manual de viveiro e producao de mudas cerrado

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  • 7/25/2019 Manual de Viveiro e Producao de Mudas Cerrado

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    Manual de Viveiro

    e Producao de MudasEspcies Arboreas Nativas do Cerrado

    Tadeu Graciolli Guimares

    Manoel Cludio da Silva Jnior

    Djalma Jos de Sousa Pereira

    Jos Felipe Ribeiro

    Maria Cristina de Oliveira

    Roberto Shojirou Ogata

    Geovane Alves de Andrade

    Dborah da Silva Santos

    Ravana Marques Souza

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    FotoDanielAugusto

    Chaves

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    Braslia-DF, 2016

    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    Embrapa Cerrados

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    Espcies Arboreas Nativas do Cerrado

    Manual de Viveiro

    e Producao de Mudas

    Maria Cristina de Oliveira

    Professora da Universidade de Braslia, Faculdade UnB Planaltina

    Roberto Shojirou Ogata

    Projeto Biomas

    Geovane Alves de Andrade

    Embrapa Cerrados

    Dborah da Silva Santos

    Bacharel em Gesto Ambiental, UnB/FUP

    Ravana Marques Souza

    Bacharel em Gesto Ambiental, UnB/FUP

    Tadeu Graciolli Guimares

    Pesquisador da Embrapa Cerrados

    Manoel Cludio da Silva Jnior

    Universidade de Braslia, Centro de Referncia em Conservaoda Natureza e Recuperao de reas Degradadas (CRAD)

    Djalma Jos de Sousa PereiraViveirista florestal

    Jos Felipe Ribeiro

    Pesquisador da Embrapa Cerrados

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    Ministrio da Agricultura, Pecuria e AbastecimentoEmpresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaUnidade responsvel pelo contedo:Embrapa Cerrados

    Produo editorial e revisoRede de Sementes do Cerrado

    Campus Universitrio Darcy Ribeiro/Universidade de Braslia

    Gleba A - Ala Sul - Prdio Jeanine M. Felfili - CRAD - sala A1 - 53/13

    - Caixa Postal 4461,

    CEP 70904-970 - Asa Norte - Braslia, DF

    Tel. (61) 3107 0098

    E-mail: [email protected]@rsc.org.brwww.rsc.org.brwww.semeandobiomacerrado.org.br

    Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida porqualquer meio sem a autorizao por escrito dos autores.

    PROIBIDA A VENDA

    Projeto Grfico, Diagramao e Ilustrao

    Heraldo Lima e Renato Mendes

    Fotos da capa

    Daniel Augusto ChavesMaria Cristina de Oliveira

    Identificao completa dos autores das fotos

    Bruno Nonato Vieira Foto Bruno NonatoJos Felipe Ribeiro Foto Felipe RibeiroManoel Cludio da Silva Jnior Foto Manoel Cludio

    Marcelo Kuhlmann Peres Foto Marcelo KRoberto Shojirou Ogata Foto Roberto Ogata

    1 edio 20121 edio revista e ampliada - 2016

    REDE DE SEMENTES DO CERRADO

    DIRETORIA 2014 2016

    PresidenteRegina Clia Pereira Fernandes de Souza

    Vice-PresidenteMaria Magaly Velloso da Silva Wetzel

    TesoureiraAngelika Bredt

    Conselho ConsultivoAlba Evangelista RamosCssia Beatriz Rodrigues MunhozManoel Cludio da Silva JniorSarah Cristina Caldas Oliveira

    Conselho FiscalAna Palmira SilvaGermana Maria Cavalcanti Lemos Reis

    Marcelo Kuhlmann PeresMery Lucy do Vale e Souza

    Coordenador do Projeto Semeando o Bioma CerradoJos Rozalvo Andrigueto

    O48m Oliveira, Maria Cristina de.Manual de viveiro e produo de mudas: espcies arbreas nativas do Cerrado/

    Maria Cristina de Oliveira, Roberto Shojirou Ogata, Geovane Alves de Andrade,Dborah da Silva Santos, Ravana Marques Souza, Tadeu Graciolli Guimares,Manoel Cludio da Silva Jnior, Djalma Jos de Sousa Pereira, Jos Felipe Ribeiro.

    Editora Rede de Sementes do Cerrado, 2016.

    124 p.: 531 fotos; 28 cm

    ISBN 978-85-99887-16-5

    1. Sementes nativas. 2. Coleta. 3. Germinao. 4. Recuperao. I. Ogata, RobertoShojirou. II. Andrade, Geovane Alves de. III. Santos, Dborah da Silva. IV. Souza,Ravana Marques. V. Guimares, Tadeu Graciolli. VI. Silva Jni or, Manoel Cludio da.

    VII. Pereira, Djalma Jos de Sousa. VIII. Ribeiro, Jos Felipe. IX. Ttulo.

    CDU 630.2/.502(81)

    CDD 634.9

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    PREFCIO

    A Rede de Sementes do Cerrado (RSC) foi constituda em 2004, como uma associao civil, pessoa jur-dica de direito privado, com natureza e fins no lucrativos e sem carter poltico-partidrio. Foi qualifi-cada, em 2005, como Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP). Tem como objetivo

    principal a defesa, a preservao, a conservao, o manejo, a recuperao, a promoo de estudos epesquisas, e a divulgao de informaes tcnicas e cientficas relativas ao meio-ambiente do Cerrado,especialmente no Brasil Central.

    A Rede de Sementes do Cerrado busca o fomento equilibrado da oferta e demanda de sementes e mu-das de plantas nativas do Cerrado por meio da capacitao e divulgao de informaes tcnicas, como intuito de ampliar os conhecimentos e garantir a proteo, a valorizao e a preservao deste bioma.Para isso mantm parcerias com vrias entidades no lucrativas e governamentais, desenvolvendo aesatravs de Projetos. Um desses Projetos o Semeando o Bioma Cerrado, patrocinado pela Petrobras.

    O Projeto Semeando o Bioma Cerrado realizou aes de Capacitao (Cursos de Identificao de rvorese Madeiras do Bioma Cerrado, Seleo e Marcao de rvores Matrizes, Coleta, Manejo e Beneficiamentode Sementes, Viveiros e Produo de Mudas Florestais Nativas e Capacitao Continuada em Recupera-

    o de reas Degradadas), Demarcao de reas de Coleta de Sementes (115 ACSs) e Georreferencia-mento de 6936 rvores Matrizes de 387 espcies, dentre essas, 9 espcies constam em listas oficiais deespcies ameaadas de extino, com 145 indivduos georreferenciados. Realizao de Oficinas Temti-cas de Educao Ambiental para alunos, professores, educadores ambientais e comunidades rurais comfoco na conservao dos recursos naturais do Cerrado.

    A Rede de Sementes do Cerrado tem participado ativamente dos esforos e das aes em curso no Dis-trito Federal voltadas para a recuperao do Cerrado, fazendo parte da Aliana Cerrado, que congregavrias entidades governamentais e no governamentais no esforo de recuperao e proteo ao Cer-rado, alm da participao em outros Fruns e Comisses que compartilham o objetivo de proteo erecuperao do nosso bioma.

    A publicao da Manual Viveiro e Produo de Mudas - Espcies Arbreas Nativas do Cerrado tem por

    objetivo a divulgao do conhecimento sobre tcnicas de produo de mudas nativas do Cerrado, apre-sentando o resultado de pesquisas realizadas na Embrapa Cerrados e em Viveiros associados. Vem deencontro a uma necessidade urgente da divulgao de tcnicas para a produo de espcies arbreasdo bioma Cerrado, com alta qualidade e resistncia, contemplando um pouco da diversidade da floraexistente. So 90 (noventa) espcies de diversas fitofisionomias do Cerrado que podero ser produzidascom mais facilidade, permitindo que seja aumentada a variedade da oferta de mudas nativas produzidasa ser usada em projetos de restaurao do Cerrado.

    Regina Clia Pereira Fernandes de Souza

    Presidente da Rede de Sementes do Cerrado

    Jos Rozalvo Andrigueto

    Coordenador do Projeto Semeando o Bioma Cerrado

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    APRESENTAO

    O Cerrado brasileiro considerado a savana com maior biodiversidade do planeta. Temos tambma maior floresta tropical e um enorme nmero de espcies nativas. Somos uma potncia ambiental,portanto temos a responsabilidade de zelar por esse patrimnio natural. Os avanos brasileiros narea ambiental so internacionalmente reconhecidos. Nosso pas ainda possui uma extensa rea devegetao nativa na maior parte dos biomas, sendo uma parte considervel abrangida por reasprotegidas.

    Alm disso, nossa legislao ambiental considerada uma das mais avanadas do mundo, pormtemos de reconhecer que os avanos j alcanados ainda no foram suficientes para reduzir o des-matamento a nveis no alarmantes.

    Considerando a tendncia atual, inevitvel a constatao de que cada vez mais a conservao dosrecursos naturais exigir no apenas a proteo dos remanescentes de vegetao nativa, mas tam-bm a recuperao do que j foi perdido. A recuperao de reas alteradas demanda uma intensaproduo e plantio de mudas nativas, o que, por sua vez, no possvel sem a produo de semen-

    tes. A Embrapa Cerrados em parceria com o Ministrio do Meio Ambiente Secretaria de Extrativis-mo e Desenvolvimento Rural Sustentvel e com a Rede de Sementes do Cerrado vem investindoesforos na capacitao de atores sociais, principalmente pequenos produtores rurais, na produoe na comercializao de semente e mudas florestais nativas do Cerrado.

    Antecipando-se crescente necessidade de plantio para recuperao de veredas, nascentes, beirasde rios e adequao em geral das propriedades rurais legislao ambiental, a Rede de Sementesdo Cerrado, por meio do projeto Semeando o Bioma Cerrado, patrocinado pela Petrobras atravs doprograma Petrobras Socioambiental, cumpre um papel crucial na preparao de diferentes atoressociais para atender s demandas de recuperao da vegetao nativa em reas alteradas. nes-se sentido que este manual adquire sua importncia. Combinando linguagem simples com termostcnicos e conceitos definidos com o devido rigor da academia, este manual destina-se a orientarproprietrios rurais e o pblico em geral interessados na produo de sementes para atender de-manda da produo de mudas de espcies nativas do Cerrado. certamente uma contribuio im-portante que vem preencher uma lacuna existente at ento para quem busca informaes comple-tas e em linguagem mais acessvel sobre o assunto.

    Jos Roberto Rodrigues Peres

    Chefe-Geral da Embrapa Cerrados

    Regina Clia Pereira Fernandes de Souza

    Presidente da Rede de Sementes do Cerrado

    Jos Rozalvo Andrigueto

    Coordenador do Projeto

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    AGRADECIMENTO

    Agradecemos a parceria realizada entre a Embrapa Cerrados e o Ministrio do Meio Ambiente Se-cretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel por meio da cooperao tcnica efinanceira WebAmbientebioma Cerrado.

    Rede de Sementes do Cerrado pelo contrato e pela cooperao tcnica com a Embrapa Cerrados,que possibilitou a impresso da verso atualizada deste material.

    Petrobras, por intermdio do programa Petrobras Socioambiental, pelo patrocnio do projeto Se-meando o Bioma Cerrado, coordenado pela Rede de Sementes do Cerrado.

    Aos pesquisadores da Embrapa Cerrados e da Rede de Sementes do Cerrado selecionados para areviso deste material.

    Pequi (Caryocar brasilienseCambess.)

