luiz alvares aula 5 introduçãoao metodo dos deslocamentos
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PONTIFCIA UNIVERSIDADE CATLICA DE GOIS
ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA: ENG2033 TEORIA DAS ESTRUTURAS II
Prof. Luiz lvaro de Oliveira Jnior
AULA 5 INTRODUO AO MTODO DOS DESLOCAMENTOS
Introduo
At agora, vimos como encontrar o grau de indeterminao cinemtica de estruturas
hiperestticas (nmero de deslocabilidades internas e externas), como obter os termos de
rigidez de elementos de barra do tipo viga, trelia e prtico e quais os valores que essas
rigidezes assumem quando impomos um recalque de apoio no elemento para considerar um
eventual deslocamento do apoio (translacional ou rotacional). Veremos nessa aula no que
consiste o mtodo dos deslocamentos e um roteiro de aplicao do mtodo.
Mtodo dos deslocamentos idia do mtodo.
O mtodo dos deslocamentos o mtodo dual do mtodo das foras, isto , tem a mesma
finalidade, mas a idia oposta a do mtodo das foras. Da mesma forma que no mtodo das
foras, o mtodo dos deslocamentos emprega trs condies bsicas da anlise estrutural:
equilbrio, compatibilidade e leis constitutivas dos materiais.
Por ser dual, o mtodo dos deslocamentos aborda o problema hiperesttico de maneira
inversa se comparado ao mtodo das foras. Enquanto no mtodo das foras primeiro se
escrevem as equaes de equilbrio, empregam-se as leis constitutivas dos materiais e se
restaura a compatibilidades de deslocamentos, no mtodo dos deslocamentos primeiro se
escrevem as equaes de compatibilidade que, apoiadas pelas leis constitutivas, permitem
que o equilbrio seja restaurado no final do problema.
A idia geral do mtodo, em funo da dualidade mencionada, consiste em somar uma srie de
solues bsicas (chamadas de casos bsicos) que satisfazem as condies de
compatibilidade, mas que no satisfazem as condies de equilbrio da estrutura original para
recompor o equilbrio da estrutura por meio da superposio dos efeitos.
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Cada caso bsico satisfaz isoladamente as condies de compatibilidade (continuidade interna
e compatibilidade com respeito aos vnculos externos da estrutura). Entretanto, os casos
bsicos no satisfazem as condies de equilbrio da estrutura original, pois so necessrios
foras e momentos adicionais para manter o equilbrio. As condies de equilbrio da
estrutura ficam restabelecidas quando so superpostas todas as solues bsicas.
Comparao entre o mtodo das foras e o mtodo dos deslocamentos:
A seguir apresentado um paralelo entre os dois mtodos com nfase na idia do mtodo, na
metodologia empregada, nas incgnitas, no tipo de estrutura auxiliar e nas equaes finais
empregadas na soluo. A comparao deixa evidente a dualidade mencionada.
Mtodo das foras Mtodo dos deslocamentos
Idia bsica:
Determinar, dentro do conjunto de solues em
foras que satisfazem as condies de
equilbrio, qual a soluo que faz com que as
condies de compatibilidade tambm sejam
satisfeitas.
Idia bsica:
Determinar, dentro do conjunto de solues em
deslocamentos que satisfazem as condies de
compatibilidade, qual a soluo que faz com que
as condies de equilbrio tambm sejam
satisfeitas.
Metodologia:
Superpor uma srie de solues estaticamente
determinadas (isostticas) que satisfazem as
condies de equilbrio da estrutura para obter
uma soluo final que tambm satisfaz as
condies de compatibilidade.
Metodologia:
Superpor uma srie de solues
cinematicamente determinadas (configuraes
deformadas conhecidas) que satisfazem as
condies de compatibilidade da estrutura para
obter uma soluo final que tambm satisfaz as
condies de equilbrio.
Incgnitas:
Hiperestticos: foras e momentos associados a
vnculos excedentes determinao esttica da
estrutura.
Incgnitas:
Deslocabilidades: deslocamentos e rotaes
nodais que definem a configurao deformada
da estrutura.
Nmero de incgnitas:
o nmero de incgnitas excedentes das
equaes de equilbrio, denominado grau de
hiperestaticidade.
Nmero de incgnitas:
o nmero de incgnitas excedentes das
equaes de compatibilidade, denominado grau
de hipergeometria.
Estrutura auxiliar:
Sistema Principal (SP): estrutura estaticamente
determinada (isosttica) obtida da estrutura
original pela eliminao dos vnculos excedentes
associados aos hiperestticos. Essa estrutura
auxiliar viola condies de compatibilidade da
estrutura original.
