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Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
TELECONFERÊNCIA PARA DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS 1T09
Operadora - Bom dia e obrigada por aguardarem. Sejam bem-vindos à
teleconferência do Grupo Pão de Açúcar para discussão dos resultados da
Companhia no 1º trimestre de 2009. Este evento também está sendo transmitido
simultaneamente pela Internet via webcast, podendo ser acessado no endereço
www.gpari.com.br, onde se encontra a respectiva apresentação. A seleção dos
slides será controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível
logo após o seu encerramento. Informamos que o press release sobre os
resultados também está disponível no site de relações com investidores
www.gpari.com.br. Este evento está sendo gravado e todos os participantes
estarão apenas ouvindo à teleconferência durante a apresentação da Companhia
e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas quando mais
instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite de alguma
assistência durante a conferência queiram, por favor, solicitar a ajuda de um
operador digitando “* 0”.
Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que
possam ser feitas durante esta teleconferência relativas às perspectivas de
negócio do Grupo Pão de Açúcar, projeções e metas operacionais e financeiras,
constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como
informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são garantias de
desempenho, elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois se referem a
eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que podem ou não
ocorrer. Investidores devem compreender que condições econômicas gerais,
condições da indústria e outros fatores operacionais podem afetar o desempenho
futuro do Grupo Pão de Açúcar e podem conduzir a resultados que diferem
materialmente daqueles expressos em tais considerações futuras.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Agora gostaríamos de passar a palavra à senhora Daniela Sabbag, diretora de
Relações com Investidores do Grupo Pão de Açúcar, que fará a abertura da
apresentação sobre o desempenho da Companhia no período. Por favor, senhora
Daniela, pode prosseguir.
Daniela Sabbag – Bom dia a todos, bem-vindos à nossa teleconferência sobre os
resultados do 1º trimestre do ano de 2009. Estão hoje conosco Abilio Diniz,
presidente do Conselho de Administração; Claudio Galeazzi, diretor-presidente; e
os diretores executivos do Grupo, Enéas Pestana, José Roberto Tambasco, Caio
Mattar, Claudia Elisa e Ramatis Rodrigues. A apresentação de hoje seguirá o
formato que costumamos adotar, abordando os principais resultados financeiros e
operacionais alcançados no 1T09 e, no final, abriremos para a sessão de
perguntas e respostas. Antes de iniciarmos, gostaria de comunicá-los que no mês
de junho vamos realizar mais uma vez o GPA DAY ,apresentando os nossos
objetivos e estratégias para o ano de 2009. Tão logo nossa agenda esteja
definida, vocês receberão o convite com a programação completa para o evento.
Gostaria agora então de passar a palavra ao presidente do Conselho, Abilio Diniz,
para os comentários iniciais.
Abilio Diniz – Bom dia a todos. Eu acho que, mais do que palavras, os nossos
resultados falam sobre o momento que a Companhia está vivendo. A Companhia
está cada vez mais forte, cada vez mais ágil, reduzindo despesas com
tranquilidade, buscando mais eficiência e, aquilo que é principal, aumentando
vendas. Eu acho que o que caracteriza uma empresa realmente forte, ágil, com
uma boa estrutura, é a forma com que ela se move nos momentos mais difíceis. É
fácil ter uma boa performance no momento em que todo o mercado é favorável,
onde todos estão conseguindo bons resultados. Nos momentos mais difíceis é que
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
você vê quanto a empresa realmente está preparada, quanto a empresa
realmente está enxuta, está realmente com uma boa performance. Eu acho que o
nosso desempenho, principalmente nesses dois últimos trimestres – o último do
ano passado e o primeiro deste ano – mais o nosso desempenho no mês de abril,
nos levam a um aumento de satisfação com a Companhia, satisfação com a
equipe, satisfação com o trabalho que nós estamos realizando. O Brasil, como já
era esperado, sofreu menos nessa turbulência mundial e, sem dúvida nenhuma,
vai sair das dificuldades com mais rapidez. Já há sinais de retomada em vários
pontos do mundo e aqui no Brasil estes resultados também são importantes de
serem notados. O varejo vem apresentando, no geral, uma boa performance no
Brasil. Agora nós temos a tranquilidade de podermos dizer que estamos ganhando
market share porque estamos acima da média, o nosso desempenho é um
desempenho que está nos levando, nesse momento, com toda segurança, a
ganhos de market share praticamente sem uma grande expansão. Nós abrimos
neste ano quatro lojas do Assai, cinco do Extra Fácil, temos muito mais ainda para
fazer neste ano, mas apenas com isso temos a certeza de que estamos
avançando no mercado com as lojas já existentes. Eu acho que a coisa mais
importante que eu tenho para passar para vocês é a solidez da equipe dirigente,
da equipe do Management da Companhia. Nós fizemos um ligeiro ajuste neste
momento visando ter um pouco mais ainda de eficiência da nossa cúpula
administrativa. A primeira coisa foi convidar o Claudio Galeazzi, como já foi
comunicado no mercado, a permanecer mais um ano conosco na presidência
executiva da Companhia. Por que? Por vários motivos e ainda por aquele tão
conhecido: não se mexe em time que está ganhando, os resultados são
excelentes e este foi um dos motivos. Por outro, é que, embora nós tenhamos no
nosso time gente capaz de assumir a presidência, conforme foi dito para vocês
que o próximo presidente sairá da equipe do Pão de Açúcar, esse trabalho de
preparar um presidente é um trabalho longo e que eu acho que merece a maior
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
atenção, o maior cuidado, o maior carinho e quanto mais tempo nós dermos para
isso melhor e melhor para a Companhia. Na realidade, esta decisão de
convidarmos o Claudio Galeazzi para mais um ano, convite que ele aceitou, foi
uma decisão do Conselho, discutida e apoiada por toda a diretoria executiva. Além
disso, nós fizemos algumas pequenas mudanças. Primeiro, o Caio Mattar deixa a
vice-presidência executiva do Pão de Açúcar e assume a presidência da
companhia de Real Estate que está sendo criada. Isso é uma sinalização clara de
que aquele de nós com maior conhecimento, maior competência em termos de
mercado imobiliário vai dedicar a maior parte do seu tempo a essa nova
companhia que está sendo criada. É uma colocação simples de que nós
queremos separar o nosso core business de outras atividades e buscar ganhos
para os acionistas em todas as possibilidades que nós tivermos, inclusive na
possibilidade imobiliária. A outra mudança foi a efetivação do Ramatis Rodrigues,
