ha11 dossie5 a teologia judaica contemporanea e seus dialogos com a critica historica

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  • 7/28/2019 Ha11 Dossie5 a Teologia Judaica Contemporanea e Seus Dialogos Com a Critica Historica

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    A teologia judaica contempornea e seus dilogos com a crtica histrica bblica: de

    Abraham Geiger (1810-1874) a Mordechai Kaplan (1881-1983)

    Edgard Leite1

    Resumo: Este estudo discute o impacto da crtica textual bblica sobre a teologia do sculoXIX e as respostas rabnicas que procuraram estabelecer algum dilogo com o pensamentohistrico. Sustentamos que a influncia de Espinosa importante em todas as tentativas deconstruo de uma teologia harmonizadora capaz de dar conta dos problemas suscitados

    pela Histria.

    Palavras-chave: Judasmoteologia moderna e contemporneasecularizao

    The contemporary Jewish theology and its dialogues with the biblical historical criti-

    cism: from Abraham Geiger (1810-1874) to Mordechai Kaplan (1881-1983)

    Abstract: This paper discusses the impact of textual Biblical criticism over the nineteenthcentury theology and rabbinic responses that aimed to find some dialogue with the histori-cal thinking. We hold that the influence of Spinoza is important in all theological attemptsto founding a theology capable of tackling problems posed by history.

    Key-words: Judaism - modern and contemporary theology - secularization

    Artigo recebido em 07/11/2010

    Aprovado em 22/03/2011

    1 Professor de Histria, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Estado do Riode Janeiro, Centro de Histria e Cultura Judaica. Contato: [email protected]

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    I- A crtica textual bblica no contexto da contemporaneidade

    A crtica contempornea e racionalista da metafsica e da religio atingiu uma expressiva

    maturidade terica no sculo XIX. Principalmente por conta da culminncia intelectual,

    ento verificada, segundo H. Paton, daquelas quatro ondas anti-religiosas: a da Fsica, a da

    Biologia, a da Psicologia e, por fim, a ltima e mais decisiva, a da Histria (PATON,1973,p. 174).

    Um papel importante naquele momento teve a crtica histrica da Bblia. Ou seja, o

    procedimento que procurava entender os textos bblicos luz de suas origens histricas, o

    tempo e o local em que foram escritos (SOULEN & SOULEN, 2001, p.79).

    Desconsiderando a ao direta de Deus (de resto no documentvel) a crtica histrica

    bblica centrou-se no papel que os autores humanos, agentes histricos, desempenharam

    na construo do texto. Isto deu Bblia um perfil humano e a afastou do seu papel de

    argumento de autoridade transcendental nos meios universitrios e cientficos. De uma

    forma geral isso contribuiu para a secularizao dos estudos histricos e o esvaziamento

    de poderes confessionais sobre as instituies produtoras de conhecimento. Segundo

    Paton, a crtica moderna minou, primeiro, a autoridade do Velho Testa mento e em

    seguida do Novo, no sentido de que a crena tradicional num livro infalvel, escrito por

    Deus, no pode mais ser aceito (PATON, 1973, p.174), pelo menos por aqueles que

    compartilhavam dos pressupostos objetivos da Histria.

    Nesse sentido, um papel decisivo foi desempenhado pelos estudos relativos s origens

    histricas do Pentateuco. A hiptese das quatro fontes de Julius Wellhausen, publicada

    em 1889, foi o coroamento de um longo processo de investigao, que, de fato, comeara

    no sculo XVII, com Espinosa. Wellhausen analisou, histrica e literariamente, o texto

    outrora atribuda a Moiss e demonstrou sua fragmentao textual e cronolgica. Isto ,

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    comprovou que se tratava de uma obra composta em diferentes temporalidades e plena de

    humanidade.

    Embora aprimorada, combatida ou superada por outras intervenes crticas, a obra de

    Wellhausen permaneceu como a confirmao de que o texto bblico, como todos os textos,

    tinha uma histria que podia ser recuperada e compreendida sem qualquer recurso

    metafsica.

    As questes levantadas no mbito da teologia por esse e outros semelhantes trabalhos de

    descoberta da historicidade dos textos bblicos, que forneceram explicaes evidentes e

    coerentes para as incongruncias e dificuldades textuais, so complexas. De qualquer

    maneira, no momento em que os telogos foram depostos de seu poder poltico nos

    centros de produo de conhecimento, sua posio passou a ser eminentemente defensiva.

