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Iluminação no ambiente de trabalho visando o conforto ambiental Dezembro/2016

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ISSN 2179-5568 - Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 12ª Edição nº 012 Vol.01/2016 Dezembro/2016

Iluminação no ambiente de trabalho visando o conforto ambiental

Luisa Maia Miglio Silva – [email protected] Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-Graduação - IPOG Belo Horizonte, MG, 20/05/2016

Resumo Este artigo tem como objetivo apresentar um estudo sobre a importancia da Iluminação no ambiente de trabalho e como aplicar a iluminação artificial tornando-a eficiente. Analisando a forma que a mesma atua nesses locais corporativos, levantar estudos envolvendo o conforto ambiental de quem utiliza esses espaços, a forma que os afeta, auxiliando ou prejudicando a produção e o bem estar do funcionário. O interesse pelo assunto em questão foi levantado devido ao mau uso da iluminação artificial nos ambientes de trabalho, que acaba afetando a qualidade e o conforto dos profissionais, trazendo riscos aos mesmos. Quanto ao conforto ambiental, tambem é abordado a questão da iluminação e a percepção visual no campo de trabalho e como ela interfere na sáude, trazendo riscos ao trabalhador. Onde o resultado identifica os benefícios de uma boa iluminação e de um bom projeto luminotécnico. Palavras-chave: Conforto ambiental. Iluminação no ambiente de trabalho. Percepção Visual. 1. Introdução O uso da Iluminação em ambientes comerciais tem sido desvalorizado a cada dia, e, raramente buscam por projetos de iluminação em ambientes de trabalho, sem preocupar com quem utilizará o espaço ou que atividade será realizada no local, ainda que exista uma exigência legal da NBR-5413 (Norma de Iluminação) NR-9 (Norma de Prevenção de Riscos Ambientais). A influência da iluminação é direta no conforto, afeta a produtividade e em muitos casos atrapalha na saúde dos profissionais no ambiente de serviço. A má iluminação incide no rendimento das pessoas, e o seu uso inadequado pode trazer uma imagem negativa para a empresa, como exemplo de uma iluminação externa, que pode desvalorizar ou não a imagem junto ao público, podendo ser uma forma de divulgação da marca. A maioria das pessoas passa a maior parte do dia em seu local de trabalho, com isso vem a preocupação de se ter um ambiente confortável e agradável. Portanto, entre os fatores que influenciam, as condições ambientais tem um papel determinante, admitindo que a decoração desse ambiente seja a mais confortável e prática possível. A iluminação adequada na arquitetura é parte essencial para atingir esse objetivo, visando uma iluminação correta para a tarefa que se desenvolve, com uma boa intensidade e uma boa fidelidade de cor, evitando ao longo do dia o cansaço visual e mantendo o trabalhador produtivo por mais tempo. Ou seja, uma boa iluminação deve ser perfeitamente projetada para harmonizar e valorizar o espaço, além de buscar a essência a qual a empresa deseja apresentar e atender as diferentes necessidades profissionais de cada departamento. A fim de transmitir equilíbrio e aconchego, a iluminação é essencial na criação do ambiente de trabalho, sendo hoje em dia um dos elementos mais importantes na arquitetura. Uma boa iluminação acentua a beleza de qualquer espaço. Para usá-la de forma adequada, é necessario considerar que no decorrer do dia a luz se modifica, e por consequência produz diferentes efeitos visuais, assim seu uso


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correto melhora o desempenho dos funcionários, aumenta a concentração, melhora a motivação e minimiza problemas de saúde. Embora a iluminação seja um fator importante, há de se levar em conta o excesso de luz como problema comum em empresas e escritórios. Muita luz não significa luz adequada, pelo contrario, pode atrapalhar e gerar sensação de desconforto. Por isso é primordial um projeto que saiba dosar a luz artificial e natural, levando em conta todos os fatores que influenciam, como o excesso da luz solar, atividades que exigem iluminação pontual, as necessidades diferentes de cada local, as cores, os equipamentos de trabalho, dentre outros. Além disso, a presença de luz natural quase sempre está associada com uma ligação visual dos ambientes com o exterior, e essa variação da luz natural nas diferentes horas do dia, condições climáticas e estações do ano são importantes para marcar os ritmos biológicos e psicológicos das pessoas.

