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Revista 12 horas | TIMIDEZ

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Jornal 12 horas - Curso de Jornalismo da UniBrasil.

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Page 1: Jornal 12 Horas

Revista 12 horas |

TIMIDEZ

Page 2: Jornal 12 Horas

| Revista 12 horas Revista 12 horas |

expediente

OMBUDSMAN: KELLY LIMA

A estufa do Jardim Botânico, um dos cenários mais conhecidos de Curitiba, está cor-de-rosa para marcar o “Outubro Rosa”, um mês de atividades dirigidas à prevenção ao câncer de mama. O Outubro Rosa é promovido pelo Instituto Humanista de Desenvolvimento Social (Humsol), com apoio da Prefeitura de Curitiba.

Muito importante termos conhecimento sobre os cuidados com a saúde da mulher, como retrata a matéria “Mal entre as mulheres”, apesar da declaração pejorativa do nosso ex- Governador do Paraná, Roberto Requião ao falar da doença.”Hoje, câncer de mama é uma doença masculina também. Deve ser consequência dessas passeatas gay.” E olha que ele nem ficou vermelho em falar nisso.

Caro leitor você se considera tímido ou não?Dá uma olhadinha na reportagem da capa”Manda dizer que eu não tô!” A timidez pode ser um traço charmoso da personalidade ou o primeiro pas-so para um distúrbio psicológico grave: a fobia social. E concordo que a melhor saída para uma pessoa tímida é a conquista da auto-confiança, porém não exagerem muito na auto-confiança, senão podem sair falando bobagens por aí..

Continuava a ler a revista quando me deparei com a coluna “O personagem histórico dos games.” Pensei –Putz que trash. Que nada, derrepente me deu aquela nostalgia, muito bom, principal-mente a piadinha do Mário...que? Ah, essa é velha hein?.

Não deixe de ler a reportagem “Velhos Guris” nos faz pensar que a única certeza que temos é essa que o tempo passa para todos. Não existe um levantamento rigoroso destes casos sociais, mas parece-me que o problema está intimamente relacionado com o envelhecimento da popula-ção e a falta de condições de assistência à população idosa.

Conforme o Estatuto do idoso, Art. 10, § 2º, O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetivos pessoais.

Devíamos, isso sim, tentar pegar dos mais velhos a experiência e sabedoria de vida que anos de luta e observação os ajudaram a ter. Que tal nos deixarmos contagiar por essa bagagem de conhecimento, para virmos a ser, quem sabe, jovens e adultos mais interessantes e respeitáveis? Respeitar e ouvir o idoso é respeitar a nós mesmos.

PINÇELADACOORDENAÇÃOProf. Felipe Harmata Marinho

REPORTAGEMAna Carolina SkrepecAna paula meloAnderson MarianoDiego da Cunha Francielle CostaJeferson SeccoJosé PiresKelly LimaMari MartinsMichele Saide Milton MassaoNarley ResendeRicardo AlexandreRicardo Francio NetoSidnéia Rosa GonçalvesSuelen rocha

COLUNISTASAnderson MarianoCamila SamapaioJosé PiresKarilene StradiotoLarissa IlaídesLílian da CruzRicardo AlexandreRodrigo ArendSidnéia Rosa GonçalvesSuelen Rocha

OMBUDSMANKelly Lima

EDITORRicardo Francio Neto

REVISÃO/TEXTOJeferson SeccoNarley Resende

DIAGRAMAÇÃOEverton L. da Rocha Mossato

CAPATIMIDEZ - Manda

dizer que eu não tô!pg. 46

SAÚDEPrevenção é sinônimo

de bem estar e economiapg. 64

FATOS VERÍDICOSO triste fim de um sonhopg. 76

ENSAIODê um rolê de Skate com a galera do gaúcho.pg. 28

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Vida simples, pensamento elevadoPara alguns eles podem parecer estranhos e até fanáticos, seus dife-rentes hábitos, maneira de se vestir e agir, mas não passam de pessoas amáveis e atenciosas, a diferença está na sua fé e dedicação elevada. Estes são os devotos de Krishna.

Reportagem e fotos Francielle Costa

O altar do templo com as Deidades Chaitania e Nite Ananda e imagens de Srila Prabhupada

Nrsimha Bhagavan Dasa devoto de Krishna há 19 anos

Luiz Carlos acorda às seis da manhã, às vezes as cinco. A primeira coisa que faz

é seu programa espiritual. Canta seus mantras com seu Japamala sempre nas mãos, uma espécie de rosário do ocidente, usado nas orações como marcador. São 16 voltas diárias no ‘’japa’’ que pos-sui 108 contas. É o que seu mestre espiritual permitiu. Na Índia são de 32 à 64 voltas diárias. Camisa azul e branca, anéis nos dedos, alargador nas duas orelhas, cabeça raspada com uma única mecha de cabelo na parte de trás da cabeça, braços ecabeça tatuados, colar no pesco-ço e uma veste branca nas pernas. Luiz é tatuador há oito anos, e de-voto de Krishna há 19. Nrsimha Bhagavan Dasa esse é o seu nome hoje, significa o ‘’protetor dos devotos’’. Bha-gavan tem 33 anos, nasceu na cidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Sempre foi muito desregrado, buscava pelos praze-res imediatos, bebidas, sexo, dro-gas. Coisas que depois de certo tempo não lhe traziam mais pra-zer algum. Quando foi morar no Rio de Janeiro, disposto a uma nova vida, Bhagavan encontrou um devoto de Krishna pela rua que lhe vendeu um livro. O livro chamava-se ‘’Bhagavad-Gita’’, trata-se da escritura sagrada da Índia. Interessou-se pela filosofia, morou dez anos no templo do Rio de Janeiro e hoje vive em Curitiba com sua esposa e duas filhas. ‘’A consciência de Krishna me fez recobrar a consciência que perdi com o mundo material’’, diz. Thaisa tem 27 anos, é esposa de Baghavan. Era cristã, adventista e há um ano e meio é devota de Krishna. ‘’Comecei a ler o Baghavad-Gita, com a men-te aberta para descobrir e apren-

der’’. Thaisa é bastante vaidosa. Faz questão de sempre andar ma-quiada, com muitas jóias e com seu sare colorido que irradia o olhar de quem chega.Trabalha na loja do Templo Hare Krishna de Curitiba há três meses, mas só aos domingos. ‘’Eu e Baghavan tam-bém cuidamos da manutenção por aqui’’, comenta. Thaísa e Bhagavan são ve-getarianos. De acordo com o co-nhecimento védico que seguem, cultura associada ao povo que compôs os textos religiosos co-nhecidos como ‘’Vedas’’, no sub-continente indiano, o sacrifício de animais não é necessário. ‘’Só devemos nos alimentar daquilo que não contém violência. Um homem não precisa matar animal algum se ele tem suficientes ce-reais e vegetais para comer’’, diz Thaísa. Eles costumam preparar o próprio alimento. Frutas, cereais, samosas, temperos dos mais dife-renciados sabores, e uma grande diversidade de verduras. Antes de experimentar o alimento prepara-do, oferecem-no à Krishna.

PODER DE LIBERTAR A MENTE

Dez pessoas em uma só voz. Olhos voltados às Deidades (di-vindades) Chaitania e Nite Anan-da. O sentimento de admiração e respeito parece invadir-lhes o coração. Seus olhos dizem tanto, ou mais do que o que eles cantam. Cantar os santos nomes de Deus é o melhor método para servir a Krishna e satisfazer-lhes espiri-tualmente. ‘’Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare, Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare’’, é o que todos cantam tentando livrar a população da fome e de outras dificuldades. ‘’O mahamantra é o grande mantra que tem o poder de libertar a mente’’ diz Phaniraj Nitai. Depois dos cantos e dan-ças começam os ensinamen-tos. O devoto Phaniraj Nitai é o palestrante. ‘’O tema hoje é como conhecer a Deus’’, conta. A todo o momento Nitaj cita o nome ‘’Srila Prabhupada’’ e to-dos se prostram diante de sua foto no altar. Srila Prabhupada é o fundador do movimento Hare Krishna nos países ocidentais.

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Partiu da Índia em 1965, aos sessenta e nove anos de idade, para cumprir o pedido de seu mestre espiritual de que ele ensinasse a ciência da cons-ciência de Krishna em todos os países de língua inglesa. A primeira cobertura jornalística acerca da ‘’Divina Graça’’ como os devotos o chamam, apareceu num jornal de Nova York com a man-chete ‘’SALVE A TERRA JÁ!’’. Uma foto que acompanhava o artigo mostrava Srila Prabhupa-da e os devotos cantando no Parque Tompkins Square, em NY. Os editores, seriamente ou por brincadeira, diziam que Prabhupada viera pregar uma mensagem para salvar o mundo.

LIGADOS PELA FÉ Existem dois tipos de devotos, os que vi-vem no templo e levam uma vida de monastério, os ‘’Bramatchari’’ e os que têm a sua vida pes-soal fora do templo, os ‘’Grirastra’’. Mahadeva é um Bramatchari, vive no templo e é devoto de Krishna há quase 30 anos, um dos mais antigos da cidade. Mahadeva é muito tímido, não costu-ma ficar perto das outras pessoas, chega no meio dos cantos segue até o altar, espalha uma espécie de incenso nas deidades e quadros e volta de onde

veio. Acorda às quatro da manhã todos os dias e depois de fazer sua higiene pessoal, dedica todo o seu tempo com as Deidades Chaitania e Nite Ananda, as duas formas específicas de encarnação de Krishna há cerca de 520 anos. Camila Albuquerque é uma Grirastra. Fre-quenta o templo há dois anos, tempo que está ca-sada com Gabriel, devoto há quase três anos. Leva uma vida normal, estuda agronomia na Universi-dade Federal do Paraná e tem uma filha ainda de colo com seu marido, chama-se Ananda. Ao contrário dos Personalistas no Hinduís-mo inseridos na tradição Vaishnava, derivação de “Vishnu”, aspecto imanente de Deus, Camila era Budista, os chamados ‘’Impersonalistas’’ na cul-tura Indiana. Estes negam a existência de Deus, acreditando que a força maior está dentro de cada um, só estamos ‘’esquecidos’’ da nossa divindade. Camila diz estar se acostumando e enten-dendo pouco a pouco à filosofia da consciência de Krishna. ‘’Eu não entendia nada muito bem, aque-le negócio de Krishna ser azulzinho...Hoje me sin-to em paz estando aqui, é uma vida simples, mas com o pensamento elevado’’.

Camila e sua filha Ananda

O devoto Phaniraj Nitai palestra ensinamentos de ‘’Como conhecer a Deus’’

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Todos queremos viver bem, ter uma casa, uma família, alimentos, um bom trabalho e porque não conforto. Gabriel Bento Hamusiak 63, teve tudo isso e mais um pouco e infelizmente perdeu tudo. Precisou de ajuda de pessoas estra-nhas para se levantar e hoje trabalha no Lar dos Idosos Recanto do Tarumã.

Gabriel cresceu em uma familia unida, era bancário e tinha uma vida boa, junto com a esposa e uma filha muito esperada por ele. Tinha status era bem visto pelos amigos, construiu uma boa casa, mas aos 40 anos a vida de Gabriel começou a mudar.

Em uma tarde em seu trabalho re-cebeu uma ligação avisando da morte da filha em um acidente de carro, e isso foi um golpe muito forte do destino para Gabriel. Depois de enterrar a filha sua vida aos poucos foi se desestruturando, separou-se da esposa mais nova que ele e lhe deixou com tudo que tinham cons-truido, foi morar em um pensionato. Seu bom emprego de 12 anos pediu para sair e com o grande acerto que fez com a empresa, tinha dinheiro sufuciente para tentar esquecer a morte da filha. Foi na bebida que ele encontrou a solução para os problemas, bebado ele não se sentia só e como estava com dinheiro sempre tinha amigos por perto, era tímido e a be-bida mandava a timidez embora.

O dinheiro um dia acabou, assim como os amigos também acabaram, não era mais possível ficar no pensionato, então Gabriel foi morar na rua, conse-

guia o dinheiro para beber e estava bem, viveu por mais de 20 anos de um lado para outro.

Através da Fundação de Ação So-cial de Curitiba (FAS), Gabriel conse-guiu abrigo para passar as noites, duran-te o dia voltava para rua, sem emprego, pois estava com a idade um pouco avan-çada, fazia bicos que lhe eram permiti-dos para sobreviver.

Com a ajuda da FAS conheceu o Centro Dia, um projeto do grupo Socor-ro aos Necessitados, que funciona como uma creche para idosos, algumas pes-soas os filhos trazem pela manhã e vem buscar a tarde, outros os carros da FAS leva e trás e foi assim que seu Gabriel foi incluido novamente na sociedade, conseguiu deixar a bebida e frequentava diariamente o Centro Dia.

O grupo Socorro aos Necessitados existe desde 1.921, fundada por Her-culano Carlos Franco Souza, ná época recolhida pessoas carentes de todas as idades, mulheres e homens. Hoje traba-lha com o Asilo dos Idosos Recanto do Tarumã, Creche meu Pequeno Reino e Centro Dia Recanto do Tarumã, onde Gabriel frequentava e teve conhecimen-to da necessidade de um porteiro para trabalhar no asilo. Ele imediatamente se candidatou para vaga, passou pela entre-vista e foi contratado, trabalha há cinco meses, não mora mais na rua, alugou uma casa, tem salário fixo, não tem tanto luxo como antigamente, porém tem tudo o que precisa como ele diz: “minha casa

Gabriel Bento Hamusiak, na guarita do Asilo onde traquilo pode ouvir música

Os Velhos Guris

TTodos queremos viver bem, ter uma casa, uma família, alimentos, um bom trabalho e porque não conforto. Gabriel Bento Hamusiak 63, teve tudo isso e mais um pouco e infelizmente perdeu tudo. Precisou de ajuda de pessoas estranhas para se levantar e hoje trabalha no Lar dos Idosos Recanto do Tarumã.

Gabriel cresceu em uma familia unida, era bancário e tinha uma vida boa, junto com a esposa e uma filha muito esperada por ele. Tinha status era bem visto pelos amigos, construiu uma boa casa, mas aos 40 anos a vida de Gabriel começou a mudar.

Em uma tarde em seu trabalho re-cebeu uma ligação avisando da morte da filha em um acidente de carro, e isso foi um golpe muito forte do destino para Gabriel. Depois de enterrar a filha sua vida aos poucos foi se desestruturando, separou-se da esposa mais nova que ele e lhe deixou com tudo que tinham cons-truido, foi morar em um pensionato. Seu bom emprego de 12 anos pediu para sair e com o grande acerto que fez com a empresa, tinha dinheiro sufuciente para tentar esquecer a morte da filha. Foi na bebida que ele encontrou a solução para os problemas, bebado ele não se sentia só e como estava com dinheiro sempre tinha amigos por perto, era tímido e a be-bida mandava a timidez embora.

O dinheiro um dia acabou, assim como os amigos também acabaram, não era mais possível ficar no pensionato, então Gabriel foi morar na rua, conse-guia o dinheiro para beber e estava bem,

viveu por mais de 20 anos de um lado para outro.

Através da Fundação de Ação So-cial de Curitiba (FAS), Gabriel conse-guiu abrigo para passar as noites, duran-

te o dia voltava para rua, sem emprego, pois estava com a idade um pouco avan-çada, fazia bicos que lhe eram permiti-dos para sobreviver.

Com a ajuda da FAS conheceu o Centro Dia, um projeto do grupo Socor-ro aos Necessitados, que funciona como uma creche para idosos, algumas pes-soas os filhos trazem pela manhã e vem buscar a tarde, outros os carros da FAS leva e trás e foi assim que seu Gabriel foi incluido novamente na sociedade, conseguiu deixar a bebida e frequentava diariamente o Centro Dia.

O grupo Socorro aos Necessitados existe desde 1.921, fundada por Hercula-no Carlos Franco Souza, ná época reco-lhida pessoas carentes de todas as idades, mulheres e homens. Hoje trabalha com o Asilo dos Idosos Recanto do Tarumã, Creche meu Pequeno Reino e Centro Dia Recanto do Tarumã, onde Gabriel fre-quentava e teve conhecimento da neces-sidade de um porteiro para trabalhar no

asilo. Ele imediatamente se candidatou para vaga, passou pela entrevista e foi contratado, trabalha há cinco meses, não mora mais na rua, alugou uma casa, tem salário fixo, não tem tanto luxo como an-

tigamente, porém tem tudo o que precisa como ele diz: “minha casa é humilde, mas vivo bem sem vícios”.

ASILOO Asilo e o Centro

são no mesmo endereço, e desenvolvem um trabalho de muita dedicação para os idosos. O asilo acomo-da apenas homens a partir de 60 anos, todos são en-caminhados pelo FAS, a casa tem 100 moradores.

Trabalham no local 75 funcionários, es-tágiarios e mais de 70 voluntários men-salmente.

Jaqueline Brigida Patrique 35, é co-ordenadora do recanto há um ano, antes trabalhava em salão de beleza e diz ter se descoberto novamente quando teve oportunidade de trabalhar junto com os idosos. “São mundos diferentes o salão onde trabalhava e o recanto, não sabia como ajudar alguém pode ser tão praze-roso”.

Jaqueline mostra realmente muito prazer no que faz e apresenta toda a casa. Começamos pelo Cantinho do Artesa-nato, lá conheci Ivanir Maria Ramalho, Neguinha como é conhecida na casa, ela trabalha no recanto há 14 anos, 10 como voluntária e 4 como funcionária, junto com ela trabalha Miguel Vicente 69, vive no asilo é surdo e mudo, desenvolveu com grande facilidade o trabalho e todos os dias junto com Neguinha ensina ar

por Sidnéia Rosa Gonçalves

Idosos na sala de comum acesso, uns dormem, outros assistem TV e ainda conversam

é humilde, mas vivo bem sem vícios”.