Estrutura auxiliar:
Sistema Hipergeomtrico (SH): estrutura
cinematicamente determinada (estrutura com
configurao deformada conhecida) obtida da
estrutura original pela adio dos vnculos
necessrios para impedir as deslocabilidades.
Essa estrutura auxiliar viola condies de
equilbrio da estrutura original.
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Equaes finais:
So equaes de compatibilidade expressas em
termos dos hiperestticos. Essas equaes
recompem as condies de compatibilidade
violadas nas solues bsicas.
Equaes finais:
So equaes de equilbrio expressas em termos
das deslocabilidades. Essas equaes
recompem as condies de equilbrio violadas
nas solues bsicas.
Termos de carga das equaes finais:
Deslocamentos e rotaes nos pontos dos
vnculos liberados no SP devidos solicitao
externa (carregamento).
Termos de carga das equaes finais:
Foras e momentos (reaes) nos vnculos
adicionados no SH devidos solicitao externa
(carregamento)
Coeficientes das equaes finais:
Coeficientes de flexibilidade: deslocamentos e
rotaes nos pontos dos vnculos liberados no
SP devidos a hiperestticos com valores
unitrios atuando isoladamente.
Coeficientes das equaes finais:
Coeficientes de rigidez: foras e momentos nos
vnculos adicionados no SH para impor
configuraes deformadas com deslocabilidades
isoladas com valores unitrios.
Roteiro de clculo
[1] Calcular o grau de hipergeometria da estrutura;
[2] Identificar as deslocabilidades desconhecidas;
[3] Montar o sistema hipergeomtrico;
[4] Aplicar o carregamento externo no sistema hipergeomtrico (caso 0);
[5] Aplicar a deslocabilidade D1 com valor unitrio no sistema hipergeomtrico (caso 1);
[6] Aplicar a deslocabilidade DN com valor unitrio no sistema hipergeomtrico (caso N);
[7] Equacionamento do problema e determinao das deslocabilidades;
[8] Restaurar o equilbrio da estrutura pela equao (3).
Comentrios sobre o roteiro:
Item [4]: O carregamento externo aplicado com TODAS as deslocabilidades nulas. Neste
item, emprega-se a tabela de momentos de engastamento perfeito para obter os esforos nos
ns das barras do SH. Os esforos que vo surgir no SH da aplicao das equaes dessa tabela
so chamados termos, ou fatores de carga [ ]. Um termo de carga formalmente definido
como reao no apoio fictcio associada deslocabilidade Di para equilibrar o SH quando atua
a solicitao externa isoladamente, isto , com deslocabilidades com valores nulos.
Itens [5] e [6]: Cada deslocabilidade unitria aplicada no SH de maneira isolada isto , uma
de cada vez. Disso so obtidos os valores dos momentos ou das foras que equilibram o SH
quando uma deslocabilidade unitria imposta. Esses valores so conhecidos como termos,
fatores, ou ainda coeficientes de rigidez.
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Item [7]: O equacionamento do problema se baseia no princpio da superposio dos efeitos.
Para um sistema com grau de hipergeometria igual a trs, a equao (1) mostra como se
restaura o equilbrio usando o Princpio da Superposio dos Efeitos. A soluo do sistema de
equaes consiste em encontrar os valores das deslocabilidades .
(1)
A equao (1) pode ser escrita de forma matricial como segue:
(2)
Item [8]: A restaurao do equilbrio feita empregando a equao (3), que se vale do
princpio da superposio dos efeitos. Com ela qualquer efeito (esforos ou reaes, pode ser
obtido a partir dos coeficientes j encontrados anteriormente. Na equao (3), N o nmero
de deslocabilidades do problema. Por E, deve-se entender o esforo normal, momento fletor
ou esforo cortante atuante na estrutura.
(3)
Comentrios sobre as matrizes e os vetores
A matriz simtrica. A simetria garantida pelo Teorema de Betti (Teorema da Reciprocidade).
A dimenso das matrizes e dos vetores ser definida pelo nmero de deslocabilidades que queremos
determinar. Assim, para um problema com 7 deslocabilidades, a matriz [K] ter dimenso 7 x 7 e os
vetores tero dimenso 7. De maneira anloga, em um problema com 2 deslocabilidades,
essa matriz ser 2 x 2 e os vetores tero 2 termos cada. No caso particular de problemas com apenas
uma deslocabilidade a se determinar, a equao matricial se reduz a uma equao vetorial com
matrizes e vetores de dimenso 1.
