matÉria 06: psicologia e dinÂmica de grupo ud 01 ... · apostila atualizada em maio de 2009 pelo...

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO DIRETORIA DE ENSINO ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS “CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO” CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA MATÉRIA 06: PSICOLOGIA E DINÂMICA DE GRUPO UD 01: PSICOLOGIA E DINÂMICA DE GRUPO UD 02: NOÇÕES DE PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Departamento de Ensino e Administração Divisão de Ensino e Administração Seção Pedagógica Setor de Planejamento APOSTILA ATUALIZADA EM MAIO DE 2009 PELO Sd PM SUELI DA CMIL

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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

DIRETORIA DE ENSINO

ESCOLA SUPERIOR DE SOLDADOS

“CORONEL PM EDUARDO ASSUMPÇÃO”

CURSO SUPERIOR DE TÉCNICO DE

POLÍCIA OSTENSIVA E PRESERVAÇÃO

DA ORDEM PÚBLICA

MATÉRIA 06: PSICOLOGIA E

DINÂMICA DE GRUPO

UD 01: PSICOLOGIA E DINÂMICA

DE GRUPO

UD 02: NOÇÕES DE PSICOLOGIA

DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Departamento de Ensino e Administração

Divisão de Ensino e Administração

Seção Pedagógica

Setor de Planejamento

APOSTILA ATUALIZADA EM MAIO DE 2009 PELO Sd PM SUELI DA CMIL

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ÍNDICE

DESCRIÇÃO PÁG.

PARTE I - PSICOLOGIA E DINÂMICA DE GRUPO 03

Introdução a Psicologia e sua importância para o Policial Militar 03

Psicologia na PM 04

A Primeira Teoria Sobre a Estrutura do Aparelho Psíquico 06

A Segunda Teoria Sobre o Aparelho Psíquico 07

Estrutura da Personalidade (Freud) 09

Mecanismos de Defesa 09

Grupos Sociais, Relações Interpessoais 12

Liderança 16

Percepção 18

Comunicação Humana 25

Estresse 27

Agressividade e Impulsividade 31

Motivação Humana 32

PARTE II - NOÇÕES DE PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 37

Desenvolvimento da Criança e Formação da Personalidade 37

Adolescência e a questão da Identidade 45

OS Primeiros Grupos e a Transformação da Família 49

A Personalidade da Criança Infratora 52

A Relação do Policial Militar com o Menor Infrator 55

ANTROPOLOGIA CULTURAL E ADOLESCÊNCIA 57

O Adolescente Carente e o Infrator 59

O Trato com o Adolescente Infrator 59

BIBLIOGRAFIA 62

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PARTE I - PSICOLOGIA E DINÂMICA DE GRUPO

Introdução a Psicologia e sua importância para o Policial Militar

O conjunto de disciplinas do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar do Estado de

São Paulo abrange uma gama de conteúdos que devem contribuir para a formação do indivíduo em

termos pessoais e profissionais. No caso específico da Psicologia, o conhecimento científico deve

permitir ao estudante refletir sobre o mundo em que vive a partir do conhecimento mais profundo

sobre o ser humano, auxiliando-o na estruturação de sua identidade. Conhecer-se é situar-se no

mundo, é compreender a si próprio, enquanto um ser pleno de possibilidades: alguém que sonha,

deseja, fantasia, ama, odeia, agride, angustia-se, confunde-se e faz opções.

As funções desempenhadas pelo Soldado PM estão diretamente ligadas à análise dos

indivíduos enquanto seres sociais, sujeitos de direitos e obrigações, sendo que, quanto melhor for o

estudo do comportamento associado ao equilíbrio emocional satisfatório, maior eficácia terá no

desenvolvimento das mais diferentes atividades operacionais realizadas pela Corporação.

A Psicologia é uma ciência que se originou da Filosofia, cujo termo tem o significado de

“amigo da sabedoria”. O termo psicologia vem do grego e tem como significado ''o estudo da alma

ou da mente'', porém com o crescimento e desenvolvimento da matéria o termo passou a ser

utilizado como estudo do comportamento humano, considerado normal ou não. Então, a Psicologia

é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, e tem por objeto de estudo o

comportamento, os processos internos e os fenômenos psicológicos.

Semelhante a outros ramos de atividades a Psicologia também se subdivide em várias

especialidades. Apresentamos abaixo os principais campos práticos da Psicologia, ou seja, suas

especialidades principais:

Área Clínica: o psicólogo clínico atua junto a pacientes com problemas psicológicos.

Realiza pesquisa sobre comportamento normal e anormal, diagnóstico e tratamento.

Área Educacional: o psicólogo educacional desenvolve, planeja, e avalia materiais e

métodos para programas educacionais.

Área Escolar: o psicólogo escolar promove o desenvolvimento intelectual, social e

educacional da criança, nas escolas, estabelecendo programas e consultas, efetuando pesquisas,

treinando professores e tratando de jovens com problemas.

Área Hospitalar: o psicólogo hospitalar utiliza seus conhecimentos em atividades

relacionadas aos pacientes e familiares destes. Atua também junto ao corpo clínico.

Área Industrial/Trabalho/Organizacional: o psicólogo organizacional atua nas empresas

e outras organizações envolvendo-se nas relações de trabalho, combinando desenvolvimento de

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pesquisa, consultas e programas para aprimorar a eficiência, a satisfação e a moral no emprego, bem

como na seleção de pessoal.

Área Jurídica: o psicólogo jurídico atua aplicando conhecimentos da Psicologia no

campo de Direito e até no apoio a Justiça e ao Sistema Carcerário.

Psicologia na PM

A psicologia é uma ciência moderna, sendo a profissão regulamentada no Brasil em 1962,

tendo encontrado no passado suas dificuldades e resistências ainda maiores em relação ao presente,

no entanto vem ocupando gradativamente mais espaço inclusive dentro da Polícia Militar, tornando-

se uma ciência reconhecida e vista como importante no contexto organizacional pelos seus

integrantes.

Em 2002 foi publicado em anexo ao Boletim Geral Nº 084/02, o Regimento Interno do

Sistema de Saúde Mental da Policia Militar - RI 25 PM- regulamentando o SISMEN, criado pela

Lei de 06 de maio de 1997, em conformidade com o Decreto 46.039 de 23Ago2001, que tem por

finalidade a prevenção, o tratamento e o restabelecimento da saúde mental do policial militar. Este

Sistema, quando implantado totalmente será um grande avanço na manutenção da saúde mental das

pessoas que compõem a Instituição policial militar.

As informações a seguir indicam os órgãos (unidades) da Instituição, que estão atualmente

envolvidos com a Psicologia, relacionados com os seus campos de atuação apresentados acima.

Porém, cabe destacar que tais informações refletem a realidade atual, podendo não corresponder ao

futuro contexto das unidades envolvidas.

PSICOLOGIA HOSPITALAR - CENTRO MÉDICO - C MED

A Psicologia é praticada por psicólogos em trabalho conjunto com o setor de Psiquiatria, se

utilizando das instalações físicas do Centro Médico. Funciona a base de triagem, haja vista que

muitos setores internos da organização (UIS, Pronto Socorro, unidades, etc) encaminham o PM com

inúmeras características de problemas. Nesta triagem se verifica a necessidade de tratamento com

psicólogo ou psiquiatra, fazendo encaminhamento inclusive para outras organizações fora da

Instituição. São realizados alguns atendimentos a pacientes e familiares.

PSICOLOGIA FORENSE OU JURÍDICA - PRESÍDIO MILITAR ROMÃO GOMES - PMRG

Apesar de pouco divulgado a psicologia forense ou jurídica está presente na Instituição, sendo que a

Unidade que mais utiliza esta área é o Presídio Militar Romão Gomes, na elaboração de laudos para

progressão de pena dos policiais militares que estão na condição de internos naquela OPM.

Também tem aumentado a solicitação para psicólogos atuarem como peritos na elaboração de

laudos em outros procedimentos jurídicos/administrativos, tais como PAD, CD, etc...

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Considerando que não existe um quadro de psicólogos na Instituição, existem publicações em

Boletim Geral contendo relações de policiais militares com formação em psicologia que podem

atuar como peritos.

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL - Div. de Seleção e Alistamento - DSA/DP, antigo CSAEP.

É o órgão da Instituição responsável pela Seleção de pessoal. Esta seleção pode ser interna ou

externa. Para desenvolver suas atividades os componentes desta Unidade que atuam na área de

psicologia, utilizam-se de instrumentos científicos aceitos pela comunidade da área da psicologia.

Dentre os processos seletivos destacamos:

Soldado PM 2ª Classe

Aluno Oficial

Oficiais dos Quadros de Saúde (Médico, Dentista, Farmacêutico e Veterinário)

Capelão

Pilotos e tripulantes para o Grupamento Aéreo

Analista de Sistemas

Também se desenvolve outras atividades típicas da área organizacional, tais como:

Elaboração de perfis psicológicos para os cargos e funções acima

Entrevistas de saída, que tem o objetivo de colher informações daqueles que estão saindo da

Instituição. Estas informações sofrem uma análise e são encaminhadas para o Alto Comando

Reavaliação de Sd PM 2ª Classe durante o Estágio Probatório

Apoio a alunos dos diversos cursos da PM na elaboração de monografias e outros trabalhos

que envolvam temas relacionados a psicologia.

Avaliação Psicológica de Sd PM Temp, visando o porte de arma de fogo para serviços

internos na Guarda de Quartel.

PSICOLOGIA CLÍNICA - CENTRO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E JURÍDICA - CASJ

Desenvolve o atendimento Clínico psicoterápico destinado aos policiais militares

Desenvolve o PAAPM (Programa de Apoio e Acompanhamento a Policiais Militares),

antigo PROAR.

Desenvolve o PVH (Programa de Valorização Humana), que inclui o PPI (Programa de

Passagem para a Inatividade).

* Observação: O policial militar para utilizar os serviços do CASJ não precisa de apresentação

formal. Basta procurar a Unidade e passar por triagem para iniciar o acompanhamento

psicoterápico.

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Importância do conhecimento da Disciplina:

O Policial Militar é responsável pela segurança, portanto, para estar prestando um serviço

exemplar, deverá conhecer a si mesmo e alguns aspectos relativos a integrantes da sociedade. É

importante que saiba como é formada a personalidade individual de cada pessoa. Obtendo esse

conhecimento, saberá atuar melhor durante o serviço, tendo um melhor desempenho no

relacionamento com seus superiores, pares e subordinados e principalmente no relacionamento com

a sociedade, já que esta é a destinatária do serviço.

Estrutura de Personalidade e Níveis de Consciência

Sigmund Freud (1856-1939) - Médico vienense que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida

psíquica. Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”,

isto é, as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas

científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise. O

termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de investigação e a uma prática

profissional.

A 1ª TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO

Em 1900, no livro “A interpretação dos Sonhos”, Freud apresenta a 1ª concepção sobre a estrutura e

o funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias

psíquicas que chamamos de: NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA.

esposa trabalho

filhos vizinho

trânsito

religião

compras

justiça

Áreas:

- Clínica;

- Educacional;

- Escolar;

- Hospitalar;

- Trabalho;

- Jurídica.

sogra

saúde

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CONSCIENTE - diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos, pensamentos,

lembranças e fantasias do momento, ou seja, tudo que nossa atenção foca, e que, portanto, é de

nosso pleno conhecimento, podendo utilizar dele para se comunicar com o mundo ao nosso redor,

através dos nossos sentidos.

PRÉ-CONSCIENTE - relaciona-se aos conteúdos que podem facilmente chegar à consciência.

Sendo que o material armazenado nele pode vir ao nosso conhecimento, através de uma suposta

idéia do que esteja lá (ex. quando bebê, era balançado por um adulto junto a uma janela de um

prédio; hoje, tenho medo de altura; ou seja, não sei a origem, mas a idéia de medo permanece).

INCONSCIENTE - refere-se ao material não disponível à consciência do indivíduo, este existe

para servir de reservatório de lembranças traumáticas reprimidas e impulsos que constituem fonte

de ansiedade, por serem socialmente ou eticamente inaceitáveis para o indivíduo.

As motivações inconscientes estão disponíveis para a consciência, apenas de forma disfarçada,

nunca pode retornar de forma direta, e sim indiretamente, através de mensagens simbólicas dos

sonhos ou de um determinado comportamento (ex. tirocínio policial, em que o profissional de

polícia, sem muitas vezes saber qual o processo mental desenvolvido, aborda um veículo e obtém

êxito em flagrar infratores da lei).

A 2ª TEORIA DO APARELHO PSÍQUICO

TRÊS COMPONENTES BÁSICOS DA PERSONALIDADE

Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de:

ID - Contém tudo que é herdado, que já se acha presente no nascimento, que está presente na

constituição, representa os instintos.

O id é o reservatório inconsciente das pulsões, as quais estão sempre ativas. Regido pelo princípio

do prazer, exige satisfação imediata desses impulsos, sem levar em conta a possibilidade de

conseqüências indesejáveis. É o reservatório de energia de toda a personalidade.

Está voltado a satisfazer nossas necessidades básicas desde o começo da vida. Não mede as

conseqüências dos atos para se satisfazer.

Ele deseja a gratificação imediata e não tolera a frustração.

O Id pode ser associado a um rei cego, cujo poder e autoridade são totais, mas que depende de

outros para usar de modo adequado o seu poder. O Id é muito exigente e, não se preocupa se sua

vontade pode ser satisfeita ou não no momento, apenas quer que ela seja feita e pronto.

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EGO - É a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa, funciona

principalmente a nível consciente e pré-consciente, embora também contenha elementos

inconscientes, pois evoluiu do id. Regido pelo princípio da realidade, o ego cuida dos impulsos do

id, tão logo encontre a circunstância adequada. Desejos inadequados não são satisfeitos, mas

reprimidos. Este se desenvolve à medida que o bebê torna-se consciente de sua própria identidade.

Age como intermediário entre o id, o superego e o mundo externo. Aprende a controlar os impulsos,

decidindo se estes devem ser satisfeitos imediatamente, mais tarde ou nunca. Tem a tarefa de

garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade.

O Ego é assim criado pelo Id na tentativa de enfrentar a necessidade de reduzir a tensão e

aumentar o prazer. Contudo, para fazer isto, o Ego tem que controlar ou regular os impulsos do Id,

de modo que o indivíduo possa buscar soluções menos imediatas e mais realistas.

SUPEREGO - Se desenvolve a partir do ego e atua como um juiz sobre as atividades e

pensamentos do ego. Apenas parcialmente consciente, o superego serve como um censor das

funções do ego contém os ideais do indivíduo derivados dos valores familiares e sociais, é o

depósito dos códigos morais, modelo de conduta que constituem a inibição da personalidade, sendo

a fonte de sentimentos de culpa e medo de punição.

Representa a resposta imediata, o “certo” ou o “errado”, diante de várias situações que exigem uma

tomada de decisão que, dependendo da educação que recebemos, acaba se transformando no

impulso de censurar a tudo e a todos, principalmente a nós mesmos.

O superego é a parte de nossa estrutura que nos reprime, nos censura, funcionando como freio de

impulsividade. Ou seja, é o oposto absoluto do id.

È o que chamamos de “dor na consciência”.

Ele baliza o comportamento de um indivíduo em uma sociedade, impondo-lhe regras, como

bom e mau certo ou errado, etc. Portanto, em uma sociedade brigar com o outro é considerado

errado e, isto, é ensinado a todos. Quando um indivíduo estiver em uma situação que pode acabar

brigando, seu superego ficará a todo momento falando para ele não fazer isto e, se ele o fizer ficará

com sentimento de culpa.

Relação entre os três sistemas

A meta principal da psique é manter e recuperar, quando perdido, um nível aceitável de

equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. A energia usada para acionar o

sistema nasce do id, que é de natureza primitiva, instintiva. O ego existe para lidar com a realidade

e também para servir de mediador entre as forças que operam no id e no superego. O superego atua

como freio moral ou força contrária aos interesses práticos do id.

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Exemplo prático entre eles:

“Você enquanto aluno, assistindo aula, ouve dizer: quero comer!, o seu superego como freio

moral diz - aqui não pode, pois está em horário de aula - então seu ego como mediador diz: espere

alguns minutos que tocará o intervalo, então você come”.

ESTRUTURA DE PERSONALIDADE (FREUD)

O termo vem do latim, persona, que é a máscara utilizada em peças de teatro.

Muitos autores já definiram o termo como sendo uma organização dinâmica de partes interligadas,

que vão evoluindo do recém-nascido biológico até o adulto biossocial, em um ambiente de outros

indivíduos e produtos... (Antonio Xavier Teles). Para melhor entender, podemos definir

personalidade como “um conjunto de características individuais formadas a partir de fatores

hereditários e adquiridos”.

MECANISMOS DE DEFESA

São meios pelos qual um indivíduo lida com as situações que lhe tragam desprazer (angústias).

