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i MARIA TEREZA MAYNARD SANTANA LINGUAGEM, PARTICIPAÇÃO E FUNCIONALIDADE DE ADULTOS PÓS AVE EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL: AVALIAÇÃO BASEADA NA CIF CAMPINAS 2014

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MARIA TEREZA MAYNARD SANTANA

LINGUAGEM, PARTICIPAÇÃO E FUNCIONALIDADE DE ADULTOS PÓS AVE

EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL: AVALIAÇÃO BASEADA NA CIF

CAMPINAS

2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Ciências Médicas

MARIA TEREZA MAYNARD SANTANA

LINGUAGEM, PARTICIPAÇÃO E FUNCIONALIDADE DE ADULTOS PÓS AVE

EM ATENDIMENTO AMBULATORIAL: AVALIAÇÃO BASEADA NA CIF

Dissertação de Mestrado apresentada a Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP para obtenção do título de Mestra em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação, área de concentração Interdisciplinaridade e Reabilitação. .

ORIENTAÇÃO: Profª Drª Regina Yu Shon Chun Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação defendida por Maria Tereza Maynard Santana e orientada pela Profª Drª Regina Yu Shon Chun ______________________ Assinatura da Orientadora

CAMPINAS 2014

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RESUMO

INTRODUÇÃO: Dentre as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o AVE (Acidente Vascular Encefálico) trata de um importante problema de Saúde Pública, dado os altos índices de mortalidade e suas sequelas, tais como as alterações de linguagem e suas implicações na participação. Ao longo do tempo, diversas mudanças de paradigmas na saúde levam a ressignificação da clínica, incorporando-se em suas práticas aspectos funcionais e sociais tal como propõe a Organização Mundial da Saúde (OMS) na Classificação Internacional de Incapacidade, Funcionalidade e Saúde – CIF. Este trabalho fundamenta-se em uma visão de linguagem pautada na subjetividade e no cuidado humanizado em fonoaudiologia de pessoas que sofreram AVE, em que a base conceitual da CIF desponta como importante ferramenta por incorporar uma visão positiva da saúde humana. OBJETIVOS: Avaliar e classificar aspectos de linguagem, funcionalidade e participação de pessoas pós AVE com base conceitual da CIF e caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes. MÉTODO: A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da FCM/UNICAMP sob nº 442.958/2013. A amostra é constituída de 50 (cinquenta) participantes com diagnóstico de AVE em atendimento ambulatorial, tempo de íctos acima de 3 (três) meses e de ambos os sexos. A coleta de dados se deu por meio da aplicação de um instrumento clínico para avaliação das necessidades de linguagem, participação e funcionalidade no AVE baseada na CIF. Para classificação dos dados foram consideradas diversas fontes de informação. Os dados foram analisados a partir dos componentes da CIF de Funções do Corpo; Atividade e Participação; Fatores Ambientais, utilizando-se os qualificadores quanto a gravidade do problema e magnitude do nível de saúde. RESULTADOS: A idade dos participantes variou entre 32 e 88 anos, sendo que a maioria (57,8%) é idoso do sexo masculino. Nas funções do corpo, os participantes referiram maior dificuldade no domínio de “funções da memória” (60%). Em atividade e participação, relataram maior dificuldade em “recreação e lazer” (61,1%), “escrever mensagens” (55,6 %), “andar” (53,1%), “concentrar a atenção” (52%) e “vida comunitária” (51,7%). Nos fatores ambientais, o componente “profissionais de saúde” foi indicado como facilitador para a maior parte do grupo estudado (83,6%), sendo relatado como barreira para uma pequena parcela (14,2%). Quanto ao item “família imediata” foi considerado como facilitador para grande parte dos participantes (79,1%) e como barreira para uma pequena parte (2,3%). O item “família ampliada” foi referido como facilitador para a maioria (70,8%) e como barreira para uma baixa porcentagem (4,2%) dos participantes. CONCLUSÃO: A utilização da CIF como base conceitual possibilitou a análise e classificação dos aspectos de linguagem, funcionalidade e participação das pessoas que sofreram AVE, evidenciando o impacto em suas vidas, em sua percepção, aliada a visão do profissional. Os resultados contribuem para ampliar o olhar do fonoaudiólogo e aprimorar a assistência à saúde desse grupo populacional no atendimento ambulatorial em uma abordagem integral e humanizada. Palavras-chave: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, Acidente Vascular Cerebral, Fonoaudiologia.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Among the chronic non-communicable diseases (NCDs), the CVA (Cerebrovascular Accident) is the most important issue in Public Health, due to its high mortality and after-effects, such as language impairments and implication in participation. Over time, many changes in health paradigms led to the resignification of clinical practice, incorporating in its practices functional and social aspects, as proposed by the World Health Organization (WHO) in The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF). This paper follows a language approach based on the subjectivity and humanized care in Speech and Language Pathology for people that suffered CVA, in which the ICF conceptual basis emerges as an important tool since it embodies a positive vision of human health. OBJECTIVES: To evaluate and classify aspects of language, functionality and participation in post-CVA patients under the ICF conceptual basis and to characterize the sociodemographic profile of the participants. METHOD: The research was approved by the Ethics Committee of FCM/UNICAMP under # 442.958. The sample constitutes 50 (fifty) participants diagnosed with CVA outpatient care, who had the stroke at least 3 (three) months before the research and of both sexes. The data collection was done through the application of a clinical instrument for the evaluation of language, participation and functionality needs in CVA based on ICF. To classify the data, some sources of information were considered in the study. The data were analyzed from ICF components of Body Functions; Activity and Participation; Environmental Factors, using the qualifiers concerning the gravity of the problem and magnitude of health level. RESULTS: The age of the participants varied between 32 and 88 years old, the majority (57, 8%) being elderly men. Among the body functions, the participants reported more difficulties in “memory functions” (60%). Among activity and participation, were related more difficulties in “recreation and leisure” (61,1%), “writing messages” (55,6%), “walking” (53,1%), “focus the attention” (52%) and “community life” (51,7%). Amongst the environmental factors, the component “healthcare professionals” was indicated as a facilitator to most of the group (83,6%) and reported as a barrier for a small portion (14,2%). As for the item “immediate family”, it was considered by a large portion of the participants (79,1%) as a facilitator and as a barrier for a small part (2,3%). The item “extended family” was reported as a facilitator for most (70,8%) and as a barrier for a low percentage of the sample (4,2%). CONCLUSION: The use of ICF as a conceptual basis allowed the analysis and classification of language, functionality and participation aspects in people that had suffered CVA, indicating the impact in their lives and perception, along with the professional view. The results contribute to extend the Speech and Language Pathologist approach and to improve the health assistance to outpatient care in an integral and humanized view.

Keywords: International Classification of Functioning, Disability and Health; Stroke; Speech, Language and Hearing Sciences.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

II. ATENÇÃO A SAÚDE: O CUIDADO COM A LINGUAGEM EM PESSOAS PÓS

AVE........................ ................................................................................................. 5

III. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE

E SAÚDE (CIF) ..................................................................................................... 11

IV. OBJETIVOS ................................................................................................. 17

4.1. Objetivo Geral ............................................................................................................. 17

4.2. Objetivos Específicos ................................................................................................... 17

V. MÉTODO ...................................................................................................... 18

5.1. Constituição da amostra .............................................................................................. 19

5.2. Procedimentos de Coleta de Dados ............................................................................. 19

5.3. Forma de Análise de dados .......................................................................................... 21

VI. RESULTADOS ............................................................................................. 26

6.1. Resultados relativos ao perfil sociodemográfico dos participantes ............................... 26

6.2. Resultados relativos à concordância intra-examinadores ............................................. 27

6.3. Resultados relativos a Funções do Corpo ..................................................................... 28

6.4. Resultados relativos à Atividade e Participação ........................................................... 30

6.5. Resultados relativos aos Fatores Ambientais ............................................................... 34

VII. DISCUSSÃO ................................................................................................ 36

VIII. CONCLUSÃO ............................................................................................... 41

IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 43

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Aos meus pais, Carlos Augusto e Fátima, dedico.

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Um agradecimento especial a minha orientadora Professora

Doutora Regina Yu Shon Chun.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus.

A todos os participantes da pesquisa.

Aos meus pais Carlos Augusto e Fátima que incentivaram e

participaram da realização desse sonho.

A minha orientadora Regina Yu Shon Chun pela oportunidade, aprendizado, atenção e

paciência.

Aos profissionais que me auxiliaram no mestrado: Graziella Dallaqua,

Eliana Cristina Moreira e Amanda Brait.

Ao Dr. Li Li Min e toda equipe pelo incentivo e disponibilização do Ambulatório de Neurologia

Vascular do HC-UNICAMP para ser realizada a coleta de dados

Aos professores que participaram da minha banca de qualificação e defesa, titulares e suplentes,

pelas orientações s e conhecimento partilhado: Profa Dra Maria José D’Elboux, Profa Dra Nadia

Azevedo, Profa Dra Rita de Cássia Ietto Montilha, Profa Dra Helenice Yemi Nakamura e Profa

Dra Eucenir Fredini Rocha.

Aos meus familiares, de forma especial ao meu irmão Cadu, a minha avó Rilnah e à minha prima

Lys por todo apoio nessa empreitada. A tia-avó Vivinha (in memorian) e a tia Amélia por não

deixarem eu me sentir só numa cidade diferente.

Aos novos e eternos amigos: Graziella Dallaqua, Thais Seksenian, Camila Nascimento, Isabela

Barbosa, Karina Margini, Mayara Cardoso, Melina Cruz, Marcela Menezes, Daniele Muzaiel, e

Erika Ditscheiner.

As velhas amigas que me acolheram nos finais de semana e compartilharam comigo alegrias e

angústias, Bruna Andrade, Aline Brito, Sofia Lima, Natália Aquino e Maria Luísa Souto.

MUITO OBRIGADA!

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LISTA DE TABELAS, QUADROS E FIGURAS

Figura 1 - Diagrama da CIF................................................................................................13

Quadro 1 – Qualificadores da CIF quanto à gravidade do problema.................................22

Quadro 2 – Exemplo de classificação do item de conversação.........................................22

Quadro 3 - Qualificadores da CIF como facilitador ou barreira..........................................23

Quadro 4 – Exemplo da classificação do item família imediata..........................................24

Tabela 1 - Distribuição dos participantes quanto ao sexo..................................................26

Tabela 2 - Distribuição dos participantes quanto à ocorrência do AVE..............................26

Tabela 3 - Distribuição dos participantes quanto à ocorrência ao lado do corpo afetado

pela lesão neurológica........................................................................................................27

Tabela 4 - Distribuição dos participantes quanto à ocorrência a concordância entre

examinadores.....................................................................................................................28

Tabela 5 - Distribuição da classificação dos participantes quanto aos componentes da CIF

relativos a funções do corpo...............................................................................................29

Tabela 6 - Distribuição da classificação dos participantes quanto aos componentes da CIF

relativos à atividade e participação.....................................................................................31

Tabela 7 – Distribuição da classificação quanto à alteração de linguagem e domínios de

atividade e participação afetados.......................................................................................33

Tabela 8 - Distribuição da classificação dos participantes em relação aos fatores

ambientais...........................................................................................................................34

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I. INTRODUÇÃO

O tema deste trabalho se volta a questões de linguagem, participação e

funcionalidade no atendimento ambulatorial de adultos pós Acidente Vascular

Encefálico (AVE) no âmbito da fonoaudiologia.

No cenário brasileiro, no ano de 2011, 72% das mortes foram relacionadas

às Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), sendo que como medida de

redução da taxa prematura de mortalidade por DCNT, o Ministério da Saúde criou

o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento de Doenças Crônicas não

Transmissíveis no Brasil para 2011 a 2022. O Plano apresenta três eixos:

vigilância, monitoramento e avaliação; prevenção e promoção da saúde e Cuidado

Integral de DCNT (BRASIL, 2011).

