história da África atlântica
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Aulão de 26/09/2013 | Prof. Elton Zanoni
Mesquita em Tombuctu, cidade tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.
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África
Atlântica
• Áreas que forneceram milhões de escravos para o tráfico atlântico. 1. Reino de Gana
2. Império do Mali 3. Reino Songai 4. Hauçás 5. Iorubás 6. Reino do Congo
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Mapa anacrônico dos sistemas estatais africanos pré-coloniais.
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O quadro atual na História
• História ainda em construção;
• Interesse após a II Guerra Mundial;
• Processos de independência.
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Características gerais
• 30 milhões de km²;
• Dois grandes desertos:
▫ Saara (norte)
▫ Kalahari (sul)
• Há 5 mil anos, o Saara era “verde e fértil”, habitado por povos caçadores e criadores de gado.
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Características gerais
• Mudanças climáticas expandiram o deserto;
• Isolamento relativo dos povos africanos ao sul do Saara (região conhecida por África negra);
• Três regiões de interesse:
▫ Maghreb: clima subtropical; “ocidente”; “poente”
▫ Sahel: região semidesértica; “borda do deserto”
▫ Sudão: mais favorável à agricultura; “terra dos negros”
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Reino de Gana
• Ocidente do Sudão;
• Estado centralizado já no séc. IV;
• Fundadores (soninqueses) organizaram-se militarmente para se defender de povos do deserto (berberes);
• Berberes atacavam aldeias e roubavam alimentos, mulheres e crianças;
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Berbere do norte da África e uma casa típica desse grupo.
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Reino de Gana
• Gana significa “senhor da guerra”;
• Ganhou fama como “reino do ouro”, que vinha dos territórios controlados e das rotas comerciais do ouro do Saara;
• Comércio com os berberes (pacificados):
▫ Ouro x sal;
• Conquista de povos vizinhos tributos;
• Controle de entrepostos das caravanas que atravessavam o Saara;
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Detalhe do mapa do norte da África (manuscrito catalão de 1375).
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Reino de Gana
• Guerras de Gana cativos;
• Comércio de escravos através do Saara (principalmente após a expansão muçulmana);
• Auge do reino de Gana: séculos IX e X.
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KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra I. Lisboa: Publicações Europa-América, s/d, p. 137
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Revolução do camelo
• Introduzido no Egito pelos persas (séc. VI a.C.);
• Adotado pelos povos nômades do deserto;
• Uso generalizado entre os berberes (grandes comerciantes transaarianos);
• Camelos podem:
▫ Ficar de 10 a 15 dias sem água
▫ Suportar cargas de 120 a 150 kg
▫ Fazer de 30 a 45 km por jornada
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Revolução do camelo
• Rotas conforme as fontes de água (oásis);
• Caravanas com até milhares de camelos;
• Rotina:
▫ Madrugada sol forte
▫ Descanso em tendas
▫ Crepúsculo anoitecer
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Império do Mali
• Mali ou Mandinga*: reino ao sul de Gana;
• Expansão ligada à islamização do reino;
*Atualmente associado a feitiço; originalmente, “bolsa de
mandinga”, com versículo do Corão que protegia quem a carregasse.
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Império do Mali
• Proeza: reconhecimento do seu rei como soberano, por povos vizinhos, sem grandes conflitos;
• Razões: governo descentralizado e tolerância religiosa (sem jihad);
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A mesquita de Djenne, no Mali.
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Mesquita de Bandiagra, no Mali.
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Mesquita Sankore, Tombuctu. Desde 1988, a cidade é Patrimônio Cultural da Humanidade (ONU).
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Império do Mali
• O rei proporcionava segurança às caravanas comerciais, com punições rígidas aos ladrões;
• Segurança às caravanas novas rotas;
• Centros comerciais começam a se destacar:
▫ Exemplo: Gao (população songai)
• Lutas internas pelo poder, desarticulado no século XVI (tomada pelos songai).
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Figura equestre e arqueiro, ambos de terracota.
Mali (séc. XIII-XV?)
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Vila de Songo (Mali). Casas cônicas com uma pequena mesquita ao centro.
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O Império de Mali com seus reinos “vassalos” (século XIV).
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Reino Songai
• Elite rigorosa nos preceitos islâmicos;
• Hegemonia sobre os vizinhos (séc. XV e XVI);
• Último estado mercantil negro do Sudão ocidental;
• Muçulmanos da região do atual Marrocos derrotaram militarmente os songai em fins do século XVI.
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Reino Songai
• Presença portuguesa intensificada;
• Novas rotas comerciais (marítimas) surgiram;
• Sudão ocidental Europa:
▫ Ouro, marfim e escravos.
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Reinos do Sudão central www.elton.pro.br
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Reinos do Sudão central
• Seriam um dos principais fornecedores de escravos para a América;
• Cidades da região nunca formaram um império: ficaram submetidas a reinos vizinhos ou como cidades-Estado autônomas;
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Hauçás
Iorubás
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Hauçás
• Estabelecidos entre o rio Níger e o lago Chade;
• Local de rotas comerciais transaarianas;
• Cidades-fortaleza: esquema de proteção contra pilhagem e invasão de outros povos;
• Chefes militares tornam-se soberanos;
• Região islamizada (influência dos soberanos do Mali) no séc. XIV;
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Hauçás
• Guerra era uma atividade comum;
• No século XV, os hauçás envolveram-se diretamente no tráfico atlântico de escravos.
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Arquitetura hauça de Cano (Nigéria).
