embora a maioria dos processos de deformação plástica envolva geralmente complexos estados de
tensão multiaxial, a teoria da plasticidade desenvolve-se apoiada em ensaios simples com
características uniaxiais ou quanto muito biaxiais, como nos exemplos anteriormente enunciados dos
critérios de plasticidade. Por esta razão, há necessidade de se definirem variáveis que permitam
efectuar a equivalência entre estes estados complexos de deformação e os estados uniaxiais,
aparecendo deste modo os conceitos de tensão efectiva e extensão efectiva.
A tensão efectiva (𝜎), representa uma grandeza , em função da tensão aplicada, que permite
comparar os estados de tensão multiaxiais com estados equivalentes de tensão uniaxiais. A tensão
efectiva para o critério de plasticidade de Von Mises é dada por:
𝜎 ̅= √3
2 𝜎′𝑖𝑗𝜎′𝑖𝑗 (3.17)
A extensão efectiva (휀)̅, é definida de modo a ser uma quantidade conjugada da tensão
relativamente ao trabalho incremental por unidade de volume (𝑑𝑤),
𝑑𝑤 = �̅� 𝑑휀 ̅= 𝜎𝑖𝑗 𝑑휀𝑖𝑗 (3.18)
Segundo o critério de plasticidade de Von Mises, pode demonstrar-se que o incremento de extensão
efectiva ( 𝑑휀 ̅) é dado por:
𝑑휀 ̅ = √3
2𝑑휀𝑖𝑗𝑑휀𝑖𝑗 (3.19)
Obtendo–se a extensão efectiva por integração da equação anterior:
휀 ̅= ∫ 𝑑휀 ̅ (3.20)
17
3.2.3. Equações Constitutivas
A teoria matemática da plasticidade serve para estabelecer as relações existentes entre a tensão e a
extensão, para os materiais em domínio plástico.
No domínio elástico, vigora a Lei de Hooke, a qual relaciona de forma linear a tensão com a
extensão, dependo apenas dos estados inicial e final de tensão e de deformação. No domínio
plástico, os ensaios de tracção uniaxial, demonstram que tal não se verifica, ou seja, a relação deixa
de ser linear.
Em plasticidade, as extensões deixam de ser univocamente determinadas pelas tensões, pois
resultam da história do carregamento, ou seja da maneira como se obtém o estado de tensões. Isto
implica a necessidade de se determinar os incrementos de deformação plástica ao longo da história
do carregamento, ou seja, à medida que o carregamento evolui, através da qual obtemos a
deformação total por integração entre os estados inicial e final.
As relações entre os incrementos de tensão e extensão, no domínio plástico são conhecidas como as
“leis do escoamento plástico” (equações constitutivas). As primeiras relações foram propostas por
Lévy em 1871 e por Von Mises em 1913 ficando então conhecidas como as equações constitutivas
de Lévy-Mises, permitindo relacionar os incrementos de extensão plástica total com o valor da tensão
desviadora da seguinte forma, (Rodrigues e Martins, 2005),
𝑑𝜀𝑖𝑗𝑝
𝜎′𝑖𝑗 = d𝜆 (3.21)
Sendo 𝜎𝑖𝑗
′ a tensão desviadora e 휀𝑖𝑗𝑝
o incremento da extensão plástica.
E d𝜆 é uma constante de proporcionalidade que não é uma constante do material e pode variar ao
longo da história do carregamento e que se determina conjugando este critério com a noção de
trabalho plástico por unidade de volume
d𝜆 = 3
2 𝑑 𝜀𝑝̅̅̅̅
�̅� (3.22)
Onde os valores de d휀𝑝̅̅ ̅ e 𝜎 ̅representam, a extensão plástica efectiva e a tensão efectiva.
Substituindo a equação 3.22 na 3.21, obtém-se a equação de Levy-Mises na forma:
d휀𝑖𝑗𝑝
= 3
2
𝑑�̅�
�̅� 𝜎′𝑖𝑗 (3.23)
18
As equações anteriores são apenas válidas no regime plástico, pois ignoram a componente elástica
da deformação, fazendo coincidir os incrementos de extensão total com os de extensão plástica.
Estas equações são indicadas para o estudo de processos tecnológicos de deformação plástica em
que as deformações plásticas atingidas pelas peças são relativamente elevadas, e as extensões
elásticas desprezadas sem alterar significativamente os resultados.
No caso mais geral terá de aplicar-se uma equação constitutiva mais abrangente, que inclua também
a deformação elástica. As equações constitutivas conhecidas como de Prandt-Reuss (Prandtl em
1925 e Reuss em 1930), não são mais do que uma generalização da equação de Levy-Mises, em
que o incremento de extensão total é definido como sendo a soma das componentes dos incrementos
das extensões elásticas e plástica, sendo escrita da seguinte forma:
𝒹휀𝑖𝑗 = 𝒹휀𝑖𝑗𝑒 + 𝒹휀𝑖𝑗
𝑝 (3.24)
em que o incremento de extensão plástica é obtido pela aplicação da equação (3.23) e o incremento
de extensão elástica é calculado a partir das relações tensão-extensão em domínio elástico, também
conhecidas por leis de Hook:
𝒹휀𝑖𝑗𝑒 =
1+𝒱
𝐸 𝒹 𝜎′𝑖𝑗 +
(1−2 𝒱)
𝐸 𝒹𝜎𝑘𝑘
3 𝛿𝑖𝑗 (3.25)
Sendo E e 𝒱 respectivamente o módulo de Young e o coeficiente de Poisson e, 𝛿𝑖𝑗 , o delta de
Kronecker ,como já se verificou anteriormente (Rodrigues e Martins, 2005).
19
4. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
4.1. Introdução
A dificuldade em obter uma solução satisfatória em relação às equações constitutivas e de
escoamento plástico que caracterizam o comportamento mecânico de um material, levou ao
desenvolvimento de soluções numéricas aproximadas, entre as quais se destacam; método da fatia
elementar, método das linhas de escorregamento, método do limite superior e o método dos
elementos finitos.
Através dos trabalhos de Turner, Argyrs, Kelsey e Clough, o qual apresentou pela primeira vez o
termo de “elemento finito”, desenvolveu-se o método dos elementos finitos durante o final da década
de 50.
Inicialmente este método foi utilizado para a resolução de problemas de análise estrutural. Mais tarde,
Marçal, Yamada, Zienkiewicz, Kobayashi aplicaram o método dos elementos finitos na resolução de
problemas elasto-plásticos em deformação plana ou axisimétrica, dos quais se destacam a
indentação, a compressão simples e a extrusão.
A formulação sólida para deformações infinitesimais não servia para analisar as não-linearidades
associadas à geometria e ao material decorrente das grandes deformações plásticas características
dos processos de fabrico, apenas permitia simular correctamente as operações de fabrico em que os
níveis de deformação e rotação pudessem ser desprezados. No início da década de 70, Lee e
Kobayashi, Cornfield e Johnson, e Zienkiewicz e Godbole desenvolveram uma outra formulação,
chamada de “formulação do escoamento plástico” (“flow formulation”), que descreve o escoamento
dos materiais metálicos em deformação plástica de uma forma análoga ao escoamento dos fluídos
viscosos e incompressíveis.
Devido às elevadas deformações plásticas às quais as peças são submetidas durante as operações
de fabrico, por deformação plástica, despreza-se as extensões elásticas, e os materiais são
caracterizados, através de leis de comportamento rígido-plásticas/visco-plásticas e as relações entre
a tensão e a velocidade de deformação baseiam-se nas equações constitutivas de Lévy-Mises.
Nesta dissertação recorreu-se ao programa de modelação matemática denominado programa de
elementos finitos i-form2 e ao pré/pós processador Gid 7.2, para efectuar a parte da simulação
numérica que traduzia a deformação ocorrida neste estudo.
A utilização destes programas permitiu efectuar todos os passos necessários à resolução do
problema em questão; desde a criação de matrizes, à componente a deformar, à criação da malha e
à visualização dos resultados.
20
Os processos de deformação plástica têm por força da sua aplicação conhecido um aumento de
complexidade e exigência, quer a nível de custos, quer de tempo, havendo uma necessidade
crescente de fazer escolhas adequadas e optimizadas nas mais variadas operações de fabrico.
A modelização matemática, tem ajudado a compreender estes processos, a determinar os seus
efeitos, e a optimizá-los. A sua aplicação tem como objectivo conhecer o comportamento de
determinado material em contacto com a superfície das ferramentas antes de, ou mesmo sem,
recorrer ao método experimental.
A utilização do método dos elementos finitos possibilita uma variada gama de análises em processos
de deformação plástica, pois permite o estudo de quaisquer casos independentemente da geometria
das matrizes e das condições de atrito existentes entre estas e o material em deformação. Este
método fornece as distribuições das principais variáveis de campo no interior do material: cargas,
tensões, extensões, variações de volume e temperatura, à medida que a deformação se processa,
obtendo-se assim resultados precisos.
O desenvolvimento numérico, em elementos finitos, no âmbito desta dissertação, consistiu em aplicar
o critério de plasticidade de Von-Mises com base na formulação de escoamento plástico a um caso
de deformação plástica, em material metálico. Os resultados obtidos numericamente por este método
foram então comparados com os experimentais de modo a validar os primeiros.
4.2. Equações Básicas As equações de equilíbrio de tensões relativas a um elemento de volume genérico, podem ser
expressas através das componentes do tensor das tensões da seguinte forma:
𝜕𝜎𝑖𝑗
𝑥𝑗 + Χ𝑖 = 0 (4.1)
em que 𝛸𝑖 representa o vector das forças que actuam no elemento por unidade de volume, ou seja,
as forças mássicas.
Nas situações em que possam ser desprezadas as forças acima referidas, a formulação fraca da
equação (4.1) é dada por:
∫𝑣 𝜕𝜎𝑖𝑗
𝜒𝑗 𝛿𝓊𝑖 𝒹𝑉 = 0 (4.2)
em que 𝛿𝑢𝑖 é uma perturbação arbitrária da velocidade 𝑢𝑖.