ASILOO Asilo e o Centro são no mesmo

endereço, e desenvolvem um trabalho de muita dedicação para os idosos. O asilo acomoda apenas homens a partir de 60 anos, todos são encaminhados pelo FAS, a casa tem 100 moradores. Trabalham no local 75 funcionários, estágiarios e mais de 70 voluntários mensalmente.

Jaqueline Brigida Patrique 35, é co-ordenadora do recanto há um ano, antes trabalhava em salão de beleza e diz ter se descoberto novamente quando teve oportunidade de trabalhar junto com os idosos. “São mundos diferentes o salão onde trabalhava e o recanto, não sabia como ajudar alguém pode ser tão praze-roso”.

Jaqueline mostra realmente mui-to prazer no que faz e apresenta toda a casa. Começamos pelo Cantinho do Artesanato, lá conheci Ivanir Maria

Ramalho, Neguinha como é conhecida na casa, ela trabalha no recanto há 14 anos, 10 como voluntária e 4 como fun-cionária, junto com ela trabalha Miguel Vicente 69, vive no asilo é surdo e mudo, desenvolveu com grande facilidade o trabalho e todos os dias junto com Ne-guinha ensina artesanato para pessoas de qualquer idade sem nenhum custo para o aluno, porém o que é feito no cantinho do artesanato fica no asilo, é vendido no bazar de novos junto com roupas que são ganhadas e não servem para os mora-dores do asilo. É feito também o bazar de usados, todas a doação de roupa pas-sa por uma triagem, é separado o que é utilizado pelo asilo e pela creche, o que não serve para ninguém vai para o bazar, o dinheiro arrecadado é utilizado para compra de medicamentos, alimentos, produtos de higiêne. O bazar acontece no próprio recanto toda segunda, terça e quinta-feira das 13h às 16h.

Praticamente todos os idosos usam remédios, muitos deles mais que um medicamento, o asilo possuiu uma far-mácia, onde os remédios são separados. Por dia é distribuido mais de 600 com-primidos, muitos deles vem do posto de saúde, outros medicamentos que o posto não fornece a casa precisa comprar.

Além do bazar os moradores e os funcionários do asilo, desenvolvem ou-tras atividades que geram dinheiro, uma delas é o cartão flores simbólicas, dois modelos de cartão, um significa pêsa-mes e outro felicidades, é vendido desde

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1.949 e tem o custo de R$30.Outro lucro para o recanto é um CD

gravado pelos moradores com o título de Os Velhos Guris tem o custo de R$10. Além de camiseta e necessaire que custa R$25 com o tema Resgatando Sonhos – Porque os sonhos não envelhecem, um trabalho que proporcina aos moradores, viver por um instante um sonho de vida, ter uma floricultura, ser piloto, dançari-no, são várias fotos expostas na entrada do Centro Dia.

Com a parceria da prefeitura de Curitiba o asilo ganha descontos, na con-ta de energia. Ainda conta com o projeto Empresa Amiga, é concedido à empresa ou pessoa física, que contribui para a as-sistência, melhoria na qualidade de vida dos idosos, um selo pelo período de um ano.

Os moradores que são aposentados também contribuem com 30% da apo-sentadoria, isso não representa ¼ dos gastos de cada pessoa. Porém nem todos são aposentados, alguns moradores não sabem nem o nome quando chegam no lar.

O local é dividido em 3 alas. Na primeira ficam as pessoas com deficiên-cia física e mental, que precisam de uma atenção especial. Os banheiros são equi-pados para atender a necessidade de cada um. A segunda ala são pessoas semi-dependentes, possui alguma deficiência, mas não é mental nada que prejudique o convivio com outras pessoas. E na ter-ceira ala, ficam os dependentes, pessoas que conseguem se movimentar e até sair para passear do asilo, vão para o shop-ping, fazem compras, vão dançar e só precisam cumprir dois regras, não beber e não chegar tarde.

O Lar dos Idosos possui um espa-ço para recreação com churrascaria e até mesa de sinuca para distração, televisão nos quartos dos que querem e nas salas de convivio geral, os quartos são nor-malmente de dois a três pessoas, as rou-pas são de uso individual, lavadas na la-vanderia do próprio asilo com o nome de cada morador. A casa ainda tem a dispo-sição um centro de academia para fisio-terapia dos que precisam, porém nenhum morador é obrigado a fazer exercício se não quiser, o trabalho que eles desen-volvem é de livre e espontanea vontade. Pelo menos 95% dos moradores fumam, os que recebem aposentadoria compram o cigarro, os que não tem dinheiro o lar compra e fornece. No caso de envolvi-mento com drogas e bebidas, é feito um

Jaqueline B. Patrique (esq) coordenadora e Ivanir M. Ramalho (dir) responsável pelo Artesa-nato.

tratamento para deixar o vício, quando não tem retorno à pessoa é enviada para abrigos especiais.

Até que então voltamos à portaria do Recanto, onde conheci Gabriel. Realiza seu trabalho com muita dedicação, conhece todos os funcionários do asilo. Coordena a entrada e saída de veículos e de todos os moradores de visitantes. Durante o trabalho ainda sobra tempo para ouvir uma boa música. Para Gabriel a vida agora é outra.

A situação dos idosos quando chegam no asilo normalmente é de abandono como fala Jaqueline. “50% dos idosos são abandonados e não aceitam essa situação, mesmo se quando era novo não teve uma vida exemplar, bateu na mulher, bebia, abandonou os filhos, esses vivem deprimidos e se sentem injustiçados, os outros 50% conseguem entender o motivo pelo qual está sozinho, esse vivem bem, fazem piadas e dão muitas rizadas”. Ela resalta o trabalho voluntário como a principal necessidade do lar, a doação não em dinheiro, mas sim em carinho, conforto e atenção aos mais velos.

Miguel Vicente, morador surdo e mudo que ajuda no Cantinho do Artesanato.

O Lar dos Idosos Recanto do Tarumã fica na Rua Konrad Adenauer, 576 Curitiba PR.

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No dia 4 de setembro de 2010, uma manifestação contra a política de ex-

pulsão de ciganos do território francês reuniu um grande núme-ro de pessoas. De acordo com os organizadores do movimento, fo-ram mais de 100 mil. No entan-to, órgãos oficiais do governo da França confirmaram “apenas” 77 mil presentes no movimento. No

com os relatos de quem mora na cidade, o inchaço da região trouxe um grande problema. Os serviços públicos não andaram ao lado do crescimento populacional. Assim, boa parte da população fica sem amparo, carente de um atendimen-to de qualidade em aspectos consi-derados mínimos, essenciais.

Essa é a visão que muitos mo-radores têm, assim como o estu-dante Vinicius Souza. Há 27 anos ele nasceu na cidade, e é onde vive até hoje. “Lembro que quando eu era criança, Colombo era um lugar pequeno, com pouca gente. Era muito mais tranquilo. Entendo que o progresso chegou até aqui tam-bém, mas o governo ficou parado no tempo”, diz Souza. Entre as principais reclamações dos mora-dores, estão a falta de estrutura e capacidade de atendimento no se-tor de segurança, saúde, e, princi-palmente educação.

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” A frase, do líder sul-africano Nelson Mandela, atin-ge a grande ferida do município, que luta contra as grandes dificul-dades nesta área. É comum encon-trar antigas lojas e barracões que fabricavam louça, grandes gerado-ras de riqueza no município há al-guns anos, sendo utilizadas como escolas. Ainda assim, mesmo tão alternativamente preocupantes, os locais de ensino são poucos.

Mães de alunos reclamam que as escolas que existem não atendem a demanda real, além do fato de muitas funcionam onde antigamente existiam comércios ou indústrias. “Há três quadras da minha casa, funciona uma espécie de colégio, onde era uma empre-sa metalúrgica. Reformaram o lu-gar para transformar numa escola, mas ainda assim está longe do ide-al”, diz Rosélia Pacheco, mãe do

entanto, independente de qual dos dois números se aproxima mais da realidade, trata-se de um Maraca-nã cheio, uma quantidade enorme de seres humanos.

Cada um com sua história, seus anseios e suas necessidades. Agora, imagine que toda essa hor-da de gente fosse habitar um mes-mo local em um curto espaço de tempo. Este local, sem grandes

pequeno Jonathan, de 9 anos. “E a escola é importante para ter aonde deixar as crianças. Se elas ficarem nas ruas, estão sujeitas à violên-cia”, relata.

Em algumas regiões da cida-de, como no bairro do Alto Mara-canã, é algo corriqueiro observar a população tentando se prote-ger deste problema. Na frente da maioria das lojas do comércio por ali, como em padarias, lojas de presentes e açougues, há algo em comum: as grades. Mesmo inertes, as barras de metal são uma espécie de talismã dos cidadãos. São elas que passam efetivamente, uma maior sensação de segurança, já

condições para comportar tantas pessoas, tenderia ao colapso. E não por conta de revoltosas mani-festações a favor de ciganos, mas sim por falta de estrutura. É o que aconteceu na região metropolitana de Curitiba.

Informações do Instituto Para-naense de Desenvolvimento Eco-nômico e Social (Ipardes) apon-tam que, no ano 2000, o município de Colombo tinha cerca de 173 mil habitantes. Em 2009, menos de uma década depois, esse núme-ro subiu para quase 250 mil – um enorme salto de 44% na quantida-de de pessoas.

Nem de longe o número lem-bra o que era o local onde é a ci-dade quando foi emancipada, em janeiro de 1890. A área era um grande lote cedido pelo Imperador Dom Pedro II, onde se prolifera-vam diversas colônias de euro-peus – principalmente italianos. A influência foi tanta que, um cacho de uvas, típica fruta usada na pro-dução de vinhos, está presente na bandeira e no brasão de Colombo. O nome da cidade, alias, é uma homenagem ao famoso navegador que esbarrou seu navio na Améri-ca, em 1492. Não por acaso, o ex-plorador era nascido no país com formato de bota mais famoso do mundo.

O aumento da população co-lombense até poderiam apontar para um crescimento também nos setores econômicos e sociais do município. No entanto, de acordo

que esta não costuma vir da polí-cia.

Mesmo sendo um local de re-correntes assaltos, quase nunca se vêem viaturas circularem por ali. É isso que afirma a moradora Mar-cília Lishotski, que diz conviver com um estado de apreensão cau-sado pela violência. “Assassinatos são rotina. Parece até que temos que ter isso como algo normal, já que parece que nada é feito para acabar com tantas mortes”, conta. “O que se vê muito são os vende-dores de drogas agirem. E é nas drogas que o problema da violên-cia se potencializa. Agora, a ação da polícia em cima disso, é algo que não vejo”, finaliza.

O tempo passouA população de Colombo cresceu quase 50%.A estrutura, não. por Ricardo Alexandre

Apesar de ser o maior da região metropolitana, o terminal do Alto Maracanã é insuficiente para comportar a demanda

Número de habitantes cresceu, mas as ruas permanecem inapropriadas

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“Estão nos fundilhos dos senhores vereadores...”

Na área de saúde, moradores afirmam que o maior problema é a falta de profissionais. O apontamento é reforçado por uma funcionária que trabalha no pronto atendimento do bairro Alto Maracanã, que é o maior do município. Ela não quis se identificar. “Nós temos equipamentos, nós temos o serviço pronto para ser feito. Falta apenas profissionais, o que é essencial”.

De acorda com ela, o governo recebe a verba, mas não liga para a saúde dos moradores. “Se importam apenas com deles e seus familiares. Isso porque, quando precisam de qualquer tratamento, podem ir até ótimos hospitais particulares”, diz.

Colombo fica a menos de 20 km de Curitiba. Por ser um dos pólos econômicos da região metropolitana – com destaque para a agricultura -, a cidade está envolvida em muitos interesses também políticos.

Neste período de eleições, os moradores recebem muitas visitas de candidatos, que prometem soluções para todos os problemas. Resta torcer para que as promessas se cumpram, e os colombenses não tenham que procurar outro lugar para viver, como ciganos. O risco de que em 10 anos a população praticamente duplique, mas as estrutura permaneça estagnada, é claro.

Rio Atuba, que corta a cidade, aparenta estar esquecido pelo po-der público

Terrenos abandonados da prefeitura são parte do cenário do município 15

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12H - Como surgiu o tema que resultou no Dinamite: uma tragédia em Curitiba?A.C. - Eu soube por acaso, um dia minha mãe e minha avó conversando eu ali a es-preita escutando. E daí elas comentaram de uma explosão, o dia do cogumelo, e aquilo me instigo. E na época eu tava a procura de um tema para o meu TCC, aí elas falaram que tinha sido super importante. Mas uma coisa é sua mãe que foi super importante, outra coisa é você verificar que aquilo de fato tinha uma importância para a cidade, para a época. Então eu comecei a buscar, comecei a perguntar, a conversar com as pessoas da época, e a partir desse contato, a partir da minha pesquisa, eu vi que a tra-gédia, a explosão, tinha sido de fato impor-tante para a história da cidade, e que não existia nenhum relato sobre ela, por mais importante que fosse não tinha nenhum re-

as pessoas e não dados técnicos. Para mim o mais importante era contar como a vida dessas pessoas foram afetadas pela explo-são.

12H - Como foi o processo de busca pelas informações?A.C. - Bom eu sistematizei minha busca em três frentes, o Juvevê, Ahú e, Cabral. Ali são bairros densamente povoados por idosos, então eu tinha certeza que bus-cando esses idosos eu teria boas fontes, ou pelo menos que eles me indicaria, a eu conheço fulano, conheço ciclanos. Então em primeiro lugar eu fui andar pelo bairro, sem destino, batia na casa de cada pessoa, depois eu fui buscar os jornais da época, e a partir da leitura que eu fiz desses jor-nais, eu anotava o nome das pessoas e ia procurar na lista telefônica, se eu achasse tudo bem, se fosse um sobre nome mais peculiar, era fácil de achar. E a terceira, eu sai conversar com todo mundo mesmo: _Olha, eu to escrevendo um livro, tal..., e

lato. Então eu vi ai uma fala de comunica-ção, e decidi escrever esse livro.

12H - O livro trabalha de uma maneira bem ampla no que diz respeito à contex-tualização. Você pode falar um pouco so-bre isso para a gente? A.C. - A história passa em 1976. Eu quis escrever um pouco sobre o contexto de 76, para que aqueles que vivenciaram, lem-brassem daquilo que tava acontecendo no Brasil, e aqueles que nasceram depois de 76, como é o meu caso, tivessem uma no-ção do contexto brasileiro, então eu con-textualizo o que tava acontecendo no Bra-sil, o que tava acontecendo em Curitiba. E depois entra a história, o percurso do ca-minhão, tudo mais. E o mais importante, é que decidi contar sobre a vida das pessoas. Meu livro privilegia a história das pessoas,

daí a pessoa já chegava comigo e falava: _Olha eu tenho uma vizinha que perdeu a casa. E assim eu achei muitas fontes.

12H - Quais foram suas principais difi-culdades?A.C. - Em primeiro lugar, a busca pelas fontes. Eu comecei essa pesquisa do zero, não existia nenhum registro sobre a explo-são de dinamite, sequer em internet, não havia material algum mesmo, a não ser os jornais da época, que estão em difícil aces-so, não é qualquer um que pode chegar lá buscar um jornal da época, a partir disso, eu comecei lendo jornal, conversando com as pessoas, então essa foi uma dificulda-de muito grande, tirando isso, a partir do momento que você começa a ouvir as his-tórias eu acho que as história falam por si mesmo, meu único trabalho foi encaixar isso, eu fui apenas, digamos, um meio para que a história chegassem as pessoas.

por Mari Martins e Michele Saide e participação da querida amiga Ivonete Franciele

TCCendoQue todas as etapas de um trabalho de conclusão de curso demanda muita dedicação, definitivamente, nem eu, ou qualquer outro de meus colegas de classe duvidam nessa altura do campeonato. Mas a idéia inicial, a escolha do tema, é um problema enfrentado pela grande maioria dos estudantes. A escolha de temas locais, feita por alunos de comunicação tem sido uma constante nos últimos tempos, e esses trabalhos tem resultado em materiais de extrema importância, além de jornalística, documental, histórica e social para a cidade.

Entre outros títulos que me vêem agora na lembrança estão os livros reportagens: Nos porões da resis-tência, escrito por Adriano Gomes e Matheus Amorim em 2009, que relata como a ditadura militar atingiu o Paraná e a capital, dando destaque a personagens incríveis que desde então povoam meu imaginário antes habitado apenas por personagens de outras partes do país no que diz respeito ao assunto, O Autismo é outra história, vencedor da 13° edição do prêmio Sangue, escrito por Nelci Guimarães, responsável, entre outros, por me proporcionar uma visão e uma reflexão totalmente diferenciada da que tinha até então do assunto, e o livro Dinamite: uma tragédia em Curitiba, escrito pela carinhosa e inteligente figura de Anna Carolina Azevedo, da qual transcrevo abaixo trechos de uma deliciosa entrevista, que resultou em muito aprendizado.

Dinamite: uma tragédia em Curitiba relata uma explosão que ocorreu na cidade em 1976, mas que com a descrição muitíssimo rica, digna de comparação com grandes nomes como Capote e Gay Talese, o livro informa, emociona e faz pensar sobre as formas de se fazer jornalismo.

Espero que você tire dessa entrevista, que se apresenta algum erro certamente não é por falha da entre-vistada, tanto proveito quanto eu. Boa leitura.