Diante de uma situação adversa uma pessoa pode tomar uma postura de enfrentá-la e com isto

melhorar seu crescimento pessoal ou pode criar meios (mecanismos de defesa) que evitam o

sofrimento, pelo menos, momentaneamente.

São eles:

NEGAÇÃO - a pessoa se nega, sistematicamente a enxergar a realidade dolorosa.

Ex: a mãe que sabe que seu filho usa drogas, não procura investigar e afirma com convicção que

aquilo não é verdade.

Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o ego. Os adultos têm a

tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na

verdade nunca aconteceram. Este vôo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das quais

parecem absurdas ao observador objetivo.

Freud citou Darwin, que em sua autobiografia dizia obedecer a uma regra de ouro: sempre que eu

deparava com um fato publicado, uma nova observação ou pensamento, que se opunha aos meus

resultados gerais, eu imediatamente anotava isso sem errar, porque a experiência me ensinou que

tais fatos e pensamentos fogem da memória com muito maior facilidade que os fatos que nos são

totalmente favoráveis.

IDENTIFICAÇÃO - é a assimilação das qualidades de uma personalidade qualquer que possui o

desejado, aumentando com isso seu valor próprio como se fosse a outra pessoa com a qual ele se

identifica.

Ex: uma pessoa ressentida com a pobreza procura imitar o comportamento de indivíduos de classe

social abastada, sentindo-se superior.

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Um mecanismo de defesa pelo qual um indivíduo aumenta seu amor próprio pelo comportamento

(fantasia ou na conduta real), como se fosse à outra pessoa, ou seja, a pessoa com a qual ele se identifica.

PROJEÇÃO - São aspectos da personalidade de um individuo que são deslocados de dentro deste

para o meio externo. A ameaça é tratada como se fosse uma força externa. A pessoa com Projeção

pode, então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou estar consciente do fato de que a idéia

ou comportamento temido é dela mesma.

A pessoa projeta nos outros características que na realidade são suas, culpa os

outros pelas suas dificuldades ou atribui-lhes os próprios desejos. É uma forma de auto engano, pela

qual atribuímos a alguém nossas limitações, desejos, pensamentos indesejáveis e, inclusive motivos

e comportamentos que explicam nossas atitudes.

Exs: - Alguém que afirma textualmente que “todos nós somos algo desonestos” está, na realidade,

tentando projetar nos demais suas próprias características. Ou então, dizer que “todos os homens e

mulheres querem apenas uma coisa, sexo”, pode refletir uma Projeção nos demais de estar

pessoalmente pensando muito a respeito de sexo.

-“Uma pessoa que fala demais, costuma dizer que seus interlocutores é que falam demais”.

- Mulher que sempre sonhou ser PM, mas nunca tentou, então reclama que o marido nunca a

incentivou.

FUGA - o sujeito evita a situação que pode provocar-lhe frustração.

Ex: um aluno despreparado para o exame, apresenta no dia marcado uma terrível dor de cabeça que

o impede de realizar a prova.

RACIONALIZAÇÃO - É um mecanismo de defesa em que o amor próprio é mantido através da

atribuição de razões plausíveis e aceitáveis para conduta impulsiva, ou baseada em razões menos

aceitáveis. Neste, os indivíduos costumam explicar o inexplicável.

Exs: não passei no concurso porque as provas foram mal elaboradas.

- “Um indivíduo apaixonado, ao ser questionado por que gosta de certa garota, procura definir

alguma característica que o levou a amá-la, sendo que, na verdade, o amor é algo que transcende a

explicação”.

Pela racionalização ou intelectualização, o sujeito, ocultando a si próprio e aos outros as verdadeiras

razões, justifica racionalmente o seu comportamento, retirando assim os aspectos emocionais de

uma situação geradora de angústia e de stress. Deste modo, com justificações racionais tenta

explicar-se de forma “aceitável” porque se bateu no irmão, se faltou ao exame médico, se mentiu ao

marido ou à mulher ou na afirmação de que “eu acho que estou apaixonado por você”. Na realidade

poderia estar sentido que “estou ligado no teu corpo, quero que você se ligue no meu”.

Racionalização é um modo de aceitar a pressão do superego, de disfarçar verdadeiros motivos, de

tornar o inaceitável mais aceitável. Enquanto obstáculo ao crescimento, a Racionalização impede a

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pessoa de aceitar e de trabalhar com as forças motivadoras genuínas, apesar de menos

recomendáveis.

Na racionalização, aquilo que não se obtém, é desprezado evitando a frustração. Justificação

consciente de uma conduta proveniente, de fato, de outras motivações, geralmente inconscientes.

COMPENSAÇÃO - a pessoa disfarça as fraquezas mediante o realce de uma característica

desejável ou encobre a frustração numa área pela excessiva gratificação em outra.

Ex: a pessoa mal resolvida sexualmente.

SUBLIMAÇÃO - substituição de motivos socialmente inaceitáveis por outras formas socialmente

aceitáveis.

Ex: indivíduo com propensões homossexuais, sabendo que receberá discriminação do meio, resolve

ser padre. Canaliza a energia sexual para ser um excelente mensageiro de deus.

O sujeito substitui o fim ou o objeto das pulsões de modo que estas se possam manifestar em

modalidades socialmente aceitas. A eficácia do processo de sublimação implica que o objeto de

substituição satisfaça o sujeito de forma real ou simbólica. Frequentemente, a sublimação faz-se

através de substituição com valor moral e social elevado.

Ex.: um pirómano pode ingressar num corpo de bombeiros, modificando as suas relações com o

fogo, agora utilizadas de forma socialmente reconhecida; o amor platônico pode esconder desejos

considerados inaceitáveis pelo sujeito. A arte tem sido estudada como uma área que permite

sublimações.

Os mecanismos de defesa são excelentes meios de se evitar angústias, porém quando

utilizados indiscriminadamente por um indivíduo, pode lhe acarretar desajustes em sua

personalidade.

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TEORIA DA PERSONALIDADE

Teoria da psicanálise (Sigmund Freud)

Psicologia Social

O Grupo Social

O ser humano, por natureza busca o grupo e o convívio social, ou seja, somos seres gregários.

Segundo Erich Fromm, isto se deve a alguns fatores:

necessidade de relacionamento: o homem por ter se separado da natureza, bem como do

próprio homem sente-se só e, portanto, como isolado, necessita de relações humanas que lhe

assegurem o cuidado mútuo e a compreensão;

necessidade de transcendência: devido a sua capacidade de raciocinar, imaginar e criar, o

homem necessita do grupo social, onde pode transcender a sua natureza animal;

necessidade de segurança: o ser humano necessita ser parte integrante do mundo e de

pertencer a algum grupo social, onde poderá sentir a fraternidade e solidariedade dos outros seres

humanos;

Aparelho psíquico humano Teoria Estrutural da Mente oferece uma definição da

mente (divisão da mente) e seu funcionamento.

1ª Divisão:

Realidade mundo externo

Consciente (Cs) superfície do aparelho mental

Pré-consciente (PCs) o que pode vir a superfície

Inconsciente (Ics) profundo / oculto

M

E

N

T

E

2ª Divisão: REALIDADE

Ego Superego

Id

ID reservatório de energia psíquica e regido pelo princípio do prazer

EGO equilíbrio entre as exigências do Id e da realidade, e a disciplina do superego

SUPEREGO internalização de proibições, limites e da autoridade. São os valores e educação

que recebemos durante a vida.

MECANISMOS DE DEFESA: negação; identificação; projeção; racionalização; fuga;

sublimação e compensação.

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necessidade de identidade: somente no grupo social o homem poderá desenvolver o seu

potencial, ter sua própria marca, ser original e desenvolver a sua individualidade;

necessidade de orientação: o homem necessita de parâmetros para pautar suas condutas e

se perceber no mundo, e

necessidade de superar a solidão: cada vez mais, seja pelo avanço tecnológico, seja pelos

sistemas sociais atuais, o homem se distancia da natureza e do próprio homem. E a maneira de

superar esta situação é buscar o grupo social.

As necessidades citadas não são frutos da sociedade, mas sim da própria natureza humana.

Definição de Grupo Social

O Grupo Social é a reunião de indivíduos que interagem em torno de um objetivo comum.

Elementos do Grupo Social

Para que efetivamente exista um grupo, portanto, são necessários três elementos:

Pessoas: na ampla acepção do termo. São os seres humanos, dotados de inteligência,

vontade, potencialidades e limitações;

Objetivo Comum: é o caminho que o grupo escolheu. Representa aonde se quer chegar por

meio do esforço conjunto;

Interação: é a capacidade de se comunicar, recebendo e oferecendo influência.

Se pensarmos num ônibus saindo de um determinado bairro com destino a uma estação de

metrô, teremos um grupo social? Claro que não! Nele há pessoas, e todas elas têm por objetivo

chegar ao mesmo local, porém lhes falta interação. Muitas delas talvez estejam se vendo pela

primeira e última vez.

A formação dos grupos

Segundo o modo como se constituíram os grupos podem receber uma certa classificação:

espontâneos: Não existe planejamento prévio. O grupo surge em função de uma necessidade

imediata. Seu tempo de existência vai depender do objetivo pelo qual foi criado. Suas “normas de

funcionamento” são altamente flexíveis. Exemplos:

Crianças que, num determinado play-ground se procuram, sem se conhecerem, para brincar

juntas;

Vizinhos que se unem para ajudar a apagar um incêndio no campo.

organizados: A formação do grupo foi voluntariamente planejada, antes ou logo depois de

sua aparição espontânea. Destinam-se a alcançar objetivos mais complexos e a longo prazo. Em

geral, suas normas de funcionamento são mais estáveis, cabendo aos novos membros apenas a

adesão a elas. Existe uma hierarquia interna razoavelmente definida. Exemplos:

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Clubes sociais ou recreativos, Times desportivos, Turmas de alunos, Conselhos diretores,

Estados-maiores, etc.

Relações interpessoais

Um dos maiores desafios para quem atua em grupo é desenvolver a humildade necessária ao

desenvolvimento de um ambiente saudável, no qual todos possam sentir-se importantes e

participativos. Algumas recomendações valem a pena:

respeitar o próximo como ser humano. É chamada “Regra de Ouro” das relações humanas.

É tão importante e tão abrangente que se entendida em sua plenitude, nada mais do que a partir de

agora vai se dizer poderia lhe suplantar.

evitar cortar a palavra de quem fala. Esperar a sua vez. Além de ser um sinal de educação,

representa para quem é ouvido o sinal de sua importância para o grupo;

controlar as suas reações agressivas, evitando ser indelicado ou mesmo irônico. A ironia é o

veneno dos relacionamentos, pois sempre coloca alguém em situação inferior ou ridícula;

evitar tomar a responsabilidade atribuída a outro, a não ser a pedido deste ou em caso de

emergência. Todo o indivíduo é capaz de falar por si e de assumir suas decisões e é só assim que ele

consegue descobrir suas potencialidades e desenvolver sua autonomia;

procurar a causa de suas antipatias, a fim de vencê-las. Quando a antipatia toma o lugar do

respeito, as pessoas desperdiçam tempo e humor valiosos para o crescimento de si mesmas e do

grupo;

procurar definir bem o sentido das palavras no caso de discussões em grupo, para evitar

mal-entendidos. A comunicação interpessoal é o meio pelo qual as relações humanas se

estabelecem e se desenvolvem. Muitos problemas do grupo seriam bem menores se as pessoas se

esforçassem mais para compreender e para serem compreendidas.

OS DEZ MANDAMENTOS DAS RELAÇÕES HUMANAS (Silvino J. Fritzen)

I FALE com as pessoas. Nada há tão agradável e animador quanto uma palavra de saudação,

particularmente hoje em dia quando precisamos de ―sorrisos amáveis‖.

II SORRIA para as pessoas. Lembre-se que acionamos 72 músculos para franzir a testa e somente 14

para sorrir.

III CHAME as pessoas pelo nome. A música mais suave para muitos ainda é ouvir o seu próprio

nome.

IV SEJA AMIGO e prestativo. Se você quiser ter amigos seja amigo.

V SEJA CORDIAL. Fale e aja com toda sinceridade: tudo o que você fizer, faça-o com todo o prazer.

VI INTERESSE-SE sinceramente pelos outros. Lembre-se que você sabe o que sabe, porém você não

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sabe o que os outros sabem. Seja sinceramente interessado pelos outros.

VII SEJA GENEROSO ao elogiar, cauteloso em criticar. Os líderes elogiam. Sabem encorajar, dar

confiança e elevar os outros.

VIII SAIBA considerar os sentimentos dos outros. Existem três lados numa controvérsia: o seu, o do

outro e o lado de quem está certo.

IX PREOCUPE-SE com a opinião dos outros. Três comportamentos de um verdadeiro líder: ouça,

aprenda e saiba elogiar.

X PROCURE apresentar um excelente serviço. O que realmente vale em nossa vida é aquilo que

fazemos para os outros.

AS PALAVRAS MAIS IMPORTANTES

As 6 palavras mais importantes: ADMITO QUE O ERRO FOI MEU.

As 5 palavras mais importantes: VOCÊ FEZ UM BOM TRABALHO.

As 4 palavras mais importantes: QUAL A SUA OPINIÃO.

As 3 palavras mais importantes: FAÇA O FAVOR.

As 2 palavras mais importantes: MUITO OBRIGADO.

A palavra mais importante: NÓS.

A palavra menos importante: EU.

Para manter um bom relacionamento

1. Autenticidade – Ser como realmente é, sem máscara, com suas qualidades e defeitos;

2. Empatia – Saber se colocar no lugar do outro; e

3. Apreço – Ter amor incondicional a seu semelhante.

Nunca é demais lembrar que todo esforço à construção e à manutenção de um bom clima de

convivência grupal redunda no desenvolvimento de relações humanas mais satisfatórias. Pessoas

que se sentem mais respeitadas e importantes, costumam ser mais solidárias e participativas dentro

do grupo, além de desenvolverem um grau maior de maturidade e responsabilidade.

Lidando com pessoas difíceis

Ao se relacionar com pessoas de difícil trato, alguns comportamentos podem nos ajudar a obter sucesso

nestes relacionamentos:

Evite confrontos

Seja educado e formal,

Evite gestos e atitudes agressivas

Tenha objetivos

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Figuras que influenciam o grupo

Um grupo em funcionamento está constantemente sujeito a mudanças, sejam elas derivadas do

ambiente ou das pessoas que o compõe. Assim a dinâmica dos grupos sofre influência direta e

permanente de três figuras, cuja importância, ao contrário da impressão inicial, é equivalente:

O Líder;

O Liderado;

A Situação.

Para se compreender corretamente como um determinado grupo funciona, faz-se necessário

observar e considerar os três elementos acima como igualmente importantes.

LIDERANÇA

No sentido de tentarmos padronizar a linguagem sobre o tema, é importante que conheçamos alguns

conceitos:

liderança: é a capacidade de influenciar e obter das pessoas maior cooperação e menor, ou

nenhuma, oposição. Além disso, é uma função do líder, do liderado e da situação;

líder: pessoa a quem o grupo atribui a tarefa de indicar os objetivos e os caminhos. Ele por sua vez

influencia nas idéias e, através dela, move os atos das pessoas;

Devido suas características de personalidade, conquista, cativa, doutrina e desenvolve

automotivação nas pessoas.

O grupo pode ter um ou vários. Eles podem alternar-se em função de sua maior ou menor

aptidão diante das necessidades atuais do grupo. O líder pode ser definido como qualquer pessoa

que graças à sua personalidade dirige um grupo social com a participação espontânea dos seus

membros;

liderado. Cada ser humano com sua individualidade, maturidade, habilidade técnica, nível cultural,

motivação e tudo o mais que o componha;

situação. É o conjunto de variáveis que se interpõe sobre o grupo podendo ser caracterizada como

normal ou emergencial, de rotina ou de desafio, de ensaio ou real e outras mais. A capacidade do

grupo em avaliá-la precisamente é o que garante a sua estabilidade e o seu desenvolvimento

satisfatório.

Para se compreender corretamente como um determinado grupo funciona, faz-se necessário

observar e considerar os três elementos acima como igualmente importantes.

chefe: pessoa que por mérito próprio ou por necessidade de uma organização ocupa um cargo de

direção no qual tem a responsabilidade de gerir recursos, ação humana, objetivos e resultados.

Tanto o chefe quanto o líder partilham algo em comum: AUTORIDADE. A diferença é que o

chefe recebeu essa autoridade da Organização, ela provém do cargo que ele ocupa; enquanto que o

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líder recebe a autoridade, o poder de mandar, do próprio grupo. O poder do chefe, assim, é imposto

e do líder, consentido.

