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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Departamento de Ciência dos Alimentos Bacharelado em Química de Alimentos Disciplina de Seminários Riscos de contaminação microbiológica em queijos Denise Hentges

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASDepartamento de Ciência dos AlimentosBacharelado em Química de Alimentos

Disciplina de Seminários

Riscos de contaminação microbiológica em queijos

Denise Hentges

Pelotas, 2008.

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DENISE HENTGES

RISCOS DE CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM QUEIJOS

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Bacharelado em Química de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas como requisito parcial da Disciplina de Seminários.

Orientadora: Carla Mendonça

Pelotas, 2008.

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Dedicatória

Aos meus pais que me ensinaram os valores da vida, o reconhecimento pelo esforço humano...

Aos mestres, amigos e colegas de faculdade e a minha irmã Andréa, pelo incentivo constante na busca de melhorias desta revisão bibliográfica...

A todos o meu carinho e a minha gratidão.

Denise Hentges

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“Feliz aquele que transfere o que

sabe e aprende o que ensina.”

Cora Carolina.

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HENTGES, Denise. Riscos de contaminação microbiológica em queijos. 2008.

41f. Trabalho Acadêmico - Graduação em Química de Alimentos. Universidade

Federal de Pelotas, Pelotas.

Resumo

A manipulação inadequada e exposição ao meio ambiente aumentam o risco de

contaminação do produto oferecido ao consumidor, o que torna importante sua

avaliação microbiológica. Embora as estatísticas brasileiras sejam precárias,

acredita-se que a incidência de doenças microbianas de origem alimentar em nosso

país seja bastante elevada. Os produtos derivados do leite, entre eles os queijos, por

serem perecíveis, devem ser produzidos com matéria-prima de boa qualidade e

submetidos a um eficiente controle em todas as etapas de processamento, incluindo

as dentro do laticínio, o transporte, o armazenamento e a comercialização

adequada, a fim de se evitar as toxinfecções alimentares para a população. Além

dos microrganismos desejáveis, pode-se encontrar no leite cru uma série de outros

elementos que podem alterar o leite e seus derivados ou causar doenças a quem os

consumir. Com isso, em toda a indústria de laticínios, a limpeza é a base do sucesso

e na fabricação de queijo, o segredo do êxito reside exatamente na higiene. Os

princípios envolvidos na conservação de alimentos são: prevenção ou retardamento

da decomposição microbiana, a prevenção ou retardamento da autodecomposição

do alimento ou ainda a prevenção de injúrias provocadas por insetos, outros

animais, causas mecânicas, etc. Por estes motivos, os queijos devem ser

inspecionados em todas as fases de seu processamento, por órgão governamental,

visando à eliminação dos riscos à saúde do consumidor, bem como prevenir ou

retardar o surgimento de alterações indesejáveis nos mesmos.

Palavras-chave: Queijo. Contaminação. Microrganismos. Toxinfecção.

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Lista de figuras

Figura 1. Processo geral de elaboração de queijo.....................................................14

Figura 2. Contagem de coliformes termotolerantes...................................................25

Figura 3. Escherichia coli...........................................................................................25

Figura 4. Staphylococcus spp....................................................................................26

Figura 5. Crescimento de Staphylococcus.................................................................27

Figura 6. Salmonella spp............................................................................................28

Figura 7. Crescimento de Salmonella em ágar XLD.......................................................28

Figura 8. Listeria monocytogenes....................................................................................30

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Lista de tabelas

Tabela 1. Comparação entre a composição do leite, queijo mole e queijo duro

(por quilo)...................................................................................................................14

Tabela 2. Tempo médio de maturação de vários

queijos...........................................18

Tabela 3. Padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação brasileira para

queijos........................................................................................................................35

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Sumário

1Introdução.................................................................................................................92 Queijos: uma visão geral......................................................................................103 Histórico.................................................................................................................114 Elaboração de queijos..........................................................................................135 Ocorrência de contaminação...............................................................................196 Importância dos microrganismos nos alimentos...............................................226.1 Microrganismos..................................................................................................236.2 Microrganismos indicadores.............................................................................236.3 Características dos contaminantes em queijos..............................................246.3.1 Coliformes termotolerantes e Escherichia coli............................................246.3.2 Estafilococos coagulase positiva..................................................................266.3.3 Salmonella........................................................................................................276.3.4 Listeria monocytogenes.................................................................................297 Controle do desenvolvimento microbiano nos alimentos................................318 Legislação..............................................................................................................338.1 Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos...338.1.1 Planos de amostragem...................................................................................338.1.2 Tipos de plano.................................................................................................338.1.3 Considerações sobre os grupos de microrganismos pesquisados..........348.1.4 Conclusão e interpretação dos resultados das análises microbiológicasde alimentos destinados ao consumo humano....................................................369 Conclusão..............................................................................................................3710 Referências..........................................................................................................38

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1 Introdução

Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha

completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas

e descansadas. O leite de outros animais deve denominar-se segundo a espécie de

que proceda (BRASIL, 2002).

É de se esperar, portanto, uma grande preocupação em assegurar a

integridade e a qualidade intrínseca do leite e dos produtos lácteos destinados ao

consumo humano (FAGUNDES & OLIVEIRA, 2004).

A qualidade do leite assume destacada importância também sob o ponto de

vista de Saúde Pública. Embora não existam estatísticas disponíveis sobre o

assunto no país, são freqüentes os casos de doenças associadas ao consumo de

leite cru ou de derivados produzidos com leite contaminado com microrganismos

patogênicos. Contribui para isto, entre outras causas, o fato de mais de 44% do leite

consumido no país ser proveniente do mercado informal (ANUÁRIO

MILKBIZZ,1999), ou seja, comercializado sem qualquer tratamento térmico ou

controle laboratorial (FAGUNDES & OLIVEIRA, 2004).

Dentre os produtos derivados do leite, o queijo é considerado um veículo

freqüente de patógenos de origem alimentar e, em especial, os queijos frescos

artesanais por serem, na maioria das vezes, elaborados a partir de leite cru e por

não sofrerem processo de maturação. A contaminação microbiana desses produtos

assume destacada relevância tanto para a indústria, pelas perdas econômicas,

como para a saúde pública, pelo risco de causar doenças transmitidas por alimentos

(FEITOSA et al. 2003).

O trabalho teve por objetivo realizar uma revisão bibliográfica com relação

aos riscos de contaminação microbiológica em queijos, tomando por base a

legislação.

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2 Queijos: uma visão geral

Os produtos derivados do leite, entre eles os queijos, por serem perecíveis,

devem ser produzidos com matéria-prima de boa qualidade e submetidos a um

eficiente controle em todas as etapas de processamento, incluindo as dentro do

laticínio, o transporte, o armazenamento e a comercialização adequada, a fim de se

evitar as toxinfecções alimentares para a população (FURTADO, 1990).

