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GLAUCOMA 08:30 | 10:45 SALA LIRA Mesa: Maria Reina, António Dias, Joaquim Sequeira 08:30 CL80- CONFIGURAÇÃO DA LÂMINA CRIVOSA DE DISCOS ÓPTICOS OBLÍQUOS COM E SEM HIPERTENSÃO OCULAR OU GLAUCOMA Ana Filipa Miranda, Sónia Parreira, Nadine Marques, Sandra Barros, Paula Telles, Nuno Campos (Hospital Garcia de Orta, EPE) Introdução: A lâmina crivosa (LC) é considerada o local primário de lesão axonal no glaucoma. Estudos concluíram que a LC se encontra deslocada mais posteriormente em doentes com glaucoma comparativamente aos controlos e que essa alteração influencia a taxa de perda de fibras nervosas. O diagnóstico clínico de glaucoma em doentes com discos oblíquos pode ser influenciado pela sua difícil interpretação, pelo que a existência de métodos que a complementem é particularmente útil. O objectivo deste estudo foi determinar a configuração da superfície da lâmina crivosa anterior em olhos com discos oblíquos com e sem hipertensão ocular (HTO) ou glaucoma. Material e Métodos: Estudo transversal, com uma amostra de 69 olhos com disco oblíquo vertical e rácio de tilt <0,75. Foram divididos em dois grupos: grupo 1 constituído por 40 olhos com HTO ou glaucoma e grupo 2 com 29 olhos sem HTO ou glaucoma. Obtiveram-se imagens de cortes verticais e horizontais do disco óptico com a tomografia de coerência óptica spectral domain (SD-OCT) e foi calculada a profundidade da superfície da lâmina crivosa anterior (SLCA) em cada imagem. A área foi limitada pelo plano da abertura da membrana de Bruch anteriormente e posteriormente pela superfície anterior da LC. Resultados: Foram analisados 69 olhos, cuja média de idade foi de 70,07±11,42 e 71,24±10,20 anos, respectivamente no grupo 1 e 2. A profundidade média da SLCA vertical foi de 0,162 mm2 no grupo 1 e de 0,05 mm2 no grupo 2 (p<0,001) e a horizontal foi de 0,143 mm2 e de 0,043 mm2, respectivamente no grupo com HTO/glaucoma e controlo (p<0,001). A pressão intraocular (PIO) média foi, respectivamente nos grupos 1 e 2, de 16,16±5,92 e 13,76±3,26 mmHg (p>0,05). Não se identificou qualquer correlação entre o valor da PIO e a profundidade vertical ou horizontal da SLCA. Conclusões: No presente estudo, realizado em olhos com discos oblíquos, verificou-se uma diferença significativa na profundidade da SLCA entre doentes com e sem HTO ou glaucoma. O estudo longitudinal do disco óptico através do SD-OCT poderá, assim, complementar a avaliação clínica inicial destes doentes e, eventualmente, ser útil no seu acompanhamento.

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Mesa: Maria Reina, António Dias, Joaquim Sequeira

08:30 CL80- CONFIGURAÇÃO DA LÂMINA CRIVOSA DE DISCOS ÓPTICOS OBLÍQUOS COM E SEM HIPERTENSÃO OCULAR OU GLAUCOMA Ana Filipa Miranda, Sónia Parreira, Nadine Marques, Sandra Barros, Paula Telles, Nuno Campos (Hospital Garcia de Orta, EPE) Introdução: A lâmina crivosa (LC) é considerada o local primário de lesão axonal no glaucoma. Estudos concluíram que a LC se encontra deslocada mais posteriormente em doentes com glaucoma comparativamente aos controlos e que essa alteração influencia a taxa de perda de fibras nervosas. O diagnóstico clínico de glaucoma em doentes com discos oblíquos pode ser influenciado pela sua difícil interpretação, pelo que a existência de métodos que a complementem é particularmente útil. O objectivo deste estudo foi determinar a configuração da superfície da lâmina crivosa anterior em olhos com discos oblíquos com e sem hipertensão ocular (HTO) ou glaucoma. Material e Métodos: Estudo transversal, com uma amostra de 69 olhos com disco oblíquo vertical e rácio de tilt <0,75. Foram divididos em dois grupos: grupo 1 constituído por 40 olhos com HTO ou glaucoma e grupo 2 com 29 olhos sem HTO ou glaucoma. Obtiveram-se imagens de cortes verticais e horizontais do disco óptico com a tomografia de coerência óptica spectral domain (SD-OCT) e foi calculada a profundidade da superfície da lâmina crivosa anterior (SLCA) em cada imagem. A área foi limitada pelo plano da abertura da membrana de Bruch anteriormente e posteriormente pela superfície anterior da LC. Resultados: Foram analisados 69 olhos, cuja média de idade foi de 70,07±11,42 e 71,24±10,20 anos, respectivamente no grupo 1 e 2. A profundidade média da SLCA vertical foi de 0,162 mm2 no grupo 1 e de 0,05 mm2 no grupo 2 (p<0,001) e a horizontal foi de 0,143 mm2 e de 0,043 mm2, respectivamente no grupo com HTO/glaucoma e controlo (p<0,001). A pressão intraocular (PIO) média foi, respectivamente nos grupos 1 e 2, de 16,16±5,92 e 13,76±3,26 mmHg (p>0,05). Não se identificou qualquer correlação entre o valor da PIO e a profundidade vertical ou horizontal da SLCA. Conclusões: No presente estudo, realizado em olhos com discos oblíquos, verificou-se uma diferença significativa na profundidade da SLCA entre doentes com e sem HTO ou glaucoma. O estudo longitudinal do disco óptico através do SD-OCT poderá, assim, complementar a avaliação clínica inicial destes doentes e, eventualmente, ser útil no seu acompanhamento.