Permitir o contato visual com o exterior e utilizar adequadamente a luz natural são fatores fundamentais, tanto para manutenção dos níveis de conforto visual e psicológico do usuário como para aumento da eficiência energética dos edifícios, pois um projeto de iluminação natural bem planejado diminuirá a necessidade de uso de iluminação artificial e de ar-condicionado. (MASCARELLO, 2005)

Para o melhor aproveitamento dos condicionantes naturais, dentre eles a iluminação natural, é

necessário um estudo preliminar sobre todos os ambientes diretamente envolvidos, para que seja possível definir quais são as possibilidades a serem exploradas em cada abertura existente.

De acordo com MARTIGNONI (1988, p. 177): “Toda luz natural pode ser trabalhada para o benefício do homem comum em atividade plena ou parcial existente, seja em estruturas comerciais de pequeno e de grande porte. Nem sempre podemos desfrutá-la totalmente, por duas razões essenciais, afirmando que a Terra recebe luz durante algumas horas para cada trópico em períodos diferentes, que fazem resultar em diferentes climas característicos nos continentes. A maioria dos trabalhos é feito em interior de edifícios, que nem sempre estão em condições de receber a iluminação natural adequada, capaz de minimizar o uso da luz artificial como complementar a luz solar”. Diante do cenário explanado, este artigo tem por objetivo apresentar um estudo sobre a importância da iluminação nos ambientes de trabalho e a forma que a iluminação pode contribuir para o conforto ambiental e o bem estar dos funcionários. Tem-se por finalidade, discutir medidas que possam interferir positivamente nas condições físicas e psicológicas destes usuários. 2. A iluminação artificial e natural Durante milhões de anos de evolução, o homem viveu em um sistema dependente das condições climáticas que o envolviam. Os hábitos sociais eram totalmente influenciados pelo ritmo e pelo tempo de exposição á luz natural do sol. A expansão da luz elétrica artificial permitiu ao homem o uso dos espaços e a realização de atividades onde não havia luz natural. “A iluminação é um componente essencial na elaboração de projetos arquitetônicos, levando em consideração a iluminação natural e artificial, assim como o uso do ambiente e a atividade exercida naquele determinado espaço físico, segundo HOREVICZ, (2007)”. A quantidade de atividades realizadas em ambientes fechados vem crescendo cada vez mais, por isso o conforto ambiental passou a ser fundamental na realização de projetos arquitetônicos. Como a luz afeta o ser humano, mexendo com seu humor e sentimentos, a iluminação é uma principal variável de conforto, e um motivo de preocupação nas empresas, principalmente na segurança do trabalho e recursos humanos, pois além do aspecto visual e temperatura, também pode causar fadiga, cefaleia e


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irritabilidade ocular, reduzindo a produção, podendo levar a erros e até acidentes. Tudo que envolve o espaço de trabalho interfere na iluminação, como janelas existentes, o layout, as lâmpadas e luminárias utilizadas, os materiais de revestimento, as cores, entre outros, e quando essa influência é negativa, dependendo da natureza e do conteúdo do trabalho, as consequências podem ser graves. A iluminação natural é aquela recebida pela luz solar através de aberturas como janelas, portas, telhas translúcidas, etc. É de extrema importância, vital a existência humana e sua ausência na rotina pode aumentar as chances de problemas de saúde. O homem foi projetado para trabalhar de acordo com a luz natural, por isso, sempre que possível, os postos de trabalho devem aproveitar o máximo o uso da mesma. Um estudo realizado por três pesquisadoras no Rio Grande do Sul, observou como a luminosidade no ambiente de trabalho pode interferir na qualidade do sono e até no humor dos empregados. O estudo revelou que, daqueles que participaram da pesquisa, os que se sentaram próximos à janela, tiveram melhoras na qualidade do sono e poderiam ter menos chance de desenvolver distúrbios psiquiátricos. O uso da luz natural enriquece o ambiente, contribui para que o mesmo tenha um aspecto dinâmico, ou seja, que mude a aparência nas diferentes horas do dia. Gurgel (2005) afirma que:

A luz natural ilumina nossa alma e nos enche de energia. Vale lembrar que a luz do sol se altera consideravelmente no decorrer do dia. Pela manha ela é mais avermelhada, de tonalidade quente, mais aconchegante. Quando nos aproximamos do meio dia, ela se torna mais azulada, mais fria, mais dinâmica e com reprodução de cor mais fiel. Ao entardecer ela será novamente mais avermelhada, de tonalidade quente e mais aconchegante novamente. (GURGEL, 2005)

Os profissionais de arquitetura, design e iluminação devem ter como objetivo a satisfação e o bem estar do homem. Barnabé (2007) afirma que a luz natural é uma das condições fundamentais na concepção do projeto arquitetônico e que se utilizada na concepção, resultará na criação de um ambiente altamente qualificado. A iluminação natural no ambiente de trabalho pode aumentar a produção, diminuir erros e defeitos, reduzir cansaço, fadiga visual, além de reduzir o consumo de energia e contribuir com a sustentabilidade. Dessa forma, para se fazer o uso adequado da luz solar, existe uma série de possibilidades para integrar a arquitetura e o conforto junto a luz natural.


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Figura 01- Projeto arquitetônico do escritório Terra e Tuma

Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br

Figura 02- Unidade da Volkswagen do Brasil em São José dos Pinhais/PR


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Fonte: http://www.blogdarecreio.com.br/noticias-2/volkswagen-investe-em-sustentabilidade Existem inúmeros componentes que regulam e otimizam o uso da luz natural, tais componentes apresentam soluções simples na maioria das vezes. A figura 03 ilustra as principais estratégias e artifícios que podem ser utilizados para o controle da luz natural nos edifícios.

Figura 03 – Diferentes estratégias de iluminação lateral

Fonte: European Comission apud adaptado Vianna; Gonçalves, 2001 Não é sempre que se consegue utilizar essas diversas estratégias para adquirir a luz natural, por isso o uso da luz artificial se faz presente, sendo de extrema importância para gerar conforto em ambientes de trabalho. A iluminação artificial é feita por lâmpadas elétricas, podendo ser um reforço a iluminação natural, em outros casos, iluminação geral que ilumina todo ambiente ou suplementar, onde o foco é um determinado objeto ou ação, complementando a iluminação geral. Definir a lâmpada e a luminária que será utilizada é um fator muito importante para a qualidade da iluminação, onde o tipo de ambiente e a atividade que será desenvolvida no local, também influenciarão nessa escolha. Outro ponto importante é a distribuição e localização dessas peças, que devem ser posicionadas de forma a prevenir sombras e contrastes do que se quer iluminar.

A utilização eficiente qualitativa e quantitativamente dos sistemas integrados de iluminação artificial e natural proporciona ao usuário ambientes agradáveis e prazerosos, evitando desperdício de energia elétrica e proporcionando o retorno em curto prazo do investimento inicial em sistemas tecnologicamente eficientes. (SOUZA apud TOLEDO, 2003)

O projeto luminotécnico irá definir a quantidade de luminárias que será necessária para atingir o nível de iluminancia adequada de acordo com a tarefa desenvolvida, levando em consideração o conforto visual do usuário, as dimenções dos objetos, o tempo de exposição desses objetos aos olhos, o pé direito do ambiente, a altura do plano de trabalho, o que está ao entorno, cores, layout do espaço e o tipo de lâmpada usada. No entender de Godoy:


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Um bom projeto deve aproveitar as oportunidades da arquitetura e decoração para potencializá-las e valorizá-las visualmente, prevendo pontos, cargas, circuitos e controles dedicados a cada solução. Assim, com as informações definidas, inicia-se o desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os ambientes, criando efeitos. O projeto deve ser intensamente discutido com os gerenciadores do negócio, que conhecem o tipo de cliente a ser atendido e os objetivos do empreendimento. (Godoy, 2000: 4 apud BRONDANI, 2006;56)

Sobre a iluminação segundo os arquitetos Fábio Rocha e Sílvia Rocha do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura, para entender os conceitos básicos de luminotécnica com intuito de realizar um projeto luminotécnico, faz-se necessário saber: 1) “Iluminância: é o fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada. Sua unidade de medida é o lux. Fluxo luminoso é a quantidade de luz emitida por segundo por uma fonte de luz, e sua unidade é o lúmen (lm). Para fins de cálculos luminotécnicos, a luz natural é desconsiderada.” 2) “Seleção da iluminância: nos locais de trabalho, os níveis de iluminância mínimas são definidos pela NBR 5413:92, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A iluminância deve ser medida no campo de trabalho, e, quando este não é definido, entende-se o nível como referente a um plano horizontal a 0,75 m do piso.” 3) “Acuidade visual: é o grau de aptidão do olho para discriminar os detalhes. Para seleção da iluminância, a NBR 5413:92 atribui pesos conforme a idade do observador, os quais implicarão um nível maior ou menor de iluminamento mínimo necessário. Esta NBR distingue três faixas etárias: inferior a 40 anos, de 40 a 55 anos e superior a 55 anos. Também atribui pesos à velocidade e precisão da tarefa e à refletância de fundo da atividade.” 4) “Lâmpadas: basicamente há dois tipos de lâmpadas, as incandescentes e as de descarga. Entre as incandescentes temos as comuns, as halógenas e as dicroicas. Entre as de descarga temos as de baixa pressão (fluorescentes e sódio baixa pressão) e as de alta pressão (mercúrio, sódio, mista e vapores metálicos). As lâmpadas incandescentes geram luz pela incandescência de um fio percorrido por corrente elétrica devido a seu aquecimento quando este é colocado no vácuo ou meio gasoso. As incandescentes halógenas contêm halogênio (iodo, flúor, bromo) em seu bulbo. As dicroicas funcionam similarmente às halógenas e têm um refletor dicroico que produz um facho concentrado de luz brilhante e impede a emissão de calor.” Segundo Vianna e Gonçalves (2001) os sistemas de iluminação artificial são compostos por luminárias, lâmpadas e equipamentos complementares (reatores e transformadores). O sistema ótico (luminária +lâmpada) pode ser classificado de acordo com a irradiação do fluxo luminoso em: a) Direta: o sistema ótico direciona 90% a 100% do fluxo luminoso emitido para baixo. A distribuição pode variar de muito espalhado a altamente concentrado dependendo do material do refletor, acabamento e controle ótico empregado; b) Semi direta: o sistema ótico é emitido predominantemente para baixo (60% a 90%) e uma pequena parte é direcionada para cima, iluminando teto e a parte superior das paredes; c) Uniforme: é quando as porções de fluxo luminoso ascendente e descendente se equivalem, variando entre 40% e 60%; d) Semi-indireta: o sistema ótico é emitido predominantemente para cima (60% a 90%) e o restante é direcionado para baixo; e) Indireta:O sistema ótico direciona 90% a 100% do fluxo luminoso para cima, iluminando o teto e porções superiores das paredes.


