gustavo fernandes - por uma nova compreensão das jornadas de junho

Download Gustavo Fernandes - Por Uma Nova Compreensão Das Jornadas de Junho

If you can't read please download the document

Upload: daniel-a-secas

Post on 22-Dec-2015

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Passapalavra

TRANSCRIPT

Por uma nova compreenso das Jornadas de Junho: formas descentralizadas de ao poltica e crtica ao espontanesmo analtico12 de fevereiro de 2015Categoria:Ideias & DebatesComentar|ImprimirA incapacidade de conferir o devido lugar de destaque a um movimento horizontal e descentralizado vem da hegemonia de uma lgica analtica estadocntrica, que pressupe a unidade-homogeneidade do social e, assim, dos sujeitos.Por Gustavo Fernandes.As jornadas de junho marcaram um momento importante na histria da sociedade brasileira. No se espanta, portanto, que toda uma extensa literatura acadmica j tenha sido escrita sobre os protestos que marcaram o ano de 2013. Contudo, alguns autores apontam para certa dificuldade interpretativa em relao anlise dessas manifestaes multitudinrias. Alm da complexidade de pesquisar um contexto em constante movimento, Ral Zibechi (2013) afirma que as anlises pecaram por uma excessiva generalizao e em algumas ocasies atriburam um papel quase mgico s redes sociais para ativar milhes de pessoas. Outros autores assinalam um peso excessivo dado aos efeitos da represso policial e reao a essa represso (LACERDA & PERES, 2014).Para tanto, uma srie de orientaes metodolgicas e analticas foi elaborada por esses analistas de modo a permitir uma melhor compreenso do que se convencionou denominar como jornadas de junho. nesse sentido que os cuidados propostos por Bringel (2013) visam evitar um conjunto de miopias na anlise das manifestaes que surpreenderam pas afora em 2013. O autor destaca quatro miopias centrais, a saber: 1) miopia temporal presente/passado; 2) miopia da poltica; 3) miopia do visvel; 4) e miopia dos resultados.A primeira miopia tende a sobredimensionar as lutas atuais, apresentando-as como novos mitos fundadores. A segunda delimita a ao poltica apenas sua dimenso poltico-institucional, excluindo assim qualquer possibilidade de compreenso da reinveno da poltica e do poltico a partir de prxis sociais emergentes. J a miopia do visvel diz respeito limitao das mobilizaes contemporneas sua face visvel apresentada nas ruas e nas praas, sendo incapaz de captar os sentidos das redes submersas, suas identidades e os significados das dimenses invisveis para um observador externo (ibid.). A ltima miopia, consequente das anteriores, refere-se restrio da interpretao dessas mobilizaes aos seus impactos polticos e s dimenses mensurveis da ao coletiva.Crtica espontaneidade das manifestaes multitudinrias a partir da noo de processo histricoRal Zibechi (2013), por sua vez, chama a ateno para a problemtica de tratar essas manifestaes em massa a partir de sua espontaneidade, ou seja, conceber as mobilizaes como fenmenos que emergiram subitamente somente devido a fatores pontuais e externos (no caso, o aumento da passagem de nibus, a articulao via redes sociais e a represso policial) e de forma fragmentada, sem uma coeso ou uma centralizao das pautas reivindicadas[1]. Ao percorrer a histria de um dos personagens fundamentais das jornadas de junho, o Movimento Passe Livre (MPL), desde a sua fundao em 2005 em uma plenria do Frum Social Mundial, em Porto Alegre, o autor demonstra que, na verdade, no existiu espontaneidade e sim uma massificao dos movimentos (ibid.)[2]. A emerso de revoltas populares em reao ao aumento da passagem de nibus e das ms condies desse servio no um fenmeno novo na sociedade brasileira; pelo contrrio, desde 2003 o pas vem vivenciando uma srie de manifestaes, bloqueios de avenidas e ruas, destruio de catracas, depredao de nibus e ocupaes de terminais de transporte. Incluem-se aqui grandes revoltas como as de Salvador em 2003, de Florianpolis em 2004 e 2005 e os protestos em So Paulo no ano de 2011[3].Entre agosto e setembro de 2003, 40 mil pessoas foram para as ruas de Salvador, Bahia, protestar contra o aumento da passagem de 1,30 para 1,50 reais. Os manifestantes ocuparam ruas e avenidas, bloquearam pontos centrais para a circulao da cidade e enfrentaram as foras policiais. Essa onda de protestos ficou conhecida como Revolta do Buzu e considerada por ativistas como a grande referncia no nascimento do movimento pela passagem gratuita (NASCIMENTO, 2009). J em Florianpolis, a Campanha pelo Passe Livre Estudantil ganhava forma desde 2000, quando a organizao Juventude Revoluo, ligada ao Partido dos Trabalhadores (PT), desenvolvia um trabalho local ao levar o debate sobre o passe livre a colgios alm de promover pequenas passeatas. Este trabalho criou as condies para que, em 2004, entre 15 e 20 mil estudantes se mobilizassem em manifestaes em uma cidade de 400 mil habitantes, episdio posteriormente denominado como Revolta da Catraca (CRUZ & CUNHA, 2009; COLETIVO MARIA TONHA, 2013). Ambos os momentos so tidos como referncias-chaves na fundao do Movimento Passe Livre (MPL-SP, 2013).Em So Paulo, cidade a qual ocupou um espao de grande visibilidade durante as jornadas de junho, o setor regional do MPL vinha realizando debates sobre o passe livre desde 2005, organizando paralelamente manifestaes em 2006 e 2010. Em 2011, o