exegese do salmos 126
TRANSCRIPT
Exegese do Salmos 126: 1-6 (perícope)
Por: Alexandre da Silva Chaves
Análise textual Texto e tradução
Psalm 126:1-6
!AY=ci tb;yvi-ta, hw"hy>â bWvåB. tAlï[]M;ñh;( ryv 1i
za'â hN"rIñ WnnEáAvl.W éWnyPi qAxf. aleçM'yIza'Û 2`~ymi(l.xoK. WnyyIh'÷
`hL,ae(-~[i tAfï[]l; hw"©hy>÷ lyDIîg>hi ~yI+AGb; Wråm.ayO
`~yxi(mef. WnyyIh' WnM'[i tAfï[]l; hw"hy>â lyDIäg>hi 3
`bg<n
Tradução do salmos 126: 1-6
Canto das subidas
1 Ao retornar YHWH o cativo[1] de Sião, estávamos como os que sonham,
2 então, foi enchida de riso nossa face e nossa língua de grito de júbilo. Então disseram entre as nações: realizações grandes YHWH fez com estes.
3 Realizações grandes YHWH fez conosco, estamos alegres.
4 Traz de volta YHWH os nossos cativos, como as correntezas no Negueb.
5 Os que semeiam em lágrimas, com gritos de júbilos colherão.
6 Certamente o que caminha e chora, carrega a bolsa da semente; certamente voltará, em gritos de júbilos carregando os feixes dele.
Crítica textualO versículo 4 deste salmo é de grande discussão a partir da palavra
hbv, Schokel, justifica a sua tradução “mudar a sorte” mantendo no
versículo1 tyib:vi como aramaísmo e lendo tb;wvi com btk}i
no versículo 4, alcançando a fórmula fixa e freqüente bWv tbWv –
“mudar a sorte”[2].
Comparação de possibilidades de traduções
BJ – (Bíblia de Jerusalém)[3] V. 1 – Quando Yahweh fez voltar os exilados de Sião, ficamos como quem sonha:TEB - (Ecumênica)[4] V. 1 – Na volta do Senhor com os que voltavam a Sião, pensávamos
estar sonhando,
VULGATA (Latim)[5] V. 1 – Cum converteret Dominus captivitatem Sion facti sumus quasi
somniantes,
ALMEIDA - (Almeida, Corrigida e Atualizada)[6]. V. 1 – Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como
quem sonha,
NVI - (Nova Versão Internacional)[7]. V. 1 – Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como
um sonho.
Análise literária
Gênero literárioO documento tem sido classificado como pertencendo à categoria de
cantos de ação de graças de Israel (Kraus, (?), p. 440). O próprio título deste
salmo, “cantos de degraus ou de subidas”, delineia o próprio gênero que ele
possui; e é a partir daí que ele aparenta rodear um tema e desenvolve-lo
repetindo e variando. “Eles parecem estar girando lentamente diante de nós,
são peças de tempo moderado, apresentando-nos facetas semelhantes [...]”,
ainda de acordo com Luís Alonso Schokel que afirma: “[...] não pretendem
inculcar uma idéia, porque inculcar é a atividade retórica, e essa peça (salmo
126) é lírica. Busca-se penetrar a sua mensagem suavemente e apagar-se,
deixando soar suas sugestões” (Schokel & Carniti, 1998, p. 1453). No salmo
126 recorda-se o desterro e celebra-se a repatriação de um povo.
Gerstenberger classifica o salmo 126 como lamento individual. “Nós
podemos imaginar que o salmo fosse cantado nas adorações das estações,
durante o período pós-exílico” (vl.1, p.14; vl.2, p. 343). Este documento foi
incluído na coleção de cantos de peregrinações por causa de seus sentimentos
espirituais expressivamente denso. Mowinckel nos apresenta outras
possibilidades de leitura; considera os salmos 85 e 126 como de oração,
“podendo naturalmente ser interpretados como orações por paz e um ano feliz,
pertencendo provavelmente ao festival da colheita e ano novo [...]
especialmente o salmo 126” (Mowinckel, 1983, p. 191). É bem mais natural
tomar a noção de semear e ceifar como referências para a vida real, e não
meramente como uma metáfora para a “salvação” em geral, a esperança pela
restauração (1983, p. 223).
É muito difícil um salmos ter em seu gênero caráter escatológico. Mas isso acontece em certos salmos, no festival da colheita e na festa dos tabernáculos, como os salmos 126 e 85, e em alguns salmos de lamentação e oração pela congregação, mais do que nos hinos de entronização propriamente. (Mowinckel, 1983, p. 191).
