lÍngua e literatura na prÁtica escolar
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PRÁTICA EDUCATIVA V - LÍNGUA E LITERATURA NA PRÁTICA ESCOLARSylvia Maria Campos TeixeiraTRANSCRIPT
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PRTICA EDUCATIVA VLNGUA E LITERATURA NA PRTICA ESCOLAR
Sylvia Maria Campos Teixeira
Letras Vernculas . Mdulo 5 . Volume 2
Ilhus, 2013
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Universidade Estadual de Santa Cruz
Reitora
Prof. Adlia Maria Carvalho de Melo Pinheiro
Vice-reitor
Prof. Evandro Sena Freire
Pr-reitor de Graduao
Prof. Elias Lins Guimares
Diretor do Departamento de Letras e Artes
Prof. Samuel Leandro Oliveira de Mattos
Ministrio daEducao
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Ficha Catalogrfica
1 edio | Fevereiro de 2013 | 462 exemplaresCopyright by EAD-UAB/UESC
Projeto Grfico e Diagramao
Joo Luiz Cardeal Craveiro
Capa
Sheylla Toms Silva
Impresso e acabwamentoJM Grfica e Editora
Todos os direitos reservados EAD-UAB/UESCObra desenvolvida para os cursos de Educao a Distncia da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC (Ilhus-BA)
Campus Soane Nazar de Andrade - Rodovia Jorge Amado, Km 16 - CEP 45662-900 - Ilhus-Bahia.www.nead.uesc.br | [email protected] | (73) 3680.5458
Letras Vernculas | Mdulo 5 | Volume 2 - Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar
T266 Teixeira, Sylvia Maria Campos. Prtica educativa V lngua e literatura na prtica esco- lar / Sylvia Maria Campos Teixeira. Ilhus, BA: Editus, 2012. 61p. : il. (Pedagogia - mdulo 5 volume 2 EAD)
ISBN: 978-85-7455-304-7
1.Prtica pedaggica. 2. Anlise do discurso. 3. Inter-disciplinaridade na educao. 4. Estudos culturais. I.Ttulo.
II. Srie.
CDD - 371.3
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EAD . UAB|UESCCoordenao UAB UESC
Prof. Dr. Maridalva de Souza Penteado
Coordenao Adjunta UAB UESC
Prof. Dr. Marta Magda Dornelles
Coordenao do Curso de Licenciatura em Letras Vernculas (EAD)
Prof. Ma. ngela Van Erven Cabala
Elaborao de ContedoProf. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira
Instrucional DesignProf. Ma. Marileide dos Santos de Oliveira
Prof. Ma. Cibele Cristina Barbosa Costa
Prof. Dr. Cludia Celeste Lima Costa Menezes
RevisoProf. Me. Roberto Santos de Carvalho
Coordenao de DesignMe. Saul Edgardo Mendez Sanchez Filho
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SUMRIO
1 UNIDADE - LNGUA E INTERDISCIPLINARIDADE
1INTRODUO................................................................................... 17
2INTERDISCIPLINARIDADE:UMCONCEITOFLUIDO............................... 17
3ANLISEDODISCURSOEESTUDOSCULTURAIS:UMAPROPOSTA
INTERDISCIPLINAR...................................................................... 23
3.1Histria................................................................................. 28
3.2Sociologia............................................................................... 30
4EXEMPLODEUMAAULAINTERDISCIPLINAR......................................... 35
4.1Algumassugestesdeaulasinterdisciplinares............................. 36
ATIVIDADES................................................................................ 37
RESUMINDO................................................................................ 38
REFERNCIAS............................................................................... 38
2 UNIDADE - LITERATURA E INTERDISCIPLINARIDADE
1INTRODUO................................................................................... 47
2OTROPICALISMO............................................................................. 47
3EXEMPLODEUMAAULAINTERDISCIPLINAR......................................... 53
ATIVIDADE................................................................................... 57
RESUMINDO................................................................................. 57
REFERNCIAS............................................................................... 58
LTIMASPALAVRAS....................................................................... 59
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APRESENTAO DA DISCIPLINA
Caro(a) Estudante,
Os Parmetros Curriculares Nacionais (1998), na mensagem ao professor, afirmam ser
necessria a construo de uma nova escola que atenda aos progressos cientficos e aos avanos
tecnolgicos atuais. E elenca entre seus objetivos:
[...]
- utilizar as diferentes linguagens verbal, musical, matemtica, grfica, plstica e
corporal como meio para produzir, expressar e comunicar suas idias, interpretar
e usufruir das produes culturais, em contextos pblicos e privados, atendendo a
diferentes intenes e situaes de comunicao;
- saber utilizar diferentes fontes de informao e recursos tecnolgicos para adquirir
e construir conhecimentos;
- questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolv-los,
utilizando para isso o pensamento lgico, a criatividade, a intuio, a capacidade
de anlise crtica, selecionando procedimentos e verificando sua adequao (PCNS,
1998, p. 7-8).
Mais adiante, quando aborda os temas transversais tica, Pluralidade Cultural, Meio
Ambiente, Sade, Orientao Sexual, Trabalho e Consumo , apresenta como objetivos:
- a possibilidade de poder expressar-se autenticamente sobre questes efetivas;
- a diversidade dos pontos de vista e as formas de enunci-los;
- a convivncia com outras posies ideolgicas, permitindo o exerccio democrtico;
- os domnios lexicais articulados s diversas temticas (PCNS, 1998, p. 40).
neste ponto que podemos pensar em interdisciplinaridade para darmos conta, como
professores, do complexo crescimento, da rapidez das mudanas e do imprevisvel que caracteri-
zam o mundo atual.
Aqui propomos uma discusso que coloque em perspectiva diferentes disciplinas pelo
vis das competncias transversais. Para tanto, faremos uso da Anlise do Discurso e dos Estudos
Culturais, disciplinas, em sua essncia, interdisciplinares.
Bom trabalho!
Sylvia Maria C. Teixeira
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A AUTORA
Prof. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira
Formada em Direito pela Universidade Federal Fluminense.
Bacharel e Licenciada em Letras (Portugus-Francs) pela
Universidade Federal Fluminense (UFF). Especialista em
Literatura Brasileira pela Pontifcia Universidade Catlica
de Minas Gerais (PUC - MG). Mestre em Estudos Lingusticos
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua
nas seguintes reas: Anlise do Discurso, Literatura, Estudos
Culturais e de Gneros, Lngua e Literatura Francesa.
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DISCIPLINA
PRTICA EDUCATIVA V LNGUA E LITERATURA NA PRTICA ESCOLAR
EMENTA
Prof. Ma. Sylvia Maria Campos Teixeira
Abordagem interdisciplinar sobre o ensino de lngua e literatura.
Carga horria: 30 horas
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LNGUA E INTERDISCIPLINARIDADE
1 UNIDADE
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OBJETIVOS
Ao final desta Unidade, o estudante dever:
distinguir os diferentes conceitos: interdisciplinarida-
de, multidisciplinaridade, transdisciplinaridade e com-
petncia transversal;
saber construir pontos de ligao entre duas ou mais
disciplinas, levando em considerao os aspectos
comuns entre elas.
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1 INTRODUO
Nesta Unidade, daremos algumas noes sobre
interdisciplinaridade e apresentaremos uma proposta
interdisciplinar, baseada na Anlise do Discurso e nos
Estudos Culturais.
2 INTERDISCIPLINARIDADE: UM CONCEITO
FLUIDO
FIGURA01Fonte:www.lmg.ulg.ac.be
Segundo Giordan (1992), a diviso de disciplinas
dos programas escolares data do sculo XIX. O ensino tem
dado lugar a um saber fragmentado em detrimento de um
conhecimento global, prejudicando, assim, a compreenso
de um mundo complexo em sua essncia. Entretanto, a partir
de 1950, as cincias evoluram acabando com as fronteiras
disciplinares pela circulao das noes e dos esquemas
cognitivos, somos convidados a um conhecimento em
movimento, global e a gerenciar o inesperado.