    FotoJosFelipeRibeiro

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    SumrioIntroduo 9

    Tipos de viveiro 11

    O viveiro 11

    Estabelecimento do local do viveiro 13

    Escolha do local 13Limpeza e preparo do local 13Drenagem 13Construo dos canteiros 14Substrato 15Recipiente 17Enchimento dos recipientes

    19

    Posicionamento dos recipientes no canteiro 19

    Formao das mudas 19

    Coleta das sementes 19Beneficiamento das sementes 21Tipos de semeadura 23Construo da sementeira 24Distribuio das sementes na sementeira 25Transferncia das mudas para os recipientes definitivos 26

    Cuidados com as mudas no viveiro 27Rega 27Limpeza do viveiro e dos recipientes 27Adubao das mudas 27Controle de doenas, pragas e ervas daninhas 28Moveo ou dana das mudas 28

    Tempo de permanncia da muda no viveiro 29

    Tamanho da muda para ser transferida para o campo 29

    Endurecimento ou rustificao da muda 29

    Seleo das mudas para plantio no campo 30

    Produo de mudas para noventa espcies nativas do bioma Cerrado 31

    1.Acrocomia aculeata(Jacq.) Lodd. ex Mart.Macaba 332.Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) BurkartFarinha-seca 343.Alibertia edulis (Rich.) A.Rich.Marmelada-de-bezerro 354.Anacardium humile A. St. -Hil. Cajuzinho-do-cerrado 365.Anadenanthera colubrina(Vell.) BrenanAngico-vermelho, angico-branco 376.Anadenanthera peregrina(L.) Speg.Angico-preto 387.Annona coriaceaMart.Marolo-do-cerrado 39

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    8.Annona crassiflora Mart.Araticum-do-cerrado 409.Apeiba tibourbouAubl. Pau-de-balsa, escova-de-macaco 4110.Apuleia leiocarpa(Vogel) J.F.Macbr.Garapa 4211.Aspidosperma macrocarponMart. Guatambu-do-cerrado 43

    12.Aspidosperma pyrifoliumMart. Peroba 4413.Aspidosperma spruceanumBenth. ex Mll. Arg. Peroba-cascuda 4514.Aspidosperma subincanumMart. Guatambu-vermelho 4615.Aspidosperma tomentosumMart. Peroba-do-cerrado 4716.Astronium fraxinifoliumSchott Gonalo-alves 4817. Bowdichia virgilioidesKunth Sucupira-preta 4918. Brosimum gaudichaudiiTrcul Mama-cadela 5019. Buchenavia tomentosaEichler Mirindiba 5120. Byrsonima verbascifolia(L.) DC. Murici-de-tabuleiro 52

    21. Cabralea canjerana(Vell.) Mart. Canjerana 5322. Calophyllum brasilienseCambess. Landim 5423.Caryocar brasilienseCambess. Pequi 5524.Casearia sylvestrisSwartz. Ti 5625.Cecropia pachystachyaTrcul. Embaba 5726.Cedrela fissilisVell. Cedro-amarelo 5827.Copaifera langsdorffiiDesf. Copaba 5928.Cordia trichotoma(Vell.) Arrb. ex Steud. Freij, Louro pardo 6029.Croton urucuranaBaill. Sangra dgua 61

    30.Cybistax antisyphilitica(Mart) Mart. Ip-verde 6231.Dalbergia miscolobiumBenth. Jacarand-do-cerrado, cavina 6332. Dimorphandra mollisBenth. Faveiro-do-cerrado 6433. Dipteryx alataVogel Baru 6534. Emmotum nitens(Benth.) Miers Pau-sobre6635. Enterolobium contortisiliquum(Vell.) Morong Tamboril 6736. Eriotheca pubescens(Mart. & Zucc.) Schott & Endl. Paineira-do-cerrado 6837. Eugenia dysenterica(Mart.) DC. Cagaita 6938. Euterpe edulisMart. Jussara 70

    39. Genipa americanaL. Jenipapo 7140. Guarea guidonia(L.) Sleumer Marinheiro-do-mato 7241. Guazuma ulmifoliaLam. Mutamba 7342. Hancornia speciosaGomes Mangaba 7443. Handroanthus chrysotrichus(Mart. Ex DC.) Mattos Ip-dourado 7544. Handroanthus heptaphyllus(Vell.) Mattos Ip-roxo 7645. Handroanthus impetiginosus(Mart. ex. DC.) Mattos Ip-roxo-da-mata 7746. Handroanthus ochraceus(Cham.) Mattos Ip-do-cerrado 7847. Handroanthus serratifolius(Vahl.) S. Grose Ip-amarelo 7948. Hymenaea courbarilL. Jatob-da-mata 8049. Hymenaea stigonocarpaMart. ex Hayne Jatob-do-cerrado 81

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    50. Inga cylindrica(Vell.) Mart. Ing-feijo 8251. Inga laurina(Sw.) Willd. Ing-de-quatro-folhas 8352. Inga vera Willd. Ing 8453.Jacaranda brasiliana(Lam.) Pers. Carobo 85

    54.Jacaranda cuspidifoliaMart. Caroba 8655. Kielmeyera coriaceaeMart. & Zucc. Pau-santo 8756. Lafoensia pacariA. St. -Hil. Pacari 8857. Luehea paniculataMart. & Zucc. Aoita-cavalo 8958. Magnolia ovata(A.St.-Hil.) Spreng. Pinha-do-brejo 9059. Magonia pubescensA. St. -Hil. Tingui 9160. Mauritia flexuosaL.f. Buriti 9261. Myracrodruon urundeuvaAllemo Aroeira 9362. Myroxylon peruiferumL. f. Blsamo 94

    63. Parkia pendula(Willd.) Benth. ex. Walp. Fava-de-bolota 9564. Physocalymma scaberrimumPohl Cega-machado 9665. Piptadenia gonoacantha(Mart.) J.F. Macbr. Pau-jacar 9766. Platypodium elegansVogel Canzileiro 9867. Pouteria ramiflora(Mart.) Radlk. Curriola 9968. Pouteria torta(Mart.) Radlk. Guapeva 10069. Pseudobombax longiflorum(Mart. & Zucc.) A. Robyns Embiruu-da-mata 10170. Pterodon emarginatusVogel. Sucupira-branca-da-flor-roxa 10271. Pterodon pubescens(Benth.) Benth. Sucupira-branca-da-flor-rosa 103

    72. Qualea grandifloraMart. Pau-terra-grande 10473. Qualea parvifloraMart. Pau-terra-da-mata 10574. Rhamnidium elaeocarpumReissekCafezinho 10675. Roupala montanaAubl. Carne-de-vaca 10776. Salacia crassifolia(Mart. ex Schult.) G. Don Bacupari-do-cerrado 10877. Schinopsis brasiliensisEngl. Brana 10978. Senna macranthera(DC. ex Collad.) H. S. Irwin & Barneby Fedegoso 11079. Senna multijuga(Rich.) H. S. Irwin & Barneby Canafstula 11180. Simarouba amaraAubl. Mata-cachorro 112

    81. Solanum falsiformeFarruggia Lobeira 11382. Stryphondendron adstringens(Mart.) Coville Barbatimo 11483. Swartzia langsdorffiiRaddi Banha-de-galinha 11584. Syagrus oleracea(Mart.) Becc. Gueroba 11685. Syagrus romanzoffiana(Cham.) Glassman Jeriv 11786. Tabebuia aurea(Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore Ip-caraba 11887. Tapirira guianensisAubl. Pau-pombo 11988. Terminalia argenteaMart. Capito-do-cerrado 12089. Tibouchina candolleana(Mart. ex DC.) Cogn. Quaresmeira 12190.Xylopia aromatica(Lam.) Mart. Pimenta-de-macaco 122

    Referncias 123

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    Manual de Viveiro e Produo de Mudas: Espcies Arbreas Nativas do Cerrado

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    Introduo

    A despeito de sua importncia biolgica, nos ltimos quarenta anos a paisagem do bioma Cerrado vemsofrendo mudanas expressivas, com quase 50% de sua rea original convertida em reas antropizadas(KLINK; MACHADO, 2005).

    No obstante a importncia em termos ambientais, o aumento da produo agrcola, da atividade in-dustrial, do crescimento populacional e da disseminao de condomnios irregulares vem colocando emrisco o ambiente do Distrito Federal (OLIVEIRA et al., 2015). Isso causa danos irreversveis fauna e florae sobrecarrega aos recursos hdricos.

    Nesse contexto, so necessrias aes que possam recuperar e conservar as reas remanescentes deCerrado no bioma visando preservao dos recursos naturais, e para isso a produo de mudas deespcies nativas essencial. A demanda por mudas de espcies nativas do bioma Cerrado em geral temcrescido bastante nos ltimos anos, tanto pela valorizao dessas espcies como pela necessidade derecuperao das reas de Preservao Permanente (APPs) e das reas de Reserva Legal (ARLs) indicadaspelo novo Cdigo Florestal.

    Pode ser muito difcil encontrar essas mudas nos viveiros comerciais da regio devido falta de conhe-

    cimento de como produzi-las ou mesmo pela dificuldade de conseguir sementes na natureza. Assim,visando a minimizar essa deficincia, divulgamos aqui informaes sobre 90 espcies viabilizadas pe-los estudos oriundos dos projetos da Embrapa Solues tecnolgicas para a adequao ambiental dapaisagem rural ao Cdigo Florestal Brasileiro (WebAmbiente) e o Projeto Biomas-Embrapa/CNA, bemcomo a cooperao tcnica da Rede de Sementes do Cerrado (www.rsc.org.br). Esta, como outras redesde sementes existentes no Brasil, busca facilitar o intercmbio de informaes sobre a disponibilidadede sementes em diferentes locais dos biomas brasileiros.

    No bioma Cerrado esto presentes vrias espcies importantes que podem ser utilizadas com o propsi-to de recuperao das APPs e das ARLs por gerarem produtos para o consumo humano na alimentao,na produo madeireira, na medicina, entre outros. Entretanto, este uso geralmente acontece por extra-tivismo, o que compromete a sustentabilidade.

    Capacidade de suporte o nvel de utilizao dos recursos naturais que um sistema ambiental ou umecossistema pode suportar, garantindo sua sustentabilidade e a conservao de recursos com respeitoaos padres de qualidade ambiental. Assim, a extrao de qualquer produto da natureza que excedaessa capacidade entendida como no sustentvel. Este texto busca ajudar no uso sustentvel de algu-mas espcies nativas do bioma Cerrado por meio da indicao de sua poca de coleta e do beneficia-mento adequado dos frutos e das sementes para comercializao direta ou mesmo para a produo demudas. Para tal, planejar a coleta dessas sementes e a produo de mudas fundamental.

    Alm dos procedimentos tcnicos de coleta e de produo da muda, importante considerar o tipo doviveiro que vai ser construdo: individual ou comunitrio. Neste ltimo caso, devem participar das deci-ses os principais atores envolvidos no processo, quer sejam da escola, quer sejam da comunidade ou

    da associao local. Esses grupos devem participar trazendo sugestes de manejo do local e ambienteda construo, de quais espcies sero produzidas ou mesmo decidir quais e quem vai ser responsvelpelas tarefas e pelas aes necessrias nessa produo. Tcnicas simples de planejamento estratgico nadefinio das aes e a priorizao das tarefas identificadas so essenciais para organizar a comunidadee, dessa forma, atingir o objetivo final. A seleo das espcies para o plantio to importante quanto aqualidade das mudas a serem levadas ao campo. Mudas de boa qualidade podem determinar o sucessodo plantio, mas a correta escolha das espcies para o local a ser recuperado vai agregar valor ao plantio.

