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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: QUESTÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS EM
DEBATE
No Brasil, a qualidade da educação tem sido constantemente questionada. Diariamente,
nas mídias impressas e televisivas, são veiculadas notícias que demonstram que tanto a
educação pública quanto a privada têm problemas que precisam ser solucionados tendo
em vista as exigências globais de um nível de educação constantemente renovado e cada
vez mais elevado, necessidade absoluta para todos os seres humanos, a fim de que
possam enfrentar os inúmeros e novos desafios da vida em sociedade. Nesse contexto,
nunca é demais insistir na importância, também, da qualidade dos professores. Uma
formação de qualidade passa pela admissão de que a formação inicial não basta para o
resto da vida, são necessários atualizações e aperfeiçoamentos, pois a qualidade do
ensino é determinada tanto ou mais pela formação contínua dos professores do que pela
sua formação inicial. Os três trabalhos que compõem o painel têm por objetivo
“fomentarem o debate sobre questões teóricas e práticas da formação inicial e
continuada de professores”. São trabalhos fundamentados em autores como Antunes
(2003), Oliveira (2006), Tardif (2011), Freire (1996), Pimenta e Lima (2004), Kenski
(1991), Sacristán (2000), Silva (2001), Belloni (2001), Kenski (2007), Moran (2000) e
Vygotsky (1979). Esperamos, com o debate em torno do tema, oportunizar reflexões
pois, como diz o mestre Paulo Freire, “na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática” e, quanto melhor se faça
esta operação, maior a probabilidade de resolução e superação dos problemas. O saber-
fazer da reflexão crítica e o saber-ser da sabedoria exercitados, permanentemente,
podem ajudar a fazer a necessária leitura crítica das verdadeiras causas da degradação
da educação brasileira.
Palavras-chave: Saberes Docentes. Estágio Supervisionado. Mídias Impressas e
Tecnológica.
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
7206ISSN 2177-336X
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AS CONTRIBUIÇÕES DAS MÍDIAS IMPRESSAS E TECNOLÓGICAS NAS
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Christomyslley Romeiro da Silva
Especialista em Pedagogia do Movimento na Infância
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
RESUMO
O presente trabalho trata-se de uma revisão bibliográfica, onde discutimos a importância
das mídias impressas e tecnológicas como ferramentas metodológicas em salas de aula
da Educação Infantil. Explicitamos como esses equipamentos estão presentes no dia a
dia das crianças potencializando o desenvolvimento de diferentes linguagens e, como o
professor deve fazer uso desses recursos didáticos e metodológicos para promover uma
aprendizagem significativa. Nesta direção, desenvolvemos esta pesquisa à luz de vários
teóricos, dentre eles citamos Demo (2010), Freire (1996), Belloni (2001), Kenski
(2007), Moran (2000), Vygotsky (1979), entre outros autores que dão sustentação a esta
temática. Concluímos que neste mundo mágico onde a criança cria, formula e reformula
seus conceitos e descobre que os objetos que toca e vê podem se transformar em bichos,
em gente, seus desenhos e imagens criam vida, sua imaginação flui e tudo se transforma
em faz de conta.
Palavras-chave: Educação Infantil. Mídias impressas e tecnológicas. Linguagens e
Ensino.
INTRODUÇÃO
Iniciamos este trabalho falando sobre a alfabetização de crianças de 4 a 5 anos,
em salas de Educação Infantil e como as mesmas aprendem a ler e escrever. Essa
aprendizagem pode ser uma aprendizagem de natureza perceptual e motora ou de
natureza conceitual. O ensino, no primeiro caso, pode estar baseado no reconhecimento
e na cópia de letras, sílabas e palavras. No segundo, no planejamento intencional de
práticas sociais mediadas pela escrita, para que as crianças delas participem e recebam
informações contextualizadas.
Neste trabalho enfatizamos o uso das mídias escritas e tecnológicas como
ferramenta metodológica facilitadora no processo de aquisição da leitura e da escrita em
crianças com idade escolar entre 4 e 5 anos, pois as mesmas já trazem em seu histórico
de vida uma intimidade muito grande com essas ferramentas, que só são importantes e
imprescindíveis se forem usadas dentro de um planejamento que contemple conteúdos
essenciais as classes de Educação Infantil.
O professor como mediador de conhecimento precisa estar atento para que esses
recursos promovam uma aprendizagem relevante e significativa a essas crianças, pois
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elas necessitam fazer uso de linguagens diversificadas para o desenvolvimento de suas
potencialidades.
As crianças constroem sua identidade pessoal e social através das brincadeiras,
da imaginação, da fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e
constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. As mídias
impressas e tecnológicas servirão como mais uma alternativa a essa produção de
conhecimento.
As mídias, quando utilizadas dentro de um planejamento adequado, podem de
fato enriquecer essa diversidade de materiais e contextos de aprendizagem, pois se trata
de mais um recurso que o professor pode utilizar de forma integrada a outros recursos
comuns já utilizados nas salas de aula, pois a finalidade de um planejamento é permitir
que se pense previamente no que se quer e no que se pode fazer, em função da criança,
um planejamento que fique apenas no papel, nada significa. Ele precisa falar de vida, de
uma história que está sendo construída, onde a criança é o centro.
Levando-se em conta a importância da valorização dos conhecimentos prévios
das crianças, e sabendo que as tecnologias digitais fazem parte do cotidiano da maioria
de nossas crianças, enxergamos essas ferramentas como uma contribuição no sentido de
ajudar as crianças a viver em um ambiente cada vez mais dinâmico nas salas de aula da
Educação Infantil.
A metodologia usada para a construção deste artigo foi à revisão bibliográfica, e
foram citados os autores Demo (2010), Freire (1996), Belloni (2001), Kenski (2007),
Moran (2000), Vygotsky (1979), entre outros. Segundo Gonsalves: Caracteriza-se a
pesquisa bibliográfica pela identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos
de revistas, dentre outros. Sua finalidade é colocar o investigador em contato com o que
já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa. Na pesquisa bibliográfica o
pesquisador vai se deparar com dois tipos de dados: aqueles que são encontrados em
fontes de referência (dados populacionais, econômicos, históricos etc.) e aqueles dados
especializados em cada área do saber, indispensáveis para o desenvolvimento da sua
pesquisa (2003, p. 34-35).
Este artigo está estruturado da seguinte forma: na primeira parte tratamos das
mídias como práticas pedagógicas, na segunda abordamos alguns desafios pedagógicos
e na terceira a relação entre: professor, alunos e as práticas.
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2. AS MÍDIAS COMO PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
É comum alguns professores temerem o adiantamento de práticas pedagógicas
tradicionais antes dos 06 anos (exercícios de prontidão, cópia e memorização) e a perda
do lúdico. Como se a escrita não estivesse relacionada a outras linguagens tais como:
música, brincadeira, desenho etc. Por outro lado, há quem valorize a presença da cultura
escrita na Educação Infantil por entender que para o processo de alfabetização é
importante a criança ter familiaridade com o mundo dos textos.
Nesse sentido utilizar as Mídias Impressas e Tecnológicas em salas de aula na
Educação Infantil como ferramenta de ensino/aprendizagem, tem como objetivo instigar
o educador na construção de conhecimento sempre em seu caráter interativo e dialógico.
Elementos essenciais para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social de alunos da
educação infantil, na construção e ampliação de conhecimentos do universo linguístico,
tanto em sua aplicação como recurso em sala de aula, quanto na criação de novas
metodologias.
Quando se fala em tecnologia na educação, logo pensamos em computadores,
Internet etc., mas isso não é tudo, a tecnologia é, efetivamente, mais do que isso. Ela se
faz presente, por exemplo, em todos os lápis que usamos, no quadro de giz, nos livros,
nas cadeiras em que nos sentamos, em todos os equipamentos que usamos em sala de
aula. Não podemos imaginar uma escola, hoje, sem livros, sem material impresso.
O incentivo à leitura contribui para evolução da escrita, da interpretação, da
criatividade do uso social da linguagem, neste sentido é necessário que os professores
ligados à Educação Infantil participem ativamente da construção e estimulação das
múltiplas linguagens: corporal, visual, auditiva, oral, musical, individual e social, pois
um ambiente enriquecido neste sentido promove o desenvolvimento adequado da
criança.