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Figura 4 – Classificação das luminárias e curvas de distribuição da intensidade luminosa Fonte: Adaptado de:Vianna; Gonçalves, 2001 e IESNA, 2000 apud Toledo, 2008

Um bom projeto de iluminação deve sempre alcançar um nível de iluminância adequado a utilização do ambiente, escolhendo as lâmpadas e luminárias corretas, levando o fator de eficiência energética e economia em conta, além de reproduzir fielmente as cores dos objetos, trazer conforto e bem-estar para os trabalhadores, harmonizar essa iluminação com o ambiente e com o externo, entendendo o negócio de maneira ampla, conhecendo detalhadamente cada função de trabalho detectando todos os aspectos físicos e mentais envolvidos. 3. Percepção visual e a saúde De acordo com CHAUÍ (2000) “O espaço de trabalho é capaz de produzir sensações aos seus usuários, e através delas o indivíduo passa a perceber o objeto, organizá-lo e interpretá-lo. Assim a sensação conduz a percepção.” Segundo MACHADO (1988) “A visão é o órgão que mais proporciona a antecipação perceptiva”. No entender de VIANNA&GONÇALVES (2001): “Em relação as diferentes percepções visuais de cada indivíduo, existem aspectos da fisiologia ocular que influenciam esse


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diferencial, que aparecem através da idade, da acuidade visual, da acomodação, da convergência e da percepção das cores”. Para ALMEIDA apud VARGAS (2009) “O olho é o órgão através do qual se torna possível perceber as sensações de luz, cor e, interpretar, por meio da imagem, o mundo que nos cerca. A sensação visual ocasionada pelos estímulos luminosos gera impulsos que são transmitidos até o cérebro através do nervo ótico, onde se processa a interpretação das diferentes intensidades de luz. A iluminação tem como característica a produção de reflexos que, transportados ao olho humano, geram informações do meio externo, permitindo que o cérebro possa analisá-las e interpretá-las, provocando distinções de cor, forma, tamanho e posição dos objetos por meio da percepção visual”. No parecer de PHEASANT, (1987) “A percepção de cores ocorre devido a entrada de luz, entretando além dos aspectos internos de cada indivíduo, existem variáveis externas que influenciarão a discriminação visual do mesmo, que são relativas ao objeto, ao sujeito ambiente e ao ambiente que consequentente influenciarão na percepção visual”. As variáveis relativas ao ambiente podem provocar ofuscamento direto ou por reflexão e a intensidade de iluminamento. Para os profissionais da arquitetura e iluminação, o foco de interesse está nas relações da produção de melatonina com os ciclos claro/escuro, consequentemente com as interferências causadas pelos ambientes iluminados natural e artificialmente, além da relação com a redução de níveis de cortisol e adrenalina. Todos estes fatores orgânicos influenciarão o estado psiquico e comportamental do usuário. A luz aumenta a agilidade e o desempenho tanto de dia quanto de noite e influencia as funções regionais do cérebro. Esses efeitos não correspondem as respostas visuais clássicas e nem envolvem a formação de imagens, mas formam um sistema que fornece respostas endócrinas, fisiológicas, neurofisiológicas e comportamentais. Dessa forma a iluminação nos ambientes de trabalho é fundamental, o ideal seria sempre poder contar com iluminação natural e artificial, mas nem sempre isso é possível, mas quando bem projetadas, seus resultados são excelentes nesses ambientes, visando a qualidade dos funcionários. A iluminação é vital na vida das pessoas. Resultado de uma boa iluminação, pode gerar estímulos tranquilizadores e acolhedores. Como comenta Grandjean (1998): “Os sistemas de iluminação bem projetados, utilizando mais luzes indiretas, tornam o ambiente mais seguro e menos estressante, para que os indivíduos sintam-se mais confortáveis”. (Grandjean,1998 apud RIBEIRO, 2005)

O ser humano passa boa parte da sua existencia em um ambiente de trabalho. Assim sendo o projeto de iluminação deve procurar valorizar o homem e asua relação com o espaço de trabalho, tornando essa relação satisfatória. Buscar o conforto desse homem, principalmente o conforto visual, é uma forma de valorizar o ser humano. (GORGULHO,1998)

