historia da musica
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Pos-romantismo, Nacionalismo, Portugal, França, Impressionismo, SixTRANSCRIPT

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Pós-Romantismo
No panorama musical destacam-se dois grandes eixos:
Alemanha/Áustria – Pós-Romantismo
Paris
Situação Política – supremacia da Alemanha Prussiana na Europa Central:
• 1866 – derrota da Áustria em guerra com a Prússia e Itália (perda de Veneza)
• 1870 – unificação da Alemanha, guerra franco prussiana e consequente
derrota de Sedan
• Evolução para conceitos de germanismo – Wagner, Nietzche – alargamento
territorial, unidade cultural e rácica
• Aumento da importância do império germânico em termos mundiais
• Início da decadência do Império Austro-húngaro – reivindicações sociais e
autonomias culturais, linguísticas, nacionais (húngaros, eslovacos, eslovenos,
italianos, sérvios, croatas, …)
Situação Política – desenvolvimentos e acontecimentos em França do século XIX:
• 1871- Comuna de Paris [A Comuna de Paris foi considerada a primeira
experiência histórica de governo popular. Por 71 dias, entre março e maio de
1871, os communards, governaram a capital francesa de uma forma
totalmente distinta dos demais governos existentes à época, sendo a Comuna
de Paris considerada como o embrião do que seria um governo operário. A
criação da Comuna de Paris ocorreu no contexto da Guerra Franco-Prussiana,
que vigorou entre 1870 e 1871, resultando na vitória da Prússia e na unificação
dos estados germânicos, dando origem ao Reich (Império) Alemão. Em
setembro de 1870, o exército francês sofreu importante derrota para os
prussianos. A partir daí existiram uma série de manifestações populares,
resultando inicialmente na queda do Imperador Napoleão III e na instauração
da chamada III República (1870-1940).]
• Guerra Franco Prussiana
• Anti-germanismo preponderante
• Revoltas sociais
• Decadência da elite burguesa e grandes contrastes sociais

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Pós Romantismo ou Ultrarromantismo alemão (c. 1870-1910):
• Após Wagner, destacam-se alguns compositores que são conotados com a sua
herança: Humperdinck, Bruckner, Wolf, Mahler, R. Strauss, Reger.
• Paralelamente, assistimos:
• Despertar das correntes nacionalistas e importantes escolas de
composição
• Desenvolvimento da acústica e dos instrumentos
• Desenvolvimento da análise, História da Música, Educação Musical e
Ciências Musicais
• Formalismo de Hanslick em oposição a Liszt, Wagner, …
Características do Pós Romantismo:
• Liberdade criadora (o conteúdo é mais importante que a forma)
• Exploração das ideias de sofrimento, pessimismo, negativismo, solidão
• Fuga da realidade para o mundo dos sonhos, da fantasia e da imaginação
• Idealização do amor e da mulher
Compositores:
• E. Humperdinck (1854-1921):
• Ópera Hansel und Graetel
• A convite de Wagner colabora na preparação de Parsifal em Bayreuth
• Hugo Wolf (1860-1903) - lieder
• G. Mahler (1860-1911)
• 9 sinfonias + esboço da 10º; lieder
• Constrói as fundações do modernismo na música
• Um dos maiores directores de orquestra de todos os tempos (Kassel, Praga,
Leipzig, Budapeste, Hamburgo, Viena, Nova Iorque)
• Características das composições de Mahler:
• Influência de Beethoven, Bruckner e Wagner
• Dissolução da estrutura da sinfonia clássica e romântica