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08:37 CL81- HISTERESIS DA CÓRNEA E ESPESSURA DA LÂMINA CRIVOSA: FACTORES DE RISCO NO GLAUCOMA PSEUDOEXFOLIATIVO? Catarina Areias Pedrosa

1, Diana Silva

1, Mafalda Mota

1, Maria Lisboa

1, Sandra Gonçalves

1, João Cabral

2,

Leonor Almeida3, Fernando Trancoso Vaz

1

(1Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca,

2Hospital da Luz,

3Centro Hospitalar Lisboa Norte E.P.E.)

Introdução: O gene LOXL1 constitui actualmente o factor de risco genético conhecido mais importante para o desenvolvimento de glaucoma pseudoexfoliativo (GPX). A elastinopatia da lâmina crivosa, determinada por mutação neste gene poderá condicionar uma menor espessura da lâmina crivosa (LC) nestes doentes, relativamente aos doentes com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), e deste modo estar associada a pior prognóstico nos doentes com GPX. No entanto, este parâmetro é subjectivo, dependente do observador e, por vezes, impossível de medir. Por outro lado, a histeresis da córnea, condicionada também pelo gene LOXL1 através do crosslinking da elastina e fibrilhas de colagénio, tem vindo a ser definida como factor de risco e progressão do glaucoma, e constitui um dado objectivo. Este trabalho visa avaliar a espessura da lâmina crivosa e a histeresis da córnea em doentes com GPX e GPAA, analisando a relação entre estas duas variáveis em cada um dos grupos. Material/Métodos: Este estudo transversal incluiu doentes com o diagnóstico de GPX e GPAA, seguidos na Consulta de Glaucoma do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca. Para a medição da espessura da LC, foi utilizado o modo enhanced depth imaging (EDI) da cabeça do nervo óptico, por tomografia de coerência óptica spectral-domain

-se realizado também a medição da camada de fibras nervosas peri-papilar (CFNPP) global e segmentar. Registou-se a pressão intra-ocular (PIO) medida por tonometria de aplanação de Goldmann e o mean defect (MD) da perimetria estática computorizada (Octopus®) de todos os doentes incluídos no estudo. A histeresis da córnea foi medida através do Ocular Response Analyzer (Reichert ®). Resultados: Foram incluídos 38 olhos com GPX e 34 olhos com GPAA. Excluiram-se 9 olhos com GPX e 6 com GPAA por difícil visualização do bordo posterior da LC. A LC revelou uma espessura média significativamente menor (p<0.001) no grupo GPX (112.15mm) do que no grupo GPAA (149.46mm). A histeresis da córnea revelou-se significativamente inferior no GPAA do que no GPX (p=0.006). No grupo GPAA verificou-se uma correlação fraca entre a diminuição da espessura da lâmina crivosa e o aumento da histeresis da córnea (R. Spearman=-0.370, p=0.048). No grupo GPX esta relação não se verificou (R. Spearman=-0.142, p=0.47). Não se registou diferença estatisticamente significativa na PIO (p=0.124), espessura da CFNPP global (p=0.609) e MD (p= 0.974) entre os dois grupos. Conclusão: Num grau de progressão de glaucoma equiparável, a espessura da lâmina crivosa revelou-se significativamente inferior e a histeresis da córnea significativamente superior nos doentes com GPX relativamente aos doentes com GPAA. Estes dois factores poderão, assim, estar associados a uma maior susceptibilidade para dano glaucomatoso do nervo óptico neste subgrupo de doentes com glaucoma, com maior risco de progressão e possíveis implicações na futura abordagem clínica e terapêutica destes doentes.

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08:44 CL82- ANÁLISE DA ESPESSURA DA CAMADA DE FIBRAS NERVOSAS PERI-PAPILAR EM DOENTES COM FENÓMENO DE RAYNAUD PRIMÁRIO: ESTUDO CASO-CONTROLO. Catarina Areias Pedrosa, Filipe Paula, Susana Pina, Maria Lisboa, Marta Amaral, Fernando Trancoso Vaz (Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca) Introdução: O glaucoma de pressão normal tem sido associado a patologias vasculares sistémicas como aterosclerose, enxaqueca, apneia do sono e vasospasmo periférico. Este trabalho visa avaliar a influência do fenómeno de Raynaud primário na espessura da camada de fibras nervosas peri-papilar (CFNPP), e relacionar esta espessura com as características da microcirculação observadas em capilaroscopia do leito ungueal (CLU). Material/Métodos: Este estudo transversal incluiu 35 olhos de 22 doentes com o diagnóstico de fenómeno de Raynaud primário (RP) e 39 olhos de 20 controlos saudáveis. Os parâmetros da CFNPP foram obtidos através de tomografia de coerência óptica spectral domain (Spectralis, Heidelberg). A espessura global da CFNPP e dos sectores nasal, supero-nasal, infero-nasal, temporal, supero-temporal e infero-temporal foram registadas. A idade, sexo, erro refractivo, melhor acuidade visual corrigida e pressão intra-ocular foram determinadas, e a biomicroscopia e fundoscopia realizadas em todos os indivíduos. Foi realizada CLU no grupo RP com videocapilaroscópio com amplificação óptica de 100x-200x e efectuada análise por software apropriado (Videocap; DS MediGroup, Milan, Italy) e caracterizada a morfologia dos capilares e características do fluxo sanguíneo. Utilizaram-se testes de hipóteses de Mann-Whitney e Fisher conforme adequado para comparação de variáveis entre os dois grupos, e modelo de regressão linear multivariado para a análise ajustada do efeito das variáveis capilaroscópicas (STATA v12.1 software). Resultados: A espessura global da CFNPP não revelou diferença entre os dois grupos (p = 0.500). O equivalente esférico revelou-se superior (p = 0.047) no grupo FR primário (0.33 ± 1.08D) relativamente ao grupo controlo (-0.22 ± 1.26D). A presença de áreas avasculares na capilaroscopia esteve associada a uma diminuição da espessura global da CFNPP (p = 0.009). Conclusões: A relação significativa entre a presença de áreas avasculares na capilaroscopia e a diminuição da espessura da CFNPP global no grupo FR primário sugere que este factor, indicativo de gravidade da patologia sistémica, poderá traduzir predisposição para lesão do nervo óptico. Desta forma, a presença deste dado na capilaroscopia poderá implicar uma avaliação oftalmológica destes doentes para detecção precoce de lesão do nervo óptico. No entanto, são necessários mais estudos, com maior número de doentes e tempo prolongado de follow-up, para que este dado demonstre implicações clínicas e terapêuticas.

