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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Engenharia Naval e Oceânica Projeto de Graduação NICHOLAS MIRANDA BARBOSA Mapeamento dos Processos e Modos de Falha no Descomissionamento de Dutos Flexíveis Submarinos Rio de Janeiro

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Engenharia Naval e Oceânica

Projeto de Graduação

NICHOLAS MIRANDA BARBOSA

Mapeamento dos Processos e Modos de Falha no Descomissionamento

de Dutos Flexíveis Submarinos

Rio de Janeiro

I

Setembro de 2018

MAPEAMENTO DOS PROCESSOS E MODOS DE FALHA NO

DESCOMISSIONAMENTO DE DUTOS FLEXÍVEIS SUBMARINOS

NICHOLAS MIRANDA BARBOSA

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e Oceânica, da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro Naval.

Orientador:

Jean David Job Emmanuel Marie Caprace,

Co-orientador:

Marcelo Igor Lourenço de Souza

II

Rio de Janeiro

Setembro de 2018

Barbosa, Nicholas Miranda

Mapeamento dos Processos e Modos de Falha no

Descomissionamento de Dutos Flexíveis Submarinos/

Nicholas Miranda Barbosa. – Rio de Janeiro:UFRJ/Escola

Politécnica, 2018.

XIII,60 p.:il.; 29,7 cm

Orientador: Jean David Job Emmanuel Marie Caprace

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola Politécnica/Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, 2018

Referências Bibliográficas: p.53-55

1.Descomissionamento 2. Dutos Flexíveis 3. Estruturas

submarinas I. Job Emmanuel Marie Caprace, Jean David

et al. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ,

Curso de Engenharia Naval e Oceânica. III. Mapeamento

dos Processos e Modos de Falha no Descomissionamento

de Dutos Flexíveis Submarinos.

III

MAPEAMENTO DOS PROCESSOS E MODOS DE FALHA NO

DESCOMISSIONAMENTO DE DUTOS FLEXÍVEIS SUBMARINOS

Nicholas Miranda Barbosa

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DE GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

Examinado por:

Prof. Jean David Job Emmanuel Marie Caprace, Ph.D.

(Orientador)

Prof. Marcelo Igor Lourenço de Souza, D.Sc

(Co-orientador)

Prof. Theodoro Antoun Netto, Ph.D

(Examinador)

Prof. Luiz Felipe Assis, D.Sc

(Examinador)

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Setembro de 2018

IV

“Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.”

Fernando Pessoa

V

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que por meio de seu ensino

público e da mais alta qualidade, me garantiu ótimas oportunidades e me deu pernas para seguir

meus sonhos.

Agradeço a minha mãe, Cleusa, que me deu os maiores apoios quando tive incertezas do futuro

e me incentivou sempre a seguir o que eu mais tenho vontade. Ao meu pai, Cassio, que suportou

as adversidades e se sacrificou com muito amor para que eu pudesse ir atrás de meus sonhos.

Ao meu irmão, Cassio Miranda, pelo companheirismo, pela paciência e alegrias que pudemos

viver juntos nesses 25 anos.

Agradeço ao meu avô, Cassio Silveira, que contribuiu imensamente com minha formação de

engenheiro. Repassando suas experiências de seu jeito brincalhão e sempre à disposição.

Agradeço de coração todos os meus familiares, que me apoiaram durante esses anos de distância

e deixaram mais leve a vida durante todo os períodos de reunião.

Agradeço aos meus companheiros de curso, em especial os colegas que moraram comigo nesses

anos no Rio de Janeiro, Felipe Pierami, Bruno Abreu e Rafael Torres, desejo a todos sucesso e

bons ventos.

Aos meus colegas de trabalho, que me propiciaram uma experiencia única no mercado.

Agradeço ao meu orientador, Jean David, pelos ensinamentos transmitido ao longo desses anos,

que confiou em mim e em meu trabalho por diversas vezes.

Por fim, agradeço ao meu orientador acadêmico, Protasio Dutra, que me orientou por repetidas

vezes do início ao fim da minha graduação, e sempre foi prestativo e disponível.

VI

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval.

MAPEAMENTO DOS PROCESSOS E MODOS DE FALHA NO

DESCOMISSIONAMENTO DE DUTOS FLEXÍVEIS SUBMARINOS

Nicholas Miranda Barbosa

Setembro/2018

Orientador: Jean David Job Emmanuel Marie Caprace

Co-Orientador: Marcelo Igor Lourenço de Souza

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O descomissionamento de unidades de produção offshore é uma consequência inevitável de um

campo de petróleo que esgotou suas reservas. Sendo uma atividade de altos custos, que

apresenta grandes riscos ambientais e às pessoas envolvidas no processo é de dever da

engenharia estudar as operações, riscos e técnicas que permeiam o desmantelamento da unidade

de produção. Focando nos dutos flexíveis, esta tese apresenta uma compilação dos

entendimentos, práticas, processos e riscos na operação de descomissionamento, visando, por

meio descritivo, a discussão e aperfeiçoamento de uma atividade, que mesmo que postergada,

é de essencial importância no ciclo de vida dos campos offshore. São apresentados o

mapeamento em forma do caminho crítico dos principais processos no descomissionamento

dos dutos (recolhimento, corte e elevação, cruzamento, bundle) e a identificação dos mais

relevantes modos de falha e riscos a operação.

Palavras – chave: Descomissionamento, Dutos Flexíveis, Recolhimento, Falha, Processos.

VII

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of

the requirements for the degree of Engineer.

DECOMMISSIONING PROCESSES AND FAILURE MODE ASSESSMENT FOR

SUBSEA FLEXIBLE PIPES

Nicholas Miranda Barbosa

September/2018

Advisor: Jean David Job Emmanuel Marie Caprace

Co-Advisor: Marcelo Igor Lourenço de Souza

Course: Naval and Ocean Engineering

Decommissioning of offshore production systems is an inevitable consequence of an oil field

that has exhausted its reserves. As it is such a high cost activity that presents great risks to the

environment and people involved in the process, it is the duty of the engineering field to study

the operations, risks and techniques that permeate the dismantling of the offshore production

unit. Focusing on flexibles pipelines, this thesis presents a compilation of the understandings,

practices, processes and risks in the decommissioning operation, aiming, through descriptive

report, to incite discussion and improve an activity, even if postponed, is of essential importance

in the life cycle of offshore fields. The objective is to produce a critical path map for some of

the decommissioning operations (i.e. recovery, cut and lifting, crossover, bundle) and to

identify the most relevant failure modes, risks and mitigations.

Keywords: Decommissioning, Flexible, Pipelines, Recovery, Failure Mode, Processes

VIII

Sumário

1 Introdução ........................................................................................................................... 1

2 Panorama Nacional ............................................................................................................. 3

2.1 Bacias de Petróleo ........................................................................................................ 4

2.1.1 Bacia do Ceará ...................................................................................................... 5

2.1.2 Bacia Potiguar ...................................................................................................... 5

2.1.3 Bacia de Sergipe-Alagoas ..................................................................................... 5

2.1.4 Bacia de Espírito Santo ........................................................................................ 6

2.1.5 Bacia de Santos ..................................................................................................... 6

2.1.6 Bacia de Campos .................................................................................................. 6

2.2 Campos Maduros ......................................................................................................... 7

2.3 Linhas Flexíveis ........................................................................................................... 8

3 Revisão Bibliográfica ....................................................................................................... 11

3.1 Composição dos Dutos Flexíveis [10] ....................................................................... 11

3.1.1 Carcaça ............................................................................................................... 12

3.1.2 Capa Interna Polimérica ..................................................................................... 12

3.1.3 Armadura de Pressão .......................................................................................... 12

3.1.4 Armadura de Tração ........................................................................................... 12

3.1.5 Capa Externa Polimérica .................................................................................... 12

3.1.6 Outras Camadas e Configurações ....................................................................... 12

3.2 Flexíveis e Sistemas de Produção Subsea .................................................................. 13

3.2.1 Flowlines ............................................................................................................ 13

3.2.2 Risers .................................................................................................................. 13

3.2.3 Jumpers ............................................................................................................... 14

3.3 Modulo de Conexão Vertical (MCV) ........................................................................ 14

3.4 Acessórios de Dutos Flexíveis ................................................................................... 15

IX

3.4.1 Conector ............................................................................................................. 15

3.4.2 Flange cego de manuseio e teste ........................................................................ 16

3.4.3 Enrijecedor.......................................................................................................... 16

3.4.4 Vertebra .............................................................................................................. 17

3.4.5 Colar Elevador .................................................................................................... 18

3.5 Descomissionamento offshore ................................................................................... 18

3.5.1 Plug & Abandonment ......................................................................................... 18

3.5.2 Topside ............................................................................................................... 19

3.5.3 Subsea Structures ................................................................................................ 20

3.6 Movimentação, Armazenamento e Carregamento de Flexíveis ................................ 20

3.6.1 Bobinas ............................................................................................................... 21

3.6.2 Cestas .................................................................................................................. 21

3.7 Sistema de Lançamento/Recolhimento ...................................................................... 22

3.7.1 Bases Rotativas ................................................................................................... 23

3.7.2 Guinchos Motorizados ........................................................................................ 23

3.7.3 Tensionadores ..................................................................................................... 24

3.7.4 Guinchos ............................................................................................................. 25

3.7.5 Mesa de Trabalho ............................................................................................... 26

4 Descomissionamento de Flexíveis ................................................................................... 27

4.1 Regulamentação Vigente ........................................................................................... 28

4.2 Modos de Recolhimento ............................................................................................ 29

4.2.1 Remoção por Bobina Reversa ............................................................................ 30

4.2.2 Remoção por Lançamento Reverso .................................................................... 31

4.2.3 Remoção por Corte e Elevação .......................................................................... 32

4.3 Mapeamento dos Processos no Recolhimento ........................................................... 34

4.3.1 Remoção End to End – Opção A ........................................................................ 34

4.3.2 Remoção End to End – Opção B ........................................................................ 37

X

4.3.3 Cross over ........................................................................................................... 40

4.3.4 Bundle ................................................................................................................. 41

4.4 Drivers e Modos de Falha para Flexíveis .................................................................. 41

4.4.1 Falha na Carcaça Interna (Colapso ou Destravamento) ..................................... 46

4.4.2 Ruptura Generalizada de Arames da Armadura de Tração ................................ 46

4.4.3 Destravamento da Armadura de Pressão ............................................................ 46

4.4.4 Deslizamento da Armadura de Tração ............................................................... 47

4.5 Mapeamento dos Riscos ............................................................................................ 48

5 Conclusão ......................................................................................................................... 51

6 Bibliografia ....................................................................................................................... 53

ANEXO I – Tabelas de Plataformas em Produção................................................................... 56

XI

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1:Bacias sedimentares com produção de petróleo no Brasil. [4] .................................... 4

Figura 2: Quantidade de plataformas em produção e tipo por bacia, maio de 2018. [3]............ 5

Figura 3: Ano de início de produção das unidades produtoras, no Brasil [3]. ........................... 7

Figura 4: Idade das plataformas de produção por bacia, segundo ANP em 2015 [3] ................ 8

Figura 5: Instalação de estruturas de risers flexíveis, por ano no Brasil. [9].............................. 9

Figura 6: Instalação de estruturas de flowlines flexíveis instaladas por ano no Brasil. [9] ..... 10

Figura 7: Seção de um duto flexível e suas camadas. [11] ....................................................... 11

Figura 8: Típica configuração submarina para dutos flexíveis. [10] ........................................ 13

Figura 9: Esquema representativo de um MCV posicionado no mandril. [13] ........................ 15

Figura 10: Montagem do conector na terminação da linha. [14].............................................. 16

Figura 11: Flange cego de manuseio. [14] ............................................................................... 16

Figura 12: Esquema do enrijecedor. [14] ................................................................................. 17

Figura 13: Representação artística de um restritor de curvatura. [14]...................................... 17

Figura 14 Colar elevador e sua instalação em uma linha flexível, no fundo. [11] ................... 18

