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Caderno Projetual, IAU USP

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Trabalho de Graduação Integrado Letícia Oliveira Kadry IAU USP

São Carlos, São Paulo Jun/2015

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TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO IILETÍCIA KADRY IAU USP 2015

introdução

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pré tgi Quando cumprimos a matéria de Pré TGI, fomos levados a pensar em um objeto que traduzisse os principais conceitos que nos atraíam na Arquitetura. Conceitos que notássemos que sempre se repetiam em nossos processos projetuais ao longo dos nossos quatro anos de trabalho, mesmo considerando-se o fato de que sempre havíamos projetado em grupo. Com esse objetivo, desenvolvi um objeto que acreditava pudesse trauzir os conceitos que eram constantes quando projetava tanto edificações quanto espaços. Esses conceitos eram: a noção de percursos, o elemento da descoberta, a presença forte de enquadramentos e por fim, o toque do lúdico.

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referências Dado o início do curso de TGI, fomos levados a relembrar esses conceitos mas também a buscar respaldo para esses conceitos e outros em referências tanto formais quanto teóricas. Essas referências vieram, para mim, nas introduções aos textos de Jane Jacobs e Aldo Rossi. No livro “A Morte e Vida de Grandes Cidades”, procurei destacar da introdução de Jacobs, o que mais me atraía no pensamento projetual. O tema principal foi: a diferença clara e bem definida entre a Cidade Utópica e Teórica dos grandes estudiosos e a Cidade Real vivida diariamente pelos seus habitantes e experimentada tridimensionalmente em todos os seus sentidos.

Nunca me interessou criar uma cidade que ignorasse os seus arredores, que se erguesse como elemento alienígena e desprezasse qualquer relação com o que antes havia, que se fechasse ao passado e ao que não tivesse a mesma origem que ela. Pelo contrário. Atraíam-me os lugares fragmentos, junções de diferentes constituições sociais e de vida, com multiplicidade de funçõe e vivências coexistindo. Assim como o distrito North End, descrito por Jacobs em seu texto. Um distrito que portava todas as qualidades consideradas prejudiciais pelos estudiosos e que, no entanto, se erguia com mais vida do que qualquer outro distrito planejado na ponta do lápis. Essa efervescência, tentar, ao menos, não aleijar a cidade dessa capacidade de cuidar de si mesma, se renovar, de se multiplicar de forma saudável, é o que me atrai muito.

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Além de apenas o conceito de uma intervenção que se afastasse do utópico, do personagem arquiteto-Deus, que determina e acha possível recriar uma estrutura social. Ao invés de tentar expandi-la, ou dar-lhe mais espaço e matéria prima, através de um plano embasado essencialmente em tecnicidades e teorias, as quais deveriam ser universais e facilmente aplicáveis a qualquer localidade. Interessava-me, principalmente, de Jane Jacobs, o conceito de um lugar que fosse mais do que uma construção ou edifício, que integrasse mais do que uma função específica, que pudesse se adaptar a diferentes usos e à mudanças que viessem a ocorrer no local em que se encontra.

Destacava-se, para mim, buscar criar algo que enriquecesse a região a que fosse aplicado, ao invés de cerceá-la. Trabalhar com a forma a incluir o que já existe. Nesse ponto, me volto para o texto de Aldo Rossi. Em sua introdução a “A Arquitetura da Cidade”, ele destaca: “A cidade é a coisa humana por excelência”. Quando trago essa afirmação para a minha compreensão, enxergo que a cidade não deve ser vista como uma máquina. Essa interpretação puramente funcional é vazia e foge à realidade. A cidade é, como diria Rossi, permeada por memórias, que vão além das memórias dos que hoje vivem nela, permeada por sentimentos, emoções, relações subjetivas entre seus moradores e a comunidade que formam, ou não, um com os outros. Tratar a cidade como uma máquina é ignorar todo o escopo de significados que faz parte de suas bases mais essenciais, e tratar o ser humano como peça, quanod uma peça jamais poderia ser tão mutável, instável, e calçada em experiências quanto o Homem.

