estudo de interpretacao de texto

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estudo de interpretação de texto

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  • Braslia-DF, 2011.

    Interpretao eProduo de Texto

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    Elaborao:

    Marcelo Whately Paiva

    Produo:

    Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao

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    Sumrio

    Apresentao............................................................................................................................................. 04

    Organizao do Caderno de Estudos e Pesquisa ..................................................................................... 05

    Organizao da Disciplina ........................................................................................................................ 06

    Introduo ................................................................................................................................................. 07

    Unidade I Conceito de Texto ................................................................................................................ 09

    Captulo 1 Qualidades e Defeitos de um Texto .......................................................................... 09

    Captulo 2 Prtica de Interpretao e Produo ........................................................................ 19

    Unidade II Estruturao de um Texto .................................................................................................. 33

    Captulo 3 O Ato de Redigir ...................................................................................................... 33

    Captulo 4 Recursos Estilsticos ............................................................................................... 49

    Captulo 5 Resumo e Sntese ................................................................................................... 54

    Para (no) Finalizar .................................................................................................................................. 61

    Referncias ................................................................................................................................................ 62

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    Caro aluno,

    Bem-vindo ao estudo da disciplina Interpretao e Produo de Texto..

    Este o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realizao e o desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliao de seus conhecimentos.

    Para que voc se informe sobre o contedo a ser estudado nas prximas semanas, conhea os objetivos da disciplina, a organizao dos temas e o nmero aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade.

    A carga horria desta disciplina de 40 (quarenta) horas, cabendo a voc administrar o tempo conforme a sua disponibilidade. Mas, lembre-se, h uma data-limite para a concluso do curso, incluindo a apresentao ao seu tutor das atividades avaliativas indicadas.

    Os contedos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em captulos, de forma didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes para reflexo, que faro parte das atividades avaliativas do curso; sero indicadas, tambm, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

    Desejamos a voc um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de distantes, podemos estar muito prximos.

    A Coordenao

    Apresentao

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    Organizao do Caderno de Estudos e Pesquisa

    Apresentao: Mensagem da Coordenao.

    Organizao da Disciplina: Apresentao dos objetivos e da carga horria das unidades.

    Introduo: Contextualizao do estudo a ser desenvolvido por voc na disciplina, indicando a importncia desta para sua formao acadmica.

    cones utilizados no material didtico

    Provocao: Pensamentos inseridos no material didtico para provocar a reflexo sobre sua prtica e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina.

    Para refletir: Questes inseridas durante o estudo da disciplina para estimul-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre sua viso sem se preocupar com o contedo do texto. O importante verificar seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. fundamental que voc reflita sobre as questes propostas. Elas so o ponto de partida de nosso trabalho.

    Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionrios, exemplos e sugestes, para lhe apresentar novas vises sobre o tema abordado no texto bsico.

    Sintetizando e enriquecendo nossas informaes: Espao para voc fazer uma sntese dos textos e enriquec-los com sua contribuio pessoal.

    Sugesto de leituras, filmes, sites e pesquisas: Aprofundamento das discusses.

    Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedaggico de fortalecer o processo de aprendizagem.

    Para (no) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a inteno de instig-lo a prosseguir com a reflexo.

    Referncias: Bibliografia consultada na elaborao da disciplina.

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    Organizao da Disciplina

    Ementa:

    Conceito de texto e contexto. Organizao e constituio das ideias de texto. Tipos e gneros textuais. Fatores de textualidade envolvidos na construo do sentido. Concepes de leitura e produo. Prticas de leitura e produo. Mecanismos lxico-gramaticais da produo escrita. Coeso e coerncia.

    Objetivos:

    Desenvolver a capacidade de interpretar adequadamente diferentes modelos de texto.

    Perceber os principais erros que provocam anlise equivocada de um texto.

    Estimular a capacidade de produzir textos com clareza, objetividade e organizao.

    Desenvolver a capacidade de sintetizar ideias.

    Unidade I Conceito de TextoCarga horria: 20 horas

    Contedo CaptuloQualidades e Defeitos de um Texto 1Prtica de Interpretao e Produo 2

    Unidade II Estruturao de um TextoCarga horria: 20 horas

    Contedo CaptuloO Ato de Redigir 3Recursos Estilsticos 4Resumo e Sntese 5

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    Introduo

    A adequada interpretao e produo de textos instrumento fundamental para o domnio da linguagem. Inmeras so as vezes em que encontramos dificuldade para analisar com certeza a real inteno da mensagem do autor. Principalmente, em nosso idioma, com caractersticas estilsticas to abrangentes e criativas em sua semntica e recursos estilsticos. Certa vez, uma universidade, em seu vestibular, empregou um texto do escritor Mrio Prata com diversas perguntas sobre o que o autor desejava transmitir com o texto. Entrevistado em um programa de televiso, ele afirmou que vrias respostas dadas como corretas pela banca organizadora da prova no faziam o menor sentido dentro do que ele realmente desejava transmitir. Falha de interpretao.

    Estudos indicam que h relao profunda entre interpretar e produzir um texto. Quem encontra dificuldade em interpretar, certamente encontrar dificuldade para escrever uma simples redao. Assim, nossa disciplina busca exatamente trabalhar as duas abordagens interligadas de forma bem prtica. Consideramos essencial saber analisar e produzir textos na rea da linguagem. No desejamos um curso terico. Nosso enfoque capacitar voc a usar as ferramentas aprendidas aqui em sua vida profissional.

    A disciplina est dividida em duas partes. Inicialmente, enfocamos a parte de interpretao com uma pequena teoria e muito texto a ser analisado. Depois, a segunda parte, com enfoque na produo. Embasamos o assunto com aspectos que facilitam a dinmica. Desejamos que voc se torne capaz de escrever diferentes documentos de forma organizada, coerente, coesa e correta.

    Marcelo Paiva

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    Conceito de Texto Unidade I

    Conceito de Texto

    Unidade I

    Captulo 1 Qualidades e Defeitos de um Texto

    Ler um ato que nos remete a um dilogo com o mundo do autor. um ato que nos coloca frente a frente a uma realidade que muitas vezes totalmente desconhecida por ns, o que pode dificultar o seu entendimento. O texto, por outro lado, representa o pensamento humano de um tempo, de uma poca histrica. , portanto, a expresso de um modo de viver, pensar, sentir, ver a realidade como se apresenta historicamente em seus aspectos sociais, polticos, econmicos, culturais, ideolgicos. Podemos, ento, entender que um texto a obra do homem que auxilia os seus semelhantes a conhecer e entender o mundo. Entretanto, por representar um momento histrico, no algo acabado, pronto, definitivo e absoluto.

    Geraldo Antonio Betini

    Mas por que essa preocupao em saber ler, analisar e interpretar um texto? Vivemos em um mundo de avanos tecnolgicos significativos, de grandes transformaes e com novas formas de organizao do trabalho, aliados a um sistema de vida pautado pelo individualismo e pela competitividade, legados pelo neoliberalismo, que moldam a vida material e cultural de todo cidado. nessa realidade que vivemos e para a qual devemos nos preparar e at para modific-la, atuando como sujeitos de nossa histria.

    Em uma sociedade que se transforma to rapidamente, de tantas informaes e conhecimentos gerados pela cincia e pela tecnologia, necessrio que as pessoas aprendam a pensar. E pensar saber discernir e traar o seu prprio caminho em meio a tantas perspectivas que o mundo apresenta.

    Sendo assim, ler, analisar, interpretar um texto de forma crtica nos ensina a pensar, e saber pensar nos leva a interpretar uma leitura e, sobretudo, estabelecer relao com uma realidade de forma crtica. Viso crtica mais ao podem transformar a

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    Conceito de Texto Unidade I

    Existe uma diferena conceitual entre redao e texto. Nosso interesse no curso abordar as duas ideias para que voc se sinta preparado para interpretar e produzir uma redao ou um texto conforme sua necessidade.

    O uso do termo redao muito comum no Ensino Mdio, nos vestibulares, nos concursos pblicos e em grande parte do mundo acadmico. Isso ocorre desde a edio do Decreto n 79.298, em 24 de fevereiro de 1977, que determinou a incluso obrigatria da redao nas provas pblicas do atual Ensino Mdio e vestibulares. Com isso, perdeu-se a noo mais completa do termo texto. A preocupao passou apenas a fazer um trabalho escrito para aprovao de um professor ou banca.

    Fazer uma redao passou a significar um conjunto de pargrafos em alguns casos apenas perodos organizados em torno de um conceito com coerncia, coeso, objetividade, clareza e correo gramatical. O interesse observar a capacidade do estudante ou candidato de defender uma abordagem com argumentos adequados. Trataremos desse tipo de texto em nossas aulas.

    Texto, no entanto, envolve um conceito mais amplo. Ele abrange a ideia de que a pessoa no apenas busca se comunicar, mas tambm persuadir com a ideia transmitida. Escrever um texto, assim, no apenas se preocupar em transmitir uma ideia com correo gramatical e organizao textual. Fazer um texto convencer o leitor ou ouvinte de seu pensamento e influenci-lo com o discurso apresentado.

    Um exemplo simples de texto pensar no discurso de um candidato a Presidente da Repblica, sobre um determinado assunto. Certamente, ele no apenas apresenta a ideia. Ele quer o seu voto. Ele abordar temas que tentem fazer com que voc vote nele. H uma inteno por trs das palavras e ideias usadas no discurso. Isso no redao. Isso texto.

