fazendo arte com sucata na educaÇÃo infantil · educação infantil, através de pesquisa,...

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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE FAZENDO ARTE COM SUCATA NA EDUCAÇÃO INFANTIL IVANDUÍSA ALVES BEZERRA ORIENTADORA (O): Prof a . Ms. PRISCILA BARCELLOS RECIFE Março/2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

FAZENDO ARTE COM SUCATA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

IVANDUÍSA ALVES BEZERRA

ORIENTADORA (O):

Profa. Ms. PRISCILA BARCELLOS

RECIFE

Março/2010

2

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

FAZENDO ARTE COM SUCATA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

IVANDUÍSA ALVES BEZERRA

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial par obtenção do Grau de

Especialista em Educação Infantil e

Desenvolvimento.

RECIFE

Março/2010

3

AGRADECIMENTOS

Primeiro a Deus por me conceder a lucidez, a fé e

a crença num Deus único e verdadeiro.

A minha família que me apoiou com grande

abnegação, paciência e tolerância nos momentos

que não pude está presente.

A professora Priscila Barcellos pela orientação.

Enfim a todos aqueles que presentes ou

inconscientemente me ajudaram a vencer mais

essa batalha nessa conquista.

4

“Se ignorarmos as necessidades da criança,

aquilo que efetivamente incentivam a agir, nunca

seremos capazes de entender seus avanços de

um estágio evolutivo para outro porque cada

avanço está ligado a uma mudança de motivos,

inclinações e incentivos”.

Vygostsky, 1988

5

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus;

Meus familiares;

Colegas de Profissão;

Alunos;

Coordenação do Núcleo Recife, por tudo, durante a realização deste

trabalho educativo.

RESUMO

O presente trabalho monográfico foi desenvolvido mediante pesquisa

bibliográfica onde se processou de maneira mais clara e objetiva possível

o como trabalhar a Arte com sucatas na Educação Infantil, promovendo

seu desenvolvimento perceptivo e construtivo. Neste trabalho enfocou-se

um breve histórico sobre a arte em busca do saber o apreciar e conhecê-

la. Assim identificando a contribuição da sucata em seu desenvolvimento

infantil, proporcionando subsídios na construção da Arte com sucata

refletindo o universo infantil. A arte educadora subsidiará materiais

diversificados adequando aos diversos níveis do universo infantil em

busca do fazer e demonstrar a arte popular.

Palavras- chave: Arte, Trabalho, Sucata e Educação Infantil.

7

METODOLOGIA

Para realização desta pesquisa, foram utilizados como segmentos

metodológicos as seguintes determinações:

ü Seleção de material bibliográficos (livros, revistas, visitas e

pesquisa na Internet)

ü Leitura do referido material para seleção de conteúdos;

ü Redação do trabalho monográfico.

A metodologia deste trabalho consistiu em uma abordagem

totalmente bibliográfica, onde o levantamento realizado das obras dos

referidos autores Ladeira, Weiss, Humer, Caldas, Parâmetros Curriculares

Nacionais entre outros, procurou-se extrair todas as informações acerca

da temática trabalhada.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................... 09

1. BREVE HISTÓRICO SOBRE A HISTÓRIA DA ARTE..................... 11

2. FAZER, APRECIAR E CONHECER A ARTE.................................. 14

3. O TRABALHO COM SUCATA REFLETINDO O UNIVERSO

INFANTIL........................................................................................

19

4. CONSTRUINDO BRINQUEDOS NA ESCOLA................................. 23

4.1 O espaço físico na sala de aula................................................... 23

4.2 O programa escolar....................................................................... 24

4.3 O horário escolar........................................................................... 25

4.4 A coleta de materiais..................................................................... 25

4.5 A construção de brinquedo na Escola........................................ 25

5. O BRINQUEDO E A ARTE POPULAR............................................. 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 33

ANEXOS................................................................................................ 34

9

INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho é fazendo Arte com sucata na Educação

Infantil e tem como tema central, conhecer meios e subsídios ao

desenvolver a imaginação criadora estimulando as aptidões motoras com

enriquecimento das experiências individuais liberando o emocional

treinando suas habilidades.

A arte está intimamente ligada à formação integral do indivíduo

na comunidade infantil, necessita de experiências verbais e não verbais,

luzes, sons, ritmos e movimentos, traduzindo assim conceitos educativos.

O trabalhar com sucatas na Educação Infantil ocorre nos

quatro cantos do país, gerando interesse nas atividades, estimulando

todas as ilustrações do fazer artístico.

Nas últimas décadas houve um grande desenvolvimento na

Educação Infantil, através de pesquisa, oficinas, jogos e brinquedos,

desenvolvimento do lúdico na sala de aula, imaginando, brincando

recortando e colando, reciclando materiais diversificados, transformando

em brinquedos através de atividades. Desta forma promovendo

crescimento psicomotor, possibilitando a criação explorativa do alunado e

assim promovendo o amadurecimento de suas potencialidades.

A evolução do pensamento infantil ocorre através de seus

níveis de:

ü Coordenação motora;

ü Organização Espacial;

ü Lateralidade;

ü Seqüência;

ü Associação de idéias;

ü Discriminação visual e auditiva;

ü Memória;

ü Percepção.

10

As referências se apóiam em jogos, brincadeiras, trabalhos na

colaboração para o desenvolvimento da emoção, expressão corporal,

prazer lúdico, imaginário, inventabilidade e da criatividade.

Assim são, portanto objetivos desta pesquisa identificar as

contribuições da sucata no ensino da arte, promovendo subsídios na

Educação Infantil.