Desta forma observamos que a discussão se amplia ainda mais a partir
da proposta de Mowinckel, a qual deixa aberta uma possível leitura do salmo
126 como uma oração com a possibilidade de absorver o caráter escatológico.
No festival se poderia orar pedindo a YHWH que derrama-se as suas bênçãos
(escatológicas) sobre a terra daquele que chora enquanto semeia, a fim de que
o seu nome (YHWH) seja glorificado na colheita. Gerstenberger ao contrário
afirma ser lamento individual, refletindo-se o drama social que é vivido pelo seu
povo; enquanto que para Lipinski o salmo 126 emparentado ao 137 é
considerado como cantos de Sião, desenvolvendo a temática da presença e da
proteção de YHWH, na guerra ou na paz.
Estrutura poéticaMacroestruturavv. Tradução Terrier, p. 825. (Allen, p. 172). (Gerstenberger, V. II, p. 339)
1
Canto das subidas
1-3 – Se relaciona ao passado
I
1a – Canto de
subida/endereço
IAo retornar YHWH o cativo de Sião,
estávamos como os que sonham,
1b-3 – Alegria pelo primeiro retorno
I 1b-3 – prece de libertação
II
2então, foi enchida de
riso nossa face e nossa língua de grito
de júbilo.3 grandes YHWH fez
4
Traz de volta YHWH os nossos cativos, como
as correntezas no Negueb.
4-6 – Súplica pelo retorno total e nova prosperidade
II
4 – Um pedido em nome da comunidade
II
4 – pedido/petição
III5 Os que semeiam em
5-6 – Pode ser uma promessa profética
III
5-6 – canção do fazendeiro
IV6
Certamente o que caminha e chora,
carrega a bolsa da semente;
certamente
voltará, em A primeira parte do salmo é reconhecida como endereço, tanto Terrier
como Gerstenberger concordam nesta posição, somente Allen apresenta o
endereço do salmo e sua primeira divisão deste esquema como sendo únicas.
De acordo com Schokel o salmo 126 começa com subordinada e principal, de
modo que contempla um momento temporal que pode ser mentalizado próximo
ao compositor. Existe uma explosão de gozo indizível e uma alegria
extraordinária ante um ocorrido de salvação perante um mal que é vívido ao
poeta. Aqueles que não servem a YHWH reconhecem a sua ação a favor de
seu povo (corroboram os textos de Sl. 98: 2; Is. 52: 1; Sl. 42: 10-12; Sl. 102:
16). Existe um pedido, que é reconhecido por todos os autores do esquema
acima, que pode ser entendido como uma súplica por aqueles que
permaneceram na desgraça, são aqueles que não alcançaram os degraus do
templo, “Traz de volta YHWH os nossos cativos”. E por fim todos os três
autores dos esquemas de estrutura acima, compreendem de modo distinto a
última parte deste salmos. Terrier interpreta como uma promessa de
prosperidade, enquanto que Allen interpreta como uma promessa profética, e
Gerstenberger compreende como uma canção de um fazendeiro. Para
comparar e explicar outra possibilidade, Schokel e Carniti trabalham com a
idéia de duas imagens, tanto nas torrentes do Neguev ( bgN) quanto na
figura do agricultor.
Num território de paramos e desertos, como o Neguev, uma chuva breve e intensa pode encher os leitos de correntes torrenciais; a água pode fertilizar zonas desérticas, como descreve Jó 38. ( Schokel & Carniti, 1998, p. 1493-1494).
Entendendo, que do mesmo modo, se encherão os leitos de Judá com o
número dos repatriados, do cativeiro.
A segunda imagem que é a da fadiga do semear se contrapõe ao gozo
da colheita. O semear exigia um sacrifício de “se tirar o pão da boca para obter
semente” (Schokel & Carnit, 1998, p.1494); o salmo sobrepõe à imagem
trágica do desterro, a angústia dos trabalhadores rurais; o texto não fala do
suor que gera o trabalho pesado do campo, mas sim estranhamente de
lágrimas ao semear. Mais uma vez Schokel afirma que os verbos “ir” e “voltar”
apontam nessa direção de uma contraposição de duas imagens distintas na
vida de um único povo.