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12H - Seu livro é um hibrido de jorna-lismo e literatura, e essa junção, por vezes, é criticada. Para você O Jorna-lismo e a Literatura são irmãos que se rejeitam ou amantes?A.C. - São amantes, com certeza. O meu livro explora essa vertente literária, apesar de eu acreditar que o jornalismo de certa forma é uma expressão da lite-ratura. O problema é que hoje em dia, as pessoas correndo, derrepente não a tempo de ouvir as histórias das pessoas, então os textos ficam meio enxutos, mas a partir do momento que você vai atrás das histórias, você tem muita coisa para contar, você tem personagens, você tem cenário, e esses são elementos do texto literário, você falar sobre personagens, falar sobre o cenário, e outros elemen-tos que compõe a história, então você buscando você tem elementos para es-crever um texto que acaba se tornando com esse formato literário. Eu acho que são duas áreas que podem perfeitamen-te andar juntos, veja a revista Piauí por exemplo.

12H - E nessa mistura do jornalismo com a literatura, como definir o que é realidade e o que e ficção?A.C. - Bom, uma pergunta que as pes-soas me fazem achando que a história é fictícia: da onde você inventou uma ex-plosão? Não, na verdade é uma história real eu não inventei nenhum detalhe, to-mei o máximo de cuidado para não co-locar impressão minha para derrepente não força alguma história porque assim pareceria mais interessante, na verdade a vida real é muito interessante. As coin-cidências da vida real, às vezes são mais fascinantes que a própria ficção. Bom, para diferenciar, pelo formato em si, você poderia pensar que derrepente é ficcional ou não, mas no meu livro, por exemplo, tem bastante recorte de jornal,

então por mais que as pessoas apareçam desavisadas, achando que é de mentira, por meio dos jornais ela vai ver que é de verdade a história.

12H - Como foi a definição de que meio utilizar para contar a história?A.C. - Quando eu encontrei o tema, uma das minhas grandes dúvidas era mesmo que veículo utilizar para contar essa his-tória, e os dois que eclodiram foi, do-cumentário o e livro. O problema para fazer um documentário obviamente tem o apelo da imagem, e conseguir imagem de 76 era impossível seria muito legal fazer um documentário mesclando o depoimento das pessoas, cortando, uma edição fantástica, o problema é que não tinha imagem e sem imagem o docu-mentário ficaria muito capenga, diga-mos assim, e o meu livro tem o formato meio documentário. Tem gente que já falou que seria um ótimo roteiro, sabe, para derrepente fazer um filme mesmo, teve até um diretor que se interessou por isso. Mas o motivo por eu não ter optado pelo documentário foi à falta de imagem mesmo.

12H - Que dica você daria para os alu-nos que estão pretendendo, como tra-balho de conclusão de curso, “se jo-gar” num livro-reportagem?A.C. - Bom, primeiro você tem que acreditar no seu produto, você não pode desenvolver seu TCC apenas com o in-tuito de passar e ser aprovado. Se você acredita naquele tema, no projeto, tem que fazer da melhor forma possível, com muita dedicação, o que vai culmi-nar inevitavelmente em muito trabalho, mas que mais tarde voc~e vai perceber que valeu apena.

A cinza Curitiba colorindo o mundoNascida em 1982,a gibiteca Curitibana conquista o mundo

reportagem: ana paula melo

tradição de Curitiba no mundo dos quadrinhos é conhecida em todo o Brasil, Foi em Curitiba a inauguração da primeira gibiteca do país. Surgiu como local de lei-tura, com acervo básico de boas publicações, montado inicialmen-te com doações de editoras e cole-cionadores. Alí se estabeleceu um mecanismo de trocas com os inte-ressados, de modo que , além de montar seu próprio acervo passou a colaborar para coleções partu-culares de gibis.Foram de Curiti-ba que saíram muitos dos artistas das histórias em quadrinhos, entre eles José Aguiar, Nilson Muller,

Gian Danton, Antonio Eder ,e tan-tos outros que contribuíram para fazer da cidade um referencial. A gibiteca não é apenas um local freqüentado por pessoas prestes a devorar gibis de seus personagens prediletos, O local também ofe-rece oficinas de criação e cursos diversos. Já passaram por lá gran-des nomes como Laerte, Glauco, Luiz Ge, todos referências na área. Ofereceu a população even-tos como o festival de gibi e a Bienal de QH.

A gibiteca completa 28 anos, e tem um acervo de cerca 30 mil exemplares,segundo a coordena-dora do local Maristela. Alguns muito antigos como a revista “ca-reta” de 1919. As revistas mais antigas ficam guardadas á chave, e só podem ser vistas com a auto-rização de Maristela.,que está no local faz 10 anos, uma verdadei-ra apaixonada por HQ. Maristela garante que o local é freqüentado por todos os tipos de pessoas, de crianças á idosos que procuram pelos mais diversos tipos de ani-mação, entre eles, Delvane que é um eterno apaixonado por qua-drinhos e desde sua infância fre-qüenta o lugar, hoje tem como companhia seus cinco filhos.

Fulvio Pacheco que atual-mente dá aulas de mangá (qua-drinhos japoneses) na gibiteca diz que sua paixão começou muito cedo pelas histórias em quadrinhos,e que tudo se iniciou com a Disney,paixão essa que o acompanha até os dias de hoje. “Curitiba tem uma cultura muito

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forte de História em Quadrinhos, a principal editora brasileira fi-cava aqui nos anos 70, Também temos um histórico dentro da pu-blicação Indie (independente) que deixa até São Paulo com inveja.”

Assim como Fúlvio, temos também Antonio Eder que tra-balha com quadrinhos há mais de 20 anos, e tem cerca de 3.000 exemplares, fora os livros teó-ricos. Eder sempre freqüentou a gibiteca de Curitiba, foi lá que conheceu muita gente da área e inclusive fez cursos no local. Para o quadrinista, atualmente Curitiba está fraca na produção de quadri-nhos, tem bons cursos, mas não tem mercado, e ainda conclui. “Tem gente fazendo HQ aqui em Curitiba? Sim. Mas não passa de um punhado de loucos, sonhado-res e profissionais.

tem gente ganhando dinheiro com HQ aqui em Curitiba? so-mente 10% desse punhado que citei.”Curitiba é também desta-que na criação de revistas,entre elas “ Fantasias urbanas” de Fulvio Pacheco e “ Gralha” que conta com a colaboração de dez desenhistas,entre eles José Aguiar,também dele são as revis-tas Quadrinhoflia e Folhetim.

Histórias em quadrinhos se tornam ferramenta pedagógica

Com textos leve, ágeis e com o apoio das coloridas imagens, as histórias em quadrinho seduzem as crianças, por esse motivo é que os gibis estão servindo cada vez mais como apoio pedagógico e educativo. O profes-sor Jan Tracz do ensino fundamental e médio, garante que é através dos quadrinhos que grande parte das crianças inicia sua paixão pela leitura. A bibliotecária Aparecida diz que 90% das crianças que freqüentam o local estão interessadas nos gibis. ”Já que os gibis não podem ser em-prestados, muitas vezes as crianças passam tardes entretidas com os gi-bis, esse interesse é muito importante para o desenvolvimento de uma criança”.

Para a pedagoga Aline Manfron, a criança que lê HQ vai melhorar na escola. Se comunicar melhor, escreve melhor. As HQ são uma impor-tante aliada na formação e desenvolvimento das crianças. Atualmente As revistas em quadrinhos foram incluídas entre os bens que podem ser comprados pelo vale-cultura, já aprovado pelo Congresso Nacional.

Você conhece o Mário? Aquele que... calma, não é aquela velha piada, e sim o game mais amado do mundo. São 25 anos de história nos jogos de vídeo-game completos neste ano e com muito sucesso durante todos estes anos. Quem gosta de ga-mes, já jogou, viu, ou ao menos ouviu falar do Mario. Quem nunca se entusiasmou com as fases completadas e pontos ga-nhos à cada jogo? Nunca ficou nervoso, ou até raivoso quando não conseguia completar os obstáculos e fases do game? Ou então se sentia muito “fera” ao completar todas as fases e “ze-rar” a fita (cartucho com o chip do jogo) ?

Pois é, por tudo isso e muito mais, o grande Mario e sua turma fazem parte da história de muitas pessoas pelo mundo todo.Iniciado em 1985 para o Nintendo Entertainment System (NES), o jogo trouxe uma nova tendência e quebrou uma barreira que existia na indústria de games, fazendo com que suas vendas chegassem a 40 milhões de cópias em todo o mundo. Esta “re-ceita” de jogo foi copiada posteriormente por muitos outros jo-gos como o caso de Sonic, da Sega.

E isto não é tudo, Mario e sua turma, fizeram a felicidade de muitas gerações, chegando ao ponto de o personagem Mario ser mais lembrado do que Mickey Mouse nos Estados Unidos segundo pesquisa feita com estudantes em 1990.

Sempre atualizando nas versões, o game segue as tendências do mercado e ainda se mantém vivo na memória dos mais ve-lhos e na atualidade de quem ainda o joga, sendo na versão antiga ou nova como no Wii é sempre bom dar uma animada com Super Mario.

E a Nintendo sabe explorar seu produto, inovando e criando expectativas ao consumidor a cada produto lançado, deixa a força da marca sempre por conta dos seus mascotes Mario, Luigi, Princesa Peach e o cogumelo Toad, e trará ainda mais novidades futuramente, pois esta força do encanador baixinho com seus fãs, ainda dará muitos lucros para o grupo Nintendo.

Larissa IlaídesGAMES com

Anderson Mariano

O personagem histórico dos games.

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A música erudita tem fá-cil acesso e algumas pessoas vivem dela. O

grupo Madrigal em Cena criado em 2002 na Rua da Cidadania do Boqueirão em Curitiba tem o intuito de levar ao público muita alegria com suas canções eruditas encenadas, trazendo descontração às pessoas que gostam de ouvir uma boa mú-sica.

E uma das pessoas funda-mentais que realmente enten-dem e vivem de música em Curitiba é Eli Siliprandi, 53 anos, que começou sua carreira artística há 25 anos como pro-fessor, cantor e maestro. Es-tudou canto em Maringá e em meados de 1983 se mudou para Curitiba onde estudou na Esco-

la de Música e Belas Artes do Paraná e se formou em canto superior.

No mesmo ano em que se formou em canto na EMBAP Eli passou a integrar o Grupo da Camerata Antiqua de Curitiba onde permaneceu até o ano de 2006. Com uma vida totalmen-te dedicada a música erudita, é o idealizador de vários projetos de canto de Curitiba, sendo um deles o próprio Madrigal em Cena, que tem repertório erudi-to com música barroca e renas-centista e música brasileira do período colonial.

Atualmente lidera grupos da periferia de Curitiba e tam-bém rege o coral do Santuário de Nossa Senhora do Carmo. Tem seu dia bastante agitado,

escolhe as músicas que seus grupos vão apresentar e a cada dia da semana Eli ensaia o Ma-drigal em Cena por naipes, sen-do assim: soprano, contralto, tenor e baixo.

No primeiro e no terceiro sábado do mês, todo o grupo do Madrigal em Cena se reúne para fazer o ensaio geral, onde se reúnem todos os naipes para discutir agenda, concertos e fa-zer os últimos ajustes para as apresentações. “Sinto-me reali-zado em aproximar as pessoas da música erudita”, define Eli.

Há um ditado popular que diz: “Atrás de um grande ho-mem está uma grande mulher”, e é essa a relação que Eli Sili-prandi tem com sua esposa Da-niela Skrepec, 31 anos. Dani, como prefere ser chamada, também vive de música eru-dita, além de trabalhar ao lado do marido, tem suas particula-ridades como dona de casa. É mãe de Francisco Siliprandi, de cinco anos que mesmo pequeno atua em algumas apresentações.

Além de ser cantora sopra-no e atriz do Madrigal em Cena, Dani faz apresentações de um concerto cênico cujo nome é “As estripulias de Tersica”, tex-to criado em 1985, baseado nas letras do Cancioneiro de Upp-sala - conjunto de manuscritos de canções espanholas renas-centistas, de autores anônimos, encontrado na Universidade de Uppsala na Suécia, uma apre-

sentação muito divertida que traz a mistura de cenas engraça-das e inusitadas com canto, que o público adora. Juntamente com Ronaldo Cordeiro músico e tenor do Madrigal em Cena, criaram o musical infantil “As Cantigas de madame Esmeral-da e senhor Nikimba”, baseado no Cancioneiro infantil e Heitor Villa Lobos.

A apresentação resgata as cantigas de roda e brincadeiras já esquecidas nas escolas e des-conhecida pelo público infantil atual. São feitas duas apresen-tações extras por mês em esco-las especiais junto a Rede Sol – Rede Solidária, onde vários artistas fazem apresentações para crianças portadoras de de-ficiência em Curitiba. São rea-lizadas também apresentações em escolas municipais, estadu-ais e da rede privada. “As crian-ças adoram as apresentações, prestam atenção em tudo”, con-ta Christiane, professora da Es-cola Municipal São Mateus do Sul.

A maquiagem das apresen-tações é Dani mesmo quem faz, usa muito lápis, blush, pankake e batom. O figurino do grupo é feito por eles mesmos, e fabri-car as roupas não é fácil não, com isso eles precisam pesqui-sar e estudar bastante, pois são figurinos de época que exigem muitos detalhes. “O que me deixa muito feliz, é que duran-te esses oito anos que o grupo tem, a amizade cresce mais, não é somente um grupo de traba-lho, mais sim um grupo de ami-gos” declara Dani.

Viver de arte é simplesmente um dom

A rua da cidadania no Boqueirão oferece uma diversidade de cur-sos à pessoas com baixa renda.

São cursos com preços bem acessíveis e que tem professores com nível muito bom. As aulas de canto coral são abertas a todos, os alunos aprendem a dividir vo-zes descobrir seu naipe e afinar a voz, acontecem às segundas-feiras e às quartas-feiras, onde o custo é de R$ 15,00 por mês e o telefone para contato é (41)3313-5515.

A única exigência que fazem é ter aptidão musical e gosto pela arte.

Um amor chamado música

por Ana Carolina Skrepec

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“Quando o primeiro bebê riu pela primeira vez, o riso se despe-daçou em milhares de partes, que se espalharam, foram saltando. Assim nasceram as fadas.” Esta passagem, extraída do clássico infantil Peter Pan, serve perfei-tamente para ilustrar a atmosfera lúdica que toma conta do Teatro Lala Schneider nesta tarde fria de domingo, capaz de despertar os sorrisos nos rostos das pessoas presentes. Sejam elas crianças ou adultos.

Primeiro, porém; o caos. Sem inspiração para o início da matéria, deixo que o barulho da criançada me distraia. Mas só até perceber o garoto Yuri Santana, 11 anos. Sentado na fileira à mi-nha frente, duas poltronas à mi-nha esquerda, reconheço no me-nino as características de um mal que me perseguiu até bem pouco tempo atrás. Seu comportamento irrequieto e dispersivo é a última imagem que capturo antes do co-meço da peça. Logo a seu lado, uma garotinha é imediatamente enfeitiçada quando os persona-gens do espetáculo infantil en-tram em cena.

Em Isabela Ruani, 7 anos, o deslumbramento transparece. Os braços da mãe, Karine, 29,

nossas metas: formar o público e também os fu-turos profissionais para o teatro curitibano. Levar a paixão pelo teatro às crianças através de nossos cursos “, conclui Santini. A tarefa de transformar as crianças curitibanas em jovens atores, porém, não é exclusiva da Cia das Máscaras.

Letícia Cristofolli estuda teatro há um ano e seu sonho, aos 15, é ser atriz. Contudo, nesta tar-de, ela é atriz, roteirista, público, diretora, aluna. E também professora para os colegas mais novos. Ela é teatro em suas várias facetas, graças à orien-tação competente dos arte-educadores Janaína e Diego Satri, do Espaço Cultural Pé no Palco. Eles baseiam-se numa postura de ensino que pretende estimular a imaginação, a criatividade e a fantasia que já estão presentes nas crianças, uma metodo-logia desenvolvida pela mentora do grupo, Fátima Ortiz. “É um longo e personalizado processo, que visa a socialização da criança, não o resultado co-mercial.” esclarece Janaína.

Mas para Rainy Tonin Lopes, 11 anos, re-velada no Pé no Palco, a profissão de atriz já é presente. Com atuações de destaque em três pro-duções da série Casos e Causos, da Revista RPC, é apontada como um talento real da nova safra de atores-mirins paranaenses. Ela é uma das jóias preciosas do teatro infantil curitibano, que com responsabilidade e método vem conseguindo re-sultados cada vez mais expressivos nos últimos anos, gerando otimismo num setor que no passado foi muito marginalizado.

”Para rebater as críticas dos que atribuem um amadorismo excessivo no tratamento das peças, a cidade conta com companhias teatrais consolida-das no ramo, que trabalham suas montagens com seriedade e profissionalismo. A falta de qualidade dos textos, a precariedade das encenações, o pre-conceito dos atores famosos (que evitam as peças infantis por sua menor visibilidade), e alguns ou-tros problemas crônicos do segmento, amplamen-te verificados nas outras regiões do país, são bem mais raros na capital paranaense. É claro que a fal-ta de um público mais constante e fiel, e a escassez de recursos financeiros ainda afligem alguns rea-

mal podem contê-la na poltrona, enquanto os lábios da pequenina sopram os ventos que predizem a primavera, à pedido da Cigarra.

Cinco minutos. Esse é o tempo que a peça A Ci-garra e a Formiga, da Companhia Máscaras de Teatro, precisa para transformar uma turba incontrolável numa platéia das mais atentas. “Mas nossa preferida ainda é Branca de Neve e os Sete Anões, que assistimos no ano passado” entrega a jovem mãe de Isabela, contagiada pela alegria com que a filha reage ao espetáculo. Retor-no à Yuri, que neste momento, parece outra criança. O brilho vítreo em seus olhos denuncia seu estado de hip-nose. Talvez haja esperança no combate à seu déficit de atenção. Afinal, ele encontrou o teatro.