MPL-SP conseguiu reunir mais de 5 mil pessoas em um protesto. No mesmo ano, manifestaes em Belm e em Porto Velho conseguiram reverter o aumento das tarifas na primeira cidade e suspend-lo por duas semanas na capital rondoniense (LACERDA; PERES, 2014). Dessarte, torna-se claro que mobilidade urbana e passe livre so temas que no surgiram apenas a partir das mobilizaes populares de 2013. Adalberto Cardoso (2013) demonstra como que a questo do nibus, considerada como o grande estopim das manifestaes de julho quando sua tarifa foi aumentada em vrias cidades brasileiras, constitui-se em um objeto de revolta antiga que perdura na populao nacional. Pesquisando em um jornal de grande circulao pelo termo nibus incendiado o socilogo deparou com 559 ocorrncias entre novembro de 2011 e junho de 2013. Esse ndice implica emquase uma notcia por dia sobre depredao de nibus, em mdia. A grande maioria dos incndios foi provocada por criminosos, bandidos ou traficantes, termos intercambiveis na cobertura do jornal, e por vezes eles ganham estatuto de grande acontecimento (CARDOSO, 2013).O que Cardoso argumenta que o tema da mobilidade uma questo cara e central para a populao brasileira, o que a transforma no em um estopim qualquer, mas em algo que central na vida dessa populao uma vez que ela representa umelemento de uma sndrome de recursos inscritos no territrio que d materialidade ao que as jornadas de junho popularizaram como direito cidade [] Sem mobilidade os espaos da cidade se tornam privilgios de uns (quando plenos de recursos) ou condenao de outros (quando privado deles), e a impossibilidade ou a dificuldade reiterada de trnsito entre uns e outros pode consolidar mundos segregados, mesmo que em termos jamais absolutos, j que a misria ou o privilgio so parte da compreenso do mundo disponvel aos citadinos, e a opresso de uns vivida como injusta porque comparada com o privilgio de outros (ibid., grifos do autor).Resgatar o processo histrico da trajetria e dos sentidos das revoltas relacionadas ao sistema de transporte coletivo, em especial o nibus, mostra-se fundamental, dado que percorrer os caminhos dos fluxos de inspirao que cada mobilizao produz sobre as outras nos fornece elementos para irmos alm da face visvel das manifestaes (LACERDA; PERES, 2013), evitando, dessarte, a miopia do visvel. Alm disso, auxilia tambm a nos prevenir de outra miopia, no caso, a temporal presente/passado, ao analisar as manifestaes como um processo em movimento. Torna-se evidente como as jornadas de junho se beneficiaram de um acmulo produzido por mobilizaes anteriores a essas que, por meio de suas redes, ocultas ou no, produziram uma nova cultura poltica que surgiu como alternativa aos modos de luta e de organizao existentes que no conseguiam mais dar resposta aos desafios impostos pela ordem social vigente[4].Nesse sentido, Zibechi afirma que as revoltas que ocorreram em 2003 e 2004, alm da fundao do MPL em 2005, rechaaram categoricamente a cultura organizacional burocrtica ao destacarem a horizontalidade, ou seja, uma direo coletiva e no individual, o consenso para que maiorias no sejam consolidadas, e a autonomia frente ao Estado e a partidos polticos (ZIBECHI, 2013). Boa parte dos elementos constituintes das manifestaes multitudinrias de 2013 provm desse acmulo prvio, o que torna equivocado categorizar as jornadas de junho como um novo mito fundador.Na mesma direo, Bringel analisa esses protestos com base na distino analtica proposta por Doug McAdam entre movimentos iniciadores e movimentos derivados, em que os primeiros seriam responsveis por identificar brechas, realizar enquadramentos provisrios, agitar e encorajar a mobilizao social enquanto os segundos so os derivados, intrpretes criativos do cenrio aberto pelos primeiros, quando estes so bem-sucedidos (WALSH-RUSSO, 2004; BRINGEL, 2013). O Movimento Passe Livre seria, assim, um dos movimentos madrugadores que acenderam a chama da mobilizao social no cenrio brasileiro, onde por meio da reivindicao do passe livre estudantil, [o MPL] abriu um campo de conflito e de debate mais amplo sobre o transporte coletivo urbano (BRINGEL, 2013).Crtica centralizao: uma nova cultura poltica rizomtica e fragmentadaContudo, apesar do protagonismo do MPL, seu repertrio de aes transcendeu as fronteiras do prprio movimento e foi apropriado por outros grupos e organizaes, espontneas ou no, que estavam desenvolvendo processos similares[5]. A experincia organizativa do MPL acabou por influenciar militantes envolvidos em outros tipos de aes polticas que no diziam respeito apenas questo do transporte pblico (ZIBECHI, 2013). O ponto central aqui, apontado por Bringel, queao contrrio do previsto pelas teorias dos movimentos sociais, os movimentos derivados aproveitaram-se, no Brasil, dos espaos abertos pelas mobilizaes iniciais, sem, contudo, manter laos fortes, enquadramentos sociopolticos, formas organizativas, referncias ideolgicas e repertrios de mobilizao que os una ao MPL e/ou a outros iniciadores. Essa aparente desconexo relaciona-se a um fenmeno que gostaria de denominar como desbordamento societrio, ou seja, quando na difuso de setores mais mobilizados e organizados a setores menos mobilizadores e organizados, os grupos iniciadores acabam absolutamente ultrapassados (BRINGEL, 2013, grifos do autor).O processo relatado por Bringel