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UNIVERSIDADE MOGI DA CRUZES LARCIO TADEU DA SILVA BROCOS
ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES PARA A EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS
EJA
Mogi das Cruzes, SP 2010
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UNIVERSIDADE MOGI DA CRUZES LARCIO TADEU DA SILVA BROCOS
ENSINO DE BIOTECNOLOGIA: PROPOSTA DE ATIVIDADES PARA A EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS
EJA Dissertao apresentada ao programa de Ps- graduao da Universidade de Mogi das Cruzes, como parte dos requisitos para a obteno do Ttulo de Mestre em biotecnologia. rea de concentrao: Biotecnologia aplicada a recursos naturais e agronegcios.
Orientador: Prof. Dr.Moacir Wuo
Mogi das Cruzes, SP 2010
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DEDICATRIA
Dedico esse trabalho aos meus familiares:
A minha me Suzana e ao meu pai Manuel, pelo apoio e palavras
confortadoras nos momentos difceis.
A minha esposa Maria, pela cumplicidade compreenso e
dedicao.
A todos que de alguma forma contriburam para a concluso
desse trabalho.
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No possvel refazer este pas, democratiz-lo, humaniz-lo, torn-lo srio,
com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho,
inviabilizando o amor. Se a educao sozinha no transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda.
(Paulo Freire)
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo que tem me proporcionado ao longo da vida.
Ao Dr. Moacir Wuo, pela amizade, pacincia, apoio e incentivo nos
momentos difceis.
Aos Drs. Wellington Arajo e Wagner Wuo, pelas valiosas orientaes.
Aos discentes e docentes participantes desta pesquisa.
Ao diretor Raimundo da unidade escolar MR, pela forma como nos recebeu,
sempre muito simptico e amigo, o que tornou nosso trabalho muito agradvel.
Ao George Everton, pela amizade apoio que nos dispensou.
Ao filho Larcio Junior, pelo apoio nos momentos difceis.
Aos colegas Claudia, Josimar e Marcos da turma do Mestrado, pelo
companheirismo e apoio.
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RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivos, avaliar a eficincia de um mtodo de ensino/aprendizagem sobre Biotecnologia, elaborado com base na teoria Construtivista da aprendizagem Significativa, e compar-lo com o mtodo tradicional de Ensino/Aprendizagem. As unidades didticas elaboradas foram: Divises celulares; Cromossomos; Estrutura do DNA; Sntese de protenas; Plantas transgnicas e Fermentao, tendo sido desenvolvida de acordo com as orientaes dos, PCN,das OCNEM para o ensino de Biologia e suas Tecnologias e da Proposta Curricular de Biologia da Secretaria de Educao do Estado de So Paulo. Participaram como voluntrios, 40 alunos das 3 sries do perodo noturno do curso de Educao de Jovens e Adultos, de duas Escolas da rede Estadual de Educao na Zona de Leste de So Paulo, subdivididos em dois grupos. As escolas foram identificadas pelas siglas MR, na qual as atividades foram aplicadas e LL, a qual foi considerada como grupo referencial. As avaliaes foram feitas por meio de questionrios Pr e Ps-teste identificadas pelos nmeros 1 para o Pr-teste e 2 para o Ps-teste, respectivamente MR1; MR2 e LL1 ; LL2. Os questionrios, compostos de 23 questes abertas e 20 fechadas, buscaram analisar conhecimentos e fontes de informaes sobre: DNA, Bactrias, Fungos, Biotecnologia e Transgnicos. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comit de tica em Pesquisas com Seres Humanos - Processo CEP 01/2008 CAAE 0001.0.237.000-08 e sua aplicao autorizada pela Diretoria de Ensino Leste 2 e pelas Direes das Escolas. Utilizou-se o teste estatstico do Qui-Quadrado para anlises da significncia entre as diferenas das frequncias das respostas considerando p0,05. Resultados dos pr-testes mostraram inconsistncias e ausncias de conhecimentos sobre os temas em ambos os grupos sem diferenas estatisticamente significativas. Resultados dos ps-testes mostraram ganhos de conhecimentos no Grupo MR2 quando comparado com o Grupo LL2 e com os resultados dos Pr-testes. Destacaram as variaes de acertos nos temas Cromossomos - MR2 com 46,2% enquanto que LL2 permaneceu inalterado; Estrutura da Molcula de DNA, MR2 50%; Transgnicos MR1 e LL1 com 52% e 57%, MR2 88,2%, e LL2 31%. Ocorrncia da Molcula de DNA, MR2 com 46,1% e LL2 25%. Funes das Protenas, MR1 e LL1 no apresentaram respostas corretas, MR2 apresentou 42,8% de acertos e LL2 permaneceu inalterado. Os grupos indicaram como a principal fonte de informaes sobre o DNA, A Escola nas Aulas de Biologia, MR2 76,1% e LL2 41,7%.Os resultados evidenciaram que a Proposta promoveu ganhos de conhecimentos no grupo MR2, possibilitou acesso a informaes, anlises e interpretaes. Entretanto, no possvel considerar plena consolidao de conhecimentos nesse grupo devido a ausncias de conhecimentos iniciais, histricos de descontinuidades educacional nessa modalidade, estrutura pedaggica e de apoio da unidade escolar e o tempo reduzido para a aplicao das atividades.
Palavras-chave: Biologia, Construtivismo, Parmetros Curriculares, Cromossomos, DNA.
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ABSTRACT
This research had as objective to develop, to apply and to evaluate a set of Activities for Teaching of biotechnology in the educational modality teaching of young and adults - EJA.The proposal, consisting of theoretic practices activities addressing the following topics: Divisions cellular; Chromosomes ;ADN Structure; Protein synthesis ;Transgenic plants and Fermentation. Developed in concordance with orientation of PCN, OCNEM, for the teaching of biology and its Technologies and Proposed Course of Biology Education Department of the State of Sao Paulo. Participated as volunteers, 40 students from the third grade of the nocturnal period of the course of Young Education of e Adult, two Schools of the State net of Education in the Zone of East of So Paulo, subdivided in two groups. The schools were identified by the Abbreviations MR, where activities were implemented and LL, which was considered as reference group. The evaluations were conducted through questionnaires Pre and Pos test, identified by numbers 1 to Pre-test and 2 for the post-test, respectively MR1, MR2 and LL1, LL2. The questionnaires, composites of 23 open questions and 20 closed ones, had searched to analyze knowledge and sources of information on: DNA, bacteria, fungi, Biotechnology and GM. The project was approved by the Ethics in Human Research -Case CEP 01/2008 CAAE 0001.0.237.000-08 and its application approved by the Board of Education and the East 2 Directions Schools. was used the statistical test of chi square for analysis of significance between the differences of frequencies of responses considering p0,05.Results of pre-tests showed inconsistencies and absence of knowledge, related to the themes in both groups, no statistically significant differences. Results of Post-tests showed gains in knowledge in Group MR2 when compared with Group LL2 and the results of pre-tests. Highlighted the successes on themes Chromosomes - MR2 with 46,2% while the LL2 remained unchanged; Structure of the ADN molecule, MR2 50%; Transgenic MR1 and LL1 with 52% and 57%,MR2 88.2% and 31% LL2. Occurrence of the ADN molecule,MR2 with 46,1% e LL2 25% .Function of Proteins, LL1 and MR1 did not show correct answers, MR2 showed 42.8% of correct answers and LL2 remained unchanged. The groups cited as the main source of information about the ADN. The results showed to proposal The results showed to proposal promoted gains knowledge in the group MR2, allowed access to information, analysis and interpretation. But not be regarded consolidation of knowledge in this group, because the initial absence of knowledge historical discontinuities educational This type structure and pedagogical support from the school and the time available for the implementation of activities.
Keywords: Biology, Constructivism, Parameters Curricular, Chromosomes, DNA.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuio dos participantes da Escola MR, segundo faixas etrias e sexo, no Pr-teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
42
Tabela 2. Distribuio dos participantes da Escola LL, segundo faixas etrias e sexo, no pr-teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
42
Tabela 3. J ouviram falar em cromossomos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Tabela 4. Conhecimentos sobre cromossomos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Tabela 5. Fontes de informaes sobre DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Tabela 6. Indicaes sobre conhecimentos do DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Tabela 7. Conhecimentos sobre a estrutura da molcula de DNA. . . . . . . . .
56
Tabela 8. Conhecimentos sobre as funes do DNA? . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Tabela 9. Conhecimentos sobre a ocorrncia da molcula DNA. . . . . . . . . . 59
Tabela 10. Indicao sobre o conhecimento do teste de paternidade
utilizando DNA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
61
Tabela 11. Como feito o teste de paternidade usando DNA? . . . . . . . . . . . . 62
Tabela 12. Mutao gnica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Tabela 13. Conseqncias da mutao gnica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Tabela 14. DNA protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Tabela 15. Sntese de protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Tabela 16. Funes das protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Tabela 17. Exemplos das funes das protenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Tabela 18. Conhecimentos sobre as bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Tabela 19. Importncia das bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
Tabela 20. Indicaes sobre o consumo de alimento produzido por bactrias 74
Tabela 21. Produo de alimentos por bactrias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Tabela 22. Conhecimentos sobre fungos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
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Tabela 23. Indicaes de alimentos produzido por Fungos . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 24. Exemplos de alimentos produzidos por fungos. . . . . . . . . . . . . . . .
77
79
Tabela 25. Indicaes de conhecimentos sobre a biotecnologia. . . . . . . . . . . 80
Tabela 26. Aplicaes da Biotecnologia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Tabela 27. Indicaes sobre o ensino de biotecnologia nas Escolas. . . . . . 85
Tabela 28. Ligaes entre a Biotecnologia e a biologia. . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Tabela 29. A Biotecnologia pode facilitar a vida dos seres humanos. . . . . . . . 89
Tabela 30. Indicaes sobre transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Tabela 31. Conhecimentos sobre transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Tabela 32. Exemplos de transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Tabela 33. Exemplos de transgnicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Tabela 34. Voc sabe como so produzidos os transgnicos? . . . . . . . . . . . 96
Tabela 35. Voc j consumiu algum produto transgnico? . . . . . . . . . . . . . . . . 98
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LISTA DE ILUSTRAES
Quadro 1. Designao para Pr e Ps Testes.
