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Zouraide Guerra Antunes Costa [email protected] Grupo Técnico-Arboviroses Febre Amarela Situação epidemiológica no Brasil Clínica e Diagnóstico da Febre Amarela Treinamento para Profissionais da Assistência Porto Alegre, 12/02/2009

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Zouraide Guerra Antunes [email protected]

Grupo Técnico-Arboviroses

Febre Amarela Situação epidemiológica no Brasil

Clínica e Diagnóstico da Febre Amarela Treinamento para Profissionais da Assistência

Porto Alegre, 12/02/2009

Febre Amarela - Distribuição no Mundo

Mundo

YF_2004América do Sul

Histórico da Febre Amarela no Brasil

1685 - 1ª epidemia no Brasil, Recife/PE

1691 - 1ª Campanha Sanitária no Brasil (Dr. João Ferreira da Rosa)

1686 a 1692 - Epidemia na Bahia (25.000 doentes / 900 mortos)

1692 a 1848 - SILÊNCIO

1849 - Epidemia na Bahia

1849/1861 - Propagação de norte a sul do país (16 Províncias do Império)

01/01 - 31/08/1850 - Cidade do Rio de Janeiro (90.658 casos / 4.160 óbitos)

Representação iconográfica da ameaça representada pela febre amarela aos países da América. Fonte: OPAS, 1992

1928/29 - Última epidemia urbana, Rio de Janeiro (738 casos / 478 óbitos)

1932 - Comprovação do ciclo silvestre da FA (Santa Teresa /ES - Vale do Canaã)

1937- Vacina contra febre amarela introduzida no Brasil

1901 - “Comissão Reed” (Havana/Cuba):

transmissão pelo mosquito Culex fasciatus

→ Stegomyia fasciata → Culex aegypti

(Linneu, 1762) → Aedes aegypti (Silver, 1926)

Histórico da Febre Amarela no Brasil

Histórico da Febre Amarela no Brasil

1942 - Registro dos últimos casos de FAU no Brasil (Sena Madureira/AC)

1955 - Erradicação do Aedes aegypti do Brasil

1967 - Reinfestação do Pará e Maranhão pelo Aedes aegypti

1969 - Eliminação da reinfestação do Pará e Maranhão

1976 - Reinfestação de Salvador/BA reinfestação progressiva do país

Ciclos de transmissão da FA no Brasil

Erradicado em 1942

Febre Amarela Silvestre

Zoonose

Impacto para a Saúde Pública

• Acomete cerca de 200.000 pessoas no mundo a cada ano (OMS)

• Enfermidade grave, letalidade elevada (~ 50%)

• Alto potencial epidêmico

• Alto potencial de disseminação (transmissão vetorial)

• Maior área endêmica do mundo (Brasil)

• Padrão epizoótico-epidêmico não previsível

• Custo econômico (hospitalizações - UTI)

• Impacto econômico (turismo, comércio, relações internacionais)

• Ansiedade pública elevada (em situações de surtos)

• Eventos adversos graves relacionados à vacina (perplexidade)

Febre Amarela no Brasil

1975 – instituído o SNVE (Lei nº 6.529), com a obrigatoriedade da notificação compulsória de doenças

1951 – Regulamento Sanitário Internacional (OMS: notificação imediata – 24 hs)

1903 – “Instruções para o Serviço de Profilaxia Específica de Febre Amarela” (Oswaldo Cruz) – notificação obrigatória

2005 – Regulamento Sanitário Internacional (OMS: notificação mediante aplicação de instrumento de decisão – ESPII)

Notificação de doenças

Notificação de Febre Amarela

- Reduzir a incidência da forma silvestre da doença

- Manter nula a incidência da forma urbana

Objetivos do Programa de Febre Amarela

Aspectos epidemiológicos da Febre Amarela no Brasil

O que vigiar???

Vigilância da Febre Amarela no Brasil

0

10

20

30

40

50

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70

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1982

1983

1984

1985

1986

1987

198 8

1989

1990

1 991

199 2

1993

1994

1 995

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1998

1999

200 0

2001

2002

2 003

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2005

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2 007

200 8

Ano

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10%

20%

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100%

Casos de FAS Letalidade (%)

Febre Amarela - Série Histórica no BrasilSérie histórica de casos e taxa de letalidade. 1982-2008*

Casos Taxa de letalidade (%)

*Dados provisórios

Fonte: SINAN/SVS/MS

Situação epidemiológica da febre amarela silvestre

Distribuição dos casos de FAS por UF. Brasil, 1999 – 2008*

Fonte: SINAN/SVS/MS – Dados até 09/02/2009

Fora da Amazônia

Distribuição dos casos de febre amarela silvestre

Fonte: SINAN/SVS/MS

* Dados até SE 45/2008

Distribuição dos casos de febre amarela segundo idade e por

quinquênio. Brasil, 1980-2008*

N=721 casos

Distribuição dos coeficientes de sazonalidade dos casos de febre amarela no período de 1973 a fev/2008.

