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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA PÚBLICA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA – CECOP 3
FABRICIA SILVA BORGO MENEZES
IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO MALA DE LEITURA VIAJANTE EM TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Salvador 2015
FABRICIA SILVA BORGO MENEZES
IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO MALA DE LEITURA VIAJANTE EM TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto Vivencial apresentado ao Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Pública, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica. Orientador: Profª. Ms. Rosemary Lopes Soares da Silva
Salvador 2015
FABRICIA SILVA BORGO MENEZES
IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO PROJETO MALA DE LEITURA VIAJANTE EM TURMAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL
Projeto Vivencial apresentado como requisito para a obtenção do grau de Especialista em Coordenação Pedagógica pelo Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia.
Aprovado em janeiro de 2016.
Banca Examinadora
Primeiro Avaliador.____________________________________________________ Segundo Avaliador. ___________________________________________________ Terceiro Avaliador. ____________________________________________________
A todos que apreciam e se encantam com o papel da Educação Infantil na arte de
educar e ampliar o contato das crianças com experiências de letramento e de
afetividade.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida.
A meus familiares, pelo apoio e compreensão em todos os momentos.
A minha querida orientadora, Profª. Rosemary Lopes Soares da Silva, pela
paciência, competência, humanidade, pelos conhecimentos oferecidos e pelas
experiências compartilhadas.
A Faculdade de Educação da UFBA, CECOP 3 e ao Programa Nacional Escola de
Gestores da Educação Básica, por proporcionarem a tantos Coordenadores
Pedagógicos o acesso a conhecimentos e experiências tão valiosas para a nossa
profissão.
A Prefeitura Municipal de Itamaraju pela oportunidade e incentivo.
Os caminhos percorridos pela Mala ficam registrados na
memória dos seus leitores. Da escola para casa, a Mala leva
livros e suas histórias. De casa para a escola, voltam novas
histórias. (ROSA; BRANDÃO 2011, p. 175).
MENEZES, Fabricia Silva Borgo. Implementação e Desenvolvimento do Projeto
Mala de Leitura Viajante em turmas de Educação Infantil. 2015. Projeto Vivencial
(Especialização) – Programa Nacional Escola de Gestores, Faculdade de Educação,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2015.
RESUMO
Implementação e Desenvolvimento do Projeto Mala de Leitura Viajante em turmas de Educação Infantil, foi o tema escolhido por corresponder às expectativas de um Projeto Vivencial, sendo este último necessário para a conclusão deste – TCC/PV. Considerando o fato de a autora atuar em uma escola que atende turmas de Educação Infantil, pretende-se com este trabalho, analisar a implementação e o desenvolvimento do projeto Mala de Leitura Viajante, avaliar a partir da percepção dos pais/alunos/professores, sobre a validade e continuidade deste projeto e as contribuições do projeto para ampliação do acesso a leitura/escrita e a relação com laços afetivos entre pais e filhos, baseado em alguns referencias teóricos que tratam sobre a temática. A partir do momento que a Mala de Leitura foi levada para casa pelos alunos ( sendo esta a Proposta de Intervenção), e devolvida no dia posterior e feito o reconto pelos mesmos para os colegas, os pais, alunos e docentes fizeram a sua avaliação, de maneira a constatar que o Projeto contribuiu de forma muito exitosa no gosto pela leitura e escrita, tanto das crianças como dos pais, além de colaborar com o fortalecimento dos laços e a participação direta na educação escolar dos filhos, pelos seus familiares, devendo o mesmo, ser uma atividade continuada pela escola nos anos seguintes. Palavras-chave: Educação Infantil. Mala de Leitura Viajante. Literatura Infantil. Família. Escola.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 Cronograma de Ações................................................................ 34
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CECOP Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica
CP Coordenador Pedagógico
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MEC
RCNEI
CMEI
UFBA
Ministério da Educação e do Desporto
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil
Centro Municipal de Educação Infantil
Universidade Federal da Bahia
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11
1 MEMORIAL.............................................................................................. 14
2
2.1
2.2
2.3
2.4
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................
CARACTERIZAÇÃO DO CMEI ONDE O PROJETO FOI ALMEJADO......
A LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL..............................................
COMUNGANDO IDEIAS ACERCA DA PRODUÇÃO ORAL E ESCRITA
DE TEXTOS E REFLEXÃO SOBRE A LÍNGUA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL....................................................................................................
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL...................................................
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18
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23
24
3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................ 28
3.1 AVALIANDO O PROJETO MALA DE LEITURA VIAJANTE....................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 35
REFERÊNCIAS........................................................................................... 37
APÊNDICES................................................................................................ 38
ANEXOS...................................................................................................... 41
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INTRODUÇÃO
Considerando a relevância do acesso à leitura desde a mais tenra idade, no
decorrer deste TCC/PV, o objeto de Estudo se pautou na implementação e no
desenvolvimento do projeto Mala de Leitura Viajante e estudou de que forma a
minha experiência profissional e pessoal se relacionou e auxiliou o processo de
aprendizagem escolar na educação infantil, através do hábito da leitura.
Durante o desenvolvimento do meu TCC/PV tive como objetivo responder em
que medida o projeto Mala de Leitura Viajante pode contribuir para a criação de uma
cultura de leitura pelos alunos, pais (ou as pessoas que aplicaram o projeto em
casa), como também de que forma contribui para os laços afetivos entre
escola/alunos/pais e qual a avaliação do projeto pelos participantes.
O fato de trabalhar como Coordenadora Pedagógica em uma Instituição de
Educação Infantil e de também já ter experiência como docente na área, muito me
chama a atenção a importância que a leitura exerce no processo de aquisição das
características formais da linguagem, pois sabemos que o ato de ler, além de dar
abertura às emoções da criança, também dá oportunidade aos pequenos de
adentrarem num universo mágico e lúdico, de novas culturas, hábitos diferentes,
ampliar seus conceitos e vocabulário.
O ato de ouvir e depois recontar amplia a oralidade, contribui para o
crescimento emocional, cognitivo e para a identificação pessoal da criança,
propiciando a mesma a percepção de diferentes resoluções de problemas,
despertando a criatividade, a autonomia, e principalmente estreita os laços afetivos
entre quem conta a história: professor ou pais e os alunos, fomentando nas crianças
uma atitude de busca e construção de sentido na sua interação com o mundo
escrito.
O Projeto é denominado “Mala de Leitura Viajante”, porque essa Mala viajou
semanalmente de segunda a quinta-feira, com uma criança e foi acompanhada de
alguns livros, que previamente foram selecionados pelas professoras e adaptados
para cada faixa etária (02 a 05 anos). Dessa forma, os pais e as crianças
escolheram um destes livros para fazer a leitura junto com a família. Acompanhou
também dentro da Mala, lápis de cor, giz de cera, lápis com - borracha e uma ficha
de leitura que foi preenchida com a ajuda de um adulto, onde a criança registrou
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através de desenho ou colagem o que entendeu acerca da história que lhe foi
contada do livro lido.
No espaço de baixo da folha foi para os Pais ou Responsáveis escreverem ou
ilustrarem a avaliação da experiência em fazer a leitura do livro com o seu filho (a).
Se quisessem, os pais também poderiam tirar fotos do momento de leitura e
preenchimento da ficha de leitura com os filhos, pois no final do Projeto foi feito um
belo evento em que todas as fichas de leitura e fotos da execução do Projeto foram
apresentadas em uma Mostra sobre o projeto, inclusive para os Pais.
No dia seguinte a criança deveria trazer para a escola a Mala com todos os
objetos dentro e a ficha preenchida, pois na sala de aula ela teve a oportunidade de
fazer o reconto da história lida com a família, ou seja, contar para os colegas e
professores o que aconteceu na história escolhida por ela, podendo utilizar alguns
recursos como fantoches, ou até mesmo algum objeto trago de casa como fantasias,
ou roupa específica de algum personagem da história, contando é claro com a
contribuição e intervenção do professor. Se algum Pai/Mãe ou Responsável
quisesse, poderia participar do reconto da história junto com o seu filho (a), pois a
Escola sempre está de portas abertas para recebê-los com muito prazer.
Com o meu Trabalho de Conclusão de Curso - TCC/PV, analisei a
implementação e o desenvolvimento do projeto Mala de Leitura Viajante e avaliei, a
partir da percepção dos envolvidos, sobre a validade deste projeto e as
contribuições do mesmo para a ampliação do hábito de leitura e escrita das crianças
e relação com laços afetivos entre pais e filhos, e com isto foi possível aliar a minha
prática profissional e pessoal, relacionando os conteúdos aprendidos no Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica -CECOP 3, ao processo de
aprendizagem escolar na educação infantil através do hábito da leitura. Para tanto, a
proposta de intervenção foi realizada no CMEI - Centro Municipal de Educação
Infantil Criança Feliz, na cidade de Itamaraju-BA.