    A partir de seu triunfo, a crtica histrica, com sua realidade, pareceu forar os telogos,

    de uma forma inicial, a duas atitudes. A primeira foi a do alheamento diante das questes

    levantadas pela Histria, quer ignorando-as, quer combatendo-as. A segunda foi a da

    incmoda vivncia de uma experincia dual do texto: uma racional e cientfica, crtica, e

    outra piedosa e crente, desprovida de substncia justificadora racional e sem condies de

    transformar a primeira em base para experincia pastoral. Hegel, com preciso, anotou

    esse problema e no poupou crticas aos religiosos que negavam o pensamento racional e

    suas descobertas e se aprofundaram na superstio. (apud HYPPOLITE, 2003, p. 451.)

    Parece claro, no entanto, que um dos pioneiros fundadores da crtica histrica, Baruch

    Espinosa, tentou, ao mesmo tempo em que colocava em evidncia a historicidade da

    Bblia, levantar solues teolgicas ou filosficas para os problemas decorrentes da leitura

    secular. Mas essa tentativa, arcaica e primeira, pareceu sem sentido aos telogos de sua

    poca, tanto judeus quanto cristos, porque responder teologicamente ao ceticismo

    decorrente da crtica s seria possvel, para Espinosa, atravs de uma reformulao to

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    vasta do pensamento corrente que as instituies religiosas ruiriam em suas crenas

    tradicionais, implicando na perda de identidades confessionais e linhagens de autoridade.

    (SMITH,1997 e LEITE,2007.)

    Foi, portanto, o universalismo cientfico do sculo XVIII quem recebeu o racionalismo e o

    liberalismo de Espinosa como um de seus elementos centrais, descartando suas

    preocupaes teolgicas. (ISRAEL, 2010.) Uma possvel leitura teolgica dastransformaes seculares foi assim desqualificada pela necessidade do pensamento

    iluminista em negar digresso metafsica qualquer potncia intelectual. Tal movimento

    pode ser entendido como inserido dentro do processo denominado, por Franklin Baumer,

    de a grande secularizao (BAUMER,1960, p.112), que se espalhou gradualmente pelo

    pensamento e pela sociedade.

    H quem tenha defendido que grande parte disso estivesse relacionado emergncia de

    uma nova realidade do ser, de uma mutao ontolgica. Para Georg Lukcs, por exemplo:

    a grande revoluo ontolgica da Renascena essencialmente destruiu a idia

    filosfica de que a razo envolvida na existncia humana e em sua ao era o

    produto de uma transcendncia religiosa... Deus desapareceu da ontologia.

    (LUKCS, 1978:34).

    De fato, o entendimento que Espinosa tinha de Deus no correspondia quele das

    confisses tradicionais. Ele o concebia como natureza ou substncia, no como um sujeito

    (MASON, p.28). A substncia, para Espinosa, era experimentada em uma dimenso

    individual, interiorizada, e no externa ao ser (LEVENE, p.71). Na verdade, ele introduziu

    no pensamento ocidental uma valorizao do universo real e da natureza, e inaugurou

    decididamente a potencializao do indivduo e a sacralidade do ser individual, de sua

    autonomia e liberdade.

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    Se essa perspectiva de entendimento do ser , ao olhar dos pensamentos teolgicos

    posteriores, real ou no, transitria ou definitiva, localizada ou universal, de qualquer

    forma ela encontrou desde o princpio bases reais e sociais slidas para sua reproduo.

    Alm do mais, no sculo XIX, as quatro ondas anti-religiosas aprofundaram sua

    influncia e forneceram as bases para uma nova fundao ideolgica do secularismo no

    Ocidente, criando bases seguras, epistemolgicas, para sua reproduo. Essa realidade,

    que constitui uma parte importante da construo da ordem poltica, social e econmicacontempornea, resiste a todas as tentativas teolgicas, ou supersticiosas, na opinio de

    Hegel, de impedir sua disseminao.

    Os problemas das confisses religiosas diante da grande secularizao so, portanto,

    relevantes e envolvem disputas ontolgicas, isto , gravitam em torno de concepes

    distintas sobre a natureza do ser. O estudo desse movimento histrico importante no

    campo da histria da teologia e das religies. Os telogos, com seu essencial sentido

    especulativo, muitas vezes se sentiram convidados a oferecer respostas para aquelas

    questes que surgiam na medida em que o secularismo se desenvolvia. E o ser

    renascentista ou espinosista, ou no final das contas, o ser iluminista, que ser emancipado

    numa escala individual, se consolidava socialmente.