que já era um diretor executivo, a uma vice-presidência. Nós continuaremos a ter
quatro vice-presidentes, porque o Caio Mattar sai da vice-presidência e passa à
presidência da Real Estate. Passaremos então a ter quatro vice-presidentes, que
são o Enéas Pestana, o José Roberto Tambasco, o Hugo Bethlem e, agora, o
Ramatis Rodrigues. O que nós estamos buscando com isso, com essa criação
desses quatro vices-presidentes? Nós estamos criando aquilo que foi denominado
pelo Claudio de ‘um fórum de vice-presidentes’. Parte de vocês sabe como nós
trabalhamos. Nós trabalhamos todos numa sala, todos juntos, mas nós vamos
agrupar os quatro vice-presidentes muito juntos, juntos com o Claudio Galeazzi e
a idéia é que esses quatro vice-presidentes sejam muito menos táticos e muito
mais estratégicos, que realmente sejam os responsáveis pela criação, pelo
pensamento estratégico da Companhia, por uma dinâmica muito agressiva, por
uma dinâmica muito rápida, com muita agilidade, os quatros trabalhando muito
juntos e junto com o presidente. Estar um pouco menos dentro do que havia,
dentro do aspecto tático faz com que nós consigamos também desenvolver o time
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
que está debaixo deles, fazendo com que haja um crescimento de todo o time,
que nós tenhamos peças de reposição, que nós teremos cada vez mais um
fortalecimento dessa equipe interna, que é uma equipe que tem dado cada vez
mais demonstração de capacidade com o trabalho que está fazendo até agora. Eu
acho que este é o motivo de maior satisfação que nós temos hoje. É colocar para
vocês a palavra do conselho, a palavra dos acionistas, da confiança, da
tranquilidade e da satisfação que temos com o Management dessa Companhia.
Eu acho que isso é garantia para todos os acionistas de bons resultados, de boas
perspectivas pela frente, de uma Companhia que está sólida, agressiva e muito
tranquila para enfrentar o mercado, para enfrentar qualquer dificuldade e até bons
momentos. Muito obrigado a vocês.
Claudio Galeazzi – Bom dia a todos, é Claudio Galeazzi. Gostaria de fazer alguns
comentários e começaria por dizer que estamos bastante satisfeitos com os
resultados, que estão muito alinhados com o nosso orçamento e, vou confessar,
acima das nossas expectativas quando levamos em consideração a crise geral
mundial, embora ela não tenha atingido o Brasil com a mesma virulência que o fez
na Europa e nos Estados Unidos. Alguns destaques: gostaria de mencionar que o
nosso EBITDA cresceu 14% ano sobre ano no trimestre, nós tivemos um lucro de
185% ou 27% dependendo do critério, seja ele reportado ou pro-forma,
respectivamente, e não podíamos deixar de mencionar as vendas referente ao 1º
quadrimestre, que leva em consideração a Páscoa, onde nós tivemos um
crescimento de 9,2% nas mesmas lojas. O Enéas, ao detalhar os resultados, vai
abordar isso e outros pontos relevantes dos resultados obtidos durante o 1º
trimestre. Eu gostaria de ressaltar que uma das premissas que norteou a
elaboração do nosso budget foi o fato de que, aproveitando as oportunidades
existentes e as nossas condições específicas de relacionamento com os
fornecedores e as nossas condições financeiras, de buscarmos market share, que
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
felizmente o 1º trimestre indica que nós conseguimos um crescimento na nossa
participação no market share. O mercado fica às vezes um tanto quanto
preocupado com a nossa margem, o importante é analisar a equação market
share, margem e redução de despesas, de tal forma que a gente consiga ter
competitividade no mercado sem perder o foco no resultado. Nós estamos
buscando essa competitividade, esse market share de uma forma consciente, uma
forma racional, e os números que nós estamos obtendo estão muito coerentes
com o nosso orçamento e com as nossas expectativas. Gostaria de ressaltar o
desempenho do time de executivos com muita agilidade, com ações rápidas, se
adaptando à mobilidade da situação de mercado, do mercado de varejo. Gostaria
de mencionar também que estamos revendo constantemente todos os nossos
processos buscando eficiência, produtividade e, obviamente, redução das nossas
despesas e essa eficiência também tem sido evidenciada pelos resultados.
Gostaria também de ressaltar o fato de que nós vamos continuar com o
conservadorismo financeiro e uma política de investimento baseada e
fundamentada no retorno de capital, e só iremos acelerar o processo de
investimento na medida em que a equação economia geral e os nossos resultados
assim o permitam. Estamos revendo a nossa atitude cautelosa para voltarmos a
pisar no acelerador dos investimentos nos próximos trimestres de uma forma tão
agressiva quanto o mercado permitir e os nossos resultados também o permitirem.
A posição do Grupo Pão de Açúcar é privilegiada no seu relacionamento com os
clientes, consumidores, e acima de tudo com os fornecedores, buscando cada vez
mais sermos competitivos neste mercado de muita agressividade. O bottom line
deste momento é que nós vamos procurar sempre manter a saúde econômica e
financeira da Empresa. Este é o objetivo que nós perseguimos diariamente e que
também nos levará no final da crise a sairmos muito fortalecidos. Estes seriam os
comentários iniciais que eu teria a fazer e gostaria de passar a palavra para o
Enéas.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Enéas Pestana – Bom dia a todos e obrigado por participarem da nossa
teleconferência. O meu objetivo vai ser de fazer uma leitura, junto com vocês, do
nosso resultado, para trazer um pouco mais de informação e tentar colaborar com
vocês na correta interpretação dos números e da nossa performance. Para isso, a
gente tem uma apresentação que está com vocês. Eu vou começar pelo slide
número 3, começando pelas vendas. Como já foi dito, a gente teve um bom 1º
trimestre, um 1º trimestre num cenário de crise global. Na conclusão do nosso
orçamento do ano passado, nós tínhamos feito diversos cenários para 2009 e
optamos por um cenário mais agressivo em nosso orçamento e, ainda assim, a
gente tem sido surpreendido positivamente, pelo menos nesses quatro primeiros
meses deste ano. Vamos falar um pouco aqui desse trimestre, que também teve o
efeito da sazonalidade, dado que no ano passado a Páscoa caiu em março e,
nesse ano, no início de abril. O crescimento de vendas no trimestre, venda bruta:
6%, venda liquida: 9,4%. Aqui de novo a gente convive com a questão do efeito da
substituição tributária que, no Estado de São Paulo principalmente, tem ainda feito
de forma intensa a migração de produtos para este regime da substituição
tributária. Regime esse que a Companhia é absolutamente a favor porque provoca
um controle fiscal muito mais eficiente e, portanto, traz para a formalidade todos
os players, principalmente os relacionados a esses produtos. Na sequência,
considerando o conceito ‘mesmas lojas’, o crescimento venda bruta foi de 4,6% e
venda líquida 7,9%, a despeito do efeito da Páscoa que a gente acabou de falar.