em muito advm da forma como os prprios movimentos iniciadores, no caso o MPL, se organizaram. No Segundo Encontro Nacional do Movimento Passe Livre, organizado em julho de 2005 em Campinas, So Paulo, o grupo presenciou sua primeira tentativa de cooptao por parte de partidos da esquerda radical que buscavam modificar as resolues deliberadas em Porto Alegre[6]. Diante dessa ameaa, a plenria reafirmou as suas posies de horizontalidade e de independncia, alm de decidir que o movimento se constituiria a partir de uma federao de grupos, com um Grupo de Trabalho Federal ao invs de uma coordenao, evitando um carter mais hierrquico no referente ao modelo organizacional do movimento (MPL, 2005).O prprio MPL, por conseguinte, faz parte dessa nova cultura poltica que ressalta no s uma maior horizontalidade e descentralizao dos modelos organizacionais, como tambm opera em espaos politizados alm dos canais polticos tradicionais-institucionais. As ruas, as praas, os espaos pblicos de discusso, como escolas e colgios, tornam-se olocusda prxis poltica. O processo de transcendncia das formas de ao de uma organizao como o MPL faz parte do prprio repertrio de prticas do mesmo. O levante de junho e as redes que foram sendo construdas no Brasil retomaram uma matriz mais libertria e autnoma, polmica e complexa para o conjunto da esquerda brasileira, onde emerge um novo tipo de ao poltica viral, rizomtica e difusa (BRINGEL, 2013).O fato das jornadas de junho terem sido avaliadas a partir da sua espontaneidade onde fatores externos, como a represso policial e o papel das redes sociais, ganharam um sobrepeso indevido em relao a fatores internos ao movimento, como o processo de articulao, organizao e disseminao que comeou a ser construdo muito antes de 2013 muito se deve forma como os movimentos sociais so vistos por parte da esquerda tanto poltica quanto acadmica. Zibechi, em outro texto, constata que no so poucos os dirigentes polticos e acadmicos que criticam a fragmentao e disperso que os movimentos sociais esto sofrendo. Alm disso, ambos os fatos so observados como problemas a superar atravs da centralizao e da unificao (ZIBECHI, 2007). Argumentamos que essa fragmentao e disperso, todavia, fazem parte dessa nova cultura poltica e do novo repertrio de ao, para o qual o Movimento Passe Livre se apresenta como exemplo.Isto posto, no de se surpreender que fatores externos tenham sido sobrevalorizados na compreenso das jornadas de junho; o carter horizontal e descentralizado do MPL impossibilitou que alguns acadmicos e militantes pudessem conferir o protagonismo apropriado ao Movimento na fomentao das manifestaes multitudinrias, mesmo que este depois tenha sido superado por processos derivados. Concordamos com Zibechi (2007) que a criao e recriao dos laos sociais constituintes de um movimento no necessariamente necessitam de nenhum tipo de articulao voltada para a centralizao ou para a unificao. A concepo de militncia proposta pelo MPL caminha nesse sentido ao basear a sua tica na rejeio da separao entre palavras e fatos [], entre a vida pessoal e a coletiva, e tambm entre quem toma as decises e quem as executa, aspectos que marcham na contracorrente da cultura poltica hegemnica, mesmo nos partidos de esquerda (ZIBECHI, 2013).A incapacidade de conferir o devido lugar de destaque a um movimento horizontal e descentralizado vem da hegemonia de uma lgica analtica estadocntrica, que pressupe a unidade-homogeneidade do social e, assim, dos sujeitos (ZIBECHI, 2007). Considera-se que a regra do ser sujeito implica em algum grau de unidade, homogeneidade e no-fragmentao. As dificuldades interpretativas das prticas e dos sentidos referentes s jornadas de junho derivam da combinao desse vis analtico estadocentrista com a miopia do visvel (onde so ignoradas as redes submersas que vm sendo construdas h anos) e com a miopia da poltica (onde a anlise restrita apenas ao poltico-institucional, evitando assim a chamada reinveno da poltica, ou seja, a busca de novos espaos para atuao poltica uma vez que o acesso aos canais tradicionais-institucionais so restritos apenas uma parcela minoritria da populao). Conforme afirma Zibechi, tanto os partidos de esquerda como os acadmicos interessados nos movimentos sociais seguem sustentando uma suposta centralidade da poltica, como se os movimentos no fossem polticos e como se a inexistncia de um plano detalhado e, por tanto, de uma direo, convertesse os movimentos em no-polticos (ZIBECHI, 2007). guisa de conclusoTorna-se necessrio, portanto, mudar as formas atravs das quais analisamos e enfocamos as revoltas multitudinrias e as formas emergentes e descentralizadas de ao poltica no Brasil, de modo a permitir visualizar as invisibilidades e os lugares ocultos que constituem esses novos movimentos sociais e que escapam conceptualizao acadmica, estadocentrista e unitria. Esses movimentos j demonstraram serem portadores de uma ampla potencialidade no referente modificao do mundo social. Portanto, segundo Bringel, estamos diante de um grande desafio terico e poltico, pois o cenrio atual nos exige adaptar e renovar nossas formas de luta e de interpretao das aes coletivas diante de atuaes mais invisveis, com maior protagonismo da agncia individual, da configurao de novos atores, de militncias mltiplas e organizaes mais descentradas (conquanto no espontneas) e de repertrios mais mediticos e performticos (BRINGEL, 2013). Em vista disso, novos referenciais tericos e metodolgicos necessitam ser elaborados para dar conta da complexidade dos fenmenos que esto sendo construdos e que culminaram nas grandes revoltas das jornadas de junho que presenciamos pas afora.Notas[1]O artigo de Javier Alejandro Lifschitz (2013) um exemplo de argumentao que estabelece uma relao causal entre represso policial e reao represso. J os textos de Jos dos Santos e Valmaria Santos (2013) e Leonardo Sakamoto (2013) ilustram essa sobrevalorizao do papel das redes sociais nas manifestaes.