    Diversas espcies de plantas nativas do Cerrado possuem importncia econmica reconhecida tantopelas populaes tradicionais como pela pesquisa, e muitas delas enquadram-se em mais de um tipode utilizao, por isso so espcies de conhecido uso mltiplo, como destacado em Ribeiroet al. (2008),o que as faz tambm potencialmente prioritrias para esta seleo. A seleo das espcies indicadas

    neste manual foi baseada no apenas em sua importncia na manuteno de ambientes pelos serviosambientais, mas tambm por seu potencial econmico.

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    Considerar espcies de uso mltiplo no Cerrado com esse propsito pode ser muito vantajoso, pois umamesma planta pode colaborar de diversas maneiras na renda da propriedade rural e na recuperao desuas APPs e ARLs. Vrias plantas so conhecidas e utilizadas pela populao regional e tm sido valorizadascomercialmente na regio do Cerrado. So exemplos concretos deste uso o pequi (Caryocar brasilienseCambess), o araticum (Annona coriaceaMart.), a gueroba (Syagrus oleracea(Mart.) Becc.), o baru (DipteryxalataVogel), a mangaba (Hancornia speciosaGomes), a faveira (Dimorphandra mollisBenth.), a cagaita (Eu-genia dysentericaDC.), o pacari (Lafoensia pacariA. St.-Hil.), a mama-cadela (Brosimum gaudichaudiiTrcul),o jatob-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpaMart. ex Hayne), entre outras.

    Cada vez mais tem sido reconhecida a importncia de se adicionar valor ao produto fornecido por essasespcies. Enquanto o valor econmico do fruto in natura no p pode ser muito pequeno, a polpa acon-dicionada congelada em sacos plsticos pode valer muitas vezes mais. Agregar valor a produtos alimen-tares como sorvetes, sucos, tortas e bolos com polpa de algumas dessas espcies tem proporcionadorenda valiosa para comunidades da regio do Cerrado.

    No entanto, infelizmente nem todas as espcies do bioma apresentam facilidade de produo de mu-das em viveiro. Muito trabalho de pesquisa bsica ainda necessrio para vrias delas. Nesse sentido,disponibilizam-se aqui informaes sobre as principais tarefas/aes levadas em conta na construo de

    um viveiro, na coleta e no beneficiamento das sementes e na produo de mudas de algumas espciesimportantes do bioma. Com esses dados, os usurios podero reproduzi-las e assim sero capazes deadequ-las s diferentes realidades no seu ambiente local.

    Aspidosperma macrocarpon Mart. (Apocynaceae)

    FotoJosFelipeRibeiro

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    Manual de Viveiro e Produo de Mudas: Espcies Arbreas Nativas do Cerrado

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    Tipos de viveiro

    O viveiro

    Ao montar um viveiro de mudas, a fase de planejamento muito importante. As instalaes necess-

    rias e a quantidade de mudas que se projeta produzir dependero do objetivo do viveirista ou mesmoda comunidade envolvida na sua construo.

    VIVEIRO o ambiente/local onde germinam e se desenvolvem todo tipo de planta. nele que as mu-das sero cuidadas at adquirir idade e tamanho suficientes para serem levadas ao local definitivo,onde sero plantadas. Os viveiros contam com diferentes tipos de infraestrutura, que vo dependerdo seu tamanho e de suas caractersticas.

    Dois tipos de viveiros podem ser destacados:

    Viveiros temporrios ou provisrios so aqueles cuja durao curta e limitada, destinados pro-duo de poucas mudas em uma rea determinada. Geralmente se localizam prximos rea deplantio. Esse tipo de viveiro bem simples e pode ser construdo, por exemplo, utilizando-se a som-

    bra de uma rvore frondosa no fundo do quintal (Figura 1).

    FotoM

    ariaCristinadeOliveira

    FotoChristopherWilliamFagg

    Figura 1. Viveiros temporrios

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    Viveiros permanentes ou fixos so aqueles construdos para durar mais tempo, sendo utilizados paraproduo de mudas em quantidades maiores, principalmente visando comercializao em larga es-cala. Como essas instalaes so mais duradouras, necessitam de material mais resistente, assim osgastos para sua construo so bem maiores do que os do viveiro temporrio (Figura 2). Geralmentese localizam prximos a mercados consumidores.

    Figura 2. Viveiros permanentes: a) Embrapa Cerrados, Planaltina, Distrito Federal; b) Novacap, Braslia, Distrito Federal

    importante lembrar que no caso de instalao de viveiros permanentes todos os procedimentoscom relao produo e comercializao de sementes e mudas devem obedecer Lei no10.711,de 5 de agosto de 2003, regulamentada pelo Decreto no5.153, de 23 de julho de 2004, publicadosno Dirio Oficial da Unio. Mais informaes no site do Ministrio da Agricultura (http://www.agricul-tura.gov.br/vegetal/sementes-mudas).

    O primeiro passo para quem deseja produzir, exportar, importar ou realizar qualquer atividade re-

    lacionada a sementes e mudas procurar a orientao do setor de sementes e mudas da Superin-tendncia Federal de Agricultura do seu estado. No Distrito Federal o endereo SFA DF Supe-rintendncia Federal de Agricultura no Distrito Federal, SBN, Q. 01, Bl. D - 5 oandar, Ed. Palcio doDesenvolvimento, CEP 70057-900, Braslia-DF, tel.: (61) 3329-7101/3329-7100 ([email protected]). Em Gois: SFA GO Superintendncia Federal de Agricultura no Estado de Gois, PraaCvica, 100, 3oandar, Cx. Postal 149, CEP 74003-010, Goinia-GO, tel.: (62) 3221-7205 ([email protected]).

    A princpio, para a realizao de qualquer atividade relacionada a sementes e mudas que vise comercializao necessrio estar inscrito no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem)no site (http://sistemasweb.agricultura.gov.br/pages/RENASEM.html), alm do Registro Nacionalde Cultivares (RNC) no site (http://www.agricultura.gov.br/vegetal/registros-autorizacoes/registro/registro-nacional-cultivares).

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    A B

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    Estabelecimento do local do viveiro

    Escolha do local

    O local para a construo de um viveiro deve ser definido depois da anlise cautelosa de diferentes aspectos

    do ambiente. De preferncia, o construtor deve considerar uma rea com as seguintes caractersticas:Inclinao do terreno: o terreno deve ser levemente inclinado (1% a 3%) a fim de evitar acmulo de gua

    das chuvas ou mesmo do excesso de irrigao.

    Drenagem: o solo deve oferecer boa drenagem, evitando-se solos pedregosos ou muito argilosos.

    Fonte de gua: a disponibilidade de fonte de gua limpa e permanente deve ser suficiente parairrigao em qualquer poca do ano.

    Proximidade das reas de plantio: a localizao deve ser prxima do local onde as mudas sero planta-das, principalmente no caso de viveiros temporrios.

    Orientao geogrfica: o maior comprimento do viveiro deve ficar no sentido do sol nascente para

    o poente (leste-oeste), o que garantir ambientes totalmente ensolarados na maior parte do tempo.Proteo das mudas: o local deve ser cercado para evitar a entrada de animais, alm de implantao

    de quebra-ventos, que dever servir para a proteo das mudas, das sementeiras, dos sombrites e demaisinstalaes do viveiro. As plantas do quebra-vento tambm contribuiro para diminuio do ressecamen-to do solo e da transpirao das mudas, prestando-se tambm regulagem da temperatura do viveiro.

    Contudo, sabe-se que dificilmente a rea selecionada para a construo do viveiro reunir simul-taneamente todas essas condies ideais para o bom andamento dos trabalhos. Desse modo, emcada caso devemos adequ-las s diferentes realidades locais. Nesse caso, a disponibilidade de doiselementos prioritria e imprescindvel: gua e luz solar. Para informaes adicionais sobre projetoe instalao de viveiros florestais veja publicao de Borges et al. (2011).

    Limpeza e preparo do localA limpeza do local onde ser construdo o viveiro muito importante. Para isso, devem ser retirados plan-tas daninhas, razes, tocos, pedras e qualquer material que possa atrapalhar o trabalho de instalao.

    Drenagem

    Em viveiros temporrios, este procedimento nem sempre necessrio, mas em viveiros permanentes, comirrigao artificial, fundamental. Sugere-se a construo de valas de drenagem no piso, com uma distnciade 3 m entre elas. Essas valas devem ser preenchidas com materiais porosos de tamanhos diferentes, comobrita, cascalho, pedaos de tijolo, telhas, entre outros, permitindo a concentrao e a absoro do excessode gua (Figura 3). Esse procedimento se justifica, pois se a drenagem for deficiente, com o passar dos anos

    o piso do viveiro acaba ficando excessivamente mido. Se isso ainda acontecer, recomenda-se cobrir todo opiso com uma camada de brita ou areia grossa para ajudar na absoro do excesso da gua, lembrando queisso pode propiciar um ambiente favorvel ao desenvolvimento de uma srie de doenas para as mudas.

    .

    Figura 3. Distncia e tamanhode valas de drenagem no pisodo viveiro

    3 m

    //////////////////////////////////////////// /////////////////// 80cma1m

    80 cm a 1m

    Pedras irregulares,britas, telhas, tijolos

    cascalho...

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    Construo dos canteirosCanteiro o local onde sero colocados os recipientes (sacos plsticos, tubetes, vasos, garrafas PET,entre outros) com as mudas em crescimento. O canteiro pode conter mudas em recipientes maiores oumenores que vai depender da espcie e da idade da muda. Quando as mudas so feitas em recipientesmaiores, como sacos plsticos grandes (>15 cm dimetro), os canteiros devem ter aproximadamente

    1 m de largura, com um comprimento que vai depender do espao disponvel (Figura 4), sempre dis-postos perpendicularmente linha do declive. A distncia entre os canteiros deve ser de 60 cm, a fimde facilitar a movimentao e o trabalho do pessoal de manuteno do viveiro. Se os sacos plsticosutilizados forem muito pequenos (< 7 cm de dimetro), os canteiros devem ser protegidos lateralmen-te por ripa ou tarugo de madeira para evitar o tombamento dos recipientes.

    Figura 4. Canteiros de 1 m x 10 m distanciados 60 cm um do outro: a) viveiro da Companhia Vale do Rio Doce, Arax, Minas

    Gerais; b) Novacap, Braslia, Distrito Federal

    Ainda no caso da produo de mudas em recipientes como os tubetes, o canteiro deve ser formadopreferencialmente por bandejas ou telas suspensas, dispostas a 0,80 cm a 1 m de altura e sustenta-das por suportes (Figura 5).

    A B

    FotoMariaCristina

    deOliveira

    FotoJosFelipe

    Ribeiro

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    Figura 5. Canteiro suspenso formado por bandejas para produo de mudas em tubetes

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    Substrato

    Substrato todo material slido natural ou residual, de natureza mineral ou orgnica, que pode serutilizado puro ou em misturas para o cultivo intensivo de plantas, em substituio total ou parcial aosolo natural. Assim como este, o substrato proporciona suporte fsico s razes e disponibiliza gua enutrientes para o crescimento das plantas.

    Geralmente, a opo pelo cultivo em substrato, em substituio ao solo natural, se deve aos seguin-tes fatores: 1 - Maior facilidade de transporte, devido ao menor peso; 2 O cultivo intensivo emsolo natural pode apresentar fatores limitantes como presena de patgenos de solo e sementesde plantas daninhas, salinidade, desequilbrio entre arejamento e umidade; 3 Maior facilidade dese uniformizar a granulometria do substrato; 4 Maior produtividade e rentabilidade da atividade.

