evanildo bechara: dizer sobre a lÍngua na gramÁtica e no jornal

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EVANILDO BECHARA: DIZER SOBRE A LÍNGUA NAS GRAMÁTICAS E NO JORNAL Thaís de Araujo da Costa (Doutorado – UFF) Orientadora: Profa. Dra. Vanise Gomes de Medeiros “A gramática sobrevive ao tempo. Há varianças, mas seu lugar de instrumento político de regulação da prática linguageira permanece.” (Agustini, 2004, p.47). I. Introdução Em nossa pesquisa de doutorado, do lugar de encontro entre a História das Ideias Linguísticas – Sylvain Auroux (2009a/ 2009b), Colombat, Fournier e Puech (2010), Eni P. Orlandi (2001) e Eduardo Guimarães (2004) – e a Análise de discurso – Michel Pêcheux ([1975]2009) e Eni P. Orlandi (2007c) –, propomo-nos a refletir acerca do funcionamento dos dizeres sobre língua filiados ao nome de autor Evanildo Bechara. Com esse intuito, tomamos como objetos de análise diferentes materialidades produzidas sob distintas condições de produção, a saber: (a) a 1ª. edição da Moderna gramática portuguesa – 1961; (b) a 37ª. edição da Moderna gramática portuguesa – 1999; (c) a 1ª. edição da Gramática escolar da língua portuguesa – 2001; e (d) 110 colunas publicadas no jornal O Dia – de 2010 a 2012. Considerando que Evanildo Bechara é um nome marcante na história do conhecimento linguístico-gramatical brasileiro, tendo contribuído com uma vasta produção bibliográfica produzida a partir da sua inscrição em diferentes lugares sociais (Grigoletto, 2008) – tais como: discípulo de Said Ali, filólogo, gramático, professor de ensino básico, notadamente do Colégio Pedro II, professor do nível superior na 1

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ARTIGO PUBLICADO NOS ANAIS DO SEMINÁRIO INTERNO DO LAS 2014

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Page 1: EVANILDO BECHARA: DIZER SOBRE A LÍNGUA NA GRAMÁTICA E NO JORNAL

EVANILDO BECHARA: DIZER SOBRE A LÍNGUA NAS GRAMÁTICAS E NO JORNAL

Thaís de Araujo da Costa (Doutorado – UFF)Orientadora: Profa. Dra. Vanise Gomes de Medeiros

“A gramática sobrevive ao tempo. Há varianças, mas seu lugar de instrumento político de regulação da prática linguageira permanece.” (Agustini, 2004, p.47).

I. Introdução

Em nossa pesquisa de doutorado, do lugar de encontro entre a História das Ideias

Linguísticas – Sylvain Auroux (2009a/ 2009b), Colombat, Fournier e Puech (2010), Eni P.

Orlandi (2001) e Eduardo Guimarães (2004) – e a Análise de discurso – Michel Pêcheux

([1975]2009) e Eni P. Orlandi (2007c) –, propomo-nos a refletir acerca do funcionamento dos

dizeres sobre língua filiados ao nome de autor Evanildo Bechara. Com esse intuito, tomamos

como objetos de análise diferentes materialidades produzidas sob distintas condições de

produção, a saber: (a) a 1ª. edição da Moderna gramática portuguesa – 1961; (b) a 37ª. edição

da Moderna gramática portuguesa – 1999; (c) a 1ª. edição da Gramática escolar da língua

portuguesa – 2001; e (d) 110 colunas publicadas no jornal O Dia – de 2010 a 2012.