Encontrar formas de encantar um leitor não é meta só da Educação Infantil, deveria
ser do ensino fundamental, médio e também do ensino superior. A criança quando
chega à pré-escola ela sabe contar histórias, relatar fatos e experiências, porém esta
habilidade ainda está longe da riqueza e diversidade que ela encontra na escola ao
interagir com o outro, com os objetos, livros e os conteúdos próprios da Educação
Infantil, comprovando isso Soares (2009, p. 24) afirma que:
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[…] A criança que ainda não se alfabetizou, mas já folheia livros,
finge lê-los, brinca de escrever, ouve história que lhe são lidas, está
rodeada de material escrito e percebe seu uso e função, essa criança
ainda é “analfabeta” porque ainda não aprendeu a ler e a escrever, mas
já penetrou no mundo do letramento, já é de certa forma, letrada […].
O desejo da criança em levar livros para casa, na busca de partilhar a leitura com
seus parentes e retornar a escola para socializar suas experiências para os colegas e os
professores, é uma oportunidade para o educador utilizar e propor situações de leituras e
atividades interdisciplinares e aliar a outros conteúdos quais sejam: empréstimos de
livros, participação familiar no processo da leitura, propiciar momentos lúdicos de
debates, criar cirandas de leitura, oficinas, dramatizações, navegar em sites de
contadores de histórias, de autores de livros infantis e outros.
São fundamentais o envolvimento e a participação da família e da comunidade
no processo de leitura das crianças, bem como o uso responsável das mídias, pois não é
exagero dizer que os indivíduos mais vulneráveis neste mundo da mídia são nossas
crianças é preciso que pais e professores tenham todo o cuidado na escolha do que vai
ser apresentado a elas, nesse sentido participar da vida escolar dos filhos é se suma
importância para que a aprendizagem ocorra. Com a participação da família no processo
de ensino e aprendizagem, a criança ganha confiança vendo todos se interessarem por
ela, e também porque você passa a conhecer quais as dificuldades e quais os
conhecimentos da criança (MACEDO, 1994).
As mídias impressas e tecnológicas podem ter o papel de facilitar e promover
conhecimentos significativos no processo do letramento, bem como, na construção do
conhecimento e instrumentos para uma nova forma de educar, estimulando as múltiplas
inteligências e facilitando o processo educacional infantil. Hoje, o lugar da educação é
bem significativo, no que se refere à contextualização do conhecimento, com essa
dinâmica de tornar o aluno um cidadão protagonista do meio em que vive, precisamos
estar preparados para desenvolvermos uma nova forma de fazer educação, pois de certa
maneira ainda temos raízes no modo tradicional de ensino, que na maioria das vezes,
anula essa nova proposta educacional.
A apropriação das tecnologias de informação e comunicação, no espaço da
escola atribui um novo significado ao conceito de conhecimento. Hoje, professores
vivenciam o fato de que os alunos demandam novas abordagens e métodos de ensino
para que se consiga manter a atenção e a motivação na escola.
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Muitos pais e professores estão convencidos de que jogar no computador, bater
papo na internet e zapear os canais de televisão é perda de tempo. Segundo alguns
estudiosos estes procedimentos podem fazer com que as crianças desenvolvam
habilidades que vão além das habilidades instrumentais.
É através das ferramentas tecnológicas, a partir de mediações atuantes que as
potencialidades se afloram. Diante dessa realidade devemos fazer uso das tecnologias de
informação e comunicação, as quais viabilizem a inserção de ferramentas enquanto
mediação nas nossas atividades. O conceito dos recursos didáticos assume um novo
papel frente ao surgimento das mídias impressas e tecnológicas aplicados à educação a
partir da prática pedagógica planejada.
Com a necessidade da inserção das mídias digitais e tecnológicas no ensino e
aprendizagem das crianças, percebemos que a iniciativa dos governos frente aos
avanços tecnológicos vem alcançando uma parcela significativa da população, com isso,
o professor precisa cada vez mais especializar-se. Para Moran (2000), “[…] ensinar e
aprender exige hoje muito mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo,
menos conteúdos fixos e processos mais abertos de pesquisa e de comunicação”.
Segundo Vygotsky (1979, p. 139), “ […] a aprendizagem organizada converte-se
em desenvolvimento mental e coloca em funcionamento uma série de processos
evolutivos que nunca poderiam ocorrer à margem do aprendizado”. Diante dessas
constatações, defenderemos nesse trabalho que as mídias Impressas e Tecnológicas em
salas de Educação Infantil, são, portanto, recursos indispensáveis para o trabalho do
professor, já que sabemos que a promoção e o desenvolvimento da criança é
determinado em larga escala pela ludicidade; e estas ferramentas oportunizam esse
momento de prazer e interação.
A necessidade da utilização das mídias digitais é algo inquestionável, sejam
quais forem as opções pedagógicas, os recursos utilizados facilitarão o aprendizado.
Estamos na era da informação, porém nem toda a informação transforma-se em
conhecimento.
De acordo com Straub (2009, p. 60):
A construção do conhecimento do aluno deve ocorrer por meio de um
processo interativo deste com o professor, no qual o professor será o
mediador do processo ensino-aprendizagem através da midiatização
das tecnologias de informação e de comunicação, principalmente o
computador e a internet.
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Conforme a autora, podemos dizer que o papel do professor é o de mediador do
processo de ensino e aprendizagem. Acreditamos que a infância é a fase em que a
criança dedica-se às aprendizagens com mais prazer. Para tanto é necessário que o
professor busque a capacitação e novos conhecimentos, contribuindo assim para uma
educação de qualidade, deste modo conseguirá formar cidadãos críticos, pensantes,
preparados para atuarem nessa sociedade tecnológica.
Dificilmente uma classe inteira de crianças vai avançar igualmente no mesmo
espaço de tempo e fazendo uso da mesma metodologia de trabalho, mas, essa
heterogeneidade, em vez de atrapalhar, é muito benéfica. Na interação social, a troca de
pontos de vista aumenta as possibilidades de aprender. Portanto, a diversificação de
atividades e de recursos metodológicos utilizados em sala de aula é uma característica
essencial para uma proposta didática eficiente na Educação Infantil.
3. ALGUNS DESAFIOS PEDAGÓGICOS
Além de explicar os conteúdos em sua essência é preciso entender que as
tecnologias não se limitam apenas a computadores e alguns poucos equipamentos, são
novos meios de percepção, de linguagem e escrita. A escola, por sua vez, deve estar
aberta para essas exigências e buscar desenvolver novas práticas de ensinar e aprender.
Exemplo disso, é o desafio da alfabetização que tomou extensões ainda maiores: mais
do que saber usar letras e números alfabetizar significa saber usar criticamente todos
esses equipamentos.
O uso da mídia na educação é uma nova fronteira que os profissionais da
educação precisam desbravar. Afinal, sabemos o poder da mídia. Sentimos esse poder
nas nossas vidas. Nossa realidade é, em grande parte, definida e construída pela mídia.
Como diz Maria Luiza Belloni (2001), as imagens da mídia penetram nossa realidade,
transformando-a, dando-lhe forma.
Diante desse posicionamento do autor, eis o grande desafio da escola: respeitar
as funções das Tecnologias da informação e da comunicação, entendê-las como
instrumento facilitador para o aprendizado, aproveitando o interesse dos alunos por
essas ferramentas extrínsecas. Para tanto, o professor deve estar inteirado do meio
digital para utilizá-lo criticamente como fonte de conhecimento e de aprendizagem.
A melhor forma de ensinar é, com efeito, aquela que propicia as crianças o
progresso, a competência de ler e de interpretar o mundo, e que o leve, de forma efetiva,
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a aprender de forma significativa e com sentido. Deve, portanto, ter competência para
gerir o desenvolvimento da criança a fim de que ela consiga lidar com as características
e com as demandas da sociedade atual, é importante que a criança seja capaz de buscar
novas aprendizagens. Nesse sentido, Demo (2010, p.148) afirma que:
Este modo de ver a alfabetização naturalmente assume sua
multiplicidade, passando a ser posta no plural: alfabetizações. Diz-se
tratar-se de “novas alfabetizações” quando ultrapassam os textos
tipográficos na prática textual, incluindo, entre outros: usar e construir
hiperlinks entre documentos e/ou imagens, sons, filmes, linguagens
semióticas […] A tendência é definir alfabetizações para além dos
conteúdos, entendendo-as como habilidades genéricas, de teor
propedêutico.
O papel do professor neste sentido é encontrar meios, ou seja, métodos para
tornar a aprendizagem mais significativa para o aluno. “Mais do que ensinar, trata-se de
fazer aprender […], concentrando-se na criação, na gestão e na regulação das situações
de aprendizagem. ” (PERRENOUD, 2000, p.139).
Nosso desafio maior é caminhar para o ensino de uma educação de qualidade,
que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que
façam essa integração em si mesmas, no que concerne aos aspectos sensoriais,
intelectual, e emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o
pessoal e o social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo,
mudando, avançando (MORAN 2009, p. 15).