Características de um Líder:

1- Autocontrole;

2- Ser empático;

3- Procurar sempre a unanimidade;

4- Procurar dar exemplos;

5- Respeitar o ser humano;

6- Enfrentar as situações de tensão e conflito e;

7- Ser simpático (produzir nos outros sentimentos agradáveis)

Para melhor compreendermos a liderança é preciso identificar os tipos que podem ser

apresentados:

Liderança Autocrática - este tipo de liderança caracteriza-se pela confiança na autoridade e pressupõe

que os outros nada farão se não lhes for ordenado. Geralmente não se importa com o que os liderados

pensam além de desestimular inovações. O líder autocrático julga-se indispensável, mostrando que só a

sua maneira de fazer as coisas é a correta. Toma uma postura muitas vezes paternalista, sentindo-se feliz

por notar que os outros dependem dele. Divide pouquíssimo serviço, preferindo fazê-lo. É comum por

parte deste líder, reações coléricas, de irritação, de incompreensão com erros alheios. Infunde um certo

temor nos liderados, para que não o contradigam. Usa artifícios para que o obedeçam sem dialogar. As

decisões são tomadas com rapidez, o que é muito positivo. Mas, quando um líder autocrático termina seu

mandato, muitas vezes o grupo fica perdido, não está acostumado a tomar suas próprias decisões,

provocando um vácuo no poder de comando.

Liderança Democrática - Neste estilo de liderança, muitas vezes o grupo pode e deve contribuir com

sugestões. A responsabilidade do líder é dirigir estas opiniões para que, na prática, atinjam os objetivos

esperados. O líder, com sua experiência deve alertar sobre pontos difíceis e idéias que já foram tentadas

no passado, mas sem sucesso. A esperança neste caso, é fazer com que o grupo entenda que atingir

objetivos é responsabilidade de todos e não apenas da liderança. O líder que aplica este estilo,

geralmente, tem um conceito equilibrado sobe si, não temendo que haja liderados que sejam melhores do

que ele, em determinados aspectos. Para ele é fácil entender e compreender seus liderados, bem como

ouvir e aceitar opiniões diferentes das suas. Aqui, a dificuldade é a demora para a tomada de decisões em

tempos de crises.

Liderança Liberal - É o tipo de liderança chamada de ―Laissez-Faire‖, é o chamado deixa como está

para ver como é que fica. Este líder acha que o seu principal trabalho é a manutenção do que já foi

conseguido. Não dá ordens, não traça objetivos, não orienta os liderados, apenas deixa correr. É comum

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encontrarmos liderados inconformados com esta atitude. A liderança liberal, muitas vezes, é exercida por

pessoas que pretendem ausentar-se com freqüência do grupo. Não querem ter o trabalho de organizar,

planejar e fiscalizar. Em muitos casos, foram eleitos porque ninguém queria o cargo ou então porque

queriam apenas o título de líder não tendo a garra e a vontade de liderar.

Liderança Situacional - Baseia-se no fato de que cada situação requer um tipo de liderança diferente,

para se alcançar o melhor dos liderados. Um líder situacional deve ser versátil e flexível, sabendo adequar

seus estilos, de acordo com a pessoa com quem trabalha e com a situação. Este líder, utiliza o que há de

melhor nas lideranças Autocrática, Liberal e Democrática, aplicando-a de acordo com o grupo que tem a

mão e da circunstância.

Fontes de Liderança

Hereditariedade – alguns possuem por nascimento, as qualidades e características necessárias à

liderança, em um grau muito maior que os outros.

Meio Ambiente – o meio ou o ambiente em que se formam os líderes pode levá-los a se tornarem

tais.

Educação – os atributos essenciais da liderança são suscetíveis de educação, podendo desenvolver-

se e aprimorar-se até certo ponto.

As qualidades gerais que condicionam a liderança, em grande parte hereditária, são,

entretanto modificáveis pela educação, a maneira particular pela qual se manifesta a liderança,

decorre das condições do meio.

Indicações: Filmes: A Fuga das Galinhas e Gladiador.

PERCEPÇÃO

É o processo pelo qual uma pessoa interpreta estímulos sensoriais. Os processos sensoriais

meramente informam acerca dos estímulos do meio; a percepção traduz estas mensagens sensoriais

em formas compreensíveis.

Ex: Suponhamos que você estivesse voando em um avião, a várias centenas de metros acima do

solo, em um dia claro. Os automóveis, as estradas, as casas e as árvores embaixo pareceriam de

brinquedo, ou ainda menores (sensação), mas você compreenderia que eram do tamanho normal

(percepção). Portanto, a percepção não fornece um reflexo exato da realidade.

A atenção é uma condição essencial para que haja percepção. É a atenção que nos possibilita

selecionar aspectos do meio ambiente.

Na maior parte das vezes, a percepção parece ser uma função da experiência. Isto é trata-se de uma

característica aprendida do comportamento. As conclusões da pesquisa indicam que um sujeito cuja

experiência perceptual for restrita ou nula será incapaz de desenvolver reações perceptuais normais.

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Dois tipos de fatores influenciam a percepção: indícios externos (estímulos) e indícios internos

(pessoais). Ambos os indícios podem afetar a maneira pela qual um sujeito prestará atenção ou

atenderá a um estímulo. Um sujeito deve prestar pelo menos um pouco de atenção a fim de que

ocorra a percepção.

INDÍCIOS EXTERNOS

Os indícios externos se desenvolvem das propriedades de um estímulo ou grupo de estímulos. O

interesse pelos efeitos dos estímulos externos sobre o desenvolvimento perceptual surgiu durante os

primeiros anos da Psicologia da Gestalt. Seus adeptos compreenderam que os estímulos

proporcionavam o início de algo mais do que apenas uma sensação. Estabeleceram que a totalidade

de uma situação de estímulo era mais do que a soma de seus aspectos separados.

RELAÇÃO FIGURA-FUNDO

A relação entre o estímulo principal ou caracterizado e quaisquer estímulos circundantes, é chamada

de relação figura-fundo. Em geral, esta relação determina o quão distinto o estímulo principal (a

figura) será dentro do contexto total (o fundo).

Ex: Grande parte da pesquisa perceptual é feita estudando-se a visão, mas uma relação figura-fundo

também pode ser ilustrada escutando-se música. A melodia representa a figura e a harmonia

proporciona o fundo. Se uma ou ambas forem traçadas, a relação figura-fundo pode mudar.

As relações figura-fundo são chamadas reversíveis se algumas vezes a figura puder ser percebida

como o fundo e o fundo algumas vezes puder ser percebido como a figura. As figuras também

podem ser descritas como ambíguas se puderem ser interpretadas “corretamente” de mais de uma

maneira.

INTENSIDADE

A pesquisa tem demonstrado que, em geral, quanto mais intenso um estímulo, tanto mais

provavelmente um sujeito lhe dedicará atenção. Contudo, os valores extremamente altos de

intensidade podem ser dolorosos ou nocivos.

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Ex: Em geral, quanto mais alto um ruído, tanto mais provavelmente será ouvido (e, assim,

reconhecido e interpretado).

CONTRASTE

Um estímulo que difere perceptivelmente de outros que o cercam (em conseqüência de qualidade ou

de quantidade) tem maior probabilidade de ser notado do que um estímulo que seja semelhante aos

estímulos que o cercam. Este é o princípio do contraste.

Ex: Inverte-se o princípio do contraste quando se deseja camuflar.

MOVIMENTO REAL E APARENTE

Em diversas dimensões sensoriais, uma das propriedades que mais se salientam de um estímulo é o

movimento. Os sujeitos têm mais probabilidade de responderem a estímulos que se movimentam do

que aos que são estáticos. Além do mais, alguns estímulos que na realidade são estáticos, podem ser

apresentados de tal modo que criem movimento aparente.

Ex: Um filme ilustra o movimento aparente. O rápido exame do filme revela uma série de imagens

paradas. Somente a apresentação rápida e coordenada destas imagens é que dará ao expectador a

impressão de movimento.

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CONSTÂNCIAS PERCEPTIVAS

O estímulo que uma pessoa recebe de qualquer objeto pode se alterar à medida que a posição ou

condição do objeto se modifica. (Por exemplo, à medida que você se afasta de um prato sobre a

mesa, a imagem na retina de cada um de seus olhos se tornará cada vez menos circular e cada vez

mais oval.) Contudo, apesar de tais mudanças de estímulo, uma pessoa perceberá que o objeto em si

não se modificou (isto é, o prato ainda será percebido como um objeto circular).

DISPARIDADE RETINIANA

A disparidade retiniana difere-se ao fato de que as imagens visuais na retina dos dois olhos, em

qualquer momento, jamais são exatamente as mesmas. A isto se dá o nome de indício binocular, e

resulta da separação física entre os dois olhos. (O encéfalo é capaz de “mesclar” estas duas imagens

retinianas, de modo que você vê apenas uma, que traz a informação a respeito de profundidade e de

tridimensionalidade).

Ex: Os expectadores estereoscópicos confiam na disparidade retiniana para proverem a impressão

de três dimensões. Um par de quadros bidimensionais é observado através de lentes especiais. Cada

quadro envia uma imagem ligeiramente diferente a cada retina. O encéfalo, então, combina estas

imagens ao que parece ser um quadro de três dimensões.

INDÍCIOS INTERNOS

Os indícios internos parece ser função dos processos cognitivos de um sujeito. Por exemplo, a

motivação de um sujeito, sua experiência passada ou suas expectativas em um dado momento

podem muito bem atuar como indícios internos.

MOTIVAÇÃO

Frequentemente a percepção é influenciada pela motivação do sujeito. Isto pode resultar de sua

condição fisiológica ou experiência social. Um sujeito pode ter aprendido a dar atenção especial a

estímulos que reforçam ou satisfazem à condição motivadora. Se o sujeito jamais é motivado a

perceber certo estímulo (isto é, se a percepção deste estímulo não foi recompensada), ele tenderá a

ignorar o estímulo.

EXPERIÊNCIA PASSADA

A aprendizagem anterior pode fazer com que o sujeito antecipe o significado de futuras situações de

estímulos. Tais antecipações podem ser corretas ou incorretas.

Ex: Você já deve ter participado da brincadeira de salão em que uma pessoa escreve a descrição de

alguma coisa e depois a murmura uma segunda pessoa. Esta, por sua vez, murmura-a à seguinte, e

assim por diante, até que a última pessoa receba a descrição e a apresente em voz alta. A diferença

entre o original (escrito) e a versão final amiúde é surpreendente. Parte da razão para esta diferença

é que as pessoas podem antecipar incorretamente o que lhes está sendo murmuradas.

DISPOSIÇÃO PERCEPTUAL

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Define-se disposição perceptual como uma tendência temporária (ou expectativa) para responder de

certa maneira. Esta tendência pode modificar-se quando o sujeito é confrontado com diferentes

instruções ou recompensas.

Ex: Leia a seguinte sentença: “Se Suzana segue Saul seguidamente, Saul se esconde

sorrateiramente” Quantos s você conta? Se contar nove, sua disposição perceptual foi acurada. Se

contar somente oito, provavelmente você foi apanhado pela disposição propiciada pelo oitavo

conjunto de letras e perdeu um s na palavra “esconde”.

EXPERIÊNCIAS PERCEPTUAIS INCOMUNS

ILUSÕES

Algumas vezes os estímulos podem ser interceptados incorretamente. Existem certos estímulos em

uma configuração que quase sempre levam à percepção incorreta. Quando isto acontece, a

percepção é descrita como uma ilusão.

Na linguagem cotidiana, muitas vezes confundem-se ilusões com alucinações, que são percepções

de “estímulos” que na realidade não existem.

PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL (ESP)

Diz-se que ocorreu percepção extra-sensorial quando teve lugar uma interpretação correta ou

manipulação do ambiente sem que qualquer informação fosse proporcionada pelos processos

sensoriais comuns. Já foram estudadas diversas variedades de percepção extra-sensorial, incluindo

telepatia, precognição, clarividência e psicocinesia.

Telepatia é a transferência de pensamento de uma pessoa para outra sem o auxílio dos canais

sensoriais costumeiros. Precognição refere-se à capacidade de prever acontecimentos futuros.

Clarividência é a capacidade de revelar informação que não poderia ter sido recebida pelas

sensações comuns. Psicocinesia é a capacidade para fazer os objetos se moverem unicamente por

meio de processos do pensamento.

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Fatores e fenômenos psicológicos que influem no processo perceptivo:

Seletividade perceptiva: nossos órgãos sensoriais são simultaneamente atingidos por uma variedade

de estímulos, não obstante, só percebemos um subconjunto destes estímulos. A esta concentração

numa proporção apenas da estimulação sensorial denomina-se seletividade perceptiva. Exemplo:

Ao conversarmos com uma pessoa nos concentramos apenas nos estímulos que partem dela embora

nossos órgãos sensoriais estejam sendo atingidos por várias outras estimulações auditivas, visuais,

táteis, etc.

Experiência prévia e conseqüentemente disposição para responder: as experiências passadas

facilitam a percepção de estímulos com os quais tenhamos, anteriormente, entrado em contato.

Condicionamento: os comportamentos (respostas) aprendidos através de reforços serão mais

facilmente percebidos ou emitidos em situações diversas, ou seja, a experiência passada influi no

processo perceptivo.

Fatores contemporâneos ao fenômeno perceptivo: assim como as experiências passadas influem no

processo perceptivo, os fatores presentes, situacionais, também são capazes de predispor a pessoa a

determinadas percepções. Estados de fome, sede, pobreza, depressão, cansaço, etc., podem influir

na percepção do estímulo sensorial. Desta forma, o empregado ansioso e com medo de ser

despedido, pode perceber em um comportamento irrelevante do seu patrão sinais de

descontentamento e indícios de demissão; a visita a um supermercado próximo a horários de

refeições, quando ainda estamos com fome, leva-nos a perceber e comprar muito mais gêneros

alimentícios do que outros produtos (higiene pessoal, limpeza, etc.).

Estereótipos: consiste na imputação de certas características de pessoas pertencentes a determinados

grupos, aos quais se atribuem determinados aspectos típicos. Exemplo: se uma pessoa aprende que

determinado grupo tem a característica de ser preguiçoso, ao encontrar uma pessoa pertencente a

este grupo ela tenderá a atribuir-lhe a característica de preguiçoso sem ter prova do que alega. Os

estereótipos podem ser tanto positivos como negativos. Os estereótipos existem em todas as

culturas.

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Preconceitos: consiste numa atitude negativa, aprendida, dirigida a um grupo determinado, o

preconceito não é inato e sim condicionado.

Atribuição diferencial de causalidade: ou seja, a tendência a agir procurando descobrir a relação de

causa e efeito entre determinados aspectos da realidade individual e social e o comportamento da

pessoa com quem estamos em interação.

Exemplo: Por que fulano está agindo assim para comigo? Foi ele forçado a fazê-lo ou agiu de livre

e espontânea vontade? Muitas vezes vamos encontrar significado da atitude a partir de conteúdos

interiores nossos e que podem não corresponder com a realidade.

Indicação: site www.ilusaodeotica.com

Nossos olhos são instrumentos maravilhosos mas, de vez em quando, se juntam ao nosso

cérebro para nos enganar.

Não acredite piamente quando alguém lhe jurar que fulano só ―enrola‖ no trabalho, que

beltrano não gosta de você ou que seu chefe só pensa em si mesmo. Mesmo quando quem lhe

contou e você sejam honestos e sinceros, pode-se estar diante de uma falsa percepção.

SENTIDOS HUMANOS

ESTÍMULO

SENTIDO

PERCEPÇÃO

AUDITIVO VISUAL

GUSTATIVO OLFATIVO

CINESTÉSICO

VESTIBULAR

CALOR

FRIO

DOR

PRESSÃO

CONTATO FÍSICO

TÁTIL

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COMUNICAÇÃO HUMANA

Comunicação: numa definição bem simples, pode-se dizer que comunicar é transmitir uma

mensagem. Uma breve reflexão, contudo nos leva a concluir que são necessárias certas condições

para que a comunicação ocorra. Essas condições necessárias e suficientes são conhecidas como os

Elementos da Comunicação.

Modalidades de Comunicação: Dentro de um estudo sobre a comunicação interpessoal, destacam-

se duas: a verbal, dependente da palavra e a não-verbal, que é processada através da linguagem do

corpo (olhar, postura, vestimenta, proximidade e gestos).

Pesquisadores têm repetidamente constatado que o componente puramente verbal da

comunicação humana corresponde a apenas 7%, enquanto que o vocal (tom e velocidade da voz) a

38% e chegando a 55% o componente não-verbal. Entende-se por não verbal a parte da

comunicação que depende exclusivamente da expressão corporal.

Quando se trata de linguagem corporal, a capacidade de se detectar harmonia ou desarmonia é

fundamental. Todos nós temos condições de observar e avaliar se determinada comunicação nos

chega de modo congruente ou não. Pode ocorrer, que confiantes demais no nosso condicionamento

intelectual, prestarmos mais atenção no conteúdo da fala e perdermos a riqueza da expressão facial

e corporal que segue em paralelo.

