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Gafanhotos Via Satélite
O problema dos gafanhotospragas no Brasil é pequeno,comparado às espécies africa-
nas, por exemplo. Entretanto, as pu lu-lações (grande aumento no efeitopopulacional) desses insetos, observa-das em diferentes regiões do país, tempreocupado entomologistas e fitos-sanitaristas brasileiros, nos últimosanos. As pululações atingem várias es-pécies de gafanhotos e estão ligadas acondições edafoclimáticas (relaciona-das ao solo e clima) favoráveis, que di-ferem de ano para ano e de região pararegião.
As principais zonas de pululaçõesacridianas no Brasil hoje são a região Nor-deste e os estados do Rio Grande do Sul,Mato Grosso e Rondônia. Estes dois últi-mos, cujas terras foram valorizadas e co-lonizadas há pouco tempo, a situação fi-cou mais crítica desde 1984 devido à es-pécie Rhammatocerus schistocercoides,até então inofensiva.
Os especialistas elaboram várias hipó-teses para explicar o fenômeno como ointenso desflorestamento e a expansão dafronteira agrícola. Essas hipóteses su-gerem que tais atividades teriam criadobiotópos favoráveis para o gafanhoto, apartir do desequilíbrio ecológico causadopela redução dos seus inimigos naturais.Embora repetidas com muita ênfase, es-sas hipóteses nunca tiveram uma argumen-tação rigorosamente científica.
Estas questões levaram o NMA-Embrapa (Núcleo de MonitoramentoAmbiental), a ONG Ecoforça Pesquisa eDesenvolvimento e o Prifas-Cirad (insti-tuição francesa com ampla experiência etradição no estudo de gafanhotos em todoo mundo), a investir num projeto conjunto
Ivo Pierozzi Jr. e Mateus Batistella
Nuvem ou enxame do gafanhotoRhammatocerus schistocercoides,
na Chapada dos Parecis (MT)
de pesquisa. A parceria une duas compe-tências, a da equipe brasileira em aplica-ções de pesquisas espaciais para a agri-cultura e a do Prifas, em Acridologia Ope-racional (estudo aplicado dos gafanhotos).
O projeto financiado pelo Programade Cooperação Científica Brasil/CCE,começou em 1992 e estende-se até o pri-meiro semestre de 1996. A pesquisa estudarelações e interações entre as pululações dogafanhoto e a ocupação agrícola das terras,as modificações na paisagem natural e aevolução das condições ambientais.
Depois de dois anos e meio de pes-quisas, os resultados obtidos já permitemuma idéia bem mais clara do fenômeno,além de inferências sobre as potencia-lidades e adequação do uso do Sensoria-mento Remoto e do Geoprocessamentopara abordagens de problemas entomo-lógicos, em grande escala, como este doMato Grosso.
Por questões operacionais e logísticas,a área-piloto inicial selecionada abrangeparte representativa da superficie infestadapelo inseto no estado do Mato Grosso.Esta área de 71.399km2(entre as coorde-nadas 14°- 15° S e 54°- 60° W) repre-senta 24% do total da superficie onde as
pululações mais significativas têmocorrido.
Os biótopos do gafanhoto forammapeados a partir da análise da basecartográfica já disponível e da inter-pretação analógica de imagens do sa-télite Landsat TM (composição colo-rida em papel e transparências positi-vas - bandas 3,4 e 5).
A cartografia digital foi feita pe-los aplicativos do Sitim/SGI 340(Versão 2.4). A interpretação ana-lógica das imagens em transparências
foi auxiliada por um ampliador óptico(Procom 2) para a avaliação da ma-croeterogeneidade da área. As funções doSistema de Informações Geográficas usa-das incluem: digitalização de dados, con-versão de formatos topo lógicos, cálculosde áreas, reclassificações, cruzamentos egeração de mapas.
A validação dos dados interpretadosdas imagens foi feita em várias missõesde campo, em que cada tipo de vegetaçãofoi caracterizado segundo um plano deamostragem predeterminado, usando cri-térios botânicos, agronômicos, socioeco-nômicos e da bioecologia do gafanhoto,registrados em fichas pré-codificadas, UmGPS também foi usado para orientação,validação dos dados, geração de trajetose ajustes de limites das classes temáticas.
Quatro mapas com os principais tiposde vegetação observados na região foramelaborados na escala 1:250.000, com umalegenda que traduz os biótopos favoráveisou desfavoráveis para a reprodução, de-senvolvimento e sobrevivência do gafa-nhoto. (Veja foto na próxima página)
Os dados obtidos indicam que osbiótopos favoráveis ao gafanhoto praga doMato Grosso concentram-se nos campos
FATOR GIS 11 - Out/Nov/Dez/95
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e cerrados herbáceos com solo'arenoso, geralmente em estadonatural. Este tipo de vegetaçãorepresenta 18.000km2 ou 25%da área-piloto. As imagens desatélite comprovam ligação dazona à orientação da redehidrográfica. Já as áreas agrí-colas estão em locais com ca-racterísticas edáficas distintas.Essas áreas cujo cultivo princi-pal é arroz, milho e cana-de-acúcar, são desfavoráveis à re-produção do inseto. As ativida-des regulares de preparaçãopara plantio e outras práticasculturais coincidem com a épo-ca de posturas dos ovos pelasfêmeas. No entanto, tais cultu-ras podem ser atacadas, pois sãouma fonte alternativa de ali-mentação para o inseto.