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• Rutura com as formas (7ª sinfonia: 5 andamentos; 3ª sinfonia:
6 andamentos)
• Contribui para a desagregação do sistema tonal
• Recorre a instrumentos pouco usados na orquestra (7ª
sinfonia: guitarra e bandolim)
• Explora as potencialidades tímbricas de uma grande
orquestra: Sinfonia dos Mil
• Pluralismo de linguagens estilísticas sobrepostas
• Dualismo entre sofisticação e simplicidade
• Sinfonia nº 2 – Sinfonia da Ressurreição
• Sinfonia nº 7
• Sinfonia nº 8 – Sinfonia dos Mil
• Richard Strauss (1864-1949)
• Compositor e maestro
• Aluno de von Bulow
• Mestre de Karajan
• Torna-se adepto da nova escola alemã, de influencia wagneriana
• Paleta timbrica instrumental muito rica
• Entre 1905-1915 – período das óperas mais importantes, Salomé e Elektra
• Vocabulário musical harmonicamente complexo e considerado
dissonante (influenciou o expressionismo e a dissolução da tonalidade)
• Sonoridades instrumentais para caraterizar pessoas e ações
• Antecipa técnicas do século XX (politonalidade)
• Últimas óperas – O Cavaleiro da rosa e Ariadne:
• Tendências neoclássicas
• 8 poemas sinfónicos
• 15 lieder orquestrais
• Max Reger (1873-1916)
• Fez a transição entre a tonalidade e a atonalidade

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• Diretor musical da Universidade de Leipzig
• Professor de composição do conservatório de Leipzig
• Digressões pela europa como organista
• Compôs exclusivamente segundo formas intituladas absolutas
• Caraterísticas de composição de Reger:
• Técnicas contrapontísticas com texturas densas
• Cromatismos, modulações rápidas, peças longas
• Formas barrocas como a fuga, tema e variações numa
linguagem pós-romântica
• Exploração do coral alemão e canção popular
• Obras: Requiem; 280 lieder; poemas sinfónicos; peças para
piano e órgão; concerto para violino obras corais; …
• Feruccio Busoni (1866-1924)
• Estudou composição em Leipzig
• Transcreveu para piano as obras para órgão de Bach
• Pedagogo notável
• Professor do conservatório de Helsínquia, Moscovo, Viena e da Academia de
Belas-Artes de Berlim
• Modernista e inconformado
• Explora as estruturas clássicas e barrocas
• Linguagem de vanguarda com a exploração do cromatismo e dissonância
• Esboço de uma nova estética da Música, 1907 – música electrónica, música
microtonal, mas afirma que a música se deve basear no passado para
pretender trazer algo de novo
• Obras tardias – tonalidade indeterminada
• 5 óperas – Dr. Fausto, 1916
• Alexander Scriabin (1872-1915)
• Influências de Liszt, Wagner, Mussorgsky e da corrente impressionista
• Linguagem harmónica complexa e quase atonal

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• Acordes construídos sobre intervalos pouco usuais, como as quartas com
alterações cromáticas
• Obras: Prometeu: poema de fogo (poema sinfónico)
• Outros compositores: Max Bruch; Glazounov, …
Nacionalismo Musical
Movimento musical que começou durante o século XIX e que foi marcado pela ênfase dada a
elementos nacionais da música, como canções tradicionais, danças tradicionais, ritmos
tradicionais ou assuntos para óperas e poemas sinfónicos que refletiam a vida e história
nacionais.
Oposição ao internacionalismo e cosmopolitismo do século XVIII.
Os nacionalismos musicais irão surgir e afirmar-se depois de 1850 contra a posição dominante
da Alemanha, Itália e França.
Nacionalismo Musical – Rússia
Importante movimento de renovação das artes – Literatura: Tolstoi, Dostoievsky, Tchekov.
Até ao século XIX a música esteve nas mãos de Italianos, franceses e alemães. No entanto,
encontramos no século XIX tentativas de produzir música nacional:
• Mikhail Glinka (1804-1857)
• 1º compositor russo a conquistar sucesso internacional
• “Pai da escola russa”
• Uma vida pelo Czar (ópera) – inclusão de melodias populares,
totalmente cantadas
• Alexander Dargomizhsky (1813-1869)
• Trabalho na declamação melódica – modelo na música
popular
• O convidado de pedra, 1872
Fundação da Sociedade Musical Russa (Anton Rubinstein – formação germânica e que mais
tarde fundará o conservatório de Sampetersburgo-1861).