Quadro 2. Atividades desenvolvidas na Proposta de Ensino.
Quadro 3. Dimenses, variveis e tipos de questes do questionrio.
Quadro 4. Padro de respostas utilizadas como critrios para avaliao das
respostas apresentadas s questes abertas.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BT Bacillus thuringiensis
DNA cido Desoxirribonuclico
EJA Ensino de Jovens e Adultos
EIBE The European Initiative for Biotechnology Education
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional
MEC Ministrio da Educao e Cultura
OCNEM Orientaes Curriculares Nacionais
OGM Organismos Geneticamente Modificados
PCN Parmetros Curriculares Nacionais
RNA cido Ribonucleico
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SUMRIO
1 INTRODUO............................................................................................. 14
1.1 A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de Biologia e suas novas tecnologias........................................................................................................
24
1.2 A Proposta Curricular do Estado de So Paulo........................................ 28
1.3 Aprendizagens Construtivista..................................................................... 30
1.4 Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA)........................................ 34
1.5 Ensino de Biotecnologia............................................................................ 37
2 OBJETIVOS GERAIS................................................................................... 40
2.1 Objetivos Especficos................................................................................. 40
3 MTODO....................................................................................................... 41
a) Participantes................................................................................................. 41
b) Atividades de Ensino.................................................................................... 43
c) Instrumento de avaliao Pr e Ps-Teste................................................ 44
d) Procedimentos para a aplicao das atividades Pr e Ps- teste............... 45
e) Plano de Anlise dos Resultados................................................................. 46
4 RESULTADOS E DISCUSSO..................................................................... 51
5 CONCLUSES E SUGESTES................................................................... 102
REFERNCIAS................................................................................................ 105
APNDICES..................................................................................................... 110
ANEXOS........................................................................................................... 197
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14
1 INTRODUO
A Biotecnologia pode ser entendida como um conjunto de tcnicas de
manipulao ou uso de seres vivos, ou parte destes para solucionar problemas,
desenvolver produtos novos e teis, privilegiando finalidades econmicas. No se
trata de uma revoluo, uma vez que a utilizao de plantas, animais e
microrganismos para a produo de alimentos ocorrem desde as antigas civilizaes
h mais de 10.000 anos. No entanto as tcnicas envolvendo a utilizao de clulas e
molculas, desenvolvidas a partir da dcada de 1960, a Biotecnologia Moderna,
permitiram a compreenso de processos moleculares fundamentais e alteraes no
patrimnio gentico e, por conseguinte, manipulaes direcionadas e especficas
para modificaes desejadas, que at ento ocorriam empiricamente (SILVEIRA,
BORGES, BUAINAIN, 2005; KEUZER & MASSEY, 2002).
A utilizao de tcnicas anteriores ao advento da Biotecnologia Moderna,
com extensivo uso de microrganismos, ainda constituem processos com viabilidades
econmicas, teis e essenciais s sociedades. Esses processos no se limitam a
produo de alimentos tradicionalmente conhecidos como, po, queijo, iogurte e
vinho, mas tambm a produo de antibiticos, vitaminas, enzimas, vacinas,
controle de pragas, fixao de nitrognio, tratamento de resduos, entre outros.
Os termos Biotecnologia Clssica e Biotecnologia Moderna, sem cair num
reducionismo exagerado, so utilizados como indicadores de processos com
tecnologia de DNA e sem tecnologia de DNA, embora continuem utilizando
plantas, animais e microrganismos com propsitos utilitaristas e econmicos. A
diferena reside na complexidade da tcnica, ou conjunto de tcnicas empregadas.
Como adverte Kreuser & Massey (2002), existem Biotecnologias, ou seja,
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tecnologias diversas que utilizam as especificidades das interaes moleculares e
dos organismos envolvidos.
Aquarone, Borzani, Schmidell & Lima, (2001), Azevedo, Barros & Serafini,
(2002) mencionam que a Biotecnologia Clssica caracterizada pela utilizao de
microrganismos para a fermentao de substncias vegetais e animais para o
consumo humano, entre elas os antibiticos, o lcool combustvel, o vinho, a
cerveja, o po, bem como a produo de sementes melhoradas. Utilizao esta
experimentada desde a antiguidade por antigas civilizaes. Entretanto estas
civilizaes no possuam o conhecimento dos agentes responsveis pelos
processos de fermentao ou da hereditariedade, esses conhecimentos s foram
obtidos a partir do trabalho de Louis Pasteur, onde ele demonstrou que os
microrganismos so os responsveis pelo processo de fermentao, e de Mendel,
com a demonstrao das Leis da Herana.
A Biotecnologia Moderna caracteriza-se pela utilizao de tcnicas
envolvendo manipulao de DNA, possibilitando a retirada ou insero de genes de
interesse no genoma de organismos-alvo, modificando-os ou conferindo-lhes novas
caractersticas. A Biotecnologia Moderna tem sido amplamente utilizada com
sucesso em vrios segmentos econmicos, entre eles, a agricultura, minerao,
pecuria, sade e indstria.
Na agricultura alguns exemplos podem ser destacados. Entre eles: o
controle biolgico de pragas com a utilizao de fungos, bactrias ou vrus, assim
como o melhoramento gentico de sementes com a produo de sementes
resistentes a pragas, fatores ambientais e com finalidades de otimizao da
produtividade (AZEVEDO, et al, 2002 ; MOTA,CAMPOS & ARAJO, 2003)
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Na rea da sade as tcnicas da Biotecnologia tm propiciado o
desenvolvimento de vacinas mais eficazes e seguras com extrema importncia para
a Sade Pblica. Recentemente a chamada vacina de DNA, em fase de
experimentao e testes clnicos, poder, num futuro prximo, tornar-se um aliado
importante no combate a diversas patologias, entre elas alguns tipos de cncer
(RODRIGUES, et al, 2004).
A expanso industrial vem se valendo de contribuies significativas da
Biotecnologia e suas aplicaes. No cenrio brasileiro, podemos encontrar diversos
exemplos, como: a produo de etanol a partir da cana-de-acar, com a co-
gerao de energia eltrica produzida a partir do bagao, e o uso da biomassa em
indstrias de papel e celulose a partir de cascas e resduos de rvores
(GOLDEMBERG & LUCON, 2007).
A Biotecnologia contempornea conta com tecnologia de ponta, e engloba
diversos segmentos econmicos. Todavia, para que se atingisse este estgio os
avanos relacionados s cincias biolgicas foram fundamentais, desde a
descoberta da clula em um pedao de cortia por Robert Hook em 1665; a
construo de um microscpio com capacidade de ampliao em cerca de 270
vezes; a teoria de que todos os organismos vivos so constitudos por clulas,
proposta por Matthias Shleiden e Theodore Schwann, at as leis da hereditariedade
proposta por Mendel no sculo XIX atravs do cruzamento de ervilhas com
diferentes cores de flores (COSTA, BOREM, 2003 & CARVALHO, 2003).
No sculo XX pode ser citada a descoberta da penicilina a partir do fungo
Penicillium notatum por Alexander Fleming, assim como a possibilidade e produo
de vrios antibiticos, o modelo da dupla hlice da molecula de DNA, proposta em
1953 por Watson e Crick, com a demonstrao das duas fitas pareadas e
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complementares com as sequncias de nucleotdeos (BRUCE, JOHNSON, LEWIS &
MARTINRAFF, 2006).
Em 1958 Francis Crick descreveu o processo de expresso gnica, no qual
se postulou a transferncia de informaes do DNA para outra molcula o acido
ribonuclico RNA. O modelo estrutural da molcula de DNA desencadeou novos
experimentos, entre eles, a sntese enzimtica de DNA in vitro1 proposta por
Kornberg em 1956; a identificao do RNA mensageiro; o modelo de regulao de
expresso dos genes proposto por Jacob e Monod, e o desenvolvimento das
tcnicas de sequenciamento de genes a partir dos anos 1970 proposta por Arber
(GIRELLO, KUHN 2007 & SILVA, 2000).
Na dcada de 1990 a clonagem da ovelha Dolly constituiu fato que colocou a
Biotecnologia em destaque, demonstrando que clulas adultas podem ser
reprogramadas, passando a produzir novamente clulas-tronco (VARELA, 2004).
Bandeira, Gomes & Abath (2006), Ojopi (2004), inferem que o sculo XXI
ficar marcado para a humanidade com extraordinrio feito da Biotecnologia o
sequenciamento do genoma humano desencadeando uma gama de possibilidades
e aplicaes futuras nas mais diversas reas das atividades humanas. Entre elas,
pode-se destacar: a medicina, com inmeras possibilidades previsveis, como o
mapeamento gentico de patologias, que podero ser descobertas desde a
fecundao, assim como a construo de banco de dados em busca de terapias
personalizadas a parir do genoma dos pacientes.
A Biotecnologia deixa de ser apenas uma cincia, tornando-se um negcio
altamente lucrativo e promissor. Estudos apontam que no ano 2.000 a Biotecnologia
movimentou cerca de US$ 200 bilhes s nos EUA. Enquanto que o Brasil da
1 in vitro . Que ocorre fora do organismo; diz-se das experincias de laboratrio feitas em frascos ou tubos de ensaios (POLISUK e GOLDFELD,1998).
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dcada de 70 no figurava as estatsticas de produo mundial de soja, passando,
atualmente, a ser o segundo maior produtor do mundo a partir do desenvolvimento e
emprego da Biotecnologia associada s tcnicas de melhoramento gentico
tradicionais para a produo de gros resistentes a pragas e a fitopatgenos
(COSTA, BOREM & CARVALHO, 2003).