    Combater a cincia, ou esse novo ser humano, geralmente foi ao apenas

    circunstancialmente bem-sucedida. Basta pensar nas idas e vindas dos grandes

    avivamentos do protestantismo popular norte-americano nos sculos XIX e XX. E o

    fracasso, a longo prazo, de todas as tentativas de barrar o ensino do evolucionismo nas

    escolas. (HOFSTADLER,1967.) Da mesma forma, a resistncia dos judeus conservadores,

    hasdicos, do leste europeu, influencia e ao da modernidade sempre foi circunstancial

    e fundada acima de tudo no culto da ignorncia ou do isolamento diante dos desafios do

    mundo secular. (SACHAR, p.550.)

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    Abordar de forma criadora a realidade colocada pelo conhecimento cientfico, e

    especialmente pela Histria, - e no neg-la - um desafio da mais alta significao, que

    foi eventualmente assumido por alguns telogos. A histria desse movimento investigador

    e crtico igualmente importante porque revela um aspecto possvel e interessante do

    dilogo intelectual entre a objetividade cientfica e a subjetividade metafsica.

    Principalmente no sentido de evitar as destruidoras relaes entre o pensamento religioso e

    a sociedade laica que muito embora sejam resolvidas geralmente, a longo prazo, emprejuzo do primeiro, causam grandes estragos circunstanciais a ambos.

    Assim, evidente que a crtica histrica suscitou questes essenciais sobre a natureza da

    palavra revelada, tal como se entendia a mesma nas tradies judaica e crist.

    Principalmente porque situou os diferentes momentos de sua construo numa perspectiva

    objetiva e concreta e consumou, portanto, a defesa da historicidade e humanidade do

    fenmeno religioso.

    II- Reflexes teolgicas judaicas sobre os efeitos da crtica textual no sculo XIX

    Entre diversas reaes teolgicas ampliao do conhecimento histrico das origens da

    Bblia, cabe realar aquelas oferecidas por alguns meios religiosos judaicos no sculo

    XIX. Inseridos de uma forma ou de outra nas sociedades laicas europias, no decorrer dos

    processos emancipadores, isto , que estenderam os direitos civis aos judeus, e ntimos das

    bases cientficas da grande secularizao, esses setores no fugiram da realidade

    cientfica. Ao contrrio, procuraram reconhec-la e pensar solues teolgicas para o seu

    desafio. Que, em se tratando de judasmo, eram tambm tentativas de encontro de solues

    identitrias.

    Concordam os historiadores que foi na Alemanha, impactada pelas transformaes

    revolucionrias da Frana, e pelas polticas emancipadoras de Napoleo, que pela primeira

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    vez amadureceu, na comunidade judaica, um ncleo intelectual consistente voltado para

    essa reflexo iluminista. O Verein fr Culture und Wissenschaft der Juden, a Sociedade

    para a Cultura e Estudo Cientfico dos Judeus, foi fundado em Berlim, em 1819. Sua

    aproximao aos estudos histricos teve grande importncia nos meios intelectuais

    judaicos da poca. (MYERS, p.706.)

    O primeiro telogo judeu a agir do interior do pensamento ilustrado e na direo da crtica

    bblica foi, provavelmente, Abraham Geiger (1810-1874). Sua tese de doutorado em

    Marburgo foi um trabalho de crtica histrica, no caso do Coro. Geiger , de fato, um dos

    fundadores dos estudos de crtica histria cornica. Pois nenhum texto sagrado de outras

    culturas deixou de ser exposto aos procedimentos crticos ocidentais. Geiger, no caso,

    sustentou que diversas fontes do livro sagrado dos muulmanos eram oriundas da

    literatura rabnica, inaugurando uma corrente dentro dos estudos cornicos.

    (WARRAQ,1998.) Ele tambm avanou, evidentemente, na crtica bblica, corroborando

    os pioneiros estudos da crtica histrica, no se furtando a assumir como reais algumas de

    suas concluses:

    O livro do Eclesiastes escreveu, e o Cntico dos Cnticos no foram escritos

    por Salomo, nem Daniel o autor do livro que leva seu nome... ns tambm

    aceitamos o fato de que pores do livro de Isaas, um grande nmero de

    Salmos e a maior parte dos Provrbios so de origem recente... ns no

    podemos negar o testemunho histrico... (GEIGER, 1962, p.217-218)

    (SARNA,1975).

