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    2/02/12 L'OSSERVATORE ROMANO Ed. semanal em portuqas

    ~./_VOSSERVATO" E ROMANONON P l? :A f )? AM f JJUN 'f

    Na audiencia geral 0Papa falou acerca da oracdo de Jesus diante da morteQuando parece

    que Deus nao escuta"Diante das situacbes mais dificeis, quando parece que Deus ndo escuta, ndo devemos termedo de confiar a Ele todo 0 peso que levamos no coracdo ", disse 0 Papa durante aaudiencia geral de quarta-feira 8 de Fevereiro na sala Paulo V/, falando da oraciio deJesus perante a morte.Prezados irmaos e irmasHoje gostaria de meditar convosco sobre a oracao de Jesus na iminenciada morte, detendo-me sobre aquilo que nos referem sao Marcos e sao Mateus. Os dois evangelistasmencionamaoracao de Jesus rmribundo nao s6 na l ingua grega, na qual esta escrita a sua narracao mas,pe1aimportancia destas pa1avras, tambem numa mistura de hebraico e aramaico. Deste rmdo,eles transmitiram nao s6 0 conteudo, mas ate 0 som que tal oracao teve nos labios de Jesus:ouvimos reahnente as pa1avrasde Jesus corm eram Ao mesmo tempo, eles descreveram-nos aatitude de quantos estavam presentes na crucifixiio, que nao entenderam - ou nao queriamentender - esta prece. Como ouvimos, sao Marcos escreve: "Desde a hora sexta ate a horanona, houve trevas por toda a terra. E a hora nona Jesus bradou em aha voz: ''Elli,Elli,lemasabacthani?", que quer dizer:Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (15, 33-34).Na estrutura desta narracao a prece, 0 clamor de Jesus eleva-se no final das tres horas detrevas que, do meio-dia as tres horas da tarde, desceram sobre toda a terra. Estas tres horasde escuridao sao, por sua vez, a continuacao de urnprecedente espaco de tempo, tambem detres horas, comecado com a crucifixaode Jesus. Com efeito, 0 evangelistaMarcos infurma-nosque: ''Era a hora terceira, quando 0 crucificaram" (c 15, 25). Do COrYlUltOas indicacoeshorarias da narracao, as seis horas de Jesus na cruz sao subdivididas em duas partescronologicamente equivalentes.Nas primeiras tres horas, das nove horas ao meio-dia, inserem-se os escamios de variesgrupos de pessoas, que rrostram 0 seu cepticismo, a:firmamque nao acreditam Sao Marcosescreve: "Quantos passavam injuriavam-no" (15, 29); "Desta maneira, escarneciam deletambem os sumos sacerdotes e os escnbas" (15,31); "Ate aqueles que tinhamsido crucificadoscomEle 0 insultavam"(15,32). Nas tres horas seguintes, do meio-dia "as tres horas da tarde",o evangelista fala somente das trevas que desceram sobre toda a terra; a escuridao ocupasozinha toda a cena, sem qualquer referencia a rrovimentos de personagens ou a pa1avras. Amedida que Jesus se aproxima sempre mais da rmrte, ha s6 a escuridao que desce "sobre todaa terra". Ate 0 cosmos participa neste acontecimento: a escuridao envolve pessoas e coisas,mas inclusiveneste momenta de trevas Deus esta presente, nao abandona. Na tradicao biblica,a escuridao ternurnsignificadoambivalente:e sinalda presenca e da obra do mal, mas tambem

