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FACULDADE IMED MESTRADO EM ODONTOLOGIA PEDRO HENRIQUE WENTZ TRETTO AVALIAÇÃO DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES GERADAS COM O USO DE IMPLANTES E PILARES DE MATERIAIS ALTERNATIVOS AO TITÂNIO DISSERTAÇÃO PASSO FUNDO 2018

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FACULDADE IMED

MESTRADO EM ODONTOLOGIA

PEDRO HENRIQUE WENTZ TRETTO

AVALIAÇÃO DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES GERADAS COM O

USO DE IMPLANTES E PILARES DE MATERIAIS ALTERNATIVOS

AO TITÂNIO

DISSERTAÇÃO

PASSO FUNDO

2018

PEDRO HENRIQUE WENTZ TRETTO

AVALIAÇÃO DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES GERADAS COM O

USO DE IMPLANTES E PILARES DE MATERIAIS ALTERNATIVOS

AO TITÂNIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Faculdade IMED, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Odontologia

Professor orientador: Prof. Dr. Ataís Bacchi

PASSO FUNDO, 2018

CIP – Catalogação na Publicação

T799a TRETTO, Pedro Henrique Wentz

Avaliação das tensões e deformações geradas com o uso de implantes e pilares de materiais alternativos ao titânio / Pedro Henrique Wentz Tretto. – 2018.

47 f., il.; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Faculdade IMED, Passo

Fundo, 2018. Orientador: Prof. Dr. Ataís Bacchi.

1. Odontologia – Titânio. 2. Implantes dentários. 3. Odontologia – Estresse mecânico. I. BACCHI, Ataís, orientador. II. Título.

CDU: 616.314-089.843

Catalogação: Bibliotecária Angela Saadi Machado - CRB 10/1857

PEDRO HENRIQUE WENTZ TRETTO

Avaliação das Tensões e Deformações Geradas por Materiais Emergentes

Utilizados para a Confecção de Implantes Dentários e Pilares Protéticos: Análise

Tridimensional de Elementos Finitos de Múltiplas Variáveis

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Faculdade IMED, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Odontologia

Data da defesa: 18/12/2018

Banca examinadora:

___________________________________________________________________

Orientador Prof. Dr. Ataís Bacchi – Faculdade Meridional – IMED, Passo Fundo – RS.

___________________________________________________________________

Prof. Dr. Aloísio Oro Spazzin – Faculdade Meridional – IMED, Passo Fundo – RS.

___________________________________________________________________

Profª. Dra. Ana Paula Farina – Universidade de Passo Fundo – UPF, Passo Fundo –

RS.

Agradecimentos

À Faculdade Meridional (IMED), representada pelo seu Diretor Geral Prof. Dr.

Eduardo Capellari, o meu agradecimento.

À Escola de Odontologia, representada pelo seu Diretor Prof. Doutor Leodinei

Lodi, o meu agradecimento.

Ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia, representado pela sua

Coordenadora Profª. Dra. Graziela Oro Cericato, o meu agradecimento.

Ao meu orientador Prof. Dr. Ataís Bacchi pela grande amizade, por todo

conhecimento passado e pela orientação e apoio na execução deste trabalho. A todos

professores do mestrado, pelos dois anos de muito aprendizado e crescimento

pessoal. Ao Prof. Mateus Bertolini Fernandes Dos Santos pelos ensinamentos

passados e pela colaboração neste trabalho.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

pela disponibilização de bolsa para execução do mestrado.

A minha família pelo apoio, suporte e confiança que sempre depositaram em

mim. Vocês foram fundamentais novamente, para o alcance de mais uma conquista.

Aos colegas de classe: Alânia, Carla, Gustavo, Kelly, Luiza, Rafaela, Ricardo e

Rodrigo, pela amizade e por essa excelente turma que formamos.

E um agradecimento especial aos queridos colegas bolsistas do PPGO ano

2018, Angélica, Elenusa, Emanuela, Letícia, Michele e Volni, pela verdadeira família

que formamos nesse ano de muita amizade e ajuda mútua. Fico muito feliz por ter tido

a oportunidade de convívio diário com pessoas tão fantásticas como vocês.

Notas Preliminares

O projeto de pesquisa relacionado à esta dissertação foi apresentado a banca

de qualificação no dia 12 de dezembro de 2017 e aprovado pela Banca Examinadora

composta pelos Professores Doutores Ataís Bacchi, Aloísio Oro Spazzin e Gabriel

Kalil Rocha Pereira.

RESUMO

TRETTO, Pedro Henrique Wentz. Avaliação das tensões e deformações geradas

por materiais emergentes utilizados para a confecção de implantes dentários e

pilares protéticos: análise tridimensional de elementos finitos de múltiplas.

2018. 48 p. Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Programa de Pós-Graduação

em Odontologia. Faculdade Meridional, Passo Fundo, 2018.

Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores relacionados aos implantes

modernos de materiais alternativos ao titânio, frente a diferentes macrogeometrias,

quanto à tensão e deformação óssea frente a aplicação de carga, por análise de

elementos finitos (AEF) sem simplificações de interface e de propriedade dos

materiais. Materiais e métodos: Modelos tridimensionais foram criados para simular

a situação clínica de reposição a um incisivo central superior com implantes, portanto

em osso tipo III, e coroa unitária provisória, suportando uma carga obliqua de 100N.

Os parâmetros da AEF estudados foram: implantes – cônico de roscas trapezoidais e

cilíndrico de roscas triangulares (4,3 mm de largura e 11 mm de comprimento);

materiais – titânio, titânio poroso, titânio-zircônia, zircônia, compósito de fibra de vidro

reforçado (CFVR) e polieteretercetona (PEEK). Dados de von Mises, cisalhamento,

tensões principais máxima e mínima no tecido ósseo peri-implantar foram

comparados. Resultados: Quando simulados implantes de diferentes materiais e pilar

de titânio, a tensão no implante foi maior quando CFVR foi usado; no tecido ósseo, a

tensão foi amplificada quando utilizado CFVR e PEEK. Quando simulado implante e

pilar protético de mesmo material, as tensões nos pilares foram menores com CFVR

e PEEK, porém no tecido ósseo foram maiores com os mesmos materiais. E quando

simulados pilares protéticos de diferentes materiais associados a um implante de

titânio, pilares de PEEK e CFVR levaram a maior concentração de tensão no implante

e maior tensão máxima principal tem tecido ósseo. Conclusão: Houve uma tendência

de maior tensão e deformação em tecido ósseo causada por materiais de menor

módulo de elasticidade (principalmente para PEEK e CFVR). Os mesmos

apresentaram também maior concentração de tensões no implante (especialmente

CFVR). Implantes de zircônia levaram a menores tensões no tecido ósseo. Pilares

menos rígidos (CFVR e PEEK) associados a implantes de Titânio levaram a tendência

de maior tensão no implante e em tecido ósseo. A macrogeometria cônica apresentou

a tendência de maior concentração de tensão no implante e no tecido ósseo.