Para uma melhor visão deste trabalho, o mesmo se encontra

dividida em capítulos onde no primeiro capítulo será enfocado um breve

histórico sobre a história da Arte.

No segundo Capítulo mostra-se o como fazer, apreciar e

conhecer a Arte.

No terceiro Capítulo teceu-se algumas contribuições do

trabalho com sucatas refletindo o Universo Infantil.

No quarto Capítulo mostra-se o como fazer (construir) o

brinquedo na escola.

No quinto Capítulo demonstra-se a ação do brinquedo e a arte

popular.

11

1. BREVE HISTÓRICO SOBRE A HISTÓRIA DA ARTE.

No Brasil predominava, no início do século XX, o projeto

pedagógico tradicional, que valorizava em Arte, principalmente as

habilidades manuais, os hábitos de organização e precisão dentro de uma

concepção utilitarista e imediatista da mesma.

Além disso, enfatizava-se a ideologia do “Dom” privilegiando

aqueles alunos que demonstravam maior intimidade, com o fazer artístico.

O ensino era centrado no professor que detinha o saber e sua

competência era transmitir aos alunos, os conteúdos ligados aos padrões

estéticos geralmente importados impedindo olhar o estorno brasileiro.

Opondo-se à postura pedagógico tradicional, surge nos anos

30, o projeto Escola Nova que, segundo Demerval Saviani provocou as

seguintes mudanças no eixo:

“Deslocou o eixo da questão pedagógica do intelecto para o sentimento; do aspecto lógico para o psicológico, dos conteúdos cognitivos para os métodos ou processos pedagógicos; do professor para o aluno; co esforço para o interesse; da disciplina para a espontaneidade; do diretivismo; da quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de inspiração experimental, baseada, principalmente, nas contribuições de Biologia e da Psicologia” (SAVIANI APUD, FUSARI E FERRAZ, 1992, p.310).

Tais mudanças, porém não ocorreriam rapidamente nem

harmoniosamente, na realidade as mudanças na Educação ocorrem

através da experimentação, avaliação para depois se consolidar no

sistema de ensino.

Foi, portanto, em um clima de efervescência política e cultural

que os artistas plásticos, pernambucano, Augusto Rodrigues, a

professora de Arte gaúcha, Lúcia Alencastro Valentim e Artista norte

americana Margaret Spense criaram em 1949 a Escola de Arte do Brasil

no Rio de Janeiro, concretizando seus próprios sonhos de abrir uma

Escola de Arte voltada para a criança, na qual ela pudesse desenhar,

12

pintar, dramatizar, dançar, cantar, enfim, se expressar livremente através

da Arte, conforme anexo 1. (SAVIANI apud, FUSARI E FERRAZ, 1992

pag. 31),

Entretanto, segundo Ana Mãe Barbosa, na obra Recorte e

Colagem (1988, pag.14), a idéia da livre expressão introduzida no Brasil,

através dos modernistas Mario de Andrade e Anita Malfatti com o ecos da

Semana da Arte Moderna de 1922, atingiu a escola pública, no entanto

comprometidas em influenciá-lo.

A idéia da livre-expressão pode ser traduzida com a

capacidade que possui a criança de inventar, criar com Arte, e este ato

deveria ser atingido através do processo criador.

Hoje percebemos com clareza, que a estratégica política

utilizada, norteada pelo projeto pedagógico tecnicista, foi colocar a Arte

como atividade no currículo escolar, para dar um falso aspecto humanista

a esse projeto de forte caráter excludente respaldando a escola pública a

formar mão-de-obra barata e subalterna para a indústria em expansão.

A partir deste contexto, evidencia-se um dos primeiros

impasses advindos da Lei em questão, pois não havia professores

suficientemente preparados para assumir a atividade Arte na Escola,

forçando então nos anos 70/80 as Universidades a formarem esses

profissionais em cursos de licenciatura curta e polivalente. (SAVIANI

APUD FUSARI E FERRAZ, 1992, pag.38, parecer 540/77)

Os problemas que afetam diretamente o ensino da Arte no

Brasil podem ser localizados fundamentalmente no campo da formação

docente. Isso porque não podemos apontar a prática pedagógico do

professor de Arte sem que identifiquemos que esta prática resulta,

também de sua formação que tem caracterizando-se pela polivalência e

muitas vezes pela falta de uma postura clara dos cursos de formação de

professores, com afirma Lúcia Pimentel em seu trabalho “limites em

expansão”. (FERNANDO G. AZEVEDO, Caderno de Arte, 1999 pag.22,

Um Olhar Apreciador Não se Ganha de Presente, São Paulo: AMPAR).

13

Uma das principais queixas dos Arte-educadores (...) é a de que nos cursos de formação educadores em artes, o ensino dos princípios educacionais apresenta-se completamente dissociada da formação artística. (PIMENTEL, 1999:22).

O final da década de 90 trouxe para os arte educadores, como

resultado de incansáveis lutas, ganhos satisfatórios, com a aprovação da

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) No 9.394/96; pois

tornou o ensino da arte obrigatória na educação básica.

“O ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório

nos diversos níveis da Educação básica, de forma a promover

o desenvolvimento cultural dos alunos”. (art. 26, inciso 2o).

14

2. FAZER, APRECIAR E CONHECER A ARTE

Fazer a arte com sucata em sala de aula aguça o sentimento,

propicia desenvolvimento, cognitivo, lúdico, motor e estimula a criação

através do brinquedo dos Jogos no fazer da arte.