O trabalho está delineado em três capítulos, sendo que no primeiro é
abordado sobre o Memorial onde é relatado sobre a minha história de vida, a qual
instituição ele se destina, fazendo ao mesmo tempo a interlocução com o Eixo de
pesquisa, retrata a minha vida acadêmica e profissional, como também as minhas
expectativas com relação ao curso.
No segundo capítulo dialoguei com alguns referencias teóricos que tratam
acerca da temática, tais como: A relevância de estimular o gosto pela leitura com as
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crianças (REYES, 2010); Reflexões sobre a linguagem escrita e seu ensino na
Educação Infantil (BRANDÃO;ROSA, 2011); Como avaliar na Educação Infantil
(HOFFMANN, 2012); A importância de se trabalhar com projetos pedagógicos na
educação infantil ( BARBOSA;HORN, 2008) e o embasamento legal na área
educacional em estudo(BRASIL, 1998).
E no último capítulo é apresentado a Proposta de Intervenção (cujo título da
Proposta é Avaliando o Projeto Mala de Leitura Viajante) que se desdobra em
elementos como, Título e Introdução da PI, Caracterização da Unidade Escolar,
Metodologia, Aplicação do instrumento de pesquisa e Análise de dados,
Apresentação das ações da PI e Cronograma.
Por fim, as considerações finais com algumas reflexões a partir do estudo
realizado.
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1. MEMORIAL
Considerando que “o memorial é um documento que retrata determinado
período e registra aspectos essenciais, vividos em um determinado espaço de
tempo” (BRASIL, 2008, p.6), acredito que posso através deste narrar alguns
acontecimentos sobre a minha trajetória acadêmico-profissional, intelectual e
pessoal de maneira reflexiva, como também, as minhas expectativas com relação às
perspectivas profissionais e acadêmicas que este curso está me proporcionando,
pois, este documento/memorial se destina à UFBA - Universidade Federal da Bahia,
como requisito parcial para a aprovação no componente TCC/PV do Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica CECOP 3.
No ano de 1997 me formei em Contabilidade no Colégio Estadual Inácio
Tosta Filho, tinha grandes afinidades com a área, pois já trabalhava no comércio
desde o ano de 1992 e no período em que estava cursando o Ensino Médio tive a
oportunidade de trabalhar em um escritório de Contabilidade. Mas sempre tive
vontade também de trabalhar na área de Educação.
Foi então que veio para a cidade de Itamaraju o Centro de Estudos Caxiense
e então tive a oportunidade de no ano de 1999 me formar em Magistério, onde as
aulas eram quinzenais, vindo uma Professora de Salvador. E desde então, a
educação passou a fazer parte da minha vida profissional e também pessoal, pois
gosto muito do que faço, não pretendo mais trabalhar com contabilidade e nenhuma
outra área que não seja ligada à educação.
No período de 2001 a 2004, trabalhei como professora particular em minha
própria residência, onde tinha alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, e esta
foi uma ótima experiência para mim, pois pude adquirir conhecimentos em várias
áreas e séries e concomitante a isto conviver com crianças e adolescentes de
diversas idades.
Também no ano de 2002 trabalhei no turno vespertino como contratada no
colégio municipal Reitor Edgard Santos com a disciplina de Língua Portuguesa com
o projeto de Regularização do Fluxo Escolar e também com uma turma regular.
Durante este período pude participar do Curso: Estudo de Formação Continuada do
PCN de Português – 5ª a 8ª série, pelo MEC e Secretaria de Educação e Cultura de
Itamaraju com 52 h de carga horária e no Curso de Capacitação Presencial em
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Serviço, do Projeto de Regularização do Fluxo Escolar de 5ª a 8ª série, pela UNEB,
com 260h de carga horária.
Em 2005 recebi o convite para trabalhar como professora do maternal –
Educação Infantil, no CESFA – Centro Educacional São Francisco de Assis, escola
particular em Itamaraju que atende educação infantil e ensino fundamental I,
trabalhei nesta escola durante 05 anos. Inclusive considero pertinente salientar que
dentre as minhas experiências profissionais, o meu período de trabalho no CESFA
me fez se apaixonar pela educação infantil e muito me influenciou para a definição
do Objeto de Estudo escolhido para o desenvolvimento do meu Projeto Vivencial,
pois nesse período, sempre observei que quanto mais estímulo à criança recebia
mais rápido o seu processo de aprendizagem era lapidado.Talvez pelo incentivo que
as crianças recebiam em casa, na escola, na sala de aula.
E quando ingressei na rede pública, senti falta destes estímulos nas
crianças, e essa ausência envolve vários motivos, quer seja familiar (este talvez pelo
pouco poder aquisitivo dos pais, falta de acesso à educação e à livros), quer seja no
próprio ambiente escolar ou na sala de aula. Destarte, vi no Projeto Mala de Leitura
Viajante uma boa oportunidade para contribuir com uma cultura de leitura tanto para
os alunos quanto para os pais e professores, aprimorando assim os laços afetivos
entre os envolvidos e o processo de leitura e escrita das crianças.
No mesmo ano de 2005 fiz o vestibular em Normal Superior, posteriormente
transformado em Pedagogia, na UNOPAR (Universidade Norte do Paraná), por
intermédio do Colégio Presbiteriano 12 de Agosto aqui mesmo em Itamaraju. No
período da minha graduação 2005-2008 pude adquirir muitos conhecimentos em
Pedagogia para exercer funções de docência na Educação Infantil e nos anos
iniciais do Ensino Fundamental, Gestão Educacional, nos cursos de Educação
Profissional na área de serviços de apoio escolar e outras áreas nas quais sejam
previstos conhecimentos pedagógicos. Assim pude aliar a prática que vinha
adquirindo há alguns anos à teoria.
Durante este período de estudos acadêmicos pude aperfeiçoar ainda mais o
meu aprendizado através dos cursos: Multimídia & Educação na Construção da
Cidadania – 50 h, Libras – Língua Brasileira de Sinais – 40 h, O Uso da Imagem no
Ensino: Leituras de Pinturas e Fotografias – 40 h, A Educação Especial no Contexto
da Educação – 30 h e Gestão Educacional e a Contemporaneidade – 40 h.
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No início do ano de 2008, ainda cursando o último semestre de Pedagogia
de forma semipresencial, dei início ao curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Psicopedagogia Institucional por meio da FINOM – Faculdade do Noroeste de
Minas, por meio do Instituto Pró Saber e ao concluir o curso em 2009 tive a certeza
que estava no caminho certo, pois a Pós completava o meu aprendizado na área.
No ano de 2008, também fiz o Concurso da Prefeitura Municipal de
Itamaraju para a área de Coordenação Pedagógica e em 2010 fui chamada para
trabalhar no Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz, local onde trabalho
atualmente e que está servindo de referência e inspiração para que eu possa aplicar
o Projeto Mala de Leitura Viajante.
O conhecimento adquirido pela prática e observação em turmas de
Educação Infantil já há algum tempo, sempre me fez refletir sobre a importância que
a leitura exerce no processo de aquisição das características formais da linguagem.
Portanto, acredito que haja uma total relação entre o objeto de estudo que defini,
implementação e o desenvolvimento do Projeto Mala de Leitura Viajante, com a
minha formação pessoal, profissional e acadêmica, pois o processo de
aprendizagem escolar na educação infantil, através do hábito da leitura, sempre me
chamou a atenção e desperta interesse.
Como retrata o RCNEI – Referencial Curricular Nacional para Educação
Infantil (BRASIL, 1998), no mundo todo, crianças que vivem em ambientes
alfabetizadores (ou seja, aqueles em que as pessoas fazem uso regular do ato de ler
e escrever) têm a oportunidade de construir esse conhecimento naturalmente ao
imitar as ações dos parentes e amigos. Já os que não vivem cercados de letras
precisam e muito da ajuda da escola.
E como a busca pelo saber sempre funcionou em mim como uma mola
propulsora, mais uma vez pela curiosidade em entender como funciona a máquina
pública, no ano de 2011 fiz uma seleção na UNEB Campus Teixeira de Freitas,
passei e ingressei no curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Pública
Municipal pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), conclui o curso em 2013
que também era semipresencial no Pólo da UAB aqui mesmo em Itamaraju.
