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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
ROGÉRIA APARECIDA CAMARGO LIMA BELLIA
MATERIAL DIDÁTICO:
FALANDO SOBRE PESQUISA
Londrina 2008
ROGÉRIA APARECIDA CAMARGO LIMA BELLIA
MATERIAL DIDÁTICO:
FALANDO SOBRE PESQUISA
Trabalho apresentado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná, com uma das exigências do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE.
Orientadora: Profª Silvia Alves dos Santos
Londrina 2008
1. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
Durante o desenvolvimento do PDE (Programa de Desenvolvimento
Educacional da Secretaria de Estado da Educação do Paraná), observou-se uma
dificuldade muito grande por parte de alguns professores, inclusive de minha parte,
em trabalhar com pesquisa, devido a vários fatores como, por exemplo: falta de
hábito de trabalhar com a visão de pesquisador, a má formação na graduação, falta
de disciplina e tempo para estudar, entre outros.
Em razão dessas dificuldades optou-se por elaborar um CD que possa
auxiliar os professores em suas dificuldades particulares e também com o objetivo
de auxiliá-los no trabalho de pesquisa com seus alunos.
Um dos objetivos desse material é oferecer subsídios teóricos, aos
profissionais da educação para o trabalho com a pesquisa, tanto a nível individual
como no trabalho com os alunos, ou entre professores em grupos de estudos.
A fundamentação teórica abordará os seguintes assuntos:
1. O que vem a ser pesquisa
2. Passos para se elaborar um projeto de pesquisa
3. Métodos de pesquisa
4. Postura do investigador
5. Apresentação de um projeto de pesquisa
6. Sugestões de leitura a respeito do assunto
Enfim, é com muita satisfação que apresentamos aos profissionais da
educação uma pequena contribuição sobre o trabalho com pesquisa. Trabalho este
que faz com que cada um que passe a se engajar e a se dedicar ao estudo e se
encante e transforme.
2. MINHA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Meu nome é Rogéria Aparecida Camargo Lima Bellia, moro na cidade
de Ribeirão Claro, que pertence ao NRE de Jacarezinho.
Sou casada há 23 anos com o Humberto e tenho uma filha de 22
anos, chamada Tatiane.
No ano de 1985 prestei concurso para docência de 1ª a 4ª séries do
Ensino Fundamental e fui aprovada.
Sou professora efetiva desde 01 de agosto de 1986. Portanto, há
quase 22 anos.
Iniciei minha carreira em uma escola rural que fica a mais ou menos
15 km da sede do município. Trabalhei durante um semestre nesta escola com uma
1ª série do Ensino Fundamental. Lá, além de dar aula, as outras professoras e eu
fazíamos a merenda e limpávamos as salas.
No ano seguinte (1987), fui removida para o Colégio Estadual Ribeirão
Claro, escola central da zona urbana, que após a municipalização recebeu o nome
de Escola Municipal Zuleika David Chammas Cassar.
A municipalização ocorreu no Paraná no final 1992 e início de 1993.
Segundo Dias (2000, p. 52), o Paraná, a princípio, veio atender a Constituição
Federal de 1988 e mais adiante foi consolidada com a criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEF), que reforçou a parceira entre União, Estados e Municípios. .
A referida Constituição, quando homologada, previa:
Art. 211 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino,
§ 2º Os municípios atuarão prioritariamente no Ensino Fundamental e
Pré-Escolar.
O Paraná foi um dos pioneiros na municipalização, que no primeiro
ano teve a adesão de 81% dos municípios, de acordo com Dias (2000, p. 53). O
município de Ribeirão Claro está entre essas cidades que fizeram a adesão, já no
primeiro momento.
Com a municipalização foi estabelecida uma Parceria Educacional
com o Estado que tinha as seguintes responsabilidades:
a) cessão de professores - o Estado se compromete a manter salários e plano de carreira do professor estadual que atua em escolas municipalizadas. b) orientação técnico-pedagógica - foram fixadas normas para implantação nas escolas municipalizadas do currículo básico, que prevê o Ciclo Básico de Alfabetização (CBA), de dois ou quatro anos, e proposta pedagógica para as demais séries do ensino fundamental. c) capacitação de professores - os programas de capacitação do governo estadual passaram a ser estendidos aos professores da rede municipal, atendendo-se tanto no Centro de Capacitação de Faxinal do Céu como nos processos de multiplicação da capacitação nos Núcleos Regionais de Educação. (DIAS, 2000, p. 53)
Realmente o que foi previsto no Termo Cooperativo de Parceria
Educacional, aconteceu. Nós pudemos vivenciar essas mudanças na prática. Muito
dolorosas em alguns momentos, pois sempre que ocorrem mudanças é natural que
surjam dúvidas e inseguranças. As professoras estaduais temiam algum tipo de
perda de direitos, ou mesmo algum tipo de pressão política, o que não ocorreu.