Considerando que Evanildo Bechara é um nome marcante na história do conhecimento

linguístico-gramatical brasileiro, tendo contribuído com uma vasta produção bibliográfica

produzida a partir da sua inscrição em diferentes lugares sociais (Grigoletto, 2008) – tais

como: discípulo de Said Ali, filólogo, gramático, professor de ensino básico, notadamente do

Colégio Pedro II, professor do nível superior na Universidade do Estado do Rio de Janeiro e

na Universidade Federal Fluminense, autor de manuais e compêndios gramaticais, colunista

do Jornal do Brasil em meados do século XX, colunista do Jornal O Dia no início do século

XXI, membro da Academia Brasileira de Filologia e da Academia Brasileira de Letras, único

representante brasileiro nas negociações referentes à implementação do Novo Acordo

Ortográfico da língua portuguesa1 etc. –, passou a interessar ao nosso gesto de leitura

investigar os efeitos produzidos a partir da projeção desses distintos lugares em seu dizer,

mais especificamente no que diz respeito à relação estabelecida entre estes e a função-autor, o

imaginário de língua e a forma de gramática/coluna encontrados nos objetos analisados. Neste

1 Na verdade, o brasileiro Antônio Houaiss foi quem participou da idealização e da elaboração do novo Acordo Ortográfico em 1990. Porém, com seu falecimento, quando em 2007 o então presidente do Brasil Luís Inácio Lula da Silva anunciou seu interesse em que esse acordo fosse efetivamente implementado, a Academia Brasileira de Letras indicou Evanildo Bechara para ser o novo representante brasileiro nas negociações com os representantes-membros das delegações dos demais países envolvidos.

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artigo, temos por objetivo apresentar o percurso traçado e as conclusões preliminares a que

chegamos até o presente momento.

Uma vez constituído os nossos corpora, três questões iniciais de imediato se

impuseram, passando a nortear a nossa leitura, quais sejam:

1. Como esses diferentes lugares se fazem significar nos dizeres filiados ao nome de

autor Evanildo Bechara sobre a língua que nestes é posta como portuguesa, isto é, como os

distintos lugares sociais ocupados por Bechara se projetam no discurso sobre essa língua nele

se fazendo significar?;

2. Como distintos instrumentos linguísticos (Auroux, [1992]2009a) produzidos em

diferentes conjunturas a partir de distintos lugares significam e são significados na história

dos estudos linguístico-gramaticais no/do Brasil?;

3. Tendo em vista a sua inscrição como colunista, como o deslocamento do lugar de dizer

sobre a língua da gramática para o jornal produz efeitos em seu dizer?

Assim sendo, num primeiro momento de nossa investigação, julgamos necessário

fundamentar as bases teóricas que sustentam a nossa pesquisa, propondo, a partir do

dispositivo teórico subsidiado pela AD-HIL, alguns deslocamentos necessários para a

interpretação de nossos objetos. É assim que, a partir das reflexões tecidas por Pêcheux

([1975] 2009), Orlandi (2007c) e Grigoletto (2008), temos pensado o duplo efeito de

determinação entre lugar social e prática discursiva e entre lugar discursivo e prática social.

II. Percurso analítico

Considerando que as práticas discursivas determinam os lugares sociais ocupados pelo

sujeito do mesmo modo que as práticas sociais por ele desempenhadas desses lugares se

fazem significar no seu dizer, temos pensado a produção do gesto de autoria procedido pelo

sujeito-gramático ao dizer sobre a língua na sua relação com o efeito de identidade produzido

para o nome do autor a partir da instauração de um processo de designação (Guimarães, 2005)

que ressignifica no cerne de uma sociedade o nome atribuído pela família – Evanildo

Cavalcante Bechara –, constituindo-o enquanto um nome de autor – Evanildo Bechara ou,

simplesmente, Bechara. Nesse ponto, a partir de Foucault (2006), temos pontuado, ainda, o

efeito de dupla determinação entre o nome do autor e os dizeres a ele filiados – aquele produz

sentidos sobre estes, impondo-lhes determinadas leituras, do mesmo modo que estes, isto é, a

leitura a partir deles depreendidas, produzem sentido naquele.

A partir da noção de instrumento linguístico, conforme trabalhada por Auroux (2009a),

Colombat, Fournier e Puech (2010) e Orlandi (2001), tomamos a(s) língua(s) cuja descrição

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se supõe encontrar nas gramáticas e nas colunas como construções imaginárias (línguas

imaginárias, v. Orlandi, 2008a) e temos proposto ainda uma reflexão, mobilizando a noção de

discurso sobre (Orlandi, ibidem) e de acontecimento linguístico (Orlandi, 2001), acerca da

relação entre o gesto de autoria procedido pelo sujeito gramático sob determinadas condições

de produção, a forma de gramática / coluna e o imaginário de língua produzidos quando desse

gesto.

