livreto cosac naify na flip 2010
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Livreto Cosac Naify na FLIP 2010TRANSCRIPT
cosac naify na flip 2010 programação | autores
cosac naify na flip 2010
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PONTO DE ENCONTROS
Um romancista nascido em Albany, nos Estados
Unidos, um biógrafo que vive na Holanda, um mé-
dico e escritor do sertão cearense, um artista plástico
morador da Gávea, um poeta e crítico maranhense,
um paulistano autor de livros para crianças e uma
ilustradora carioca têm um encontro marcado.
Eles virão a uma cidade colonial entre Rio de
Janeiro e São Paulo falar sobre um vagabundo que
perambula por sarjetas da América, uma ucrania-
na que ajudou a descobrir o Brasil, sobre ariranhas
e jacarés-de-papo-amarelo ou sobre uma garota que
obedece ordens de um apressado coelho branco e se
aconselha com uma lagarta que fuma narguilé.
A cada inverno histórias como estas migram
para Paraty. E aqui se reúnem a prosa e a poesia, a
arte e a crítica, crianças e adultos, biografia e País
das Maravilhas. É a encontros como estes que se de-
dica esta bonita festa que é a flip. E é a encontros
como estes que nos dedicamos nós, da Cosac Naify.
os editores
SOBRE A EDITORA
Criada em 1997 por Charles Cosac e Michael Naify,
a editora Cosac Naify tem hoje cerca de 800 títulos
adultos e infantojuvenis em áreas como arte, arqui-
tetura, poesia, antropologia, literatura, design e fo-
tografia. Já na primeira publicação, Barroco de lírios,
do artista plástico Tunga, a Cosac Naify iniciou o
que se tornaria uma marca: com mais de dez tipos
de papéis e duzentas ilustrações, o livro conta com
recursos como a fotografia de uma trança que, des-
dobrada, chega a um metro de comprimento.
O reconhecimento da editora se traduz, por
exemplo, em mais de sessenta prêmios nacionais e
internacionais, e em parcerias inéditas com institui-
ções do Brasil e do exterior, entre elas a Fundação
Iberê Camargo, a Pinacoteca de São Paulo e a Bienal
de Arte de São Paulo. Fomos ainda a primeira edito-
ra latino-americana a publicar um livro em parceria
com o Museu de Arte de Nova York (MoMA).
Inovação, excelência editorial e gráfica são mo-
trizes e a motivação da equipe de setenta profis-
sionais para quem livros são, acima de tudo, uma
grande paixão.
Para conhecer nosso trabalho e o catálogo da Cosac Naify, acesse cosacnaify.com.br
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programação flip 2010*
qua., 4 de agosto
19H ABERTURA
Casa-grande & senzala: um livro pereneFernando Henrique Cardosodebatedor
Luiz Felipe de Alencastro
21H30 SHOW DEABERTURA
Edu Lobo, Renata Rosa com Marcelo Jeneci e Quarteto de cordas da Academia da Osespdireção artística
Arthur Nestrovski
qui., 5 de agosto
10H MESA 1
Ao correr da penaEdson Nery da Fonseca, Moacyr Scliar e Ricardo Benzaquenmediação Ángel Gurría-Quintana
12H MESA 2
De frente pro crimePatrícia Melo e Lionel Shrivermediação Arnaldo Bloch
15H MESA 3
Fábulas contemporâneasReinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Brachermediação Cristiane Costa
17H15 MESA 4
Veias abertasIsabel Allendemediação Humberto Werneck
19H30 MESA 5
O livro: capítulo 1Peter Burke e Robert Darntonmediação Lilia Schwarcz
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sex., 6 de agosto
10H MESA 6
O livro: capítulo 2Robert Darnton e John Makinsonmediação Cristiane Costa
12H MESA 7
Além da casa-grande Alberto da Costa e Silva, Maria Lúcia Pallares-Burke e Ângela Alonsomediação
Lilia Schwarcz
15H MESA 8
Chá pós-colonialWilliam Boyd e Pauline Melvillemediação Ángel Gurría-Quintana
17H15 MESA 9
Promessas de um velho mundoA. B. Yehoshua e Azar Nafisimediação
Moacyr Scliar
19H30 MESA 10
Em nome do filhoSalman Rushdie mediação Silio Boccanera
sáb., 7 de agosto
10H MESA 11
Andar com féTerry Eagleton mediação Silio Boccanera
11H45 MESA 12
Albany, Nova York e outras aldeiasColum McCann e William Kennedymediação Angel Gurría-Quintana
15H MESA 13
Gullar, 80Ferreira Gullarmediação
Samuel Titan Jr.
17H15 MESA 14
A origem do universoRobert Crumb e Gilbert Sheltonmediação Sérgio Dávila
19H30 MESA 15
Não definida até o fechamento deste livreto
dom., 8 de agosto
11H45 MESA 16
Gilberto Freyre e o século 21José de Souza Martins, Peter Burke e Hermano Viannamediação Benjamin Moser
14H30 MESA 17
Cartas, diários e outras subversõesWendy Guerra e Carola Saavedramediação
João Paulo Cuenca
16H30 MESA 18
Nacional, estrangeiroBenjamin Moser e Berthold Zillymediação Claudiney Ferreira
18H MESA 19
Livro de cabeceiraConvidados da flip leem trechos de seus livros prediletosparticipação William Kennedy
* Sujeita à alteração
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COSAC NAIFY NA FLIP
William KennedySobre o autor
O grande jogo de Billy Phelan, Ironweed
Trecho de Ironweed
Entrevista à Paris Review
Benjamin MoserSobre o autor
Clarice,
Trecho de Clarice,
Texto publicado em The Economist
Ronaldo Correia de BritoSobre o autor
Faca, Livro dos homens, Pavão misterioso
Depoimento inédito
Ferreira GullarSobre o autor
Relâmpagos, Experiência neoconcreta
FLIPINHA + FLIPZONA
Lalau e LaurabeatrizSobre o autor e a ilustradora
Diário de um papagaio, coleção Brasileirinhos
Luiz ZerbiniSobre o artista
Alice no País das Maravilhas
edições anteriorescosac naify digitalserviços + histórico + mapa
william kennedy
sáb., 7 de agosto11H45 MESA 12
Albany, Nova York e outras aldeias
Colum McCann e William Kennedy
mediação Angel Gurría-Quintana
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william kennedy nasceu em Albany (eua), em 1928.
Além de mais de dez romances, escreveu peças de tea-
tro, livros infantis e foi roteirista de filmes como Cotton
Club, de Francis Ford Coppola. Em 1984, ganhou o prê-
mio Pulitzer de literatura por Ironweed. É integrante da
American Academy of Arts and Letters. Para o escritor
Jonathan Franzen, trata-se de “um escritor americano
insubstituível”. Dele, a Cosac Naify publicou O grande
jogo de Billy Phelan e Ironweed. Os próximos títulos a se-
rem lançados são Velhos esqueletos e Roscoe.
Serg
io F
laks
man
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o grande jogo de billy phelanWilliam Kennedytradução Sergio Flaksmanquarta capa Daniel Pizacapa dura13,5 x 21 cm | 344 pp.r$ 55,00
Em O grande jogo de Billy Phelan, o leitor percorre o submundo do jogo e do poder na Albany dos anos 1930. É a história de Billy Phelan, um jogador vidrado em pôquer, turfe, boliche e sobretudo na adrenalina das apostas, que ao se recusar a servir como informante na investigação do sequestro do filho de Charlie Boy McCall, primogênito da família mais poderosa de Albany, acaba caindo em desgraça. Com uma linguagem direta, diálogos eletrizantes e todos os elementos de um filme de gângster (um chefão local, personagens arrivistas, um mundo de bebida, jogo e corrupção), Kennedy costura na trama narrativas sobre o passado dos personagens, a relação de Billy com seu pai, a questão dos imigrantes irlandeses na América, além de recriar toda a sordidez dos Estados Unidos durante a Depressão. O grande jogo de Billy Phelan faz parte do que se convencionou chamar de Ciclo de Albany, série de sete romances cujas histórias se entrelaçam e formam um retrato implacável da América no início do século xx.