21
Aplicando o teorema da divergência à equação anterior (4.2) e levando em conta que para as tensões
exteriores aplicadas 𝜎𝑖𝑗 𝓃𝑗 = 𝑇𝑖, obtém-se:
∫𝒱 �̅�𝑖𝑗 𝛿휀̅�̇�𝑗 𝒹𝑉 - ∫
𝑠𝛾 𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖 𝒹𝑆 = 0 (4.3)
em que 휀̅�̇�𝑗 representa o tensor das velocidades de deformação e V representa o volume de
controlo, limitado pelas superfícies, 𝑆𝑢 e 𝑆𝛾 , onde a velocidade e a tensão estão prescritas,
respectivamente.
Substituindo na equação (4.3) o tensor das tensões 𝜎𝑖𝑗, pelas suas componentes desviadora 𝜎′𝑖𝑗 e
volumétrica 𝜎𝑚, atendendo à combinação das equações constitutivas de Lévy-Mises com a definição
de velocidade de deformação efectiva,
𝜎′𝑖𝑗𝛿휀𝑖𝑗 = 𝜎𝛿휀̅̇ , a equação pode ser reescrita do seguinte modo:
∫𝑉 𝜎𝑖𝑗 𝛿 휀 ̅̇ 𝒹V + ∫
𝑉 𝛿 휀�̇� 𝒹V - ∫
𝑆𝛾 𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖 𝒹𝑆 = 0 (4.4)
em que 𝛿휀�̇� representa uma perturbação arbitrária da velocidade de deformação volumétrica, e
𝜎 = 𝜎(휀,̅ 휀 ̅̇), é a tensão efectiva para materiais rígido-plásticos ou rígido-viscoplásticos.
A condição de incompressibilidade exigida ao campo de velocidades de um material em deformação
plástica, ou seja, 휀�̇� = 0, pode ser introduzida na equação anterior por adição de um termo
identicamente nulo, obtendo-se:
∫𝑉
�̅�𝛿휀 ̅̇𝒹𝑉 + ∫𝑉 𝜎𝑚𝛿휀�̇�𝒹𝑉 + ∫
𝑉 𝛿𝜎𝑚𝛿휀�̇�𝒹V - ∫
𝑆𝛾𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖𝒹S= 0 (4.5)
Também se pode obter o mesmo resultado a partir do segundo principio extremo de Hill, que admite
que a solução de problemas rígido-plásticos passe por determinar o campo de velocidades, 𝑢𝑖 ,
cinematicamente admissível, que satisfaça a condição de incompressibilidade, que obedeça às
condições de fronteira e que simultaneamente minimize o funcional:
∏ = ∫𝑉 �̅� 휀̅̇ 𝒹V - ∫
𝑆𝛾 𝑇𝑖𝑢𝑖 𝒹 S (4.6)
o que se obtém resolvendo a seguinte equação:
𝜕Π =∫𝑉
�̅�𝛿휀 ̅̇𝒹𝑉 - ∫𝑆𝛾
𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖 𝒹S = 0 (4.7)
22
A resolução numérica da equação anterior através do método dos elementos finitos, levanta o
problema de se encontrarem funções de forma que, simultaneamente, assegurem a
incompressibilidade do campo de velocidades 휀�̇�, e evitem as deformações correspondentes a
movimentos de corpo rígido. Uma forma de ultrapassar este tipo de problemas consiste em introduzir
um multiplicador de Lagrange, λ, no funcional (4.6) obtendo -se:
Π =∫𝑉 �̅�휀 ̅̇ 𝒹v + ∫
𝑉 𝜆휀�̇� 𝒹v - ∫
𝑠𝛾𝑇𝑖𝑢𝑖 𝒹S (4.8)
A minimização do funcional anterior (4.8) corresponde à anulação da variação de primeira ordem do
mesmo, 𝜕Π = 0, ou seja:
𝜕Π = ∫𝑉 �̅� 𝛿휀̅̇ 𝒹𝑉+∫
𝑉𝜆 휀�̇� 𝒹V+ ∫
𝑉𝛿 𝜆 휀�̇� 𝒹V - ∫
𝑠𝛾 𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖𝒹S = 0 (4.9)
A comparação da equação anterior com a equação (4.5) permite concluir que o multiplicador de
Lagrange, 𝜆 , coincide com o valor da tensão média,𝜎𝑚.
Outro modo de resolver o problema da incompressibilidade exigida ao campo de velocidades consiste
em penalizar o funcional (4.6) através da introdução de uma constante de penalidade, K, que actua
directamente sobre a velocidade de deformação volumétrica, 휀�̇�
Π = ∫𝑉
�̅� 휀̅̇ 𝒹𝑉 + 1
2 Κ ∫
𝑉 휀�̇�
2 𝒹V - ∫𝑠𝛾
𝑇𝑖 𝑢𝑖 𝒹 S (4.10)
Também aqui a minimização do funcional anterior (4.10) corresponde à anulação da variação de
primeira ordem do mesmo, 𝜕Π = 0, ou seja:
∂Π =∫𝑉
�̅�𝛿휀 ̅̇ 𝒹𝑉 +𝛫 ∫𝑉 휀�̇� 𝛿휀�̇� 𝒹V - ∫
𝑠𝛾𝑇𝑖𝛿𝑢𝑖 𝒹S = 0 (4.11)
onde K é uma grande constante positiva que reforça o constrangimento da incompressibilidade, e
cujo valor pode ser directamente relacionado com a tensão média, através de:
σm= 1
2 Κ ε̇V = λ (4.12)
onde V é o volume de controle limitado pelas superfícies ,𝑆𝑢 e 𝑆𝑡.
23
A técnica dos multiplicadores de Lagrange é uma técnica mista, que tem como variáveis a determinar,
a velocidade e a tensão média. No processo de discretização pelo método dos elementos finitos,
estes dois campos devem ser discretizados em separado, o que implica mais variáveis e
consequentemente mais equações a resolver.
A técnica da função de penalidade apresenta a vantagem de ser mais simples e menos dispendiosa
do que a anterior, na medida em que o número de variáveis e equações a resolver não é aumentado,
exigindo apenas a determinação do campo de velocidades. As principais desvantagens do uso da
função da penalidade consistem no problema de enrijecimento e na obtenção de sistemas de
equações mal condicionados.
O problema de enrijecimento consiste no facto de, à medida que se aumenta o valor da constante K,
para melhor respeitar a condição de incompressibilidade, se assistir ao desvio da solução real para a
solução trivial (u = 0), ou seja, um aumento do valor da constante de penalidade K proporciona um
aumento da rigidez do material, que se traduz na formação de “zonas rígidas”, nas quais as
componentes do tensor das velocidades de deformação são muito reduzidas ou mesmo nulas. Estas
zonas são também caracterizadas por terem um valor de velocidade de deformação efectiva
substancialmente inferior ao valor médio dessa mesma velocidade de deformação no restante
material, o que causa dificuldades numéricas e em particular matrizes mal condicionadas. Este
problema pode ser minimizado através da utilização de técnicas de tratamento de zonas rígidas.
O programa i-form3 utiliza a técnica da função da penalidade e de cut-off.
4.3. Discretização através de elementos finitos A implementação numérica do método dos elementos finitos passa pela discretização do volume da
peça V, através de M elementos ligados entre si por N pontos nodais. No interior de cada elemento,
a distribuição de velocidade é obtida à custa dos valores nodais, através da relação:
𝑢 = 𝑁𝜈 (4.13)
em que N é a matriz das funções de forma, 𝑁𝑖,do elemento, e 𝜈 o vector das velocidades nodais do
elemento.
O vector das velocidades de deformação poder ser calculado através de:
휀̇ = 𝐵𝜈 (4.14)
em que B é a matriz das velocidades de deformação.
24
Considerando a incompressibilidade imposta através da constante de penalidade K, a discretização
da equação (4.1) ao nível do elemento (𝑛) origina o seguinte sistema de equações algébricas não
lineares relativamente às velocidades nodais ʋ:
∑ [∫𝑉(𝑛)
�̅�
�̇̅�𝑃 𝑣 𝒹𝑉 + 𝐾∫
𝑉(𝑛) 𝐶𝑇𝐵𝑣𝐶𝑇𝐵𝒹𝑉 − ∫𝑆𝑇
(𝑛)𝑁𝑇 𝑇𝒹𝑆]𝑁𝑛=1 =0 (4.15)
em que:
𝑃 = 𝐵𝑇𝐷𝐵 (4.16)
Sendo D a matriz que relaciona a tensão desviadora com a velocidade de deformação, de acordo
com as equações constitutivas rígido-plásticas de Levy-Mises e C a representação vectorial do
símbolo de Kronecker.
A resolução do sistema de equações (4.12) passa pela sua linearização através do método iterativo
de Newton-Raphson, em ordem aos incrementos de velocidade Δʋ [10]
4.4. I-FORM2D Neste trabalho foi utilizado o programa de elementos finitos i-form2, o qual foi desenvolvido no
Instituto Superior Técnico e destinado à simulação numérica de processos de deformação plástica. O
i-form2 aplica-se a situações referidas a 2 dimensões, e o i-form3 que se aplica a casos referidos a 3
dimensões.
O programa baseia-se nas equações do escoamento plástico e considera o comportamento rígido-
plástico e rígido-viscoplástico dos materiais, de acordo com relações tensão-extensão/velocidades de
deformação do tipo: (Sá, 2010)
𝜎 = 𝑓(ℰ̅, ℰ̅̇) (4.17)
O software de elementos finitos i-form2 permite a obtenção de um largo conjunto de resultados e
conta com dois módulos para efectuar o pré e pós processamento, respectivamente, o pre e post. Os
resultados que este programa permite verificar são:
A evolução da geometria da peça em qualquer altura do processo
A evolução da carga aplicada com o deslocamento ou com a deformação
A distribuição de algumas variáveis de campo, tais como a tensão, a extensão e velocidade
de deformação, entre outras.
25
4.4.1. Pré-processador, pre Este módulo destina-se ao pré-processamento, no qual definem-se as condições iniciais do problema
e as respectivas variáveis envolvidas. Nesta fase importou-se a malha da pré-forma a qual foi criada
com o auxílio do software GiD, sendo as malhas das matrizes criadas no próprio módulo.
Com o pré-processamento é possível associar um material ao modelo a deformar, possuindo para tal
uma base de dados, que possibilita, no entanto, a introdução de novos dados por parte do utilizador,
através da junção para este efeito, da equação polinomial ou exponencial da curva tensão-extensão
do material alvo.
O módulo em causa possibilita ainda a introdução das propriedades mecânicas do processo, o
estabelecimento das principais variáveis de controlo e parâmetros responsáveis pelo método de
convergência do processo iterativo.