* Casos: óbitos e cura

Mês de referência

Fonte: Registros da vigilância da FA e SINAN

Contextualização Cenário da Febre Amarela em 2007

Número de casos e taxa de letalidade, febre amarela, Brasil, 2007

0

1

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3

4

5

6

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jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Mês

No. d

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sos

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Leta

lidad

e (%

)

Casos Letalidade

GO*

Epizootias de primatas, (morte de macaco), notificadas no Brasil, 2007.

0

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15

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25

30

35

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45

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JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Mês

No. E

pizo

otia

s

No. Epizootias

GO*

M ês Ano M ortes de macacos Casos humanos

Fevereiro 2007 0 1

M arço 2007 0 1

Abril 2007 5 2

M aio 2007 6 0

Junho 2007 1 1

Julho 2007 9 0

Agosto 2007 11 0

Setembro 2007 12 1

Outubro 2007 17 0

Novembro 2007 12 0

D ezembro 2007 50 7

Janeiro 2008 247 28

Fevereiro 2008 92 8

M arço 2008 36 0

Abril 2008 29 1

M aio 2008 12 1

Junho 2008 7 1

Caso humano

Morte de macaco

* Dados até 25/06/2008Fonte: SVS/MS

A Emergência de Saúde Pública - Febre Amarela no Brasil, Dez/2007 a Jun/2008

ESPIN: Febre Amarela no Brasil, 2007/2008

* Dados até 31/08/2008

135 casos informados

35 descartados

1 confirmado importado (PY)

48 confirmados

10 óbitos

51 não atendiam definição de caso

28 óbitos

Tx letalidade = 58,3%Fonte: SINAN/SVS/MS

Descrição dos casos confirmados

Variável Casos confirmadosn=48

Sexo masculino 75% (36/48)

Idade mediana 39 (11-69) anos

Internação 90% (43/48)

Evolução para óbito 58,3% (28/48)

Mediana* 7,5 (02-17) dias

* Dos primeiros sintomas ao óbito

ESPIN: Febre Amarela no Brasil, 2007/2008

Fonte: SINAN/SVS/MS

Casos confirmados e o status vacinal

Status vacinal Casos confirmadosn=48

Sem vacina

79,2% (38/48)

Mais de 10 anos 4,1% (2/48)

Vacinado próximo a 10 anos 6,3% (3/48)

Ignorado 10,4% (5/48)

ESPIN: Febre Amarela no Brasil, 2007/2008

Fonte: SINAN/SVS/MS

• Maior área de circulação viral já registrada (9 estados + ARGENTINA e PARAGUAI)

• Maior epizootia de primatas por FA registrada no mundo nas últimas décadas: 254 municípios registraram morte de macacos (866 localidades: 274 foram caracterizadas como epizootias por FA)

• Circulação do vírus de FA fora da área de risco

• Não ocorreu forma urbana de transmissão

• Ocorrência de dois casos humanos de FAS no Estado de São Paulo* (50 km da área de risco)

• Ocorrência de dois casos humanos de FAS no Estado de Paraná* (70 km da área de risco)

ESPIN/FA 2007-2008: Conclusão

(*) Áreas silenciosas há 40 anos ou mais

Período: 1930 a 1939 Período: 1940 a 1949

1 - 56 - 1516 ou +

Total de casos por município

Os caminhos da Febre Amarela no Brasil

Fonte: SVS/MS

1 - 56 - 1516 ou +

Total de casos por município

Período: 1950 a 1959 Período: 1960 a 1969

Fonte: SVS/MS

Os caminhos da Febre Amarela no Brasil

1 - 56 - 1516 ou +

Total de casos por município

Período: 1970 a 1979 Período: 1980 a 1989

Fonte: SVS/MS

Os caminhos da Febre Amarela no Brasil

1 - 56 - 1516 ou +

Total de casos por município

Período: 1990 a 1999 Período: 2000 a 2003

Fonte: SVS/MS

Os caminhos da Febre Amarela no Brasil

“A Falácia Amazônica”

Ao contrário do que se propaga no imaginário popular, a FAS não é uma doença de ocorrência predominantemente na Amazônia.