    O escritor e pesquisador italiano Umberto Eco, em sua obra Conceito de Texto, analisa a noo de texto como fundamental para se entender o processo de comunicao. Fazer uso competente da lngua a capacidade de ler e produzir adequadamente textos diversos, produzidos em situaes diferentes e sobre diferentes temas. Pensar em texto pensar em nossa vida diria. Sempre estamos envolvidos em leituras, escritas, observaes e anlise. Quantas decises importantes no dependem, nica e exclusivamente, de uma boa leitura ou redao de texto?

    realidade social, poltica, econmica, cultural de um indivduo e de uma sociedade. Entretanto, no to fcil interpretar um texto. Esse um dos grandes desafios de muitos professores hoje em nossas escolas superiores. Deparamo-nos com alunos que no foram preparados para uma educao emancipadora, crtica, que os colocassem como corresponsveis pela sua formao. Aprenderam mais pela linguagem oral do que pela linguagem escrita, tornando-se dependentes no processo de aprendizagem. Receberam uma quantidade enorme de informaes e conhecimentos, mas no sabem relacion-los com os diversos saberes da escola e da vida. Foram ensinados a ouvir e no a participar, falar, criticar. Tornaram-se objetos e no sujeitos de sua educao.

    Mas como podemos melhorar a capacidade de pensar criticamente, tornando o indivduo um leitor ativo, participativo, sujeito?

    Geraldo Antonio Betini

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    Conceito de Texto Unidade I

    O Que Interpretar um Texto?

    A palavra interpretar vem do latim interpretare e significa explicar, comentar ou aclarar o sentido dos signos ou smbolos. Tal vocbulo corresponde ao grego anlysis, que tem o sentido de decompor um todo em suas partes, sem decompor o todo, para compreend-lo melhor.

    Interpretar um texto entend-lo, penetr-lo em sua essncia, observar qual a ideia principal, quais os argumentos que comprovam a ideia do autor, como o texto est escrito e outros detalhes. No tarefa fcil, pois vivemos em um mundo que no privilegia a compreenso profunda de nossa prpria existncia. Tentaremos, neste material, auxili-lo a fazer uma boa anlise do texto para que voc obtenha o sucesso esperado.

    Saber Ler Corretamente

    Quando se diz que uma pessoa deve saber ler, esta afirmao pode parecer banal, a no ser que esclarea melhor o sentido da expresso saber ler. Ler adequadamente mais do que ser capaz de decodificar as palavras ou combinaes linearmente ordenadas em sentenas. Devemos aprender a enxergar todo o contexto denotativo e conotativo. preciso compreender o assunto principal, suas causas e consequncias, crticas, argumentaes, polissemias, ambiguidades, ironias, etc.

    Ler adequadamente sempre resultado da considerao de dois tipos de fatores: os propriamente lingusticos e os contextuais ou situacionais, que podem ser de natureza bastante variada. Bom leitor, portanto, aquele capaz de integrar estes dois tipos de fatores.

    Unidade

    Um texto s pode ser considerado como tal se possuir uma unidade de entendimento. A simples expresso no caracteriza o texto em si. A origem do termo texto est relacionada a novelo, ou seja, um emaranhado de assuntos. Assim, todo o texto perpassa uma ideia maior desenvolvida em partes. Observe como isso se d no texto a seguir.

    Destruir a natureza a forma mais fcil de o homem se aniquilar da face da Terra. Dizimando certas espcies de animais, por exemplo, interfere na cadeia alimentar, causando desequilbrios que produziro a extino de seres essenciais harmonia do planeta. Jogando diariamente toneladas de produtos qumicos poluentes, o ser humano causa a destruio do meio ambiente.

    Perceba que o texto anterior est dividido em trs perodos, cada um com uma ideia especfica. No entanto, o tema principal a destruio do meio ambiente. A est a nossa unidade. Geralmente, as bancas exigem do candidato, no concurso, algumas questes relacionadas a esta unidade.

    Clareza

    Clareza a capacidade que o autor teve de construir um texto facilmente compreensvel pelo leitor. Por isso, muita ateno.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Coerncia

    Coerncia a lgica e a organizao da estrutura do texto. Ela envolve o texto como um todo de forma que o leitor o entenda. O primeiro aspecto a ser observado em relao organizao. Observe o texto a seguir.

    A cidade do Rio de Janeiro j foi sede de trs representaes significativas do poder pblico: Prefeitura Municipal, Governo Estadual e Governo Federal. O Governo Estadual (...). A Prefeitura Municipal (...). O Governo Federal (...).

    O autor citou as trs sedes em ordem crescente e abordou de forma desorganizada. Falha de coerncia.

    O segundo aspecto em relao coerncia est na lgica. Observe o trecho a seguir.

    Braslia a melhor cidade do Brasil. A qualidade de vida apresenta dados que se destacam no cenrio nacional: baixa criminalidade, alto poder aquisitivo e boas opes de lazer. Tambm o clima propicia agradveis dias durante o ano inteiro. Infelizmente, muitas pessoas que moram aqui reclamam dos preos cobrados nos aluguis de apartamentos apertados.

    O pargrafo aborda, inicialmente, uma viso positiva em relao cidade e, no final, explora uma ideia contrria ideia principal.

    Relaes Lgicas no Texto: a Coerncia e Coeso

    A coerncia e a coeso so os tijolos que unem as partes de um texto. justamente a coeso que une as ideias no texto. Geralmente, ela ocorre com conectivos (portanto, porque, pois, conquanto etc). Alguns autores a dividem em gramatical e lexical (referencial). O candidato pode ter certeza de encontrar perguntas relacionadas ao assunto em qualquer concurso. Observe alguns elementos de coeso gramatical e referencial.

    Conjuno: O candidato estudou muito, portanto passou.

    Pronome relativo: O candidato que estudou, passou.

    Perfrase, antonomsia, eptetos: ocorre com o uso de um termo ou expresso que se relaciona ideia anteriormente apresentada.

    Braslia uma cidade muito boa. A capital do Brasil apresenta uma qualidade de vida que se destaca em todo o Brasil.

    Xuxa apresentar novo programa. A Rainha dos Baixinhos pretende inovar com um musical.

    Nominalizao: um substantivo empregado no sentido de um verbo j usado.

    O candidato estudou a noite inteira. O estudo o encheu de esperana.

    Repetio vocabular: como o nome diz, o uso de termos repetidos.

    O Congresso acusou o governo de descontrole nos gastos. No entanto, o governo se defendeu no mesmo dia.

    Um termo sntese: uso de uma expresso que resume a ideia anterior.

    Doao ilegal de verbas pblicas, compras de deputados e senadores, diversas irregulares o mensalo no pode ocorrer em nosso pas.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Pronomes: tipo de coeso muito empregado.

    Isabela e Rosa chegaram. Esta tem 29 anos; aquela, 4.

    Conheo o rapaz que acabou de chegar.

    Numerais: eles podem se relacionar a outras ideias no texto.

    O deputado afirmou duas coisas: a primeira era que no iria renunciar. A segunda, que tudo era mentira.

    Advrbios: tambm os advrbios podem retomar ou antecipar pensamentos.

    Morarei em Portugal. L, conhecerei uma linda mulher.

    Elipse: omisso de um termo ou expresso que pode ser facilmente depreendida em seu sentido pelas referncias do contexto.

    Lgia abriu o armrio e encontrou seu livro.

    Repetio de parte do nome prprio: para no repetir o nome inteiro, recorre-se a uma parte que faa referncia.

    Li Machado de Assis ontem. Machado realmente sensacional.

    Metonmia: relao lgica entre ideias por extenso.

    O Congresso acusou o governo de descontrole nos gastos. O Planalto se defendeu no mesmo dia.

    Termo Anafrico: quando o item de referncia retoma um signo j expresso no texto.

    Maria excelente amiga. Ela sempre me deu provas disso.

    Termo Catafrico: quando o item de referncia antecipa um signo ainda no expresso no texto.

    S desejo isto: que voc no se esquea de mim.

    Sinnimo: obtida pela reiterao de itens lexicais idnticos ou que possuem o mesmo referente.

    Lucas meu filho mais velho. Meu primognito muito inteligente.

    Fernando Henrique Cardoso no tem dado muitas entrevistas. O ex-presidente prefere o silncio.

    Hipernimo: quando o termo mantm com o referente uma relao todo-parte, classe-elemento.

    Pedro comprou uma moto. O veculo branco com faixa azul.

    Hipnimo: quando o termo mantm com o referente uma relao parte-todo, elemento-classe.

    Gosto muito de cidades grandes. So Paulo maravilhosa.

    Na fazenda, tenho muitos animais. Tenho uma vaca grande.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Erros de leitura

    Extrapolar

    Trata-se de um erro muito comum. Ocorre quando samos do contexto, acrescentando ideias que no esto presentes. A interpretao fica comprometida. Frequentemente, relacionamos fatos reais a outros contextos.

    Reduzir

    Trata-se de um erro oposto extrapolao. Ocorre quando damos ateno apenas a uma parte ou aspecto do texto, esquecendo a totalidade do contexto. Destacamos, desse modo, apenas um fato ou uma relao que podem ser verdadeiros, porm insuficientes se levarmos em considerao o conjunto das ideias.

    Contradizer

    Ocorre quando chegamos a uma concluso que se ope ao texto. Associamos ideias que, embora no texto, no se relacionam entre si.

    Defeitos do Texto

    Agora, trataremos de erros que prejudicam o bom texto.

    Prolixidade

    importante que se eliminem as expresses suprfluas e os pormenores excessivos. Muitas vezes, o autor acredita que, escrevendo bastante, utilizando frases de efeito, tornar o texto mais rico. Na verdade, isso s atrapalha. Elimine as ideias sem importncia, as repeties, os exemplos demasiados, os adjetivos suprfluos. Observe exemplo de texto prolixo no Manual de Estilo da Editora Abril.

    Reescreva o perodo a seguir, eliminando as expresses e os pormenores excessivos:

    Nada mais justo de que os milhes de jovens brasileiros no adultos, de norte a sul e leste a oeste, poderem exercer seu legtimo direito de cidadania, tendo direito ao voto para todos os cargos polticos, de Vereador, de Prefeito, de Deputado e, inclusive, de Presidente, influindo dessa maneira nos destinos to obscuros da nossa querida e amada Nao, chamada Brasil, nome recebido justamente por causa de um produto da natureza tambm bonito.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Frases feitas

    Os lugares-comuns e os clichs demonstram falha de estilo e linguagem limitada.