A criança desde pequena vive num contexto social envolvido por diversas
tecnologias como computadores, televisão, rádio, jogos eletrônicos, celulares entre
outros. Automaticamente, ela já adquire hábitos, atitudes e habilidades que fazem parte
de uma identidade moderna, sendo assim a escola precisa utilizar os recursos
tecnológicos dentro da sala de aula, pois é um processo de aprendizagem que respeita o
meio em que a criança vive, e valoriza seus conhecimentos prévios.
As tecnologias possuem grandes influências no cotidiano das crianças, e a
inclusão de recursos tecnológicos nas aulas contribui para a construção de
conhecimento diretamente ligada ao modo de vida dos alunos, possibilitando assim uma
melhor assimilação daquilo que o professor tem como objetivo ensinar. Desde pequena
a criança é educada em um determinado meio cultural familiar, onde adquire
conhecimentos, hábitos, atitudes, habilidades e valores que definem a sua identidade
social. A forma como se expressa oralmente, como se alimenta e se veste, como se
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comporta dentro e fora de casa são resultados do processo educacional na família e no
meio em que vive.
Na Educação Infantil, as crianças recebem informações sobre a escrita quando:
brincam com a sonoridade das palavras, reconhecendo semelhanças e diferenças entre
os termos; manuseiam todo tipo de material escrito, como revistas, gibis, livros,
fascículos etc.; e o professor lê para a turma e serve de escriba na produção de textos
coletivos.
Alguns alunos estão imersos nesse contexto, convivendo com adultos
alfabetizados e com livros em casa e aprendendo as letras no teclado do computador.
Eles fazem parte de um mundo letrado, de um ambiente alfabetizador. Outros não: há os
que vivem na zona rural, onde a escrita não é tão presente, e os que, mesmo morando
em centros urbanos, não têm contato com pessoas alfabetizadas e com os usos sociais da
leitura e da escrita.
Nenhuma metodologia utilizada em sala de aula possui fórmula mágica que
sozinha leva o aluno a raciocinar, um ensino de qualidade busca selecionar temas
relevantes para os alunos, ele deve ser introduzido com uma intencionalidade, em
situações que leve o aluno a refletir sobre a experiência acumulada que possui, sua
utilização torna o aprendizado mais interessante e agradável.
Para a criança, a descoberta do mundo da linguagem oral, escrita, visual e corporal,
passa a fazer parte de seu universo através de livros, músicas, poesias, cordéis, gibis,
outdoor, músicas, diversos portadores de textos, brincadeiras populares e jogos como
trava língua, parlendas, pinturas, os objetos etc., não há atividade humana que se
constitua sem linguagem, sem as histórias passadas de geração a geração e sem a cultura
que cada indivíduo possui para agir no mundo. Nós mediadores de conhecimento, não
podemos esquecer da importância do lado infantil da leitura, o enfeitar a história,
dramatizar e entrar nos personagens, fazendo com que possamos atrair a atenção dos
pequenos e criar neles o importante hábito da leitura que inicia junto ou até mesmo
antes do aprender.
À escola destina-se um espaço de formação e informação e ela deve assegurar às
pessoas a formação que ajudará a transformá-las em um sujeito pensante e atuante,
sendo capaz de utilizar este potencial na construção e reconstrução de valores,
habilidades, e inclusive para a incorporação no mundo do trabalho e das novas
tecnologias (LIBÂNEO, 1998).
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Da mesma forma, a escola também pode exercer poder em relação aos
conhecimentos e ao uso das tecnologias que farão a mediação entre professores, alunos
e os conteúdos a serem apreendidos (KENSKI, 2007, p. 18).
Assim, encerramos este capítulo mostrando a importância das mídias como mais
uma ferramenta metodológica, que oportunizará aos professores do Ensino Infantil
criarem estratégias didáticas para trabalharem as várias linguagens, a fim de
incentivarem seus alunos a pensarem e ampliarem suas aprendizagens.
4. RELAÇÃO ENTRE PROFESSOR, ALUNOS E PRÁTICAS.
A relação do adulto com a criança tem grande influência no desenvolvimento
cognitivo afetivo e emocional. A qualidade desta relação influenciará de forma positiva
ou negativa o processo de ensino-aprendizagem, bem como nas vivências pessoais que
se constituirão nas bases da identidade social dessa criança em formação. O professor
sabe que para aprender são necessárias condições cognitivas (abordar o conhecimento),
afetivas (estabelecer vínculos), criativas (colocar em prática) e associativas (para
socializar). Portanto, é necessário construir a aprendizagem numa interação professor-
aluno para, enfim, produzir uma assimilação do que foi abordado, conteúdos e métodos
devem visar à aprendizagem significativa.
Em uma sociedade onde as crianças já nascem tendo intimidade com as novas
tecnologias, o desafio do professor é selecionar e organizar de forma crítica essas novas
formas metodológicas. Para ser um bom professor é preciso adquirir posturas e se despir
de posturas ultrapassadas, desafiar conceitos apreendidos e aprender a construir junto
com o aluno. O aluno precisa ser o personagem principal dessa novela chamada
aprendizagem.
O educador que leva em consideração o seu aluno permite ao mesmo apropriar-
se de conhecimento e fortalecer seu ego na medida em que constitui uma característica
mais segura e responsável. Assim, esta criança domina a realidade, torna-se sujeito
desta realidade, compõe sua autoria (PAIN, 1996).
De acordo com a concepção de Paulo Freire, “Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção” (FREIRE, 1996, p. 47). Para tanto, é imprescindível que o mediador tenha a
sensibilidade de olhar a criança como um sujeito único, com possibilidades singulares
de aprender.
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A criança antes de entrar na escola é motivada para a aprendizagem e assume
uma atitude de ativa busca de informação. O professor precisa se conscientizar que a
criança ou o sujeito aprendente deve ser analisado e observado em relação a toda
qualquer modalidade de aprendizagem não só a exercida na escola, pois essa
aprendizagem se dá além dos muros da instituição escolar e precisa ser contextualizada.
Segundo Almeida (2007, p. 159),
A incorporação de uma tecnologia aos processos educacionais passa
pela compreensão das características constitutivas desse novo meio,
de suas potencialidades e limitações em relação às formas de interação
e construção de significados. Assim, torna-se necessário que o
professor utilize a tecnologia na condição de sujeito ativo,
protagonista da ação, de modo que possa analisar a efetividade das
contribuições desse suporte para a criação de experiências educativas
significativas e relevantes para os aprendizes.
A autora enfatiza a importância de o professor fazer uso de procedimentos
metodológicos que favoreçam de modo intermitente a participação individual e coletiva
das crianças e que essas possam favorecer experiências educacionais importantes. A
reflexão teórico-prática deverá constituir-se um constante esforço para o
desenvolvimento da aprendizagem significativa. Portanto, faz-se necessário
compreender as influências que as novas tecnologias exercem no contexto da educação
e sua aplicabilidade frente as nossas práticas cotidianas, entendendo a necessidade de
buscar novos conhecimentos e novas metodologias de ensino.
Nos dias atuais, a escola não pode ser um espaço apenas de passar conteúdos e
os alunos serem sujeitos passivos, a escola precisa sim propiciar oportunidades que
tornem os alunos sujeitos críticos e ativos nesta sociedade, onde uma gama de
oportunidades surge a cada instante, por isso é através da aprendizagem significativa
que os educandos não se tornam meros receptores de informações, segundo Ausubel
(apud PELIZZARI, 2002), a aprendizagem significativa tem vantagens notáveis, tanto
do ponto de vista do enriquecimento da estrutura cognitiva do aluno como do ponto de
vista da lembrança posterior e da utilização para experimentar novas aprendizagens.
Finalizo este trabalho com uma citação de Paulo Freire que diz o seguinte:
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p.47).
Neste sentido se espera que o uso das mídias na Educação Infantil sirva para
instrumentalizar o educador na mediação da construção de conhecimento sempre em
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caráter interativo e dialógico. Esses elementos são essenciais para o desenvolvimento
cognitivo, afetivo e social de alunos da Educação Infantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste sentido a utilização das Mídias Impressas e Tecnológicas em salas de
Educação Infantil como ferramenta de ensino-aprendizagem, tem caráter importante,
pois propicia ao educando fazer sua própria interpretação, como já foi citado, cada
criança é um ser único, singular e, portanto, capaz de assimilar essas informações ao seu
modo.