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Grupo dos cinco:
• Balakirev
• Cui
• Borodine
• Mussorgsky
• Korsakov
Nenhum destes músicos, com exceção de Balakirev, recebeu formação musical sistemática.
Todos eram músicos amadores que exerciam outras profissões. Eram admiradores da música
ocidental mas rejeitavam a orientação germânica do Conservatório. O facto de serem músicos
autodidatas estimulou-os na procura de materiais que estariam ao seu alcance, como o
folclore.
Mily Balakirev (1837-1910):
• Fundador do grupo dos 5
• Teve sempre um papel de destaque no grupo corrigindo diversas vezes as
composições dos outros
• 1862 – participa no estabelecimento da Nova Escola de Música
(posteriormente rival do conservatório)
• Recorre constantemente a melodias populares
• No entanto a sua música ainda está muito próxima das tradições francesa e
alemã
• Poema Sinfónico: Rússia - 1887
Cesar Cui (1835-1919):
• Apenas em determinados momentos revela elementos etnicos da música
folclorica russa nas suas composições
• É influenciado sobretudo pela música francesa
• Ópera: O Prisioneiro do Caucasus - 1858
Alexander Borodine (1833-1887):
• Carater cosmopolita das obras, capazes de competir com as ocidentais
• No entanto já tem um pender nitidamente nacionalista:
• Inflexões modais

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• Desenvolvimento de um andamento inteiro a partir de uma única ideia
temática
• Relações tonais invulgares
• Estilo lírico e descritivo
• Poema Sinfónico: Nas estepes da Ásia Central – 1882
• Ópera: O Príncipe Igor
Modest Mussorgsky (1939-1881):
• Um dos principais elementos do grupo
• Grande instabilidade financeira e emocional
• Muitas obras ficaram incompletas
• Muitas delas foram revistas e terminadas por Korsakov
• Expressa-se contra a música pura e a favor das novas revoluções artísticas
• Estilo:
• Harmonias abruptas e ásperas
• Ritmo irregular, tessitura estreita e carater repetitivo das melodias
russas tendencialmente folcloricas
• Aproximação ao realismo literário
• Desprezo da beleza formal
• A sua obra alimenta-se do folclore russo
• Instrumentação não convencional
• Poema Sinfónico: Uma noite no monte calvo – 1867; Quadros de uma
exposição – 1874
• Ópera: Boris Gudonov – 1869-73
Nicolai Rimsky-Korsakov (1844-1908):
• O único que sentiu necessidade de aprofundar a sua formação musical
• Tornou-se diretor e professor de composição no Conservatório de S.
Petersburgo (prof. De Glazounov e Stravinsky) e maestro
• Cita melodias folclóricas nas suas obras, mas também faz arranjos de canções
populares

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• Escreve, em 1908 um tratado de orquestração
• Orquestração com vivacidade e otimismo
• É um importante elo de ligação entre o nacionalismo de finais do século e os
compositores do princípio do século XX
• Óperas: Sadko – 1897; Galo de Ouro – 1909; Suite Sinfónica: Scheherazade –
1888; Abertura Pascoa Russa - 1888
Nacionalismo Musical – Checoslováquia
Smetana (1824-1884)
Obra caraterizada como nacionalista, não tanto pela linguagem musical, influenciada pelos
compositores clássicos, como Mozart e Schubert, mas sobretudo pelas temáticas. Muitas vezes
recorre a temas patrióticos com os quais as pessoas se identificavam. Destaca-se a ópera A
noiva vendida, mas também se encontram referencias patrióticas em outras obras, como por
exemplo, nos poemas sinfónicos A Minha Pátria.
Antonin Dvorak (1841-1904)
Danças Eslavas; Canção Heroica; Duetos Morávios
Leos Janácek (1854-1928)
Muito influenciado pelos compositores anteriores. Não cita, mas recria o folclore.
Ópera Jenufa; Missa Glagolítica
Nacionalismo Musical – Noruega
Eduard Grieg (1843-1907)
Teve a sua educação na Alemanha mas volta ao seu país e decide-se por uma música baseada
em elementos do folclore, expressos nitidamente nas suas Danças Norueguesas e na obra para
piano Peças Líricas. Na prática utilizou elementos populares como: os bordões, danças e
canções, modalismo.
Nacionalismo Musical – Finlândia
Jean Sibelius (1865-1957)
Apesar de se desenvolver num sentido clássico, a sua obra foi muito marcada pela modalidade,
dividindo-se em dois períodos distintos: até 1910 acentuadamente nacionalista; após 1910
mais internacional. Finlândia (poema sinfónico).