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    L'OSSERVATORE ROMANO Ed. semanal em portuqasde urna misteriosa presenca e accao de Deus, que e capaz de veneer todas as trevas. No Livrodo Exodo, por exemplo, lemos: "Entao, 0 Senhor disse a Moises: ''Eis que me you aproximarde ti na obscuridade de uma nuvem"" (19, 9); e ainda: ''E 0 povo conservou-se a distancia,enquanto Moises se aproximava da nuvem onde se encontrava Deus" (20, 21). Enos discursosdo Deuteronoroio, Moises narra: ''E eis que 0 abrasava [0monte] urn fogo que subia ate asahuras do cell, onde havia trevas, nuvens e escuridao" (4, 11); vos, "depois que ouvistes a vozque saia do meio das trevas, vistes 0 monte arder em fogo" (5, 23). Na cena da crucifixao deJesus, as trevas envolvem a terra e sao trevas de morte em que 0 Filho de Deus se imerge paratrazer a vida, com 0 seu gesto de amor.Voltando a narracao de sao Marcos, diante dos insuhos das varias categorias de pessoas,perante a escuridao que desce sobre tudo no momenta em que se encontra diante da morte,Jesus com 0 brado da sua oracao mostra que, juntamente com 0 peso do sofrimento e damorte em que parece haver abandono, ausencia de Deus, Ele tern a plena certeza daproximidade do Pai, que aprova este gesto supremo de amor, de dom total de S~ embora naose ouca, como noutros momentos, a voz do alto. Lendo os Evangelhos, damo-nos conta deque noutros trechos importantes da sua existencia terrena Jesus t inha visto associar-se aossinais da presenca do Pai e da aprovacao ao seu caminho de amor, tambem a vozesclarecedora de Deus. Assim, na vicissitude que se segue ao baptismo no Jordao, ao abrir-sedos ceus, ouviu-se a pa1avra do Pai: "Iu es 0 meu Filho nruito amado; em ti ponho a minhaafei9ao" (Me 1, 11). Depois, na transfiguracao, 0 sinal da nuvem era acompanhado pe1aexpressao: ''Este eo meu Filho nrui to amado; ouvi-o!" (Me 9, 7). Contudo, ao aproximar-se amorte do Crucificado, desce 0 silencio, nao se ouve voz alguma, mas 0 olhar de amor do Paipermanece fixo no dom de amor do Filho,Mas que significado tern a oracao de Jesus, aquele brado que Ele lanca ao Pai: ''Meu Deus,meu Deus, por que me abandonaste?", a duvida da sua missao, da presenca do Pai? Nestaoracao nao M porventura precisamente a consciencia de ter sido abandonado? As palavrasque Jesus dirige ao Pai sao 0 inicio do Salmo 22, em que 0 Sahnista manifesta a Deus a tensaoentre 0 sentir-se abandonado e a consciencia certa da presenca de Deus no meio do seu povo.o Sahnista reza: ''Meu Deus, grito de dia e nao me respondes; de noite, e nao M tregua param im E no entanto Tu es 0 Santo, Tu estas sentado no trono entre os louvores de Israel" (vv. 3-4). 0 Sahnista fala de "grito" para expressar todo 0 sofrimento da sua oracao diante de Deus,aparentemente ausente: no momenta de angustia, a prece torna-se urn grito.E isto acontece tambem na nossa relacao com 0 Senhor: perante as situacoes mais dificeis edolorosas, quando parece que Deus nao ouve, nao devemos ter medo de confiar a Ele todo 0peso que levamos no nosso coracao, nao devemos ter medo de gritar a Ele 0 nosso sofrimento,temos que estar convictos de que Deus esta proximo, embora aparentemente esteja calado.Repetindo da cruz precisamente as pa1avras iniciais do Sahno - ''Elli, Elli, lema sabacthani?" -''Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mt 27, 46), c1amando as palavras doSahno, Jesus reza no momenta da Uhima rejeicao dos homens, na hora do abandono; mas rezacom 0 Sahno, na consciencia da presenca de Deus Pai tambem naquela hora em que sente 0drama humane da morte. Mas em nos surge uma pergunta: como e possivel que urn Deus taopoderoso nao intervenha para subtrair 0 seu Filho a esta prova terrivel? E importantecompreender que a prece de Jesus nao e urn grito de quem vai ao encontro da morte com 0desespero, e nem sequer de quem sabe que foi abandonado. N esse momento, Jesus faz seutodo 0 Sahno 22, 0 Sahno do povo de Israel que sofre, e deste modo assume sobre Si nao soo sofrimento do seu povo, mas inclusive 0 de todos os homens que padecem pe1a opressao domal e, ao mesmo tempo, leva tudo isto ao Coracao do proprio Deus, na certeza de que 0 seuc1amor sera atendido na Ressurreicao: ''0 grito no tormento extremo e ao mesmo tempocerteza da resposta divina, certeza da salvacao - nao so para 0 proprio Jesus, mas para