Segundo Carmo (2006), o advento das tcnicas do DNA recombinante
possibilitou modificaes nos genomas de vegetais, animais e microrganismos, com
a finalidade de expressarem caractersticas de interesse. Ao longo do processo de
evoluo da Biotecnologia algumas tcnicas foram desenvolvidas, com o objetivo da
insero de genes exgenos no genoma de organismos alvo.
A Biotecnologia Moderna, com o advento das tcnicas do DNA
recombinante, propiciou a otimizao do melhoramento gentico fato esse que
viabilizou a utilizao de plantas cultivadas, animais domsticos e microrganismos
teis, como os envolvidos na produo de antibiticos, vitaminas, enzimas e outros
produtos. Estas tcnicas contribuem de forma significativa para melhoramento
gentico de plantas, visando produo de alimentos, fibras e leos, assim como a
fabricao de frmacos. Tais tcnicas possibilitam o isolamento de um gene de um
determinado organismo, e a sua transferncia para outro organismo resultando em
um individuo geneticamente igual ao utilizado para receber a molcula de DNA,
porem acrescidos de uma nova caracterstica gentica. O inicio da produo de
plantas transgnicas teve seu inicio na China no incio da dcada de 1990, os
Estados Unidos, passaram a utilizar as plantas transgnicas partir de 1994, com um
tomate altamente resistente ao armazenamento, (AZEVEDO, FUNGARO & VIEIRA
2000).
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Monqueiro (2005) inferi que um dos critrios fundamentais na definio de
organismos transgnicos a estabilidade do gene integrado. Ou seja, os OGMs
tambm devem ser capazes de multiplicar e transmitir para seus descendentes, o
material gentico modificado.
A manipulao gentica de plantas no constitui fato novo, a literatura relata
que h muito o homem manipula geneticamente plantas, onde os cruzamentos eram
controlados, com objetivos de produzir plantas superiores. Esses mtodos ocorrem
desde o incio da agricultura h cerca de dez mil anos populaes humanas j
utilizam empiricamente mtodos de melhoramento gentico que imitam os processos
da evoluo natural. O melhoramento de gros como: trigo, cevada, ervilha e
lentilhas, ocorrem desde sete mil anos a.C.. (AZEVEDO, FUNGARO, VIEIRA 2000 &
NODARI, 2003).
Os OGMS dividem opinies, so indiscutveis os benefcios produzidos por
tcnicas de DNA recombinante aplicados ao melhoramento gentico de plantas,
como exemplos, pode-se citar: o milho que teve em seu genoma o gene de uma
bactria, o Bacillus thuringiensis ou Bt, trata-se um gene resistente a insetos; a soja
transgnica com um gene resistente ao glifosato, princpio ativo do herbicida
Roundup esta soja teve adicionado ao seu genoma por meio de tcnicas de
engenharia gentica, um gene exogeno proveniente de uma bactria do solo do
gnero Agrobacterium, que confere resistncia ao glifosato, (AZEVEDO, FUNGARO
& VIEIRA 2000).
Com relao ao herbicida glifosato, Meneses (2004); Coutinho & Mazo
(2005) destacam que este herbicida amplamente utilizado onde o controle total da
vegetao se faz necessrio. O glifosato promove alterao em diferentes processos
bioqumicos vitais nas plantas, entre os quais esto a biosntese de aminocidos,
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protenas e cidos nucleicos. O herbicida absorvido pelo tecido vivo e
transportado, via floema, atravs da planta para razes e rizomas, atuando na
inibio enzimtica dos vegetais, atravs da enzima 5-aminoetanolpirocatequina-3-
fosfato sintase (Epsilo), que responsvel pela sntese dos aminocidos
aromticos essenciais (fenilalanina, tirosina e triptofano), os quais so precursores
de outros produtos como vitamina K, cidos benzoicos, lignina e alcaloides. Os
vegetais tratados com glifosato morrem lentamente, em um perodo que pode variar
de alguns dias ou semanas, e devido ao transporte por todo o sistema, nenhuma
parte da planta sobrevive.
Azevedo, Fungaro & Vieira (2000), relatam que no h registros
relacionados a problemas de resistncia decorrente de Bt em plantas desde a
introduo desses mtodos de controle de pragas. O milho geneticamente
modificado, hoje cultivado em escala comercial, e como vantagens apresentam a
reduo de insumos (inseticidas) a serem utilizados pelo agricultor, com
consequentes vantagens para os consumidores e tambm para o ambiente. Alguns
problemas levantados, como: o surgimento de insetos resistentes toxina ou a
possvel eliminao de insetos teis pela disperso do plen de milho, so
contornveis.
Em contrapartida, Nodari (2003), destaca que alguns riscos dos alimentos
transgnicos para a sade esto sendo levantados e questionados. Entre eles o
aumento de alergias, resistncia aos antibiticos, aumento das substncias txicas e
dos resduos nos alimentos. Nodari, (2003), ainda destaca, que nos ltimos 20
anos, surgiram mais de 30 doenas na espcie humana (AIDS, ebola e hepatites,
entre outras). Assim como, tambm o ressurgimento de doenas como a
tuberculose, malria, clera e difteria, com grau bem mais elevado de agressividade
-
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por parte dos microrganismos patognicos. Concomitantemente, houve um
decrscimo na eficincia dos antibiticos. Na dcada de 40, um antibitico tinha uma
vida til de 15 anos.
Segundo Almeida & Mattos (2005), mais de duzentos conceituados
cientistas assinaram um documento direcionado aos governos do mundo, pedindo a
retirada dos alimentos geneticamente modificados do mercado, por entenderem que
os testes de segurana aplicado a esses alimentos, so testes de equivalncia
substancial. Este tipo de analise somente detecta a presena de algumas toxinas e
alguns alergnicos conhecidos, a produo de novas toxinas e alergnicos no so
consideradas.
Almeida & Mattos (2005) ainda destacam a existncia de casos graves
relacionados ao consumo de produtos transgnicos estima-se que tenham
ocorrido pelo menos 80 mortes, e 5.000 pessoas tenham adquirido a sndrome
eosinofilia-mialgia sndrome sistmica complexa com componentes inflamatrios e
auto-imunes que afetam a pele, fscia, msculo, nervos, vasos sanguneos, pulmes
e corao, como consequncia da ingesto de triptofano transgnicos. Esse
suplemento alimentar era produzido por bactria geneticamente modificada pela
empresa Showa Denko K. K, que pagou mais de US$ 2 bilhes em indenizaes.
Esses fatos no foram suficientes para sensibilizar as autoridades reguladoras norte-
americanas a mudar seu critrio de segurana, mantendo o da equivalncia
substancial.
Concordamos com Azevedo, Fungaro & Vieira (2000) que o posicionamento
contrrio ou favorvel em relao aos OGMS seria insensato seria o mesmo que
posicionar-se contra a indstria farmacutica e promover o banimento dos frmacos
por existirem medicamentos teis, e outros que so prejudiciais ou causam efeitos
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colaterais em algumas pessoas ou ser contra a indstria automobilstica e lutar por
sua extino, pois os automveis causam acidentes e aumentam a poluio.
Os transgnicos dividem opinies em todo o mundo em pases com um
alto ndice de desenvolvimento humano, cidados so estimulados a participar e
emitir suas opinies a respeito de assuntos que, direta ou indiretamente, iro afetar
suas vidas. Porm em pases com baixo ndice de desenvolvimento humano ocorre
o fator inversamente proporcional. fundamental que haja mudana nesse quadro a
tal ponto que, as populaes possam efetivamente exercer a cidadania em sua
plenitude, participando e fazendo valer seus interesses e opinies com relao a
assuntos relacionados ao seu cotidiano.
O pleno domnio da cincia e suas benesses, atualmente esto
concentrados em uma parcela nfima da sociedade. A mudana nesse quadro ser
possvel, ao passo que se desenvolvam programas educacionais direcionados
alfabetizao cientifica, em escolas publicas e privadas, tendo a sua implantao j
nos ciclos iniciais, com aulas que no sejam exclusivamente tericas e expositivas,
mas que valorizem as aulas prtico/experimentais.
De acordo com Hamburger (2007), existem programas educacionais nos
EUA, direcionados para os ciclos educacionais iniciais, onde crianas com
aproximadamente seis anos de idade j podem acompanhar aulas baseadas na
observao e experimentao. Nos EUA estes programas denominados Inquiry
Based Science Education, so aplicados com sucesso em varias cidades.
Vamos mencionar o caso da Biotecnologia que tem sido exaustivamente
veiculada nos meios de comunicao de uma forma geral. Temas como a produo
de alimentos geneticamente modificados, a clonagem de animais a partir da ovelha
Dolly, o sequenciamento do genoma humano, entre outros. Embora tais fatos e
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23
notcias tenham se tornado lugar comum no cotidiano das pessoas, os benefcios e
a compreenso de tais tecnologias so distribudos de maneira desigual na
populao. O desenvolvimento cientfico-tecnolgico tornou-se um fato determinante
para o bem estar social, a tal ponto que a distino entre povo rico e pobre feita
pela capacidade de produzir ou no o conhecimento cientifico. A mudana nesse
quadro somente ser possvel, medida que o conhecimento e a compreenso da
cincia e suas tecnologias, sejam algo acessvel desde os primeiros estgios
educacionais. necessrio tambm que informaes cientficas corretas e
acessveis no se restrinjam a grupos privilegiados (SILVA, 2000).
Segundo Harms (2002), a Biotecnologia possui ao menos duas questes
ambivalentes, sendo uma ligada aos conhecimentos cientficos e a outra diz respeito
responsabilidade social envolvendo questes ticas. Essa ambivalncia deve ser
inserida nos contextos dos processos educacionais nas escolas, uma vez que os
conhecimentos cientficos sobre as bases e os procedimentos tcnicos, devem
fornecer subsdios para que os alunos sejam qualificados e capazes de justificar e
tomar decises ou de se posicionarem de maneira racional e sensata diante dos
possveis riscos no desenvolvimento e no emprego da Biotecnologia.