Desta forma a criança vivência e cria usando materiais recicláveis.

Fazer Arte é viver com plenitude e se educar com privilégio, no

exercício vital da Arte. O humanismo se aflora, se reafirma a criança se

engrandece e o homem realimenta a esperança.

Nas aulas de Desenho e Artes Plásticas assumem

concepções de caráter mais expressivo, buscando a espontaneidade e

valorizando o crescimento ativo e progressivo da criança. As atividades

de artes plásticas mostram-se como espaço de invenção, autonomia e

descobertas, baseando-se principalmente na auto-expressão das

crianças.

Em artes plásticas, acompanhou-se uma abertura crescente para

as novas expressões e o surgimento dos museus de arte moderna e

contemporânea em todo país. A encenação do “Vestido de Noiva” (1943)

de Nelson Rodrigues introduz o teatro brasileiro na modernidade.

O teatro, como arte, foi formalizado pelos gregos, passando dois

rituais primitivos das concepções religiosas que eram simbolizadas, para

o espaço cênico organizado como demonstração de cultura e

conhecimentos. É por excelência, a arte do homem exigindo a sua

presença de forma completa: seu corpo, sua fala, seu gosto, manifestado

a necessidade de expressão e comunicação.

O teatro tem como fundamento a experiência de vida: idéias,

conhecimentos e sentimentos. A sua ação é a ordenação desses

conteúdos individuais e grupais.

E a música no Brasil viveu um progresso excepcional, tanto

na criação musical erudita como na popular.

15

Na área popular, traça-se a linha poderosa que vem de Pixinguinha

e Noel Rosa e chega hoje movimentado intercambio internacional de

músicos, ritmos, sonoridades, técnicas, composição, etc.

A dança faz parte da cultura humana e sempre integrou o

trabalho, as religiões e as atividades de lazer. A atividade da dança na

escola pode desenvolver na criança a compreensão de sua capacidade

de movimento, mediante um maior entendimento de como o corpo

funciona.

Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência,

autonomia, responsabilidade e sensibilidade.

Nas atividades coletivas as improvisações em dança darão

oportunidade à criança de experimentar a plasticidade de seu corpo de

exercitar suas potencialidades motoras e expressivas ao se relacionar

com os outros. Nessa interação poderá reconhecer semelhanças e

contrastes, buscando compreender e coordenar as diversas expressões e

habilidades com respeito e cooperação. (Parâmetros Curriculares

Nacionais em Arte, Volume 6).

A maioria dos filósofos, psicólogos, sociológicos, etnólogos,

antropólogos e professores concordam em compreender os jogos e

brincadeiras como uma atividade que contém em si mesmo o objetivo de

decifrar enigmas de vida e de construir momentos de prazer. Com a

evolução da ciência e do saber, pudemos perceber que as atividades

lúdicas proporcionam às crianças o seu desabrochar com alegria,

encanto, magia, criatividade e autonomia.

O jogo é uma atividade ou ocupação voluntária, exercida

dentro de certos e determinados limites, dotados d um fim em si mesmos,

acompanhados de um sentimento de tensão e de cotidiana (HUIZINGA,

1996, p.33).

Assim, a alegria é a finalidade do jogo em que, quando esta

finalidade é atingida a estrutura de como se pode jogar assume uma

qualidade muito específico de alegria e de uma consciência de ser

16

diferente da vida; torna-se uma ferramenta de aprendizagem que mantém

uma constância de forma a dar prazer e de continuar sendo eterno.

Portanto, podemos verificar que o jogo é muito importante, não só porque

ficamos alegres ou nos dá prazer, mas quando estamos vivendo direta

reflexivamente simbólica da vida.

Nesta linha de pensamento, podemos citar Brotto (1999 p.16),

ao afirmar que a idéia da aproximação do jogo com a vida numa

representação do reflexo de um sobre a outra é: “eu jogo do jeito que vivo

e vivo do jeito que jogo”.

Nesse sentido, o jogo passa a ter a capacidade de

desenvolver, por meio dele formar e contribuições para gerar talentos,

aperfeiçoar potencialidades e criar novas habilidades de conviver.

Friedmam (1996), baseando-se nos estudos de Piaget, afirma

que o jogo pode ser utilizado com a forma de incentivar o

desenvolvimento humano por meio de diferentes dimensões que são: o

desenvolvimento da linguagem, desenvolvimento moral, desenvolvimento

humano por meio de diferentes dimensões que são: o desenvolvimento

da linguagem, desenvolvimento moral, desenvolvimento cognitivo, afetivo

e psicomotor.

Fontana (1997) também baseou-se nos Estudos de Piaget,

discutindo a questão do jogo simbólico com o fundamental para o

desenvolvimento cognitivo da criança, pois a criança pode representar

uma coisa por intermédio de outra coisa e, com isso ela torna-se capaz de

pensar em objetos que não estão presentes em seu corpo perceptivo, de

lembrar de acontecimentos, de prever mentalmente o resultado de suas

ações.

Seber (1995), outra estudiosa do desenvolvimento infantil, trata

da importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento global da

criança, com maior ênfase o lado afetivo. No brincar, no jogo de faz de

conta a criança tem a oportunidade de expressar seus sentimentos,

anseios, desejos, angústias, necessidades, alegrias e tristezas.

17

Compartilhando com esse mesmo ponto de vista, podemos citar

Oaklander (1980) quando falam das técnicas de desenhos, pinturas, jogos

e brincadeiras diversas, como formas poderosas de expressão de si

mesmo. Por meio dessas atividades, supõe-se que as crianças

expressem suas fantasias, desejos e experiências de um modo simbólico.