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ironweedWilliam Kennedytradução Sergio Flaksmanquarta capa Marçal Aquinocapa dura13,5 x 21 cm |272 pp.r$ 55,00
Ironweed também integra a série escrita por William Kennedy em torno de sua cidade natal, Albany, capital do estado de Nova York, e, de acordo com o escritor Marçal Aquino, representa
“uma amostra de sua prosa tão vigorosa quanto inventiva, na qual, acima de tudo, brilha um olhar caloroso e cheio de compaixão para a vida sórdida das pequenas criaturas que ficaram à margem do sonho americano”. O livro, que valeu a Kennedy o prêmio Pulitzer e virou filme de Hector Babenco (com Jack Nicholson e Meryl Streep), dá sequência à saga da família Phelan. Em Ironweed o protagonista é o pai de Billy Phelan, Francis, ex-jogador de beisebol que abandona a família depois de causar acidentalmente a morte do filho ainda bebê, Gerald. Francis torna-se um vagabundo, alcoólatra, que vive de bicos em meio à Depressão dos anos 1930, e, enquanto vaga pelas ruas, mantém conversas entre o lúcido e o delirante com fantasmas, fazendo de Ironweed uma obra em cujo centro está o peso de um passado de ferro, irremovível, que volta sempre para nos assombrar.
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excerpt of ironweed
Francis had coffee and bread with the bums who’d
dried out, and other bums passin’ through, and the
preacher there watchin’ everybody and playin’ grabass
with their souls. Never mind my soul, was Francis’s
line. Just pass the coffee. Then he stood out front killin’
time and pickin’ his teeth with a matchbook cover.
And here came Rudy.
Rudy was sober too for a change and his gray hair
was combed and trimmed. His mustache was clipped
and he wore white suede shoes, even though it was Oc-
tober, what the hell, he’s just a bum, and a white shirt,
and a crease in his pants. Francis, no lace in one of his
shoes, hair matted and uncut, smelling his own body
stink and ashamed of it for the first time in memory,
felt deprived.
“You lookin’ good there, bum”, Francis said.
“I been in the hospital.”
“What for?”
“Cancer.”
“No shit. Cancer?”
“He says to me you’re gonna die in six months. I says
I’m gonna wine myself to death. He says it don’t make
any difference if you wined or dined, you’re goin’. Goin’
out of this world with a cancer. The stomach, it’s like
pits, you know what I mean? I said I’d like to make it to
fifty. The doc says you’ll never make it. I said all right,
what’s the difference?”
“Too bad, grandma. You got a jug?”
“I got a dollar.”
“Jesus, we’re in business”, Francis said.
But then he remembered his debt to Marcus Gorman.
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trecho de ironweed
Francis tomou café e comeu um pão com os vagabun-
dos que já tinham acordado da bebedeira, além de
outros que estavam de passagem, enquanto o pastor
observava todo mundo e fazia o possível para conseguir
salvar uma ou outra alma. Deixe a minha alma fora
disso, era o que Francis sempre dizia. Só me passe o
café. Em seguida, postou-se de pé na porta deixando
o tempo passar, cutucando os dentes com a tampa de
uma caixa de fósforos. E Rudy apareceu.
Rudy também estava sóbrio, o que era raro, e surgia
com seus cabelos grisalhos cortados e penteados. Seu
bigode estava aparado e ele usava sapatos brancos de ca-
murça, muito embora estivéssemos em outubro, mas que
diabo, ele era só um vagabundo, mas de camisa branca e
calça vincada. Francis, com um dos sapatos sem cordão,
o cabelo desalinhado e crescido, sentindo o mau cheiro
do próprio corpo e envergonhado dele pela primeira vez
desde que se lembrava, sentiu-se totalmente destituído.
“Você está muito elegante, vagabundo”, disse Francis.
“Estive no hospital.”
“Por quê?”
“Câncer.”
“Sem sacanagem. Câncer?”
“Ele me contou que vou morrer dentro de seis meses.
E eu disse que quero beber até morrer. Ele disse que não
faz a menor diferença se eu quiser comer ou beber, por-
que vou morrer de qualquer jeito. E vou dessa para me-
lhor, com câncer. No estômago, parece que faz um bura-
co, sabe como é? Eu disse que estava querendo chegar aos
cinquenta. E o médico disse que eu não tinha a menor
chance. Eu respondi que tudo bem, que diferença faz?”
pp. 15-17
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“Listen, bum”, he said, “you wanna go to work with
me and make a few bucks? We can get a couple of jugs
and a flop tonight. Gonna be cold. Look at that sky.”
“Work where?”
“The cemetery. Shovelin’ dirt.”
“The cemetery. Why not? I oughta get used to it.
What’re they payin’?”
“Who the hell knows?”
“I mean they payin’ money, or they give you a free
grave when you croak?”
“If it ain’t money, forget it”, Francis said. “I ain’t
shovelin’ out my own grave.”
They walked from downtown Albany to the ceme-
tery in Menands, six miles or more. Francis felt healthy
and he liked it. It’s too bad he didn’t feel healthy when
he drank. He felt good then but not healthy, especially
not in the morning, or when he woke up in the middle
of the night, say. Sometimes he felt dead. His head, his
throat, his stomach: he needed to get them all straight
with a drink, or maybe it’d take two, because if he didn’t,
his brain would overheat trying to fix things and his
eyes would blow out. Jeez it’s tough when you need that
drink and your throat’s like an open sore and it’s four
in the morning and the wine’s gone and no place open
and you got no money or nobody to bum from, even if
there was a place open. That’s tough, pal. Though.
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“Que azar o seu, hein? Tem uma garrafa aí?”
“Tenho um dólar.”
“Jesus, já é um bom começo”, disse Francis.
Mas aí ele se lembrou da dívida com Marcus Gorman.
“Escute aqui, vagabundo”, disse ele, “quer vir traba-
lhar comigo para ganhar um dinheirinho? Depois, à
noite, podemos comprar umas garrafas e comida. Hoje
vai fazer frio. Olha só para o céu.”
“Trabalhar onde?”
“No cemitério. Cavando e carregando terra.”
“O cemitério. Por que não? Já está mesmo na hora de
ir me acostumando. O que é que eles pagam?”
“E eu lá sei?”
“Estou querendo saber se eles pagam em dinheiro ou se
dão um túmulo de graça quando o sujeito bater as botas.”
“Se não for dinheiro, estou fora”, disse Francis. “Não
vou cavar a minha própria cova.”
Caminharam do centro de Albany até o cemitério em
Menands, dez quilômetros ou mais. Francis sentia-se com
saúde e isso o deixava satisfeito. Pena que não se sentia
assim quando bebia. Sentia-se bem mas não com boa
saúde, especialmente não pela manhã, ou quando por
exemplo acordava no meio da noite. Às vezes ele se sentia
morto. A cabeça, a garganta, o estômago: precisava aliviar
aquilo tudo com um trago, ou talvez dois, porque se não
tomasse alguma coisa o cérebro acabava superaquecendo
de tanto tentar encontrar um jeito para as coisas e seus
olhos acabavam se apagando. É dureza quando você é to-
mado pela vontade de uma dose, a garganta parecendo
uma chaga aberta e são quatro da manhã, o vinho acabou,
nenhum lugar está aberto e você não tem dinheiro nem
ninguém a quem possa pedir emprestado, mesmo que al-
gum lugar estivesse aberto. É dureza, amigo. Dureza.
dizer as coisas da melhor maneira possível
Trechos de uma entrevista à Paris Review, 1989
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Buscar o estilo
Em algum ponto do final da década de 60, meu ami-
go Gene McGarr — era uma bela tarde, estávamos em
uma mesa do Lion’s Head, em Greenwich Village — me
disse: “Sabe, os irlandeses são uma gente que anda por
aí tratando de dizer as coisas da melhor maneira possí-
vel”. E foi a definição mais pura de estilo que encontrei
na vida. Lembro-me da forte impressão que o estilo de
Damon Runyon, tão singular, produzia em mim quan-
do eu era jovem. Era um estilo que saltava aos olhos
e dizia: “Olhe bem para mim! Isto aqui é um estilo!”.