    Porque o futuro de todos ns.Devemos unir nossos esforos.Fechar com chave de ouro.A nvel de...Chegar a um denominador comum.Deixar a desejar.

    Estourar como uma bomba.Fortuna incalculvel.Inserido no contexto...Levantar a cabea e partir para outra.A esperana a ltima que morre.Os jovens so o futuro da nao.

    Falta de paralelismo

    Quando se coordenam elementos (substantivos, adjetivos, advrbios, oraes), necessrio que eles apresentem estrutura gramatical idntica. Observe:

    Inadequado: Procuravam-se solues para satisfazer os operrios e que agradassem aos empresrios.Adequado: Procuravam-se solues para satisfazer os operrios e agradar aos empresrios.

    Inadequado: As cidades paulistas e as cidades do Paran apresentam muitas afinidades.Adequado: As cidades paulistas e as paranaenses apresentam muitas afinidades.

    Inadequado: Ocorrem distrbios devido revolta dos estudantes e porque no atenderam suas reivindicaes.Adequado: Ocorrem distrbios devido revolta dos estudantes e ao no atendimento de suas reivindicaes.

    Quesmo

    O uso reiterado do que pode constituir erro de estilo e prejudicar a clareza do texto.

    Reescreva as frases abaixo eliminando o que.

    O jornalista que redigiu a reportagem que apareceu no jornal receber o prmio que todos desejavam._________________________________________________________________________________________________________________________________.

    Voc tem que ter uma letra que todos possam entender o que est escrito._________________________________________________________________________________________________________________________________.

    O diretor afirmou que o relatrio que foi escrito denuncia que tudo foi feito errado._________________________________________________________________________________________________________________________________.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Ambiguidade

    Ambiguidade, na frase, a obscuridade de sentido. Frases ambguas permitem duas ou mais interpretaes diferentes e devem ser evitadas.

    Exemplo de frase de sentido ambguo:

    Ambguo: O Deputado discutiu com o Presidente da Comisso o seu descontentamento com a aprovao do projeto.

    A ambiguidade dessa frase est no pronome possessivo seu: o descontentamento do Deputado ou do Presidente da Comisso? Para que o sentido fique claro, o pronome deve ser eliminado.

    Claro: O Deputado, descontente com a aprovao do projeto, discutiu o assunto com o Presidente da Comisso.Claro: O Deputado discutiu com o Presidente da Comisso o descontentamento deste com a aprovao do projeto.

    Ambguo: O Lder comunicou ao Deputado que ele est liberado para apoiar a matria.Claro: Liberado para apoiar a matria, o Lder comunicou o fato ao Deputado.Claro: O Lder liberou o Deputado para apoiar a matria.

    Pleonasmo

    Pleonasmo a redundncia ou a repetio de um termo ou de um conceito. o que mostram os exemplos a seguir, nos quais est sobrando a palavra em negrito:

    Todos os parlamentares foram unnimes em apoiar a proposta.

    Em sua breve alocuo, defendeu mais verbas para a Sade.

    Quantos no so os crimes cometidos contra o Errio Pblico?

    O palestrante apresentar um panorama geral da situao atual da economia brasileira.

    Por sorte, ningum se machucou quando a laje caiu abaixo.

    Cacfato

    Cacfato o som desagradvel ou palavra obscena que resulta da combinao de slabas de palavras vizinhas. Deve, na medida do possvel e do razovel, ser evitado, sobretudo quando demasiado flagrante e grosseiro. No cabe, no entanto, suprimir da lngua combinaes corriqueiras, como da Nao, por cada, por razes etc.

    Exemplos de cacfatos (e de como evit-los): Ele havia dado tudo de si frente da Comisso. (Ele tinha dado...)

    Ela tinha previsto tudo o que est ocorrendo. (Ela havia...)

    Uma minha parente foi quem teve a ideia. (Uma parente minha...)

    Com os acordos, a Amrica ganha flego para retomar o crescimento econmico. (...a Amrica adquire...)

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    Conceito de Texto Unidade I

    A Importncia da Leitura

    A leitura tem importncia fundamental na vida das pessoas. A necessidade de muita leitura est posta entre todos, haja vista, que propicia a obteno de informaes em relao a qualquer contexto e rea do conhecimento, assim como, pode constituir-se em fonte de entretenimento. Para uns, atividade prazerosa, para outros, um desafio a conquistar. Urge compreender que a tcnica da leitura garante um estudo eficiente, quando aplicada qualitativamente.

    O que ler? Qual a importncia da leitura? Quais procedimentos prticos para uma leitura eficiente? Questes bvias, que pela sua evidncia pouco so problematizadas.

    Etimologicamente, ler deriva do latim lego/legere, que significa recolher, apanhar, escolher, captar com os olhos. Nesta reflexo, enfatizamos a leitura da palavra escrita. No entanto, entendemos, com Luckesi (2003, p. 119) que [...] a leitura, para atender o seu pleno sentido e significado, deve, intencionalmente, referir-se realidade. Caso contrrio, ela ser um processo mecnico de decodificao de smbolos. Logo, todo o ser humano capaz de ler e l efetivamente. Destarte, tanto l o conhecedor dos signos lingusticos/gramaticais, quanto o campons, no letrado, que, observando a natureza, prev o sol ou a chuva.

    mister, primeiramente, frisar que a leitura muitssimo importante, pois [...] amplia e integra conhecimentos [...], abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulrio e a facilidade de comunicao, disciplinando a mente e alargando a conscincia [...] (RUIZ, 2002, p. 35).

    Investigaes atestam que o sucesso nas carreiras e atividades na atualidade, relacionam-se, estreitamente, com o hbito da leitura proveitosa, pois alm de aprofundar estudos, possibilita a aquisio dos conhecimentos produzidos e sistematizados historicamente pela humanidade.

    O objetivo maior ao proceder leitura de uma determinada obra consiste em [...] aprender, entender e reter o que est lendo (MAGRO, 1979, p. 9). Por conseguinte, inquestionavelmente, a leitura uma prtica que requer aprendizagem para tal e, sem sombra de dvida, uma atividade ainda pouco desenvolvida. Neste particular, Salomon (2004, p. 54) enfatiza que a leitura no simplesmente o ato de ler. uma questo de hbito ou aprendizagem [...]. Alm do incentivo e da promoo de espaos permanentes de leitura preciso criar o prazer para este ofcio.

    O deleite advindo da leitura no se conquista num passe de mgica, espontaneamente. Requer opo, atitudes coerentes e pertinentes ao objetivo proposto. Dmitruk (2001, p. 41) afirma, convictamente, que [...] no importa tanto o quanto se l, mas como se l. A leitura requer ateno, inteno, reflexo, esprito crtico, anlise e sntese; o que possibilita desenvolver a capacidade de pensar.

    Indubitavelmente, preciso saber ler, ler muito e ler bem. Considerando apropriaes de estudos realizados com o intuito em aperfeioar o hbito de leitura, elencamos alguns aspectos e/ou habilidades que julgamos pertinentes, nesta perspectiva:

    1 Ler com objetivo determinado, isto ter uma finalidade. Saber por que se est lendo.

    2 Ler unidades de pensamento e no palavras por palavras. Relacionar ideias.

    3 Ajustar a velocidade (ritmo) da leitura ao assunto, tema e/ou texto que est lendo.

    4 Avaliar o que se est lendo, perguntando pelo sentido, identificando a ideia central e seus fundamentos.

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    Aprofunde seus conhecimentos, visitando os sites:

    http://aprender.unb.br/mod/book/view.php?id=61671&chapterid=2721

    http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0101/14.htm

    http://www.duplipensar.net/artigos/2007s1/notas-introdutorias-analise-do-discurso-fundamentos.html

    5 Aprimorar o vocabulrio esclarecendo termos e palavras novas. O dicionrio um recurso significativo. No entanto, palavras-chave, analisadas no contexto do prprio assunto em que so usadas, facilitam a compreenso.

    6 Adotar habilidades para conhecer o livro, isto , indagar sobre o que trata determinada obra.

    7 Saber quando conveniente ou no interromper uma leitura, bem como quando retom-la.

    8 Discutir com colegas o que l, centrando-se no valor objetivo do texto, visto que o dilogo a condio necessria para a indagao, para a intercomunicao, para a troca de saberes [...] (ECCO, 2004, p. 80).

    9 Adquirir livros que so fundamentais (clssicos), zelando por uma biblioteca particular, assim como, frequentar espaos e ambientes que contenham acervo literrio, por exemplo, bibliotecas.

    10 Ler assuntos vrios. No estar condicionado a ler sempre a mesma espcie de assunto.

    11 Ler muito e sempre que possvel.

    12 Considerar a leitura como uma atividade de vida, no desenvolvendo resistncias ao hbito de ler.

    As orientaes supracitadas tero efeitos promissores, se observadas efetivamente, na prtica, do contrrio, no passam de mero palavreado. A leitura eficiente, depende de mtodo. No entanto, incontestavelmente, o mtodo est na dependncia de quem o aplica. No bastam somente boas intenes. So necessrias aes congruentes aos desgnios.

    fundamental compreender que, na formao de cada cidado bem como de um povo, a leitura de mxima importncia, representando um papel essencial, pois revela-se como uma das vias no processo de construo do conhecimento, como fonte de informao e formao cultural. Ademais, ler benfico sade mental, pois uma atividade Neurbica. A atividade da leitura faz reforar as conexes entre os neurnios. Para a mente, ainda no inventaram melhor exerccio do que ler atentamente e refletir sobre o texto.

    O ato de ler um exerccio de indagao, de reflexo crtica, de entendimento, de captao de smbolos e sinais, de mensagens, de contedo, de informaes... um exerccio de intercmbio, uma vez que possibilita relaes intelectuais e potencializa outras. Permite-nos a formao dos nossos prprios conceitos, explicaes e entendimentos sobre realidades, elementos e/ou fenmenos com os quais defrontamo-nos.