Na aprendizagem, hos processos de assi-milaoeacomodaoque fazem parte deuma estrutura chama-da de esquema cogni-tivo.Osesquemassoan-logos s fichas de umarquivo, ou seja, soas estruturas men-tais ou cognitivas pe-las quais os indivdu-os intelectualmenteorganizam o meio.So estruturas que semodificam com o de-senvolvimento mentale que se tornam cadavez mais refinadas medida que a crianatorna-se mais apta ageneralizar os estmu-los.Leia mais sobre o as-suntonosite:
http://penta.ufrgs.br/~marcia/teopiag.htm
saiba mais
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Em 1998, Edgar Morin organizou uma srie de
seminrios, procurando definir o que se deve ensinar na
escola. Ele props a conjuno de conhecimentos, retomando
uma palavra de ordem introduzida nas universidades, desde
1967, na rea das Cincias Humanas interdisciplinaridade.
Edgar Morin umatuante educador efilsofo humanistafrancs. Ele acredi-ta que esse estgiode globalizao quevivemos hoje tevesua origem a partirdo sculo XVI comoavano,mercantil-capitalista, das po-tncias europeiassobreomundo.Nos ltimos anos,
essa expanso de mercados v-se ainda mais potencializadacomasnovastecnologiasde informaoecomunicao.Esseprocessodemundializaotecnoeconmica,mesmoqueaindacontrariadopelasdesigualdadeseconmicasesociais,vemfa-vorecendooutramundializao:adecarterhumanistaede-mocrtico.SegundoMorin,esteoltimoestgiodetotalocupaoedo-mnio domundopelohomem.Etapaqueexige a emergnciadeumanovasociedade:umasociedade-mundo,dotadadeumsistemadecomunicaocomplexo(comoojexistente:avies,telefones,Internet);deumaeconomiamundial(aindadesregu-lamentada);deumacivilizaoextensa(originadadaciviliza-oocidental);edeumaculturaprpria(comsuasmltiplascorrentestransculturais).Essetraocomumdeeconomia,civilizaoeculturajsefazsentirnoplanetanaatualidade,aomesmotempoemqueumasoberania absoluta das naes, contraditoriamente emancipa-doraseopressivas,dificultaoprocessodacriaodeumacon-federaoplanetria,emfavordeumacidadaniaterrestre.MorincitaalgunsmovimentoscivisprecursorescomoaAsso-ciaoInternacionaldosCidadosdoMundo;asassociaesdeMdicossemFronteiras;aAnistiaInternacional;oGreenpeace;oSurvivalInternational,almdeoutrasinmerasorganizaesinternacionais e outros tantos encontros com debates que sededicamaosproblemascomunsdahumanidade.Todososem-briesdeumaconscinciadequesomoscidadosdaterra.Morinreforaanecessidadeumapolticamundialparaacon-sagraodoprocessodeumasociedade-mundoconfederativa,comumapolticacapazdecombaterasinjustiaseasdenega-es.Talvezsejaessaasntesedoseupensamentomaispol-mico.Elemesmoadvertequantosrelaesideolgicasentreasnaes:asresistnciasdospovosoprimidossoqualificadasdeterrorismopelosseusopressores(...)Piorainda:apalavra
FIGURA02-EdgarMorin
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terrorismocamuflaosterrorismosdeestadoquepraticamumarepressocegacontrapopulaescivis(citandoocasoespe-cficodeIsrael).Ofilsofoentopropeumaaopolticadehumanidadeedecivilidadeemescalaplanetria,aqualchamoudeantropolti-ca.Deimediato,comeandopordescontruirailusocompor-tadanotermodesenvolvimento,queelechamademitot-picodosociocentrismoocidental,locomotivaeinstrumentodecolonizao.Mesmoaquelesdecoradoscomseusadjetivismos:desenvolvimentodurvel;quedisfaraeadiaanecessidadedemudanasfundamentais,estas,subjugadaspelailusonaesperanaqueotermoincita;sustentvelquedisfaraosfinsdemolitcosqueimpeporforacomostemperosdocontextoecolgico;ouhumanoqueapresentaumahumanidadecom-petitiva,individualista,vaziadecontedo.Odesenvolvimentoocidentalignoraasqualidadesdevida,osofrimento,aalegria,oamor.Sconsideraaquiloquemen-survelpelosindicadoresdecrescimentoderendamonetria.O filsofo prope aes humanitrias mundializadas, aexemplo de servio cvico planetrio ao invs de ser-vio militar em favor daqueles despossudos, impoten-tes diante do desprezo, da ignorncia, dos golpes de sorte.Suscita, ainda,uma integraodosaportes fundamentaisdoOriente eOcidente, no s para salvaguardar e controlar osbensnaturaisdoplaneta,mastambmemproldeumame-lhorqualidadedevidaparatodososhabitantesdanaveme.Sugereatrocadosmotoresobsoletosqueimpulsamoplaneta(cincia-tcnica-industria-capitalismo/lucro), que devem sersubstitudos pelos consrcios, associaes, cooperativas, tro-casdeservios.ParatantoumagovernanasetornanecessriaeMorinacre-ditanapossibilidadedeumcivismoplanetrio,amplificadodasnaesunidas,envolvendo,democraticamente,asptrias.Re-conhecequeaprpriahumanidadeumobstculo,sobretudopor conta da imaturidade dos Estados-naes, dos espritos,dasconscinciasqueresistemimbudasnocontextoideolgico,nacionalista,tnicooureligiosodesuasparticularidades.Aqui,tantoosindividualismosdassociedadesocidentaisquan-tooscomunitarismosde todaparte, favorecemomalda in-compreensohumana.Mastambmalertaparaoperigoqueexiste na possibilidade de que esta sociedade-mundo venhaassumir uma forma de imprio-mundo nesse longo caminhopossvelparaumacidadaniaplanetria.Diantedasduasviasquenosapresentamparaareformadahumanidade - a via interior, daalma,das compaixesquejamaislivraramoshomensdosmaisbrbarosacontecimentoseaviaexterior,dasinstituiesquecontinuamenteserefor-mamsemperdersuascaractersticasdedominaoexplorado-ra;ouainda,diantedoprogressotecnocientficoemancipadorilimitadoparaobem,assimcomoparaadestruioetodomal-exortarosespritosparaagrandereformadacompreensohumanasetornaocaminhonecessrio.Precisamosrenovarnossasatuaesnodiaadia,viv-lacomsabedoria,commaisprazer,commaissolidariedade.Paraco-mear,umareformaradicalnosistemadeensinofundamen-tal exigindo umametamorfose totalmente inconcebvel,masnoimpossvel.Humprincpiodeesperana,desucessodo
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improvvelemtodooserhumano,trata-se,agora,decomosaber estimul-los nestemomento preciso que se torna tocrucialenobre,humanizar-se.
Bibliografia: MORAES, Denis (Org.) Por uma outra comunicao. Mdia, mundializa-o cultural e poder. 3. ed. So Paulo: Record, 2005.
Fonte: http://profmascarenhas.blogspot.com.br/2011/04/por-uma-outra-mundializacao-edgar-morin.html
Principais obras:
As Estrelas: Mito e Seduo no Cinema (1989).
O cinema ou o homem imaginrio (1997).
Um Ano Ssifo: Dirio de um Fim de Sculo (1998).
Os sete saberes necessrios educao do futuro (2000).
A cabea bem feita: repensar a reforma, reformar o
pensamento (2000).
O Mtodo 2 - A Vida da Vida (2001).
O Mtodo 3 - O Conhecimento do Conhecimento
(2002).
O Mtodo 4 - As idias: habitat, vida, costumes,
organizao (2002).
O Mtodo 5 - A humanidade da humanidade: a
identidade humana (2003).
Mtodo I - A Natureza da Natureza (2003).
Educar para a era planetria (2003).
O Mtodo VI - A tica (2005).
Assim, procurar saber o que interdisciplinaridade
questionar os liames que podem existir entre duas ou mais
disciplinas. necessrio primeiro se definir o que se entende
por disciplina. Segundo Charaudeau (2010),
Uma disciplina constituda por certo nmero de princpios fundadores, de hipteses gerais, de conceitos que determinam um campo de estudo e
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permitem ao mesmo tempo construir o fenmeno em objeto de anlise. Constitui-se assim um quadro conceptual, e no interior deste quadro que podem ser construdas diversas teorias, como proposio de uma certeza sistmica em torno de algumas categorias.