Em 2013 através de uma votação realizada em reunião de diretores,
coordenadores pedagógicos e secretaria de educação, fui escolhida como
Conselheira Suplente dos Coordenadores Pedagógicos do Município, confesso que
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nas reuniões do Conselho Municipal de Educação que participo, vejo na prática
muito dos conteúdos aprendidos.
No ano de 2014, também na modalidade à distância, como todos os cursos
que já fiz, ingressei no Curso de Formação Especial de Docente, para a Disciplina
de História na Faculdade Vale do Cricaré – FVC, através do Instituo RL, com a
intenção de abrir o leque na área profissional considerando que a educação é uma
área muito vasta e também por gostar muito da disciplina de História. Neste mesmo
ano fiz o meu estágio no Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães, e como neste
ano de 2015 a minha professora regente com a qual estagiei assumiu o cargo de
vice-direção do Colégio Modelo fui convidada por ela para substituí-la como
professora da disciplina de História. Fiquei muito lisonjeada com o convite e pela
confiança em meu trabalho, até porque a conclusão do curso está prevista para o
final deste ano de 2015.
E como a educação é uma área em eterna transformação, a busca pelo
conhecimento deve ser constante e ainda não tinha uma especialização na área de
Coordenação Pedagógica, também no ano de 2014 ingressei no CECOP 3 - Curso
de Especialização em Coordenação Pedagógica pela UFBA – Universidade Federal
da Bahia. Além do riquíssimo conteúdo que estou tendo a oportunidade de aprender,
as valiosas participações nos Fóruns me proporciona uma grande interação com os
colegas e principalmente com os professores das disciplinas, que apesar de ser um
curso à distância, com alguns encontros presenciais com os Coordenadores do
Curso, às vezes tenho a impressão que alguns professores estão sentados ao meu
lado, me auxiliando no que é necessário.
Acredito que todo o conhecimento adquirido ao longo do percurso do CECOP
3 , juntamente com o meu PV vai impactar de forma positiva na minha prática e na
Instituição na qual trabalho, pois a construção do mesmo está me fazendo refletir e
aprimorar a minha experiência pedagógica, principalmente na aplicabilidade e
praticidade do Projeto Mala de Leitura Viajante, que foi construído e moldado para
atender a comunidade escolar com a qual trabalho.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Imaginamos que uma criança que frequenta educação infantil ou até mesmo
com mais idade, sempre deve se perguntar em como compreender as marcas
estranhas que os adultos escrevem ou leem nos mais diversos objetos.
Sendo o público alvo deste trabalho, a comunidade escolar que envolve as
turmas de Educação Infantil da escola que trabalho e onde adquiri grande parte da
minha experiência na área, faz-se necessário caracterizar a Instituição Escolar em
estudo e elencar autores que abordem sobre a temática, fornecendo dados que
legitimem e contribuam de forma enriquecedora este trabalho.
2.1 Caracterização do CMEI onde o Projeto foi almejado
O Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz fica situado na Avenida
Italaje, 31, Italaje/Liberdade em Itamaraju-Bahia. Foi inaugurado em agosto de 2001.
Neste ano já havia no bairro uma escolinha particular chamada Arco-Íris. Por
iniciativa dos proprietários e moradores do bairro, resolveram junto às secretarias de
Assistência Social e Educação, fazer um convênio para que a mesma passasse a
ser uma instituição pública, com o nome Creche Criança Feliz. Posteriormente, por
conta da legislação educacional todas as Instituições que ofereciam ensino para
crianças de creche (0 a 3 anos) e Pré Escola (04 a 05 anos), passaram a se chamar
- CMEI - Centro Municipal de Educação Infantil.
O trabalho realizado pelo Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz,
na Comunidade a qual está inserido, procura influenciar no processo cognitivo,
oferecendo às crianças condições para a aprendizagem, de forma integrada,
promovendo o desenvolvimento das capacidades infantis e de apropriação e
conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e
éticas, contribuindo assim para que as mesmas possam crescer felizes e saudáveis,
físico e psicologicamente.
Atualmente, o Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz ainda é um
prédio alugado pela Prefeitura, o que dificulta investimentos por parte da sua
Mantenedora. Atende cerca de 212 alunos, com faixa etária de 02 a 05 anos, sendo
três turmas de Creche III (02 anos), três turmas de Creche IV (03 anos), três turmas
de Pré I (04 anos ), três turmas de Pré II (05 anos) nos turnos matutino e vespertino,
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das 07h15min às 11h15min e das 13h15min às 17h15min, oferecendo lanche nos
dois turnos. A maioria das crianças reside no bairro Itatiaia e são oriundas de
famílias de classe menos favorecidas. A participação dos pais é pouca, pois os
mesmos precisam se ausentar o dia todo dos seus lares para o trabalho. Muitas
crianças convivem em um lar com pais separados e ficam sob os cuidados dos avós,
tios ou com irmãos maiores, enquanto os pais trabalham.
Temos uma educação com qualidade deficiente, pois os aspectos do cuidar e
educar para as crianças da Educação Infantil não estão sendo trabalhados como
deveriam. Precisamos melhorar ou construir uma nova creche que atenda aos
parâmetros básicos de infraestrutura física, para esta modalidade de ensino. No que
diz respeito à estrutura física, temos uma creche que não está adequada para as
nossas crianças, pois na mesma as salas de aula são pequenas, o espaço para o
lúdico precisa ser aumentado e dispor de brinquedos para os momentos da
brincadeira. Há também a necessidade de instalarmos uma brinquedoteca,
biblioteca, sala de TV e um refeitório. Evidencia um espaço que não condiz com o
que estabelece a lei. Visto que a Política Nacional de Educação Infantil MEC, 2002
defende que:
(...) Assegurem o atendimento das características das distintas faixas
etárias e das necessidades do processo quanto a:
Espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o
espaço externo, rede elétrica, a segurança, água potável, esgotamento
sanitário;
Instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças;
Instalação para preparo e, ou serviço de alimentação;
Ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades,
segundo as diretrizes curriculares e a metodologia da Educação Infantil,
incluindo o repouso, a expressão livre, o movimento e o brinquedo;
Mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos;
Adequação às características das crianças com necessidades
educacionais especiais. (PNE, p. 21)
Apesar disso, buscamos a cada dia trabalhar com um currículo dinâmico,
objetivando abranger as dimensões e competências das nossas crianças,
contemplar os interesses dessa faixa etária, procurando levar em conta o cotidiano
social e histórico em que os nossos educandos e suas famílias estão inseridos.
No entanto, alguns fatores têm contribuído para a não efetivação desses
objetivos, como por exemplo, a infraestrutura citada acima, recursos materiais, além
da falta de formação continuada e específica para os profissionais da educação
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Infantil. Em nossa escola temos oito professoras, sendo cinco professoras
concursadas e três contratadas, dessas, quatro trabalham dois turnos na instituição,
sendo que apenas três são graduadas em Pedagogia, e o restante ainda está
cursando o nível superior. As seis monitoras de sala (uma por turma, pois trabalham
os dois turnos) possuem formação em nível médio na modalidade normal, sendo
que apenas uma está cursando nível superior em pedagogia. Além de a rotatividade
ser muito grande, tanto de professoras quanto de monitoras e demais funcionários,
sentimos a necessidade de uma formação continuada para os nossos profissionais,
pois os cursos de Magistério e os de Pedagogia não dão um suporte, principalmente
prático, para um planejamento que considere as especificidades e peculiaridades
dessa faixa etária.
O quadro profissional também é formado por Diretora (concursada) –
Formação – Magistério / Graduanda em Letras; Coordenadora Pedagógica
(concursada) – Graduação – Pedagogia / Graduanda em História; Pós-Graduação –
Psicopedagogia Institucional/ Pós-Graduada em Gestão Pública Municipal/Pós-
Graduanda em Coordenação Pedagógica; Secretária (contratada) / Ensino Médio;
cinco auxiliares (apenas uma concursada) e um vigilante diurno e dois noturno
(todos três contratados).
Infelizmente não temos também uma gestão financeira autônoma, pois os
recursos são geridos pela Secretaria de Educação, o que dificulta algumas das
nossas ações cotidianas. Tendo em vista que mesmo a Unidade dispondo da verba
federal tal como o Colegiado Escolar, PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) a
mesma não é suficiente para suprir as necessidades da Creche e faz com que
fiquemos na dependência da gestão financeira da secretaria em relação às creches.