    Tiago Ferreira

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    Captulo 2 Prtica de Interpretao e Produo

    Estudos de diversas universidades indicam que a criana deve ser estimulada, por meio da leitura de aventuras reais ou imaginrias todos os dias, para desenvolver a capacidade de responder com flexibilidade a situaes reais em sua vida. Se at os doze anos o estmulo cerebral no ocorrer de forma frequente, o crebro se acustuma a responder de forma limitada s solicitaes do dia a dia. Voc certamente j ouviu falar muito sobre a importncia de ler para filhos e sobrinhos. Voc tem feito isso?

    Quando algum pergunta a um autor o que este quis dizer porque um dos dois burro.

    Mrio Quintana

    Um bom texto apresenta um pensamento principal e outros que comprovam, exemplificam ou ampliam (secundrias). Todas devem estar organizadas e concentradas ao redor de um tema central para formar um raciocnio. Observe o exemplo a seguir.

    Ao cuidar do gado, o peo monta e governa os cavalos sem maltrat-los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais cruel. Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu que pacincia e muitos exerccios so os principais meios para se obter sucesso na lida com os cavalos, e que no se pode exigir mais do que preciso.

    Logo no incio, o autor procura enfatizar o assunto que abordar no pargrafo. Aps a principal, seguem as ideias secundrias que exemplificam a primeira ideia. Observe outro exemplo.

    A distribuio de renda no Brasil injusta. Embora a renda per capita brasileira seja estimada em US$ 2.000 anuais, a maioria do povo ganha menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centenas de vezes mais, conforme informao do IBGE. A maioria dos trabalhadores ganha o salrio mnimo, que vale cerca de US$ 65 mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salrio mnimo. Dividindo essa pequena quantia por uma famlia onde h crianas e mulheres, a rende per capita fica ainda mais reduzida; contando-se o nmero de desempregados, a renda diminui um pouco mais. H pessoas que ganham cerca de US$ 10.000 mensais; outras ganham muito mais, ainda. O contraste entre o pouco que muitos ganham e o muito que poucos ganham prova a, injustia da distribuio de renda em nosso pas.

    Agora, o autor apresenta sua ideia principal e busca, por meio de ideias secundrias, argumentar o porqu de sua abordagem inicial.

    Ideias Explcitas e Implcitas

    O texto pode exigir do leitor apenas a percepo do que est literalmente escrito. Outras vezes, no entanto, o leitor se v obrigado a explorar sua capacidade de interpretar as informaes literais e observar conexes lgicas possveis em

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    sua interpretao. O autor pode no ter literalmente escrito uma ideia, mas fez uso de inferncias ou dedues para que o leitor alcance o entendimento desejado. Observe alguns modelos de textos com ideias explcitas e outros com ideias explcitas e implcitas.

    Textos com Anlise Explcita

    Texto I

    No mundo, tal como a Fsica o descreve, nada pode ocorrer que seja verdadeiramente e intrinsecamente novo. Inventar-se-, talvez, um novo engenho, mas sempre ser possvel, atravs de anlise, ver nele uma nova combinao de elementos que sero isto ou aquilo, mas no sero novos. Novidade, em Fsica, simples novidade de arranjos e combinaes. Em oposio a esse ponto, insiste o historicismo, a novidade social, assim real, irredutvel ao novo dos arranjos. Na vida social, os mesmos fatores, postos em arranjo novo, nunca sero realmente os mesmos velhos fatores. Onde nada se pode repetir com exatido, a novidade real estar sempre emergindo. E sustenta-se que esse um significativo trao a ter em conta quando se focaliza o desenvolvimento de novos estgios ou perodos da Histria, cada um dos quais diferir intrinsecamente de qualquer outro.

    (Karl Popper. A Misria do Historicismo.)

    1. O texto de Karl Popper nos permite afirmar:

    a) No mundo, nada pode ocorrer que seja verdadeiramente e intrinsecamente novo.

    b) Em Fsica, poucas coisas so novas.

    c) No mundo, tal como a Fsica o descreve, possvel ver o novo como simples novidade de arranjos e combinaes.

    d) As novidades intrnsecas das leis da Fsica implicam novidades na vida social.

    e) A Fsica e a Histria descrevem o novo da mesma forma.

    2. Podemos tambm concluir, com base no texto, que:

    a) O historicismo se ape s novidades da Fsica.

    b) De acordo com o historicismo, a novidade social novidade real, irredutvel ao novo dos arranjos.

    c) As novidades da vida social obrigam os fsicos a rever suas posies.

    d) A vida dos fsicos complicada pelas novidades sociais, pois eles esto habituados ao rigor de imutveis leis da Fsica.

    e) O historicismo surgiu aps a Fsica.

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    Texto II

    O enriquecimento (ampliao) de uma lngua consiste em usar, praticar a lngua. As palavras so como peas de um complicado jogo. Jogando a gente aprende. Aprende as regras do jogo. As peas usadas so as mesmas, mas nunca so usadas da mesma maneira. No deixar-se carregar pelo jogo do uso somos levados s inmeras possibilidades da lngua. As possibilidades so sempre diferentes, nunca iguais. Mas todas as diferenas cabem na mesma identidade. Todas as palavras figuram nos vrios discursos como diferentes: diferentes so as palavras no discurso cientfico, literrio, filosfico, artstico, teolgico. Mas cabem sempre na mesma identidade. So expresses possveis da linguagem.

    (Arcngelo R. Buzzi, Introduo ao Pensar.)

    3. De acordo com o texto:

    a) as palavras da lngua correspondem s peas do jogo;

    b) as palavras da lngua correspondem s regras do jogo;

    c) as peas do jogo correspondem s regras do jogo;

    d) jogos diferentes exigem peas diferentes;

    e) frases diferentes exigem palavras diferentes.

    4. Segundo o texto:

    a) quem joga combina palavras;

    b) quem joga combina regras;

    c) quem fala combina peas;

    d) quem fala combina palavras;

    e) tanto quem fala como quem joga combina regras.

    5. O texto afirma que:

    a) seria til aplicar, na aprendizagem das regras do jogo, o mesmo mtodo que se emprega ao aprender uma lngua;

    b) aprender uma lngua to complicado como aprender as regras de um jogo;

    c) as lnguas so complicadas porque a maioria de suas regras so comparveis a jogos complexos;

    d) o conhecimento das regras de jogos complicados facilita o entendimento das regras da lngua;

    e) se chega s possibilidades da lngua da mesma forma que s regras do jogo, praticando.

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    Texto III

    A televiso procura atender ao gosto da populao a que se dirige. Assim, acomoda essa grande massa de consumidores a antigos hbitos e tradies, em vez de propor, aos que assistem a ela, inquietaes novas e uma viso mais crtica do mundo em que vivem.

    6. Segundo o texto.

    a) Porque se dirige a um pblico desinteressado, a televiso no se preocupa com a qualidade de seus programas;

    b) A televiso no se preocupa em elevar o nvel de seus programas j que o pblico que a ela assiste no se interessa por problemas srios;

    c) Embora resulte do gosto de um pblico inquieto com seus valores, a televiso nega-se a mudar o aspecto formal dos programas;

    d) O interesse de baixo nvel cultural merece uma televiso que no questiona em profundidade os problemas do mundo;

    e) O interesse do pblico determina os contedos veiculados pela televiso que, assim, se furta s propostas culturas novas.

    7. Conclui-se do mesmo texto que:

    a) A tendncia dos espectadores interessarem-se por programas de televiso que vm ao encontro de seus hbitos e tradies;

    b) Assistir televiso implica a aceitao de hbitos e tradies que favorecem o surgimento das ideias que mudam a face do mundo;

    c) O pblico normal da televiso prefere que os programas venham de encontro a seus hbitos e tradies;

    d) O papel principal da televiso consiste em criar inquietaes nos telespectadores;

    e) A televiso em alguns lugares propicia uma viso crtica do mundo.

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    Textos com Anlise Literal ou por Inferncia.

    Texto IV

    As condies em que vivem os presos, em nossos crceres superlotados, deveriam assustar todos os que planejam se tornar delinquentes. Mas a criminalidade s vem aumentando, causando medo e perplexidade na populao.

    Muitas vozes tm se levantado em favor do endurecimento das penas, da manuteno ou ampliao da Lei dos Crimes Hediondos, da defesa da sociedade contra o crime, enfim, do que se convencionou chamar doutrina da lei e da ordem, apostando em tais caminhos como forma de dissuadir novas prticas criminosas, geralmente valem-se de argumentos retricos e emocionais, raramente escorados em dados de realidade ou em estudos que apontem ser esse o melhor caminho a seguir. Embora sedutora e aparentemente sintonizada com o sentimento geral de indignao, tal corrente aponta para o caminho errado, para o retorno ao direito penal vingativo e irracional, to combatido pelo iluminismo jurdico.

    O coro dessas vozes aumenta exatamente quando o governo acaba de encaminhar ao Congresso o anteprojeto do Cdigo Penal, elaborado por renomados juristas, com participao da sociedade organizada, com o objetivo de racionalizar as penas reservada a privao da liberdade somente aos que cometerem crimes mais graves e, mesmo para esses, tendo sempre em vista mecanismos de reintegrao social, destaca-se o emprego das penas alternativas, como a prestao de servios comunidade, a compensao por danos causados, a restrio de direitos etc.

    Contra o conceito de que o bandido um facnora que optou por atacar a sociedade, prevalece a noo de que so as vergonhosas condies sociais e econmicas do Brasil que geram a criminalidade; enquanto essas no mudarem, no h mgica: os crimes vo continuar aumentando, a despeito do maior rigor nas penas ou da multiplicao de presdio.

    (adaptado de Carlos Weis. Dos delitos e das penas.