Entendemos que a produção da gramática/coluna e a da língua (imaginária) que nesses

espaços comparece caminham juntas e estão associadas a uma determinada função-autor

(Orlandi, 2007c). Contudo, no que diz respeito às gramáticas, devido ao funcionamento do

discurso sobre, esse processo de produção é apagado, produzindo uma ilusão de completude

do seu dizer sobre a língua que se sustenta e se legitima no que Dias (2001) chama de efeito

de idiomaticidade. A língua significada como idioma de uma nação impõe, conforme o autor,

um imaginário de unidade que, a nosso ver, corrobora o efeito do discurso da gramática

enquanto discurso sobre.

Compreender as gramáticas como da ordem da modalidade do discurso sobre implica,

portanto, considerar que elas falam sobre o seu objeto (a língua) como se dissessem do seu

lugar próprio. Como efeito, esse deslocamento do lugar de onde se fala produz o

silenciamento da heterogeneidade constitutiva da língua brasileira (Orlandi, 2009), de modo

que o discurso gramatical – instituído como A Gramática – passa a funcionar como-se-fosse

(Orlandi, 2008a, p. 44) tudo o que pode ser dito sobre a Língua Portuguesa do Brasil,

apagando-se, para que prevaleça como a interpretação de um lugar ‘universalizado’, a

materialidade das suas condições de produção.

Posta essa relação entre língua, instrumentos linguísticos, discurso sobre e gesto de

autoria, fomos levados a (re)pensar, para melhor compreendermos as condições de produção

em que foi publicada a primeira edição da Moderna gramática portuguesa (MGP), o processo

de historicização do português no/do Brasil instaurado a partir do final do século XIX, mais

especificamente no que diz respeito ao relacionamento entre os processos de gramatização

(Auroux, 2009a) e de disciplinarização (Orlandi, 2008a; Dezerto, 2013) dos conhecimentos

sobre essa língua. Nesse momento, como pontua Orlandi (2002), houve o deslocamento do

lugar de produção do conhecimento sobre a língua nomeada portuguesa de Portugal para o

Brasil, instituindo-se, assim, o lugar de autoria do gramático brasileiro.

Como colocamos inicialmente, as noções de lugar social e discursivo são

fundamentais à análise que nos propomos a depreender. Entendemos lugar social, tal como

propõem Orlandi (2007c) e Grigoletto (2008), como o lugar que ao sujeito é determinado

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ocupar na sociedade, ressaltando que um sujeito pode ocupar mais de um lugar social – o de

gramático, o de colunista, o de linguista etc. Já a noção de lugar discursivo para nós,

diferentemente do que propõe a última autora, diz respeito, no que tange ao gesto de autoria,

ao conjunto de diferentes imagens projetadas no discurso de e a partir de um ou mais de um

lugar social, as quais representam os posicionamentos possíveis de serem assumidos pelos

sujeitos da enunciação. Isto significa dizer que, em nossa reflexão, estamos considerando,

partindo da proposta de Indursky (2006-2008) de fragmentação da forma-sujeito (Pêcheux,

ibidem), que, em uma dada Formação Discursiva (Pêcheux, [1975] 2009), há diferentes

lugares discursivos e que é através destes, mais especificamente, dos posicionamentos neles

comportados, que o sujeito irá se relacionar com a forma-sujeito e, por conseguinte, com a FD

por ela organizada.

É, pois, sob essa perspectiva, que, tomando o que pontua Grigoletto (2008), pensamos

o “duplo efeito de determinação” entre lugar social e prática discursiva e entre lugar

discursivo e prática social. Os diferentes lugares sociais ocupados pelo sujeito produzem

efeito, ao se projetarem no discurso, na prática discursiva do mesmo modo que esta determina

os lugares sociais a serem ocupados pelo sujeito e, portanto, as práticas sociais a estes lugares

veiculadas.