“A Arquitetura é a criação de um ambiente mais propício à vida e intencionalidade estética” e “A cidade é Arquitetura e Construção no Tempo”. Da mesma forma que um projeto não pode ser pensado sem o seu passado, também não pode ser pensado sem sua evolução e a possibilidade de um futuro. Quando projetamos, é minha opinião, que devemos sempre, e em primeiro lugar, - como destacam tanto Jacobs quanto Rossi - lembrar que estamos projetando para a população que virá a usar e conhecer e guardar memórias e sensações, sobre e com, a nossa criação. A Arquitetura não vive em um vazio de significado e sentido, onde apenas a estética importa. Enquanto sim, ela deve ser dotada de intencionalidade estética, e, sempre o foi desde a sua criação. Quando privada do intento de se tornar, e seu objetivo de ser, um ambiente criado para o ser humano, ela não tem sentido.

Nunca me interessou criar uma cidade que ignorasse os seus arredores, que se erguesse como elemento alienígena e desprezasse qualquer relação com o que antes havia, que se fechasse ao passado e ao que não tivesse a mesma origem que ela. Pelo contrário. Atraíam-me os lugares fragmentos, junções de diferentes constituições sociais e de vida, com multiplicidade de funçõe e vivências coexistindo. Assim como o distrito North End, descrito por Jacobs em seu texto. Um distrito que portava todas as qualidades consideradas prejudiciais pelos estudiosos e que, no entanto, se erguia com mais vida do que qualquer outro distrito planejado na ponta do lápis. Essa efervescência, tentar, ao menos, não aleijar a cidade dessa capacidade de cuidar de si mesma, se renovar, de se multiplicar de forma saudável, é o que me atrai muito.

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Assim como não me interessava a criação ou projeto de uma Arquitetura que se destaque de forma completamente oposta ao seu local de inserção, apagando os olhares e interesse ao lugar que o cerca. Também não me interessa criar uma Arquitetura solúvel, que se desfaça com o local e se perca nele, desfazendo-se completamente de sua identidade, que se cria sem representar algo novo. Ao contrário, desejo criar uma Arquitetura que se assimile às características que a cercam, e, com elas, crie um elemento novo que guie o olhar para as características destacadas em seus elementos, no local que a cerca. Mas que também esteja claramente representada em si mesma.

A Arquitetura nasceu para abrigar o Homem, e, junto com ela, todas as implicações, inter-relações, e noções de privado e público, de permeável e impermeável. Com a perda dessas sutilezas e de seu objetivo primário, ela se torna pouco mais do que um objeto estético, cujo sentido se perde através do tempo. Devemos sempre nos lembrar que cada uma de nossas ações deixa marcas na cidade. Aquelas marcas que sobrevivem ao tempo e têm a capacidade de evoluir funcionalmente, sem perder sua identidade primária, são as marcas que se tornam fatos urbanos. Que se integram à memória da cidade e, portanto, fazem lugar na História. Enquanto tenho a humildade de não esperar saber criar algo tão profundo de signifcados, também não me interessa nem ao menos tentar. Criar algo vazio, por pura desistência.

Espero tentar buscar essas “forças elementares” da cidade, me espelhando em sua história e, principalmente, nas formas e linguagem dos fatos urbanos que já coexistem nela. Buscar minhas peças em elementos que já lhe são constantes e tentar, com eles, criar o novo. Dar pleno potencial a um lugar que já inspire essa demanda.

Afastando-me um pouco da teoria de Rossi, e olhando para sua arquitetura - e as traduções que sua obra, Teatro Del Mondo, me inspiraram - identifico claramente as características que ressonavam com as bases em que tentava me apoiar. Mais do que suaf forma e cores, me interessava o seu método. A forma como o arquiteto claramente absorve elementos da cidade que o cerca e os traduz de uma forma nova, sem apagar a referência e, ainda assim, criando identidade.