    1. o autor do texto mostra-se

    a) Identificado com o coro das vozes que se levantam em favor da aplicao de penas mais rigorosas.

    b) Identificado com doutrina que se convencionou chamar da lei e da ordem.

    c) Contrrio queles que encontram nas causas sociais e econmicas a razo maior das prticas criminosas.

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    d) Contrrio corrente dos que defendem, entre outras medidas, a ampliao da Lei dos Crimes Hediondos.

    e) Contrrio queles que defendem o emprego das penas alternativas em substituio privao da liberdade.

    2. Considere as seguintes afirmaes:

    I uma simples coincidncia o fato de que a intensificao das vozes favorveis ao endurecimento das penas ocorre simultaneamente ao envio ao Congresso do anteprojeto do Cdigo Penal.

    II A afirmao de que h vozes em favor da manuteno da Lei dos Crimes Hediondos deixa implcito que a vigncia futura dessa lei est ameaada.

    III Estabelece-se uma franca oposio entre os que defendem a doutrina da lei e da ordem e os que julgam ser o bandido um facnora que age por opo.

    Em relao ao texto, est correto SOMENTE o que se afirma em:

    a) I.

    b) II.

    c) III.

    d) I e II.

    e) II e III.

    3. Est corretamente traduzido o sentido de uma expresso do texto, considerando-se o contexto, em:

    a) Embora sedutora e aparentemente sintonizada = malgrado atrativa e parcialmente sincronizada.

    b) Forma de dissuadir = modo de ratificar.

    c) To combatido pelo iluminismo jurdico = de tal modo restringindo pelo irracionalismo jurdico.

    d) A despeito do maior rigor nas penas = em conformidade com o agravamento das punies.

    e) Mecanismos de reintegrao social = meios para reinsero na sociedade.

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    4. Por iluminismo jurdico deve-se entender a:

    a) Doutrina jurdica que defende o carter vindicativo da legislao

    b) Corrente dos juristas que representam a doutrina da lei e da ordem

    c) Tradio jurdica assentada em fundamentos criteriosos e racionalistas

    d) Doutrina jurdica que se vale de uma argumentao retrica

    e) Corrente dos juristas que se identificam com o sentimento geral de indignao.

    5. Est correto o emprego da expresso sublinhada na frase:

    a) O carro de cujo dono voc diz ser amigo est venda.

    b) um carro cujas as prestaes esto sendo pagas com dificuldade.

    c) A manifestao poltica qual ele recusou participar ser amanh.

    d) So graves os momentos em que ela est atravessando.

    e) As despesas de cujas voc me preveniu foram, de fato, muito altas.

    6. So complementos verbais ambos os termos sublinhados na frase:

    a) Mostrou-se pouco disposto a colaborar conosco.

    b) chegada a hora de a ona beber gua.

    c) No desejo nunca desconfiar de sua amizade.

    d) Deram-me razo para acreditar nele.

    e) Se crescer a dvida, no terei como pag-la.

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    Texto V

    Veja: O assdio sexual, ento, uma questo menor?

    Friedan: No diria isso. A preocupao com o assdio sexual , apesar de todos os exagerados, uma expresso do poder pblico e respeito que ns, mulheres, adquirimos nos ltimos anos. No aceitamos mais passivamente abusos sexuais, estupro, nada. No admitimos mais ser vtimas no trabalho, na escola ou em qualquer outro lugar. Mas no podemos concentrar toda a nossa energia em aspectos que so sintomas, e no causas da desigualdade contra a qual lutamos.

    7. Assinale a opo que indica uma deduo possvel da entrevista acima.

    a) Houve, por parte das mulheres, entre as quais a entrevistada se inclui, um momento de aceitao passiva de injustias.

    b) O poder pblico tem demonstrado respeito pelo problema do assdio sexual, apesar da explorao do fato pela imprensa, que exagera bastante.

    c) O assdio sexual acaba gerando a desigualdade entre os homens e as mulheres, entre as quais se inclui a entrevistada, que continuam lutando pelos direitos conquistados.

    d) A polmica sobre o assdio sexual manifesta resqucios de preconceitos contra a mulher, considerada sempre uma vtima na sociedade.

    e) O assdio sexual, segundo a entrevistada, no deve ser uma questo menor, porque constitui o principal fator agravante da desigualdade entre os sexos.

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    Texto VI

    Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava ateno, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armrios tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

    Agora podia viver descansado. Ningum a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, no mais atravessa praas. E evitava sair.

    To esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que flusse em silncio pelos cmodos, mimetizada com os mveis e as sombras.

    Uma fina saudade, porm, comeou a alinhavar-se em seus dias. No saudade de mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

    Ento lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

    Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cmoda.

    (Marina Colasanti)

    8. Assinale a opo incorreta em relao ao texto acima.

    a) Pode-se inferir do texto que a posio da mulher no lar e na sociedade muitas vezes definida em contraste com a posio do homem.

    b) O texto reflete sobre a condio humana, destacando a opresso que a mulher pode sofrer em seu casamento.

    c) O fato de o homem e a mulher no terem sido nomeados pode revelar desejo da autora em dar um tratamento universal ao tema tratado.

    d) Os eventos narrados obedecem a uma ordem cronolgica.

    e) Em tosquiou-lhe os longos cabelos e nem pensava mais em lhe agradar, os dois pronomes tonos possuem a mesma funo sinttica.

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    9. Assinale a opo incorreta em relao ao texto acima.

    a) Por meio de discurso direto, o leitor conhece a personalidade das personagens deste texto.

    b) H exemplo de sinestesia na expresso fina saudade e metfora em olhar viril.

    c) Pode-se inferir que o corte de seda est para sensualidade e o prazer, assim como o vestido de chita est para a represso da femilidade.

    d) No segundo perodo do primeiro pargrafo, a vrgula antes do e ocorre devido mudana de sujeito entre as oraes.

    e) O texto de certa forma ironiza as relaes em que predominam o cime, a vaidade e a submisso.

    Texto VII

    Li que a espcie humana um sucesso sem precedentes. Nenhuma outra com uma proporo parecida de peso e volume se iguala nossa em termos de sobrevivncia e proliferao. E tudo se deve agricultura. Como controlamos a produo do nosso prprio alimento, somos a primeira espcie na histria do planeta a poder viver fora de seu ecossistema de nascena. Isso nos deu mobilidade e a sociabilidade que nos salvaram do processo de seleo, que limitou outros bichos de tamanho equivalente. por isso que no temos mudado muito, mas tambm no nos extinguimos.

    (Luiz Fernando Verssimo, Recursos Humanos, in: O Desafio tico, org. de Ari Roitman, com adaptaes)

    Considerando as ideias do texto, assinale as inferncias como verdadeiras (V) ou falsas (F)

    10. Mede-se o sucesso pela capacidade de sobrevivncia e proliferao.

    11. Se a espcie humana tivesse outro peso e volume no teria sobrevivido.

    12. Viver fora do ecossistema de nascena depende da capacidade de criar o prprio alimento.

    13. O processo de seleo das espcies que limita a mobilidade e a sociabilidade.

    14. A histria da espcie humana poderia ser outra se no houvesse agricultura.

    15. Poucas mudanas trazem como consequncia a no extino da espcie.

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    Texto VIII

    O annimo

    To logo o carteiro entregou a correspondncia, Eduardo foi em busca daquilo que a experincia j lhe ensinara. Certamente estaria ali: a carta annima. De fato, no tardou a encontrar o envelope, quela altura familiar: o seu nome e endereo escritos em neutra letra de imprensa, e nenhuma indicao de remetente (alguns missivistas annimos usam pseudnimo. Aquele no fazia concesses: nada fornecia que pudesse alimentar especulaes com respeito identidade).

    Com dedos um pouco trmulos a previsibilidade nem sempre o antdoto da emoo Eduardo abriu o envelope. Continha, como sempre, uma nica folha de papel ofcio manuscrita em letra de imprensa. Como de hbito, comeava afirmando: Descobri teu segredo. Nova linha, pargrafo, e a vinha a acusao.

    No presente caso: desonestidade. Todos acham que voc um homem srio, correto, dizia a carta, mas ns dois sabemos que voc no passa de um refinado patife. Voc est roubando seu scio, Eduardo. H muito tempo. Voc vem desviando dinheiro da firma para a sua prpria conta bancria. Voc disfara o rombo com supostos prejuzos nos negcios. Seu scio, que um homem bom, acredita em voc. Mas a mim, voc no engana, Eduardo. Eu sei de tudo que voc est fazendo. Conheo suas trapaas to bem como voc.

    Eduardo no pde deixar de sorrir. Boa tentativa aquela, do missivista annimo. Desonestidade na firma, isto no to incomum. Com um scio to crdulo como era o nio, Eduardo de fato no teria qualquer dificuldade em subtrair dinheiro da empresa.

    S que ele no estava fazendo isso. Em termos de negcios, era escrupulosamente honesto. Mais que isto, muitas vezes repassara dinheiro para a conta de nio um trapalho em matria de finanas sem que este soubesse. Honesto e generoso. Contudo, como certos caadores to pertinazes quanto incompetentes, o autor da carta annima atirara no que vira e acertara no que no vira.

    Eduardo enganava nio, sim. Mas no na firma. H meses em realidade, desde que aquela histria das cartas annimas comeara tinha um caso com a mulher do scio, Vera: grande mulher. Claro, no poderia garantir que no sentia um certo prazer em passar para trs o amigo que sempre fora mais brilhante e mais bem sucedido do que ele, mas, de qualquer forma, isto nada tinha a ver com a empresa. Desonestidade nos negcios? No. Tente outra, missivista. Quem sabe na prxima voc acerta. Tente. Tente j.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Sentou mesa, tomou uma folha de papel ofcio e escreveu, numa bela, mas inconspcua letra de imprensa: Descobri teu segredo.

    Moacyr Scliar.

    Para a leitura compreensiva se efetivar, um dos passos essenciais o entendimento do vocabulrio utilizado. Julgue os itens a seguir como Verdadeiro ou Falso, considerando o sentido das palavras do texto.