    Na formulao de substratos geralmente se utiliza um componente mineral (terra de subsolo retirada a 30cm de profundidade, terrio de mata e terra vegetal) e um ou mais componentes orgnicos, que podem serinertes (casca de arroz carbonizada e fibra de coco) ou biologicamente ativos (composto orgnico, estercocurtido de gado, hmus de minhoca e turfa), acrescidos de fertilizantes e corretivos como calcrio e gesso.

    A proporo entre os componentes mineral e orgnico e os nveis de calagem e adubao devem ser

    definidos em funo da demanda apresentada pela espcie em questo, de forma a proporcionar omelhor ambiente de cultivo possvel.

    O bioma Cerrado apresenta fitofisionomias que englobam desde formaes florestais at campestres (Fi-gura 6). Estas fitofisionomias, por sua vez, se distribuem em solos de diversas classes, com caractersticas defertilidade e drenagem bem distintas (Tabela 1). Assim, para a produo de mudas de espcies do Cerrado,pesquisas conduzidas no Viveiro de Mudas da Embrapa Cerrados mostraram a importncia de se utilizarsubstratos cuja composio simule as condies de solo encontradas pelas plantas em seu ambiente natu-ral, ou seja, os diferentes tipos de substrato devem ser formulados em funo da fitofisionomia de ocorrn-cia daquela espcie. Com base nesta experincia, na Tabela 2 so mostradas quatro formulaes de substra-tos propostas para as espcies que habitam os ambientes mais comuns do bioma Cerrado.

    Figura 6. Fisionomias do bioma Cerrado (Fonte: RIBEIRO; WALTER 2008)

    Para o cultivo das espcies savnicas que ocorrem no Cerrado sentido amplo, que inclui as fitofisio-nomias de Cerrado, Cerrado Denso, Cerrado Tpico, Cerrado, Cerrado Ralo, Cerrado Rupestre, Cam-po Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre (Figura 6), nas quais predominam solos bem drenados ede baixa fertilidade, sugere-se a utilizao do substrato do tipo I (Tabela 2), que seria indicado para aproduo de mudas de pequi e araticum, por exemplo.

    Entretanto, para a produo de mudas de mangaba (Hancornia speciosa Gomes), que tambm uma espcie de ocorrncia em fitofisionomia de Cerrado Sentido Amplo, a formulao de substratodo tipo I no se mostrou adequada, uma vez que esta espcie no suporta elevada disponibilidadede umidade no substrato. Para tanto, sugere-se a utilizao do substrato tipo II (Tabela 2), conformeproposto por Pereira et al. (2002), o qual se assemelha aos solos de elevada capacidade de drenagem

    como as areias quartzosas, e que devem ser utilizados para a produo de mudas de mangaba e dasdemais espcies que ocorrem neste ambiente e apresentam esta exigncia particular para seu cultivo.

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    Para as espcies florestais indica-se o substrato do tipo III, que confere boa drenagem e fertilidademediana, enquanto que o substrato tipo IV, cuja composio condiciona menor drenagem e eleva-da capacidade de reteno de umidade, o mais indicado para a produo de mudas de espciesque ocorrem em ambientes riprios, onde naturalmente a disponibilidade de gua mais elevada(Tabela 2).

    Tabela 1-Tipo de substrato proposto para as principais espcies do bioma Cerrado e sua relao com aocorrncia da espcie na vegetao nativa associada com as principais classes de solos do bioma.

    Fonte: Reatto et al. (2008) para classes de solo e sua porcentagem de ocorrncia

    BDPF - Bem Drenado Pouco Frtil; SDPF - Super Drenado Pouco Frtil; BDF - Bem Drenado Frtil; MDF - Mal Drenado Frtil

    Tabela 2-Proporo dos componentes e formulaes de substratos para a produo de mudas de

    espcies de ambientes de Cerrado, Mata Seca e Mata Ripria.

    *No incluir no caso de espcies calcfugas do Cerrado, como por exemplo espcies da famlia Vochysiaceae** Frmula 4-14-8 *** Frmula 15-10-10

    Para a obteno de qualquer substrato, os componentes minerais e orgnicos devem ser peneiradosantes de serem misturados, de forma a promover homogeneizao do tamanho das partculas epara separar pedras, folhas, galhos ou outros materiais cujas dimenses possam criar impedimentofsico ao preenchimento dos recipientes, germinao das sementes ou mesmo ao crescimento nor-mal das plantas. Uma vez peneirados, os componentes devem ser dispostos em superfcie plana,para mistura manual, ou colocados dentro de uma betoneira, para mistura mecnica. Em seguida,

    Tipo de substratosugerido

    Classes de solos do bioma Cerrado(%) de ocorrnciada classe de solo

    Vegetao associada

    Tipo I - BDPF Latossolos 43,1 Cerrado/Cerrado Denso/Tpico

    Tipo I - BDPF Cambissolo 3,0 Cerrado Tpico/ Cerrado Ralo

    Tipo I - BDPF Litossolo 7,2 Cerrado Rupestre/Campo Rupestre

    Tipo I - BDPF Plintossolo 8,9 Campo Sujo mido/Parque de Cerrado

    Tipo II - SDPF Areias Quartzozas 15,1 Cerrado Tpico/Cerrado Ralo

    Tipo III - BDF Outros (Neossolo Litlito) 0,1 Mata Seca

    Tipo III - BDF Latossolo Roxo 3,5 Mata Seca Semidecdua/Cerrado

    Tipo III - BDF Terra Roxa Estruturada 1,7 Mata Seca Semidecdua

    Tipo III - BDF Podsolo 15,0 Mata Seca/Cerrado/Cerrado Tpico

    Tipo IV - MDF Hidromrficos 2,3 Veredas, M. Ciliar e de Galeria, Palmeirais

    Estrutura Fsica Estrutura Qumica

    Solo (litro) Condicionador (litro) Areia (litro) Calcrio (g) NPK** (g)Fertilizante de liberao

    lenta *** (g)

    Micronutrientes

    FTE (g)

    T I - BDPF 3 1 0,5 1* 5 - -

    T II - SDPF 0 1 10 - - 30 -

    T III - BDF 2 1 0,5 2 5 - 0,5

    T IV - MDF 4 1 0 3 7 - 0,6

    BDPF - Bem Drenado Pouco Frtil; SDPF - Super Drenado Pouco Frtil; BDF - Bem Drenado Frtil; MDF - Mal Drenado Frtil

    Estrutura Fsica Estrutura Qumica

    Exemplo Solo (litro) Condicionador (litro) Areia (litro) Calcrio (g) NPK** (g)Fertilizante de liberao

    lenta *** (g)

    Micronutrientes

    FTE (g)T I - Cerrado 300 100 50 100* 500 -- -

    T II - Mangaba 0 100 1000 - - 3 -

    T III - Mata Seca 200 100 50 200 500 - 50

    T IV - Mata Ripria 400 100 0 300 700 - 60

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    so adicionados os corretivos e adubos e, posteriormente, a mistura deve ser bem revolvida at queo substrato adquira aparncia homognea. Para o revolvimento geralmente se utiliza enxada paramistura manual ou, no caso de maiores volumes, se utiliza a betoneira (Figura 7).

    Recipiente

    Recipiente a estrutura fsica utilizada para o acondicionamento de qualquer substrato para o cultivointensivo de plantas, podendo englobar desde a germinao de sementes, crescimento de mudas ata comercializao final da muda pronta. Na escolha de recipientes deve-se considerar o tamanho iniciale final da muda, custo de aquisio, durabilidade, facilidade de manuseio e de armazenamento, dentre

    outros. De modo geral, o tamanho do recipiente dever ser escolhido de forma a proporcionar o maiorvolume possvel de solo s razes, mas que seja de menor peso possvel e facilmente transportvel.

    Os recipientes mais utilizados so os sacos plsticos de polietileno negro (Figura 8a), tubetes depolipropileno reutilizveis (Figura 8b) e vasos de polipropileno (Figura 8c), disponveis no mercadoem diversos tamanhos. Alm destes, atualmente tambm se encontram no mercado, recipientesbiodegradveis como tubetes e vasos confeccionados com fibras celulsicas recicladas de embala-gens longa vida. Estes, apesar da vantagem representada pelo menor potencial poluidor possuemcusto mais elevado.

    Quando a produo de mudas no realizada em grande escala, podem-se utilizar embalagens recicladascomo garrafas pet e caixinhas de suco e de leite. Estes recipientes devem ser devidamente limpos e perfuradosna sua base para permitir a drenagem da gua.

    FotoMariaCristinadeOliveira

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    A

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    FotoMariaCristinad

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    A B CFigura 8. Recipientes adequados mais utilizados para produo de mudas em larga escala: a) sacos plsticos pretos (20 cm x

    30 cm); b) tubetes de polipropileno; c) vasos de polipropileno

    B

    Figura 7. Mistura dos componentes do substrato, com (a) enxada e (b) betoneira

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    Os sacos plsticos pretos de 20 cm de dimetro x 30 cm de altura x 0,02 mm de espessura e aqueles com 11cm x 25 cm x 0,02 mm tm se mostrado eficientes para produo de mudas de espcies de Cerrado sentidoamplo e de Mata, respectivamente. Recipientes maiores para espcies de Cerrado sentido amplo e Mata Secadevem ser utilizados, pois so importantes para o desenvolvimento de espcies dessas fisionomias, tendo emvista que possuem razes naturalmente longas, podendo ficar de quatro a dez vezes maiores do que a parte

    area (Figura 9a). Alm disso, muitas dessas espcies ainda possuem razes tuberosas e grossas (Figura 9b),como, por exemplo, a amburana (Amburana cearensis) e o chich (Sterculia striata). Nesses casos, sacos maioresacondicionam melhor essas plntulas, sendo mais vantajosos. Para esses episdios, recipientes como os tube-tes pequenos no so recomendados, pois no abrigam de forma apropriada as razes longas e tuberosas demuitas espcies. No entanto, novos produtos esto sendo oferecidos para superar essas dificuldades. Tubetesem maiores tamanhos j esto disponveis no mercado para cada necessidade (Figura 10). importante lem-brar que quanto maior o recipiente, como o caso desses tubetes, dos sacos plsticos ou mesmo dos vasos,mais substrato e tempo so gastos e mais difcil ser seu manuseio. Se por um lado a muda poder permanecerno viveiro por mais tempo, por outro mais difcil ser seu transporte para o local definitivo.

    Diferentemente, as espcies presentes nas Matas de Galeria no necessitam de sacos plsticos muitograndes, porque possuem sistema radicular menor (Figura 9c), nesse caso, os tubetes menores tam-bm so indicados. Os tubetes so recipientes a se considerar, pois, apesar de mais caros, so reuti-lizveis, requerem menor quantidade de substrato, demandando menos tempo para o preenchimen-

    to do que os sacos plsticos. Alm disso, requerem menos espao para armazenamento e so maisleves para serem transportados ao local definitivo de plantio das mudas, levando a uma reduo nocusto da produo da muda.

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    Figura 9. Forma das razes e relao raiz-parte area de muda de espcie arbrea de Cerrado sentido restrito(a), Mata Seca (b) e Mata de Galeria (c) aos 12 meses de idade produzidas em viveiro (Fonte: FAGG et al. 2008)

    AFotoJeanineMariaFelfili

    FotoJeanineMariaFelfili

    FotoJeanineMariaFelfili

    B C

    Figura 10. Tubetes para a produo de mudas esto disponveis no mercado em diferentestamanhos para a necessidade de produo de mudasde diferentes espcies

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    Enchimento dos recipientes

    Preparado o substrato e selecionado o recipiente adequado ao sistema radicular/parte rea da esp-cie considerada, o prximo passo seu enchimento. Muitas vezes, para facilitar essa atividade, pode--se utilizar manualmente um pedao de cano de PVC, com corte em bizel em uma das extremidades(Figura 11a). Os recipientes escolhidos no devem ficar totalmente cheios, deixando-se de 1 cm a 2

    cm livres na superfcie (Figura 11b) para que possa ser retida mais gua no momento da irrigao.