Figura 15: Representação artística da embarcação Pioneerin Spirit durante uma operação de

descomissionamento. [17] ........................................................................................................ 19

Figura 16: Métodos de carregamento de linhas flexíveis. Esquerda: Bobina; Direita:

Transferência direta. [11] ......................................................................................................... 21

Figura 17: Bobina. [11] ............................................................................................................ 21

Figura 18: Cesta vertical (esquerda) e horizontal (direita). [11] .............................................. 22

Figura 19: Bobina estaiada sobre Skid Roller. [11].................................................................. 23

Figura 20:Guincho motorizado acoplado em uma bobina. [11] ............................................... 24

Figura 21: Esquema de um tensionador suportando uma linha flexível. [11] .......................... 25

Figura 22: Detalhe do tensionador e ângulo de ataque das sapatas. [11] ................................. 25

Figura 23: Guinchos. [11] ......................................................................................................... 26

Figura 24: Dispersão do diâmetro interno de flexíveis, por profundidade de instalação no Mar

do Norte. [18] ........................................................................................................................... 27

Figura 25: Arranjo gera típico de um reel lay vessel. [23] ....................................................... 30

Figura 26: Representação da disposição da conexão de dutos flexíveis na bobina. Fonte: Autor

.................................................................................................................................................. 31

Figura 27: Recolhimento de duto por J-lay reverso. Imagem editada. [24] ............................. 32

XII

Figura 28: Remoção por corte e elevação [24] ......................................................................... 33

Figura 29: Serra acoplada no manipulador de um ROV. [17] .................................................. 33

Figura 30: Fluxograma de descomissionamento de uma linha flexível. Fonte autoral. ........... 35

Figura 31: Fluxograma de processos para realização da DCVD de 1ª. Fonte: Autor. ............. 35

Figura 32:Figura representativa de uma DCVD de 1ª. [28] ..................................................... 36

Figura 33: Fluxograma dos processos para um Pullout de 2ª. Fonte Autoral. ......................... 36

Figura 34: Figura representativa de um Pullout de 2ª. [29] ...................................................... 37

Figura 35: Fluxograma de descomissionamento de uma linha. Iniciando a remoção pelo lado da

plataforma. Fonte: Autor .......................................................................................................... 37

Figura 36:Fluxograma de processos para a realização de pullout de 1ª. Fonte: Autor............. 38

Figura 37: Pullout de 1ª extremidade, configurações da linha por passo. [29] ........................ 39

Figura 38: Fluxograma de processos da DCVD de 2ª. Fonte: Autor. ...................................... 39

Figura 39: Imagem representativa de uma DCVD de 2ª. [28].................................................. 40

Figura 40: Cruzamento de linhas no leito submarino. [9] ........................................................ 41

Figura 41: Densidade de falhas para dutos flexíveis. [18] ....................................................... 44

Figura 42: Modos de falha para o flexível. Modos com a estrela vermelha são relevados para a

operação de descomissionamento [31] ..................................................................................... 45

Figura 43: Torção generalizada (esq.) e ruptura generalizada da camada externa (dir.). [31] apud

[32] ........................................................................................................................................... 46

Figura 44: Gaiola de passarinho. [31] ...................................................................................... 47

Figura 45: Matriz de classificação de risco. [26]...................................................................... 48

XIII

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1: Descrição dos processos no fluxograma - Opção A ................................................. 35

Tabela 2: Descrição dos processos no fluxograma – Opção B. ............................................... 37

Tabela 3: Não conformidade para dutos flexíveis. [31] ........................................................... 43

Tabela 4: Tabela de Riscos para o descomissionamento de flexíveis. ..................................... 50

Tabela 5: Plataformas em produção da Bacia do Ceará, segundo ANP 2018 [3] .................... 56

Tabela 6: Plataformas em produção da Bacia de Potiguar, segundo ANP 2018. [3] ............... 56

Tabela 7: Plataformas em produção da Bacia de Sergipe, segundo ANP 2018. [3] ................ 57

Tabela 8: Plataformas em produção da Bacia do Espírito Santo, segundo ANP 2018. [3] ...... 57

Tabela 9: Plataformas em produção da Bacia de Santos, segundo ANP 2018 [3] ................... 58

Tabela 10: Plataformas em produção na Bacia de Campos, Segundo ANP 2018. [3] ............. 58

1

1 Introdução

Com a maturidade dos campos de produção de petróleo offshore no Brasil e no mundo, a última

etapa de vida destes tornou-se um assunto que merece atenção renovada. O

descomissionamento é uma consequência inevitável de um campo de petróleo no qual a

escassez atingiu sua reserva. Dito isso, o foco de operadoras de campos de produção

eventualmente precisa convergir no desmantelamento e descomissionamento das estruturas que

compõe o sistema de produção.

Considerando que muitas instalações foram construídas entre a década de 60 e 70, quando a

indústria de óleo e gás passava por uma grande expansão na exploração em águas profundas, e

a vida útil de um campo de extração está entre vinte e trinta anos. É de se esperar que no início

do século XXI, ocorra uma alavancada no setor de descomissionamento desses campos. Por

exemplo, no Brasil, os primeiros campos de petróleo da bacia de campos começaram a produzir

em 1977 e hoje muitos deles já passam pelo processo de extinção de suas reservas.

Este é um assunto relativamente novo no cenário mundial que implica em ações pioneiras em

uma indústria bilionária. A atualidade do assunto mostra que se faz necessário o

aperfeiçoamento das técnicas já discutidas e realizadas em operações anteriores semelhantes.

Deste modo, a presente tese tem como objetivo arremeter uma esfera específica no universo do

descomissionamento offshore. A remoção e desligamento das linhas flexíveis submarinas.

A remoção de dutos não é a única opção para o descomissionamento do campo de produção,

pode-se ainda, como alternativa, deixar in situ com monitoramento adequado ou remover

parcialmente os dutos instalados. Porém, para o escopo desta tese, decidiu-se limitar pela

orientação primeira dos órgãos que competem o descomissionamento de instalações

submarinas no Brasil: A total remoção de qualquer estrutura.

Dessa forma, dentro dos limites do assunto este projeto de graduação aborda os processos

operacionais e mapeia os modos de falhas e riscos neles envolvidos. O objetivo é produzir um

benchmarking das atividades envolvidas no descomissionamento submarino dos dutos

flexíveis, estabelecendo uma convenção e um desenvolvimento de acordo com artigos e teses

já publicada sobre o assunto.

2

Ao final do projeto, com o mapeamento e análise dos processos de desmobilização dos dutos é

almejado um aprofundamento em um campo tecnológico no qual o Brasil é referência. Espera-

se gerar um crítica e discussão sobre novos processos de engenharia.

3

2 Panorama Nacional

O processo de descomissionamento já está em rota. No Brasil, o início da exploração de

petróleo em alto mar se iniciou em 1974 com a descoberta do campo de Garoupa na Bacia de

Campos-RJ. Atualmente, segundo a edição de Março de 2016 da Brasil Energia [1], a queda no

preço do barril de petróleo e a necessidade da Petrobras otimizar cada vez mais a produção

propicia que a desativação de plataformas e campos ganhe escala e fomente a criação de uma

indústria.

Apesar de ser um mercado novo para a realidade brasileira, o segmento de descomissionamento

de unidades de produção offshore é bastante sólido em outros países. O Golfo do México, por

exemplo, viu esse mercado crescer nos últimos anos e movimentar uma cifra de US$ 9 bilhões

entre 2007 e 2010. Para o último ano eram esperados US$ 26 bilhões em negócios, sobretudo

com a paralisação de projetos em água rasa. [1]

No Mar do Norte, estimativas apontam para a necessidade de recursos da ordem de até € 40

bilhões nos próximos 25 anos. As autoridades locais estimam que nos próximos dez anos, e

agora impulsionado pelo preço do petróleo, haverá um aumento significativo das atividades na

região, que em 2013 demandou mais de US$ 700 milhões em projetos. [1]

No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

(ANP), aproximadamente 54% das instalações marítimas operavam há mais de 25 anos, em

2015. Segundo a edição de maio de 2017, do veículo Subsea World [2], existem 79 unidades

avaliadas para o descomissionamento, em sua maioria plataformas fixas. E, mesmo que, a

Petrobras venha direcionando esforços para aumentar o fator de recuperação dos reservatórios

do pós-sal, a companhia informou à ANP que deve desativar de 15 a 20 unidades de produção

e seus respectivos equipamentos submarinos e poços até 2020.

Para melhor entender o cenário brasileiro, neste tópico será estudado a divisão das bacias no

Brasil, enumerando os campos maduros e finalmente será apresentado um levantamento do

foco desta tese, os dutos flexíveis.

4

2.1 Bacias de Petróleo

Ao estudar o cenário brasileiro de produção de petróleo é importante quantificar os dados. Nesta

seção serão apresentadas as bacias brasileiras e algumas de suas características. O país divide

sua área offshore produtiva em seis principais bacias até o momento: Ceará, Potiguar, Sergipe-

Alagoas, Espírito Santo, Campos e Santos. A seguir é apresentado um breve descritivo de cada

bacia. Como fonte de referência foi utilizado informações atualizadas da ANP [3] sobre as

unidades de produção em cada bacia, as tabelas com informação de tipo e lâmina d’água de

cada plataforma encontra-se no ANEXO I desta obra.

Figura 1:Bacias sedimentares com produção de petróleo no Brasil. [4]

5

Figura 2: Quantidade de plataformas em produção e tipo por bacia, maio de 2018. [3]

2.1.1 Bacia do Ceará

A bacia do Ceará é compartimentada em sub-bacias, separadas por expressivas feições

estruturais. As sub-bacias de Piauí-Camocim, Acaraú e Icaraí, no conjunto somam cerca de

20.000 km², e nelas não foram realizadas descobertas comerciais de hidrocarbonetos. A

exploração petrolífera ocorre apenas na sub-bacia de Mundaú, que teve início ao final dos anos

60. A primeira acumulação comercial de óleo foi descoberta em 1977. A reserva estimada da

Bacia do Ceará é de 90 milhões de barris de óleo. [4]

2.1.2 Bacia Potiguar

A porção submersa da Bacia Potiguar situa-se na plataforma continental do estado do Rio

Grande do Norte e do Ceará, abrangendo a área de cerca de 26.500 km². Os levantamentos

sísmicos na porção offshore da Bacia Potiguar iniciaram-se em 1971, sendo que a primeira

descoberta comercial, o campo de Ubarana, aconteceu em 1973. Foram descobertos seis

campos de petróleo no mar que guardam reservas de 65 milhões de barris de óleo.

2.1.3 Bacia de Sergipe-Alagoas

Em 2007, o campo de Piranema começou a produzir. Ele marcou uma nova fronteira para o

Nordeste brasileiro com o início da produção de óleo leve e em águas profundas. Em 2012,

6

cinco descobertas em águas ultra profundas comprovaram o potencial exploratório do litoral

sergipano. [5]

2.1.4 Bacia de Espírito Santo

Na parte marítima, com grande potencial para óleo leve e gás, estão os campos de Camarupim,

Canapu e Peroá, cuja produção de gás é importante para o fornecimento ao mercado nacional.

A primeira produção de óleo em águas rasas teve início em 1978, com o campo de Cação, e a

primeira descoberta em águas profundas foi o campo de Golfinho, em 2002, com óleo leve e

gás associado. [5]

O campo de Cação possui duas plataformas fixas, em águas rasas, possivelmente, as primeiras

a plataformas brasileiras a serem descomissionadas. [6]

2.1.5 Bacia de Santos

A maior bacia sedimentar offshore do país, com uma área total de mais de 350 mil km² e que

se estende de Cabo Frio (RJ) a Florianópolis (SC). É considerada uma das áreas de exploração

e produção mais promissoras do Brasil, devido às descobertas realizadas em sua seção pré-sal

nos últimos anos.