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Nacionalismo Musical – Inglaterra Desde Purcell que não se assistia a um compositor nacional com projeção internacional. Elgar
foi o primeiro após Purcell a ser reconhecido.
Sir Edward Elgar (1857-1934)
Desencadeou o renascimento da música inglesa no início do século XX. Foi autodidata como
compositor e lutou durante anos para combater a apatia e o preconceito. Composições:
Variações enigma; Marchas Pompa e Circunstância.
Nacionalismo Musical – Espanha O espírito nacionalista estendeu-se a outros países, particularmente a Espanha, onde Albeniz,
Granados e Tarrega absorveram nas suas composições os elementos caraterísticos das danças
e cantos espanhóis. Mas o estilo exuberante do folclore espanhol fascinou também
compositores de outras nacionalidades, como por exemplo, Bizet em Carmen ou Rimsky-
korsakov em Capricho Espanhol.
Compositores: Pedrell (1841-1922); Albeniz, Suite Ibéria; Granados, Goyescas; Tarrega,
Preludios para guitarra; Turina, Sinfonia Sevilhana, Fandanguillo.
Nacionalismo Musical – Portugal A música em Portugal tinha-se desenvolvido em relação de dependência com o estilo italiano.
Apesar da luta de João Domingos Bomtempo que, após uma carreira de interprete em Paris e
Londres, funda em Lisboa a Academia Filarmónica de Concertos, no intuito de fomentar a
música instrumental, a arte musical continua sob clara influência italiana. No entanto, no
último quartel do século XIX surgem compositores emblemáticos associados ao nacionalismo
musical.
Alfredo Keil (1850-1907)
Compositor e pintor português de ascendência alemã, Alfredo Keil nasceu a 3 de julho de
1850, em Lisboa, e morreu a 4 de outubro de 1907, em Hamburgo. Durante a sua infância e
adolescência frequentou os melhores e mais bem conceituados colégios alemães e ingleses,
tornando-se um pintor e músico exímio.
Compôs óperas, de entre as quais se destaca A Serrana, a sua verdadeira obra-prima.
Em 1890 criou A Portuguesa, que a República implantada em 1910 adotou como hino nacional
e que é ainda hoje um dos símbolos nacionais.
Foi também autor de muitas outras composições, bem reveladoras do seu talento e inspiração.
Na pintura, Alfredo Keil foi um artista de características românticas, mostrando predileção por
paisagens melancólicas e recantos solitários. Foi galardoado com vários prémios, de entre os

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quais o mais importante foi a medalha de ouro recebida em 1879 na Exposição Artística do Rio
de Janeiro.
Augusto Machado (1845-1924)
Nasceu em Lisboa em 1845. Estudou em Lisboa e em Paris, onde conviveu com Massenet e
Saint-Saëns. Em Portugal conviveu com Eça de Queiroz e Batalha Reis. Tendo sido pianista, foi
sobretudo como compositor que se notabilizou. Foi diretor do Conservatório entre 1901 e
1910.
Continuou o caminho de Keil e Casimiro na busca de um teatro lírico nacional. Escreveu várias
óperas, teatro musical, canções e obras para piano.
Viana da Mota (1868-1948)
José Vianna da Motta nasceu a 22 de Abril de 1868 na ilha de S. Tomé. Um ano depois, por
motivos de saúde do pai, a família decide regressar a Portugal, instalando-se primeiro em
Colares e mais tarde em Lisboa.
Aos 7 anos Vianna da Motta ingressa no Conservatório Nacional, onde inicia os estudos de
piano com Joaquim de Azevedo Madeira e de harmonia com Freitas Gazul, e aos 12 anos, mais
precisamente a 20 de Março de 1881, apresenta-se pela primeira vez em público no salão da
Trindade, interpretando várias obras a solo e dirigindo a orquestra presente no concerto, na
execução de uma marcha militar de sua autoria, orquestrada pelo seu professor Freitas Gazul.
Em Novembro de 1882 Vianna da Motta parte para a Alemanha com uma bolsa de estudo
concedida pelo Rei D. Fernando II. Em Berlim estuda com Xaver Scharwenka e Karl Schäffer,
em Frankfurt com Hans von Bülow e em Weimar, no verão de 1885, com Liszt.
Na década de 80 do século XIX, Vianna da Motta inicia uma intensa e fulgurante carreira de
concertista, atuando nas mais prestigiadas salas de concerto da Europa e da América. No
capítulo da música de câmara trabalha com vários artistas célebres, entre os quais se contam
nomes como o do violista espanhol Pablo Sarasate, da soprano polaca Marcella Sembrich, ou
do pianista e compositor Ferruccio Busoni (que lhe dedicou as suas transcrições dos prelúdios
sobre corais de Bach).
Durante o período em que permaneceu na Alemanha, cerca de 32 anos, José Vianna da Motta
para além de concertista, foi igualmente um requisitado conferencista, e colaborador regular
de algumas das mais importantes publicações musicais alemãs, bem como da Revista Artística
de S. Paulo e da Arte Musical de Lisboa.
Paralelamente manteve ainda uma grande atividade como professor, lecionando em Berlim no
Conservatório Stern e na Suíça, no Conservatório de Genebra.
Em 1917, ano em que funda a Sociedade de Concertos de Lisboa, Vianna da Motta regressa
em definitivo a Portugal. Um ano depois é nomeado Diretor do Conservatório Nacional e
Maestro Titular da Orquestra Sinfónica de Lisboa.