Isso implica em atrasos na compra de material, quantidade insuficiente e falta de
autonomia em comprar o que realmente é preciso. Mas a partir do ano de 2014,
através do Programa PROINFÂNCIA, que tem como principal objetivo prestar
assistência financeira aos municípios que elaboram o Plano de Ações
Articuladas(PAR), começamos a receber recursos que destinam-se à construção e
aquisição de equipamentos e mobiliário para creches e pré-escolas públicas da
educação infantil, que não é ainda o valor ideal, mas já é um pequeno avanço.
A Educação Infantil requer por suas necessidades, uma estrutura física,
material e financeira que atenda e priorize os aspectos do cuidar, brincar e
educar. Sabe-se que ao Brincar, as crianças recriam e representam os
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acontecimentos que lhes deram origem, e brincando vão aprendendo a interagir
socialmente com as outras.
O Cuidar é assumido por todos os profissionais da instituição, com muita
responsabilidade, mas percebe-se a necessidade de assegurar às crianças
controles e cuidados especiais com a saúde. A ação de cuidar, educar e brincar
requer princípios pedagógicos norteadores de fazer cotidiano, dentre alguns se
podem destacar: a interdisciplinaridade, a contextualização, o respeito e a
identidade. Esses princípios devem ser incorporados na prática pedagógica
cotidiana, expressos através das diversas atividades trabalhadas.
No CMEI Criança Feliz, a sua ação educativa é planejada com o corpo
docente, direção e coordenação pedagógica em períodos semanais ou de acordo
com o período do projeto trabalhado, registrado em ata e assinada por todos os
presentes, as planilhas são analisadas semanalmente pela coordenação pedagógica
e em seguida transferidas para a caderneta pelos docentes. A organização das
atividades ocorre de forma interdisciplinar através da integração das várias áreas do
conhecimento. É observada também a previsão do uso dos recursos, a seleção e
descrição de atividades, a relação entre conteúdos e objetivos, avaliação e
principalmente o conhecimento do aluno.
Na Educação Infantil a metodologia por projeto favorece que qualquer criança
viva com autonomia, aprenda estratégias diferentes e que experimente, através da
convivência com professores e colegas, situações geradoras de conflitos, alegria,
curiosidades e aventura. Dessa forma, a instituição adota a metodologia de projetos,
sendo um projeto anual de atividades pedagógicas, fornecido pelo Departamento de
Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação, que tem um tema gerador o
qual norteia os demais projetos desenvolvidos no decorrer do ano letivo, levando em
consideração a realidade sócio-cultural vivenciada pelos educandos atendidos.
E dentro deste contexto supracitado surgiu então o Projeto: Mala de Leitura
Viajante.
2.2 A Legislação da educação infantil
O Ministério da Educação e do Desporto (MEC) lançou, no ano de 1998, o
documento intitulado: Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil
(RCNEI), que tem como objetivo principal contribuir para a implementação de
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práticas educativas de qualidade que promovam o suporte necessário para a
conquista da cidadania pela criança.
Sobre os conteúdos que devem ser priorizados no atendimento da criança
pequena, o RCNEI enfatiza que a escolha das atividades vai depender da proposta
curricular de cada instituição, no entanto sugerem que, independentemente da
filosofia de cada instituição, devem ser priorizados:
Brincadeiras no espaço interno ou externo;
Roda de história;
Roda de conversa;
Ateliês ou oficinas de desenho, pintura, modelagem e música;
Atividades diversificadas em ambientes organizados por temas ou
materiais à escolha das crianças, incluindo momentos para que possam
ficar sozinhas, se assim desejarem;
Cuidados com o corpo (BRASIL, 1998, v.3, p. 56).
Os componentes estruturais do Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil é esquematizado da seguinte forma: Âmbito - Formação Pessoal e
Social (eixo temático: Identidade e Autonomia) e Âmbito - Conhecimento de Mundo,
com os seguintes eixos temáticos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem
Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. O Referencial possue um
caráter instrumental e didático induzindo o docente à clareza de que todos os eixos
de trabalho deverão ser desenvolvidos de maneira integrada junto com as crianças.
É sabido por nós educadores que mesmo antes do processo de alfabetização
formal escolar, as crianças já têm acesso no seu cotidiano a importantes aspectos
que levam à construção da escrita, considerando que desde o nascimento a criança
constrói gradativamente a sua aprendizagem. Nesse sentido, como retrata o RCNEI
Brasil (1998), no mundo todo, crianças que vivem em ambientes alfabetizadores (ou
seja, aqueles em que as pessoas fazem uso regular do ato de ler e escrever) têm a
oportunidade de construir esse conhecimento naturalmente ao imitar as ações dos
parentes e amigos. Já os que não vivem cercados de letras precisam e muito da
ajuda da escola.
E é aí que entra a nossa função como educadores, proporcionar aos nossos
alunos, considerando que infelizmente nem todos tem acesso aos livros e essa
ausência envolve vários motivos, quer seja familiar ( este talvez pelo pouco poder
aquisitivo dos pais, falta de acesso à educação e à livros), quer seja no próprio
ambiente escolar ou na sala de aula, essa oportunidade de ter acesso ao mundo
letrado e neste trabalho de forma especial foi vislumbrado no Projeto Mala de Leitura
23
Viajante uma boa oportunidade para contribuir com uma cultura de leitura tanto para
os alunos quanto para os pais e professores, aprimorando assim os laços afetivos
entre os envolvidos e o processo de leitura e escrita das crianças.
2.3 Comungando ideias acerca da produção oral e escrita de textos e reflexão
sobre a língua na Educação Infantil
O livro: Ler e escrever na Educação Infantil das autoras e organizadoras
Brandão e Rosa (2011) muito contribuiu para a formação deste texto considerando
que as autoras abordam temas importantes como a leitura, produção oral e escrita
de textos e reflexão sobre a língua na Educação Infantil, ao mesmo tempo em que
defendem que a circulação de livros entre a escola e a casa, além de propiciar o
acesso ao texto literário, também favorece a cooperação dos familiares das crianças
no letramento escolar dos pequenos.
De acordo com as autoras:
[...] Vivenciando práticas de leitura em grupo, mediadas pelas professoras,
as crianças ampliam suas experiências de letramento e seus repertórios
textuais, desenvolvem estratégias variadas de compreensão textual,
inserindo-se no mundo da escrita e iniciando-se como leitoras, mesmo que
ainda não saibam ler automaticamente.( BRANDÃO e LEAL, 2011, p. 22).
E como Rosa e Brandão (2011) também são professoras que executaram um
Projeto de Mala de Leitura semelhante ao citado neste trabalho, é possível
comungar com as mesmas, ideias que também foram percebidas no decorrer da
execução do Projeto no CMEI Criança Feliz, são elas:
A mala está permitindo a inserção de práticas de leitura antes inexistentes
no ambiente familiar, quebrando a rotina e oportunizando o aprendizado de
uma nova cultura, que é a introdução da prática da leitura em família. Nesse
sentido, inaugura-se um olhar diferenciado para as famílias, que passam a
ser vistas como aliadas do processo de alfabetização e de letramento. (p.
180).
Para evidenciar a relevância de Projetos pedagógicos na Educação Infantil,
Barbosa e Horn (2008) abordam que o uso de projetos pedagógicos insere a criança
no hábito de refletir e inferir, tornando a criança agente de pesquisa e criadora de
sua própria existência, como cita as autoras,
Essa visão de organização do trabalho pedagógico considera as crianças
como coautoras do seu processo de aprendizagem, tirando-as do lugar de
passividade que a escola as tem colocado para um papel ativo e
participativo. Quando trabalhamos com projetos, construímos na verdade
24
uma comunidade de aprendizagem, na qual o professor, as crianças e suas
famílias são igualmente “protagonistas”. (p. 84).
E posso dizer com propriedade que é exatamente isso que aconteceu no
decorrer do Projeto, pois quando no dia posterior a que a criança tinha levado a
Mala para casa e ela iria então fazer o reconto da história escolhida por ela e seus
familiares, é como se naquele momento ela se sentisse a protagonista de sua
história e também por um momento a professora em sua sala de aula. Da mesma
forma os pais através de seus relatos escritos que enviaram para a escola se
fizeram como sujeitos ativos no processo de aprendizagem dos seus filhos, por meio
do Projeto.
Nesse sentido, Reyes relata que:
Desde o momento em que os pais concebem seus filhos até que estes estejam prontos para ler de maneira autônoma, há um longo trajeto que requer a presença e o acompanhamento amoroso dos adultos.(2010, p. 15).
Por isso, a relevância de proporcionar, no ambiente escolar, momentos de
interação entre o aluno e a família e no CMEI Criança Feliz, entendemos que isto
também é função da escola.