A qualidade dos produtos lácteos incentiva a aceitação e demanda dos

consumidores. A elaboração de queijos constitui uma das mais importantes

atividades na indústria de laticínios, sobretudo, nas regiões sul e sudeste do Brasil,

cuja produção se concentra principalmente em indústrias de pequeno e médio porte

(PINTO et al., 1996). Isso se deve, em parte, ao maior rendimento obtido na

elaboração desses queijos, ao processamento simples que requerem, o que

possibilita um retorno rápido do investimento e, conseqüentemente, custos menores

aos consumidores (BEHMER, 1984; PINTO et al., 1996).

Segundo o Ministério da Agricultura do Abastecimento e da Reforma Agrária

entende-se por queijo o produto fresco ou maturado obtido por separação parcial do

soro do leite ou leite reconstituído (integral, parcial, ou totalmente desnatado), ou de

soros lácteos coagulados pela ação física do coalho, de enzimas específicas, de

bactérias específicas, de ácidos orgânicos, isolados ou combinados, todos de

qualidade aceitável para o uso alimentar, com ou sem agregação de substâncias

alimentícias e/ou condimentos, aditivos especificamente indicados, substâncias

aromatizantes e corantes (BRASIL, 1996).

O queijo é um alimento de grande comercialização, apresentando vantagens

do ponto de vista tecnológico por ser um produto de fácil aceitação, possuir elevado

rendimento na fabricação, o que implementa o seu escoamento e distribuição no

mercado (FURTADO, 1990).

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3 Histórico

Não se sabe ao certo quando se começou a elaborar queijo, mas acredita-se

que tenha sido nos férteis vales dos rios Tigres e Eufrates há cerca de 8000 anos.

Provavelmente, o queijo e os leites fermentados tenham surgido acidentalmente ao

se armazenar o leite em recipientes feitos com estômagos de ruminantes. No leite

assim contido, horas depois, ocorria a coagulação; e se soro fosse drenado, restava

uma massa compacta que podia ser consumida fresca ou armazenada para ser

consumida dias ou meses depois. Desse modo, a partir de uma matéria-prima

altamente perecível, o leite, obtinha-se um alimento muito nutritivo, com

características sensoriais muito apetecíveis. Com o tempo, o homem observou que o

extrato procedente do estômago dos ruminantes jovens era o responsável pela

coagulação do leite, o que levou à preparação do coalho para elaborar o queijo de

forma dirigida (PEREDA et al., 2005).

Já Behmer (1984) se refere a alguns relatos que contam que a fabricação de

queijos nasceu com a domesticação de animais francamente produtores de leite.

Naturalmente, houve que, certa ocasião, pessoas obtiveram na ordenha mais leite

que o necessário; a sobra foi deixada em depósito para consumo posterior. Grande

foi à surpresa ao verificar que o leite deixara de ser leite para transformar-se em

coágulo e soro, não menor teria sido ao verificarem que o leite adquirira

propriedades novas, perfeitamente aproveitáveis. A coalhada assim obtida,

separada do soro, e salgada, constitui o queijo primitivo, simples. Desse, até os tipos

mais finos, conseguidos modernamente, a evolução foi muita lenta.

O queijo pode constituir um índice de progresso de um povo, assim quanto

mais evoluída uma região, quanto maiores os recursos de que dispõe, mais finos,

constantes e atraentes serão os queijos pelo seu aspecto, gosto, aroma e

apresentação. A tendência constante era a obtenção de tipos de queijos de maior

valor nutritivo, ao mesmo tempo em que se melhorava o gosto. Portanto, a linha

seguida pelos produtores sempre se manteve dentro dessas condições (BEHMER,

1984).

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Segundo Pereda et al. (2005), uma vez conhecido o processo de fabricação

de queijo, ele difundiu-se por todas as civilizações antigas localizadas no Oriente

Médio. Os egípcios fabricavam queijos, pois estes foram encontrados em tumbas,

particularmente na de Tutankamóm (1500 a.C.), descoberta intacta em 1924. Há

igualmente numerosas referências ao queijo no Antigo Testamento e nos escritos

gregos. No Império Romano, era um alimento muito apreciado, e sua tecnologia era

razoavelmente bem conhecida, como demonstravam os escritos do século I de

Plínio, de Varro e, sobretudo, de Columella que, em seu tratado De Re Rústica,

descreve de forma detalhada o processo de fabricação do queijo.

Posteriormente as grandes emigrações de povos após a queda do Império

Romano contribuíram para difundir o modo de fabricar queijo, como também, na

Idade Média, os deslocamentos realizados nas Cruzadas e a peregrinações a outros

lugares sagrados (PEREDA et al., 2005).

Assim, ao longo dos tempos, o queijo evoluiu até os que conhecemos hoje, e

se tornou um produto de consumo de eleição com apreciadores espalhados pelos

quatro cantos do mundo.

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4 Elaboração de queijos

A elaboração de queijo era feita de forma artesanal até bem pouco tempo, e

em muitas regiões ainda é assim. Enquanto não se conseguiu identificar os

fenômenos microbiológicos e bioquímicos, não foi possível introduzir mudanças na

tecnologia para controlar o processo e obter um produto normalizado. Contudo,

ainda restam muitas lacunas, sendo necessárias mais pesquisas, sobretudo acerca

de variedades que não são muito difundidas e cuja produção está centrada em

regiões geográficas relativamente pequenas (PEREDA et al., 2005).

Segundo Tronco (1996), o queijo é considerado uma conserva obtida pela

coagulação do leite e por acidificação e desidratação da coalhada. É uma

concentração de sólidos do leite com adição de outros aditivos como:

- o coalho para obter a coagulação do leite;

- os fermentos bacterianos para a acidificação da coalhada;

- o cloreto de sódio e cloreto de cálcio.

O queijo é um produto vivo. Quando bem elaborado com bons fermentos

bacterianos para a acidificação da coalhada, o queijo se conserva durante longo

tempo, sem necessidade de se adicionar nenhum conservante. É um produto de

elevado valor nutritivo com grande concentração de proteínas, sais minerais e

vitaminas, assim como é rico em fósforo e cálcio (TRONCO, 1996). Na seqüência

pode-se analisar as diferenças quanto ao valor nutritivo entre dois tipos de queijo,

comparando-os também com a média do conteúdo nutricional do leite (Tabela 1).