Ainda considerando o conceito ‘mesmas lojas’, os produtos alimentícios cresceram
3,1% no trimestre, que é onde sofre o maior efeito da Páscoa e da sazonalidade, e
as vendas de não-alimentos chegaram a 9,7%. A gente traz aqui no slide número
4 uma visão do quadrimestre para colaborar na leitura dos senhores, minimizando
esse efeito ou eliminando este efeito da sazonalidade, especialmente da Páscoa.
No quadrimestre, a Companhia cresce em venda bruta 10,6% e em venda líquida
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
13,9%. No conceito ‘mesmas lojas’, a venda bruta cresce 9,2% que, se
descontada a inflação pelo IPCA, a gente chega em 3,3%, que é um índice
bastante bom porque se a gente lembrar, no ano de 2008 nós conseguimos fazer
a reversão atingindo um crescimento ‘mesmas lojas’ que não foi verificado nos
anos de 2006 e 2007. Nós ficamos em 2008 com 2,6% de crescimento real
‘mesmas lojas’ e nesse 1º quadrimestre a gente está atingindo 3,3% de
crescimento real. Ainda no conceito ‘mesmas lojas’, os alimentos cresceram 8,6%
e os não-alimentos dois dígitos, ou 11,1% de crescimento. Os destaques são para
as categorias de bebidas, perfumaria e limpeza, e também bazar, além de um
crescimento nas farmácias. Agora, um dado muito relevante que já foi citado pelo
Claudio e pelo Abilio, foi o crescimento do market share sustentado por um
crescimento importante no fluxo de clientes. Então, crescimento de vendas com
crescimento de fluxo de clientes é algo, para o segmento ou para a Companhia,
extremamente positivo, é o que garante na verdade, numa empresa de varejo, o
crescimento sustentável. O nosso lucro bruto dentro deste contexto e sustentando
o crescimento de market share, nós fizemos uma redução de 26,2% no ano,
passando para 25,3% na margem bruta. Essa redução se explica principalmente
por três pontos. O primeiro é o que eu já falava, da substituição tributária, e não
tem jeito. A gente deve conviver ainda praticamente todos os trimestres deste ano
com este efeito. Por quê? Porque no início deste ano mais uma vez o Estado de
São Paulo intensificou muito essa migração dos produtos para esse regime, então
a gente vai passar o ano falando de novo da substituição tributária e de seus
efeitos. No trimestre, o efeito foi de meio ponto percentual de redução da margem
bruta, na medida em que ele aumenta a venda líquida e, como a gente viu agora
há pouco, afeta essa análise vertical ou análise das margens. Tem também o
efeito de Assai. No ano passado, a gente vinha convivendo com um efeito ao
redor de 0,9 pontos percentuais e, nesse trimestre ,o efeito foi de 0,2 p.p. apenas.
Por quê? Porque no 1º trimestre do ano passado já se consolidava o Assai, então
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
esse efeito diminui a partir desse ano, a despeito de ele sempre existir, e vai
continuar existindo, dado o crescimento acelerado dessa rede. Ainda nos efeitos
da margem, a gente tem 0,2 pontos percentuais que, aí sim, tem relação direta
com a nossa estratégia comercial que vem sendo conduzida firmemente pelo
Ramatis, onde a gente busca esse ganho de market share, ganho de fluxo de
clientes nas diferentes regiões do estado e também do país com foco em Rio de
Janeiro, que a gente sempre fala, é um mercado muito competitivo e também no
Nordeste. No caso do Nordeste, a gente ainda vinha perdendo vendas no ano
passado e a gente falou para vocês que, depois de Rio de Janeiro, o nosso
principal desafio em termos operacionais e táticos era o Nordeste. Já nesse 1º
trimestre, a gente conseguiu reverter essa tendência, onde então o Nordeste, já
nesse 1º tri, apresentou um crescimento de vendas e fluxo de clientes. Falando
das despesas operacionais totais, a grande notícia é que a gente consegue mais
uma vez demonstrar que estamos consolidando o patamar de despesas
computado ao longo do último ano e, como a gente falou por várias vezes no ano
passado, isso tem origem na reestruturação e na definição de um novo modelo de
gestão que foi feito no inicio do ano passado, refletindo-se em resultados já no ano
passado. Nesse ano, esse 1º trimestre reflete uma redução 120 basis points ou
1,2 pontos percentuais no patamar de despesas totais, tanto em despesas
administrativas quanto em despesas com vendas. Dessa forma, nós atingimos um
patamar de 18,6% da venda líquida versus 19,8%, que foi realizado no ano
passado. Isso representa um crescimento nominal de 3% da despesa total, que é
bastante superior ao crescimento de vendas. Ainda que a gente considere, para
efeito de comparação e análise, o pro-forma do ano passado, a despesa cresceu
5,9%, portanto ainda bem abaixo do crescimento da venda que eu acabei de citar.
O importante nisso é a equação: a despeito da gente falar por capítulos, a análise
e a performance sobre a performance da Companhia, na verdade é nessa
equação que a gente está com crescimento de vendas sustentado por aumento do
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market share e aumento do fluxo de clientes, que tem como um dos pilares um
melhor mix de margem, adequado a cada perfil de público e a cada cluster, de
acordo com as diferentes regiões. Mas esta redução de margem é rebatida
integralmente, e com folga, pela redução nas despesas. Portanto, a despeito de
uma redução do lucro bruto, que é sustentável e planejada, a gente consegue ter
um aumento da nossa margem EBITDA em relação ao próprio ano passado.