Essa é minha deixa, é toda a inspiração de que preciso. Em minha cabeça, começo imediatamente a matéria, como um sorriso nos lábios quase tão intenso quanto o brilho nos olhos do pequenino. Um sorriso que não vejo, só sinto. A cura para o meu déficit de atenção veio a dois anos e meio. Eu encontrei o Jornalismo.

É natural o fascínio que a narrativa das produ-ções infantis exerce sobre as crianças. Lá estão, projeta-dos para além da falsa tridimensionalidade oferecida pe-los videogames, os personagens de suas fantasias. Mas como explicar a entrega à imaginação e fantasia vindas da poltrona ao lado, onde os pais parecem se divertir ain-da mais que elas? Durante o espetáculo, Karine e Ricar-do Ruani – pais de Isabela – mantêm expressões infantis.

“Nossas peças são escritas e encenadas com o obje-tivo de prender a atenção tanto das crianças quanto dos pais”, informa Maicon Santini, produtor da Cia Másca-ras, uma das mais conceituadas companhias ligadas ao teatro infantil na cidade de Curitiba. Talvez não exista uma fórmula secreta para atingir esse efeito, mas o grupo investe na literatura como ingrediente principal em suas peças. “Acreditamos que o teatro precisa mais do que entreter, precisa educar”, afirma.

Essa escolha parece vir de encontro aos anseios do público e da crítica especializada. Sucesso comer-cial, Branca de Neve e os Sete Anões – a peça preferi-da de Isabela – rendeu à Máscaras o troféu Gralha Azul de melhor espetáculo infantil de 2009. “É bom ganhar prêmios, mas melhor ainda é a visibilidade que eles pro-porcionam junto à mídia, o que nos aproxima mais de

Terra do Nunca – PR

Teatro Lala Schneider: produções infantis, mas tratadas de forma profissional

por Jeferson Secco e Milton Massao

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lizadores, mas o carinho, a dedi-cação e o talento dos profissionais põe por terra essas dificuldades.

De seriedade e de sonhos, de dificuldades e superação; de choro, sorrisos e aplausos vive o teatro infantil em nossas ter-ras. De crianças que representam como adultos (e às vezes parecem mais velhas do que realmente são) e de adultos que fantasiam como crianças (e parecem mesmo se re-belar contra o tempo). A fórmula de que se servem os principais au-tores nas melhores estórias.

Diante deste exemplo, é preciso desmentir o pequeno Pe-ter Llewelyn Davies, personagem do excelente filme Em Busca da Terra do Nunca (Finding Never-land, 2004). Definitivamente, não é J. M. Barrie, seu criador, o verdadeiro Peter Pan. Na capital paranaense, diante da magia e fas-cínio que nos são despertados ao assistir a uma boa peça infantil, todos nós o somos.

Letícia: sonho de ser atriz começa na escola de teatro Mural do Pé no Palco: história de sucesso do grupo e de sua mentora

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FOTOS: FRANCIELLE COSTA

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por Mari Martins

menino que aparenta ter menos de dez anosAs siglas estampadas nas costas dos

macacões, ITEP, revela que eles fazem par-te de uma das únicas Guarda Mirim do país não-governamentais. Criada a três anos, pelo Major Jonathan, ela hoje abrange nove cidades, sendo a única delas fora do estado de Santa Catarina, Campo do Tenen-te, no Paraná. Atendendo crianças de nove a dezessete anos a ITEP conta hoje com 925 alunos espalhados pelos nove batalhões.

Os alunos de cada cidade formam um ba-talhão, e não é apenas os termos utiliza-dos que são os mesmos do Exército. O trei-namento que recebem são todos semelhantes ao do Exército. Todos fazem treinamen-tos de sobrevivência na selva, aprendem primeiros socorros, a utilizar bússola e participam de treinamentos aéreos.

A bAtAlhA é Aqui

E o tratamento que recebem também em nada muda. “Aqui todos são iguais. Tem crian-ça que matou a mãe, tem filho de juiz, filho de em-presário, são todos iguais. E todos tem que cumprir com as suas obrigações. Seja de freqüência as aulas, tirar notas boas ou cuidar, cada um dos seus pertences pesso-ais e um do outro ”, declara o Tenente Gilney Silva, à frente dos olhos atentos de quem sabe que não é hora de falar.

A rigorosa disciplina que é exigida, que pode-ria muito bem botar medo em muito adulto por aí, aqui é vista pelas crianças como um ponto positivo. Diego de Jesus, o último da fila que aparentava ter menos de dez anos, na verdade tem treze, informação concedida pelo próprio garoto, com voz im-porta e forte, responsável por levar ao chão qualquer imagem de criança frágil. “Aqui a gente aprende a ser mais educado, tem a hora certa para tudo, e isso é bom. Gosto muito”.

Para a mãe de Diego, a dona de casa Léia da Silva de Jesus, a chegada de grupo na cidade vai além da nova atividade do filho. “Quando o Major chegou na Cohab I, a cidade inteira era feia, tinha muito lixo em todo o lugar. Ele mudou nossa famí-lia, nosso bairro, ele mudou tudo”.

ITEPA sigla ITEP, Instituto

Tecnológico de Ensino Profis-sionalizante, faz referência à atividade desenvolvida com maior empenho por par-te da direção da Guarda mi-rim. “ Nosso intuito, é que eles saiam daqui com bagagem para ingressar no mercado de trabalho”, conta o Sargen-to Maicon Luiz Ploncoski, de 23 anos, que ingressou na instituição logo após dei-xar o Exército, referindo-se aos onze cursos oferecidos pela Guarda e aos workshops realizados para os alunos. “Aqui nos temos a determi-nação e coragem de soldados, mas a nossa arma não é uma bomba ou um canhão, é o co-nhecimento”.

Quando o Major vê a pos-sibilidade que um novo bata-lhão seja formado, vai até as escolas e faz o convite. Quem quer ir vai, mais ciente que apesar de parecer brin-cadeira, ser soldado da ITEP é coisa séria. È realizado um acompanhamento escolar com cada uma das crianças, notas baixas excluem o aluno do programa. Mas não antes de um integrante da direção do grupo se dirigir até a escola e ver com quem é o problema, se o que acontece de fato é motivo para deixar o grupo. “ Tem muita criança carente, e muitas com famí-lias desestruturadas, então a gente tem que ver se não é isso que esta causando as notas baixas. Porque daí a

gente se prontifica a ouvir esse aluno, porque ele tem que saber que estamos aqui para ajudar”, relata o sar-gento Ploncoski.

ATIVIDADESEntre as diversas ati-

vidades do curso, os alunos da ITEP são frequentemente chamados para ajudar na se-gurança de eventos públicos das cidades que cedia algum batalhão ou das vizinhanças. A limpeza das ruas, rios, córregos ou qualquer outro lugar da cidade que este-ja poluído, os alunos en-caram como uma missão digna de cumprimento imediato. Se o território a ser limpo é grande, é acionado o bata-lhão mais próximo para dar reforço.

Mas o que faz mesmo a cabeça da garotada são os treinamentos feitos dentro da mata. Para falar do as-sunto os três amigos se al-voroçam. “È muito legal, a gente passa a noite lá, tem que fazer trilha, tomar ba-nho de lama, tem que se vi-rar”, diz rapidamente Die-go de Jesus, de treze anos. Todo mundo quer falar.

Querem falar da mata, desconhecida minha, e da ci-dade desconhecida deles.

Diversos dos meninos dei-xam de observar o desfile de sete de setembro, que passa pela rua Cândido de Abreu, no centro de Curitiba (foram convocados pela prefeitura da cidade para desfilarem, e sendo um dos grupos de fren-te, terminaram sua apresen-tação antes do fim do desfi-le), para esticarem bem os pescoços e observar os pré-dios que cercam a Avenida. Muitos deles nunca haviam visto prédios, de nenhum ta-manho, e as perguntas não param de chegar:

_Como são feito? _Dá para morar lá em cima? _Qualquer um pode subir?

A fama desses pequenos soldados vem se expandindo, e diversos outros municípios recorrem ao Major, para ve-rem se a possibilidade de que um batalhão seja insta-lado ali.

O ônibus se encontra parado há al-guns minutos , quando a porta se abre , e de lá começam a emer-gir dezenas de caras pintadas. São

disciplinados e embora nota-se um certo burburinho de excitação, rapidamente sem que seja necessário uma palavra o grupo se organiza em filas curtas, em ordem de-crescente.

- Marche!A palavra pronunciada pela voz forte

do Major faz com que o grupo em sintonia perfeita se movimente pelo pátio. Seria um cena que nada foge da rotina de qual-quer batalhão do Exército, se a tinta verde e preta espalhada pelo rosto do ul-timo da fila, não deixasse revelar um sor-riso, misto de satisfação e timidez, que deixa a mostra os pequenos dentes de um

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Acreditar é Sempre!Um ambiente escolar comum, mas com peculiaridades tamanhas. Assim se define a especialidade da Escola Mercedes Stresser que aguarda mudanças e se prepara para a comemoração de meio século de vida.

Chegam bagunceiros e en-tram pelo portão que ao abrir, por pouco não en-

costa nas raízes do grande ipê amarelo no meio do pátio, em frente a recepção. Uns entram

quietos, outros nem tanto. “Pia-zada teimosa!”, fala Oswaldo Reinaldi Sobrinho, 51, o porteiro que há mais de trinta anos deixa a piazada entrar por volta das sete e quinze da manhã. Vez ou outra ele

esmaga algum aluno no portão de controle remoto. Aí é uma risadei-ra só. Tiração de sarro com o piá que ficou preso. E Oswaldo se fe-cha, calado, brabo. Ele é especial, assim como todo o ambiente. Es-pecial, também pode ser entendido como excepcional, por definição de dicionário: relativo à exceção; muito bom; excelente; portador de incapacidade física ou mental.

“Esta entidade tem certifica-do de fins filantrópicos concedido pelo Conselho Nacional de Assis-tência Social para prestar atendi-mento a pessoas carentes.” É a es-crita grifada na placa de alumínio, fincada na parede que há tempo vê crescer o grande ipê amarelo. Pelo ar sereno no pátio cheio de pas-sarinhos, pelos móveis antigos de madeira, pelo chão de tacos e pela arquitetura, não se poderia pensar que a Escola Mercedes Stresser, fica no centro de Curitiba, capital do Paraná. Lá pelas tantas da rua Augusto Stellfeld, precisamente nos números 1.208, 1.212, 1.216, 1.190 e 1.174, se encontra a atual sede.

Em pouco tempo, cerca de meia hora após a entrada da pia-zada, o pátio, recheado de folhas caídas do ipê já está limpo. Come-ça o dia num dos centros mais anti-gos do país, inteiramente dedicado a pessoas especiais. Pelo estado paranaense, existem escolas espe-

Reportagem: Larissa Ilaídes e Anderson MarianoFotos: Anderson Mariano

ciais públicas e particulares. Dentre as privadas não pertencentes ao governo, poucas admitem somente pesso-as carentes. Raras são as municipais empenhadas em oferecer algo a mais, como a oportunidade de trabalho. As privadas, geralmente possuem um foco centralizado no ensino infantil. Não é o caso da Mercedes Stresser, referência nacional em ensino especial. Esta, recebe adolescentes e adultos carentes, acima dos quatorze anos.

Não é a toa que a escola possui títulos de utilidade pública municipal, estadual e federal. Mais de 80% dos alunos são extremamente carentes e muitas vezes levam comidas do refeitório para suas casas. Em abril do ano que vem, a Mercedes com-pleta cinqüenta anos de existência. Dª Dalila de Castro Lacerda se orgulharia. Uma placa chumbada na parede da recepção exibe sua foto.

Uma homenagem feita em 1968, pela Associação de Assistên-cia ao Psicopata do Paraná, à idealizadora do projeto.

Impossível não notar o empenho dos mantene-dores do agradável coti-diano da Mercedes.

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aulas nas oficinas pedagógicas. Tem sala de encadernação, pada-ria, tecelagem, pintura e informáti-ca –joguinhos de atenção. Por trás de cada atividade de uma oficina, há uma aula que oferece noções de ciência e aprendizado. Na pa-daria, por exemplo, eles aprendem as medidas de quilogramas e tem-peraturas. “A maior dificuldade do deficiente intelectual é a fixação abstrata, por isso, sempre temos que inovar os métodos.”, explica Ligia, psicóloga.

Os alunos que se destacam, vão para uma sala específica de orientação para o mercado. Aí co-meçam as noções de disciplina e da relação empregador-emprega-do. Ao chegar e sair da sala, eles tem que bater o ponto na Henry Plus. Já para os adultos acima de vinte e um anos, que não tiveram a oportunidade de preparação, a Mercedes mantêm um galpão e mais cinco salas. Nelas, são con-feccionadas alças de balde, caixas de papelão, interruptores, e fios-terra. A parceria se dá com algu-mas empresas como a Volvo do Brasil, a Rede Angeloni, o Mister Sheik Arabian e os Supermercados Dip. Ali, o pessoal ganha somente se produzir, como numa fábrica de produção otimizada.

Débora é uma das adolescentes que já trabalha. Está empregada numa fábrica de bolsas e admite que adora dançar, após ser pega no flagra. Enquanto espera o início da aula, escuta um hip-hop no celu-lar. Ela conta que toda sexta-feira a tarde, o Professor Valfrido coloca as caixas do computador na janela pra todos dançarem e darem risa-das uns dos outros. “Precisa ver na festa de aniversário, a gente faz o fervo.”, ela comenta. A cada se-mestre, no pequeno e humilde gi-násio da Mercedes, rola uma festi-nha para os aniversariantes da vez. Débora também conta que quando

Os funcionários chegam com risonhos bons-dias ao marcar a chegada numa destas máquinas Henry Plus. A cada dia se renova a dedicação. Tons escuros e sofás muito velhos decoram o interior da sala dos professores, logo atrás da recepção. Um papel sulfite já amarelado, mas protegido por um plástico diz: “Esforce-se não por tornar-se uma pessoa de sucesso, mas uma pessoa de valor. (Albert Einstein)”.

A escola tem um marco nada convencional. A maioria dos do-centes esta lá há mais de duas dé-cadas. “Tem alunos meus que já casaram e agora eu ensino os filhos deles.”, conta o alegre Professor Valfrido, lecionador de especiais na Mercedes, há 35 anos. Dentre o grupo, tem figuras como a coorde-nadora de trabalho supervisionado Eloá, que ali está há 37 anos. Há de se apontar os professores que sequer lembram quando entraram. A psicóloga Ligia, modificadora dos processos de avaliação psico-lógica da instituição, trabalha no ambiente desde 1971.

Para quem não convive com adultos e adolescentes especiais, é difícil imaginar como é o modo de vida deles. O fato, é que vi-vem de maneira absolutamente normal. Assim como as pessoas descritas perfeitas em meio à so-ciedade, muitos trabalham, obtêm renda, casam, tem filhos. Isto é, reproduzem e morrem da mesma forma que aqueles em dia com a saúde mental. Eles sabem de suas especialidades e não têm medo, nem vergonha de serem felizes como são. E de tocar a vida pra frente apesar dos pesares. Visível é a felicidade e disposição do casal Maria, 30, e Nelson, 43. O casa-mento é para o ano que vem e eles mostram contentes o par de alian-ças que puderam comprar. O di-nheiro, assim como o amor, surgiu

as férias chegam, todo mundo fica triste por não visitar a Mercedes.

Vem muita mudança por aí. Adaptação então, nem se fala. A escola acaba de ganhar um nome novo, pois até pouco tempo se chamava Centro Especializado de Habilitação Profissional Mercedes Stresser. A placa de frente para a rua, ainda tem o nome antigo. Agora, a nomeação intensifica o modelo de atuação: “Escola Mer-cedes Stresser: Ensino Fundamen-tal , Anos iniciais, Educação Pro-fissional, Modalidade Especial”. De acordo com a nova regulamen-tação e nomenclatura, as unidades de trabalho supervisionado, peda-gógica e sócio-ocupacional, agora serão reconhecidas e resumidas em “Educação Profissional”.

Ventos frescos sopram para o pessoal da Mercedes. O ipê ama-relo vai ficar sozinho, sem presen-ciar o hino nacional nas manhãs de segunda. Não é só o nome que mu-dou. O espaço físico vai ser outro. A transformação será drástica e a

por serem colegas e fazerem parte da unidade de trabalho da escola. É este o marco da Mercedes Stres-ser, que com mais de 420 alunos promove a ascensão dos especiais na sociedade. Há muito crédito no potencial intelectual do deficien-te. “Acreditar, é constante, é sem-pre.”, enfatiza Ligia. Hoje, há mais de 250 especiais egressos que es-tão no mercado e com carteira de trabalho assinada.

Toda segunda-feira os alunos das oficinas pedagógicas se reú-nem e cantam o hino nacional. A voz de José Renato se destaca. Um timbre forte, bem pontuado. Canto bonito. Após o hino, o pessoal pede para ele demonstrar seu dom. Com os olhos fechados e o dedo indica-dor para cima, mostrando concen-tração ele começa: “Você fala por aí que não me ama, você jura que já não sente mais nada...”. Adora a música “Agenda Rabiscada”, da dupla Cleiton e Camargo. O can-to causa emoção nos professores e palmas dos colegas. Figura da escola, Zé Renato é muito esperto, tem 23 anos e diz gostar de tirar pó de estante cantando, sempre.

A inclusão no mercado de tra-balho é um grande desafio para pessoas deficientes, ainda mais se a deficiência se caracterizar men-tal. Uma das vitórias nesta cami-nhada é a Lei Federal nº 8213/91, artigo 93, a qual determina desti-no de cotas de até 5% do total de vagas de uma empresa de grande porte à portadores de necessidades especiais. Assim, ficou bem mais fácil para a Mercedes encaminhar sua piazada para o trabalho.