    Em que pese o fato, no entanto, de que leu cuidadosamente Espinosa, e que se espantava

    privadamente como os rabinos podiam continuar a contar histrias bblicas do plpito

    como se fossem reais eventos histricos, a posio de Geiger, em termos gerais, sobre o

    assunto, era formalmente ambgua. No apenas evitava discutir a histria bblica pr-exlio

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    babilnica, isto , essencialmente, a histria do texto do Pentateuco, como jamais tratava

    do assunto em suas prdicas. (MEYER,1995, p.93.) Provavelmente no considerava que

    os seus congregantes estivessem preparados para receber essas informaes

    revolucionrias que vinham das universidades. De qualquer forma, h aqui o incio de uma

    linhagem rabnica voltada para a aceitao da crtica histrica e a interpretao de seu

    significado.

    Rabinos mais radicais daquela mesma gerao, como Aron Bernstein (1812-1884), no

    entanto, no hesitavam em exteriorizar preocupaes com relao s dificuldades

    teolgicas em tratar do tema. Bernstein via riscos graves para o judasmo futuro se no

    fosse realizada a plena aceitao da modernidade, principalmente da crtica histrica.

    Observemos que aps 1870 vivia-se um perodo de grande confiana no progresso da

    cincia e da tcnica. Sua certeza na realidade dos estudos histricos o levou a afirmar,

    referindo-se ao Pentateuco, que o Pentateuco no uma revelao. o testemunho da

    revelao da conscincia de Deus aos nossos ancestrais. (apud MEYER,1995, p.127.)

    Semelhante digresso, em tudo revolucionria no relativo ao texto sagrado, expressava um

    estado de esprito que no de forma gratuita podia ser visto como um distante e

    particularmente percebido eco do espinosismo. Principalmente porque, em decorrncia da

    desconstruo da histria da revelao do Sinai, ele era levado a sugerir que a nica forma

    de admitir a sacralidade do texto era postular a existncia de uma conscincia de Deus que

    falava aos homens de dentro deles e no de fora.

    O triunfo da critica histrica, no final do sculo XIX colocou, afinal, a questo de forma

    inexorvel. Trs grandes pensadores da poca refletiram sria e profundamente sobre o

    assunto: Kaufmann Kohler (1843-1926), Emil Hirsch (1851-1923) e Claude Goldsmid

    Montefiore (1858-1938). Todos eles afinados com o esprito da modernidade e

    simultaneamente dotados de uma irrenuncivel sensibilidade religiosa.

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    Kaufman Kohler, especialmente, no teve dvidas em defender a desconstruo de

    determinada viso do texto sagrado, tornada invivel, em sua opinio, pela crtica histrica

    e pelo darwinismo: A Bblia sagrada, afirmou, no porque ela inspirada, mas

    porque inspira (apud MEYES,1995, p.273). Isto , para Kohler, a historicidade do

    Pentateuco, a revelao da trama de sua composio textual e os avanos do conhecimento

    humano necessariamente foravam a uma crise de certa concepo da natureza da

    inspirao do texto. Ela era uma obra humana, capaz de suscitar reflexes. E continuava: oPentateuco no verdade porque Deus falou a palavra, mas porque, na verdade, no

    conforto, na esperana, na vitria final da justia que ela sustenta, voc escuta Deus

    falando a voc em sua alma (apud idem).

    Assim, o tema da presena de Deus na alma parecia ser a mais vivel soluo para o

    problema posto pela crtica histrica. Ou, como sintetizou Michael Meyer, para Kohler a

    autoridade no reside no texto, mas no leitorou mais precisamente, na reflexo da lei

    moral divina na alma de cada judeu crente (apud idem). Parecia, no entanto, para os seus

    crticos, que isto representava a presena do sempiterno fantasma do espinosismo: o

    entendimento de Deus como substncia. Alm do mais, no lhes parecia claro como um

    Deus imanente e de tal forma abstrato, depositrio de uma lei moral, poderia ser

    distinguido tnica ou culturalmente. Isto , como justificar uma determinada tradio, a

    judaica, a partir dele?