O AVE é considerado a maior causa das DCNTs, além de ser um grande

problema de saúde pública com crescente impacto socioeconômico (BRASIL,

2011). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVE é a primeira

causa de morte no Brasil no ano de 2011 (BRASIL, 2011), a segunda no mundo e

em países desenvolvidos no ano de 2012, perdendo apenas para doenças

cardíacas isquêmicas (WHO, 2014), sendo também a maior causa de

incapacidade física e isolamento social (FEIGIN et al., 2009).

O AVE pode ocorrer em qualquer faixa etária por diversas causas. Quanto

maior o número de fatores de risco presentes, maior a sua ocorrência (OLIVEIRA

e SILVEIRA, 2011).

É importante identificar os fatores de risco para o AVC, são eles: doenças

cardíacas, infecções, traumas, neoplasias, má formações vasculares, desordens

imunológicas, hipertensão arterial, diabetes mellitus, colesterol alterado,

obesidade, alto consumo de bebidas alcoólicas, uso de drogas como a cocaína e

fumo. Esses fatores de risco possibilitam a maior compreensão do impacto da

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doença, do prognóstico e de suas consequências, auxiliando na incrementação de

programas de saúde como resposta às necessidades das pessoas pós AVE

(OLIVEIRA e SILVEIRA, 2011).

As consequências do AVE são muito variadas, dependendo de vários

fatores como a localização e da extensão da lesão e das condições de vida e

saúde de quem sofreu o AVE, dentre as quais, hemiplegia, disfagia, disartria,

apraxia, agnosia, cinestesia e afasia (MORATO et al., 2004; LEAL, 2009; FEIGIN

et al., 2009).

A afasia é ocasionada por uma lesão estrutural adquirida do Sistema

Nervoso Central em zonas responsáveis pela linguagem e “se caracteriza por

alterações de processos linguísticos de significação de origem articulatória e

discursiva” (COUDRY, 2001, p.5). Entende-se a linguagem como constitutiva do

sujeito e dela própria (COUDRY, 2001), um sistema simbólico que possibilita a

comunicação entre as pessoas e uma habilidade rica e complexa que permite a

aquisição de conteúdos cognitivos (VIGOTSKY, 2010).

A afasia causa impacto na vida das pessoas, podendo também

desencadear problemas psíquicos e isolamentos sociais (MORATO et al, 2004).

Dessa forma, a afasia não interfere só no sujeito, mas nas variadas instâncias

contextuais em que ele vive (MORATO et al, 2004).

A atitude subjetiva da pessoa afásica influenciará no processo de

reapropriação da linguagem e ressocialização, portanto, “a afasia deixa de ser

apenas uma questão de saúde, uma questão linguística, uma questão cognitiva. A

afasia torna-se uma questão social”. (MORATO et al., 2004, p.18).

Se os fatores sociais forem ignorados, há um grande risco de negligenciar e

limitar o impacto da afasia na vida dos afásicos, pois não conseguir se comunicar,

poderá distanciar a pessoa das atividades sociais, familiares e profissionais e

resultar numa participação social limitada (LEAL, 2009; CHUN, 2010; SAMPAIO,

2010; MOURA, 2011). Deste modo, como abordam vários autores é importante

entender a afasia e o sujeito afásico, ou seja, compreendê-la além de sua

dimensão orgânica e sintomática, não apenas como uma alteração neurológica de

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linguagem e sim, como processos linguísticos-discursivos que dão valor ao

sujeitos que enunciam (COUDRY, 2001; FONSECA e VIEIRA, 2004; MORATO et

al., 2004; CHUN, 2010, COUDRY e POSSENTI, 2010).

O impacto da afasia faz parte do universo de atenção fonoaudiológica por

poder envolver alterações dentro do universo da linguagem comprometendo a

experiência linguística da pessoa que sofreu o AVE com consequente interferência

em sua funcionalidade e participação.

Assim sendo, ao se abordar a atenção à saúde de pessoas pós AVE é

importante contemplar questões de funcionalidade e participação social em uma

perspectiva positiva da saúde como propõe a Classificação Internacional de

Funcionalidade Incapacidade e Saúde (CIF).

A CIF representa uma mudança conceitual em saúde, contribuindo para

diferentes campos de aplicabilidade nas questões de funcionalidade e

incapacidade das pessoas. Fundamenta-se a partir da definição de fatores

contextuais, ampliando os conceitos aplicados à Saúde, entendendo o sujeito

como ser funcional, que participa do meio em que vive e não só a doença, que ele

tem o que justifica o interesse na utilização desse referencial nesta pesquisa para

abordar uma problemática de saúde de grande importância social-econômica

como o AVE. Considerando-se seu impacto na sociedade e na vida das pessoas,

o AVE implica medidas de saúde urgentes (FEIGIN et al , 2009).

Os estudos sobre a aplicação da CIF vêm crescendo como, por exemplo,

os trabalhos de Brasileiro et al. (2009) e Machado e Scramin (2010) na área da

Enfermagem, de Riberto (2011) na Medicina; Sampaio et al. (2005), Depolito et al.

(2009), Ocarino (2009) e Cardoso et al. (2012), nas áreas do aparelho locomotor,

como Fisioterapia, Ortopedia e Terapia Ocupacional.

Ruaro et al. (2012) em trabalho de revisão sobre o uso da CIF no Brasil não

encontrou trabalhos no âmbito da Fonoaudiologia, no período estudado, o que

reafirma a necessidade de estudos como aqui proposto. Foram identificadas 102

publicações, sendo que 47 foram analisadas, a maioria das áreas da Neurologia e

Ortopedia. Em recente levantamento, encontrou-se apenas uma publicação

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nacional da CIF em Fonoaudiologia (MORETTIN et al., 2013) , voltada à área de

audiologia.

Em relação a estudos da CIF em pacientes pós AVE, encontrou-se artigos

de Oliveira e Silveira (2011) e Campos et al. (2012) , na área da Fisioterapia e

Andrade et al.(2009), em Pediatria, evidenciando a carência de estudos na área

da saúde. Além disso, no âmbito da Fonoaudiologia há recente estudo de

Dallaqua (2014), que será referência neste trabalho.

Ruaro et al. (2012) ressaltam que o uso da CIF na comunidade científica

brasileira está em ascensão, embora de modo incipiente, o que reitera a

importância de pesquisas como aqui proposto.

Assume-se grande relevância aliar os estudos sobre o AVE, enquanto

problemática mundial de saúde, incorporando questões de linguagem,

participação e funcionalidade tomando a CIF como base conceitual, refletindo as

mudanças nos paradigmas de saúde que possibilitam entender os agravos

fonoaudiológicos, como as sequelas do AVE e modo como afetam a vida desse

grupo populacional.

Cabe ainda, pontuar que a curiosidade dessa pesquisa iniciou-se na

graduação em Fonoaudiologia quando as questões de linguagem em uma

abordagem interacionista na clinica despertaram meu interesse, e motivaram o

aprofundamento no estudo de adultos com alterações de linguagem, no caso

decorrentes de um AVE.

Segue no próximo capitulo breve discussão sobre o cuidado humanizado na

Saúde, tendo em vista a atenção em linguagem das pessoas pós AVE em

atendimento ambulatorial e em seguida um novo capítulo abordará as CIF.

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II. ATENÇÃO A SAÚDE: O

CUIDADO COM A

LINGUAGEM EM PESSOAS

PÓS AVE

A reflexão sobre a atenção à saúde vem se ressignificando ao longo dos

anos. Nos anos de 1980, a atenção à saúde se direcionava à medidas curativas e

à saúde não se constituía um direito pleno de todos. A partir da Reforma

Sanitária, criou-se um novo projeto, em que a saúde passa a ser direito do

cidadão. Nos anos de 1990 até os dias de hoje, a equidade, integralidade,

participação social do paciente e autonomia passam a ser prioridade na saúde

pública (FORTES, 2004; CASATE e CORRÊA, 2005).

A Declaração dos Direitos Humanos reafirma a saúde como um bem estar

completo, ou seja, incorpora questões físicas, sociais e mentais distanciando-se

da saúde somente como ausência de doença, portanto o foco deixa de ser a

enfermidade e passa a ser o bem estar biopsicossocial como direito da condição

humana. Para a Declaração, o objetivo dos sistemas de saúde deve ser a

compreensão do cuidado e a humanização do atendimento em saúde (FORTES,

2004).

Humanizar significa compreender a pessoa em sua singularidade

atentando-se para as necessidades específicas, num caráter subjetivo, completo e

multidimensional (FORTES 2004; SIMÕES et al., 2007). Portanto distancia-se do

profissional enquanto detentor do conhecimento absoluto, ou seja, os próprios

pacientes serão atores sociais que somam no atendimento, ou seja, cabe ao

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paciente a iniciativa do cuidado a saúde e o que é melhor para si, portanto, a

informação diagnóstica deve ser compartilhada e construída conjuntamente,

buscando uma compreensão ampliada sobre a demanda e as expectativas

(FORTES, 2004; SANTOS-FILHO, 2007).

Dessa forma, humanizar significa priorizar a dignidade humana, pois a

saúde está além das necessidades biológicas, já que a pessoa, mesmo doente é

detentor de um saber sobre si, está imerso num contexto social, apresenta

necessidades específicas com valores e vivências pessoais e específicas,

portanto, uma patologia não pode ser prioridade, pois ela terá diversas formas de

reverberação sobre o sujeito, a doença, portanto, é uma condição singular em que

a prioridade é a pessoa e não o consumidor do serviço de saúde (FORTES, 2004).

Essa reflexão remete a Canguilhem (2002), o qual pontua que o

normal/patológico na saúde é um campo impreciso, já que a instância patológica é

reverberada singularmente em cada sujeito. Para ele, não existem anormalidades

em si, o anormal só pode ser assim considerado na relação com o outro, em que o

indivíduo está sujeito às marcas, aos pré-conceitos e, portanto, a ser considerado

anormal. A saúde é conquistada a partir de “rupturas incoativas”, o homem só é

doente quando torna a patologia uma condição normal (op.cit, 2002, p.261.).

Tal perspectiva implica uma visão de clínica ampliada, como explica Ayres

(2004): “no momento assistencial pode-se (e se deve) fugir de uma objetivação

dessubjetivadora, quer dizer, de uma interação tão obcecada pelo objeto de

intervenção, que deixe de perceber e aproveitar as trocas mais amplas que aí se

realizam” (AYRES, 2004, p. 85).

O ato do cuidado leva consigo o compartilhamento, a troca, escuta e a

valorização do outro numa visão ética e solidária, a saúde deve ser compreendida

numa clínica ampliada, priorizando as diferentes situações de vida num contexto

(CASATE e CORREA, 2005).

A clínica centrada no sujeito valoriza as pessoas em sua “existência

concreta”, em que a doença faz parte dessa existência (CAMPOS, 2003, p. 5). A

clínica do sujeito deve ser uma Clínica Ampliada, em que os profissionais de

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saúde precisam compreender que suas práticas necessitam estar focadas não só

na doença, mas também no sujeito, seus contextos e suas complexidades numa

perspectiva de humanização (CAMPOS, 2003 e SANTOS-FILHO, 2007).

O cuidado pautado em uma clínica ampliada, segundo Ayres (2004), visa

práticas que compreendem o sujeito, a sua história e os seus contextos sociais em

sua totalidade.

Nessa direção, Barros et al. (2007) abordam que compreender o sujeito

enquanto ser social, desvincula-o da remissão dos sintomas e leva a prioridade na

saúde humana. Logo, pressupõe-se uma relação dialética entre a saúde e a

doença, em que a experiência do adoecer é vinculada à experiência pessoal. O

sujeito, mesmo doente, deve ser considerado além dos seus sintomas, e esse

trabalho se dá conseguinte a construção do cuidado, portanto é necessário

estabelecer práticas voltadas para as necessidades individuais.