Portanto, na página sete, se a gente olhar o gráfico de crescimento de EBITDA,
como disse o Claudio Galeazzi, o nosso EBITDA cresce em valor 14,1% e cresce
0,2 p.p. em margem. Portanto, é uma boa noticia crescer vendas de forma
sustentável rebatendo isso nas despesas e conseguindo aumentar a nossa
margem EBITDA. Mesmo que também neste caso a gente usasse como base de
comparação o pro-forma do ano passado, ainda assim a gente tem um
crescimento de 5,2%. Ainda agregando na análise, se a gente destaca o Assai, o
nosso consolidado, sem Assai, apresenta uma margem de 7,2% num 1º trimestre
sem Páscoa. Saindo do resultado operacional e discutindo o resultado financeiro,
a gente está procurando cada vez mais melhorar a análise dessa linha, mas o que
tem de relevante para ser comentado, além do que já é informado na página oito,
é um efeito único que vale o comentário que é ainda uma intensificação no meio
de pagamento parcelado sem juros que traz um efeito nesse trimestre e indica
ainda um resultado financeiro em R$ 7 milhões maior daquilo que foi realizado no
ano passado. Na verdade, a gente tem uma redução da taxa de juros da dívida
que afeta também a nossa aplicação financeira, mas a performance do ponto de
vista financeiro puro é boa, a questão maior é a intensificação de canais ou meios
de pagamento eficientes, mas que custam e afetam o nosso resultado financeiro a
despeito de não ser lá muito material. Na página nove eu comento sobre a nossa
dívida, o perfil da dívida ainda continua adequado, não sei se vocês lembram, a
gente fez isso no final de 2007 e início de 2008, com um trabalho forte sobre a
nossa estrutura de capital fazendo alongamento e, portanto, melhorando o perfil
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de dívida. Hoje a gente encerra o 1º trimestre com 30% de curto e 70% de longo
prazo. A nossa dívida bruta foi de R$ 2.460 milhões contra R$ 2.484 milhões do
ano passado e a dívida liquida este ano fecha o trimestre com R$ 1,2 bilhão contra
R$ 1,3 bi do ano passado. No ano passado isso representava 1,15 vezes EBITDA
e esse ano 0,9 vezes EBITDA, lembrando que final de 1º trimestre é o momento
de mais stress em termos de caixa. Por quê? Porque é o trimestre onde a gente
paga os fornecedores de final de ano, portanto o efeito de working capital é o
efeito mais forte do ano, é o que acontece no 1º tri, dali para a frente acontece
uma recuperação de working capital, portanto uma recuperação de caixa
importante. O patamar ano de caixa, claro que depende de uma aceleração dos
investimentos, mas deve ficar ao redor de 0,5 e 0,6 vezes o EBITDA. Na página
seguinte, a gente quer comentar um pouco sobre a FIC, a nossa financeira Itaú
CBD, que apresenta um crescimento bastante importante. Vejam que a gente tem
um crescimento de três dígitos, R$ 3,9 milhões de lucro, que implica num
resultado positivo de R$ 7,8 milhões da FIC no trimestre. Eu só capturo por
equivalência patrimonial 50% e, no ano passado, a gente teve um resultado de
equivalência de R$ 1,2 milhão. Então isso cumpre aquilo o que dizíamos, que o
ano de 2008 seria de break even dessa operação e já no ano de 2009 teríamos
resultados crescentes e positivos. Então isto está absolutamente em linha com os
guidances que a gente vinha apresentando para vocês. Em termos operacionais,
atingimos mais de 6 milhões de clientes, R$ 1,6 bilhão de carteira total, o que
representa 5,2 milhões de cartões emitidos. Então, a FIC vem cumprindo com
louvor aquilo que havia sido planejado e muito bem gerida até aqui. Sobre a
Sendas eu vou comentar muito pouco porque, de novo, apresenta-se a
consolidação de tudo o que a gente vinha falando durante o ano passado desde o
trabalho iniciado pela Galeazzi no Rio de Janeiro em 2007, que conseguiu fazer a
reversão dos resultados negativos que a Sendas vinha apresentando praticamente
desde sua constituição. Então, na página 11, vocês podem ver com clareza uma
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
manutenção do nível de margem bruta, uma manutenção do nível conquistado em
termos de despesa e, portanto, uma margem EBITDA de 7,2%. A boa notícia é
que, a despeito de um desequilíbrio na estrutura de capital quando se olha a
empresa Sendas, que provoca um resultado financeiro forte, nesse trimestre
Sendas apresenta lucro líquido de R$ 5 milhões. Na página 12, aqui vale um
comentário mais cuidadoso, a questão do Assai. O Assai apresentou uma margem
EBITDA perto de zero, até um pouquinho negativa, 0,3% negativo. A gente tem
até um quadro auxiliar no nosso relatório de administração que acompanhou as
demonstrações financeiras, onde a gente faz uma abertura desses resultados
destacando a operação do Rio de Janeiro das demais lojas. Por quê? Porque nas
demais lojas, considerando ainda as duas lojas do Ceará, o EBITDA foi positivo
em 4,6%. O EBITDA negativo acontece exclusivamente em função relacionada às
lojas do Rio de Janeiro. As lojas do Rio de Janeiro são lojas novas, que foram
inauguradas muito recentemente, e a gente tem por política reconhecer todas as
despesas pré-operacionais e de lançamento da loja no trimestre em que ela
inaugura. Então houve um incremento importante nas despesas em função do
descarregamento dessas despesas pré-operacionais. Agora, importante é que não
tem nada que não havia sido planejado, o Assai vem apresentando resultados
absolutamente de acordo com o que nós planejamos e com a curva esperada de
crescimento, tanto em vendas como em resultado. Isso faz parte de um processo
de construção de marca, que busca construir uma imagem de preço bastante
agressiva para esse segmento de atacarejo. Portanto isso faz parte, está
conforme a gente esperava, é um ramp up que estava planejado e que pega,
quando você corta um trimestre, com a intensificação de um processo de
expansão, isso deve acontecer podendo inclusive acontecer em outros trimestres
para a frente, dependendo do nosso plano de expansão para essa bandeira. Na
página 13, a gente tem, finalizando a análise de resultado, os índices de lucro
líquido. Lucro líquido reportado tem crescimento de 185%. Agora, é claro que