Palavras-chave: Análise de Elementos Finitos; Implantes Dentários; Titânio; Estresse

Mecânico.

ABSTRACT

TRETTO, Pedro Henrique Wentz. Evaluation of stress and deformation generated

by emergent materials used for the production of dental implants and prosthetic

abutments: three - dimensional finite elements analysis of multiple variable.

2018. 48 p. Dissertation (Master degree in Dentistry). Graduate Program in Dentistry.

Meridional Faculty, Passo Fundo, 2018.

Objective: The aim of this study was to evaluate the factors related to modern implants

of alternative materials to titanium, in face of different macrogeometries, in terms of

stress and bone deformation with load application, by finite element analysis (FEA)

without interface simplification. Materials and methods: Three-dimensional models

were created to simulate the clinical situation of replacement to an upper central incisor

with implants, therefore in type III bone, and a provisional single crown, supporting an

oblique load of 100N. The FEA parameters studied were: implants – tapered of

trapezoidal threads and cylindrical of triangular threads (4.3 mm wide and 11 mm long);

materials – titanium, porous titanium, titanium-zirconia, zirconia, reinforced fiberglass

composite (RFC) and polyetheretherketone (PEEK). Von Mises, shear, maximum and

minimum principal stress in the peri-implant bone were compared. Results: When

simulated implants of different materials and titanium abutment, the implant stress was

higher when RFC was used, in the bone tissue the stress was amplified when using

RFC and PEEK. When simulated implant and prosthetic abutment of the same

material, the stress in the abutments were lower with RFC and PEEK, but in bone

tissue were higher with the same materials. When simulated prosthetic abutments of

different materials associated with a titanium implant, PEEK and RFC abutments led

to higher stress concentration in the implant and bone tissue. Conclusion: There was

a trend of increased stress and deformation in bone tissue caused by materials with

lower modulus of elasticity (mainly for PEEK and RFC). They also presented higher

concentration of stresses in the implant (especially RFC). Zirconia implants led to lower

stress and strains in bone tissue. Less rigid abutments (RFC and PEEK) associated

with Titanium implants led to the trend of higher stress in the implant and in bone tissue.

The conical macrogeometry showed a trend of higher stress concentration in the

implant and bone tissue.

Key Words: Finite Element Analysis; Dental Implants; Titanium; Stress, Mechanical.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

2. ARTIGO ................................................................................................................ 17

Resumo ................................................................................................................. 17

Introdução ............................................................................................................ 19

Materiais e Métodos............................................................................................. 22

Geração dos Modelos Sólidos ........................................................................ 22

Simulação Numérica ........................................................................................ 23

Análise dos resultados .................................................................................... 23

Resultados ........................................................................................................... 24

Discussão ............................................................................................................. 25

Conclusão ............................................................................................................ 29

Referências Bibliográficas .................................................................................. 30

Tabelas e Figuras................................................................................................. 36

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 46

13

1. INTRODUÇÃO

Em 1983, Brånemark sugeriu que os maxilares edêntulos fossem reabilitados

com próteses fixas suportadas por implantes dentários, seguindo o princípio da

osseointegração.[1] Método este que foi concebido para garantir a ancoragem

permanente de próteses dentárias, evitando assim, distúrbios sociais, estéticos e

funcionais como a retenção limitada que próteses removíveis totais ou parciais podem

vir a apresentar.[1–3]

A osseointegração é definida histologicamente como uma íntima conexão

estrutural e funcional entre osso e implante dentário, sendo diretamente responsável

pelo sucesso dos implantes em longo prazo.[4,5] Pode ser dividida em duas etapas,

a primeira etapa é mecânica, onde ocorre um travamento inicial que dependerá

diretamente do formato do implante dentário e das características ósseas do paciente,

definida como estabilidade primária. A segunda etapa é biológica, e se dará pelo

processo de cicatrização e remodelação do tecido ósseo, definida como estabilidade

secundária.[6,7]

Sendo o tecido ósseo particularmente importante para a obtenção da

osseointegração, o entendimento de suas características é um ponto fundamental

para o êxito na implantodontia. Sua qualidade pode estar relacionada com a posição

no arco dentário, a mandíbula geralmente apresenta uma camada cortical mais densa

e espessa do que a maxila, e ambas, tendem a apresentar uma camada mais fina e

porosa posteriormente, da mesma forma, o osso trabecular é mais denso na

mandíbula do que na maxila, se tornando nas duas, mais poroso posteriormente.[8] A

densidade do osso disponível em um sítio é um fator determinante para o plano de

tratamento, assim, Misch[9] propôs um sistema de classificação baseado nessa

questão, sendo quatro variantes: osso do tipo D1 – osso cortical denso; osso do tipo

D2 – osso cortical denso, espesso e poroso na margem e trabecular grosso no seu

interior; osso do tipo D3 – osso com margem cortical porosa mais fina e um osso

trabecular fino no seu interior e osso do tipo D4 – quase não apresenta margem

cortical na crista, sendo mais encontrados os ossos tipo D2 e D3.[9]

Os implantes vêm sendo amplamente utilizados para reabilitações bucais onde

se encontra elementos dentários ausentes. A alta previsibilidade para o tratamento

14

reabilitador, com índice de sucesso de cerca de 94,6%, encontrada em recente

revisão sistemática, contendo estudos com acompanhamento de até 20 anos, nos

permite lançar mão dessa opção de tratamento com segurança.[13] Isso não exclui a

necessidade de entendimento das causas de falha dos implantes dentários, esse

mesmo trabalho traz dados que a partir de 15 anos os índices de sobrevivência

diminuem (16 anos – 88.8% e 20 anos – 91.2%) e que aproximadamente 70% das

perdas de implante ocorreram após a colocação do pilar protético e o início do suporte

da carga protética, demonstrando que um maior número de falhas acontece após o

início função do implante.[13] Em outras palavras, as complicações mecânicas

excedem em número os problemas biológicos na implantodontia.[13–15]