    Emil Hirsch, da mesma maneira, entendia a crtica histrica como uma voz que no podia

    ser silenciada. Conhecia os cdigos de leis da antiga mesopotmia, entre eles o de

    Hamurabi, e tudo que eles continham, e reconhecia a sua reveladora eloqncia

    cronolgica e documental. Principalmente o fato de serem anteriores ao Pentateuco, e de

    terem sido, portanto, transcritos no texto sagrado por legisladores antigos, como era

    razoavelmente evidente. Assim, Hirsch afirmou que todo aparato das instituies

    sacerdotais... o rito abrmico, as leis alimentares e levticas, o ritualismo sacrifical, o ciclo

    de festas e o resto no so originais do solo judeu... no tm origem hebraica (apud

    idem).

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    Para Hirsch, a realidade da pesquisa histrica colocava constataes que no podiam ser

    negadas. Os judeus no eram originais, mas um brao de uma antiga civilizao semtica,

    e seus valores e idias tinham vindo de um universo maior e mais antigo. Mas o que

    seriam os judeus sem essa percepo de que eram proprietrios de uma herana revelada

    por Deus apenas a eles?

    Diante do mesmo problema os judeus reformistas americanos afirmaram, na Plataforma dePittsburg, de 1885, que ns sustentamos que as modernas descobertas dos pesquisadores

    cientficos nos domnios da natureza e da histria no so contrrias doutrina do

    judasmo. (apud idem, p.387.) Isto queria dizer que a crtica histrica no continham, em

    si, nada que pudesse de fato neutralizar a identidade religiosa judaica, sua doutrina, seus

    princpios. Isto , mesmo considerando que o mago do Pentateuco no judaico em

    origem, ou historicamente datado, os princpios do judasmo continuariam existindo.

    Mas como? Aparentemente a soluo estaria nos mesmos princpios que fundamentavam a

    crtica.

    O estudo da histria, assim, levou Claude Montefiore, da mesma maneira que Emil

    Hirsch, a evitar o delicado problema da natureza do fenmeno religioso no texto sagrado e

    a se dedicar a uma releitura histrica da doutrina do judasmo. Reconhecendo

    corretamente a fragilidade histrica do Pentateuco e a maior densidade dos textos

    profticos ele se inclinou a estabelecer a ascendncia dos profetas sobre Moiss. (apud

    MEYES,1995, p. 215.)

    Nas palavras de Montefiore, se temos uma arca, devemos colocar nela as profecias de

    Ams, Osas e Isaias, ao invs do Pentateuco, porque os profetas so mais primrios e

    mais essenciais que a Lei (apud idem). Como sabemos, de fato os primeiros textos

    profticos antecedem a elaborao das primeiras verses do Pentateuco e certamente

    desempenharam papel fundamental na formulao do projeto teolgico deuteronomista e

    do Pentateuco de uma forma geral, inclusive para serem neutralizados em seu perfil mais

    radical (LEITE, 2007, p.116) (BLENKINSOPP,1996, p.15.)

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    Embora Kohler tenha sido responsvel pela introduo do curso de crtica histrica no

    Hebrew Union College, o seminrio rabnico reformista, ele, como Geiger, no

    considerava o assunto adequado ao plpito. E realmente todas as discusses relativas

    definio da identidade judaica, no momento em que a crtica histrica revelava a

    fragilidade da autoridade religiosa da Lei, eram restritas a um grupo seleto. Ou ento

    transbordavam para fora do espao religioso, para um universo de descrena bastante

    compreensvel e mesmo inevitvel, fruto da ampliao da grande secularizao.

    necessrio talvez anotar que semelhante processo de descrena na literatura sagrada

    geral no perodo que antecede a primeira guerra mundial em todas as sociedades

    alcanadas pela modernidade. Observemos a difuso do materialismo socialista e

    comunista, as presses para separao entre Igreja e Estado no Ocidente ou as reformas de

    Mustaf Kemal Ataturk na muulmana Turquia, por exemplo. Mas tambm preciso

    realar que se trata de um processo particularmente intenso nas ilustradas lideranas

    judaicas da Europa ocidental e dos Estados Unidos, muito conscientes dos significados da

    crtica histrica e especialmente sensveis ao silncio e reticncias da maioria de seus

    pensadores religiosos. Ou ao isolacionismo e hostilidade do hassidismo.

    Parece-nos que a primeira tentativa real de resolver esse impasse entre teologia e histria

    s tenha se configurado no sculo XX, na obra de Mordechai Kaplan (1881-1983). Kaplan

    buscou solues para os problemas levantados pela crtica histrica acreditando,

    evidentemente, na existncia de uma demanda social consistente nesse sentido. Isto ,

    enquanto toda discusso anterior no era tida como apropriada para o plpito, Kaplan

    identificou um universo congregacional em condies de receber o tema.