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
neste ano a gente tem os efeitos completos da Lei 11.638. O ano passado, a
despeito de ter sido ajustado pela 11.638, não refletia ainda a reversão da
amortização de ágio por não estar regulado na 11.638. No ano passado não tinha
ainda sido aprovado o CPC 5, que já foi esse ano, então tem esse efeito e tem o
efeito do pro-forma. Então, a gente colocou na página treze os dois gráficos para
que os senhores tenham a informação completa e a melhor análise sobre todos os
pontos de vista. Então, ainda que considerado o efeito cheio da 11.638 no ano
passado e também o efeito pro-forma, que é a reversão dos custos de
reestruturação do 1º tri de 2008, o lucro líquido ainda teria crescido 27,3%. Então,
por qualquer análise a gente atinge um crescimento bom em termos de
lucratividade final. Na página 14, a gente finalmente fala do CAPEX: foi um
trimestre de investimento de R$ 100 milhões contra R$ 123 milhões do ano
passado. Isso resultou, como o Abilio já comentou, na abertura de cinco novas
lojas da bandeira Extra Fácil, que são as nossas lojas de conveniência e é um dos
formatos priorizados no nosso plano de expansão para esse ano. Também houve
a abertura de quatro novas lojas da bandeira Assai e uma nova loja da bandeira
Extra Perto, que veio por conversão de uma loja Compre Bem, além de
investimentos de reforma de várias lojas que aconteceram nesse trimestre. Com
isso, a gente está fechando o trimestre com 600 lojas e com 1.360.000 metros
quadrados de área de vendas. Bom, dessa forma, eu completo aqui os meus
comentários sobre os resultados e eu acho que a gente pode passar para as
perguntas e respostas. Muito obrigado.
Operadora – Obrigada. Agora abrimos a sessão de perguntas e respostas,
pedimos a gentileza que os senhores façam uma pergunta por vez aguardando a
resposta da Companhia. Para fazer perguntas, por favor, pressionem ‘*1’. Nossa
primeira pergunta vem do senhor Gustavo Oliveira, do Citi Group.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Gustavo Oliveira, do Citi Group – Bom dia a todos. Eu tenho três perguntas. Na
primeira pergunta, eu queria entender a variação que você teve no estoque, houve
um aumento de estoque em relação ao 4º tri e também em relação ao 1º tri do ano
passado e eu gostaria de entender se tem algum efeito sazonal em relação à
Páscoa ou se realmente houve alguma deterioração e qual seria o motivo disto. A
segunda pergunta é em relação ao impacto que o IPI está tendo nas suas vendas
no 2º trimestre, se vocês pudessem nos ajudar a entender esse efeito nas vendas
principalmente de não-alimentos. E a última pergunta: eu gostaria de entender
qual seria a base de comparação dos resultados que vocês estão colocando na
Sendas. Eu entendo que vocês converteram algumas lojas, mas se vocês
pegassem os resultados das lojas Assai que tiveram um EBITDA negativo de
menos R$ 5,7 milhões e eu somasse a esses R$ 52,7 milhões, vocês acreditam
que isso é comparável? Eu gostaria de entender esse efeito também.
Enéas Pestana – Gustavo, bom dia, obrigado pelas questões, são boas perguntas.
Bom, a questão do estoque eu vou comentar e depois vou passar para o
Tambasco e eventualmente para o Ramatis completar e trazer mais informações.
O efeito do estoque você já concluiu e concluiu corretamente. O que se tem é uma
questão sazonal, a Páscoa aconteceu no início de abril, portanto a gente encerrou
o trimestre com a Páscoa praticamente toda no estoque, de maneira que esse
aumento no estoque se explica quase que inteiramente por conta deste efeito da
sazonalidade. Eu vou passar para o José Roberto a respeito de IPI e depois eu
volto para responder a última pergunta.
José Roberto Tambasco – Bom dia a todos, bom dia Gustavo. Com relação à
redução de IPI, ela se deu não no eletroeletrônico, mas essencialmente nos
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
eletrodomésticos, geladeiras, fogões, lavadoras. Sem dúvida nenhuma eu acho
que isso trouxe para nós mais uma oportunidade de crescimento nesse setor e no
momento eu acho que o Grupo Pão de Açúcar foi quem primeiro saiu com uma
ação muito forte. A gente recebeu a informação num final de semana e no próprio
final de semana já iniciamos a redução dos preços por conta dessa redução de
IPI, inclusive sobre os nossos estoques. Isso permitiu que a gente não só tivesse o
benefício dessa redução dos impostos, mas saísse na frente da concorrência e
conseguisse, com isso, contribuir para esse aumento de share nesse setor que é
um setor em que a gente já vinha crescendo até acima da média da concorrência.
Nós acreditamos agora que neste momento a gente intensificou esse crescimento,
o impacto é muito favorável, portanto, nas nossas vendas. Com relação a essa
questão do resultado das lojas Sendas convertidas para Assai, é evidente que se
você considerasse o resultado dessas lojas na Sendas Distribuidora no 1º
trimestre, o impacto seria na Sendas Distribuidora. O impacto está no Assai
porque eu estou analisando um outro modelo de loja, é uma bandeira da
Companhia que a gente tem três lojas que foram transformadas em dezembro e,
portanto, elas tem um 1º trimestre ainda fraco de vendas, no 1º trimestre a gente
imagina que nós estamos operando a 50% do potencial de vendas dessas lojas e
carregando três lojas no Rio de Janeiro, que estavam fechadas, para serem
reformadas. Portanto, como o Enéas falou, a gente reconhece essas despesas
pré-operacionais no resultado e sem ainda ter o faturamento e as vendas dessas
lojas. Essas lojas foram inauguradas no final de abril, início de maio e, portanto, a
partir do 2º trimestre a gente deve ter não só um faturamento significativo dessas
lojas mas também um resultado significativamente melhor impactando menos o
resultado da bandeira Assai.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Gustavo Oliveira, do Citi Group – Duas clarificações só. Em relação a essas lojas
Assai novas, vocês falaram que estão operando com 50% do potencial, quando
vocês acreditam que essas lojas devem atingir a maturidade?