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releituras Quando da criação das traduções, tomando como base os elementos teóricos, criei três objetos de estudo.

O primeiro, tomava como base a noção do projeto que constitui a cidade onde é inserido, e também por ela é constituído. Apesar da transparência das faces, é possível ver claramente, tanto a relação entre o objeto (quadrado branco) e o local (entorno), quanto as linhas claras que o destacam. E definem sua identidade. Vistos contra a luz, aparentam quase mesclar-se uns aos outros, mas suas fronteiras são definidas mesmo que sejam constituídos de características semelhantes. E construam uma relação de permeabilidade um com o outro.

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A segunda releitura se tratava de uma tira que se desenrolava ao ser puxada, com a mesma imagem repetida três vezes. Em cada uma dessas repetições, uma nova característica do entorno era destacada. Essa releitura representava o olhar do usuário ao percorrer o projeto e descobrir nele um padrão reconhecível de características que antes lhe haviam passado despercebidas. E agora se destacam perante seus olhos. O projeto representado nas figuras se trata do “Teatro Del Mondo” de Aldo Rossi, mencionado anteriormente como referência projetual.

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Já a terceira releitura, representa a seleção que faz o arquiteto, ao estudar o local de sua intervenção ou criação. Quando confrontado com a miríade de características que compõe o local onde pretende interferir e/ou projetar, cabe ao arquiteto selecionar o que lhe interessa, o que, ao seu olhar, é mais carregado de significado, ou aquilo que deseja destacar ou dar valor, baseado em método projetual. Trata-se de um filtro que representa o projeto e/ou objeto, e que engloba estes ou aqueles conceitos, e despreza, “cobre”, outros ao se mover nessa ou naquela dieração escolhida. E depende integralmente das escolhas de quem o manipula.

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processos Ainda procurando por um significado mais concreto em meio aos conceitos destacados, grupos de trabalho foram montados e começamos a trocar conceitos e tentar juntos definir o que nos interessava, em meio às ideias que ressonavam. Foi assim que chegamos à nossa frase representativa. A primeira aproximação real que tivemos a definir nossos conceitos e me serviu de base e apoio para deselver mais profundamente o que desejava potencializar mais adiante em meu projetar.

“Compôr um projeto que se utiliza de características selecionadas do entorno, sem perder sua identidade e que aja como um filtro de releitura/leituras/descobertas do lugar. Estas serão reveladas ou direcionadas ao usuário com a criação/desenho/inserção de percursos que as guiarão através do projeto.”

A aproximação de projeto não seria histórica, procurando especificamente preservar (com apropriação ou não), nem seria apenas artística ou visual, baseada mais essencialmente na forma. Ela deveria tratar de algo mais humano e presente. De palavras como identidade, inserção, filtro e percursos. Tais percursos sendo representativos da interação do indivíduo com o projeto. Percursos, que levassem à diferentes sensações e visibilidades, permeabilidades, do projeto.

À partir dessa base, eu sabia que o meu objeto queria destacar, descobrir e enquadrar - de forma lúdica ou não. E se tratava de características selecionadas do entorno. De tentar, com o projeto e através do projeto, direcionar o olhar do usuário para elas. Mas quais eram essas características?

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A escolha desses elementos, me orientariam na escolha do local para o meu projeto. Desejava encontrar um local fragmentado. Que fosse, como mencionado, o encontro de vivências e composições históricas diferentes. Um local vivo de múltiplas funções. E inserir o meu projeto como um fator de permeabilidade e integração desses fragmentos. Oferecer um espaço que pudesse ser utilizado por todas essas vivências em conjunto. E que criasse caminhos e percursos seguros, permeados por diferentes ambiências e enquadramentos de um espaço ao outro.

Representei essa escolha, no estudo de um objeto. Esse objeto era estruturado por características selecionadas do entorno, representadas pela malha urbana. Mas que também se erguia com identidade própria, demonstrando diferentes níveis de permeabilidade, tanto física quanto visual. Criando assim diferentes ambientes e guiando o usuário em diferentes percursos, que permitiam diferentes visões do entorno através deles. Procurei pensar como queria essas permeabilidades estabelecidas, desenhando-as de diferentes maneiras.