A clínica se ressignifica e estabelece um novo sentido, quando incorpora

nas suas práticas as necessidades sociais do sujeito. Portanto, o cuidado pautado

em uma clínica ampliada muda o objeto de atuação dos profissionais, inclusive na

Fonoaudiologia.

No contexto da Fonoaudiologia, a avaliação na visão da humanização

prioriza a aliança entre o saber técnico às relações humanas, portanto, vai ao

encontro da identidade, das características do cotidiano, conhecimento mútuo,

experiência pessoal e contextos, dando maior crédito às queixas trazidas pelo

paciente como abordam Goulart e Chiari (2007).

Em contraste, a técnica pela técnica não seria nada além de aplicação de

teoria, diante disso, seria uma recusa dos conhecimentos fora do conhecimento

que a teoria consegue incorporar (TASSINARI, 2000). Portanto a compreensão

única da doença acaba por minimizar os aspectos sociais, psicológicos e

comportamentais do sujeito, reduzindo-se aos achados anatômicos e fisiológicos

que determinam a condição de saúde (GOULART e CHIARI, 2007).

Portanto, questão da humanização da atenção à saúde na Fonoaudiologia

questiona a avaliação enquanto estimativa sobre um objeto ou evento particular de

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acordo com determinados parâmetros, em que o paciente é comparado a um

modelo ideal e o que for distinto desse modelo é a explicação do desvio

(PALLADINO, 2000; GOULART e CHIARI, 2007). Em contraste, há uma ampla

gama de informações que vai além do evento particular que merecem ser

considerados e acolhidos (GOULART e CHIARI, 2007).

O somatório da experiência fonoaudiológica e do conhecimento da

comunicação humana devem estar em consonância com outras áreas de

conhecimento do paciente (contexto, histórias, experiências), o que corrobora com

o estabelecimento de uma compreensão ampla e fundamental para atuação

clínica (GOULART e CHIARI, 2007).

Portanto, humanizar é transformar o modo de conceber o usuário no

serviço, assegurar uma atenção integral e ampliar as condições de saúde, direito e

cidadania, compreendendo a saúde numa dimensão ampliada, em que a condição

de vida deve estar aliada aos contextos (SANTOS-FILHO, 2007).

Esta clínica ampliada e humanizada é compreendida na fonoaudiologia

como a clínica da subjetividade.

Palladino (2000), ao discutir diferenças entre subjetividade e objetividade no

âmbito da Fonoaudiologia, compreende que o processo terapêutico é discorrido

pelo viés da subjetividade, já que há diversos movimentos e intermitências

discursivas que levam ao inédito.

O discurso carrega marcas da subjetividade, portanto, tanto o

fonoaudiólogo, quanto o paciente carregam experiências diferentes de linguagem,

a linguagem é única e as experiências são singulares, pois as relações,

experiências e contextos são distintos (PALLADINO, 2000). Portanto, ao priorizar

o discurso na terapia, o viés da subjetividade será indispensável.

Para a autora, o pathos, aqui compreendido como a situação de doença, é

“uma realização inopinada que ganha interpretações distintas no interior de cada

posição”, ou seja, concordando com Canguilhem, a doença será reverberada de

modo subjetivo e particular (PALLADINO, 2000, p. 62).

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Portanto, cabe ao terapeuta interpretar as marcas do pathos, pois dele

decorrem movimentos e gestos singulares, ou seja, o terapeuta não vai descobrir

nada, vai apenas possibilitar a descoberta e a partir desse descobrimento, se faz o

sentido na relação pathos e humano (PALLADINO, 2000).

O fonoaudiólogo, imerso na clínica da subjetividade, ao almejar a

discursividade do sujeito, se preocupa em compreender as situações de práticas

de linguagem (MOURA, 2011).

Vale ressaltar que é importante o fonoaudiólogo e o paciente estarem em

uma relação mutua, pois cada um tem sua história, que podem ser lidas e

interpretadas de diferentes e singulares formas. Palladino (2000) diz que o

material terapêutico assim, é produto dessa leitura e o trabalho pautado nos

efeitos produzidos pelos discursos. Para a autora:

“o material terapêutico não é construído por expectativa mas, sim, por zonas de significação que surgem numa proporção sempre inédita, entre fatos e palavras, entre palavras e palavras, uma proporção que é apreendida apenas no espaço terapêutico, naquela atualidade” (PALLADINO, 2000, p. 64).

Portanto, entende-se que na clínica da subjetividade, a linguagem é uma

atividade simbólica, em que o sujeito é “opaco” por ser construído pelo “inédito e

íntimo”, e se transforma, ou seja, “é o acontecimento que se dá na

heterogeneidade, na provisoriedade, acontecimento completamente singular” que

possibilita elaboração de sentidos (PALLADINO, 2000, p. 66).

Nessa perspectiva, a análise do sujeito com alterações de linguagem se

aproxima da experiência real e social do sujeito, pois ele necessita se manifestar

em uma “linguagem própria” e não, de forma construída por outra pessoa. O

sujeito, na clínica da subjetividade, passa a ser compreendido como um ser social

e falante, distanciando-se do “objeto que fala” (MOURA, 2011, p. 5).

Sob essa abordagem, entende-se que a linguagem não significa uma regra

de combinação fixa e universal, como explicam Fonseca e Vieira (2004), ao

discutirem a afasia na clínica fonoaudiólogica, compreendendo as alterações de

linguagem como a relação entre o funcionamento do cérebro e as instâncias

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linguísticas. Dessa forma, cabe, nessa perspectiva, olhar a linguagem não só

como uma manifestação patológica a ser analisada da mesma maneira em todas

as pessoas com afasia, mas considerando-a em suas dimensões subjetiva, social

e individual.

Como aborda Moura (2011), há uma multiplicidade de manifestações

linguísticas e sociais que implicam reflexão sobre um sujeito ativo socialmente

dentro de um universo linguístico-discursivo, o que leva à ressignificação do olhar

clínico fonoaudiológico, direcionado para o sujeito e não para só a patologia.

Portanto, para análise da linguagem nessa perspectiva é importante

considerar o contexto em que vive o sujeito e as pessoas com quem interage, o

que pode favorecer práticas dialógicas significativas para o sujeito. A

ressignificação do olhar clínico promove um rearranjo dos planos diagnósticos e

etiológicos, buscando compreender o sujeito em sua totalidade.

Deste modo, busca-se neste trabalho uma visão ampliada de linguagem,

pautada na subjetividade e no cuidado humanizado no atendimento ambulatorial

em Fonoaudiologia de pessoas que sofreram AVE, em que a base conceitual da

CIF desponta como importante ferramenta por incorporar diversos aspectos da

saúde humana em uma perspectiva de atenção integral.

A CIF possibilita uma visão integral das pessoas com comprometimento de

linguagem por lesões neurológicas, tendo em vista que não se limita só à lesão,

como também compreende a real necessidade dessas pessoas como mostram

alguns trabalhos (LEAL, 2009; MARTINS, 2010; OLIVEIRA e SILVEIRA, 2011;

DALLAQUA, 2014).

Segue breve descrição da CIF utilizada neste trabalho como base

conceitual.

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III. CLASSIFICAÇÃO

INTERNACIONAL DE

FUNCIONALIDADE,

INCAPACIDADE E SAÚDE

(CIF)

A CIF é uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) de

incorporar à família das classificações um novo paradigma de saúde, assinalando

noções de funcionalidade e das mais variadas dimensões do sujeito, numa

interface biológica, individual e social. A CIF se alia à abordagem biopsicossocial.

Segundo Sampaio e Luz (2009, p. 478) essa perspectiva une a ciência sociológica

com a ciência biomédica, buscando “um entendimento relacional ou não dualístico

do corpo”, em que as interfaces biológicas, psíquicas e sociais são indissociáveis.

A CIF pretende explorar a associação entre as mais variadas interfaces da saúde.

A OMS pretendeu criar uma classificação internacional com um sistema de

codificação de uma ampla gama de informações sobre a saúde, numa visão ampla

e integral. A CIF nasce para complementar informação sobre funcionalidade que

não estavam compreendidas na Classificação Internacional de Doenças e de

Problemas Relacionados à Saúde – CID (CCOMS, 2003). A CID permite

classificar uma condição anormal de saúde e suas causas, sem relacionar com o

impacto desta condição na qualidade de vida, funcionalidade e aspectos

ambientais e sociais (BATTISTELLA e BRITO, 2002).

A CIF possibilita aliar a informação diagnóstica com a funcionalidade numa

visão significativa da pessoa, registrando aspectos de incapacidade física,

sensorial, emocional e social, diferentemente da CID que apenas registra uma

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condição de doença e seus agravos. Recomenda-se que a CIF seja utilizada de

forma complementar a CID (BATTISTELLA e BRITO, 2002; CCOMS, 2003).

A CIF possibilita relacionar os diferentes determinantes de saúde do

indivíduo, considerando-se as características singulares das pessoas, procurando-

se englobar questões de atividade, participação e fatores contextuais em pessoas

com incapacidades (BATTISTELLA e BRITO, 2002; CCOMS, 2003; DI NUBILA,

2007; OLIVEIRA E SILVEIRA, 2011)

Esta classificação alia diversos aspectos da saúde humana e componentes

que são importantes para o bem estar de um indivíduo, se aplica para todas as

pessoas, descrevendo em termos de domínios de saúde situações interligadas à

funcionalidade e restrições (DI NUBILA, 2007; CCOMS, 2003).

Além da visão integral de saúde, a CIF proporciona uma linguagem

padronizada entre os profissionais, e uma estrutura que descreve a saúde e os

estados relacionados à saúde, definindo componentes de saúde e bem-estar

social. Dentre suas múltiplas finalidades, a CIF proporciona um conhecimento

científico para a compreensão e a pesquisa em saúde, estabelece uma linguagem

comum, permite comparação de dados com outras instâncias, possibilita um

desenho de codificação para informações de saúde, além de ser um sistema

prático para aplicação nos mais diferentes usos (CCOMS, 2003).

A CIF propõe um modelo que considera a influência da interrelação de

diferentes fatores, voltado para a funcionalidade individual. O diagrama a seguir

(Fig. 1), mostra que “a funcionalidade de um indivíduo em um domínio específico é

uma interação ou relação complexa entre estado ou condição de saúde e os

fatores contextuais” (op.cit, p.31). Há um funcionamento dinâmico, ainda que

intervier num elemento possa modificar um ou mais elementos. Portanto, ter uma

limitação pode modificar o estado de saúde de uma pessoa (CCOMS, 2003).

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Figura 1 - Diagrama da CIF

Fonte: CCOMS, 2003, p. 30.

Como observado no diagrama, a CIF se compõe de duas partes, sendo que

cada parte é constituída por dois componentes. A primeira parte se refere a

Funcionalidade e a Incapacidade, que têm como componentes o Corpo, que se

inclui em duas classificações (funções dos sistemas e estruturas do corpo) e

Atividades e Participação. A segunda parte refere-se aos Fatores Contextuais

formados pelos Fatores Ambientais e Fatores Pessoais (CCOMS, 2003).

Segue breve descrição desses itens, como descrito na versão brasileira da

própria CIF (CCOMS, 2003).

PARTE I: Funcionalidade e Incapacidade

A Funcionalidade e a Incapacidade da CIF podem ser utilizadas para

“indicar problemas”, exposto como incapacidade e também para indicar “aspectos

não problemáticos”, descritos como funcionalidade (op.cit, p. 19).

a) As Funções do Corpo e Estruturas do Corpo

As Funções e Estruturas do corpo são classificadas a partir dos sistemas

orgânicos.

b) Atividade e Participação

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A Atividade diz respeito da “execução de uma tarefas ou ação” por uma

pessoa, já a Participação refere-se ao envolvimento do sujeito em uma situação

de vida (op.cit, p. 263).