[2]Devido aos limites desse artigo, a trajetria histria do Movimento Passe Livre no amplamente debatida. Para uma maior compreenso desse processo, ver, alm do trabalho de Zibechi, os textos de Leo Vinicius (2005), Lucas Legume e Mariana Toledo (2011), Adriana Saraiva (2013) e, por fim, um texto do prprio Movimento Passe Livre-SP (2013).[3]Nesse sentido, assim como Lacerda e Peres (2014), tambm concordamos com Jos Arbex Jr. (2013) quando este afirma que as manifestaes de junho j vinham se anunciado h tempos.[4]Ral Zibechi (2013) aponta a Central nica dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT) como exemplos ilustrativos de modos de luta e organizao, criadas aps o fim da ditadura civil-militar, que no do mais conta de responder a esses desafios.[5]Entendo por repertrios como um conjunto de formas de ao coletiva familiares que esto disponveis disposio das pessoas ordinrias (ALONSO, 2012).[6]Os partidos eram o Partido Operrio Revolucionrio (T-POR) e a Construo ao Socialismo (CAS).REFERNCIASALONSO, Angela. (2012), Repertrio, segundo Charles Tilly: histria de um conceito. Sociologia e Antropologia. Vol. 2, n 3, pp. 21-41.ARBEX JR., Jos. (2013), Conjuntura no Brasil pode desembocar em crise revolucionria. Viromundo, julho de 2013. Disponvelaqui. Acesso em 10 de agosto de 2014.BRINGEL, Breno. (2013), Miopias, sentidos e tendncias do levante brasileiro de 2013. Revista Insight e Inteligncia, ano XVI, jul-set 2013, pg. 43-51.CARDOSO, Adalberto. (2013), As jornadas de junho e a mercantilizao da vida coletiva. Revista Insight e Inteligncia, ano XVI, jul-set 2013, pg. 23-30.COLETIVO MARIA TONHA. (2013), Ele ajudou a fundar o Movimento Passe Livre, entrevista com Marcelo Pomar. Disponvelaqui. Acesso em 12 de agosto de 2014.CRUZ, Carolina & CUNHA, Leonardo Alves da. (2009), Sobre os 5 anos das Revoltas da Catraca. Disponvelaqui. Acesso em 10 de agosto de 2014.LACERDA, Renata & PERES, Thiago. (2014), Jornadas de junho: explorando os sentidos da indignao social contempornea no Brasil. Revista Enfoques. Rio de Janeiro, v. 13, n 1, pp. 43-72.LEGUME, Lucas & TOLEDO, Mariana. (2011), O Movimento Passe Livre So Paulo e a Tarifa Zero. Disponvelaqui. Acesso em 11 de agosto de 2014.LIFSCHITZ, Javier Alejandro. (2013), Sobre as manifestaes de junho e suas mscaras. Dilemas: Revista de Estudos de Conflito e Controle Social. So Paulo, v. 6, n 4, pp. 669-715.MPL (Movimento Passe Livre). (2005), MPL reafirma seu carter independente e horizontal. Disponvelaqui. Acesso em 11 de agosto de 2014.MPL-SP (Movimento Passe Livre So Paulo). (2013), No comeou em Salvador, no vai terminar em So Paulo. In: ROLNIK, Raquel et al. Cidades Rebeldes: passe livre e as manifestaes que tomaram as ruas do Brasil. So Paulo: Boitempo.NASCIMENTO, Manoel. (2009), Teses sobre a Revolta do Buzu. Disponvelaqui. Acesso em 12 de agosto de 2014.SAKAMOTO, Leonardo. (2013), Em So Paulo, o Facebook e o Twitter foram s ruas. In: ROLNIK, Raquel et al. Cidades Rebeldes: passe livre e as manifestaes que tomaram as ruas do Brasil. So Paulo: Boitempo.SANTOS, Jos Erimar dos; SANTOS, Valmaria Lemos da Costa. (2013), Geografia dos protestos e meio comunicacional: redes sociais digitais e manifestaes populares. Revista Movimentos Sociais e Dinmicas Espaciais. Recife, v. 2, n 2, pp. 7-28.SARAIVA, Adriana. (2013), O MPL e as manifestaes de junho no Brasil, Disponvelaqui. Acesso em 8 de agosto de 2014.VINICIUS, Leo. (2005), A guerra da tarifa 2005. Uma viso de dentro do Movimento Passe-Livre em Floripa. So Paulo: Fasca.WALSH-RUSSO, Cecelia. (2004), Diffusion and Social Movements: A review of the literature. New York: Columbia University. Department of Sociology.ZIBECHI, Ral. (2007), Autonomas y emancipaciones, Amrica Latina en movimiento. Lima: Universidad Nacional Mayor de San Marcos._. (2013), Debajo y detrs de las grandes movilizaciones. Observatorio Social de Amrica Latina. Ano XIV, n 34, publicao semestral, novembro de 2013, CLACSO.Sobre o autorGustavo Fernandes mestrando em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), membro do coletivo de midiativismo Rede de Informaes Anarquistas (RIA) e atua no Grupo de Educao Popular (GEP).Sobre o artigoO presente texto faz parte de um artigo maior apresentado no I Seminrio Internacional Poder Popular na Amrica Latina, um evento acadmico-militante que aconteceu no Instituto de Filosofia e Cincias Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro entre os dias 25 e 28 de novembro de 2014.Etiquetas:Bairros_e_cidades,Outras_lutas,TransportesComentrios6 Comentrios on "Por uma nova compreenso das Jornadas de Junho: formas descentralizadas de ao poltica e crtica ao espontanesmo analtico"Priscilla Prudencio em 12 de fevereiro de 2015 20:06