    16. O vocbulo concesses (primeiro pargrafo) est utilizado denotativamente, com o sentido de privilgios; da mesma forma, especulaes (primeiro pargrafo) traz o sentido de negociaes.

    17. Contextualmente, antdoto (segundo pargrafo) significa droga, veneno.

    18. As palavras desonestidade (terceiro pargrafo) e pertinazes (quinto pargrafo) esto empregadas como antnimos de probidade e de volveis, respectivamente.

    19. O termo crdulo (quarto pargrafo) apresenta conotaes de religiosidade, significando crente, devoto.

    20. A palavra inconspcua (ltimo pargrafo) tem o significado de ilegvel, indecifrvel.

    21. Infere-se do texto que o remetente era o prprio destinatrio das cartas.

    22. O ttulo O Annimo , frente ao contedo do texto, um emprego irnico dessa palavra.

    23. O narrador faz suposies acerca da identidade do remetente, ao registrar, como texto da carta, a seguinte ideia: ns dois sabemos que voc no passa de um refinado patife (terceiro pargrafo).

    24. Infere-se do texto que so comuns casos de desonestidade profissional, mas tal acusao no pode ser aplicada a Eduardo.

    25. No sexto pargrafo, depreende-se do texto que Eduardo sentia um complexo de inferioridade profissional frente a nio.

    26. A histria acerca das cartas annimas, conforme contada pelo autor, apresentando-se na forma de uma narrativa curta, densa, pode exemplificar o que conhecido por crnica.

    27. O trecho entre aspas situado no terceiro pargrafo possui vrias marcas de oralidade: registros tpicos da lngua falada, transpostos para a lngua escrita.

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    Conceito de Texto Unidade I

    A produo de textos pressupe a recepo/compreenso e a anlise da produo de textos de outros. O desenvolvimento desse processo de produo deve-se em grande parte recepo de textos com qualidade e de forma interativa, assim, o caminho da escrita ser formado com percepes claras, coesas e coerentes. A leitura no a simples decodificao de um sistema, seja escrito, desenhado, esculpido, seja qualquer outro. No basta uma anlise formal do cdigo em que foi cifrado para torn-lo legvel, pois o que importa para a significao o universo do discurso, o contexto de sua produo. Se cada indivduo capaz de interpretaes diferentes, devemos pensar como se dar tal interpretao. Uma boa leitura, que jamais pode ser entendida como decodificao, mas como fruto de um clculo interpretativo, , portanto primordial para que se desenvolvam as capacidades bsicas no exerccio da sumarizao e a competncia na captao da macroestrutura de um texto.

    Mrcia Regina Teixeira da Encarnao

    28. O texto apresenta algumas expresses tpicas da linguagem vulgar, como, entre outras, patife, trapaas, trapalho.

    29. Os trechos registrados entre aspas no texto esto dispostos na forma de discurso indireto.

    30. Passagens descritivas so predominantes nos quatro ltimos pargrafos.

    31. Em Eduardo foi em busca daquilo (primeiro pargrafo), o termo destacado refere-se ao que a experincia j lhe ensinara (primeiro pargrafo).

    32. Embora o texto seja narrativo como um todo, predomina a descrio.

    33. O uso de frases curtas ao lado das frases de maior extenso, principalmente no sexto pargrafo, um recurso estilstico ligado ao ritmo da prosa, utilizado para dar densidade ao texto, prendendo o interesse do leitor.

    34. Ao destacar a figura feminina com Vera: grande mulher (sexto pargrafo), o narrador d duas informaes, simultaneamente: que ela era valorosa e tambm robusta.

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    Conceito de Texto Unidade I

    Para saber mais, acesse:

    http://www.letramagna.com/marciaregina.pdf

    http://dici.ibict.br/archive/00001095/01/aimportanciadaleitura.pdf

    http://www.fav.br/programasinst/Revistas/revistas2006/rev_educacao/09.pdf

    http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_13_p037-042_c.pdf

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    Estruturao de um Texto

    Unidade II

    Captulo 3 O Ato de Redigir

    E por que importante saber bem a nossa lngua? Porque vivemos numa sociedade letrada que exige o domnio da lngua escrita. Se algum quiser investir numa carreira profissional, deve desenvolver essa capacidade. Sim, pois todos podem aprender a escrever bem, isso no questo de sorte ou talento. No se trata de aprender a ser poeta ou escritor, no estamos falando de literatura, que exige outras qualidades de quem escreve. Estamos falando de algum que queira se expressar de modo claro, que queira redigir um relatrio de trabalho, uma correspondncia comercial, um trabalho para a faculdade, uma redao para o vestibular. Para esses casos, claro que possvel aprender, em pouco tempo, as tcnicas bsicas para escrever bem. Depois, praticar bastante e ler com ateno para ver como outras pessoas elaboram seus textos.

    Douglas Tufano

    No tenhas medo das palavras grandes, pois se referem a pequenas coisas.Para o que grande os nomes so pequenos:assim a vida e a morte, a paz e a guerra, a noite, o dia, a f, o amor e o lar.Aprende a usar, com grandeza, as palavras pequenas.Vers como difcil faz-lo, mas conseguirs dizer o que queres dizer.Entretanto, quando no souberes o que queres dizer,usa palavras grandes, que geralmente servem para enganar os pequenos.

    Arthur Kudner

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    A Comunicao: Linguagem Oral e Linguagem Escrita

    Comunicar-se ao de tornar comum uma ideia. Ela ocorre de vrias formas. Em contato direto com o falante, a lngua falada mais espontnea, mais viva, mais concreta, menos preocupada com a gramtica. Conta com vocabulrio mais limitado, embora em permanente renovao. J na linguagem escrita, o contato entre quem escreve e quem l indireto. Por isso, exige permanente esforo de elaborao com maior preocupao em relao correo gramatical, clareza, objetividade e estrutura textual.

    Nveis de Linguagem

    A eficincia da comunicao depende do uso adequado do nvel de linguagem. Certamente, voc no escreveria da mesma forma um texto para um adulto e para uma criana. So pessoas com capacidade de entendimento diferente. Tambm o seu texto deve ser diferente para cada um deles. necessrio, assim, preocupar-se e muito com quem receber o seu texto.

    Linguagem formal: utilizam-na as classes intelectuais da sociedade, mais na forma escrita e, menos, na oral. de uso nos meios diplomticos e cientficos; nos discursos e sermes; nos tratados jurdicos e nas sesses do tribunal. O vocabulrio rico e so observadas as normas gramaticais em sua plenitude. Observe o exemplo:

    O Supremo Tribunal Federal determinou o bloqueio imediato dos bens de todos os diretores envolvidos no escndalo do Banco do Brasil. A priori, a instituio dever prestar contas dos gastos de seis diretorias que foram aliciadas por meio de propina para a liberao de verbas a agncias publicitrias.

    Linguagem coloquial: utilizada pelas pessoas que, sem embargo do conhecimento da lngua, servem-se de um nvel menos formal, mais cotidiano. a linguagem do rdio, da televiso, meios de comunicao de massa tanto na forma oral quanto na escrita. Emprega-se o vocabulrio da lngua comum e a obedincia s disposies gramaticais relativa, permitindo-se at mesmo construes prprias da linguagem oral. Observe um texto coloquial:

    Brother, dentro dessa nova edio do Concurso 500 testes, tem tudo para que minha prova role na maior. S de portugus so mais 800 questes. Ah, tem uma lista de livros e dicas para todos ficarem por dentro do que moleza que caiu na prova. Vou encarar este estudo.

    A Escolha da Palavra

    A palavra o incio da expresso. Nosso objetivo prepar-lo de forma adequada em todos os sentidos. No queira escrever textos longos de forma adequada sem antes observar o uso dos termos em seu texto. A escolha da palavra o incio de um bom texto.

    O termo exato a ser empregado deve levar em conta o leitor. Imagine o seu leitor. Trata-se de um desconhecedor do assunto a ser escrito, um especialista, uma pessoa com conhecimentos limitados de vocabulrio etc. A palavra adequada depende da capacidade de compreenso do leitor.

    O primeiro passo para expressar uma ideia a escolha do termo adequado para indic-la de forma clara e objetiva. D sempre preferncia ao termo menor e mais fcil de ser compreendido pelo leitor.

    Evite expresses como as seguintes.

    1. Estribado no esclio do saudoso mestre baiano, o pedido contido na exordial no logrou agasalho.

    2. A perorao do discurso do advogado foi clara ao pedir a absolvio por legtima defesa.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    3. Procura o ru escoimar-se da Jurisdio Penal, por suas pueris alegaes.

    4. Todas essas aes e querelas judiciais s tm por consequncia mangrar o desenvolvimento da sociedade.

    Denotao e Conotao

    Saiba bem a diferena entre sentido denotativo e conotativo.

    Sentido denotativo: o uso de um termo em seu sentido primeiro, real, do dicionrio. Ao pensarmos em joia, logo nos vem ao pensamento uma pedra preciosa ou algo semelhante.

    Sentido conotativo: o uso de um termo em seu sentido figurado. Ao caracterizar algum como uma pessoa joia, houve uma transferncia de sentido facilmente compreensvel.

    Evite tambm palavras que possam apresentar polissemia (vrios sentidos no contexto), neologismos (criaes artsticas ou inovadoras), arcasmos (palavras em desuso) ou grias. Nossa preocupao apresentar uma ideia, de forma clara e no produzir um texto literrio.

    Reescreva as frases, a seguir, com palavras denotativas.

    1. Na poltica brasileira tudo acaba em pizza, pois os polticos so todos ladres.

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    2. O brasileiro tem um corao de ouro ao receber estrangeiros.

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    3. Lula, ento, deu um pontap nos ministros que no trabalhavam.