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Em 1927, para assinalar o centenário da morte de Beethoveen, Vianna da Motta interpreta, no
Salão do Conservatório Nacional, pela primeira vez em Portugal, a integral das 32 sonatas para
piano do grande mestre alemão.
E dois anos mais tarde, promove a primeira execução integral das sonatas para violino e piano
e para violoncelo e piano, bem como dos trios para violino, violoncelo e piano, de Beethoven.
Colaboram neste grande evento dois dos maiores músicos portugueses de então: o violinista
Paulo Manso e o violoncelista Fernando Costa.
A 19 de Janeiro de 1945, apresenta-se pela última vez com orquestra, no Teatro Nacional de S.
Carlos, interpretando a Dança Macabra de Liszt, e a 19 de Dezembro desse mesmo ano, atua
pela derradeira vez em público, interpretando a sonata op. 10 nº 3 de Beethoven, na
Academia dos Amadores de Música de Lisboa.
José Vianna da Motta, faleceu em Lisboa às primeiras horas da madrugada do dia 1 de Junho
de 1948.
Uma das paixões que sempre o acompanhou durante toda a vida foi sem sombra de dúvida a
composição. Prova disso, são as inúmeras obras para piano solo, ou para canto e piano, bem
como as várias partituras de música de câmara e de música orquestral que escreveu, muitas
delas influenciadas pela música popular portuguesa.
Considerado o iniciador de uma escola de carácter nacional no capítulo da música instrumental
e orquestral, Vianna da Motta inspirado na nossa música, deu a muitas das suas composições
um verdadeiro colorido nacional, exemplo disso são, entre outras, obras como as “Cenas
portuguesas”, as “Rapsódias portuguesas” ou a “Balada” para piano, o Quarteto de cordas em
Sol M, ou a Sinfonia “À Pátria” op.13, a sua obra-prima.
Luís de Freitas Branco (1890-1955)
Luís Maria da Costa de Freitas Branco nasceu em Lisboa a 12 de Outubro de 1890, no seio de
uma família da alta aristocracia portuguesa que desde sempre valorizou a sua formação
intelectual e cultural, tanto no domínio da música como no da literatura e das línguas
estrangeiras; neste aspeto, a influência do seu tio João de Freitas Branco, dramaturgo, é de
importância capital.
Freitas Branco aprendeu as bases do solfejo com uma preceptora irlandesa que se encontrava
ao serviço da família. A sua formação musical prosseguiu com mestres como Augusto Machado
(Harmonia), Tomás Borba (Contraponto), Andrès Goñi (Violino), Timóteo da Silveira (Piano) e
Luigi Mancinelli (Instrumentação).
Em 1908-1909, a frutífera relação mestre-aluno que existiu entre ele e o compositor belga
Désiré Pâque constituiu uma das mais marcantes influências musicais na sua formação.
Defensor fervente de uma certa "liberdade composicional" que o levou a ousadas experiências
no domínio da atonalidade, Pâque residia então em Lisboa, e Freitas Branco tê-lo-á conhecido
por intermédio de seu tio João.