Funciona da seguinte maneira: adolescentes, com mais de quator-ze anos têm aulas de ensino funda-mental dividido em quatro fases. Para tanto, são encaminhados con-forme seu nível de capacitação, identificado pelas psicólogas no processo de matrícula. Alguns tem

ansiosidade já toma conta de Quin-tiliano Machado, 78, há quase três décadas, presidente da Associação de Assistência ao Excepcional do Paraná - organização mantenedora da escola. Seu Machado, como é chamado é adorado pelos alunos. Aliás, seu filho Beto, também é es-pecial.

A sede do ipê, no centro, acaba de ser vendida pois numa tentativa de fuga da falência, Seu Machado buscou apoio e a venda foi concre-tizada. Agora, é outra etapa. “En-quanto não construir a outra, não saímos daqui.”, relata Seu Macha-do ao contar que desde 2005, não havia verba suficiente para uma nova sede e a Mercedes andava em maus lençóis por causa das dívidas e falta de doações. Por isso, deci-diu vender o terreno e o imóvel. Agora as coisas vão sair do papel e o projeto tão sonhado vai aconte-cer. O novo ponto será localizado no bairro Jardim Botânico e tem o propósito da modernidade e. Tudo está encabeçado pela Fundação

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Educacional do Paraná (Funde-par), que ressalta o Há de se pensar no fato de que muitos deficientes mentais são também físicos. Por-tanto a atenção é à acessibilidade. A Mercedes nunca foi tão chique. Até hoje, desde a fundação, ocor-rida em 1961, e da passagem por vários locais diferentes, a escola nunca teve este privilégio. A cons-trução vai demorar cerca de dezoi-to meses. Não vai ser tão fácil tro-car de ambiente, pois há 38 anos, professores, alunos, colaboradores e trabalhadores especiais batem o ponto no local.

Muitos foram os obstáculos enfrentados e por isso, a cinquen-tona Mercedes Stresser se orgulha em ser coroa. Certa vez, trafican-tes da região usaram alguns alunos como entregadores de drogas no ponto de ônibus mais próximo. E fizeram isso, por saber que pesso-as especiais não podem ser puni-das. Assim como os obstáculos, tiveram muitas conquistas. Na sala

dos professores, se nota um gran-de balcão com 97 troféis de vários jogos disputados pela escola em artes, atletismo, futsal, natação, gi-nástica, netre outros. O mais antigo data de 1974, quando a Mercedes foi vice-campeã da 1ª Olímpiada dos Excepcionais. No seu currí-culo, a escola tem várias viagens e visitas importantes. A última foi da Daiane dos Santos. Uma recor-dação importante e reconhecida, com foto na parede. Por falar em retratos, eles estão grudados com fita durex em praticamente todas as salas. Há uma eterna alegria e adoração por registros.

Colaboradores como Felipe Braga Côrtes, dizem não medir esforços para que a vida da escola seja eterna. Felipe ajuda ao propor-cionar viagens, como a última para Lapa, cidade histórica do Paraná. Uma empresa forneceu ônibus, outra os lanches, e Felipe interme-diou e organizou a bagunça. “Uma festa! Foram quase quatrocentos

alunos.”, conta Felipe com alegria.Para quem quiser ajudar, pode

fazer até um trato com a Copel. Na escola, tem formulários que é só preencher e entregar lá mes-mo. A doação é somada na conta de luz do doador. Muitos ajudam com cinco, dez reais. A Mercedes agradece. Mas não aceita mais do que cinqüenta parcelas. Tudo para zelar a credibilidade que carrega.

Mercedes está ansiosa. Vai fa-zer cinqüenta anos e no máximo com cinqüenta e dois vai estar de casa nova. O ipê vai ficar ali, nem se sabe se continuará vivo. Mas ela deixa seu recado muito bem dado para pais, irmãos, e pessoas envolvidas com especiais. Sua his-tória demonstra que discriminação é não atender e negar o direito de aprendizagem especializada. A in-clusão social é possível, mas com muito acompanhamento e atendi-mento individualizado. Na biogar-fia da Mercedes, tem uma grande lição de casa para o Brasil.

Escola Mercedes Stresser. Fundada em 10 de abril. (Mercedes Stresser - Homenagem a Srª Mercedes Stresser, que se dedicava a obras assitenciais.)Associação de Assistência ao Psicopata do PR. Fundada em 27 de junho pela Srª Dalila de Castro.Primeira sede da escola: Prédio cedido pela prefeitura Municipal, no bairro Tarumã. Sua primeira diretora foi a Profª Pórcia Guimarães Alves. Transferência da escola para o bairro Água Verde, em um prédio cedido pela Reitoria da Universidade Federal do Paraná.Novos profissionais contratados, ampliando o atendimento e quantidade de alunos para um número superior a 30.

Organizada a Oficina Pedagógica para o adolescente excepcional.

A escola passa a funcionar em dois períodos: Pela manhã, atendimento aos adolescentes. No período da tarde, atendimento às crianças de 05 a 18 anos com frequência superior a 50 alunos.

No dia 10 de Outubro, a escola se transfere para sede própria, no bairro Bigorri-lho com aumento da capacidade, para atender 100 alunos.

Com a compra do imóvel e ampliação das instalações, a capacidade de atendimento

No mês de Agosto, a Escola se transformou em Centro de Habilidação Profissional, para atender adolescentes e adultos, treináveis e educáveis, a partir dos 15 anos, habilitando-os para o ingressarem no mercado de trabalho.

Setembro: organizada a Oficina Protegida, para o atendimento ao adulto excepcional, com atividades de subcontrato com empresas da comunidade.

Abril: Implantada a Residência São José. Proporcionando condições de hospedagem enquanto alunos permanecem em atendimento nos programas do Centro de Habilitação Profissional.

Em Novembro, uma nova ampliação do Centro Mercedes Stresser, implantando um novo espaço para a Oficina com capacidade de 120 alunos.

A Oficina Pedagógica e a Oficina Protegida, passam no mês de março a denominar-se Unidade Pedagógica e Unidade de Trabalho Supervisionado.

Implantada a Unidade Sociocupacional, com o objetivo de integrar o aluno socialmente por meio de atividades que são desenvilvidas com coteúdos específicos conforme a programação.

Desde Junho de 1987 o Centro de Habilitação Mercedes Stresser passou a denominar-se Centro Especializado de Habilitação Profissional Mercedes Stresser, mas a nova nomencla-tura foi aprovada apenas em Dezembro de 1998

Inaugurada a Casa de Acantonamento, cujo espaço proporciona vivências em situações de vida diária, com atividades voltadas para o desenvolvimento da autonomia, responsabili-

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Manda dizer

Quantas vezes você já se sentiu o corpo tremer, o coração bater mais forte, as pernas ficarem trêmulas ou simplesmentesentiu o rosto corar por ter de enfrentar um colega, um professor, seu patrão ou simplesmente alguém que estava afim?

em de longe este seria o melhor e mais duradouro relacionamento do mundo. Seu tipo físico chama a atenção, 1,83m de altura, moreno claro, cabeça raspa-da, corpo nem tão atlético, voz macia e risada engraçada. Mas se encaixa per-feitamente no estilo “surfista largado”, jeans, camiseta, boné e tênis. Com seus 27 anos, vive uma vida solta, regada a bebidas, churrascos, festas e um jogo de futebol e outro, quando convidado.

Apesar de poucos amigos seu curri-culum de rapaz “livre” o contrarie. Seus únicos comprometimentos são com o trabalho e a família. Ah! Nisso sim é um homem dedicado.

Técnico de impressoras, falta ra-ramente no serviço, ao menos que, um motivo de doença não o permita seguir aquela “rotina” diária. Nunca se atrasa e tem um comportamento invejável na empresa, considerado como uma das únicas pessoas que tem um bom relacio-namento com todos no geral.

Algo que o desabone? Não, não. “Não têm quem não goste daquele me-ninão”. Em casa é o caçula, logo se pode

imaginar como foi sua criação. A mãe nos dias mais frios chega a levantar mais cedo para passar com o ferro quente o jeans do filho para que não sinta o frio do brim. Quem não deseja uma mãe as-sim que atire a primeira pedra.

J.P. não estuda, não tem sonhos ou qualquer ambição profissional. É um cara extremamente simples. Desistiu dos estudos na metade do ensino médio e não tem interesse em continuar. Parou de ir à escola por um motivo muito sim-ples. J.P. é tímido! Nas aulas em que era preciso apresentar trabalhos, ele não ia. “Falar lá na frente com todo mundo te olhando: Não!”, afirma rindo num tom como se fosse absurdo. Um cara tran-qüilo que vive passivamente e que por vezes se minimiza diante de algumas si-tuações. Sua saída? O silêncio!

Embora seu porte físico não facili-te com que J.P. passe despercebido, seu olhar é cabisbaixo. J.P. não tem namora-da, não fala de sua vida pessoal e pouco puxa conversa. Sua maior dificuldade é se relacionar com as pessoas. Vive num mundo só seu. Não se apega a “coisas”

que eu não tô!Reportagem: Michele Saide

Fotos: Francielle Costa

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materiais e busca descontração e alegria na cachaça. A bebida cada vez mais presente em sua vida deixa claro que para ele o limite é o chão. Por algumas vezes sua mãe insistiu para interná-lo. Pois, o álcool já se tornara um vício.

A mãe tem medo de perder seu filho num acidente de trânsi-to, já que quando sai, J.P. nem se lembra como chegou em casa, tão pouco recorda que caminho tenha feito. Bateu o carro não se sabe quantas vezes por estar alcooliza-do. Mas sempre conta rindo, com um ar indignado. Para ele a bebi-da o “transforma”, liberta, dá co-ragem, como se fosse outra pes-soa depois de alguns “goles”, alvo daquilo que gostaria de ser. E por isso, a não ser no expediente de trabalho ou num momento relax em casa com seus pais, ele está bebendo por aí com os amigos.

A falta de interação prejudi-ca o desenvolvimento, provoca o distanciamento e até mesmo cria uma espécie de “antipatia”, pelo simples fato daquele indivíduo não fazer parte das ‘rodas’ sociais. Há quem pense que a falta de in-teração seja até mesmo um sinal de arrogância. Mas, seja qual for o nome, timidez, vergonha ou ini-bição, o saldo é negativo e o re-sultado é uma fobia social.

Consequência esta que, se pode medir numa entrevista de emprego por exemplo. A dificul-dade de se comunicar elimina um candidato com um forte potencial, mesmo diante de um bom curri-culum, ou seja, o indivíduo corre o risco de não conseguir uma boa colocação no mercado de trabalho devido sua postura insegura no momento da seleção. De acor

Mas, uma coisa J.P. tem de sobra: bondade! E isso ninguém pode negar. Corpo de homem, cara de menino e um coração puro. Sua vida segue uma espé-cie de “sina” em que não permite quebrar regras, ao menos que ele mesmo faça! Mudar? Para ele tal-vez não seja preciso. Vive a vida calmamente e não observa em sua volta o quão é admirado. J.P. vive um problema: ele é extremamente tímido o que torna as coisas mais difíceis, como por exemplo: en-xergar que ele despertou o olhar de alguém.

Ela sim é apaixonada por ele. Se encantou com este jeito tranqüilo de viver e levar a vida. Aproximou-se bruscamente com a intenção de conquistá-lo. Sua missão? Desvendar o seu mis-tério. Talvez a única coisa que ambos tenham em comum seja a

condição civil, ambos são livres e desimpedidos. Mas, J.P. está tão acostumado a uma determinada “freqüência”, que qualquer mu-dança de sintonia possa tirar dele o controle da situação. E assim se-gue sozinho...

Histórias como a de J.P. não são difíceis de encontrar. A timi-dez não é uma virtude, nem tão pouco uma doença. Trata-se de um comportamento involuntário ou um estado emocional que ini-be o ser humano perante a algu-ma situação ou alguém. A timidez é conhecida também por causar desconforto em situações de in-teração social que interfere na realização de objetivos pessoais e profissionais de quem a sofre. Principal característica de uma pessoa tímida: dificuldade de se expressar.

Até que ponto a timidez pode influenciar na vida social de uma pessoa?A timidez pode paralisar pessoas de qualquer idade. Gabriel Costa tem 5 anos e já apresenta sinais de bloqueio.

A cada visita que chega a sua casa ele corre para o quarto e fecha a porta. Fica lá quietinho, sozinho por horas até se for preciso. Só sai de lá quando não houve mais conversas e geralmente com um olhar atento, num tom desconfiado sai de mansinho e pergunta:

“ Ela já foi embora? ”

do com a gerente, Andréia Pasian Bazan é possível identifi-car se uma pessoa é tímida já no primeiro contato. “Mãos geladas, voz baixa e fala pra dentro é bas-tante comum”, diz.

Israel Parobocz no auge de seus 27 anos sofre com a timi-dez. No primeiro semestre de aula da faculdade de Administração chegou a ficar em final em uma matéria por deixar de apresentar um trabalho. Em frente à sala de aula, Israel se colocou diante da classe, olhou atentamente para todos e não conseguiu falar um ‘A’. Respirou, olhou para baixo, para cima, encarou novamente a turma, começou a gaguejar e en-vergonhado disse que não conse-guiria. “Pedi desculpas aos meus colegas, voltei para o meu lugar e sentei. É claro que ninguém en-tendeu nada”.

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A timidez pode refletir além da vida profissional, bem como,

um círculo de amizades pequeno, baixa-estima, dificuldade de expor seus sentimentos, falta de um par-ceiro e consequentemente: solidão.

Viver um amor platônico é ca-racterístico de uma pessoa tímida. A falta de coragem em se aproxi-mar e se declarar faz com que um indivíduo passe dias, semanas, me-ses pensando em uma pessoa e ima-ginando como seria se estivessem juntos? Sonhar, desejar e até mes-mo fazer planos...

E, por fim decepciona-se por não ter sido correspondido.

Quantas pessoas não serviram de inspiração para a música ‘Timi-dez’ do Biquini Cavadão, em que o refrão já dizia: “Eu carrego comi-go a grande agonia, de pensar em você, toda hora do dia, eu carrego comigo, a grande agonia, na verda-de nada esconde essa minha timi-dez”.

Geralmente os relacionamen-tos mais longos e duradouros para estas pessoas acontecem com al-guém próximo ao seu dia-a-dia, pessoas que no início eram apenas amigos e que pela convivência se tornaram alvo de admiração e ca-rinho.

A timidez também pode causar um sentido de superioridade (Ah, pois é!) que leva a pessoa se apri-sionar dentro de si, como se fosse total e absoluto. É como se minimi-zasse diante de qualquer pessoa ou situação realçando seus complexos de inferioridade. O que incomoda nos indivíduos é justamente pelo fato da timidez afetar o seu relacio-namento com as outras pessoas.

De acordo com a psicóloga Jo-siane Schmidt, a timidez surge logo na infância. “As crianças podem nascer com a predisposição à timi-dez. Porém, os pais são os grandes responsáveis pelo desenvolvimen-to”. Pais introspectivos e super-protetores reforçam este comporta-mento de resguardo nos filhos, pais agressivos expõe seus filhos a uma situação humilhante e constran-gedora, contribuindo para a baixa auto estima e até mesmo pais que não demonstram sentimento ou in-teresse, não estimulando assim as habilidades sociais logo na infân-cia, o que causa uma determinada insegurança em relação ao ser ama-da ou respeitada justamente pelas pessoas a qual ela tem tamanha ad-miração.

Estas situações contribuem in-diretamente para o desenvolvimen-to da timidez, assim como o refle-xo do comportamento das atitudes dos pais também. Porém, a única certeza de que se sabe é que uma ansiedade exagerada ou um grau de inibição demasiadamente acentua-do pode causar isolamento e levar a sérias conseqüências para o indiví-duo como à depressão.

O BLOCODO EU

SOZINHO

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Identifique o seu inimigoInsônia, ansiedade, agitação podem ser sinais de ti-midez crônica. A timidez pode ser tratada. São sin-tomas de timidez: inibição, passividade, baixa auto-estima, insegurança, preocupação excessiva com a opinião dos outros, dificuldade de se relacionar, gagueira, voz baixa, enfim... Situações que causem vergonha e um certo bloqueio social.

Valorize-se! A principal qualidade a ser conquistada por uma pes-soa tímida é a auto-confiança, além da facilidade de expressão. Pode parecer ridículo, mas um exercício muito simples, porém muito utilizado em cursos e laboratórios teatrais é falar diante de um espelho. O exercício ajuda não só na observação como também desenvolve o reconhecimento da própria imagem.

E lembre-se: toda timidez é formada pelo desejo de agradar e pelo medo de não o conseguir. Saber iden-tificar a origem daquilo que te aprisiona facilita no processo de melhora para uma vida independente e livre de censuras.

TIMIDEZ> Dificuldade de expressão> Falta de coragem> Insegurança> Inibição

Timidez específica

Ocorre quando o tímido se inibe em determinadas situações ou em proximida-de de determinadas pessoas.

Timidez crônica

Ocorre quando o tímido já não se aproxima de ninguém, não faz amigos e nem fala com estranhos.

Fobia social

Ocorre quando o tímido já nem consegue exercer suas atividades rotineiras por simples medo de se expor.

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Mal entreas mulheres

Câncer de mama, doença que mais mata mulheres no mundo.

Em 29 de abril de 2008 foi aprovada a lei 11.664 para que toda a mulher acima de 40 anos tenha direito a mamografia gratuita pelo

Sistema Único de Saúde (SUS) sem prescrição médica.