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Tabela 1. Comparação entre a composição do leite, queijo mole e queijo duro (por quilo)

LEITE QUEIJO MOLE QUEIJO DURO

ÁGUA 870g 500g 350g

GORDURA 40g 240g 315g

PROTEÍNAS 35g 205g 275g

CARBOIDRATOS 48g 25g 25g

SAIS MINERAIS 7g 20g 25g

SAL DE COZINHA ---- 10g 10g

VITAMINAS ABDEK ABDEK ABDEK

Obs: estas cifras de transição podem variar de acordo com o queijo.

Fonte: Tronco (1996).

A técnica de elaboração dos queijos e seu consumo variam radicalmente

nas diferentes regiões do universo, segundo fatores tais como: históricos,

geográficos e econômicos. Para cada um dos diferentes tipos de queijos que se

deseja elaborar são necessários determinados cuidados e operações diferenciadas,

porém, existem dois fenômenos que se fazem presente em todos os queijos: a

coagulação e a maturação (TRONCO, 1996).

A Figura 1 apresenta o esquema do processo geral da elaboração de queijo.

Figura 1. Processo geral de elaboração de queijo.

Fonte: Pereda (2005).

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Segundo Pereda et al. (2005), o leite que se utiliza normalmente é o de

vaca, mas também pode-se utilizar leite de ovelha, de cabra, de búfala. A maioria

das variedades de queijo é fabricada com leite integral e em todo caso, este deve

ser de boa qualidade microbiológica e deve ser isento de agentes inibidores.

Outro fator a considerar é a pasteurização do leite, a fim de destruir

microrganismos que podem causar doenças ao homem. A pasteurização permite

uma série de vantagens como: queijos de melhor qualidade, uniformes, com

menores possibilidades de defeitos, melhor sabor e ainda maior segurança ao

consumidor em termos de saúde (TRONCO, 1996), apesar de ser opcional, se o

período de maturação do queijo for superior a 2 ou 3 meses, pois admite-se que

microrganismos patogênicos não sobrevivam após esse tempo (PEREDA et al.,

2005).

O leite contém naturalmente bactérias lácticas que na sua maioria são

destruídas na pasteurização, por isso devem ser repostas ao leite após

pasteurização a fim de se obter as características desejáveis: sabor uniforme e

agradável, ajudam na coagulação, dão textura adequada ao queijo, ajudam a

combater bactérias nocivas e indesejáveis. As espécies mais utilizadas são do

gênero Streptococcus e Leuconostoc (TRONCO, 1996).

Outra opção é inocular o cultivo iniciador no leite sem pasteurizar. Assim, a

microbiota láctica majoritária será incluída no cultivo iniciador. Sendo que a adição

do cultivo iniciador é uma das etapas-chave da elaboração do queijo. É nesse

momento que se criam as condições para produzir queijos moles, onde é necessário

acumular ácido láctico antes da formação da coalhada ou queijos duros, onde

passa-se rapidamente à coagulação do leite (PEREDA et al., 2005).

Quanto à formação da coalhada que é uma operação que consiste na

adição de coalho para obter a coagulação das proteínas. A coagulação do leite que

pode ser de dois tipos: coagulação ácida que é resultado da adição de substâncias

que fazem baixar o pH do leite (aumentando a acidez) ou ainda pela fermentação de

microrganismos dando como resultado a produção de ácido láctico ou outros ácidos

que em contato com o leite provocam a precipitação ou coagulação do mesmo e

coagulação enzimática que é a mais comum e geralmente se obtém pelo uso do

coalho, um elemento de origem animal, extraído do estômago dos mamíferos

durante o período de alimentação láctea. Quimicamente, é uma enzima chamada de

renina ou quimosina. As temperaturas consideradas ideais para que ocorra a

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coagulação do leite estão entre 28 e 37ºC; as temperaturas baixas inativam o coalho

e as elevadas, superiores a 45ºC, destroem a enzima do coalho (TRONCO, 1996).

No processo de coagulação, a caseína se separa dos demais elementos do

leite, originando um corpo sólido chamado de coalhada e separando-se um líquido

esverdeado conhecido como soro, que também possui algumas partículas sólidas.

Se adicionarmos muito coalho ao leite a coagulação é muito rápida, a coalhada é

muito dura, o grão dessora mal e o queijo pode ficar com sabor amargo. Ao contrário

quando a quantidade de coalho é pequena, a coagulação é lenta se esfria

rapidamente e se perde muito tempo para elaboração do queijo. Além disso, existem

perdas de proteínas as quais escapam ao soro na forma de finas partículas dando

menor rendimento ao queijo. Em média, a formação da coalhada leva de 30 a 40

minutos; na prática se conhece este passo como de corte da coalhada (TRONCO,

1996).

O corte da coalhada consiste em dividir o coágulo em partes iguais a fim de

facilitar a expulsão do soro (PEREDA et al., 2005). Para se fabricar queijos moles,

que possuem bastante umidade, é preciso cortar o bloco de coalhada em grãos

grandes. Ao contrário, para queijos tipo duros, com pouca água no interior da

massa, os grãos devem ser pequenos (TRONCO, 1996).

Em todas as situações, o corte da coalhada deve ser feito cuidadosamente

em função da fragilidade do coágulo (PEREDA et al., 2005).

Após a separação da coalhada, o trabalho que se realiza a partir desta etapa

é que fará com que um queijo seja diferente do outro. Em alguns queijos se agita, se

deixa em repouso e assim sucessivamente, em outros se retira parte do soro,

adiciona-se água aquecida; em outras variedades vai se subindo gradualmente a

temperatura e assim por diante. Todos estes tratamentos, aliados a outros anteriores

ou posteriores é que nos trarão a imensa variedade de queijos (TRONCO, 1996).

Por exemplo, a cocção da coalhada consiste no tratamento térmico que se aplica às

porções de coalhada obtidas durante seu corte. A temperatura afeta profundamente

a expulsão do soro, sendo mais intensa quando ela se eleva, pois favorece a

formação de ligações intermicelares com a conseqüente retração do coágulo.

A agitação da coalhada realiza-se mediante movimento contínuo de

lactossoro, em que os grãos de coalhada obtidos durante o corte encontram-se em

suspensão. Essa operação se faz necessária para evitar a aglomeração e a

sedimentação das partículas de coalhada.

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A próxima etapa consiste no dessoramento da coalhada, que tem por

objetivo retirar o soro da coalhada e sua intensidade depende do tipo de queijo. Já a

moldagem da coalhada, consiste em dar a forma ao queijo, dependendo do tipo de

cada variedade e simultaneamente se submetem os queijos ao processo de

prensagem para retirar o restante do soro. A prensagem deve ser muito suave no

início e após pode ser aumentada gradualmente (TRONCO, 1996). Assim a

coalhada se une fortemente, resultando em uma massa bem firme (PEREDA et al.,

2005).