2.4 Avaliação na Educação Infantil
Nenhuma proposta de organização do trabalho pedagógico está completa sem
expressar sua concepção sobre avaliação. Somos frutos de um modelo de ensino
sistematizado e excludente. A forma como os educadores realizam suas avaliações
sobre os alunos, expressam em último grau, a sua concepção de educação.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, sancionada em dezembro
de 1996, estabelece na seção II, referente à Educação Infantil, artigo 31 que “... a
avaliação far-se-á mediante o acompanhamento e registro do seu desenvolvimento,
sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.”
A avaliação não é instrumento para medir o quanto a criança aprendeu nem
tampouco uma forma de julgar, reprovar ou aprovar uma criança. A avaliação, que de
fato contribui para o crescimento da criança e para o trabalho do professor, precisa
ser mediadora e acolhedora.
Não há como se falar em ação avaliativa, como acompanhamento e mediação, desvinculando-a do cotidiano da ação educativa e da dinâmica da construção do conhecimento. Ela não pode ser entendida como um momento ao final do processo, em que se verifica onde a criança chegou, definindo sobre ela uma “lista de comportamentos ou capacidades”. Mediação significa
25
um estado de alerta permanente do professor que acompanha e estuda a história da criança em seu processo de desenvolvimento. (HOFFMANN, 2012, p. 45).
Faz-se necessário então ressignificar a avaliação na Educação Infantil. Esta
proposta de avaliação concebe o professor como um mediador que vê a avaliação
como um acompanhamento que oportuniza o desenvolvimento máximo possível de
cada criança. Orienta que o professor não é a única fonte do conhecimento, pois o
mesmo surge e é construído através da relação que a criança estabelece com as
outras crianças, com os adultos, com o meio ambiente e com a cultura, indo assim de
encontro com as teorias construtivista e sociointeracionista de conhecimento de
Piaget (1987) e Vygotsky (1988).
O registro da avaliação deve ser a transcrição da história vivida pela criança.
Nesse documento, deve ser considerado e observado a diversidade sócio-cultural de
aprendizagem da criança, a postura investigativa do professor, o processo contínuo
de reflexão e avaliação do trabalho pedagógico, a flexibilidade e redimensionamento
do planejamento, atividades diversificadas e os conhecimentos adquiridos e
construídos pelas crianças. Dessa forma, corroboramos com Hoffmann (2012, p. 30),
ao relatar que:
A avaliação na Educação Infantil tem por base a observação permanente das crianças no cotidiano e a aproximação dos professores com sua diversidade sociocultural, à luz de suas próprias representações, teorias, experiências profissionais e de vida.
No Centro Municipal de Educação Infantil Criança Feliz, apontamos como
forma de avaliação a utilização dos seguintes instrumentos: relatórios e portfólios.
Numa perspectiva de avaliação formativa, entendendo que não apenas a criança é
avaliada, mas todo o trabalho pedagógico, respeitando os vários tipos de linguagem
da criança, o ritmo de desenvolvimento, sua origem social e cultural, relações e
vínculos afetivos, ideias, desejos, expectativas, além de envolver pais, alunos e
educadores no processo educativo. E no decorrer do desenvolvimento do Projeto
Mala de Leitura, não foi diferente, onde o processo avaliativo se deu durante todo o
desenrolar do mesmo, sendo que, no final do ano letivo, foi adicionado ao Portfólio
dos alunos o relatório escrito feito pelos pais e também pelos docentes com relação à
participação dos seus filhos/alunos no Projeto.
Dentro dessa perspectiva, Barbosa (apud HOFFMANN, 2012, p. 78) cita que:
Os projetos com crianças envolvem momentos de exploração, investigação, planejamento, coleta de informações, definição do problema, realização, comunicação de resultados e avaliação. Esses passos destinam-se ao
26
aprofundamento nos assuntos explorados a partir da observação das crianças em termos de seu desenvolvimento e da continuidade do seu interesse nos projetos. É essencial que essa continuidade se dê pela parceria de professores e crianças, a partir de um processo de diálogo, reflexão e avaliação sobre o andamento a cada etapa transcorrida.
Em relação ao relatório, entendido também como registro reflexivo da trajetória
de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, acredita-se que ele é um
documento valioso, rico em informações e direcionador do redimensionamento da
prática educativa. Entende-se que o uso de relatórios e portfólios contribui para a
organização dos registros de aprendizagem do aluno, ajudando o professor, o aluno e
sua família a ter uma visão evolutiva do processo de ensino-aprendizagem.
A avaliação baseada em portfólio pode e deve concentrar a atenção de todos (das crianças, dos professores e dos familiares) nas tarefas importantes do aprendizado. O processo pode estimular o questionamento, a discussão, a suposição, a proposição, a análise e a reflexão. (SHORES; GRASE, 2001, p.
23).
Diante disso, o portfólio deve ser visto como o registro da trajetória da
aprendizagem do aluno, que se dá através da seleção e organização de documentos
e atividades produzidas pelos alunos. O portfólio como instrumento de avaliação
valoriza todas as etapas, todo o processo de busca, indagação, elaboração de
hipóteses na resolução de situações-problema apresentadas. Contribui como uma
alternativa para uma avaliação formativa, numa perspectiva de progressão de
aprendizagem, que abre novas possibilidades de estímulo à reflexão e ao
desenvolvimento das habilidades.
Praticar uma avaliação pontual, voltada somente para os resultados, objetiva
medir e verificar a quantidade de conhecimentos e habilidades que a criança adquiriu
ou não. Entretanto, conceber e praticar a avaliação em outra perspectiva é um
desafio para todos, que deve ser enfrentado coletivamente nas instituições
educativas. Isso exige um olhar diferente para a criança, a mudança de paradigma
em relação à concepção de educação, avaliação e principalmente ver a criança como
um ser capaz, construtor de conhecimentos.
A avaliação do CMEI Criança Feliz acontece de forma processual, ocorrendo
juntamente com a aula enquanto os alunos desenvolvem suas atividades, sendo
assim realizada, no dia a dia, observando os avanços que as crianças adquirem em
relação à coordenação motora, oralidade, aquisição da leitura e escrita, autonomia
para realizar atividades fisiológicas, interpretação de textos orais ou escritos,
assiduidade, pontualidade, dentre outros.
27
No decorrer do ano letivo, semestralmente esses avanços são analisados e é
preenchido um relatório evolutivo da criança, observando aspectos sócio-afetivo,
psicomotor, função simbólica, cognitivo e conhecimento lógico matemático, que é
repassado para os Pais nas reuniões pedagógicas, para que assim eles também
possam avaliar e participar do processo de aprendizagem do seu filho. E no final do
ano letivo é feito um relatório geral do desenvolvimento do aluno, que é anexado ao
Portfólio e entregue aos Pais.
Para melhor avaliar a criança faz-se necessário conhecer o meio em que ela
vive. E para isso, no início do ano letivo é enviado aos pais uma ficha de identificação
do aluno, como também, os professores e atendentes diariamente mantêm contato
com pais ou responsáveis pela criança analisando situações sócio-econômico,
político e cultural do meio em que esta criança está inserida.
Enfim, a avaliação na Educação Infantil não terá caráter classificatório e de
avaliação dos saberes, devendo romper com a prática tradicional de avaliação
limitada a resultados finais. Portanto voltamos a afirmar que a avaliação deve ser
processual, formativa e cumulativa, com ênfase nos aspectos qualitativos.
28
3. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
3.1 Avaliando o Projeto Mala de Leitura Viajante
No ano de 2014 na cidade de Itamaraju, através da UFBA - Universidade
Federal da Bahia em convênio com a Prefeitura Municipal de Itamaraju, teve início o
Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica - CECOP 3, considerando
que esta é a terceira edição do Curso, com o objetivo de atender não só os
Coordenadores Pedagógicos da cidade Polo de Itamaraju mas também a vários
municípios do Extremo Sul da Bahia.
Como sou formada em Pedagogia, trabalho na área de Educação Infantil a
mais de dez anos e atuo a mais de cinco anos como Coordenadora Pedagógica
concursada pela Prefeitura Municipal de Itamaraju no Centro Municipal de Educação
Infantil Criança Feliz, que atende crianças da faixa etária de 02 a 05 anos, dessa
forma, sendo o meu objeto de estudo a implementação e o desenvolvimento do
Projeto Mala de Leitura Viajante, ele tem total conexão com a minha formação e a
minha prática, pois, a influência que o hábito da leitura exerce no processo de
aprendizagem escolar na educação infantil sempre me atraiu.