PARTE II: Fatores Contextuais

Os Fatores Contextuais são entendidos como a história e o estilo da vida

dos sujeitos, eles podem estabelecer um impacto sobre a pessoa com sua

condição de saúde e os estados relacionados com a saúde.

a) Fatores Ambientais

Os Fatores Ambientais são de suma importância para o componente de

funcionalidade e incapacidade, pois “constituem o ambiente físico, social e

atitudes” na qual as pessoas são expostas, vivem e se relacionam (op.cit, 2003 p.

199).

b) Fatores Pessoais

Os Fatores Pessoais dizem respeito ao histórico particular de vida do

sujeito, incluindo sexo, raça, idade, condição física, estilo de vida, etc.

Os componentes são identificados por prefixos em cada código. O “b”

refere-se a Funções do Corpo; “s”, Estruturas do Corpo; “d” Atividades e

Participação e “e”, Fatores Ambientais. Essas letras são seguidas de um código

numérico iniciado pelo número do capítulo (um dígito), seguido pelo segundo nível

(dois dígitos) e o terceiro e quarto níveis (um dígito cada). A CIF possibilita que o

estado da saúde da pessoa receba uma “gama de códigos através dos domínios

dos componentes da classificação” (CCOMS, 2003 p.250).

A CIF é bastante extensa e abrangente, o que é importante para aumentar

seu poder descritivo, mas, ao mesmo tempo, constitui um grande desafio para o

uso prático. Deste modo, neste trabalho, utilizaram-se domínios de linguagem

relacionados a determinadas condições de saúde, no caso o AVE, conforme

pesquisa de Dallaqua (2014). A autora criou um instrumento com base na CIF

para avaliar e classificar a linguagem, participação e funcionalidade de pessoas

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que sofreram o AVE, uma vez que esta classificação mostra os itens a serem

classificados, mas não detalha como fazê-lo.

Alguns autores como Fontes et al. (2010, p.175) destacam que a utilização

da CIF é de grande valia para a Saúde Pública, pelo caráter amplo sobre a

funcionalidade dos indivíduos, sendo que a CIF, ao se distanciar do “reducionismo

diagnóstico”, se aproxima de condições de vida que são importantes para a

promoção de saúde. A CIF possibilita tomada de decisões e facilita a comunicação

entre profissionais de diferentes especialidades (BATTISTELLA e BRITO, 2002; DI

NUBILA, 2007; VALE, 2009; FONTES et al., 2010).

Ressalta-se que o intrumento aqui utilizado não deve ser entendido como

um protocolo, mas se trata de uma forma de avaliar e classificar questões de

linguagem, participação e funcionalidade de pessoas pós AVE como esclarece

Dallaqua (2014).

Vale (2009) observa que, em alguns estudos, há equívocos que levam a

uma aplicação inapropriada da CIF, por não se dar o devido valor a sua

complexidade e ao utilizarem-na apenas como um instrumento avaliativo e não de

classificação.

A OMS faz exigência quanto à necessidade de uma formação rigorosa

sobre a CIF, que contemple aspectos éticos e técnicos (CCOMS, 2003), de forma

a evitar aplicações não compatíveis com o seu quadro conceitual, suas finalidades

e a persistência no modelo biomédico como retoma Vale (2009).

Sampaio e Luz (2009) abordam que os debates sobre alguns aspectos

conceituais da CIF ainda são incipientes para analisar a funcionalidade e a

capacidade humana, ressaltando que tais aspectos são norteadores para a

construção de indicadores de saúde mais detalhados (SAMPAIO e LUZ, 2009). As

autoras afirmam que aliar as ciências sociológicas às biomédicas promove um

entendimento dualístico do corpo. Por isso, não se pode classificar os

componentes separadamente:

“Como a OMS não especifica a origem da abordagem biopsicossocial usada na CIF, cabe dizer que autores das Ciências Sociais identificam a sua gênese no funcionalismo estrutural [...]

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Funcionalismo pode ser definido como uma perspectiva teórico-metodológica utilizada para analisar a sociedade e seus componentes, enfocando a mútua integração e interconexão entre eles. Analisa ainda a maneira como o processo social e os arranjos institucionais normativos contribuem para a efetiva

manutenção da estabilidade da sociedade.” (SAMPAIO e LUZ, 2009, p. 478).

Segundo essas autoras, a CIF possibilita um entendimento sobre a

integração das perspectivas da funcionalidade, não se abstendo que cada

componente seja analisado separadamente e que, após a classificação, haja uma

associação entre o que se percebeu, logo promove um entendimento partindo das

partes e não do todo, desvinculando-se do sujeito como um todo.

Para elas, o sujeito e sua totalidade se constituem foco da CIF, sendo que

os componentes relacionados à funcionalidade devem ter como base a “totalidade

funcional” em todos os ambientes.

A CIF propõe entender a incapacidade e funcionalidade, numa “dimensão

independente de função”, em que o sujeito, mesmo com incapacidade pode ser

ativo e participativo socialmente (SAMPAIO e LUZ, 2009, P. 281). Para as autoras,

ainda, é importante não reduzir um sujeito a sua dimensão biológica, mas sim

compreender e articular suas vinculações. Entendem que não há uma única rede

de relações, mas sim a interação entre estas relações, que sinalizam autonomia e

funcionalidade.

No universo deste trabalho, tomando a CIF como base conceitual, interessa

investigar as questões de linguagem e suas implicações sociais e contextuais

(ambientais e pessoais), para que se incluam fatores e determinantes que afetam

a vida das pessoas pós AVE.

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IV. OBJETIVOS

4.1. Objetivo Geral

Avaliar e classificar aspectos de linguagem, funcionalidade e participação

de pessoas pós AVE a partir dos componentes da CIF e caracterizar o perfil

sociodemográfico dos participantes.

4.2. Objetivos Específicos

- Caracterizar o perfil sociodemográfico dos participantes quanto à idade,

sexo, anos de escolaridade e profissão e o detalhamento do AVE quanto ao lado

afetado e incidência/recorrência;

- Classificar a funcionalidade a partir dos domínios funções do corpo dos

sujeitos por meio dos componentes da CIF;

- Classificar a funcionalidade a partir dos domínios atividade e participação

das pessoas por meio dos componentes da CIF;

- Classificar os fatores ambientais dos participantes pela indicação da

extensão do fator (facilitador ou barreira).

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V. MÉTODO

Trata-se de pesquisa do tipo transversal aprovada pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de

Campinas sob n. 442.958/2013. A pesquisa seguiu a Resolução 466/12 do

CONEP.

Os participantes foram convidados a participar voluntariamente da

pesquisa, que foi explicada pessoal e individualmente a cada um, logo após

consulta médica realizada no Ambulatório de Neurovascular do Hospital da

Clinicas da FCM/UNICAMP. Após anuência, foi solicitada assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE – Anexo I), sendo que os participantes

receberam um via assinada pela pesquisadora.

A participação na pesquisa não implicou em nenhum gasto adicional para

o participante, nem para seu acompanhante, além da consulta médica, realizada

no Ambulatório de Neurologia Vascular do Hospital de Clínicas da

FCM/UNICAMP. A não participação ou interrupção na pesquisa por qualquer

motivo não implicou também em nenhum tipo de prejuízo ao tratamento que já

estiver realizando no ambulatório.

A pesquisadora responsável se comprometeu a garantir o sigilo da

identidade do participante e de dados confidenciais que, de algum modo,

pudessem provocar constrangimentos ou prejuízos a ele como voluntário da

pesquisa. Foram informados que os dados serão utilizados exclusivamente para

fins didáticos e/ou científicos, sob sua autorização.

O participante poderia solicitar esclarecimentos sobre a pesquisa a

qualquer momento, bem como interromper a participação por sua solicitação, do

seu responsável legal ou da pesquisadora.

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O participante foi beneficiado com a avaliação da sua linguagem e

comunicação além de receber orientações e os encaminhamentos necessários

relativos à área de Fonoaudiologia, fornecidos pela pesquisadora responsável.

5.1. Constituição da amostra

A amostra se constitui de 50 (cinquenta) participantes com diagnóstico de

Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEi) ou Acidente Vascular Encefálico

Hemorrágico (AVEh), atendidos no Ambulatório de Neurologia Vascular da

Hospital de Clínicas da FCM/UNICAMP.

Foram incluídas pessoas em atendimento no Ambulatório de Neurovascular

do HC/UNICAMP maiores de 18 anos, com diagnóstico de AVEi ou AVEh, tempo

de íctos acima de 3 (três) meses e de ambos os sexos.

O tempo íctos acima de três meses está relacionado à plasticidade cerebral

e readaptação, o que possibilita a maior independência funcional, o que favorece o

desempenho nas atividades, pois está fora do período agudo do AVE (PACHECO

et al., 2013).

Foram excluídos aqueles que apresentaram outros diagnósticos

neurológicos, como demência e deficiência intelectual que comprometesse a

compreensão do instrumento clínico aplicado para a coleta de dados (detalhado

adiante).

5.2. Procedimentos de Coleta de Dados

Foram utilizados dados dos prontuários para confirmação do diagnóstico de

AVE e levantamento dos dados para caracterização dos participantes quanto à

idade, sexo, anos de escolaridade e profissão.

Após o consentimento ético, os participantes responderam, em sala

fechada e com duas entrevistadoras e seu acompanhante ao instrumento clínico

baseado na CIF para questões de linguagem, participação e funcionalidade

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elaboradas para esse fim por Dallaqua (2014). As respostas constituirão parte do

banco de dados da pesquisadora, conforme a Resolução 466/12, sob autorização

dos participantes, por se constituir em importante material terapêutico.

O instrumento de coleta dos dados (DALLAQUA, 2014) foi aplicado por

duas pesquisadoras, possibilitando a confiabilidade interexaminadores. Para tanto,

houve treinamento prévio e discussão dos critérios de aplicação. Deste modo, o

banco de dados pertence à pesquisa de ambas avaliadoras, já que Dallaqua

(2014) e a presente autora coletaram juntas tais dados.

Neste instrumento, foram incluídos 12 (doze) componentes e 30 (trinta)

domínios da CIF, descrito a seguir. O instrumento apresenta duas partes

(DALLAQUA, 2014).

A Parte A demarca a pesquisa de informações, que contém informações

demográficas, como sexo, idade e situação empregatícia dos participantes e

informações específicas da condição de saúde, como ocorrência do AVE e lado do

corpo afetado (DALLAQUA, 2014).

Nota-se que se buscou levantar o número de ocorrência de AVE como

um dos fatores de riscos envolvidos no AVE e de impacto nos aspectos de

linguagem, funcionalidade e participação social. Além disso, interessou pesquisar

o lado do corpo afetado, pois se a lesão cerebral ocorre no hemisfério esquerdo

do cérebro, o lado direito do corpo será afetado; se a lesão ocorre no hemisfério

direito do cérebro, o lado esquerdo do corpo será afetado, considerando-se que as

alterações de linguagem são, na maioria das vezes, decorrentes de

comprometimento do hemisfério esquerdo.

A Parte B (DALLAQUA, 2014) diz respeito à funcionalidade, incorporando

os domínios da CIF e respectivos códigos entre parênteses quanto a:

Orientação e memória - funções de orientação (b144) e funções de

memória (b114);

Linguagem: compreensão e atenção - concentrar a atenção (b160);

comunicação e recepção de mensagens orais (d310), comunicação e recepção de

mensagens não verbais (d315);

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Linguagem: expressão e fala – fala (d330), conversação (d350), funções

mentais de sequenciamento de movimentos complexos (b176), funções de

articulação (b320), funções da voz (b310), funções da fluência e ritmo de fala

(b330);

Linguagem: ler e escrever - recepção de mensagens escritas (d325) e

escrever mensagens (d345);

Afasia - funções mentais da linguagem (b167);

Audição - funções auditivas (b230) e ouvir (b115);

Dispositivos de comunicação - utilização de dispositivos de comunicação

(d360), como por exemplo, telefone e computador, e produtos e tecnologia para

comunicação (e125), são exemplos pranchas de Comunicação Alternativa, jornais,

revistas ou álbuns de fotos;

Andar (d450);

Interrelações - relações sociais informais (d750) e relações familiares

(d760); transações econômicas básicas (d860);

Vida comunitária e social - vida comunitária (d910) e recreação e lazer

(d920);

Apoio e relacionamento - família imediata (e310), família ampliada

(e315), amigos (e320), conhecidos companheiros, colegas, vizinhos e membros

da comunidade (e325), cuidadores e assistentes pessoais (e340) e profissionais

da saúde (e355).