Deste modo podem ser definidas: a velocidade e o atrito das matrizes, o número de passos (step) e a
sua duração, o critério de plasticidade, o tipo de atrito, bem como a precisão dos critérios de
convergência do processo de simulação numérica.
4.4.2. Pós- Processador, post No pós-processamento procede-se ao tratamento e representação gráfica dos resultados obtidos com
o processador, i-form2. As principais tarefas efectuadas neste módulo, são a representação das
várias variáveis de campo da deformação, sendo elas: carga, velocidade ou volume de deformação
em função do número de step, deslocamento ou tempo.
Este módulo permite a exportação de ficheiros para visualização gráfica, no programa GiD, dos
diversos passos do processo de deformação, representando o modelo em esbatimento colorido ou
isolinhas. São então representadas diversas variáveis de campo, como por exemplo, tensões,
extensões, variação de volume e campo de velocidades.
4.5. GiD 7.2
Este programa desenvolvido pelo Centro Internacional de Métodos Numéricos (CIMNE) sedeado em
Barcelona, é um pré e pós processador que permite a modelação geométrica de modelos, a geração
da malha e a visualização e análise de resultados.
O GiD permite a utilização em conjunto com os principais programas de simulação numérica,
incluindo o i-form. É este programa, que permite a exportação de ficheiros a serem utilizados no i-
form2, correspondentes às matrizes e modelos a serem utilizados.
No modo de pós processamento, permite a visualização dos steps importados do post, em
representação gráfica a 2 dimensões. As várias etapas da simulação numérica de deformação são
deste modo apresentadas em esbatimento colorido, podendo-se alocar, a cada um, a representação
de uma das variáveis de campo mencionadas em (4.4.2).
26
5. SIMULAÇÃO NUMÉRICA
5.1. Introdução Para além de se analisarem os resultados experimentais, a análise numérica detém também um
papel fundamental na presente dissertação, pois é importante simular o processo de modo a
conseguir entender melhor o escoamento do material e as deformações a que os componentes estão
sujeitos. Para tal, como referido anteriormente, foi necessário recriar o processo estudado, com o
auxílio de software informático de elementos finitos chamado I-FORM, abordado no capítulo 4. Esta
simulação permite também analisar cada fase dos processos estudados, em termos das variáveis de
campo (carga, tensão, extensão, velocidade de deformação, etc.). Esta análise é de extrema
importância pois permite identificar as zonas críticas durante o processo onde se verificam os valores
máximos destas variáveis. Permitindo também fazer uma análise prévia de como o processo irá
evoluir e como a variação dos parâmetros do processo alteram os resultados obtidos. Dando uma
primeira aproximação e orientação para os ensaios experimentais que serão realizados após a
simulação numérica.
Devido à simetria da geometria, do processo e ao facto de a espessura da chapa ser muito inferior à
largura dela, foi considerada a aproximação de que se poderia simular a operação como uma
deformação plana, simulando assim este processo em duas dimensões (2D). Foi então utilizada a
versão 2D do I-FORM para a simulação numérica deste processo, o que facilita bastante o cálculo e
permite diminuir o tempo total de CPU.
A malha é uma componente importante no estudo numérico, dado que, a dimensão dos elementos
finitos depende directamente do refinamento da mesma. O programa I-FORM recorre a um processo
iterativo no qual a sua complexidade aumenta à medida que se analisa um maior número de nós e
elementos, dependendo dele o tempo de computação necessário. Um refinamento grosseiro, com
baixo número de elementos, torna a computação mais fácil e rápida embora comprometa os
resultados, pois associado a elementos de grandes dimensões estão erros maiores. Um refinamento
demasiado fino simula a geometria quase na perfeição mas dificulta a computação, com operações
matriciais mais complexas, e também pode aumentar o erro, pela quantidade exagerada de cálculos.
A solução de compromisso é portanto a mais indicada no que toca à discretização da malha, por isso
é que se usou uma malha mais grosseira na base da chapa longe de onde o processo de deformação
ocorre, e se usou um refinamento mais fino de malha na parte superior da chapa nas zonas onde
iriam sofrer as maiores deformações do processo. Tentando simular o melhor possível a peça
estudada, com tempos de computação e erros admissíveis.
Para se introduzir os dados do problema no I-FORM, foram definidas as condições iniciais do
problema. Como tal, foi necessário criar-se as matrizes, os punções, a chapa e as malhas com os
27
elementos discretizados. Para isso recorreu-se ao software GiD. No pré-processador do I-FORM (pre)
importou-se as ferramentas e componentes a analisar com a respectiva malha e escolheu-se o
material dos componentes, as velocidades das matrizes, o atrito entre as superfícies, os parâmetros
para a convergência das iterações, entre outros. Correu-se a simulação no programa I-FORM 2D e
posteriormente analisou-se e visualizou-se os resultados no pós-processador (post). De seguida
comparou-se estes resultados com os dados obtidos experimentalmente, os quais são apresentados
no capítulo de Resultados e Discussão.
5.2. Parâmetros do Processo Durante o pré-processamento é preciso definir-se as variáveis que controlam o processo a ser
realizado. Para tal tem que se definir variados parâmetros para a análise de elementos finitos que a
simulação irá realizar como:
i. A geometria irá estar sob condições de deformação plana, e serão escolhidos diferentes
deslocamentos por incremento para diferentes ensaios.
ii. São introduzidos os dados em relação à curva que gere a deformação do material.
iii. Nos ensaios envolvendo separação de fluxo de material será escolhido as condições em que
os elementos pequenos sobre a linha de simetria da peça são eliminados pelo gume de
separação.
iv. Escolheu-se as condições de controlo da simulação do contacto e atrito entre a peça e as
matrizes e entre a peça consigo própria.
v. Finalmente seleccionou-se o factor de fricção das matrizes e as velocidades destas, sendo
que o Punção (matriz superior) iria se deslocar na direcção vertical para baixo e a matriz
inferior encontra-se parada.
28
Sendo este processo uma técnica nova, foi preciso fazer um plano de ensaios que será apresentado
no próximo ponto, para poder-se testar e variar os diferentes parâmetros que desejamos alterar e
estudar, envolvidos no processo, como:
Variações do 𝑙𝑔𝑎𝑝 a trabalhar
Figura 13 - Exemplo de variações de 𝒍𝒈𝒂𝒑 inicial
Variações do deslocamento inicial do punção podendo este definir imediatamente ou não a
espessura final da aba que se pretende obter no perfil final
Figura 14 - Exemplo de variações do deslocamento inicial do punção
𝑙𝑔𝑎𝑝
h
29
Variações dos deslocamentos seguintes do punção (d- valor dos deslocamentos seguintes) e
número de incrementos para se atingir o comprimento de aba (Laba) final desejado. O valor da
distância que a chapa sobe entre incrementos é o mesmo valor de deslocamentos que
punção irá efectuar.
Figura 15 – Exemplo de variações dos valores dos deslocamentos seguintes ou do número de incrementos, aumentando o comprimento da aba Laba.
Variações nos punções e matrizes a utilizar
Figura 16 – Diferentes punções e matrizes propostos e ensaiados para se conseguir gerar o perfil
final desejado
Na figura 16 pode-se observar os diferentes punções e matrizes utilizados nas diferentes simulações,
(a) punção1 e matriz1 usados nas simulações da 1ª solução proposta, (b) punção2 e matriz1
utilizados nas simulações da 2ª solução proposta, (c) punção2 e matriz2 usados nas simulações da 3ª
solução proposta, (d) punção3, punção4 usados alternadamente em conjunto com a matriz2 nas
simulações da 4ª solução proposta.
5.3. Plano de Ensaios
Aqui são apresentados os planos de ensaios que mostram as diferentes fases dos ensaios numéricos
e as evoluções que existiram nos punções e na matriz para ir solucionando os problemas
encontrados ao longo das simulações e dos ensaios experimentais. Estes planos podem ser
observados nas tabelas abaixo.
Primeiro efectuou-se um estudo numérico para se verificar se seria viável utilizar uma linha de
simetria no processo e simular apenas metade do processo de forma a tornar possível uma
Laba
30
diminuição do tempo de computação devido ao menor número de cálculos numéricos que o
computador teria de efectuar. Para tal simulou-se 3 compressões em condições diferentes
(𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm,15mm,20mm), nas quais o Punção1 iria descer e comprimir a chapa até obter uma
espessura de aba h=5mm, o qual implica respectivamente um movimentos do Punção1 de 5mm,
10mm, 15mm.
Comprimentos de Gap (𝒍𝒈𝒂𝒑)
Com linha de simetria
10mm 15mm 20mm
Sem linha de simetria
10mm 15mm 20mm
Tabela 2 - Verificação da influência do uso de uma linha de simetria na simulação
Depois de tiradas as conclusões da comparação dos resultados numéricos em relação ao possível
uso da linha de simetria realizou-se um plano de ensaios utilizando o Punção 1 e a Matriz 1. Neste
estudo, verificou-se a influência da variação dos deslocamentos inicial do punção (o qual define a
espessura da aba da chapa) e dos deslocamentos de punção seguintes (os quais iram definir o
comprimento da aba final) para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm. O qual pode-se observar na tabela abaixo.
Gap 10mm
Espessura de aba 8mm 5mm 3mm
Incrementos seguintes 3mm 5mm 3mm 2mm 5mm 3mm
h8d3 h5d5 h5d3 h5d2 h3d5 h3d3
Tabela 3 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm.
31
Após a análise dos resultados anteriores foi feito um novo plano de ensaios utilizando o Punção 2 e a
Matriz 1. Nesta análise já se realizaram para além de simulações com um 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, outras duas
para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, também variando os mesmos parâmetros da hipótese anterior. O plano de
ensaios verifica-se na tabela de seguida.
Gap 5mm Gap 10mm
Espessura de aba 3mm 2mm 8mm 5mm 3mm
Incrementos
seguintes 5mm 3mm 2mm 2mm 5mm 3mm 2mm 5mm 3mm 2mm
h3d5 h3d3 h2d2 h8d2 h5d5 h5d3 h5d2 h3d5 h3d3 h3d2
Tabela 4 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm,10mm. Usando
o Punção 2 e a Matriz 1
Depois da análise dos resultados anteriores, foi feito um outro plano de ensaios, agora utilizando o
Punção 2 e a Matriz 2. Nesta análise devido às alterações feitas à matriz e ao punção, analisou-se
dois casos para 𝑙𝑔𝑎𝑝=15mm, para além dos outros 𝑙𝑔𝑎𝑝 anteriores, pois a conjugação da matriz
arredondada que facilita o fluxo de material e do gume de separação de fluxo que separa o fluxo do
material e segura a chapa não a deixando instabilizar tão facilmente para esse 𝑙𝑔𝑎𝑝. O plano de
ensaios para esta solução encontra-se de seguida.