Sendo assim, a escolha do Eixo 08 - A Relação entre Aprendizagem Escolar
e Trabalho Pedagógico, está em total acordo com a proposta de intervenção que
será relatada no decorrer do texto. Considerando que toda a caracterização da
Unidade Escolar onde o Projeto foi almejado, já foi relatado na Fundamentação
Teórica, vamos partir então para a concretização e avalição do Projeto.
Conforme foi relatado anteriormente, o fato de já ter trabalhado como
professora de educação infantil e também na área de coordenação pedagógica em
uma escola da rede particular me fez observar o quanto é relevante às crianças
receberem estímulos desde a mais tenra idade, e ao ingressar no serviço público
percebi a ausência desses estímulos, fato este que me incentivou a vislumbrar no
Projeto Mala de Leitura Viajante uma ponte para estreitar os laços afetivos entre
pais/filhos/escola, como também incentivar o processo de leitura e escrita das
crianças. Do mesmo modo, aproveitei o Projeto como minha Proposta de
Intervenção (PI), pois para a conclusão do curso que estou fazendo, CECOP 3, é
necessário uma PI na realização do TCC/PV .
29
Uma vez que a ideia do Projeto já existia na minha cabeça há algum tempo,
mediante as minhas observações e inquietações, somente neste ano de 2015 pude
colocá-lo em prática, até porque, neste mesmo ano a ideia foi lançada e abraçada
por todos na escola, envolvendo a integração entre a direção, coordenação
pedagógica e o corpo docente, tripé este essencial para que qualquer projeto
aconteça com sucesso em qualquer instituição escolar.
Sendo assim, o método utilizado é a pesquisa-ação. Thiollent enuncia
pesquisa-ação como aquela que:
[...] Consiste em acoplar pesquisa e ação em um processo no qual os atores
implicados participam, junto com os pesquisadores, para chegarem
interativamente a elucidar a realidade em que estão inseridos, identificando
problemas coletivos, buscando e experimentando soluções em situação
real. (2009, p.2).
E foi justamente essa interação que aconteceu na Instituição Escolar
abordada, pois os atores envolvidos na comunidade escolar, pais, alunos,
professores, direção, coordenação e demais funcionários, participaram tanto da
pesquisa quanto das ações necessárias para que a PI se efetivasse de forma plena
e eficaz.
Após a aplicação do Projeto, foi realizada uma culminância onde os pais
foram convidados a participar. Neste encontro, confeccionamos um painel com
várias fotos dos alunos recontando a história lida, toda a turma juntos e também com
as fichas onde os pais relataram juntamente com os seus filhos qual a parte da
história lida que mais gostaram (vide algumas dessas fichas em Anexo 2) como
também a opinião dos pais sobre o Projeto. A participação dos mesmos contribuiu
positivamente com o que queríamos saber sobre a execução do projeto, como
também fiz uma entrevista escrita para os professores (vide Apêndice 3) e dialoguei
com os alunos sobre o projeto.
Dessa forma, após o relato dos pais, foi possível perceber que todos foram
unânimes com relação à continuidade do Projeto no ano seguinte. Disseram que a
oportunidade que os seus filhos tiveram de levar a Mala de Leitura para casa e fazer
a leitura de alguns livros foi muito importante para a aproximação dos mesmos com
os seus filhos, como também puderam observar o quanto os seus filhos já tinham
desenvolvido na oralidade, na escrita e no desenho (pois na Ficha de Leitura tinha
um espaço para os alunos preencherem, vide Anexo1).
30
Uns dois pais relataram que a única dificuldade que tiveram foi a de ter um
tempo para sentar com o filho e de preencher a “Ficha de Leitura”, e o que mais me
chamou a atenção no relato presencial dos pais, pois entre eles constatei que alguns
não sabem ler, é que pediram para um filho mais velho, uma vizinha, ou um parente
ler, mas que o fato de não saber ler não os impediram de participar do momento de
leitura com os filhos e netos, pois alguns são criados pelos avós, inclusive estes
relatos também foram confirmados nas Fichas de Leitura que foram preenchidas
pelos mesmos. Foi possível perceber que as Fichas preenchidas pelos responsáveis
analfabetos, foram feitas em forma de desenho, mas não a deixaram em branco.
Ao dialogar com os alunos, eles me disseram que o mais gostaram no Projeto
foi o fato de ir vários livros para a casa deles dentro da Maleta com vários lápis de
cor, o fato dos pais lerem para eles e o relato que mais me chamou a atenção foi o
de uma criança de 04 anos do Pré I, “Porque minha mãe leu para mim, aí eu gostei”,
disseram também que foi muito emocionante ler a historinha para a Professora e os
colegas, mas disseram que ficavam muito tristes quando o nome sorteado pela
docente para levar a Maleta para casa não era o deles, pois ter que esperar é muito
chato.
Na entrevista escrita que fiz com as oito professoras que me ajudaram a
executar o Projeto, pude colher riquíssimas contribuições sobre o mesmo, na qual foi
feita sete perguntas e todas elas foram respondidas pelas docentes.
Ao perguntar sobre como elas avaliam o projeto e a validade de mantê-lo
como uma atividade a ser continuada pela escola todas disse que o Projeto deve
fazer parte das atividades da escola. Avaliaram o mesmo de forma muito positiva,
pois motivou o gosto pela leitura e escrita, a criatividade, a interação entre os alunos
e os seus familiares.
Relataram que os pontos mais relevantes do desenvolvimento do projeto foi
a participação dos pais em ler histórias para os filhos, o interesse dos alunos em
ouvir o colega recontar a história, a alegria e o interesse em querer ser o primeiro a
levar a mala para casa, como também o fato de querer levá-la para casa todos os
dias, a empolgação dos alunos em fazer o reconto, as descobertas dos pais em
relação ao potencial de conhecimento dos filhos, o cuidado dos alunos com a
Maleta, o compromisso e a responsabilidade em trazer a Mala no outro dia e uma
maior proximidade entre família-aluno-instituição.
31
Atitudes como aumentar e variar a quantidade de livros na Mala, fazendo o
remanejo dos livros no decorrer do Projeto, dando aos alunos a oportunidade de ter
mais contato com a diversidade de gêneros literários, como também de levar a Mala
para casa mais vezes durante o ano letivo, são pontos que podem ser revisados
para a próxima edição, segundo as docentes.
Ao serem indagadas se houve dificuldade na implementação e no
desenvolvimento do Projeto, a maioria respondeu que não. Uma disse que teve
dificuldade em dividir bem o tempo, pois o mesmo foi curto. Uma docente da turma
de dois anos disse que alguns dos seus alunos tiveram dificuldade em relatar a
história lida, devido ao fato de ainda não estarem com a linguagem oral bem
desenvolvida. Outra docente da turma de cinco anos disse que a dificuldade que
teve foi o fato de algumas crianças faltarem muito e por isso não participaram do
Projeto, como também o fato de alguns pais não terem preenchido a Ficha de
Leitura.
Disseram que as contribuições deste projeto para a sua atuação como
professora, foi uma experiência nova e muito gratificante, pois puderam perceber o
quanto as crianças são capazes de interagir no mundo da leitura, ampliando a
imaginação e a criatividade. Uma professora da turma de cinco anos disse que o
Projeto entrou como uma metodologia para alfabetização e letramento da sua turma.
Com relação às contribuições deste projeto para a aprendizagem dos seus
alunos, essa mesma docente citada acima, disse que percebeu o quanto o contato
com a diversidade de gêneros literários contribui para a o processo de alfabetização
e letramento, principalmente para os seus alunos do Pré II, que estão fazendo essa
iniciação. Uma docente da turma de dois anos, disse que o Projeto contribuiu muito
com a imaginação dos seus alunos, pois mesmo alguns dos seus alunos tendo
dificuldade em se expressar, eles criaram as suas próprias histórias através das
imagens vistas.
As outras responderam que foi de fundamental importância, porque os alunos
aprenderam a história lida, mesmo sem saber ainda a decodificar as letras (a maioria
deles), fizeram a leitura e depois eles contaram a história lindamente desenvolvendo
assim a sua oralidade, alguns perderam a timidez e principalmente foram motivados
a gostar de ler e compartilhar esse momento tão importante para eles juntamente
com os seus familiares e colegas. Relataram também que houve muito respeito ao
32
ouvir o colega recontar a história, interesse de recontar no momento individual e a
maciça participação de todos os alunos.