A segunda parte do instrumento (Funcionalidade) é mais abrangente e,

por isso para análise e compreensão dos dados, ela foi separada em Funções do

Corpo, Atividade e Participação e Fatores Ambientais (DALLAQUA, 2014).

Esta parte abrange 30 domínios da CIF, sendo que Dallaqua (2014)

elaborou 35 questões para contemplar a descrição de cada um desses domínios.

5.3. Forma de Análise de dados

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Para classificação dos dados foram consideradas diversas fontes de

informação como previsto na CIF (CCOMS, 2003), abrangendo as pessoas que

sofreram o AVE, seus cuidadores/acompanhantes como também os próprios

pesquisadores, utilizando-se os qualificadores da CIF quanto a gravidade do

problema descritos no Quadro 1.

Quadro 1 – Qualificadores da CIF quanto à gravidade do problema (CCOMS, 2003).

xxx.0 NÃO há problema (nenhum, ausente, insignificante) 0-4%

xxx.1 Problema LEVE (leve, baixo,...) 5-24%

xxx.2 Problema MODERADO (médio,regular,...) 25-49%

xxx.3 Problema GRAVE (alto, extremo,...) 50-95%

xxx.4 Problema COMPLETO (total,...) 96-100%

xxx.8 não especificado

xxx.9 não aplicável

Os códigos da CIF necessitam do uso de um ou mais qualificadores que

indicam a magnitude do nível de saúde ou gravidade do problema. Os

qualificadores são codificados com a utilização de números após um ponto, a

utilização dos códigos deve vir acompanhada de, no mínimo, um qualificador, já

que sem os qualificadores, os códigos não têm significado (CCOMS, 2003).

No trabalho de Dallaqua (2014) são apresentados parâmetros para

classificação dos dados em cada componente, como no exemplo do Quadro 2:

Quadro 2 – Exemplo de classificação do item de conversação (Dallaqua, 2014)

d350 – Conversação

( ) 0 – Normal – Não apresenta dificuldade

( ) 1 – Dificuldade leve – Apresenta dificuldade para conversar com pessoas que não convive

diariamente

( ) 2 – Dificuldade moderada – Apresenta dificuldade para conversar com pessoas próximas

( ) 3 – Dificuldade grave – Conversa o estritamente necessário. Não tem iniciativa discursiva

( ) 4 – Dificuldade completa – Não conversa

( ) 8 – Não especificado

( ) 9 – Não aplicável

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Os domínios dos fatores ambientais foram calculados diferentemente e

separadamente dos componentes de funções do corpo e atividades e

participação. Segundo a CIF (CCOMS, 2003), para codificação dos fatores

ambientais, utilizam-se qualificadores que indicam se o fator é um facilitador ou

uma barreira. Ou seja, considera-se uma escala positiva e negativa que indica a

extensão em que um fator ambiental age como barreira ou facilitador. O

codificador considerou questões acerca da disponibilidade do recurso, do acesso

e se o domínio é prejudicial ou favorável àquele sujeito, como descrito no Quadro

3.

Quadro 3 – Qualificadores da CIF como facilitador ou barreira (CCOMS, 2003).

xxx-0 NENHUMA barreira xxx+0 NENHUM Facilitador

xxx-1 Barreira LEVE xxx+1 Facilitador LEVE

xxx-2 Problema MODERADO xxx+2 Facilitador MODERADO

xxx-3 Problema GRAVE xxx+3 Facilitador SUBSTANCIAL

xxx-4 Problema COMPLETO xxx+4 Facilitador COMPLETO

xxx8 barreira não especificada xxx8 facilitador não especificado

xxx9 não aplicável xxx9 não aplicável

No instrumento de Dallaqua (2014), a extensão do fator ambiental foi

organizada, conforme o Quadro 4:

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24

Quadro 4 – Exemplo de classificação do item Família Imediata (Dallaqua, 2014).

APOIO E RELACIONAMENTO

e310 – Família imediata

Seus familiares que moram com você, te ajudam no que você precisa? Ou te atrapalham?

Se ajudam:

( )0 Fator

neutro:

Nem me

ajuda e nem

me atrapalha/

indiferente

( )+1

Facilitador

leve

Me ajuda um

pouco

( ) +2

Facilitador

moderado

Me ajuda,

na maioria

das vezes.

( )+3

Facilitador

Grave

Me ajuda

muito.

( )+4

Facilitador

completo

Me ajuda

imensamente.

( )8

Facilitador

Não

especificado

me ajuda,

mas não

posso dizer o

quanto.

Se prejudicam:

( )-1

Barreira leve

Me prejudica

um pouco

( ) -2

Barreira

moderado

Me prejudica

na maioria

das vezes.

( ) -3

Barreira

Grave

Me prejudica

muito.

( )-4 Barreira

completo

Me prejudica

imensamente.

( ) 8 Barreira

não

especificada

Me prejudica

mas não sei

dizer o quanto.

( ) – 9

Não se

aplica

Os dados foram submetidos à análise estatística das medidas resumo

(frequências) dos dados. Para avaliação da concordância entre as avaliadoras foi

utilizado o Teste Kappa, baseando-se os resultados nos critérios de classificação

presentes em Fleiss (1981).

Para análise do lado afetado, recorrência do AVE e os escores dos

componentes da CIF, foi utilizado o teste Qui-quadrado e quando necessário, o

teste exato de Fisher. O nível de significância adotado para este estudo foi de 5%,

p < 0,005.

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25

Note-se que os qualificadores 8 e 9 foram desconsiderados na análise

estatística descritiva, por não descreverem o problema, tendo sido compreendidos

como missing.

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26

VI. RESULTADOS

6.1. Resultados relativos ao perfil sociodemográfico dos participantes

A idade dos participantes variou entre 32 e 88 anos, sendo que a maioria

(57,8%) eram idosos, ou seja, com idade igual ou superior a 60 anos de acordo

com o Art. 1º da lei nº 10.741 (BRASIL, 2003).

Como se observa na Tabela 1, há discreta predominância do sexo

masculino das pessoas pós AVE (56%) que participaram da pesquisa.

Tabela 1- Distribuição dos participantes quanto ao sexo

SEXO Frequência %

Feminino 22 44%

Masculino 28 56%

Total 50 100%

A maioria dos entrevistados informou ter quatro anos de escolaridade

formal (42%), sendo que a maioria (50%) dos participantes estão aposentados.

Em relação à ocorrência de AVE (Tabela 2), foi constatada uma maioria de

pessoas que sofreram apenas um Acidente Vascular Encefálico.

Tabela 2 - Distribuição dos participantes quanto à ocorrência do AVE

Incidência do AVE Frequência %

Primeiro AVE 32 64%

AVE recorrente 18 36%

Total 50 100%

A Tabela 3 mostra resultados referentes ao lado do corpo que foi afetado

após o AVE. A maior parte da população estudada apresentou o lado direito do

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27

corpo afetado, ou seja, observa-se prevalência de pessoas com lesão no

hemisfério esquerdo com alterações de linguagem e consequente, implicações na

funcionalidade e participação social.

Tabela 3 - Distribuição dos participantes quanto à ocorrência ao lado do corpo afetado pela lesão

neurológica

Lado do corpo afetado Frequência %

Ambos 4 8%

Direito 24 48%

Esquerdo 21 42%

Nenhum 1 2%

Total 50 100%

6.2. Resultados relativos à concordância intra-examinadores

Na análise da concordância entre as pesquisadoras em relação às

respostas dos componentes da CIF observou-se que em 25 (vinte e cinco) houve

concordância excelente e em 5 (cinco) uma concordância boa.

Foram considerados como deficiências e problemas, aqueles itens que a

intercorrência aconteceu após o AVE, sendo que os aspectos em que não houve

ocorrência na percepção dos participantes, como a Recepção de Mensagens

Escritas (d325), ou comprometimentos anteriores ao AVE, como por exemplo,

problemas auditivos referentes aos domínios - Ouvir (d115) e Funções Auditivas

(b230), foram classificados como “não se aplica”.

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28

Tabela 4 - Distribuição dos participantes quanto à concordância entre examinadores

ITENS Coeficiente de Kappa

IC 95% Concordância

b114- Funções de orientação 0.9180 0.8314; 1.0000 Excelente

b144- Funções da memória 0.9029 0.8329; 0.9730 Excelente

d160- Concentrar a atenção 0.6625 0.4751; 0.8579 Boa

d310- Recepção de mensagens orais 0.8249 0.7071; 0.9427 Excelente

d315-Recepção de mensagens não-verbais 0.7782 0.6088; 0.9476 Excelente

d330- Fala 0.7927 0.6682; 0.9171 Excelente

d350-Conversação 0.8520 0.7276; 0.9764 Excelente

b176-Funções mentais de seq. Movimentos 0.7301 0.4410; 1.0000 Boa

b320-Funções da articulação 0.7095 0.5235; 0.8955 Boa

b310- Funções da voz 0.7987 0.5036; 1.0000 Excelente

b330- Funções da fluência e ritmo fala 0.8246 0.6064; 1.0000 Excelente

d325- Recepção de mensagens escritas 0.8839 0.7933; 0.9745 Excelente

d345- Escrever mensagens 0.9170 0.8597; 0.9744 Excelente

b167-Funções mentais da linguagem 0.8180 0.6507; 0.9854 Excelente

b230- Funções auditivas 0.9429 0.8696; 1.0000 Excelente

d115- Ouvir 0.8113 0.5385; 1.0000 Excelente

d360- Utilização - disp/técnicas de comunicação 0.9286 0.8159; 1.0000 Excelente

e125- Prod/tec para comunicação 0.7687 0.5434; 0.9941 Excelente

d450- Andar 0.9403 0.8443; 1.0000 Excelente

d750- Relações sociais informais 0.8799 0.7758; 0.9840 Excelente

d760- Relações familiares 0.7005 0.4006; 1.0000 Boa

d860 - Transações econômicas básicas 0.9294 0.8513; 1.0000 Excelente

d910- Vida comunitária 0.8860 0.7688; 1.0000 Excelente

d920- Recreação e lazer 0.9739 0.9321; 1.0000 Excelente

e310- Família imediata 0.9198 0.8544; 0.9852 Excelente

e315- Familia ampliada 0.9103 0.8334; 0.9872 Excelente

e320- Amigos 0.8911 0.7160; 1.0000 Excelente

e325- Conhecidos/amigos/comunidade 0.8952 0.7356; 1.0000 Excelente

e340- Cuidadores 0.5991 0.2069; 0.9913 Boa

e355- Profissionais de saúde 0.8274 0.6923; 0.9626 Excelente

6.3. Resultados relativos a Funções do Corpo

Os resultados relativos a funções do corpo podem ser visualizados na

Tabela 5.