Nos pargrafos que se seguem, sero abordados os temas: Lei de Diretrizes
e Bases e o Ensino de Biologia e as suas novas tecnologias e a elaborao dos
documentos curriculares norteadores do sistema educacional brasileiro. Dentre eles
os Parmetros Curriculares Nacionais, Orientaes Curriculares e a Proposta
Curricular para o ensino de biologia do estado de So Paulo.
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1.1A Lei de Diretrizes e Bases e o Ensino de Biologia e Suas Novas
Tecnologias
Em 1996 foi aprovada a nova Lei de diretrizes e Bases da Educao
Nacional LDB, Lei n 9.394/1996. Esta lei, em seu artigo 26, estabelece uma base
Nacional Comum para os currculos do Ensino Fundamental e Mdio, na qual
permita a compreenso do ambiente, das cincias e suas tecnologias, o pleno
domnio da escrita, da leitura, do clculo, como tambm a formao do cidado e
conhecimentos sobre a organizao social e do sistema poltico.
Segundo Viana & Unuberaum (2004), embora a LDB tenha passado por um
perodo de oito anos em tramitao no Congresso Brasileiro, aps a promulgao da
Constituio Federal de 1988, alguns direitos relacionados educao foram
assegurados. Dentre eles a educao para a faixa de zero a seis anos, o acesso e
permanncia do trabalhador na escola, o aperfeioamento profissional continuado, e
a oferta de educao escolar regular para jovens e adultos a Educao de Jovens
e Adultos (EJA). O artigo 37 da LDB estabelece que a Educao de Jovens e
Adultos (EJA), dever ser voltada para aqueles que no tiveram acesso ou
apresentem histrico de descontinuidade dos estudos no ensino fundamental e no
ensino mdio. Alm da gratuidade, tambm devem ser observadas e consideradas
as caractersticas do alunado, seus interesses, condies de vida e de trabalho.
Na dcada de 1990, em meio ao perodo de reformas da educao no
Brasil, ocorreram alguns movimentos com a participao de docentes e profissionais
ligados educao, visando melhoria do ensino. Esse fato contribuiu
significativamente para que o Ministrio da Educao e Cultura o (MEC), elaborasse
um programa de universalizao da educao, resultando na elaborao de um
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documento com contedos e prticas a serem utilizados em sala de aula - os
Parmetros Curriculares Nacionais - PCN (BRAGA, 2004)
Os Parmetros Curriculares Nacionais so um conjunto de documentos
norteadores no sistema educacional, tem como funo garantir a coerncia das
polticas pblicas que visam qualidade no ensino. Os PCN constituem uma
proposta flexvel, no caracteriza um modelo curricular homogneo nem impositivo,
ao mesmo tempo em que alerta s diversidades culturais brasileiras, assim como a
autonomia de professores e equipes pedaggicas. A elaborao dos Parmetros
Curriculares Nacionais se deu a partir dos estudos de propostas curriculares de
Estados e Municpios da Federao, e tambm, a partir de experincias e currculos
de outros pases. O MEC viabilizou tais estudos por meio de suas delegacias,
promovendo diversos encontros regionais dos quais participaram professores,
tcnicos, representantes de Conselhos Estaduais de Educao, e de entidades
ligadas educao (BRASIL, 1998).
Esse conjunto de documentos apresenta o perfil da educao brasileira,
orientaes para cada rea do conhecimento, discutem o histrico escolar e as
principais questes voltadas cidadania. As reas apresentadas so: Lngua
Portuguesa, Matemtica, Cincias Naturais, Historia, Geografia, Artes e Educao
Fsica. Tambm compem os PCN, os Temas Transversais que propem
discusses sobre questes sociais importantes para a cidadania tais como:
orientao sexual; pluralidade e cultura; tica; sade e meio ambientes (BRASIL,
1998).
Em 2006 o MEC publicou as Orientaes Curriculares Nacionais para o
Ensino Mdio (OCNEM) seguindo os mesmos moldes dos PCN. Dentre os objetivos
dos OCNEM destacam-se: a promoo do dilogo e a reflexo sobre a prtica
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docente, com propsitos de preparar o jovem para a complexidade social e para
uma aprendizagem autnoma e continuada ao longo da vida. Neste sentido o ensino
de Biologia deve ter como metas a formao de um indivduo com slido
conhecimento e com raciocnio crtico, para que saiba opinar sobre questes
polmicas, que possam, direta ou indiretamente, interferir em sua condio de vida.
Essas questes cotidianas devem ser tratadas no processo de ensino, visando
diminuir a distncia da realidade que, por muitas vezes, no permite que
populao perceba o vnculo estreito existente entre o que estudado na disciplina
Biologia e o cotidiano (BRASIL, 2006).
As OCNEM ainda apontam que o grande desafio do professor, possibilitar
ao aluno o desenvolvimento de habilidades necessrias para a compreenso do
papel do homem na natureza. Para enfrentar esses desafios, o ensino de Biologia
deveria se pautar pela alfabetizao cientfica, com aquisio de um vocabulrio
bsico de conceitos cientficos e a compreenso da natureza do mtodo cientfico e
dos impactos da cincia e suas tecnologias sobre os indivduos e as sociedades.
Para tanto, fundamental que o professor seja capacitado, recebendo as
orientaes e condies necessrias para que haja uma mudana na forma de
ensinar Biologia, de maneira a organizar suas prticas pedaggicas de acordo com
as concepes para o ensino da Biologia, tendo apresentada nos PCN e nas
OCNEM (BRASIL, 2006).
Nas OCNEM para a rea das Cincias da Natureza, Matemtica e suas
Tecnologias, na qual est includa a Biologia, h referncia explicita sobre os
fundamentos bsicos da investigao cientfica, assim como o reconhecimento da
cincia como uma atividade humana em constante transformao, fruto da
conjuno de fatores histricos, sociais, polticos, econmicos, culturais,
religiosos e tecnolgicos, e, portanto, no neutra; compreender e interpretar
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27
os impactos do desenvolvimento cientifico e tecnolgico na sociedade e no
ambiente... sob a tica das cincias, mais especificamente da Biologia, para
que, simultaneamente, (o educando) adquira uma viso crtica que lhe
permita tomar decises usando sua instruo nessa rea do conhecimento
(BRASIL, 2006, p.20).
A nfase dada nos PCN e nas OCNEM ao ensino das cincias e suas
novas tecnologias, pode ser considerada um avano, face importncia em
despertar nas novas geraes, no s o interesse pela cincia e pelo
desenvolvimento de capacidades para compreender e analisar os bens gerados por
elas, deixando de ser uma aprendizagem ou conhecimento meramente virtual ou
propedutica.
Entretanto para que isso ocorra, o processo ensino aprendizagem deve
envolver a parceria entre professores e alunos, com a adoo de estratgias de
ensino que privilegiem a experimentao. Devem ser abolidos experimentos cujos
resultados so previamente conhecidos, pois os mesmos no condizem com
necessidades do ensino atual. As atividades experimentais devem partir de um
problema, de uma questo a ser respondida, cabendo ao professor orientar os
alunos na busca por respostas. As questes propostas devem propiciar
oportunidades para que os alunos elaborem hipteses, testem-nas, organizem os
resultados obtidos, reflitam sobre o significado dos resultados esperados, e,
sobretudo dos resultados inesperados, e usem as concluses para a construo do
conceito pretendido. Alguns experimentos simples, que podem ser realizados em
casa, ou na escola a utilizao de materiais do dia-a-dia, levam a importantes
descobertas, contribuindo como um todo para um aprendizado significativo (BRASIL,
2006).
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1.2 A Proposta Curricular do Estado de So Paulo
A Secretaria da Educao do Estado de So Paulo implantou em 2008 a
Proposta Curricular de Ensino nas Escolas da Rede Estadual de Educao, em
todos os nveis de ensino e em todas as reas. Dentre os objetivos dessa Proposta
Curricular podem ser citados:
a) promover uma aprendizagem ativa por meio de atividades significativas, que
avancem para alm da memorizao de receitas prontas.
b) valorizar situaes de aprendizagem que faam sentido para os alunos.
c) possibilitar a compreenso de noticias relacionada a terminologias
cientficas, relacionadas a gros transgnicos, clulas tronco entre outras.
d) viabilizar a utilizao desse currculo, como forma de padronizar o trabalho
pedaggico realizado nas escolas da Rede Estadual do Estado de So
Paulo.
A partir da anlise da Proposta Curricular da Secretaria da Educao do
estado de So Paulo, podem ser evidenciados os seguintes aspectos:
abordagem das principais caractersticas da sociedade do conhecimento,
assim como das presses contemporneas exercida sobre os jovens.
prope princpios orientadores para a prtica educativa, priorizando
sobretudo a leitura e escrita a articulao de competncias disciplinares.
apresenta um documento direcionado aos dirigentes e gestores educacionais,
cuja finalidade apoiar o gestor na implementao da Proposta Curricular
nas escolas publicas da Rede Estadual do estado de So Paulo.
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apresenta um conjunto de documentos dirigidos aos professores, organizados
por reas, onde so apresentados situaes de aprendizagem, com o
propsito de orientao do trabalho docente.
apresenta as competncias como referencial, com a finalidade de articular as
atividades escolares direcionadas ao que se espera que os alunos aprendam
ao longo dos anos.
Outro aspecto a ser destacado, a diviso em reas, a saber: Cincias da
Natureza suas Tecnologias, biologia, Qumica, Fsica e Matemtica; Cincias
Humanas e suas Tecnologias Histria, Geografia, Filosofia, Sociologia e
Psicologia; Linguagens, Cdigos e suas Tecnologias Lngua Portuguesa, Lngua
Estrangeira Moderna, Arte e Educao Fsica.
Segundo a Proposta Curricular do Estado de So Paulo, um currculo
voltado para o conceito de competncias, contribui para que escola e docentes
indiquem o que os alunos aprendero. A Proposta Curricular do Estado de So
Paulo enfatiza tambm, necessidade da articulao da educao com o mundo do
trabalho, reforando a necessidade da alfabetizao tecnolgica bsica, no sentido
de preparar os alunos para a insero num mundo em que a tecnologia est cada
vez mais presente na vida das pessoas, e tambm da compreenso dos
fundamentos cientficos e tecnolgicos da produo de bens e servios necessrios
para a vida.