Sendo assim, considerando o fazer gramatical enquanto prática discursiva e levando

em consideração que a gramática produzida no Brasil do final do século XIX até meados do

século XX exercia quatro funções – era um instrumento normativo (tendo em vista que, ao

prescrever determinados usos e proscrever outros, impunha um efeito de imutabilidade à

língua), pedagógico (dado o seu emprego recorrente nas escolas, produzindo o efeito de

homogeneidade linguística), científico (visto que, para produzir conhecimento sobre a língua,

precisavam estar filiadas às teorias em voga na Europa, em especial às de orientação

historicista) e político (uma vez que atuavam ao lado do Estado no processo de

constituição/firmação da identidade nacional) –, consideramos haver nesse período um efeito

de sobreposição entre processo de gramatização e de disciplinarização e, tendo em vista,

como pontuam Medeiros e Pacheco (2009), que é a inscrição do sujeito no lugar de professor

que a esta época institui/legitima a sua prática como gramático, e a sua inscrição no lugar de

gramático, filiado à orientação dita comparativista, que legitima a sua prática enquanto

professor, propomos a designação do lugar de autoria do gramático instituído nesse momento

no Brasil como lugar do gramático-professor.

Pensar o funcionamento da função-autor instaurada nesse primeiro momento da

gramatização/disciplinarização do português do/no Brasil fez-se de extrema importância para

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compreendermos a tensão existente entre a Gramática Expositiva de Eduardo Carlos Pereira,

cuja primeira edição foi publicada em 1907 e a última em 1950, e a primeira edição da

Moderna Gramática Portuguesa de Bechara, isto é, entre as duas formas de autoria nelas

engendradas. Bechara havia sido convidado para adaptar a gramática de Pereira à

Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), mas quando entregou o primeiro capítulo por

ele (re)formulado, foi reconhecido não como um adaptador, mas como o autor de uma outra

gramática. E isso porque, como propõe Orlandi (2002), neste encontram-se distintos o que em

Pereira não está, ou seja, o lugar de produção de conhecimento sobre a língua e o lugar de

transmissão deste sob a forma de saber da língua.

Com a implementação da NGB e a projeção da chamada ciência linguística no Brasil,

distinguem-se, então, em conformidade com Oralndi (ibidem), o lugar do linguista e o do

gramático, desfazendo-se, assim, a sobreposição entre processo de gramatização e de

disciplinarização que pontuamos anteriormente. A autoridade sobre a produção do

conhecimento linguístico antes da alçada deste é passada para aquele, de modo que às então

chamadas gramáticas normativas passa a não caber mais a produção do conhecimento

científico sobre a língua, mas a didatização desse conhecimento visando à sua transmissão no

ensino.

Desse modo, considerando com Orlandi (ibidem) que a função-autor está

estreitamente relacionada à forma de gramática e à língua que nela comparece, temos

buscado, em nosso gesto de leitura, compreender os efeitos produzidos no dizer do gramático

sobre a língua a partir dos deslocamentos ocorridos em função desses dois acontecimentos.

Mobilizando as noções de acontecimento discursivo (Pêcheux, 2006) e censura

(Orlandi, 2007a), entendemos que a terminologia oficial passa a regular a memória do

discurso gramatical brasileiro, determinando o que (não) pode e (não) deve comparecer no

corpo das gramáticas e restringindo, assim, o gesto de autoria do sujeito gramático, que, para

dizer da língua nesse espaço, é impelido a se identificar aos sentidos pela terminologia oficial

instituídos. Nesse ponto, caracterizamos, ainda, com Baldini (1999), o discurso da NGB como

um discurso fundador (Orlandi, 2003), no sentido em que a partir da reestruturação da

memória do discurso gramatical brasileiro, rompe com determinadas regiões de sentido, as

quais são silenciadas, e elege uma outra, legitimando-a e, com isso, fundando memória. A

NGB, assim, quando da sua significação na história da produção do conhecimento linguístico-

gramatical brasileiro, serve-se do já-dito, para instaurar uma nova ordem de sentidos, a qual, a

partir de então, passa a se colocar como a única memória possível para o discurso gramatical

brasileiro. É, pois, nesse sentido que, temos pensado a aproximação entre o discurso da NGB