    Posicionamento dos recipientes no canteiro

    Os recipientes devem ser colocados no canteiro em p um ao lado do outro. Esse enfileiramento nodever ultrapassar a largura mxima de 1 m (Figura 12), para no dificultar tratos culturais nas mudascentrais, como irrigao, luminosidade e controle de pragas e doenas.

    Formao das mudas

    Coleta das sementes

    No bioma Cerrado podem ser encontradas espcies para a coleta de sementes durante todo o ano,tanto na poca seca quanto na poca chuvosa. Contudo, os meses de maro a junho apresentam omenor nmero de espcies com frutos maduros.

    Uma boa estratgia para a coleta de sementes de boa qualidade procur-las em rvores matrizes

    adultas, vigorosas, com copa sadia, que no apresentem sinais evidentes de ataque de pragas e do-enas. Essa coleta de frutos e sementes poder ser feita no cho ou na prpria rvore, dependendoda espcie e do tipo de fruto.

    Figura 12. Enfileiramento dos sacos plsticos com as mudasno canteiro

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    A BFigura 11. a) Enchimento dos recipientes utilizando um pedao de cano de PVC; b) recipientes

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    No caso de plantas altas, o acesso ao fruto na copa poder ser feito por podo (vara com gancho na ponta)(Figura 13a, b) ou mesmo subindo-se na rvore com a utilizao de equipamento de segurana. Para a coletaem rvores mais baixas, o acesso aos frutos poder ser direto, com as mos ou com varas, escadas, ou aindasacudindo-se os galhos (Figura 13c). Nestes casos, importante limpar o solo ao redor da planta ou at forr--lo com lona ou plstico para facilitar a coleta dos frutos ou das sementes (Figura 13d). Informaes adicionais

    podem ser encontradas em Cordeiro e Rabelo (2011), Silva Jnior et al. (2011) e Wetzel et al. (2011).

    importante considerar que durante a coleta dos frutos e das sementes de espcies nativas algunsprincpios de manejo sustentvel devem ser seguidos:

    Todo recurso finito por mais abundante que parea, nenhum recurso deve ser exploradoem sua totalidade. No caso de frutos e sementes, importante lembrar que estes devero sercompartilhados com a fauna local ou, principalmente, com o sucesso reprodutivo da espcie

    que est sendo coletada. Por essas razes, para frutos como araticum, pequi, mangaba, cagaita,entre outros, recomenda-se a coleta de apenas metade dos frutos disponveis em cada rvore.Alm disso, os coletores podem plantar algumas sementes no local com a finalidade de produzirplntulas para garantir a manuteno da espcie no local e at mesmo o sucesso de futurascoletas.

    Garantir representatividade e diversidade independentemente do tipo de coleta realizada, importante lembrar que as sementes coletadas devem ser oriundas do maior nmero de rvorespossvel, estendendo-se por toda a rea considerada, e no se restringir apenas queles indivduosde mais fcil acesso. Por sua vez, as matrizes devem ser marcadas e georreferenciadas, ou seja, tersua posio geogrfica anotada com o auxlio de um GPS. Esse procedimento fundamental no

    caso de o objetivo da coleta ser a seleo de indivduos com caractersticas genticas desejadas,como, por exemplo, fuste retilneo ou frutos maiores e saborosos. Essa prtica facilita encontrar omesmo indivduo em futuras coletas.

    A

    C D

    BFotoMariaCristinadeOliveira

    FotoJosFelipeRibeiro

    FotoJosFelipeRibeiro

    FotoMariaCristinadeOliveira

    Figura 13. a) Coleta de frutos de jatob-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) utilizandoo podo; b) detalhe do podo cortando o fruto de jenipapo ( Genipa americana); c) coletade frutos sacudindo-se os galhos de cagaita (Eugenia dysenterica); d) detalhe dos frutosde cagaita derrubados sobre a lona plstica.

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    Beneficiamento das sementes

    As sementes devem ser retiradas dos frutos logo aps a coleta. A maneira de extrao das sementes vaidepender do tipo de fruto coletado, uma vez que, de maneira geral, os frutos podem ser secos ou carnosos.

    Na sua maioria, frutos secos rompem-se sozinhos, naturalmente, muitas vezes na prpria rvore, semnecessidade de fora externa, por exemplo: bolsa-de-pastor (Aspidosperma macrocarpon) (Figura 14a),bolsinha (Aspidosperma tomentosum), pau-santo (Kielmeyera coriacea), pau-terra-da-folha-larga (Qua-lea grandiflora), pau-terra-da-folha-mida (Qualea parviflora), tingui (Magonia pubescens) e outros.

    Os frutos carnosos so aqueles que, como o prprio nome diz, possuem polpa carnosa, tais como:pequi (Caryocar brasiliense) (Figura 14b), araticum (Annona coriacea), mangaba (Hancornia speciosa),bacupari-do-cerrado (Salacia crassifolia), cagaita (Eugenia dysenterica) e outros. Tais frutos podem serdespolpados manualmente em gua corrente com auxlio de uma peneira ou mesmo por raspagemou fermentao. Se o fruto carnoso possuir casca mole, como a cagaita e a mangaba, a semente podeser obtida macerando-se os frutos contra a rede de uma peneira. Todavia, sementes de frutos comcasca dura como o jatob-da-mata (Hymenaea courbaril) ou mesmo o jatob-do-cerrado (H. stigo-nocarpa), a sucupira-branca (Pterodon pubescens), o tamboril (Enterolobium contortisiliquum), o baru

    (Dipteryx alata), entre outros, devero ser retiradas com auxlio de ferramentas como tesoura de poda,faca, pilo ou at com o uso de martelo.

    Recomenda-se, para a maioria das espcies, que, aps sua retirada, as sementes sejam deixadas sombra e em local ventilado at ficarem secas ao toque. Antes da semeadura, deve haver uma veri-ficao para eliminar as sementes com indcios de ataque por fungos, insetos e bactrias ou mesmoaquelas que estiverem chochas e com danos fsicos aparentes.

    Para uma semente poder germinar, necessria a contribuio de vrios fatores internos (condiesda prpria semente) e externos (condies do meio ambiente). Os fatores internos so, por exemplo:as sementes devem estar maduras, inteiras, possuir reservas nutritivas e no ser muita velhas. Nomeio ambiente, as sementes precisam encontrar nveis adequados de oxignio, temperatura, umi-dade e, s vezes, luminosidade.

    No entanto, muitas sementes no germinam, mesmo que as condies internas e externas citadasanteriormente sejam adequadas. Nesse caso, diz-se que elas se encontram em estado de dormn-cia. Segundo Gonzles e Torres (2003), a dormncia um impedimento do processo inicial de ger-minao causado por fatores mecnicos, qumicos e (ou) fisiolgicos. Para germinar, as sementesprecisam de condies que podem variar de espcie para espcie. O mecanismo mais comum deimpedimento do processo inicial de germinao encontrado nas espcies do bioma Cerrado o

    mecnico, devido dureza do tegumento, como pode ser observado em jatob, tamboril, sucupi-ras, entre outras (GONZLES; TORRES, 2003). Sementes de jatob-da-mata e jatob-do-cerrado, porexemplo, necessitam de escarificao mecnica, com corte do tegumento (Figura 15). Esse procedi-

    FotoDanielAugustoChaves

    FotoJosFelipeRibeiro

    A B

    Figura 14. Tipos de frutos: a) fruto seco; bolsa-de-pastor (Aspidosperma macrocarpon) e b) fruto carnoso; pequi (Caryocar brasiliense)

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    mento rompe essa barreira, permitindo germinao mais rpida das sementes. Esse processo estdetalhado para algumas espcies mais adiante, com informaes especficas sobre diferentes tiposde tratamento para 90 espcies nativas do bioma Cerrado. Informaes adicionais tambm podemser encontradas em Oliveira e Sousa-Silva (2011).

    Figura 15. Escarificao mecnica da semente de jtob-da-mata (Hymenaea courbaril), a) esmeril e b) tesoura de poda.

    FotoBrunoNonato

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    Tipos de semeadura

    Como j destacado, antes da semeadura importante selecionar sementes livres de predao ou do-enas. Depois de beneficiadas e selecionadas, as sementes devero ser colocadas para germinar emdiferentes tipos de recipientes ou na sementeira. Em muitos casos, deve-se evitar, quando possvel,o armazenamento das sementes. Espcies como cagaita, ings (Ingaspp.) e mangaba apresentam

    sementes recalcitrantes, ou seja, no toleram armazenamento, perdendo logo a viabilidade.A semeadura poder ser direta ou indireta.

    A semeadura diretaacontecer quando as sementes forem colocadas diretamente nos recipientesdefinitivos (sacos plsticos, tubetes, vasos ou outros), ou seja, onde a muda vai se desenvolver at sertransferida para o campo. Esse tipo de semeadura utilizado geralmente para espcies com porcen-tagem de germinao alta e regular, significando que todas as sementes germinam mais ou menosao mesmo tempo. Algumas espcies com esse padro so: angico-branco, angico-preto, jenipapo,ings e tamboril .

    Na Figura 16 esto listados esses passos para sementes de fcil germinao, como o jenipapo. Em ge-ral, as sementes devero ser colocadas para germinar numa profundidade que varia de 0,5 cm a 3,0

    cm, dependendo do tamanho de cada uma delas. prtica comum em viveiros colocar mais de umasemente por recipiente, isso garante a presena de pelo menos uma muda por recipiente. Se maisde uma semente germinar, ser necessrio fazer o desbaste ou o tambm chamado raleio, deixandoapenas uma muda por recipiente. Na seleo da plntula a ser mantida, deve-se optar pela visual-mente mais vigorosa e sadia e ainda por aquela que estiver mais prxima do centro do recipiente.

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    d) Sementes em tubetes e) Plntulas f) Muda formada

    FotoMariaCristinadeOliveira

    a) Frutos de jenipapo

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    b) Abertura do fruto

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    c) Macerao da polpa em peneira

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    Figura 16. Esquema ilustrativo da semeadura direta da semente de jenipapo (Genipa americana)

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    A semeadura indireta acontece quando as sementes so colocadas para germinar na sementeira edepois de germinadas so transferidas, por meio de repicagem, para os recipientes definitivos (sacosplsticos, tubetes, vasos ou outros), onde iro se desenvolver no viveiro. Geralmente, esse tipo de se-meadura utilizado para espcies com germinao baixa e irregular, isto , a germinao de todas assementes no ocorre simultaneamente. Esse o caso de espcies como araticum, jatob-do-cerrado,

    pequi, pinha-do-brejo (Magnolia ovata), entre outras.A Figura 17 ilustra esses passos para sementes de jatob-do-cerrado. Aps a escarificao, as semen-tes so espalhadas homogeneamente na sementeira e cobertas, preferivelmente, com uma camadade vermiculita, na ausncia desta pode-se utilizar uma camada bem fininha de esterco de gado bemcurtido ou substrato comercial base de casca de Pinnussp. compostada.

    importante destacar que a semeadura direta deve ser adotada sempre que possvel, na medida emque oferece vantagens como: simplificar o trabalho e reduzir o tempo gasto com a muda, alm deevitar danos raiz durante o processo de repicagem.