Pensando na confrontação e relação entre público e privado, que Rossi aponta, procurei estabelecer uma forma que tivesse extrema permeabilidade tanto física quanto visual à princípio. E fosse estreitando essas permeabilidades em direação ao seu centro. Sem nunca porém cortá-la por completo. Sempre permitindo uma comunicação direta e initerrupta entre o completamente permeável e o mais impermeável. Garantindo que os percursos fossem fluídos e desimpedidos.

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projeto Escolhi para minha intervenção, a cidade de Araras, São Paulo, por uma série de razões. Não simplesmente por conhecer bem a cidade, que me é de origem, mas pela forma como ela se constitui.

*todas as plantas nesse caderno estão orientadas com o norte para o lado superior, a menos que esteja de outra forma indicado.

cidade

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Araras é, em si, uma cidade fragmentada. Cortada pela rodovia Anhanguera, dividida em setores de crescimento de diferentes épocas, unida por um centro comercial forte, porém de população transitória, e histórico altamente bairrista. A vida na cidade se constitui em bairros bem definidos, com seus próprios serviços e locomoção ao centro para trabalho, compras, ou lazer, com objetivos também muito bem definidos.

Os equipamentos e áreas verdes da cidde, à parte das praças centrais, ficam deslocados do centro e da malha urbana mais densa, de certo modo, principalmente da habitação. E são, em sua maior parte, visitados em automóveis particulares, por uma população específica, em cada horário, e abandonados quando fora de um evento ou dia específico. Não se integram ao resto da cidade tão bem quanto poderiam.

Apesar da cidade ser presentemente a localização de três Universidades (Uniararas, Unar e Ufscar respectivamente), duas dessas universidades, de grande nome - o que tem atraído grandes volumes de estudantes e pessoas de fora todos os anos. A cidade ainda guarda características muito próprias, e se fecha à essa nova população, temporária ou não, que começa a inundar as ruas. Mesmo notando-se que a agenda cultura da cidade tem recebido grandes melhorias, desde a última eleição, e as grandes reformas que vêm acontecendo em seus equipamentos públicos principais. Ainda não existe um local de maior liberdade e integração entre a população local e não local, entre diferentes bairros, entre diferentes faixas etárias e sócio-econômicas. A interação e as atividades são ainda essencialmente segregadas entre esses diferentes rótulos, horários e temporadas. O lazer é segregado da habitação.

Outra coisa, que me atraía na cidade, é a grande presença de áreas não utilizadas, ou sub-utilizadas, encontradas, muitas vezes, no próprio centro da cidade (o que pode ser observado no destaque de Áreas Verdes). Áreas que permanecem imutáveis há uma ou duas décadas, e que tem o potencial de se tornar um elemento de integração e maior vida, dentro da cidade, mas que são ignorados. Pensava em um local que fosse a confluência de diferentes populações, modos de vida, loteamentos, ao qual uma intervenção projetual pudesse tentar conferir maior integração. Tanto por funções, quanto pelo próprio espaço criado, a ser usado como ponte física e conceitual entre essas diferentes historicidades.

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intervenção A área escolhida, preza justamente desses potenciais.

área

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Esquema mais aproximado, da área de intervenção. Na região inferior, retratados a rodoviária e o teatro estadual.

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Localizada na linha forte do centro, mas em uma área mais esquecida, minha Área de Intevernção está cercada por pelo menos três formações urbanas diferentes. Uma delas deságua na área através do viaduto que cruza a rodovia Anhanguera, outra encontra-se separada pelo relevo e fechada pela vegetação e arquitetura. Trata-se de uma área cercada por serviços, habitação, escolas, um potencial forte comércio, edificações públicas, e que encontra-se atualmente como um problema de trânsito e segurança. Enormes áreas com potencial de servir aos pedestres e às populações residente e vizinhas, mas que estão ilhadas pelo sistema viário. Ao invés de se unificarem por ele, e por sua própria configuração de piso e outros cerceamentos.