O processo da salga é realizado em todas as variedades em algum

momento da fabricação. Sua finalidade é potencializar o sabor, o crescimento das

bactérias desejáveis, inibir o crescimento das indesejáveis, e favorecer as mudanças

físico-químicas da coalhada. A quantidade de sal que passa ao queijo depende do

seu tamanho, do tempo, da temperatura de exposição e da concentração de

salmoura. Em qualquer caso, o sal difunde-se lentamente dentro dele até alcançar o

equilíbrio (PEREDA et al., 2005).

E por fim a maturação do queijo, que varia de acordo com o tipo de queijo

que se está elaborando. Durante este processo é que modificam-se as

características físicas e químicas dos queijos que contribuem para dar ao queijo o

aroma, a consistência e a textura característicos de cada variedade. Este processo é

regulado pelas condições de tempo, temperatura e umidade relativa definidas. Os

valores desses três parâmetros dependem do tipo de queijo e, em algumas

variedades, também podem diferir, sobretudo no tempo de maturação, no caso, por

exemplo, dos queijos mais duros requerem maiores tempos de maturação (PEREDA

et al., 2005; TRONCO, 1996). Na Tabela 2 relatam-se alguns valores médios de

tempo de maturação.

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Tabela 2. Tempo médio de maturação de vários queijos

Tipo Maturação média – meses

Parmesão (Reggiano) 14

Cheddar 3-6

Suíço 2-6

Prato 1

Minas Curado 1

Gouda 1

Camembert 3 semanas

Fonte: Tronco (1996).

Após o processo de maturação, os queijos estão prontos para venda ou

consumo.

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5 Ocorrência de contaminação

Segundo Balbani & Butugan (2001), a alimentação tem sido motivo de

preocupação em todos os países nas últimas décadas. Com a globalização, ficaram

mais evidentes os problemas relativos à qualidade dos alimentos para consumo

humano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem alertado para a necessidade

de se coibir a contaminação de alimentos por agentes biológicos com potencial de

causar danos à saúde. Há vários motivos que explicam a persistência ou até o

aumento da contaminação dos alimentos. Os criadores usam antimicrobianos para

auxiliar na engorda de aves e suínos para consumo humano. Essa conduta, embora

vantajosa do ponto de vista econômico, tem sido responsável pela emergência de

cepas resistentes de bactérias patogênicas, como é o caso de Campylobacter jejuni

e Salmonella typhimurium resistentes a quinolonas.

O empobrecimento gradual da população dos países subdesenvolvidos fez

proliferar o consumo de alimentos preparados e vendidos nas ruas. A pressão

socioeconômica acentuou o fenômeno em certos locais. Com o aumento do

desemprego, a venda de comida de rua tornou-se a única oportunidade de trabalho

para muitos brasileiros. Isso explica o elevado contingente de vendedores

ambulantes.

Contudo, os limitados hábitos de higiene da maioria dos vendedores

ambulantes, a falta de áreas adequadas para descarte do lixo e de sanitários

públicos nos locais de venda, a ausência de água potável e de refrigeração dos

alimentos, favorecem a contaminação e deterioração dos alimentos comercializados

nas ruas. Outro fator de contaminação alimentar hoje presente na economia

globalizada é a facilidade de distribuição de alimentos industrializados, o que inclui a

livre importação. Isto possibilita rápida e extensa contaminação alimentar. O

problema tem-se mostrado mais significativo pelo aumento de resistência destas

bactérias aos antibióticos (BALBANI & BUTUGAN, 2001).

O leite merece atenção especial, pois é um excelente meio de cultura para

os microrganismos devido a suas características intrínsecas, com alta atividade de

água, pH próximo ao neutro e riqueza de nutrientes, por isso é altamente perecível

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além de ser largamente consumido pela população, sobretudo pelas crianças; este

fato justifica a atenção dos responsáveis pela fiscalização sanitária. As infecções

podem resultar da ingestão do leite in natura contaminado por bactérias ou pode

haver contaminação posterior como durante o transporte até as usinas de

pasteurização, no entreposto após a pasteurização ou durante a manipulação pelo

próprio consumidor (BALBANI & BUTUGAN, 2001; FRANCO & LANGRAF, 2005).

Os derivados do leite também podem sofrer contaminação durante seu

processo de fabricação, dentre estes deve ser observado que os queijos são os

derivados mais suscetíveis à contaminação, dado o método de sua fabricação, com

vários processos envolvidos como pasteurização do leite, coagulação, corte do

coágulo, dessoragem, enformagem, salga, maturação (quando necessário) e

embalagem (BALBANI & BUTUGAN, 2001).

A contaminação microbiana de queijos assume destacada relevância para a

indústria, ao se considerar as alterações sensoriais que pode acarretar nos

produtos, bem como o risco de veiculação de agentes de toxinfecções alimentares.

As bactérias do grupo coliforme são consideradas como os principais agentes

contaminantes associados a deterioração de queijos, causando fermentações

anormais e estufamento precoce dos produtos. Deve-se destacar, também, que a

contagem destes microrganismos, sobretudo os de origem fecal, indica as condições

de higiene em que os queijos foram processados. Contudo, diversos estudos têm

reportado a ocorrência de microrganismos patogênicos, entre os quais

Staphylococcus aureus e Salmonella spp, em queijos distribuídos para consumo,

particularmente os de massa crua, o que evidência a importância do controle da

qualidade destes produtos (OLIVER et al., 2008).

Vários estudos (BASTOS et al., 2001; NASSU et al., 2000; PAIVA &

CARDONHA, 1999) sobre a qualidade microbiológica de queijo de coalho relataram

ocorrência de microrganismos patogênicos e contagens de microrganismos

deterioradores em números que excedem, às vezes, os limites estabelecidos pela

legislação (BRASIL, 2003). Dentre as bactérias patogênicas detectadas, destacam-

se, Staphylococcus aureus, Salmonella e Listeria monocytogenes.

A presença de Salmonella em queijo de coalho tem sido relatada em

algumas pesquisas (FLORENTINO & MARTINS, 1999; NASSU et al., 2000; PINTO

et al., 1996), o que ressalta a importância do controle de qualidade microbiológica do

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produto, visto que a legislação brasileira (BRASIL, 2003) estabelece ausência desta

bactéria em alimentos.

Apesar da importância da ocorrência de Listeria monocytogenes em

produtos lácticos (RUDOLF & SCHERER, 2001), existem poucos estudos sobre sua

incidência em queijos produzidos no Brasil. Segundo Souza (2002), este detectou

baixa incidência (1,4%) desse microrganismo em 70 amostras de queijo de coalho

artesanal comercializado em Fortaleza-CE, enquanto Silva, Hofer e Tibana (1998)

constataram alta incidência (41,17%) em queijo minas frescal artesanal.