Seja qual for a resposta é fundamental que dediquemos nossa atenção também às expressões

não verbais. A percepção de harmonia possivelmente nos coloca diante de uma narração verdadeira.

Ao percebemos desarmonia, será interessante investigar mais. Talvez ela decorra do fato da pessoa

que fala estar se sentido desconfortável na nossa presença, em função inclusive de nossa postura

física diante dela. Pode ser também que haja algo a esconder e ao mesmo tempo em que afirma

verbalmente, nega com o corpo.

Elementos da comunicação:

* emissor - é aquele que pretende comunicar. Ele formula, codifica e transmite a mensagem.

* mensagem - é aquilo que se pretende transmitir. É o núcleo do esforço de comunicação. As

mensagens podem ser classificadas em três tipos: escritas, verbais e visuais.

* canal: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Está ligado aos sentidos (visão

audição, tato, etc.) através dos qual a mensagem atingirá seu destino.

* receptor: é o destinatário da mensagem. É aquele que através de sua percepção, recebe e

interpreta a mensagem transmitida pelo emissor.

* feedback: é a “resposta” do receptor ao emissor, permitindo a este avaliar se a mensagem

inicial foi suficientemente compreendida ou se necessita de complemento.

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Barreiras à comunicação humana

Estudando com profundidade o processo de comunicação, os psicólogos dedicados ao assunto

encontraram mais perguntas que respostas. A principal delas e talvez a mais intrigante questione se

de fato o homem se comunica, ou seja, se com toda a certeza a mensagem formulada na mente do

emissor coincide com a recebida na mente do receptor. Parece que a resposta mais honesta é: talvez

não haja plena coincidência, mas certamente o dinamismo da capacidade humana de interagir deve

garantir níveis aceitáveis de compreensão na maioria dos casos.

O estudo da psicologia da comunicação já foi capaz de listar certos fatores que intervêm no

processo de modo a complicá-lo ou até mesmo impedir sua finalização. Esses fatores foram

denominados de barreiras à comunicação e por vezes recaem sobre o emissor, outras sobre o

receptor e em alguns casos sobre o meio ambiente.

Principais barreiras:

* Limitação da capacidade do receptor - há situações em que o esforço e o cuidado do

emissor ao se comunicar não se conclui de modo adequado pela dificuldade do receptor

acompanhar o raciocínio. Em geral, essa dificuldade provém de uma causa pessoal como o déficit

de inteligência.

* distração - ocorre quando fatores extrínsecos impedem a recepção, independentemente do

conteúdo que está sendo transmitido. São chamados “extrínsecos” por não se relacionarem

diretamente com o significado nem com a interpretação. Os principais distrativos são:

* estímulo competidor - tem o poder de desviar atenção do receptor o suficiente para que ele

deixe de acompanhar a comunicação. Quanto maior a similaridade entre o estímulo competidor e o

principal, maior o seu poder de interferência;

* tensão ambiental - temperatura, umidade, ventilação, vibração, ruído e ofuscação;

* tensão Interna (subjetiva) - insônia, saúde precária, efeitos de drogas, privação sensorial,

variações no estado de espírito;

* presunção não enunciada - nada mais é do que fazer a pessoa que fala ou escreve uma

suposição que, no seu entender, não precisa ser explicitada. Deriva particularmente da falta de

empatia do emissor que, em não se colocando no lugar do receptor, supõe que sua fala é óbvia

demais para ser explicada. Pode ser corrigida se o receptor, por sua vez, se esforçar para oferecer

um feedback honesto, em outras palavras, assumir que não está seguro quanto ao conteúdo da

mensagem.

* apresentação confusa - origina-se do descuido ou excesso de zelo do emissor no modo

como pretende fazer-se entendido. Muitas vezes também decorre do fato de se ignorar que o

receptor normalmente se especializa numa espécie de comunicação, seja ela visual, verbal ou

espacial. Mais uma vez a falta de empatia do emissor é a raiz do problema.

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* ausência de canais de comunicação - ocorre especialmente na comunicação institucional,

na administração pública e no relacionamento típico entre superior e subordinado, quando faltam

meios para se colocarem em contato emissores e receptores em potencial. A principal causa disso

provém da impessoalidade na comunicação, deixando sempre certa dúvida quanto ao entendimento,

posto que isso dificulte o processo de feedback.

Conseqüências da comunicação ineficiente na atividade policial-militar

O policial militar, como representante do Estado, deve possuir uma comunicação eficiente,

sob pena de sua mensagem não ser entendida ou acatada pelo cidadão, como no caso de uma ordem

de trânsito ou em uma ocorrência de desinteligência. Além do mais, muitas vezes, sua comunicação

vai envolver vidas, como em uma abordagem ou em uma ocorrência com reféns. A boa

comunicação também vai ser o fator decisivo em um cerco policial.

Indicação: Livro: O Corpo Fala - Autor: Pierre Weil e Roland Tompakow.

Estresse

O uso do termo estresse tem se popularizado e é utilizado para definir diversas situações.

Porém, tecnicamente estresse é definido por Marilda E.Novaes Lipp como:

uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos,

causada pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem quando uma

pessoa se confronta com uma situação adaptativa, que exija fuga ou luta,

provocando um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio

interno do organismo.

ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

MENSAGEM

CANAL

FEEDBACK

EMISSOR RECEPTOR

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Assim temos que todas as situações que gerem adaptação do ser humano, irá provocar uma

reação física e/ou psicológica denominada estresse. Esta reação surge em virtude do rompimento do

equilíbrio interno.

Diferentemente do que se pensa o estresse pode ser ocasionado por situações consideradas

como “boas” ou “agradáveis”. Se estas situações levarem ao rompimento do equilíbrio interno,

teremos uma reação de estresse.

Uma reação saudável de stress é chamada de Eustress. Ela é definida por uma reação de

alarme normal que após a fase de excitação retorna a sua homeostase. O Eustress é uma situação de

stress que proporciona uma sensação agradável embora seja decorrente de um estado de excitação,

por exemplo, um beijo apaixonado, a vitória do time, uma promoção profissional, ganhar na loteria,

passar no vestibular, tirar nota máxima na prova, ter uma relação sexual satisfatória.

Uma reação de stress prejudicial ao organismo é chamada de Distress (mau stress). As

conseqüências deste tipo de adaptação traduzem-se em tragédia para o próprio organismo.

Se a adaptação ocorrer distressantemente haverá um gasto de energia prematuro e excessivo

causando um colapso no organismo, desenvolvendo a patologia.

As fases do Estresse

O stress subdivide-se em três fases:

Fase de Alerta

Diante do estressor, o indivíduo tem uma reação de alerta instalado no organismo, o que

Cannon designou “de luta ou fuga”. É nesta fase que se o indivíduo souber administrar o stress, terá

sua produtividade aumentada, podendo utilizá-la em seu favor. Esse estágio produz alta energia,

porém se for mantido por muito tempo, o indivíduo passará para a fase seguinte.

Fase de Resistência

Nesta fase, o indivíduo para se reequilibrar utiliza toda a sua energia de forma automática.

Se ele tiver êxito, os sintomas iniciais desaparecerão e se sentirá melhor. É comum aparecer nesta

fase à sensação de desgaste generalizado sem causa aparente e dificuldades com a memória.

O organismo fica mais fragilizado suscetível a doenças. No entanto, se a pessoa lançar mão

do controle de stress, pode eliminar o estressor, voltando ao estado de homeostase sem seqüelas.

Caso a pessoa permaneça por muito tempo nesta fase o processo se encaminhará em direção

à fase mais crítica do stress que é a exaustão.

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Tendo o organismo elevado seu nível regular de ativação, aparecem os sintomas como:

sensações de medo, nervosismo, apetite oscilante, ranger de dentes, queda de cabelo, ansiedade,

roer unhas, isolamento social evitando festas, reuniões com amigos e familiares, impotência sexual

temporária, etc.

Fase de Exaustão

Quando o processo de stress evolui há uma exaustão psicológica. A depressão normalmente

ocorre e provoca manifestação da exaustão física. Doenças podem surgir tanto na área psicológica

como na área física.

O stress funciona como o desencadeador dessas doenças levando o organismo a uma baixa

imunidade de forma que as patologias programadas geneticamente se manifestem. Assim sendo, o

surgimento da doença depende de uma série de fatores, entre eles: raça, idade, constituição genética,

acidentes ou doenças do passado, alimentação e condição física.

“Nenhuma outra doença ou condição, produz uma interação tão grande entre corpo e mente

como o stress” (Bernard Range).

Estresse na Polícia Militar

No contexto do stress policial torna-se válido mencionar um tipo específico de stress, o

Burnout, é a expressão inglesa para designar aquilo que deixou de funcionar por exaustão de

energia.

Burnout é uma síndrome caracterizada por sintomas e sinais de exaustão físico, psíquico e

emocional, em decorrência da má adaptação do indivíduo a um trabalho prolongado, altamente

estressante e com grande carga tensional. Acompanha-se também de um sentimento de frustração

em relação a si e ao trabalho. Sendo assim, a falta de habilidade de um indivíduo em lidar com o

stress em situações interpessoais profissionalmente, pode levá-lo a um burnout.

Os agentes estressores podem ser:

internos e está ligado a como cada indivíduo vê e entende o mundo em que está inserido.

Assim uma mesma escala de serviço pode causar um grande estresse a um PM e ao outro ser

recebido como algo normal da atividade policial militar.

externos e está ligado ao meio ambiente: ruído, tecnologia, temperatura, violência,

tempo(horário), trânsito Para que tenha uma melhor compreensão do estresse, devemos ter em

mente que situações que nos confunda, emocione, irrite ou nos cause medo irá desencadear uma

reação de estresse.

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Também são agentes estressores: a privação de sono, a utilização de equipamentos e

mobiliários inadequados e a alimentação inadequada, dentre outros.

O estresse pode também ser considerado como contagioso, pois uma pessoa estressada pode

estressar todo o ambiente.

A exposição constante a situações estressantes pode causar:

sintomas físicos:

• aumento da sudorese

• náuseas

• insônia

• tontura

• tensão e dores musculares

• hipertensão arterial

• problemas de pele

• gastrite

• baixa imunidade

sintomas psicológicos:

ansiedade

pânico

tensão nervosa

irritabilidade excessiva

angústia

depressão

baixa concentração

desordem mental.

Para controlar os efeitos do estresse podemos:

identificar os agentes estressores e adotar medidas para evitá-los ou aprender a conviver

com os mesmos

adotar táticas de enfrentamentos, por exemplo mudar hábitos, e

adotar medidas que propiciem melhor qualidade de vida, tais como: prática de atividade

física com regularidade, alimentação saudável, lazer, prática da religiosidade, valorização dos

momentos de folga, controle das emoções, etc.

estabeleça limites

valorize sua férias e horários folgas

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procure a companhia de pessoas agradáveis

pratique relaxamento

adote prática de respiração correta

aprenda delegar funções

evite o perfeccionismo

reestruturação de aspectos emocionais

desenvolver estratégias de enfrentamento, e

principalmente, não tenha vergonha ou receio de procurar ajuda especializada.

AGRESSIVIDADE e IMPULSIVIDADE

Genética e agressividade

Os estudos genéticos sobre a agressão, realizados até o presente, permitem afirmar que a agressão

em si não é herdada. O que se transmitem são fatores que influenciam ou facilitam a agressão, como

tamanho, força, etc.

Drogas e agressividade

Muito se tem discutido sobre a questão das drogas e violência, como tendo uma relação real.

Autores afirmam que é preciso distinguir três tipos de efeitos:

1. efeito farmacológico e fisiológicos que variam de pessoa para pessoa;

2. efeitos comportamentais que podem variar em função das diferentes experiências de

vida;

3. efeitos sociais, dependem do grau e das condições concretas de ingestão.

Por exemplo, a maconha produz efeitos agradáveis e eufóricos, sendo relacionado com a

agressão, além de produzir poucos efeitos fisiológicos nocivos, assim como o LSD, que produz

geralmente fraqueza, e às vezes medo.

As anfetaminas e o álcool são drogas muito mais perigosas como aliciadores da agressão,

pois seu efeito inicial pode desinibir a violência.

É possível, também que grande parte do comportamento agressivo esteja relacionado mais

com a obtenção da droga, do que com seu efeito propriamente dito. Os viciados, principalmente

com dependência física além da psíquica, de nível sócio-econômico mais baixo, podem envolver-se

no crime em função da obtenção de recursos para a compra da droga.

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Uma visão social da agressão

As fontes que produzem, alimentam e mantém as diferentes formas de comportamentos

agressivos estão intrínsecas a própria sociedade de classe, principalmente nos países

subdesenvolvidos. A violência do homem não é um fenômeno individual, mas social, e como tal,

origina-se do sistema e não do indivíduo.

Condições básicas que podem ser facilmente identificadas nas relações sociais e sociedades.

a. Distribuição da riqueza de forma NÃO homogênea;

b. O uso de controles aversivos pelas classes dominantes, que detém em suas mãos o próprio

controle dos mecanismos policiais de repressão, para manter privilégios;

c. Condições sociais legitimam a agressão ou violência como forma de apropriação da riqueza,

pelas classes dominantes.

O problema atual da criminalidade

A quase totalidade de pesquisas de opinião pública demonstra que o grande problema que afeta a

maioria dos indivíduos é a segurança, portanto, o atual aumento da criminalidade.

Como resolver esse problema?

É necessário que se comece a perceber o problema dentro do contexto sócio-econômico em que

se insere, pois o fato do comportamento agressivo ser cometido por pessoas, não significa que seja um

problema individual, ao contrário, os dados apresentados demonstram que a agressão é muito mais a

externalização de fenômeno essencialmente social, ou seja, é fruto de condições sócio-econômicos e,

como tal, deve ser analisado e enfrentado.

MOTIVAÇÃO HUMANA

Motivação: provém do conceito de motivo que é tudo aquilo que impulsiona a pessoa a agir de

determinada maneira ou, pelo menos, dá origem à uma propensão a ação. Esse impulso ao

comportamento pode ser provocado por um estímulo externo, provindo do ambiente, ou por conta

dos processos de raciocínio do indivíduo.

Necessidade: O ciclo motivacional começa com o surgimento de uma necessidade. A necessidade é

uma força dinâmica e persistente que provoca comportamento. Toda vez que surge uma

necessidade, é rompido o estado de equilíbrio do organismo causando tensão, insatisfação,

desconforto e desequilíbrio.

Comportamento: é a ação iniciada a partir da percepção do estado de desequilíbrio. Através do

comportamento, o indivíduo tentará descarregar a tensão percebida ou livrar-se do desconforto,

recuperando assim o estado de equilíbrio.

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Apesar das de todas as variáveis que interferem no estabelecimento das necessidades para

cada indivíduo (pessoais, sociais e temporais) e a conseqüente motivação para agir, é possível

estabelecer certas premissas:

O Comportamento é causado por estímulos internos ou externos, sob influência da

hereditariedade e do meio ambiente;

O Comportamento é motivado, ou seja, há uma finalidade em toda a ação;

O Comportamento é orientado para objetivos. Para todo o comportamento há uma (ou

mais) necessidade subjacente.

Modos de Resolução:

Satisfação: é o modo esperado, pois a necessidade é satisfeita e o indivíduo retorna ao estado de

equilíbrio. À medida que o ciclo se repete, com a aprendizagem e a repetição (reforço), os

comportamentos tornam-se gradativamente mais eficazes na satisfação de certas necessidades. Uma

vez satisfeita, a necessidade deixa de ser motivadora de comportamento, já que não causa tensão ou

desconforto;

Frustração: ocorre quando a tensão provocada pelo surgimento da necessidade encontra uma

barreira ou um obstáculo para sua liberação. Não encontrando saída normal, a tensão represada no

organismo procura um meio indireto de saída, por via psicológica (agressividade,

descontentamento, apatia, indiferença) ou por via fisiológica (insônia, repercussões somáticas

como problemas de pele, cardíacos ou gástricos);

Compensação: quando a necessidade não é satisfeita, nem frustrada, mas transferida ou

compensada. Acontece quando a satisfação de uma outra necessidade reduz ou aplaca a intensidade

de uma necessidade que não pode ser satisfeita.

A satisfação de algumas necessidades é temporal, ou seja, a motivação humana é cíclica: o

comportamento é quase um processo contínuo de resolução de problemas e de satisfação de

necessidades.

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SATISFEITA A NECESSIDADE:

Equilíbrio

interno

Estímulo

ou

incentivo

NECESSIDADE Tensão Comporta-

mento ou

ação

Satisfa-

ção

CICLO DA MOTIVAÇÃO HUMANA

NÃO SATISFEITA A NECESSIDADE:

Equilíbrio

interno

Estímulo

ou

incentivo

NECESSIDADE Tensão

Obstáculo Outro comportamento

derivativo

Frustração

Meio indireto

de saída da tensão

Fisiológica =

Insônia, repercussões

somáticas.