Gap 5mm Gap 10mm Gap 15mm
Espessura de aba 3mm 2mm 5mm 3mm 2mm 5mm 3mm
Incrementos seguintes
3mm 2mm 5mm 3mm 2mm 3mm 2mm 2mm 5mm 3mm
h3d3 h2d2 h5d5 h5d3 h5d2 h3d3 h3d2 h2d2 h5d5 h3d3
Tabela 5 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm,10mm, 15mm.
Usando o Punção 2 e a Matriz 2
32
Por fim, apresenta-se o plano de ensaios da solução final à qual se chegou para tornar o método de
geração de perfis curtos possível, recorrendo à utilização de dois punções diferentes usados
alternadamente em conjunto com a Matriz 2. Nesta análise devido aos resultados da análise anterior,
optou-se por apenas simular para 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm e 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm.
Gap 5mm Gap 10mm
Espessura de aba 3mm 2mm 8mm 5mm 3mm 2mm
Incrementos seguintes 3mm 2mm 2mm 2mm 2mm 2mm
e3 y3t3 e2 y2t2 e8 y2t2 e5 y2t2 e3 y2t2 y5t2
Tabela 6 - Plano de estudo da variação dos diferentes parâmetros para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm,10mm. Usando
o Punção 2 e a Matriz 2
5.4. Simulações Numéricas Realizadas
Aqui serão apresentados alguns exemplos de algumas simulações numéricas realizadas
evidenciando os problemas encontrados em cada fase do processo, e as respectivas medidas e
alterações que foram encontradas para ir solucionando estes problemas, chegando a uma solução
final que torna possível a geração de perfis curtos. Nas imagens dos exemplos estudados seguintes
escolheu-se mostrar a deformação plástica efectiva pois ela “reflecte a história” do processo de
deformação plástica, na medida em que estabelece que o endurecimento é determinado por cada
parcela infinitesimal de deformação plástica, e não simplesmente pelo seu estado inicial e final. No
estudo da validade da linha de simetria, para se observar se as deformações estavam decorrer de
forma simétrica escolheu-se o parâmetro anterior também para as imagens, mas apenas para se
poder observar melhor se a simetria e comportamento se mantinham usando a linha de simetria ou
não.
Os restantes exemplos e resultados das simulações numéricas podem ser encontrados nos anexos.
5.4.1. Estudo da validade do uso de uma linha de simetria
Primeiro foi realizado um estudo numérico para validar a hipótese de se simular recorrendo ao uso de
uma linha de simetria:
33
Simularam-se 3 compressões em condições diferentes (𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm,15mm,20mm), nas quais o
Punção 1 (matriz superior) iria descer e comprimir a chapa até obter uma espessura de aba h=5mm,
o qual implica respectivamente um movimentos do Punção 1 de 5mm, 10mm, 15mm.
Gap 10mm Gap 15mm Gap 20mm
(h=5mm)
(h=5mm)
(h=5mm)
Tabela 7 - Simulação de uma compressão para 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm,15mm,20mm usando uma linha de
simetria
Verifica-se que não existe nenhum tipo de instabilidade independentemente do 𝑙𝑔𝑎𝑝 utilizado. O que
não se verifica pelas simulações seguintes realizadas sem a linha de simetria.
34
Gap 10mm Gap 15mm Gap 20mm
(h=5mm)
(h=5mm)
(h=5mm)
Tabela 8 - Simulação de uma compressão para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm,15mm,20mm sem usar a linha de
simetria
Deixando de se usar a linha de simetria na simulação verifica-se que a chapa instabiliza para um 𝑙𝑔𝑎𝑝
de 20mm e experimentalmente verificou-se que tanto para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=20mm ou 𝑙𝑔𝑎𝑝=15mm a chapa de
espessura de 5mm instabilizava, não havendo simetria na deformação. Portanto foi decidido que se
iria trabalhar em comprimentos de 𝑙𝑔𝑎𝑝 inferiores de forma a garantir a estabilidade da chapa na zona
de deformação plástica.
Com o objectivo de se atingir o resultado desejado mais rapidamente, escolheu-se trabalhar com um
𝑙𝑔𝑎𝑝 elevado que não instabilizasse, para isso decidiu-se usar um 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm nos primeiros ensaios,
para se poder fazer um maior número de incrementos de cada vez, ou poder fazer incrementos
maiores tornando o processo mais rápido e mais produtivo.
35
5.4.2. Simulação da 1ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm
Neste subcapítulo serão apresentadas figuras que demonstram os resultados e os problemas
encontrados usando a 1ª solução proposta, deixando os gráficos de Carga-Deslocamento para serem
discutidos no capítulo 7 e as restantes variações desta 1ª solução podem ser encontradas nos
anexos deste trabalho.
Os casos que serão aqui apresentados como exemplo envolvem um 1ºincremento no qual o Punção
1 irá se deslocar 5mm obtendo uma espessura de aba h=5mm e um 2º incremento no qual o Punção
1 irá se deslocar d=2mm num caso e d=5mm no outro caso (tendo sido subida a chapa 2mm e 5mm
respectivamente para se poderem efectuar o 2º incremento).
(a) (b) (c) (d) (e)
Figura 17 - Simulação numérica do Punção1+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=2mm. (a) Malha inicial
do 1º incremento. (b) Malha final do 1º incremento. (c) Malha inicial do 2º incremento, chapa subiu 2mm. (d) Malha num instante intermédio do 2º incremento. (e) Malha final do 2º incremento.
(a) (b) (c) (d) (e)
Figura 18 - Simulação numérica do Punção1+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm. (a) Malha inicial
do 1º incremento. (b) Malha final do 1º incremento. (c) Malha inicial do 2º incremento, chapa subiu 5mm. (d) Malha num instante intermédio do 2º incremento. (e) Malha final do 2º incremento.
36
(a) (b)
Figura 19 – Sobreposição de material ao longo do comprimento da chapa no final do 2º incremento.
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=2mm (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm
Como se pode observar nos dois resultados finais obtidos nas figuras acima, devido ao encruamento
do material durante a 1ª deformação na zona onde se deu a deformação plástica que o material ficou
mais duro. O que implica que durante a 2ª deformação o material na secção abaixo das abas tende a
deformar primeiro e a aumentar a espessura, e o material por cima a escorregar e a sobrepor-se
sobre o anterior. Criando assim planos de sobreposição de material que se estendem ao longo do
comprimento da chapa. Os quais continuam a aparecer com os incrementos seguintes ficando um
perfil final com vários planos de sobreposição ao longo das abas os quais não são desejados. E foi
verificado que para diversas variações de incrementos iniciais em conjunções com diferentes
incrementos seguintes não resolvia este problema. Por isso conclui-se que se deveria mudar a
abordagem e arranjar uma nova solução para o punção superior, a qual é apresentada no subcapítulo
seguinte.
Sobreposição de material
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, h=5mm, d=2mm 𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, h=5mm, d=5mm
37
5.4.3. Simulação da 2ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm e 10mm
Neste subcapítulo serão apresentadas algumas figuras de alguns ensaios numéricos que
demonstram os resultados, as melhorias que se obtiveram pelo uso do novo punção (Punção2) e os
problemas encontrados nesta hipótese proposta. Os gráficos de Carga-Deslocamento podem ser
encontrados no capítulo 7 onde também são analisados e as restantes variações desta solução
podem ser encontradas nos anexos deste trabalho.
O caso apresentado de seguida envolve um 1º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar 2mm
obtendo uma espessura de aba h=3mm e um 2º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar
d=3mm (tendo sido subida a chapa 3mm para se poder efectuar o 2º incremento).
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 20 - Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 3mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente.
38
Os casos seguintes que serão aqui apresentados envolvem um 1º incremento no qual o Punção2 irá
se deslocar 7mm num caso e 5mm no outro, obtendo uma espessura de aba h=3mm e h=5mm
respectivamente, e um 2º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar num comprimento d=2mm
num caso e d=5mm no outro caso (tendo sido subida a chapa 2mm e 5mm respectivamente para se
poderem efectuar o 2º incremento).
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 21- Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=2mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 2mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente.
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 22 - Simulação numérica do Punção2+Matriz1, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente, chapa subiu 5mm entre incrementos. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente.
39
(a)
(b)
(c)
Figura 23 – Malhas finais após a concretização de três incrementos utilizando o Punção2 e a Matriz1
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=3mm, d=3mm. (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=2mm. (c) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=5mm
Como se pode observar na figura anterior, para incrementos grandes e um 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm o novo
punção não conseguiu eliminar o efeito de sobreposição de material devido ao encruamento do
material na zona superior devido à 1ª deformação escorregando depois sobre o material inferior como
aconteceu durante a utilização do Punção1. Mas para incrementos menores tanto para o 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm
como para o de 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, conseguiu-se eliminar o efeito de sobreposição de material ficando
Defeitos superficiais
Defeitos superficiais
Sobreposição de material
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, h=3mm, d=2mm
𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, h=3mm, d=3mm
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, h=5mm, d=5mm
40
apenas o perfil final com alguns defeitos superficiais que se pretendem diminuir. Para tal foi criada
uma nova matriz (Matriz2) a qual é apresentada no próximo subcapítulo.
5.4.4. Simulação da 3ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, 10mm e
15mm
Neste subcapítulo serão apresentadas algumas figuras de algumas simulações numéricas que
mostram os resultados obtidos e as melhorias que se obtiveram pelo uso da nova matriz (Matriz2) em
termos dos defeitos superficiais deixados no fim do processo. Os gráficos de Carga-Deslocamento
serão apresentados e analisados no capítulo 7, sendo que as restantes variações desta solução
podem ser encontradas nos anexos deste trabalho.
O caso que é aqui exposto abaixo como exemplo envolve um 1º incremento no qual o Punção2 irá se
deslocar 3mm, obtendo uma espessura de aba h=2mm. E um 2º incremento no qual o Punção2 irá se
deslocar d=2mm (tendo sido subida a chapa 2mm para o 2ºincremento poder ser realizado).