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    4. A poluio um tiro no p que o ser humano d em si.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    Palavras Genricas

    Algumas palavras no expressam sentido nico e, por isso, devem ser evitadas. o caso de coisa, que pode assumir diversas interpretaes.

    1. Substitua o verbo fazer por outro.

    Fazer uma fossa. _____________________________

    Ele fez um quadro bonito. ________________________

    Ela fez o trajeto determinado. ____________________

    Eu fao Direito. ______________________________

    Eu fiz uma redao tima. ________________________

    Amanh, farei um discurso. _______________________

    2. Substitua o verbo pr.

    Ela precisa pr uma palavra a mais. ___________________

    Ele ps o verbo no singular. ______________________

    Ponha a roupa no armrio. _________________________

    Todos pem dinheiro no banco. _____________________

    3. Substitua o verbo dizer.

    Ele disse poemas lindos. _________________________

    Ela finalmente me disse o segredo. ___________________

    Diga-me alguns exemplos. ________________________

    Ele me disse toda a histria. ________________________

    4. Substitua o verbo ter.

    Todos na sala tm boa reputao. __________________

    Ele tem dor de cabea. _________________________

    Ela tem dois metros de altura. ____________________

    Ela tem sessenta quilos. __________________________

    5. Substitua o verbo ver.

    Ele gosta de ver a beleza do mar. ___________________

    Ele v os menores detalhes. ______________________

    Ela viu tudo pela fechadura. ______________________

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    O Perodo Adequado

    Procure sempre frases curtas. Uma, duas ou, no mximo, trs oraes por perodo sinttico. A frase curta tem vrias vantagens. A primeira diminuir o nmero de erros, principalmente em pontuao. A segunda tornar o texto mais claro. A terceira apresentar o conceito de forma mais objetiva. Vincius de Moraes afirmava que uma frase longa no mais que duas curtas. Perodos longos geralmente esto associados a ideias incertas e facilitam falhas na compreenso.

    Qualidades de um bom perodo:

    1. seja direto ao apresentar a ideia.

    2. busque ser claro;

    3. procure usar a ordem direta (sujeito-verbo-complemento)

    4. d preferncia voz ativa;

    5. construa seu texto com afirmativas;

    6. evite gerndio;

    7. use at trs verbos para formar seu perodo.

    1. Seja direto ao apresentar a ideia

    O texto abaixo apresenta a primeira falha de um perodo: falta objetividade. O autor escreveu de tal forma que o leitor tem dificuldade para entender o sentido exato.

    indispensvel que se conhea o critrio que se adotou para que sejam corrigidas as provas que se realizaram ontem, a fim de que se tomem as providncias que forem julgadas necessrias, onde procuraremos solucionar os problemas que podem decorrer daquilo que for considerado obscuro, desde que de difcil soluo, no entanto, duvidosos.

    2. Busque ser claro

    O exemplo a seguir foi uma circular interna do Banco Central. Observe a falta de clareza do autor ao desejar apresentar a ideia.

    Os parentes consanguneos de um dos cnjuges so parentes por afinidade do outro; os parentes por afinidade de um dos cnjuges no so parentes do outro cnjuge; so tambm parentes por afinidade da pessoa, alm dos parentes consanguneos de seu cnjuge, os cnjuges de seus prprios parentes consanguneos.

    Recebi, h poucos dias, uma mensagem eletrnica com exemplos do assunto que tratamos agora. Algum coletou falhas de clareza na parquia da cidade. Observe.

    Para todos os que tenham filhos e no o saibam, temos na parquia uma rea especial para crianas.

    Quinta-feira, s cinco da tarde, haver uma reunio do grupo das mes. As senhoras que desejem formar parte as mes, devem dirigir-se ao escritrio do proco.

    Na sexta-feira, s sete, os meninos do Oratrio faro uma representao da obra Hamlet, de Shakespeare, no salo da igreja. Toda a comunidade est convidada para tomar parte nessa tragdia.

    Prezadas senhoras, no esqueam a prxima venda para beneficncia. uma boa ocasio para se livrar das coisas inteis que h na sua casa. Tragam seus maridos.

    Por favor, coloquem suas esmolas no envelope junto com os defuntos que desejem que sejam lembrados.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    3. Procure usar a ordem direta (sujeito-verbo-complemento)

    A ordem direta facilita o entendimento. Certamente, voc no a usar em todos os perodos. Em alguns momentos, importante intercalar um pensamento ou antecipar um adjunto adverbial, por exemplo. No entanto, procure escrever em ordem direta, principalmente no incio do pargrafo.

    Evite iniciar a redao com: Nos dias de hoje...; Atualmente...; No Brasil.... Evite tambm orao intercalada logo no incio: O governo Lula como todos sabem demonstra insegurana....

    4. D preferncia voz ativa

    As construes em voz ativa demonstram que o sujeito o agente da ao e do firmeza ao pensamento.

    Adequado: O governo adotou a medida.Inadequado: A medida foi adotada pelo governo.

    Adequado: O cidado deve combater a violncia.Inadequado: A violncia deve ser combatida pelo cidado.

    Voc deve usar voz passiva quando o sujeito paciente mais importante do que o agente da passiva.

    Adequado: O Congresso foi invadido por manifestantes.Inadequado: Manifestantes invadiram o Congresso.

    Adequado: O Supremo decidiu o assunto.Inadequado: O assunto foi decidido pelo Supremo.

    5. Construa seu texto com afirmativas

    Apresente sua ideia com afirmativas sobre o tema. Diga o que . No o que no . Evite usar o no em redaes.

    Inadequado: Ele no acredita que o ministro chegue a tempo.Adequado: Ele duvida que o ministro chegue a tempo.

    Inadequado: O presidente diz que no far alteraes na poltica econmica.Adequado: O presidente nega alteraes na poltica econmica.

    6. Evite gerndio

    Voc consegue substituir o gerndio por ponto em quase todas as situaes. Observe o exemplo a seguir:

    Funcionrios contratados pela empresa podero cursar universidade no segundo semestre podendo, se forem estudiosos, concluir o curso em quatro anos, fazendo, em seguida, um curso de ps-graduao.

    Observe como fica melhor:

    A empresa contratou funcionrios que podero cursar universidade no segundo semestre do ano. Se forem estudiosos, concluiro o curso em quatro anos e, em seguida, podero fazer uma ps-graduao.

    Embora o gerndio seja correto em diversas situaes em nossa lngua, procure evitar seu uso em redao. A tendncia o uso incorreto. Alm do erro gramatical que geralmente provoca, o gerndio costuma alongar as frases. O publicitrio Ricardo Freire escreveu um manifesto antigerundista.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    Este artigo foi feito especialmente para que voc possa estar recortando, estar imprimindo e estar fazendo diversas cpias, para estar deixando discretamente sobre a mesa de algum que no consiga estar falando sem estar espalhando essa praga terrvel da comunicao moderna, o gerundismo.

    7. Use at trs verbos para formar seu perodo

    O perodo longo o principal erro em redao. Acredito que com prtica e dedicao voc perceber como ele impede o bom texto. Observe o exemplo com perodo longo:

    Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam impregnadas de sujeira, o que pode at causar conjuntivite, mas, desde o comeo do ano, os mopes da Califrnia podem resolver o problema jogando as lentes no lixo pois l acabam de ser lanadas lentes descartveis que custam apenas 2,5 dlares cada, que s em julho estaro disponveis no Brasil.

    Veja como fica melhor:

    Mesmo fervidas diariamente, as lentes de contato gelatinosas ficam impregnadas de sujeira, o que pode causar conjuntivite. Desde comeo do ano, porm, os mopes da Califrnia podem resolver o problema. Acabam de ser lanadas lentes descartveis que custam apenas 2,5 dlares cada. Em julho, elas estaro disponveis tambm no Brasil.

    Muitas vezes, o perodo longo fragmenta o pensamento. Sem perceber, o autor acaba por tratar de diversos assuntos diferentes e sem continuidade. Veja um exemplo a seguir.

    Quando paramos para pensar sobre quem foi o responsvel por todas as mazelas que sofremos nos ltimos anos no Brasil, gerando desordem na rea da sade e da educao principalmente e poucos resultados eficientes na rea do crescimento, aquele que permitiu que toda esperana se perdesse e fosse por gua abaixo, deixando escapar uma oportunidade para o Brasil ocupar um assento permanente na ONU e em diversas representaes internacionais importantes e no dando prosseguimento ao projeto de exportao de nossos produtos agropecurios, perdendo o foco do que realmente interessa para o povo brasileiro.

    Bom texto texto objetivo e claro. O perodo curto facilita o entendimento rpido por parte do leitor. O texto a seguir foi editorial do jornal Correio Braziliense. Observe a separao das ideias nos perodos.

    A Unio Europeia completa 50 anos hoje como a mais bem-sucedida experincia de integrao regional do planeta. Quando a Guerra Fria comeava a mergulhar Estados Unidos e Unio Sovitica numa era de autossuficincia e competio, os europeus concretizavam sua aposta na cooperao como diferencial para enfrentar desafios do Sculo 21. Os problemas do bloco so vrios, mas os benefcios inegveis do a outros pases importantes lies sobre desenvolvimento.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    1. Reescreva os pargrafos a seguir, dividindo ou ligando os perodos, de modo a tornar os textos mais claros e objetivos.

    Cinco por cento dos menores internados da FEBEM de So Paulo, nmeros que foram projetados a partir de uma amostragem dos testes de AIDS feitos em mais de cinco mil internos, segundo o presidente da entidade, podem estar contaminados pelo vrus da Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS) um indcio indito de aidticos, principalmente em funo da faixa etria das vtimas, uma vez que os resultados de mil testes j indicam que boa porcentagem dos menores esto infectados, apesar de ainda no apresentarem os sintomas da doena.