Entretanto o que acontece quando h duas ou mais
disciplinas com seu quadro conceptual bem construdo? A
questo de fronteiras disciplinares muito fluida, e nesta
zona de fluidez que o contato entre diferentes disciplinas
pode acontecer e novas disciplinas podem surgir. o caso
da Anlise do Discurso e dos Estudos Culturais. Voc j
estudou estas duas disciplinas, mas vamos falar sobre elas
um pouco mais adiante.
Antes de continuarmos, vamos ver alguns termos
que, s vezes, causam confuso: pluridisciplinaridade,
transdisciplinaridade e competncia transversal. Tomaremos
como base os conceitos desenvolvidos por Legendre (1993)
e Fourez (1997), expostos no Quadro 01.
QUADRO 01
Pluridisciplinaridade
o encontro em torno de um tema comum entre pesquisadores,
professores de disciplinas distintas, mas cada uma conserva a
especificidade de seus conceitos e mtodos. Trata-se de aproximaes
paralelas procurando um fim comum pela soma das contribuies
especficas. No quadro de um desenvolvimento tecnolgico, diferentes
disciplinas podem colaborar para tratar de um subproblema.
Transdisciplinaridade designa um saber que percorre diversas cincias sem se preocupar
com as fronteiras entre elas.
Competncia Transversalcorresponde a uma atividade, um mecanismo mental, um savoir-faire
suposto, acionado em diversas reas do saber.
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Um exemplo recente de pluridisciplinaridade
o combate ao cncer que, alm de envolver a medicina, h
tambm o ponto de vista de psicanalistas, filsofos, religiosos,
socilogos. Em relao interdisciplinaridade, podemos
citar a obra de Foucault, na qual o autor faz a arqueologia do
saber, isto , no procura reconstituir um passado remoto,
mas inquirir o que caracteriza a sociedade ocidental, desde
as vrias configuraes dos saberes s manifestaes tidas
como marginais (loucura, doena, priso, sexo). Quanto
competncia transversal, implica questes como: capacidade
de sntese oral ou escrita, inteligncia emocional, noes de
gesto e planejamento etc.
Retornando interdisciplinaridade...
DHainaut (1986) nos apresenta quatro modelos
de interdisciplinaridade:
yy Interdisciplinaridade de disciplinas vizinhas duas reas de saber esto to prximas que uma zona de
imbricamento, onde mtodos e conceitos podem
intervir nesta zona.
yy Interdisciplinaridade de problemas s vezes, alguns problemas no podem ser resolvidos por uma s
disciplina, mas com a colaborao de outras.
yy Interdisciplinaridade de mtodos mtodos prprios de uma disciplina podem tambm ser aplicados em
outras disciplinas.
yy Interdisciplinaridade de conceitos conceitos elaborados no interior de uma disciplina podem ser
aplicados em outras disciplinas.
Contribuioparaumvocabulriosobreinterdisciplinaridade.Seleco e organizao de Olga Pombo. Disponvel em:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/mathesis/vocabulario-interd.pdf
leitura recomendada
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Pelo que estudamos at aqui, podemos concluir que
o conhecimento pelo conhecimento no mais cabvel hoje.
Uma perspectiva integrante do homem necessria desde o
momento em que ele est exposto a uma quantidade enorme
de informaes qual o sujeito deve poder compreender,
avaliar e se utilizar na construo de seus quadros de
referncia e em sua participao na vida sociopoltica.
No prximo tpico, apresento um estudo
interdisciplinar, baseado na Anlise do Discurso.
3 ANLISE DO DISCURSO E ESTUDOS
CULTURAIS: UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR
Sem dvida o objeto da aula de Lngua Portuguesa
a compreenso e a produo de discursos. O aluno
deve adquirir habilidades, escritas e orais, de produo de
diferentes gneros de texto (TEIXEIRA, 2000).
Parafacilitarascoisaseanossavida,deacordocomMarcuschi(2002),podemosclassificarosgnerostextuaisem:
Cientfico:resenha,relatrio,resumo,monografia,dissertao,teseetc.
Jornalstico: editoriais, notcias, reportagens, artigos deopinio,entrevistasetc.
Instrucional: receitas,manuaisde instruo, regrasde jogo,formulriosetc.
Jurdico:contratos,peties,requerimentos,atestadosetc.
Publicitrio:anncios,propagandas,avisosetc.
Lazer: histria em quadrinhos, palavras cruzadas, charges,piadas,adivinhasetc.
Ficcional: romances, contos, crnicas, poemas, histria emquadrinhosetc.
Interpessoal: cartas, convites, cartasdo leitor, cartas abertaetc.
para conhecer
Para que ns, professores, atinjamos este objetivo
preciso que exponhamos o aluno a situaes reais para o
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desenvolvimento de suas habilidades linguageiras. Como
afirma Charaudeau (2010), o estudo dos fenmenos sociais
permite ver como as disciplinas sociais e humanas encaram
cada objeto. Para uma interpretao de um texto temos
de recorrer a outras disciplinas. Mais adiante, Charaudeau
(2010) distingue dois tipos de interpretao: interna e
externa.
yy Interpretao interna consiste em mostrar como (e no por que) funciona o fenmeno estudado se
relaciona com as diferentes partes que compem os
resultados de uma anlise. Ele a considera mais uma
explicao que uma anlise.
yy Interpretao externa os resultados so confrontados com os de outras disciplinas.
Para ele, fazer anlise do discurso didtico, histrico,
literrio etc. no interdisciplinaridade, porque cada
discurso vai manter suas especificidades. Da a proposta de
uma interpretao dialgica, isto , uma anlise discursiva
(memria discursiva), pelo estudo da mdia que, para
darmos conta do imaginrio coletivo, precisamos recorrer
a outras disciplinas: tica, Histria, Filosofia, Sociologia,
entre outras.
aqui que vo entrar os Estudos Culturais!
A dcada de 50 assistiu, na Inglaterra, na esteira
do desconstrucionismo francs, ao advento dos Estudos
Culturais, voltados, primeiramente, para os problemas
da sociedade e da linguagem, e passam, depois, para uma
reflexo centrada sobre o vnculo [sociolgico] cultura-
nao para uma abordagem da cultura dos grupos sociais
(MATTELART; NEVEU, 2004, p. 13-14). A partir de 1980,
os Estudos Culturais abarcaram as questes culturais ligadas
ao gnero, etnicidade e s prticas de consumo. Tais estudos
rompem, assim, com as noes de sacralidade da arte e com
Fiz uma traduo livredo texto do ProfessorCharaudeau, por issoeviteiosaspeamentos.
ateno
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a diferenciao entre alta e baixa literatura, pois os Estudos
Culturais passaram a privilegiar a interdisciplinaridade
(como a AD) e seu corpus deixa de ser apenas a Literatura.
Stuart Hall (2003) um dos tericos que vem
contribuindo para o debate sobre a relevncia da mdia como
matriz organizadora em torno das identidades culturais,
enfatizando que a realidade uma construo discursiva,
que as interpretaes so subjetivas e os valores relativos,
relacionando os pilares do paradigma multicultural com
o deslocamento das questes identitrias para a esfera
miditica. No foi, portanto, simplesmente uma inverso
de modelo, mas um chamamento do que estava margem,
incrementando a poltica da diferena, da valorao das
minorias e das prticas culturais marginais.
Stuart Hall nasceu em Kingston, naJamaica,em1932.FoiparaaInglaterraem 1951, onde lecionou em diversasuniversidades.
Considera que ser migrante acondio arquetpica da modernidadetardia. Escreve a partir da disporaps-colonial,deumengajamentocomo marxismo e com tericos culturaiscontemporneos, e de uma viso decultura impregnada pelos meios decomunicao.Suaobradelicadaem
sua empatia com interlocutores tericos e atores na cenaculturaleincisivaemsuaafirmaodaimportnciasocialdepensar,paradeslocarasdisposiesdopoderedemocratiz-las.OpensamentodeHallpassaporconvicesdemocrticasepelaaguadaobservaodacenaculturalcontempornea.