Do ponto de vista biomecânico, a osseointegração bem-sucedida dos implantes

dentários depende da maneira como as tensões mecânicas e as deformações são

transferidas para os ossos e tecidos circundantes. Entre os fatores que afetam a

distribuição das tensões e a transferência de deformação, podemos incluir o tipo de

carga recebida, o tipo de interface osso/implante presente, o comprimento e o

diâmetro do implante, a geometria do implante e sua superfície, e a qualidade e

quantidade de osso circundante.[16]

As cargas recebidas pelos implantes dentários são transferidas aos tecidos de

suporte, dessa forma, o macrodesign tem como objetivo principal, dissipar as tensões

geradas de maneira adequada aos tecidos circundantes.[17] Seu projeto deve

maximizar o contato inicial, aumentar a área de superfície e facilitar a dissipação de

tensões na interface osso/implante,[18] ficando claro sua importância na otimização

biomecânica.[19] Os implantes dentários que proporcionarem instalação otimizada,

melhor distribuição das tensões e menores graus de micromovimentos, melhorando

as condições de remodelação óssea e de carregamento, serão cruciais na reabilitação

com implantes.[20]

Um princípio da engenharia chamado de análise de feixe de compósito

estabelece que quando dois materiais de diferentes módulos de elasticidade são

colocados juntos sem nenhum material interferente e um é carregado, um aumento

do perfil da tensão será observado onde os dois materiais entram em contato primeiro.

Assim, na interface osso/implante, esses perfis de tensão são de maior magnitude na

região da crista óssea, e nos mostra a relevância do material utilizado na confecção

do implante dentário.[21]

15

Por cerca de cinco décadas, implantes dentários de titânio puro ou compostos

de ligas de titânio vem sendo considerados o padrão ouro na implantodontia, obtendo

taxas de sobrevivência de 93% a 95% após 10 anos de carregamento com uma

restauração fixa.[22,23] Buscando melhorar o desempenho de fadiga de implantes de

diâmetro estreito, utilizados para tratamentos em zonas críticas, foi desenvolvida uma

nova liga, titânio-zircônia, que apresentou taxas de sucesso e de reabsorção óssea

peri-implantar semelhantes ao titânio[24] e módulo de elasticidade ligeiramente

inferior.[25] Apesar dos altos índices de sucesso encontrados, os implantes de titânio

apresentam algumas desvantagens, como potencial de descoloração do tecido

gengival peri-implantar e possível hipersensibilidade.[26] Outro ponto desfavorável é

o alto módulo de elasticidade em comparação ao tecido ósseo, que resultando na

pesquisa de uma liga que apresentasse níveis mais próximos ao do osso, chegando

ao titânio poroso, com destaque para a liga titânio-nióbio com 70% de porosidade, que

apresentou boa biocompatibilidade e permitiu maior crescimento ósseo, e também

demonstrou resistência à corrosão superior ao titânio puro.[27]

Como material alternativo as ligas metálicas, a cerâmica, mais especificamente

a zircônia tetragonal estabilizada com ítria, uma cerâmica policristalina, surge

apresentando taxa de sobrevivência e perda óssea marginal promissores,

comparáveis aos encontrados com implantes de titânio.[28] Outro material alternativo

é o compósito reforçado por fibra, que estabeleceu nível de osseointegração

semelhante aos implantes de titânio[29] e apresenta como característica positiva

principal o baixo módulo de elasticidade, semelhante ao do osso, podendo levar a

uma faixa de tensão próxima a um nível de ótima estimulação de crescimento ósseo

e a uma distribuição mais uniforme que os implantes de titânio.[29–31] O

Polieteretercetona (PEEK) é outra possibilidade de substituição aos materiais

metálicos, principalmente por apresentar módulo de elasticidade semelhante ao

osso,[26,32,33] mas também alta estabilidade química e maior resistência a corrosão

e ao desgaste em comparação a liga Ti-6Al-4V.[34] Fica evidente a necessidade do

entendimento da dissipação das tensões geradas no tecido ósseo utilizando os

diferentes materiais alternativos ao titânio.

Para avaliar o comportamento de estruturas e tensões produzidas de forma

numérica, utilizamos um método computadorizado denominado análise de elementos

finitos (AEF). Foi primeiramente utilizada na área de engenharia,[35] mas vem sendo

amplamente utilizada na implantodontia, simulando condições clínicas que seriam

16

complicadas ou inviáveis de serem examinadas com outros métodos.[36] Com isso,

muitos trabalhos foram desenvolvidos utilizando diferentes metodologias para a AEF,

podendo levar a resultados diferentes quando uma mesma situação clínica é

testada.[37]

Simplificações na AEF como a definição de propriedades ósseas isotrópicas e

homogêneas, características de interface de linearidade e ausência de coeficiente de

fricção são usualmente encontradas na literatura,[36,38–40] a fim de facilitar a

modelagem no programas 3-D e os processamentos dos dados nos programas de

análise.[37] Questionamentos quanto a utilização dessas simplificações surgiram, e

com isso, pesquisas foram realizadas e mostraram que deve-se evitar usa-las, pois

causam influências relevantes nos resultados.[37,41]

Conforme referido anteriormente, a dispersão das tensões é um fator chave no

sucesso da osseointegração, assim, esse estudo tem como objetivo avaliar os fatores

relacionados aos implantes modernos de materiais alternativos ao titânio, com

diferentes macrogeometrias, quanto à tensão e deformação óssea frente a aplicação

de carga, por análise de elementos finitos sem simplificações de interface e de

propriedade dos materiais.

As hipóteses deste estudo foram as de que não haveria diferença na tensão no

pilar, implante, parafuso e na estrutura óssea causada pelos diferentes materiais

usados como (I) implante ou (II) pilar protético

17

2. ARTIGO

AVALIAÇÃO DAS TENSÕES E DEFORMAÇÕES GERADAS COM O USO DE

IMPLANTES E PILARES DE MATERIAIS ALTERNATIVOS AO TITÂNIO

Resumo

O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores relacionados aos implantes modernos de

materiais alternativos ao titânio, frente a diferentes macrogeometrias, quanto à tensão

e deformação óssea frente a aplicação de carga, por análise de elementos finitos

(AEF) sem simplificações de interface e de propriedade dos materiais. Modelos

tridimensionais foram criados para simular a situação clínica de reposição a um

incisivo central superior com implantes, portanto em osso tipo III, e coroa unitária

provisória, suportando uma carga obliqua de 100N. Os parâmetros da AEF estudados

foram: implantes – cônico de roscas trapezoidais e cilíndrico de roscas triangulares