Vacinação desde 1937 (altas CV) População esparsa Ocorrência em áreas remotas Baixo potencial de disseminação

Contextualização

Áreas de vacinação mais recentesÁreas densamente povoadasMelhor acesso aos serviçosAlto potencial de disseminação

http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br/aa/inde.htm

Perfil endêmico Perfil epidêmico

A Febre Amarela pulou a janela em 2007/2008?

FF

EE

BB

RR

EE

AAMM AA RR

EELLAA

Repetiu o caminho das grandes ondas amarílicas do passado...

Ao pular a janela, a Febre Amarela...

1934-1940

9 UF (MT, GO, MG, SP, PR, SC, RS, RJ, ES) + Paraguai e Argentina (Provincia de Missiones)

1999-2003

6

ANOS

7 UF (TO, GO, MG, BA, SP, PR, RS), mortes de macacos na Argentina (Provincia de Corrientes)

Situação Epidemiológica atual da Febre Amarela

De Oswaldo Cruz aos dias atuais o país mudou???

A febre amarela mudou???

O que mudou em um século???

Nos dias

atuais, um

século

depois do

início das

atividades de

Emílio Ribas

e Oswaldo

Cruz, a febre

amarela

continua

sendo um

problema e

um desafio.

Febre

Amarela?

A FA é, no entanto, um problema bastante diferente do que foi na época de Oswaldo Cruz e Rodrigues Alves. Temos outro país e outra febre amarela.

Febre Amarela no Brasil – desafios atuais

• Expansão da área de transmissão da FAS

• Aparecimento de novos e velhos focos de FAS

• Coberturas vacinais heterogêneas

• Dinâmica populacional intensa

• Ocorrência de surtos FAS em áreas populosas

• A questão do Rural/Urbano - novas configurações das relações entre a cidade e o campo

A questão da reurbanização...

Febre Amarela no Brasil – desafios atuais

• Tráfico de animais silvestres

• Ecoturismo

• Disseminação e persistência do Ae. aegypti em cidades de médio e pequeno porte

• Comprovação da competência vetorial do Ae. aegypti (Miller, B. 2001)

• Suscetibilidade oral do Ae. aegypti e Ae. albopictus aos vírus do dengue e da febre amarela (Lourenço et al, 2002)

A questão da reurbanização...

Febre Amarela no Brasil – desafios atuais

• Baixa viremia (carga viral 100X

menor que da dengue)

• Curto período de viremia (4-6 dias)

• Hospedeiro (humano) pouco

eficiente

• Doença focal

• Ciclos epizoóticos intermitentes

• Níveis de infestação por Ae.

aegypti insuficientes

Fatores desfavoráveis à reurbanização

Febre Amarela no Brasil – desafios atuais

Fatores desfavoráveis à reurbanização

• Grande parte dos casos permanecem nas áreas de risco

• Adoção de cuidados especiais em torno dos casos assistidos em áreas infestadas por Aedes aegypti

• Existência de vacina com elevado poder imunogênico

• Fortalecimento da VE

• Política de vacinação do país

Nossos viajantes...

UM DESAFIO!!!

“Se antes de morrer me fosse concedido o privilégio da derradeira viagem, voltaria ao rio Negro mais uma vez. Viajaria de Manaus, rio acima, até São Gabriel da Cachoeira e, se possível, mais longe, na direção da Colômbia. Quinze dias vendo o mundo refletir-se no espelho das águas escuras, o recorte verde da mata ciliar, os papagaios ao alvorecer e as circunvoluções arrojadas das andorinhas todo final de tarde...” (Drauzio Varella, médico)

Belezas da Amazônia: Rio Negro

Aspectos epidemiológicos da Febre Amarela no Brasil

Milhões de pessoas se movem...

* Dados até 15/10/2008Fonte: SINAN

Percentual de casos de FA segundo residência no LPI. 1999-2008*

%

Aspectos epidemiológicos da Febre Amarela no Brasil

• Histórico recente de casos de FA e epizootias de PNH confirmadas

• Áreas contíguas àquelas com evidência recente de circulação de FA

• Operacional (Regionais de Saúde)

Critérios para definição:

Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

Mapa das áreas com recomendação de vacinação contra FA. Brasil, 2008.

Obrigada!

GT-ARBOVIROSES

Tel: (61) 3213-8181

3213-8182

3213-8183

3213-8176

3213 8179