Aberastury (1982) ressalta que a criança, ao brincar, vence

realidades dolorosas e domina medos instintivos, projetando-os ao

exterior. Acreditamos que, quando a criança tem oportunidades de

expressar seus sentimentos por meio dos jogos e brincadeiras, elas

estarão livres para experimentar o mundo que as cercam, livres para

aprender, desenvolver seu potencial, ou seja, sempre prontas para

receber todas as informações que lhes chegam aos seus órgãos

sensoriais.

APRECIAR

A apreciação estética, por sua vez, se desenvolve com o

exercício de observação das próprias produções infantis, na leitura do

mundo, nas apresentações dos trabalhos de todos os alunos da classe e

na troca dessas apresentações com outras classes, na discussão de

assuntos relativos à Arte veiculada pelos meios de comunicação, na

aproximação que pode promover entre a produção cultural de diferentes

momentos da história do homem e as crianças, por intermédio de álbuns

de recortes, livros, revistas, fitas cassetes ou vídeo, etc.

Artigos automotivos cinzas e pesados são transformados em

peças suaves, leves, fluidas pelas mãos do artista plástico Marcelo

Aquino. Em sua exposição Ballet, Aquino apresenta músicos e bailarinas

feitos de peças automotivas descartadas pela empresa de sua família.

Aquino (1997) conta que a habilidade adquirida com o trabalho

associado ao gosto pela arte, adquirido desde o berço, através do

incentivo materno, ajudaram a desenvolver a exposição. “Minha mãe

18

sempre gostou de arte, especialmente a música clássica, essa exposição

é quase uma homenagem à ela”, revela.

Marcelo Aquino (1997) explica que a inspiração dele surge de

duas maneiras ou ela vem da própria peça, que dá a idéia inicial do que

vai ser feito, ou da imaginação. “Esse é o jeito mais difícil, porque você

imagina a escultura na cabeça e tem que sair buscando matéria-prima

para ela”.

CONHECER A ARTE

O conhecimento sobre a arte não pode em hipótese nenhuma,

ser concebido como o contato com o desenvolvimento da produção

artística através da linha do tempo. Deve-se, isto sim, trazer com

freqüência para a aula e produção do artista contemporâneo, dando-se

destaque à produção brasileira e permitindo que a criança trace um

paralelo com obras de outros períodos. Esse contato pode ir além do

sensorial, proporcionando a possibilidade de o aluno intervir e reinventar a

obra por meio das releituras. Nelas, as crianças podem estabelecer

relações mais profundas com a obra da Arte, percebendo melhor o seu

significado. A criação deve se aproximar da produção cultural de

diferentes períodos da história, mas não necessariamente de toda a

história da arte. O fundamental é que ela perceba que a arte é uma forma

de o homem manifesta a sua compreensão da realidade que o cerca, é

uma forma de exercitar sua inteligência ao criar, alterar, organizar e

reorganizar elementos plásticos, sonoros e dramáticos; é uma construção

do ser humano enquanto indivíduo e, ao mesmo tempo, integrante de um

grupo social em todos os momentos da história.

O sucesso de qualquer projeto educativo está em nossas

mãos. O papel do professor é fundamental e extremamente valioso,

sobretudo em relação a uma proposta pedagógica construtivista. Mas,

antes de mais nada, é preciso querer transformar.

19

3. O TRABALHO COM SUCATA REFLETINDO O UNIVERSO

INFANTIL

Quando os materiais são colocados nas mãos das crianças,

pode-se observar que ao escolher um ou outro, cada criança tende a

refletir seu temperamento, seu universo.

Mesmo sem direcionar propostas, verifica-se muitas vezes que

os meninos tiram-se às propostas de marcenaria: eles adoram martelar,

serra e pregar. As meninas, por sua vez, exploram as miudezas, os

mínimos detalhes dos objetos; constroem, por exemplo, casas de

bonecas com todas as minúcias (ANEXO 2).

O brinquedo com sucata ao qual me refiro é o brinquedo

construído artesão popular e aquele confeccionado pela própria criança. E

o brinquedo objeto elaborado pelo artista plástico. Diferencia dos

brinquedos industrializados, pois não é feito em escala industrial e, talvez

com exceção do artesão, tanto a criança quanto o artista não os fabricam

com propósito comercial.

Há, evidentemente, exceções: em regiões mais pobres

economicamente, até as crianças começam a fabricar brinquedos para

vender a turistas. Quanto ao artesão, há variantes: há os que

confeccionam brinquedos dois para os próprios familiares, há aqueles que

os constroem para o posterior comercialização das peças, conforme

anexo 3.

O brinquedo/sucata é assim denominado por tratar-se de um

objeto construído artesanalmente, com diversos materiais, como madeira,

lata, borracha, papelão, arame e etc.Trabalhos de transformação, de

reaproveitamento.

Assim como a própria colagem, ele surge de função de

materiais diversificados e uma vez extraído do seu contexto original, se

transforma. A lata de óleo por exemplo, pode deixar de ter essa função é

20

transforma-se no corpo de uma boneca ou um dragão, como podemos

perceber no anexo 4.

Essa capacidade de síntese, de juntar diversos materiais que

adquirem uma ou outra forma, é uma das características do objeto

colagem. A criança, por sinal, é extremamente sintética ao fabricar

brinquedos:

“De um lado o fato coloca-se assim: nada é mais adequado a criança do que irmana em suas construções os materiais mais heterogêneos pedras, plastilinas, madeira, papel.Por outro lado, ninguém é mais sóbrio em relação aos materiais do que as crianças: um simples pedacinho de madeira, ou uma pedrinha reúne em sua solidez, no monolitísmo de sua matéria uma exuberância da mais diferentes figuras.” (WALTER BENJAMIN, São Paulo, 1984).