    Nesse contexto, utilizando os elementos das quatro ondas anti-religiosas, elaborou uma

    crtica teolgica. Ao contrrio da de Espinosa, que no se exteriorizou em evento poltico

    no mbito do judasmo e, portanto, deixou de ser judaica, Kaplan pode dar forma s

    ansiedades religiosas existentes no prprio universo secular judeu.

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    Desenvolvendo concepes sociolgicas e histricas, entendeu que o judasmo era, na

    verdade, uma civilizao que tinha concretude histrica: A abordagem histrica explica

    que a tradio judaica um fenmeno humano sujeito s leis naturais do comportamento

    humano e reao normal entre a vida humana e o meio. (KAPLAN,1949:377.)

    Articulou, portanto, os contedos teolgicos e de tradio s realidades dos momentos

    histricos, da mesma forma que Espinosa o fez no Tratado Teolgico-Poltico. Da mesmaforma, alis, Kaplan tambm recebeu uma excomunho, em 1945, por parte de um grupo

    de rabinos ortodoxos, mas o mundo, evidentemente, mudara muito, e a lei civil,

    principalmente, se sobrepunha lei rabnica. Kaplan estruturou, portanto, sua teologia a

    partir dos elementos cientficos e racionais consolidados na civilizao ocidental, o que o

    tornou compreensvel, por exemplo, para aqueles que tinham alguma intimidade com os

    conceitos fundamentais da antropologia e da histria.

    Mas o fundamental que Kaplan se dedicou a reinterpretar as bases da experincia

    religiosa, a fim de repensar a sacralidade do Pentateuco diante daqueles que o viam apenas

    como fruto de processos histricos objetivos. Kaplan viu o divino como imanente na

    experincia humana universal... a religio judaica era o produto do pensamento e

    experincia do povo judeu....

    Assim, rejeitou de forma clara todo sobrenaturalismo clssico, defendendo um judaismo

    transnatural que vislumbra Deus na organicidade do cosmo e na realizao da natureza e

    destino dos seres humanos e no na miraculosa suspenso das leis da natureza.

    (GOLDSMITH, 1991:18.)

    Tudo leva a crer que aqui, da mesma maneira que em Espinosa, est contida uma crtica ao

    autoritarismo e obscurantismo das doutrinas sobrenaturais, que usualmente no

    consideram quer a pluralidade de vises, quer a potncia contida no ser. Assim, diante das

    basilares reticncias a Espinosa ou a Kholer, isto , a de que o naturalismo convergia para

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    o atesmo ou para a aculturao, Kaplan sustentou que precisamente o naturalismo podia

    resgatar a sacralidade da tradio, ao conter em si a expresso conceitual de uma realidade

    que estava alm dos limites da cincia. O seu supranaturalismo postulava a existncia de

    uma realidade subjacente ao mundo e que era por definio absolutamente inacessvel ao

    ser e a todo inqurito cientfico. Mas compunha a substncia do ser.

    Alm do mais, propunha uma estrutura religiosa descentralizada, democrtica, plural, mas

    totalmente judaica, porque expresso histrica da civilizao judaica, explicada por

    realidades tnicas. E, da mesma maneira como pareceu propor Espinosa, uma ordem

    congregacional na qual os historiadores e os cientistas - eram convidados a se tornar

    telogos. (SMITH, p.74.) Principalmente porque a crtica histrica um ato de

    desconstruo e reconstruo que contm em si uma fala sobre a realidade ou

    irrealidade - de Deus. Isso tambm propicia aos telogos, evidentemente, a oportunidade

    de tornarem-se historiadores.

    III- Para uma teoria da aproximao entre a teologia judaica e o racionalismo no mundocontemporneo

    O desenvolvimento da secularizao na Europa ocidental e nos Estados Unidos, na virada

    do sculo XIX ao XX e a ampliao dos estudos de antiguidade do prximo oriente e a

    crtica histrica criaram, nos meios judaicos inseridos num universo de esclarecimento,

    uma forte tendncia descrena nos elementos religiosos tradicionais. As demandas por

    uma religiosidade reformada tinham inicialmente seus limites, por conta do forte apelo do

    atesmo, fruto de um proselitismo prprio e singular, fortalecido pelo triunfo

    aparentemente absoluto do racionalismo cientfico. O sionismo, enquanto verso judaica

    da religiosidade laica centrada no Estado-Nao, prpria do perodo, preenchia em parte

    esse vazio de significaes, enquanto o comunismo, diluidor das identidades particulares

    todas elase movimento que se propunha a realizar, na terra, uma ordem justa e

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    igualitria, igualmente passou a ocupar um espao de sentido deixado vago pela religio

    tradicional.