Explicitaram que o Projeto também contribuiu para a relação família e
escola. Na medida em que despertou nos familiares a necessidade de ficarem mais
próximos dessas crianças. Ajudou na aproximação dos pais e filhos na hora da
leitura e do preenchimento da Ficha de Leitura, contribuiu para a afetividade e
interação dos pais com os filhos, a responsabilidade dos pais fazerem a leitura para
os filhos, como também descobriram o conhecimento de mundo que seus filhos
possuem. E como os próprios pais disseram na Culminância, foi um momento ímpar,
encantador e muito prazeroso em suas famílias.
Agora é preciso apresentar como as ações da PI devem ser desenvolvidas,
pois, a implementação e execução do Projeto Mala de Leitura Viajante, consiste na
Proposta de Intervenção, que além de ter a intenção de contribuir com uma cultura
de leitura tanto para os alunos quanto para os pais e professores, aprimore os laços
afetivos entre os envolvidos e o processo de leitura e escrita das crianças, também
pretende ser exequível. (Vide Apêndice 1 e 2).
Ao ler os relatos dos pais na “Ficha de Leitura“, foi muito gratificante. Então
tive a certeza e a convicção que a Proposta de Intervenção através do Projeto Mala
de Leitura Viajante atingiu os seus objetivos. Mas como não é possível relatar aqui
tudo o que os alunos e os Pais colocaram nas Fichas de Leitura (vide algumas
fichas de leitura respondidas em Anexo 2), vou citar apenas algumas falas dos Pais:
- “Amei, foi uma experiência maravilhosa, a maneira como eles interagem com a história é
maravilhoso, nós entramos na academia da raposa e malhamos muito. Obrigada por este momento.
(Mãe de uma criança do Maternal – Livro: Os Atletas)”.
- “É muito gratificante ler livros com os filhos, agente ensina e aprende junto com eles, nós nos
divertimos muito. (Mãe de uma criança do Pré I – Livro: Fuzuê)”.
- “Me sinto feliz em poder participar das atividades do meu filho. E amei este Projeto, pois ajuda no
desenvolvimento das crianças e na maneira deles de se expressar com o próximo. (Mãe de uma
criança do Pré I – Livro: Uma Zebra fora do padrão)”.
- “A experiência da leitura dos livros com meu filho foi muito gratificante e prazerosa. Miguel se
interessou muito e prestou atenção em todos os livros que eu li, até pediu que repetisse. Ficamos
muito felizes em receber a “Mala de Leitura Viajante” em nossa casa. Desejamos que esse projeto
33
nunca se acabe, e que possa alegrar muitos lares ainda. Parabéns a todos responsáveis pelo Projeto!
Que Deus abençoe. (Mãe de uma criança do Maternalzinho – Livro: Quer brincar de pique-esconde?)”.
- “Achei muito bom este projeto e poder fazer esta atividade com a minha filha. Espero que venha
sempre essas coisas boas para as crianças, é bom pra gente que é pai e mãe saber até onde os
nossos filhos podem ir na imaginação. Eu voltei no tempo com esse projeto. (Mãe de uma criança do
Maternalzinho – Livro: Quem é ela?)”.
- “Foi um momento maravilhoso ver como seus olhos brilhavam de alegria e entusiasmo em ver
gravuras e ler as imagens do seu jeito, o sorriso e seus lábios. Foi muito agradável. Vou comprar mais
livros.(Mãe de uma criança do Pré I – Livro: Ursinho Pooh e a grande viagem)”.
- “Foi ótimo, porque eu não sabia o tanto que ele tinha evoluído na escola.( Pai de uma criança do Pré
I– Livro: O menino e o cachorro)”.
- “Maravilhoso muito interessante. A alegria da criança ao levar a maletinha para casa, o interesse
pelos livros, de ouvir as historinhas e de ter o cuidado. Esse projeto é muito bom, devemos continuar
e todos os pais podem apoiar e participar, foi uma experiência maravilhosa. ( Mãe de uma criança do
Pré II – Livro: O patinho feio )”.
- “Nós achamos uma experiência muito boa. Aprendi também que nós devemos dialogar mais com
nossos filhos, e que um pouco que paramos para ler uma história para nossos filhos faz toda uma
diferença, e é de uma importância muito grande para minha filha, aprendi que devo ler mais para ela.
(Mãe de uma criança do Pré II – Livro: Cachinhos de ouro)”.
Dessa forma, corroboro perfeitamente com Rosa e Brandão (2011, p. 175) ao
citarem que “Os caminhos percorridos pela Mala ficam registrados na memória dos
seus leitores. Da escola para casa, a Mala leva livros e suas histórias. De casa para
a escola, voltam novas histórias”,pois foi exatamente isso que ficou evidente tanto
nos relatos dos pais, quanto nos recontos feitos pelos alunos em sala de aula.
Quantas novas histórias surgiram!
Mas para o Projeto ser colocado em prática, foi preciso estabelecer prazos
para a execução das etapas da PI, os mesmos e as ações necessárias são
apresentados abaixo:
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Quadro 1 – Cronograma de Ações
PERÍODO
AÇÕES
2015
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
- Preparação da Jornada Pedagógica pela Coordenação, onde pretende-se lançar a ideia do Projeto de Intervenção, através do Projeto Mala de Leitura Viajante.
- Jornada Pedagógica Realizada com o corpo docente, direção e Coordenação, onde foi abordada a ideia de se trabalhar dentro do planejamento anual, o Projeto Mala de Leitura Viajante.
- Apresentação e aprovação do grupo escolar da PI, através do Projeto Mala de Leitura Viajante. Por decisão do corpo docente, acharam mais conveniente, aplicar a PI no início do II semestre.
- Durante as AC’s , sempre abordando sobre a importância da diversidade de textos apresentados na Educação Infantil.
- Sensibilização e apresentação para o corpo docente e discente da PI.
- Implementação e Execução do Projeto Mala de Leitura Viajante.
- Culminância do Projeto, envolvendo toda a comunidade escolar, inclusive os pais. (Mostra de desenhos confeccionados a partir da história que foi contada em casa com o tema do livro escolhido, como também a avaliação de todos os envolvidos no Projeto).
- Avaliação da PI.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As lições aprendidas durante a construção deste Projeto Vivencial como um
todo, trouxe experiências importantíssimas para a minha atuação profissional e
social.
Foi possível constatar que a implementação e execução do projeto Mala de
Leitura Viajante, na instituição de ensino a qual trabalho, pode contribuir de forma
muito exitosa no gosto pela leitura, tanto das crianças como dos pais, além de
colaborar com o fortalecimento dos laços e a participação direta na educação
escolar dos filhos, pelos responsáveis/ familiares/ pais. Inclusive, na própria
avaliação feita com todos os envolvidos (alunos, pais e professores) no projeto pode
ser ratificada essa conclusão.
Também foi muito agradável encontrar autores que defendem as mesmas
concepções expostas no decorrer do trabalho, e perceber assim que, apesar da
ideia do Projeto ser algo novo e adaptado, para a instituição onde foi executado,
vai ao encontro à Legislação Educacional vigente, a teóricos que enfocam a
importância de se trabalhar com projetos pedagógicos na educação infantil, que
oferecem leitura às crianças, desde a mais tenra idade, proporcionando
reflexões sobre o processo da linguagem escrita e seu ensino na Educação Infantil,
como também a avaliação nesta etapa da Educação Básica.
Os instrumentos utilizados para realizar o Projeto foram de fundamental
importância para concretizar os objetivos propostos, pois o fato de levar a Mala de
Leitura para casa (esta carregando dentro, livros de literatura infantil, lápis de cor,
canetinhas e fichas de leitura), proporcionou aos alunos/pais/professores a
oportunidade de dedicar um tempo exclusivo para o momento de leitura, desenho e
preenchimento da ficha de leitura, e o reconto para os colegas na sala de aula.
Segundo o corpo docente da escola, o Projeto enalteceu pontos importantes
para o processo de aprendizagem dos seus alunos como: interação,
responsabilidade, afetividade, criatividade, atenção, sensibilidade, ampliação do
vocabulário, iniciação ao processo de letramento com o acesso à leitura e escrita,
pois mesmo o fato de que a maioria dos alunos ainda não saberem decodificar as
marquinhas pretas nas folhas, as letras, não os impediu de expressarem a sua
maneira, como entenderam a história, como também a satisfação em compartilhar
36
com os colegas e professora a alegria do reconto e dos momentos prazerosos que
tiveram com os familiares ao levar a Mala para casa.