Portanto a Proposta Curricular do Estado de So Paulo salienta, sobretudo,
a importncia da linguagem no desenvolvimento dos discentes, ancorada em
habilidades e competncias, e em contedos articulados com o mundo do trabalho.
Nos itens a seguir, abordaremos as teorias de aprendizagens, com enfoque
na teoria Cognitiva da Aprendizagem Significativa de David Ausubel. Assim como, a
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30
modalidade educacional Ensino de Jovens e Adultos (EJA), nicho educacional alvo
do presente trabalho.
1.3 Aprendizagem Construtivista
Aprender segundo o dicionrio Aurlio significa, ato de aprender; tomar
conhecimento de; tornar-se capaz de algo graas ao estudo, observao,
experincia etc.; tomar conhecimento de algo rete-lo na memria graas ao estudo,
observao, ou experincia (FERREIRA, 2006, p.132). A aprendizagem como
processo cognitivo, segundo Huffman (2003, p.197), pode ser definida; como uma
mudana permanente no comportamento resultante da prtica ou da experincia
vivida.
Sob a tica behaviorista ou Comportamentalista, a aprendizagem pode ser
alcanada pela memorizao ou repetio de uma atividade. Assim, a aprendizagem
resume-se num processo de memorizao mecnica de fatos com pouca nfase
sobre a interpretao de significados. Conhecimentos cientficos podem dessa
maneira, ser entendidos como absolutos, os alunos vistos como receptores passivos
e a aprendizagem resumida na produo de conhecimentos de fatos destituda de
capacidade analtica e crtica de resolver problemas, assim como de clarificar ou
reconstruir conceitos inadequados. A aprendizagem mecnica de fatos isolados
tambm reduz a capacidade dos alunos de conectar ou contextualizar conceitos,
resultando em dificuldades para assimilar ou ainda organizar novos conhecimentos
em suas estruturas cognitivas (ALVAREZ e RISKO, 2007).
Segundo Municio e Crespo (1998), o ensino das cincias tem se
caracterizado pela transmisso e explicao verbal de conceitos e de teorias sobre
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31
os fenmenos naturais, desconsiderando a prpria evoluo e construo dos
conhecimentos cientficos, sedimentando os entendimentos sobre uma cincia
acabada. Dessa maneira impossibilitam a aquisio de uma aprendizagem flexvel
e contextualizada que permita o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos
futuros.
Para o ensino da Biologia e suas novas tecnologias, como propem e
recomendam os PCN e as OCNEM, deve ser considerada, em primeiro lugar, a
natureza multidisciplinar que representa o termo novas tecnologias, no qual a
Biotecnologia est inserida. A Biotecnologia Clssica, embora exista desde as
antigas civilizaes, pode ser considerada como nova tecnologia face ao
aprimoramento dos procedimentos, as aplicaes e a importncia scio-econmica
associada Biotecnologia Moderna, com as tcnicas de manipulao do DNA,
somente possveis com o desenvolvimento tcnico-cientfico de vrias reas do
conhecimento, evidenciam o carter de tecnologia atual e multidisciplinar.
A natureza multidisciplinar da Biotecnologia exige, portanto, a construo de
conhecimentos inter-relacionados das vrias reas do conhecimento, assim como a
interao com fatores scio-cognitivos do dia-a-dia; do meio no qual os alunos
esto inseridos. Essas consideraes devem conduzir a um entendimento da
Biotecnologia como um processo que, segundo Woolfolk (2.000), permite ao
indivduo a aquisio e aplicao de conhecimentos, habilidades e conceitos em
situaes diversas, assim como ser capaz de explicar, encontrar evidncias e
exemplificar. A aquisio de entendimentos permite ao indivduo dotar de
significados um conceito, um material ou uma informao e traduzir esse significado
com suas prprias palavras (MUNICIO & CRESPO, 1998).
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32
Esse processo de aquisio de entendimentos exige procedimentos
adequados e devidamente estruturados para que se alcance a aprendizagem
significativa proposta na teoria construtivista formulada por Ausubel (AUSUBEL,
NOVAK & HANESIAN, 1978), assim como a construo de esquemas ou mapas
conceituais propostos na teoria do construtivismo humano de Novak (MINTZES,
WANDERSEE & NOVAK, 2005).
Segundo Dias, Soares & Souza (2004), para Ausubel, "a aprendizagem
significativa ocorre com a interao entre os conhecimentos pr existentes na
estrutura cognitiva do aprendiz e os novos conceitos a serem aprendidos. A
aprendizagem ser significativa quando o contedo a ser aprendido fizer algum
sentido para o aluno. Se o novo contedo no ligar-se a algo j conhecido, ocorre o
que Ausubel descreveu como aprendizagem mecnica. Ou seja, isto ocorre quando
as novas informaes so aprendidas sem interao com os conceitos relevantes
existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Desse modo, o aprendiz decora
frmulas e contedos que so na maioria das vezes completamente esquecidas logo
aps as avaliaes. O processo de construo do conhecimento se d de maneira
individualizada e correlacionada com a aprendizagem prvia que o sujeito carrega
em seu repertrio cognitivo. Torna-se claro que a utilizao das experincias
trazidas pelos estudantes de extrema relevncia para que a ancoragem de
contedos novos ocorra de forma efetiva e duradoura, consistindo, assim, em
aprendizagem significativa.
Clebsch & Mors, (2004) acrescentam que os mapas conceituais constituem
importantes recursos instrumentais para a construo do conhecimento pretendido.
Os mapas conceituais so representaes grficas semelhantes a diagramas,
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33
indicando e ligando conceitos associados a palavras e explicaes de fenmenos,
fatos e processos.
Os procedimentos de ensino com objetivos de produzir uma aprendizagem
construtivista devem atender a determinadas condies conforme apresentadas na
Figura 1 a seguir. Ver quadro
Figura 1 Condies e requisitos para produzir aprendizagem construtivista (adaptado de
MUNICIO e CRESPO, 1998).
O Construtivismo tem sua origem a partir da sntese feita por Kant, entre duas
filosofias opostas, o Racionalismo e o Empirismo. De acordo com o Racionalismo, o
conhecimento est na razo bastando apenas ser explicado, enquanto que para o
Empirismo o conhecimento vem de fora do objeto, pela experincia. Kant criou o
Interacionismo, sob a tica de que o conhecimento no s vem do objeto, e nem to
pouco s da razo, mas sim pela interao entre sujeito e objeto (MATUI, 1995).
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34
1.4 Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA)
A Educao de Jovens e Adultos no Brasil (EJA), no se trata de um
programa indito. H algumas dcadas, vrios programas educacionais brasileiros
tm sido criados para este segmento da populao. Esta modalidade educacional
de extrema importncia, pois favorece a incluso social, econmica e poltica de
indivduos que no tiveram acesso ou no concluram o ensino fundamental ou
mdio na idade regular. Naiff (2008) corrobora, e menciona os jesutas como
pioneiros dos programas de ensino voltados para a Educao de Jovens Adultos no
Brasil.
A Educao de Jovens e Adultos no Brasil vem aumentando
gradativamente. Milhares de pessoas tm retomado os estudos antes interrompidos.
Esses cidados e cidads apresentam um perfil bastante heterogneo, sendo
composta por jovens, pais, ou mes de famlia, que encontram na escola a
oportunidade de crescimento pessoal, ampliao dos seus conhecimentos, busca
por novas oportunidades no mercado de trabalho ou simplesmente aumento na
capacidade em prestar auxilio aos estudos de seus filhos. Em face de tais
interesses, necessrio que as instituies educacionais de uma forma geral,
estejam em sintonia com essa realidade e unam esforos na busca por alternativas
didticas e metodolgicas de aprendizagem que atendam aos anseios desta
clientela, a fim de norte-la na busca de seus objetivos (KURZAWA, 2002).
Os PCN e as OCNEM sugerem que o ensino das cincias e suas
tecnologias direcionadas a modalidade educacional EJA, seja organizado de
maneira a respeitar algumas peculiaridades, dentre as quais podem ser destacadas
a heterogeneidade das salas, compostas por grupos de alunos de diversas faixas
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35
etrias, as diferenas culturais, as formaes anteriores e os valores sociais j
estabelecidos, assim como suas experincias de vida. Os PCN e OCNEM tambm
propem que os mtodos de ensino empregados fundamentem-se na aprendizagem
significativa, e no na aprendizagem realizada exclusivamente por memorizao
(BRASIL, 2006).
A proposio do ensino das cincias e das novas tecnologias como eixo
temtico de ensino explicitado nos PCN e as OCNEM, deve dar nfase nas relaes
entre as atividades humanas e os usos dos recursos naturais, assim como a busca
de explicaes racionais para tais atividades. Nessas relaes destacam eventos e
avanos tais como, a construo de maquinrio, como a mquina a vapor, o
conhecimento da eletricidade possibilitando a construo das mquinas eltricas, os
paradigmas fsicos da mecnica quntica e da relatividade e a revoluo eletrnica.
Na Biologia a nfase recai sobre os conhecimentos relacionados ao DNA, com
possibilidades de utilizao de uma srie de novas tecnologias como a terapia
gnica, a introduo de genes em produtos alimentares, a seleo de caractersticas
genticas em embries, entre outros, alm da promoo de profundas mudanas
sociais e econmicas assim como nos padres ticos da sociedade (BRASIL, 2006).
Os PCN e as OCNEM, portanto, sinalizam para a importncia em identificar
as relaes entre o conhecimento cientfico, a produo de tecnologia, condies de
vida no mundo contemporneo e, sobretudo, a compreenso da tecnologia como um
meio para suprir as necessidades humanas. Os riscos e benefcios das prticas
cientfico-tecnolgicas devem ser abordados e discutidos com os alunos da EJA,
para que estes possam, com fundamentao e entendimento, opinar e se posicionar
conscientemente sobre a utilizao de tecnologias.