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e a tradição gramatical por ela instalada, entendendo tradição, a partir de Colombat, Fournier

e Puech (2010), como o conjunto de técnicas (nomes, sentidos, descrições, modos de dizer

sobre a língua de um determinado lugar num determinado tempo) que se naturalizam como

próprias a uma determinada prática. Nesse sentido, pontuamos ainda que, estando a gramática

brasileira, como propõe Pereira Dias (2012), filiada em sua constituição à gramática clássica e

à gramática portuguesa e também a outras formas de saber sobre a língua, a NGB passa a

funcionar como uma mediadora entre essa memória e o que (não) pode/deve comparecer no

corpo da gramática, tornando-se a própria tradição gramatical, ou seja, uma memória oficial

(Orlandi, 2007b) que se coloca como tudo o que pode ser dito do lugar da gramática sobre a

língua.

Desse modo, considerando que a NGB se significa a partir daquilo que silencia, assim

como pontuamos em nossa dissertação de mestrado (Costa, 2010), entendemos que, embora a

partir da sua implementação tenha sido criada uma nova FD (FD pós-NGB) à qual, por

imposição do interdiscurso no seu funcionamento como pré-construído (Pêcheux, [1975]

2009), os sujeitos gramáticos passam a ter que se filiar, as demais FDs (FDs pré-NGB) por ela

silenciadas continuaram a fazer parte da memória do discurso gramatical brasileiro e nele,

apesar de estarem interditadas, continuaram a produzir sentido. Dada, então, essa necessidade

que se coloca de comparecimento do que impõe a NGB no corpo da gramática, designamos, a

partir do que propõe Baldini (2009), a função-autor que se instaura nesse momento como

lugar do gramático-comentarista.

A noção de comentário, tal como proposta por Foucault (2007), embora coloque como

condição a repetição do mesmo, isto é, no caso das gramáticas pós-NGB, dos sentidos

tornados oficiais, também coloca como possibilidade, nesse movimento de repetição, o

comparecimento de sentidos outros. Assim, tomando como lugar de entrada inicial o prefácio

da primeira edição da MGP, temos buscado depreender como se dá a relação entre o mesmo e

o diferente, entre paráfrase e polissemia no dizer de Bechara sobre a língua. Em nossa análise

do prefácio, tal relação se colocou como uma tensão entre o que é posto como tradição

gramatical e o que se coloca como “modernos estudos da linguagem”. Foi então que,

adotando o trajeto temático (Guilhaumou; Maldidier, 2010) como dispositivo de leitura,

adentramos o corpo da gramática, em busca dos significantes que, filiados a esses dois eixos

temáticos, promoviam a manutenção/(re)atualização dessa tensão. Como têm demonstrado as

análises depreendidas por nós até o presente momento, esta comparece ao longo de toda a

gramática, produzindo efeitos na forma da gramática (no título, na definição da função da

gramática, na organização dos capítulos, na abordagem dos conteúdos etc.) e no imaginário de

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língua que nela comparece.

No que diz respeito à forma de gramática, o dizer sobre a língua desse lugar é

atravessado pelo discurso científico, de modo que depreendemos o que chamamos de um

duplo efeito de ruptura e manutenção. Devido à imposição da NGB, para dizer da língua na

gramática, faz-se preciso romper com os sentidos filiados à tradição gramatical anterior e

filiar-se aos sentidos instituídos/legitimados pelo discurso oficial. No entanto, na primeira

edição da MGP tal imposição é contornada a partir da mobilização do argumento do novo,

compreendido nessas condições como um argumento de cientificidade (Orlandi, 2001-2002).

Aqui é preciso colocar que também a NGB para se instituir lançou mão desse argumento,

mas, ao ser significada na história da produção do conhecimento linguístico-gramatical

brasileiro, ela passou a ser tomada, como temos proposto, como tradição gramatical voltada

principalmente para o ensino.