E Hemingway também tinha um estilo. São dois notá-
veis estilistas. Mas aí fui ler Graham Greene e não encon-
trei estilo nenhum. E me perguntei por que ele não tinha
estilo. Eu gostava imensamente dos seus contos e dos
seus romances, mas qual era o estilo de Greene? E é claro
que ele tinha um estilo extraordinário para contar suas
histórias, com grande economia e inteligência. E é óbvio
que eu tinha um entendimento adolescente do que fosse
estilo, valorizando apenas as maneiras que os escritores
encontravam de ser originais. Eu admirava os jornalis-
tas cheios de estilo, como Red Smith e Mencken. O que
eles escreviam era inconfundível, textos que qualquer
um identificava na mesma hora. E o que procurei fazer
bem no início, ainda estudante, foi moldar um estilo
para mim, mas logo percebi que este era um esforço
em vão. Eu não conseguia fazer mais do que imitar Red
Smith, ou Hemingway, ou Runyon, ou quem quer que
fosse, e acabei desistindo. E percebi que aquela busca era
fatal. Toda vez que eu relia os meus textos, eu pensava
que o autor não era eu, mas sim outra pessoa. E então
quando me tornei jornalista sempre tentei dizer as coisas
de um modo que nem era cheio de clichês nem banal —
engraçado quando possível, ou dramá tico se possível.
Comecei a expandir minha linguagem: as frases foram
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ficando mais complicadas, o vocabulário mais obscuro.
Uma vez, usei a palavra “eclético” numa reportagem e,
no jornal, saiu “elétrico”. Mas era um esforço delibe rado
para escrever de uma forma artística, e acabei desistin-
do disso também. Então comecei a escrever do único
jeito que eu conseguia, o que me vinha à cabeça da manei-
ra mais natural possível. E foi a partir daí que comecei a
evoluir e acabei encontrando um caminho. Se tenho um
estilo próprio, não sei como classificá-lo. Não sei o que
dizer sobre o meu estilo. Acho que The Ink Truck é um li-
vro ambicioso em matéria de linguagem. E certas partes
de Legs também; mas Marcus, o narrador, ainda tem um
modo muito informal de contar a história, recorrendo
bastante à linguagem local. O grande jogo de Billy Phelan já
transita do interior da mente de Martin Daugherty, que
é muito instruído, para a mente de Billy Phelan, que não
tem mais que a formação das ruas, e a narração limita-
se a ficar a serviço da representação dessas duas mentes.
O que difere muito do que me ocorreu em Ironweed,
onde desde o início decidi usar a linguagem mais refi-
nada de que dispunha. Num primeiro momento cheguei
a pensar que aquela minha voz em terceira pessoa fosse
eu mesmo, mas quanto mais eu escrevia mais percebia
que aquela voz em terceira pessoa era um plano inefável
da vida de Francis Phelan, um outro nível que ele jamais
frequentaria de modo consciente, mas que de algum
modo estava sempre lá. Foi este o meu estilo de contar
essa história: e a linguagem tornava-se a melhor que eu
tinha a capacidade de produzir toda vez que me parecia
o momento certo para um desses voos de retórica que
surpreendem ao decolar do meio-fio, ou mesmo da sar-
jeta. E Francis passa o tempo todo entrando e saindo
desses voos, às vezes na mesma frase. Uma única palavra
basta para mudar toda a sua atitude em relação a algo
que esteja pensando, ou dizendo, ou apenas intuindo
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em silêncio. E acho que é no momento em que você
abandona seus esforços conscientes da procura de um
estilo que começa a encontrar a sua voz própria. E de-
pois disso basta cortar o que não faça parte dela — uma
oração subordinada que na verdade diz “Isto é Kafka”,
ou “Isto é Melville”, ou seja quem for. Se você não conse-
gue se livrar desses excessos, toda vez que for reler a frase
vai pensar: furto qualificado.
Os editores
Um dos editores que se recusaram a publicar Ironweed
[o livro foi recusado treze vezes antes de ser publicado e
então ganhar o Pulitzer] me disse que não era verossímil
escrever uma história daquelas e atribuir pensamentos
desse tipo à mente de Francis Phelan, porque nenhum
vagabundo pensa assim. Isso é de uma ignorância tão
abjeta em relação ao comportamento humano que nem
acho necessário comentar [...]. Por outro lado, mandei
os primeiros capítulos para a New Yorker, e um dos edi-
tores de lá disse que o livro era uma história convencio-
nal sobre um alcoólatra irlandês e que isso já tinha sido
visto além da conta; desejaram-me boa sorte, acharam
o livro bem realizado e assim por diante. O que me pa-
receu uma opinião muito maldosa. O livro está longe
de ser uma história convencional sobre um bêbado ir-
landês, quando Francis fala com os mortos ou vive uma
odisseia das dimensões da sua. Eu pelo menos nunca li
um livro parecido, e me parece que cada vez mais gente
acha a mesma coisa. Novamente, porém, o escritor se
vê obrigado a lidar com editores que não sabem direi-
to o que estão lendo. Outro deles me disse que havia
vagabundos demais no livro, e que eu precisava me li-
vrar de uma parte. E um amigo meu me disse: “Entendi,
adoro este capítulo, mas tem muitas coisas negativas,
vômito, muita morte, violência e muita tristeza, sabe,
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e é tão deprimente que nenhuma editora vai querer
publicar. Talvez você devesse mudar algumas coisas para
que eles consigam ler além do primeiro capítulo”. Mas
eu não tinha como atender a esse conselho; já tinha es-
crito o livro, e àquela altura ou ele se mantinha de pé ou
vinha abaixo daquele jeito. Não vi muito mérito nesse
conselho, embora refletisse uma observação sagaz sobre
a maneira como certos editores se revelam incapazes de
julgar seriamente uma obra. Outras pessoas me disse-
ram simplesmente: “Não gostei”. Alguém me disse: “Ja-
mais vai ser possível vender este livro”. E outro: “O livro
é maravilhoso, ninguém nunca escreveu melhor sobre o
tema, mas não posso incluir no meu catálogo mais um
livro que não dê dinheiro”. Foram considerações mais
mundanas, de ordem financeira, mas acho que as ou-
tras rejeições, embora revestidas de pretensão, tinham a
mesma base; ninguém simplesmente acreditava que um
livro sobre vagabundos pudesse fazer sucesso, mas nem
todos se atreviam a dizer com todas as letras. Acontece
que Ironweed não é simplesmente um livro sobre vaga-
bundos, claro, mas era assim que o percebiam.
Dormir no chão numa noite de inverno
Acho que minha visão de mundo vai mudando à medida
que escrevo o livro. É uma descoberta. Só consigo ser
realmente interessante quando de algum modo surpre en-
do a mim mesmo. É tedioso escrever quando você sabe
exatamente com o que vai se deparar. E é por isso que,
no jornalismo, a linguagem era tão importante para mim.