Voltando ao universo infantil, os objetos/brinquedos

construídos pela criança são ricos e variados, destituídos da falsa,

simplicidade. Observado na maioria das vezes nós brinquedos

industrializados, em que transparece uma busca de formas “funcionais” e

“práticas”, nem sempre obtidas. Os materiais que podem ser usados

pelas crianças são encontrados sem dificuldade e permitem fáceis

transformações, principalmente a madeira que tem boa variedade de

peso, textura, cheiro, além de ser bem resistente, a madeira envolve uma

seqüência de operações práticas que ao ser exigem sensibilidade, como

a escolha entre tipos diferentes de madeira desenvolvimento a percepção

táctil.

“O aburguesamento do brinquedo não se reconhece só pelas suas formas sempre funcionais mais também pela sua substância. Os brinquedos vulgares são feitos de matéria ingrata, produtos de uma química e não de uma natureza. Esses brinquedos morrem, aliás rapidamente, e uma vez mortos, não têm para a criança nenhuma vida póstuma. Um signo espantoso é o desaparecimento progressivo da madeira, matéria no entanto pela sua firmeza e brandura.” (ROLAND BARTHES, São Paulo, Difel 1980.)

21

Cada material, aliás, tem características próprias, e pode ser

trabalhado isoladamente ou em combinação com outros.

As escolas dos brinquedos/sucata construídos pelas crianças

refletem seu próprio espaço e atendem ás necessidades do ato de brincar

(ANEXO 5).

“O formato parece ter uma importância muito maior na segunda metade do século XIX, quando começa a acentuada decadência dessas coisas, percebe-se com os brinquedos tornam-se maiores, vão perdendo aos poucos o elemento discreto, minúsculo e agradável”. (WATER BENJAMIN (4) São Paulo, 1984).

A escola da criança é diferente do artista, que extrapola a

funcionalidade como meta. As cores utilizadas pelas crianças são diretas

e vibrantes, vivas, primárias, não há muitos meios-tons, e não há a

preocupação realista da cor, os brinquedos feitos pelos artesãos

populares têm essas mesmas, têm essas mesmas características

cromáticas: cores primárias intensas, justapostas.

ü Antes de surgir o objeto, é necessário ter os materiais. Isto significa

reunir sucata, pesquisar o que cada região oferece como material

básico.

ü Resumindo, o brinquedo/sucata, aquele que surge das reciclagens

de materiais, envolve uma série de características próprias.

ü O ato de pesquisar materiais faz com que observemos mais

atentamente o local e as coisas que estão a nossa volta,

provocando curiosidade.

Numa segunda etapa, tendo-se os materiais, pode-se orientar

o trabalho em diversas direções:

ü Partir de uma idéia preconcebida e adaptar os materiais ao projeto.

ü Deixar os próprios materiais surgirem uma forma;

ü Trabalhar com analogias de formas, associando uma forma a outra,

criando novas relações entre elas (ANEXO 6).

22

Observando as características físicas dos materiais, para

operacionalizar as construções, adequando o material básico (madeira,

borracha e etc.) e o secundário (pregos, colas). Reciclar materiais de

diversas origens obtendo novas formas implica perceber nos brinquedos a

essência dessa transformação. Entender isso conduz a uma

compreensão maior do brinquedo e do universo infantil. (LUISE WEISS

1982, Brinquedos & Engenhocas, p.43, conforme anexo 7).

23

4. O CONSTRUINDO BRINQUEDOS NA ESCOLA

O construir o brinquedo na escola, objetiva o desenvolvimento

da criança em suas diferentes fazes de vida, buscar um maior

crescimento social, lúdica, motor, etc. Para tal é necessário que haja um

espaço físico adequado, que as leve ao brinquedo com segurança e

interesse.

Antes de mais nada, as escolas devem tem um espaço para as

atividades lúdicas; não apenas o espaço físico, mas também, Ra tale

sobretudo, espaço enquanto abertura, disponibilidade para o jogo. A

questão não se reduz a comprar muitos ou poucos brinquedos; o

imprescindível é ter espírito aberto ao lúdico, reconhecer sua importância

enquanto fator de desenvolvimento da criança.

A existência de uma sala/oficina é de grande ajuda para a

construção de brinquedos com crianças nas escolas. O espaço físico

desta sala seria apropriado a montagens, permitindo às crianças trabalhar

sentadas ao redor das mesas ou no chão, com seus desenhos, objetos,

modelagens etc. Na verdade qualquer sala poderia ser adaptada,

bastando ter espaço suficiente (sem mesas fixas no chão) e um mínimo

de liberdade. Cabe ao orientador, inclusive, a criatividade necessidade no

sentido de adaptar e buscar os materiais possíveis de serem trabalhados,

substituindo-os buscando novas possibilidades, quando necessários.

(ANEXO 8).

Os projetos, ao serem realizados em sala de aula exigem

adaptações e readaptações constantes. Às vezes, alguns grupos de

crianças começam com construções de objetos para determinados fins. A

construção de brinquedos e objetos que se transformam em estímulo para

improvisações teatrais, jogos coletivos criados espontaneamente. As

crianças quando constroem objetos/brinquedos, nem sempre chegam a

configurações coletivas. Às vezes reúnem-se duas ou três em volta de um

objeto, as vezes entretêm-se sozinhas com objeto, ou então chegam a

24

jogos coletivos sugeridos pela presença do adulto. Esses objetos são

criados pelas crianças para ocupar um determinado espaço físico. Como

elas prolongam seu jogo fora do espaço da escola, geralmente solicitam

levá-los para casa. (LUISE WEISS, Brinquedos e Engenhocas, 1997, 2a

edição, pag. 90/91).