Compensação ou transferência

A satisfação de outra necessidade

reduz a intensidade de uma

necessidade que não pode ser

satisfeita. Ex. salário / promoção.

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PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES - ABRAHAM H. MASLOW

Baseado no fato de que o ser humano expande suas necessidades no decorrer de sua vida,

Maslow formulou seu conceito de Hierarquia das Necessidades. Em suma, postula que à medida

que o homem satisfaz suas necessidades básicas outras mais elevadas tornam-se predominantes.

Pode-se ter uma visão mais clara dessa teoria a partir do seguinte gráfico

Maslow classifica as cinco categorias de necessidades humanas em dois grandes grupos:

necessidades primárias:

* Fisiológicas: ar, água, alimento, relações sexuais, repouso;

* Segurança: proteção contra o perigo ou privação.

necessidades secundárias:

* Sociais: amizade, inclusão em grupos;

* Estima: reconhecimento, reputação, auto-respeito, amor;

* Auto-Realização: realização do potencial, utilização plena dos talentos individuais.

Principais conclusões do autor:

resolução ou relativo controle de uma categoria de necessidades ativa o nível seguinte. Não é

necessário que o indivíduo esteja plenamente satisfeito com o nível inferior para iniciar a resolução

das necessidades superiores, mas é importante que haja pelo menos a expectativa de resolução no

futuro próximo.

necessidades mais elevadas têm ativação dominante. É possível, por exemplo, à uma pessoa

continuar buscando a realização plena de seus talentos individuais por muitos anos, mesmo que

nunca venha a completar o ciclo motivacional.

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as necessidades mais baixas têm ciclos motivacionais comparativamente mais curto, em relação

às superiores. Uma pessoa consegue passar muito tempo sem ter amigos, porém muito menos tempo

sem se alimentar ou tomar água.

a privação de necessidade inferior, por muito tempo, torna-a imperativa, anulando o efeito

motivacional das necessidades superiores, até que se obtenha a sua resolução.

necessidade satisfeita não é mais motivadora de comportamento. Por outro lado, tal satisfação

libera o indivíduo para buscar outras ordens de necessidades.

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PARTE II - NOÇÕES DE PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Desenvolvimento da criança

O Desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento

orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo

aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização da atividade mental

que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas elas, estando plenamente

desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência,

vida afetiva e relações sociais.

Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Por exemplo, a

motivação está sempre presente como desencadeadora da ação, seja por necessidades fisiológicas,

seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas mentais que permanecem garantem a

continuidade de desenvolvimento. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do

indivíduo. Por exemplo, a moral da obediência da criança pequena é substituída pela autonomia

moral do adolescente ou, outro exemplo, a noção de que o objeto existe só quando a criança o vê

(antes dos 2 anos) é substituída, posteriormente, pela capacidade de atribuir ao objeto sua

conservação, mesmo quando ele não está presente no seu campo visual.

Os fatores que influenciam o desenvolvimento humano

Vários fatores indissociados e em permanente interação afetam todos os aspectos do

desenvolvimento. São eles:

Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não

desenvolver-se. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No

entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, dependendo das

condições do meio que encontra.

Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização do

esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes não existiam.

Pense nas possibilidades de descobertas em uma criança, quando começa a engatinhar e depois

andar, em relação a quando esta criança estava no berço com alguns dias de vida.

Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de comportamento.

A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e manejá-

lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem.

Observe como ela segura o lápis.

Meio – o conjunto de influências e estimulação ambientes altera os padrões de

comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança

de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das crianças de sua idade, mas,

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ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma escada, porque esta situação pode

não ter feito parte de sua experiência de vida.

ASPECTOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO

O desenvolvimento humano deve ser entendido como uma globalidade, mas, para efeito de

estudo, tem sido abordado a partir de quatro aspectos básicos:

Aspecto físico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à

capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Exemplo: a criança leva a

chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 meses, porque já coordena

os movimentos das mãos.

Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança de 2

anos que usa um cano de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um móvel ou o

jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário.

Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas

experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha que sentimos

em algumas situações, e o medo em outras, a alegria de rever um amigo querido.

Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem

outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar algumas que

espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem sozinhas.

Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses quatro

aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar o

desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por exemplo, estuda

o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-emocional, isto é, do desenvolvimento da

sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual.

A Teoria do Desenvolvimento Humano de Jean Piaget

Este autor divide os períodos do desenvolvimento humano de acordo com o aparecimento de

novas qualidades do pensamento, o que, por sua vez, interfere no desenvolvimento global.

1º período: Sensório-motor (0 a 2 anos)

2º período: Pré-operatório (2 a 7 anos)

3º período: Operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

4º período: Operações formais (11 ou 12 anos em diante)

Segundo Piaget, cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo

consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos,

nessa seqüência, porém o inicio e o término de cada uma delas dependem das características

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biológicas do indivíduo e de fatores educacionais, sociais. Portanto, a divisão nessas faixas estarias

é uma referências, e não uma norma rígida.

Período sensório-motor – o recém-nascido e o lactente – 0 a 2 anos.

Neste período, a criança conquista, através da percepção e dos movimentos, todo o universo que

a cerca.

No final do período, a criança é capaz de usar um instrumento como meio para atingir um

objeto. Por exemplo, descobre que, se puxar a toalha, a lata de bolacha ficará mais perto dela. Neste

caso, ela utiliza a inteligência prática ou sensório-motora, que envolve as percepções e os

movimentos.

Ao longo deste período, irá ocorrer na criança uma diferenciação progressiva entre o seu eu

e o mundo exterior. Se no início o mundo exterior. Se no inicio o mundo era uma continuação do

próprio corpo, e os progressos da inteligência levam-na a situar-se como um elemento entre outros

no mundo. Isso permite que a criança, por volta de 1 ano, admita que um objeto continue a existir

mesmo quando ela não o percebe, isto é, o objeto não está presente no seu campo visual, mas ela

continua a procurar ou a pedir o brinquedo que perdeu, porque sabe que ele continua a existir.

Período pré-operatório (a 1ª infância – 2 a 7 anos)

Neste período, o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem, que irá

acarretar modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social da criança.

Como decorrência do aparecimento da linguagem, o desenvolvimento do pensamento se

acelera. No início do período, ele exclui toda a objetividade, a criança transforma o real em função

dos seus desejos e fantasias (jogo simbólico); posteriormente, utiliza-o como referencial para

explicar o mundo real, a sua própria atividade, seu eu e suas leis morais; e, no final do período,

passa a procurar a razão causal e finalista de tudo (é a fase dos famosos “porquês”). É um

pensamento mais adaptado ao outro e ao real.

No aspecto afetivo, surgem os sentimentos interindividuais, sendo que um dos mais

relevantes é o respeito que a criança nutre pelos indivíduos que julga superiores a ela. Por exemplo,

em relação aos pais, aos professores. É um misto de amor e temor.

É importante, ainda considerar que, neste período, a maturação neurofisiológica completa-

se, permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina – pegar

pequenos objetos com as pontas dos dedos, segurar o lápis corretamente e conseguir fazer os

delicados movimentos exigidos pela escrita.

Período das operações concretas – a infância propriamente dita – 7 a 11 ou 12 anos.

Em nível de pensamento, a criança consegue:

estabelecer corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim;

seqüência de idéias ou eventos;

trabalhar com idéias sob dois pontos de vista, simultaneamente;

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formar o conceito de número (no inicio do período, sua noção de número está vinculada a uma

correspondência com objeto concreto).

A noção de conservação da substância do objeto (comprimento e quantidade) surge no inicio

do período; por volta dos 9 anos surge a noção de conservação de peso; ao final do período, a noção

de conservação do volume.

No aspecto afetivo, ocorre o aparecimento da vontade como qualidade superior e que atua

quando há conflitos de tendências ou intenções (entre o dever e o prazer, por exemplo). A criança

adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores

morais. Os novos sentimentos morais, característicos deste período, são: o respeito mútuo, a

honestidade, o companheirismo e a justiça, que considera a intenção na ação. Por exemplo, se a

criança quebra o vaso da mãe, ela acha que não deve ser punida se isto ocorreu acidentalmente. O

grupo de colegas satisfaz, progressivamente , as necessidades de segurança e afeto.

Nesse sentido, o sentimento de pertencer ao grupo de colegas tornar-se cada vez mais forte.

As crianças escolhem seus amigos, indistintamente, entre meninos e meninas, sendo que, no final

do período, a grupalização com o sexo oposto diminui.

Este fortalecimento do grupo traz a seguinte implicação: a criança, que no início do período

ainda considerava bastante as opiniões e idéias dos adultos, no final passa a “enfrentá-los”.

Período das operações formais (a adolescência – 11 ou 12 anos em diante)

Neste período, ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato,

isto é, o adolescente realiza as operações no plano das idéias, sem necessitar de manipulação ou

referências concretas, como no período anterior. É capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça

etc. O adolescente domina, progressivamente, a capacidade de abstrair e generalizar, cria teorias sobre, o

mundo, principalmente sobre aspectos que gostaria de reformular. Isso é possível graças à capacidade de

reflexão espontânea que, cada vez mais descolada do real, é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses.

O livre exercício da reflexão permite ao adolescente, inicialmente, ―submeter‖ o mundo real

aos sistemas e teorias que o seu pensamento è capaz de criar. Isto vai-se atenuando de forma

crescente, através da reconciliação do pensamento com a realidade, até ficar claro que a função da

reflexão não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência.

Do ponto de vista de suas relações sociais, também ocorre o processo de caracterizar-se,

inicialmente, por uma fase de interiorização, em que, aparentemente, é anti-social. Ele se afasta da

família, não aceita conselhos dos adultos; mas, na realidade, o alvo de sua reflexão é a sociedade,

sempre analisado como passível de ser reformada e transformada. Posteriormente, atinge o

equilíbrio entre pensamento e realidade, quando compreende a importância da reflexão para a sua

ação sobre o mundo real.

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No aspecto afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do adulto, mas ainda depende

dele. Deseja ser aceito pelos amigos e pelos adultos. O grupo de amigos é um importante referencial para

o jovem, determinando o vocabulário, as vestimentas e outros aspectos de seu comportamento. Começa a

estabelecer sua moral individual, que é referenciada à moral do grupo.

Os interesses do adolescente são diversos e mutáveis, sendo que a estabilidade chega com a

proximidade da idade adulta.

Formação da Personalidade da criança para Freud - (Visão Psicanalítica)

Infância

Período que vai do nascimento à puberdade, é uma fase do desenvolvimento humano contínuo, entre

um organismo biopsíquico e seu meio físico social.

Trata-se de um processo complexo de integração e organização de eventos e experiências

em que componentes físicos, emocionais, intelectuais e sociais acham-se intimamente relacionados.

Primeira infância

No segundo ano de vida, é ainda importante o relacionamento entre a criança e a mãe.

Inicia-se o processo de socialização, pelo qual a criança assimila valores, motivos e

comportamentos do grupo em que vive, tornando-se membro deste grupo: começa o treino do

asseio, alimentação, atitudes sociais.

No processo de socialização, os pais começam a impor restrições em atividades que eram

agradáveis à criança. A relação com a mãe modifica-se diante de exigências para que assuma certa

independência e responsabilidade por seu próprio cuidado.

A forma como esses treinos são conduzidos, afeta o desenvolvimento de seus sentimentos e

percepções em relação a si própria.

Fundamentada nas habilidades conceituais e motoras recém desenvolvidas, a criança

aprende que não é completamente passiva e dependente do ambiente, pois pode provocar mudanças

no mundo que a rodeia, locomover-se e satisfazer algumas motivações sem ajuda dos pais. Assim,

cria-se a base para o sentimento de autoconfiança na sua habilidade em lidar de modo eficiente com

o ambiente. Entretanto, ainda experimenta sentimentos de ansiedade frente a novas situações que

precisa enfrentar sozinha.

Segunda infância

Aparecimento de um superego ou consciência e comportamento defensivo diante de

situações que provocam ansiedade.

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Dá-se nessa fase a descoberta do prazer na área genital. A atenção da criança volta-se para

seu próprio corpo, e ela passa a manipulá-lo. Em certas culturas, isto provoca punições ou ameaças

de punições, dando origem geralmente a ansiedade, sentimentos de culpa na criança. Ela passa a

tomar atitudes, valores e comportamentos culturalmente condizentes com seu sexo e que visam a

conseguir afeição, identificação com progenitor do mesmo sexo e aceitação entre os pais e

companheiros.

Essas razões interferem na aprendizagem dos padrões morais e na aquisição da consciência

moral, mudança importante na vida mental da criança, que passa a inibir ações consideradas más.

Entretanto sua consciência moral ainda é frágil, e a criança embora desejando ser independente,

hesita entre responsabilizar-se pelo que faz ou delegar aos adultos a decisão sobre o certo e o

errado.

Os companheiros da mesma idade, que até os 3 anos não assumem grande importância, vão

se tornando cada vez mais significativos, estabelecem-se assim os laços de amizade.

A interação social torna-se freqüente e complexa, com alguns comportamentos

aparentemente contraditórios, ao lado da agressividade e competição, as crianças são cooperadoras

e amigas.

Terceira infância

Na fase escolar (6 anos), ao lado da ampliação do meio social e do fortalecimento da

consciência, cristalizá-se a identificação com o próprio sexo.

Desenvolvem-se as habilidades escolares e a criança aprende a interagir com os

companheiros. A socialização na escola age como complemento da socialização familiar, pois na

escola a criança sente-se capaz de assumir responsabilidades. Entre os fatores que contribuem para

isso está a ausência da proteção dada por seus pais no lar, a necessidade de auto afirmação entre os

companheiros, e, ainda seu próprio desenvolvimento emocional. Quase todas as suas reações,

contudo, dependem de sua aprendizagem anterior na família, na vizinhança, etc.

No ambiente escolar, onde os níveis de tolerância são sensivelmente menores, os pais e

familiares são substituídos por professores e colegas. Se esse novo grupo possuir valores

coincidentes com os do grupo familiar, as atitudes da criança serão recompensadas e aceitas. No

caso oposto, ela sofrerá sérios problemas de adaptação.

As reações de seu grupo de idade ajudam-na a se definir e exerce grande influência em seu

auto conceito. A rejeição pelo grupo é uma experiência sentida profundamente e que pode ter efeito

em longo prazo na sua auto avaliação como adulto.

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Crises na infância

Existem 3 crises, também chamadas de “crises de afirmação”, pelas quais passa no seu

desenvolvimento, na busca da afirmação de sua personalidade: A crise dos 3 anos, a crise dos 7

anos e a adolescência.

Não se deve esquecer que, quando é citada uma idade, como três anos, quer se dizer por

volta dos três anos, pois cada um tem suas diferenças individuais e “cada criança é uma criança”.

Crises que precedem a crise da adolescência:

A crise dos 3 anos

É caracterizada pelo emprego do “NÃO”, a criança parece ser do contra. É aqui que a

criança se afirma a si mesma. O importante para ela é contrariar a vontade do adulto, a sua própria

vontade.

Nesta fase começa os “porquês”, a criança não entende que dependendo do ambiente, da

circunstância, ou do humor do adulto, é que as proibições vigoram. Para a criança ou é ou não é.

É nesse período que a criança alcança um maior domínio sobre o ambiente em que vive, é

um mundo novo que se abre a sua frente, tudo quer ver e quebrar. Surge também o egocentrismo,

ou seja, a criança se acha o centro de tudo, das atenções, do carinho, etc.

A solução é criar um ambiente próprio para ela, onde possa se expandir, brincar, correr,

pintar, enfim, fazer o que ela quiser mas dentro dos limites.

Deve-se evitar extremos: nem ser intolerante e nem passividade. A posição deve ser correta:

equilíbrio e bom senso.

A criança atravessa aqui uma crise que, em última instância não só é natural como

necessária e salutar. O papel dos pais é compreendê-la e esperar que passe.

Crise dos 7 anos

Estará iniciando um ordenamento lógico do mundo dominada por uma viva imaginação e

pelo mundo da fantasia onde irá procurar refúgio se o ambiente lhe for hostil. Aqui é preciso ter

cuidado ao julgar, condenar e punir a mentira infantil, pois os limites da imaginação e da realidade

não se encontram bem definidos e a criança confunde seus desejos com os fatos.

Podemos ver o crescimento e desenvolvimento emocional, dependem da capacidade da

criança em estabelecer laços afetivos eficazes com pessoas que para Lea tem maior significado. A

capacidade para o carinho e afeto, a habilidade para dominar os estados de ansiedade originados por

frustrações e a facilidade para reprimir os impulsos agressivos, são aspectos da vida emocional com

que cada criança tem que aprender a enfrentar.

A maturação social e cultural são os determinantes mais importantes da maturação

emocional. Os fatores mais preciosos e de importância básica é o relacionamento com os pais.