Fator IdadeFator IdadePROBABILIDADE DE UMA MULHER TER CÂNCER (POR IDADE)

IDADE

aos 30 anos

aos 40 anos

aos 50 anos

aos 60 anos

aos 70 anos

aos 80 anos

acima dos 80 anos

PROBABILIDADE

1 em 2212

1 em 235

1 em 54

1 em 23

1 em 14

1 em 10

1 em 8

Fonte: Instituto Nacional de Câncer dos EUA

por Suelen rocha

Em junho de 2009 a gerente comercial Eliane Rodri-gues Chaves, 31 anos, sen-

tiu que em seu seio direito havia um “caroço”. Foi ao ginecologista fazer exames de rotina e o médi-co constatou que era uma displa-sia mamária (doença benigna da mama, pequeno cisto) e pela sua idade não era nada demais. Mas a família não contente com a tal res-posta do médico pediu que fosse a um outro especialista. Mas Preta, apelido carinhoso dado pelos fa-miliares, só marcou outra consul-ta em dezembro. O novo médico informou que a aquele nódulo não era normal e pediu uma biópsia, mas o material recolhido não foi o suficiente para tal exame. Em janeiro de 2010, Preta procurou

um oncologista que lhe pediu uma mamografia e nela veio a confirmação fatal, era um nódu-lo maligno. No final de fevereiro, uma nova biopsia só confirmou o diagnóstico, de lá pra cá começou o processo de tratamento para o câncer de mama.

O câncer de mama é o segun-do tipo de câncer mais frequente no mundo e o primeiro entre as mulheres, ficando atrás do câncer de pulmão. No Brasil estimasse que haverá 49.240 casos em 2010, segundo o INCA (Instituto Nacio-nal de Câncer). O risco estimado é de 49 casos para 100 mil habi-tantes. Antigamente o câncer era diagnosticado em mulheres acima de 40 anos. Hoje em dia, há diag-nósticos em mulheres de 25 anos.

Os fatores de risco da doença estão relacionados a vida reprodu-tiva da mulher (menstruação pre-coce, menopausa tardia, ausência de gestação e amamentação, ges-tação tardia, uso de anticoncep-cionais e reposição hormonal) e fatores hereditários. Outros fato-res que colaboram para o câncer são fumo, álcool, obesidade, se-dentarismo e dieta pobre em ali-mentos de origem vegetal.

O corpo humano produz mi-lhares de células todos os dias e algumas delas são defeituosas. Num organismo sadio, elas são destruídas por proteínas que com-batem o câncer. Quando há um erro na estrutura do DNA, gera um impedimento na síntese des-sas proteínas protetoras e as célu-

las cancerosas se multiplicam ra-pidamente e passam a criar uma rede de vasos sanguíneos próprio para sua nutrição. O tumor incha e se expande assustadoramente, contaminando as células sadias. “Em tecidos normais, existe um equilíbrio entre crescimento ce-lular e morte celular. No câncer, esse equilíbrio ocorre de forma anormal (descontrole de cresci-mento ou não funcionamento de mecanismo de morte celular)”. Informa a médica oncologista, Dra Cristiane Minari, especialista em câncer de mama do Hospital Erasto Gaertner, de Curitiba. O câncer pode evoluir para um outro órgão através dos vasos sanguíne-os ou linfáticos como é chamada a fase da metástase. “Uma dife-rença importante entre um tumor maligno e um tumor benigno, está justamente na capacidade das cé-lulas malignas conseguirem, atra-vés de seu crescimento, invadir a corrente sanguínea, e circular pelo corpo se alojando em outro órgão”, conclui Cristiane.

O tratamento para o câncer de mama inclui a cirurgia conserva-dora, parcial e total da mama. A cirurgia conservadora ou serecto-mia, consiste na retirada apenas do tumor, preservando a mama, que deve ser acompanhadas de radioterapia para promover a to-tal destruição das células cance-rosas. Em alguns casos é feito a retirada do linfonodos, localizado na axila para avaliar se as células não invadiram o sistema linfático. Mastectomia radical modificada, consiste na retirada total da mama junto com os gânglios da axila e a mastectomia total ou simples que consiste na retirada total da mama e os linfonodos auxiliares. A qui-mioterapia e a radioterapia tam-bém estão inclusas no tratamento.

Preta começou o tratamento

com a quimioterapia no Erasto Gaertner. “Não me esqueço esta data, dia 17 de março de 2010, cheguei no hospital para a mi-nha primeira quimioterapia, sen-tei numa sala grande e me deram um pacote com os medicamentos, ainda não tinha caído a ficha do que estava acontecendo”. Logo após a sessão Preta foi para casa e se sentiu mal, “me deu enjôo, ton-tura e febre, tive que correr para o hospital novamente, fiquei três dias internada, minha imunidade

tinha baixado”.A quimioterapia é o trata-

mento com medicamentos que atingem o organismo como um todo. Pode-se aplicar por várias vias: intravenosa, intra-muscular, subcutânea e intra-arterial, topicamente (com creme aplicados sobre a pele) e a oral (por pílulas, cápsulas ou líquidos). Entre os sintomas mais comuns estão a anemia, fadiga, febre, infecções, náu-seas, vômitos, diarréia e queda

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de cabelo. Para muitas mulheres o psicológico é afetado pela es-tética pois, dependendo do tipo de quimioterapia, ocorre a queda dos cabelos. “O acompanhamento psicológico é ofertado ao paciente e seus familiares, desde o momen-to do diagnóstico até o término de seu tratamento. Visa o bem estar psíquico dos mesmos, por meio da escuta das questões de ordem emocional, contribuindo para mobilização de recursos para o enfrentamento da situação”, diz a psicóloga Aline Mariana Rodicz.

O Hospital Erasto Gaertner é pioneiro no tratamento do câncer no Paraná, desde 1974 trabalha no combate a doença. Em 2009 foram atendidas em médias 1.246 pessoas por dia, sendo 8.729 ci-rurgias, 57.706 doses de quimio-terapia e 200.898 aplicações de radioterapia. O Sistema Único de Saúde atendeu quase 330 mil pessoas. “O Hospital disponibi-liza uma equipe multiprofissional, capaz de atender o paciente e fa-miliar de maneira integral e hu-manizada”, confirma a assistente social Margarida Mitsuko da Sil-va Skibinski.

A melhor maneira de evitar o câncer é fazer o auto exame à par-tir dos 20 anos. Dos 35 em diante sugere-se que as mulheres façam uma mamografia inicial. Dos 40 aos 49 deve-se fazer a cada dois anos e à partir dos 50 todos os

anos. Para quem tem histórico fa-miliar da doença a atenção deve ser redobrada e recomendasse a realização precoce dos exames.

ESPERANÇA - “Em primei-ro lugar Deus, pois se não fosse por ele não estaria aqui. Ele é o médico dos médicos e a força principal para enfrentar toda essa dificuldade. Em nome Dele nun-ca mais vou passar por isso”, diz Preta, que fez a oito ciclos de qui-mioterapia, a última no dia 31 de agosto. Agora aguarda o resultado dos exames para fazer a cirurgia.

O câncer tem cura se tratado corretamente, procure ter uma vida saudável, coma alimentos ricos em vitaminas como verdu-ras, legumes e frutas. Visite o seu médico regularmente e faça exer-cícios físicos. A prevenção é sem-pre a melhor solução.

A guerrA estA declArAdA.

ou sempre esteve?

Uma das doenças que mais mata pessoas no mundo, o câncer de mama vitima 10 mil mu-lheres por ano no Brasil. Muitas são as coisas que deixamos de lado em função da correria do dia a dia: marido, filhos, família e outras prioridades; e a mulher acaba se esquecendo dela mesma. Agora é a chance de deixar tudo e lado e escolher um dia para si.Nomeado “Outubro Rosa”, este é o mês de conscientização para a prevenção do câncer de mama, uma campanha massiva de alerta sobre a doença, que incentiva mulheres a fazer a mamografia, único exame diagnóstico capaz de detecta precocemente à doença.Várias cidades participam da campanha, monumentos famosos ficam cor de rosa para ressaltar e lembrar a importância do câncer de mama. Curitiba levantou a bandeira de apoio, o Jardim Botânico ganhou um ar feminino, esta todo iluminado em rosa, dando um glamour a estufa mais famosa do país. No Rio de Janeiro até o Cristo Redentor ganhou um novo modelito.A campanha é promovida pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio a Saúde da Mama (FEMAMA) e acontece em todo o mundo. Teve inicio nos Estados Unidos em 1977 e hoje é conhecido internacionalmente. O laço rosa é o símbolo da campanha.Vale salientar que o câncer de mama é o mais letal entre as mulheres no mundo inteiro. Mulheres acima de 40 anos devem fazer mamografia anualmente e mulheres abaixo dessa idade fazer o auto-exame. Quando descoberto, se o câncer tiver menos de 1 centímetro, a chance de cura é de 95%. Pessoas com câncer têm alguns benefícios importantes como: reconstrução da mama (o Sistema Único de Saúde – SUS - é obrigado a realizar a cirurgia plástica para reconstrução da mamária); FGTS liberado; auxílio doença; isenção do impos-to de renda entre outros.Os seios não servem apenas para atrair os homens ou causar inveja para as outras mulhe-res, são uma parte do corpo que merece muita atenção. A amamentação é outro fator que reduz o risco de câncer de mama; mulheres que amamentam durante um ano reduzem em 5% as chances de contrair a doença.

Suelen Rocha e Sidnéia Rosa Gonçalves

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E VOCÊ, TEM FOME DO QUÊ?

Da janela de frente para rua, Zilda Pires, 50 anos acena com a mão como alguém que pede ajuda a cama pequena, com a

colcha colorida dessas que toda avó tem, Zilda passa o dia inteiro sem poder se locomover. Com 1metro e 44 centímetros a mulher que pesa 130 quilos não pode mais levantar da cama.Na casa de madeira com assoalho quebrado na Rua Rodolfo Amoedo no bairro do Xaxim, Zilda reclama das más condições que se encontra. Pois quando consegue levantar da cama, chega a quebrar o assoalho.

por KELLY LIMA

È tradição no Brasil torcer o nariz para a pro-paganda eleitoral gratuita. Os candidatos mal pre-parados, as promessas infundadas, a cara de pau de figuras que ao longo de décadas “mamam” nas tetas da máquina pública, são alguns fatores que explicam a antipatia do eleitorado pelo Merchan em véspera eleitoral. Este ano, porém, a situação é pior. As acusações que tem inundado olhos e ou-vidos da população brasileira, trocadas descarada-mente entre os presidenciáveis Dilma Roussef e José Serra, são no mínimo uma falta de respeito e de compromisso com todos os brasileiros.

Serra começou os ataques quando surgiram os escândalos envolvendo a Casa Civil e o nome de sua filha, supostamente vitima nesse caso, e não parou mais. São acusações levianas, feitas no rá-dio, na TV e em outros meios. O presidenciável declarou guerra e mantém um intenso bombardeio que com certeza irá até o pleito no fim de outubro. A petista por sua vez não deixou barato, baixou no mesmo nível de seu adversário: acusou com base em governos anteriores, se disse perseguida pelos tucanos e outros “blábláblás” desnecessários.

Até líderes religiosos entraram na luta. O tema religioso é marcante em um segundo turno onde os candidatos brigam para assumir um estado laico. Edir Macedo e Silas Malafaia são alguns dos no-mes que deixaram os interesses “espirituais” para dar pitacos no que há de mais instável no campo material, a política.

O que mais chama a atenção nesse ringue é a falta de preocupação em expor propostas e planos políticos. O tempo destinado a cada candidato no rádio e na TV é preenchido preferencialmente por acusações, piadinhas e provocações. Quem sabe dizer de imediatas cinco propostas de governo de cada candidato? Garanto que pouca gente, mas e cinco defeitos, revelados com veemência no horá-rio eleitoral? Eu sei!

Quem aguenta o horário eleitoral?

por José Pires e Karilene Stradioto

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nos lembra sobre a greve dos peritos médicos do INSS desde de junho e que afeta o atendi-mento à população.

Ao falar da sua situação Dona Zilda lembra que aos 35 anos era gordinha, mas nunca imaginou que aos 50 anos não conseguiria andar devido ao seu peso. “Comecei a engordar e quanto mais engordava, mais tinha vontade de comer, depois de um tempo não ligava mais se iria engordar”.

Mais de 38 milhões de pes-soas em nosso país estão acima do peso. Pela estimativa do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas da Uni-versidade Federal do Paraná (Sempr), a obesidade afeta, em Curitiba, 18% da população en-tre 25 e 64 anos e 5% das crian-

A enfermeira está afasta-da pelo INSS. O Instituto Na-cional do Seguro Social que a favorece com a aposentadoria por invalidez: benefício conce-dido aos trabalhadores que, por doença ou acidente, forem con-siderados pela perícia médica da Previdência Social incapa-citados para exercer suas ativi-dades ou outro tipo de serviço que lhes garanta o sustento.

Dona Zilda nos lembra que tem dificuldades para andar “As minhas consultas são mar-cadas no bairro Mercês, não tenho condições de pagar táxi e não consigo mais pegar ôni-bus”, desabafa. “Aqui em casa só minha filha trabalha e eu es-tou tentando ainda receber, mas é só no local que é possível sa-ber se o médico está lá ou não”,

ças na faixa etária de zero a 4 anos. As principais causas da obesidade estão relacionadas à genética, ao sedentarismo e à falta de alimentação adequada.

O Médico Nutrólogo, Má-ximo Asinele fala sobre ali-mentação saudável, verduras e frutas que são ricos em fibras, vitaminas e minerais. E dá di-cas “Prove esses alimentos e não adianta fazer cara feia”. Para Mara Cooper, Coordena-dora do Vigilantes do Peso é uma questão de auto estima “as pessoas que não conseguem emagrecer tem que ter um acompanhamento e orientações para diminuir a ansiedade”.

Há 15 anos Mara conhe-ceu e freqüentou o Vigilante do Peso, perdeu 16 quilos em quatro meses, hoje como coor-

denadora do grupo, faz da sua profissão uma meta para apoiar as pessoas como já foi apoiada um dia.

Carolina Furtado, 23 anos e 98 quilos, freqüentadora do Vi-gilante do Peso, relata o seu di-ário “-Ontem à tarde, parei para tomar um cafézinho sentada no balcão da padaria, já havia 3 horas passadas do almoço, de cara para um geladeira de bo-los, pudins e trufas,brigadeiros enormes, bem bonitos, sequer senti uma vontadezinha, mas

quando olhei a estufa de sal-gados, parecia que as coxinhas me chamavam. Ai surgiu a fome de coxinha e salgados, me contentei com uma esfiha de carne o café, virei as costas e fui embora a coxinha me cha-mava... volta!!!!!!!!! Com dor não sei aonde, mas doía, virei as costas e fui embora mesmo! - Depois olhei pra mim e disse : assim nasce uma vitoriosa , haaaahaaa!”.Carolina participa das reuniões há 1 mês.

Para emagrecer não basta

apenas uma dieta é necessário o apoio psicológico. Os trans-tornos emocionais são inimi-gos na luta contra o excesso de peso. Zilda Pires que não pode ficar em casa sozinha, tem o apoio do irmão Rena-to que mora ao lado e a ajuda para ir ao banheiro, o almoço e lanches são feitos na cama. O quarto que tem a janela virada para a rua favorece Dona Zil-da que de lá mesmo bate papo com os vizinhos e grita para o irmão vir ajudá-la.

A distribuição de gordura no corpo se faz em lo-cais diferentes em cada pessoa. Geralmente são descritos dois padrões para esse acúmulo: forma de maçã (a gordura fica acumulada no abdômen) e forma de pêra (caracterizada pela deposição de gordura nos quadris). Os indivíduos do tipo 'maçã' apresentam predominantemente maior risco de desenvolver problema cardiovascular, doença cere-brovascular e diabetes. Isso se deve às diferenças na atividade metabólica da gordura depositada no interior do abdômen em relação à acumulada no tecido subcutâneo (imediatamente abaixo da pele).

COMO A GORDURA É DISTRIBUÍDA NO CORPO?

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Prevenção é sinônimo de bem estar e economia

Projetos voltados para a melhor idade trazem bem estar aos usuários e vantagens aos planos de saúde.

Reportagem e fotosJosé Aristides Pires

Com os joelhos flexionados e as mãos na cintura eles não perdem uma instrução sequer dada pela professora. Algumas risadas, ca-retas e a certeza de que as pequenas dores causadas pelo alonga-

mento são um mal necessário. A aula acontece em uma quente tarde de outubro. A sala bem arejada, que se enche em poucos minutos, fica no Centro de Convivência do Idoso (C.C.I.) de Pinhais, na região metro-politana de Curitiba. Os exercícios trabalham fortalecimento muscular e alongamento. Cerca de 170 idosos participam das atividades, que in-cluem aulas de ginástica, jogos, coral entre outras.

Os poucos homens que par-ticipam das atividades do C.C.I. parecem estar em um “Harém”, pois a maioria dos praticantes são mulheres. Entre os animados par-ticipantes um chama a atenção. Fazendo charme com o bigode bem aparado e com o sorriso que lhe deu o título de “Mister Sim-patia de Pinhais 2009”, ele mostra grande disposição durante as au-las, algo surpreendente para quem se recupera de um câncer na gar-ganta. “Passei por uma fase muito difícil, fiz quimioterapia e preci-sei fazer uma cirurgia para retirar o tumor”, conta Osvaldo Lemos de Morais, de 75 anos, que parti-cipa do Centro há três meses.

Pessoas consideradas ido-sas são aquelas com 60 anos ou mais. No Paraná, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), 10% da população está nessa faixa etária. No país os idosos são 12% dos

brasileiros, e estimativas do Ins-tituto dão conta de que em 2040 esse número será de 25%. Esse percentual compartilha algo im-portante. Com a idade chegam as doenças, Hipertensão arterial, in-suficiência cardíaca, transtornos depressivos e problemas osteo-articulares (artrose e osteoporo-se). Esses são apenas alguns dos males que atingem a melhor ida-de. As visitas ao médico, os trata-mentos longos e caros e o consu-mo de diversos tipos de remédios se fazem necessários nessa fase da vida. Para o Geriatra Rodolfo Augusto Alves Pedrão os idosos espelham, em seus organismos, a combinação de influências genéti-cas, ambientais, de estilo de vida e dos cuidados de saúde aos quais têm acesso.