As mídias tecnológicas devem fazer parte do ambiente natural de aprendizagem
das crianças para que elas compreendam a sua funcionalidade, como toda ferramenta, é
necessário aprendermos a usá-la bem, precisamos fazer uso de critérios para selecionar
os programas e projetos a serem trabalhados em sala de aula, pois nem tudo que nos é
oferecido é bom, as mídias escritas e tecnológicas devem ser incluídas no contexto das
salas de aula de Educação Infantil como mais uma ferramenta metodológica facilitadora
no processo de aquisição da leitura e da escrita e não como algo excepcional.
Assim, concluímos que neste mundo mágico onde a criança cria, formula e
reformula seus conceitos e descobre que os objetos que toca e vê podem se transformar
em bichos, em gente, seus desenhos e imagens criam vida, sua imaginação flui e tudo se
transforma em faz de conta. Esse universo não pertence apenas às crianças, pertence
também aos jovens e aos adultos. Ao ler um livro, assistir uma peça de teatro, assistir a
um filme, escutar uma música, a fantasia se funde com a realidade e as experiências
vividas passam a ter sentido e a aprendizagem se torna mais significativa.
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OS PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A PRODUÇÃO DO
CURRÍCULO
Tereza Cristina Leandro de Faria
Doutora em Educação
Universidade Potiguar - UnP
RESUMO
O Brasil enfrenta problemas para atingir a educação básica de qualidade para todos. O
descompasso entre o que se ensina e o que, efetivamente, se aprende é preocupante. Os
mecanismos implantados pelo governo para avaliar a educação apresentam números
cada vez mais desanimadores: 61% dos alunos do 5º ano não conseguem interpretar
textos simples e 60% dos alunos do 9º ano não interpretam textos dissertativos; 65% dos
alunos do 5º ano não dominam o cálculo e 60% dos alunos do 9º ano não sabem realizar
cálculos de porcentagem. Entre as medidas que possivelmente poderão combater os
índices acima apresentados está a adoção de uma Base Nacional Comum Curricular. Ela
está prevista no Plano Nacional de Educação e estipula metas de qualidade para a área.
Nesse contexto, essa pesquisa teve por objetivo geral “investigar os saberes de
professores sobre currículo”. Os saberes docentes constituem uma importante linha de
investigação que vem se consolidando no Brasil e no exterior. A pesquisa, realizada por
meio de um questionário com perguntas abertas e analisadas utilizando-se a técnica
“Análise de conteúdo”, confirmou a hipótese de que “os professores utilizam o termo
currículo sem precisão terminológica”, apesar de considerarem importante a escola ter o
currículo e eles participarem de sua elaboração. Países com os melhores resultados
escolarestêm implantado as reformas curriculares juntamente com estratégias de
capacitação dos professores. A melhoria da qualidade dos professores e das condições
de trabalho éimprescindível às políticas de mudanças e de desenvolvimento curricular.
Palavras-chave: Saberes docentes. Currículo escolar.Base Nacional Comum Curricular.
INTRODUÇÃO
A educação é um direito humano fundamental e essencial para o exercício da
cidadania. Mesmo assim, ainda existem cerca de 774 milhões de analfabetos e de 58
milhões de crianças fora da escola no mundo, e 100 milhões de crianças que não
completarão a educação primária (UNESCO, 2015).
Em se tratando do Brasil, o Relatório de 2015, intitulado “Educação para
Todos 2000-2015: progressos e desafios”, 12ª e última edição, informa que houve os
seguintes avanços nas últimas duas décadas:
●A obrigatoriedade da matrícula das crianças de 4 e 5 anos de idade na pré-escola (EC
nº 59/2009).
●O acesso ao ensino fundamental está quase universalizado.
●A expansão da oferta de Educação Profissional nos últimos anos.
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●A redução das taxas de analfabetismo entre jovens e adultos (taxa de analfabetismo
das pessoas com 15 anos ou mais vem sendo reduzida no Brasil: passou de 12,4%, em
2001, para 8,7%, em 2012 (PNAD 2012).
●O aumento do financiamento da educação (6,4% do PIB).
●E a promulgação do Plano Nacional de Educação (2014-2024).
Mas, apesar dos avanços acima mencionados, o Brasil ainda enfrenta
problemas para atingir a educação básica de qualidade para todos. De acordo com Maria
Rebeca Otero, coordenadora de educação da UNESCO no Brasil, "O grande nó crítico
do país é a qualidade da educação, especialmente em relação ao aprendizado. O aluno
está na sala de aula, mas não aprende”. É uma exclusão intra-escolar: 61% dos alunos
do 5º ano não conseguem interpretar textos simples e 60% dos alunos do 9º ano não
interpretam textos dissertativos; 65% dos alunos do 5º ano não dominam o cálculo e
60% dos alunos do 9º ano não sabem realizar cálculos de porcentagem. Ainda, os alunos
não identificam, no que aprendem na escola, material que os auxiliem na construção do
sentido de suas existências. Para Dewey (1959, p. 27),
somente quando as coisas que nos rodeiam têm sentido para nós,
somente quando significam conseqüências que podemos obter, se
manejarmos essas coisas de certo modo, somente, então, é que se
torna possível controlá-las intencional e deliberadamente.
Portanto, tudo indica que o se aprende na escola é entendido como
transferência de conteúdos, memorização, atividade passiva por parte de quem aprende,
e nessas condições o saber não consegue mobilizar os alunos.
Vale salientar, que uma educação básica de qualidade é essencial para
continuar o processo de redução da mortalidade infantil, para promover a equidade da
educação e assegurar o desenvolvimento sustentável, a paz e a democracia (UNESCO,
2015).
A equidade da educação é um dos pilares da atual proposta de elaboração de
uma Base Nacional Comum Curricular. Segundo os idealizadores, todos os alunos do
país aprenderão o que é essencial. Além disso, para os professores, ela servirá como um
norte, um guia para as aulas. Ela irá, ainda, reorganizar todo o sistema educacional:
materiais didáticos, formação de professores e avaliações externas terão a Base
Nacional Curricular Comum como referência.Países como Estados Unidos, Austrália e
Argentina construíram e implementaram padrões curriculares nacionais (CAMILO,
2014), definiram, de alguma maneira, o que os alunos precisam aprender colocando os
estudantes no foco do processo.
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É importante lembrar, que a construção da base está prevista no Artigo 210 da
Constituição Federal de 1988 bem como nos Artigos 26 e 28 da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394/96. O Plano Nacional de Educação, Lei n.
13.005/14, também determina, até 2016, a construção de uma base que defina os
direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos para a Educação
Infantil e para cada um dos anos dos Ensinos Fundamental e Médio, respeitando as
diversidades regional, estadual e local.
O grupo de redação da proposta da base é formado por membros das
secretarias estaduais e municipais de educação, por acadêmicos especialistas nas
disciplinas, por professores de sala de aula da Educação Básica, estudantes e público em
geral. Mas participar e/ou opinar sobre a construção da base requer saber o que é um
currículo. E como estão os saberes dos professores da Educação Básica sobre currículo?
O que estudaram em cursos de formação inicial e/ou continuada oportunizou a
construção de saberes necessários para contribuir com a elaboração da Base Nacional
Comum Curricular bem como com a construção do currículo da escola onde lecionam?
Ou ainda, com a implementação da Base Nacional Comum Curricular?
Os saberes docentes constituem uma importante linha de investigação que vem
se consolidando a partir de valiosas pesquisas realizadas no Brasil (GATTI, 1997; RAMALHO,
NÚÑEZ, 1998; VEIGA, 1998; INSTITUTO PAULO MONTENEGRO, 2010) e por pesquisadores
de outros países, tais como: Zeichner (1995; 1998), nos Estados Unidos; Gauthier (1998) e
Tardif (2000), no Canadá; Nóvoa (1995), em Portugal; Marcelo (1995; 1998), na Espanha, e
Perrenoud (1993), na Suíça.
O domínio dos saberes provenientes das disciplinas da formação profissional,
dentre elas, “Teorias e práticas curriculares”, são referências epistemológicas para
planejar e refletir sobre o planejado na dinâmica das experiências anteriores e futuras,
caminho à construção/reconstrução de novos saberes, de forma explícita e consciente.
Segundo Sacristán (2000, p. 197),
A atividade de planejar o currículo refere-se ao processo de dar-lhe
forma e de adequá-lo às peculiaridades dos níveis escolares. Desde as
explicitações de finalidades até a prática é preciso planejar as
atribuições e as atividades com uma certa ordem, para que haja
continuidade entre intenções e ações. Planejar é, pois, algo
fundamental, porque, por meio do plano, é como se elabora o próprio
currículo. Algo que compete aos professores/as, mas não apenas a
eles, nem tampouco em primeiro lugar, dadas as condições do
funcionamento dos sistemas educativos.