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Portanto, todo o quadro de crescimento e desenvolvimento constitui um intrínseco padrão de

forças genéticas, nutritivas, traumáticas, sociais e culturais que afetam dinamicamente a criança

desde o momento da concepção até a vida adulta.

Desenvolvimento psicológico infantil

Fase oral

No primeiro ano de vida da criança, Freud destacou a “fase oral” que é entendida por uma

concentração de interesses e necessidades onde a boca é a principal fonte de prazer. Está

intimamente ligado ao processo de alimentação pois, o contato e o calor humano da mãe acompanha

o alimento.

Nesta época, a mãe é a única fonte de satisfação da criança, porque o seio materno, que é

fonte de nutrição faz a sua ligação com o mundo. O seio pode ser substituído por outros objetos

como a chupeta ou o polegar, mas não como função nutritiva, mas como objeto de satisfação.

Neste estágio a criança é totalmente dependente da mãe, que alimenta e protege do

desconforto.

As primeiras experiências sofridas pela criança contribuem para as suas reações futuras.

Fase anal

A fase oral, aos poucos cede lugar a outras atividades como a “fase anal”, que abrange o

segundo e terceiro ano de vida, aqui o prazer que antes era obtido através da boca, é agora

conseguido pela região do ânus, que adquire importância para a formação da personalidade.

Nesta fase a criança começa a aprender a controlar suas fezes e urina, pois se a bexiga ou

intestino estão cheios, a criança deseja esvaziá-los para obter alívio de tensão e prazer.

Para a criança a eliminação das fezes é também a eliminação de forças destrutivas que

estavam dentro dela, como por exemplo, a agressividade.

Ela não deseja guardar para si este material que para ela é precioso, porque os adultos dão

muito valor a evacuação. A criança pode oferecer as fezes como um presente ou um gesto hostil aos

pais.

Na fase oral o bebê vive em constante dependência dos pais, aqui ela recebe pressão para

colaborar e ser responsável, passando de receptor a doador. Os pais pressionam o filho com

exigências e reprovações sendo isto traumático para o desenvolvimento da mentalidade infantil.

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Fase fálica

Estágio do desenvolvimento onde surgem sensações sexuais e de agressividade,

relacionados ao funcionamento dos órgãos genitais.

Esta fase vai dos 3 aos 5/6 anos de idade, aqui a criança já sublimou o interesse pela boca e

pelas excreções. Percebe com mais clareza o mundo que a cerca, e começa a indagar sobre

significados de causas dos fatos. Há um aumento de interesse pelo próprio corpo, principalmente

pelos órgãos genitais, havendo manifestação pela masturbação, pela exibição e pela tendência a um

maior contato físico com o sexo oposto.

O conflito sexual da fase fálica está ligado ao fenômeno conhecido como Complexo de

Édipo, que é o amor do menino pela mãe e ódio pelo pai, mas ao mesmo tempo que o odeia, lhe

quer bem. O mesmo acontece com a menina, que ama o pai e odeia a mãe, mas de forma um pouco

mais complexa pois no início da fase fálica ela estava fortemente ligada a mãe, tanto quanto o

menino e precisa desligar-se emocionalmente da mãe, ou melhor trocá-la pelo pai considerando

assim, a mãe uma rival.

O aparecimento e desenvolvimento do Complexo de Édipo constitui a principal ocorrência

no período fálico, deixando resíduos na personalidade.

Fase de latência

Período que vai de 5 a 10 anos de idade, caracteriza-se por uma aparente interrupção do

desenvolvimento sexual, utilizando a energia psíquica para o fortalecimento do ego, voltando-se

para escola, as amizades, os jogos e outras atividades.

Não havendo passagem satisfatória pelas fases anteriores a criança torna-se irritada,

agressiva, com excesso de curiosidade sexual podendo ter um mau aproveitamento escolar, pavor

noturno, e dificuldade alimentar.

Fase genital

Onde o indivíduo tem satisfação ao estimular e manipular o próprio corpo. É o padrão

equilibrado e maduro da personalidade adulta ajustada e equilibrada.

ADOLESCÊNCIA

É o período que se situa entre a fase de puberdade ou pré-adolescência e a fase adulta. As

mudanças ocorridas afetam o físico, a personalidade e a capacidade mental do indivíduo. Fatores

sociais e culturais podem antecipar encurtar ou prolongar a adolescência. No plano psicológico os

fenômenos observados não são os mesmos para todos os adolescentes, nem para todas as culturas.

A iniciação precoce da criança na vida profissional e a inserção de crianças em tropas

militares são fatores que encurtam o período de adolescência. A dependência econômica dos pais,

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dificuldades de mercado de trabalho e angústia dos pais por perderem a atividade específica de

cuidar dos filhos, são fatores que podem prolongar esse período.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ADOLESCENTE

Fase de turbulência, na qual surgem inúmeros problemas (inquietação).

Nessa fase, há um último impulso de crescimento estatual, havendo o aparecimento de

caracteres sexuais secundários que indicam a maturação sexual.

Surge a curiosidade sexual.

Psicologicamente há influência de efetivamente em todo psiquismo; há o alargamento do

horizonte do pensamento mediante múltiplos interesses; a interiorização da vida mental; a

individualização acelerada do comportamento por acentuação das diferenças segundo os sexos, os

meios e os indivíduos.

O desenvolvimento intelectual se caracteriza por intensa curiosidade e versatilidade de

opiniões assim como pelo gosto às discussões.

O devaneio é uma das formas características do pensamento.

O adolescente mostra autonomia e auto-determinação, mas ao mesmo tempo é muito

sugestionável, muito preso à vida de grupo distanciando-se um pouco dos pais.

Opõe-se ao ambiente escolar e familiar, indo da indocilidade à fuga.

Identifica-se com outros personagens, tomando-os como modelos, assumindo então

diversos papéis na busca de si próprio.

Quer afirmar-se, mas sua personalidade, feita de empréstimos, continua incoordenada,

mal equilibrada e incoerente.

O período da adolescência marcará uma volta ofensiva da maturação orgânica, como fator

explicativo do desenvolvimento.

Essas características explicam pelo menos em partes o caráter de crises do

comportamento do adolescente.

A questão da identidade

QUEM É VOCÊ? Quem sou eu?

Perguntas não tão simples de serem respondidas e que acompanham a história da humanidade.

Na famosa tragédia de Édipo, em dúvida quanto a sua origem, Édipo procura o oráculo para saber

quem ele é – sua identidade – e a resposta é aterradora: Édipo é aquele que dormiria com a própria

mãe e mataria o pai.

O reconhecimento do eu se dá no momento em que consigo me diferenciar do outro. O primeiro

outro é a mãe, de quem o bebê vai se diferenciando. São duas pessoas, e ao mesmo tempo, é o olhar

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da mãe que vai dando a ele o seu valor como pessoa. Por isso, as primeiras relações são tão

importantes na vida de todas as pessoas. A cça vai se identificando com outras pessoas

significativas e vai se apropriando de algumas características, através do processo de identificação,

e vai formando sua identidade: o que sou e quero ser, sendo que o que quero ser (futuro) já constitui

o que sou (presente). É importante, aqui, esclarecer que o conjunto de experiências, ao longo da

vida, permite a cada um montar o seu próprio modelo do que pretende ser como homem ou mulher.

A identidade é um processo de construção permanente, em contínua transformação - desde

antes de nascer até a morte. E neste processo de mudança, o novo - quem sou, agora se consolida

com o velho, quem fui ontem quando era adolescente, criança!.

Contudo, há situações em que esse processo de mudança contínuo ocorre de modo intenso,

confuso e doloroso e, muitas vezes, angustiante e doloroso. Falamos, então, em crise de identidade.

São momentos em que a pessoa procura redefinir ou ratificar seu modo de ser e estar no mundo, sua

identidade. Um exemplo dessa crise é a adolescência, grandes mudanças ocorrem em todos os

níveis: o corpo transforma-se, o funcionamento bioquímico altera-se, a capacidade intelectual

realiza-se com maior flexibilidade – a capacidade de pensar sobre o pensamento – os interesses

mudam; o mundo não se restringe ao universo familiar e escolar, e os grupos de pertencimento

passam a ter outras expectativas de conduta sobre o adolescente, como a autonomia, o saber cuidar

de si, enfim, ocorre uma revolução! E como dar conta de tudo isso que ocorre dentro e fora de mim?

Não sou mais criança, não quero ser e, ao mesmo tempo, gosto de deitar no colo da minha mãe.

Posso ou não posso? Não quero desagradar meu pai e tenho uma curiosidade enorme de fumar

maconha, no que sou incentivado pelos meus amigos. Como dou conta disso? Sou a única garota da

minha turma que ainda não transou, tenho medo da AIDS, meu namorado vive me pressionando

para dormirmos juntos e eu também morro de tesão e... de medo! Fui preparado, mesmo antes de

nascer, para ser sétima geração de advogados da minha família, que já teve um ministro da justiça e,

neste momento, o que mais quero é estudar música, ser músico. Como enfrentar a família inteira

com o meu desejo?

O período da adolescência é marcado por diversos fatores, mas sem dúvida, o mais

importante é a tomada de consciência de um novo espaço no mundo, a entrada em uma nova

realidade que produz confusão de conceitos e perda de certas referências. O encontro dos iguais no

mundo dos diferentes é o que caracteriza a formação dos grupos de adolescentes, que se tornarão

lugar de livre expressão e de reestruturação da personalidade, ainda que fique por algum tempo

sendo coletiva. Essa busca do “eu” nos outros na tentativa de obter uma identidade para seu ego é o

que o psicanalista Erik Erikson chamou de “crise da identidade”, o que acarreta angústias,

passividade ou revolta, dificuldades de relacionamento inter e intrapessoal, além de conflitos de

valores.

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Para Erikson, o senso de identidade é desenvolvido durante todo o ciclo vital, onde

cada indivíduo passa por uma série de períodos desenvolvimentais distintos, havendo tarefas

específicas para se enfrentar. A tarefa central de cada período é o desenvolvimento de uma

qualidade específica do ego. Para esse autor, dos 13 aos 18 anos a qualidade de ego a ser

desenvolvida é a identidade, sendo a principal tarefa adaptar o sentido do “eu” às mudanças

físicas da puberdade, além de desenvolver uma identidade sexual madura, buscar novos valores

e fazer uma escolha ocupacional.

Segundo ele, em termos psicológicos, a formação da identidade emprega um processo

de reflexão e observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os níveis do

funcionamento mental, pelo qual o indivíduo se julga a si próprio à luz daquilo que percebe ser

a maneira como os outros o julgam, em comparação com eles próprios e com uma tipologia que

é significativa para eles; enquanto que ele julga a maneira como eles o julgam, à luz do modo

como se percebe a si próprio em comparação com os demais e com os tipos que se tornaram

importantes para ele.

Portanto, a construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma

interativa, através de trocas entre o indivíduo e o meio em que está inserido. Esse autor enfatiza,

ainda, que a identidade não deve ser vista como algo estático e imutável, como se fosse uma

armadura para a personalidade, mas como algo em constante desenvolvimento (metamorfose).

Estigma

Devemos nos lembrar também do estigma, que se refere às marcas - atributos sociais que

um individuo, grupo ou povo carregam e cujo valor pode ser negativo ou pejorativo.

O estigma revela que a sociedade tem dificuldade de lidar com o diferente.

Nesse sentido, é importante prestar atenção a situações semelhantes ao processo de

estigmatização que pode permear a vida cotidiana. Ex: na escola a professora que reiteradas vezes

afirma que determinado aluno “tem dificuldades”, é “burro”, cabeça dura”, “difícil de aprender”,

sem dúvida poderá ser uma experiência marcante para ele, que, se internalizar tais comentários,

passara a ver a si próprio da forma como a professora o vê e diz ser, e este aluno, que não tem

dificuldades, poderá realizar a profecia de fracasso pregada por ela. A mesma coisa pode acontecer

em casa, ou com o policial militar que muitas vezes chamam as crianças carentes de “FEBEM” ou

trata o menor infrator com excessivo rigor.

Todo ser humano necessita de regras e limites. Quando os pais, a família não impõe estes

limites aos filhos, a sociedade tem que impor. Muitas vezes, quando ele está testando e o desafiando

a colocar-lhe limites. Na verdade ele está desafiando a figura de autoridade e testando para ver se

esta é tão permissiva e ausente como o modelo que lhe foi passado.

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Cabe ao policial militar saber o momento certo de impor sua autoridade, não de maneira

autoritária o que não é muito fácil. O sentimento de impunidade conduz o menor a desafiar o

policial militar. Porém, ele está desafiando a figura de autoridade, como se fosse o pai ou a própria

sociedade. Muitas vezes ele está “implorando” para que o policial aja de uma maneira mais firme e

lhe imponham o limite que não foi imposto pelo próprio pai. Utiliza o ataque como forma de defesa,

ou seja, utiliza defesas psicológicas para proteger-se de frustrações e sofrimentos presentes e

passados.

Os primeiros grupos sociais: A Família e a Escola como grupo social.

A partir dos dois anos a criança adquire a linguagem e essa é a condição básica para que entre

no mundo, aproprie-se dele – do que significam as coisas, os objetos, as situações e nele interfira. A

linguagem é uma ferramenta necessária e imprescindível para a troca de comunicação com o mundo

e, também para a relação consigo mesma. Através da linguagem a criança nomeia seus afetos,

dando sentido ao que ocorre dentro de si. A família, como primeiro grupo de pertencimento do

individuo é o espaço em que esse aprendizado ocorre, embora possa ocorrer também em qualquer

grupo humano do qual participe em seus primeiros anos de vida.

Considerações sobre a família: suas transformações no decorrer do tempo.

Irmãos uma relação de amor, rivalidade, cuidado, hostilidade. Uma relação rica, cheia de

ambivalência, com desvantagens: dividir o amor dos pais, a atenção deles, o quarto, as roupas e

muitas vantagens: a possibilidade de companheirismo, de solidariedade, de cumplicidade e

principalmente de vivenciar no cotidiano, a aprendizagem das relações sociais com iguais, algo

extremamente facilitador como treino de participação social nos mais diferentes grupos humanos.

Não há possibilidade de sobrevivência física e psíquica no desamor. As doenças mentais e mesmos

as físicas, em crianças pequenas, denunciam a fragilidade de vínculos familiares, a dificuldade dos

adultos dos adultos em criar um ambiente estável e seguro, isto é amoroso a negligência e os maus

tratos.

A família como lugar de proteção é as vezes um mito, muitas crianças e adolescentes sofrem ali

suas primeiras experiências de violências: a negligências, os maus tratos, a violência psicológica, a

agressão física, o abuso sexual. (pesquisas demonstram que a principal vitima de agressão física é o

menino e de abuso sexual é a menina. O pai biológico constitui-se o principal agressor.

O direito de ter uma família e a importância dela para a criança estão colocados no artigo 6 da

Declaração dos Direitos da criança. Garante direitos iguais ao filhos próprios da relação do

casamento e adotivos.

A Escola

A escola apresenta-se hoje, como uma das mais importantes instituições sociais por fazer,

assim como outras, a mediação entre o indivíduo e a sociedade. Ao transmitir a cultura e, com ela,

modelos sociais “humanize-se”, cultive-se, socialize-se ou, numa palavra, eduque-se. A criança vai

deixando de imitar os comportamentos adultos, aos poucos apropria-se dos modelos transmitidos

pela escola, aumentando sua autonomia e seu pertencimento ao grupo social.

Educar já significou e ainda significa em algumas regiões do terceiro mundo, apenas viver a vida

cotidiana, a criança aprendia a “fazer igual”. A partir da Idade Média a educação tornou-se produto

da escola. Pessoas especializaram-se na tarefa de transmitir o saber e passou a existir um espaço

delimitado para isso, a escola era reservada às elites.

Hoje a escola possui a característica de uma instituição da sociedade, trabalhando a serviço da

sociedade e por ela sustentada a fim de responder a necessidades sociais e, para isso, a escola

precisa exercer funções especializadas. A escola estabelece, assim, uma mediação entre a cça e a

sociedade que é técnica (enquanto aprendizado das técnicas de base, como leitura, a escrita, o

cálculo, as técnicas corporais e musicais etc) e social ( enquanto aprendizado de valores, de ideais e

modelos de comportamento).

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A Violência Humana

Em nossa sociedade, existe uma grande e significativa tendência para a violência.

Quando falamos em violência, estamos nos referindo àquele comportamento existente entre

homens que envolve formas de agressão premeditada, e por vezes mortal, de um indivíduo ou

grupo.

Definida dessa maneira, essa violência só pode ser encontrada em seres humanos.