As reservas de hidrocarbonetos na Bacia de Santos, são da ordem de 6,1 bilhões de barris de

óleo e 203 milhões de metros cúbicos de gás natural. No mês de março de 2017, a produção

diária de petróleo na Bacia já superava a marca de 1 milhão de barris. [3]

É possível afirmar que a Bacia de Santos desponta como o novo polo de investimentos e

extração de petróleo do Brasil, com previsão de ultrapassar a maior Bacia produtora, de

Campos, que tem sua produção diária em declínio.

2.1.6 Bacia de Campos

A Bacia de Campos está situada na Margem Leste Brasileira, região Sudeste do Brasil, e

contempla uma área de aproximadamente 100 mil km². Sua superfície é distribuída ao longo do

litoral que banha o Norte do Estado do Rio de Janeiro e o Sul do Estado do Espírito Santo,

sendo os seus limites estabelecidos ao Norte, pelo alto de Vitória, com a Bacia do Espírito

Santo; e ao Sul, pelo Alto de Cabo Frio, com a Bacia de Santos. [3]

7

Atualmente a Bacia conta com 57 campos, sendo 52 em fase de produção e cinco em fase de

desenvolvimento. As reservas de hidrocarbonetos, são da ordem de 5,7 bilhões de barris de óleo

e 92 milhões de metros cúbicos de gás natural. No mês de março de 2017, a produção diária de

petróleo foi da ordem de 1,37 milhões de barris. [3]

2.2 Campos Maduros

Houve um grande pico das atividades offshore no Brasil nas décadas de 70 e 80. Hoje, as

plataformas instaladas naquela época estão com mais de 30 anos, acima da vida útil esperada

para campos produtores, de 25 anos. Segundo dados da ANP, apresentados em 2015 [3], o

Brasil, possui 54% das suas unidades de produção, acima da vida esperada. Isso demonstra,

sem dúvidas que a região entrou em uma fase de descomissionamento.

Figura 3: Ano de início de produção das unidades produtoras, no Brasil [3].

8

Figura 4: Idade das plataformas de produção por bacia, segundo ANP em 2015 [3]

Ainda, segundo os últimos relatórios anuais da Petrobras [5], a quantidade de poços produtores

operados pela companhia vem caindo acentuadamente. Em 2015 eram 10.160, caindo para

7.888 em 2017, o que confirma a necessidade iminente para o descomissionamento. Os

trabalhos já se iniciaram. Segundo a Brasil Energia, de maio de 2016 [1], a Petrobras realizou

o arraso dos poços de Cação, na Bacia do Espírito Santo, o projeto, aprovado pela ANP, prevê

o abandono dos poços e retirada dos conveses e jaquetas.

Além da plataforma fixa de Cação, mais cinco projetos de descomissionamento já estão em

andamento. As unidades flutuantes P-07, P-12, P-15 e P-33. A Petrobras também indicou a

necessidade de descomissionar, até 2022, 38 plataformas fixas, entre 2020 e 2030 mais sete

plataformas e mais 42 unidades até 2045. [1] [2].

Mesmo com o plano da Petrobras de estender a vida dos poços produtores, é possível afirmar

que o Brasil já adentrou a fase de descomissionamento na indústria offshore.

2.3 Linhas Flexíveis

Os dutos flexíveis são amplamente utilizados no Brasil. Isso se deve a escolha da Petrobras que,

em detrimento dos dutos rígidos, preferiu os flexíveis devido as suas características técnicas e

facilidades logísticas que favorecem sua aplicação, especialmente em lâminas d’agua de alta

9

profundidade. Hoje, o Brasil é o maior produtor de linhas flexíveis no mundo, e a Petrobras é a

maior afretadora de PLSVs (Pipe Laying Supply Vessel) para a instalação dos mesmos.

A expectativa é que a demanda de instalação e flexíveis ainda suba. Segundo dados da própria

Petrobras, apresentados na Rio Oil & Gas [7], a empresa possui mais de 7.500 km de linhas

flexíveis já instaladas. E de acordo com estudo da Mackenzie [8], é esperado que até 2022, 72%

da demanda mundial de instalação de flexíveis seja brasileira, o que traduziria para

aproximadamente 1.581 km a mais na malha de dutos flexíveis instalados no país.

Ainda, segundo estudo realizado por Prado [9], é possível verificar a extensão acumulada de

flexíveis instalados por ano no Brasil, Figura 5 e Figura 6. Pelos gráficos, se nota que existe já

uma malha de flexíveis instalados a mais de 25 anos de por volta de 700 km, evidenciando de

antemão o potencial de descomissionamento desses dutos na atualidade.

Figura 5: Instalação de estruturas de risers flexíveis, por ano no Brasil. [9]

10

Figura 6: Instalação de estruturas de flowlines flexíveis instaladas por ano no Brasil. [9]

Os dados apresentados demonstram o grande potencial no descomissionamento dos dutos

flexíveis. Uma das vantagens apresentadas para a utilização destes dutos, foi a possibilidade de

reciclagem e reuso após a vida útil do poço terminar. Os flexíveis, com a manutenção de sua

integridade podem ser reutilizados em outros projetos e campos. Dados os panoramas

apresentados, fica evidente a necessidade de estudo nas opções de recolhimento e abandono

dos flexíveis.

11

3 Revisão Bibliográfica

A seguir são apresentados a revisão de literatura que contribui para o desenvolvimento desta

tese:

3.1 Composição dos Dutos Flexíveis [10]

A utilização de dutos flexíveis na indústria de óleo e gás submarina datam desde a década de

setenta, quando estes eram empregados em ambientes mais benignos. Com o passar do tempo

os flexíveis se apresentaram como uma solução de sucesso para risers e flowlines e atualmente

atuam em uma variada gama de ambientes, de águas rasas a profundas. A versatilidade desses

dutos se dá pela sua própria constituição em camadas.

Os dutos flexíveis são compostos de diversas camadas sobrepostas, com uma rigidez a curvatura

que se adequam facilmente as condições de projetos. Cada camada no conjunto possui sua

própria função. A camada interna, por exemplo, atua como uma barreira de contenção para o

líquido interno. A camada de pressão e de tração são feitas de aço carbono para resistir à pressão

e as cargas de tração, respectivamente. Acamada externa impede o fluido externo de penetrar

entre as estruturas. Em seguida, serão apresentados em detalhes cada camada e sua função.

Figura 7: Seção de um duto flexível e suas camadas. [11]

12

3.1.1 Carcaça

A carcaça é a parte mais interna do duto. É geralmente feita de estripas de aço inoxidável que

se interlaçam. A principal função da carcaça é prevenir o colapso do duto devido à pressão

hidrostática ou acumulo de gases na região anular.

3.1.2 Capa Interna Polimérica

A camada interna provê uma barreira que garante a integridade do fluido carregado. O projeto

desta camada considera a resistência à concentração de material e diferenças de temperatura do

fluido carregado. É geralmente constituída de material polimérico.

3.1.3 Armadura de Pressão

Composta por arames interconectados ao redor da capa polimérica, esta camada tem a função

de conter a pressão interna do fluido.

3.1.4 Armadura de Tração

As camadas de armadura de tração têm como principal objetivo, como seu nome indica, resistir

as cargas de tração no flexível e transmitir a carga, por meio da terminação, para a estrutura da

embarcação. Os pares de camadas são dispostos em direções opostas, e para grandes

profundidades é possível que sejam utilizados até dois pares.

3.1.5 Capa Externa Polimérica

A capa externa polimérica constituída do mesmo material que a interna. Tem como função ser

uma barreira para a água salgada, e proteger a armadura contra possíveis colisões durante a

movimentação.

3.1.6 Outras Camadas e Configurações

Além das cinco principais camadas comentadas acima, têm-se ainda outras, como por exemplo

a de fitas anti fricção ao redor das armaduras. Essas fitas previnem que os arames se desloquem

e provoquem um fenômeno conhecido como “abertura de gaiola”, resultado, geralmente, da

carga de compressão axial acarretada pela pressão hidrostática.

13

3.2 Flexíveis e Sistemas de Produção Subsea

Os dutos flexíveis em um campo de petróleo costumam ser empregados em três configurações:

Risers, Flowlines e Jumpers. Essas denominações se relacionam com a posição e ligações que

os tramos estão conectados.

Figura 8: Típica configuração submarina para dutos flexíveis. [10]

3.2.1 Flowlines

São denominados como flowlines os dutos que depois de instalados, ficam apoiados no fundo

e, portanto, não sofrem solicitações cíclicas, além de possuírem um comportamento

basicamente estático. Essas linhas flexíveis são parte do tramo que conecta o poço a plataforma

e estão ligadas entre os equipamentos submarinos e o riser. [12]

3.2.2 Risers

Os risers compõe o trecho da interligação (poço-unidade de produção) no qual o duto fica em

catenária, sem apoio, geralmente conectando flowlines ou equipamentos de fundo à plataforma.

Nesta configuração os dutos flexíveis são mais solicitados, estão expostos a aplicações

dinâmicas, carregamentos oriundos de condições ambientais, tais como, correntes, ondas e

deriva. Para a mitigação desses efeitos naturais há diferentes configurações de forma de riser.

A mais simples e barata é a catenária livre (free hanging) que pode estra limitada a

14

profundidade, uma vez que, quanto maior o trecho pendurado maior é a carga de tração na linha

tem de aguentar. [12]

Outra possível configuração, a Lazy Wave, se utiliza de boias instaladas ao longo da catenária.

A flutuação adicional provida pelos flutuadores acarreta na formação de uma corcova que alivia

a tração provocada pelo peso da catenária e desacopla o movimento de uma unidade flutuante,

qual é regido pelas ondas. O tipo de configuração utilizada é dado de acordo com os fatores de

projeto e o que mais se acomoda as condições impostas geralmente é selecionado. [12]

3.2.3 Jumpers

Jumpers são trechos de dutos que interligam dois equipamentos submarinos em um pequeno

comprimento, como por exemplo, uma árvore de natal a um manifold. [12]

3.3 Modulo de Conexão Vertical (MCV)

Este equipamento é responsável pela interconexão da linha flexível coma a Arvore de Natal

(ANM), PLET e Manifold. Em linhas gerais, é um artefato produzido para facilitar o

acoplamento do flange da linha em equipamentos submarinos. Os principais elementos de sua

composição são o gooseneck, painel do ROV, conector e softlanding.

Após a conexão do MCV no HUB da BAP, o ROV aciona o travamento do conector do

softlanding através do painel. Durante a instalação é importante notar que o gooseneck suporta

todos os esforços impostos no MCV pela linha, e por isso, geralmente, é uma peça propícia a

sofrer falhas. [13]

15

Figura 9: Esquema representativo de um MCV posicionado no mandril. [13]

3.4 Acessórios de Dutos Flexíveis

Buscando a garantia de uma operação segura e eficaz. A indústria de óleo e gás desenvolveu e

aperfeiçoou acessórios para a movimentação e instalação de dutos. A seguir, são apresentados

alguns desses equipamentos utilizados durante operações rotineiras em PLSVs, e que são mais

significativos na operação de descomissionamento.

3.4.1 Conector

Acessório de terminação da linha. As camadas da linha são intertravadas na terminação e a

seguir são aplicadas resinas especiais a fim de garantir a integridade da linha. A montagem da

terminação quase sempre é realizada em fábrica devido à complexidade de instalação.

16

Figura 10: Montagem do conector na terminação da linha. [14]

3.4.2 Flange cego de manuseio e teste

Acessório montado na extremidade da linha, especificamente no conector. Composto por um

flange com olhal que permite o manuseio da extremidade do duto. Geralmente, utilizado para

o içamento e pescaria do duto.

Figura 11: Flange cego de manuseio. [14]

3.4.3 Enrijecedor

Acessório de duto equipado imediatamente antes do conector. Tem por objetivo limitar a

deformação angular da linha, impedindo que haja danos ao duto. Sua configuração cônica

garante a transição gradual das deformações e tensões no duto.