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    No tem sido fcil a vida do assalariado nesses ltimos dez anos, pois toda vez que o governo precisa arrecadar mais, a primeira vtima sempre o contribuinte pessoa fsica: basta aumentar o Imposto de Renda na fonte que no ms seguinte o dinheiro cai no cofre do Tesouro, mas, de tanto sofrer nas garras do leo, o assalariado despertou a sensibilidade do Congresso Nacional uma vez que, na semana passada, o governo, pressionado pela Frente Parlamentar de Defesa do Contribuinte, resolveu reduzir a carga tributria sobre os assalariados, sob a ameaa de ver o pacote fiscal enviado no final do ano passado ser rejeitado pelo Congresso.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    O comcio foi organizado pelos partidos de esquerda. O comcio ocorreu ontem s seis da tarde. Ele tinha por objetivo reivindicar eleies diretas j. Foi duramente reprimido pelas foras policiais. As foras policiais tinham sido convocadas pela prefeitura da capital.

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    Os jovens leem pouco. As leituras so distantes de sua realidade. A escola responsvel por essas leituras. As escolas possuem pouca verba para comprar livros para os alunos. Os alunos assim ficam sem estmulo para a leitura. A televiso contribui para restringir o hbito da leitura.

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    2. Desenvolva um perodo inicial com os conceitos sugeridos, a seguir.

    A importncia da educao no desenvolvimento de um pas.

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    A violncia como fruto da desigualdade social

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    O Pargrafo Adequado

    A ideia e o texto devem seguir um processo de elaborao consistente e progressivo. Uma boa redao pede planejamento, organizao. Escrever um texto no significa apenas preencher o papel com frases soltas. Escrever pressupe uma srie de operaes anteriores.

    J comentamos sobre o vocabulrio e sobre o perodo. Chegou o momento do pargrafo. As qualidades de um pargrafo podem ser agrupadas em quatro caractersticas:

    1. clareza na abordagem inicial;

    2. contedo argumentativo adequado;

    3. unidade coerente e coesa entre as ideias;

    4. objetividade.

    1. Clareza na abordagem inicial.

    O escritor Miguel de Unamuno afirmava j em 1895 que escreve claro quem concebe ou imagina claro. O leitor espera de voc um texto rpido e claro. A mensagem deve, primeiramente, indicar o pensamento bsico e os argumentos sobre a ideia principal. Quem l uma redao no pode se irritar e ficar procurando reler vrias vezes para compreender um simples conceito.

    A clareza na redao depende, antes de mais nada, da apresentao do pensamento inicial: no se podem transformar ideias confusas em mensagens claras. Se no conhecemos o assunto abordado, conseguiremos, no mximo, comunicar nossa incompetncia. Observe o texto, a seguir, com falta de clareza.

    Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu esprito durante os anos to distantes da infncia que no voltam mais e da qual poucos traos guardo na memria, j que tantos anos se escoaram, a vocao para a Engenharia tarefa que pelas razes expostas, me praticamente impossvel e, ouso acrescentar que, mesmo para um psiclogo acostumado a investigar as profundezas da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo rdua para no dizer impossvel.

    Ao iniciar o texto, procure ir direto ao assunto. A abordagem inicial de muita importncia para o entendimento do assunto a ser tratado. Evite iniciar o texto com informaes vagas e meramente informativas. Logo no primeiro perodo, j apresente a sua ideia principal, a sua tese, a sua abordagem sobre o assunto da redao. Nos exemplos a seguir, separei alguns textos com falhas de abordagem. Observe:

    As ltimas eleies ocorreram no dia 29 de outubro, pois houve necessidade de segundo turno, j que nenhum dos candidatos obteve maioria absoluta dos votos.

    Depois de passar fome, trabalhar como metalrgico, sofrer muito em sua vida, Lus Incio, nosso conhecido Lula, governar o Brasil por mais alguns anos.

    A violncia um mal que agride a qualquer pessoa.

    Nos textos anteriores, ao se ler, no se sabe qual ideia o autor desenvolver. Encontram-se apenas informaes ou verdades absolutas. No h presena do autor propriamente no texto. Observe, a seguir, algumas boas abordagens para os assuntos citados.

    As eleies presidenciais demonstram que o Presidente eleito Lula ter que governar com a contribuio da oposio para aprovar reformas necessrias ao desenvolvimento do Pas.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    O Presidente Lula exemplo de que uma pessoa excluda dos direitos previstos na Constituio pode alcanar a cidadania.

    A violncia um mal a ser combatido por governo e cidado.

    2. Contedo argumentativo adequado.

    A argumentao deve sempre fundamentar, de maneira clara e convincente, as ideias que apresentou na introduo. Sustentam-se os argumentos por meio de duas formas: evidncia ou raciocnio. Imaginemos um tema para dissertao relacionado industrializao. O autor deve, ento, posicionar-se frente ao tema. Observe, a seguir, com falha de argumentao.

    A industrializao um fenmeno caracterstico das sociedades modernas. Industrializao criao de indstrias. As indstrias produzem bens de consumo e bens de produo.

    O Brasil est se industrializando. Existem pases mais industrializados que o Brasil, como os Estados Unidos, Japo, Inglaterra etc. H outros atrasados, como o Paraguai e o Haiti, por exemplo. Algumas indstrias poluem o meio ambiente. Mas as indstrias do emprego a muita gente. As indstrias se concentram nas regies industriais. Enfim, a industrializao a alma do progresso.

    Veja como o texto poderia ser bem argumentado:

    O estmulo industrializao promovido pelo mundo globalizado apresenta consequncias irrecuperveis ao planeta e sociedade. Se por um lado, por meio do desenvolvimento econmico industrial que os pases obtm recursos para financiar suas despesas e investir para uma qualidade de vida melhor para seus habitantes. Por outro, o crescente ritmo desorganizado de industrializao provoca danos ao meio ambiente que comprometem nosso futuro.

    Falha comum a pessoa produzir um texto complexo em que o leitor perde a linha do raciocnio facilmente. Observe o exemplo a seguir.

    Para alm das razes de mtodo, pode-se aduzir tolerncia uma razo moral: o respeito pessoa alheia. Tambm nesse caso, a tolerncia no se baseia na renncia prpria verdade, ou na indiferena a qualquer forma de verdade. Creio firmemente em minha verdade, mas penso que devo obedecer a um princpio moral absoluto: o respeito pessoa alheia.

    As boas razes da tolerncia no nos devem fazer esquecer que tambm a intolerncia pode ter suas boas razes. Todos ns j nos vimos, cotidianamente, explodir em exclamaes do tipo intolervel que..., como podemos tolerar que ... etc.

    Nesse ponto, cabe esclarecer que o prprio termo tolerncia tem dois significados, um positivo e outro negativo, e que, portanto, tambm tem dois significados respectivamente negativo e positivo, o termo oposto. Em sentido positivo, a tolerncia se ope intolerncia em sentido negativo; e, vice-versa, ao sentido negativo de tolerncia se contrape o sentido positivo de intolerncia. Intolerncia, em sentido positivo, sinnimo de severidade, rigor, firmeza, qualidades que se incluem todas no mbito das virtudes; tolerncia em sentido negativo, ao contrrio, sinnimo de indulgncia culposa, de condescendncia com o mal, com o erro, por falta de princpios, por cegueira diante dos valores. evidente que, quando fazemos o elogio da tolerncia, reconhecendo nela um dos princpios fundamentais da vida livre e pacfica, pretendemos falar da tolerncia em sentido positivo.

    Tolerncia em sentido negativo se ope a firmeza nos princpios, ou seja, justa ou devida excluso de tudo o que pode causar dano aos indivduos ou sociedade. Se as sociedades despticas de todos os tempos e de nosso tempo sofrem de falta de tolerncia em sentido positivo, as nossas sociedades democrticas e permissivas sofrem de excesso de tolerncia em sentido negativo, de tolerncia no sentido de deixar as coisas como esto, de no interferir, de no se escandalizar, nem se indignar com mais nada.

    Noberto Bobbio. A Era dos Direitos.

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    Estruturao de um Texto Unidade II

    Todas as partes de um texto devem estar voltadas a um objetivo principal. Ao sair do pargrafo introdutrio, deve o autor acrescentar novas informaes baseadas em argumentos slidos e coerentes. A coerncia a manuteno da mesma referncia escolhida pelo autor no pargrafo inicial (a abordagem). Todas as partes do texto devem estar relacionadas a ela. Isso torna o texto claro e compreensvel.

    Busque em sua argumentao:

    1. manter relao com a abordagem do texto;

    2. apresentar informaes novas, claras, corretas e coerentes;

    3. no exemplificar apenas suas ideias;

    4. ser objetivo;

    5. lembre-se de que na argumentao que fundamentamos nossa ideia.

    3. Unidade coerente e coesa entre as ideias

    Um bom texto expressa uma boa relao entre as ideias. Observe que uma boa comunicao aquela em que o receptor reconhece com facilidade o assunto tratado e o posicionamento do emissor. Para tal, o primeiro passo para uma boa redao a unidade entre as ideias. Elas devem estar relacionadas a um foco principal, a uma inteno do comunicador.

    Definindo o primeiro perodo:

    O primeiro perodo fundamental para um bom pargrafo. Lembre-se de que o primeiro passo para que o pargrafo tenha unidade a formulao de uma ideia inicial clara e objetiva. Se a primeira ideia no ficar clara, certamente as demais ficaro comprometidas ou sem relao entre si ou com a ideia central. Exemplo:

    Braslia a capital do Brasil. A cidade muita seca e alguns moradores reclamam disso. A cidade foi construda por um presidente que muita gente sente saudade dele. A cidade tem um lago e muitos parques, mesmo assim existe pouca rea de lazer. Os principais rgos do poder pblico esto em Braslia. Sendo assim, a cidade agrada a uns e no a outros.

    Como voc pde observar, as ideias esto relacionadas a Braslia, porm, no apresentam uma ideia central, uma unidade. Encontram-se apenas informaes soltas sem suporte a um posicionamento maior.

    A primeira ideia apresentada no pargrafo deve ser definida para servir aos propsitos do pargrafo e do texto como um todo.

    Observe o