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 24 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=2mm, d=2mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente
41
Os casos apresentados de seguida envolvem um 1º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar
7mm num caso e 5mm no outro, obtendo uma espessura de aba h=3mm e h=5mm respectivamente.
E um 2º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar d=3mm para ambos os casos (tendo sido
subida a chapa 3mm em ambos os casos para o 2ºincremento poder ser realizado).
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 25 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 26 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente
42
O caso apresentado de seguida envolve um 1º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar 12mm
obtendo uma espessura de aba h=3mm e um 2º incremento no qual o Punção2 irá se deslocar
d=3mm (tendo sido subida a chapa 3mm para se poder efectuar o 2º incremento).
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 27 - Simulação numérica do Punção2+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm, h=3mm, d=3mm. (a)(c)(f) Malha
inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente
Observando-se as figuras anteriores para os casos de 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, 10mm, 15mm, consegue-se
concluir que para incrementos pequenos consegue-se evitar a sobreposição de material e que a nova
matriz permitiu também diminuir os defeitos superficiais deixados pela matriz antiga.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 28 - Malhas finais após a concretização de três incrementos utilizando o Punção2 e a Matriz2
(a) 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, h=2mm, d=2mm. (b) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=3mm, d=3mm. (c) 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, h=5mm, d=3mm.
(d) 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm, h=3mm, d=3mm
Sobreposição de material
Redução de defeitos superficiais
43
Observando a Figura 27 podemos constatar que os defeitos superficiais deixados pela Matriz1 foram
reduzidos pela nova matriz (Matriz2), quando se aplicam as mesmas condições dos ensaios
anteriores para incrementos pequenos, Figura 27 (a)(b). Para incrementos maiores como se pode
observar na Figura 27 (c), os defeitos de sobreposição mantêm-se, indicando que a nova matriz
apenas reduziu os defeitos superficiais para incrementos pequenos.
Apesar deste método parecer viável, quando se realizaram os ensaios experimentais encontraram-se
alguns problemas que não foram previstos pela simulação, provavelmente devido a alguns
parâmetros da simulação não conseguirem representar a realidade do que se passou nos ensaios
experimentais. Este ponto será melhor discutido no subcapítulo dos Ensaios Realizados evidenciando
o que se verificou nos ensaios experimentais. Para resolver este problema chegou-se à solução final
(4ª solução) que é apresentada no próximo subcapítulo, em que se dividiu o processo em duas fases,
uma de separação de fluxo, e outra de compressão, realizando pequenos incrementos intercalando
os punções diferentes.
44
5.4.5. Simulação da 4ª solução proposta para um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, 10mm
Neste subcapítulo serão apresentadas algumas figuras de duas simulações numéricas que mostram
os resultados obtidos e as melhorias que se obtiveram pelo uso do novo método recorrendo à
utilização alternada entre dois punções diferente (um que irá efectuar a separação de fluxo e outro
que irá efectuar uma compressão dando a forma desejada ao perfil. Melhorias referentes às cargas
aplicadas e à homogeneização do material. Os gráficos de Carga-Deslocamento serão apresentados
e analisados no capítulo 7, sendo que as restantes variações desta solução podem ser encontradas
nos anexos deste trabalho.
O caso que é aqui exposto abaixo como exemplo envolve um 1º incremento no qual o Punção3 irá se
deslocar 2mm y=2mm, criando uma separação do fluxo de material. E um 2º incremento no qual o
Punção4 irá se deslocar comprimindo a aba até uma espessura t=2mm. Depois sobe-se a chapa
2mm para o segundo par de incrementos poder ser realizado.
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 29 - Simulação numérica do Punção3+Punção4+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, y=2mm, t=2mm. (a)(c)(f)
Malha inicial do 1º,2º e 3º incremento respectivamente. (b)(e)(h) Malha final do 1º,2º e 4º incremento respectivamente. (d)(g) Malha num instante intermédio do 2º e 3º incremento respectivamente
45
O caso que é exposto de seguida como exemplo, envolve um 1º incremento no qual o Punção3 irá se
deslocar 2mm (y=2mm), criando uma separação do fluxo de material. E um 2º incremento no qual o
Punção4 irá se deslocar comprimindo a aba t=2mm. Repetem-se estas operações alternadamente
até se atingir uma espessura de aba de 2mm e depois sobe-se a chapa 5mm para recomeçar a fazer
novos incrementos.
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 30 - Simulação numérica do Punção3+Punção4+Matriz2, 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm, y=2mm, t=2mm.
(a)(c) Malha inicial do 1º e 2º incremento respectivamente. (b)(d)(e)(f)(g)(h) Malha final do 1º,2º, 3º,6º, 7º e 12º incremento respectivamente.
Como se pode observar nos casos anteriores, utilizando esta solução final recorrendo ao uso de dois
punções independentes usados alternadamente, consegue-se reduzir os defeitos superficiais, criar
um perfil mais homogeneizado, e não criar sobreposição de material ao longo do comprimento da
chapa.
46
6. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
6.1. Introdução
Neste capítulo é exposto uma descrição da parte experimental realizada neste trabalho. Esta secção
abrange o estudo realizado no laboratório da secção de tecnologia mecânica do Instituto Superior
Técnico, o estudo feito para conseguir através de deformações plásticas incrementais, transformar
uma chapa de metal num perfil curto em “T”. Para tal foram usados três tipos diferentes de punções e
dois tipos de calços diferentes na matriz no qual a chapa estava inserida para ajudar o material a
escoar e não criar defeitos superficiais.
Com o equipamento disponível no laboratório, foram realizados os ensaios experimentais e
adquiridos os dados referentes ao processo estudado, de forma a poderem ser comparados mais
tarde com as análises numéricas das simulações efectuadas.
Este componente irá abordar as diferentes abordagens que se fizeram ao longo deste estudo e a
evolução que o processo sofreu ao longo dos ensaios realizados no laboratório, dependente dos
resultados que foram sendo obtidos.
6.2. Descrição do Processo
O método proposto, permite a criação de um perfil em “T” a partir de uma única chapa fina de metal,
através de pequenas deformações plásticas a frio do material. Podendo o perfil final ter diferentes
configurações conforme o desejado.
Numa primeira fase usou-se um punção direito (prato plano) e efectuou-se uma compressão na
direcção da altura da chapa, expandido o metal que está fora da matriz (que tem a dimensão 𝑙𝑔𝑎𝑝) de
forma a criar um pequeno perfil em “T”. De seguida, inseria-se um calço dentro da matriz e debaixo
da chapa, de forma a subir a altura da chapa e deixar um novo 𝑙𝑔𝑎𝑝 de fora da matriz. Depois passa-
se para o próximo incremento e faz-se uma nova deformação na direcção da altura da chapa
expandido as abas do “T”. Este processo é repetido até se atingir o comprimento de abas desejado
para o perfil pretendido.
47
Figura 31 – 1ª solução proposta
Numa segunda fase foi utilizado um novo punção com um gume de separação de fluxo, para
melhorar a separação e o escoamento do material. Este método efectuou-se da mesma maneira
como o anterior com os mesmos passos, mas usando o novo punção.
Figura 32 – 2ª solução proposta
Na terceira fase manteve-se o punção anterior com o gume de separação e acrescentou-se calços
com um fillet (um arredondamento das arestas da matriz inferior) para ajudar o escoamento do
material durante o processo de deformação e para diminuir os defeitos superficiais deixados pelo
ângulo recto da matriz na zona que separa a região da chapa que está dentro da matriz da parte da
chapa que está fora (no 𝑙𝑔𝑎𝑝).
Figura 33 – 3ª solução proposta
48
Na fase final alterou-se a abordagem para o uso de dois punções e intercalar o seu uso
sucessivamente de forma em que em cada incremento se criasse uma separação de fluxo de
material, e de seguida se realizasse uma deformação desse material separado através de uma
compressão. Estudando entre que gamas de deformações se conseguia trabalhar para alcançar o
resultado final pretendido com o menor número de incrementos.
Figura 34 – 4ª solução proposta
6.3. Material Utilizado
O material utilizado neste trabalho experimental Alumínio 5754, fabricado de acordo com o comité
Europeu de Normalização, segundo a norma EN AW 5754 H111
De agora em diante, neste documento, utilizaremos a designação comercial: AA5754 H111.
Procedeu-se, de seguida, à sua caracterização através de ensaios de compressão uniaxiais, sendo
os resultados destes ensaios utilizados na constituição da simulação numérica, no software I-FORM.
6.3.1. Caracterização Mecânica
O ensaio de compressão determina a curva de tensão efectiva – extensão efectiva, da qual resulta a
lei de comportamento mecânico para o escoamento plástico e que traduz o comportamento mecânico
do material em deformação plástica.
O teste de compressão é realizado pressionando axialmente um cilindro sólido, entre dois pratos bem
lubrificados e dispostos em paralelo, da mesma forma que num teste de compressão convencional,
com o objectivo de garantir que os provetes preservam a sua forma cilíndrica durante a compressão.
Antes de ser aplicado o lubrificante, os pratos foram polidos para garantir a superfície limpa (ref:
Stack compression).
Para o teste de compressão uniaxial, utilizaram-se 3 discos cilíndricos empilhados, como provete de
geometria cilíndrica num caso e 2 discos cilíndricos empilhados no outro caso. A curva tensão –
extensão obtida para o material encontra-se representada na Figura 34, e corresponde a uma média
da relação das tensões e extensões efectivas obtidas pelos dois testes de Stack compression mais a
de um ensaio à tração (Tensile Stress), obtendo a relação seguinte.
49
𝜎 = 348휀0.22
Figura 35 - Curva Tensão – Extensão para o Alumínio 5754 H111
6.4. Equipamentos, Ferramentas e Pré-formas
6.4.1. Máquinas Para a realização dos ensaios pretendidos e para o fabrico de algumas pré-formas, foi necessário
recorrer-se ao uso de várias máquinas. Este subcapítulo destina-se a mostrar as máquinas e
ferramentas utilizadas no trabalho experimental, que permitiram a realização dos ensaios e a
obtenção dos resultados
6.4.1.1. Prensa
A prensa foi utilizada para realizar o processo em questão, alterando os punções utilizados conforme
a fase dos ensaios. Trata-se de uma prensa hidráulica electrónica que permitiu a obtenção dos dados
referentes à força e deslocamento de instantes durante os ensaios. Os principais parâmetros da
máquina estão expostos na tabela seguinte.