Existe a agressão animal que basicamente envolve disputa pelo domínio de um território, de

um grupo com suas fêmeas, ou pela posse de alimentos. Esses animais se enfrentam durante certo

tempo, até que o primeiro dê mostras de rendição abaixando a cabeça diante do outro, sinalizando

que foi vencido. Depois de derrotado não encara o oponente e foge. Esse tipo de violência (disputa)

desenvolve-se de forma natural e instintiva, expressando algumas características dos conflitos do

reino animal. Geralmente esse tipo de agressão são ausentes de ferimentos mortais, ou seja, não

utilizam de armas e nem colocam em risco a vida dos oponentes, encerrando-se as agressões aos

primeiros sinais de rendição de um dos rivais. Por outro lado, é bastante diferente a violência entre

seres humanos, que não é instintiva, mas premeditada e muitas vezes mortal.

A origem da violência humana tem sido estudada por muitos sociólogos e historiadores.

Para estudiosos, entre eles, Hobbes, Rosseau, Marx e Engels, a origem dos conflitos e da violência

remonta organizações humanas mais primitivas.

Fatores que contribuem para a violência:

Alguns criminologistas e psiquiatras admitem que a representação em longa escala de violência em

meios populares de comunicação não deixam de ter efeito na juventude impressionável do país. Essas

apresentações criminosas e violentas, podem na realidade, dar aos indivíduos informações a respeito de meios

inteligentes ou eficientes para tentar vários crimes.

Além dos efeitos de ―excitação‖ ou imitação, é possível que a exposição freqüente a atos de

violência, imaginários ou reais levados através dos Meios Populares de Comunicação (cinema ou

televisão) possa criar uma prontidão psicológica mais difusa para participar de comportamentos

agressivos.

Outros fatores tem contribuído sobremaneira o aumento da violência, por exemplo, o

desemprego, problemas na educação, desigualdade social, principalmente como já dissemos

anteriormente, os meios de comunicação que exploram a violência como meio lucrativo exibindo

programas que abordam agressividade em qualquer horário.

Enfoque psicológico da violência e suas modalidades

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Jurandir Freire Costa, afirma que podemos entender como violência aquela situação em que o

indivíduo “foi submetido a uma coerção e a um desprazer absolutamente desnecessários ao

crescimento, desenvolvimento e manutenção de seu bem-estar, enquanto ser psíquico”. Isso

significa que é necessário deixar de considerar como violência exclusivamente a prática de delitos,

a criminalidade; ex: a violência no interior da família, na escola, no trabalho, da policia, das ruas, do

atendimento precário à saúde etc.

A violência e suas modalidades

Nos tempos modernos, a violência invadiu todas as áreas da vida de relação do individuo, é como se

vivêssemos um momento de nossa civilização em que a cultura não dá mais conta de canalizar a

agressividade, que todos possuímos, em produções socialmente construtivas, é como se essa energia

não encontrasse canais, formas de expressar-se dentro dos limites da lei, das regras. A violência

crescente e, aparentemente, descontrolada, mobiliza em todos nós a agressividade enquanto

destrutividade: a destruição do outro e de nós próprios.

A Violência na Família.

No interior da família, lugar mitificado em sua função de cuidado e proteção, existem muitas outras

formas de violência, além da física e sexual, ou seja, há o abandono, a negligência, a violência

psicológica, isto é, condições que comprometem o desenvolvimento saudável da criança e do

jovem. A primeira violência seria a negação do afeto para a criança, que depende disso para sua

sobrevivência psíquica, assim como depende de cuidados e de alimentação para sua sobrevivência

física.

A violência na Escola.

A escola para as camadas médias da população, pretende ser a continuidade do processo de

socialização, iniciado na família. Nesse sentido, os valores, expectativas e práticas que envolvem o

processo educativo são semelhantes.

Poderíamos dizer que a violência manifesta-se de modo mais sutil na relação das crianças e dos

jovens com os conteúdos a serem aprendidos, que podem não ter significados para sua vida; na

relação com professores, que se caracteriza por práticas autoritárias e sem espaço para o diálogo,

para a crítica; na relação com práticas disciplinares que buscam a sujeição do educando, a

submissão, a docilidade, a obediência, o conformismo. Na verdade, a maior violência exercida pela

escola é quando ela usa de seu poder sobre as crianças e os jovens para impedi-los de pensar, de

expressar suas capacidades e os leva a se tornarem meros reprodutores de conhecimentos.

Outros tipos de violências nas escolas são: uso de armas por alunos, agressões (físicas ou verbais)

aos professores por parte dos pais, dos responsáveis ou dos alunos, brigas internas entre os alunos,

tráfico e consumo de drogas, etc.

Vale destacar que a violência exercida seletivamente sobre as crianças e os jovens das

camadas populares, não apresentam o desempenho esperado pela escola, (em função de trabalho

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precoce), e essas crianças são percebidas como incapazes, são transferidos para “classes especiais”

e na quase totalidade dos casos, são levados a se expulsarem da escola. Essa experiência de fracasso

escolar é muito importante na construção de sua identidade. A incapacidade que lhes é atribuída

passa a ser internalizada e eles se sentem incapazes.

A violência na rua

Certa vez uma senhora de 60 anos disse: antes, se eu encontrasse uma criança na rua,

passava a mão na cabeça dela. Hoje se eu encontro tenho medo dela. Essa mudança demonstra que

o outro (a criança, o jovem e o adulto) é sempre percebido como um agressor em potencial, um

agente de violência. Isso leva a um clima de insegurança que perpassa por toda a população, a qual

passa a pedir mais segurança, maior proteção policial, um aparelho repressivo mais eficiente, que

estabeleça, novamente, o clima de segurança entre os cidadãos. Essas solicitações acabam por ter,

como conseqüências, a transformação da própria população em vítima da repressão policial.

A violência e as drogas

O uso de drogas deve ser entendido como um processo de autodestruição do indivíduo. A

droga vem para preencher um vazio que, de outra forma, a realidade social não preenche.

A droga deve ser entendida em seu amplo espectro, desde aquelas socialmente permitidas,

como o tabaco e o álcool, até aquelas não permitidas, como a maconha, a heroína, a cocaína e

mesmo os psicofármacos. Todas elas podem criar um processo de dependência física e psíquica, de

acordo com a intensidade e freqüência do uso, a constituição biológica do organismo, a constituição

psíquica, as condições sociais de uso (o incentivo e a valorização pelo grupo, por ex.) e as próprias

características químicas da droga.

Na análise da droga dicção (dependência de drogas), é apontada a importância da vida

familiar e da satisfação das necessidades afetivas do indivíduo como a principal forma de se evitar o

consumo de drogas. Os buracos afetivos, a insegurança, a não-comunicação com o mundo dos

adultos são os principais responsáveis pelo engajamento do jovem nesse projeto de destruição de si

próprio, com a ilusão de que está destruindo valores fundamentais da sociedade.

Violência e Criminalidade

Vamos distinguir três aspectos ou conceitos ligados a esta questão: transgressão, infração e

delinqüência.

O Transgressor

O homem vive em grupos sociais. Em todos os grupos existem normas e regras que regulam

a relação das pessoas no seu interior e, conseqüentemente, todas as pessoas, alguma vez,

transgridem essas normas. Ex: Chegar atrasado para entrar em forma, deixar de avisar o destino ao

chefe de turma, não apresentar o pelotão corretamente na função de chefe de turma.

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Sempre que ocorre uma transgressão, existe uma conseqüência para o transgressor. Uma

advertência, uma anotação, um LC. Quando o indivíduo transgride uma norma, não significa que

ele se caracterize como infrator ou delinqüente.

O Infrator

É aquele que transgrediu alguma lei tipificada no código penal ou no sistema de leis de uma

determinada sociedade. O infrator é aquele que cometeu um ato – a infração – e será punido por

isso, isto é, terá uma pena também uma pena prevista em lei e aplicada pelo juiz ou seu

representante.

Essa pena pode assumir a forma de multa, ressarcimento de prejuízo, cassação de direitos (ex.

CNH) ou uma pena de reclusão, dependendo da gravidade do delito cometido. Para determinar a

pena, é julgado o ato e suas circunstâncias.

Muitos de nós, também, podemos já ter cometido infrações. Por ex. estacionar o carro em local

proibido, avançar um sinal vermelho. E nem por isso estivemos envolvidos com a policia, com o

poder judiciário ou fomos tachados de delinqüentes. A origem social pode proteger ou não o

individuo que comete uma infração.

Vejamos a seguinte situação: no supermercado, duas crianças da mesma idade pegam um

chocolate, abrem-no e comem. Uma delas está suja e maltrapilha; a outra está bem vestida e

acompanhada da mãe. A fome da primeira é maior. O vigilante do supermercado chega perto dela,

coloca-a para fora aos safanões e ameaça manda-la para a Vara da Infância e Juventude ou lhe dar

uma surra, da próxima vez. A criança que está com a mãe termina de comer, e a mãe se não

esquecer poderá pagar quando passar pelo caixa.

Nesse caso, não existe um envolvimento direto com o poder judiciário, mas vemos que

mesmo as “pequenas policias”, no caso o vigilante do supermercado, também já internalizaram esse

modo de tratar e de aplicar diferentemente a norma, dependendo de quem é a criança. Para o

vigilante e para a criança pobre, ficará tipificado que ela roubou que ela é ladra. Podemos imaginar

que todas as pessoas que presenciaram a cena pensam que esse é o estilo de vida dessa criança, que

ela é delinqüente, sinônimo de trombadinha, pivete, ladrazinha.

O Delinqüente

A delinqüência é uma identidade atribuída e internalizada pelo indivíduo a partir da prática de um

ou vários delitos (crimes).

As causas que levam menores a cometerem atos delinqüentes, têm que as combinações de fatores

externos e internos sempre se encontram presentes quando os mesmos ocorrem.

Dentre vários fatores internos passíveis de influenciar na ocorrência de atos delinqüentes, podemos

mencionar as anomalias orgânicas ou funcionais, constitucionais ou adquiridas: os distúrbios

mentais; a estrutura somática e o temperamento; as perturbações intelectuais ou de caráter; etc. Já o

acesso ao trabalho numa idade precoce e sem que haja uma orientação adequada; a pobreza; a

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insuficiência escolar; o uso desordenado e nocivo do tempo livre do qual o indivíduo dispõe, no

caso do menor, constituem entre outros fatores externos ligados à delinqüência em termos de

causas.

Nenhuma criança, porém, é delinqüente por influência apenas de fatores internos, ela pode

apresentar somente algum distúrbio mental, por exemplo, nem tão pouco exibirá uma conduta anti-

social somente como reação a estímulos do meio. Na realidade a delinqüência decorre da

combinação desses fatores, internos e externos.

Assim se observarmos um menor delinqüente, notaremos que a delinqüência nunca é uma

decorrência exclusiva de fatores externos, mas que existe sempre um certo grau de deformação da

personalidade, que o reduz o domínio interno do indivíduo, fazendo com que sua hostilidade e

contra agressão se convertam em atos delinqüentes.

Sabe-se que a maioria dos delinqüentes provém de famílias economicamente privadas de tudo,

vivendo em núcleos decrépitos que geralmente encontram-se ligados ao centro de uma cidade

grande, mas os fatores sócios econômicos não representam os únicos antecedentes expressivos da

delinqüência.

Os delinqüentes em especial são vulneráveis a ação patogênica dos fatores sociais e familiares. A

intranqüilidade pessoal e os conflitos psicológicos resultantes de relações familiares desajustadas,

também pesam bastante na origem da delinqüência.

Estudos feitos demonstram que mais de 90% dos delinqüentes, porém pouco dos não delinqüentes,

encontravam-se extremamente insatisfeitos no lar e perturbados por experiências desagradáveis com

a família. A rejeição no ambiente familiar, o desamparo, a insegurança, o ciúme para com os

irmãos, a preocupação com os problemas da família e com a má conduta paterna ou o sentimento de

violação de suas necessidades de independência a livre expressão marcavam as experiências da

maioria desses indivíduos.

Viu-se também que, em sua maioria, os pais de delinqüentes no que diz respeito à imposição de

disciplina a seus filhos, oscilam de uma forma incoerente entre o rigor excessivo e uma tolerância

demasiada, usando a punição física e o ridículo como métodos disciplinares mais freqüentes,

deixando de lado os conselhos e exemplos que poderia dar. Estes pais agem para com os filhos, não

com carinho e afeto, mas com um grau de hostilidade e indiferença maior do que os demais. Desta

forma, as relações de ambos ficam prejudicadas, sendo que os seus filhos não tendo como se

identificar com a imagem de seus pais, encontram uma predisposição maior a delinqüência.

Como podemos notar uma criança criada com carinho pelos pais, vivendo num ambiente familiar

sadio, não se transformará subitamente em um delinqüente. Pois a delinqüência não se faz presente

a menos que haja um fator desencadeante.

O delito tem dupla face: fala do social e do psicológico.

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COMO DOMAR A AGRESSIVIDADE INFANTIL

Há um exercício de crueldade que é próprio da infância: o prazer de algumas crianças ao

torturar pequenos insetos, como se exercessem sobre eles certo poder de modo sádico; a brincadeira

de xingar e rir do coleginha gordo, chamando-o de baleia; a sinceridade desconcertante com que

dizem que a senhora de cabelos brancos está velha e vai morrer. Para o psicanalista Alfredo

Jerusalinsky, a criança age dessa forma porque assim inverte a situação de passividade diante das

arbitrariedades dos adultos. ''Essas pequenas transgressões lhe permitem virar do avesso o modo

como está colocada no mundo. A agressividade é parte da sua elaboração simbólica da vida. ''

Mas é possível chamar isso de maldade infantil? Não. Sigmund Freud, em A interpretação

dos sonhos (Editora Imago), diz que as crianças são, na verdade, grandes egoístas. ''Elas sentem

suas necessidades intensamente e lutam para satisfazê-las - especialmente contra outras crianças e,

acima de tudo, contra seus irmãos e irmãs. Mas nem por isso chamamos uma criança de má:

dizemos que ela é levada. E é certo que seja assim, pois podemos esperar que, antes do fim do

período que consideramos como infância, os impulsos altruístas e a moralidade despertem no

pequenino egoísta, e um ego secundário se superponha ao primário e o iniba'', escreveu Freud.

As crianças são perspicazes, sabem reconhecer exatamente o ponto fraco das pessoas.

Inverter essa situação colocá-la no lugar do outro, é a melhor forma de começar a educá-la. ''A

capacidade de se penalizar com as dores alheias é um sentimento que se adquire com o tempo. A

criança não tem um código de ética, não sabe o que é ser solidária. Quem ensina isso são os pais'',

diz a educadora Tania Zagury, autora de livros como Limites sem trauma, da editora Record.

Saber impor limites também é fundamental para domar a agressividade infantil. ''A falta

deles provoca na criança a sensação de abandono e a ilusão de que pode fazer e ter o que quiser'',

diz o pediatra Jaime Castilho Ribeiro Filho. Os pais, muitas vezes, tendem a querer livrar seus

filhos de toda forma de pressão e terminam por deixar que façam tudo o que têm vontade. O efeito

disso, em longo prazo, é justamente o inverso daquilo que eles esperavam: as crianças se tornam

cada vez mais agressivas. Especialistas dizem que a agressividade manifestada em idade pré-escolar

pode evoluir de forma negativa na adolescência se for tratada com permissividade pelos pais.

(C.M.)

A relação do Policial Militar com o menor infrator ou usuário de substância entorpecente

Vamos distinguir três aspectos ou conceitos ligados a esta questão: transgressão, infração e

delinqüência.

O transgressor

O homem vive em gps sociais. Em todos os gps existem normas e regras que regulam a

relação das pessoas no seu interior e, conseqüentemente, todas as pessoas, alguma vez, transgridem

essas normas. EX.: Chegar atrasado para entrar em forma, deixar de avisar o destino ao chefe de

turma, não apresentar o pelotão corretamente na função de chefe de turma.

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Sempre que ocorre uma transgressão, existe uma conseqüência para o transgressor. Uma

advertência, uma anotação, um LC. Quando o indivíduo transgride uma norma, não significa que

ele se caracterize como infrator ou delinqüente.

SE A CRIANÇA

se a criança vive com críticas,

ela aprende a condenar.

se a criança vive com hostilidade,

ela aprende a agredir.

se a criança vive com zombarias,

ela aprende a ser tímida.

se a criança vive com humilhações,

ela aprende a se sentir culpada.

se a criança vive com tolerância,

ela aprende a ser paciente.

se a criança vive com incentivo,

ela aprende a ser confiante.

se a criança vive com retidão,

ela aprende a ser justa.

se a criança vive com elogios,

ela aprende a apreciar.

se a criança vive com aprovação,

ela aprende a gostar de si mesma.