17

Figura 12: Esquema do enrijecedor. [14]

3.4.4 Vertebra

Também chamado de restritor de curvatura, este acessório tem por função limitar fisicamente a

curvatura excessiva do duto para que o mesmo não sofra danos estruturais próximo das

extremidades. É composto por um conjunto de vértebras conectadas sequencialmente, até um

copo na extremidade que é montado no conector.

Figura 13: Representação artística de um restritor de curvatura. [14]

18

3.4.5 Colar Elevador

O colar elevador é um acessório para pescaria de dutos flexíveis danificados ou cortados. Sua

instalação é realizada no fundo com o auxílio do veículo de intervenção remota (ROV). Após

o corte da linha flexível, no leito marítimo, o colar é instalado e permite o içamento da linha.

Figura 14 Colar elevador e sua instalação em uma linha flexível, no fundo. [11]

3.5 Descomissionamento offshore

O campo de petróleo é um sistema complexo e variado. Ao abordar o descomissionamento é

recomendável a partição deste tema em áreas que podem ser discutidas com um nível de

independência. Determinando as principais áreas, é possível, por exemplo, utilizar de diferentes

níveis de informação para o planejamento e avaliação de alternativas, determinar cronologias

específicas para cada fase e atribuir assertivamente mitigações de riscos e ganhos para cada

etapa. Assim, o descomissionamento é usualmente dividido em três áreas: Plug &

Abandonment, Topside e Subsea Structures [15]

3.5.1 Plug & Abandonment

Plug and Abandonment, ou tamponamento e abandono dos poços se resume na prática de

prevenir o acúmulo de pressão ou o fluxo cruzado no poço e nas áreas em volta. O abandono

permanente ocorre isolando todas as zonas permeáveis e zonas de diferentes pressões uma das

outras e da lâmina d’água. O abandono do poço é um dos estágios mais delicados no processo

19

de descomissionamento, uma vez que, se selados inapropriadamente podem se tornar uma grave

ameaça para o meio ambiente. [16]

Todos os poços devem ser tampados e abandonados de acordo com regulamentos. Quando um

projeto faz o abandono permanente do poço, existem obrigações legais para proteger o a

formação dos reservatórios, aquíferos, o poço em si e o ambiente em volta. Segundo Hallak

[16], no Brasil, a ANP introduziu a portaria No 46 que estabelece os comprimentos legais para

integridade de poço e introduz o conceito de “menor risco o quanto melhor praticável”, em

termos de redução de riscos.

3.5.2 Topside

A remoção das unidades de produção e seus equipamentos dependerá do tipo de plataforma

instalada, uma vez que, elas podem ser fixas ou flutuantes. No caso das flutuantes o trabalho

seria de desconexão dos dutos e ancoragens, e a reciclagem da estrutura da plataforma se daria

após o reboque para terra.

Já nos casos das fixas, seria necessário a utilização de Heavy Lifts Vessel para içar a

superestrutura da plataforma, como o navio Pioneering Spirit, maior navio do mundo cujo o

escopo é o transporte e içamento de módulos de unidades flutuantes.

Figura 15: Representação artística da embarcação Pioneerin Spirit durante uma operação de descomissionamento. [17]

20

3.5.3 Subsea Structures

Quanto as estruturas submarinas, como equipamentos e dutos, o grande questionamento vai da

parte se é melhor deixá-los no local, abandonados, ou recuperar e trazer de volta a superfície

para a reciclagem.

Atualmente, segundo Sriskandarajah [17], dutos seriam abandonados, em sua grande maioria.

A alternativa de abandono determina que eles seriam limpos com água do mar e suas

terminações enterradas com sacos de areia ou mantas. Procurando a melhor forma possível de

evitar problemas com pesca de arrasto e intervenção com o ambiente.

Existe a possibilidade de recolher os dutos de pequeno para médio diâmetro (até 9 polegadas),

como geralmente é feito com os flexíveis, mas existem certas considerações a serem feitas. Os

dutos podem estar parcialmente enterrados ou cobertos por rocha ou segurados por estruturas

em locais de free span. Esses aspectos requereriam algum trabalho de remediação e talvez

seja mais viável optar pelo corte do duto e recolhimento em menores seções.

3.6 Movimentação, Armazenamento e Carregamento de Flexíveis

Para todo manuseio, armazenamento, transporte e carregamento de linhas flexíveis é necessário

o emprego de sistemas especificamente projetados para esta finalidade. Desta forma, evita-se

danos às linhas flexíveis que impliquem em substituição do trecho danificado ou até a perdas

de óleo e gás, que podem gerar custos elevados à operadora e muitas vezes ao meio ambiente.

A etapa de movimentação/carregamento de linhas flexíveis em bobinas permite a utilização de

guindastes convencionais sobre rodas ou esteiras e/ou guinchos especiais montados sobre rodas

e com capacidade de movimentação em locais restritos.

A figura a seguir apresenta as duas formas possíveis para o carregamento de PLSV, que são:

• Por transferência direta: A linha é desenrolada da bobina de estocagem ou cesta

diretamente para o sistema de armazenamento do navio, que pode ser do tipo cesta ou

bobina.

• Por troca de bobina: Um guindaste realiza a retirada e colocação diretamente sobre o

convés do navio.

21

Figura 16: Métodos de carregamento de linhas flexíveis. Esquerda: Bobina; Direita: Transferência direta. [11]

3.6.1 Bobinas

As bobinas são normalmente empregadas para o armazenamento de tramo de linha flexível

curto e cujo acessório (restritor de curvatura, enrijecedor, conector, etc.) não seja de grande

dimensão, pois seu armazenamento junto ao flange externo é crítico. As bobinas são

armazenadas no convés da embarcação e utilizadas conforme demanda do projeto.

Figura 17: Bobina. [11]

3.6.2 Cestas

São dispositivos rotatórios, usualmente empregados para o armazenamento de vários tramos

longos de linhas flexíveis, e cujos acessórios sejam de grandes dimensões. Podem ser

22

equipamentos permanentes de determinado PLSV ou podem ser mobilizados para projetos

específicos, neste caso ficando externas.

Existem dois tipos de sistemas de bobinamento (spooling) para cestas: horizontal e vertical.

Dependendo do tipo da cesta empregada, o armazenamento deverá atender a determinadas

premissas básicas.

A cesta horizontal costumeiramente se encontra nos porões do PLSV e durante o carregamento

a linha é depositada camada por camada com ajuda do spooling arm distribuindo o peso da

linha ao longo do espaço da cesta e dispondo o conector de forma que este fique protegido de

colisões.

A cesta vertical, também conhecida como “carrossel” tem as camadas distribuídas

verticalmente ao longo do eixo da cesta, e ao contrário da cesta horizontal, é necessário o

tracionamento da linha, para garantir que a mesma fique enrolada de forma correta. Nesse tipo

de armazenamento, também é requerido que a extremidade fique na parte inferior do carrossel,

de forma que, facilite o manuseio na hora do lançamento. A cesta vertical em relação a

horizontal demanda mais tempo para o carregamento.

Figura 18: Cesta vertical (esquerda) e horizontal (direita). [11]

3.7 Sistema de Lançamento/Recolhimento

A seguir, serão apresentados os principais componentes dos sistemas de lançamento que

equipam os atuais PLSVs, podendo esses serem instalados em diversas configurações para

permitir a instalação de linhas flexíveis em diferentes profundidades.

23

3.7.1 Bases Rotativas

Trabalhando em conjunto com um ou mais tensionadores, este sistema apresenta as bobinas

apoiadas sobre um skid com roletes. O lançamento ou recolhimento é realizado pelo

tensionador, cabendo ao skid roller o acompanhamento. Para tal, o próprio skid roller apresenta

dois ou quatro roletes providos de tração hidráulica ou elétrica que tracionam a linha flexível

na bobina.

Figura 19: Bobina estaiada sobre Skid Roller. [11]

3.7.2 Guinchos Motorizados

Os guinchos motorizados operam sem auxílio de tensionadores, sendo as bobinas que operam

com este sistema maiores e mais pesadas. Este sistema não necessita de estaiamento para

operação sendo capazes de resistir a elevados esforços e tração. [11]

24

Figura 20:Guincho motorizado acoplado em uma bobina. [11]

3.7.3 Tensionadores

Podem ser utilizados de maneira singela ou agrupados em dois ou três módulos, oferecendo

assim o somatório da capacidade nominal de cada equipamento. Basicamente, são máquinas

eletro-hidráulicas, providas de dois, três ou até quatro lagartas (tracks) montados em estruturas

independentes.

Os tensionadores no PLSV tem três funções principais:

• Sustentar o peso do flexível de maneira controlada durante o lançamento e recolhimento

sem afetar a integridade e desempenho da estrutura movimentada.

• Segurar o produto durante paradas, permitindo o trabalho seguro junto à linha flexível,

como no caso da conexão dos guinchos de abandono e recolhimento

• Permitir o controle da velocidade de abandono e recolhimento, além de permitir o ajuste

da força de compressão radial uniforme aplicada à linha flexível.

O tensionador tem por princípio sustentar a carga da linha flexível. Durante as operações de

lançamento/recolhimento a carga da linha é distribuída uniformemente entre cada lagarta de um

mesmo tensionador por meio de um controle eletrônico de monitoramento. O objetivo é manter

sempre o equilíbrio e a sincronia de cargas no sistema de lançamento. A seguir, é demonstrado

a o diagrama de forças simplificado do tensionador segurando uma linha.

25

Figura 21: Esquema de um tensionador suportando uma linha flexível. [11]

Montadas ao longo das lagartas, as sapatas são o elemento de contato entre os tensionadores e

a linha flexível. Fabricadas em polímeros ou ligas metálicas, é possível encontrar sapatas de

diferentes formatos que são utilizados de acordo com a especificação do duto flexível.

Figura 22: Detalhe do tensionador e ângulo de ataque das sapatas. [11]

3.7.4 Guinchos

Projetado para o uso offshore, o guincho principal de abandono e recolhimento (A&R) opera

em conjunto com os tensionadores, sendo parte do sistema de lançamento. Este deve possuir

capacidade de carga maior ou igual do que a carga máxima de projeto dos tensionadores,

garantindo, dessa forma, a transferência de carga e a realização de manobras de abandono e

26

recolhimento. Para navios capazes de lançar mais de uma linha simultaneamente (bundle) existe

um guincho principal para cada sistema de lançamento.

A bordo dos PLSVs normalmente existem instalados outros guinchos de menor capacidade, os

guinchos auxiliares. Possuem como principal função auxiliar em manobras de lançamento,

instalação de acessórios, estaiamento entre outras.

Figura 23: Guinchos. [11]

3.7.5 Mesa de Trabalho

É uma plataforma de trabalho móvel que permite o acesso à linha flexível para realização de

conexões intermediárias, instalações de módulos de conexão vertical e acessórios como colares

de ancoragem, colares batentes, colares de anodo e PLET (Pipe Line End Termination). A mesa

é utilizada como estrutura para transferência da carga da linha para o navio durante as

movimentações descritas.

27

4 Descomissionamento de Flexíveis

O descomissionamento das estruturas submarinas deverá ser realizado visando principalmente

a minimização dos impactos ambientais, riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores e

comunidades que possam ser atingidas. Desta forma, é de suma importância o mapeamento e a

avaliação dos riscos envolvidos nessa atividade. Nesta seção, serão descritos os modos,

processos e riscos do descomissionamento, tendo ainda como pano de fundo a regulamentação

brasileira vigente para tal atividade.

Entre as estruturas submarinas, no quesito de descomissionamento é possível inferir que os

dutos flexíveis possuem certa vantagem frente aos dutos rígidos. Devido ao seu menor diâmetro

e baixa resistência a flexão é possível realizar o descomissionamento desses como uma forma

reversa de lançamento, utilizando ainda os mesmos barcos que os instalaram.

Infelizmente, no mercado de óleo e gás, ainda é difícil de obter informações referentes aos

produtos instalados. Assim, apesar de não haver fonte de informação para outras propriedades

de flexíveis, será apresentado, para a contextualização, uma gráfico de diâmetros internos por

profundidade de instalação, produzido por Boschee [18], em seu guia de melhores práticas para

a evolução da integridade de flexíveis. No gráfico da Figura 24, é possível perceber que a média

de utilização de flexíveis se concentra no diâmetro interno dentre quatro polegadas a dez.