Afirma Schokel & Carniti:
A imagem é expressiva no seio da cultura agrária elementar e recobre emotivamente a recordação triste desde o presente feliz. Aquela marcha penosa não foi estéril; foi um semear custoso para uma colheita tanto mais gozosa e abundante quanto mais diferida. Mas símbolo
não se esgota aí: é zr´ é semente vegetal e também estirpe humana; um significado que exploram autores diversos, por exemplo: Jr. 31: 27; Os. 2: 25; Lv. 12: 2; Is. 65: 9. (1998, p. 1494).
Ainda o mesmo autor considera o símbolo aberto a ser interpretado, de
modo a expressar qualquer obra que se empreende e se leva a termo, que se
realiza com fadiga e se desfruta com gozo.
FilologiaRetornar (bWv)
bWv ocorre 1050 vezes no Antigo Testamento. Na forma Qal,
acontece 206 vezes nos profetas e 113 vezes no Pentateuco. Entre os profetas
essa forma é dividida aparecendo 78 vezes em Jeremias; 19 vezes em Oséias;
14 vezes em Zacarias; 15 vezes em Daniel; 37 vezes Ezequiel; 32 vezes em
Isaias; 6 vezes em Amós; 5 vezes em Malaquias.
No Pentateuco aparece 41 vezes em Gênesis; 18 vezes no Êxodo; 12
vezes no Levítico; 21 vezes em Números e 21 vezes em Deuteronômio.
Nos escritos Sapienciais é menos freqüente, sendo 19 vezes em Jó; 8
vezes em Provérbios; 10 vezes em Eclesiastes; 14 vezes em Siraque. As 41
vezes que aparece em Salmos não revelam nenhuma concentração óbvia. O
uso no Qal é dominado pelo movimento físico de virar em si mesmo, retornar.
O sentido Teológico de bWv em Qal
Uma pessoa pode retornar a Deus, virar-se contra o mal, virar-se contra
Deus, abandonar o pacto, Deus pode se virar para Israel, retornar a Israel ou
retirar-se de Israel. O verbo bWv é usado na concretização, na petição
(voltar) no argumento por restauração.
Cativo (hbv)Em conexão com redimir – As referências ao cativeiro de judeus e a sua
escravidão invocam uma questão legal, de acordo com o uso do verbo lag (Gâl),
'redimir' em conexão com a razão da liberação do cativeiro (Lv. 25:47-54; Is. 49:24ss;Jr.
50:51; Sl. 106).
Esdras e Neemias – Em alguns textos tardios palavras como: captura e
cativeiro, quase tornam-se termo técnicos para o exílio Babilônico e são usadas
quase sem conotação teológica.
Júbilo (hNr)O seu uso em conexão com a explosão de alegria, pode ser entendido
no sentido de ‘alegria, exultação’; e está concentrado nos Salmos (aparecendo
34 vezes) e no livro de Isaias. O seu uso aparece também em Levítico,
Deuteronômio, 1 e 2 Crônicas e Jó, sendo 4 vezes em cada livro; em
Provérbios aparece 2 vezes; em Jeremias aparece 3 vezes; Sofonias 2 vezes e
Zacarias 2 vezes.
Os tempos verbais no Salmos 126 tem sido assunto de muita discussão,
mas o uso de Jubilar (hNr) nos versículos 5 e 6, e também no 2 neste
Salmo (o qual também tem afinidades com deutero Isaias), pode ser
claramente incluído no aspecto de antecipação de um futuro salvífico.
Confiante nesta salvação antecipada o salmista já pode alegrar-se.
Neguev (bgN)
O uso simbólico de bgN, encontrado mais freqüentemente nos
profetas, está conectado ao fato de ser uma região árida e rude no sul. Isaias
apresentou o Neguev como uma terra temerosa, descrevendo-a como uma
“terra de horror” e simbolizando a origem de violentas tempestades. Tão
desprovido de água era o Neguev que a rara chuva era usada como uma figura
de descanso por parte de YHWH, conf. VanGemeren, W. A., (126:4).
Semente ([r;Z)De acordo com Ageu 2:19 a reconstrução do tempo trará fertilidade,e a
semente no celeiro não diminuirá cf. Sl. 126:6; a expressão não ocorre em Joel
4:18 e Levítico 26: 5 que contém promessas similares.
O uso metafórico do verbo – Um grupo de passagem nas quais o verbo
é usado metafóricamente, falam do estilo da literatura sapiencial usando os
termos semear e colher, para descrever a conexão entre uma ação e suas
conseqüencias, quase sempre com más conseqüencias em vista. (Os. 8:7,
10:12; Jr. 4:3, 31:27; Jó. 4:8; Pv. 11:18, 22: 8; Gl. 6:7). Esse grupo também
inclui a promessa no salmo 126:5. O ritual de chorar no tempo da semeadura
pode ser atestado no Sl. 126:5 e Os. 8:1-4, 7.