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Em algumas circunstncias, depara-se com questes atreladas ao progresso
cientfico no qual o podemos no significa automaticamente que devemos. Como
exemplo a utilizao de energia nuclear, cuja utilizao requer limites como a no
proliferao de armas nucleares. A acelerao do conhecimento cientfico e a
utilizao das novas tecnologias ocorrem em um contexto geral de enfraquecimento
das instituies tradicionais como a famlia, a religio, e as comunidades. A
necessidade de se adequar ao momento histrico atual e a conscientizao do
indivduo em relao ao determinismo cultural de seus valores so fatores que
contribuem para aumentar o interesse e a necessidade de uma reflexo tica
consciente, sem extremismos, que envolva racionalmente as questes de usos de
tecnologias (MALAJOVICH, 2004).
A Declarao sobre a Cincia e o Uso do Conhecimento Cientfico de
ICSU/UNESCO (1999) recomenda que a tica e a responsabilidade da cincia seja
parte integral da educao e do treinamento de todo cientista. Tambm ressalta a
importncia de inculcar nos estudantes uma atitude positiva como conhecimento,
vigilncia e reflexo frente aos dilemas ticos que possam encontrar em sua vida
profissional. Jovens cientistas devem ser encorajados a respeitar e aderir aos
princpios ticos bsicos e s responsabilidades da cincia. Existe um espao dentro
do contexto das disciplinas cientficas ministradas no Ensino Fundamental e Mdio
como a Fsica, a Qumica e a Biologia que deve ser utilizado para discutir a
importncia de uma descoberta cientfica e as possveis modificaes sociais no seu
entorno. As aulas de cincias devem contribuir para a formao de cidados
informados e responsveis (MALAJOVICH, 2004 & MENEGOTTO, 2007).
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37
1.5 Ensino de Biotecnologia
As sociedades ao longo dos tempos atravessam perodos constantes de
mutao em todos os seus segmentos. Dentre eles, o poltico, o tecnolgico,
cientfico e cultural, com reflexos diretos na educao. Em face dessas mudanas,
as instituies de ensino contemporneas tm a necessidade de se adequarem a
essa nova realidade, tornando-se mais atrativas para os jovens e disponibilizando
um currculo que atenda os interesses relacionados com as suas aspiraes.
Com relao a essa abordagem, Loreto & Sepel (2003), relatam que a
temtica envolvendo as Biotecnologias recorrente desde a dcada de 1960 o
tema est diretamente relacionado com a vida das pessoas. Debates ocorrem
frequentemente com temas relacionados s Biotecnologias, entre eles: transgnicos,
clonagem, clulas tronco, teste de paternidade com a utilizao de DNA. Portanto a
escola contempornea deve se adequar e programar e efetivamente inserir em seu
currculo esses novos saberes.
Um programa de ensino de Biotecnologia foi implantado em pases da
Europa. Este programa intitulado EIBE - Lhe European Initiative for Biotechnology
Education, teve inicio em 1991 trata-se de uma rede multidisciplinar, que conta
com o apoio de pesquisadores europeus na rea da Biotecnologia. O programa
desenvolvido em vrios centros, em 17 pases e visa desenvolver habilidades,
promover a conscientizao e estimular o debate pblico (EIBE, 2009).
No Brasil no h registros, de programas similares direcionados a esta
temtica. Com este trabalho, pretendemos contribuir para alavancar o ensino de
Biotecnologia no nvel mdio, em escolas pblicas do Estado de So Paulo. Como j
mencionado, o ensino de temas contemporneos relacionados s cincias e suas
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tecnologias eminentemente necessrio para capacitar cidados e cidads para
efetivamente se engajarem em discusses relacionadas a temas contemporneos.
Nos pargrafos que se seguem, faremos uma breve abordagem sobre os
bastidores da pesquisa, assim como de algumas dificuldades encontradas para a
sua efetiva implantao.
A Proposta Curricular do Estado de So Paulo, os Parmetros Curriculares
Nacionais e as Orientaes Curriculares Nacionais para o Ensino mdio, enfatizam a
importncia da abordagem de temas relacionados s Biotecnologias, como
demonstrado na figura 2.
2 SRIE
Tecnologias de manipulao do DNA: a receita da vida e seu cdigo
Subitens Contedos gerais Contedos especficos
3 Bimestre DNA:a receita da vida e seu cdigo
O DNA em ao: estrutura e atuao
Estrutura qumica do DNA
Modelo de duplicao do DNA: a histria da descoberta do modelo RNA: a traduo da mensagem
Cdigo gentico e fabricao de protenas
4 Bimestre Biotecnologia
Tecnologias de Manipulao do
DNA
Principais tecnologias utilizadas na transferncia de DNA,(enzimas de restrio,
vetores e clonagem molecular)
Engenharia gentica e produtos geneticamente modificados ( alimentos, produtos farmacuticos, hormnios, vacinas e medicamentos)
Riscos e benefcios de produtos geneticamente modificados no mercado,(a legislao brasileira)
Figura 2. Grade Curricular Ensino Mdio 2 Serie
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39
Em consonncia com os documentos oficiais, alguns temas foram
selecionados para a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia. As atividades
selecionadas visaram aproximar os alunos ao contexto da Biotecnologia. Para tanto,
foi imprescindvel que temas bsicos relacionados Biologia como: divises
celulares; estrutura dos cromossomos; estrutura do DNA e sntese de protenas
fossem desenvolvidos. Em outro momento, temas como plantas transgnicas,
fermentao, e Biotecnologia encerraram o ciclo de atividades aplicadas.
As atividades foram nas unidades escolares, foram aplicadas em duas
semanas, posteriormente um questionrio Ps-teste foi aplicado, e os dados obtidos
foram analisados qualitativamente e quantitativamente. A anlise dos dados
possibilitou efetivamente avaliar se o grupo submetido ao Programa Ensino de
Biotecnologia apresentou ganho de aprendizagem com relao aos temas
desenvolvidos.
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40
2 OBJETIVOS GERAIS
Esta pesquisa teve como objetivos avaliar a eficincia de um Programa de
ensino sobre Biotecnologia para o curso de Educao de Jovens e Adultos- EJA,
elaborado com base na teoria Construtivista da Aprendizagem Significativa e
compar-la com o mtodo tradicional de Ensino/Aprendizagem.
2.1 Objetivos Especficos
a) Selecionar e implementar atividades terico-prticas sobre biotecnologia,
seguindo as orientaes das proposta de ensino da Secretaria de Educao
do Estado de So Paulo;
b) Elaborar questionrios de avaliao pr e ps-teste;
c) Aplicar as atividades em escola pblica no curso EJA;
d) Avaliar os ganhos de aprendizagem dos alunos submetidos Proposta de
Ensino de Biotecnologia;
e) Comparar os resultados entre os alunos que participaram da Proposta de
Ensino em Biotecnologia com os alunos que seguiram o ensino tradicional.
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41
3 MTODO
a) Participantes
Participaram desta pesquisa, como voluntrios, dois grupos de alunos das
3 sries do perodo noturno do curso de Educao de Jovens e Adultos - EJA, de
Escolas da rede Estadual de Educao do Estado de So Paulo. Uma das escolas,
identificada pela sigla MR, localiza-se na Regio Leste do Municpio de So Paulo e
a outra, identificada com a sigla LL, localiza-se no Municpio de Po, Regio Leste
da Grande So Paulo. Ambas so consideradas de periferia urbana e inseridas em
comunidades de baixo poder aquisitivo.
Na escola MR foi aplicado o mtodo denominado Programa de Ensino de
Biotecnologia, enquanto na unidade escolar LL os alunos prosseguiram com o
mtodo de aulas tradicionais. Nos grupos de alunos de ambas as escolas foram
aplicados Pr-Teste e Ps-Teste, tendo sido utilizado os nmero 1 e 2 para essas
designaes conforme o quadro abaixo.
Escolas Pr-Teste Ps-Teste
Com Aplicao das Atividades
MR1 MR2
Sem Aplicao das Atividades
LL1 LL2
Quadro 1 Designao para Pr e Ps Testes.
As tabelas 1 e 2 apresentam a distribuio dos alunos participantes das
duas Escolas, segundo as faixas etrias e sexo.
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42
Tabela 1. Distribuio dos participantes da Escola MR1 segundo faixas etrias sexo
Faixas Etrias
Sexo Totais
Masculino Feminino
F % F % F %
18 a 25 5 83,3 4 30,8 9 47,4
26 a 30 0 0 2 15,4 2 10,4
31 a 35 0 0 1 7,7 1 5,3
36 e mais 1 16,7 6 46,1 7 36,9
Totais 6 100 13 100 19 100
Como mostrado na Tabela 1, a distribuio dos participantes da escola
MR1, segundo faixas etrias e sexo, no Pr-Teste, dentre todos os participantes
nove (47,4%) esto contidos na faixa etria 18 a 25 anos, dois (10,5%) 26 a 30
anos, cinco (5,3%) 31 a 35 anos e sete (36,9%) na faixa de 36 anos e mais. O sexo
feminino aparece com 13 (68,4%) participantes, seguido do sexo masculino com
seis (31,6%) participantes.
Tabela 2. Distribuio dos participantes da Escola LL1, segundo faixas etrias e sexo
Faixas Etrias
Sexo Totais
Masculino Feminino
F % F % F %
18 a 25 7 87,5 5 38,5 12 57,1
26 a 30 1 12,5 2 15,4 3 14,3
31 a 35 0 0 3 23,1 3 14,3
36 e mais 0 0 3 23,1 3 14,3
Totais 8 100 13 100 21 100
Como mostrado na Tabela 2, a distribuio dos participantes da Escola LL1
segundo faixas etrias e sexo, dentre todos os participantes, 12 (57,%) esto
contidos nas faixas etria 18 a 25 anos, trs (14,3%) nas faixas etrias 26 a 30 anos,
trs (14,3%) na faixa etria 31 a 35 anos e trs (14,3%) na faixa 36 anos e mais.