Dessa forma, cada vez mais a preocupação com a segurança dos alimentos

tem ganhado maior importância, à medida que os países implementam exigências e

se obrigam a harmonizar procedimentos que balizam o comércio internacional

(VILELA et al., 2002).

Assim, a segurança alimentar necessária à comercialização e consumo de

queijos deve ser observada e mantida, sem que com isto se modifique o processo

histórico de fabricação, o que mudaria a característica sensorial do produto

(MARTINS et al., 2004). Em toda a indústria de laticínios, a limpeza é à base do

sucesso e na fabricação de queijo, o segredo do êxito reside exatamente na higiene

(BEHMER, 1984).

21

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6 Importância dos microrganismos nos alimentos

Segundo Franco & Langraf (2005), é impossível determinar exatamente

quando, na história da humanidade, o ser humano tomou conhecimento de

existência de microrganismos e da sua importância para os alimentos. Após um

período no qual o homem tinha sua alimentação baseada apenas nos abundantes

recursos da natureza, este passou a plantar, criar animais e produzir o seu próprio

alimento. Com o surgimento de alimentos preparados, começaram a ocorrer os

problemas relacionados com doenças transmitidas pelos alimentos e com rápida

deterioração devido, principalmente, à conservação inadequada dos alimentos.

As principais fontes de contaminação destes microrganismos são o solo, a

água, utensílios, trato intestinal do homem e dos animais, manipuladores de

alimentos, ar, pó, pele de animais, entre outras (FRANCO & LANGRAF, 2005).

Com o crescimento dos serviços de alimentação coletiva, observa-se que os

alimentos ficaram mais expostos a uma série de perigos ou oportunidades de

contaminações microbianas associados a práticas incorretas de manipulação e

processamento (ALMEIDA et al., 1995).

Os progressos realizados no sentido de se compreender a natureza das

doenças causadas pelos alimentos foram sempre bastante lentos. A importância da

limpeza e da higiene na produção de alimentos demorou muito para ser

reconhecida. Foi somente por volta do século XIII, na Europa, que surgiram as

primeiras normas de inspeção de carnes e de abatedouros de animais. Apesar da

importância das contribuições de vários indivíduos, foi o médico francês L. Pasteur o

primeiro cientista a compreender a papel dos microrganismos nos alimentos. Em

1837, ele demonstrou que o azedamento do leite era provocado por microrganismos,

e, em 1860, empregou o calor para destruir microrganismos indesejáveis em

alimentos. Este processo utilizado atualmente denomina-se pasteurização (FRANCO

& LANGRAF, 2005).

22

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6.1 Microrganismos Quando se elabora um queijo ou outros fermentados a partir de um leite

pasteurizado, a pasteurização elimina quase todos os microrganismos desejáveis no

leite e a totalidade dos microrganismos indesejáveis. Por isto, neste caso, se

adiciona ao queijo “fermentos” que são microrganismos desejáveis e vão auxiliar na

produção de um produto de boa qualidade. Já quando se elabora um queijo a partir

de leite cru corre-se um risco de obter um produto de qualidade ou não, dependendo

do material utilizado e dos possíveis microrganismos que podem estar presente no

leite (TRONCO, 1996).

As formas de contaminação do leite e derivados que mais preocupam do

ponto de vista da saúde pública são as contaminações com medicamentos e com

microrganismos. Sendo que a presença de microrganismos no leite ou de suas

toxinas representam riscos à saúde do consumidor principalmente pela possibilidade

de distúrbios digestivos e pela redução do valor nutricional do leite devido à ação

microbiana (VILELA et al., 2002).

Além dos microrganismos desejáveis, pode-se encontrar no leite cru uma

série de outros elementos que podem alterar o leite ou causar doenças no homem

que o consumir, como exemplo tem se o grupo dos coliformes (que causam

acidificação do leite), os esporulados (Bacillus e Clostridium) que podem causar

coagulação do leite, produção de grande quantidade de gás e defeitos nos queijos.

Por isso, é sempre muito importante fazer a pasteurização do leite, pois por meio

deste tratamento pode-se garantir a eliminação dos microrganismos indesejáveis

que podem vir a causar problemas de saúde ao homem (TRONCO, 1996).

6.2 Microrganismos indicadoresMicrorganismos indicadores são espécies ou grupos de microrganismos cuja

avaliação irá fornecer informações sobre as condições higiênico-sanitárias do

processamento e armazenamento, possível presença de microrganismos

patogênicos e indicação da potencial deterioração do alimento (HAJDENWURCEL,

1998).

Alguns critérios devem ser considerados na definição de um microrganismo

ou grupo de microrganismos como indicadores como, por exemplo, deve ser de

rápida e fácil detecção; não deve estar presente como contaminante natural do

alimento, pois assim sua detecção não indicará, necessariamente, a presença de

23

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matéria fecal ou dos patógenos; deve ser facilmente distinguível de outros

microrganismos da microbiota do alimento; deve ter velocidade de morte que seja ao

menos semelhante à do patógeno, ou estar presente em quantidades mínimas; deve

estar presente quando o patógeno associado estiver; seu número deve se

correlacionar com o do patógeno; deve apresentar necessidades de crescimento e

velocidade de crescimento semelhantes às do patógeno. No entanto, nem sempre

todas essas características são observadas (FRANCO & LANGRAF, 2005).

Estes microrganismos podem não oferecer um risco direto à saúde, como

contagem padrão em placas de mesófilos, contagem de bolores e leveduras,

contagem de psicrotróficos e termófilos ou podem oferecer um risco baixo e indireto

à saúde, como os coliformes totais, enterococos, enterobactérias totais, coliformes

termotolerantes, Escherichia coli (HAJDENWURCEL, 1998).

Escherichia coli é usada como um microrganismo indicador de contaminação

de origem fecal presentes em água desde 1892, uma vez que esse microrganismo é

encontrado no conteúdo intestinal do homem e animais de sangue quente (FRANCO

& LANGRAF, 2005).

6.3 Características dos contaminantes em queijos Os microrganismos descritos a seguir são aqueles que a legislação

estabelece limites para a produção e comercialização de queijos.

6.3.1 Coliformes termotolerantes e Escherichia coliColiformes são indicadores de higiene no processamento de alimentos, dentre

eles, a bactéria Escherichia coli é índice de contaminação fecal, podendo ser

resistente a concentrações suaves de sal em alimentos (PEREIRA, 2005).