José Roberto Tambasco – No Rio de Janeiro, a gente iniciou janeiro muito fraco,
índice de 50% é muito baixo normalmente você entra com 70% do potencial que
você espera de uma loja, mas quando você está entrando com um modelo novo,
até a expectativa nossa é de um período de amadurecimento mais longo, de seis
meses a um ano. No Rio de Janeiro nós estamos tendo uma surpresa muito
agradável. Eu te falei em 50%, nós iniciamos o trimestre com 50%, hoje a gente já
cresceu ao redor de 60% sobre essa base inicial, portanto acho que ainda tem
muito para crescer, mas eu diria que a gente já está em torno dos 70% a 80%, o
que é muito bom porque é um crescimento muito forte logo nos primeiros três,
quatro meses e, confirma pra gente que o modelo Assai no Rio de Janeiro tem tido
uma receptividade por parte do consumidor muito forte. É evidente que numa
cidade como o Rio de Janeiro apenas três lojas é muito pouco para você construir
uma imagem de um novo modelo de loja assim muito rapidamente. A partir de
agora são seis lojas, eu acho que começa a ganhar peso, força para a gente
comunicar ainda mais e até rever o potencial de vendas dessas lojas no Rio de
Janeiro. Eu já diria que, apesar da gente estar talvez em torno dos 70 a 80%, eu já
aumentaria um pouco mais a expectativa de venda para essas lojas para o Rio de
Janeiro. É muito positivo para uma marca.
Gustavo Oliveira, do Citi Group – É bom saber. E em relação ao IPI, também a
clarificação era se vocês estão tendo benefício para as outras categorias, porque
o tráfego nas lojas provavelmente aumenta talvez no curto prazo e se vocês
acreditam que esse tráfego tenha alguma sustentabilidade.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
José Roberto Tambasco – Olha, é claro que você não pode considerar que o
tráfego por si só traga a venda de outros produtos. Evidente que sempre contribui
porque você tem mais gente circulando na loja e isso tudo ajuda, mas eu acho que
tem um fator muito importante nessa mudança de IPI, que é de você quebrar um
pouco aquela cautela do consumidor em adiar a compra para um momento
melhor, imaginando que a crise pudesse se aprofundar. Uma medida como esta
permite que você estimule essa vontade de consumir, que é onde você tem
alguma coisa a mais a oferecer para este consumidor. E você vai quebrando um
pouco essa resistência que pudesse estar havendo em um ou outro consumidor,
de consumir um produto a prazo ou num valor monetário maior. E, para nós, tudo
isso tem trazido uma movimentação na loja em setores que vinham com um pouco
mais de dificuldades e, num momento desses, você dá um estímulo a mais e a loja
como um todo acaba ganhando.
Gustavo Oliveira, do Citi Group – Ok, obrigado.
Juliana Rozenbaum, do Itaú – Olá, bom dia a todos. Eu queria que vocês
detalhassem um pouco mais a criação da nova empresa imobiliária, a gente já
conhece o presidente, mas a partir de quando a gente deve ver a separação do
que é das duas empresas e que tipo de estratégia essa nova empresa deve
seguir. Obrigada.
Enéas Pestana – Juliana, bom dia, é o Enéas, tudo bem? Eu vou responder um
pedaço dessa pergunta e depois eu vou passar para o Caio. Nós estamos
trabalhando na estruturação dessa nova empresa, é claro que num primeiro
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
momento, que pode durar não sei quanto tempo, a grande preocupação é a gente
fazer a segregação deste negócio para que ele possa ser gerido como um negócio
e não mais como uma divisão ou uma área do Grupo Pão de Açúcar que fica
focada em sustentar o crescimento do varejo. Na verdade o que se espera é que
isso seja gerido como um negócio imobiliário, que possa capturar toda a
oportunidade e todo valor que um negócio imobiliário pode trazer. Para isso, nós
estamos fazendo esta segregação via constituição de uma Companhia que será
100% do Grupo Pão de Açúcar, não se prevê neste momento um spin-off ou uma
fusão, uma transação, uma abertura de capital ou qualquer coisa nesse sentido.
Nosso primeiro objetivo é proporcionar sim a segregação disso numa empresa
para que se possa ter todos os instrumentos financeiros e instrumentos de gestão
para subsidiar uma gestão com muito foco nessa captura de valor nesse business
de Real Estate. Isso já está acontecendo, é claro que a gente se preocupa com a
questão societária e a estrutura que possa permitir uma “não-elevação” da carga
tributária para que a gente possa viabilizar isso. Isso está sendo concluído e,
eventualmente, já no início do terceiro tri a gente já tenha isso funcionando, essa é
a nossa meta. Eu vou passar aqui para o Caio para que ele possa continuar a
resposta.
Caio Mattar – Juliana, bom dia. Complementando um pouco o que o Enéas falou,
até hoje o nosso foco sempre foi o varejo, focado em vender, arroz, feijão, batata e
eletroeletrônicos e essa era a nossa meta. Em função disso, durante todos esses
anos nós tivemos um ganho, um grande patrimônio imobiliário, esse patrimônio
imobiliário tem um potencial muito grande de exploração, principalmente agora
com a valorização dos imóveis e com o boom imobiliário que houve até um pouco
antes da crise e que vem voltando. Nós temos um grande potencial de exploração
desses imóveis. Hoje, nós não ocupamos todos os terrenos, nós temos terrenos
notáveis, terrenos maravilhosos, onde nós podemos explorar e trazer um ganho
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
adicional para a Companhia. Em função disso, nós estamos com uma equipe
focada nisso, focada na parte imobiliária, inclusive nos novos investimentos das
novas lojas, nós já estamos visando à construção dessas novas lojas, visando um
futuro desenvolvimento imobiliário possa agregar à operação.
Juliana Rozenbaum do Itaú – Está ótimo, deixa eu só complementar um pouco o
que o Enéas falou. Ele falou que está se estruturando ainda se haverá implicações
fiscais e implicações societárias. Queria só entender esses dois pontos. Em
termos societários, não vai ser 100% da empresa? Então por que há alguma
implicação societária nesse momento? E, na parte fiscal, é ineficiente porque
você vai ter, sendo duas empresas separadas, impostos que incidem duplamente?