0
50
100
150
200
250
300
350
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Tru
e S
tre
ss
(M
Pa
)
True Strain
TT
SCT_2
SCT_3
AA 5754
50
- Principais parâmetros da prensa
É também apresentada uma imagem fotográfica da máquina na Figura 36.
Figura 36 - Prensa utilizada no trabalho experimental
INSTRON – Máquina universal de ensaios
Modelo SATEC 1200
Controlador Instron 5500
Capacidade 1200KN
Velocidade 0 a 200 mm/min
Nº de colunas 2
Abertura vertical máxima 2311 mm
Tipo de testes Tracção e compressão
Tabela 9
51
6.4.1.2. Serrote mecânico
Para cortar as chapas para as dimensões pretendidas no ensaio, que depois serão rectificadas na
fresadora até alcançarem as dimensões necessárias da pré-forma, foi utilizada uma serra de fita
Maqfort que se encontra no laboratório de Tecnologia Mecânica do Instituto Superior Técnico.
Apresenta-se uma imagem fotográfica na Figura 37.
Figura 37 - Serra de fita utilizada
6.4.1.3. Fresadora
Para rectificar as chapas cortadas na serra de fita e também para fazer uma rectificação da
peça final obtida no final do processo tecnológico estudado neste trabalho, de forma a ficar
com as dimensões finais desejadas, foi utilizada uma fresadora, Figura 38.
Figura 38 - Fresadora para rectificação das pré-formas e das formas finais
52
6.4.2. Ferramentas (Punções e Matriz)
Matriz
Nos ensaios foi utilizado uma matriz modular, que permite alterar a altura da chapa que fica de fora
da matriz de modo a alterar o 𝑙𝑔𝑎𝑝 inicial em cada incremento do processo.
Punções
Foram criados 3 punções diferentes para realizar os ensaios experimentais, um punção direito, um
punção direito com um gume de separação de fluxo e um punção de separação de fluxo. Na figura
seguinte pode observar-se os diferentes punções utilizados nos ensaios. Apenas 3 punções pois o
punção direito Punção1 e direito Punção4 são o mesmo, simplesmente são referidos com nomes
diferentes devido aos diferentes ensaios em que foram utilizados.
Figura 39 – Punção2
Figura 40 – Matriz modular, Punção1,4 e Punção
Matriz modular
Punção1,4
Punção3
53
6.4.3. Pré-formas
As chapas usadas nestes ensaios tinham como dimensões 70x50x5mm (largura, altura, espessura).
Figura 41 – Pré-formas utilizadas nos ensaios
6.5. Procedimento Experimental Este trabalho envolveu variadas fases distintas, desde das variações de punções e matrizes
utilizados às distâncias que se podiam percorrer em cada incremento de forma ao processo andar o
mais rápido sem o material ceder. O procedimento experimental aqui referido representa os diversos
passos que se tomaram em cada ensaio realizado.
i. Preparação das pré-formas, cortadas de uma chapa maior e depois rectificadas na fresadora
para ficarem com as dimensões desejadas para o ensaio.
ii. Inserção dos calços (direitos ou com fillet) e da chapa dentro da matriz modular
iii. Posicionamento do prato superior da prensa com o punção que será utilizado no ensaio.
iv. Colocação do conjunto da matriz com a chapa na prensa, centrado em relação ao eixo de
carga da mesma e com o punção.
v. Inserção dos parâmetros do ensaio no software da prensa.
vi. Realização do ensaio de compressão
54
vii. Remoção do conjunto da matriz e chapa
viii. Abrir a matriz, inserir calços de forma a subir a chapa e realizar o próximo incremento, e
fechar a matriz
ix. Realizar os passos iv. a viii. até obter o comprimento de abas necessário
x. Pós processamento dos dados adquiridos
O número de incrementos depende do comprimento de abas que se deseja alcançar e também da
distância que se pretende andar em cada incremento.
Na solução final proposta, que envolve o uso de dois punções, existe um intercalar entre os punções
(o de separação de fluxo e o direito) depois de cada incremento realizado.
Inserir calço por baixo da chapa, de forma a subir esta
55
6.6. Ensaios Realizados
Aqui serão apresentados alguns exemplos das experiências laboratoriais que foram realizadas no
laboratório do Departamento de Mecânica evidenciando os problemas encontrados em cada fase do
processo, e as respectivas medidas e alterações que foram encontradas para ir solucionando estes
problemas, chegando a uma solução final que torna possível a geração de perfis curtos.
6.6.1. Ensaios com o punção direito
Neste subcapítulo pode-se observar os resultados obtidos utilizando a 1ªsolução proposta em que
para se gerar o perfil desejado era utilizado um punção direito. Como se pode observar na figura
abaixo, tal como previsto pela simulação, mesmo para deslocamentos e incrementos pequenos o
material durante o processo criou planos de sobreposição de material que se estendem ao longo do
comprimento da chapa e podem ser bem observados em melhor detalhe na figura 42(b)(c). O que
torna o perfil inutilizável e esta solução não viável.
(a) (b) (c)
Figura 42 – (a)(b)(c) Perfil gerado utilizando o Punção1+Matriz1 (1ª solução proposta)
56
6.6.2. Ensaios com o punção com gume de separação de fluxo
Neste subcapítulo podem-se examinar alguns dos resultados obtidos usando a 3ª solução proposta.
Como esta solução é muito semelhante à 2ª solução, tendo apenas como diferença a melhoria
através de uso da segunda matriz para eliminar alguns problemas da 2ª solução, foram somente
realizados ensaios experimentais para a 3ªsolução.
Na 3ª solução para gerar o perfil desejado foi utilizado um punção com um gume de separação de
fluxo e a segunda matriz que tem o fillet para ajudar no escoamento do material e não deixar marcas
ou defeitos superficiais como os da matriz original. Como se pode observar na figura seguinte, alguns
acontecimentos foram previstos pela simulação e outros não. Sendo que aqueles que não foram
previstos deveram-se principalmente às diferenças entre a simulação numérica ser realizada sob
condições ideais, como a rigidez total da matriz, punção e estrutura da máquina durante o processo,
o alinhamento perfeito do gume de separação com a linha de simetria da chapa, e não existirem
folgas na simulação ao contrário da chapa inserida dentro da matriz.
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 43 – 4 perfis gerados utilizando a 3ª solução Punção2+Matriz2 (a) perfil nº1. (b)(c)(d) perfil nº2 (e)(f) perfil nº3 (g)(h) perfil nº4
Na figura 43 (a) pode-se observar um dos efeitos da dificuldade de alinhamento entre a linha de
simetria da chapa e o gume de separação, o que irá originar uma separação de fluxo desigual para
cada aba do perfil. O que cria um perfil não uniforme com abas de espessuras diferentes.
Nas figura 43 (b)(c)(d) ainda é possível de se observar alguns planos de sobreposição que se
estendem ao longo do comprimento da chapa os quais comprometem a estrutura do perfil pois como
se pode observar na figura 43 (e)(f) o perfil fracturou num destes planos de sobreposição de material.
57
Estes planos de sobreposição de material nos ensaios numéricos conseguiam ser anulados com
incrementos menores nas ordens dos 2mm e 3mm, mas tal não se verificou experimentalmente. Pois
no seguimento do contacto inicial da chapa com o gume de separação para criar uma divisão de fluxo
de material, este fluxo de material depois de separado pelo gume vai chocar (entrar em contacto) com
a parte plana do punção, mas não irá escoar com facilidade, ele começa a sofrer uma compressão e
a criar uma “barriga” um aumento de espessura na zona abaixo do gume de separação. O que
depois, quando o material de cima finalmente começa a expandir para os lados, irá escorregar por
cima da “barriga” inferior criando um plano de sobreposição de material, tal como acontecia nos
casos anteriores. Isto devido ao contacto com a parte plana do punção imediatamente após a
separação feita pelo gume.
Este problema é que gerou a necessidade de se arranjar uma nova solução, a 4ª solução (solução
final) que teve de ser simulada numericamente e só depois foi testada experimentalmente, a qual se
pode examinar no subcapítulo seguinte.
58
6.6.3. Ensaios alternando entre o punção de separação de fluxo e o
punção direito
Neste subcapítulo pode-se examinar os resultados obtidos usando a solução final proposta em que
para se gerar o perfil desejado foram utilizados um punção de separação de fluxo de material e um
punção de compressão. Como se pode observar na figura abaixo, conseguiu-se atingir o objectivo
pretendido de se gerar um perfil em “T” a partir de uma única chapa de metal, se o processo for
efectuado dentro de certas condições que serão abordadas de seguida explicando um dos problemas
que se encontrou nesta técnica, que se resolveu alterando-se alguns parâmetros do processo. Mais
concretamente, alterando-se o tamanho dos incrementos nos quais deve-se trabalhar.
(a) (b) (c) (d)
(e) (f) (g) (h)
Figura 44 - 4 perfis gerados utilizando a 4ª solução Punção3+Punção4+Matriz2 (a)(b) perfil nº1.
(c)(d) perfil nº2 (e)(f) perfil nº3 (g)(h) perfil nº4
Como se pode examinar na figura 44 (a)(b)(c)(d) neste ensaio a chapa fracturou, abrindo uma fissura
ao longo do comprimento da chapa na zona onde actua o punção de separação de fluxo de material.
Se o incremento de separação for demasiado elevado, na ordem de 5mm para cima e usando um
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, quando se utiliza o punção direito de compressão, esta zona da chapa não aguenta a
deformação, rompendo através de uma fissura. Para tal decidiu-se trabalhar em incrementos de 2mm
e de 3mm e um 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm e assim já foi possível efectuar-se pequenas deformações sem criar
sobreposição de material e sem o material fissurar, como se observa na figura 44 (e)(f)(g)(h).
59
Na figura 44 (g)(h) é possível observar o resultado final tendo-se maquinado ligeiramente com uma
fresadora a parte superior do perfil e a parte inferior de uma das abas do perfil, não maquinando a
parte inferior da outra aba. Podendo-se assim observar a diferença no perfil final entre a aba
maquinada e a não maquinada, vista dos dois lados oposto do perfil.