Fonte:www.travessa.com.br/Stuart_Hall/.../374CACEF-DB19-49F2-990D
Principaisobras:
Culture,Media,Language(1980). Aidentidadeculturalnaps-modernidade(1998). DaDispora(2003).
- Leia uma entrevista de Stuart Hall, disponvel em http://www.heloisabuarquedehollanda.com.br/?p=719- No site http://pt.shvoong.com/authors/stuart-hall/, vocencontraresumosecrticasda/sobreaobradeStuartHall.
para conhecer
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Por que, pela mdia, podemos acessar o imaginrio
coletivo? Ora, as produes culturais de massa rdio,
televiso, jornal, revista, cinema, histria em quadrinhos,
romance popular so uma fonte para a disseminao
das ideologias que perpassam os discursos, uma vez que
manifestam e transmitem correntes de pensamento e
conceitos que circulam pela sociedade, fazendo parte de
sua tessitura; assegurando a sua continuidade na memria
coletiva (HALBWASCH, 1990); e, igualmente, deixando
pistas da poca e das relaes sociais nas quais surgiram.
Mais do que instncias de representao, a mdia
vai se constituindo, de forma crescente, nos lugares onde
se elaboram e se difundem os discursos, os valores e as
identidades. Os mass media so, assim, entendidos como um
sistema simblico, pleno de significaes, e seus produtos
como produes simblicas (MAINGUENEAU, 2001).
Podemos saber muito sobre uma sociedade se levarmos
em considerao, de um lado, os dispositivos discursivos
Voc est lembrado(a) da memria discursiva que
estudamos no mdulo: Prtica Educativa III - anlise e produo de
discurso na prtica escolar? D uma olhada para relembrar!
B
A
AyA = pr-construdo (interdiscurso).AyB = parfrase (intradiscurso).
para lembrar
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Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar
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de textos da mdia e, de outro, quais so, como circulam
os discursos, o que significam, e como nos introduzem
no imaginrio de nosso tempo, para sermos sujeitos
(FOUCAULT, 1971). Portanto, analisar a mdia hoje
uma necessidade fundamental (POSSENTI, 2007, p. 13).
E nas palavras de Hall (1997),[...] a cultura agora um dos elementos mais dinmicos e mais imprevisveis da mudana histrica do novo milnio. No devemos nos surpreender, ento, que as lutas pelo poder deixem de ter uma forma simplesmente fsica e compulsiva para serem cada vez mais simblicas e discursivas, e que o poder em si assuma, progressivamente, a forma de uma poltica cultural (p. 20).
Antes de qualquer coisa temos de pensar o que pode
despertar o interesse de uma turma dentre os discursos
miditicos, pois trabalhamos com um universo complexo:
nossos alunos pertencem a camadas socioculturais diferentes.
Mas de uma coisa podemos ter certeza: todos gostam
de filmes de aventura, de comdias romnticas, das histrias
em quadrinhos, de assistir desenhos animados. H uma
projeo do eu de cada um em relao ao heri e ou herona.
Uma imagem emblemtica da nossa sociedade
contempornea a figura do Super-Homem.
Voc deve estar se perguntando: por que o Super-
Homem?
Porque a ideia de super-homem uma noo
recorrente em nossa sociedade e explorada em diversas
pocas, desde a Grcia com o ideal de perfeio fsica e moral
at a atualidade como uma das representaes do homem de
verdade; ou seja, daquele que detm o poder e a fora na
sociedade (NOLASCO, 2001).
Super-Homem, primeiro super-heri da literatura
em quadrinho do sculo XX, foi criado por dois estudantes
norte-americanos, Jerry Siegel e Joe Shuster, em 1938. Sua
Voc pode ler sobre oSuper-Homem no site:http://www.tvsinopse.kin-ghost.net/art/s/super1.htm.Deacordocomosite,
Super-Homem tornou-seum dos cones da culturapop ocidental com maisde 11 ttulos peridicosde quadrinhos diferen-tes nos Estados Unidos;e, tambm, em diversasoutras partes do mundo,transformou-se em 5 fa-mososfilmes,2sriesparao cinema, 5 sries para atelevisoe6sriesdede-senhosanimados,almdeprogramas de rdio, mu-sicais e uma quantidadeenorme de produtos quevo de brinquedos a ali-mentos.
FIGURA04Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/
Superman
Mdulo 5 I Volume 2 27UESC
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influncia expandiu-se para o rdio, a televiso e o cinema, e, a
partir dele, surgiram diferentes super-heris: Batman (1939),
Capito Marvel (1939), Super-Mouse (1942), Homem-
Aranha (1962), entre outros. So representaes de um ideal
de virilidade, que combina elementos de fico cientfica e
atributos de deuses e semideuses gregos Zeus, Apolo,
Hrcules, Teseu, Prometeu, caro.
Do ponto de vista mitolgico, os deuses e semideuses
representam predisposies poderosas que procuravam ditar
o comportamento e moldar a personalidade dos indivduos
(BOLAN, 2002). Cada um deles sintetiza um atributo,
correspondendo a uma imagem ou realidade, que serve de
signo distintivo a um personagem, uma coletividade, um
ser moral (...) (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1993, p.
XVI). E so certos aspectos dos deuses e semideuses que
inspiraram a construo identitria do Super-Homem, pois
ele tem a liderana positiva de Zeus, a clareza de pensamento
de Apolo, a fora combativa de Hrcules e Teseu, a abnegao
de Prometeu e a capacidade de voar de caro.
Alm disso, historicamente, a sociedade ocidental tem
sido dominada pelo princpio da competio e do poder na
busca de um ideal de virilidade: amor humanidade, amor
ptria, senso de justia, honestidade, coragem, audcia, sangue
frio (MOSSE, 1997). Junto a essa perfeio moral, devemos
alcanar a perfeio fsica, pois uma leva outra e vice-versa.
Agora vamos trabalhar interdisciplinarmente com o
conceito de heri. Voc pode construir pontes com diversas
disciplinas: Histria, Sociologia e muitas outras. Essas duas
bastam! Pode virar uma salada de frutas!
3.1 Histria
Primeiro converse com o/a professor/a de Histria.
Vamos torcer para que o assunto seja sobre a Segunda Guerra
Mundial.
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ASegundaGuerraMundialiniciouemsetembrode1938,quandoHitlerinvadiuaPolnia.Ainvasosedeu,porque,peloTratadodeVersailles(1919),aPolniaficoucomoportodeDantzig,eeradointeressedaAlemanhaqueestefosseincorporadoaseuterritrio.
Depois voc apresenta o Super-Homem turma. Alis,
no precisa de muitas apresentaes... Todos o conhecem!
Como j foi dito, o Super-Homem foi criado em 1938,
em pleno clima de guerra. Tal clima favoreceu a projeo da
nao sobre um ideal de poderio militar. Uma evidncia desse
aspecto a transposio da iconicidade das cores da bandeira
norte-americana para o uniforme de Super-Homem.
FIGURA05Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial
saiba mais
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Pases em guerra:
Aliados: China, Frana, Gr-Bretanha, Estados Unidos, UnioSovitica,Brasil.Potncias do Eixo: Alemanha, Japo e Itlia; mais tarde:Romnia,HungriaeBulgria.
Nos primeiros anos da guerra, as potncias do Eixo estavamvencendo. A Alemanha invadiu e tomou: Blgica, Noruega,Dinamarca,Holanda.Em1940,aFranaserendeue,emseguida,aGrcia,aRomniaeaIugoslvia.Em 1941, o Japo atacou Pearl Harbor e, logo depois, HitlerdeclarouguerraaosEUA.AentradadosEUAnoconflitomelhorouasituaodosaliados,devidoaseupoderioblico.OfinaldaguerracomeouquandoHitlerinvadiuaRssiaesofreuagrandederrotadeStalingrado,em1943.Em1944,osAliadosretomaramaNormandiaelibertaramParis.Noanoseguinte,aAlemanhaserendeu,acabandocomaguerranaEuropa.EntretantoalutacontinuavanoPacficoenasiacontraoJapoesveioaterminar,quandoosEstadosUnidoslanaramabombaatmicaemHiroshima,em6deagostode1945,etrsdiasdepoisemNagasaki.Com o fim da guerra, os Estados Unidos se tornaram amaiorpotnciamundial,seguidospelaUnioSovitica.