Devemos nos lembrar também dos estigmas, que são atributos sociais que um individuo,

grupo ou povo carregam, cujo valor pode ser negativo ou pejorativo. Nesse sentido, é importante

prestar atenção a situações semelhantes ao processo de estigmatização que pode permear a vida

cotidiana. Ex.: Na escola a professora que reiteradas vezes afirma que determinado aluno “tem

dificuldades”, é “burro, “cabeça dura”, “difícil de aprender”, sem dúvida poderá proporcionar a este

menor uma experiência marcante para ele, que, se internalizar tais comentários, passara a ver a si

próprio da forma como a professora o vê e diz ser, e este aluno, que não tem dificuldades, poderá

realizar a profecia de fracasso pregada por ela. A mesma coisa pode acontecer em casa, ou com o

policial militar que muitas vezes chamam as crianças carentes de “FEBEM” ou trata o menor

infrator com excessivo rigor.

Todo ser humano necessita de regras e limites. Quando os pais, a família não impõe estes

limites aos filhos, a sociedade tem que impor. Muitas vezes, quando ele está testando e o desafiando

a colocar-lhe limites. Na verdade ele está desafiando a figura de autoridade e testando para ver se

esta é tão permissiva e ausente como o modelo que lhe foi passado.

Cabe ao policial militar saber o momento certo de impor sua autoridade, não de maneira

autoritária o que não é muito fácil. O sentimento de impunidade conduz o menor a desafiar o

policial militar. Porém, ele está desafiando a figura de autoridade, como se fosse o pai ou a própria

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sociedade. Muitas vezes ele está “implorando” para que o policial aja de uma maneira mais firme e

lhe imponham o limite que não foi imposto pelo próprio pai. Utiliza o ataque como forma de defesa,

ou seja, utiliza defesas psicológicas para proteger-se de frustrações e sofrimentos presentes e

passados.

Antropologia cultural e adolescência

Em algumas culturas, principalmente de povos primitivos as normas da sociedade permitem

que o adolescente, ao atingir a puberdade já encontre mais ou menos estabelecidos os padrões de

comportamento que deve ter, e o lugar que deve ocupar no grupo a que pertence.

Estando seu papel definido pelos valores grupais, torna-se fácil a tarefa de definir-se

profissionalmente, ligar-se ao sexo oposto e ter uma noção adequada da própria identidade.

Em certos povos, tudo isto é praticamente conseguido de uma só vez após uma série de tarefas

impostas ao jovem adolescente, nos chamados “rituais de iniciação”.

Adolescente de Samoa

A arte da tatuagem é amplamente difundida em toda a Polinésia, mas é na ilha de Samoa, na

Oceania, que essa prática permanece mais forte, apesar da repressão dos missionários no período de

colonização. Lá, a tatuagem é reconhecida como um rito de passagem necessário para os membros

adolescentes, quem após terem sido tatuados, passam a ser aceitos como membros dos aumaga

(associação dos homens jovens) e também passam a ter o direito de servir aos matai (os chefes).

Ser tatuado é uma experiência dolorosa e extenuante: uma ferramenta similar a um pente é

embebida em pigmento e repetidamente martelada sobre a pele. Segundo Thomas, é “um rito de

iniciação, representa respeito aos antepassados, maturidade, conhecimento e poder para os jovens”.

A tatuagem é um trabalho de beleza, que fala da força interior e da capacidade de recuperação. É

vista como um tesouro, um degrau para a masculinidade, que dá ao tatuado poder e respeito.

Rituais de iniciação e o conflito de geração

Segundo Fontana, “nas sociedades tribais, rituais de iniciação eram usados para marcar a

passagem do rapaz adolescente à maturidade. Em geral envolviam a aplicação deliberada de dor

(como a circuncisão) ou a tatuagem, testes de força e resistência ou um longo período de jejum, de

modo a dar uma dimensão física à invocação simbólica de morte e renascimento. Similarmente,

uma jovem passaria à maturidade por meio de ritos de fertilidade envolvendo movimentos e dança,

ou através de espancamentos simbólicos que representavam sua passividade e submissão às

demandas físicas de ser mulher (menstruação, gravidez e cuidados com as crianças). Esses ritos de

passagem envolvem uma ruptura irrevogável com o mundo da infância, durante o qual, segundo

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Jung, os arquétipos dos pais são feridos (por meio de uma morte simbólica) e o ego é consolidado

com o grupo maior da comunidade (em geral representado por um totem – um animal que incorpora

a união tribal)”.

O grupo social

O adolescente fora e dentro da escola:

A família, a escola, as instituições em geral, que procuram formar o jovem, buscam ao

mesmo tempo controlá-lo, para que o jovem de hoje seja o adulto comportado de amanhã. Mas o

jovem é o que tem a vida pela frente, ele tem direito ao sonho, à utopia. Como diria o Raul Seixas:

“um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só mas um sonho que se senha junto é

realidade”.

Os jovens parecem perceber essa sua força. Em alguns momentos eles resolvem sonhar

juntos, e a utopia acaba em transformação social. Em outros, sucumbem à ordem social vigente que

não suporta o seu ideal transgressivo.

Para garantir esse ideal transgressivo, o jovem organiza-se em grupos, como as gangues, os

grupos punks, os grupos de motoqueiros etc., buscam uma subcultura e uma identidade própria.

Como exemplo tem o movimento músico-cultural chamado rap. As letras dos rappers têm

sempre um conteúdo de crítica a circunstancia de exclusão e opressão vivida por esses jovens

moradores de periferia, e com a grupalização, eles não somente irradiam essa crítica com suas

musicas, como discutem formas de defesa contra a exclusão social.

Por outro lado essa organização pode ter um caráter discriminatório, como ocorre com as

gangues do tipo skin-heads.

O adolescente apresenta certa labilidade, em alguns momentos não acredita em nada a ao ser

nele mesmo e, em outros, torna-se presa fácil dos apelos consumistas dos meios de comunicação de

massa.

E nesse mercado consumista encontramos as drogas, da mesma forma que existe o

marketing do cigarro, do refrigerante, do tênis etc., existe o marketing da droga, que também utiliza

as mesmas técnicas de persuasão como fatores de alienação, só que feito na clandestinidade. Assim

como as drogas legalizadas passam a representar símbolos de auto-afirmação na adolescência ex.: o

cigarro e a bebida – a droga ilegal também ocupa seu espaço nesse circuito. E como consumidor,

ele enfrentará o inevitável problema de saúde gerado pelo uso freqüente de um produto que poderá

levá-lo à morte, além da dependência física e psíquica. A droga é um produto que fornece um

prazer imediato e é esse prazer que irá garantir o consumo. O principal fator da cura é a “vontade”

de abandonar o vicio.

Aspectos comportamentais - Implicações no policiamento escolar

Dentro da escola, em grupo, existe muitas vezes o sentimento de impunidade. Frente ao ECA o

adolescente tem a necessidade de ser aceito e admirado pelo grupo, quer aparecer, ser o centro das

atenções e muitas vezes desafia ou até menospreza o policial militar como prova para o grupo.

Os problemas de ordem familiar, política, estrutural, social e econômica, contribuem para que a

escola passe a ser vista como um local de lazer e não como um ambiente sócio cultural (de

trabalho).

PSE – Programa de Segurança Escolar

Criado em 15 de janeiro de 1997, através do decreto 41542 com a missão de oferecer

segurança aos alunos e funcionários da escola, além de inibir práticas criminosas como o tráfico de

drogas e outros ilícitos penais.

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Inicialmente era responsabilidade do BPFem (extinto Batalhão de Policiamento Feminino),

atualmente realizado pelo batalhão de área onde encontra-se situada a escola.

Inicialmente apenas as escolas que apresentavam maior índice de ocorrências, atualmente

todas as escolas públicas estaduais, escolas municipais estão abrangidas pela GCM e sua legislação

própria.

Ocorrências mais comuns: invasões, ameaças, brigas (agressões), furtos e roubos

Ilícitos a serem observados e corrigidos: porte ilegal de armas, uso e tráfico de entorpecentes,

depredações, furtos e roubos, danos, agressões e perturbação do trabalho (funcionários da escola).

Ilícito praticado pelo estudante: conduzir inicialmente à direção da escola, solicitar apoio se

necessário, tomar as providências cabíveis como: elaborar BO, Parte etc.

Comportamento do Policial Militar:

Cumprimentar o diretor da escola e demais funcionários;

Ser cordial no trato com alunos, professores e demais funcionários da escola;

Portar-se com seriedade e profissionalismo;

Não ser autoritário;

Lembrar-se que é autoridade ali presente e;

Lembrar-se que também faz parte do processo de formação dos alunos, sendo exemplo de

comportamento a ser seguido.

Não é sua função na escola:

Subordinação ao diretor (a);

Resolver problemas disciplinares e;

Socorrer alunos acidentados.

O adolescente carente e o infrator - Semelhanças e diferenças comportamentais

As causas que levam menores a cometerem atos delinqüentes, têm que as combinações de

fatores externos e internos sempre se encontram presentes quando os mesmos ocorrem.

Dentre vários fatores internos passiveis de influenciar a ocorrência de atos delinqüentes,

podemos mencionar as anomalias orgânicas ou funcionais, constitucionais ou adquiridas: os

distúrbios mentais; a estrutura somática e o temperamento. Já o acesso ao trabalho numa idade

precoce e sem que haja uma orientação adequada; a pobreza, a insuficiência escola, o uso nocivo do

tempo livre do qual o individuo dispõe, no caso do menor, constituem fatores externos ligados à

delinqüência em termos de causa.

Nenhuma criança, porém, é delinqüente por influencia apenas de fatores internos, por

apresentar somente algum distúrbio mental, por exemplo, nem tão pouco exibirá uma conduta anti-

social somente como reação a estímulos do meio, Na realidade a delinqüência decorre da

combinação desses fatores internos e externos.

Sabe-se que a maio0ria dos delinqüentes provem de família economicamente privadas de

tudo, vivendo em núcleos decrépitos que geralmente encontram-se ligados ao centro de uma cidade

grande, mas os fatores sócios econômicos não representam os únicos antecedentes expressivos da

delinqüência.

Os delinqüentes em especial são vulneráveis a ação patogênica dos fatores sociais e

familiares. A intranqüilidade pessoal e os conflitos psicológicos resultantes de relações familiares

desajustadas, também pesam bastante na origem da delinqüência.

Os pais de delinqüentes no que diz respeito a imposi9ção de disciplina a seus filhos oscilam

de uma forma incoerente entre o rigor excessivo e uma tolerância demasiada, usando a punição

física e o ridículo como métodos disciplinares mais freqüentes, deixando de lado os conselhos e

exemplos que poderia dar. Estes pais agem para com os filhos, não com carinho e afeto, mas com

um grau de hostilidade e indiferença maior do que os demais. Desta forma, as relações de ambos

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ficam prejudicadas, sendo que os seus filhos não tendo como se identificar com a imagem de seus

pais, encontram uma predisposição maior a delinqüência.

Como podemos notar, uma criança criada com carinho pelos pais, vivendo num ambiente familiar

sadio, não se transformará subitamente em um delinqüente. Pois a delinqüência não se faz presente

a menos que haja um fator desencadeante.

Ambos são carentes, um de bens materiais e o outro de afeto, como já vimos anteriormente a

delinqüência, ou seja, o adolescente infrator se desencadeia da combinação de fatores internos e

externos.

Além disso, existe a questão da identificação (deverá existir um “adulto bom” que sirva de

modelo de identificação, caso a criança não seja criada pelos pais).

Tanto o adolescente carente como a adolescente infrator estão em busca de sua própria

identidade, e tomam papéis do seu dia-a-dia como empréstimos a fim de estruturam sua própria

identidade, no entanto motivações internas e o meio irá desencadear comportamentos diferentes.

Um dos mitos que circula entre muitos pais nos dias de hoje é o de que as “más

companhias” influenciam na formação moral dos jovens, ou seja, o de que a convivência com

outros adolescentes tidos como “más companhias” possam influenciar negativamente o

comportamento de seus filhos. Na verdade, companhias se buscam não se oferecem. Quem procura,

por exemplo, a companhia de um delinqüente é porque têm em sua personalidade afinidades com a

conduta anti-social.

Os pais, numa compreensível busca de causas fora do ambiente familiar para a conduta

desadaptada dos filhos adolescentes, procuram imputar as más companhias uma influencia cuja

importância é certamente valorizada; quando muito estas servirão para exacerbar tendências que o

próprio adolescente já possuía previamente.

No Brasil temos alta população de jovens (com idade abaixo de 18 anos) e cada vez mais

aumenta a dificuldade de adaptação à vida moderna, ou seja, há falta de preparo pra enfrentar as

dificuldades da vida. O que se observa em nossa cultura é que existem duas situações extremas, na

vivência:

- Excesso de oferta – para os 10 % da população que têm condições de buscar e obter o que deseja

por meio de consumismo, buscando mais ter (possuir) do que ser (existir). Há uma tendência muito

grande à posse, o valor está naquilo que cada um possui e não no que cada um oferece.

- Excesso de escassez – para grande parte da população de jovens e crianças que não têm a mínima

condição de manutenção e que busca a qualquer preço sua sobrevivência. Funcionam em nível

primitivo, da busca de satisfação imediata dos desejos e com isso aumentam a escalada de

violência, agredindo para obter o que desejam. Devido à primazia do prazer imediato, para eles não

há preocupação de contribuir para a evolução da sociedade. Não conseguem passar do estágio

egocêntrico, narcísico, em que o importante é existir, sobreviver a qualquer preço. Funciona como o

bebê, para quem, nos primeiros estágios da vida, o que interessa é a sobrevivência imediata, porque

não possui recursos para sobreviver por si só. Esse bebê, na medida em que vivencia experiências

mais gratificantes, começa a estabelecer boa relação com o mundo que o contém, e isso lhe dá

condições para o desenvolvimento e o amadurecimento do seu ego.

NI nº DAMCO-001/300/02, de 01AGO02 (Programa Jovens Construindo a

Cidadania)

1. APRESENTAÇÃO:

O Programa Jovens Construindo a Cidadania (JCC) surgiu da necessidade de combater a

onda de violência crescente nas escolas e comunidades, coibindo através do segmento jovem da

sociedade, o uso de drogas, a ação de gangues, roubos, alunos desistentes e outras condutas

negativas dos estudantes.

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O modelo adotado nos Estados Unidos da América, o qual tem a denominação de “Youth

Crime Watch of América (YCWA)”, iniciou-se em 1979 e é desenvolvido por uma organização não

governamental (ONG), mantida e administrada pela comunidade, que busca a integração entre

polícia, escola e comunidade na prevenção do crime, das drogas e da violência.

2. FINALIDADE:

Fornecer procedimentos básicos para execução do Programa JCC, através de uma cartilha

que serve como parâmetro e caminho a ser seguido na implantação do Programa e visa

essencialmente manter uma uniformidade em sua filosofia e metodologia.

3. OBJETIVOS

- dar à juventude oportunidade de tornar-se parte da solução ao invés do problema.

- prover um ambiente livre de crimes e drogas para aprender a viver.

- incentivar valores positivos e formar bons cidadãos.

- habilitar o jovem a tornar-se o recurso necessário para prevenir o uso das drogas, os

crimes e a violência em suas escolas e comunidades.

Obs.: Orientador: Policial Militar

Formação do grupo JCC:

- escolha da diretoria obedecendo ao organograma

- designar comissões de apoio, composta por alunos do JCC, para desenvolvimento de

ações específicas delegadas pela diretoria

- estabelecer regras de ingresso no grupo e instituir um código de ética para o grupo

- diagnosticar os problemas (todos) na escola que dificultam ou intranqüilizam os

estudantes.

- relacionar as iniciativas para solução dos problemas

- ações diretas dos estudantes

- participação da direção – orientador (PM) – órgãos externos

- discussão das iniciativas com o orientador (PM) e comitê assessor.

- encaminhamento das soluções

REFLEXÃO

ESTRELAS DO MAR

Era uma vez, um escritor, que morava numa praia tranqüila, junto a uma colônia de

pescadores. Todas as manhãs ele passeava a beira-mar para se inspirar e à tarde ficava em casa,

escrevendo.

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Um dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Quando chegou perto,

era um jovem pegando na areia as estrelas do mar, uma por uma, carinhosamente, como se fossem

pérolas, e jogando-as novamente de volta ao oceano.

— Por que você está fazendo isto? Perguntou o escritor.

— Você não vê? - disse o jovem. A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas vão secar no

sol e morrer, se ficarem aqui na areia.

— Mas meu jovem, existe milhares de quilômetros de praia por esse mundo afora, e centenas

de milhares de estrelas do mar, espalhadas pelas praias, que estão morrendo ao sol. Que diferença

faz? Você joga umas poucas de volta. A maioria vai morrer de qualquer forma!

O jovem pegou mais uma estrela na areia, jogou de volta ao oceano, olhou o escritor e disse:

— Para essa estrelinha eu fiz diferença!

Naquela noite o escritor não conseguiu dormir e nem sequer escrever. De manhãzinha, foi

para a praia, reuniu-se ao jovem e junto começaram a jogar estrelas do mar de volta ao oceano...

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