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29

Tabela 5 - Distribuição da classificação dos participantes quanto aos componentes da CIF relativos a

funções do corpo

ITEM DA CIF

Sujeitos

afetados

N(%)

QUALIFICADORES

0

1

2

3

4

m

b114- Funções de orientação 17(34) 32(64) 8(16) 5(10) 2(4) 2(4) 1(2)

b144- Funções de memória 30(60) 20(40) 9(18) 10(20) 8(16) 3(6) 0(0)

b176- Funções mentais de

sequencialização de movimentos

complexos

9(18,3) 40(81,6) 5(10,2) 1(2) 1(2) 2(4,1) 1(2)

b320 - Funções da articulação 16 (32,7) 33(67,3) 12(24,5) 2(4,1) 0(0) 2 (4,1) 1 (2)

b310 - Funções da voz– b310 11 (22,9) 37(77,1) 7(14,6) 0(0) 4(8,3) 0 (0) 2(4)

b330 -Funções da fluência e ritmo de fala 13(27,7) 34(72,3) 5(10,6) 4(8,6) 3(6,4) 1(2,1) 3(6)

b167- Funções mentais da linguagem 23(46,9) 26(53,1) 12(24,5) 7(14,3) 3(6,1) 1(2) 1(2)

b230- Funções auditivas 13 (27,6) 34(72,3) 8(17) 5(10,6) 0(0) 0(0) 3(6)

Legenda: 0- Nenhuma deficiência; 1- Deficiência leve; 2- Deficiência moderada; 3 - Deficiência grave; 4-

Deficiência completa; m – missing.

O item que os participantes referiram maior dificuldade foi em funções de

memória (b144) (60%), em que as pessoas relataram ser frequente esquecer-se,

por exemplo, de tomar remédios, onde guardam suas coisas, deixar a panela no

fogão ou do nome dos familiares. Uma parcela significativa (46,9%) relatou

dificuldades em funções mentais da linguagem (b167), a maioria classificada como

leve, por exemplo, em compreensão de conversações mais longas, porém sem

prejuízo na manutenção do diálogo.

Em funções de orientação (b114), 34% dos entrevistados apontaram

dificuldades como indicar o horário em que saiu de casa, quem os acompanhau ao

ambulatório, o local e dia da entrevista da pesquisa: Em proporção menor, nas

funções de articulação (b320), uma parcela (32,7%) fez referência de dificuldades

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30

de amplitude e precisão articulatória, o que pode prejudicar na inteligibilidade da

fala.

Nas funções de fluência e ritmo de fala (b330) uma porcentagem dos

participantes (27,7%) indicou dificuldades na fluência de fala em discursos e

conversas mais longos.

Uma parte dos participantes (27,6%) pontuou dificuldades em funções

auditivas (b230), por exemplo, de ouvir sons em intensidade fraca nas situações

de fala e quando assistem TV. As pessoas que indicaram problemas auditivos

anteriores ao AVE foram classificadas como “não se aplica”.

Em funções de voz, uma parte dos sujeitos (22,9%) referiu diversas queixas

em relação à produção vocal após o AVE, tais como voz monótona e esforço ao

falar.

Os participantes relataram dificuldades nas funções mentais de

sequencialização de movimentos complexos (b176) (18,3%), como por exemplo,

na produção da fala.

6.4. Resultados relativos à Atividade e Participação

Seguem resultados relativos à atividade e participação do grupo estudado

na Tabela 6.

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31

Tabela 6 - Distribuição da classificação dos participantes quanto aos componentes da CIF relativos à

atividade e participação

ITEM DA CIF

Sujeitos

afetados

N (%)

QUALIFICADORES

0 1 2 3 4 m

d160- Concentrar a atenção 26(52) 24(48) 5(10) 8(16) 13(26) 0(0) 0(0)

d310- Recepção de mensagens orais 22(44) 28(56) 10(20) 6(12) 6(12) 0(0) 0(0)

d315- Recepção de mensagens não

verbais

12(34) 38(76) 6(12) 1(2) 2(4) 3(6) 0(0)

d330 - Fala 23(46) 27(54) 10(20) 8(16) 3(6) 2(4) 0(0)

d350Conversação 19(38) 31(62) 11(22) 2(4) 3(6) 3(6) 0(0)

d325- Recepção de mensagens

escritas

18(39,1) 28(60,9) 7(15,2) 3(6,5) 2(4,3) 6(13) 4(8)

d345- Escrever mensagens 25(55,6) 20(44,4) 7(15,6) 6(13,3) 4(8,9) 8(17,8) 5(10)

d115 - Ouvir 6(13) 40(87) 5(10,9) 0(0) 1(2,2) 0(0) 4(8)

d360-Utilização de dispositivos e

técnicas de comunicação

20(41,7) 28(58,3) 6(12,5) 1(2,1) 4(8,3) 9(18,8) 2(4)

d450 - Andar 26(53,1) 23(46,9) 10(20,4) 7(14,3) 5(10,2) 4(8,2) 1(2)

d750- Relações sociais informais 14(20) 36(72) 3(6) 5(10) 2(4) 4(8) 0(0)

d760- Relações familiares 9(18,4) 40(81,6) 2(4,1) 3(6,1) 2(4,1) 2(4,1) 1(2)

d860 - Transações econômicas

básicas

23(49) 24(51) 2(4,3) 1(2,1) 3(6,4) 17(36,2) 3(6)

d910- Vida comunitária 15(51,7) 14(48,3) 2(6,9) 2(6,9) 3(10,3) 8(27,6) 21(42)

d920-Recreação e lazer 22(61,1) 14(38,9) 4(11,1) 0(0) 6(16) 12(33) 14(28)

Legenda: 0- Nenhuma deficiência; 1- Deficiência leve; 2- Deficiência moderada; 3 - Deficiência grave; 4-

Deficiência completa; m – missing.

Os itens com maiores implicações em atividade e participação para os

participantes foram: recreação e lazer (d920) (61,1%), como por exemplo,

participar de atividades de lazer, tais como passeios em parques, shoppings e

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32

viagens; escrever mensagem (d345) (55,6%), por exemplo, em escrever textos,

cartas, bilhetes e alguns o próprio nome; concentrar a atenção (d160) (52%) como

em manter-se atento aos diálogos ou não conseguir terminar as atividades; em

andar (d450) (53,1%), precisando de auxílio e de um tempo maior e no item vida

comunitária (d910) (51,7%), como por exemplo, para participar de atividades

religiosas ou como voluntário em sua comunidade.

Uma parcela significativa dos participantes (49%) pontuou dificuldades em

transações econômicas básicas (d860), o que evidencia prejuízo na autonomia

para a realização de atividades tais como fazer compras sozinho e conferir o troco.

No item de fala (d330), uma parcela (46%) dos sujeitos indicou dificuldades em

transmitir mensagens complexas e longas; outra porcentagem (44%) em recepção

de mensagens orais (d310), como por exemplo, em relação a compreender

mensagens por meio da fala.

No item utilização de dispositivos e técnicas de comunicação (d360), uma

parte (41,7%) relatou dificuldades em usar telefone e computador; outra parcela

(39,1%) em recepção de mensagens escritas (d325), como ler textos, recados,

bilhetes, receitas, placa do ônibus e nomes. No item conversação (d350) uma

porcentagem (38%) referiu dificuldades, por exemplo, em conversar com pessoas

que não convive diariamente e em participar de uma roda de conversa.

Em relação às dificuldades específicas de linguagem, foi feito comparativo

entre participantes com problemas de linguagem (46,9% prejudicados em funções

mentais de linguagem) e participantes sem problemas de linguagem (53,1% - não

prejudicados em funções mentais de linguagem), como mostra a Tabela 7.

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33

Tabela 7 - Distribuição da classificação dos participantes quanto à alteração de linguagem e domínios de

atividade e participação afetados

Item da CIF

Sem alteração de Linguagem

N(%)

Com Alteração de Linguagem

N(%)

QUALIFICADORES

1 2 3 4 1 2 3 4

d160- Concentrar a atenção

1(12,5) 2(25) 5(62,5) 0(0) 4(22,2) 6(33,3) 8(44,4) 0(0)

d310- Recepção de mensagens orais

5(83,3) 1(16,6) 0(0) 0(0) 5(31,2) 5(31,2) 6(37,5) 0(0)

d315-Recepção de mensagens não verbais

1(100) 0(0) 0(0) 0(0) 5(45,4) 1(9) 2(18,1) 3(27,2)

d330-Fala 5(100) 0(0) 0(0) 0(0) 5(27,7) 8(44,4) 3(16,6) 2(11,1)

d350-Conversação 2(100) 0(0) 0(0) 0(0) 9(52,9) 2(11,7) 3(17,6) 3(17,6)

d325-Recepção de mensagens escritas

3(100) 0(0) 0(0) 0(0) 4(26,6) 3(20) 2(13,3) 6(40)

d345- Escrever mensagens

3(42,8) 2(28,5) 1(14,2) 1(14,2) 4(22,2) 4(22,2) 3(16,6) 7(38,8)

d115-Ouvir 3(100) 0(0) 0(0) 0(0) 2(66,6) 0(0) 1(33,3) 0(0)

d360-Utilização de dispositivos e técnicas de comunicação

4(66,6) 1(16,6) 0(0) 1(16,6) 2(14,3) 0(0) 4(28,6) 8(57,1)

d450-Andar 2(25) 5(62,5) 0(0) 1(12,5) 7(41,2) 2(11,8) 5(29,4) 3(17,6)

d750- Relações sociais informais

1(50) 1(50) 0(0) 0(0) 2(16,7) 4(33,3) 2(16,7) 4(33,3)

d760- Relações familiares-

1(100) 0(0) 0(0) 0(0) 1(12,5) 3(37,5) 2(25) 2(25)

d860-Transações econômicas básicas

2(28,6) 0(0) 2(28,6) 3(42,8) 0(0) 1(6,25) 1(6,25) 14(87,5)

d910 – Vida Comunitária

1(20) 1(20) 1(20) 2(40) 1(11,1) 0(0) 2(22,2) 6(66,7)

d920- Recreação e Lazer

2(22,2) 0(0) 1(11,1) 6(66,7) 2(15,4) 0(0) 5(38,5) 6(46,1)

Legenda: 0- Nenhuma deficiência; 1- Deficiência leve; 2- Deficiência moderada; 3 - Deficiência grave; 4-

Deficiência completa.

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34

Observou-se que os participantes que relataram dificuldades no item de

funções mentais de linguagem (b167), indicaram que tiveram mais

comprometimentos e mais severos nos domínios de atividade e participação em

comparação àqueles que referiram não ter nenhuma deficiência nesse item. Tais

resultados evidenciam que a condição linguístico-cognitiva repercute na atividade

diária, funcionalidade e participação social dos participantes com

comprometimento de linguagem.

6.5. Resultados relativos aos Fatores Ambientais

Os resultados dos Fatores Ambientais seguem na Tabela 8.

Tabela 8 - Distribuição da classificação dos participantes em relação aos fatores ambientais.

Legenda: 0- Nenhum facilitador; +1 - Facilitador Leve; +2 - Facilitador Moderado; +3 - Facilitador Substancial; +4 - Facilitador Completo; 0 - Nenhuma Barreira; 1- Barreira Leve; 2 - Barreira Moderada; 3 - Barreira Grave; 4- Barreira Completa; m- missing.

ITEM DA CIF QUALIFICADORES N(%) FACILITADORES BARREIRAS

0 +1 +2 +3 +4 1 2 3 4 m

e125- Produtos e tecnologia para comunicação

2(28,6) 1 (14,3) 1(14,3) 2(28,6) 1(14,3) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 43(86)

e310- Família imediata 8(18,6) 3(7) 4(9,3) 21(48,8) 6(14) 0(0) 0(0) 0(0) 1(2,3) 7(14)

e315-Família ampliada 12(25) 8(16,7) 6(12,5) 17(35,4) 3(6,2) 1(2,1) 0(0) 1(2,1) 0(0) 2(4)

e320- Amigos 26(59,1) 9(20,5) 5(11,4) 2(4,5) 0(0) 0(0) 1(2,3) 1(2,4) 0(0) 6(12)

e325- Conhecidos, companheiros, colegas, vizinhos e membros da comunidade

36(76,6) 7(14,9) 1(2,1) 3(6,4) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 3(6)

e340- Cuidadores 2(33,3) 0(0) 0(0) 2(33,3) 1(16,7) 1(16,7) 0(0) 0(0) 0(0) 44(88)

e355- Profissionais de saúde

1(2) 1(2) 10(20,4) 24(49) 6(12,2) 3(6,1) 1(2) 3(6,1) 0(0) 1(2)

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35

Os fatores ambientais se mostram como facilitadores ou barreiras para os

participantes conforme seus relatos.