Os coliformes termotolerantes, também chamados de coliformes a 45°C ou

coliformes de origem fecal, são bacilos Gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios

facultativos, não esporogênicos, oxidase-negativos, que fermentam lactose com

produção de gás a 44,5 - 45,5 °C em 24 - 48 horas (CONTE, et al., 2004), conforme

representado na figura 2.

24

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Figura 2. Contagem de coliformes termotolerantes.

Fonte: Hajdenwurcel (1998).

Nessas condições, por volta de 90% das culturas de Escherichia coli são

positivas, enquanto entre os demais gêneros, apenas algumas espécies de

Enterobacter e Klebsiella mantêm essa característica. Essa pesquisa nos alimentos,

de coliformes fecais ou Escherichia coli, fornece, com maior segurança, informações

sobre as condições higiênicas do produto e melhor indicação da eventual presença

de enteropatógenos (FRANCO & LANGRAF, 2005).

Estes coliformes fazem parte da microbiota residente do trato gastrointestinal

do homem e de alguns animais (CONTE, et al., 2004; HAJDENWURCEL, 1998).

A Escherichia coli (Figura 3) é uma bactéria da família Enterobactericeae, que

incluem seis gêneros e inúmeras espécies de microrganismos, sendo que alguns

destes são habitantes comuns dos intestinos dos animais de sangue quente,

enquanto outros agentes causadores de toxinfecções, febre entérica e desinterias.

Escherichia e Enterobacter são bactérias que formam o grupo coliformes, podendo

fermentar um açúcar produzindo ácidos, álcool, gás carbônico e hidrogênio

(GONÇALVES, et al., 2002).

Figura 3. Escherichia coli.

Fonte: Escherichia coli. Google imagens (2008).

25

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Apesar de ser uma bactéria que pode ser introduzida no alimento a partir de

outras fontes não fecais, é o melhor indicador de contaminação fecal conhecido até

o presente (HAJDENWURCEL, 1998).

6.3.2 Estafilococos coagulase positivaAs bactérias do gênero Staphylococcus pertencem à família

Micrococcaceae, são cocos Gram-positivos, anaeróbios facultativos, imóveis,

catalase positivos, não esporulados, conforme figura 4. Bactérias mesófilas,

apresentam temperatura de crescimento na faixa de 7°C a 47,8°C, com temperatura

ótima de crescimento a 37°C; presença de uma flora competitiva importante inibe

seu crescimento. São tolerantes a concentrações de 10-20% de cloreto de sódio; a

faixa de pH para o crescimento varia entre 4,0 a 9,8 sendo o pH ótimo próximo de

6,0 a 7,0; conseguem crescer em ambientes com atividade de água de 0,83- 0,99

(FRANCO & LANGRAF, 2005; HAJDENWURCEL, 1998).

Figura 4. Staphylococcus spp.

Fonte: Staphylococcus. Google imagens (2008).

A legislação estabelece limite para estafilococos coagulase positiva, uma

vez que as espécies que apresentam interesse potencial em microbiologia de

alimentos fazem parte deste grupo, os quais se enquadram Staphylococcus aureus,

Staphylococcus hyicus e Staphylococcus intermedius, sendo o Staphylococcus

aureus o mais importante, já que a incidência das outras espécies é menos

relevante e produzem quantidades bem menores da enterotoxina (Figura 5). Este

causa intoxicação provocada pela ingestão do alimento contendo enterotoxinas

(FRANCO & LANGRAF, 2005).

26

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Figura 5. Crescimento de Staphylococcus. Colônias típicas (à esquerda)

características de S. aureus e colônias atípicas (à direita) características de outros

microrganismos como S. epidermidis.

Fonte: Hajdenwurcel (1998).

O homem e os animais são os principais reservatórios. A cavidade nasal é o

principal hábitat dos estafilococos no homem (HAJDENWURCEL, 1998). Além do

homem, a maioria dos animais domésticos também é portadora ou apresenta-se

contaminada pela bactéria. Exemplo típico é a mastite estafilocócica do gado leiteiro.

Caso o leite infectado seja consumido ou utilizado no preparo de queijos, haverá

chances de ocorrer intoxicação. Se o alimento apresentar boas condições para o

crescimento desta bactéria, o mesmo poderá causar infecção. São agentes comuns

da intoxicação estafilocócica o leite, carnes cozidas, aves, queijos, ovos, tortas

cremosas entre outros (FRANCO & LANGRAF, 2005).

As medidas preventivas da intoxicação estafilocócica em alimentos são:

práticas adequadas de higiene e sanificação, tratamento térmico adequado e

refrigeração dos alimentos, controle da mastite no rebanho leiteiro

(HAJDENWURCEL, 1998).

6.3.3 SalmonellaO gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e compreende

bacilos Gram-negativos, não produtores de esporos, são anaeróbios facultativos,

são móveis devido a presença de flagelos peritríquios ou imóveis (Figura 6),

produzem ácido e gás a partir da glicose e de outros carboidratos, são oxidase

negativas e catalase positivas (com raras exceções) e são capazes de utilizar o

citrato como única fonte de carbono (FRANCO & LANGRAF, 2005).

27

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Figura 6. Salmonella spp.

Fonte: Salmonella. Google imagens (2008).

A temperatura ótima de crescimento se encontra entre 35 e 37°C, no

entanto, podem se multiplicar desde 5 até a 45-47°C (Figura 7). A pasteurização a

72°C por 15 segundos assegura sua destruição. Suporta uma faixa de pH entre 4,5

e 9,0 com um ótimo de 6,5 a 7,5; desenvolve-se bem em valores da atividade de

água de 0,945 a 0,999; não toleram concentrações de sal superiores a 9%

(FRANCO & LANGRAF, 2005; HAJDENWURCEL, 1998).

Figura 7. Crescimento de Salmonella em ágar XLD.

Fonte: Hajdenwurcel (1998).

Atualmente, Salmonella é um dos microrganismos mais freqüentemente

envolvidos em casos e surtos de doenças de origem alimentar em diversos países,

inclusive o Brasil. Inúmeros surtos de toxinfecção alimentar são conhecidos,

envolvendo os mais variados tipos de alimentos. Salmonelose associada a laticínios

é, quase sempre, causada por leite cru ou inadequadamente pasteurizado e também

queijo. Outros alimentos freqüentemente envolvidos em casos ou surtos são carnes

preparadas, aves, ovos e saladas diversas (FRANCO & LANGRAF, 2005).

28

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As principais medidas preventivas para evitar a contaminação dos

alimentos envolvem a adoção de medidas higiênico-sanitárias no manuseio e

processamento dos mesmos, ainda, deve-se evitar contaminações cruzadas,

presença dos portadores assintomáticos, controle de rações para animais, adoção

de práticas higiênicas na criação, transporte e abate dos animais, além de

procedimentos de higiene e sanificação adequados dos equipamentos e utensílios

e tratamento térmico adequado (HAJDENWURCEL, 1998).