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08:51 CL83- MODIFICAÇÕES NA ESPESSURA DA COROIDEIA APÓS TRABECULECTOMIA E SUA RELAÇÃO COM A DESCIDA DE PRESSÃO INTRAOCULAR Diana Silva, Mário Ramalho, Catarina Areias Pedrosa, Inês Coutinho, Mafalda Mota, Ana Sofia Lopes, Sara Pinto, Maria Lisboa, Fernando Trancoso Vaz (Hospital Prof. Doutor Fernando da Fonseca) Introdução: A espessura da coroideia tem sido estudada no glaucoma dado tratar-se de um tecido vascular que poderá estar relacionado com a fisiopatologia desta doença. Na trabeculectomia, cirurgia filtrante protegida por flap escleral, há drenagem de humor aquoso para o espaço subconjuntival, levando à descida da PIO. Adicionalmente pensa-se que com a descompressão, as modificações no gradiente de pressão hidrostática resultantes possam gerar alterações no tecido coroideu, e em alguns estudos está descrita uma melhoria da perfusão intraocular. Recentemente estas modificações têm sido avaliadas pela medição da espessura da coroideia por OCT, todavia os trabalhos que avaliam a relação entre espessura da coroideia e PIO têm tido resultados contraditórios. O objetivo do nosso estudo foi avaliar a existência de alterações na espessura da coroideia após trabeculectomia e sua relação com a descida da PIO. Material e Métodos: Foram avaliados prospectivamente 14 olhos de 14 doentes submetidos a trabeculectomia modificada de Moorfields, dos quais 11 reuniram critérios de aceitabilidade para serem incluídos no estudo. Foi feita a medição da espessura da coroideia com o OCT com enhanced depth imaging (EDI) antes da cirurgia e no 1º dia, 1ª semana e 1º mês após cirurgia. A espessura da coroideia foi medida em 3 localizações – subfoveal, 1000µm temporal à fóvea e 1000µm nasal à fóvea. A relação entre a espessura da coroideia e PIO foi avaliada. Resultados: A média da PIO prévia à cirurgia foi 25,36 (±5,52) mmHg; 10,36 (±5,07) mmHg no 1º dia; 11,27 (±6,47) mmHg 1ª semana e 13,27 (±6,81) mmHg no 1º mês. Nas 3 localizações maculares, a espessura da coroideia média foi mais alta em todas as avaliações após trabeculectomia. O valor médio máximo foi atingido sempre na 1ª semana. O aumento da espessura coroideia foi maior para a espessura subfoveal, com média pré-operatória de 228,36 (±60,71) µm; 269,64 (±62,23) µm no 1º dia, 274,64 (±67.23) µm na 1ª semana e 264,36 µm no 1º mês. Foi verificada significância estatística para os aumentos no 1º dia (p=0.038) e na 1ª semana (p=0.016). A média da espessura da coroideia temporal foi de 225,45 (± 41,61) µm antes da cirurgia, 248,00 (±48,59) µm no 1º dia, 265,45 (±37.34) µm, na 1ª semana e 255.18 µm no 1º mês. A média da espessura da coroideia nasal foi de 207,00 (±53.91) µm, 1º dia 237,00 (±58,12) µm, na 1ª semana 244,55 µm e no 1º mês de 237.00 (±62,60) µm. O aumento da espessura da coroideia não está correlacionado com a descida na pressão intraocular. Conclusões: Após trabeculectomia existe aumento da espessura da coroideia que foi estatisticamente significativo a nível subfoveal no 1º dia e 1ª semana e para a medição nasal na 1ª semana, que não se correlacionou com a descida da PIO. Assim, o significado do aumento da espessura da coroideia após trabeculectomia permanece indefinido, nomeadamente se estas alterações vasculares serão independentes ou não do grau de descida de PIO.

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08:58 CL84- A ESPESSURA DA CAMADA DAS FIBRAS NERVOSAS NA MEGALOPAPILA- A ANÁLISE PELO OCT CIRRUS® Rita Gama, Catarina Relha, Joana Gomes da Costa, Nuno Eirô (Hospital da Luz) Objectivos: Determinar as diferenças entre os parâmetros do disco óptico (DO), a espessura das camadas das fibras nervosas (CFN) e das células ganglionares (CCG) medidas pela tomografia de coerência óptica entre indivíduos com megalopapila (MG) e discos com escavação fisiológica aumentada (DEA). Métodos: Estudo transversal. Foram incluidos 252 olhos, 126 com MG e 126 com DEA. O grupo DEA foi usado com controlo, emparelhado para sexo e idade. Foram medidos os parâmetros DO, a espessura da CFN e da mácula com o Cirrus-HD em todos os participantes. Resultados: Todos os parâmetros DO foram maiores nos indivíduos com MG. A média e a espessura do quadrante inferior da CFN foram superiores nos indivíduos com MG. A espessura da CFN temporal foi inferior. Não houve diferenças na espessura da CCG entre os dois grupos. Foi encontrada uma correlação positiva entre a área DO e a espessura da CFN média e dos quadrantes superior e inferior. Entre a área do DO e a espessura da CCG não houve correlação significativa. Conclusões: Comparando com DEA, os parâmetros do DO medidos pelo Cirrus-HD são anormalmente elevados, a média e a espessura do quadrante inferior da CFN são superiores nos indivíduos com MG. Existe uma correlação positiva entre a área DO e a espessura da CFN média e dos quadrantes superior e inferior. Os autores sugerem que o diâmetro do anel de medição do Cirrus-HD seja ajustado ao tamanho do DO, em particular na avaliação da lesão glaucomatosa em doentes com MG.