Um dos principais facilitadores na percepção dos participantes se refere ao

item profissionais de saúde (e355) (83,6%) abrangendo-se as respostas

classificadas nos diferentes graus, ou seja, para o grupo estudado são quem

ajudam bastante no processo de saúde e reabilitação das pessoas pós AVE.

Apenas uma pequena parcela (14,2%) considerou este item como barreira por

falta, dificuldade de acesso ou demora do atendimento de saúde, além de queixas

quanto ao descuido de profissionais em alguns casos.

Em relação ao item família imediata (e310), para grande parte dos

participantes (79,1%) os familiares próximos ajudam no que precisarem assim

como em família ampliada (e315), observa-se uma porcentagem similar (70,8%)

de referencia aos familiares que não moram com eles, mas que ajudam em suas

demandas de saúde.

Quanto ao item de conhecidos, companheiros, colegas, vizinhos e membros

da comunidade (e325), para grande parte (76,6%) trata-se de um fator neutro, ou

seja, tais pessoas não ajudam nem tampouco atrapalham assim como para a

maioria (59,1%), os amigos (e320), também se constituem de um fator neutro.

Alguns itens foram desconsiderados pelo alto missing, ou seja, mais de

80% dos entrevistados informaram que aquele item não se aplicava em sua vida

cotidiana ou não souberam informar a resposta. Os itens com missing acima de

80% foram: produtos e tecnologia para comunicação, já que 86% dos

entrevistados não sabiam utilizar telefone e nem computador, e cuidadores, pois

88% não tinham esse profissional.

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36

VII. DISCUSSÃO

Os resultados remetem a reflexão acerca da implicação dos

comprometimentos da linguagem na funcionalidade e participação de pessoas que

sofreram AVE.

Em relação ao sexo encontrou-se predominância masculina na amostra

estudada, resultados similares aos de outros autores (GONÇALVES e CARDOSO

1997; HUANG et al., 1997; MELLO, 2003; NUNES et al., 2005; GILES e

ROTHWELL, 2008; GAMA et al., 2010 e FERNANDES et al., 2013). Além disso, a

maioria dos participantes são idosos do sexo masculino como no estudo de

Pereira et al. (2009). Tais achados reafirmam que as pessoas idosas estão no

grupo de maior risco para o AVE (PEREIRA et al., 2009).

Nesse sentido, diversos autores (LORDELO, 2013 e FERRO et al., 1998)

discutem a importância de serem tomadas medidas para prevenir a ocorrência de

novos eventos lesionais tais como controle da hipertensão, fibrilação auricular,

diabetes, prevenção da formação de coágulos, alterações no estilo de vida (dieta,

prática de exercícios, qualidade de vida no trabalho, redução de estresse),

redução do colesterol e redução da ingestão de álcool.

Os achados evidenciam que o acompanhamento ambulatorial tem

favorecido maior controle dos fatores de risco para a maioria dos participantes,

considerando-se que grande parte dos entrevistados sofreu apenas um AVE,

conforme seu relato e/ou dados de seus prontuários, resultados semelhantes aos

encontrados por Cabral et al. (1997) e Lordelo (2013).

No item lado do corpo afetado, houve uma predominância de hemiparesia

no lado direito configurando maior prevalência de lesão no hemisfério esquerdo,

ou seja, com consequentes prejuízos na linguagem, funcionalidade e participação

social. Outros estudos (NUNES et al. , 2005 e GAMA et al. , 2010), encontraram

maior incidência de hemiparesia esquerda.

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37

No AVE, as implicações são bastante variadas para cada pessoa. A CIF

possibilitou uma compreensão dessas consequências, além dos aspectos

orgânicos, incorporando os aspectos sociais e psíquicos e, consequentemente,

favoreceu uma compreensão global da linguagem e funcionalidade de cada

partipante do estudo.

No item Funções do corpo, alguns participantes relataram prejuízos nas

Funções de Fluência e Ritmo de fala (b330), Funções de Memória (b144) e

Funções Mentais da Linguagem (b167), resultados similares ao de Oliveira e

Silveira (2011). Tais dificuldades, segundo as autoras, comprometem o retorno à

ocupação profissional.

A maioria dos entrevistados com alterações de linguagem indicou

deficiência nos itens Funções de Orientação (b114) e Funções Mentais de

Linguagem (b167), como nos estudos de Martins (2010).

As respostas dos participantes no item Funções Mentais de Linguagem

(b167) e a relação de interferência dos itens de atividade e participação evidenciou

que alterações de linguagem prejudicam na realização de atividade e participação

social em maiores gravidades.

Os resultados mostram impacto na realização de atividade e participação

em pessoas com alterações de linguagem tais como: concentrar atenção (d160),

recepção de mensagens orais (d310), recepção de mensagens não verbais

(d315), fala (d330), conversação (d350), recepção de mensagens escritas (d325),

escrever mensagens (d345), utilização de dispositivos e técnicas de comunicação

(d360), andar (d450), relações sociais informais (d750), relações familiares (d760)

e transações econômicas básicas (d860).

Dessa maneira, os resultados evidenciam que as alterações de linguagem

desencadeiam outras implicações para a vida das pessoas pós AVE em aspectos

psíquicos, sociais e atitudinais. A utilização da CIF possibilitou que o

comprometimento de linguagem pudesse ser compreendido além da sua

dimensão orgânica. Ou seja, não só como uma questão neurológica, como

também como uma questão social, uma vez que a instância linguística-discursiva

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38

possibilita a enunciação e a interação social (COUDRY, 2001; FONSECA e

VIEIRA, 2004; MORATO et al., 2004; CHUN, 2010). A análise das implicações

sociais possibilita a compreensão de que a linguagem está presente nas várias

instâncias contextuais do sujeito como aborda Morato et al (2004) nos estudos da

afasia.

Os achados em relação ao impacto na atividade e participação são

similares aos de Leal (2009). A autora salienta que os profissionais entrevistados

(fonoaudiólogos) em sua pesquisa, reconhecem o impacto da afasia não só na

dimensão linguística, como também em outras áreas da fonoaudiologia, como na

deglutição, além dos níveis pessoal, familiar, social, profissional, econômico, ou

seja, na saúde em uma perspectiva integral e em sua qualidade de vida (LEAL,

2009).

Em relação ao item Concentrar a Atenção (d160), a maior parte dos

entrevistados relatou alguma deficiência após o AVE, resultados também

encontrados por Oliveira e Silveira (2011). Tais autores acrescentam que os

achados impossibilitaram os sujeitos de seu estudo voltarem a sua ocupação

prévia, prejudicando assim sua funcionalidade.

O item Fala (d330), um grande número dos participantes desse estudo,

relatou como deficientes após o AVE, assim como no estudo de Martins (2010).

O item Andar (d450) obteve grande porcentagem de respondentes que

indicaram algum tipo de deficiência, resultados semelhantes ao de Oliveira e

Silveira (2011), em que os entrevistados apresentaram dificuldades de mobilidade,

desequilíbrio, fraqueza muscular em hemicorpo, dificuldades de permanência em

pé, necessitando de tecnologias auxiliares para locomoção, como bengala e

cadeira de rodas. O item Andar (d450) também apresenta resultados similares aos

do estudo de Martins (2010).

No item Vida Comunitária (d910), grande parte dos participantes relatou

algum tipo de dificuldade, assim como no estudo de Oliveira e Silveira (2011), em

que a dificuldade no deslocamento dentro e fora de casa comprometeu a

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39

independência e restringiu a sua participação social como em situações tais como

ir à missa – atividade de vida comunitária (d910).

Em Recreação e Lazer (d920), a maioria dos participantes relatou alguma

dificuldade, resultados também encontrados por Oliveira e Silveira (2011) em que

se observou limitação na participação social com familiares e amigos.

Os resultados evidenciaram que AVE compromete a participação social,

familiar e laboral dos participantes, resultados similares aos de Nunes et al.

(2005), que encontrou a ocorrência de hábitos sedentários e sem atividades de

lazer.

Em relação aos Fatores Ambientais, todos os participantes indicaram o item

Produtos e Tecnologia para Comunicação (e125) como facilitador, achados

também encontrados por Martins (2010).

Em Família Imediata (e310), uma maioria significativa dos participantes

relatou como fator facilitador e uma minoria como barreira, resultados similares

aos de Martins (2010) e Oliveira e Silveira (2011).

No item Cuidadores (e340), a maioria dos participantes os classificaram

como facilitadores, assim como encontrado por Oliveira e Silveira (2011).

Os profissionais de saúde (e355), para a maioria dos entrevistados, foram

considerados como facilitadores, achados similares aos de Oliveira e Silveira

(2011).

Grande parte dos participantes indicou que os aspectos de Fatores

Ambientais foram facilitadores em suas vidas. Contudo, não se pode

desconsiderar os achados relativos a tais aspectos como barreiras, os quais

evidenciam o impacto do AVE nos hábitos e contextos de vida dos participantes.

Dessa forma, a CIF possibilitou uma análise do sujeito, além dos aspectos

orgânicos e de sua doença, contemplando questões de funcionalidade,

participação e de fatores contextuais.

Portanto, é substancial que o profissional de saúde compreenda o indivíduo

em seu meio, para um entendimento amplo da funcionalidade humana,

considerando o sujeito, seus contextos sociais e o sistema de saúde para refletir

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40

sobre os efeitos ruptores de incapacidade (SAMPAIO e LUZ, 2009), como nos

casos pós AVE.

Associado a CIF como base conceitual, buscou-se nesse estudo ampliar o

olhar clínico, valorizando a subjetividade do sujeito, compreendendo-o em suas

diferentes instâncias sociais. A abordagem da clínica da subjetividade abriu a

possibilidade de enxergar o sujeito com agravos de saúde de modo diferenciado,

entendendo que cada sujeito traz marcas de subjetividade, diferentes estilos e

experiência de vida, perspectiva que o profissional deve contemplar em sua

práticas (PALLADINO, 2000 e MOURA, 2011) para uma atenção humanizada e

integral.

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41

VIII. CONCLUSÃO

Os resultados salientam o impacto do AVE na linguagem, participação e

funcionalidade do grupo estudado.

O trabalho revelou que as pessoas pós AVE apresentaram maiores

dificuldades nos domínios de função da memória e funções de orientação com

implicações em concentrar a atenção, escrever mensagens, andar, vida

comunitária e recreação e lazer. Note-se que, nos fatores ambientais, os

profissionais de saúde assim como a família se apresentam como importantes

aspectos facilitadores para a maior parte do grupo estudado. Contudo, os

profissionais de saúde também se apresentam como importante barreira para uma

pequena parcela de sujeitos em função da falta ou dificuldade de acesso à

assistência necessária, da demora dos atendimentos, além de queixas de

descuido dos profissionais em alguns casos.

Os resultados mostram que os problemas de linguagem trouxeram

implicações nos fatores contextuais (ambientais e pessoais) para a vida das

pessoas no pós AVE, resultando em implicações sociais tais como dificuldades

nas relações sociais informais e relações familiares e em transações econômicas

básicas, aspectos evidenciados pelo uso da CIF. Achados que reafirmam a

participação da linguagem nas várias instâncias contextuais da pessoa.

Portanto, a utilização da CIF como base conceitual possibilitou a análise

desses diferentes aspectos de vida e saúde das pessoas que sofreram AVE, bem

como a ampliação do olhar, além de seus aspectos orgânicos e sequelas físicas

para as questões de atividade e participação do grupo populacional, abordagem

compatível com uma visão de linguagem e de clinica pautadas na subjetividade,

no cuidado humanizado e na atenção integral.

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42

A CIF possibilitou que fosse feita uma avaliação diferenciada, centrada nos

aspectos biopsicossociais. Assim, essa pesquisa abre portas para a reflexão de

um novo olhar na saúde e seus determinantes, possibilitando aliar o aspecto

orgânico com a funcionalidade e fatores contextuais.