(4,3 mm de largura e 11 mm de comprimento); materiais – titânio, titânio poroso,

titânio-zircônia, zircônia, compósito de fibra de vidro reforçado (CFVR) e

polieteretercetona (PEEK). Dados de von Mises, cisalhamento, tensões principais

máxima e mínima no tecido ósseo peri-implantar foram comparados. Quando

simulado implantes de diferentes materiais e pilar de titânio, a tensão no implante foi

maior quando CFVR foi usado, no tecido ósseo a tensão foi amplificada quando

utilizado CFVR e PEEK. Quando simulado implante e pilar protético de mesmo

material, as tensões nos pilares foram menores com CFVR e PEEK, porém no tecido

ósseo foram maiores com os mesmos materiais. E quando simulados pilares

protéticos de diferentes materiais associados a um implante de titânio, pilares de

PEEK e CFVR levaram a maior concentração de tensão no implante e maior tensão

máxima principal tem tecido ósseo. Houve uma tendência de maior tensão e

deformação em tecido ósseo causada por materiais de menor módulo de elasticidade

(principalmente para PEEK e CFVR). Os mesmos apresentaram também maior

concentração de tensões no implante (especialmente CFVR). Implantes de zircônia

levaram a menores tensões no tecido ósseo. Pilares menos rígidos (CFVR e PEEK)

associados a implantes de Titânio levaram a tendência de maior tensão no implante e

em tecido ósseo. A macrogeometria cônica apresentou a tendência de maior

concentração de tensão no implante e no tecido ósseo.

18

Palavras-chave: Análise de Elementos Finitos; Implantes Dentários; Titânio;

Estresse Mecânico.

19

Introdução

O alto índice de sucesso dos implantes dentários, cerca de 94,6% em pelo

menos 10 anos[1] de acompanhamento, o tornou uma excelente opção para o

tratamento e reabilitação bucal de pacientes que apresentam elementos dentários

ausentes. Isso não exclui a necessidade de entendimento das causas de falha dos

implantes dentários, onde aproximadamente 70% das perdas ocorrem após a

colocação do pilar protético e início da carga oclusal.[1] Em outras palavras, as

complicações mecânicas excedem os problemas biológicos na implantodontia.[1–3]

É sugerido que a dissipação das tensões geradas pelas cargas oclusais na

interface osso/implante possa desempenhar um papel importante para o sucesso dos

implantes dentários.[4] Do ponto de vista biomecânico, a osseointegração bem-

sucedida dos implantes dentários depende da maneira como as tensões mecânicas e

as deformações são transferidas para os ossos e tecidos circundantes.[4] Entre os

fatores que afetam a distribuição das tensões e a transferência de deformação,

podemos incluir o tipo de carga recebida, o comprimento e o diâmetro do implante, a

geometria do implante e sua superfície, a qualidade e quantidade de osso

circundante[4] e o material de fabricação do implante.[5]

O titânio ainda é o material padrão ouro para utilização em implantes dentais,

essencialmente pela sua biocompatibilidade e habilidade de gerar osseointegração.[6]

No entanto, existe uma linha de pensamento que entende que este material possa ser

considerado como biomecanicamente incompatível, devido ao seu maior módulo de

elasticidade comparado ao do osso. Além disso, íons metálicos e detritos liberados

pelo material estão fortemente associados as tendências de corrosão do titânio em

condições fisiológicas,[7] e também podem estar relacionados com destruição óssea

peri-implantar.[8] Por isso, ligas alternativas com titânio têm sido desenvolvidas, tendo

diferentes linhas de interesse, como a busca de materiais de menor módulo de

elasticidade, mais próximo ao do tecido ósseo, e que não causem corrosão.

Duas novas ligas de titânio foram desenvolvidas. A liga de titânio-zircônia

apresentou taxas de sucesso e de reabsorção óssea peri-implantar semelhantes ao

titânio[9] e módulo de elasticidade ligeiramente inferior.[10] Já a liga de titânio-nióbio

com 70% de porosidade, conhecido como titânio poroso, alcançou módulo de

elasticidades mais próximo ao do osso, boa biocompatibilidade, maior crescimento

ósseo e demonstrou resistência à corrosão superior ao titânio puro.[11]

20

Apesar dos altos índices de sucesso encontrados com os implantes de titânio,

eles apresentam algumas desvantagens, como, potencial de descoloração do tecido

gengival peri-implantar e possível hipersensibilidade,[12] assim, materiais alternativos

ao titânio, livres de metal, também foram pesquisados.

A cerâmica, mais especificadamente a zircônia tetragonal estabilizada com

ítrio, uma cerâmica policristalina, surge apresentando alta taxa de sobrevivência e

pouca perda óssea marginal, comparáveis aos encontrados com implantes de

titânio.[13,14] Não há relatos de acúmulo substancial de bactérias.[14] Quanto as

propriedades mecânicas, possui resistência a fratura suficiente para suportar as

cargas mastigatórias. Além dos pontos biológicos e mecânicos, a zircônia se torna

uma alternativa estética aos implantes de titânio.[14]

Outro material alternativo ao titânio, o compósito de fibra de vidro reforçado,

estabeleceu nível de osseointegração semelhante ao padrão ouro,[15] e também,

apresentou como característica positiva, o baixo módulo de elasticidade, sendo

semelhante ao do tecido ósseo, podendo assim, levar a uma faixa de tensão próxima

a um nível de ótima estimulação de crescimento ósseo e a uma distribuição mais

uniforme que os implantes de titânio.[15–17]

Recentemente foi introduzido o polieteretercetona (PEEK), outra possibilidade

de substituição aos materiais metálicos, principalmente por apresentar módulo de

elasticidade mais próximo ao do tecido ósseo,[12,18,19] mas também alta estabilidade

química e maior resistência a corrosão e ao desgaste em comparação a liga Ti-6Al-

4V.[20] O PEEK não modificado é menos osseocondutivo e bioativo do que o

titânio,[21] porém, modificações formando um compósito com PEEK, podem alterar

esse quadro. O compósito polieteretercetona/nano-fluorohidroxiapatita é

citocompatível após tratamento de superfície, possui boa atividade antibacteriana e

desencadeia um conjunto de eventos in vitro que seguem o padrão temporal da

osteogênese, além disso, demonstra bioatividade melhorada, integração óssea e

contato osso/implante in vivo, o que abre caminho para o composto a base de PEEK

ser usado como material de implante dentário.[22]