    Construo da sementeira

    A sementeira poder ser construda diretamente no cho do viveiro, com comprimento varivel, lar-gura mxima de 1 m e de 15 cm a 20 cm de espessura (Figura 18a). Como sementeiras tambm po-dem ser utilizadas caixas de plstico ou de madeira ou bandejas de isopor (Figuras 18b e 18c).

    Como substrato, a sementeira poder conter 100% de areia lavada peneirada com cobertura, comoj destacado, preferivelmente de vermiculita. Na ausncia desta, pode-se utilizar esterco de gadobem curtido ou substrato comercial base de casca de Pinnussp. compostada.

    a) Escarificao das sementes

    FotoMariaCristinadeOliveira

    b) Sementes de jatob escarificadasimersas em gua

    FotoMariaCristinadeOliveira

    c) Plntulas na sementeira d) Mudas no saco plstico

    FotoMariaCristinadeO

    liveira

    FotoMariaCristinadeO

    liveira

    REPICAGEM

    Figura 17. Esquema ilustrativo da semeadura indireta das sementes de jatob-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa)

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    Quanto luminosidade, a localizao da sementeira depender da espcie considerada. Se a plantafor originalmente de mata, a sementeira dever ficar preferencialmente sombra, exceto se esta forpioneira. Por sua vez, se a planta for de Cerrado sentido restrito, a sementeira poder ficar ao sol,lembrando sempre que poder haver excees. As sementes que esto germinando podero sofrerataque de pssaros ou mesmo de roedores. Caso isso ocorra, recomenda-se que a sementeira seja

    coberta ou mesmo envolvida por sombrite.

    Figura 18. Sementeiras construdas: a) no cho do viveiro; b) em caixas plsticas; c) em bandeja de isopor

    Distribuio das sementes na sementeira

    A distribuio das sementes na sementeira poder ser a lano ou em sulcos. No primeiro caso, as se-mentes so jogadas homogeneamente com as mos, tomando-se cuidado para no ficarem amon-toadas. Em seguida, elas sero cobertas com uma fina camada de vermiculita.

    No segundo caso, em sulcos, as sementes so distribudas em pequenas valas paralelas (Figura 19) edepois cobertas com uma fina camada de vermiculita. A distncia e o nmero de sementes por linhadependero do tamanho da semente considerada.

    Feita a distribuio, em ambos os casos a sementeira dever ser regada at a capacidade de campo

    do solo, duas vezes ao dia, no incio da manh e no final da tarde. importante identificar a espcieem germinao na sementeira, para isso deve-se colocar um plaqueta contendo as seguintes infor-maes: nome da espcie, origem da semente e data da semeadura.

    C FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

    B FotoMariaCristinadeOliveira

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    Sulco

    FotoMariaCristinadeOliveira

    Figura 19. Detalhe da sementeira em sulcos contendo semen-tes de jatob-da-mata (Hymenaea courbaril) distribudas emlinhas, dentro de pequenas valas

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    Transferncia das mudas para os recipientes definitivos

    A transferncia das mudas da sementeira (Figura 20) para os recipientes definitivos (sacos plsticos,tubetes e outros) chamada de repicagem. Essa transferncia geralmente feita logo aps a emer-gncia das plntulas na sementeira e deve ser realizada de preferncia no incio da manh.

    Antes de transferir as mudas, deve-se molhar a sementeira para facilitar o arrancamento. Depois dearrancar as pequenas plntulas com bastante cuidado, segurando-as pelo colo (regio entre a raiz e ocaule), deve-se coloc-las em recipiente com gua (MACEDO, 1993). Durante esse processo, deve-seaproveitar o momento para fazer uma pr-seleo das futuras mudas, observando possveis defeitosou m-formao. Em seguida, com a ajuda de um palito de sorvete ou um pedao de madeira de formarolia com ponta cnica (12 cm x 1,5 cm dimetro), ser aberto um pequeno buraco no substrato ume-decido do recipiente definitivo com profundidade suficiente para acomodar as razes. Caso necessrio,no momento da insero das plntulas nesse espao deve-se utilizar novamente o palito para ajustar

    o tamanho da cova ao tamanho da radcula. O substrato dever ser apertado levemente ao redor dasradculas para que a plntula possa ficar firme. A seguir, deve-se regar as mudas transferidas para aju-dar na aproximao do substrato. Regas suaves devem ser realizadas duas vezes ao dia, ou seja, pelamanh e ao final do dia, at o estabelecimento definitivo da plntula no novo ambiente.

    Para plantas com sistema radicular bem desenvolvidos, a exemplo das palmceas, deve-se abrir umorifcio maior no recepiente, acomodar bem as razes das plantas e preecher o espao com a mistura50% areia lavada e peneirada e 50% de vermiculita.

    FotoDanielAugustoChaves

    FotoDanielAugustoChaves

    Figura 20. Plntulas de jatob-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa) na sementeira

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    Cuidados com as mudas no viveiroDurante a fase em que as mudas crescem no viveiro, so necessrios cuidados como rega, limpeza, adubaoe controle de pragas e doenas, entre outros. Cada um desses aspectos ser abordado a seguir.

    Rega

    Todo ser vivo necessita de gua para seu desenvolvimento. Assim, deve-se molhar o substrato das mudas pelomenos duas vezes ao dia, recomendam-se o incio da manh e o final da tarde. Dependendo do tamanho doviveiro, da disponibilidade de mo de obra e da tecnologia disponvel, as regas podero ser feitas manualmente,com regadores de crivo fino (Figura 21a), mangueiras, aspersores de jardim ou, at mesmo, aspersores automti-cos (Figura 21b), sempre procurando evitar eroso do substrato e perda de gua. Todo cuidado deve ser tomadocom a quantidade de gua adicionada a cada recipiente, pois seu excesso pode ser to prejudicial quanto a faltadela. O encharcamento do recipiente pode erodir e compactar o substrato, dificultar a circulao do ar, impedir ocrescimento das razes, lavar os nutrientes ou ainda propiciar o aparecimento de doenas (MACEDO, 1993).

    Figura 21. a) Rega manual utilizando o regador com crivo fino; b) aspersor

    Limpeza do viveiro e dos recipientes

    O viveiro, de maneira geral, deve ser mantido limpo. Devem-se limpar seus recipientes, corredorese suas laterais externas. Essas prticas evitam que as mudas carreguem ervas daninhas, pragas oudoenas para outras reas quando transportadas (PEREIRA; PEREIRA, 2004).

    Adubao das mudas

    Com a perda que pode acontecer durante a rega, a reposio de nutrientes pode ser necessria durante o de-

    senvolvimento das mudas, para maiores detalhes sobre esta prtica, procurar um profissional da rea.

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    FotoJosFelipeRibeiro

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    Controle de doenas, pragas e ervas daninhas

    A presena de folhas murchas, amarelas ou cortadas indica que as mudas podem estar doentes ousendo atacadas por pragas. Se for o caso de doena nas folhas, recomenda-se inicialmente a reduodo sombreamento e da irrigao. Se isso no for suficiente, pode ser necessrio pulverizao comfungicida, mas qualquer ao nesse sentido deve ocorrer sempre mediante orientao de tcnicos

    profissionais.No caso de pragas, como pulges, formigas, paquinhas, cupins, besouros, grilos, lagartas, existem oscontroles mecnico, fsico e qumico, mas que tambm dever acontecer sob orientao profissional.A presena dessas pragas geralmente acontece em viveiros mal cuidados ou em mudas mal nutridas.Canteiros de mudas suspensas tm menor probabilidade de ocorrncia de pragas, pois a maioriadelas est associada ao solo.

    Em relao s ervas daninhas, o controle deve ser feito em todo o viveiro, e no somente nos can-teiros. Esse controle poder ser feito manualmente por arrancamento (Figura 22) ou mediante o usode herbicidas. Da mesma maneira, conforme recomendado para os casos de pragas e doenas, esseprocedimento dever acontecer sempre com orientao profissional de um especialista no assunto.

    As sementeiras suspensas resolvem muitos problemas relacionados ao ataque de pragas como mo-luscos, cupins e roedores. Alm disso, facilita o trabalho do viveirista por possuir melhor ergonomia.

    Moveo ou dana das mudas

    A moveo, ou dana das mudas, a troca das mudas de um local para outro dentro do prprio can-teiro ou entre canteiros (MACEDO, 1993). Esse procedimento evita possveis desequilbrios de competi-o entre as mudas, principalmente por luz. Em razo de sua disposio, algumas mudas, por estaremumas no meio das outras, podem estar recebendo menos luminosidade. Alm disso, esse procedimen-to evita que razes que eventualmente transpuseram o recipiente possam fixar-se no solo.

    FotoMariaCr

    istinadeOliveira

    Figura 22. Controle de ervas daninhas nos canteiros por retirada manual

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    Tempo de permanncia da muda no viveiroO tempo de permanncia da muda no viveiro varivel e depende principalmente do desenvolvi-mento de cada espcie ou mesmo da poca em que o plantio definitivo para o campo vai acontecer.Em geral, o tempo mdio de aproximadamente cinco meses, podendo chegar at 12 meses, como

    no caso da sucupira-branca (Pterodon pubescens), da faveira (Dimorphandra mollis) e do barbatimo(Stryphnodendron adstringens).

    Tamanho da muda para ser transferida para o campoO tamanho mdio para se levar uma muda para o plantio no campo varivel, dependendo da es-pcie. Mas a recomendao bsica a muda apresentar entre 20 cm e 30 cm de altura (Figura 23),principalmente no caso das espcies do Cerrado sentido amplo e de 50 cm ou mais para as espcies deambientes florestais.

    Endurecimento ou rustificao da mudaAs condies de luminosidade, umidade e irrigao das mudas no viveiro podem ser bastante di-ferentes daquelas que elas encontraro nos locais de plantio definitivo. Portanto, para aquelas mu-das que permaneceram sob cobertura de sombrite durante todo seu desenvolvimento no viveiro, muito importante que elas passem por um perodo de adaptao de pelo menos trinta dias antesde serem levadas ao campo. Esse tratamento chamado de endurecimento ou rustificao. Nesseperodo, o sombreamento parcial (sombrite 50%) eliminado, e a irrigao, reduzida. Dessa maneira,as mudas devero ser levadas a pleno sol, e a irrigao dever acontecer apenas uma vez ao dia. Essaestratgia visa a preparar as mudas para as condies adversas no local definitivo do plantio. Depoisdesses procedimentos, as mudas estaro em condies de serem levadas ao campo para plantiodefinitivo.

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    Figura 23. Muda de cagaita (Eugenia dysenterica) prontapara o plantio

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    Seleo das mudas para plantio no campoInfelizmente, nem todas as mudas produzidas estaro em condies de serem transplantadas nocampo. Em plantios comerciais, a seleo deve ocorrer logo no viveiro. Ms condies de desenvol-vimento inicial iro refletir em toda a vida adulta daquela planta. Nesse contexto, deve-se dar prefe-

    rncia s mudas saudveis e com boa aparncia. Mudas muito grandes e velhas podem apresentarrazes muito desenvolvidas e por isso enoveladas no recipiente (Figura 24). Contudo, se forem muito

    novas, elas podem ser muito frgeis e no resistir ao processo de rustificao.

    Cuidados especiais devem ser observados quanto s pragas e s doenas. Mudas contaminadas(Figura 25) devem, igualmente, ser descartadas, pois seu desenvolvimento no campo pode no

    ser satisfatrio.

    Feitas essas consideraes, selecionadas as mudas e preparado o local para o plantio, mos obra.Agora hora de plantar! A melhor hora de comear a fazer o plantio no incio das chuvas, pois as-sim no ser necessrio molhar. A prpria natureza encarregar-se- disso nesse perodo.