De seguida apresentam-se alguns gráficos de ensaios experimentais que foram realizados tentando
variar os parâmetros do processo.
Figura 45 – Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm com incrementos de 2mm
Figura 46 - Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm com incrementos de 3mm
0
50
100
150
200
250
300
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Lo
ad
(K
N)
Displacement (mm)
Gap05 y2t2 Experimental
0
100
200
300
400
500
600
700
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Lo
ad
(K
N)
Displacement (mm)
Gap05 y3t3 Experimental
60
Figura 47 - Ensaio experimental da 4ª solução para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm com incrementos de 5mm
Pode-se observar pelas figuras anteriores que as cargas mais elevadas envolvidas na parte do
processo utilizando o Punção3 (de separação de fluxo de material) variam entre os 40KN e os 50KN,
enquanto no processo de compressão utilizando o Punção4 variam entre os 100KN e os 220KN.
Excepto em casos raros que se comprimiu mais do que necessário fazendo a força disparar e
aumentar até aos 500KN.
(a)
(b)
Figura 48 – Evolução dos resultados entre os Punções1, 2, 3+4 com as Matrizes 1 e 2
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 5 10 15 20 25 30 35
Lo
ad
(K
N)
Displacement (mm)
Gap10 y5t5 Experimental
Punção2+Matriz2 Punção3,4+Matriz2 Punção1+ Matriz1
61
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO
7.1. Introdução Após a conclusão dos desenvolvimentos numéricos e experimentais, é fundamental proceder-se à
comparação dos resultados adquiridos. No capítulo presente, estão apresentados os resultados
numéricos e experimentais, com o objectivo de permitir uma comparação e assim se obter uma
melhor compreensão do processo em estudo.
Numa primeira fase irá ser analisada graficamente a evolução da carga com os deslocamentos dos
ensaios numéricos, apresentando de que maneira os diferentes punções e matrizes utilizados
alteraram esta relação durante o processo.
Numa segunda fase será feita a comparação numérica-experimental que irá demonstrar até que
ponto a simulação numérica conseguiu representar a realidade e os fenómenos que aconteceram
durante o processo. Mostrando se a simulação numérica efectuada representou uma boa
aproximação da realidade ou se necessita de melhorias
7.2. Evolução da Carga com o Descolamento para os ensaios numéricos
Nos exemplos que se observam neste subcapítulo é de fazer notar que devido às folgas na matriz e
nos calços utilizados dentro da matriz para posicionar a chapa, que estas folgas e acomodações da
chapa dentro da matriz, dificultaram as distâncias reais que o punção se deslocava durante os
incrementos. O que levou em certos casos a efectuar-se compressões maiores que as pretendidas e
levando a cargas muito elevadas.
62
Para a 1ª solução proposta, a variação das curvas Carga-Deslocamento com a variação dos
parâmetros incrementais pode ser observada no gráfico seguinte.
Figura 49 - Comparação das curvas da 1ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes
Da Figura 49 é possível observar que independentemente dos incrementos envolvidos no processo
aplicando a 1ª solução, que o processo é bastante repetitivo não havendo grandes variações das
cargas aplicadas excepto no incremento inicial, se for pretendido fazer uma aba muito fina (3mm) a
partir de um 𝑙𝑔𝑎𝑝 elevado (10mm). Pois após o primeiro incremento o processo torna-se cíclico.
Para a 2ª solução proposta, a variação das curvas Carga-Deslocamento para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, 10mm
com a variação dos parâmetros incrementais podem ser observadas nos gráficos seguintes.
Figura 50 - Comparação das curvas da 2ª solução para o 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes e uma curva para o 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm para condições de incrementos
semelhantes às anteriores (1ºincremento de 2mm, e os seguintes com também 2mm)
0
200
400
600
800
1000
0 2 4 6 8 10 12
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap10 h3d3
Gap10 h3d5
Gap10 h8d3
Gap10 h5d5
Gap10 h5d3
Gap10 h5d2
0
200
400
600
800
0 2 4 6 8 10
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap05 h2d2
Gap05 h3d3
Gap05 h3d5
Gap10 h8d2
63
Figura 51 - Comparação das curvas da 2ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais
e os seguintes
Para as figuras 50 e 51, da 2ª solução, pode-se observar que as forças envolvidas no processo
mantiveram-se semelhantes quando comparadas à 1ªsolução quando se efectua compressões acima
do necessário, mas que houve uma ligeira diminuição das forças durante o processo. O que significa
que as melhorias deste punção mais relevantes foram a eliminação dos defeitos de sobreposição de
material ao longo da aba para incrementos pequenos, sendo que não se alterou significativamente as
forças do processo.
Para a 3ª solução proposta, a variação das curvas Carga-Deslocamento para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, 10mm,
15mm com a variação dos parâmetros incrementais podem ser observadas nos gráficos seguintes.
Figura 52 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes
0
200
400
600
800
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap10 h3d2
Gap10 h3d3
Gap10 h5d2
Gap10 h5d3
Gap10 h5d5
0
200
400
600
800
0 2 4 6 8 10 12 14
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap05 h2d2
Gap05 h3d3
64
Figura 53 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes
Figura 54 - Comparação das curvas da 3ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=15mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes
Das figuras 52, 53, 54 da 3ª solução pode-se observar que tal como para os casos anteriores não
houveram alterações significativas nas forças envolvidas no processo, servindo então simplesmente a
introdução da nova matriz (Matriz2) como algo para diminuir os defeitos superficiais deixados pela
matriz anterior (Matriz1) na peça final obtida.
0
200
400
600
800
0 5 10 15 20
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap10 h3d2
Gap10 h3d3
Gap10 h5d2
Gap10 h5d3
Gap10 h5d5
0
200
400
600
800
1000
0 5 10 15 20 25 30
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap15 h3d3
Gap15 h5d5
65
Para a 4ª solução proposta, a variação das curvas Carga-Deslocamento para um 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm, 10mm
com a variação dos parâmetros incrementais podem ser observadas nos gráficos seguintes.
Figura 55 - Comparação das curvas da 4ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=5mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes
Figura 56 - Comparação das curvas da 4ª solução para 𝒍𝒈𝒂𝒑=10mm variando os incrementos iniciais e
os seguintes
Das figuras 55 e 56 da 4ª solução pode-se constatar que as forças envolvidas no processo foram
reduzidas, tanto no processo de separação de fluxo de material como no processo de compressão,
apenas atingindo níveis de carga muito elevados como os anteriores quando se comprimia
demasiado as abas do perfil durante a parte da compressão além do necessário. A redução elevada
das forças durante o processo de separação de fluxo será abordada neste trabalho no subcapítulo
seguinte. A redução de forças durante o processo de compressão deve-se à existência de um
0
200
400
600
800
1000
0 5 10 15 20
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap05 y2t2
Gap05 y3t3
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20
Lo
ad
(kN
)
Displacement (mm)
Gap10-3 y2t2
Gap10-5 y2t2
Gap10-8 y2t2
Gap10-2 y5t2
66
histórico de deformações diferente entre esta solução e as anteriores, sendo que nesta solução as
deformações existentes são menores que as anteriores originando cargas mais reduzidas.
7.3. Comparação Numérico-Experimental
Figura 57 - Comparação do numérico-experimental para a solução final, para 𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm variando os
incrementos iniciais e os seguintes de aproximadamente 3mm.
Analisando a Figura 57, da comparação numérico-experimental, pode-se observar que existe uma
grande discrepância na carga aplicada durante o processo de separação de fluxo de material. Depois
de se analisar, concluiu-se que durante a simulação numérica, optou-se por eliminar elementos
pequenos ao longo da linha de simetria para recriar a separação de material que acontece na
realidade, mas que esta não foi uma boa aproximação do que acontece experimentalmente. A
eliminação de elementos ao longo da linha de simetria, faz com que o gume de separação não
encontre contacto directo ao longo da linha, apenas havendo contacto então entre as superfícies
laterais do punção de separação de fluxo que abre o material da chapa, afastando os dois fluxos para
os lados. O que levou a forças muito inferiores na simulação numérica para as fases de separação de
fluxo. Teria sido então melhor ter-se optado por fazer um remesh nas zonas em volta da área de
contacto entre o gume de separação e a chapa, e não se realizar a eliminação de elementos como se
se abrisse uma fissura ao longo da linha de simetria da chapa. Este remesh não foi realizado, pois já
se tinham realizado demasiadas simulações usando a eliminação de elementos e já não havia tempo
para realizar novas simulações alterando a eliminação de elementos para um remesh dessa zona em
volta do gume. Apesar de que durante os ensaios experimentais realizados, parecia visualmente que
0
50
100
150
200
250
0 2 4 6 8 10 12
Lo
ad
(K
N)
Displacement (mm)
Numérico
Experimental
67
a eliminação dos elementos nas simulações numéricas, dava resultados mais idênticos aos
experimentais em termos dos aspectos geométricos que a peça ganhava ao longo do processo.
Na compressão final da simulação numérica, nota-se um salto na carga aplicada, a qual não
acontece no ensaio experimental, pois na simulação numérica as abas dobraram mais do que na
realidade criando aquele salto de força que se nota nas imagens da Figura 57. Estas imagens na
Figura 57 mostram o momento antes do salto que a carga dá quando as pontas das abas ainda não
tocaram na superfície superior da matriz, o instante em que toca na superfície da matriz e a carga dá
o salto aumentando, e de seguida a continuação da compressão das abas do perfil. Enquanto na
realidade as abas não dobraram tanto e por isso as suas pontas não entraram em contacto com a
superfície superior da matriz da mesma maneira, tornando a carga aplicada mais contínua ao longo
da compressão.
68
8. CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS DE TRABALHO FUTURO
8.1. Conclusões
O principal objectivo deste trabalho centra-se à volta de verificar a aplicabilidade de um novo método
tecnológico para gerar perfis curtos em “T” a partir de uma única chapa de metal através de Sheet-
Bulk Metal Forming, este método consiste em realizar pequenas deformações plásticas na direcção
ortogonal à espessura da chapa, deformando a chapa em incrementos pequenos segundo esta
direcção. Para tal foram realizadas variadas simulações numéricas variando os diferentes parâmetros
que se conseguia controlar para avaliar a aplicabilidade do processo. As ferramentas e matrizes
foram concebidas durante a análise numérica, de forma a simularem os critérios e os fenómenos de
deformação plástica que iram estar envolvidos nos ensaios experimentais da peça.