    As reticncias em abordar claramente os impactos religiosos decorrentes da crtica

    histrica, advinham, portanto, do fato de no existir uma resposta conseqente ao

    problema. Isto , que no ameaasse diretamente quer a manuteno dos grupos rabnicos

    que exerciam a tutela da interpretao da Lei, atravs do domnio da tradio talmdica,

    quer a prpria existncia da identidade judaica, por si s bastante ameaada pela quebra na

    crena absoluta do texto revelado. A religio tradicional no podia levantar no plpito,

    portanto, precisamente, os elementos capazes de inviabilizar as suas bases legitimadoras.

    Donde se deu o alheamento da ortodoxia, dos reformistas e conservadores, cada qual a sua

    maneira, diante do assunto.

    A dualidade presente em determinados telogos, isto , que de um lado reconheciam a

    crtica histrica e externamente a desconsideravam, no entanto, gerou um quadro de crise.

    Em decorrncia, emergiu, ao longo do perodo, uma natural e crescente demanda pela sua

    superao. Demanda determinada tanto pela incapacidade dos movimentos laicos em

    responder a todas as necessidades, como, por exemplo, uma dada e integradora apreenso

    subjetiva do mistrio da vida e da morte, quanto pelo imprescindvel movimento de

    realizar uma sntese holstica que desse conta da subjetividade crente e da cincia objetiva.

    A soluo para esse impasse foi, de uma forma ou de outra, alcanada, a partir de alguns

    dos parmetros pioneiramente teorizados por Espinosa. Isto , a adoo de graus maiores

    ou menores de naturalismo permitiu a elaborao de uma proposta de equacionamento

    entre a tradio, a revelao, as transformaes secularizadoras e a necessria preservao

    da autoridade rabnica. Alm do mais, provavelmente, introduziu elementos para aceitar o

    pluralismo religioso, harmonizando a prtica religiosa no interior de uma sociedade plural.

    Uma proposta possvel apenas nos meios onde se generalizavam atitudes de aceitao e

    entendimento da racionalidade iluminista. Assim pode ser a crtica histrica incorporada e

    submetida teologia.

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    Nos parece que a partir de ento o conflito com a ortodoxia, ou o hassidismo, reveste-se,

    na teologia rabnica, de uma dimenso poltica. Nesta, o fundamentalismo se torna a

    defesa de uma linhagem teolgica hostil s transformaes do mundo e que teme o seu

    desaparecimento como instncia de poder. A ortodoxia s pode, na verdade, aps a

    incorporao da crtica histrica na teologia, basear-se na ignorncia dos crentes do

    significado das descobertas da histria, da arqueologia e da crtica bblica. E deve

    trabalhar pela manuteno dessa ignorncia. O que conduz, pelo menos, a umaprofundamento das diferenas entre as tendncias teolgicas.

    A tradio judaica rabnica sempre produziu explanaes e discursos sobre Deus,

    teologias. Mas deve ser anotado que a natureza de Deus foi tratada ao longo de seu

    desenvolvimento por intermdio de diferentes procedimentos formais. (DORFF e

    NEWMANN,1999, p.2.) Muitos deles estranhos s formulaes filosficas de matriz

    grega. Por exemplo, atravs da utilizao de parbolas, recurso importante nas

    interpretaes, midrashim, desenvolvidas na literatura talmdica e ps-talmdica.

    Procedimento tradicional, muito utilizado no perodo do segundo templo de Jerusalm, foi

    o mecanismo valioso para a apreenso subjetiva e misteriosa do divino no mundo

    (STERN,1991, p.93) (YOUNG,1991, p.14.)

    Isso no quer dizer que os procedimentos lgicos de origem grega no tenham sido

    utilizados pelos sbios judeus da antiguidade e da idade mdia (WINSTON,1997).

    Principalmente quando movidos pela necessidade de uma maior preciso conceitual. o

    caso de Philo de Alexandria (c.20a.e.c.50e.c.) bem como de toda a tradio sapiencial,

    com sua inclinao a diversos elementos da filosofia helenstica (Idem,ibidem) e de Ibn

    Daud(1110-1180) ou Maimnides(1135-1204), inclinados em direo ao aristotelismo

    (SAMUELSON,1997) (LEITE,2006(a)). Esses rabinos filsofos e telogos engendraram

    linhagens diversas de discusso teolgica que se desenvolveram at o limiar da era

    moderna.