Os gastos também se elevam com a idade. A procura pela saúde suplementar, os chamados Planos de saúde, são uma opção para os

idosos. Porém, nem todos podem contratar esses serviços, pois as demandas de exames, cirurgias e tratamentos, dispensados a eles encarecem o valor dos planos. No Brasil segundo a Agencia Nacio-nal de Saúde (A.N. S) cerca de 49,1 milhões de pessoas usam planos no país, deste total seis mi-lhões são idosos.

Osvaldo não pode arcar com as despesas de um plano de saú-de. Apesar disso mudou conside-ravelmente a qualidade de vida depois que começou a praticar exercícios físicos no C.C.I. de Pi-nhais. “Melhorei minha vida em tudo, antes eu sentia muitas do-res e tomava remédios por causa delas, hoje só tomo para a diabe-te”. Durante a entrevista o Mister Simpatia está cercado por várias senhoras, todas ansiosas para con-tar as melhoras que conseguiram através das aulas de ginástica e alongamento. “Era hipertensa, to-

| Os participantes do C.C.I. de Pinhais participam de ginástica, alongamento entre outras atividades

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mava dez comprimidos por dia, hoje tomo apenas cinco”, revela a sorridente Maria de Lourdes da Silva, de 62 anos. Do outro lado da sala uma voz fura a fila dos depoimentos e revela os be-nefícios que obteve. “Participo das aulas há quatro meses, mi-nha circulação melhorou, hoje sinto muita firmeza para cami-nhar” esclarece Dona Odete de Oliveira Gomes de 72 anos.

O clima amigável durante as atividades mostra que a sociali-zação é outro fator determinan-te para melhorar a qualidade de vida. Entre os idosos presentes todos carregam marcas de uma vida dura, em que o trabalho e os problemas físicos e familiares deixaram varias seqüelas. Porém esses efeitos se amenizam cada vez que as reuniões do Centro começam. As expressões de sa-tisfação são visíveis nos rostos marcados pelo tempo. Osvaldo é um bom exemplo de que o con-tato com outras pessoas, de que o afeto dispensado a ele pelas chamadas acolhedoras do Cen-tro é fundamental na recupera-ção do câncer que o acometeu. “Elas são maravilhosas, o cari-nho com que elas tratam a todos faz muito bem”. Para o geriatra Rodolfo Pedrão existem sólidas evidências científicas compro-vando que os exercícios físicos e a interação gerada pelos pro-gramas de prevenção beneficiam os idosos. “Essas atividades au-xiliam nos controles dos níveis de pressão arterial, melhoram o condicionamento cardiovascu-lar, reduzem os riscos de quedas, minimizando a incidência de fraturas e servindo como exce-lente meio de socialização”.

| Noite de gala para o Mister Simpatia de Pinhais 2009

|Os benefícios dos programas preventivos não atingem apenas os idosos, planos de saúde economizam com gastos operacionais.

Os programas preventivos trazem benefícios inclusive aos planos de saúde

No âmbito da saúde suplementar alguns planos também aderem aos programas de saúde preventiva. Entre eles se destaca o projeto Atividade da Unimed Paraná. Com dez anos de existência ele trabalha com pessoas acima dos 60 anos, que se encontram três vezes por semana para receber palestras sobre saúde, além de praticar exercícios físicos e caminhadas. Para o economista José Augusto Zagine esses projetos agregam valor às operadoras de saúde e poder ser minimizadores de gastos operacionais. “Os planos de saúde podem incentivar a adesão de seus usuários a esses projetos de maneira gradativa, para novos clientes pode-se incluir essa agregação de valor, dada aos planos pelos benefícios desses programas de prevenção, de forma contratual”. Segundo Zagine os benefícios al-cançados pelos idosos através dos programas preventivos podem atrair inclusive novos clientes.

As vantagens trazidas pelos programas não são sentidas ape-nas por seus participantes. Secre-tarias de Saúde em vários locais do Brasil têm comprovado atra-vés de pesquisas que a prevenção dá resultados também no campo econômico. Um bom exemplo são os resultados obtidos pela Se-cretaria Municipal de Saúde de Lourdes no interior de São Paulo. O programa de atividade física Agita Lourdes coordenado por duas profissionais fisioterapeutas abrangeu a população em geral, dando ênfase aos pacientes da clínica "Espaço Terapêutico In-tegral", que em sua maioria eram idosos. O Projeto manteve ativi-dades permanentes de promoção e prevenção do sedentarismo através da prática de exercícios físicos. Já nos primeiros meses os efeitos positivos do projeto foram percebidos, 47% dos pacientes com tratamento prolongado na clínica tiveram melhora do qua-dro de dor, inclusive recebendo

alta do tratamento fisioterápico. Houve também diminuição do consumo de analgésicos e antiin-flamatórios em 30% dos casos, re-gistrada pelo Setor de Assistência Farmacêutica da UBS da Família/SMS de Lourdes. Além do relato de melhora na qualidade de vida, mais disposição para o trabalho e lazer, melhoria da autoestima, perda de peso, etc.

Outro bom exemplo de que a prevenção é o melhor remédio se encontra no caso das idosas que participam do programa “Curiti-bativa” que acontece no Centro de Esporte e Lazer (C.E.L.) das Vilas Oficinas, em Curitiba. Três vezes por semana, simpáticas se-nhoras se reúnem para participar de ginástica e alongamento e os resultados são notáveis. Sob as orientações do bem humorado professor e embaladas pelo ritmo da música sertaneja elas melho-ram sua condição física. “Prati-co as aulas há quatro anos, tive diversos problemas de coluna,

bexiga, tomava muitos remédios por causa deles, hoje tomo só para controlar a pressão”, expli-ca Dona Doroti Veiga Taborda, de 67 anos. Os exercícios físicos trazem mudanças significativas na vida de seus praticantes, a ma-ratonista Marlene Sanchez de 59 anos é um impressionante exem-plo de superação. “Transformei a minha vida depois que comecei a correr, antes eu era obesa e hiper-tensa, hoje sou outra pessoa”. No fim da atividade a senhora, já em trajes de corrida, se prepara para mais um treinamento. Enquanto que em Pinhais seu Osvaldo dá um abraço nos amigos, um beijo nas senhoras da ginástica e volta para casa. Com um andar sóbrio e firme ele mostra que as práticas físicas, aliadas a boa vontade e a ótima convivência no C.C.I. são fundamentais na recuperação de quem esteve perto da morte e que hoje desfila esbanjando saúde nas passarelas da vida.

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O cenário da estrutura política sempre admi-tiu algumas cenas cômicas. A mais recente é a eleição de Tiririca para deputado federal

do estado de São Paulo. Com mais de 1.3 milhões de votos, o palhaço foi o candidato mais votado entre todos os estados brasileiros. Vergonha? Revolta? Voto de protesto? O Brasil ainda não tem uma resposta definitiva. O que se sabe é que a Justiça Eleitoral recebeu denúncia com base numa matéria da Revista Época, que levanta a suspeita de que Tiririca é na verdade analfabeto.

Outro causo cômico é o ocorrido nas eleições municipais de 1992, na pequena cidade de Manoel Ribas, no interior do Paraná. Durante um mini comício, ou melhor, uma “reunião de sítio”, des-tas recheadas de comes e bebes, o então candi-dato a vereador Mazico Jumes discursava para um público de aproximadamente cinquenta pessoas. Uma das características de Mazico, na época, era a timidez. Portanto, para criar coragem para fa-lar em público, o candidato tomavas uns tragos antes de entrar em cena.

Na ocasião, com teor revoltoso, aos gritos de uma possível eleição Mazico dizia, com suor, timbre grave e uma feição tipicamente avermelha-da, que levaria muitas obras para a região. Foi aí, que num relapso, Mazico deu um escorregão verbal:

-“O povo merece muito! Esse povo que trabalha dia e noite aqui do Paraná merece obras! Vou construir uma ponte aqui na cidade”.

Espantado, o pessoal da comunidade que o escu-tava não entendeu. Alguém gritou:

-“Mas Mazico, pra que uma ponte? Não temos rio!”

A resposta veio de imediato.-“Ah não tem rio? Não tem problema, fazemos um

rio aqui também!”E continuou seu discurso aos cuspes. Risadas

modestas soaram levemente no ambiente.

A velha e cômica política brasileira

Larissa Ilaides

Quem somos nós?

Conquista de profissionais da educação municipal de Curitiba chama atenção, mas não interesse real. | por Narley Resende

Diversos sítios de jornais locais e blogs de jorna-listas políticos noticia-

ram nos dias 28 e 29 de agosto, a assinatura, pelo prefeito Luciano Ducci, do decreto municipal, que concede gratificação de 50 % sob o vencimento para funcionários de escolas municipais de educa-ção especial em Curitiba no dia 28.

Erros fundamentais na notícia tiveram origem no sitio da pre-feitura que escreveu: “O decreto beneficia auxiliares de serviços escolares e inspetores das escolas de educação especial Ali Bark, Helena Antipoff e Thomas Edison de Andrade Vieira”.

Auxiliar de serviços escolares e inspetor é o mesmo cargo em Curitiba. A matéria da prefeitura quando diz “funcionários”, inclui

secretários e cozinheiros, não ci-tados. Os veículos, Bem Paraná, Jornale, Blog do Zé Beto, Paraná Online, Blog da Joice Hasselman, Nota 10, Fundação de Ação So-cial (FAS), blog do vereador Feli-pe Braga Cortes e blog do verea-dor Francisco Garcez escreveram exatamente a mesma frase, idên-tica.

O veículo (internet e jornal impresso) Nota 10, ainda teve a sensibilidade de ouvir o Sindi-cato dos Servidores Municipais de Curitiba (Sismuc), que decla-rou outra versão, em que não te-ria sido avisado pela prefeitura quanto a assinatura e desconhecia o conteúdo do decreto. Nos de-mais, os depoimentos do prefeito Luciano Ducci e da secretária de Educação Eleonora Fruet diferem muito pouco entre um e outro do-

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mínio. Além disso, a única fun-cionária entrevistada por “todos” foi a auxiliar de serviços escola-res Polyana Leme Lorbiesky que teve seu sobrenome mudado para “Lorbianski” também em todos os sítios. Polyana afirma ter sido entrevistada apenas uma vez.

“Eu me sinto esquecida. De-moraram três anos para prestarem atenção na gente e quando presta-ram não sabiam nem de quem se tratava”, lamenta uma funcionária que não quis se identificar.

Mesmo justificando, nem o Sismuc que tem discurso partidá-rio de oposição à gestão atual na prefeitura, e que devia conhecer os cargos da administração dire-ta, sabia o conteúdo do Decreto, mas pelo menos acertou o nome do cargo Auxiliar de Serviços Es-colares.

Com exceção do Sismuc, to-dos que noticiaram a assinatura do Decreto, se basearam impre-terivelmente nas informações for-necidas pela Prefeitura de Curiti-ba. Isso caracteriza o jornalismo preguiçoso que deve produzir diversas outras matérias, mais ou menos importantes, com conteú-do exclusivamente oficial, forne-cido por instituições.

Não é de se admirar que jornalistas, ou assessores de imprensa, desconheçam as funcionalidades de servidores de escolas municipais, já que a própria secretária não sabe nomear corretamente os funcio-nários. Em agosto deste ano, na chamada Semana Pedagógica – En-contro dos Diretores, a secretária Eleonora Fruet, explanava metas e resultados da gestão quando divagando sobre novas nomeações por concurso, proclamou a contratação de 500 novos auxiliares de servi-ços... Gerais! A prefeitura terceirizou os serviços gerais desde 2004, ela se referia aos auxiliares de serviços escolares, função completamente diferente. Mal assessorada, a secretária leu a informação em um dos slides de sua apresentação, produzida por alguém de sua equipe. E o pior, leu para cerca de 300 diretoras de escolas que não corrigiram a gafe.

O mais revoltante é que a maioria dos profissionais não sabe ao certo a função oficial dos auxiliares de serviços escolares ou inspetores. Muitos professores, gestores de escolas e alguns próprios auxiliares não sabem o que define o edital de concurso que delimita a função. Os serviços gerais, hoje segmentados, demandam trabalho diário e prati-camente inexistem profissionais capacitados para “quebrar galho” ou “tora”, como define um funcionário. São serviços de eletricista, mar-ceneiro, enfermeiro, pedreiro, pintor, carregador, etc. Os diretores de escola e gestores de departamento são “orientados” a “economizarem as chamadas” aos serviços terceirizados. O resultado é a transferência de trabalhos incompatíveis com a função para auxiliares de serviços escolares.

A luta pela gratificação começou à aproximadamente três anos, quando auxiliares de serviços escolares da Escola Tomaz Edison fize-ram o primeiro de muitos pedidos a Secretaria da Educação de Curitiba por meio de ofício redigido pela então diretora Regina Célia. O pedido incluía cursos de capacitação e melhores condições de trabalho. O ve-reador Zé Maria, que anualmente promove jantares aos funcionários das escolas especiais prometera diversas vezes a cobrança da grati-ficação na prefeitura. Nunca houve sequer um ofício, requerimento ou documento semelhante, cobrando a análise, em nenhum dos departa-mentos e setores competentes do executivo. Em uma das ocasiões o vereador do PPS afirmou que se fosse eleito deputado estadual teria mais facilidade para “conseguir” a gratificação.

Professores de educação especial já recebem gratificação de 50% por especialização na área desde 2004. Em novembro de 2009, os “inspetores” se organizaram e promoveram abaixo-assinado com apro-ximadamente 500 assinaturas, para beneficiar 45 funcionários. Foram entregues cópias para o então prefeito Beto Richa, para a secretária da educação Eleonora Fruet, e uma para o vereador Felipe Braga Cortes que está sempre presente em eventos direcionados a pessoas com de-ficiência intelectual. Braga Cortes é autor do projeto que nomeou a Es-cola Municipal de Educação Especial “Tomaz Edison de Andrade Vieira” (nome do banqueiro ex-sócio do Bamerindus e pai da ex-primeira dama Fernanda Richa). Por ser do PSDB, mesmo partido do prefeito, e ter “trânsito fácil” no executivo, o vereador foi escolhido para pressionar a aprovação da gratificação. Deu certo. Cada reunião convocada com a superintendente de gestão educacional Merouji Cavet, Eleonora Fruet e secretário de Recursos Humanos Paulo Shmidt, e-mail enviado, SMS, ou ligação de cobrança, era notificado aos servidores. Após nove meses nasceu a justa conquista em forma de gratificação, um mês e cinco dias antes das eleições em que Felipe era candidato a deputado estadual.

ÁREAS DE ATUAÇÃOINSPETOR DE ALUNOS

Atender, os alunos no horário de entrada, saída, recreio e outros períodos em que não houver assistência do professor. Inspecionar as dependências do estabelecimento (salas, pátios, banheiros) observando o ambiente escolar, detectando irregularidades e necessidades de orientação e auxílio, tomando as providências necessárias e comunicadoas aos setores competentes. Prestar assistência a alunos que apresentem qualquer tipo de problema, encaminhando-os ao setor competente para atendimento. Auxiliar a direção da escola no controle de horários, de início e término das aulas. Zelar pelo abastecimento de material escolar nas salas de aula, atendendo às normas estabelecidas pela equipe pedagógico-administrativa. Acompanhar os alunos em situações especiais, até sua residência, sempre que solicitado pela equipe pedagógico-administrativa. Acompanhar as turmas de alunos em atividades externas à escola, sempre que solicitado pela equipe pedagógico-administrativa. Auxiliar na distribuição de merenda e almoço. Controlar as saídas antecipadas dos alunos, solicitando a assinatura do responsável. Auxiliar nos laboratórios de informática. Auxiliar no controle de alunos em sala de aula, na ausência do professor. Atender as solicitações dos profissionais do magistério, relativas a materiais didático-pedagógicos de uso comum na unidade escolar. Auxiliar nas tarefas administrativas, excepcionalmente, quando solicitado. Zelar pela segurança e disciplina individual e coletiva dos alunos, orientandoos para o cumprimento das normas estabelecidas no Regimento Escolar. Orientar, acompanhar e/ou prestar informações aos membros da comunidade escolar, inclusive aos pais ou responsáveis pelos alunos, sempre que necessário. Cumprir a legislação vigente e as determinações do Regimento Escolar. Participar nos órgãos colegiados da Unidade Escolar. Desempenhar outras atividades correlatas.

APOIO À SECRETARIA DA ESCOLA Auxiliar no preenchimento de formulários de matrícula, inserindo os dados para formalização, mantendo-os atualizados. Auxiliar na digitação dos dados no Sistema Escolar preenchendo os campos pré-estabelecidos, conforme as informações obtidas em documentação específica, para registro e arquivo do cadastro dos alunos e profissionais do magistério. Preencher formulários específicos, emitindo relatórios sobre a documentação escolar, nos prazos solicitados, quando necessário. Auxiliar na emissão do Relatório Final, consultando formulários e relatórios para posterior envio ao setor competente. Auxiliar na manutenção dos arquivos, intermediário e permanente do corpo docente, discente e administrativo, obedecendo às normas da Gestão Documental para posterior consulta. Desempenhar outras atividades correlatas.

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O tempo longe de casa não foi fácil. Mas mes-mo à distância, os torcedores não aban-

donam o Coxa em momento algum. Priscila dos Santos Al-bino, tem 19 anos, é estudante e durante a punição imposta ao clube acompanhou TODOS os jogos em Joinville.

“Fui para Joinville e iria para qualquer lugar. O Coritiba é for-te e mostrou que em meio as atribulações levanta, vence, e dá orgulho ao torcedor.”