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    2/02/12 L'OSSERVATORE ROMANO Ed. semanal em portuqas''rrruitos''''(Jesus de Nazare II, 239-240). Nesta oracao de Jesus estao encerrados a extremaconfianca e 0 abandono nas mos de Deus, mesmo quando parece ausente, mesmo quandoparece permanecer em silencio, seguindo urn designio que nos e incompreensivel NoCatecismo da Igreja Cat6lica lemos assim: ''No amor redentor que constantemente 0 unia aoPai, [Jesus] assumiu-nos no afastamento do nosso pecado em relacao a Deus a ponto de, nacruz, poder dizer em nosso nome: ''Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"" (n , 603).o seu e urn softer em conrunhao connosco e por n6s, que deriva do amor e ja contem em si aredencao, a vit6ria do amor.As pessoas presentes ao pe da cruz de Jesus rno conseguem compreender e pensam que 0 seugrito e uma suplica dirigidaa Elias. Numa cena agitada, e1asprocuram saciar a sede dele paraIhe prolongar a vida e veri:ficarse verdadeiramente Elias vern em seu socorro, mas urn fortebrado poe termo a vida terrena de Jesus e ao desejo de1as.No momenta extremo, Jesus deixaque 0 seu Coracao exprima a dor mas, ao mesmo tempo, deixa sobressair 0 sentido dapresenca do Pai e 0 consenso ao seu designio de salvacao da humanidade. Tambem n6sestamos sempre e novamente diante do ''hoje'' do so:frimento, do silencio de Deus -manifestarm-lo tantas vezes na nossa oracao - mas encontramo-nos inclusiveperante 0 ''hoje''da Ressurreicao, da resposta de Deus que assumiu sobre Si os nossos so:frimentos,para oscarregar juntamente connosco e para nos incutir a esperanca f ume de que serao vencidos (cfCarta enc. Spe salvi,35-40).Caros amigos, na oracao levamos a Deus as nossas cruzes diarias, na certeza de que Ele estapresente enos ouve. 0 brado de Jesus recorda-nos que na oracao devemos superar asbarreiras do nosso "eu"e dos nossos problemas, e abrir-nos as necessidades e so:frimentosdopr6ximo. A oracao de Jesus moribundo na Cruz ensina-nos a orar com amor pelos numerososirmaos e rrmasque sentem 0 peso da vida quotidiana, que vivemmomentos dificeis, que estaona dor, que rno recebem uma pa1avra de conforto; levemos tudo isto ao Coracao de Deus,para que tarobem eles possam sentir0 amor de Deus que nunca nos abandona. Obrigado!No final, 0 Santo Padre saudou os grupos presentes, proferindo estas palavras emportugues.Sando os fieis da arquidiocese de Porto Alegre e restantes peregrinos de l ingua portuguesa.Sede bem-vindos! Com a sua ressurreicao, Cristo abriu a estrada para alem da morte; temos aestrada desimpedida ate ao Ceu Que nada vos impeca de viver e crescer na amizade do Paiceleste, e testerrnmhar a todos a sua bondade e miseric6rdia! Sobre v6s e vossas fumilias,desca a sua Ben9ao generosa.

    (L'Osserwtore Romano - 4 de Feverelro de 2012)[Index] rHome]