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09:05 CL85- INTRA AND INTER-RATER AGREEMENT OF ANTERIOR LAMINA CRIBROSA DEPTH MEASUREMENTS USING ENHANCED-DEPTH IMAGING OPTICAL COHERENCE TOMOGRAPHY Inês Leal

1, David Cordeiro Sousa

2, Luís Abegão Pinto

2, Filomena Pinto

2, Carlos Marques-Neves

3

(1Hospital de Santa Maria- CHLN; Faculdade de Medicina de Lisboa,

2Hospital de Santa Maria - CHLN; Faculdade de

Medicina de Lisboa, 3Hospital de Santa Maria - CHLN; Faculdade de Medicina de Lisboa; Centro de Estudos das

Ciências da Visão) Introduction: Studies of human and animal eyes have proposed that primary axonal damage in glaucoma starts in the lamina cribrosa (LC). Therefore, studying LC features will bring new insights in glaucoma physiopathology. The advent of enhanced-depth imaging (EDI), available in spectral-domain optical coherence tomography (SD-OCT) has made it possible to examine deep located structures as the LC. Anterior lamina cribrosa depth (ALCD) automatic segmentation algorithm software is not available. As it must be performed manually in an OCT device, it is essential to estimate the error of the manual segmentation to distinguish clinical change from measurement variability. Our goal was to determine intra and inter-rater agreement of ALCD manual measurements using EDI SD-OCT. Methods: Prospective observational study between Dec/14-June/15. EDI-OCT of optic nerve head was performed in healthy subjects (2 cross scans: vertical and horizontal). ALCD was defined as the perpendicular distance between the line connecting both edges of Bruch’s membrane and the anterior border of the lamina cribrosa, at the maximum depth point. Bruch´s membrane plane was automatically computed by EDI-OCT built-in algorithm. Two experienced observers manually measured independtly ALCD in all scans. The measurements were performed with the observers masked to each other’s readings. One of the observers also performed the same measurements twice, with a one-month interval. Intra and inter-rater agreement was evaluated using intraclass correlation coefficients (ICC), concordance correlation coefficients (CCC) and Bland-Altman (BA) plots for the right eye vertical (RV) and horizontal (RH) scans and left eye vertical (LV) and horizontal (LH) scans. Statistical analyses were performed using STATA 13.0. Results: Studied population included 120 eyes of 61 subjects (36 women), with a mean age of 62.1 ± 15.0 years (14-88). Mean RV, RH, LV and LH maximum ALCD was 456.2 ± 84.3 μm, 436.7 ± 81.6 μm, 444.5 ± 92.2 μm and 427.6 ± 82.7 μm, respectively. Intra-rater ICC for ALCD in RV, RH, LV and LH were 0.95, 0.85, 0.92 and 0.91, respectively. Inter-rater ICC for ALCD in RV, RH, LV and LH were 0.91, 0.84, 0.93 and 0.91. Intra-rater CCC for ALCD in RV, RH, LV and LH were 0.95, 0.85, 0.92 and 0.91. Inter-rater CCC for ALCD in RV, RH, LV and LH were 0.91, 0.84, 0.93 and 0.91. Bland-Altman plots suggested that almost all observations were within the 95% limits of agreement. Conclusions: ALCD manual measurements with EDI-OCT showed high agreement among intra and inter-rater measurements in healthy eyes. EDI-OCT is a reliable tool for ALCD measurement, which can provide potentially useful information for integrated glaucoma management.

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09:12 CL86- CANALOPLASTIA E PARÂMETROS DE ULTRABIOMICROSCOPIA ULTRASSÓNICA Miguel Ruão

1, Isabel Lopes-Cardoso

1, Sol Luxan De La Lastra

2, Diogo Semedo

1, Angélica Barros

1, Teresa Paínhas

1,

João Chibante-Pedro1

(1Centro Hospitalar Entre o Douro e Vouga,

2Hospital Fundación Gimenez Diaz)

Introdução: O propósito desde trabalho foi estudar a relação entre parâmetros de ultrabiomicroscopia ultrassónica (UBM) com a eficácia da canalolastia no glaucoma de ângulo aberto. Material e Métodos: Estudaram-se 15 olhos de 15 pacientes (10 homens, 5 mulheres; idade média = 71.9±8.0 anos) com glaucoma de ângulo aberto (7 com glaucoma primário de ângulo aberto; 8 de glaucoma pseudoesfoliativo) submetidos a canaloplastia com colocação de sutura de tensão guiada por UBM (iUltrasound, iScience Interventional) que realizaram avaliação pós-operatória com UBM (sendo 13 casos de cirurgia combinada com facoemulsificação e 2 de canaloplastia isolada). Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião (ILC). Na UBM realizada um a dois meses após a cirurgia foi medida a distensão da malha trabecular através do ângulo formado por uma linha longo da malha trabecular e outra linha que une a superfície interna da junção córneo-escleral e o ápex do esporão escleral. As medições foram realizadas nos três quadrantes (3h,6h,9h), sendo o valor final a média destas medições. Foram criados dois subgrupos dependentes do grau de distensão (Grupo 1: 0-11º; Grupo 2: >11º). A análise estatística foi realizada com o teste de Mann-Whitney U e o coeficiente de correlação tau de Kendall/correlação de Spearman utilizando o SPSS v.20. Resultados: Nenhum doente apresentou valores inferiores à distensão mínima recomendada (8º). A distensão média observada foi de 11.9±2.1º. A PIO média inicial observada foi 21.8±7.9mmHg com 3.3±0.5 fármacos. A PIO média 12 meses após a cirurgia foi 12.2±3.5mmHg com 0.5±0.8 fármacos. A PIO inicial do Grupo 1 foi de 27.2±10.1mmHg, descendo para 11.6±3.8mmHg, e no Grupo 2 a descida foi de 19.1±5.3mmHg para 12.5±3.4mmHg. A diferença no decréscimo de PIO entre os grupos não foi estatisticamente significativa (p=0.099). No Grupo 1 houve um decréscimo de 3.4 fármacos após a cirurgia, e no grupo 2 de 2.9 fármacos (p=0.371). Não obtivemos valores estatisticamente significativos na correlação entre a diferença entre PIO inicial e final com o lago vertical, lago horizontal, e altura da janela trabeculodescemética. Conclusões: Valores de distensão da malha trabecular superiores a 8º foram associados a melhor redução tensional, e todos os nossos pacientes cumprem este requisito. Paradoxalmente, foi notada uma menor redução tensional no grupo de maior distensão com valor de p muito próximo do significado estatístico, embora sem o alcançar, facto que pode constituir uma limitação relacionada com a reduzida dimensão da amostra. As dimensões do lago e da janela não se relacionam com diferenças nos parâmetros de eficácia da canaloplastia. Sendo um estudo piloto numa área em que existe pouco conhecimento publicado, este estudo deixa em aberto a possibilidade da magnitude de distensão trabecular poder ter um papel na eficácia da canaloplastia e sugere a utilidade do alargamento do estudo para uma amostra de superior dimensão e maior força estatística.