Uma questo ficou rondando a leitura do texto: a quem / a que servem essas anlises mopes e superficiais?Quando se l os atos de 2013 negando a descentralizao do movimento, refora-se o coro que, como uma doutrina frrea, apregoa quais rumos devem tomar os movimentos sociais. Ora, os movimentos sociais nascem no seio do povo, daqueles que sofrem as opresses dirias, e seus rumos so definidos pelas prprias pessoas que o constroem. Para parte da esquerda, porm, a horizontalidade apenas um ideal defendido nos discursos, mas no algo que possa, nem deva, estar presente nos movimentos. preciso ter o controle, dos movimentos, das pessoas Negar a centralizao negar o controle, reconhecer um papel de protagonismo para todos aqueles que fazem a luta acontecer.Por outro lado, desconsiderar o processo histrico, como se os atos estivessem soltos no tempo, como se espontaneamente tivessem surgido, tambm se presta a diminuir o papel da construo dos movimentos, nesse caso especfico, dos diversos levantes que j vinham acontecendo e de como estes tambm foram construindo a luta e abrindo canais de discusso e de disseminao da pauta. Descolar o que aconteceu em 2013 de tudo que o precedeu traz uma carga quase messinica aos atos e turva a viso para pensarmos que tambm as lutas de hoje esto construindo as lutas de amanh.Marchena em 12 de fevereiro de 2015 22:45