Após a definição completa do que seria a área de intervenção após a banca de TGI I, separei á área em outras três grandes áreas de atuação.

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áreas i e ii As duas primeiras áreas, tratam-se de áreas onde uma praça linear - isolada por uma avenida e cortada em vários pontos pelo sistema viário, bem como tendo a maior parte de sua área isolada da passagem e uso - é cercada por um corredor de serviços e comércio. A Secretaria da Educação, escola de inglês, escritórios, lojas de construção e decoração, restaurantes, bares, antigos hotéis, pequenas pousadas. E ladeada de um lado pela escola privada mais tradicional da cidade (que inclui educação desde o maternal até o colegial), e um Parque Infantil público, ambos cerrados em si mesmos. Sem alternativas de estar, ou aproveitamento, uma vez fora de seus terrenos cercados. E do outro lado, por uma complicação de vias que pode apenas ser classificada como um grande problema viário e de acesso. Sendo essa área problemática, justamente a área de acesso, transição, para á última área projetual. E a maior área resultante, em relação à primeira.

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Tomando a primeira área, minha primeira decisão - que permearia o projeto como um todo - foi a de priorizar o pedestre. Mesmo quando ainda não sabia exatamente como resolveria o problema viário, o que veio depois, já sabia que as áreas que estaria criando (apesar de não afastar os automóveis e continuar a vê-los como forma importante de integração), não lhes daria prioridade de forma alguma. Sabia que desjava criar espaços onde a prioridade do pedestre representasse o compartilhamento dessas áreas entre o pedestre e os veículos.

Por isso, para resolver o problema das múltiplas vias que se encontravam, tomando tamém como referência o texto de Camillo Sitte “Limitations of Modern City Planning”, procurei diminuir o número de vias que se encontravam. Após orientação e observação do local, percebi que havia pouca utilidade para o quarteirão de mão dupla que separava o Parque Infantil da área das praças. Seu movimento Norte-Sul ocorria principalmente para o acesso do viaduto, três quadras à frente, e seu movimento Sul-Norte, ocorria em raríssimas ocasiões, podendo ser perfeitamente alcançado por vias paralelas anteriores ou posteriores àquela.

Em relação aos cruzamentos que cortavam a praça em dois, não vi a necessidade de fechá-los, mas também não fazia o menor sentido cortar a passagem do pedestre para abrir espaço para o viário. Uma vez que o movimento nesses cruzamentos era extremamente baixo. Finalmente, em relação a área mais à direita, decidi empurrar o cruzamento de vias por um quarteirão, expandindo a área de intervenção e resolvendo o problema viário sem que houvesse a necessidade de manter a rotatória e mais outros três elementos para guiar o trânsito. A via Leste-Oeste foi fechada, e seu movimento transferido para a rua paralela Norte, de mesma direção de fluxo, acima.

Uma vez definidas as áreas destinadas a pedestres, automóveis, ou aquelas que seriam compartilhadas por ambos, conceitre-me nas possíveis diretrizes de usos. Já sabia que desjava que essa área fosse uma área mais destinada a um estar seco, e com características mais fortes de calçadão, que atendesse ao comércio e serviços a que estaria integrada. Apesar da alteração posterior do desenho, dividindo esse espaço de calçadão entre os dois lados da via e passando-a pelo meio; ainda é possível ver facilmente, nas representações seguintes, como fechei as áreas entre a área iii e a anterior praça linear.

Designei nesse novo local criado, um espaço lúdico, com recreações projetadas, completamente integrada à calçada e ao entorno. Tendo sua relevância no fato de que o único real equipamento infantil público, de boas condições, da cidade está localizado no Lago Municipal, e também na expansão da conexão com o Parque Infantil e a Escola, criando um grande setor visualmente e de uso mais lúdico.