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09:19 CL87- A IMAGIOLOGIA DA LÂMINA CRIVOSA E OS NOVOS PARÂMETROS ESTRUTURAIS DO DISCO ÓPTICO À TOMOGRAFIA DE COERÊNCIA ÓPTICA NO GLAUCOMA Ivo Filipe Gama, Leonor Duarte Almeida, Ana Inês Gonçalves, Manuel Monteiro-Grillo (Hospital Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte) Introdução: O glaucoma é uma neuropatia óptica progressiva caracterizada por um processo degenerativo das corpos celulares e axónios das células ganglionares da retina, com correspondente defeito de campo visual. A lâmina crivosa (LC) tem sido considerada como o principal local onde ocorre o dano dos axónios destas células. Alguns estudos sugeriram que a compressão e a deformação da LC estão relacionadas com a progressão glaucomatosa. O objectivo deste estudo é avaliar com o OCT em modo Enhanced Depth Imaging(EDI) a espessura(LCT) e profundidade(LCD) da LC, assim como a espessura mínima do bordo papilar(BMO-MRW) e a espessura do tecido pré-laminar(PLNTT) em olhos com glaucoma primário de ângulo aberto(GPAA) e olhos sem patologia oftalmológica(GC) e estudar se existem correlações entre estes parâmetros estruturais da cabeça do nervo óptico(CNO) ou destes com o parâmetro perimétrico Mean Defect(MD). Material e Métodos: Estudo observacional que inclui 25 olhos de 25 doentes com GPAA seguidos na consulta de Glaucoma do Hospital Santa Maria e 20 olhos de 20 doentes sem patologia oftalmológica da consulta geral. Foi utilizado o OCT-EDI Heidelberg Spectralis® com padrão de grelha do CNO, , com Automatic Real-Time tracking (ART) de 80 scans. O exame foi realizado pelo mesmo examinador, em 3 locais diferentes da lâmina crivosa, tendo-se realizado também um scan circular da camada de fibras nervosas(CFN). As medições da LC foram realizadas 2 vezes por cada um dos 2 observadores e considerou-se a média. Realizou-se perimetria Octopus® 900(Haag-Streit) no grupo GPAA, para obtenção do MD. Resultados: A LCT global foi menor no GPAA(132,0±40,1µm) que no GC(235,9±36,8µm, p<0,05). A LCD média foi maior no GPAA(572,2±195,2 µm). A PLTT média foi menor no GPAA(91,9±49,9µm), tal como ocorreu com a BMO-MRW(p<0,05). A LCT global de todos os olhos correlacionou-se com a CFN(R=0,61) e com a PLTT(R=0,386). No scan inferior da ONH, a PLTT correlacionou-se com a LCD(R=-0,502, p=0,01) e com a CFN ínfero-temporal(R=0,479, p=0,015). O MD correlacionou-se com a PLTT(R=-0,597) e com a MBO-MRW(R=-0,670, p<0,01). Conclusão: O glaucoma pode causar uma diminuição da LCT, PLTT, BMO-MRW e um aumento da LCD. Estes parâmetros da CNO ao OCT-EDI podem ser indicadores potenciais de dano glaucomatoso. Pode haver uma correlação de alguns destes parâmetros estruturais (PLTT e MBO-RW) com o dano funcional dado pelo MD. O OCT-EDI da CNO com segmentação automática poderia ser útil na avaliação de rotina dos doentes com glaucoma.

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09:26 CL88- RESULTADOS CIRÚRGICOS DA ESCLERECTOMIA PROFUNDA NÃO PENETRANTE COM IMPLANTE DE COLAGÉNIO EM DOENTES COM UM SEGUIMENTO MÍNIMO DE 24 MESES Ricardo Leite, Nuno Lopes, Gabriel Morgado, Maria Antónia Costa, Teresa Paínhas, Fernando Vaz (Hospital de Braga) Introdução: Pretendemos avaliar as taxas de sucesso e de complicações com a técnica esclerectomia profunda não penetrante (EPNP) com implante de colagénio, com um seguimento mínimo de 24 meses, em doentes com glaucoma primário e secundário de ângulo aberto. Material e Métodos: Análise retrospectiva de uma série de 38 olhos respectivos a 34 doentes que foram submetidos a EPNP com implante de colagénio pelo mesmo cirurgião. Parâmetros avaliados (seguimento mínimo de 24 meses): melhor acuidade visual corrigida (MAVC), pressão intraocular (PIO), número de fármacos antihipertensores oculares e biomicroscopia do segmento anterior antes e após a cirurgia; complicações intra e pós-operatórias. Definiu-se sucesso completo uma PIO <5 e >16 mmHg sem medicação antihipertensora após a cirurgia e como sucesso qualificado uma PIO <5 e >16 mmHg com medicação antihipertensora. Resultados: A idade média dos doentes foi 72,9 anos. O período médio de seguimento foi de 36,22 (DP ± 10,7) meses. Em 95% das cirurgias foi utilizada mitomicina-c (0,3 mg/mL) e 26% das cirurgias foi combinada com facoemulsificação de catarata e implante de lente intra-ocular de câmara posterior. A PIO média pré-operatória foi 25,8 mmHg (± 6,8); aos 24 meses de seguimento, a PIO média é de 14,5 (± 3,9). As taxas de sucesso completo e qualificado são 65,7% e 80%, respectivamente. O número médio de fármacos antihipertensores utilizados reduziu substancialmente de 3,5 para 0,9. Ocorreram poucas complicações associadas ao procedimento, tendo havido 3 rupturas da janela trabeculodescemética. Não existiram outras complicações como hifema, progressão de catarata, endoftalmite, descolamento coroideu ou redução da AV. Conclusão: A EPNP com implante de colagénio parece ser um procedimento seguro e eficaz a médio-prazo.