É necessária a continuidade de estudos que abordem a aplicabilidade da

CIF na Fonoaudiologia uma vez que, ainda existem poucas pesquisas e aplicação

clínica da CIF no âmbito da saúde brasileira. Nessa direção, reforça-se a

importância de sua implementação nas universidades, unidades de saúde e

hospitais, buscando maior divulgação entre os estudantes e profissionais.

A maior difusão da CIF poderá contribuir para o uso de uma linguagem

comum entre os profissionais de saúde e uma compreensão ampliada dos

aspectos da saúde e funcionalidade humana, em nosso caso, das pessoas pós

AVE.

O estudo baseado na CIF proporciona um olhar científico para

compreensão da saúde e seus determinantes da população estudada, numa

abordagem integral e humanizada, oferecendo maiores subsídios para o

aprimoramento da assistência à saúde no atendimento ambulatorial,

particularmente no âmbito da Fonoaudiologia, das pessoas acometidas pelo AVE.

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43

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http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/index1.html. Maio, 2014.

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ANEXOS

ANEXO I – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O

PARTICIPANTE PÓS AVE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Declaro que estou sendo convidado (a) e dou meu consentimento livre e

esclarecido como voluntário (a) da pesquisa: “Linguagem e Funcionalidade de

pacientes pós AVE em atendimentos ambulatorial a partir de componentes

da CIF” sob responsabilidade da aluna de mestrado Maria Tereza Maynard

Santana e orientação da Profa Dra Regina Yu Shon Chun, docente do Programa

de Mestrado Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da Faculdade de Ciências

Médicas da UNICAMP sendo este termo apresentado pela pesquisadora

responsável. Receberei uma cópia deste termo assinada por mim e pela

pesquisadora responsável.

Fui esclarecido (a) pela pesquisadora responsável e tenho ciência de

que:

- Esta pesquisa justifica-se pela necessidade analisar a funcionalidade da

linguagem, ou seja, da comunicação e da vida social das pessoas após Acidente

Vascular Encefálico (AVE).

- O objetivo da pesquisa é avaliar aspectos de linguagem, funcionalidade

e participação social das pessoas pós AVE atendidas no Ambulatório de

Neurovascular do Hospital das Clinicas da UNICAMP.

- Os procedimentos adotados envolverão a aplicação de perguntas

sobre as condições de saúde, vida social, linguagem e levantamento de dados nos

prontuários quanto a idade, sexo, anos de estudo e informações sobre o AVE.

Autorizo a pesquisadora responsável a anotar por escrito as minhas respostas e a

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armazenar as informações como parte de material terapêutico em benefício do

meu próprio atendimento ambulatorial em Fonoaudiologia. No caso de eu não

autorizar, o material da entrevista será destruído ao término da pesquisa.

- Participando deste estudo eu serei beneficiado com a avaliação da

minha linguagem e comunicação e receberei orientações e encaminhamentos

necessários relativos à área de Fonoaudiologia fornecidos pela pesquisadora

responsável. Além disso, a pesquisa possibilitará aprimorar o conhecimento das

dificuldades de linguagem das pessoas pós AVE para um atendimento

ambulatorial em fonoaudiologia mais eficaz.

- O único desconforto previsto se refere ao tempo despendido para a

aplicação das perguntas, que deverá durar em torno de 20 (vinte) minutos. Os

procedimentos poderão ser interrompidos a qualquer momento por minha

solicitação ou da pesquisadora responsável;

- A pesquisadora não prevê nenhuma forma de reembolso, nem nenhum

tipo de ressarcimento para o participante, bem como estará isento de qualquer

ônus financeiro referente à pesquisa. No caso de ocorrerem quaisquer despesas

em função da participação exclusiva na pesquisa, estas serão ressarcidas

integralmente pela pesquisadora. O ressarcimento destina-se as despesas que o

participante ou sua família venham a ter pela participação exclusiva na pesquisa e

que não teria se não participasse, entretanto os participantes não irão à UNICAMP

numa data específica somente para participar da pesquisa, não sendo necessário

o ressarcimento financeiro. Este item não se aplica aos gastos que o participante

tem na rotina do atendimento no Ambulatório de Neurologia Vascular HC-

UNICAMP como o transporte de casa para o atendimento ambulatorial e vice-

versa.

- A não participação ou interrupção na pesquisa por qualquer motivo não

implicará também em nenhum tipo de prejuízo ao tratamento que já estiver

realizando no Ambulatório de Neurologia Vascular no HC da FCM/Unicamp.

- A pesquisadora responsável garante o sigilo da minha identidade e de

dados confidenciais ou que, de algum modo, possam provocar constrangimentos

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ou prejuízos a mim como voluntário da pesquisa, garantindo que os dados serão

utilizados exclusivamente para fins didáticos e/ou científicos.

- Posso solicitar quaisquer esclarecimentos sobre a pesquisa e tirar

qualquer dúvida referente aos procedimentos do estudo entrando em contato com

a pesquisadora responsável pelo telefone ou pelo e-mail deixado no final deste

termo.

- Estou ciente de que o telefone do Comitê de Ética da FCM/UNICAMP é

divulgado para propiciar a mim uma eventual possibilidade de esclarecimento de

dúvidas ou reclamações e denúncias referentes aos aspectos éticos do estudo.

- Posso interromper a minha participação no estudo a qualquer momento

e retirar minha autorização, sem penalização ou prejuízos.

- Uma vez que estou ciente e não tenho dúvidas a respeito do que foi lido

e explicado, concordo com a participação na pesquisa, assinando o presente

termo de consentimento em duas vias.

Eu autorizo o armazenamento do registro escrito da minha entrevista: (

)sim ( )não

Eu,__________________________________________RG___________

_________ responsável por

_________________________________________dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar da pesquisa descrita.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre

e esclarecido deste participante.

Data:__/__/____

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___________________________________________________

Pesquisadora responsável Maria Tereza Maynard Santana

Contatos referentes à pesquisa:

Pesquisadora responsável: Maria Tereza Maynard Santana

Telefone: (79) 91917875/ (19) 84204887

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Votorantim, número 100. Vila Nova. Campinas, SP –

Brasil. CEP 13073090.

Contatos para dúvidas, reclamações ou denúncias referentes aos

aspectos éticos da pesquisa:

Comitê de Ética e Pesquisa da ÚNICAMP

Telefone: (019) 3521-8936/3521-7187

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão Geraldo.

Campinas, SP – Brasil. CEP 13083-887.

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ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA O

RESPONSÁVEL LEGAL

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Declaro que estou sendo convidado (a) e dou meu consentimento livre e

esclarecido como voluntário (a) da pesquisa: “Linguagem e Funcionalidade de

pacientes pós AVE em atendimentos ambulatorial a partir de componentes

da CIF” sob responsabilidade da aluna de mestrado Maria Tereza Maynard

Santana e orientação da Profa Dra Regina Yu Shon Chun, docente do Programa

de Mestrado Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da Faculdade de Ciências

Médicas da UNICAMP sendo este termo apresentado pela pesquisadora

responsável. Receberei uma cópia deste termo assinada por mim e pela

pesquisadora responsável.

Fui esclarecido (a) pela pesquisadora responsável e tenho ciência de

que:

- Esta pesquisa justifica-se pela necessidade analisar a funcionalidade da

linguagem, ou seja, da comunicação e da vida social das pessoas após Acidente

Vascular Encefálico (AVE).

- O objetivo da pesquisa é avaliar aspectos de linguagem, funcionalidade

e participação social das pessoas pós AVE atendidas no Ambulatório de

Neurovascular do Hospital das Clinicas da UNICAMP.

- Os procedimentos adotados envolverão a aplicação de perguntas

sobre as condições de saúde, vida social, linguagem e levantamento de dados nos

prontuários quanto a idade, sexo, anos de estudo e informações sobre o AVE.

Autorizo a pesquisadora responsável a anotar por escrito as minhas respostas e a

armazenar as informações como parte de material terapêutico em benefício do

atendimento ambulatorial em Fonoaudiologia . No caso de eu não autorizar, o

material da entrevista será destruído ao término da pesquisa.

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- Participando deste estudo meu dependente será beneficiado com a

avaliação da linguagem e comunicação e receberei orientações e

encaminhamentos necessários relativos à área de Fonoaudiologia fornecidos pela

pesquisadora responsável. Além disso, a pesquisa possibilitará aprimorar o

conhecimento das dificuldades de linguagem das pessoas pós AVE para um

atendimento ambulatorial em fonoaudiologia mais eficaz.

- O único desconforto previsto se refere ao tempo despendido para a

aplicação das perguntas, que deverá durar em torno de 20 (vinte) minutos. Os

procedimentos poderão ser interrompidos a qualquer momento por minha

solicitação, da pesquisadora responsável;

- A participação na pesquisa não implica em nenhum gasto adicional para

mim, portanto, as pesquisadoras não preveem nenhuma forma de reembolso nem

nenhum tipo de ressarcimento bem como estou isento de qualquer ônus financeiro

referente à pesquisa, já que eu não vim à UNICAMP em data específica somente

para coleta dos dados referente a pesquisa. No caso de ocorrerem quaisquer

despesas em função da minha participação na pesquisa, estas serão ressarcidas

integralmente pela pesquisadora. O ressarcimento destina-se as despesas que eu

venha a ter pela participação exclusiva na pesquisa e que não teria se não

participasse. Este item não se aplica aos gastos que tenho na rotina do

atendimento no Ambulatório de Neurologia Vascular do HC da FCM/Unicamp

como o transporte de casa para o atendimento.

- A não participação ou interrupção na pesquisa por qualquer motivo não

implicará também em nenhum tipo de prejuízo ao tratamento do meu dependente

que já estiver realizando e que venha a realizar no Ambulatório de Neurologia

Vascular no HC da FCM/Unicamp.

- A pesquisadora responsável garante o sigilo da minha identidade e de

dados confidenciais ou que, de algum modo, possam provocar constrangimentos

ou prejuízos a mim como voluntário da pesquisa, garantindo que os dados serão

utilizados exclusivamente para fins didáticos e/ou científicos.

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- Posso solicitar quaisquer esclarecimentos sobre a pesquisa e tirar

qualquer dúvida referente aos procedimentos do estudo entrando em contato com

a pesquisadora responsável pelo telefone ou pelo e-mail deixado no final deste

termo.

- Estou ciente de que o telefone do Comitê de Ética da FCM/UNICAMP é

divulgado para propiciar a mim uma eventual possibilidade de esclarecimento de

dúvidas ou reclamações e denúncias referentes aos aspectos éticos do estudo.

- Posso interromper a minha participação no estudo a qualquer momento

e retirar minha autorização, sem penalização ou prejuízos.

- Uma vez que estou ciente e não tenho dúvidas a respeito do que foi lido

e explicado, concordo com a participação na pesquisa, assinando o presente

termo de consentimento em duas vias.

Eu autorizo o armazenamento do registro escrito da minha entrevista: (

)sim ( )não

Eu,__________________________________________RG___________

_________ responsável por

_________________________________________dou meu consentimento livre e

esclarecido para participar da pesquisa descrita.

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre

e esclarecido deste participante.

Data:__/__/____

___________________________________________________

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Pesquisadora responsável Maria Tereza Maynard Santana

Contatos referentes à pesquisa:

Pesquisadora responsável: Maria Tereza Maynard Santana

Telefone: (79) 91917875/ (19) 84204887

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Votorantim, número 100. Vila Nova. Campinas, SP –

Brasil. CEP 13073090.

Contatos para dúvidas, reclamações ou denúncias referentes aos

aspectos éticos da pesquisa:

Comitê de Ética e Pesquisa da ÚNICAMP

Telefone: (019) 3521-8936/3521-7187

E-mail: [email protected]

Endereço: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 – Barão Geraldo.

Campinas, SP – Brasil. CEP 13083-887.