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É com este último que, no início de Fevereiro de 1910, Freitas Branco parte para Berlim. Aí é
apresentado a Humperdinck, de quem receberá lições de composição durante cerca de dois
meses, mas virá a deixá-lo por julgar os seus ensinamentos demasiado conservadores; volta
então a estudar com Désiré Pâque, que reside na capital alemã.
Freitas Branco compõe intensamente e frequenta teatros, concertos, ópera e exposições;
relaciona-se com várias personalidades, incluindo Viana da Mota e Francisco de Andrade, mas
não deixa por isso de se sentir profundamente nostálgico e ansioso pelo regresso a Lisboa, que
terá lugar durante o mês de Junho de 1910, já depois da morte do tio.
Em Maio de 1911, empreende nova viagem de estudos, desta vez a Paris, onde terá conhecido
Debussy e recebido lições de "estética e formas impressionistas" do pianista, compositor e
maestro francês Gabriel Grovlez. Este último escreve na revista "Musica" (Junho, 1913): "Les
Mirages de Luís de Freitas-Branco [sic] séduiront tous les artistes par leur modernisme
exacerbé."
Depois de uma estadia na Madeira, Freitas Branco regressa a Lisboa e começa uma longa
atividade de crítico musical. Já em 1915, assume funções de professor na Escola Académica e
liga-se ao grupo do Integralismo Lusitano, que representam Hipólito Raposo e António
Sardinha, entre outros. Em 1916 é nomeado professor no Conservatório de Lisboa e inicia um
período de intensa atividade docente; dois anos mais tarde integra a comissão de reforma
dessa mesma instituição, e em 1919 assume funções de subdiretor (até 1924), em colaboração
com Viana da Mota.
O seu interesse pela Musicologia é constante. Em 1921, participa no Congresso de História da
Arte em Paris, onde apresenta uma comunicação subordinada ao tema: "Os contrapontistas da
escola de Évora."
Em 1925, Freitas Branco torna-se diretor artístico do Teatro de S. Carlos, cargo que assumirá
até 1927. Em 1929, funda a revista "Arte Musical", que dirigirá durante 20 anos. A partir do
ano seguinte exerce altos cargos no domínio da Cultura e passa a lecionar composição no
Conservatório Nacional, funções de que será progressivamente afastado a partir de 1939, por
razões políticas (só a sua importante colaboração com a Emissora Nacional se manterá até
1951).
Publica numerosas obras literárias e musicais até ao final da sua vida, em 1955, orientando-se
cada vez mais para uma estética neo-clássica. A sua intensa colaboração com a Universidade
Popular dirigida por Bento de Jesus Caraça ilustra bem o seu percurso ideológico, cada vez
mais à esquerda e em oposição clara ao regime vigente.
Luís de Freitas Branco exerce uma influência notável sobre a nova geração de compositores,
nomeadamente Joly Braga Santos e Fernando Lopes-Graça.

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Música Francesa na transição do século XIX para o século XX
Neste período começam a distinguir-se três caminhos ou linhas de evolução musical
interdependente:
Tradição Francesa Tradição Cosmopolita Impressionismo
Corrente mais próxima da tradição nacional. Assume reação contra os italianismos e germanismos. Carateriza-se por um certo formalismo académico e culto do melodismo, essencialmente clássico Compositores: Camile Saint-Saens (1835-1921) Edouard Lalo (1823-1892) Jules Massenet (1842-1912) Gustave Charpentier (1860-1956)
Claramente influenciados por Wagner com uma linguagem complexa e consciente das inovações alemãs. Recorrem aos géneros instrumentais tradicionais. Compositores: César Franck (1822-1890) Vincent d'Indy (1851-1931) Ernest Chausson (1855-1899) Paul Dukas (1865-1935) Gabriel Fauré (1845-1924)
Impressionismo
Termo usado nas artes visuais para descrever a obra de Monet, Degas, Renoir, ...
Os quadros evitam contrastes agudos mas exprimem uma impressão da cena pintada através
de linhas pouco definidas e de raros pormenores.
Movimento surgido em França no final do século XIX que criou uma nova visão conceptual da
natureza utilizando pinceladas soltas dando ênfase á luz e ao movimento.
Geralmente os quadros eram pintados ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor
as nuances de luz e da natureza. Retratam os reflexos e efeitos que a luz do sol produz nas
cores da natureza (uma mesma paisagens pintada em várias alturas do dia).
O termo impressionismo foi aplicado á música para descrever composições de, por exemplo,
Debussy.
Aspetos técnicos do impressionismo:
• combinações de novos acordes (9ª, 11ª, 13ª)
• movimento paralelo em grupos de acordes
• acordes de tons inteiros