Figura 24: Dispersão do diâmetro interno de flexíveis, por profundidade de instalação no Mar do Norte. [18]

28

4.1 Regulamentação Vigente

Uma das grandes questões que permeia o desenvolvimento da indústria de descomissionamento

offshore, no Brasil, é quanto a regulamentação aplicada às atividades. Ainda pouco trabalhada

nos termos do descomissionamento, a legislação do setor de óleo e gás é de responsabilidade

da união, possuindo três esferas, cada uma com seu órgão específico responsável por

regulamentar e fiscalizar as atividades petrolíferas.

• Marinha do Brasil.

• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).

• Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Dentro dessas organizações, ao setor petrolífero, o IBAMA [19] demanda um relatório chamado

de Estudo de impacto Ambiental (EIA). Um dos conteúdos do EIA é o Projeto de Desativação,

o qual deve ser atualizado no máximo 90 dias antes da execução. Segundo o próprio IBAMA

(2016), apesar de não existir um modelo formalizado espera-se que o Projeto de Desativação

conste minimamente com os seguintes tópicos:

• Introdução - descrição resumida da operação;

• Descrição das atividades;

• Metas e indicadores;

• Destinação das estruturas submarinas;

• Destinação de resíduos e efluentes;

• Destinação da mão-de-obra;

• Embarcações empregadas;

• Cronograma;

• Avaliação de impactos ambientais concisa e específica

• Análise de riscos ambientais.

Quanto ao tema, a ANP, segue emitindo resoluções e portarias desde o ano de 2002, buscado

refinar e desenvolver a legislação especifica ao descomissionamento. A mais relevante ao foco

de dutos e estruturas submarinas é a resolução nº27 de 18 de outubro de 2006 [20] na qual

delibera sobre a desativação de instalações e devolução de áreas na fase de produção e na fase

de exploração.

29

Em especial, o tópico 6, estabelece diretrizes sobre a desativação de instalações marítimas,

determinando que salvo especificação em contrário prevista na legislação ou expedida pela

Autoridade Marítima ou pelo Órgão Ambiental com jurisdição sobre a área, as Instalações de

Produção deverão ser sempre removidas.

Por fim, outro documento importante, a resolução nº 41 de outubro de 2015 [21] dispõe sobre

o regulamento técnico do sistema de gerenciamento de segurança operacional de sistemas

submarinos (SGSS). Nela define-se que as atividades de descomissionamento deverão ser um

conjunto de técnicas, procedimentos e ações legais capazes de determinar a melhor opção para

um duto ou sistema submarino.

4.2 Modos de Recolhimento

Os métodos de recolhimento disponíveis são em sua essência o processo reverso da operação

de instalação. É possível, e recomendado, a utilização dos navios PLSVs para a remoção de

flexíveis, performando o sentido reverso de seus tensionadores para o descomissionamento.

Pela experiência, até o momento, as maiores dificuldades no recolhimento mostra ser os riscos

apresentados pelas condições das linhas.

O projeto de descomissionamento de um campo de dutos flexíveis deve levar em consideração

a elevada vida de trabalho do sistema. No cenário brasileiro, por exemplo, existem sistemas de

produção com mais de 40 anos [3]. Nesses casos, é necessário, segundo Shen, avaliar o dano

acumulado devido a corrosão, impactos, vibração, deformação por temperatura, movimento do

leito, entre outros, também, realizar uma nova análise estrutural referente ao novo cenário,

assumidamente, diferente do momento de instalação. [22]

Fora o fator tempo, outro desafio inerente ao descomissionamento dos dutos é o caminho crítico

da operação. Não só os flexíveis podem apresentar corrosão, como no processo inverso de

instalação é necessário dar atenção ao universo inteiro do desmonte do campo. Segundo

Sriskandarajah [17], os dutos podem ter sido enterrados conforme projeto ou mesmo com o

tempo, podem haver suportes mecânicos em vãos livres ou ainda cruzamento de linhas. Estes

aspectos devem ser levados em consideração em um novo projeto onde será determinado a

melhor maneira possível para a remoção.

Entre os métodos de remoção dos dutos, são apresentados a seguir os mais conhecidos e já

utilizados.

30

4.2.1 Remoção por Bobina Reversa

O método de remoção por bobina reversa consiste no processo contrário ao de instalação por bobina.

O processo de instalação fundamenta-se na fabricação dos dutos em terra, os quais são enrolados

em um carretel localizado em uma embarcação construída para esse propósito. A seguir, o duto é

transportado no navio até o local de sua instalação, sendo desenrolado e guiado por uma rampa

especial de lançamento.

O processo de remoção por bobina reversa pode ser realizado em dutos rígidos e flexíveis.

Porém, devido à natureza dos dutos rígidos é improvável que estes possam ser reutilizados

posteriormente – uma vez que os múltiplos ciclos de deformação plástica sofridos pela parede

do duto irão potencialmente comprometer a sua integridade. Já os dutos flexíveis apresentam

ciclos de deformação permanente diferentes dos dutos rígidos, o que permite que em teoria eles

possam ser reutilizados, desde que comprovada a integridade da linha em questão.

Figura 25: Arranjo gera típico de um reel lay vessel. [23]

Uma consideração importante no recolhimento por bobina de flexíveis é a maneira de tratar as

conexões. Essas são geralmente flangeadas, e a presença deste acessório pode provocar um raio

de curvatura menor que o mínimo permitido, conforme apresentado na Figura 26. Isto pode

levar ao dano na linha ou uma deformação no próprio acessório. Uma forma de mitigar esse

problema é envolver as conexões com uma proteção no momento do inboarding.

31

Figura 26: Representação da disposição da conexão de dutos flexíveis na bobina. Fonte: Autor

4.2.2 Remoção por Lançamento Reverso

Assim como o método de bobina reversa, é possível aplicar o mesmo conceito aos lançamentos

vertical (J-Lay) e horizontal (S-Lay). Usualmente, o método J-Lay é utilizado para lâminas

d’agua maiores, uma vez que, o acoplamento de tensionadores utilizando a torre de lançamento

permite uma tração de topo maior. O método horizontal faz se necessário a utilização de

tensionadores sobre o convés da embarcação e o apoio sobre uma roda de lançamento mais

indicado para lançamentos curtos, devido ao esforço feito sobre a roda.

O modo de recolhimento, em linhas gerais, consiste em recolher cada um dos tramos e, contrário

do método da bobina, desconectá-los e armazenar cada um por vez no carrossel/cesta. Os dutos

são “pescados” por uma lingada, com auxílio de um ROV, entre a cabeça de tração e o

guindaste/guincho A&R e posicionados dentro do tensionador que movimenta suas lagartas de

modo a prover tração suficiente para superar o peso suspenso da catenária. Quando a conexão

entre dois tramos chega na mesa de trabalho do PLSV, esta então é apoiada na mesa e

desconectada. A extremidade superior passa na roda e vai para a cesta designada enquanto a

outra extremidade é conectada no guincho que a elevará para os tensionadores.

32

Figura 27: Recolhimento de duto por J-lay reverso. Imagem editada. [24]

4.2.3 Remoção por Corte e Elevação

Em geral, o recolhimento das linhas flexíveis permite ao proprietário reciclar os dutos e utiliza-

los em outros projetos. Por exemplo, o campo de Kittiwake SAL no offshore do Reino Unido

utilizou três quilômetros de flexíveis proveniente do campo de Ardmore, e em 2010 com o

termino da produção no campo os dutos foram mais uma vez recolhidos e destinados a

reutilização conforme intenção de seu proprietário [25]. O corte dos dutos dificulta, se não

inviabiliza a utilização máxima da vida útil destes, uma vez que, o reparo da secção do duto

prova ser complexo.

A execução deste tipo de remoção não requer necessariamente um navio do tipo PLSV, de

modo que, a atividade pode ser realizada de um navio que recolha as seções do duto por

guindaste e os armazene no convés, de acordo com a Figura 28. O processo de desmobilização

nesse caso consiste da descida da ferramenta de corte até os pontos planejados, o corte

transversal do duto, a instalação de acessórios que permitem o içamento, como o colar elevador

descrito na seção 3.4.5, a confecção da lingada para a elevação e finalmente a subida até a

superfície com o duto.

33

Figura 28: Remoção por corte e elevação [24]

As ferramentas de corte podem ser tanto manuseadas por mergulhadores, em profundidades

baixas, ou por veículos remotos. Segundo Ramos [26], as principais ferramentas de corte são:

• Jato de água pressurizado

• Corte por fio de diamante

• Serras retas ou circulares

• Cisalhadoras hidráulicas

Figura 29: Serra acoplada no manipulador de um ROV. [17]

34

A atividade de corte e elevação pode apresentar muitos riscos, principalmente se envolver o uso

de mergulhadores. Essa atividade além de poder posar como um risco a vida, também pode ser

danosa ao meio ambiente, uma vez que, expõe o conteúdo do duto ao cenário marítimo.

Porém entre os modos de descomissionamento comentados é o mais versátil, podendo contornar

problemas como o cruzamento entre linhas ou seções enterradas. O corte e elevação também

pode ser, caso necessário, combinado com os outros modos de recolhimento, sendo as linhas

cortadas elevadas pelo tensionador e armazenadas na cesta/carrossel/bobinas. Prevendo a

dificuldade na elevação de algum trecho do flexível, essa atividade certamente deverá ser

utilizada nos projetos de descomissionamento.

4.3 Mapeamento dos Processos no Recolhimento

A partir do modo de remoção escolhido, prossegue-se pela seleção do melhor fluxo de

processos possíveis para o descomissionamento subsea. Os mapas e as descrições apresentados

são uma interpretação do autor de como deveria ocorrer a operação. Será traçado um modelo

simplificado de recolhimento buscando focar nas partes macro. Em seguida, algumas

ocorrências particulares das operações também serão abordadas.

A fim de, possivelmente, permitir no futuro um estudo de custos do descomissionamento,

também serão estimados, para a maioria das operações tempos de duração para as manobras.

Como a referência a este tipo de dado ainda não se faz disponível, será utilizado o valor de

instalação segundo o brochure da instaladora e fabricante de dutos flexíveis TechnipFMC [27],

que estabelece a velocidade média de instalação de linha como 500 metros/hora. Este valor será

tido como base para outras estimativas.

4.3.1 Remoção End to End – Opção A

Primeiramente, é analisado uma operação de extremidade a extremidade no

descomissionamento. Em tal operação, assumindo a utilização de um Módulo de Conexão

Vertical (MCV), ou equipamento similar, e ligação direta do trecho a unidade de produção,

tem-se o seguinte fluxo de processos:

35

Figura 30: Fluxograma de descomissionamento de uma linha flexível. Fonte autoral.

Tabela 1: Descrição dos processos no fluxograma - Opção A

Processo Descrição Duração

DCVD de 1ª Desconexão da linha/MCV do equipamento submarino. 15 h*

Recolhimento

Flowline

Utilização dos tensionadores para o recolhimento em

catenária do trecho flowlines do tramo.

500 m/h

Recolhimento

Riser

Utilização dos tensionadores para o recolhimento do trecho

Riser, possibilidade de diferentes configurações

(LazyWave/Catenária).

500 m/h

Desconexão de

Acessórios

Remoção de acessórios na mesa de trabalho no navio. (Boias,

Colares, ...)

0,25 h/un*

Pullout de 2ª Desconexão da linha da plataforma e recolhimento da

extremidade para o navio.

20 h*

*- Valores estimados conservadoramente pelo autor.

4.3.1.1 DCVD de 1ª

Figura 31: Fluxograma de processos para realização da DCVD de 1ª. Fonte: Autor.