Ela é a única maneira de dar realce ao drama, ou torná-
lo engraçado, ou surpreendente. Em Legs, não cansei de
me fascinar diante da maneira como costumamos ver os
gângs teres. Só fui descobrir o que eu pensava sobre o mis-
ticismo e a coincidência quando escrevi O grande jogo de
Billy Phelan. E acho que Ironweed me deu a oportunidade
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de pensar sobre um mundo que a maioria das pessoas con-
sidera desprovido de qualquer valor. Na verdade, quem
não tenha alguma ideia do que seja viver desabrigado,
ou na rua, ou vagando perdido e sem família, na verdade
nunca pensou muito na vida. E, embora eu tenha escrito
a respeito disso, os pormenores dessa vida só foram tor-
nar-se disponíveis para a minha imaginação quando co-
mecei a refletir seriamente em como deve ser dormir no
chão numa noite de inverno, e acordar preso na calçada
pelo gelo. Depois disso, esta noção passa a fazer parte do
seu quadro permanente de referência sobre o universo.
E, se você não desenvolver Alzheimer nem destruir o seu
cérebro de tanto álcool, isto pode lhe possibilitar escrever
livros melhores. Alguns escritores, depois de um apogeu
prematuro, entram em declínio. E Fitzgerald me parece
um bom exemplo. Estava escrevendo um livro interessan-
te no fim da vida, The Last Tycoon, mas acho que não teria
ficado à altura do brilho que conseguiu em Gatsby ou em
Suave é a noite. Mas se você não morre, e segue capaz de
manter sua seriedade, não existe uma regra dizendo que
não possa superar a sua obra anterior.
O ciclo de Albany
Lembro de quando, em 1957, li um artigo na revista
Time sobre o sucesso de Jack Kerouac com On the Road.
Concluí que eu não estava dizendo o que queria no jor-
nalismo, e nem nos contos que vinha escrevendo. Não
tinha nenhum tipo de visão irresistível, mas sabia que
só iria conseguir escrever como queria dando à minha
imaginação o tempo e o espaço necessários para expan-
dir-se, para examinar as coisas de todos os ângulos pos-
síveis. Também sentia que não queria escrever apenas
um romance, mas uma série de romances interligados.
Não sabia como, mas esta vontade é muito antiga em
mim. Outro dia encontrei uma anotação que escrevi
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para mim mesmo sobre “o grande romance de Albany”.
Faz muito tempo, nem me lembro quando foi — mui-
to antes que eu escrevesse Legs, antes ainda de The Ink
Truck. Deve ter sido em meados dos anos 60. Era uma
consequência dos meus primeiros confrontos com a
história de Albany, quando escrevi uma série de artigos
sobre os bairros da cidade em 1963 e 1964. Comecei a ver
como era longa e significativa a nossa história, e quando
passei a escrever em meio expediente para o Times-Union,
falando sobre os negros, os direitos civis e os radicais,
comecei a perceber a dimensão mais ampla da cidade, a
interrelação que existia entre seus vários grupos étnicos.
A história política era simplesmente incrível — a histó-
ria da máquina dos chefões locais, a mais bem-sucedida
da história do país em termos de longevidade. E percebi
que jamais poderia contar tudo aquilo num livro só.
Terminar um livro
Lembro do dia em que terminei Ironweed. Desci as esca-
das e disse: “Acabei”. Minha mulher estava lá, e também
Ruth Tarson, uma das minhas melhores amigas; ambas
tinham lido a maior parte do livro à medida que eu escre-
via, e então as duas leram o final. Mas de algum modo
não reagiram como eu esperava. Eu contava com um
leitor abstrato que diria o que todo escritor quer ouvir:
“Foi a melhor coisa que eu já li na vida”. E percebi então
que alguma coisa estava errada, embora não soubesse
o quê. Eu sabia que os elementos do final precisavam ser
muito fortes. E fiquei pensando na reação das duas, tão
longe da esperada. Depois do jantar, subi de novo e re-
escrevi o final, acrescentando uma página e meia. Quan-
do tornei a descer, elas disseram: “Foi a melhor coisa
que eu já li na vida”.
tradução Sergio Flaksman
william kennedy
... é de Albany como Henry James
[ A fera na selva ]
... constrói sagas familiares como
William Faulkner [ O som e a fúria;
Palmeiras selvagens; Luz em agosto ]
algumas conexões com títulos da cosac naify
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... seu livro Ironweed foi filmado pelo diretor
Hector Babenco como O passado, de Alan Pauls
... sua obra apresenta relações com os lampejos
católicos presentes na literatura de
Flannery O’Connor [Contos completos]
... escreveu roteiros para cinema como F. Scott Fitzgerald [Este lado do paraíso],
Budd Schulberg [Os desencantados] e John Steinbeck [Um diário russo]
benjamin moser
dom., 8 de agosto16H30 MESA 18
Nacional, estrangeiro
Benjamin Moser e Berthold Zilly
mediação Claudiney Ferreira
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benjamin moser nasceu em Houston (eua), em 1976.
Escritor, tradutor e formado em história, é colunista
da Harper’s Magazine e colaborador do The New York
Review of Books. É dele a tradução para o inglês de Nove
noites, de Bernardo Carvalho, e de todos os romances
policiais de Luiz Alfredo Garcia-Roza. Conheceu a li-
teratura de Clarice Lispector na universidade, durante
um curso em que se estudou A hora da estrela. Em 2005,
já vivendo na Holanda, quando soube que a escritora
brasileira seria homenageada pela flip, pegou o pri-
meiro avião para o Brasil. Desde então se dedicou à
biografia Clarice,.
Dan
ielle
van
Ark
40
41
Clarice, (lê-se “Clarice vírgula”) é a mais completa biografia de Clarice Lispector. A obra revela, pela primeira vez, aspectos fundamentais na trajetória da escritora, como a origem miserável e violenta na Ucrânia. Benjamin Moser tece relações entre a vida e a literatura de Clarice. Assim, a infância pobre em Pernambuco, o reconhecimento crítico na juventude, os períodos no exterior ao lado do marido diplomata, até o cotidiano no apartamento no Rio de Janeiro, onde morou o resto da vida, são abordados a partir de leitura inédita que resulta em uma narrativa envolvente.
clarice,Benjamin Moser tradução José Geraldo Couto fotografia Claudia Andujar quarta capa Yudith Rosenbaumcapa dura15,5 x 22 cm | 648 pp.r$ 89,00
< < Clarice Lispector por Claudia Andujar, 1961
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excerpt of why this world
There was no characteristic Clarice Lispector might
have wanted to lose more than her place of birth. For
this reason, despite the tongue that tied her to it, de-
spite the sometimes horrifying honesty of her writ-
ing, she has a reputation for being something of a
liar. White lies, such as the few years she was given to
shaving off her age, are seen as a beautiful woman’s
coquettish ness. Yet almost every lie she told has to do
with the circumstances of her birth.
In her published writings Clarice was more concer -
ned about the metaphysical meaning of birth than the
actual topographical circumstances of her own. Still,
those circumstances haunted her. In interviews, she in-
sisted that she knew nothing about the place she came
from. In the 1960s, she gave an interview to the writer
Renard Perez, the longest she ever granted; the kind and
gentle Perez surely put her at ease. Before publishing the
piece, he gave it to her for approval. Her single objection
was to the fi rst sentence: “When, shortly after the Revo-
lution, the Lispectors decided to emigrate from Russia to
America…” “It wasn’t shortly afterwards!” she protested.
“It was many, many years afterwards!” Perez obliged, and
the published piece began, “When the Lispectors decided
to emigrate from Russia to America (this, many years
after the Revolution)…”
And she lied about how old she was when she came
to Brazil. In the passage cited earlier, she italicizes her in-
sistence that she was only two months old when her family
disembarked. As she well knew, however, she was over a
year old. It is a small difference — too young, either way,
to remember any other homeland — but her insistence
43
trecho de clarice,
Não havia característica que Clarice Lispector mais qui-
sesse perder do que o local de nascimento. Por essa razão,
a despeito da língua que a prendia lá, a despeito da ho-
nestidade por vezes terrível de sua escrita, sua reputação
é de ter sido um tanto mentirosa. Mentiras inocentes,
como os poucos anos que tendia a subtrair de sua idade,
são vistas como coqueterias de uma bela mulher. No en-
tanto, quase todas as mentiras que contou tinham a ver
com as circunstâncias de seu nascimento.