6.3.4 Listeria monocytogenesListeria monocytogenes tem sido reconhecido como um importante patógeno

por mais de sessenta anos. Contudo só foi identificada como um patógeno

transmitido por alimentos após os anos 80, em decorrência de vários surtos de

listeriose (PELISSER, et al., 2001).

As primeiras evidências de que a Listeria monocytogenes é um importante

patógeno veiculado por alimentos foram levantadas e relatadas no início da década

de 1980, quando ocorreram importantes surtos de listeriose humana, com altos

índices de mortalidade. Até então este microrganismo não era tomado como

importante patógeno relacionado com alimentos, principalmente porque os casos de

surtos com outros microrganismos mais conhecidos eram muito mais freqüentes. Os

alimentos envolvidos em tais surtos eram vegetais, laticínios, patês e frutos do mar

(McLAUCHLIN, 1996).

A Listeria monocytogenes (Figura 8), é um microrganismo patogênico Gram-

positivo, anaeróbio facultativo, não formador de esporos, amplamente distribuído no

meio ambiente, psicrotrófico, capaz de multiplicar-se em temperaturas entre 2,5 e

44ºC, embora existam relatos sobre o crescimento a 0°C. Este microrganismo suporta

repetidos congelamentos e descongelamentos. Quanto ao pH ótimo para o

crescimento desta bactéria, este se encontra entre 6 e 8, mas ela pode crescer em

uma faixa maior, entre 5 e 9. Ambientes com pH inferior a 4,5 e superior a 9,5 são

considerados hostis a Listeria monocytogenes. Assim como tem demonstrando

também tolerância ao cloreto e nitrato de sódio (FRANCO & LANGRAF, 2005).

29

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Figura 8. Listeria monocytogenes

Fonte: Listeria monocytogenes. Google imagens (2008).

Listeria monocytogenes tem sido isolada de diferentes alimentos, tais como

leite cru e pasteurizado, queijos, carne bovina, suína, de aves, de peixes, embutidos,

carne moída de diferentes animais, produtos cárneos crus e termoprocessados, além

de outros (FRANCO & LANGRAF, 2005). Tem sido também responsável por várias

epidemias de diarréia nos Estados Unidos da América. Assim como é encontrada no

meio ambiente e multiplica-se nos alimentos, mesmo nas temperaturas

habitualmente empregadas na refrigeração (BALBANI & BUTUGAN, 2001).

30

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7 Controle do desenvolvimento microbiano nos alimentos

Para Franco & Langraf (2005), uma das principais preocupações do

microbiologista de alimentos, relacionando-se ao controle do desenvolvimento

microbiano, é visar a eliminação dos riscos à saúde do consumidor, bem como

prevenir ou retardar o surgimento de alterações indesejáveis nos alimentos. O ideal

é que os microrganismos não tenham acesso aos alimentos, excetuando-se,

evidentemente, aqueles obtidos através de processos de fermentação. Entretanto,

uma vez que tal fato é praticamente impossível, é necessária a adoção de medidas

para controlar seu desenvolvimento.

Embora as estatísticas brasileiras sejam precárias, acredita-se que a

incidência de doenças microbianas de origem alimentar em nosso país seja bastante

elevada. Mesmo em países desenvolvidos, nos quais o abastecimento de gêneros

alimentícios é considerado seguro do ponto de vista de higiene e de saúde pública, a

ocorrência de doenças desta natureza é significante e vem aumentando, apesar dos

avanços tecnológicos nas áreas de produção e controle de alimentos (FRANCO &

LANGRAF, 2005).

A detecção e rápida correção das falhas no processamento dos alimentos,

bem como a adoção de medidas preventivas, são hoje as principais estratégias para

o controle de qualidade desses produtos. Nesse sentido, agências governamentais e

indústrias dos Estados Unidos da América (EUA) desenvolveram o Sistema de

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, que se baseia numa investigação

sistemática para identificar, avaliar e controlar os perigos advindos de um

processamento, em todas as suas fases (ALMEIDA et al., 1995).

Existem diversas formas para que esse controle seja exercido como através

do uso de métodos mecânicos para a remoção dos microrganismos presentes;

através da manutenção de condições atmosféricas desfavoráveis à multiplicação

microbiana, do uso de baixas temperaturas, do uso de temperaturas elevadas, da

desidratação, da irradiação do alimento, do uso de conservadores químicos, da

destruição mecânica dos microrganismos, da combinação de dois ou mais dos

métodos citados, geralmente a mais empregada (FRANCO & LANGRAF, 2005).

31

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Os princípios envolvidos na conservação de alimentos são prevenção ou

retardamento da decomposição microbiana, a prevenção ou retardamento da

autodecomposição do alimento ou ainda a prevenção de injúrias provocadas por

insetos, outros animais, causas mecânicas, etc. (FRANCO & LANGRAF, 2005).

32

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8 Legislação

8.1 Regulamento técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentosSegundo a Resolução - RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001 da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária estabelece-se os limites de contaminação em

queijos. Para se entender melhor esses limites tabelados no decorrer da leitura,

previamente descreve-se os tipos de plano e os planos de amostragem com seus

fins de aplicação baseados na legislação (BRASIL, 2001).

8.1.1 Planos de amostragem m: em um plano de três classes, é o limite que separa o lote aceitável do

produto ou lote com qualidade intermediária aceitável.

M: em plano de duas classes, é o limite que separa o produto aceitável do

inaceitável. Em um plano de três classes, M separa o lote com qualidade

intermediária aceitável do lote inaceitável. Valores acima de M são inaceitáveis.

n: é o número de unidades a serem colhidas aleatoriamente de um mesmo

lote e analisadas individualmente. Nos casos nos quais o padrão estabelecido é

ausência em 25g, como para Salmonella sp e Listeria monocytogenes e outros

patógenos, é possível a mistura das alíquotas retiradas de cada unidade amostral,

respeitando-se a proporção p/v (uma parte em peso da amostra, para 10 partes em

volume do meio de cultura em caldo).

c: é o número máximo aceitável de unidades de amostras com contagens

entre os limites de m e M (plano de três classes). Nos casos em que o padrão

microbiológico seja expresso por "ausência", c é igual a zero, aplica-se o plano de

duas classes.

8.1.2 Tipos de plano Duas classes: quando a unidade amostral a ser analisada pode ser

classificada como aceitável ou inaceitável, em função do limite designado por M,

aplicável para limites qualitativos.