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Portanto, é preciso possuir saberes para planejar, operacionalizar o currículo e
também opinar sobre a proposta da Base Nacional Comum Curricular,no momento em
construção.
CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Silva (2001) alerta para o fato de que o conceito de currículo depende,
precisamente, da forma como é definido pelos diferentes autores e teorias, ou seja, uma
definição não revela o que é, essencialmente, o currículo, mas, o que determinada teoria
pensa sobrecurrículo.
Nos estudos sobre currículo escolar são encontradas as teorias tradicionais, as
teorias críticas e as teorias pós-críticas.
As teorias tradicionais partem do princípio de que o currículo é um documento
neutro, científico e desinteressado sobre o processo educativo à medida que os saberes
dominantes representam a existência do que ensinar e as técnicas existentes, definidas
cientificamente, servem para que o ensino se realize (PADILHA, 2004). Essas teorias
são a base do que foi denominado por Freire (1983) de “Educação bancária” ou seja, um
ensino que prioriza a transmissão de conhecimentos inquestionáveis de forma
organizada, a imposição do conhecimento realizada pelo professor sobre o aluno na
medida em que o professor, que já havia adquirido esse conhecimento, dispõe deste
sendo assim possível sua ação de depósito desteconhecimento nos alunos.
As teorias tradicionais começaram a ser questionadas a partir da década de 70,
século XX, nos Estados Unidos. Influenciados pela Escola de Frankfurt e pelas teorias
sociais, teóricos como Pierre Bourdieu, Jean-Claude Passeron, Michel Apple, Louis
Althusser e Henry Giroux, entre outros, são representantes das teorias críticas e para os
quais é preciso questionar sobre o porquê de determinados conhecimentos e não outros
serem ensinados na escola bem como estabelecer relações entre educação e ideologia,
questionando como a escola transmite ideologia.
Diferentemente dos teóricos tradicionais, para os teóricos críticos o currículo
não é um documento neutro, inocente e desinteressado de conhecimentos pois o
conhecimento transmitido na escola é o valorizado pelo grupo hegemônico que está no
poder. Para Silva (2001, p. 147), “com as teorias críticas aprendemos que o currículo e,
definitivamente, um espaço de poder. O conhecimento corporificado no currículo
carrega as marcas indeléveis das relações sociais de poder.”
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As teorias pós-críticas, referendadas em estudos de Jean-François Lyotard e
Michel Foucault, entre outros, tomam para si a reflexão sobre questões relacionadas a
identidade, conhecimento e poder, aspectos que incidem sobre temas como: cultura,
gênero, raça, etnia, sexualidade e multiculturalismo. Para as teorias pós-críticas, não
basta apenas celebrar a diferença e a diversidade, mas sobretudo questioná-las (SILVA,
2001). Para elas, o conhecimento é parte inerente do poder, isto é, não é opositor e nem
questiona o poder pois esse poder está espalhado pelas redes sociais.
De acordo com Silva (2001, p. 150),
[...] depois das teorias críticas e pós-críticas, não podemos mais olhar
o currículo com a mesma inocência de antes. O currículo tem
significados que vão muito além daqueles aos quais as teorias
tradicionais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O
currículo é relação de poder. O currículo é trajetória, viagem,
percurso. O currículo é autobiografia, nossa vida, curriculum vitae: no
currículo se forja nossa identidade. O currículo é texto, discurso,
documento. O currículo é documento de identidade.
Nesta pesquisa adotou-se o conceito de currículo de Coll. Coll (2002, p. 45)
conceitua currículo como:
O projeto que preside as atividades educativas escolares, define suas
intenções e proporciona guias de ação adequadas e úteis para os
professores, que são diretamente responsáveis pela sua execução. Para
isso o currículo proporciona informações concretas sobre que ensinar,
quando ensinar, como ensinar e que, como e quando avaliar.
Os estudossobre currículo escolar também destacam a existência de vários
níveis de currículo: o formal, o real e o oculto (AMORIN, 2013).
O currículo formal, escrito, é o currículo estabelecido pelos sistemas de ensino
e expressa os objetivos e conteúdos das áreas ou disciplinasde estudo. O currículo real é
o currículo que acontece dentro da sala de aula comprofessores e alunos a cada dia em
decorrência do Projeto Político Pedagógico e dos planos deensino. O currículo
ocultorepresenta tudo o que os alunos aprendem diariamente em meio aos rituais e
práticas, atitudes,comportamentos, gestos, mensagens implícitas na fala e nos livros
didáticos que vigoram no meio social e escolar.
Enfim, o currículo não é um elemento neutro de transmissão doconhecimento
historicamente acumulado pela sociedade. O currículo está emaranhado em relações de
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poder, é expressão do equilíbriode interesses e forças que atuam no sistema educativo,
tendo em seuconteúdo e formas, a opção historicamente configurada de um determinado
meio cultural,social, político e econômico.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta é uma pesquisa qualitativa e descritiva que foi realizada com 22
professores da rede pública de ensino, de Natal/RN, no decorrer do ano de 2015. Ela
teve por objetivo geral: “investigar os saberes de professores sobre currículo”, e por
objetivos específicos: a) conhecer, para os professores, o que é currículo escolar; b)
identificar saberes sobre a legislação que deve nortear a construção do currículo; e c)
verificar, na visão dos professores, quem são os responsáveis pela construção do
currículo escolar. Partiu-se da hipótese de que “os professores utilizam o termo
currículo sem precisão terminológica e que não visualizam o currículo como importante
elemento para a melhoria da educação ofertada pela escola onde lecionam”.
Para a sua realização, foi aplicado um questionário escrito com 5 questões
abertas. Como instrumento de coleta de informações, o questionário oportunizou aos
professores exprimirem suas idéias pessoais, traduzindo-as com suas próprias palavras,
conforme seus próprios sistemas de referências.
Para sua análise, as informações colhidas com o questionário foram transcritas
e categorizadas, ou seja, agrupadas em função de sua significação, tendo em vista
apreender o sentido e as intenções dos professores com relação às questões em estudo.
Para isso utilizou-se a técnica “Análise de conteúdo”: “um conjunto de instrumentos
metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a
discursos extremamente diversificados. O fator comum destas técnicas é uma
hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência ”(BARDIN, 1977, p. 9). Por
inferência compreende-se o processo intelectual segundo o qual é possível chegar a uma
conclusão a partir de premissas.
ANALISANDO OS SABERES DOCENTES SOBRE CURRÍCULO
Os professores ao serem indagados sobre o que é currículo escolar
responderam: 9, que é o currículo que organiza e direciona a prática pedagógica; 6, é o
documento que organiza a escola como um todo; 1, disse que é o “conjunto de práticas e
experiências que visam o desenvolvimento do aluno”; 2, que o currículo é a organização
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do Projeto Político Pedagógico da escola; 2, que é a organização dos conhecimentos a
serem ensinados aos alunos; 1, que o currículo é “ a estrutura teórico-metodológica
sistematizada, que deve conter pressupostos que norteiam os objetivos, metodológicos e
conceitos didáticos a partir de cada disciplina, seguindo parâmetros que atenda as
demandas de uma identidade escolar”; e, por fim, 1 professor afirmou que currículo é
“um projeto que é elaborado por todos que fazem parte da comunidade escolar, visando
a realidade que aqueles alunos estão inseridos como as dificuldades de aprendizagens,
que meio aquela escola está inserida, a questão social da escola”.
A depender da visão teórica, o currículo pode ser visto como um documento
neutro como nas teorias tradicionais, pode ser compreendido como aparelho ideológico
do estado como na visão das teorias críticas e ainda como artefato cultural e documento
de identidade, como nas teorias pós-críticas.
É verdade que não existe um único conceito de currículo, que tudo depende do
momento histórico, cultural e das exigências e expectativas nacionais bem como do
contexto da escola e das necessidades de seus próprios alunos mas o currículo deve
contribuir para desenvolver o aluno de maneira integral: intelectual, estética, física,
emocional, espiritual e socialmente e, para isso, ele deve proporcionar informações
concretas sobre que ensinar, quando ensinar, como ensinar e que, como e quando
avaliar. E nada disso foi dito pelos professores. E mais, a pedra fundante do currículo é
o Projeto Político Pedagógico da escola e não o contrário. Esse resultado corrobora com
o da pesquisa realizada por Batista e Ribeiro (2015): os professores não têm clareza
sobre o que é um currículo. É comum um mesmo entrevistado iniciar a entrevista
usando um determinado significado e terminá-la usando outro.