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09:33 CL89- ESTUDO COM OCT VISANTE DO IMPACTO DA CIRURGIA DE CATARATA NO ÂNGULO IRIDOCORNEANO Diana Cristóvão, Silvestre Cruz, Sara Frazão, Ana Fernandes Fonseca, José Fernandes, João Segurado (Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto) Introdução: A catarata e o glaucoma são a primeira e a segunda principais causas de cegueira em todo o mundo. A cirurgia de catarata é realizada com frequência em doentes com glaucoma. Objetivo: Analisar a influência da cirurgia de catarata na profundidade da câmara anterior (PCA), ângulo iridocorneano (AIC) e pressão intraocular (PIO) em doentes com e sem glaucoma associado. Material e Métodos: Estudo prospetivo de 70 doentes que foram submetidos a cirurgia de catarata. Os doentes foram divididos em dois grupos: um grupo constituído por doentes com o diagnóstico estabelecido de glaucoma (de ângulo aberto e ângulo fechado) e um grupo controlo composto por doentes sem glaucoma. Foi realizada uma avaliação pré e pós-operatória da PCA e do AIC através da utilização do OCT visante e efetuada a medição da PIO pré e pós-operatória de 1 mês utilizando a tonometria de Goldmann. Os dados recolhidos foram analisados usando testes bioestatísticos. Resultados: Foram analisados e comparados os valores das variáveis do estudo obtidas no pré-operatório e 1 mês de pós-operatório. Verificou-se um aumento significativo da PCA e AIC e uma diminuição significativa da PIO no grupo com glaucoma, comparativamente ao grupo controlo. Conclusão: O OCT visante é um exame de não contacto, que possibilita a obtenção de imagens de alta resolução do segmento anterior, permitindo a quantificação da PCA e AIC de um modo rápido e acessível. Com os resultados deste estudo constatou-se que a cirurgia de catarata contribui de forma significativa para um aumento da PCA e do AIC e para uma diminuição da PIO, podendo ser importante no tratamento e controlo do glaucoma.

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09:40 CL90- ESCLERECTOMIA PROFUNDA NÃO PENETRANTE VERSUS TRABECULECTOMIA PARA O GLAUCOMA DE ÂNGULO ABERTO: RESULTADOS DE 2 ANOS DE FOLLOW-UP Rita Gonçalves, Bruna Vieira, Paula Tenedório, Ricardo Bastos, Carlos Menezes, José Alberto Lemos, Pedro Coelho, Tiago Maio (Hospital Pedro Hispano) Introdução: O glaucoma é a segunda maior causa de cegueira a nível mundial. A pressão intra-ocular (PIO) pode ser controlada cirurgicamente. A trabeculectomia (TB) é considerada o procedimento cirúrgico standard e tem sido amplamente praticada há mais de 40 anos. As cirurgias de glaucoma não penetrantes têm sido desenvolvidas como intervenções cirúrgicas mais seguras e potencialmente mais aceitáveis para os pacientes em comparação com a TB. Este estudo tem como objetivo avaliar a eficácia a longo prazo da esclerectomia profunda não penetrante (EPNP) comparativamente à TB convencional em doentes com glaucoma de ângulo aberto. Material e Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu 55 olhos de 43 doentes submetidos a cirurgia de glaucoma entre Janeiro de 2012 e Agosto de 2013. Vinte e três olhos foram submetidos a TB e 32 olhos a EPNP. Os doentes foram observados pré-operatoriamente, e 1 semana, 1, 6, 12 e 24 meses após a cirurgia, registando-se a PIO, medicação anti-glaucomatosa, acuidade visual e complicações pós cirúrgicas. O sucesso absoluto foi considerado se atingida PIO<18 mmHg sem medicação anti-glaucomatosa, e o sucesso relativo se atingido o mesmo alvo com ou sem recurso a medicação. Resultados: Aos 24 meses, a PIO média (±DP) era 14.25±3.91 e 15.90±3.41 mmHg nos olhos submetidos a TB e EPNP, respetivamente, com redução estatisticamente significativa relativamente à PIO pré-operatória (p<0.01) em ambos os grupos. Não foi observada diferença estatisticamente significativa entre a PIO aos 24 meses nos grupos TB e EPNP (p=0.12). O sucesso absoluto foi alcançado em 16 (69.6%) e 22 (68.8%) dos olhos e o sucesso relativo em 21 (91.3%) e 30 (93.7%) dos olhos submetidos a TB e EPNP, respetivamente. O número de fármacos anti-glaucomatosos diminuiu de 2.09±1.13 para 0.65±1.11 no grupo TB e de 2.41±0.84 para 0.47±.76 no grupo EPNP (p=0.47). As complicações observadas foram hipotonia, descolamento da coróide, hifema, e enquistamento ou fibrose da ampola, sendo mais frequentes nos olhos submetidos a TB do que naqueles submetidos a EPNP (p<0.05). Conclusões: Neste estudo, a diminuição da PIO foi comparável entre os 2 procedimentos cirúrgicos, com taxas de sucesso semelhantes aos 24 meses. As complicações foram mais frequentes no grupo que realizou TB.