Fonte:http://www.infoescola.com/historia/segunda-guerra-mundial/
3.2 Sociologia
Em termos gerais, a Sociologia tem como objeto
de estudo os fenmenos sociais, as diferentes formas de
constituio das sociedades e suas culturas.
Nas ltimas dcadas, a sociedade espetacularizada tem
como caractersticas as aceleradas mutao e multiplicao
de super-heris, onde (...) o heri positivo deve encarnar,
[...] as exigncias de poder que o cidado comum nutre e
no pode satisfazer (ECO, 2004, p. 247). No so apenas
reflexos da ideologia, mas desgnios de uma indstria
sobre todas as outras e sobre todos os povos: a sociedade de
espetculo (BUCCI; KHEL, 2004, p. 22-23). Prova disso
sua apropriao pela televiso e pelo cinema atuais que
organizam e atualizam a sua epopeia (CANCLINI, 1999).
A apropriao da imagem do Super-Homem e suas
variantes por outras representaes da indstria cultural,
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como discursos ideolgicos, representam, assim, mais uma
manifestao de alguns valores na contemporaneidade.
Quando falamos em variantes, -nos possvel pensar
em outros heris que fazem parte da nossa memria. So os
novos super-heris que surgem de reas distintas e diversas
e aparecem como paradigmas de fora, vitria e sucesso. O
cinema trabalha, h muito, com o eterno heri cowboy norte-
americano interpretado por John Wayne, ou o superespio
ingls James Bond. Por sua vez, o esporte traz sua constelao
de heris: no futebol, Pel, Ronaldinho Gacho, Ronaldinho
(o Fenmeno), Beckman, Cac; no basquete, Oscar; no
automobilismo, Senna. Alguns tm fama e sucesso efmeros,
quando deixam de estar em primeiro plano na mdia; outros
fazem parte do panteo dos eternos heris (John Wayne,
James Bond, Pel, Senna).
Aqui vamos estudar outro personagem miditico:
James Bond.
James Bond, criado por Ian Fleming, teve sua primeira
apario no livro Cassino Royale, em 1953, em pleno perodo
da Guerra Fria.
James Bond descrito como um homem alto, moreno,
atltico, sedutor, entre 33 e 40 anos, mestre em artes marciais,
exmio atirador, com licena para matar. Ele representa o
superespio, a servio de Sua Majestade, combatendo o mal
pelo mundo com muito charme e cercado de belas mulheres.
Quem no se espelha em tal personagem? Todos ns!
No estou certa?
Mas no isto que interessa! O nosso fulcro est nas
diversas mudanas pelas quais o personagem passou desde
sua criao. O personagem James Bond nasceu durante
a Guerra Fria, mas, com o decorrer dos anos, foi ganhando
novas caractersticas de acordo com as mudanas da ordem
mundial. Pois como afirma Marny,
A tendncia que se verifica na maior parte dos casos para um alinhamento segundo as normas sociais. No princpio duma srie, o heri o homem
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marginal, o franco-atirador da ordem e da justia. Mas h um dado momento em que colabora com as foras da ordem organizadas, tais como o exrcito e a polcia do seu pas. Foi o que aconteceu com Tarzan, Flash Gordon, Superman, Terry, o Fantasma e muitos outros. Contudo, temos de ter em conta que esta colaborao episdica foi devida, na maior parte das vezes, as (sic) circunstncias histricas, concretamente a (sic) ltima guerra mundial: o heri mobilizou-se espontaneamente, visto que a luta contra as foras do mal requeria a unio sagrada (MARNY, 1970, p. 128).
So cinquenta anos, cerca de 20 filmes, com sucesso
absoluto. Este sucesso se deve, segundo Paz (2006, p. 20),
s temticas que so sempre atuais ao momento histrico
em que so criadas, por outro tornam-se (sic) imortais pela
importncia do fato social tratado. Pelo enredo, voc pode
associar cada filme a um contexto histrico, por exemplo:
yy 007 contra o satnico Dr. No (1962) James Bond enviado Jamaica para investigar o desaparecimento
de um agente britnico. Suas investigaes o levam ao
Dr. No, cientista, que pretende destruir o programa
espacial dos Estados Unidos.
O que acontecia no mundo na poca? Em 1962,
houve a chamada a Crise dos Msseis entre os Estados
Unidos e a Unio Sovitica, envolvendo questes de
armamento nuclear, que quase jogou o mundo numa
terceira guerra mundial.
yy 007 Viva e Deixe Morrer (1973) James Bond enfrenta o traficante de drogas Dr. Kananga.
yy 007 contra o foguete da morte (1979) James Bond impede um manaco de disparar ogivas de veneno
sobre o planeta.
yy 007 contra Octopussy (1983) James Bond acaba com um plano terrorista na Alemanha Oriental.
Voc percebeu que cada filme de James Bond retrata a
preocupao da sociedade, como um todo, em determinado
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momento histrico: Guerra Fria, trfico de drogas,
terrorismo, meio ambiente etc. Bond representa o smbolo
de esperana, transformao, persistncia e determinao
(PAZ, 2006, p. 49), suprindo assim as necessidades do
homem comum (ECO, 2004).
FIGURA8Fonte:www.geoconceicao.blogspot.com
Ao trmino da SegundaGuerra, os EUA eram opasmaisricodomundo,porm eles teriam queenfrentar um rival, ouseja,osegundopasmaisrico domundo: a URSS.TantoosEUA(capitalista)comoaURSS(socialista),tinham ideias contrriaspara a reconstruo doequilbrio mundial, foiento que comeouumagrande rivalidade entreessesdoispases.
Quemeraomelhor?Esse conflito de interesses, que assustou o mundo, ficouconhecido como Guerra Fria. Tanto os EUA criticavam osocialismo quanto a URSS criticava o capitalismo. EuropaOcidental,CanadeJaposealiaramaosEUAenquantoquea Tchecoslovquia, Polnia, Hungria, Iugoslvia, Romnia,Bulgria,Albnia,partedaAlemanhaeaChinaseuniramcomaURSS.
A dcada de 50 e 60 foimarcada pormomentos de tensoe intolerncia, pois os dois sistemas (capitalista e socialista)eramvistosda formamaisnegativapossvel.Osdois pasespossuam armas nucleares; porm, os dois lados estavamcientes que uma guerra naquele momento poderia destruiromundo. Por esta razo tentavam influenciar ahumanidadetomandoomximodecuidadoparanoprovocarumaGuerraNuclearInternacional,comoisso,atensodiminuiu.
AGuerraFriaterminouporcompletocomarunadomundoso-cialista(aURSSestavadestrudaeconomicamentedevidoaosgastoscomarmamentos)ecomaquedadoMurodeBerlimem09denovembrode1989.
Fonte:http://www.infoescola.com/historia/guerra-fria/
Guerra Fria
Os dados sobre os fil-mes foram retiradosdo site www.webcine.com.br/especial/ja-mesbond/jamesbond_filmes.htm
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Nopodemosesquecerdequetemostambmassuper-he-ronas,quecomearamasurgirnadcadade1940,mas foramtomandocorpoapartirde1970,quando houve um recrudesci-mentodosmovimentosfeminis-tas. Elas esto assumindo,juntocomoshomens,oespaono cinema (Julia Roberts,AngelinaJolie,MerylStreep),nosesportes (no vlei: Jacqueline
Silva, AnaMoser, AdrianaBehar; no futebol:Marta daSilva; nojud:SarahMenezes);nateleviso(ReginaDuarte,MaluMader)etc. Hojeelasseencontramnasreasque,antes,eramex-clusividade do homem, comonadireoefundaodegran-des empresas/marcas (CocoChanel) na poltica (DilmaRousseff, Hilary Clinton). Vocpodepensaremmuitosoutrosexemplos! Omovimentofeministapodeser localizadoapartirde1848,naconvenododireitodasmulheresqueocorreuemNewYork(EUA). Os movimentos feministas so, sobretudo, movimentospolticoscujametaconquistaraigualdadededireitosentrehomensemulheres,isto,garantiraparticipaodamulhernasociedadede formaequivalentedoshomens.Almdisso,osmovimentosfeministas somovimentos intelectuais e tericos que procuramdesnaturalizaraideiadequehumadiferenaentreosgneros.Noqueserefereaosseusdireitos,nodevehaverdiferenciaoentreossexos.Noentanto,adiferenciaodosgnerosnaturalizadaempraticamentetodasasculturashumanas.Nadcadade1960,apublicaodolivroOSegundoSexo,deSi-monedeBeauvoir, viria influenciarosmovimentos feministasnamedidaemquemostraqueahierarquizaodossexosumacons-truosocialenoumaquestobiolgica.Ouseja,acondiodamulher na sociedade uma construo da sociedade patriarcal.Assim,a lutadosmovimentos feministas,almdosdireitospelaigualdadededireitosincorporaadiscussoacercadasrazescultu-raisdadesigualdadeentreossexos.