    Figura 24. Muda apresentando raiz enovelada (seta)

    FotoMariaCristinadeOliveira

    FotoMariaCristinadeOliveira

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    Figura 25. Mudas contaminadas por pragas e doenas

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    Produo de mudas para noventa espcies nativas do bioma Cerrado

    A seguir disponibilizam-se informaes sobre a produo de mudas de noventa espcies nativas dobioma Cerrado (Tabela 3) com base em trabalhos desenvolvidos no viveiro da Embrapa Cerrados,localizado em Planaltina, Distrito Federal.

    Tabela 3 - Nome cientfico, famlia e nome comum de 90 espcies nativas do bioma Cerrado selecionadas parainformaes sobre produo de mudas. Para cada famlia, nomenclatura de nome botnicos e seus respectivos

    autores foi adotada a classificao proposta pela Lista de Espcies da Flora do Brasil (FLORA DO BRASIL, 2012)

    Nome Cientfco Famlia Nome comum

    1 Acrocomia aculeata(Jacq) Lodd. ex Mart. Arecaceae Macaba

    2 Albizia niopoides(Spruce ex Benth.) Burkart Fabaceae Farinha-seca

    3 Alibera edulis(Rich.) A.Rich. Rubiaceae Marmelada-de-bezerro

    4 Anacardium humileA. St . -Hil. Anacardiaceae Cajuzinho-do-cerrado

    5 Anadenanthera colubrina(Vell.) Brenan Fabaceae Angico-vermelho

    6 Anadenanthera peregrina(L.) Speg. Fabaceae Angico-preto

    7 Annona coriaceaMart. Annonaceae Marolo-do-cerrado

    8 Annona crassioraMart. Annonaceae Aracum-do-cerrado

    9 Apeiba bourbouAubl. Malvaceae Pau-de-balsa

    10 Apuleia leiocarpa(Vogel) J.F.Macbr. Fabaceae Garapa

    11 Aspidosperma macrocarponMart. Apocynaceae Guatambu-do-cerrado

    12 Aspidosperma pyrifoluimMart. Apocynaceae Peroba

    13 Aspidosperma spruceanumBenth. ex Mll.Arg. Apocynaceae Peroba-cascuda

    14 Aspidosperma subincanumMart. Apocynaceae Guatambu-vermelho

    15 Aspidosperma tomentosumMart. Apocynaceae Peroba-do-cerrado

    16 Astronium fraxinifoliumScho Anacardiaceae Gonalo-alves

    17 Bowdichia virgilioidesKunth Fabaceae Sucupira-preta

    18 Brosimum gaudichaudiiTrcul Moraceae Mama-cadela

    19 Buchenavia tomentosaEichler Combretaceae Mirindiba

    20 Byrsonima verbascifolia(L.) DC. Malpighiaceae Murici-de-tabuleiro

    21 Cabralea canjerana(Vell.) Mart. Meliaceae Canjerana

    22 Calophyllum brasilienseCambess. Calophyllaceae Landim

    23 Caryocar brasilienseCambess. Caryocaraceae Pequi

    24 Casearia sylvestrisSw. Salicaceae Ti

    25 Cecropia pachystachyaTrcul Urcaceae Embaba

    26 Cedrela ssilisVell. Meliaceae Cedro-amarelo

    27 Copaifera langsdoriDesf. Fabaceae Copaba

    28 Cordia trichotoma(Vell.) Arrb. ex Steud. Boraginaceae Freij

    29 Croton urucuranaBaill. Euphorbiaceae Urucurana

    30 Cybistax ansyphilica(Mart.) Mart. Bignoniaceae Ip-verde

    31 Dalbergia miscolobiumBenth. Fabaceae Jacarand-do-cerrado

    32 Dimorphandra mollisBenth. Fabaceae Faveiro-do-cerrado

    33 Dipteryx alataVogel Fabaceae Baru

    34 Emmotum nitens(Benth.) Miers Icacinaceae Pau-sobre

    35 Enterolobium contorsiliquum(Vell.) Morong Fabaceae Tamboril

    36 Eriotheca pubescens(Mart. & Zucc.) Scho & Endl. Malvaceae Paineira-do-cerrado

    37 Eugenia dysenterica(Mart.) DC. Myrtaceae Cagaita

    38 Euterpe edulisMart. Arecaceae Jussara

    39 Genipa americanaL. Rubiaceae Jenipapo

    40 Guarea guidonia(L.) Sleumer Meliaceae Marinheiro-do-mato

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    41 Guazuma ulmifoliaLam. Malvaceae Mutamba

    42 Hancornia speciosaGomes Apocynaceae Mangaba

    43 Handroanthus chrysotrichus(Mart. ex DC.) Maos Bignoniaceae Ip-dourado

    44 Handroanthus heptaphyllus(Vell.) Maos Bignoniaceae Ip-roxo

    45 Handroanthus impeginosus(Mart. ex DC.) Maos Bignoniaceae Ip-roxo-da-mata

    46 Handroanthus ochraceus(Cham.) Maos Bignoniaceae Ip-do-cerrado

    47 Handroanthus serrafolius(Vahl.) S. Grose Bignoniaceae Ip-amarelo

    48 Hymenaea courbarilL. Fabaceae Jatob-da-mata

    49 Hymenaea sgonocarpaMart. ex Hayne Fabaceae Jatob-do-cerrado

    50 Inga cylindrica(Vell.) Mart. Fabaceae Ing-feijo

    51 Inga laurina(Sw.) Willd. Fabaceae Ing-de-quatro-folhas

    52 Inga veraWilld. Fabaceae Ing

    53 Jacaranda brasiliana(Lam.) Pers. Bignoniaceae Carobo

    54 Jacaranda cuspidifoliaMart. Bignoniaceae Caroba

    55 Kielmeyera coriaceaMart.& Zucc. Calophyllaceae Pau-santo

    56 Lafoensia pacariA.St. -Hil. Lythraceae Pacari

    57 Luehea paniculataMart. & Zucc. Malvaceae Aoita-cavalo

    58 Magnolia ovata(A.St.-Hil.) Spreng. Magnoliaceae Pinha-do-brejo

    59 Magonia pubescensA.St.-Hil. Sapindaceae Tingui

    60 Mauria exuosaL.f. Arecaceae Buri

    61 Myracrodruon urundeuvaAllemo Anacardiaceae Aroeira

    62 Myroxylon peruiferumL.f. Fabaceae Blsamo

    63 Parkia pendula(Willd.) Benth. ex Walp. Fabaceae Fava-de -bolota

    64 Physocalymma scaberrimumPohl Lythraceae Cega-machado

    65 Piptadenia gonoacantha(Mart.) J.F.Macbr. Fabaceae Pau-jacar

    66 Platypodium elegansVogel Fabaceae Canzileiro

    67 Pouteria ramiora(Mart.) Radlk. Sapotaceae Curriola

    68 Pouteria torta(Mart.) Radlk. Sapotaceae Guapeva

    69 Pseudobombax longiorum(Mart. & Zucc.) A.Robyns Malvaceae Embiruu-da-mata

    70 Pterodon emarginatusVogel Fabaceae Sucupira-branca-da-or-roxa

    71 Pterodon pubescens(Benth.) Benth. Fabaceae Sucupira-branca-da-or-rosa

    72 Qualea grandioraMart. Vochysiaceae Pau-terra-grande

    73 Qualea parvioraMart. Vochysiaceae Pau-terra-da-mata

    74 Rhamnidium elaeocarpumReissek Rhamnaceae Cafezinho

    75 Roupala montanaAubl. Proteceae Carne-de-vaca

    76 Salacia crassifolia(Mart. ex Schult.) G.Don Celastraceae Bacupari-do-cerrado

    77 Schinopsis brasiliensisEngl. Anacardiaceae Brana

    78 Senna macranthera(DC. ex Collad.) H.S.Irwin & Barneby Fabaceae Fedegoso

    79 Senna muljuga(Rich.) H.S.Irwin & Barneby Fabaceae Canafstula

    80 Simarouba amaraAubl. Simaroubaceae Mata-cachorro

    81 Solanum falsiformeFarruggia Solanaceae Lobeira

    82 Stryphnodendron adstringens(Mart.) Coville Fabaceae Barbamo

    83 Swartzia langsdoriRaddi Fabaceae Banha-de-galinha

    84 Syagrus oleracea(Mart.) Becc. Arecaceae Gueroba

    85 Syagrus romanzoana(Cham.) Glassman Arecaceae Jeriv

    86 Tabebuia aurea(Silva Manso) Benth. & Hook. F ex S. Moore Bignoniaceae Ip-caraba

    87 Tapirira guianensisAubl. Anacardiaceae Pau-pombo88 Terminalia argenteaMart. Combretaceae Capito-do-cerrado

    89 Tibouchina candolleana(Mart. ex DC.) Cogn. Melastomataceae Quaresmeira

    90 Xylopia aromaca(Lam.) Mart. Annonaceae Pimenta-de-macaco

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    Fisionomia de ocorrncia- Palmeira encontrada na Mata Ciliar, Mata de Galeria e no Cerrado sentidorestrito.

    poca de obteno de sementes- Os frutos da macaba devem ser coletados entre os meses desetembro e fevereiro, poca de pico da frutificao dessa espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes- Os frutos devem ser coletados no cho e deveroser descascados e despolpados. A semente apresenta dormncia tegumentar que deve ser quebradacom fito hormnio cido giberlico (GA3). Sementes tratadas com este procedimento apresentaramgerminao de apenas 30% (Fogaa et al. 2008). Antes da semeadura, deve haver uma seleo paraeliminar as sementes com indcios de ataques por fungos, insetos e bactrias ou mesmo aquelas queestiverem chochas e com danos fsicos aparentes.

    Armazenamento - Em ambiente seco e arejado ou mesmo em cmara fria.

    Semeadura e germinao- Para a semeadura recomenda-se o uso de sementeira/canteiro conten-do 100% de areia lavada peneirada e cobertas com uma camada de vermiculita de 0,5 cm a 1 cm. A

    sementeira dever ficar a pleno sol, devendo-se reg-la duas vezes ao dia: incio da manh e final datarde. Esse procedimento visa manter o solo da sementeira mido, mas sem encharcamento, vistoque o excesso de gua propicia o apodrecimento das sementes e o ataque de patgenos. Com essestratamentos as sementes comeam a germinar entre 90 a 150 dias, e a germinao menor que 30%.

    Repicagem- Aps a emergncia, as plntulas devero ser repicadas para recipientes adequados.

    Conduo da muda no viveiro - As mudas devem estar dispostas no viveiro sob cobertura comsombrite 50% de sombreamento.

    Substrato- Tipo 3.

    Tempo de permanncia no viveiro- As mudas estaro prontas para plantio no campo em 12 mesesaps semeadura.

    Adubao de cobertura- Geralmente desnecessria, mas se as plntulas apresentarem coloraoamarelada consultar especialista.

    1. Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. - Macaba

    Famlia:Arecaceae

    Semente

    FotoBruno

    Nonato

    Inflorescncia

    FotoBrunoNonato

    Fruto

    FotoBrunoNonato

    Muda

    FotoBrunoNonato

    Planta adulta

    FotoBrunoNonato

    Sistema radicular

    FotoB

    runoNonato

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    Fitofisionomias de ocorrncia rvore encontrada na Mata de Galeria e na Mata Seca.

    poca de obteno de sementes Os frutos de farinha-seca devem ser coletados entre os meses desetembro e novembro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Os frutos (vagens) para coleta devem estar ma-duros, secos e iniciando a abertura espontnea. Aps a coleta os frutos devem ser expostos ao sol

    para secar, o que facilita a abertura dos frutos para a liberao das sementes. Antes da semeadura,deve haver uma pr seleo para eliminar as sementes com indcios de ataques por pragas ou doen-as ou mesmo aquelas que estiverem chochas e com danos fsicos aparentes.