Assim como ela, a nação coxa branca fez o time sentir-se em casa mesmo a 130 quilôme-tros de distância de seu estádio. Essa força da torcida pode ser percebida nos resultados que não foram “ótimos”, mas man-tiveram o Coritiba na ponta da tabela.

Infelizmente para alguns membros da família coxa bran-ca, esses dias foram uma sepa-ração forçada, que deixou sau-dades e o coração apertado para quem não pode seguir rumo a Santa Catarina.

Marina Wolff, foi uma delas. Sócia, ela não perdia um jogo, mas precisou ficar dez partidas sem assistir o Coxa. “Sofri mui-to, muito mesmo, saber que o time precisa de apoio querer estar lá e não poder foi muito difícil.”

CONTABILIZANDO380 mil torcedores foram

prejudicados nesta punição. To-

dos saíram perdendo.O torcedor perdeu, perdeu

de fazer festa e incentivar o time.

O time perdeu, perdeu o dé-cimo segundo jogador, a torcida.

O futebol paranaense per-deu, perdeu porque ficou com a fama do pior episódio de violên-cia dos últimos tempos.

E lógico, o Coritiba perdeu, e perdeu muito. Durante o Para-naense, o alviverde teve que jo-gar no estádio do Paraná Cube, na Vila Capanema, e no litoral do estado, em Paranaguá. Na série B do Brasileiro, o elenco jogou em Joinville.

Com seu estádio fechado por 10 jogos, o Coxa calcula perdeu em torno de 12 milhões de reais com a punição dada pelo Supe-rior Tribunal de Justiça Despor-tiva. O vice-presidente adminis-trativo do clube, Vilson Ribeiro, explica que o prejuízo vem da perda de receita com o fecha-mento do Couto Pereira, além do aumento dos gastos para os jogos fora de Curitiba. O Coxa ainda espera conseguir a resti-tuição dos 12 milhões de reais na justiça. Além disso, o clube promove campanha para atrair novos sócios. De acordo com a diretoria, seriam necessárias 15 mil novas adesões para equili-brar as contas até o final do ano.

TORCIDA ORGANIZADAA torcida Império Alviverde

foi muito prejudicada por AL-GUNS membros no lamentável

episódio da invasão. Contudo, a organizada não pode ser impe-dida de entrar no estádio Couto Pereira. A afirmação é do pro-motor de justiça do Ministério Público, Maximiliano Delibera-dor. Segundo o promotor, o Co-ritiba procurou o MP para tentar barrar o ingresso da organizada no estádio. No entanto, ele ex-plica que isso só pode ser feito caso haja uma determinação da justiça.

Depois dos atos de vanda-lismo que aconteceram no final do ano passado, ficou proibida a entrada de material da torci-da organizada nos estádios. A polícia militar tem fiscalizado o cumprimento da norma.

O presidente da Império, Luiz Fernando Corrêa, o Papa-gaio, afirma que a presença de faixas e tambores não represen-ta um risco para a segurança do público.

“A festa não atrapalha, nem prejudica o clube, a torcida quer apoiar e incentivar como sem-pre fez.”

DIAS MELHORESPara o clube, a volta marcou

também o recomeço de uma trajetória vitoriosa, do resgate do orgulho de ser coxa-branca, o time trabalha com estratégias de marketing, nova fachada e tudo o que tem direito.

O Coxa é o líder da Segunda Divisão do Campeonato Brasilei-ro com 59 pontos, 30 jogos e 18 vitórias.

Aventura

em

Joinville

Desempenho em Joinville14/05 Coritiba1X 1Atlético-MG24/05 Coritiba 2X1 Brasiliense01/06 Coritiba 2X1 Ponte Preta13/07 Coritiba 0X0 Bragantino24/07 Coritiba 2X1 Sport10/08 Coritiba 1X2 São Caetano14/08 Coritiba 2X0 Bahia24/08 Coritiba 0X2 Duque de Caxias31/08 Coritiba 3X0 Icasa07/09 Coritiba 3X1Nautico

por Camila Samapaio e Lílian da Cruz

or maior que seja a paixão pela Fórmula 1 e pela velocidade, não é nada fácil conseguir acompanhar a competição quando não há um brasileiro na luta pelo caneco. Se em 2009, a galera chegou a ter grandes esperanças em Rubinho na Brawn GP, neste ano, em nenhum momento pudemos criar um pouco de fé na sorte de um brazuca. Barrichello, com sua renomada e decadente Williams, não pas-sa de um bom figurante. Bruno Senna, cercado de expectativas por conta de seu sobrenome, não tem na Hispania um carro para brigar ou brilhar. O mesmo acontece com Lucas Di Grassi na VRT – este, no entanto, com menos pressão.

O fato é que se espera, há pelo menos duas temporas, que Feli-pe Massa deslanche. Após dois abandonos nas últimas corridas da temporada 2010 da Fórmula 1, em Cingapura e no Japão, o piloto planeja ajudar Alonso na briga pelo título deste ano, e também pontuar para levar a Ferrari ao troféu de construtores. O brasileiro enviou uma mensagem por meio de seu blog no site da equipe italiana para mostrar seu comprometimento com o time, após ser pressionado pelos dirigentes na imprensa nas últimas semanas.

E isso é pouco. Pelo menos para nós, torcedores e amantes da velocidade. Queremos ver a garra brasileira ocupando o pódio, e não apenas sendo “auxiliar”. Terá Massa condições técnicas e um belo equipamento na mão para lutar pelo topo na próxima temporada? E quanto aos outros brasileiros? A esperança é de que os veículos das equipes onde estão nossos pilotos melho-rem. Chega da síndrome de auxiliar de equipe.

P

Quem sabe, em 2011?Será que um brasileiro pode voltar a incendiar a torcida verde-amarela já no ano que vem?

Por Rodrigo Arend e Ricardo Alexandre?

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Santa Rivalidade

Santa Felicidade é um dos municí-pios mais antigos da capital para-naense, colonizado por imigrantes italianos, o município é bastante

conhecido pela gastronomia. Mais o que pouca gente sabe é que esse bairro gas-tronômico, também reserva uma enorme rivalidade no esporte isso porque, duas das principais potencias do futebol ama-dor de Curitiba estão sediadas em Santa Felicidade. São elas, Trieste Futebol Clube e Iguaçu Futebol Clube.

O Iguaçu Futebol Clube é clube mais antigo do bairro, teve sua fundação consumada em 06 de setembro de 1919, com as cores preto e branco. Hoje o clube possui uma base muito sólida, tem seu estádio próprio com iluminação, o que possibi-lita à equipe fazer treinos físicos, táticos e coletivos. Segundo o atual presidente do clube, José Matoso é dessa forma que o time pretende lutar por mais um titulo na divisão especial. Uma vez, que já teve o privilégio de ser o melhor time do campeonato amador de Curitiba nos anos de 1962, 1966, 1967, 1973, 1977 e o ultimo titulo foi em 1992, ou seja, anos atrás. “Queremos lutar novamente pelo titulo” disse Matoso. Já o Trieste Futebol Clube apesar de alguns anos mais novo que o rival é o time de maior expressão no bairro. Isso aconteceu, a cerca de 10 anos atrás quando a empresa Stival Alimentos, bem conhecida no estado do Paraná principalmente na cidade de Curitiba, aceitou a empreitada e passou a ofere-cer patrocínio ao time que a partir de então, torna-se um clube. Com o dinheiro conseguido por meio desse patrocínio, alem de montar equipes fortíssimas nos últimos anos, sempre figurando entre os primeiros, a equipe ainda teve capital para a constru-ção de um complexo esportivo chamado Trieste Stadium. Esse complexo foi construído com o objetivo de sediar as partidas do Trieste durante a Primeira Divisão do campeonato amador de Curitiba e também descobrir e dar oportunidade a novos talentos do esporte. Pois o Clube tem parceria com o Clube Atlético Paranaense que utiliza as instalações oferecidas pelo clube amador para realizar os treinamentos de suas categorias de base e revelar craques como o atacante Lima e muito outros. Segundo Lima, o estádio e coisa de primeiro mundo. “Tem estrutura completa para abrigar uma equipe profissio-nal”. Conta com piscinas cobertas, quadras de grama sintética e ao ar livre, academia com equipamentos de novas tecnologias e ainda profissionais de educação física do mais auto gabarito preparados para atender os atletas da melhor forma possível. Então acredito estar bem explicado a aqueles que desconhe-cem futebol amador e até mesmo para aqueles que conhecem o por que do Trieste Futebol Clube sempre figurar entre os 4 primeiros lugares em todos os campeonatos que disputa. O Iguaçu Futebol Clube angaria fundo para a manuten-ção de sua estrutura, através de eventos beneficentes ofere-cidos a comunidade. O clube também tem a sua disposição a Sociedade Iguaçuana de Curitiba que nada mais é do que um local destinado a promoção de eventos como jantares dançan-tes, bailes, bingos entre outras coisas, tudo com o objetivo de conseguir verba para manter o Iguaçu entre os principais clu-bes do futebol amador de Curitiba. Alem de ter espaço para a promoção de eventos, o local também conta com duas piscinas semi-olimpicas, dois campos de futebol suíço e salão de jogos. Segundo Carlos de Almeida Santos, o (Rato), Atleta titu-lar do meio campo da equipe do Iguaçu, a principal diferença entre eles e o Trieste não está em estrutura mas sim, no patrocí-nio. “Enquanto o Trieste é patrocinado por uma grande empresa que disponibiliza toda a verba necessária, nós temos que correr atrás de comerciantes do bairro que muitas vezes dão o san-gue para nos ajudar”, disse Rato. Mas, uma coisa ninguém pode colocar a prova até porque já foi provado por inúmeras vezes que dentro de campo o jogo entre Iguaçu e Trieste é um dos clássicos mais emocionantes de se ver durante um Campeonato Amador da capital.

Trieste e Iguaçu protagonizam o derbe do município

por Ricardo Francio Neto

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s O trágico fim de um sonhoO motor a três mil giros, a adre-nalina e o nervosismo explicita em suas mãos que seguram o volante de uma forma tão firme, que pa-recem ser um só. A cada pisada mais brusca no acelerador, o som da turbina ao despejar a sua potên-cia faz com que os olhos do jovem brilhem, ele parece estar em um mundo imaginário, onde os únicos personagens são ele e o seu car-ro. Ao seu lado a cena parece se repetir, outro jovem com estrutura física diferente, mas com a mesma vontade estampada em seus ros-to. Depois do sinal dado, os pneus patinam e a fumaça sobe, lá vão eles em disparada, em busca de sua glória

por Diego da Cunha

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Aqui estou eu, em um bairro de Curitiba onde semanalmente acontecem rachas, entre carros e motos, descrevendo o exato mo-mento de uma largada. O lugar in-felizmente não posso revelar, nem muito menos o nome dos perso-nagens, sob pena de morte. Mas o relato será feito da forma mais fiel possível. Os nomes utilizados são todos fictícios.

Glória! Quem nunca quis ser reconhecido no meio em que do-mina, ou que frequenta, princi-palmente na juventude, onde um pouco mais de status pode lhe garantir a namorada mais bonita ou então mais amigos para lhe cumprimentar. Tratando-se de ra-cha essa glória tem três finais: o primeiro é que o reconhecimento pode não chegar, e o piloto será só mais um que tentou e infelizmen-te nunca conseguiu alcança-lo. Ao revés, na segunda opção ele pode chegar e o jovem terá o que so-nhou, ou que achava que havia so-nhado, e lhe falaram que era bom, ou seja, fama, mulheres e ami-gos. O terceiro fim e infelizmente aquele que tem se tornado comum entre o praticantes de racha, é o acidente com vítima fatal ou que deixa sequelas para toda a vida, esse infelizmente não da opção do piloto encerrar a carreira, ela se encerrará por vontade própria.

FOME DE VELOCIDADE SEMPRE FOI O SEU VÍCIO

“Desde de menino sempre gostou de carros, com quatro anos o pai já o colocava no volante e isso para ele era uma alegria, da mesma forma no videogame, seus jogos preferidos sempre foram os de carro.” Comenta Dona Clarice, mãe do nosso personagem, que vocês ainda não conhecem mas que irei apresentar em breve, por enquanto o nome é o suficiente

para caracteriza-lo, Cézar. Clari-ce lembra que na infância, Cézar era fascinado por carrinhos de ro-limã. “Era complicado, ele ficava o dia todo naquilo, se deixasse a noite também, e sempre chegava todo ralado e dizendo que seria piloto quando crescesse.” A mãe de Cézar lembra as características do menino que era muito amável, doce e gostava de travessuras, “as tias do colégio ficavam de cabelo em pé com ele, por que apronta-va demais, apesar que suas notas sempre foram boas.”

Seu José, o pai de Cézar, diz

que tentou por muitas vezes mu-dar a cabeça do menino e tira-lo dessa ideia fixa por velocidade. “Levei ele várias vezes no jogo do atlético, mas não adiantava, ele não gostava daquilo, sempre reclamava e não via a hora de che-gar em casa para fazer algo que ti-vesse relação com carro.”

O nosso personagem já tinha um plano para sua vida, afinal desde a sua infância fora moldado através de sabe-se lá qual instinto que sempre o puxava para o lado da velocidade, isso aumenta ain-da mais na sua adolescência como vamos perceber nos próximos re-latos de amigos e parentes.

UMA ADOLESCÊNCIA BEM AGITADA

Antes de contar um pouco so-

bre a adolescência de Cézar, faço um pausa para relatar um fato que ocorreu aqui ao meu lado quando um dos rachas que acompanho acontece, um grupo de rapazes se aproxima de onde estou, e um co-menta o seguinte: “Cara essa som do turbo e esse cheiro de fumaça me fascina, ainda quero estar ali um dia, correndo a mil por hora.” Seria ele mais um Cézar? Que sonhara com algo sem nem saber por que sonha? Ou a vida lhe será bondosa e o polpara de um final que ainda vamos conhecer? Bom isso é papo para outro parágrafo, fecha aspas.

“Cara o Cézar era foda, a gente pegava o carro do pai dele escondido para andar por ai, e ele sempre era o motorista, por que sempre dirigiu muito bem.” O amigo de Cézar, Cícero conta algumas fatos curiosos de suas adolescências. “Não tinha para ninguém, ele fazia altas mano-bras, cavalo de pau, zerinho, ele era bom e sempre falava em ser piloto.”

Perguntei ao seu José por que não tentou incentivar a carreira de piloto para o filho. “ Não era o que eu queria para ele.”

A mãe lembra que após os 15 anos as saídas a noite eram fre-quentes, e que os pais sabiam que o menino pegava o carro escondi-do, mas achavam de certa forma normal, afinal era um adolescente.

“Ele saia direto com alguns amigos que sempre vinham com aqueles carros barulhentos na porta de casa.”

Cícero conta que teve um momento em que ele achou que Cézar iria desistir de ser piloto. “ Ele arrumou uma namorada que começou a desviar a atenção dele, não se interessava mais tanto por carros até que ele descobriu que ela estava o traindo, foi ai que ele

voltou com mais fome de veloci-dade que nunca.”

Eu sei que agora deveria ter um relato da ex namorada, certo, mas infelizmente o repórter que vos fala não conseguiu o seu con-tato, me desculpe.

O FINAL

Nosso personagem esta ago-ra com 17 anos, e na sua frente se encontra o seu primeiro carro, que ganhara de presente dos pais, um Gol 2001 cor vinho que Cézar nem fez questão de entrar para admirar, já mandou direto para a oficina, “quero esse carro bom-bando” relata a mãe as palavras do filho.

E assim se fez, sua família que sempre teve um bom poder aquisitivo pagou toda a transfor-mação do carro, que saiu da ofici-na com uma força a dar inveja em muitos jovens como Cézar.

O carro ficara pronto no sá-bado logo pela manhã, e Cézar não perdeu tempo, saiu testar o possante e assim o fez o dia todo, afinal a noite de sábado seria a sua estreia nos conhecidos rachas de Curitiba.

O carro havia ficado perfeito, como Cézar esperava, quem nos conta isso é Cícero, que exalta o entusiasmo do amigo. “Ele estava muito feliz, era só olhar no resto dele, estava até meio bobo, não sabia o que fazer primeiro se lim-pava o carro, se encerava, era um grande dia para ele.”

O pai e a mãe decidiram se afastar nesse momento da histó-ria pois já nos contaram fatos que caracterizam muito bem a vida de Cézar, para eles esse espaço de tempo é muito forte para ser re-lembrado.

Do fim infelizmente não te-mos muitos detalhes, Cézar saiu sozinho de casa na noite de sába-

do de um dia qualquer de um ano qualquer, não sabe-se se estava a praticar racha ou não, mas se en-volveu em um acidente, em uma conhecida avenida da capital. O carro chocou-se contra um poste e partiu em dois.

Infelizmente não temos ne-nhum testemunho de Cézar, e ele não pode nos contar o que real-mente aconteceu nesse dia, por que no momento da batida ele teve uma séria lesão na coluna o que lhe deixou paraplégico, além de uma lesão no cérebro. Não se teve muito o que fazer, apesar de todo o aparato médico , pois o acidente foi muito violento. Hoje Cézar se mantém vegetando em uma cama em sua casa, poucas re-ações podem ser percebidas nele .

Infelizmente entrou para a triste estatística dos jovens que mudam a trajetória de sua vida de uma forma trágica.

Para o amigo Cícero, Cézar está feliz afinal realizou o sonho de ter um carro potente. Pena que este sonho tenha lhe custado um estado vegetativo, que ainda as-sim insistem em chamar de sonho.

Perguntei ao seu José por que não tentou incentivar a carreira

de piloto para o filho. “ Não era o que eu que-

ria para ele.”

foto: Bruno Souza

foto: Bruno Souza

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