As tensões causadas pelos diferentes materiais podem estar diretamente

associadas a macrogeometria do implante. As cargas recebidas pelos implantes

dentários são transferidas aos tecidos de suporte, dessa forma, a macrogeometria tem

como objetivo principal dissipar as tensões geradas de maneira adequada aos tecidos

circundantes,[23] e será um dos importantes parâmetros para obtenção e manutenção

21

da osseointegração a longo prazo.[24] Seu projeto deve maximizar o contato inicial,

aumentar a área de superfície e facilitar a dissipação de tensões na interface

osso/implante,[25] ficando claro sua importância na otimização biomecânica.[26] O

estresse excessivo no osso pode causar reabsorção tecidual e dificultar uma boa

estabilidade do implante a longo prazo.[27] Os implantes dentários que

proporcionarem instalação otimizada, melhor distribuição das tensões e menores

graus de micromovimentos, melhorando as condições de remodelação óssea e de

carregamento, serão cruciais na reabilitação com implantes.[28]

A resposta mecânica do sistema restauração-implante-osso pode ser

investigada por meio da análise de elementos finitos.[27,29–32] Foi primeiramente

utilizada na área de engenharia,[33] mas vem sendo amplamente utilizada na

implantodontia, simulando condições clínicas que seriam complicadas ou inviáveis de

serem examinadas com outros métodos.[17,18,34] Ela representa uma metodologia

valiosa, usada por vários autores para investigar as distribuições de tensões em

sistemas de implante ósseo,[35] bem como em restaurações de dentes tratados

endodonticamente[36] e restaurações,[37–39] considerando diferentes condições de

carga.

Conforme referido anteriormente, a dispersão das tensões é um fator chave no

sucesso da osseointegração, assim, esse estudo tem como objetivo avaliar os fatores

relacionados aos implantes de materiais alternativos ao titânio, frente a diferentes

macrogeometrias, quanto à tensão e deformação óssea frente a aplicação de carga,

por análise de elementos finitos sem simplificações de interface e de propriedade dos

materiais.

As hipóteses deste estudo foram as de que não haveria diferença na tensão no

pilar, implante, parafuso e na estrutura óssea causada pelos diferentes materiais

usados como (I) implante ou (II) pilar protético.

22

Materiais e Métodos

Dois implantes do mesmo fabricante (Nobel Biocare) foram considerados e

analisados para investigar a influência da macrogeometria e do material utilizado para

a fabricação do implante e do pilar protético na dispersão, das tensões geradas pela

carga oclusal, entre os componentes e no tecido ósseo peri-implantar. Os implantes

foram designados como: A (Nobel Active – cônico de roscas trapezoidais); B (Nobel

Straight – cilíndrico de roscas triangulares). Os materiais estudados foram: titânio;

titânio poroso; liga de titânio-zircônia; zircônia; CFVR e PEEK.

Os parâmetros utilizados para a AEF foram: análise não-linear; propriedades

ósseas ortogonalmente anisotrópicas e contato osso/implante (COI) de 60%, por ser

compatível com uma condição de contato osso-implante encontrada em cortes

histológicos em períodos iniciais.[40]

A situação clínica simulada foi a reabilitação de um incisivo central superior, em

osso tipo III, com uma coroa unitária provisória, suportando uma carga perpendicular

ao longo eixo do implante de 100N (Figura 1).

Três análises foram realizadas: 1 – pilar protético de titânio com implantes de

diferentes materiais; 2 – implantes e pilares protéticos de mesmo material em corpo

único e 3 – implante de titânio com pilares protéticos de diferentes materiais. Todas

as análises foram realizadas com as duas macrogeometrias dos implantes.

Geração dos Modelos Sólidos

A geometria óssea maxilar foi estabelecida usando imagens de tomografia

computadorizada com espessura do corte de 1mm. A maxila foi seccionada para focar

a análise na porção anterior com o implante (figura 2) e como foi baseada em uma

situação real com a utilização de uma tomografia computadoriza, a espessura da

camada cortical foi de 1 mm em média. As características ósseas foram simuladas

representando um osso tipo D3 de acordo com a classificação de Misch.[41]

Foram desenhados dois modelos sólidos de implantes dentários cone morse

NOBEL BIOCARE®, sendo um cônico e um cilíndrico, com plataforma de Ø4,3 mm x

11 mm de comprimento.

Os modelos tridimensionais de elementos finitos foram construídos utilizando o

software de modelagem 3-D SolidWorks 2010, SolidWorks Corp., Concord, MA, EUA.

23

Ao montar os componentes, as operações booleanas foram usadas para

subtrair áreas de interferência que se cruzam com outros componentes, a fim de

garantir a congruência dos limites interfaciais das estruturas.

Simulação Numérica

Os modelos de elementos finitos foram obtidos importando os modelos sólidos

para o software de simulação mecânica (ANSYS Workbench 16, Ansys Inc.,

Canonsburg, Pensilvânia, EUA). A forma dos elementos utilizada foi tetraédrica com

10 nós, e o comprimento médio do bordo de cada elemento foi de 0,1 mm.

Refinamento da malha foi feita usando ferramenta de refinamento de malha nas

estruturas ósseas até que eles atingiram menos de 6% de alteração no teste de

convergência para garantir que os resultados numéricos fossem independentes da

malha. A malha final para estruturas ósseas foi de 0,25 mm e o número total de nós e

elementos gerados nos modelos elementos finitos foram: 667.035 nós e 394.311

elementos; 655.854 nós e 387.700 elementos para modelos cilíndricos e cônicos,

respectivamente.

Após a devida importação das geometrias, foi realizada a verificação da

consistência das grandezas físicas utilizadas no modelo de estudo com aquelas

utilizadas no sistema métrico internacional. Todos os materiais foram considerados

elasticamente não-lineares, homogêneos e anisotrópicos. A Tabela 1 apresenta os

valores das propriedades elásticas dos diferentes materiais que foram utilizados no

estudo.

Análise dos resultados

A análise dos resultados foi feita de duas maneiras: 1 – análise qualitativa por

meio de figuras e gradientes de cores de acordo com a concentração de tensões em

cada região; e 2 – análise quantitativa por meio da leitura numérica das tensões em

determinados nós da malha do modelo na superfície óssea em contato com o

implante, por meio do software. Todas as análises foram realizadas considerando a

tensão de Von Mises, máxima principal, mínima principal, cisalhamento e a

microdeformação.