E aí como você sairia desse problema, como você conseguiria não pagar esses
impostos?
Enéas Pestana – Oi Juliana, voltei. Não, não tem nenhuma questão societária,
quando eu falei de estrutura societária é a criação da empresa, enfim, zero de
problemas societários exatamente pelo motivo que você já entendeu, que essa
Companhia vai ser uma subsidiária integral do Grupo Pão de Açúcar. Na questão
tributária, o que nós estamos buscando é uma estrutura que possa pelo menos
minimizar um efeito de carga tributária. Quando você separa os negócios e eu
separo os ativos e, a partir daí, o varejo pode vir pagar o aluguel dessa empresa
de Real Estate, a despeito de estar dentro do próprio Grupo, isso pode causar
uma elevação da carga tributária. Nós estamos analisando todas as possibilidades
e alternativas para que, no mínimo, a gente consiga minimizar qualquer efeito de
carga tributária, porque não faria sentido ter esse efeito pra ter essa segregação e
ter essa captura de valor. É isso, eu não vou aqui evidentemente discorrer sobre
as alternativas que nós estamos estudando, eu acho que não seria o caso, mas a
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
gente vai apresentar isso provavelmente quando divulgarmos os resultados do
próximo trimestre, tá bom?
Juliana Rozenbaum, do Itaú – Tá ótimo. Minha última pergunta, ainda em relação
ao Assai: eu queria entender o que tem de planejamento pra frente do Assai no
Rio de Janeiro? Quantas lojas vocês acham que cabe no Rio de Janeiro? E
quantas dessas seriam conversões? E quantas aberturas? E também se existe
hoje o plano de levar o Assai para outros estados? Obrigada.
José Roberto Tambasco – O Assai para nós é prioritário em termos de
crescimento, e a gente deve continuar investindo ainda no Rio de Janeiro que,
como eu disse anteriormente, é uma praça que tem tido uma receptividade a esse
modelo muito grande. Isso pode vir tanto de transformações de lojas que a gente
considere que possam ter melhor performance como Assai do que como Sendas,
como de novas lojas. A gente tem olhado todas essas situações e é sempre na
linha que o Claudio tem colocado, a gente tem tido muito critério na determinação
de pontos e mesmo das transformações de lojas, para que a gente garanta o
sucesso da loja. É evidente que para nós o Rio de Janeiro é um estado muito
importante para continuar crescendo Assai, mas a gente deve manter esse
investimento aqui em São Paulo. Já estamos lá em Fortaleza, queremos fortalecer
a posição do Assai no Nordeste como um todo, mas é evidente que são decisões
estratégicas de definir os novos pontos e comunicando só no momento em que a
gente já está com a loja pronta para funcionar. Mas é prioritário para nós, não só
São Paulo, Rio de Janeiro, Nordeste, Centro Oeste e todas as regiões onde o Pão
de Açúcar já está presente.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Juliana Rozenbaum, do Itaú – Está ótimo, obrigada.
Irma Sgarz, da Goldman Sachs – Boa tarde, eu tenho duas perguntas. Tirando o
impacto das despesas de reestruturação do 1º tri no ano passado, a redução das
despesas operacionais agora no 1º tri fica em torno de 60 basis points. Olhando o
ano passado, você conseguiu uma redução de despesas muito forte e agora,
obviamente, a base de ainda cortar custos sobre isso é um pouco mais difícil,
então eu gostaria de saber se você acha que aquele nível de redução de 60 basis
points é mais ou menos sustentável ao longo do resto do ano ou como você está
vendo isso? Obrigada.
Enéas Pestana – Irma, bom dia, é o Enéas. A gente vem consolidando esse
trabalho do controle de despesas, temos vários mecanismos ainda em
funcionamento como o grupo de caixa, que a gente explicou no passado, que
verifica e questiona toda saída de caixa, aliás, seja para despesas ou seja para
qualquer investimento, e também temos grupos específicos de trabalho que
buscam também a redução das despesas. A gente acredita sim que ainda existe
espaço para redução de despesa, que deve acontecer ao longo deste ano assim
como o 1º trimestre já demonstrou. A gente acredita que ainda é possível sim
reduzir as despesas, ainda existem espaços ou possibilidades de redução na
matriz ou na sede da Companhia, na área corporativa, como nós chamamos, que
podem ainda trazer ganhos originados por melhoria de processos, sinergias, maior
consolidação da central de serviços compartilhados. Nós implantamos o SAP
agora em janeiro em toda a parte financeira, o módulo financeiro que foi
implantado, isso ainda pode refletir em uma economia, de racionalização de
processos, enfim, não é possível neste momento mensurar, mas o nosso trabalho
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
e os nossos diagnósticos indicam que ainda existe espaço ao longo inclusive
deste ano.
Irma Sgarz, da Goldman Sachs – Ok, obrigada. A segunda pergunta, o Claudio já
tocou num ponto que para os novos investimentos você vai querer uma taxa
mínima de retorno. Me lembro que a última vez que você comentou sobre isso
esta taxa ficou em torno de 16%. Então, eu gostaria de saber se isso mudou até
agora e também se tem uma taxa diferente entre os formatos, quer dizer, se a taxa
seria diferente para o formato Assai do que da taxa para Extra Fácil. Obrigada.
Enéas Pestana – Irma, é Enéas de novo. Olha, a nossa taxa de custo médio
ponderado de capital, considerando todos os índices específicos do nosso
segmento, da nossa Companhia, custo de capital próprio, gira em torno de 10%
real, e não nominal. Nosso objetivo é fazer uma elevação disso acima de 15%.