    Angelus de domingo com osfieis presentes napraca de sao Pedro

    A juventude realiza-seno acolher e servir a vida

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    2/02/12 L'OSSERVATORE ROMANO Ed. semanal em portuqasA celebraciio do Dia mundial do doente, a 11de Fevereiro, foi recordada por Bento XVIdurante 0 Angelus de domingo, 5 de Fevereiro, com os fieis presentes na praca de SiloPedro.Prezados irrraos e irm aso Evangelho deste domingo apresenta-nos Jesus que cura os doentes: em primeiro 1ugar asogra de Simao Pedro, que estava de cama com febre e Ele, tomando-a pe1amao, curou-a efez erguer-se; depois, todos os enfennos de Cafarnaum, provados no corpo, na mente e noespirito, e Ele "curou rrruitos.. e expulsou numerosos dem6nios" (Me 1, 34). Os quatroEvangelistastestennmharn de maneira concorde que a libertacao de doencas e enfennidades detodos os tipos constituiu,juntamente com a pregacao, a principal actividade de Jesus na suavida publ ica, Com efeito, as doencas sao urn sinal da obra do Mal no rmmdo e no homem,enquanto as curas dermnstram que 0 Reino de Deus, 0 pr6prio Deus, esta pr6ximo. JesusCristo veio para derrotar 0Mal pe1araiz, e as curas constituernuma antecipacao da sua vit6ria,alcancada com a suaMorte e Ressurreicao.Urn dia, Jesus disse: 'Nao sao os que tern same que precisam de medico, mas sim osenfennos" (Me 2, 17). Naquela circunstancia,referia-se aos pecadores, que Ele veio chamar esalvar. No entanto, perrmnece verdade que a doenca e uma condicao tipicamentehurmna, naqual experimentamos em grande medida que nao somes auto-suficientes, mas termsnecessidade dos outros. Neste sentido poderiamos dizer, com urn paradoxo, que a doencapode ser urn rmmento salutar, no qual podemos experimentar a atencao dos outros e oferecera nossa ao pr6ximo! Todavia, e1a e sempre uma prova, que pode tomar-se tarobem longa edi:ficil.Quando a cura nao chega, e os sofrimentos se prolongam, podemos perrmnecer cormque esmagados, isolados, e entao a nossa existencia deprime-se e desumaniza-se. Cormdevemos reagir a este ataque do Mal? Certamente, com as curas apropriadas - nestas decadasa medicina fez grandes progressos, e por isso estamos gratos - mas a Palavra de Deus ensina-nos que ha uma atitude decisiva e fimdamental,com a qual enfrentar a enfermidade, e e a da reem Deus, na sua bondade. Jesus repete-o sempre as pessoas que Ele cura: A tu a re salvou-te!(cf Me 5, 34.36). Ate diante da morte, are pode tomar possivel aquilo que, humanamente, eimpossivel Mas re em que? No armr de Deus. Eis a verdadeira resposta, que derrotaradicahnente 0Mal Assim como Jesus enfrentou0Maligno com a forca do amor que lhe v inhado Pai, tambem n6s poderms enfrentar e veneer a prova da doenca, conservando 0 nossocoracao imerso no armr de Deus. Todos n6s conhecemos pessoas que suportaram sofrimentosterriveis, porque Deus lhes concedia uma serenidade profimda. Penso no exemplo recente dabeata Chiara Badano, extinguidana flor da juventude por urn mal sern salvacao: aqueles que avisitavarnrecebiarn dela lu z e confanca! Todavia, na doenca todos n6s terms necessidade decalor humane: para confortar uma pessoa enferrm, mais do que as pa1avras conta aproximidade tranqui1ae sincera.Estimados amigos, no pr6ximo sabado, 11 de Fevereiro, mem6ria da Bern-Aventurada VirgernMaria de Lourdes, e 0 Dia Mundial do Doente. Facamos tambem n6s corm as pessoas daepoca de Jesus: espirituahnente,apresentemos-lhe todos os doentes, convictos de que Ele quere pode cum-los. E invoquerms a intercessao de Nossa Senhora, de modo especial para assituacoes de maier sofrimentoe abandono. Maria, Same dos enfermos, intercede por n6s!Depois de ter presidido a oraciio mariana, 0 Papa saudou os grupos de fieis presentes,provenientes de diversos paises do mundo. Depois, recordando tambem a celebraciio naItalia do Dia pela Vida, concluiu proferindo as seguintes palavras.

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    2/02/12 L'OSSERVATORE ROMANO Ed. semanal em portuqasA n eve e b on ita , m a s e sp ere m os qu e ch eg ue d ep res sa a P rim a vera !

    (L'Osserwtore Romano - 4 de Feverelro de 2012)[Indexl

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