Os resultados obtidos na simulação numérica permitiram concluir que é possível com a solução final,
gerar perfis curtos em “T” a partir de uma única chapa tal como era pretendido. Podendo variar a
espessura da aba do “T” e o seu comprimento.
Através dos ensaios experimentais descobriram-se vários problemas de controlo do processo devido
à falta de rigidez da máquina, às folgas que existiam na matriz modular e ao alinhamento do punção
com a peça que se desejava ensaiar. Apesar das dificuldades encontradas verificou-se pelos ensaios
experimentais que o inovador processo estudado neste trabalho é aplicável e consegue gerar perfis
curtos em “T” tal como era o seu objectivo.
Depois de se analisarem os resultados obtidos numericamente e experimentalmente, conclui-se que
o programa I-FORM2 representa de forma correcta os fenómenos que se passaram durante o
processo de deformação plástica para as primeiras soluções. Não se conseguindo melhorar os
parâmetros do processo na simulação de forma a conseguir criar uma melhor aproximação da
realidade para o método final, o que gerou a diferença de forças encontrada na comparação
numérico-experimental. Apesar de a técnica funcionar e conseguir-se obter o perfil final pretendido, o
facto de a simulação não representar a acomodação do material dentro da matriz (devido às folgas
existentes dentro da matriz entre a chapa, os calços e a matriz), e de possivelmente a eliminação de
elementos ao longo da linha de simetria não ter sido a melhor solução numérica e também ter
contribuído bastante para a discrepância entre as forças envolvidas no processo.
69
Podendo se concluir deste trabalho os seguintes pontos importantes:
• É possível gerar perfis com esta técnica com boas propriedades mecânicas
• É importante abrir o fluxo de material
• Os raios de concordância da matriz são importantes
• A melhor relação para trabalhar é de um 𝑙𝑔𝑎𝑝
𝑡 =1
• Os incrementos não devem ultrapassar os 3mm de comprimento para uma chapa de 5mm
de espessura
• Cargas máximas do processo são de 220 KN para uma chapa com espessura de 5mm e um
comprimento de 70mm
• Não se pode realizar a operação num único passo
• São necessários dois punções (um de separação de fluxo, e um de compressão)
• A abertura de fluxo por eliminação de elementos não se mostrou fidedigna
A conclusão final e principal deste trabalho é que esta nova técnica de Sheet-Bulk Metal Forming é
viável e aplicável para gerar perfis a partir de uma única chapa, com ainda hipóteses de mais
possíveis experiências futuras para desenvolver mais o processo e alargar o seu campo de aplicação.
Tudo isto usando uma máquina não especializada para o processo como seria uma extrusora, não
usando processos de ligação entre chapas e utilizando ferramentas simples.
8.2. Perspectivas de Trabalho Futuro
Este trabalho é apenas um começo do estudo deste método inovador para gerar perfis, que ainda
tem muito espaço para evoluir e para expandir o seu campo de utilização para outros perfis de formas
variadas, mostrando um grande potencial para novos estudos e novas descobertas da aplicabilidade
deste processo. Durante a evolução deste trabalho foram consideradas possíveis alterações ao
processo, métodos de o tornar mais produtivo e novas ideias para aplicar o método que poderão ser
estudadas em trabalhos futuros.
Essas ideias são enumeradas abaixo:
• Simular recorrendo a remeshings sucessivos
• Estudo da aplicabilidade do método a materiais diferentes.
• Concepção de uma ferramenta industrial para tornar o processo mais produtivo
• Avaliar a capacidade de gerar diferentes perfis com o mesmo método
70
Referências
[1] Rodrigues, J, Martins, P.A.F. (2005). Tecnologia Mecânica - Tecnologia da Deformação Plástica -
Vol.I Fundamentos Teóricos. Escolar Editora.
[2] Merklein, M., Koch J., Opel S. and Schneider T., Fundamental investigations on the material flow
at combined sheet and bulk metal forming processes - CIRP Annals – Manufacturing Technology.
[3] Prof. Ruy M.D. Mesquita, Prof. Manuel J.M. Barata Marques (1990). Maquinagem, Instituto
Superior Ténico
[4] Budynas, R., & Nisbett, J. (2008). Shigley's Mechanical Engineering Design. New York, USA:
McGraw Hill.
[5] ISQ, I. S. (s.d.). Welding Processes and Equipment, Brazing and Soldering.
[6] Almeida, M. G. (s.d.). Ligação por adesivos, Slides aulas teóricas Processos de Ligação IST.
[7] Tresca H., “Sur le’écoulement des corps solides soumis à des fortes pressions”, C. R. Acad. Sci.
Paris, 59, 754-764, (1864).
[8] von Mises R., “Mechanik der festen Koerper in plastisch deformablem zuztand”, Goett. Narch.
Math. Phys., Kl., 582-592, (1913).
[9] Bridgman P. W., “Studies in large ‘plastic flow and fracture “, McGraw Hill, New York, 1952
[10] http://www.clubgti.com/forum/showthread.php?p=1834178, Setembro, (2010)
71
Anexos
Estudo da validade do uso de uma linha de simetria:
Com linha de simetria
Gap 10mm Gap 15mm Gap 20mm
Initial mesh
Step 25
Step 50
Step 75
Step 100
(5mm)
(10mm)
(15mm)
72
Sem
linha de
simetria
Gap 10mm Gap 15mm Gap 20mm
Initial
mesh
Step 25
Step 50
Step 75
Step
100,100,
97
(5mm)
(10mm)
(14.53mm)
73
1ª Solução (Punção1+Matriz1)
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=5mm, (1º incremento de 5mm, Incrementos seguintes de 2mm,
3mm, 5mm
Gap10mm h5d2 Gap10mm h5d3 Gap10mm h5d5
Initial
mesh
Step 100
Step 101
Step 125
Step 175
Step 200
74
Step 201
Step 250,
236, 228
Step 300
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 7mm, Incrementos seguintes de 3mm, 5mm)
+ 𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=8mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 3mm)
Gap10mm h3d3 Gap10mm h3d5 Gap10mm h8d3
Initial
mesh
Step
100
75
Step
101
Step
125
Step
139,
127,
175
Step
200
Step
201
Step
250
76
Step
275
Step
300
77
Introdução de um Gume de Separação de fluxo no punção:
2ª Solução (Punção2+Matriz1)
𝑙𝑔𝑎𝑝 =5mm, Espessura de aba=2mm, (1º incremento de 3mm, Incrementos seguintes de 2mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =5mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 3mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =5mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 5mm)
Gap5mm h2d2 Gap5mm h3d3 Gap5mm h3d5
Initial
mesh
Step 100
Step 101
Step 150
Step 175
Step 200
Step 201
78
Step 250
Step 275
Step
280, 300,
300
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=8mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 2mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 2mm, 3mm)
Gap10mm h8d2 Gap10mm h3d2 Gap10mm h3d3
Initial
mesh
Step 100
Step 101
Step 150
79
Step 175
Step 200
Step 201
Step 250
Step 275
Step 300
80
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=5mm, (1º incremento de 5mm, Incrementos seguintes de 2mm, 3mm,
5mm)
Gap10mm h5d2 Gap10mm h5d3 Gap10mm h5d5
Initial
mesh
Step
100
Step
101
Step
150
Step
175
Step
200
Step
201
81
Step
250
Step
275
Step
300
82
Introdução de um “fillet” na matriz em conjunto com o gume de separação:
3ª Solução (Punção2+Matriz2)
𝑙𝑔𝑎𝑝 =5mm, Espessura de aba=2mm, (1º incremento de 3mm, Incrementos seguintes de 2mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =5mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 2mm, Incrementos seguintes de 2mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=2mm, (1º incremento de 8mm, Incrementos seguintes de 2mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 7mm, Incrementos seguintes de 2mm)
Gap5mm h2d2 Gap5mm h3d3 Gap10mm h2d2 Gap10mm h3d2
Initial
mesh
Step
100
Step
101
Step
150
Step
175
Step
200
83
Step
201
Step
250
Step
275
Step
300
Step
400
𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=5mm, (1º incremento de 5mm, Incrementos seguintes de 2mm, 3mm,
5mm) + 𝑙𝑔𝑎𝑝 =10mm, Espessura de aba=3mm, (1º incremento de 7mm, Incrementos seguintes de
3mm)
Gap10mm h3d3 Gap10mm h5d2 Gap10mm h5d3 Gap10mm h5d5
Initial
mesh
Step
100
84
Step
101
Step
150
Step
175
Step
200
Step
201
Step
250
Step
275
Step
300
85
𝑙𝑔𝑎𝑝 =15mm, Espessura de aba=3mm (1º incremento de 12mm, Incrementos seguintes de 3mm) +
𝑙𝑔𝑎𝑝 =15mm, Espessura de aba=5mm, (1º incremento de 10mm, Incrementos seguintes de 5mm)
Gap15mm h3d3 Gap15mm h5d5
Initial
mesh
Step
100
Step
101
Step
150
Step
175
Step
200
Step
201
86
Step
250
Step
275
Step
300
Step
400
87
Uso intercalar de dois punções (punção de separação de fluxo e punção de compressão)
4ª Solução (Punção3+Punçã4+Matriz2)
𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, y=2mm, t=2mm (Espessura de aba=2mm, deslocamentos de cada punção de 2mm
alternadamente) +
𝑙𝑔𝑎𝑝=5mm, y=3mm, t=3mm (Espessura de aba=3mm, deslocamento de cada punção de 3mm
alternadamente)
Gap5mm y2t2 Gap5mm y3t3
Initial
mesh
Step
100
Step
101
Step
175
Step
200
88
Step
201
Step
275
Step
400
Step
700
89
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, y=5mm, t=2mm (Espessura de aba=2mm, deslocamentos de cada punção de 2mm
alternadamente) +
𝑙𝑔𝑎𝑝=10mm, y=2mm, t=2mm (Espessura de aba=3mm, 5mm, 8mm, deslocamento de cada punção de
2mm alternadamente)
Gap10mm y5t2 Gap10mm e3 y2t2 Gap10mm e5 y2t2 Gap10mm e8 y2t2
Initial
mesh
Step
100
Step
101
Step
200
Step
300
90
Step 400
Step 600
Step 400
Step 400
Step 500
Step 700
Step 500
Step 500
Step 600
Step 1200
Step 600
Step 600