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09:47 CL91- MEDIÇÃO DA PRESSÃO INTRAOCULAR COM TONOMETRIA DE APLANAÇÃO DE GOLDMANN E TONOMETRIA DE CONTORNO DINÂMICO – ESTUDO COMPARATIVO NA CONSULTA DE GLAUCOMA Irina Ramos Gomes, Sofia Rodrigues, Silvestre Cruz, Sara Frazão, Jorge Godinho, José Fernandes, João Segurado (Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto) Introdução: A medição precisa da pressão intraocular (PIO) tem um papel fundamental no diagnóstico e seguimento dos doentes com hipertensão ocular, glaucoma e suspeita de glaucoma. A tonometria de aplanação de Goldmann (TAG) continua a ser o gold standard para a avaliação da PIO. No entanto, é conhecida a influência que a estrutura e a espessura central corneanas exercem na exatidão da PIO medida por TAG. Apesar de existirem nomogramas com fatores de correção para os valores de PIO medidos por TAG baseados no valor da espessura central da córnea (ECC), nenhum é consensual. Existem alguns métodos de avaliação da PIO desenvolvidos no sentido de obter valores de PIO menos afetados pelas propriedades da córnea. Um desses métodos é a tonometria de contorno dinâmico (TCD). A TCD usa um tonómetro de contacto digital, sem aplanação da córnea, que se crê ser menos dependente das propriedades da córnea. O objetivo deste estudo consiste em comparar os valores de PIO medidos por TAG e TCD num grupo de doentes da consulta de glaucoma, bem como a forma como são influenciados quer pela ECC, quer por outros fatores estruturais biométricos. Material e Métodos: Estudo prospetivo observacional de 34 olhos de 19 de doentes, seguidos na consulta de Glaucoma do IOGP sem antecedentes de patologia querática, cirurgia ou trauma ocular. Foram avaliadas a PIO com TAG e TCD (Pascal dynamic contour tonometer, SMT Swiss Microtechonology AG), a ECC com paquímetro ótico (Topcon SP-2000P) e a curvatura da córnea, astigmatismo, comprimento axial e profundidade central da câmara anterior por biometria ótica (Carl Zeiss IOL Master). Foram comparados os valores de PIO obtidos com cada um dos métodos e a respetiva influência da ECC e dos restantes fatores biométricos. Resultados: A média da PIO medida por TAG foi 16,97 ± 3,34 mmHg e por TCD foi 18,24 ± 3,83 mmHg. A média da ECC foi de 528,76 ± 27,07 µm. Verificou-se uma correlação positiva forte entre os valores de PIO avaliados por TAG e TCD (r=0,71, p=0,08). Os valores de PIO medidos por TAG apresentaram uma correlação positiva forte com a ECC (r=0,63, p=0,04), enquanto que não se verificou correlação entre os valores de PIO avaliados por TCD e a ECC (r=0,14, p=0,30). Não se verificou correlação entre a PIO avaliada por cada um dos métodos e a curvatura da córnea, astigmatismo, comprimento axial e profundidade central da câmara anterior. Conclusões: Os resultados obtidos sugerem que as medições da PIO por TAG e TCD são concordantes. Por outro lado, a PIO avaliada por TAG foi significativamente influenciada pela ECC, ao passo que os valores de PIO medidos por TCD apresentaram independência desta última. A PIO avaliada por cada um dos métodos não apresentou relação com os restantes fatores estruturais biométricos avaliados. A TCD é um método de avaliação da PIO mais dependente da colaboração do doente e, por isso, de execução técnica mais difícil do que a TAG.

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09:54 CL92- NOVO SISTEMA DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA DE FARMACOS ANTIGLAUCOMATOSOS Manuel N Gaspar

1, Jorge J Coelho

2, Armenio C Serra

2, C A Fontes Ribeiro

3

(1Fac Med Universidade Coimbra/Hospital Militar Coimbra,

2Fac Ciências Tecnologia Univ Coimbra,

3Fac Med

Universidade Coimbra) Introdução. A adesão â terapeutica dos doentes portadores de glaucoma é baixa. Desenvolvemos técnicas de processamento para a preparação de um novo sistema de libertação controlada de fármaco a partir de uma mistura de polímeros (poli-e-caprolactone(PCL) e Lutrol F127 ) com consequente imobilização de dois fármacos (acetazolamida e dorzolamida) para a posterior aplicação intraocular via pars plana.em doentes glaucomatosos por um período previsível de 20 dias. Material e métodos. A síntese de implantes biodegradáveis foi desenvolvida segundo as caracteristicas térmicas, mecanicas, físicas e morfológicas das substâncias citadas, bem como do seu encapsulamento. Dois tipos de filme (1 e 2) de acordo com o diâmetro e espessura foram utilizados.Os polimeros com PCL variaram entre 70000 a 90000 g|mol e os de Lutrol F127 de 9000 a 14000 g mol. Resultados. Os dois inibidores da anidrase carónica obtiveram o mesmo resultado de degradação (18 dias). A degradação da acetazolamida iniciou-se apenas ao nono dia. Os encapsulados duraram mais tempo a degradarem-se. Os filmes 2 apresentaram mais baixa taxa de libertação de farmaco (32 ±1,6%). Conclusões. Os sistemas de libertação de fármaco controlado (CCDS) revelaram-se eficazes para a acetazolamida e a dorzolamida, embora sejam necessários outros estudos que prolonguem ainda mais a sua duração de acção.O encapsulamento é benéfico, assim como a baixa porosidade (PCL).Estes dispositivos médicos parecem ser importantes na terapeutica de uma doença crónica como o glaucoma, sobretudo os GPAA-GPN, onde o controle da TIO poderá ser melhor efetuado com melhor adesão ao tratamento e subsequente melhor prognóstico.