24

Resultados

A tabela 2 representa os resultados para o uso de implantes de diferentes

materiais e um pilar padrão (em titânio). A tensão no implante foi maior quando

material de CFVR foi usado, para ambas as macrogeometrias, acompanhado de

PEEK para configuração Nobel active. Tensão no tecido ósseo foi em geral

inversamente proporcional ao módulo de elasticidade do material do implante,

independentemente da macrogeometria, sendo desta forma que a tensão foi

amplificada quando do uso de CFVR e PEEK. Implantes de zircônia levaram às

menores tensões em tecido ósseo. Ligeiro aumento na tensão foi observado em tecido

ósseo com titânio poroso quando comparado com o grupo controle. Ti-Zr não diferiu

do controle quanto a tensão causada em tecido ósseo. A figura 3 mostra diferenças

na tensão em tecido ósseo quando utilizados implantes de CFVR, PEEK e zircônia

em comparação ao titânio.

A tabela 3 mostra os resultados para modelos de implante/pilar de corpo único.

Estruturas de PEEK e CFVR concentraram menores tensões no pilar, porém

estruturas de CFVR levaram a maior concentração de tensão no implante na

configuração Nobel active. Entretanto, estruturas de PEEK e CFVR causaram maiores

tensões e microdeformações em tecido ósseo, para ambas macrogeometrias.

Estruturas de zircônia levaram a tensões e microdeformações ligeiramente menores

que titânio em tecido ósseo para ambas macrogeometrias. A figura 4 mostra as

diferenças na tensão em tecido ósseo quando utilizados implantes/pilares de

diferentes materiais.

A tabela 4 mostra os resultados para o uso de diferentes materiais de pilar

associados a um implante de titânio. Pilares de CFVR e PEEK levaram a maior

concentração de tensão no implante e maior tensão máxima principal em tecido

ósseo, para ambas macrogeometrias. CFVR e PEEK proporcionaram menor tensão

no pilar quando utilizadas com a macrogeometria de Nobel straight. O uso de

diferentes materiais não causou diferença relevante na tensão ou deformação nas

demais análises. A figura 5 mostra maior tensão causada no implante quando usados

pilares de CFVR e PEEK em comparação ao controle de titânio.

25

Discussão

A primeira hipótese deste estudo, de que o material do implante não causaria

influência nas tensões no tecido ósseo, pilar e implante, foi negada. Em geral, tanto

para implantes/pilares de corpo único quanto para caso de implante de diferentes

materiais com um pilar de titânio, materiais de menor módulo de elasticidade (CFVR

e PEEK) causaram maiores níveis de tensões e deformações em tecido ósseo,

enquanto material de maior módulo, neste caso zircônia, proporcionou os menores

valores. Uma hipótese para esses achados é a de que implantes de maior módulo

sofrem menor deformação quando carregados, levando à menor tensão no tecido

ósseo adjacente. Do contrário, implantes como os de CFVR e PEEK ao sofrerem

maior deformação quando carregados, realizam maior transmissão de tensões aos

tecidos adjacentes (tecido ósseo).

Isso vai ao encontro a uma hipótese sugerida na literatura,[42] que os materiais

de baixo módulo de elasticidade (mais próximos ao do osso) seriam mais

complacentes do que o tecido ósseo, e assim receberiam maior força, levando a uma

maior tensão no tecido ósseo peri-implantar, não tendo assim, nenhum efeito de

proteção sobre o a concentração de tensão ou micromovimentos. A similaridade do

módulo de elasticidade do implante com o osso não traria nenhuma vantagem em

ralação a materiais mais rígidos, pelo contrário, estaria sendo prejudicial em termos

de dispersão das tensões geradas pelas cargas de trabalho. Outra hipótese é a de

que materiais de baixo módulo de elasticidades tenham uma tendência de

concentração de tensão no colo do implante, devido a uma menor transferência de

carga pelo corpo do implante, diferente dos materiais de maior módulo de elasticidade,

onde as cargas foram transmitidas de forma mais homogênea ao tecido ósseo.[18]

Resultados opostos foram encontrados em um estudo da literatura simulando

um compósito de fibra de vidro reforçado como material experimental para um

implante dental, este com mais baixo módulo de elasticidade em comparação ao

titânio e com características anisotrópicas. A faixa de estresse obtida com o implante

de CFVR estava próxima do nível de estresse para o crescimento ideal e a dispersão

da tensão no osso peri-implantar foi mais uniforme que a alcançada com o implante

de titânio.[17] Esta diferença nos resultados para o presente trabalho pode ser devido

à ausência dos elementos parafuso, pilar protético e coroa provisória no estudo citado,

como também a configuração da direção das fibras utilizadas na construção do

26

modelo do implante de compósito de fibra de vidro reforçada, estabelecimento de uma

ligação total entre osso e implante ou a AEF ser presumida como linear elástica.

Os menores valores encontrados de tensão peri-implantar no presente estudo

sempre foram com os implantes de zircônia, que apresentam o maior módulo de

elasticidade, o mesmo alcançado em outro estudo.[43] Esses resultados não

compactuam com o princípio da engenharia da análise de feixe de compósito,[44] que

estabelece que quando dois materiais de diferentes módulos de elasticidade são

colocados juntos sem nenhum material interferente e um é carregado, ocorrerá

aumento do perfil da tensão onde os dois materiais entram em contato primeiro, pois

as tensões geradas com os materiais de maior módulo de elasticidade na região do

colo dos implantes foram menores que as apresentadas com os materiais de módulo

de elasticidade similar ao do tecido ósseo. Um segundo ponto contrastante é relatado

na pesquisa ortopédica,[45] que sugere que o menor módulo elástico intrínseco em

estruturas porosas de PEEK pode fornecer um ambiente mecânico mais favorável

para a formação e manutenção óssea sob magnitudes de carga espinhal, baseando-

se possivelmente no conceito de blindagem contra tensão (stress shielding), que diz

que um material com grande rigidez, pode vir a conter toda tensão gerada pela carga

recebida, deixando o tecido ósseo com mínima ou ausência tensão, levando ele a

reabsorção e atrofia por desuso.[46] Nossos resultados sugerem exatamente o

oposto, da mesma forma como apontado por outro estudo[42] que relatou que o

paradigma atual, que favorece a redução da rigidez do material do implante devido à

preocupação com o estresse ou a proteção contra tensão, não é apoiado pelas

pesquisas recentes.