Nosso objetivo de médio, longo prazo, é ter uma taxa interna de retorno real, ou
uma taxa de retorno sobre o capital empregado, acima de 15%. Nossa análise de
viabilidade ou estudo de viabilidade, como dizia agora há pouco o José Roberto,
sempre tem um filtro muito rigoroso no que diz respeito a alavancar o nosso
retorno sobre o capital empregado. A gente de fato está buscando investimentos
que alavanquem esse retorno sobre o capital empregado para que se possa
alcançar o nível bastante superior em relação ao nosso custo médio de capital
ponderado. Existem coisas que contribuem muito para isso como, por exemplo, o
“ponto com”, que tem uma contribuição direta no retorno sobre o capital investido,
porque ele é um negócio de muito pouco capital empregado e alavanca, portanto,
muito retorno. Bandeiras como Assai e Extra Fácil também têm esse poder, por
isso não é à toa que a gente tem priorizado esses investimentos tanto no Extra
Fácil como no Assai e também no “ponto com”, que vem apresentando
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
crescimentos impressionantes. No ano passado, girou três dígitos de crescimento
e esse ano tem girado dois dígitos, sob uma base forte já construída no ano
passado. Então, a sua pergunta é muito boa, o nosso maior trabalho quando se
discute estratégia, metas e objetivo é realmente melhorar sensivelmente o retorno
de capital empregado a serviço do nosso acionista.
Irma Sgarz, da Goldman Sachs – Perfeito, obrigada.
Luiz Cesta, do Banco Espírito Santo – A pergunta é com relação à estratégia
comercial que vocês tiveram nesse 1º trimestre. Como vocês já haviam falado que
iam procurar ganhar market share através da combinação de promoções com mix
de produtos, vocês informaram que nesse trimestre vocês tiveram uma redução de
0,2 ponto percentual na margem bruta com essa combinação de promoções e mix
de produtos. Então, eu queria entender se a gente pode esperar esse patamar se
mantendo para os próximos trimestres ou existe uma certa dependência entre o
quanto vocês conseguem reduzir de despesas para aplicar em novas promoções?
Eu queria que vocês explicassem um pouco como a gente pode estimar esse tipo
de evolução em termos de redução de margem bruta com combinação de
despesas operacionais um pouco mais baixas.
Ramatis Rodrigues – Luiz, é Ramatis, tudo bem? Em relação a esse ponto, a
tendência é de manutenção dessa estratégia comercial. Nós conseguimos desde
o trabalho forte em 2008 uma parceria muito forte com os fornecedores. Hoje
temos planos estruturados com os fornecedores de desenvolvimento de negócios,
já com uma visão futura, inclusive dos próximos trimestres. Então, a tendência é a
manutenção destas ações promocionais com consistência e alinhadas às
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
estratégias das bandeiras. A gente percebe que essa estratégia realmente tem
sido vencedora e nós vamos continuar com esse ritmo em crescimento de venda.
Luiz Cesta, do Banco Espírito Santo – Está ok. Eu tenho só uma outra dúvida que
na verdade é um pouco mais conceitual, com relação à substituição tributária.
Vocês colocam nos resultados os impactos que estes provocam na margem bruta,
mas eu queria saber se ainda existe algum impacto no percentual de despesas
com relação às vendas líquidas, porque eu entendo que existe uma variação
também da receita líquida, não é? Quando você passa a colocar alguma parte dos
impostos que entraram de deduções de receita bruta em custos, isso
provavelmente deve aumentar um pouco a sua receita líquida com um efeito
inverso nos custos, e talvez quando a gente vê esta redução de 1,2 pontos
percentuais nas despesas operacionais totais, isso talvez esteja subestimado. Eu
queria só saber se vocês confirmam isso ou não.
Enéas Pestana – Luiz, bom dia. O que acontece não é um efeito apenas para a
Companhia, é um efeito que todas as companhias que fazem venda desses
produtos sujeitos a esse regime estão sofrendo. Esse efeito, na verdade, afeta
toda a análise vertical, na medida em que ele afeta a base 100, não é? Como você
faz o cálculo baseado na venda líquida, se você tem aumento da venda líquida
provocado por uma quase que reclassificação do imposto que estava na linha do
imposto sobre venda, e passa a impactar integralmente em custo da mercadoria
vendida. Isso dá um efeito de aumento da venda líquida, que é a base 100 para a
análise vertical, portanto afeta todas as análises verticais, consequentemente. A
gente normalmente cita o lucro bruto por ser uma linha muito sensível e que é
analisada quase que exclusivamente pela margem e não pelo seu valor. É claro
que a despesa também tem efeito e assim como todas as outras linhas que você
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
faz por percentual em relação a essa venda líquida, o que ocorre é que o efeito na
margem é maior do que o efeito na despesa. Se eu fosse fazer um pro-forma,
considerando ou desconsiderando esse efeito da ST, por exemplo, a margem
EBITDA ainda seria maior do que o que se apresenta. Então, a despesa é sim um
pouco maior, mas ela é menor do que o efeito na margem bruta. Portanto, eu teria
um efeito positivo no meu EBITDA, de maneira que você pode fazer esta análise
considerando ou desconsiderando esse efeito na venda líquida, e você pode ver
isso. Eu não diria superestimado 1,2 p.p. porque na verdade não é só por aí que a
gente demonstra o efeito da redução da despesa. Mas isso pode ser, se numa
análise rápida pode trazer esse efeito, em geral o efeito na despesa é algo ao
redor de 0,3 pontos percentuais. Então, se você considerar 1,2 p.p., você ainda
teria 0,9 p.p. ou 1 ponto percentual de redução da despesa.
Luiz Cesta, do Banco Espírito Santo – Ok, obrigado.
Operadora – Encerramos nesse momento a sessão de perguntas e respostas.
Gostaria de voltar a palavra à Companhia para as considerações finais.
Claudio Galeazzi – É Claudio Galeazzi, muito bom dia a todos, muito obrigado
pela participação de vocês, esperamos que tenhamos respondido as perguntas,
as dúvidas e os questionamentos, mas nos colocamos todos nós à disposição de
qualquer um de vocês na medida em que solicitarem maiores esclarecimentos e a
Daniela Sabbag está à disposição para coordenar esses eventuais encontros e
chats, onde a gente possa esclarecer ainda dúvidas que possam pairar. Muito
obrigado, um bom dia e até uma próxima oportunidade.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 1T09 Grupo Pão de Açúcar 13 de Maio de 2009
Operadora – Obrigada. A teleconferência de resultados do Grupo Pão de Açúcar
está encerrada. O departamento de Relações com Investidores do Grupo esta à
disposição para responder as demais dúvidas e questões. Agradecemos a
participação de todos e tenham uma boa tarde.