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10:01 CL93- VÁLVULA DE AHMED EM DOENTES COM POLINEUROPATIA AMILOIDÓTICA FAMILIAR Tânia Borges, Ana Figueiredo, Rita Reis, Isabel Sampaio, Maria João Menéres (Centro Hospitalar do Porto) Introdução: O glaucoma é a complicação oftalmológica mais grave da Polineuropatia Amiloidótica Familiar (PAF), contribuindo para uma perda visual irreversível. O objetivo deste trabalho é avaliar os resultados clínicos dos doentes com PAF submetidos a implante de válvula de Ahmed no Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar do Porto entre Novembro de 2010 e Fevereiro de 2015. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de 37 doentes (47 válvulas) com glaucoma refractário à terapêutica máxima tolerada e/ou falência de cirurgia prévia, com o follow-up mínimo 6 meses. Definiu-se sucesso cirúrgico relativo como pressão intraocular (PIO) ≥6 mmHg e ≤21 mmHg ou redução de 20% da PIO em relação aos valores pré-operatórios com ou sem medicação ou reoperação. Sucesso cirúrgico absoluto foi definido como a obtenção dos mesmos resultados, mas sem recurso a medicação ou cirurgia adicional. Foram analisadas variáveis demográficas, PIO no 1º dia, 1ª e 2ª semanas, 1º, 2º, 3º e 6º meses, 1º ano e à data da última consulta, acuidade visual pré e 1 mês após cirurgia, nº de anti-glaucomatosos pré e pós cirurgia, entre outras. Resultados: A idade média dos doentes era de 52,7±6,82 anos e 67,6% dos doentes eram do sexo feminino. 12,8% dos olhos tinham antecedentes de cirurgia de glaucoma e 38,3% já tinham realizado vitrectomia. O follow-up médio foi de 21,3±11.51 meses. A PIO pré-operatória média foi de 27.53±7.48 e a pós-operatória foi de 8,4±6,51 (1ºdia); 10,0±6,68 (1ª semana); 12,73±5,72 (2ªsemana); 15,47±6,04 (1º mês); 15,26±5,04 (2º mês); 15,7±4,13 (3º mês); 15,29± 4,37 (6º mês); 13,89±2,94 (1º ano). A diferença entre PIO pré-operatória e 6 meses após cirurgia foi estatisticamente significativa (p<0,01). A média de fármacos diminuiu de 3,89 ± 0,67 para 1,30 ± 1.32 após a cirurgia (p <0.01). As principais complicações foram 1 caso (2.1 %) de descolamento da coróide e 3 casos de atalamia (6.4 %). 5 casos (10,6%) apresentaram hipotonia (PIO≤5mmHg em 2 visitas consecutivas) e 15 casos (31,9%) apresentaram pelo menos uma medição de PIO≥22mmHg nos primeiros 3 meses. Em 93.6 % dos casos registou-se sucesso cirúrgico relativo e em 34.0 % sucesso absoluto. Na última avaliação, 80,85% dos olhos apresentavam PIO≤16mmHg com ou sem medicação, e 82,98% dos olhos encontravam-se medicados com ≤2 fármacos. 4 olhos (8,5%) necessitaram de uma 2ª cirurgia (3 ciclofotocoagulações e 1 remoção de coágulo de tubo da válvula de ahmed). Conclusões: A válvula de Ahmed parece ser uma excelente opção em doentes com glaucoma associado à PAF, assumindo-se como uma opção segura e eficaz no nosso estudo.

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10:08 CL94- INFLUENCE OF INTRAOCULAR PRESSURE IN ANTERIOR LAMINA CRIBROSA DEPTH – A PROSPECTIVE OBSERVATIONAL STUDY IN A HEALTHY PORTUGUESE POPULATION David Cordeiro Sousa

1, Inês Leal

1, Luís Abegão Pinto

1, Filomena Pinto

1, Carlos Marques-Neves

2

(1Hospital de Santa Maria - CHLN,

2Hospital de Santa Maria - CHLN; Centro de Estudos Ciências da Visão)

Introduction: The study of the optic nerve head (ONH) characteristics is of major importance to better understand the mechanisms behind axonal injury in glaucoma and to improve disease prevention, diagnostic accuracy and therapeutic decisions. Our aim was to investigate the association between anterior lamina cribrosa depth (ALCD), determined with enhanced depth imaging spectral-domain optical coherence tomography (EDI-OCT), and intraocular pressure (IOP) in a healthy Portuguese population. Materials and Methods: Prospective observational study conducted between January and July 2015 of 59 healthy subjects. Two optic nerve head (ONH)-centered EDI-OCT cross-scans were performed and ALCD was defined as the perpendicular distance between the line connecting both edges of Bruch’s membrane and the anterior border of the lamina cribrosa, at the maximum depth point. Bruch´s membrane plane was automatically computed by EDI-OCT built-in algorithm. Then, an experienced masked-operator manually segmented ALCD twice, with 1-month interval, and a mean of the two blinded measurements was used. To guarantee observations’ independence, only the left eyes were considered. Only high-quality images were accepted. Results: Studied population included 59 subjects (35 women), with a mean age of 61.7 ± 15.1 years. Mean vertical and horizontal maximum ALCD was 444.5 ± 92.2 μm and 427.6 ± 82.7 μm, respectively. Neither gender nor age were associated with these ALCD scans (p > 0.05). When controlling for gender, age and spherical equivalent, maximum vertical and horizontal ALCD increased, respectively, by 8.49μm (95% confidence interval [CI], 2.66-14.33 μm; p = 0.005) and 8.26μm (95% CI, 2.65-13.87 μm; p = 0.005) per mmHg increase in IOP. Conclusions: Our sample of healthy subjects presented a statistically significant positive correlation between IOP and ALCD, when controlling for possible confounding factors. These results may trigger further studies to better elucidate the IOP role in morphological and functional dynamics of the ONH.