-
43
Neste grupo observou-se que 13 (61,9%) dos participantes so do sexo feminino
enquanto que oito (38,8%) so do sexo masculino.
A anlise dos grupos MR1 e LL1, segundo a distribuio das faixas etrias,
e sexo, demonstrou a heterogeneidade dos grupos, onde observou-se que os
participantes do sexo feminino so predominantemente superiores em relao aos
participantes do sexo masculino. Esse fator foi observado em ambos os grupos.
Observou-se tambm o predomnio dos participantes contidos na faixa etria 18 a 25
anos em ambos os grupos.
b) Atividades
As atividades propostas envolveram fundamentos de Biologia Celular e
Gentica, com o intuito de fornecer inicialmente subsdios para a compreenso de
processos relacionados com as Biotecnologias. A necessidade desses fundamentos
justifica-se pelo fato dos alunos do EJA no apresentar um histrico de continuidade
de formao, como citado no 1 pargrafo da pagina 32.
Atividades Objetivos Terico/Prtica
Divises celulares
Reconhecer a importncia das divises celulares para os seres pluricelulares.
Simulaes de mitose e meiose.
Cromossomos
Descrever as atividades dos cito geneticistas,
Organizao de caritipo
Estrutura do DNA
Reconhecer a importncia e associ-los hereditariedade de e transmisso de informao gentica.
Extrao de DNA, e identificao atravs do DNA.
Sntese de protenas
Reconhecer como ocorre a sntese de protenas, atravs do RNA.
Simulao da sntese de protenas com clipes
-
44
coloridos
Plantas transgnicas
Descrever o processo de manipulao gentica para obteno de alimentos transgnicos ou geneticamente modificados
Seminrios e debate sobre o tema.
Fermentao
Demonstrar a utilizao da biotecnologia clssica em processos fermentativos
Discutir e repassar ao aluno conhecimentos bsicos sobre a tecnologia das fermentaes.
Atividade pratica relacionada a produo de pes .
Quadro 2 Atividades desenvolvidas na proposta de ensino
Os roteiros/protocolos das atividades so apresentados no Anexo B.
c) Instrumento de avaliao Pr e Ps-Teste
Foi elaborado um questionrio para avaliao Pr e Ps-Teste contendo 23
(vinte e trs) questes abertas e 20(vinte) fechadas. As dimenses buscaram avaliar
conhecimentos e fontes de informaes sobre DNA, bactrias, fungos Biotecnologia
e transgnicos. O Quadro 3 apresenta um resumo do questionrio com as
dimenses, variveis e tipos de questes.
Dimenses Variveis Questes
Abertas Fechadas
Identificao Idade Sexo e Turma.
1,2,3
Conhecimentos e Fontes de Informaes sobre DNA
Composio qumica da molcula, teste de paternidade, mutao gnica, sntese de protenas
5,9,10,11,1315,17,19.
4,6,7,8,12,14,16,18.
Conhecimentos sobre Bactrias
Importncia para os seres humanos e produo de alimentos
20, 21,23. 22
Conhecimentos sobre Fungos
Importncia para os seres humanos e produo de alimentos
24,26. 25
-
45
Conhecimentos sobre a Biotecnologia
Importncia para os seres humanos, relaes com a biologia, aplicaes, Ensino e opinies.
28,29,30,32,34,36.
31, 33,35.
Conhecimentos sobre transgnicos
Informaes, produtos, aplicaes e opinies.
38,39,42,43. 37,40,41.
Quadro 3 Resumo do questionrio com as dimenses, variveis e tipos de questes.
d) Procedimentos para Aplicao das Atividades e do Pr e Ps-Teste
O projeto foi submetido apreciao do Comit de tica em Pesquisas com
Seres Humanos da Universidade de Mogi das Cruzes, onde aps anlise, obteve
parecer favorvel para sua execuo Processo CEP 01/2008 CAAE
0001.0.237.000-08.
Posteriormente foi solicitado Diretoria de Ensino Leste 2, autorizao para
a aplicao do questionrio Pr-Teste concomitantemente com as atividades de
Ensino de Biotecnologia na Modalidade Educacional Ensino de Jovens e Adultos
(EJA), em Unidades Escolares da regio.
A fase incipiente do projeto contou com a aplicao de um programa piloto
da proposta em uma escola que no participaria da pesquisa, para ajustes das
atividades didtico/pedaggicas. Tambm foi aplicado o Pr-Teste com a finalidade
de verificar o nvel de conhecimento dos discentes, assim como de possveis
dvidas sobre a organizao das questes e o tempo necessrio para respond-las.
Foram selecionadas duas escolas pblicas da Rede Estadual do Estado de
So Paulo, onde foi realizado contato prvio com diretores e docentes, com a
finalidade de inteir-los sobre o projeto de pesquisa, assim como discutir a efetiva
aplicao durante o perodo de aulas regulares.
-
46
O passo seguinte foi efetuar contato prvio com os discentes voluntrios,
com a finalidade de orient-los sobre o projeto de pesquisa, assim como inform-los
sobre o carter facultativo de participao dos mesmos assim como da
manuteno de anonimato dos participantes. Disponibilizamos endereo, telefones
do Comit de tica em Pesquisa com Seres Humanos na UMC, da Secretria do
Curso de Ps-Graduao em Biotecnologia, nome e o telefone do Professor
Orientador da pesquisa.
e) Plano de Anlises dos Resultados
As respostas dadas s questes fechadas foram tabuladas e suas
frequncias expressas em porcentagens. As respostas dadas s questes abertas
foram analisadas e classificadas como Certas, parcialmente ou erradas de acordo
com o padro/critrio mostrado no quadro 4.
As questes sobre os conhecimentos foram precedidas de filtro Sim ou No,
de maneira que os voluntrios inicialmente se posicionassem sobre os
conhecimentos ou no em dado assunto para, em seguida, explicitar seus
conhecimentos.
2. O que Voc sabe sobre Cromossomos?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So longas sequncias de DNA.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito Os cromossomos so DNA.
As respostas foram consideradas erradas quando no atendiam esses conceitos.
6. Explique como formada a molcula de DNA!
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: A molcula de DNA formada por cadeias de polinucleotdios, que so compostos por:ribose; fosfato e base nitrogenada ligados por pontes de hidrognio.
-
47
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: A molcula de DNA formada por acar e fosfato.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
7. Quais as funes do DNA?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: O DNA o responsvel pela transmisso das caractersticas hereditrias (cor dos olhos, pele, cabelo, entre os seres vivos.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: O DNA o responsvel pela transmisso das caractersticas.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
8.Onde podemos encontrar o DNA?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: O DNA pode ser encontrado em todos os organismos vivos.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Nos seres humanos
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
10. Como feito o teste de paternidade utilizando o DNA?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Comparando o material gentico do suposto pai e com o material gentico do beb em questo.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Comparando o sangue.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
12. Quais as consequncias da mutao gnica?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Algumas Mutaes podem causar patologias outras podem ser benficas.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Sndrome de Down.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
14. Como as protenas so produzidas nas clulas?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Os ribossomos so responsveis pela sntese de protenas, nesse processo esto envolvidos os RNAs: mensageiros; Transportador e ribossmico.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Atravs do DNA.
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48
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
16. Exemplos de protenas!
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Estrutural, enzimtica, hormonal, defesa, transporte e coagulao sangunea.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Estrutural.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
17. O que voc sabe sobre bactrias?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: As bactrias so microrganismos unicelulares, procariontes, e algumas causam doenas.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
18. Qual a importncia das Bactrias para os seres humanos?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: As bactrias atuam como recicladoras da matria orgnica so utilizadas na indstria na produo de alimentos.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
20. Exemplos de produtos produzidos por bactrias!
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Queijos, coalhadas, vacinas, iogurtes etc..
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Iogurtes
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
21. O que voc sabe sobre fungos?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So organismos hetertrofos eucariontes uni ou pluricelulares.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Causam doenas
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
23. Indicaes de alimentos produzidos por fungos!
-
49
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Pes, queijos, vinhos.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Queijos.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
24. Para voc, o que biotecnologia?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: a utilizao de organismos vivos ou componentes inorgnicos para a produo de bens de consumo.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: So alimentos transgnicos.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
27. Voc poderia dar alguns exemplos da aplicao da Biotecnologia?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: Produo de etanol, pes, queijos, cervejas, vacinas de DNA.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: Produo de Pes.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
35. Para voc o que so transgnicos?
As respostas foram consideradas corretas quando atendiam a seguinte definio: So organismos que tiveram inserido em seu genoma algum gene de outro organismo diferente de sua filogenia.
As respostas foram consideradas parcialmente corretas quando atendiam o seguinte conceito: So OGM.
As respostas foram consideradas erradas quando no se aproximavam dos conceitos acima.
Quadro 4 Padro de respostas utilizadas como critrios para avaliao das respostas apresentadas s questes abertas.
Os resultados das anlises das respostas dadas s questes abertas
tambm foram computados e suas frequncias expressas em porcentagens.
Quando o participante no apresentou resposta, deixando o espao em branco, foi
indicado como NR No Respondeu. Utilizou-se o teste estatstico do Qui-
-
50
Quadrado (para anlises das diferenas entre as frequncias das respostas,
considerando p < 0,05 para significncia.
-
51
4 RESULTADOS E DISCUSSO
Os resultados foram organizados e demonstram as respostas apresentadas
pelos alunos no Pr-teste e Ps-teste, comparando as duas Escolas de acordo com
as designaes indicadas no Mtodo - MR1 Pr-teste na Escola com aplicao
das atividades LL1 Pr-teste na Escola sem aplicao das atividades MR2
Ps-teste na Escola com aplicao das atividades e LL2 Ps-teste, na Escola sem a
aplicao das atividades.
Com relao ao tema cromossomos, foi solicitado aos participantes, que
respondessem a seguinte pergunta: voc j ouviu falar sobre cromossomos?
Tendo como alternativas Sim ou No. Os resultados so apresentados na tabela 3.