4.1 O espaço físico na sala de aula

O espaço físico é de fundamental importância. Fazer arte em

sala de aula, possibilitando condições de melhor trabalhar com

flexibilidade. Assim o construir torna-se mais viável e prazeroso com o

material disponível. Alguns trabalhos requerem maior espaço, precisam

ser construídos no chão; outros, mais delicados ocupa o espaço da mesa.

Alguns trabalhos solicitam maior esforço físico: martelar, serrar etc., e, por

mais que se cuide, pequenos, incidentes podem ocorrer. É preciso

estabelecer uma maneira de dispor os materiais na sala, que deve ser

respeitada. Flexibilidade no espaço físico não significa desordem. (LUISE

WEISS, Brinquedos e Engenhocas, 1997, 2a edição, pag. 91, conforme

anexo 9).

4.2 Programa escolar

A programação do professor é muito importante, esta deve ser

flexível o suficiente para adaptar as necessidades das crianças. Na

verdade, a melhor maneira de preparar um programa é conhecer as

crianças, suas necessidades e seu ritmo, e não fazer um programa a

priori, e muito menos segui-lo rigidamente. O trabalho artístico com

sucatas deve ser entendido como meio expressivo.

Não se trata apenas de uma atividade improvisada, destinada a

preencher o calendário das festividades: Páscoa, Dia das Mães,

25

Natal...tampouco trata-se de atividade a que se pode recorrer na falta de

outros recursos.

Apesar de se ouvir muito a palavra criatividade é duvidosa que as

pessoas que habitualmente a empregam tenham uma ampla

compreensão do termo. Ser criativo tem sido confundido com a própria

utilização dos materiais de sucata, não se atentando para o projeto em

sua totalidade. (LUISE WEISS, Brinquedos e Engenhocas, 1997, 2a

edição, pag. 93).

4.3 O horário escolar

A compartimentalização das disciplinas fragmenta o horário. Se

existe horário para tudo, a sequência das aulas pode ser questionada.

As aulas de Arte geralmente são encaixadas entre as de

Física, Química, Matemática, de forma que se passa a idéia de que ela é

uma aula para relaxar, uma aula de lazer, sem muito esforço mental.

Como os alunos têm muitas disciplinas, essa fragmentação permite

apenas uma visão geral, superficial, da atividade artística. (LUISE WEISS,

Brinquedos e Engenhocas, 1997, 2a edição, pag.93).

4.4 A coleta de materiais

Cabe ao professor, juntamente com os alunos organizar o

material de sucata a ser utilizado, podendo ainda reservar uma aula para

a coleta dos materiais, sair com um grupo de alunos e recolher folhas,

falhos secos, sementes, pedras, garrafas pet papelão, caixas, etc.

Mesmo que não se utilize tudo o que for coletado, a saída com

os alunos já era válida como atividade. Quantas coisas não encontramos

no chão, pelas ruas. A procura da sucata envolve aluno e professor num

processo de educação do olhar, fundamental para qualquer atividade

artística.

26

4.5 A construção de brinquedos na escola

Há duas realidades de escolas que podemos destacar: por um

lado, a escola particular, com crianças de classe média, por outro, a

escola estadual, com um público heterogêneo, diversificado. A construção

dos brinquedos é desafiadora e interessa as mais diversas realidades

econômicas e sociais. Construir o próprio brinquedo é muito mais tentador

do que usar brinquedos industrializados. Cada grupo de crianças depende

de sua realidade socioeconômico, e vai trazer respostas que evidenciarão

seu universo. Por exemplo, aos olhos de uma criança pobre, um material

de sucata de uma classe social média ou alta, deixa de ser sucata, pois

sequer faz parte de seu repertório cotidiano. Por conseguinte, o próprio

conceito de sucata é relativo. Transforma-se segundo a realidade do local

e grupo em que se dá a atividade. Possuir um painel de marcenaria com

várias ferramentas, caixas com madeiras variadas e outros materiais seria

ótimo, mas nem sempre é possível. Às vezes, o que se tem são caixas de

papelão, retalhos de papel e um pouco de cada. Esse será o ponto de

partida do trabalho. Ter consciência da limitação dos materiais e do local

é importante para que não ocorram desilusões.

Em atividades com crianças, na construção de objetos criados

a partir de sucata, vivenciei experiências diversas, e, apesar de se tratar

de realidades específicas, sua essência é a mesma: ampliar o repertório

de pesquisas das crianças recuperando o espaço lúdico, estimulando a

construção com sucata como meio expressivo, valorizando o caráter

lúdico e experimental das brincadeiras.

A criança elabora seu próprio universo, na fantasia. Nele

existem regras por ela estabelecidas.

Sintetizando, o brincar é um gesto espontâneo. Não se fixam as disciplina

de maneira rígida, nem a estrutura escolar. Se brincar e desenvolver

brinquedos são importantes, mais ainda é fazê-lo espontaneamente.

27

Portanto, transformar o ato de brincar e construir brinquedos em um

programa escolar, nos moldes tradicionais, é destruir sua essência. Como

é possível avaliar uma atividade lúdica com conceitos quantitativos?