Segundo Barbosa (2010:29) “a luz, numa linguagem teatral, reforça o conteúdo emocional de um espaço e que, tal qual a arquitetura, projetar a luz é uma arte aplicada que existe para um, para que e para quem, com critérios funcionais, construtivos e estéticos, conforme o objetivo a ser atingido”. O que se enquadra em um ambiente de trabalho, onde se leva em conta o local, a atividade, os usuários e os elementos que ali compõe o espaço. É necessário prezar pela qualidade dos estímulos ambientais à visão provocados pela quantidade de luz, sua variação e distribuição por um determinado ambiente, seja luz natural, artificial ou ambas. Uma iluminação inadequada no ambiente profissional pode prejudicar a saúde física e psicológica do funcionário, além de afetar seu rendimento e acabar provocando um acidente de trabalho. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina a quantidade mínima de iluminação para diversos tipos de atividades, e seguir essa padronização é ter um ambiente saudável. A


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preocupação deve ser também com a localização dos postos de trabalho em relação às luminárias e às janelas. Dentre as preocupações, vale ressaltar os fatores que podem influenciar a saúde do trabalhador como o nível de iluminância inadequado no local de trabalho, a distribuição da intensidade luminosa, ofuscamento, a direção da luz e da sombra, a cor da luz e o funcionamento da mesma. De acordo com Senzi (2003 apud BRONDANI, 2006:18), “a cor da luz também interfere na produtividade”, apontando um decréscimo no rendimento entre 40% a 60% ao utilizar lâmpadas com temperatura de cor mais quente, semelhante à cor amarela do entardecer, em comparação com o uso de lâmpadas com temperatura de cor fria, mais parecida com a luz do dia. A explicação para este fenômeno está na natureza. Tendo em vista o homem das cavernas que trabalhava no horário do dia, onde ainda hoje é o horário em que o homem trabalha, estuda e desenvolve as suas atividades, o período em que ele encontra-se alerta, concentrado no desenvolvimento de suas tarefas enquanto a noite é o horário para o seu repouso, um período de relaxamento. O ciclo de trabalho-repouso se repete a cada 24 horas aproximadamente e é a luz que regula o relógio biológico do homem, conhecido por ciclo circadiano. Segundo FERNANDES (2006), “é um estado fisiológico especial que ocorre de maneira cíclica em uma grande variedade de seres vivos do reino animal, tendo sido observados comportamentos de repouso e atividade [...] em animais tão inferiores na escala zoológica como os insetos”. Dessa forma, um projeto de iluminação adequado é aquele que atende com qualidade as necessidades do homem com relação à informação visual, sejam elas relacionadas à execução de atividades ou necessidades biológicas (sobrevivência e segurança). A iluminação no ambiente deve ser homogênea e controlada, assim o local estará sempre iluminado por igual, evitando variação da iluminação, que com uma luz inadequada pode acabar incidindo na tela do computador, na mesa e nos objetos de trabalho, atrapalhando o campo visual do trabalhador.

Figura 5 – Distribuição da iluminação no ambiente de trabalho

Fonte: http://afflante.com/27536-pinkeye-design-studio-office-pinkeye/


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Figura 6 – Iluminação homogênea e uniforme