Tabela 3. J ouviram falar em cromossomos?
Indicaes
Pr Teste Ps Teste
MR1 LL1 Totais Pr
Teste MR2 LL2
Totais Ps
Teste
F % F % F % F % F % F %
Sim 11 57,9 19 90,5 30 75,0 16 94,1 9 56,2 25 75,8
No 8 42,1 2 9,5 10 25,0 1 5,9 7 43,8 8 24,2
Totais 19 100 21 100 40 100 17 100 16 100 33 100
Como mostrado na tabela 3, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os
participantes, 30, (75%) indicaram Sim, enquanto que 10, (25%) dos participantes,
responderam No. A anlise dos grupos demonstrou que no grupo MR1, 11 (57,9%)
participantes, responderam Sim, enquanto que oito, (42,1%) dos participantes,
responderam No. No grupo LL1, 19 (90,5%) dos participantes, indicaram Sim e
dois, (9,5%) indicaram No. A anlise estatstica entre os grupos MR1 e LL1,
demonstrou que as diferenas nas frequncias, so estatisticamente significativas,
(2o, 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).
-
52
Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o
seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 3: dentre todos os participantes,
25, (75,8%) indicaram ter ouvido falar em cromossomos, enquanto que oito (24,2%)
No. A tabela tambm mostrou que no grupo MR2, 16 (94,1%) dos participantes,
indicaram Sim, enquanto que um (5,9%) dos participantes, indicou No. No grupo
LL2, nove (56,2%) dos participantes indicaram Sim, enquanto que sete (43,8%) dos
participantes indicaram No. A anlise estatstica entre os grupos MR2 e LL2,
demonstrou que as diferenas nas frequncias so estatisticamente significativas
(2o39,710 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).
possvel concluir mediante a anlise das respostas que, aps a aplicao
do programa Ensino de Biotecnologia, o grupo MR2 melhorou seu desempenho
significativamente, quando comparado com o grupo LL2, aumentando sensivelmente
o nmero de participantes que reconheceu j ter ouvido falar sobre cromossomos.
Porm no grupo LL2, ocorreu o inverso, diminuindo o nmero de participantes que
afirmaram ter ouvido falar sobre os cromossomos. A involuo do grupo LL2 pode
justificar-se, devido ao elevado nmero de ausncias, variaes e evaso escolar,
percebido durante a aplicao do projeto.
Na avaliao dos conhecimentos sobre os cromossomos, foi solicitado aos
participantes, que respondessem a seguinte pergunta: O que voc sabe sobre
cromossomos? Tendo como alternativas as seguintes indicaes: Certas,
Parcialmente Certas e Erradas, os resultados so apresentados na tabela 4
Tabela 4. Conhecimentos sobre cromossomos.
Respostas
Pr-Teste Totais Pr-Teste
Ps Teste Totais Ps Teste MR1 LL1 MR2 LL2
F % F % F % F % F % F %
Certas 0 0,0 0 0,0 0 0,0 6 46,2 0 0,0 6 40,0
Parcialmente Certas
0 0,0 0 0,0 0 0,0 4 30,8 0 0,0 4 26,7
-
53
Erradas 0 0,0 16 100 16 100 3 23,0 2 100 5 33,3
Totais 0 0,0 16 100 16 100 13 100 2 100 15 100
A tabela 4, nas colunas, Pr-Teste, demonstrou que no grupo LL1, foram
observadas 16 (100%) de respostas Erradas. Os participantes do grupo MR1 no
expressaram suas representaes a respeito do tema investigado.
De acordo com a anlise das respostas apresentadas, pode-se concluir que
os participantes de ambos os grupos no possuem representaes cientificamente
aceitas sobre o tema.
Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o
seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 4: no grupo MR2, seis (42,2%)
participantes, responderam Certas, quatro (30,8%) dos participantes, responderam
Parcialmente Certas enquanto outros trs (23,0%) dos participantes, responderam
Erradas, quatro participantes desse grupo, no responderam e no foram
contabilizados. No grupo LL2, dois (100%) dos participantes, apresentaram
respostas Erradas, os demais participantes desse grupo, (16) no responderam a
questo e no foram contabilizados.
De acordo com a anlise das respostas, possvel concluir que, aps a
aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, o grupo MR2 melhorou seu
desempenho para essa questo, quando comparado com o grupo onde no houve a
aplicao do programa.
Na avaliao sobre o tema, DNA, foi solicitado aos participantes que
respondessem a seguinte pergunta: voc j ouviu falar em DNA? A anlise das
respostas demonstrou que todos os participantes investigados MR1, MR2, LL1, e
LL2, indicaram terem ouvido falar em DNA.
-
54
A anlise das respostas apresentadas pelos participantes indicou que a
maioria absoluta em algum momento ouviu falar sobre o DNA. O que de fato era
esperado, uma vez que a escola, assim como as diversas mdias tem abordado o
tema recorrentemente.
Com relao s fontes de informaes sobre o DNA, foi solicitado aos
participantes, que indicassem as fontes de informaes sobre DNA, tendo como
alternativas as indicaes: Escola, Aulas de Biologia, Revistas do tipo Veja/Isto
,Amigos na Escola, Em Casa, Jornal, TV, Internet ,os resultados esto descritos
na tabela 5.
Tabela 5. Fontes de informaes sobre DNA
Indicaes
Pr Teste Totais Pr Teste
Ps Teste Totais Ps Teste MR1 LL1 MR2 LL2
F % F % F % F % F % F %
Escola aulas de biologia
18 72,0 20 71,5 38 71,6 16 76,1 10 41,7 26 59,0
Superinteressante Galileu
3 12,0 0 0,0 3 5,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Veja/Isto
3 12,0 0 0,0 3 5,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Amigos 2 8,0 2 7,1 4 7,5 1 4,8 1 4,2 2 4,5
Em casa 0 0,0 2 7,1 2 3,7 0 0,0 4 16,7 4 9,0
Jornal 0 0,0 1 3,6 1 1,8 0 0,0 1 4,2 1 2,2
Internet
0, 0,0 1 3,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
TV
0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 8,3 2 4,5
Totais 25 100 28 100 52 100 21 100 24 100 44 100
Como mostrado na tabela 5, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os
participantes, 38 (71,6%), indicaram como principal fonte de informao a Escola
aulas de biologia, outras fontes como: revista veja, isto , TV, jornais e internet
dividiram o restante das indicaes.
A anlise das indicaes apontou, a Escola nas aulas de Biologia como a
principal fonte de informaes para determinadas reas do conhecimento humano.
-
55
Aps a aplicao do Programa Ensino de observou-se o seguinte quadro
nas colunas Ps-Teste da tabela 5: dentre todos os participantes, 26, (59,0%)
indicaram como a principal fonte de informaes sobre o DNA, A Escola, aulas de
biologia, as demais indicaes dividiram-se entre, revista veja, revista isto , internet
e jornais.
possvel concluir mediante a anlise das respostas, que as indicaes do
questionrio Ps-Teste, corroboraram com as indicaes do Pr-Teste, ratificando a
indicao Escola nas aulas de Biologia, como a principal fonte de informaes para
diversas reas do conhecimento humano.
Com relao ao tema, conhecimento sobre a estrutura da molcula de DNA,
foi solicitado aos participantes que respondessem a seguinte pergunta: Voc sabe
como formada a molcula de DNA? Tendo como alternativas, Sim ou No, os
resultados esto descritos na tabela 6.
Tabela 6. Indicaes sobre conhecimentos do DNA
Indicaes
Pr Teste Ps Teste
MR1 LL1 Totais MR2 LL2 Totais
F % F % F % F % F % F %
Sim 6 31,6 5 23,8 11 27,5 16 94,1 1 6,3 17 51,5
No 13 68,4 16 76,2 29 72,5 1 5,9 15 93,7 16 48,5
Totais 19 100 21 100 40 100 17 100,0 16 100 33 100
Como mostrado na tabela 6, nas colunas Pr-Teste, dentre todos os
participantes, 11 (27,5%) responderam Sim, enquanto que 29 (72,5%) dos
participantes, responderam No.
A anlise dos grupos demonstrou que no grupo MR1, seis (31,6%) dos
participantes responderam Sim, enquanto que 13 (68,4%) dos participantes,
responderam No. No grupo LL1, cinco (23,8%) dos participantes, responderam
Sim, enquanto que 16 (76,2%) dos participantes, responderam No.
-
56
possvel inferir mediante a anlise das respostas, que, um percentual
elevado de participantes matriculados no estagio final do curso Educao de Jovens
e Adultos - EJA, no dominam os conhecimentos bsicos sobre a estrutura
molecular dos cidos nucleicos.
Aps a aplicao do Programa Ensino de Biotecnologia, observou-se o
seguinte quadro nas colunas Ps-Teste da tabela 6: dentre todos os participantes,
17 (51,5%) responderam Sim, outros 16 (48,5%) responderam No. A anlise dos
grupos demonstrou que no grupo MR2, 16 (94,1%) dos participantes responderam
Sim, e um (5,9%) respondeu No. No grupo LL2, um (6,3%) dos participantes
respondeu Sim, outros 15 (93,7%) responderam No. A anlise estatstica entre os
grupos, MR1 e MR2, demonstrou que as diferenas nas frequncias, so
estatisticamente significativas (2o86,122 2c = 7,487 para p 0,05 e gl = 1).A
anlise estatstica entre os grupos,MR2 e LL2 demonstrou que as diferenas nas
frequncias so estatisticamente significativas, (2o156,460 2c = 7,487 para p
0,05 e gl = 1).
Os resultados demonstraram que aps aplicao do Programa Ensino de
Biotecnologia, o grupo MR2, apresentou evoluo significativa.
Na avaliao das representaes dos participantes relacionadas ao
conhecimento sobre DNA, foi lhes solicitado que respondessem a seguinte questo:
como formada a molcula de DNA? Tendo como alternativas as seguintes opes
de respostas: Certas, Parcialmente Certas e Erradas, os resultados esto