Tentar adaptar o brinquedo a fórmulas, a programas prefixados, faz com

que se perca sua condição fundamental: a liberdade, a espontaneidade.

(Luise Weiss, Brinquedos e Engenhocas, 1997, 2a edição, pag. 95/96).

Não se trata de uma regressão irresistível à vida infantil quando o adulto se vê tomado por tal ímpeto para brincar. Sem dúvida, brincar significa sempre libertação. (BENJAMIN, WALTER. São Paulo 1984.)

28

5. O BRINQUEDO E A ARTE POPULAR

Dentre as produções da nossa arte popular, o brinquedo infantil

ocupa um lugar de destaque. Nas mais diversas regiões encontramos

estes pequenos objetos, feitos na escola da criança, coloridos, mostrando

um reaproveitamento extremamente rico e variado de materiais.

Essa produção, feita por artesãos, tem uma tradição de anos,

mas está em vias de transformação, ou melhor, de desaparecimento,

gradativo, cedendo lugar a produção industrializada de brinquedos. Essas

transformação ligadas ao domínio da indústria cultural, são cada vez mais

rápidas, a ponto de não ser tão fácil localizar as manifestações populares

na nossa realidade urbana. Na rua ou nas praças, vemos por vezes

alguma manifestação tipicamente popular, de origem variada. Como é

possível essas manifestações conviverem com os avanços tecnológicos?

Ainda se encontram, embora raramente, vendedores de cata-ventos

coloridos, bolas, pássaros de madeira...sobrevivendo junto de um

comércio variado e especializado de brinquedos. Mas, sem dúvida, em

muitos lugares essas manifestações já está praticamente abandonada.

(ANEXO 10).

A arte popular emprestada Arte algumas características,

embora as transforme constituindo seu acabamento meio tosco algumas

vezes um traço fundamental.

A arte popular é dinâmica, é vivida é funcional. O espaço dela é

a rua, o quintal, o quarto da criança, e não o museu ou a galeria.

Em algumas regiões no Brasil e da América Latina, percebe-se

uma mistura do brinquedo popular com mitos e crenças. Na Bolívia, por

exemplo, em Potosi, conheci uma feita de miniaturas de objetos caseiros,

que além de servir de brinquedos, tinham a função de trazer sorte. (LUIZE

WEISS, 1997 pag. 106/107)

Os brinquedos das crianças índias têm dupla função: os

chocalhos, por exemplo, servem para a criança brincar também para

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espantar maus espíritos. Ainda entre os índios, os brinquedos têm se

destinado á preparação da vida adulta: arcos e flechas para os meninos,

pequenas cestas para as meninas etc. (Brinquedos e Engenhocas, LUIZE

WEISS, 1997, pag. 108, (ANEXO 11).

Mas voltando à nossa realidade urbana, a arte popular é

absorvida pela indústria cultural criando-se artes híbridas, ou seja, a

indústria cultural incorporando os meios de expressão populares e os

reproduz em escola semi-industrializada. Um exemplo disso são os

estilingues feitos com material plástico, embrulhados em sacos plásticos e

expostos em vitrines ou bancas de jornais...

Estão se perdendo paulatinamente a riqueza cromática, a

caracterização de formas próprias, o espírito humorístico presentes nos

brinquedos que vivem em nossa memória: as bolas de gude, os soldados

de chumbo, as pipas multicoloridas, os aros de roda etc.

No convívio com as crianças em aula, devido às diversificadas

origens regionais às vezes percebemos o aparecimento de brinquedos

conservando sua origem popular. Cabe ao orientador captar essas

manifestações reforçá-las estimulando-as e até enriquecendo-as.

(ANEXO 12).

“A nossa cultura popular mais viva e mais autêntica produz brinquedos lindos, coloridos, simples no seu material e riquíssimos em sua possibilidades de brincar gostoso. Ah, as bonecas de sisal, os cavalinhos de corda, as bonecas todas feitas de palha de milho, os carrosséis feitos com canudo e aproveitando lata e madeira os guarda-chuvas trançados em lãs coloridas,os caminhões e os carros de lata e toda a sucata sobrante, os carrinhos de rolimã, as pipas de papel de seda imensas e pequeno nas cheias de graça e de imaginação os bruxinhas... de pano... um repertório imenso, um painel diversificadíssimo de materiais e de respeito ao brincar. (ABRAMOVICH, FANNY, São Paulo, 1983, pag.110)

Ao trabalhar com sucata, a criança utiliza seu repertório de

imagens, esse que é formado por todo um mundo de estímulos visuais

das mais variadas espécies.

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A atividade de brincar e construir brinquedos exige

adaptação, uma nova forma de ser entendida...

Não nostálgica nem romântica, pois os tempos mudaram, mas

sim, revendo o passado, conhecendo as mais diversas configurações dos

brinquedos infantis e estudando a possibilidade de adaptação de jogos e

brinquedos ao momento presente. O trabalho do artista muitas vezes é

exatamente esse: Conhecer brinquedos de origem popular, transformá-lo

em novos objetos de expressão.

Enfim um ato de contínua transformação. (ANEXOS 13 e 14).

31

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições da Arte na Educação Infantil propõe levar o

discente a um maior desenvolvimento cognitivo emocional, lúdico,

estético, ético de forma harmoniosa padronizada na construção dos

saberes no fazer a arte com sucata, levando material utilizado a uma

maior decodificação.

O universo do brinquedo com sucata lança mão da arte popular

e ao mesmo tempo abrange o universo da criação infantil, como formas

de expressão autônomas. Encontramos o universo do brinquedo com

sucata, entretanto, não apenas no âmbito da criação infantil, mas também

nos projetos de alguns artistas plásticos.