Quando indagados sobre a existência de currículo na escola onde lecionam 17
confirmaram e existência do currículo; 2 disseram que não existia currículo na escola; e
2 não souberam dizer se a escola possuía currículo. As respostas dos professores sobre
o que é currículo, sobre o conceito, agora colocam dúvidas sobre o que eles estão
considerando currículo. A pesquisa realizada por Batista e Ribeiro (2015) também
revelou que alguns professores declaram que documentos oficiais como os Parâmetros e
as Diretrizes já expressam o currículo nacional e outros ainda avaliam ser apenas a lista
de conteúdos a serem ensinados e aprendidos nas disciplinas.
Vale salientar que a escola em geral, sob qualquer modelo de educação, adota
uma posição e uma orientação seletiva frente à cultura, que se concretiza, precisamente,
no currículo que transmite. O currículo é o mecanismo através do qual o conhecimento
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é distribuído socialmente. Assim sendo, de alguma forma o currículo reflete o conflito
de interesses dentro de uma sociedade e os valores dominantes que regem os modelos
educativos. É bom lembrar Silva (2001), depois das teorias críticas e pós-críticas, não se
pode mais olhar para o currículo com a mesma inocência de antes. O currículo tem significados
que vão muito além daqueles aos quais as teorias tradicionais acreditavam. O currículo é lugar,
espaço e território. Enfim, o currículo é relação de poder.
À seguinte pergunta: “você tem conhecimento, em termos de orientação (leis,
diretrizes, Projeto Político Pedagógico, PCNs), do que deve nortear a construção do
currículo escolar?” os professores responderam: 8, que não sabiam o que orienta a
construção do currículo; 8, citaram um ou mais documentos mencionados no enunciado
da questão; 3, que o que deve orientar a construção do currículo são as necessidades
advindas do contexto escolar; 2, citaram a Base Nacional Comum Curricular dando
mostras de já ter ouvido/lido qualquer coisa sobre o assunto; e 1 professor afirmou que
o que deve nortear a construção do currículo devem ser a reflexão e a pesquisa.
É importante salientar que devem ser levados em consideração na elaboração
do currículo a Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, Lei n. 9.394/96, o Plano Nacional de Educação, Lei n. 13.005/14 e também a
Base Nacional Comum Curricular quando for aprovada, entre outros. A base irá definir
os direitos e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos para a
Educação Infantil e para cada um dos anos dos Ensinos Fundamental e Médio,
respeitando as diversidades regional, estadual e local.Para Batista e Ribeiro (2015, p. 2)
“a legislação deve definir o que é obrigatório para que fique claro para o professor o que
ele realmente deve ensinar”.
Pesquisa realizada por Ens e Eyng (2008), demonstrou que os estudos sobre
currículo na região sul do Brasil apresentam grande preocupação com a legislação
educacional que estabelece os currículos escolares, além decom os aspectos políticos,
históricos e conceituais do tema currículo.
Para todos os 22 professores é muito importante a escola possuir um currículo,
o currículo formal, pois indica as características da escola e norteia o trabalho do
professor ao organizar os conteúdos a serem ensinados, o conjunto de atitudes e
valores,e as competências que os alunos devem adquirir. Os dizeres de uma professora
foram bem expressivos: “O currículo é o pulmão de todo processo, que mostra aonde
devo caminhar para atingir os objetivos satisfatórios com o meu aluno”.
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22
Apesar de ser o pulmão do processo, pesquisa realizada por Batista e Ribeiro
(2015), revelou que os professores da Educação Básica são todos a favor da existência
de um currículo nacional. Entretanto, os professores e também diretores, apesar de
favoráveis, estão afastados do debate público sobre a Base Nacional Comum Curricular.
Indagados sobre quem são os responsáveis pela elaboração do currículo da
escola os professores responderam: 20, que toda a comunidade escolar ou seja, diretor,
coordenadores e professores; 1, a comunidade escolar e a família; e 1, o Ministro da
Educação e a Secretaria de Educação. Todos, de alguma forma, são responsáveis pela
elaboração do currículo da escola. Tal qual o Projeto Político Pedagógico, pedra
fundante do currículo, a elaboração deve ser coletiva, pautada no conhecimento da
realidade, das suas necessidades e do seu desenvolvimento diante da busca pelo
conhecimento significativo, responsável pela formação integral de um indivíduo
comprometido com a realidade local e global.
Os resultados apresentados neste estudo demonstram que pesquisar é preciso e,
de acordo com Silva (1990), pesquisas sobre o tema pode ser uma ferramenta
fundamental para a elevação da qualidade do ensino além de contribuírempara a
construção de currículos com as características e as reais necessidades do povo
brasileiro.
CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto, confirma-se a hipótese de que “os professores
utilizam o termo currículo sem precisão terminológica”, apesar de
consideraremimportante a escola ter o currículo e eles participarem de sua elaboração.
Nesse contexto, conclui-se queeles possuem um conhecimento declarativo a
respeito do que é o currículo escolar e,segundo Wellington e Pozo (apud FURIÓ,1994),
o conhecimento declarativo, também chamado descritivo ou factual, é aquele por meio
do qual se sabe expressar em forma de proposições o que acontece ou o que se pensa
sobre um conceito, procura responder ao que é, ao que acontece, de forma descritiva. É
o tipo do saber que não oportuniza o fazer argumentado, consciente. O saber/fazer
argumentado emerge de uma formação inicial e continuada que tenha, por eixo
norteador, a profissionalização docente e, consequentemente, a interação dialética do
fazer com o conhecer, num contexto concreto onde os saberes são
reconstruídos/construídos.Assim sendo, será que os professores da pesquisa têm
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condições de participar da elaboração e/ou opinar sobre a proposta da Base Nacional
Comum Curricular? Ou mesmo construir o currículo da escola onde lecionam?
É necessário salientar que os países com os melhores resultados escolarestêm
acompanhado as reformas curriculares com estratégias de capacitação dos professores.
Segundo Moder (p. 70, [S. d.]), a melhoria da qualidade dos professores e das condições
de trabalho sãoelementos constitutivos das políticas de mudanças e do desenvolvimento
curricular.
Enfim, o professor, em conjunto com a escola, deve ter um papel ativo no
planejamento curricular e na reformulação de estratégias e programas educacionais,
para que a instituição educativa possa de fato educar na vida e para a vida.
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ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA: ESPAÇO DE
FORMAÇÃO DE DOCENTE
Klébia Ribeiro da Costa
Doutoranda e Mestre em Estudos da Linguagem (PPgEL/UFRN)
Faculdade Estácio de Natal
RESUMO
O estágio supervisionado se constitui como exigência para a conclusão dos cursos de
licenciatura no Brasil e é um espaço importante para a formação dos futuros docentes.
Nesse sentido, o presente trabalho tem como objetivo discutir o estágio supervisionado
no Curso de Pedagogia como um espaço de aprendizagens a ser conquistado pelos
graduandos que se embrenham nos diversos espaços de atuação do egresso com o
intuito de garantir a conclusão do Curso Superior. Em termos teóricos a discussão está
fundamentada na concepção de formação docente como processo permanente e
continuado (ANTUNES, 2003; OLIVEIRA, 2006; TARDIF, 2011, FREIRE, 1996) e do
Estágio Supervisionado como espaço de aprendizagens (PIMENTA; LIMA, 2004,
KENSKI, 1991, KULCSAR (1991)). Metodologicamente, segue a abordagem de
pesquisa qualitativa (BODGAN; BIKLEN, 1994), mais especificamente de cunho
etnográfico (ANDRÉ, 1995; CANÇADO, 1994). O estudo em tela nos mostra que
garantir uma formação inicial de excelência constitui-se como elemento ímpar no
processo de formação docente. E, como atividade curricular obrigatória, o Estágio
Supervisionado no Curso de Pedagogia e nas licenciaturas, contribui sobremaneira para
aproximar discentes e as vivências da escola o oferecer-lhes a oportunidade de
desenvolver competências que lhe servirão de subsídio para práticas comprometidas
como o seu fazer ao assumirem a responsabilidade de conduzir salas de aula ou outras
atividades correlacionadas à docência. Essas primeiras análises evidenciam a relevância
desse debate para a ressignificação dos campos de estágio como espaço de formação e
de transformação da prática docente. Em se tratando de um estudo embrionário,
consideramos que ainda há muito a ser interpretado e escrito acerca da questão ora
discutida.
Palavras-chave: Formação Docente. Estágio Supervisionado. Docência.