A DCVD de 1ª extremidade corresponde ao reverso da operação de CVD (Conexão Vertical

Direta) de 2ª. Nessa, envolve a utilização e suporte do ROV, guindaste e o guincho de Abando

e Recolhimento (A&R). A operação se inicia com a descida do ROV e da lingada de DCVD. O

cabo do guindaste é conectado no MCV e o do guincho é utilizado para erguer uma corcova no

duto que a manterá alinhada com a direção do MCV e evitará o travamento dos pinos guias do

MCV.

Em seguida, o ROV realiza o destravamento do MCV, e o cabo do guindaste é recolhido, de

forma que, o MCV é desacoplado da base e levantado a uma profundidade segura para a

DCVD de 1ªRecolhimento

FlowlineRecolhimento

RiserDesconexão de

AcessóriosPullout de 2ª

Inspeção e intervenção no

MCV

Recolhimento Flowline

Desacoplamento e voo do MCV

Pendular o MCV e desconectar

guindaste

Recolhimento e Inboarding do

MCV

36

transferência de carga. Então a lingada do guincho A&R é conectada ao MCV e o cabo do

guindaste é liberado e recolhido.

A partir de então, o MCV é recolhido até a superfície, o duto é inspecionado uma última vez

para verificar a presença de gases e fluidos que possam estar escapando do anular, e finalmente

é realizado o inboarding do equipamento. A bordo da embarcação o MCV e os acessórios de

linha são desconectados e armazenados.

Figura 32:Figura representativa de uma DCVD de 1ª. [28]

4.3.1.2 Pullout de 2ª

Figura 33: Fluxograma dos processos para um Pullout de 2ª. Fonte Autoral.

A operação tem início conforme o PLSV recolhe o flexível e se aproxima da plataforma, na

eminência de formar uma catenária dupla. Um ROV é lançado a água para realizar a desconexão

da ancoragem da linha e à medida que se recolhe o duto o navio prossegue se aproximando da

plataforma, afim de manter um ângulo de topo consistente. Em um ponto determinado o

procedimento é interrompido, para realização da liberação do enrijecedor de topo na boca de

sino no I-tube.

Quando o PLSV já se encontra em uma distância segura para a operação, a extremidade na

plataforma é lançada a água e submergida até uma profundidade de transferência, sendo

Recolhimento e e formação da

catenária dupla

Desconexão da linha da UP e transferência

Pendular extremidade

Desconexão do guincho da UP

Recolhimento da 2ª

extremidade

37

acompanhada por mergulhadores ou ROV. Então, o PLSV recolhe o resto do tramo, pendulando

a linha até que a influência do guincho da unidade de produção seja mínima. Finalmente, é

realizado o inboarding da 2ª extremidade e os acessórios desconectados e armazenados.

Figura 34: Figura representativa de um Pullout de 2ª. [29]

4.3.2 Remoção End to End – Opção B

A operação de remoção pode ser avaliada com o recolhimento nos dois sentidos do duto. Assim,

uma análise iniciando-se pela plataforma e terminando no equipamento/poço se daria da

seguinte forma apresentada.

Figura 35: Fluxograma de descomissionamento de uma linha. Iniciando a remoção pelo lado da plataforma. Fonte: Autor

Tabela 2: Descrição dos processos no fluxograma – Opção B.

Processo Descrição Duração

Pullout de 1ª Desconexão da linha da plataforma e recolhimento da

extremidade para o navio.

24 h*

Pullout de 1ªDesconexão de

AcessóriosRecolhimento

RiserRecolhimento

FlowlineDCVD de 2ª

38

Desconexão de

Acessórios

Remoção de acessórios na mesa de trabalho no navio. (Bóias,

Colares, ...)

0,25 h/un*

Recolhimento

Riser

Utilização dos tensionadores para o recolhimento do trecho

Riser, possibilidade de diferentes configurações

(LazyWave/Catenária).

500 m/h

Recolhimento

Flowline

Utilização dos tensionadores para o recolhimento em

catenária do trecho flowlines do tramo.

500 m/h

DCVD de 2ª Desconexão da linha/MCV do equipamento submarino. 10 h*

*- Valores estimados conservadoramente pelo autor.

4.3.2.1 Pullout de 1ª

Figura 36:Fluxograma de processos para a realização de pullout de 1ª. Fonte: Autor.

A realização do pullout de 1ª, pode se dizer que é uma operação mais complexa do que a de 2ª

extremidade. Durante o procedimento ocorre a manipulação de toda a carga da catenária, o que

torna o procedimento mais sensível. O pullout tem início com a desconexão e preparação da

extremidade de topo da plataforma para a transferência. A Unidade de Produção (UP) conecta

o seu guincho a extremidade e desce a linha pelo I-tube. Nesse ponto, o navio de instalação se

aproxima da plataforma e atira com um tiro de retinida para a UP um cabo de polipropileno,

que conecta um cabo mensageiro na linha de retinida, para permitir a conexão do guincho de

A&R do PLSV.

Com os dois guinchos, da plataforma e do PLSV, conectados na linha, a plataforma inicia a

descida da extremidade até a profundidade de transferência. Quando esta for atingida, o PLSV

dá início ao recolhimento do guincho de A&R, pendulando o conjunto em direção ao navio.

Nesta etapa é importante controlar o ângulo de topo dos guinchos, para evitar contato com o

moonpool ou o I-tube.

Finalmente, o PLSV recolhe o guincho de A&R e realiza o Inboarding da extremidade da linha,

desconectando o guincho da UP e o enviando de volta a ela. O conector da extremidade é

apoiado na mesa do PLSV e os acessórios removidos e armazenados. O PLSV, segue com o

recolhimento da catenária normalmente.

Preparação e desconexão da extremidade da

linha na Plataforma

Descer a extremidade até profundidade de

transferência

Conectar guincho do PLSV na

extremidade e pendular

Desconexão do guincho da UP

Recolhimento da 1ª extremidade

39

Figura 37: Pullout de 1ª extremidade, configurações da linha por passo. [29]

4.3.2.2 DCVD de 2ª

Figura 38: Fluxograma de processos da DCVD de 2ª. Fonte: Autor.

A DCVD de 2ª compartilha enorme semelhança de processos com a de 1ª extremidade, de forma

que, a maior diferença está na configuração da manobra. Ao invés de o MCV ser recolhido pelo

guincho de A&R ele é recolhido diretamente pela linha e tracionadores.

A operação tem início com o recolhimento da flowline e aproximação ao equipamento/MCV.

Neste momento o ROV é deslocado do Touch Down Point (TDP) em direção ao equipamento

para a preparação e intervenções iniciais. O navio então realiza o overboarding da lingada de

DCVD e o ROV conecta ela no olhal de içamento do MCV. Nesse momento, cabe a equipe de

lançamento/recolhimento avaliar a curvatura da linha e prosseguir com o destravamento do

MCV. Assim que este ocorre, o MCV é recolhido até uma profundidade segura para a

Inspeção e intervenção no

MCV

Recolhimento Flowline

Desacoplamento e voo do MCV

Pendular o MCV e desconectar

guindaste

Recolhimento e Inboarding do

MCV

40

transferência de carga do guindaste para os tensionadores. Então o MCV é pendulado e a

lingada do guindaste desconectada e recolhida. O navio prossegue com o recolhimento e

inboarding do equipamento, que uma vez a bordo é desconectado e armazenado no deck.

Figura 39: Imagem representativa de uma DCVD de 2ª. [28]

4.3.3 Cruzamento

Não é incomum encontrar a presença de pontes de dutos flexíveis sobre outras linhas, conforme

Figura 40, essa configuração é chamada de cruzamento (cross-over), e na operação de

recolhimento de linhas pode representar um desafio operacional significante. Na instalação das

linhas, quando necessário ocorrer o cruzamento de linha, usualmente, é posicionado entre as

duas uma proteção, o mudmat, que evita o contato e a fricção entre os dutos. Numa remoção da

linha inferior a um duto vivo, recomenda-se cortar o duto antes e depois da proteção. Coletar a

linha até o corte e então pescar a outra extremidade cortada com o colar elevador para continuar

o recolhimento. A parte cortada deverá ser removida quando acontecer a retirada das linhas que

estão por cima desta.

Os riscos desta operação envolvem claramente a contaminação do ambiente, uma vez que, o

interior do duto será exposto.

41

Figura 40: Cruzamento de linhas no leito submarino. [9]

4.3.4 Bundle

Em campos mais antigos, era comum a instalação de bundles de linhas. Instalados por PLSVs

horizontais, o bundle podia ser de duas ou três linhas. Hoje, a utilização dos bundles foi

descontinuada, possivelmente pela dificuldade de instalação em águas profundas.

Para a remoção de linhas em conjunto, considerando a utilização de um PLSV que não consiga

recolher mais de uma linha ao mesmo tempo, seria necessário remover uma linha por vez,

cortando as linhas em trechos.

4.4 Drivers e Modos de Falha para Flexíveis

Ao tratar dos dutos flexíveis, seja qual for a intenção, é importante entender as influências que

estes recebem durante toda a vida útil. Ao longo da fase de projeto dos dutos, são estudados os

modos de manuseio e operações críticas, e a partir dessas, verificado as condições passíveis de

falhas. Desta maneira, é possível gerenciar a integridade dos produtos e prever os maiores riscos

em uma operação.

Para a etapa de descomissionamento, é importante para o “desinstalador” ter conhecimento de

como o duto pode ter sido afetado durante o resto de sua vida, e assim, poder assumir algumas

precauções para a operação. Por exemplo, segundo Boschee, em seu documento de melhores

práticas envolvendo integridade de flexíveis [18], pontuou que danos na camada externa são

mais recorrentes por ela estar totalmente exposta ao ambiente, usualmente, este dano não afeta

42

a integridade do duto, porém a ocorrência na proximidade da linha d’água, pela intermitência

de mergulho, pode provocar corrosão extensiva da armadura de tração. Nestes casos, pode ser

que fazer um pullout de 1ª não seja melhor opção, de forma que, a menor manipulação do dano

ou evitar a sobrecarga nesse ponto é recomendado.

O estudo de gerenciamento de integridade, deve, segundo o livro Subsea Engineering

Handbook [10], levar em conta todos os drivers e modos de falha, o que consiste segundo as

normas de verificação de risco da ABS [30], em um processos de FMEA (Failure Modes and

Effects Analysis). Assim, no detalhamento dos aspectos a serem considerados na vida útil de

um duto flexível é possível estabelecer cinco como os principais agentes que podem levar à

falha:

• Temperatura;

• Pressão;

• Constituição do produto transportado;

• Cargas de serviço;

• Componentes auxiliares;

A partir dos drivers, não conformidades nos dutos podem chegar ao estágio de modo de falha,

momento no qual o duto perde sua integridade estrutural. Não conformidades, na literatura,

segundo Honorato [31], são desvios do estado normal do produto, podendo ser ocasionados por,

por exemplo, mal posicionamento da unidade de produção, interferência entre risers,

carregamentos excessivos ou ação hostil do ambiente marinho. O sequenciamento destas é

chamado de mecanismo de falha e, eventualmente, levam a perda da integridade estrutural do

duto, o que pode comprometer a operação do mesmo. A seguir, são referenciadas algumas das

não conformidades que podem constituir um mecanismo de falha relevante no momento do

descomissionamento.

43

Tabela 3: Não conformidade para dutos flexíveis. [31]

Não Conformidades

Dano localizado na Capa Externa (furo, fissura,

trinca)

Dano generalizado na Capa Externa (ruptura, rasgo)

Dano superficial da Capa Externa (Abrasão

/desgaste, corte)

Dano localizado nos arames de armadura de tração

Ruptura localizada de arames da armadura de tração

Torção excessiva

Vão livre excessivo

Ovalização excessiva

Kink (curvatura excessiva localizada)

Curvatra excessiva

Ausência de Uraduct

Ângulo de catenária inadequado

Gaiola de passarinho

Interferência entre dutos (cruzamento)

Espaço anular com presença de agentes corrosivos

Loop do duto

Perda de flutuadores

Desprendimento do Bending Stiffner

Dano no Bending Stiffner

Corrosão – Carcaça Interna

Corrosão – Arames

Corrosão da Armadura de Pressão

Tração axial excessiva

Erro de posicionamento da embarcação

Impacto lateral ou local

Compressão axial

Em seu estudo, Boschee [18], também descreve a densidade de ocorrência de danos nos

flexíveis. Logo após ao dano e inundação da camada externa, outras preocupações frequentes

com os flexíveis incluem o envelhecimento do revestimento interno ao longo da produção,

abertura de gaiola, falha nos acessórios, entre outros. Ver Figura 41. É importante o

mapeamento do numero das ocorrências justamente para poder traçar os mecanismos de falha

que posam como maior risco para a operação.