Em seus escritos publicados, Clarice estava mais preo-
cupada com o sentido metafísico do seu nascimento do
que com as reais circunstâncias topográficas dele. Ain-
da assim, essas circunstâncias a perseguiam. Em entre-
vistas, ela insistia que não sabia nada sobre o lugar de
onde vinha. Nos anos 60, deu uma entrevista ao escritor
Renard Perez, a mais longa que jamais concedeu; o amá-
vel e cortês Perez certamente a deixou à vontade. Antes
de publicar a matéria, ele a submeteu à aprovação de
Clarice. A única objeção que ela fez foi à primeira frase:
“Quando, logo após a Revolução, os Lispector decidiram
emigrar da Rússia para a América...”. “Não foi logo após!
Foi muitos, muitos anos depois!”, protestou. Perez aca-
tou, e a matéria publicada começava assim: “Quando os
Lispector resolveram emigrar da Rússia para a América
(isso muitos anos depois da Revolução)...”.
E ela mentia sobre a idade que tinha quando veio
para o Brasil. Numa passagem já citada aqui, ela usa
o itálico para enfatizar que tinha apenas dois meses de
idade quando sua família desembarcou. Tinha mais
de um ano, porém, como ela bem sabia. É uma pequena
diferença – era muito nova, de todo modo, para se lembrar
pp. 20-21
44
on shaving it down to the smallest credible integer is
odd. Why bother?
Clarice Lispector wanted nothing more than to re-
write the story of her birth. In private notes composed
when she was in her thirties and living abroad, she wrote,
“I am going back to the place where I come from. The ide-
al would be to go to the little town in Russia, and to be
born in other circumstances.” Fun Vonen Is a Yid? The
thought occurred to her as she was falling asleep. She
then dreamed that she had been banned from Russia in
a public trial. A man says “only feminine women were
allowed in Russia — and I was not feminine.” Two ges-
tures had inadvertently betrayed her, the judge explains:
“1st I had lighted my own cigarette, but a woman should
wait with her cigarette in her hand until a man lights
it. 2nd I had pushed my own chair to the table though I
should have waited for a man to do it for me.”
And so she was forbidden to return. In her second
novel, perhaps thinking of the fi nality of her depar-
ture, she wrote, “The place she was born — she was
vaguely surprised it still existed, as if it too were some-
thing she had lost.”
45
de qualquer outra pátria –, mas é estranha a sua insistên-
cia em rebaixar a idade até o mínimo verossímil. Por que
se dar ao trabalho?
Não havia nada que Clarice Lispector desejasse
mais do que reescrever a história do seu nascimento.
Em anotações pessoais redigidas quando estava na
casa dos trinta e morando fora do país, ela escreveu:
“Eu estou voltando para o lugar de onde vim. O ideal
seria ir até a cidadezinha na Rússia e nascer sob outras
circunstâncias”. O pensamento lhe ocorreu quando es-
tava quase caindo no sono. Sonhara que tinha sido ba-
nida da Rússia num julgamento público. Um homem
diz que “só mulheres femininas eram permitidas na
Rússia – e eu não era feminina”. Dois gestos a traíram
inadvertidamente, explica o juiz: “1o: eu acendera meu
próprio cigarro, mas uma mulher fica esperando com
o cigarro até que o homem acenda. 2o: eu mesma tinha
aproximado a cadeira da mesa, quando deveria esperar
que ele fizesse isso para mim”.
Então foi proibida de retornar. Em seu segundo
romance, talvez pensando no caráter definitivo de sua
partida, ela escreveu: “O lugar onde ela nascera – sur-
preendia-se vagamente de que ele ainda existisse como
se também ele pertencesse ao que se perde”.
clarice para o mundo
por Benjamin Moser
Publicado originalmente em The Economist, 2009
47
Em setembro de 1994, quando entrei em um falso pré-
dio colonial em Providence, Rhode Island, para apren-
der um novo idioma, eu não tinha ideia de que uma
modesta viagem iniciada no meu quarto marcaria o co-
meço de uma jornada que me levaria aos cemitérios da
Ucrânia, aos apartamentos de Copacabana, às bibliote-
cas de Manhattam e aos subúrbios de Manchester, na
trilha de uma artista glamourosa e elusiva.
Fui para a faculdade determinado a estudar manda-
rim. Após algumas semanas de grunhidos desesperados
no laboratório de idiomas, onde o professor nos disse
que o mais dedicado entre nós poderia ter a esperança
de ler um jornal naquela língua em uma década, concluí
que precisava de algo mais fácil, algo com um alfabe-
to. Como o semestre já havia avançado muito, as vagas
para os idiomas mais populares tinham sido preenchi-
das, foi então que me vi em minha primeira aula de lín-
gua portuguesa.
Aquele encontro inesperado trouxe-me amigos que
eu jamais teria conhecido e levou-me a lugares que ja-
mais teria visto. Sim, o mesmo aconteceria com russo,
árabe ou grego: cada nova cultura traz consigo sua co-
mida, sua música, suas praias. Mas o que a língua por-
tuguesa me deu e que nada mais poderia me dar foi a
grande escritora misteriosa do Brasil, Clarice Lispector,
uma figura tão fascinante que foi considerada uma mu-
lher única, que se parecia com Marlene Dietrich e escre-
via como Virginia Woolf.
Não havia falsos prédios coloniais em suas origens:
apesar de sua reputação encantadora, ela nasceu em
uma cidadezinha ucraniana onde as pessoas defecavam
em valas, mesmo nas épocas boas. O ano de seu nasci-
mento, 1920, não foi uma época boa. Como resultado da
Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa, o país
morria de fome. Segundo a Cruz Vermelha, era comum
48
as pessoas comerem seus parentes mortos e os judeus
estavam sendo massacrados em uma devastadora, e hoje
em dia em grande parte esquecida, onda de pogroms. Ape-
sar de tantas desgraças (a mãe de Clarice fora estuprada
em um desses pogroms), seus pais conseguiram chegar ao
Brasil quando ela tinha pouco mais de um ano de idade.
Ela cresceu em um bairro judeu em Recife, onde
perdeu sua amada mãe quando tinha nove anos de ida-
de. Na adolescência, Clarice migrou com seu pai e suas
irmãs para o Rio de Janeiro. Quando foi para a facul-
dade, já era reconhecida no Brasil como uma das
mulheres mais belas do país, e quando publicou seu
primeiro livro, Perto do coração selvagem, aos 23 anos, o
romance foi aclamado como o melhor em língua por-
tuguesa jamais escrito por uma mulher. Essa crítica
continuaria sendo válida se Clarice Lispector não ti-
vesse continuamente superado seu primeiro livro com
os trabalhos seguintes.
Um deles foi A paixão segundo g. h., um romance
que escolhi para ler durante uma longa viagem como
mochileiro, quando era estudante, em minha primeira
visita ao Brasil. A jornada de várias semanas levou-me
a quatro países: Argentina, Uruguai e Paraguai, além
do Brasil. Mas de tudo que vi nessa viagem, a impres-
são mais perturbadora que tive foi a causada pela leitu-
ra de g. h., a chocante história de uma mulher que no
auge de uma crise mística coloca uma barata na boca.
A barata não é o único eco de Franz Kafka na obra
de Clarice Lispector. Se para muitos brasileiros ela é o
ícone de sua literatura nacional, para mim, ela é a escri-
tora judia mais importante desde Kafka. Ela é a mulher
que questionou e respondeu todas as questões judaicas
essenciais: acerca da beleza e do absurdo de um mundo
no qual Deus está morto, e dos malucos que estão deter-
minados a encontrá-Lo de qualquer forma.