Assim é que, na primeira edição da gramática de Bechara, instaura-se um segundo

movimento de ruptura, agora em relação ao que é posto como tradição, em prol de uma

abordagem que leve em conta “os modernos estudos da linguagem”. Já no prefácio a análise

dos procedimentos parafrásticos colocou para nós a polissemia que recobre essa expressão,

ora associada, a partir dos nomes linguística americana e estudos fonêmicos, ao chamado

estruturalismo, ora associada, a partir do que se tem por estudos estilísticos e da citação de

nomes de autor como o de Said Ali, aos chamados estudos filológicos.

As análises depreendidas até aqui têm sugerido que a tensão entre o que se coloca

como modernos estudos da linguagem e o que se coloca como tradição no prefácio é retomada

na definição de gramática como arte e ciência e se faz significar não só a partir do

comparecimento de termos não instituídos/previstos pela NGB e em capítulos teóricos em que

são mobilizados nomes de autores filiados à chamada linguística moderna, mas também no

corpo da gramática, quando após uma regra, comparece um comentário em que se legitima a

transgressão dessa regra.

Assim sendo, parecem distinguirem-se, na forma de gramática da primeira edição da

MGP capítulos estritamente teóricos e capítulos normativos, em que por vezes comparece um

comentário teórico. Naqueles a diferença comparece no corpo da gramática a partir da filiação

a sentidos filiados ao discurso que se coloca como científico. Nestes a diferença comparece à

margem das regras em observações e notas de rodapé, isto é, à margem do dizer oficial.

No que concerne ao imaginário de língua que comparece na primeira MGP,

depreendemos nesse lugar de dizer sobre a língua (lugar do gramático-comentarista) duas

posições-distintas. A primeira, filiada ao lugar do português que fala sobre a sua língua,

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comparece em três lugares: (1) na seção em que se define o que se entende por língua,

produzindo um imaginário de língua portuguesa como instrumento que serve a diferentes

povos – Portugal, Brasil e colônias ultramarinas – e que nos foi deixada pelos portugueses

como “traço de civilização”, como “patrimônio cultural”; (2) nas seções que dissemos serem

mais teóricas, associadas a um posicionamento dito purista sobre a língua, em que o que se

coloca como falar dos brasileiros é significado como da ordem do erro; e (3) nas seções

prescritivas no lugar da norma, da regra.

A segunda, filiada a um lugar do brasileiro que fala sobre a sua língua, comparece em

dois lugares: (1) nas seções teóricas, produzindo um efeito de distinção, embora ainda a partir

de um imaginário de unidade linguística entre Brasil e Portugal, entre o que é posto como

pronúncia brasileira e pronúncia lusitana, as quais são significadas como possibilidades

estético-expressivas; e (2) nas seções prescritivas como comentários à margem das regras.

Em nossa reflexão, temos proposto que a primeira posição, filiada ao lugar do

português e atribuída ao que se tem por A Gramática, materializa, ainda, o posicionamento do

que, no prefácio da primeira edição da MGP chama-se de “tradição secular” e a qual dissemos

ser mediada pelo discurso da NGB. A segunda posição, diferentemente, lançando mão da

legitimidade que lhe é atribuída pelo argumento de cientificidade, estaria filiada ao que se tem

como linguística moderna, a qual, como dissemos, diz respeito tanto aos sentidos que se

colocam no Brasil com a assunção da chamada ciência linguística, como aos sentidos

silenciados pelo discurso da terminologia oficial.

III. Conclusões preliminares e perspectivas de análise

Para Orlandi (2002), a relação com a chamada ciência Linguística se materializa na

primeira edição da MGP a partir das citações de linguistas estrangeiros reconhecidos, como

Sapir, Malberg, Bally, entre outros. Para nós, como temos depreendido em nossas análises,

além dos linguistas estrangeiros, comparecem também citações de linguistas brasileiros, como

Mattoso Câmara Jr e, a partir do que chamamos de deslocamentos dos sentidos filiados ao

domínio da filologia para o da linguística, Said Ali, Martinz Aguiar, entre outros. Essa rede de

filiações que se estabelece na gramática de Bechara a partir do mecanismo de citação, a nosso

ver, não só reafirma e legitima o lugar dessa ciência enquanto detentora da autoridade sobre a

produção do conhecimento linguístico, bem como a sua função enquanto patrocinadora do

saber do gramático, constituindo-se como um modo de resistência à imposição do discurso

oficial, como também produz uma fissura na forma da gramática a partir da oscilação entre

seções teóricas e prescritivas, em que se alterna a predominância de posições ora mais