Um dos objetivos, portanto, desta pesquisa foi mostrar os

diversos focos de influência as diversas formas expressivas, uma

realimentando a outra, nessa busca incessante de construções. Ao

mesmo tempo, considerou fundamental levantar questões, pois não se

trata de um assunto fechado e concluído...Por que esse tipo de atividade

tende a ter certas características? De que outras maneiras podem ser

olhadas essas construções? Como o universo de brinquedos, construídos

artesanalmente, situa-se frente a uma série de descobertas tecnológicas

constantes? Com o universo pode enriquecer o outro? Essas questões

ficam como pontos para reflexão.

Conhecer as formas de expressão do passado nessa área

seria outro ponto fundamental. O que conhecemos dos artistas que, no

passado lançaram mão de colagens e montagens? Quem atualmente

incorpora esses materiais. Quem atualmente incorpora esses materiais ao

seu campo de pesquisa?

Pois é... Geralmente conhecemos poucos os artistas, inclusive

os artesãos populares, e esse desconhecimento tem repercussões na

sala de aula.

32

É fundamental, pois, apoiar as pesquisas num contexto mais

vasto, para não limitar e restringir as diversas linguagens, utilizando-as

em construções sem nexo.

Ao mostrar objetos criados a partir de sucatas por artistas

profissionais, ao exibir alguns brinquedos populares e ao apresentar uma

produção infanto-juvenil o objetivo é antes de mais nada, abrir um leque,

criar paralelos é, antes de mais nada, abrir um leque, criar paralelos

formais e estruturais levantar perguntas e incentivar a reflexão.

Tendo como contribuição da Arte na Educação Infantil propor

levar o discente a um maior desenvolvimento cognitivo, emocional, lúdico,

estético ético de forma harmoniosa padronizada, na construção dos

saberes no fazer a arte com sucata, levando o material utilizando a uma

maior decodificação.

Os arte-educadores tem estado mais preocupados em

importa e decodificar modelos estrangeiros do que analisar as condições

propicias à aprendizagem e em se assenhorear da herança cultural da

nação para embasar seu ensino e torná-lo instrumento de reflexão crítica,

extensão e aprofundamento do universo cognitivo, afetivo e social da

criança.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Fernando Antônio. Técnicas e Práticas Didáticas do Ensino da Arte, AMPAP, São Paulo, 2000.

AZEVEDO, Fernando Antônio. Um Olhar Apreciador não se Ganha de Presente: São Paulo. AMPAP, 1992.

BARBOSA, Ana Mãe. Recorte e Colagem: Influências de John Dewey no Ensino de Arte no Brasil, São Paulo, Cortez, 1982.

BARBOSA, Ana Mãe. Recorte e Colagem: influências de John Dewey no Ensino da Arte no Brasil 2a Edição. São Paulo: Cortez, 1989.

BENJAMIN, Walter. Reflexões: A criança, o Brinquedo, a Educação. São Paulo. Summus, 1984.

CALDAS, Sarah. Brinquedos e Engenhocas, São Paulo, Editora Scipione Ltda., 1997.

COLI, Jorge. O que é Arte. São Paulo, Brasiliense, 1982.

FERRAZ, Maria Heloísa de Toledo. Metodologia do Ensino de Arte. São Paulo, Cortez, 1999.

GOMBRIC. E. H. A. História da Arte. Rio de Janeiro. Guanabara, Koogan, 1993.

HUMER, Neusa Silveira e Colaboradores. Sucatoteca Fazer Passo a passo, Belo Horizonte MG. CEDIC, 1988.

JOÃO, Francisco Duarte Jr. Fundamentos Estéticos da Educação. São Paulo: Cortez AA, pag.102.104, 1981.

LADEIRA, Idalina. Fantoche e Cia. São Paulo, Editora Spicione Ltda., 1998.

LUISE, Weiss. Brinquedos & Engenhocas. 2a ed., São Paulo, Scipione, 1997.

PORCHER, Louís. Educação Artística Luxo ou Necessidades. São Paulo. 1966.

VALADARE, Solange. A Arte no Cotidiano Escolar. Belo Horizonte. Editora – FAPI. 2001.

34

ANEXOS 1

Fachada da Escolinha de Arte do Recife.

35

ANEXOS 2

Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1981. Cenário.

“Avião” “Patins”.

36

ANEXOS 3

Pássaro entalhado em madeira, artesanato de crianças indígenas, Bolívia.

37

ANEXOS 4

“Dragão”, lata e rolha. Luise Weiss, 1896.

38

ANEXOS 5

“Violão”, papelão, madeira e barbante. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1981.

“Caixa de música primavera”. Roberta Fortunato, coleção particular de Oswaldo Peppe.

“Violão de madeira. Salvador, Bahia.

39

ANEXOS 6

Escola Vera Cruz, São Paulo. 1982.

40

ANEXOS 7

Escola Vera Cruz, São Paulo. 1982.

41

ANEXOS 8

Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1986.

42

ANEXOS 9

Teatro Ventoforte, 1981.

43

ANEXOS 10

Escola Vera Cruz, São Paulo. 1982

44

ANEXOS 11

Miniaturas de objetos indígenas, Grupo Guarani, São Paulo.

45

ANEXOS 12

São Paulo.

Caruaru, Pernambuco.

46

ANEXOS 13

Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1982.

Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1981.

47

ANEXOS 14

“Bruxinha”. Caruaru, Pernambuco