49
Essa grande figura é bastante celebrada no Brasil e
na América Latina. Fora desse território, encontrei, para
meu desânimo, pouquíssimas pessoas que a conheciam
e, por muito tempo, perguntei-me o motivo. Seria por
ter escrito em português, uma língua cujas produções
literárias seriam tão invisíveis fora de seu território
que o padre Antônio Vieira a deno minou “o túmulo
do pensamento”? Seria porque ninguém espera que a
maior escritora judia desde Kafka fosse também uma
colunista de beleza, cujos trajes Chanel e seus enormes
óculos escuros faziam com que mais se parecesse com
uma socialite carioca do que com um gênio místico? Ou
mais precisamente porque ela foi uma mulher judia
em um mercado editorial que esperava que um escritor
latino-americano fosse um cronista de bigodes falando
de florestas e favelas?
Qualquer que tenha sido a razão para que não se sou-
besse quem foi Clarice Lispector, durante a meia década
em que embarquei no projeto de escrever sua biografia,
comecei a descobrir que ela era uma paixão secreta que
muitos, principalmente escritores renomados, nutriam
por anos. Membros dessa fraternidade escondida sur-
giam de todas as partes do mundo, e eles tinham no
olhar o mesmo brilho que eu tinha quando falávamos
dela. Colm Tóibín, em um casamento na Itália, correu
até mim para proclamar seu amor por ela e disse que fa-
ria “qualquer coisa, qualquer coisa!” para conseguir que
mais pessoas lessem-na. Orhan Pamuk, que havia lido
A paixão segundo g. h. em turco, confessou durante um
café da manhã em Estocolmo que tinha ficado fascina-
do por ela desde então. Guillermo Arriaga, um famoso
romancista e roteirista mexicano, disse que não se pode
ler Clarice Lispector e não se apaixonar por ela.
E é exatamente isso que eu esperava proporcio-
nar ao escrever Clarice,: conseguir que mais pessoas se
50
apaixonassem por ela, não apenas os literatos, mas to-
dos aqueles que se interessam por arte e literatura. Não
só porque ela trouxe a antiga tradição mística judai-
ca do Leste Europeu ao novo mundo. Não apenas por
ser, como Elizabeth Bishop escreveu a Robert Lowell,
uma escritora maior do que Borges. Mas porque, assim
como eu, os leitores podem encontrar em sua expressi-
va genialidade um espelho da própria alma. Afinal, ela
estava certa quando escreveu no final de sua vida que
“eu sou vós mesmos”.
tradução Natália Fadel
benjamin moser
... descreve Clarice trajando Chanel
[A era Chanel]
... viajou até a Ucrânia, terra natal de Clarice, como
de Boris Schnaiderman [Guerra em surdina],
que como a autora fez questão de naturalizar-se
brasileiro
... e Humberto Werneck [O santo sujo] biografaram
figuras que tinham fama de místicas
algumas conexões com títulos da cosac naify
53
... identifica na obra de Clarice uma temática
judaica, mote que inspira Woody Allen [Conversas
com Woody Allen]
... destaca a atuação de Clarice como jornalista. Ela entrevistou a escultora Maria Martins [Maria];
o pintor, desenhista e gravador Iberê Camargo [Gaveta dos guardados; Iberê
Camargo: origem e destino; Tríptico para Iberê]; e o ator Paulo Autran [Paulo Autran — sem comentários]
... relata uma viagem de avião que Clarice fez ao lado de
Lygia Fagundes Telles, autora de Capitu em parceria
com Paulo Emílio Sales Gomes [Cemitério; Três mulheres de três
PPPês; Caixa Paulo Emílio]
ronaldo correia de brito
qui., 5 de agosto15H MESA 3
Fábulas contemporâneas
Reinaldo Moraes, Ronaldo Correia de Brito e Beatriz Bracher
mediação Cristiane Costa
57
ronaldo correia de brito nasceu na cidade de Sa-
boeiro, no sertão cearense, em 1950. Sempre se dividiu
entre a medicina e diferentes artes como teatro e cine-
ma além da literatura. Pela Cosac Naify, lançou Faca,
Livro dos homens e Pavão misterioso. Por esse último, es-
crito com Assis Lima, ganhou o prêmio Zilka Salaberry
2007 de teatro infantil. Em 2009, seu Galileia foi o ven-
cedor do Prêmio São Paulo de Literatura.
Div
ulga
ção
58
59
facaRonaldo Correia de Britoxilogravuras Tita do Rêgo Silvaposfácio Davi Arrigucci Jr.orelha José Maria Cançadobrochura20,1 x 14 cm | 184 pp. | 14 ils. r$ 49,00
A tradição da literatura nordestina é revigorada nas histórias de Faca. Cada conto explora os valores de uma cultura onde as relações são determinadas por regras duras. As xilogravuras de Tita do Rêgo Silva enfatizam o poder imagético dessa prosa.
pavão misteriosoRonaldo Correia de Brito e Assis Limailustrações Andrés Sandovalaltamente recomendável reconto (fnlij)brochura | 4 cores especiais16 x 23 cm | 72 pp. | 23 ils.r$ 35,00
Uma princesa enclausurada pelo pai é salva por um príncipe com a ajuda do pavão misterioso. Esta adaptação de um dos textos mais famosos do cordel nordestino, conta com o traço de Andrés Sandoval, que dá vida a lugares e personagens inusitados.
livro dos homensRonaldo Correia de Britoorelha Marco Luchesibrochura20 x 14 cm | 176 pp. r$ 49,00
Livro dos homens conjuga dureza e poesia em contos em que o imaginário sertanejo e o da cultura popular nordestina se encontram com a modernidade.
< < Xilogravura de Tita do Rêgo Silva para Faca
o elogio de um ofício
por Ronaldo Correia de Brito
Depoimento inédito, 2010
61
Quando lancei o primeiro livro de contos, As noites e
os dias, em 1997, o poeta Alberto Cunha Melo escreveu
que meus personagens são complexamente urbanos
e habitam um sertão sem endereço certo, que pode
estar em qualquer latitude. O sertão tanto pode signi-
ficar um espaço mítico como um acidente geográfico.
Santo Agostinho perguntava sobre o tempo: o que é o
tempo? Se não me perguntam eu sei, se me perguntam,
desconheço. O que é o sertão? Se não me perguntam eu
sei, se me perguntam desconheço. O sertão é abstrato
ou real como o tempo. E continuará sendo tema para
a literatura. O sertão é um espaço de memória confun-
dido com o urbano. É o melhor lugar do mundo para
acessar a internet, porque as lan houses cobram apenas
cinquenta centavos por hora.
Sou inteiramente aberto às influências. Não estou
nem aí para qualquer tipo de fidelidade. Sou marcado
pela escrita de Rulfo, Borges e de vários escritores rus-
sos. Porém, o livro que marcou mais profundamente
minha escrita foi a História sagrada, que sempre li como
um compêndio de narrativas e nunca como um escrito
religioso. Concordo com o ponto de vista de Robert
Alter de que a Bíblia é prosa de ficção.
Depois de escrever Faca e Livro dos homens, eu pre-
cisava escrever um romance para ter mais espaço para
discussões que não cabem no conto. Mas, sou um ro-
mancista conciso. Nunca conseguiria escrever cente-
nas de páginas como os russos e os escritores de língua
inglesa. Levei a mesma tensão dos meus contos para o
romance. E isso se alcança em poucas páginas.
Trabalho duas propostas de Ítalo Calvino na minha
literatura: a exatidão e a rapidez. Sou obsessivo em ten-
tar dizer o essencial com poucas palavras. A cada dia me
preo cupo menos com o efeito das frases. Já não tento
alcançar a beleza; prefiro alcançar a verdade. Quase não
62
crio metáforas e censuro os adjetivos. Acho que sou es-
quemático, o que não deixa de ser um perigo para a lite-
ratura. Mas não suporto gorduras, sempre busco chegar
ao osso.