Por unanimidade tanto o corpo docente, discente e também os pais,
avaliaram o Projeto Mala de Leitura Viajante de forma muito positiva e uma atividade
que deve ser continuada pela escola nos anos seguintes. Dessa forma, espera-se
que este trabalho como um todo, possa contribuir para que outras pessoas utilizem
esse método de aprendizagem que foi muito enriquecedor e prazeroso,
engrandecendo assim a importância do trabalho do Coordenador Pedagógico junto
com a sua equipe pedagógica dentro de uma Instituição de Educação Infantil ou de
qualquer outra etapa de ensino.
Confesso que como educadora e principalmente como pessoa, me sinto muito
feliz e realizada com a oportunidade de ter contribuído, de alguma forma, com a
interação afetiva e com o processo de aprendizagem de tantas pessoas. Tudo valeu
muito a pena.
37
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Ensino Fundamental. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998,v. 3. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf. Acesso em: 26 set. 2015. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Plano Nacional de Educação. Disponível em :http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/pne.pdf. Acesso em 30 out. 2015. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Memorial da Gestão da Educação Municipal: construindo uma transição republicana no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica, 2008. HOFFMANN, Jussara. Avaliação e Educação Infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2012. PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. REYES, Yolanda. A casa imaginária: leitura e literatura na primeira infância. 1 ed. São Paulo : Global, 2010. SHORES, E.; GRACE, C. Manual de Portfólio: um Guia Passo a Passo para o Professor.Porto Alegre: Artmde, 2001. THIOLLENT, Michel. Pesquisa-ação nas organizações. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2009. VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
BARBOSA, Maria Carmem Silveira; HORN, Maria da Graça Souza. Projetos pedagógicos na Educação Infantil. Porto Alegre: Grupo A, 2008. 128 p.; 23 cm BRANDÃO, Ana C. P; LEAL, Telma F. Alfabetizar e letrar na Educação Infantil: o que isso significa? In: BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Sousa (orgs). Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. 2. ed. – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2011.
BRANDÃO, Maria S. ROSA, Ester C. de S. Projeto Mala de Leitura: aproximando a escola da família através da circulação de livros. In BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi; ROSA, Ester Calland de Sousa (orgs). Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. 2. ed. – Belo Horizonte : Autêntica Editora, 2011.
38
APÊNDICE 1
- DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: “MALA DE LEITURA VIAJANTE”
O projeto é norteado pela literatura infantil que são previamente selecionados pelas professoras com
o intuito de oferecer livros com bons textos, com gravuras que possibilitem o encantamento, enfim,
livros que possuam conteúdos e qualidade.
Anterior a essa etapa, é dado aos alunos a oportunidade de serem “seduzidos”, pois, na visão Rosa
e Brandão (2011) boas histórias seduzem e sensibilizam leitores de todas as idades,e, tendo o
contato com vários tipos de textos impressos não literários que têm diferentes funções na nossa
sociedade, tais como: Revistas infantis, em quadrinhos, propaganda, embalagens, receitas, bulas de
remédio, jornais, certidão de nascimento também devem ser objetos de experimentação. Para que
dessa forma, eles percebam que existem várias maneiras de ter acesso a leitura, escrita e imagens
,mas que o tipo de texto escolhido para seguir dentro da “Maleta de Leitura Viajante” ( a qual tem este
nome, porque é uma maleta com livros que irá viajar para a casa de todos os alunos da escola) será
os livros de literatura infantil;
Deve ser feito um cartaz contendo a relação com o nome dos alunos e o respectivo livro lido por ele;
- Recursos materiais e humanos utilizados:
Pasta de plástico com alça (a mala);
Livros de literatura infantil;
Variados tipos de leitura como: revistas infantis, em quadrinhos, propaganda, embalagens, receitas,
bulas de remédio, jornais, certidão de nascimento;
Giz de cera, caixa de lápis de cor, canetinha, lápis de escrever e borracha.
Papel ofício;
Desenhos, colagens, dobradura, fotos, fantasias;
Direção, Coordenação Pedagógica, Professores, Alunos e Pais;
- O trabalho deve ser desenvolvido da seguinte forma:
Confecção de uma Mala de Leitura Viajante, bem bonita;
De segunda a quinta-feira, uma criança é sorteada para levar para casa: a mala com dois ou quatro
livros, uma caixa de giz de cera, caixa de lápis de cor, canetinha, lápis de escrever e borracha.
A criança sorteada escolhe o livro ou os livros que quer ler.
Os pais da criança sorteada são orientados a ler a história e após a leitura desse livro, a criança
juntamente com os familiares, deve fazer um registro na folha através de desenhos, colagens,
dobradura, foto e tudo o que a imaginação mandar sobre o que achou da história lida lembrando-se
de colocar o nome e a data.
No espaço de baixo da folha é para os pais e /ou responsáveis responderem: como foi a experiência
de ter esta Mala de Leitura em casa, seja através de um pequeno relato, foto, colagem, dobradura e
tudo o que a imaginação mandar.
No dia seguinte a criança deverá trazer de volta para a escola a Mala de Leitura e convidar um dos
responsáveis (se for possível) para ajuda-las a contar a historia para os demais colegas. O
evento é registrado com fotos.
OBS. Os registros serão colocados em exposição no final do projeto para que todos os pais do CMEI
Criança Feliz possam ver.
AVALIAÇÃO: A avaliação mediadora, visa entender o processo de cada criança e a significação que
cada leitura comporta, observação do comportamento do grupo na roda de leitura. Portanto, a
avaliação ocorre no decorrer do projeto, buscando identificar se os objetivos traçados estão sendo
alcançados.
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APÊNDICE 2
(Este texto deve ser colado no fundo da Mala de Leitura, considerando que as mesmas são
transparentes)
Senhores Pais ou Responsáveis,
Tendo em vista a fundamental importância da formação do leitor, este Projeto “Mala
de Leitura Viajante”, foi elaborado com o objetivo de incentivar o hábito de ler no convívio
familiar e estimular a criatividade das crianças. Além disso, o Projeto visa também
desenvolver a linguagem oral das crianças, de modo a ampliar o vocabulário.
O Projeto foi denominado “Mala de Leitura Viajante”, porque essa Mala viajará
semanalmente de segunda a quinta-feira, com uma criança e vai acompanhada de alguns
livros. Dessa forma, você e a criança deverão escolher um destes livros para fazer a leitura
junto com a família. Constam também dentro da Mala lápis de cor, giz de cera, lápis com
borracha e uma ficha de leitura que deverá ser preenchida com a ajuda de um adulto, onde
a criança irá registrar através de desenho ou colagem o que achou do livro lido. No espaço
de baixo da folha é para os Pais ou Responsáveis escreverem ou ilustrarem o que achou da
experiência em fazer a leitura do livro com o seu filho (a). Se quiserem, os pais também
podem tirar fotos do momento de leitura e preenchimento da ficha de leitura com os filhos,
pois no final do Projeto pretendemos fazer um belo evento em que todas as fichas de leitura
e fotos da execução do Projeto serão mostradas, inclusive para os Pais.
No dia seguinte a criança deve trazer para a escola a Mala com todos os objetos
dentro e a ficha preenchida, pois, na sala de aula ela terá a oportunidade de fazer o reconto
da história lida com a família, ou seja, contar para os colegas o que aconteceu na história
escolhida por ela, podendo utilizar alguns recursos como fantoches, ou até mesmo algum
objeto trago de casa como fantasias, ou roupa específica de algum personagem da história.
Se algum Pai/Mãe ou Responsável quiser, poderá participar do reconto da história junto com
o seu filho (a), pois nossa Escola estará de portas abertas para recebê-los com muito
prazer.
“Pais lembrem-se que nossos exemplos valem mais do que palavras, demonstre
interesse por ler, pelo estudo de seu filho (a), e verás o quanto é gratificante essa fase
de suas vidas.”
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APÊNDICE 3
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ANEXO 1
CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL CRIANÇA FELIZ
FICHA DE LEITURA
Data: / /2015
Aluno:_
Turma:_ Turno:_ Professora:_
Nome do Livro:
Autor (a) do Livro
Ilustrador do Livro:
Quem leu o livro para você foi:
1- Represente através de escrita, figuras ou desenho um pouco da parte que você mais
gostou do livro que acabou de ler com a sua família. (Importante, aqui deve ser respeitado a
opinião do aluno).
2- Agora neste espaço deve ser representado pelos Pais ou Responsáveis, através de fotos,
ou escrita, ou desenho, ou colagem, o que vocês acharam da experiência de fazer esta
atividade com o seu filho (a).
(Diariamente ia dentro da Mala esta ficha para os pais preencherem e enviar no outro dia
para a escola)
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ANEXO 2
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