Análise contextual
AutoriaOs cantos de subida foram aparentemente coletados juntos, não porque
todos pertencessem ao mesmo gênero de hinologia, mas porque eles eram
usados pelos peregrinos da diáspora durante o período persa. Os peregrinos
cantaram enquanto marchavam para o novo santuário de YHWH, no monte
Sião. (Terrier, 2003, p. 825). Portanto improvável a autoria davídica no salmo
126, por ser sua composição de data posterior ao reinado davídico, e imprecisa
a definição de sua autoria.
DataçãoA dispersão judaica ocidental é atestada no período persa pelos papiros
de Elefantina (tábua 1:5d) (Gottwald,1988, p.410). Os documentos estão
datados durante a maior parte do século V, mas os de máximo interesse se
concentram no período de 419-399 a.C. Celebrava-se uma forma de páscoa e
um templo de Yahu (Iaweh) fora construído.
Terrier fala sobre o retorno da Mesopotâmia quando se refere ao salmo
126 (2003, p. 825); já Dahood apud Terrier, considera que o texto seja pré-
exílico; enquanto que para Beyerlin o salmo é escrito durante o exílio de Judá,
interpretando a restauração das fortunas com a futura restauração da
comunidade de Judá, após sua dissolução em 587 a.C. (2003, p. 172-173).
Gerstenberger considera o texto pós-exílico (1991, vl.2 p. 332) e
podemos concordar que esta afirmação do autor seja a mais consistente, uma
vez que nos favorece as implicações sobre a motivação do texto pós-exílico, ou
seja, a restauração dos cativos de Sião. Outro fator preponderante era a
celebração da colheita ou do festival de outono, como uma celebração judaica
deste período, realizada a partir da instituição do rabinato, a qual é posterior
ao exílio.
De acordo com Avril e Maison NNeuve, ‘Tu Bi-Shevat’, no livro ‘Festas
Judaicas’, é o ano novo das árvores, isto é, o início do ano para os frutos da
terra. Saturado de água, após a estação das chuvas que praticamente
cessaram, o solo vai permitir que as árvores plantadas criem raízes e
produzam frutos. Destes frutos amadurecidos após essa data, se deverá tirar o
dízimo (Avril e Maison NNeuve, 1997 , p.144).
O ‘Tu Bi-Shevat’ é uma festa de instituição rabínica, de modo que seja
instituída em período pós-exílico. Como as demais festas de instituição
rabínica, esta festa agrária se dá em um dia normal de trabalho.
Certas comunidades serfarditas, originárias das margens do
mediterrâneo, fazem nessa ocasião uma refeição ritual, seder, nos moldes
‘Seder-Pesah’. Depois de comer os frutos recitam uma ação de graças ( Avril e
Maison Nneuve, 1997 , p.145). Recitam em seguida, os salmos 104 (ação de
graças pela criação) e os quinze salmos de subidas: Sl. 120-134 (Avril e
Maison NNeuve, 1997, p. 145).
As expressões destes salmos, de acordo com Luís Alonso Schokel e
Cecília Carniti, “misturam algumas expressões novas com formas arcaizantes.
A época é indubitavelmente pós-exílica”, alguns dos salmos do bloco dos
degraus, podem ser elaboração antiga e ter sofrido reformulações e novas
elaborações. Como bloco constituem coleção tardia, uma mostra exímia de
poesia lírica judaica, daqueles que foram repatriados (1998, p. 1452-1453).
Sitz im Leben
De acordo com Allen, a aplicação cúltica dos salmos dificilmente pode
ser definida com precisão. Observemos:
As referências ao fenômeno natural nos versículos 4b-6 podem ser tomados como indicações que o festival de outono era a ocasião cúltica do salmo, o qual poderia constituir uma oração por fertilidade e benção para o próximo ano (Allen, 1983 p. 172).
Beyerlin apud Allen, com razão condena uma aplicação precisa, observando a natureza metafórica das referências de fertilidade e conclui simplesmente que o salmo era recitado no culto da comunidade (Allen, 1983, p. 172).
Mowinckel explica que, no festival, YHWH era adorado como rei e
diversos sentimentos eram compartilhados pela comunidade, tais como:
gratidão, medo, respeito, alegria etc.