Na área mais central da intervenção, procurei criar a sensação de lugar em diferentes espaços, principalmente com o desenho projetado de piso e sua construção com o novo mobiliário. Trazendo sempre o conceito anterior da praça linear existente - com os canteiros centrais cercados que eram símbolo de isolamento - e reconstruindo-o como símbolo de integração. Onde grama e piso se intercalam, com a presença de gramados não cerceados e não destinados apenas à arborização mesclando-se ao piso seco, e trazendo a arborização também para os caminhos não/semi permeáveis, rompendo com essas separações. O mobiliário presente que é monótono, colocado ao acaso e separatista, foi redesenhado para estruturar os espaços e alargar seu uso para além do individual.

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Na área mais a Oeste, a função estar foi mais rareada, oferecendo maior liberdade de uso à uma grande área onde usos podem ser estabelecidos pela própria população que virá a se utilizar do espaço. Desde uma área para eventos culturais, quanto comerciais e/ou educacionais, que possa agir como um elemento integrador forte desses diferentes setores urbanos, ainda conservando seu potencial como área de lazer e estar, entre os eventos.

Nessas áreas como todo, procurei duas linhas fortes de orientação. Uma Leste-Oeste que se alinhasse com a direção do centro da cidade e o viaduto de ligação com seus outros bairros. E uma Nordeste-Sudeste, que se representa com um forte símbolo visual, que guiasse o transeunte em direção à terceira e final grande área projetual da intervenção.

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No esquema, é possível ver o mal aproveitamento da extensa área da praça linear, que acaba sendo limitada e cerceada pela seu desenho e piso. Uma área que chega a ter quase 35 metros transversais (incluindo as duas vias, calçadas e praça) na área i e de 50 à 75 metros na área ii. E que é cercada por comércios e serviços, como demonstrado nos panoramas.

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área iii A terceira área, trata-se de uma área que é hoje ocupada majoritariamente por grandes galpões de auto-peças, e três casas de aparência abandonada, de um lado, e a rodovia do outro (embora a área se eleve acima dela). Ela representa uma área de resíduo urbano, que poderia ser muito melhor aproveitada. Uma área de transição entre a área mais plana da cidade e o vale de um de seus rios.

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Na terceira, e final, grande área de intervenção, optei pela retirada dos galpões de autopeças - tomando, também em consideração que há vários outros na mesma região -, e das três casas, já que a própria condição delas não é muito desejável. Olhando por sobre a estrada, sem qualquer tipo de proteção, seja acústica ou visual, contra ela ou mesmo contra as correntes de vento provocadas pelo formato de corredor de sua via abandonada e estreita. Removendo assim, metade do quarteirão que a margeia e aumentando consideravelmente seu espaço.

Nessa nova área expandida, optei por construir uma área de estar e lazer com maior presença da vegetação e de grandes gramados livres. Tanto por ser uma área mais separada do sistema viário, e, portanto, mais ideal ao lazer menos contido - como esportes, área de exercícios, etc. Quanto para poder usar essa vegetação como elemento de proteção contra as problemáticas mencionadas, e como elemento seletivo e de enquadramento das vistas. Da mesma forma, pensei na utilização de elementos-estar que estivessem voltados para essa tarefa mais contemplativa, trabalhando-os em conjunto.

Essa área mais ampla, foi estabelecida para primariamente servir a população do bairro onde se instala, e a população que frequentemente atravessa o viaduto. Seja para caminhar, andar seus animais de estimação, ou, os mais jovens, indo e voltando de escolas mais ao centro. Já que outros espaços públicos próximos da região são todos espaços em configuração de praças contidas.

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Desenhos área três, região superior.

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Apresentação de desenhos de projeto, detalhamentos e estudos para cada área, seus espaços e componentes. Escalas em 1:1000, 1:500, 1:200, e 1:20, sucessivamente.