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Conveno de sinais do mtodo dos deslocamentos
As equaes finais do Mtodo dos Deslocamentos representam o equilbrio dos ns da
estrutura na direo de cada deslocabilidade. Por esse motivo, conveniente adotar uma
conveno de sinais para foras e momentos que facilite a definio das condies de
equilbrio. Isto significa que adotaremos uma conveno de sinais para esforos normais,
esforos cortantes e momentos fletores em prticos planos. A Tabela 1 resume a conveno
de sinais adotada no mtodo dos deslocamentos.
Tabela 1 Conveno de sinais do mtodo dos deslocamentos.
Deslocamentos horizontais
Deslocamentos verticais
Rotaes
Foras horizontais
Foras verticais
Momentos
Esforos normais em extremidade de barra
Esforos cortantes em extremidade de barra
Momentos fletores em extremidades de barra
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Exemplo 1 Viga contnua
Encontre as reaes de apoio e trace o diagrama de momento fletor da viga da figura 1.
Considere que todas as barras possuem inrcia constante e so inextensveis. Para simplificar
os clculos, adote EI = 12.
Soluo:
a) Clculo do grau de hipergeometria
Obs.: Lembrar que: o nmero de ns internos rgidos excluindo os ns extremos
vinculados.
b) Sistema hipergeomtrico
Antes de definir o sistema hipergeomtrico, a estrutura pode ser modificada de forma a
eliminar o trecho em balano. Para isto, leva-se a carga concentrada e o momento por ela
provocado em relao quele apoio at o n do apoio.
O sistema hipergeomtrico obtido dessa estrutura mostrado abaixo:
Vamos admitir que a barra da esquerda a barra 1 e que a barra da direita a barra 2. Da
mesma forma, o n da esquerda ser o n A, o n do meio o n B e o n da direita o n C.
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c) Caso 0: carregamento externo aplicado no sistema hipergeomtrico
Seguindo a numerao de barras e ns estabelecida no item anterior, obtemos da tabela de
momentos de engastamento perfeito para o carregamento tipo 1, os seguintes momentos
fletores e reaes:
Barra 1:
Reaes nas extremidades da barra 1:
Barra 2:
Temos ainda que considerar o efeito do balano. No n C da barra 2 temos um momento
aplicado igual a -8 kN.m (momento igual a 8 kN.m aplicado no sentido horrio). Da tabela de
momentos de engastamento perfeito, temos que o momento no n B da mesma barra vale:
Obs.: Atentar para o fato de que nessa tabela, os valores dos carregamentos externos devem ser
informados em mdulo, isto , em valores positivos. A conveno da tabela no necessariamente igual
nossa.
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Os efeitos finais do carregamento externo no sistema hipergeomtrico so dados abaixo:
Assim, o momento total em B na barra 2 devido ao carregamento externo :
Reaes nas extremidades da barra 2:
Somando todos os efeitos dos carregamentos externos no n da chapa, encontramos o valor do termo
de carga
d) Caso 1: rotao unitria da chapa 1
Precisamos determinar os efeitos da rotao unitria no n B (n em que essa deslocabilidade
est restringida). Assim, temos para barras biengastadas (barra 1) e barras engastadas-
articuladas (barra 2) os seguintes momentos:
Barra 1:
Barra 2:
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Assim, o valor de K11 a soma de KB da barra 1 e KB da barra 2.
E as reaes nas barras 1 e 2 so:
e) Soluo do equacionamento
f) Efeitos finais
Com o valor da deslocabilidade D1 conhecido, basta empregar a equao (3) para obter
qualquer efeito desejado na viga. A equao dos efeitos finais dada pela seguinte expresso:
Como j temos os valores dos momentos e das reaes nos casos 0 e 1, basta substitu-los nas
equaes dos efeitos finais para obt-los.
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g) Reaes de apoio
h) Diagrama de momentos fletores
(caso 0)
(caso 1)
Para conhecer os momentos fletores nas sees ao longo do comprimento da barra, basta
pendurar a parbola pL2/8 nos vos em que uma carga distribuda estiver atuando. A outra
maneira de encontrar esses momentos utilizar as reaes de apoio para obter os momentos
fletores em outras sees das barras.
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E, portanto, o diagrama final de momentos fletores ser:
Bibliografia
Martha, L. F., Mtodos bsicos de anlise estrutural. Rio de Janeiro, Elsevier, 2010.
Sssekind, J. C. Curso de Anlise Estrutural, V. 3, Rio de Janeiro, Ed. Globo, 1973.
Pinheiro, L. M. et al. Tabelas de Vigas: Deslocamentos e Momentos de Engastamento Perfeito,
Escola de Engenharia de So Carlos (EESC-USP), 2010, 10 p.