Muito bom o texto, compa!!! Isso me remonta histria do movimento pela melhoria da mobilidade urbana. Lembro como se fosse hoje da Revolta do Buzu. Alm do desgaste da poltica partidria e das fraudes dos partidos no movimento estudantil (UNE, UMES, UBES, UJS etc.), ramos tambm inspirados nas notcias da Ao Global dos Povos, nas lutas Zapatistas e por a vai A disseminao da cultura de descentralizao nos movimentos sociais no Brasil no nasceu num contexto isolado, mas foi uma continuidade de algo que j ascendia desde tempos atrs! Bom texto! T um filsofo da zorra! rsrsrsLeo Vinicius em 19 de fevereiro de 2015 22:05

Acho que a lembrana da tentativa de aparelhamento, digamos assim, ocorrido no Encontro do MPL em Campinas, em 2005, no ajuda a fundamentar do artigo.A defesa dos princpios que haviam sido acordados na Plenria no FSM daquele ano encontram paralelo em algo bem antigo. Discusso j feita na Associao Internacional dos Trabalhadores no sculo XIX. A discusso entre centralismo, e descentralismo e, mais importante, sobre a questo econmica ser o que une os trabalhadores. Colocar um programa poltico (de um partido), s cria ciso.Ento no vejo isso como nova cultura. Nova so as palavras usadas para descrever, como rizomtica, algo que nao novo. Sobre o fragmentado, pode ser uma palavra que descreva uma realidade, mas no creio que seja objetivo de ningum que faz poltica ser fragmentado. O fragmentado um problema, no um objetivo ou um desejo, creio eu.Lucas em 20 de fevereiro de 2015 12:45