44

Figura 41: Densidade de falhas para dutos flexíveis. [18]

Como já descrito o mecanismo de falha tem como seu estágio final a perda da integridade

estrutural do duto, também chamado de modo de falha. Segundo a tese de Honorato, [31], os

modos de falha para os flexíveis são identificados na Figura 42, porém para o caso deste projeto,

no descomissionamento, é possível relevar as falhas por entupimento, perda de estanqueidade

do conector ou ruptura da barreira de vedação (vazamento), uma vez que, não haverá mais fluxo

dentro dos dutos durante a desinstalação.

45

Figura 42: Modos de falha para o flexível. Modos com a faixa vermelha são relevados para a operação de descomissionamento

[31]

Quanto aos modos de falha remanescentes, podemos relacioná-los pelas suas mais diretas

causas. Assim, o colapso da carcaça interna é causado por sua ovalização. O destravamento ou

ruptura da barreira de pressão pela perda de intertravamento das seções. A ruptura de arames

da armadura de tração está associada a deformação excessiva dessa camada, gerada por uma

curvatura ou tração axial intensa. Enquanto o escorregamento dessa camada está relacionado à

ruptura dos arames, causada por fadiga ou tração além do limite. Os acessórios instalados

também podem vir a sofrer perda de integridade, por exemplo os estojos podem sofrer corrosão

e romper no momento do descomissionamento. A partir dos conhecimentos expostos, é possível

traçar a progressão do defeito a partir da não conformidade ao modo de falha, mapeando o

mecanismo que o constitui. [31]

A seguir, será realizada a investigação de alguns mecanismos de falha nos dutos flexíveis

durante o descomissionamento, onde ocorrerá a análise da causa (evento iniciador), e da

consequência ou efeito que ela pode gerar à integridade do produto. Estas falhas estão

vinculadas aos processos de recolhimento reverso no que tange ao descomissionamento.

Quebra/ Rompimento da conexão

46

4.4.1 Falha na Carcaça Interna (Colapso ou Destravamento)

• Erro do posicionamento da embarcação UEP ou do PLSV realizando o recolhimento

pode acarretar em ângulo de catenária inadequado e curvatura acentuada na linha. Esta

não conformidade pode evoluir para uma curvatura excessiva localizada,

potencializando uma ovalização elevada da linha e produzindo o colapso da carcaça

interna.

• Danos superficiais, localizados e generalizados na capa externa, acarretam o seu

rompimento provocando uma torção excessiva do duto, o qual permite a formação da

gaiola de passarinho, seguida de destravamento da carcaça e o seu colapso.

Figura 43: Torção generalizada (esq.) e ruptura generalizada da camada externa (dir.). [31] apud [32]

4.4.2 Ruptura Generalizada de Arames da Armadura de Tração

• Danos superficiais na capa externa (desgaste ou abrasão), acarretam em possíveis

fissura, trincas ou furos na capa externa, os quais facilitam a entrada de água do mar ou

gases corrosivos (CO2 e H2S). Com a corrosão dos arames da armadura de tração, existe

a possibilidade da ruptura localizada dos arames, e a torção excessiva do duto. O

mecanismo fragiliza o duto permitindo a ruptura geral dos arames, principalmente

durante operações de manuseio como nas manobras de pullout.

4.4.3 Destravamento da Armadura de Pressão

• A formação de um ângulo inadequado de catenária inicia três possíveis mecanismos de

perda de intertravamento de armadura de pressão. Esta falha provoca uma curvatura

excessiva que pode evoluir para a formação de um kink (curvatura acima do limite,

localizada), acarretando em três não conformidades que provocam o modo de falha

analisado: ovalização, gaiola de passarinho ou torção excessiva da linha.

47

Figura 44: Gaiola de passarinho. [31]

4.4.4 Deslizamento da Armadura de Tração

• A partir de danos na capa externa, ocorre o ingresso de água do mar ou agentes

corrosivos através de seu rompimento. O alagamento do espaço anular inicia o processo

de corrosão dos arames da armadura de tração, fragilizando o material. O mecanismo

pode ser agravado por rompimentos dos arames o qual gera a torção excessiva da linha,

e consequentemente, o deslizamento da armadura de tração. Na remoção pelos métodos

de recolhimento reverso é de se destacar a sensibilidade de uma não conformidade ao

passar pelo aperto dos tensionadores, que pode provocar/agilizar todo o mecanismo de

falha descrito.

• Outra possibilidade de deslizamento ocorre quando iniciado por danos superficiais no

bend stiffner. Estas falhas provocam a ruptura e a perda de funcionalidade do

enrijecedor de curvatura. Desta forma, o duto flexível é submetido a uma curvatura

acima do limite e a formação de kink na região de topo, acarretando a catastrófica perda

de ancoragem da armadura de tração. Mais uma vez, esse mecanismo de falha é sensível

especialmente a manobra de pullout que exige o manuseio da catenária e extremidade

de topo.

4.4.5 Quebra ou Rompimento de Acessórios

• O manuseio da linha também impõe sobre os acessórios instalados cargas que estes não

sofrem com frequência. Desta forma, por exemplo, por causa de incrustações de vida

marítima ou danos superficiais, pode ocorrer de estojos de metal que interligam

conectores da linha sofrerem corrosão extensiva e vir a ruptura uma vez que são

expostos as cargas de catenária e a movimentação.

48

4.5 Mapeamento dos Riscos

Um procedimento importante para o entendimento sobre uma tarefa de engenharia é a

quantificação e avaliação dos riscos envolvidos nela. Por meio desse processo de raciocínio, é

possível pesar e pontuar opções alternativas e escolher a mais viável de acordo com a

perspectiva adotada.

Em termos de perspectiva, para o descomissionamento, Prado [9], enuncia quatro esferas que

refletem como as operações podem ser realizadas de acordo com a melhor opção adotada:

• BPEO: Best Practicable Environmental Option, ou Melhor Opção Viável Ambiental;

• BPSO: Best Practicable Safety Option, ou Melhor Opção Viável de Segurança;

• BPFO: Best Practicable Financial Option, ou Melhor Opção Viável Financeira;

• BPPO: Best Practicable Political, ou Melhor Opção Viável Política.

O método de pontuação dos riscos envolve a utilização da chamada matriz de riscos. Uma

ferramenta que permite, através da multiplicação entre a probabilidade de o evento ocorrer e a

consequências do mesmo, categorizar o risco. Usualmente, para a realização de uma atividade

que tenha algum tipo de risco qualificado como acima de negligenciável, é proposto ações

mitigatórias para inibir a frequência ou severidade dele, levando o risco para um quadrante mais

seguro da matriz. A seguir, é apresentado a estrutura da matriz, muito utilizada na indústria.

Figura 45: Matriz de classificação de risco. [26]

Este projeto, porém, não entrará no mérito de qualificar e pontuar os riscos, uma vez que, é de

se esperar que estes sejam classificados de acordo, principalmente, com a experiência. Assim,

49

em seguida, são apresentados alguns dos principais riscos das operações no

descomissionamento, mapeados inclusive com suas respectivas consequências e mitigações.

50

Tabela 4: Tabela de Riscos para o descomissionamento de flexíveis.

Risco Consequência Mitigação

Conhecimento limitado da

parte interna do duto • Vazamento do anular.

• Estouro devido a

concentração

localizada de pressão.

• Escorregamento da

linha nos

tensionadores

• Amostras do anular

• Ventilação do anular

Variação de diâmetro externo • Dificuldade no

escorregamento de

acessórios

• Acessórios soltos

• Manobras de

contingência

Conteúdo do duto • Poluição a bordo

• Poluição do ambiente

• Utilização de um

sistema de coleta

dedicado ao flexível.

Operação com proximidade e

condição climática restrita • Atividades restritas a

bordo de unidades de

operação

• Aumento da janela

operacional

• Revisão de

procedimentos

• Avaliação de

alternativas

Grande quantidade de

incrustação de vida marinha

(Coral-sol)

• Operações em deck

prolongadas

• Condição de trabalho

escorregadia

• Ferramentas extras de

limpeza

• Área designada para

o descarte de vida

marinha

Movimentação inesperada da

linha. • Chicoteamento do

duto

• Carga excessiva

• Rompimento de dano

• Avaliar condição de

mar, e esperar por

janela operacional

• Avaliar disposição da

linha para torções

concentradas

Integridade estrutural do duto

deteriorada. • Escorregamento da

linha nos

tensionadores

• Esmagamento do

duto

• Rompimento.

• Testes de integridade

e avaliação dos dutos.

• Consideração de

margens de

seguranças

conservadoras para

operação

51

5 Conclusão

Um trabalho de engenharia envolve conhecimento vasto do tópico trabalhado, e apenas pela

discussão, consenso e contribuição contínua de pares que se pode esperar uma solução cada vez

mais eficiente e lapidada. O projeto proposto procurou compilar os mais diversos

conhecimentos sobre descomissionamento de dutos flexíveis, e produzir em um único

documento os aspectos operacionais e contextuais da remoção destes. Foi o objetivo deste

volume, além de buscar nos mais variados autores informações contundentes e comprovadas

sobre o tema, propor uma visão autoral dos processos e riscos inerentes as atividades, baseada

em sucinta experiência na indústria de óleo e gás.

Durante o texto, foram apresentados o panorama e o contexto no qual o assunto do

descomissionamento toma forma. Pelos dados expostos, pode-se dizer que, ao menos no cenário

brasileiro, é esperada o nascimento de uma indústria para atender a demanda iminente de

desmantelamento dos campos de petróleo maduros, muitos, além de sua vida útil. Os dutos

flexíveis instalados, totalizados por volta de 7.500 quilômetros no offshore brasileiro, são uma

grande esfera do processo de desinstalação. Esse produto possui a vantagem de proporcionar a

reciclagem e o seu reuso, que segundo as informações apresentadas de demanda de instalação

podem provar uma economia para a operadora que pretender reutilizá-los.

Pode se perceber pelo texto, que os dutos flexíveis de escoamento possuem um universo de

conhecimento/desenvolvimento atrelados a eles. De certa forma, isso é resultado da indústria e

academia, principalmente brasileira, que se empenhou em desenvolver processos e criar

equipamentos para tornar prático a exploração submarina. O descomissionamento é mais um

tópico atrelado a este produto, e espera-se que, a partir de iniciativas de investigação e análise,

como aqui proposto, seja possível conferir e desenvolver ainda mais qualidade e segurança na

sua utilização.

O descomissionamento dos campos de petróleo é uma atividade impar que não pode ser

negligenciada. Como verificado no texto, existem diversos órgãos empenhados em garantir a

desconstrução segura dos sistemas de produção submarinos. Assim, inclusive como suporte aos

regulamentadores e interessados é imperativo aumentar a quantidade de produções que

discutam as esferas de descomissionamento. Se espera que as ideias propostas e comentários

sobre as operações offshore possam garantir o desenvolvimento desta esfera.

52

Como trabalhos futuros propõe-se a avaliação dos riscos de acordo com devida experiência

operacional, a execução de análises de cargas para eventos estáticos e dinâmicos e propostas

disruptivas para o recolhimento dos flexíveis. É de se confiança do autor que grandes obras

acadêmicas e de engenharia ainda serão produzidas com enfoque no tema proposto.

53

6 Bibliografia

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pp. 24-27, 2016.

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Proposta de Método de Suporte ao Planejamento,” Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-

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Available: https://spe.org/en/print-article/?art=357. [Acesso em 19 Agosto 2018].