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identificadas à forma-sujeito que organiza a formação discursiva instituída com a NGB, ora

dela mais distante, ou, ainda, pelo funcionamento do interdiscurso como discurso transverso

(Pêcheux, [1975] 2009), ora filiadas a outras formações discursivas, como ocorre quando são

mobilizados dizeres filiados à chamada linguística moderna, na sua relação com distintas

formas de saber.

Publicada num período de interpretação (Baldini, 2009) dos sentidos chamados

oficiais e, portanto, de transição de uma forma de autoria para a outra, a primeira edição da

MGP traz a diferença na sua materialidade. É, pois, nesse sentido que entendemos que a

função-autor engendrada na primeira edição da MGP, bem como a constituição do nome de

autor Evanildo Bechara, é atravessada por diferentes dizeres sobre a língua. Essa

heterogeneidade, no entanto, é silenciada pelo efeito de harmonia entre as partes (Dias, 2001)

produzido a partir do gesto de interpretação do sujeito ao se significar como autor. Silenciam-

se assim as diversidades recobertas pelos nomes tradição e linguística moderna, arte e ciência,

bem como, ao trazer via discurso da estilística para o corpo gramatical o que com Agustini

(2004) chamamos de desvios estéticos-expressivos, a diversidade na língua e das línguas

presentes no espaço de enunciação brasileiro (Guimarães, 2005), projetando, com isso, a

ilusão de completude (Dias, op. cit.) do dizer da gramática sobre a língua. Contudo, apesar

desse silenciamento, acreditamos, como estamos tentando comprovar em nossa investigação,

que a heterogeneidade constitutiva da língua, da gramática e do sujeito-gramático faz-se

significar de diferentes modos no dizer do gramático sobre a língua.

A partir dos resultados alcançados nesse esboço inicial de análise, passamos a

(re)pensar os demais objetos que constituem os nossos corpora. De acordo com Dias e

Bezerra (2006, p. 15), na 37ª. edição da MGP houve “uma substancial modificação, guiada

por orientações advindas da linguística moderna”, que promoveu o rompimento com aquilo

que era tido como o “padrão tradicional de gramática”. Já Pereira Dias (2009) assinala a

existência nesta edição em relação à primeira de uma tensão presente na capa/contracapa entre

o mesmo (nome do autor – Evanildo Bechara –; título do compêndio – Moderna Gramática

Portuguesa; movimento das (re)edições – da 1ª. à 37ª.) e o diferente (subtítulo – Curso médio

e Edição Revista e ampliada –; editora – Nacional e Lucerna –; outra cidade – São Paulo e

Rio de Janeiro).

O efeito de mesmo nos parece ser corroborado ainda pelo comparecimento na 37ª dos

prefácios referentes a essas duas edições. No prefácio da 37ª, apaga-se a referência à NGB e

afirma-se tratar-se de um “livro novo”, amadurecido pela “leitura atenta dos teóricos da

linguagem”. Esse efeito de amadurecimento é significado, posteriormente, como atualização e

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enriquecimento: “atualização no plano teórico da descrição do idioma e enriquecimento por

trazer à discussão e à orientação normativa a maior soma possível de fatos gramaticais”

(Bechara, 1999, p. 19), o que nos faz pressupor que ainda há nessa edição o atravessamento

entre saber descritivo e normativo. Tal pressuposição é corroborada pela citação, já no

prefácio, de determinados nomes de autores. Ao lado dos nomes mobilizados na primeira

edição (notadamente Said Ali e Mattoso Câmara Jr.), outros comparecem, tais como: Mário

Barreto, Epifânio Dias, Herculano de Carvalho e Eugênio Coseriu – os dois primeiros,

significados como “melhores estudiosos de língua portuguesa”, o terceiro como “ilustre

colega de reflexão linguística” do quarto, e o quarto, “teórico profundo e admirado”. A partir

da citação desses nomes, coloca-se, ainda, uma situação de aparente manutenção da relação

estabelecida, na primeira edição da MGP, entre os estudos desenvolvidos no Brasil pré-NGB e

os estudos filiados à chamada ciência linguística.