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Iorubás
• Região dos atuais Nigéria e Benin;
• Povos de língua iorubá;
• História antes do contato com os europeus é pouco conhecida;
• Reis eram eleitos por um conselho de Estado, para um período de tempo determinado;
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Iorubás
• Soberano controlado por esse Conselho (responsável pela segurança e conservação dos costumes);
• Membros do Conselho pertenciam às famílias de grande poder local;
• Quando o rei era culpado por alguma falta grave, o conselho pedia que ele “fosse dormir” (se envenenasse);
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Iorubás
• Reino do Benin (séc. XII) era governado por um obá (monarca com poderes absolutos), sacerdote que comandava sacrifícios humanos (escravos);
• O poder do obá era vigiado por um conselho de notáveis;
• Comércio: principal riqueza (contas, tecidos, cobre, escravos);
• Riqueza do reino vinha dos impostos sobre o comércio dessas mercadorias.
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África centro-ocidental www.elton.pro.br
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África centro-ocidental
• Região de floresta equatorial e tropical;
• Origem liguística banto;
• Ocupação a partir do séc. I d.C., descendo da região do lago Chade em busca de terras férteis;
• Conheciam a fundição do ferro, o que lhes permitiu submeter os povos que ocupavam a região;
• Espalharam-se até o sul da África;
• Sociedade banto mais conhecida: Congo.
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Reino do Congo
• Ocupação no séc. XIV;
• Capital com 100 mil habitantes (final séc. XV);
• Exército de guerreiros a pé:
▫ Arqueiros: 28 flechas sucessivas, envenenadas;
▫ Trompas de marfim e tambores de couro (comunicação)
• Religião animista (espírito às forças da natureza), com culto aos ancestrais;
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Reino do Congo
• Escravos: prisioneiros de guerras, criminosos ou pessoas com dívidas impagáveis;
• Sem divisão sexual do trabalho entre escravos;
• Atuais Congo, Zaire, Angola: locais de onde saiu a maior parte dos escravos enviados à América.
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Escravidão na África
• Existiu em praticamente todas as sociedades africanas;
• Uso dos escravos: ▫ Agricultura ▫ Pastoreio ▫ Mineração ▫ Trabalho doméstico ▫ Construções ▫ Burocracia ▫ Exército
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Escravidão na África
• Povos islamizados do norte da África buscaram cativos nos reinos ao sul do Saara:
▫ Razão: um muçulmano não poderia ser escravo de outro muçulmano (preceito religioso);
▫ Cativos deveriam professar outra religião;
▫ Islamização dos reinos do sul ficava restrita aos soberanos e à nobreza (maioria da população não era islamizada);
▫ Nem sempre essa regra era respeitada...
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Escravidão na África
• Muçulmanos preferiam a escravidão feminina, pois transformavam as escravas em concubinas;
• Escravo caro: eunuco (tomava conta de haréns; castração na juventude).
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Escravidão na África
• “A existência prévia de reinos ou chefes locais poderosos, já familiarizados com um amplo comércio de escravos, facilitou o contato com os europeus, especialmente os portugueses, a partir do século XV.”
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http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/general_history_of_africa_collection_in_portuguese-1/
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Tráfico atlântico www.elton.pro.br
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Tráfico atlântico
• Primeiras caravelas portuguesas: 1430;
• Interesse em: ouro, escravos, marfim, pimenta.
• Escravos para:
▫ Plantações de cana-de-açúcar (ilha da Madeira)
▫ Revenda da própria África;
• Comércio transaariano se enfraqueceu;
• Quanto mais litorâneos os reinos africanos, mais ricos eram.
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Feitorias
• Construídas ao longo da costa;
• Diminuição do tempo de estadia.
Castelo da Mina, Gana.
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![Page 56: História da África Atlântica](https://reader031.vdocuments.net/reader031/viewer/2022020101/54814fc2b4af9faf158b5feb/html5/thumbnails/56.jpg)
Vista do Castelo da Mina (Costa do Ouro, Golfo da Guiné) pelo lado noroeste a partir do rio. Imagem do século XVII.
![Page 57: História da África Atlântica](https://reader031.vdocuments.net/reader031/viewer/2022020101/54814fc2b4af9faf158b5feb/html5/thumbnails/57.jpg)
Imagem de 1572. "A Mina", detalhe de mapa do século XVI.
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![Page 58: História da África Atlântica](https://reader031.vdocuments.net/reader031/viewer/2022020101/54814fc2b4af9faf158b5feb/html5/thumbnails/58.jpg)
Feitorias
• Comércio dinamizado ao redor das feitorias;
• Reinos e cidades tornavam-se poderosos;
• Disputa pelo poder: guerras constantes;
• Um povo vendedor de escravos podia tornar-se escravizado e vice-versa.
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Alianças com os europeus
• Portugueses tentavam converter os soberanos africanos ao cristianismo;
• Conversão mais duradoura: manicongo (rei do Congo), já em 1484;
• Filhos das elites congolesas eram educados em Portugal;
• Boa relação entre portugueses e congoleses entra em declínio em meados do séc. XVII;
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Alianças com os europeus
• Angola: reino ao sul do Congo;
• Costa de Ndongo (rei ngola);
• Dominado pelo manicongo até 1556;
• Fundação de São Paulo de Luanda em 1575;
• Colonização nos mesmos moldes das capitanias hereditárias do Brasil;
• Resistência inicial;
• Exploração inicial de minérios;
• Séculos XVII e XVIII: escravos.
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