Fonte:http://www.infoescola.com/sociologia/feminismo/
NoBrasil,podemosdetectartrsgrandesmomentosdomovimentofeminista:
1-Reivindicaesdemocrticas:direitoaovoto,educaoeao
FIGURA9-Fonte:www.freerepublic.com/focus/f-chat/2874970/posts
ateno
FIGURA10-Fonte:www.movimentofeminista1.blogspot.com.br/
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4 EXEMPLO DE UMA AULA INTERDISCIPLINAR
Apesar do esteretipo, o Super-Homem vai servir de
propaganda para o poderio econmico e militar dos EUA
(Figuras 06 e 07).
Voc mostra a figura 06 e pode perguntar:
Do que se trata a imagem? A capa data de maro de 1943. Mostre aos alunos a
representao do soldado japons. Hoje o responsvel
pela publicao estaria passvel de um processo por
questes de racismo. Por que, na poca, a capa no
causou estranheza?
Discuta com os alunos sobre o uso do termo japa. Por que o Super-Homem utiliza-se de sua
supervelocidade para imprimir tantos cartazes?
Pea aos alunos para pesquisarem sobre a importncia da venda dos ttulos de guerra e selos, na poca.
Em seguida, passe para a figura 07:
O que implica a figura do Super-Homem em primeiro plano?
O que significam as cores do uniforme do Super-Homem em relao ao uniforme dos soldados?
trabalho,emfinsdosculoXIX.FoinesseperodoqueNsiaFlorestacriouaprimeiraescolaparamulheres.2-Liberaosexual:aumentodoscontraceptivos,nofimdadcadade1960.3-Lutadecartersocial:aLeidoDivrcio,em1970;criaodoAno InternacionaldaMulher,em1975; lutacontraaviolnciasmulheres,nadcadade1980;implementaodaSecretariadePo-lticaparaasMulheres(comstatusdepastaministerial),em2003.
Fonte:http://www.brasil.gov.br/secoes/mulher/atuacao-feminina/feminismo-pela-igualdade-dos-direitos
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4.1 Algumas sugestes de aulas
interdisciplinares
Voc pode organizar uma aula e/ou oficina para uma
turma do Fundamental II e/ou Ensino Mdio. Explore os nveis
de compreenso, o desenvolvimento de estratgias de leitura e
a produo de sentidos, e os discursos difundidos pela mdia
sobre nossos atuais ou passados super-heris, partilhados ou
controversos.
Aps apresentar as duas figuras e analis-las junto com
os alunos, voc pode perguntar qual o discurso comum s duas.
Neste ponto importante destacar que as capas das revistas so
o documento de uma poca, e que, atravs delas, detectamos
os discursos ideolgicos de uma determinada poca e um
determinado tempo; fornecendo os enunciados que legitimam
as guerras perante o mundo e fortalecem a identidade norte-
americana em relao s outras naes.
FIGURA 06
SUPER-HOMEMdiz:Vocpodeesbofetearumjapa()comttulosdeguerraeselos!
FIGURA 07
[SOLDADO] Caramba! Super-Homem estsaltandode3milhasdealturasemparaquedas!Quesuper-soldado!
Fonte:http://jovemnerd.ig.com.br/#!/humor/miscelania/mid-season/superman-returns-pos-estreia-4/
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FIGURA11-HomemAranhaFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Amazing_Spider-Man.jpg
FIGURA12-CapitoAmricaFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Capit%C3%A3o_Am%C3%A9rica
Apresento trs sugestes:
1 - Voc divide a turma em grupos para pesquisar histrias
em quadrinhos americanas de super-heris, levando em
considerao que, ao longo do sculo XX, os Estados
Unidos participaram de diversos conflitos: Guerra Fria,
Guerra do Golfo, Guerras contra o Terrorismo. Cada grupo
de alunos ficar responsvel por uma das guerras.
Sugira que eles procurem outros super-heris, como:
Homem Aranha e Capito Amrica.
2 - Voc divide a turma em grupos para pesquisar sobre
esportes. Cada grupo assume uma modalidade: natao,
vlei, futebol, tnis etc.
3 - Voc pode ainda dividir a turma em meninos e meninas e
cada grupo ir pesquisar sobre um super-heri e uma super-
herona.
Depois, voc pede uma produo textual de cada
grupo. Isto importante, porque o objeto da aula de Lngua
Portuguesa , antes de tudo, levar o aluno a saber-ler, saber-
escrever.
ATIVIDADES
1. Leia o texto Os sete saberes necessrios educao do
futuro, de Edgar Morin (2000), e faa um comentrio, em
dupla ou trio, mximo 02 laudas, sobre os sete saberes,
preconizados pelo autor. O texto est disponvel em: www.
sistemas.ufrn.br/shared/verArquivo?idArquivo=1035842.
2. Leia o texto Estudos culturais, educao e pedagogia,
disponvel em: www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a03.pdf
Depois faa um resumo, mximo 400 palavras.
3. Rena-se com mais 03 ou 04 colegas, de acordo com o
nmero de estudantes na turma, e escolham um personagem
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Lngua e interdisciplinaridade
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ou cone miditicos e faam uma anlise sociodiscursiva,
levando em considerao o conceito de interdisciplinaridade,
a influncia da mdia na construo do mito simblico e suas
relaes com o inconsciente coletivo de uma comunidade
em determinado momento histrico. Depois apresente, em
forma de seminrio, as concluses do grupo.
Nesta Unidade, voc estudou:
yy Algumas modalidades de interdisciplinaridade.yy A influncia dos mass media, como um sistema
simblico, na produo de discursos.
yy A apropriao simblica de cones miditicos pela sociedade.
yy As relaes entre o mundo dos super-heris e o inconsciente coletivo.
BOLAN, Jean Shinoda. Os deuses e o homem: uma nova
psicologia da vida e dos amores masculinos. Traduo de
Maria Silvia Mouro Netto. So Paulo: Paulus, 2002.
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CANCLINI, Nstor Garca. Culturas hbridas: estratgias
para entrar e sair da modernidade. 2. ed. Traduo de Ana
RESUMINDO
REFERNCIAS
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Prtica Educativa V Lngua e Literatura na Prtica Escolar
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Regina Lessa; Helosa Pezza Cintro. So Paulo: EDUSP,
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Mdulo 5 I Volume 2 41UESC
Lngua e interdisciplinaridade
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Suas anotaes
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LITERATURA E INTERDISCIPLINARIDADE
2 UNIDADE
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OBJETIVOS
Ao final desta Unidade, este estudo permitir ao
estudante:
perceber que as criaes musicais so fruto de um
momento histrico;
compreender, a partir de uma perspectiva
interdisciplinar, como histria, cultura e msica
popular se conjugam para representar valores e
ideologias;
realizar diferentes leituras de uma cano, buscando
as mltiplas matrizes de interpretao de uma
determinada poca em um determinado momento.
Mdulo 5 I Volume 2 45UESC
Literatura e interdisciplinaridade
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1 INTRODUO
Nesta Unidade, analisamos Alegria, Alegria,
de Caetano Veloso, do perodo do Tropicalismo, da
dcada de 1960, e suas tentativas de romper as barreiras
comportamentais vigentes e o peso da tradio [...]