Fonte: http://dmarkas.com.br/blog/qual-lampada-usar-no-escritorio/ 4. O Ambiente Corporativo e eficiência energética O conceito para ambientes corporativos vem sendo modificado desde quando os usuários passaram a impor diversos estilos de layout na área comercial, identificando suas diferentes necessidades, tendo novas ferramentas de trabalho, uso de equipamentos eletrônicos menores e versáteis, flexibilidade quanto ao número de funcionários nas empresas, entre outros. As relações mudaram e o tempo do serviço é medido pelo desempenho. As novas tecnologias, a mobilidade, a pressão por resultados foram mantendo as pessoas por maiores períodos trabalhando, aumentando os riscos de doenças ocupacionais. ''Com a chegada dos monitores reduzidos e planos, mobiliários em formato de L passou a dar lugar ao mesão, que teoricamente deveria promover maior interação das equipes, racionalizando os espaços.'' (ANDRADE, 2010, p.80) O ideal é um ambiente de trabalho multidiciplinado e alternativo, adepto aos conceitos da sustentabilidade, onde a principal característica é a eficiência energética. A fim de diminuir os impactos gerados e o reuso dos sistemas nele aplicados. Para HOFMANN (2003, p.33), O ambiente do escritório, [...], ''caracteriza-se por aqueles ambientes confinados a um edifício ou grupo de edifícios, no qual se exerçam atividades de cunho intelectual. O relacionamento de um edifício, suas áreas verdes circundantes e áreas de acesso, com o meio ambiente urbano devem ser considerados na sua íntegra, uma vez que é o somatório de todas estas interferências que, somadas às demais edificações, definiram o padrão de consumo de recursos, maior ou menor necessidade de energia, volume de água requerido, grau de qualidade do ar, temperatura, conforto dos espaços públicos, entre outros.'' Para se obter uma maior eficiência energética, o espaço deve ser pensado no momento da concepção do projeto, fazendo uso de tecnologicas, aberturas necessárias para ventilação e iluminação natural, proteção solar entre outros. Mas nem sempre isso é possivel, assim depois de construído, as alterações nas edificações são mais trabalhosas, o que não impede de alterar com reformas para trazer benefícios e a eficiência energética para todos os ambientes. Para MAGALHÃES (2001) “O perfil de consumo de prédios públicos demonstra que 24% de toda


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energia consumida pela edificação é utilizada para a iluminação, 48% com condicionadores de ar, equipamentos de escritório aparecem com 15% e elevadores e bombas com 13%”. Ou seja, a iluminação e o uso da enegia elétrica tem um valor significativo. Um projeto de iluminação deve ser projetado principalmente para um uso noturno, pois na parte do dia, com as aberturas para o exterior é possível aproveitar a iluminação natural que influência na qualidade da luz, a comunicação com o meio e principalmente a conservação de energia. Nem todas as edificações conseguem absorver benefícios da iluminação natural, mas com o avanço tecnológico, equipamentos eletrônicos, o mercado de iluminação e os projetos luminotécnicos evoluiram para melhor atender aos requisitos de iluminação para vários tipos de ambientes, visando a redução do consumo de energia elétrica. Como exemplo tem-se o dimmer eletrônico, onde é possível variar o fluxo luminoso, assim o usuário ajusta o nível de iluminação tornando o espaço agradável para determinada ocasião. É preciso avaliar a iluminação artificial instalada em locais de trabalho, de acordo com a NBR 5382/1985 e NBR 5413/1992 da ABNT, considerar o aproveitamento e associação da iluminação natural na otimização da iluminância local, visando maior eficiência energética, qualidade da iluminação, consumo de energia e impacto na qualidade da energia elétrica na instalação. 5. Aspectos Legais e Normativos de Ambientes Coorporativos e Iluminação Existem três normas que determinam itens de segurança e qualidade mínima para a iluminação de projetos corporativos. A norma regulamentadora 9 que leva em conta a segurança do trabalho, impõe que: "a seleção do EPI (equipamento de proteção individual) adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerando-se a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo avaliação do trabalhador usuário;" Envolve no tema de iluminação corporativa pois visa o conforto do trabalhador e a saúde do mesmo. A norma NBR-5413 Iluminância de Interiores estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em interiores, onde se realizam atividades de comércio, entre outros.


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Tabela 1 – Iluminância por classe de tarefas visuais.