*prancha da planta geral anexada ao fundo do caderno impresso

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Exerto da Área I. Demonstração mais próxima dos nichos e espaços desenhados para refletir a configuração do seu entorno. Como no caso do átrio que se abre em frente à Secretaria da Educação pontuado pelas três árvores. Ou nos bancos altamente enlongados em frente a restaurantes no lado oposto. E mostra da presença da vaga para carros.

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Detalhamento Marquise, Área de 216 m ², telha termoacústica com placa superior e inferior de galvalume pintado, e interior de polieturano + manta de alumínio. Estrutura em aço. Trê Vigas principais a cada módulo de 6,00 m de vão. Terças a cada 2 metros. E pilares-pétala com 4 seções a cada 5,00 m. Três contraventamentos por módulo transversal. Linguagem formal em sintonia com a Área Infantil detalhada mais a frente, bem como código de cores.

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Exerto da Área II. Demonstração da linguagem que percorre todo o projeto em que banco, piso e vegetação se unem para criar os desenhos projetuais, integrando-se e se confundindo. Demonstração da linha de força visual e de desnível que leva da Área II em relação à Área III. E também da relação das Áreas B e C, quando vista da última.

Durante o projeto, a cor amarela representa coberturas metálicas não-estruturais, enquanto que o azul fala de estrutura, e o vermelho de lúdico e lazer.

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Nessa área mais central, há a presença de uma espécie de átrio livre, que se constroe com o fundo da Igreja, pré-existente, uma opção para integração do parque com o seu terreno, e oferta de um espaço para seu uso. Na região mais inferior, que desce em direção da estrada, há a construção de uma elevação do terreno, como um morro estreito e longo, que tem a intenção de ser proteção acústica e visual dessa região mais exposta. E que se opõe a uma área de jardins de vegetação rasteira e flores, e que suporta um grande enconsto de madeira voltado para ela.

Exerto da Área III. A Área III se estabelece com um foco maior em esportes na região mais alta, sendo que a grande escadaria-arquibancada serve tanto para visão da quadra, quanto para a visão de todo o parque e da cidade que o cerca. Ela é cortada mais abaixo pelo deque, estar e mirante, cercado por amplos gramados livres. E do lado Leste, mais protegido, uma área margeado por espaços contemplativos e de interação com a água na forma de espelhos d’água, e uma fonte no chão (sprinklers), com a presença mais forte de arborização.

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Detalhamento Espaço Lúdico, anterior à área A, que ladeia o Parque Infantil Público, como indicado no exerto 1:2000 da planta geral à direita. Uma fita feita de partes de concreto pré-moldado “costura” o chão, elevando-se e afundando-se ao longo de sua extensão. As peças tem alturas de 0,50, 1,0 e 1,50 metros. Área de 216 m ², Peça central, de maior extensão, sustendada por quarto pilares de concreto de seção esbelta. Espaço água, com a presença de sprinklers e pequenos espelhos d’água, com blocos de diferentes níveis para a travessia.Forma de ondas inspirada no desenho das calçadas que conformam todo o centro da cidade de Araras. E a inspiração de seu uso vinda de brincadeiras infantis tradicionais nas esculturas e fontes das praças berço da cidade.

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Mobiliário mais usado nas área I e II

Mobiliário mais usado nas área I e II

Mobiliário mais usado na áreas I e II, versão com encostos alternados para os bancos mais largos. Portando as duas opções.

Mobiliário usado na área III, em frente à fonte. Mobiliário usado na área III, junto ao relevo de proteção.

Mobiliário usado na área III, num local de desnível projetado

Detalhe de iluminação baixa que acompanha os bancos nas áreas de estar por toda a intervenção. A iluminação alta é feita por postes que acompanham as linhas centrais das áreas de projeto, mais alto que as árvores de pequeno porte e mais baixo do que as de médio porte. Na área da Marquise, a iluminação baixa é feita ao redor das bases dos pilares, no chão.

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estudosintervenção

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Estudos anteriores, Área I

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Estudos anteriores, Área II

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Estudos anteriores, Área III

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