[19] IBAMA, “Descomissionamento de Emprendimentos Offshore de Produção de Hidrocarbonetos:

ponto de vista do orgão ambiental. Workshop sobre desativação de instalações marítimas;,” Rio

de Janeiro, 2016.

[20] Agência Nacional De Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, “RESOLUÇÃO Nº 27, de 18 de

Outubro de 2006,” Diario Oficial da União, 2006.

[21] Agência Nacional De Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis., “RESOLUÇÃO Nº 41, de 09 de

Outubro de 2015,” Diario Oficial da União, 2015.

[22] Y. Shen, P. Birkinshaw e P.-J. Roland, “Challenges in Offshore Pipeline Decommissioning and

What can we learn from Integrity Management Practices,” em Proceedings of the Twenty-seventh

(2017) International Ocean and Polar Engineering Conference, San Francisco, 2017.

[23] Royal IHC, “Reel lay vessel,” 28 Junho 2007. [Online]. Available: https://www.royalihc.com.

[Acesso em 13 Agosto 2018].

[24] British Petroleum, “Don Field Decommissioning Programme,” 2011.

55

[25] Venture Productions plc, “Kittiwake SAL Export System Desommissioning Programme,”

Aberdeen, 2009.

[26] R. d. A. Ramos, “Analise de Risco no Descomissionamento de Dutos Rígidos Submarinos,”

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

[27] TechnipFMC, “Engineering and Technologies - Flexible Pipe,” 1 Julho 2011. [Online]. Available:

http://www.technip.com/sites/default/files/technip/page/attachments/flexible_pipe_brochure.pdf.

[Acesso em 20 Agosto 2018].

[28] M. L. Xavier, “Instalação de Dutos Flexíveis em Águas Ultraprofundas,” Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

[29] X. Heraudeau, “How to safely plan and conduct riser replacement operations,” 26 Novembro

2013. [Online]. Available: http://www.ptil.no. [Acesso em 17 Agosto 2018].

[30] American Bureau of Shipping, “Risk Assessment Applications for the Marine and Offshore Oil

and Gas Industries,” ABS, Houston, 2000.

[31] H. J. Honorato, “Ranqueamento de Risco para Dutos Flexíveis Submarinos Mediante Aplicação

do Modelo de Análise de Envoltória de Dados,” Univerisidade Federal do RIo de Janeiro, Rio de

Janeiro, 2009.

[32] L. Costa e T. Alves, “Resistência Residual de Linhas Flexíveis com Defeitos Naturais,” em 6ª

Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos, Salvador, 2002.

[33] M. Karimi, “Installation of steel pipelines and flexible pipelines in sideway current,” University

of Stavanger, Stavanger, 2012.

56

ANEXO I – Tabelas de Plataformas em Produção

Tabela 5: Plataformas em produção da Bacia do Ceará, segundo ANP 2018 [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

PLATAFORMA DE ATUM 1 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE ATUM 2 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE ATUM 3 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE CURIMÃ 1 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE CURIMÃ 2 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE ESPADA 1 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE XAREU 1 FIXA Petrobras 32

PLATAFORMA DE XAREU 2 FIXA Petrobras 45

PLATAFORMA DE XAREU 3 FIXA Petrobras 45

Tabela 6: Plataformas em produção da Bacia de Potiguar, segundo ANP 2018. [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

PLATAFORMA BIQUARA 1 FIXA Petrobras 20

PLATAFORMA DE AGULHA 1 FIXA Petrobras 18

PLATAFORMA DE AGULHA 2 FIXA (CONCRETO)

Petrobras 18

PLATAFORMA DE AGULHA 3 FIXA Petrobras 18

PLATAFORMA DE ARABAIANA 1 FIXA Petrobras 30

PLATAFORMA DE ARABAIANA 3 FIXA Petrobras 30

PLATAFORMA DE ARATUM 1 FIXA Petrobras 7

PLATAFORMA DE ARATUM 2 FIXA Petrobras 7

PLATAFORMA DE CIOBA 1 FIXA Petrobras 9

PLATAFORMA DE PESCADA 1ª FIXA Petrobras 20

PLATAFORMA DE PESCADA 1B FIXA Petrobras 20

PLATAFORMA DE PESCADA 2 FIXA Petrobras 25

PLATAFORMA DE PESCADA 3 FIXA Petrobras 25

PLATAFORMA DE UBARANA 1 FIXA Petrobras 17

PLATAFORMA DE UBARANA 10 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 11 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 12 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 13 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 15 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 2 FIXA (CONCRETO)

Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 3 FIXA (CONCRETO)

Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 4 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 5 FIXA Petrobras 13

57

PLATAFORMA DE UBARANA 6 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 7 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 8 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA DE UBARANA 9 FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA OESTE DE UBARANA 1 FIXA Petrobras 16

PLATAFORMA OESTE DE UBARANA 2 FIXA Petrobras 16

Tabela 7: Plataformas em produção da Bacia de Sergipe, segundo ANP 2018. [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

PLATAFORMA DE PIRANEMA FPSO Petrobras 1090

PLATAFORMA PCB-01 DE CAIOBA FIXA Petrobras 28

PLATAFORMA PCB-04 DE CAIOBA FIXA Petrobras 26

PLATAFORMA PCM-01 DE CAMORIM FIXA Petrobras 13

PLATAFORMA PCM-02 DE CAMORIM FIXA Petrobras 15

PLATAFORMA PCM-03 DE CAMORIM FIXA Petrobras 14

PLATAFORMA PCM-04 DE CAMORIM FIXA Petrobras 18

PLATAFORMA PCM-05 DE CAMORIM FIXA Petrobras 20

PLATAFORMA PCM-06 DE CAMORIM FIXA Petrobras 26

PLATAFORMA PCM-07 DE CAMORIM FIXA Petrobras 19

PLATAFORMA PCM-08 DE CAMORIM FIXA Petrobras 26

PLATAFORMA PCM-09 DE CAMORIM FIXA Petrobras 24

PLATAFORMA PCM-10 DE CAMORIM FIXA Petrobras 21

PLATAFORMA PDO-01 DE DOURADO FIXA Petrobras 27

PLATAFORMA PDO-02 DE DOURADO FIXA Petrobras 28

PLATAFORMA PDO-03 DE DOURADO FIXA Petrobras 28

PLATAFORMA PGA-01 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 29

PLATAFORMA PGA-02 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 25

PLATAFORMA PGA-03 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 28

PLATAFORMA PGA-04 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 24

PLATAFORMA PGA-05 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 25

PLATAFORMA PGA-07 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 27

PLATAFORMA PGA-08 DE GUARICEMA FIXA Petrobras 38

PLATAFORMA PRB-01 DE ROBALO FIXA Petrobras 13

Tabela 8: Plataformas em produção da Bacia do Espírito Santo, segundo ANP 2018. [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

FPSO CIDADE DE VITÓRIA FPSO Petrobras 1386

PEROA FIXA Petrobras 70

58

Tabela 9: Plataformas em produção da Bacia de Santos, segundo ANP 2018 [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

FPSO CIDADE DE ANGRA DOS REIS FPSO Petrobras 2140

FPSO CIDADE DE CARAGUATATUBA FPSO Petrobras 2150

FPSO CIDADE DE ILHA BELA FPSO Petrobras 2140

FPSO CIDADE DE ITAGUAÍ FPSO Petrobras 2240

FPSO CIDADE DE ITAJAÍ FPSO Petrobras 275

FPSO CIDADE DE MANGARATIBA FPSO Petrobras 2220

FPSO CIDADE DE MARICÁ FPSO Petrobras 2120

FPSO CIDADE DE PARATY FPSO Petrobras 2140

FPSO CIDADE DE SANTOS FPSO Petrobras 1300

FPSO CIDADE DE SÃO PAULO FPSO Petrobras 2140

FPSO CIDADE DE SÃO VICENTE FPSO Petrobras 2150

FPSO CIDADE DE SAQUAREMA FPSO Petrobras 2120

FPSO PIONEIRO DE LIBRA FPSO Petrobras 2040

Petrobras 66 (P-66) FPSO Petrobras 2150

Petrobras 74 (P-74) FPSO Petrobras 1950

PLATAFORMA DE MERLUZA FIXA Petrobras 131

Plataforma de Mexilhão FIXA Petrobras 172

Tabela 10: Plataformas em produção na Bacia de Campos, Segundo ANP 2018. [3]

Nome Tipo Operador Lâmina D'água (m)

FPSO CAPIXABA FPSO Petrobras 1350

FPSO CIDADE DE ANCHIETA FPSO Petrobras 1221

FPSO CIDADE DE NITEROI FPSO Petrobras 1370

FPSO CIDADE DO RIO DE JANEIRO FPSO Petrobras 1370

FPSO ESPIRITO SANTO FPSO Shell Brasil 1775

FPSO Fluminense FPSO Shell Brasil 607

FPSO FRADE FPSO Chevron Frade 1065

FPSO Peregrino FPSO Statoil Brasil 100

FPSO Polvo FPSO HRT O&G 105

FPSO_OSX3 FPSO OGX 105

FSO CIDADE DE MACAÉ FSO Petrobras 95

Peregrino A FIXA Statoil Brasil 106

Peregrino B FIXA Statoil Brasil 122

PETROBRAS 08 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 423

PETROBRAS 09 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 220

PETROBRAS 15 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 243

PETROBRAS 18 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 910

59

PETROBRAS 19 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 770

PETROBRAS 20 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 610

PETROBRAS 25 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 575

PETROBRAS 26 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 990

PETROBRAS 31 FPSO Petrobras 325

PETROBRAS 32 FSO Petrobras 163

PETROBRAS 33 FPSO Petrobras 780

PETROBRAS 35 FPSO Petrobras 850

PETROBRAS 37 FPSO Petrobras 905

PETROBRAS 38 FSO Petrobras 1010

PETROBRAS 40 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 1080

PETROBRAS 43 FPSO Petrobras 800

PETROBRAS 47 FPSO Petrobras 190

PETROBRAS 48 FPSO Petrobras 1040

PETROBRAS 50 FPSO Petrobras 1239

PETROBRAS 51 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 1255

PETROBRAS 52 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 1800

PETROBRAS 53 FPU Petrobras 1080

PETROBRAS 54 FPSO Petrobras 1400

PETROBRAS 55 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 1795

PETROBRAS 56 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 1670

PETROBRAS 57 FPSO Petrobras 1300

PETROBRAS 58 FPSO Petrobras 1399

PETROBRAS 61 TLWP Petrobras 1185

PETROBRAS 62 FPSO Petrobras 1600

PETROBRAS 63 FPSO Petrobras 1165

PETROBRAS 65 SEMI SUBMERSÍVEL

Petrobras 120

PLATAFORMA DE CARAPEBA-I FIXA Petrobras 82

PLATAFORMA DE CARAPEBA-II FIXA Petrobras 83

PLATAFORMA DE CARAPEBA-III FIXA Petrobras 82

PLATAFORMA DE CHERNE-1 FIXA Petrobras 117

PLATAFORMA DE CHERNE-2 FIXA Petrobras 142

PLATAFORMA DE ENCHOVA FIXA Petrobras 116

PLATAFORMA DE GAROUPA FIXA Petrobras 120

PLATAFORMA DE NAMORADO-1 FIXA Petrobras 145

PLATAFORMA DE NAMORADO-2 FIXA Petrobras 170

PLATAFORMA DE PAMPO-1 FIXA Petrobras 115

60

PLATAFORMA DE PARGO-1A FIXA Petrobras 101

PLATAFORMA DE PARGO-1B FIXA Petrobras 101

PLATAFORMA DE REBOMBEIO AUTÔNOMA 1

FIXA Petrobras 100

PLATAFORMA DE VERMELHO-I FIXA Petrobras 78

PLATAFORMA DE VERMELHO-II FIXA Petrobras 80

PLATAFORMA DE VERMELHO-III FIXA Petrobras 82

Polvo A FIXA HRT O&G 105