INTRODUÇÃO
As concepções sobre educação, currículo, papel do professor e do aluno
passaram por vários movimentos de acordo com o contexto social, histórico, econômico
e político de cada tempo. Atualmente, essa preocupação tem ganhado espaços
privilegiados de discussão em virtude da dinâmica que o acesso à informação tem
assumido.
As redes mundiais de computadores permitem o acesso aos acontecimentos em
tempo real, bombardeiam os internautas de informações, mas cabe à escola, por meio da
relação entre docentes e discentes, transformar essas informações em conhecimentos.
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Há muito se discute no Brasil acerca dos processos de ensinar e de aprender,
nesse contexto, torna-se de grande relevância considerar os diversos aspectos que
envolvem a formação docente, seja ela inicial ou em serviço.
Sobre essa temática, Oliveira (2006, p. 101), defende que “Discutir formação de
professores pressupõe caminhar em duas direções diferenciadas e complementares. Uma
delas diz respeito ao professor como aluno, a outra ao professor como docente [...]”
A assertiva se refere ao professor que ocupa ethos distintos e que são inerentes
ao seu fazer como sujeito de aprendizagens.
Sobre essa discussão, Antunes (2003) assevera que a autonomia está diretamente
relacionada ao conhecimento que o profissional docente tem sobre a sua participação no
processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, pesquisar a formação docente implica em reconhecer nessa
atividade as ideias dos participantes acerca do seu fazer laboral são re (construídas) na
interação consigo e com o outro num processo dialógico e alteritário (BAKHTIN,
2010).
Com base nessa compreensão, o presente trabalho tem como objetivo discutir o
estágio supervisionado do Curso de Pedagogia como um espaço de aprendizagens a ser
conquistado pelos graduandos que se embrenham nos diversos espaços formativos com
o intuito de garantir a finalização do Curso Superior, bem como a ampliação dos
diferentes saberes apreendidos na academia.
O Estágio Supervisionado Curricular é obrigatório por lei para todos os cursos
de licenciatura no território nacional. No curso de Pedagogia da instituição formadora,
exige-se a realização de cinco Estágios obrigatórios, a saber:
Estágio Supervisionado em Docência de Educação Infantil;
Estágio Supervisionado em Docência dos anos iniciais;
Estágio Supervisionado em Docência das Disciplinas Pedagógicas e Educação
Profissional;
Estágio Supervisionado em Gestão Escolar e
Estágio Supervisionado em Gestão em Organização Não Escolar.
Os dispositivos legais sobre Estágio Supervisionado para os cursos de
nívelsuperior encontram-se na Lei nº 11.788 de 25 de setembro de 2008, que traz em
seu Art. 1o:
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Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no
ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo
de educandos que estejam frequentando o ensino regular em
instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino
médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental,
na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
Assim sendo, o Estágio Supervisionado trata-se de um momento importante na
formação profissional do graduando, pois ele oportuniza a imersão desses acadêmicos
com a relação cotidiana da profissão que foi escolhida e para a qual estão se preparando
para exercer como atividade laboral. Nesse contexto, Kenski (1991),defende que
O estágio [...] e, a partir daí, a construção de nosso próprio modelo de
ação docente em um processo complexo de interligações entre
experiência e conhecimento teórico-prático, é um dos caminhos para
se alcançar a nossa própria identidade e autonomia de ação (p. 49).
Essa atividade acadêmica também oferece a oportunidade de reflexãoe de ação
ancorados pelo arcabouço teórico-metodológico construído pelo acadêmico no
desenvolvimento do curso.
Nesses termos “o estágio [...] é atividade teórica de conhecimento,
fundamentação, diálogo e intervenção na realidade [...], ou seja, é no contexto da sala de
aula, da escola, do sistema de ensino e da sociedade que a práxis se dá” (PIMENTA;
LIMA, 2004, p. 45).
Diante do exposto, causa-nos estranhamento os poucos espaços disponibilizado
pelos profissionais que estão na docência como regentes para o desenvolvimento das
competências dos acadêmicos.
A relevância desse trabalho reside na possibilidade de colocar o tema em
discussão e, quiçá, oportunizar reflexões e posteriores mudanças de atitudes daqueles
que recebem o estagiário em seus espaços laborais.
Para situar o leitor, o texto encontra-se organizado em quatro pequenos tópicos.
O primeiro,de cunho introdutório,apresenta a temática a ser discutida, situa
metodologicamente a pesquisa numa abordagem qualitativa, traz a sua relevância para
área do conhecimento a qual se encontra vinculado e a forma como o texto está
organizado. O segundo apresenta o percurso adotado para a geração dos dados e a
produção desse trabalho. O terceiro traz algumas considerações acerca da formação
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docente e os subsídios que orientam a interpretações feitas e descritas, e o último
apresenta uma análise embrionária dos dados gerados.
Por fim, apresentamos as nossas considerações preliminares acerca da temática
em tela, uma vez que o presente estudo encontra-se em fase embrionária e, em seguida,
as referências que subsidiaram as discussões aqui apresentadas.
METODOLOGIA
Esse trabalho segue o viés da abordagem qualitativa de pesquisa que, de acordo
o que preconizam Bogdan e Biklen (1994), devem ser construídos por meio da
observação dos fenômenos nas diversas esferas sociais/comunicativas onde eles se dão
e, ainda, que mais importante do que o resultado, interessa ao pesquisador o processo
percorrido no decurso da geração dos dados.
Torna-se relevante destacar que nessas ações estão envolvidos sujeitos situados
histórico e culturalmente e, dessa forma, cabe ao pesquisador considerar esses aspectos
para que esses “outros” se constituam, de fato, como objeto de pesquisa, conforme
preconiza Bakhtin (2010).
Para a geração dos dados que subsidiam esse estudo, acompanhamos a inserção
de cinquenta e quatro discentes do Curso de Pedagogia de uma instituição privada
situada na cidade de Natal/RN por ocasião do cumprimento do Estágio Supervisionado
na Educação Infantil.
Analisamos os relatórios que foram elaborados como requisito parcial para a
aprovação na disciplina ouvimos relatos em sala de aula acerca da chegada nos campos
de estágio, as inquietações, as expectativas, as frustrações vivenciadas nesse percurso,
Realizamos sessões reflexivas nas quais mediávamos as falas dos discentes no intuito de
orientá-los em relação à dinâmica do trabalho do professor, as fragilidades que povoam
o seu fazer e o receio da censura que, historicamente, marcaram os relatos de pesquisa
em sala de aula.
Ademais, aplicamos questionários com questões abertas e fechadas dentre os
quais analisamos vinte.
Os materiais gerados nesse decurso serviram de córpus para a presente análise.
A FORMAÇÃO DOCENTE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A sociedade contemporânea vem exigindo cada vez mais o desenvolvimento de
competências diversas para a inserção no mercado de trabalho que, dia após dia, se
revelaseletivo. Assim sendo, a formação de professores assume um espaço importante
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visto que são esses profissionais que conduzem, via de regra, os nortes pelos quais
osprocessos de ensino e da aprendizagem enveredam.
Nesse sentido, as instituições de ensino superior tornam-se protagonistas uma
vez que são elas as responsáveis pela formação dos professores que assumem os
diversos níveis de ensino no país, sejam eles pedagogos ou licenciados nas áreas
específicas do conhecimento.
A esse respeito, torna-se válido destacar que:
[...] a escolaridade tende a prolongar-se, a formação contínua parece
cada vez mais necessária. Portanto, um número crescente de
indivíduos deverá ensinar [...] é evidente que o principal centro de
recursos para a formação inicial e para a formação recorrentes desses
educadores continuará sendo o ensino superior como lugar de
atualização do conhecimento (BLONDEL apud DELORS, 2005, p.
187-188).
Em se tratando de formação de professores, os cursos devem primar por uma
formação teórica e prática que, a princípio, propiciem o desenvolvimento de
competências mínimas necessária para a assunção de uma sala de aula.
De acordo com Nóvoa, as situações conflitantes que os professores enfrentam
em seus espaços laborais apresentam especificidades que as fazem únicas. Nesse
sentido, “O profissional competente possui capacidades de auto-desenvolvimento
reflexivo [...]. A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de
uma práxis reflexiva” (1997, p.27).
Em virtude das muitas dificuldades, conflitos e ambiguidades enfrentadas pelo
professor no seu fazer, Perrenoud (1993) diz ser a profissão docente uma “profissão
impossível”.