(HUTCHEON, 1991, p. 121).
2 O TROPICALISMO
Voc deve ter se perguntado: por que o Tropicalismo?
No estamos estudando Literatura? De acordo com Santos
(2012),
Msica e literatura sempre andaram juntas, desde a antiguidade. O ritmo parte integrante da escrita, mesmo quando no se trata de texto potico. Enquanto isso, ao longo da histria, a poesia se fez presente na pera, nos jograis e na cano popular, cobrindo de redondilhas os acordes musicais.
A partir desta afirmativa e da noo de que os Estudos
Culturais rompem com as noes de sacralidade da arte e
com a diferenciao entre alta e baixa literatura, podemos
tranquilamente trabalhar com o Movimento Tropicalista.
De acordo?
Antes vamos ver o que significa este movimento na
cultura brasileira.
O Tropicalismo foi um movimento sociocultural,
liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, e podemos dizer
que teve seu marco no Festival de Msica Popular, realizado
em outubro de 1967, pela TV Record, com a apresentao
Esta Unidade frutodepesquisasfeitasdu-ranteoperododemeuMestrado, em EstudosLingusticos (AnlisedoDiscurso),realizadonaUFMG.
observao
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Literatura e interdisciplinaridade
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das msicas Alegria, Alegria (Caetano Veloso) e Domingo no
Parque (Gilberto Gil).
Quanto denominao, a Enciclopdia Ita Cultural
registra o termo tropiclia como nome da obra de Hlio
Oiticica (1937-1980) exposta na mostra Nova Objetividade
Brasileira, realizada no Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro MAM/RJ, em abril de 1967. Hlio Oiticica
descreve sua obra, afirmando que
[...] o ambiente criado era obviamente tropical, como num fundo de chcara e, o mais importante, havia a sensao de que se estaria de novo pisando na terra. Esta sensao sentira eu anteriormente ao caminhar pelos morros, pela favela, e mesmo o percurso de entrar, sair, dobrar pelas quebradas de tropiclia, lembra muito as caminhadas pelo morro http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=marcos_texto&cd_verbete=3764.
Suas ideias esto ligadas ao Antropofagismo de 1922.
Voc est lembrado(a) deste movimento literrio?
Vamos recordar!
Oswald de Andrade, no Manifesto Antropfago
(1928), articulou uma poltica cultural em que procurava
deslocar as ideologias que visavam uma interpretao
hegemnica da realidade nacional, evidenciando o tema
da violncia, que nega o outro, traindo a utopia da
modernidade. Oswald reivindicava, assim, o direito de
dialogar com as matrizes europeias sem subservincia. Para
ele, era preciso no s copiar, mas tambm refletir sobre os
modelos europeus para fazer a seleo daquilo que poderia
servir para expressar a realidade brasileira. Agindo dessa
maneira, estar-se-ia procedendo como o ndio, que s comia
outro homem, quando acreditava que aquela carne pudesse
fortalec-lo espiritualmente: [...] porque somos fortes
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e vingativos como o jabuti (SCHWARZ, 1997, p. 22).
Portanto a metfora do antropfago no uma tentativa de
restabelecer bases indgenas para a sociedade brasileira, mas
de mostrar a imitao no digerida e dependente de matrizes
importadas (LCIA HELENA, 1983).
Como todo movimento explosivo, a Antropofagia
deixou estilhaos em diversos lugares da cultura brasileira
e, medida que o tempo passa, descobrem-se fragmentos
que ainda fervilham. Essa atitude crtica foi recuperada por
outros atores sociais como nos casos de Hlio Oiticica
(escultura), de Jos Celso Martinez Corra (encenao da
pea O Rei da Vela, de Oswald de Andrade), de Glauber
Rocha (Cinema Novo e a esttica da fome), Torquato
Neto (poesia), Waly Salomo (poesia).
FIGURA01-Fonte:http://tropicalia.com.br/
O que pretendiam os tropicalistas? Vamos ver
como estava o estado das artes durante a ditadura militar.
Durante a ditadura militar, no Brasil, foram editados
17 atos institucionais. Os atos eram mecanismos que davam
ao Presidente da Repblica poderes extraconstitucionais,
isto , poderia cassar mandatos, suspender direitos polticos,
extinguir partidos polticos etc.
Claro que houve uma reao contrria na sociedade,
principalmente dos intelectuais, que exigiram a volta das
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liberdades democrticas. Mas foi tudo em vo! Polticos
e artistas so presos e exilados e/ou se autoexilaram. A
censura se intensificou: jornais e revistas so apreendidos;
peas, filmes e msicas so proibidos. Alm disso, surgiram
as guerrilhas: Ao Libertadora Nacional (ALN), Vanguarda
Popular Revolucionria (VPR).
Todos esses acontecimentos influenciaram a literatura
e a cultura em geral. As canes de protesto mostravam a
insatisfao dos jovens. As msicas metafricas de Vandr e
Chico Buarque extravasavam o descontentamento de todos.
Quem no se lembra dessas letras?
Por esse po para comer, por esse cho pra dormir
A certido pra nascer e a concesso pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
[...]
(Chico Buarque)
Caminhando e cantando e seguindo a cano,
Somos todos iguais, braos dados ou no.
Nas escolas, nas ruas, campos, construes,
Caminhando e cantando e seguindo a cano.
[...]
Nas escolas, nas ruas, campos, construes,
Somos todos soldados, armados ou no
[...]
(Geraldo Vandr)
Os tropicalistas, nesta conjuntura, propunham
uma postura nacionalista crtica e de ruptura formal e
criaram uma esttica em que os contrastes dos elementos
incorporam: o passado e o presente; a misria e a riqueza;
o desenvolvimento e o subdesenvolvimento; a tecnologia
industrial; a pardia; a luta de classes; a sociedade annima
etc.
Dilma Rousseff militounoColina(ComandodeLibertao Nacional),organizaoquedefen-diaalutaarmada.
Fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/dilma-rousseff.jhtm
saiba mais
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De acordo com Freitas Filho,
A contra-revoluo cultural do tropicalismo procurava, no caos, trazer a arte brasileira para o cho, tal como pretendeu, anos antes, Oswald de Andrade. Tnhamos, ento, toda uma gerao voltada para a lio oswaldiana de retomada das razes, com a diferena, entretanto, de que os produtos no eram especificamente literrios, mas interdisciplinados, um pau-brasil eletrificado, ligado na tomada dos amplificadores, um cafarnaum onde o poema se fazia no apenas na pgina, mas no papel da voz, no palco, sob o som estridente das guitarras [...] (1979, p. 169).
A severidade do Ato Institucional 5 levou, entre
tantos outros, Caetano Veloso e Gilberto Gil priso e eles
se exilaram em Londres.
O Tropicalismo durou pouco tempo, mas a busca
das razes brasileiras, o apagamento entre cultura tradicional
e cultura popular, a assimilao de alguns aspectos da
contracultura, do feminismo levaram insero da cultura
brasileira no mundo contemporneo.
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FIGURA02-esquerdaoMinistrodaJustia,LusAntnioGamaeSilva,anunciandooAI-5.Fonte:http://www.suapesquisa.com/ditadura/ai-5.htm
Vamoslembrar-nosdasituaodoBrasilnapoca?EraapocadaDitaduraMilitar (1964-1985),caracterizou-
se pela represso poltica, supresso dos direitos constitucionais,perseguiesetorturascontraosqueeramcontraaditadura,censura.