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• escalas exoticas
• uso dos modos
• cromatismo extremo
Claude-Achille Debussy [1862-1918]
• O maior representante do Impressionismo Musical
• Uma ex-aluna de Chopin incentiva-o a prosseguir carreira musical
• Torna-se um modelo a seguir
• Ingressa no Conservatório de Paris em 1872
• É incompreendido pelos professores de harmonia e acompanhamento
• Em 1884 recebe o Grande Prémio de Roma em composição com a sua cantata L'enfant
prodigue
• Passa 3 anos a estudar na Villa Medici a expensas do Estado, com o compromisso de
compor anualmente uma partitura e de a enviar para Paris a fim de ser examinada
pelos professores do Conservatório
• Viaja para Bayreuth em 1888 e 1889 para assistir a Parsifal, Mestres Cantores e Tristão
e Isolda
• Após o impacto da música de Wagner, fica impressionado com a música oriental
(Exposição Universal de 1889 em paris)
• Embora se relacionasse pouco com músicos, apreciava a companhia de poetas e
pintores impressionistas que encontrava em reuniões do poeta Mallarmé
• A influência destes é sentida pela primeira vez na obra orquestral Preludio à sesta de
um Fauno (1894), inspirado num poema de Mallarmé
• Este trabalho estabeleceu o estilo da música impressionista e iniciou o periodo mais
produtivo do compositor
• Durante este tempo, cerca de 20 anos, compos três suites para orquestra Nocturnes,
La Mer, Images; a maioria das suas peças para piano; um bailado Jeaux; algumas
canções; música de câmara; e a sua única ópera completa Pelleas et Melisande
• O impacto da apresentação da sua ópera alterou a evolução da sua carreira
• Torna-se numa figura amada pelos vanguardistas que o defendiam como chefe de uma
nova escola e criticado pelos conservadores

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• Em 1905 publica a suite para piano Bergamasque (Prelude, Menuet, Clair de Lune,
Passepied)
• Morreu durante um bombardeamento alemão em paris em 1918.
O estilo de Debussy:
• Uma das carateristicas mais importantes é o poder imagético da música de debussy -
imagens e cenas ocultas na música, nunca expressas diretamente
• A França idolatrava-o, apelidava-o de "Claude de France", que teria derrotado os
alemães tirando-lhes a hegemonia no reino da música
• Orientações preponderantes da sua música:
• exploração cromática do sistema tonal
• não resolução da sensível
• exploração de acordes paralelos
• uso de escalas do extremo oriente
• utilização de escalas de tons inteiros
• apreço pela música antiga: modos, tocatas, texturas, figurações
• influência de Wagner (na ópera, na ahrmonia, na forma)
• influência da música russa
• estruturas cíclicas
Debussy exerceu profunda influência em Ravel, Satie, e diversos compositores de movimentos
nacionais (Villa-Lobos, Bartok e Stravinsky).
Maurice Ravel [1875-1937]
• Aluno de Fauré e admirador de Debussy
• Adotou parcialmente a técnica impressionista, conjugando-a com outras convicções
estilísticas:
• contornos melódicos límpidos, ritmos bem definidos
• funcionalidade harmónica
• estruturas sólidas do classicismo