Sobre essa questão, Tardif (2011), assevera que
O docente raramente atua sozinho, Ele se encontra em interação com
outras pessoas, a começar pelos alunos. A atividade docente não é
exercida sobre um objeto, sobre um fenômeno a ser conhecido ou uma
obra a ser produzida. Ela é realizada concretamente numa rede de
interações com outras pessoas, num contexto onde o elemento humano
é determinante e dominante e onde estão presentes símbolos, valores,
sentimentos atitudes, que são possíveis de interpretação e decisão.
(TARDIF, 2011, p. 49).
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O trabalho com a diversidade de sujeitos sociais que povoam o universo escolar
com as suas ideologias, carências, comportamento e expectativas em relação ao
funcionamento da escola e à ação do docente tornam a docência uma atividade ímpar,
como defende Nóvoa.
A formação docente está diretamente atrelada à formação pessoal do sujeito, suas
concepções de cidadania, de educação, de compromisso com a transformação e a
equidade social.
Nesse interim, Freire (1996), defende que
Me movo como educador porque primeiro me movo como gente. A
formação profissional do professor deve abster-se da concepção de
mero reprodutor do conhecimento e monitor de programas pré-
estabelecidos, devendo estender-se as análises das práticas
pedagógicas, didáticas e docentes tornando-se necessário o seu
trabalho enquanto mediação nos processos constitutivos da cidadania
dos alunos, sempre contextualizando a aprendizagem com a realidade
social, tornando o saber uma prática contínua de experiências
adquiridas ao longo da vivência cultural, socialmente acumulada com
os conhecimentos e técnicas específicas. (FREIRE, 1996, p. 94).
Durante vinte e um encontros, tivemos a oportunidade de interagir com esses
discentes, dando-lhe voz para que elas se ouvissem e refletissem acerca das suas
vivências no decurso do estágio supervisionado por entender que:
Assumir a reflexão, a pesquisa e a crítica como atitudes que
possibilitam ao professor participar na construção de sua profissão e
no desenvolvimento da inovação educativa norteia a formação de um
profissional não só para compreender e explicar os processos
educativos dos quais participa, como também para contribuir a
transformar a realidade educacional no âmbito dos seus projetos
pessoais e coletivos, como membro de um grupo social e profissional
(RAMALHO, NÚÑEZ, GAUTHIER, 2003, p. 5).
Seguindo a ideia dos autores, propusemos sessões reflexivas para discutir as
conquistas e as fragilidades encontradas na efetivação dessa atividade curricular,
enfatizando o papel do professor como agente de transformação de acordo com as
posturas que assume diante da sua sala de aula e da capacidade que dispõe para
contribuir com a formação dos seus pares.
Acerca dessa temática, Jodelet (2001), assevera que os saberes são construídos,
de forma consciente ou inconsciente, com a finalidade de
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Nortear os indivíduos no modo de nomear e definir conjuntamente os
deferentes aspectos da realidade diária, quanto ao modo de interpretar
esses aspectos, tomar decisões e, consequentemente, quanto à forma
de posicionar-se diante deles (p. 17).
Nesse contexto, o processo de formação inicial do professor assume a
responsabilidade de munir o graduando de saberes teóricos e práticos que subsidiem
minimamenteo seu fazer em sala de aula como mediador dos saberes historicamente
produzidos.
AS VOZES DOS DISCENTES: O QUE REVELAM OS DADOS
Os alunos estagiários cumpriram 66 (sessenta e seis) horas de atividades
divididas em três etapas que se complementam: observação, coparticipação e regência
em unidade de ensino nas quais há oferta de turmas de Educação Infantil. Dentre os
cinquenta e quatro, nove não obtiveram êxito na busca por espaços para o estágio nas
instituições escolhidas. Essa foi a primeira frustração enfrentada nesse percurso. Esse
fato foi superado com a entrada em outras instituições contactadas.
Em virtude do tamanho da amostra, optamos por fazer um recorte e analisamos,
para esse trabalho, as vozes e vivências de vinte discentes.
Quando questionados acerca da relevância do estágio para a formação docente,
os discentes foram unânimes em dizer que o estágio é imprescindível, pois, para a
maioria, esse é o primeiro contato com a dinâmica de uma unidade de ensino e suas
problemáticas: horários e metodologia de planejamento, relacionamento entre
professores, alunos, pais, funcionários e gestores.
Questionados sobre as atividades desenvolvidas, seis relataram que não tiveram
a oportunidade de realizar o que foi planejado, considerando a realidade observada em
cada turma. Nesse caso, os professores regentes solicitaram que os estagiários
seguissem os planejamentos que já estavam feitos e as atividades xerografadas
anteriormente.
Dois discentes afirmaram que assumiram a regência a partir dos segundo dia de
inserção na turma por motivo de doença dos professores regentes. Doze discentes
declararam ter cumprido as três etapas propostas inicialmente, obtiveram o
consentimento dos professores regentes para participarem dos planejamentos e, ainda,
puderam realizar atividades planejadas por eles.
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Sobre as dificuldades enfrentadas no campo de estágio, quatro elencaram a
assunção da regência como maior dificuldade uma vez que não tinham experiência
nenhuma de sala de aula e que o planejamento elaborado pelo professor regente, na
opinião deles, desconsiderava as necessidades das crianças.
Oito destacaram a resistência dos professores regentes em considerar as suas
sugestões e opiniões acerca de atividades que poderiam ser desenvolvidas para envolver
as crianças, por exemplo. Ou, ainda, a possibilidade de realizar atividades diferentes
considerando os níveis de maturidade/aprendizagem das crianças.
Solicitamos aos discentes que discorressem sobre o que mais chamou a atenção
nesse percurso. Quatorze deles destacaram a pouca presença de atividades lúdicas e
brincadeiras no desenvolvimento das aulas. A execução de atividade de memorização de
letras e números com a utilização de cópias xerografadas, segundo eles, prevalece na
rotina dos pequenos. Dois elencaram a interdisciplinaridade utilizada em sala de aula
como ponto muito positivo para o avanço da aprendizagem das crianças e quatro
declararam a presença da música e da arte cênica como recursos para o
desenvolvimento dos diversos sentidos e da aprendizagem de forma brincante.
Questionados sobre as contribuições do estágio para a vida profissional deles, o
grupo foi unânime em dizer que aprenderam muito mais do que pensavam e que o
estágio deveria ter uma carga horária maior uma vez que nessas atividades eles podem
fazer o diálogo entre as teorias discutidas na sala de aula e a realidade da sala de aula,
da escola.
Nesse sentido, Kulcsar (1991), considera os “estágios supervisionados uma parte
importante da relação trabalho-escola, teoria-prática, e eles podem representar, em certa
medida, o elo de articulação orgânica com a própria realidade” (p. 63).
Pelas devolutivas recebidas, é possível perceber que o Estágio Supervisionado é,
de fato, importante espaço de formação docente e que é valorizado sobremaneira pelos
graduandos.
Consideramos, pelo exposto até aqui, é imprescindível que o espaço do Estágio
Supervisionado se constitua como espaço de trocar de saberes nos quais todos os
envolvidos: academia, professores regentes, estagiários e comunidades escolares se
impliquem na formação dos futuros docentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Melhorar os índices de aprendizagem das crianças brasileiras é um desafio que
se perpetua historicamente e que está nas pautas dos que se ocupam com os destinos da
XVIII ENDIPEDidática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira
7237ISSN 2177-336X
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educação no país. Consideramos que um dos aspectos que pode mudar a real situação da
educação é, de forma ímpar, o modo como as intervenções são realizadas em sala de
aula pelos docentes.
Acerca dessa questão, Alarcão (1996), defende que as atividades desenvolvidas
pela formação superior devem auxiliar “os formandos a desenvolver a competência
necessária para operarem em situações de incerteza e indefinição” (p. 26).
Nesse sentido, garantir uma formação inicial de excelência constitui-se como
elemento ímpar nesse processo. E, como atividade curricular obrigatória, o Estágio
Supervisionado no Curso de Pedagogia e nas licenciaturas, contribui sobremaneira para
aproximar discentes e as vivências da escola o oferecer-lhes a oportunidade de
desenvolver competências que lhe servirão de subsídio para práticas comprometidas
como o seu fazer ao assumirem a responsabilidade de conduzir salas de aula ou outras
atividades correlacionadas à docência.
Buscamos, nesse trabalho, discutir de forma breve a relevância do Estágio
Supervisionado para a formação do acadêmico do Curso de Pedagogia e as possíveis
implicações das aprendizagens construídas nessa atividade acadêmica para a
constituição profissional desses discentes.
Em se tratando de um estudo embrionário e de grande relevância para a área do
conhecimento a qual se encontra vinculado, consideramos que ainda há muito a ser
interpretado e discutido acerca da temática em tela.
REFERÊNCIAS
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