Sou um escritor psicanalisado e minha escrita refle-
te isso. Nunca quis exercer o papel de psicanalista, em-
bora tenha feito formação. Não conheço boa literatura
escrita por psicanalistas. O hábito profissional da escuta
e da escrita psicanalítica contamina a criação literária e
o resultado é sempre ruim. Freud escreveu boa literatu-
ra. Não digo o mesmo de Jacques Lacan.
Escrever é um ofício custoso. É necessário ler muito,
aguentar o tranco da solidão, ser capaz de uma viagem
interior e estar sempre aberto às novas experiências
da escrita. É um ofício amargo, duro, uma verdadeira
ascese. Não vejo nenhum glamour em ser escritor. Só
reconheço nessa profissão muito trabalho, uma busca
permanente da literatura e horas contínuas de estudo.
Continuo trabalhando como médico e não preten do
nunca me afastar da medicina. Escrever e atuar como
médico são atividades sem conflito. Acho que não seria
escritor sem o longo e exaustivo exercício da medici-
na. Todos os dias eu convivo com o sofrimento, com a
doença, com a morte e a alegria da cura. Ouço histórias
que anoto e que podem aparecer em algum conto ou
novela. Em Livro dos homens existem dois contos desen-
volvidos a partir de minha vivência no hospital.
Só consigo viver fazendo muitas coisas. Todas elas
se harmonizam e é como se eu me movimentasse den-
tro de um mesmo universo. Gostaria de escrever um
livro que me deixasse satisfeito. Também queria viver
mais serenamente, sem a angústia da espera. Não dese-
jar e não esperar. Isso é quase a santidade.
ronaldo correia de brito
... inspirou-se no cordel nordestino
como Fernando Vilela [Lampião & Lancelote]
... escreveu para o público adulto e
infantojuvenil como William Faulkner [A árvore dos desejos]
... traz o sertão para dentro de sua arte como Glauber Rocha
[O século do cinema; Revisão crítica do cinema brasileira; Revolução do
cinema novo]
algumas conexões com títulos da cosac naify
65
... seu livro Faca tem posfácio de
Davi Arrigucci Jr.[Ugolino e a perdiz;
O rocambole; Coração partido — uma análise da
poesia reflexiva de Drummond]
... seu Pavão misterioso tem traços de Andrés
Sandoval, que também ilustrou Ora bolas vol. 3,
O mundo de cabeça para baixo e Amazonas: no coração
encantado da floresta
... conta que suas leituras de ficção mais importantes foram de autores
russos como Dostoiévski [Uma criatura dócil ], Tolstói [Anna
Kariênina, Ressurreição, Khadji-Murát,Padre Sérgio, O diabo e outras histórias],
Tchekhov [O assassinato e outras histórias; A gaivota; Kachtanka] e Bábel [O exército de cavalaria]
66
67
ferreira gullar
sáb., 7 de agosto15H MESA 13
Gullar, 80
Ferreira Gullar
mediação Samuel Titan Jr.
69
ferreira gullar nasceu em São Luís do Maranhão, em
1930. Publicou seu primeiro livro de poemas, Um pouco aci-
ma do chão, em 1949. Em 1951, mudou-se para o Rio de Ja-
neiro, onde colaborou com jornais e revistas como poeta e
crítico de arte, além de participar da criação do movimen-
to neoconcreto. Publicou diversos ensaios sobre arte e
cultura, como Vanguarda e subdesenvolvimento e o polêmico
Argumentação contra a morte da arte. Escreveu, ainda, peças
de teatro e textos para a televisão. Entre seus livros de poe-
mas estão: Dentro da noite veloz, Poema sujo, Na vertigem do
dia, Muitas vozes e Rabo de foguete. Desde 2004, assina uma
coluna aos domingos no jornal Folha de S.Paulo. Recebeu
o Prêmio Camões (edição 2010).
Ede
r C
hiod
etto
70
Trata-se da reunião de ensaios sobre artes plásticas escritos ao longo de quase cinquenta anos por um dos maiores poetas e críticos de arte brasileiros. São 48 textos breves e afiados, que atravessam a história da arte no mundo e no Brasil, de Michelangelo e Leonardo da Vinci a Picasso e Matisse, passando por Rembrandt, Goya, Rodin, Cézanne, Renoir, Van Gogh, Chagall, entre outros. No Brasil, o autor se detém sobre a produção de Oswaldo Goeldi, Iberê Camargo, Franz Weissmann, Siron Franco, entre outros. Cada texto é acompanhado pela reprodução da obra analisada. Num embate sem intermediários com a obra de arte, Gullar cria textos claros e irresistíveis, que ficam entre a crítica, o ensaio e a poesia.
relâmpagos Ferreira Gullarcapa dura 23,2 x 15,9 cm | 176 pp. | 72 ils.r$ 59,00
71
experiência neoconcretaFerreira Gullarcaixa contendo brochura e envelope com anexos20,3 x 20,7 cm | 164 pp. | 20 ils.r$ 79,00
Em 1959, Ferreira Gullar redigiu o “Manifesto neoconcreto” com o apoio de Amilcar de Castro, Lygia Pape, Franz Weissmann, Lygia Clark, Theon Spanúdis e Reynaldo Jardim. Quase cinquenta anos depois, o poeta e crítico presta seu depoimento inédito sobre um dos momentos mais radicais da arte brasileira. Relata as etapas de formação dos artistas do chamado “grupo carioca”, desde a ruptura com os concretos paulistas, e traça sua própria trajetória de poeta neoconcreto. Além do depoimento inédito, o livro traz anexo com dez textos de Gullar, escritos entre a década de 1950 e os dias atuais, e inclui três livros-poema e o fac-símile do catálogo da i Exposição Neoconcreta. O projeto gráfico de Luciana Facchini, ganhador de prêmio do American Institute of Graphic Arts (aiga), faz referência ao design da época e aos poemas de Gullar.
algumas conexões com títulos da cosac naify
ferreira gullar
... impressionou-se com os livros de Clarice
Lispector como Benjamin Moser
[Clarice,]
... traduziu O livro das perguntas, de Pablo Neruda,
e História da ressurreição do papagaio, de
Eduardo Galeano
... foi um dos poetas citados por
Manuel Bandeira em Apresentação da poesia
brasileira
... é apaixonado por gatos como Heloisa Seixas [Sete vidas — sete contos
mínimos de gatos]
73
... escreveu poesia para crianças como os franceses
Jacques Roubaud [Os animais de todo mundo]
e Jacques Prévert[ Dia de folga ]
... é autor de ensaios publicados em Amílcar de Castro, Calder no Brasil: crônica de uma amizade,
Mário Pedrosa: itinerário crítico e Iberê Camargo: origem
e destino
... é um poeta que se dedica à crônica
como Manuel Bandeira [Crônicas da província do Brasil,
Crônicas inéditas 1 e Crônicas inéditas 2]
lalau e laurabeatriz
FLIPINHA qua., 4 de agosto
15H A ecologia na literatura infantil e juvenil
Lalau e Laurabeatriz
mediação Flora Salles
FLIPZONAsex., 6 de agosto
15H30 Carbono neutro, literatura e imagens
Lalau e Laurabeatriz
77
lalau nasceu em São Paulo, em 1954. Formou-se em
comunicação social, é poeta e tem vários livros infanto-
juvenis publicados. laurabeatriz nasceu no Rio de
Janeiro, em 1949. Como artista plástica, começou a
expor em 1966, participando de mostras individuais e
coletivas, com desenho, pintura e xilogravura. A parce-
ria dos dois data de 1994, e juntos já publicaram quase
duas dezenas de títulos para crianças. Na Cosac Naify,
publicaram quatro títulos da coleção Brasileirinhos e
Diário de um papagaio.