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• Contribuiu mais para a extensão e abertura do sistema tonal do que para a sua
destruição
• A influência entre os dois compositores, Debussy e Ravel, foi reciproca
• Orquestrou obras para piano, suas e de outros.
• O Bolero (1928) destca-se pela originalidade da estrutura ritmica e pela conceção
melódica que o prórpio Ravel decsreveu como "um estudo em crescendo, com o tema
obstinadamente repetido"
• Orquestrou também Pavana para uma infanta defunta
• Escreveu, numa conceção clássica de concerto, mas com dramaticidade o Concerto
para a mão esquerda (composto para Wittgenstein, que tinha perdido a o braço
direito na primeira guerra mundial)
• Os seus ritmos são herdeiros dos ritmos de dança barrocos franceses
• Ballet Dafne e Chloé
Erik Satie [1866-1925]
• Estudou noConservatório de Paris
• Antes de se tornar compositor, foi pianista de cabaré
• utilização de elemntos de jazz e da canção urbana francesa
• Compôs Trois sarabandes, Trois Gymnopedies, Nocturnes
• Em Le Fils des Etoiles, pela primeira vez, utiliza o uso sistemático de acordes sobre
quartas em movimentos paralelos, a inexistência de armação de clave e a ausência de
indicações de métrica
• Com quase 40 anos voltou a estudar contraponto e orquestração com Vincent d?Indy
e Roussel
• Gostava também de escrever e fazer caricaturas
• Trabalhou com os mais ilustres vanguardistas franceses
• o bailado Parade foi revolucionário (Picasso nos figurinos) incorporando sons de
máquina de escrever, sirenes e tiros
• Foi onde pela primeira vez se utilizou o termo surrealismo
• Foi o criador da música ambiente (a música como mobilia, para preencher o ambiente)

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• Foi precursor do minimalismo - Vexations - 32 comppassios que se repetem 840 vezes
Outros compositores com influências impressionistas: Florent Schmitt; Albert Roussel
Les six
Les six - o grupo dos seis franceses
Satie e Cocteau foram os mentores deste grupo, que reagiu contra a influência do romântismo
e do impressionismo na música
• Durey
• Milhaud
• Honegger
• Auric
• Poulenc
• Tailleferre
Cocteau editou um manifesto que pretendia:
• ideal de simplicidade; as formas musicais estão carregadas de
desenvolvimentos inuteis
• banir o espírito do romantismo para que este fosse substituido pelo
novo classicismo
• Equilibrio entre o sentimento e razão
Neste seguimento, os seis procuravam inspiração na vida quotidiana. Não repudiavam as
máquinas nem a música popular dos cabares, do circo ou das bandas de jazz. A morte de satie
foi decisiva para a separação do grupo. Procuraram, acima de tudo, desmistificar a música
erudita, tirando-lhe o caráter aristocrático.
Darius Milhaud [1892-1974]
• Escreve para piano, música de câmara, suites, sonatas, sinfonias, música para filmes,
bailados, canções, cantatas, óperas

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• Ignorava, de forma consciente, teorias e sistemas
• interessava-se por melodias e ritmos sul-americanos (Saudades do Brasil)
• Revela influencia do blues e do rag-time - La Création du Monde
Arthur Honegger [1892-1955]
• Torna-se conhecido com a oratória Rei David (misto de oratória e ópera)
• Uma das obras mais conhecidas é Pacific 231, inspirada pelo movimento futurista
Francis Poulenc [1899-1963]
• A sua música é essencialmente diatónica e melodiosa, embelezada com as
dissonancias do século XX
• A suas obras mais conhecidas são as canções para voz e piano
• Compôs 3 óperas (Les Dialoges des carmélites - revolução francesa)
• Destaca-se o Concert Champêtre para cravo e pequena orquestra
• Nunca seguiu o atonalismo, afirmando "não tenho princípios e orgulho-me disso. Não
sigo nenhum sistema de composição"
Na primeira metade do século XX afirmam-se tendências com orientações estéticas
diferenciadas:
• Impressionismo - tendencia essencialmente francesa. Principal representante Debussy
• Expressionismo - essencialmente germânica. principais representantes: 2ª escola de
Viena. Insurgem-se contra os valores representados pela sociedade burguesa
• Neoclassicismo - retorno à linguagem, estruturas e formas do passado. Principais
representantes: Stravinsky, Hindemith
• Neofolclorismo - explora as bases do folclore nacional (nacionalismo do século XX).
Principais representantes: Bartok, Kodaly, Falla