33

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Três classes: quando a unidade amostral a ser analisada pode ser

classificada como aceitável, qualidade intermediária aceitável ou inaceitável, em

função dos limites m e M. Além de um número máximo aceitável de unidades de

amostra com contagem entre os limites m e M, designado por c. As demais

unidades, n menos c, devem apresentar valores menores ou iguais a m. Nenhuma

das unidades n pode apresentar valores superiores ao M.

8.1.3 Considerações sobre os grupos de microrganismos pesquisadosA seguir são descritos considerações sobre os grupos dos microrganismos

pesquisados para o melhor entendimento da tabela que estabelece os limites de

presença desses em queijos:

A denominação de "coliformes a 45ºC" é equivalente à denominação de

"coliformes termotolerantes" e de "coliformes de origem fecal". Caso seja

determinada a presença de Escherichia coli, deve constar no laudo analítico.

A enumeração de estafilococos coagulase positiva tem por objetivo substituir

a determinação de Staphylococcus aureus. A determinação da capacidade de

produção de termonuclease e quando necessário, a de toxina estafilocócica das

cepas isoladas podem ser realizadas a fim de se obter de dados de interesse à

saúde pública.

Nos padrões constantes, a abreviatura "pres" significa "presença". A

abreviatura "aus" significa "ausência". O símbolo "<" significa "menor que".

O resultado da determinação de Salmonella sp, Listeria monocytogenes deve

ser expresso como presença ou ausência na alíquota analisada.

34

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Tabela 3. Padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação brasileira para queijosGRUPO DE

ALIMENTOS

MICRORGANISMO Tolerância

para amostra

indicativa

Tolerância para amostra

representativa

QUEIJOS n c m M

a) de baixa umidade. Coliformes a 45°C/g 5x102 5 2 102 5x102

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -

b) de média umidade: 36% (Danbo, pategrás sandwich, prato, tandil, tilsit, tybo, mussarela (mozzarella, muzzarella) curado e similares) e de queijo ralado e em pó.

Coliformes a 45°C/g 103 5 2 5x102 103

Estaf.coag.positiva./g 103 5 2 102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -L.monocytogenes/25g Aus 5 0 Aus -

c) quartirolo, cremoso, criollo, mussarela (mozzarella, muzzarella) e similares: 46%.

Coliformes a 45°C/g 5x103 5 2 103 5x103

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -L.monocytogenes/25g Aus 5 0 Aus -

d) de alta umidade: 46% de muito alta umidade: umid 55%, com bactérias lácticas abundantes e viáveis, incluído o Minas frescal correspondente.

Coliformes a 45°C/g 5x103 5 2 103 5x103

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -L.monocytogenes/25g Aus 5 0 Aus -

e) de muito alta umidade: umidade 55%, incluindo os queijos de coalho com umidade correspondente, minas frescal, mussarela (mozzarella, muzzarella) e outros, elaborados por coagulação enzimática, sem a ação de bactérias láctica.

Coliformes a 45°C 5x102 5 2 5x10 5x102

Estaf.coag.positiva/g 5x102 5 1 102 5x102

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -L.monocytogenes/25g Aus 5 0 Aus -

f) ralado Coliformes a 45ºC/g 103 5 2 102 103

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -

g) em pó Coliformes a 45ºC/g 10 5 2 10Estaf.coag.positiva/g 102 5 1 10 102

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -

35

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h) processado fundido, pasteurizado ou submetido a processo UHT (UAT), incluindo requeijão, aromatizado ou não, condimentados ou não, adicionados de ervas ou outros ingredientes ou não;

processado fundido, ralado, fatiado, em rodelas, em fatias, para untar, aromatizado ou não, condimentado ou não, adicionado de ervas ou outros ingredientes ou não.

Coliformes a 45°C/g 10 5 2 10Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 102 103

i) queijos de baixa ou média umidade, temperados, condimentados ou adicionado de ervas ou outros ingredientes.

Coliformes a 45ºC/g 5x102 5 2 102 5x102

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 5x102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -

j) queijos de muito alta umidade, temperados, condimentados ou adicionado de ervas ou outros ingredientes.

Coliformes a 45ºC/g 102 5 2 5x10 102

Estaf.coag.positiva/g 103 5 2 5x102 103

Salmonella sp/25g Aus 5 0 Aus -

Fonte: ANVISA, 2001.

8.1.4 Conclusão e interpretação dos resultados das análises microbiológicas de alimentos destinados ao consumo humano

Os valores encontrados nas análises realizados comparam-se com os

valores estabelecidos na tabela anteriormente descrita para interpretação dos

resultados. De acordo com essa comparação, tem-se:

Produtos em condições sanitárias satisfatórias que são aqueles cujos

resultados analíticos estão abaixo ou igual aos estabelecidos para amostra indicativa

ou amostra representativa, conforme especificado no quadro;

Produtos em condições sanitárias insatisfatórias que são aqueles cujos

resultados analíticos estão acima dos limites estabelecidos para amostra indicativa

ou amostra representativa, conforme especificado no quadro; ou ainda aqueles cujos

resultados analíticos demonstram a presença ou a quantificação de outros

microrganismos patogênicos ou toxinas que representem risco à saúde do

consumidor.

36

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9 Conclusão

A partir desta revisão bibliográfica, pode-se concluir que a contaminação de

queijos é um problema de saúde pública no Brasil, da mesma maneira como afeta o

mundo todo. Apesar de no país, existir normatização adequada para controle

sanitário dos alimentos, ainda falta a fiscalização efetiva e permanente da produção,

conservação e comercialização de alimentos pelos serviços estaduais e municipais

de vigilância sanitária, aos quais é delegado o poder de inspecionar e punir os

infratores.

Assim, os queijos devem ser inspecionados, por órgão governamental, em

todas as fases, começando pela propriedade rural, onde o leite ou o queijo caseiro é

obtido, até as indústrias e os locais onde são expostos ao consumo, com a

finalidade de prevenir infecções de origem alimentar. Uma vez que a manipulação

inadequada e exposição ao meio ambiente aumentam o risco de contaminação do

produto oferecido ao consumidor, o que torna importante sua avaliação

microbiológica. Dessa forma, estes aspectos negativos podem ser evitados por uma

rigorosa higiene no trabalho, adequada forma de elaboração, uso de bons fermentos

lácticos ou aplicação de uma pasteurização adequada.

37

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10 Referências

ALMEIDA, R.C.C.; KUAYE, A.Y.; SERRANO, A.M.; ALMEIDA, P.F. Avaliação e

controle da qualidade microbiológica de mãos de manipuladores de alimentos.

Revista de Saúde Pública, São Paulo, v.29, n.4, ago.1995.

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