A gratidão de vários salmos por YHWH se divide em tipos; 1 – ação de
graças pelas dádivas do ano passado, (salmos 65); 2 – a contemplação
admirada do trabalho da criação (salmos 65: 7-9); 3 – uma retrospectiva de
gratidão pelas muitas vezes que no passado YHWH “mudou o destino de
Israel” (salmos 85;126); 4 – e salvou o seu povo de inimigos de força superior
(salmos 124) (Mowinckel, 1983, p. 185).
Extração da mensagem
O salmos possui uma combinação admirável de piedade profunda sem
abandonar a simplicidade, possuindo nobreza e ingenuidade da forma.
Expressa completa confiança em suas palavras, durante toda a sua
composição expressa esperança, de forma que a fé ganha familiaridade e força
como fonte de piedade. O salmo revela a expectativa de salvação que vive a
comunidade em tempos de dificuldades, e pode ser melhor compreendido a
partir do festival de outono que celebrava a chegada de um tempo de
mudanças para melhor.
De acordo com Artur Weiser; “[...] a grande transformação das coisas
está posta nas mãos de Deus. Por isso toda a sua esperança repousa em
Deus [...]” (1994, p. 593). Weiser usa a tradução “mudar uma mudança” em sua
exegese, e explica que o uso desta fórmula se constitui para indicar “a
realização salvífica escatológico-cultual”, e que a partir disto, paira o
pensamento da culpabilidade, em que o homem caiu perante Deus e de que,
em conseqüência, somente Deus o pode libertar mediante novo ato de sua
graça. E afirma “’como quem sonha’ ficam os que experimentam realmente
esse milagre de Deus” (1994, p. 593).
Os pagãos se calam de admiração diante deste ato de YHWH e
reconhecem os seus atos sobre o seu povo. O seu povo exulta 'face e língua',
junto a confissão de fé das outras nações, e se alegram com o futuro que
YHWH detém em suas mãos.
A confiança em YHWH de acordo com Artur Weiser, faz com que seu
povo realize uma prece que se apresenta como um sentimento que produza
uma metamorfose da circunstância; assim como as regiões secas e áridas do
sul (Neguev), onde rios e águas em abundância são condições impossíveis,
porém quando estas ocorrem, suprem as necessidades pecuária e
agropecuária da região, assim a prece do samlmista faz o apelo: 'Traz de volta
os nossos cativos'.
A ocasião da metáfora é de uma celebração festiva, a qual celebrava
entre outras coisas, a colheita de outono. A metáfora passa a ser revestida por
outra metáfora proverbial da semeadura, plantando com suor e lágrimas em
direção da alegria na colheita. A figura é, naturalmente, perpassada pela
interpretação com referência à situação aflitiva da época em que foi produzida.
De acordo com Weiser, no processo de sofrimento e morte o salmo vê não a
alusão à glória futura de nova vida, mas também, como no caso do grão de
trigo que lança à terra, nele já está em ação aquela força divina que da morte
cria nova vida (cf. Ez. 37).
Neste caso em última análise é a fé no admirável poder da vida que
YHWH detém, que transfigura os sofrimentos do tempo e os manifesta como
caminho divinamente querido, que unicamente leva da noite escura ao clarão
do dia. A semelhante fé revela-se na misteriosa lei divina: “semear com
lágrimas e colher com alegria”, é a passagem da necessária fase do sofrimento
à alegria pela glória de YHWH.
O salmo 126 fortalece a fé em YHWH, em sentimento de identidade e
em determinação de tolerar ou perseverar no trabalho duro para uma libertação
final do seu povo.
_________________________________________________
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICABíblias
BIBLE. O.T. HEBREW. Biblia hebraica stuttgartensia: qaue antea
cooperantibus a. alt, o.. Stuttgart: Deutsche Bibelstiftung, 1997.
Bíblia. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1995.
Bíblia. Português. Bíblia Sagrada. Tradução Ecumênica. São Paulo: Edições
Loyola, 1995.
SALMOS: hebraico e português. São Paulo: Sêfer, 2000.
SAGRADA biblia: traducida de la vulgata latina teniendo a la vista los textos
originales. Madrid: 1961.
A BÍBLIA sagrada: antigo e novo testamento. 2. ed. São Paulo: Sociedade
bíblica do brasil, 1995.
A BÍBLIA sagrada: nova versão internacional. São Paulo: Sociedade bíblica
internacional, 2003.
Dicionários
Theological Dictionary of the Old Testament. Vl. 3, 4, 6, 11 e 14. Grand
Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1986-2004.
FREEDMAN, David Noil. The Anchor Bible Dictionary. Vl. 5 O-Sh. New York:
Doubleday, 1992.