    Armazenamento As sementes devem ser acondicionadas em local fresco ou mesmo em cmarafria, uma vez que so sujeitas a ataque por carunchos.

    Semeadura e germinao As sementes so colocadas diretamente em recipientes (sacos plsticosou tubetes) contendo substrato, como indicado abaixo, e devem ser levemente enterradas a umaprofundidade de 0,5 cm a 1 cm. Aps a semeadura e durante o perodo de emergncia das plntu-las, a rega deve ser feita duas vezes ao dia: incio da manh e final da tarde. Esse procedimento visamanter o solo da sementeira mido, mas sem encharcamento, visto que o excesso de gua propicia

    o apodrecimento das sementes e o ataque de patgenos. Desta forma, as sementes comeam a ger-minar de 10 a 40 dias, e a germinao maior que 80%.

    Conduo da muda no viveiro As mudas devero estar dispostas no viveiro sob cobertura comsombrite 50% de sombreamento.

    Substrato Tipo 3.

    Tempo de permanncia no viveiro As mudas estaro prontas para plantio no campo entre 4 e 6meses aps emergncia da plntula.

    Adubao Geralmente desnecessria, mas se as plntulas apresentarem sintomas de deficinciadeve-se consultar um especialista.

    Observaes gerais Espcie indicada em plantios de semeadura direta no campo. Mudas dessaespcie esto sujeitas a ataque de cochonilhas.

    2. Albizia niopoides (Spruce ex Benth.)Burkart - Farinha-seca

    Famlia: Fabaceae

    Planta adulta

    Foto

    RobertoOgata

    Semente

    F

    otoBrunoNonato Tronco

    FotoManoelCludio

    Muda

    FotoBrunoNonato

    Fruto

    FotoManoelCludio

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    3. Alibertia edulis (Rich.) A.Rich.Marmelada-de-bezerro

    Famlia: Rubiaceae

    Fitofisionomias de ocorrncia rvore encontrada na Mata Ciliar, na Mata de Galeria, no Cerrado,no Cerrado sentido restrito e na Vereda.

    poca de obteno de sementes Os frutos da marmelada-de-bezerro devem ser coletados entreos meses de dezembro e janeiro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Para obteno das sementes, os frutos com colo-

    rao escura devem ser colhidos diretamente da rvore ou recolhidos no cho. Em seguida, deix-losamontoados em saco plstico na sombra at o apodrecimento parcial de sua polpa para facilitar aseparao das sementes por meio de lavagem em gua corrente. Antes da semeadura, deve haveruma seleo para eliminar as sementes com indcios de ataques por fungos, insetos e bactrias oumesmo aquelas que estiverem chochas e com danos fsicos aparentes.

    Armazenamento Sem informao.

    Semeadura e germinao Depois dos procedimento de coleta, limpeza e seleo, as sementesdevero ser semeadas em sementeira/canteiro contendo 100% de areia lavada peneirada e cobertascom uma camada de vermiculita de 0,5 cm a 1 cm. A sementeira dever ficar a pleno sol, devendo-sereg-la duas vezes ao dia: incio da manh e final da tarde. Esse procedimento visa manter o solo da

    sementeira mido, mas sem encharcamento, visto que o excesso de gua propicia o apodrecimentodas sementes e o ataque de patgenos. Com esses tratamentos as sementes comeam a germinarentre 50 e 60 dias, e a germinao de aproximadamente 60% a 80%.

    Repicagem Aps a emergncia, as plntulas devero ser repicadas para recipientes adequados.

    Conduo da muda no viveiro As mudas devero ser mantidas em viveiro a pleno sol.

    Substrato Tipo 3.

    Tempo de permanncia no viveiro As mudas estaro prontas para plantio no campo em 10 mesesaps semeadura.

    Adubao Geralmente desnecessria, mas se as plntulas apresentarem sintomas de deficinciadeve-se consultar um especialista.

    Observaes gerais Espcie dioica.

    SementeFotoBrunoNonato

    Planta adulta

    FotoBrunoNonato

    Flor

    FotoManoelCludio

    Fruto

    FotoBrunoNonato

    FotoBrunoNonato

    Muda

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    Flor

    FotoBrunoNonato

    Pseudofruto

    FotoB

    runoNonato

    Muda

    FotoBrunoNonato

    Planta adulta

    FotoMarceloK

    Sistema radicular

    FotoBrunoNonato

    Fitofisionomias de ocorrncia Arbusto encontrado na Cerrado sentido restrito e no Campo Sujo.

    poca de obteno de sementes Os frutos do cajuzinho-do-cerrado devem ser coletados entre osmeses de outubro e novembro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Para obteno da castanha/semente, os pseu-dofrutos devem ser colhidos diretamente da rvore quando iniciarem a queda espontnea ou reco-

    lhidos no cho. Separar o fruto do pseudofruto e deixar secar sombra. Este deve ser colocado delado para germinar quase sem cobrir. Antes da semeadura, deve haver uma seleo para eliminar assementes com indcios de ataques por fungos, insetos e bactrias ou mesmo aquelas que estiveremchochas e com danos fsicos aparentes.

    Armazenamento Sem informao.

    Semeadura e germinao As sementes so colocadas diretamente em recipientes (sacos plsticos outubetes) contendo substrato, como indicado abaixo, e devem ser levemente enterradas a uma profun-didade de 0,5 cm a 1 cm. Aps a semeadura e durante o perodo de emergncia das plntulas, a regadeve ser feita duas vezes ao dia: incio da manh e final da tarde. Desta forma, as sementes comeam agerminar entre 15 e 30 dias, e a germinao pode alcanar 100%. Plntulas e mudas desta espcie tm

    razes muito sensveis, e assim praticamente no toleram repicagem.

    Conduo da muda no viveiro As mudas devero ser mantidas no viveiro a pleno sol.

    Substrato Tipo 2.

    Tempo de permanncia no viveiro As mudas estaro prontas para plantio no campo 10 mesesaps semeadura.

    Adubao Adubao de liberao lenta 6M (formulao equilibrada) uma aplicao aps 30 dias 2 gramas por muda.

    Observaes gerais Mudas desta espcie so sujeitas a antracnose. Espcie indicada para semea-

    dura direta no campo.

    4. Anacardium humile A. St. -Hil. Cajuzinho-do-cerrado

    Famlia: Anacardiaceae

    Fruto com semente

    Fo

    toBrunoNonato

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    Fitofisionomia de ocorrncia rvore encontrada na Mata de Galeria e na Mata Seca.

    poca de obteno de sementes Os frutos do angico-vermelho devem ser coletados entre os me-ses de setembro e novembro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Os frutos (vagens) para coleta devem estarmaduros, secos e iniciando a abertura espontnea. Durante a coleta, necessrio colocar uma lona

    embaixo da rvore para facilitar a coleta e evitar perda das sementes. Aps a coleta os frutos devemser expostos ao sol para secar, o que facilita a abertura dos frutos para a liberao das sementes. Casose coletem frutos ainda fechados, estes devem ser postos em ambiente ventilado e sombreado paracompletar a deiscncia. Antes da semeadura, deve haver uma pr-seleo para eliminar as sementescom indcios de ataques por fungos, insetos e bactrias ou mesmo aquelas que estiverem chochas ecom danos fsicos aparentes.

    Armazenamento Tempo indeterminado em cmara fria mida.

    Semeadura e germinao As sementes so colocadas diretamente em recipientes (sacos plsticosou tubetes) contendo substrato, como indicado abaixo, e devem ser levemente enterradas a umaprofundidade de 0,5 cm a 1 cm. Aps a semeadura e durante o perodo de emergncia das plntulas,a rega deve ser feita duas vezes ao dia: incio da manh e final da tarde. Desta forma, as sementescomeam a germinar aps 4 a 8 dias e a porcentagem de germinao superior a 85%.

    Conduo da muda no viveiro As mudas devero ser mantidas no viveiro a pleno sol.

    Substrato Tipo 3.

    Tempo de permanncia no viveiro As mudas estaro prontas para plantio no campo em 5 mesesaps a semeadura.

    Adubao Responde bem adubao nitrogenada.

    Observaes gerais Espcie recomendada para semeadura direta no campo, no entanto est su-

    jeita a alto ataque de formigas.

    5. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Angico-vermelho, angico-branco

    Famlia: Fabaceae

    Semente

    FotoBrunoNonato

    Planta adulta

    FotoBrunoNon

    ato

    Folha

    FotoManoelCludio

    Inflorescncia

    FotoManoelCludio

    Fruto

    FotoManoelCludio

    Muda

    FotoBrunoNonato

    Sistema radicular

    FotoBrunoNonato

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    Fitofisionomia de ocorrncia rvore encontrada na Mata de Galeria e no Cerrado.

    poca de obteno de sementes Os frutos do angico-preto devem ser coletados entre os mesesde setembro e novembro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Os frutos (vagens) para coleta devem estarmaduros, secos e iniciando a abertura espontnea. Durante a coleta, necessrio colocar uma lona

    embaixo da rvore para facilitar a coleta e evitar perda das sementes. Aps a coleta os frutos devemser expostos ao sol para secar, o que facilita a abertura dos frutos para a liberao das sementes. Casose coletem frutos ainda fechados, estes devem ser postos em ambiente ventilado e sombreado paracompletar a deiscncia. Antes da semeadura, deve haver uma pr-seleo para eliminar as sementescom indcios de ataques por fungos, insetos e bactrias ou mesmo aquelas que estiverem chochas ecom danos fsicos aparentes.

    Armazenamento Tempo indeterminado em cmara fria mida.

    Semeadura e germinao As sementes so colocadas diretamente em recipientes (sacos plsticosou tubetes) contendo substrato, como indicado abaixo, e devem ser levemente enterradas a umaprofundidade de 0,5 cm a 1 cm. Aps a semeadura e durante o perodo de emergncia das plntulas,a rega deve ser feita duas vezes ao dia: incio da manh e final da tarde. Desta forma, as sementescomeam a germinar entre 4 e 8 dias, e a porcentagem da germinao superior a 85%.

    Conduo da muda no viveiro As mudas devero ser mantidas no viveiro a pleno sol.

    Substrato Tipo 3.

    Tempo de permanncia no viveiro As mudas estaro prontas para plantio no campo em 5 mesesaps a semeadura.

    Adubao de cobertura Geralmente desnecessria, mas se as plntulas apresentarem sintomas dedeficincia deve-se consultar um especialista.

    6. Anadenanthera peregrina (L.) Speg.Angico-preto

    Famlia: Fabaceae

    Planta adulta

    FotoBrunoNonato

    Fruto com semente

    FotoManoelCludio

    Tronco

    FotoBrunoNonato

    Fruto Muda

    FotoBrunoNonato

    Inflorescncia

    FotoManoelC

    ludio

    FotoBrunoNonato

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    Fitofisionomia de ocorrncia rvore encontrada no Cerrado sentido amplo.

    poca de obteno de sementes Os frutos do Marolo-do-cerrado devem ser coletados em novem-bro, poca de frutificao desta espcie.

    Processamento do fruto e limpeza das sementes Os frutos devem ser colhidos quando comearema queda natural, diretamente da rvore ou do cho, aps a queda. Em seguida devem ser deixados

    dentro de um recipiente com gua durante 24 horas para facilitar a retirada da polpa. Depois desseperodo, esfrega-se a polpa em uma peneira contendo areia para total liberao das sementes. Emseguida, as sementes devem ser