The
reza
Alm
eida
78
79
diário de um papagaio Lalau e Laurabeatriz brochura26,5 x 24 cm | 56 pp. | 23 ils.r$ 42,00
Um belo dia, ao acordar, um simpático papagaio-de-cara-roxa se dá conta de que seu bando levantou asas e... sumiu! Sozinho, resolve procurar a turma, principalmente sua namorada, a papagaiazinha mais bonita do Brasil, entre o litoral de São Paulo e o de Santa Catarina, na estreita faixa que ainda resta da mata atlântica.
< < Ilustração de Laurabeatriz para Diário de um papagaio
COLEÇÃO BRASILEIRINHOS
Em visita pelas escolas, Laurabeatriz observou que
as crianças brasileiras não conheciam os animais
em extinção do próprio país. Convidou, então, seu
parceiro de muitos livros, o escritor Lalau, para
criar esta original coleção sobre os brasileirinhos.
Por meio da poesia, o pequeno leitor trava contato
com bichos muito especiais da nossa fauna, com
informações e curiosidades sobre o seu habitat.
brasileirinhosLalau e Laurabeatriz altamente recomendável poesia 2001 (fnlij)
brochura20 x 20 cm | 32 pp. | 16 ils.r$ 35,00
Jacaré-de-papo-amarelo, queixada, macuco, ariranha. Se esses nomes são pouco conhecidos é porque todos eles estão em extinção. O jacaré, por exemplo, vivia em quase todo o Brasil, agora só o encontramos em riachos ou lagoas.
novos brasileirinhosLalau e Laurabeatriz + cartela de adesivos
brochura20 x 20 cm | 32 pp. | 16 ils.r$ 35,00
No segundo título da coleção, Lalau e Laurabeatriz apresentam mais animais em extinção, mostrando o quanto se torna cada vez mais necessário conhecê-los para preservá-los.
81
novos brasileirinhosLalau e Laurabeatriz + cartela de adesivos
brochura20 x 20 cm | 32 pp. | 16 ils.r$ 35,00
mais brasileirinhos!Lalau e Laurabeatriz + folder
brochura20 x 20 cm | 32 pp. | 16 ils.r$ 35,00
Quem são, o que fazem, quanto medem, do que se alimentam, onde vivem, quem são seus predadores? Essas informações, aliadas aos poemas que Lalau compôs para cada animal e às ilustrações extremamente vivas de Laurabeatriz, permitem ao pequeno leitor não apenas conhecer, mas fascinar-se pela fauna brasileira.
bem brasileirinhos Lalau e Laurabeatriz+ cd e jogo da memória
brochura20 x 20 cm | 32 pp. | 16 ils.r$ 39,00
O quarto livro da coleção faz uma homenagem aos bichos: um cd com oito poemas musicados por Paulo Bira, e com participação de músicos como Zeca Baleiro, Ná Ozzetti, Alzira Espíndola, Sérgio Espíndola e Mário Manga.
82
83
luiz zerbini
FLIPZONAsex., 6 de agosto
10H30 Alice e o mundo das imagens
Luiz Zerbini e Marcos Maffei
mediação Indalécia Campos Freire
85
luiz zerbini nasceu em São Paulo, em 1959. Integrante
da chamada Geração 80, trabalha com pintura, escul-
tura, cenografia, vídeo e ainda escreve e compõe. Esse
trabalho profícuo advém de sua participação no grupo
Chelpa Ferro, composto também pelo artista Barrão, o
editor de vídeo Sérgio Mekler e o produtor musical Chi-
co Neves. O grupo participou das bienais de São Paulo
(2002 e 2004) e de Veneza (2005). A Cosac Naify publi-
cou Alice no País das Maravilhas com ilustrações do artis-
ta e Rasura, dedicado a seu processo de criação.
Div
ulga
ção
86
87
Nesta edição de Alice no País das Maravilhas, o texto inventivo de Lewis Carroll ganhou tradução integral do escritor e historiador Nicolau Sevcenko, revista, com posfácio exclusivo e versões inéditas dos poemas. O volume é complementado com indicações de estudos e ensaios sobre Alice, biografias do autor, uma seleta relação de artistas que já se aventuraram pelo País das Maravilhas, links úteis e uma pequena filmografia. Para ilustrar o livro, atraído pelo universo de baralhos, Zerbini se inspirou na atuação de Lewis Carroll como fotógrafo para criar pequenas maquetes com as cartas recortadas – em forma de pop-up –, fotografadas em cenários verdadeiros, com direito a jogos de luz e sombra. O resultado são ilustrações teatrais das quais saltam os personagens.
alice no país das maravilhasLewis Carrollilustrações Luiz Zerbinitradução Nicolau Sevcenko quarta capa Ana Maria Machadobrochura com cantos arredondados17 x 23 cm | 168 pp. | 31 ils.r$ 45,00
< < Ilustração de Zerbini para a capa da edição especial de Alice no País das Maravilhas
88
cosac naify na flip[ edições anteriores ]
2003
Ferreira Gullar
Marçal Aquino
2004
Arnaldo Antunes
Davi Arrigucci Jr.
Luiz Vilela
2005
Enrique Vila-Matas
Ronaldo Correia de Brito
2006
Carlito Azevedo
Ferreira Gullar
Marcos Siscar
Olivier Rolin
89
Carlito Azevedo
Ferreira Gullar
Marcos Siscar
Olivier Rolin
2007
Alan Pauls
Chacal
Fernando Vilela
Gabriel o Pensador
Palavra Cantada
Veronica Stigger
2008
Humberto Werneck
Ingo Schulze
Lorenzo Mammì
Marilda Castanha
Nelson Cruz
Odilon Moraes
Vanessa Barbara
Vitor Ramil
2009
Angélica Freitas
Cynthia Cruttenden
Daniel Kondo
Davi Arrigucci Jr.
Grégoire Bouillier
Mario Bellatin
Rodrigo Lacerda
No blog e no Twitter da Cosac Naify, você acompanha
a cobertura completa da presença da editora na flip
2010, com fotos exclusivas, reportagens, bastidores e
curiosidades sobre nossos convidados. Pelo Twitter,
você ainda confere, em tempo real, a participação dos
autores da casa nos debates.
A Cosac Naify foi a primeira editora a realizar uma
cobertura em um blog inteiramente dedicado à festa de
Paraty, em 2009. Desde então, estreamos o novo portal
e o blog oficial da editora.
visite nosso site cosacnaify.com.bracompanhe o blog editora.cosacnaify.com.br/blogsiga nosso twitter @cosacnaify
cosac naify digital
pólen é o papel do livro.porque reflete menos luz e deixa a leitura muito mais confortável. quanto mais confortável a leitura, mais páginas você consegue ler.
lendo mais páginas, mais rápido acaba o livro. acabando o livro, mais tempo para ler outros.
mais tempo para ler outros, cada vez você lê mais.lendo mais, acumula mais conhecimento.
mais conhecimento, melhor pra todo mundo. pólen. você pode ler mais.
este livro foi impresso em papel suzano pólen soft ® 80 g/m². certificado pelo fsc.
capa impressa em papelcartão supremo duo design, 300g/m², a partir de florestas renováveis de eucalipto.
© Cosac Naify, 2010
Ilustrações pp. 2-5 e mapa, Eloar Guazzelli
Direção de marketing e comunicação helio hara
Coordenação editorial luciana araujo
Revisão maria fernanda alvares
Projeto gráfico julia masagão
Produção gráfica aline valli
Tratamento de imagem wagner fernandes
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Vários autoresCosac Naify na flip 2010São Paulo: Cosac Naify, 2010168 pp. 29 ils.
isbn 978-85-7503-934-21. Cosac Naify 2. Festa Literária Internacional de Paraty
cosac naifyRua General Jardim, 770, 2 .o andar01223-010 São Paulo spTel. [55 11] 3218 1444 www.cosacnaify.com.br
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