Fonte: ABNT, NBR 8995-1 (2013)

Dentro dos aspectos legais e normativos referentes à iluminação, o iluminamento ou iluminância é uma grandeza expressa em lux (lx) que pode ser medida por um aparelho denominado luxímetro. Este consegue indicar o fluxo luminoso de uma fonte de luz que incide sobre uma superfície ou plano, situada a certa distância dessa fonte, ou seja, consegue medir a quantidade de luz dento de um ambiente (BURINI,2001). A NBR 5413/92 trata de requisitos básicos para o uso da iluminação artificial “iluminância de interiores”, como por exemplo, a indicação de iluminâncias médias mínimas para as diversas atividades assistenciais, considerando a dificuldade da tarefa visual, a idade do usuário e a refletância do fundo da tarefa. A iluminação natural é um ponto muito vago, tanto na NBR 5413/92 quanto na maioria dos Códigos de Edificações Municipais, que somente recomendam que as aberturas para entrada de iluminação natural correspondam à pelo menos 1/6 da área do piso do local a ser iluminado, desconsiderando qualquer obstrução externa e orientação solar. Já a norma NBR ISO/IEC 8995-1 de 03/2013 - Iluminação de ambientes de trabalho - Parte 1: Interior especifica os requisitos de iluminação para locais de trabalhos internos e para que as pessoas desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, com conforto e segurança durante todo o período de trabalho. Não especificando como os sistemas ou técnicas devem ser projetados, apenas definindo critérios do projeto de iluminação, requisitos para o planejamento da mesma, procedimentos de


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verificação, dando exemplos de como a área de tarefa pode ser definida pelo projeto, malha de cálculo para projeto do sistema de iluminação, controle do ofuscamento e a manutenção desse sistema. 6. Conclusão Com essas informações apresentadas, conclui-se que todo local de trabalho deve visar sempre o bem estar dos seus funcionários, onde o conforto ambiental é fundamental para tal. A percepção visual interfere diretamente no comportamento dos usuários em suas relações, em como percebem o espaço e contribuem para o funcionamento do ambiente de trabalho. Assim a iluminação em ambientes de trabalho requer um projeto luminotécnico bem elaborado, visando o ambiente como um todo e o espaço pessoal de cada trabalhador. Esses espaços devem ser aconchegantes e não podem ser monótonos, por isso o uso da iluminação natural e artificial se faz presente, tomando todos os cuidados especiais de acordo com a utilização de cada ambiente. Diante do que foi dito, é possível observar como todos esses fatores abordados da iluminação, ligados ao conforto, a saúde e eficiência energética, são investimentos a curto e longo prazo que beneficiam além dos funcionários, a propria empresa/ ambiente de trabalho, pois um local onde possui iluminação adequada, sempre proporcionará ao trabalhador uma atividade segura e saudável, devolvendo a empresa disposição do empregado, eficiência e produtividade. 7. Referências ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5413/1992: Iluminância de Interiores. Rio de Janeiro, 1992. ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 8995-1 de 03/2013: Iluminação de ambientes de trabalho - Parte 1: Interior ANDRADE, Cláudia. Ambientes corporativos. Revista Au. Editora Pini, nº 195, p. 80, Junho 2010; ARNHEIM, R. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. São Paulo: Pioneira Thomsom Learning, 1980. BARBOSA, Cláudia V. Torres. Percepção da iluminação no espaço da arquitetura: preferências humanas de iluminação em ambiente de trabalho. São Paulo: 2010, 238 p. Tese de Douturado, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. BARNABÉ, Paulo Marcos Mottos. A luz natural como diretriz de projeto. Maio de 2007. Disponível em http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S1518-95542007000200005&script=sci_arttext#top21. Acesso outubro. 2012. BRITSH STANDARDS INSTITUITION. BS 8206-2:1992. Lighting for buildings: code of practice for daylight. London, 1992. Pt. 2. BRONDANI, Sergio Antoni. A percepção da luz artificial no interior de ambientes edificados. Dissertação (Doutorado em Engenharia de Produção) – Universidade de Brasilia, Brasilia, 2008.


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