li h poucos dias o captulo 8 da Histria da Revoluo Russa, do Trotsky. Fiquei bastante impressionado com a repetio (agora como farsa?) das anlises histricas dos fatosQuem dirigiu a insurreio de Fevereiro?https://www.marxists.org/portugues/trotsky/1930/historia/cap08.htmRodrigo Marques em 23 de fevereiro de 2015 14:07

Salve, Gustavo!Muito boa essa reflexo sobre um possvel acmulo histrico. Nesse sentido, que bom salientar as miopias.Gostei tambm da referncia possibilidade analtica de distinguir movimentos iniciadores e movimentos derivados. Nessa chave, eu, pessoalmente, tendo acreditar na sua colocao sobre os acmulos histricos e o protagonismo do MPL. Ainda resta, entretanto, muito que me intriga. Esse salto de MPL ao momento mais massivo das centenas de milhares nas ruas um desafio e tanto para a compreenso. No acha?Luis em 25 de fevereiro de 2015 18:09

Ol,Assim como a Priscilla no primeiro comentrio, Uma questo ficou rondando a leitura do texto: a quem / a que servem essas anlises mopes e superficiais?. Mas direciono a questo ao prprio texto. Prope-se uma nova compreenso das Jornadas de Junhos, mas pouco ou nada se encontra de novo. No novidade o elogio descentralizao, fragmentao, nova cultura poltica nas anlises das manifestaes de junho de 2013. Ao contrrio, esses so discursos que aparecem desde junho mesmo, constituindo quase um lugar-comum da anlise.Assim como no texto, esse discurso da nova cultura poltica horizontal comprovada em junho aparece em geral para rebater outras anlises, autoritrias, que buscariam encontrar uma direo no processo, etc. Mas me chamou ateno que, apesar do texto se propor um contraponto a essas anlises, quase no h referncias elas (menciona-se um ou outro artigo na nota 1), como se estivssemos batendo em um inimigo fantasma.Por isso pergunto: a quem servem essas anlises superficiais de junho? Porque de fato o artigo est coerente, no tem informaes erradas ou distorcidas, mas ao final da leitura d a sensao que no samos do lugar. Ser que esse tipo de anlise no tenta tambm aplicar s manifestaes um esquema pronto? Assim como certas correntes sempre apontaro o espontanesmo, outras sempre apontaro de pronto a horizontalidade. Quer dizer, no seria mais relevante investigar como se deu de fato essa horizontalidade? Que formas de organizao teve de fato aquele movimento? falo do movimento massivo, (derivados?), e no dos princpios organizadores do MPL na sua carta de princpiosEnfim, deixo assim algumas problematizaes.Valeu!Luis