Os mapas já elaborados mos-tram grandes zonas de culturascompletamente rodeadas porambientes favoráveis aos gafa-nhotos. Uma cartografia sintética,com a localização desses ambientes e dasculturas deve permitir o planejamento preven-tivo de estratégias de controle, baseadas nomonitoramento das populações do inseto.
Os resultados positivos obtidos nestaprimeira fase do projeto já estimularam aelaboração de outros quatro mapas, namesma escala, expandindo a base de da-dos georreferenciados para além da área-piloto e cobrindo mais da metade da zonainfestada pela praga no estado do MatoGrosso, cerca de 150.000km2•
As próximas etapas do trabalho devemincorporar a utilização de imagens do sa-télite NOAA/AVHRR e de índices de ve-getação para caracterização da dinâmicatemporal dos biótopos do gafanhoto.
Na região sujeita às infestações, a ve-getação fica verde depois das primeiras
Uirapuru - Unidades de Vegetação
•....•.se-eeLEGENDA:
S FLOIlESTA
FLORESTA DE GALERIA
•. FLORESTA DE VÁRZEA
:':' FLORESTA ALTERADA
2! CERRADO
t CERRADO ALTERADO
principal fonte de alimentação.As culturas são atacadas quan-do os recursos naturais diminu-em. Nesta fase é mais fácil con-trolar a praga, por causa da bai-xa amplitude e pouca capacida-de de dispersão e pela sua mai-or susceptibilidade aos insetici-das químicos. Fora da estaçãodas chuvas, a ocorrência dequeimadas afeta a vegetação,que logo depois fica verde. Arebrota estimula os gafanhotosa se concentrarem nas zonas re-centemente queimadas e o fenô-meno também pode ser moni-torado pelos dados de alta reso-lução temporal do NOAA.
É a primeira vez que apli-cações espaciais deste tipo e téc-
..nicas de Geoprocessamento sãousadas para a abordagem de umproblema entomológico no Bra-sil. A grande amplitude de dis-persão de R. schistocercoidesjustifica o uso de imagens de sa-télite para melhor entendimento
e mapeamento dos fatores que determi-nam suas pululações.
Carta representando os biótopos favoráveis edesfavoráveis ao gafanhoto praga
do Mato Grosso.
o espaço noseu~ município,é o nosso limite.
CAMPO NATURAL AL TIRADO
CAMPO NATURAL INUNDADO
CERRADO ROCHOSO
CAMPO CERRADO
CAMPO cennsno CJ PEQUENAS ÁREAS ANTROPIZADASFLORESTA DE GALERIA
CAMPO CERRADO AL TERADO M~DIAS ÁREAS AHTROPIZADAS
li. GI~NDES ÁREAS AHTROPIZADAS
X DRENAGEM
- ESTRADAS
, CAMPO NATURAL CJFLORESTA DE GALERIA
CAMPO NATURAL
chuvas (setembro e outubro), que marcamo começo da reprodução do gafanhoto. Afêmea deposita seus ovos no solo e asninfas (fase em que o gafanhoto ainda nãotem asas) desenvolvem-se durante o ve-rão, quando as gramíneas naturais são sua
Os resultados produzidos peloprojeto estão disponíveis no servidorWWW (World Wide Weç) do Núcleo de
Monitoramento Ambiental (NMA-EMBRAPA) e podem ser. acessadospor
rede eletrônica, através, da URLhttp://www.nma.embrapa.br!
Mqiores informdções também podemser obtidas diretamente com os autores,
através do e.mail:[email protected] ou
,..,<.'~ [email protected].~r.
•....
A equipe técnica do projeto é compostapelos seguintes profissionais: Evaristo Eduar-do de Miranda, coordenador do Depto. deEcologia e SR; Ivo Pierozzi Jr., Doutor emEcologia, Especialista em Ecologia de Inse-tos, chefe adjunto do NMA-Embrapa; MateusBatistella, Mestre em Ecologia, Especialistaem Geoprocessamento, supervisor de pesqui-sa do NMA-Embrapa, Cirad-Gerdat-Prifas; Michel Lecoq, ecoacridólogo; Jean-François Duranton, eco botânico.
Colaboração: Ivo Pierozzi Jr. eMateus Batistella
Endereço: NMAlEmbrapllAv. Dr. Júlio Soares Arruda, 803
13088-300 - Campinas - SPTel. (0192)52-5977 - Fax 54-1100
QUAL A SITUAÇÁO DA SUA BASE CARTOGRÁFICA?- No Cadastro Técnico Municipal?- No Planej amento Urbano e Rural?- Nos Transportes e Armazenamento?- No Geoprocessamento e suas Aplicações?- Na Arrecadação de Tributos?- Na Elaboração de Mapas dos Sistemas Viários Estaduais e Municipais?
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