VAN GEMEREM, Willem A. New International Dictionary of Old Testament
Theology & Exegesis. Grand Rapids, Michigan: Zodervan Publishing House,
1997.
Livros
ALLEN, Leslie C. Word Biblical Commentary. V. 21 Psalms 101-150. Waco:
Word Books, 1983.
AVRIL, Anne-catherine; LA MAISONNEUVE, Dominique De. As festas
judaicas. São Paulo: Paulus, 1997.
CARDOSO PINTO, Carlos Osvaldo. Fundamentos para exegese do antigo
testamento: manual de sintaxe hebraica. São Paulo: Vida Nova, 2002.
FRANCISCO, Edson de Faria. Manual da bíblia hebraica: introdução ao texto
massorético, guia introdutório para a bíblia hebraica stuttgartensia. 2. ed. São
Paulo: Vida Nova, 2005.
GERSTENBERGER, Erhard S. Psalms. Part 1 with an introduction to cultic
poetry. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing, 1991.
GERSTENBERGER, Erhard. Psalms: Part 2, and Lamentations. Grand
Rapids: W. B. Eerdmans, 2001.
GOTTWALD, Norman K. As Tribos de lahweh: uma sociologia de Israel
liberto 1250-1050 a. c.. São Paulo: Paulinas, 1986.
GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliterária à Bíblia hebraica. 2. ed.
São Paulo: Paulus, 1988.
KRAUS, Hans-Joachim. Psalms 60-150: a continental commentary.
Minneapolis: Fortress,(?).
MOWINCKEL, Sigmund. The Psalms in Israel’s Worship. Milksham: Jsot
Press, 1962.
SCHAEFER, Konrad. Psalms. Collegeville: Liturgical Press, 2001. 399 p.
SCHOKEL, Luis Alonso; CARNITI, Cecília. Salmos II: (salmos 73-150)
tradução, introdução e comentário. São Paulo: Paulus, 1998.
SILVA, Cássio Murilo Dias. Metodologia de Exegese Bíblica. São Paulo:
Paulinas, 2000.
TERRIER, Samuel. The Psalms. Strophic Structure and Theological
Commentary. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing, 2003.
WEISER, Artur. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994. 662 p.
Artigos
Miller, P D. We are Like Dreamers: Studies in Psalm 126. Source: Catholic Biblical Quarterly. Nº 46, no 1 January, 1984, p 108-109. Publication Type: Review. Disponível em: http://web.ebscohost.com/ehost/resultsadvanced?vid=3&hid=7&sid=50313ba5-9c08-4e45-896c-2f0ec5f4be4e%40sessionmgr7>. Acesso em: 28 de maio de 2008.
[1] Algumas traduções utilizam sorte ao invés de cativo. Observar a crítica textual desta exegese. [2] Schokel & Carniti. Salmos: tradução, introdução e comentário. São Paulo: Paulus, 1998. p. 1491-1492.[3] Bíblia. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 1995.
[4] Bíblia. Português. Bíblia Sagrada. Tradução Ecumênica. São Paulo: Edições Loyola, 1995.
[5] Traducida de la vulgata latina teniendo a la vista los textos originales. Madrid: 1961.
[6] BÍBLIA sagrada: antigo e novo testamento. 2. ed. São Paulo: Sociedade bíblica do Brasil, 1995. [7] BÍBLIA sagrada: nova versão internacional. São Paulo: Sociedade bíblica internacional, 2003
Estrutura poética
Macroestruturavv. Tradução Terrier, p. 825. (Allen, p. 172). (Gerstenberger, V. II, p. 339)
1
Canto das subidas
1-3 – Se relaciona ao passado
I
1a – Canto de subida/endereço
I
Ao retornar YHWH o cativo de Sião, estávamos como os que
sonham,
1b-3 – Alegria pelo primeiro retorno
I1b-3 – prece de libertação
II
2então, foi enchida de riso nossa face
e nossa língua de grito de júbilo.
3 grandes YHWH fez conosco,
4
Traz de volta YHWH os nossos cativos, como as correntezas no
Negueb.
4-6 – Súplica pelo retorno total e nova prosperidade
II
4 – Um pedido em nome da comunidade
II
4 – pedido/petição
III5 Os que semeiam em lágrimas, com
5-6 – Pode ser uma promessa profética
III
5-6 – canção do fazendeiro
IV6
Certamente o que caminha e chora, carrega a bolsa da semente;
certamente
voltará, em gritos de júbilos