Foi observada também tendência de maior tensão no implante com materiais

de menor módulo de elasticidade. Isso pode ser causado pela maior deformação

sofrida pela estrutura quando carregada e a resultante pressão exercida sobre a

estrutura óssea adjacente. Os achados de um estudo prévio[47] fundamentam nossa

hipótese, onde a resistência a compressão estática do PEEK foi em média 7,5 vezes

menor que a do titânio, sendo assim, mais susceptível a deformação, ocasionando

maior pressão ao tecido ósseo peri-implantar e por consequência, maior tensão,

resultado que também foi mostrado no trabalho utilizando a simulação com AEF, tendo

o material com menor módulo de elasticidade (PEEK) a maior tensão no osso cortical

adjacente ao implante e o material com maior módulo elástico (zircônia) a menor

tensão.

27

Quando utilizado implante de corpo único as menores tensões nos pilares

foram obtidas com materiais de menor módulo. Pode ser sugerido que, diferentemente

do implante, que fica cercado de osso em toda a sua estrutura, o pilar não encontra

anteparos que evitem a sua deformação, concentrando, assim, menor tensão em sua

estrutura, e a transferindo para as estruturas de suporte (implante e tecido ósseo).

A segunda hipótese nula deste estudo também foi parcialmente rejeitada, uma

vez que pilares de menor módulo levaram a maiores tensões no implante e no tecido

ósseo. Apenas não houve diferença na tensão sobre o parafuso.

Em relação as tensões no implante e tecido ósseo, como mencionado

anteriormente, isso pode ser explicado pelo fato de que o pilar de menor módulo irá

sofrer maior deformação por não ter contato lateral com outra estrutura, transferindo

assim a tensão para o implante e tecido ósseo peri-implantar. Resultados diferentes

foram encontrados em um estudo[48] de análise de elementos finitos que comparou

pilares de zircônia e PEEK sobre implantes de titânio, onde a distribuição de tensão

no implante e no osso periférico foram semelhantes com ambos materiais. Isso pode

estar relacionado com a utilização de um pilar base de titânio que foi o suporte para

os pilares de zircônia e PEEK, dessa forma a conexão pilar/implante foi realizada

somente com um material, o titânio. Um segundo ponto interessante, é que com a

utilização do pilar de PEEK a tensão dentro da estrutura foram menores que os

achados na estrutura de zircônia, porém, o estresse gerado nas coroas restauradoras

foram maiores utilizando o pilar de PEEK, possivelmente por ocorrer maior

deformação no pilar de mais baixo módulo, levando a maior tensão na coroa

restauradora, o que côngrua com a nossa hipótese. Também, todos os modelos

simulados foram considerados homogêneos, isotrópicos e lineares elásticos. A

utilização de simplificações nos parâmetros AEF como osso isotrópico e análise linear,

não devem ser utilizadas, visto que demostraram não serem adequadas, pois

proporcionam diferenças relevantes nos resultados[49], podendo ser outro ponto

relacionado aos diferentes resultados nas tensões do implante e tecido ósseo obtidos.

Em relação ao parafuso, o fato de não haver diferença na tensão causada por

diferentes materiais pode estar relacionada ao fato de ambos implantes possuírem

encaixe cônico, a perfeita adaptação interna do pilar no interior do implante favorece

a pouca tensão resultante no parafuso, fazendo que o material do pilar não se torne

absolutamente relevante.

28

Quanto a macrogeometria, os maiores valores de concentração de tensão

foram encontrados nos implantes cônicos, mesmo resultado que foi encontrado em

outros estudos,[34,50] e pode relacionar-se com o proposto pelo projeto de cada

geometria. O desenho do implante cônico foi pensado afim de obter-se uma melhor

estabilidade primária, ou seja, um melhor torque de inserção do implante,

principalmente em situações de sítio cirúrgico localizado em região de tecido ósseo

tipo III e IV de MISCH e em implantes instalados imediatamente após a realização de

uma exodontia.[51] Assim como essa macrogeometria tem a vantagem de obter

estabilidade primaria mais facilmente, ela pode induzir maior perda óssea ao gerar

uma maior concentração de tensão no osso circundante.[52,53]

Como limitações, nosso trabalho fez o uso de uma simplificação na FEA,

definição de contato sem atrito, o que pode proporcionar diferença nos resultados

como definido no trabalho.[49]

Como perspectivas futuras apontamos a realização de estudos experimentais

comparando os materiais apresentados nesse estudo, ainda ausentes na literatura,

como também com novos materiais que começam a ser pesquisados como o

grafeno.[54,55] A utilização na implantodontia dos materiais de baixo módulo de

elasticidade também deve continuar sendo estudada, a busca de obtenção de uma

maior resistência, sem aumento da rigidez, pode ser um caminho. Teste mecânicos

realizados com PEEK reforçado com fibras de carbono mostraram significante

aumento da resistência flexural, mostrando que novos compósitos podem vir a ser um

material alternativo ao titânio.[56] Uma segunda alternativa é a sequência de estudos

com os materiais já consagrados na implantodontia, titânio e zircônia, afim de obter

ligas com menor módulo de elasticidade, que no caso específico do titânio já

apresentam resultados positivos.[57]

29

Conclusão

Os materiais adotados demonstraram diferença relevante no comportamento

biomecânico no presente estudo.

Quando implantes de diferentes materiais foram utilizados (em duas peças ou

corpo único), houve uma tendência de maior tensão e deformação em tecido ósseo

causada por materiais de menor módulo de elasticidade (principalmente para PEEK e

CFVR). Os mesmos apresentaram também maior concentração de tensões no

implante (especialmente CFVR). Implantes de zircônia levaram a menores tensões no

tecido ósseo.

Pilares menos rígidos (CFVR e PEEK) associados a implantes de titânio

apresentaram uma tendência de maior concentração de tensão no implante e no

tecido ósseo peri-implantar.

A macrogeometria cônica com roscas trapezoidais apresentou a tendência de

maior concentração de tensão no implante e no tecido ósseo.

Agradecimento

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001

30

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36

Tabelas e Figuras

Tabela 1

Tabela 1 – Propriedades dos materiais que serão empregados no trabalho

Material (Ref)

Módulo de

elasticidade

(GPa)

Coeficiente de

Poisson (v)

Módulo de Cisalhamento

(MPa)

Implante Titânio[43] 115 0.35

Implante Titânio

Poroso[58] 62 0.32

Implante Titânio-

Zircônia[10] 100 0.30

Implante

Zircônia[43] 200 0.31

Implante de

CFVR[17]

x = 46

y = 7

z = 7

x = 0.29

y = 0.39

z = 0.39

x = 17800

y = 2500

z = 2500

Implante PEEK[56] 4.1 0.4

Resina Acrílica[59] 2.979 0.40

Osso Cortical[49]

x = 12.6

y = 12.6

z = 19.4

xy = 0.300

yz = 0.300

xz = 0.253

xy = 4850

yz = 5700

xz = 5700

Osso Medular[49]

x = 1.148

y = 0.210

z = 1.148

xy = 0.055

yz = 0.010

xz = 0.322

xy = 68

yz = 68

xz = 434

Parafuso

Titânio[43] 115 0.35

Intermediário

Titânio[43] 115 0.35

37

Tabela 2. resultados da tensão no implante (von Mises) MPa e em tecido ósseo quando usado um pilar de titânio para implantes de diferentes materiais.