OmaisdurogolpecontraademocraciafoioAtoInstitucional-5(conhecidocomoAI-5).DeacordocomoAI-5:
yy O Presidente da Repblica poderia dar recesso sCmaras dos Deputados e dos Vereadores e sAssembleias Legislativas, assumindo, durante esteperodo,asfunesdasCmarasedasAssembleias.
yy O Presidente da Repblica poderia intervir nosEstados e Municpios, sem obedecer aos limitesconstitucionais.
yy O Presidente da Repblica poderia suspender osdireitospolticosdequalquercidadobrasileiropeloperodode10anos.
yy OPresidentedaRepblicapoderiacassarmandatosdequalquerpolticobrasileiro.
yy Eramproibidasmanifestaesdecarterpoltico.
yy Suspendiaodireitodehabeas corpusemcasosde:crimespolticos, crimes contra a ordemeconmica,segurananacional.
yy Impunha a censura prvia para jornais, revistas,livros,peasdeteatroemsicas.
para conhecer
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3 EXEMPLO DE UMA AULA INTERDISCIPLINAR
1) Leve: fotos dos artistas tropicalistas, capas de
discos de Caetano Veloso, imagens das esculturas
de Hlio Oiticica, fotos de quadros de pintores dos
modernistas (Tarsila do Amaral, Anita Malfaltti, Di
Cavalcanti). Insira seus alunos no esprito das duas
pocas.
FIGURA04-Samba,deDiCavalcantiFonte:http://cult.nucleo.inf.br/
FIGURA03-Abaporu,deTarsiladoAmaralFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Abaporu
Em relao figura 03, explique a seus alunos o
significado do ttulo da obra: aba = homem; pora = gente;
u = come (homem que come gente). Portanto o nome
se refere Antropofagia, que pretendia deglutir a cultura
estrangeira para adequ-la cultura brasileira. Faa com que
seu aluno perceba as diferenas de dimenso entre a cabea
e os membros na pintura. H uma valorizao do trabalho
braal e uma consequente desvalorizao do trabalho mental.
Fale, neste momento, sobre Marx e sua crtica sociedade
burguesa.
Na figura 04, evidencie a imagem tropical do Brasil,
incluindo o carnaval carioca e as mulatas sensuais.
2) Debata com eles sobre os movimentos literrios
Antropofagia e Modernismo (1 fase) e sobre o
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perodo da ditadura militar no Brasil. Pea a ajuda do
professor de Histria.
3) Distribua cpias da letra da msica Alegria, Alegria.
Caminhando contra o vento
Sem leno, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes,
Espaonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguia
Quem l tanta notcia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vos
Eu vou
Por que no, por que no
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui escola
Sem leno, sem documento,
Eu vou
Eu tomo uma coca-cola
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Ela pensa em casamento
E uma cano me consola
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No corao do brasil
Ela nem sabe at pensei
Em cantar na televiso
O sol to bonito
Eu vou
Sem leno, sem documento
Nada no bolso ou nas mos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que no, por que no...
Fonte: http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/alegria-alegria.html
4) Leia atentamente com eles a letra da msica,
mostrando, por exemplo:
como Caetano faz uma homenagem a Vandr em seu primeiro verso: Caminhando contra o
vento/Caminhando e cantando [...].
O descompromisso do jovem: Sem leno, sem documento. Este sem documento tambm
remete obrigatoriedade de um comprovante
para o cidado poder circular depois do toque
de recolher, imposto pelos militares.
Os questionamentos represso ditatorial: [...] crimes / Espaonaves guerrilhas.
O poeta mostra a alienao da cultura importada: cardinales / brigitte bardot /
coca-cola. Chame a ateno para a escrita
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de nomes prprios com letra minscula,
esvaziando o smbolo de poder da sociedade
burguesa.
A excluso de todos os Sem livros e sem fuzil / Sem fome sem telefone.
Os sem livros, sem fuzil e sem telefone esto no corao do brasil e uma clara referncia
a Braslia, que estava sendo construda durante
o governo JK, cuja palavra de ordem era: 30
anos em 5, pretendendo colocar o pas em p
de igualdade com o Primeiro Mundo.
H muito mais pra ser analisado, pois, como afirma
Freitas Filho (1979), o Tropicalismo , em sua essncia,
interdisciplinar, porque dialoga com todo um contexto
cultural da poca.
5) Para fins de avaliao, divida a turma em grupos e
proponha um texto dissertativo e/ou a realizao
de painis. Observe se os alunos compreenderam
o Tropicalismo e sua interdisciplinaridade com
os Estudos Culturais e a Literatura. Pea que eles
pesquisem outras formas de arte tropicalista.
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Rena-se com mais 03 ou 04 colegas, de acordo com
o nmero de estudantes na turma, escolham um tema a
partir da Literatura (feminismo, amor, etnia etc.) e faam
uma anlise sociodiscursiva, levando em considerao o
conceito de interdisciplinaridade.
Sugestes:
1) Voc e o grupo podem, por exemplo, ler O Mulato,
de Alusio de Azevedo, ou Clara dos Anjos, de Lima
Barreto, e fazer um paralelo da situao do negro na
poca dos romances e as circunstncias atuais.
2) Podem analisar as canes de Chico Buarque e/ou
Geraldo Vandr, fazendo uma ponte com a Histria
brasileira, na poca da Ditadura Militar.
ATIVIDADE
Nesta Unidade, voc estudou:
yy O movimento Tropicalista e sua influncia na cultura brasileira.
yy A influncia de um determinado momento histrico na produo cultural de uma
determinada sociedade.
RESUMINDO
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ENCICLOPDIA ITA CULTURAL. Disponvel em:
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_
ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3741
FREITAS FILHO, Armando et al. Poesia vrgula viva.
In: Anos 70 Literatura. Rio de Janeiro: Europa, 1979.
p. 161-178. Disponvel em: www.books.google.com.br/
books?isbn=8586579637.
HUTCHEON, Linda. Potica do Ps-Modernismo:
Histria, Teoria, Fico. Traduo de Ricardo Cruz. Rio de
Janeiro: Imago, 1991.
LCIA HELENA. Uma literatura antropofgica.
Fortaleza: Edies UFC, 1983.
SANTOS, Jorge Fernando dos. As letras na pauta. In:
BRITO, Jos Domingos de (Org.). Literatura e Msica.
So Paulo: Tiro de Letra, 2012. Disponvel em: http://www.
tirodeletra.com.br/curiosidades/Vol.6-LiteraturaeMusica.
htm
SCHWARZ, Roberto. Que horas so? So Paulo:
Companhia das Letras, 1997.
TEIXEIRA, Sylvia Maria Campos Teixeira. Uma nao por
vir-a-ser no discurso de Costa Lima e Wilson Martins.
2001. 196 f. Dissertao (Mestrado em Estudos Lingsticos
Anlise do Discurso) Faculdade de Letras, Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001.
REFERNCIAS
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Apresentei alguns exemplos de interdisciplinaridade.
prazeroso trabalharmos assim. Mas... h sempre os dois
lados da moeda! Reflita sobre as vantagens, os limites
e as exigncias da interdisciplinaridade, elencados por
Bonhomme e Marendaz (2001):
1 Vantagens da interdisciplinaridade
1.1 Para o aluno:
est de acordo com o processo natural de aprendizagem do aluno, j que, em seu dia a
dia, ele no aprende de modo fragmentado,
mas faz ligaes entre as diversas facetas da
realidade.
Ajuda a contextualizar as aprendizagens, o aluno sabe por que faz aquela ou outra
atividade.
Facilita as habilidades de base: mtodo de trabalho, capacidade de anlise, sntese,
criatividade.
Motiva o interesse e a participao do aluno.
LTIMAS PALAVRAS
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Literatura e interdisciplinaridade
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1.2 Para os programas de disciplina:
faculta a integrao das aprendizagens, favorecendo a compreenso e a permuta entre
os objetivos de duas disciplinas.
Facilita o acesso a outros recursos: vdeos, Internet, blogs, chats etc.
2Exigncias da interdisciplinaridade
2.1 Para o professor:
exige um bom conhecimento de cada um dos programas das diversas disciplinas: objetivos,
estratgias, metodologia.
Demanda um grande investimento no campo de planejamento, de pesquisa de material
apropriado.
Pede uma atitude aberta em relao ao aluno, a seus interesses e questionamentos.
3Limites da abordagem da interdisciplinaridade
A economia de tempo na realizao das atividades decorre do investimento de tempo
no planejamento das atividades.
No resolve todos os problemas do aluno. H certa dificuldade em restringir ou limitar
o projeto interdisciplinar.
No elimina a necessidade de um ensino direto para desenvolver o domnio de
tcnicas e adquirir certos conhecimentos.
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Suas anotaes
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