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    Mas sem dvida a contemporaneidade, com o decorrente imprio da razo na formulao

    dos discursos foi o decisivo motor da construo de proposies teolgicas com

    embasamento filosfico especfico - orientadas para um dilogo reconhecvel com a

    produo acadmica laica. E, como se sabe, para o Iluminismo, a razo era o maior

    princpio do ser, da natureza e da sociedade. (LUKCS,1978, p.5.) Isso teve efeitos

    sobre a teologia, ou sobre o pensamento metafsico geral, introduzindo a impresso de

    que, por conta da racionalidade intrnseca e autnoma da natureza, uma ontologia do sersocial somente poderia ser construda a partir da base de uma ontologia da natureza

    (Idem, p.8). Donde se depreende o desenvolvimento, dentro da metafsica, de diferentes

    aproximaes realistas objetividade (VAN INWAGEN,2001) que, ao que tudo indica,

    tenderam a lanar as bases para o estabelecimento de uma nova metafsica realista

    (DUMMET,2001).

    Byron Sherwin, ao discutir a dinmica das especulaes teolgicas judaicas

    contemporneas, afirmou a existncia de quatro critrios capazes de validar qualquer

    teologia: autenticidade, coerncia, contemporaneidade e aceitao comunal (SHERWIN,

    1999, p.7). Se, com efeito, no dilogo no s com a academia, mas tambm com

    indivduos que experimentam uma existncia cada vez mais secularizada e racional, existe

    a necessidade de uma nova teologia, ela deve reunir esses elementos, pois seno no

    teologia, e nesse caso, no judaica.

    A inconsistncia de Espinosa, enquanto telogo do judasmo, por exemplo, deve ser

    compreendida luz dessas disposies: no que diz respeito autenticidade ele no

    colocou no centro do seu sistema uma teoria sobre o significado da tradio. Com relao

    coerncia ele ainda buscou preservar e estabelecer a importncia de alguns valores

    judaicos, mas os relativizou diante de outros valores, cristos, por exemplo. Do ponto de

    vista de sua contemporaneidade, se aproximou muito das demandas de certos crculos com

    relao a um novo entendimento da palavra de Deus. Mas esses crculos no eram apenas

    de judeus. E por fim, jamais teve aceitao comunal.

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    Como explicou certa vez Eliseo Vern, as condies de produo intelectual tem a ver

    com os valores da sociedade que produz, mas as condies de reconhecimento

    dependem do poder, isto , das instncias capazes de legitimar ou no a aceitao das

    idias na sociedade. (VERN, 1981, p.192.) O que quer dizer que uma histria do

    desenvolvimento de uma teologia judaica contempornea no perodo envolve tambm uma

    histria de seu desenvolvimento institucional.

    Assim, o grande desafio da teologia contempornea do sculo XIX e XX, que se pretendia

    judaica, foi a de produzir um pensamento que primeiro, fosse autntico, isto , capaz de se

    estruturar a partir de alguma leitura do Pentateuco e que pudesse, a ser rabnico, valorizar

    de uma forma decisiva e criadora a importncia da halakh, da legislao. Segundo, que

    fosse coerente, ou seja, construdo a partir de valores entendidos como judaicos. Terceiro,

    que fosse contemporneo, isto , capaz de adaptar a idia de Deus ao mundo que

    efetivamente vivido. E por ltimo que tivesse uma aceitao comunal, isto , que se torne

    realidade diante daqueles que crem. (SHERWIN, 1999, p.7.)

    Alguns filsofos da religio entendem que a prtica religiosa essencialmente teraputica,

    isto , oferece aos crentes um diagnstico dos problemas humanos e simultaneamente

    solues qualitativas para eles (YANDELL, 2004, p.4). Assim, trata-se de entender essa

    teologia particular como uma resposta, judaica, ao mal-estar decorrente da crise crnica da

    secularizao no meio judaico e na sociedade. Resposta, no entanto, cuja aceitao

    comunitria efetiva foi sempre limitada e precria, como de resto todas as tentativas

    teolgicas em lidar com o tema em outras comunidades religiosas atingidas pelas

    transformaes ontolgicas da contemporaneidade.

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