Implante Tecido ósseo

Microstrain

Cisalhamento MPa

Tensão Principal MPa

Max Min

Max Min

Nobel Active

Ti 393.46 0.0054756 -0.0062193 60.62 110.15 -106.37 Ti Poroso 437.04 0.0064954 -0.0079729 81.44 126.89 -115.14

Ti-Zr 416.87 0.0057093 -0.0064625 64.15 111.48 -104.25

Zr 393.16 0.0049222 -0.0047751 53.52 90.427 -88.51 CFVR 729.58 0.020567 -0.022295 192.54 306.37 -363.38

PEEK 533.86 0.016067 -0.023485 166.28 272.33 -316.37

Nobel Straight

Ti 236.29 0.0027342 -0.0027811 29.53 38.73 -39.33 Ti Poroso 227.75 0.0031535 -0.003293 31.29 50.77 -47.32 Ti-Zr 238.43 0.0028231 -0.0028698 30.39 41.58 -40.98

Zr 267.01 0.0026038 -0.0024341 28.00 31.07 -35.26

CFVR 271.62 0.010213 -0.0065234 71.69 130.02 -85.87

PEEK 215.34 0.011046 -0.010222 99.75 215.5 -142.23

38

Tabela 3. tensões em pilar e implante (von Mises) MPa e em tecido ósseo quando avaliados implantes e pilares de único material.

Pilar Implante Tecido ósseo

Microstrain Cisalhamento MPa Tensão Principal MPa

Max Min Max Min

Nobel Active

Ti 1087.10 393.46 0.0054756 -0.0062193 60.62 110.15 -106.37

Zr 1112.9 408.73 0.00495 -0.0048597 53.24 91.11 -90.63

CFVR 834.05 718.85 0.020308 -0.023359 196.99 303.22 -378.49

PEEK 912.10 402.93 0.01617 -0.024326 170.70 273.01 -326.74

Nobel Straight

Ti 1103.7 236.29 0.0027342 -0.0027811 29.53 38.73 -39.33

Zr 1120.50 258.87 0.0026351 -0.0024143 27.84 30.10 -34.99

CFVR 866.52 297.26 0.014393 -0.012566 108.06 267.47 -51.34

PEEK 927.00 214.22 0.019164 -0.016512 165.37 401.72 -239.40

39

Tabela 4. tensão em parafuso, pilar e implante (von Mises) MPa e em tecido ósseo quando utilizado implante de titânio com pilares de diferentes materiais.

Parafuso Pilar Implante Tecido ósseo

Microstrain Cisalhamento

MPa

Tensão Principal MPa

Max Min Max Min

Nobel Active

Pilar Ti 37.08 1087.10 393.46 0.0054756 -0.0062193 60.62 110.15 -106.37

Pilar Zr 37.09 1099.30 423.33 0.0054201 -0.0062699 61.05 107.65 -107.82

Pilar CFVR 36.95 1244.30 880.51 0.0059126 -0.0062168 60.67 118.98 -99.812

Pilar PEEK 37.136 1055.00 856.43 0.0060752 -0.0058447 62.20 122.42 -93.843

Nobel Straight

Pilar Ti 85.51 1103.7 236.29 0.0027342 -0.0027811 29.53 38.73 -39.33

Pilar Zr 84.86 1115.70 235.82 0.0027942 -0.0027331 29.55 37.58 -38.91

Pilar CFVR 87.71 980.43 563.48 0.0034266 -0.0029371 32.55 57.25 -42.22

Pilar PEEK 88.54 936.55 520.57 0.002874 -0.0028878 30.03 48.03 -40.95

40

Figura 1. (A) situação clínica simulada e a incidência da carga obliqua de 100N.(B)

refinamento da malha na área de maior interesse.

41

Figura 2. (A) maxila seccionada com implante Nobel Active. (B) maxila seccionada

com implante Nobel Straight.

42

Figura 3. Mostra diferenças na tensão em tecido ósseo quando utilizado pilar

protético de titânio e implantes de zircônia, CFRV e PEEK em comparação ao

implante de titânio.

43

Figura 4. Mostra as diferenças na tensão em tecido ósseo quando utilizados

implantes/pilares de corpo único com diferentes materiais.

44

Figura 5. Mostra maior tensão causada no implante de titânio e em tecido ósseo quando usados pilares de CFVR e PEEK em

comparação ao controle de titânio. (P. = Pilar protético)

45

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso estudo foi baseado em análise de elementos finitos e compara a

dispersão da tensão gerada pela carga oclusal nos componentes (prótese, pilar

protético, parafuso e implante dentário) presentes na reabilitação implanto-suportada

e no tecido peri-implantar, simulando materiais alternativos ao titânio para fabricação

dos pilares protéticos e dos implantes.

Materiais alternativos ao titânio são interessantes por diferentes motivos, como

melhora da estética peri-implantar, diminuição do custo da reabilitação a tornando

mais acessível à população, o uso de um material que promova menor corrosão e

também o tratamento de pacientes que possam apresentar alguma intolerância ao

titânio.

Como vimos nos resultados, diferentemente do que é estabelecido -

principalmente na literatura médica - com o conceito de blindagem à tensão, nossa

simulação mostrou que os materiais com baixo módulo de elasticidade levam aos

maiores valores de tensão no implante e no tecido ósseo. Entendemos que isso pode

estar relacionado com a maior deformação que esse material está sujeito a

apresentar, em decorrência da sua menor rigidez, levando a uma maior tensão na

interface osso/implante.

Acreditamos que são necessários novos estudos experimentais comparando

os materiais apresentados nesse estudo, ainda ausentes na literatura, como também

com novos materiais que começam a ser pesquisados, como o grafeno, visto que

esses materiais já obtiveram bons resultados biológicos em pesquisas recentes. Uma

segunda linha a ser desenvolvida está relacionada com o desenvolvimento de

materiais de baixo módulo elástico, mas com alta resistência, podendo assim,

chegarmos a obtenção de uma melhor distribuição e a menores valores de tensão no

complexo prótese/implante/tecido ósseo.

46

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