Além disso, na 37ª. o espaço de circulação da gramática não é colocado, apenas se diz

que ela é destinada aos colegas do magistérios e pesquisa, alunos (De onde? Da escola? Da

universidade?) e público estudioso de língua portuguesa. No prefácio da Gramática escolar

(2001), no entanto, coloca-se que esta se destina à atividade do professor e ao preparo dos

alunos das últimas séries do ensino fundamental e de todo o ensino médio, por isso nela, em

nome do que se toma por “boa didática”, oferece-se “ao leitor o maior número de

informações”, acompanhado de partes expositivas e inúmeros exercícios. Há ainda nesse

prefácio a atribuição de um sentido de falta à Gramática escolar a partir da sugestão ao leitor

de que consulte a Moderna gramática caso sinta a necessidade de se aprofundar em algum

assunto.

A especificação do público e do espaço de circulação da Gramática escolar, bem

como a sugestão de consulta à MGP e a inclusão de colegas de pesquisa no prefácio da 37ª

edição desta, a nosso ver, diz o que no prefácio da 37ª. não é dito, isto é, que esta edição não é

voltada para o ensino básico, mas para o superior, tendo como local de circulação as

universidades e não as escolas.

Diante disso, impuseram-se novas questões à leitura que ainda pretendemos

desenvolver: 1) se, como tem sugerido a nossa análise, por encontrar-se num período de

transição em que ainda se distinguiam os saberes filiados ao lugar da gramática e ao lugar da

linguística e por ser voltada para o ensino na instituição escolar, a primeira edição da MGP

tem uma estrutura cindida pelos sentidos inscritos nessas duas formas de saber, como se faz

significar na 37ª o atravessamento entre esses dois lugares, uma vez que esta diferentemente

daquela não sofre (ou pelo menos não deveria sofrer) determinação do discurso da NGB?; 2)

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O que significa na 37ª. edição da Moderna estudos linguísticos?; 3) Como nela se articulam

os estudos brasileiros pré-NGB e aqueles que são filiados à ciência linguística tal como

formulada a partir do século XX?; 4) o que se coloca como estudos normativos e onde eles

comparecem?; e 5) Quais os efeitos produzidos no dizer do gramático na 37ª. edição a partir

do deslocamento do local de circulação da escola para a universidade?

Em outras palavras, na continuação desta pesquisa, pretendemos investigar a forma de

relação estabelecida entre função-autor, forma de gramática e imaginário de língua presente

na 37ª. edição e na Gramática escolar, pensando ainda como se dá o comparecimento de

sentidos filiados ao que se coloca como da ordem do científico e do normativo. Uma vez que

a 37ª. edição não tem por finalidade o ensino na instituição escolar, pressupomos que a

função-autor nela engendrada distingue-se daquela que comparece na primeira edição em

função da aparente não determinação pelo discurso da NGB. Quanto à Gramática escolar, a

investigação buscará depreender até que ponto há manutenção/ruptura entre o que se diz sobre

a língua nas outras gramáticas e o que nela comparece, analisando também os efeitos da

imposição dos sentidos instituídos pela NGB quarenta anos após a sua implementação.

Por fim, no que tange às colunas, além da depreensão do funcionamento desses

espaços de se dizer sobre a língua no jornal e da sua relação com o discurso gramatical, isto é,

dos efeitos produzidos a partir do deslocamento do lugar de se dizer sobre a língua da

gramática para o jornal, interessa-nos ainda investigar especificamente os efeitos produzidos

pelo imaginário de língua que nesses espaços é significada não mais como patrimônio cultural

que nos foi deixado por Portugal, mas, aparentemente em conformidade com o imaginário

que sustenta e é sustentado pela CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa)

(Branco, 2013), como “patrimônio político e cultural compartilhado entre nações”.

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