Sempre formos muito bem tratadas pelas secretárias municipais de educação e
pelos prefeitos.
No início da municipalização, foi possível observar a preocupação da
Secretaria de Estado da Educação em dar apoio aos municípios por meio de cursos
de capacitação, envio de material didático e pedagógico, repasse de informações.
No entanto, pouco a pouco os municípios passaram a caminhar de forma
independente e principalmente na época do governo Lerner as secretarias
municipais de educação foram deixadas de lado.
Com a criação do FUNDEF, pouca coisa mudou, pelo menos em
nossa cidade, a não ser pelo fato de que os recursos da educação passaram a ser
gerenciados de forma mais clara e transparente, o que não deixa de ser um grande
progresso.
Retornando a minha trajetória profissional, sempre trabalhei nesta
escola, onde ministrei aulas para a Educação Infantil, 1ª e 3ª séries do Ensino
Fundamental e também desempenhei a função de Supervisora Escolar.
Era uma escola pequena que tinha somente uma sala de cada série e
por isso sempre gostei do trabalho, pois éramos muito unidas. Fizemos um trabalho
muito interessante e considero eficaz.
Como exemplo, posso colocar o trabalho que fazíamos com a sala de
contra-turno. Por termos uma única sala de cada série, era possível fazer o
acompanhamento individual tanto pela professora da sala regular quanto a de
contra-turno. As docentes se comunicavam diariamente, por meio de um caderninho
onde deixavam observações sobre o progresso, dificuldades, faltas de cada aluno
que freqüentava essa sala em horário contrário ao da regular.
Por meio dessa estratégia era possível interferir imediatamente,
tomando providências como: contato com os pais no caso das faltas, mudança de
metodologia de trabalho para sanar as dificuldades de aprendizagem, enfim tudo
que fosse possível para minimizar os problemas de aprendizagem dos alunos que
apresentavam algum tipo de defasagem.
Além disso, nos conselhos de classe todas as professoras opinavam e
participavam ativamente dando sugestões que eram, em sua maioria, acatadas pela
Direção, cuja participação não se restringia apenas a parte administrativa da escola.
A diretora, na época, era extremamente participativa envolvida com os todos os
problemas da escola, principalmente os pedagógicos. Com isso o resultado a cada
final de ano era muito satisfatório.
Esses resultados positivos, em minha opinião, devem-se ao fato da
escola possuir um número reduzido de alunos, mas principalmente pelo
envolvimento dos professores que tinham um objetivo comum, fazer da escola aquilo
que Saviani coloca (2005, p. 75) “possibilitar o acesso das novas gerações ao
mundo do saber sistematizado, do saber metódico, cientifico.” E isso, durante o
tempo em que trabalhei lá acredito que foi conquistado pelos alunos.
Trabalhei, também, durante dois anos na Secretaria Municipal de
Educação como supervisora de Escolas Rurais. Foi uma experiência única que me
ofereceu a oportunidade de conhecer o trabalho de professoras que trabalhavam
com salas multisseriadas e observar uma realidade bastante diferente das que havia
conhecido desde então.
A partir de 1997 fui designada Secretária Municipal de Educação,
permanecendo nesta função até 2004, quando nesta gestão do Governador Roberto
Requião, fui transposta para uma escola de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e
passei a desempenhar a função de Pedagoga.
Confesso que a mudança foi traumática, pois sempre gostei de
trabalhar com crianças e não tenho muita habilidade com adolescentes. Até hoje
sofro muito com isso.
Também tenho dificuldades em trabalhar com os professores de 5ª a
8ª séries, pois sob meu ponto de vista são resistentes a mudanças e no começo nos
viam como “intrusas” em seu ambiente de trabalho. Além do que, existe um conflito
entre os mesmos e os professores de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, pois
vivem apontando que os problemas de seus alunos são decorrentes de falhas de
seus colegas das séries iniciais.
Como sempre trabalhei com as series iniciais do Ensino Fundamental
e acompanhava o empenho de meus colegas, muitas vezes fui questionada por
defender o trabalho de minhas ex-companheiras de trabalho.
Creio que consegui assimilar melhor essa mudança, do que algumas
professoras que foram transpostas junto comigo e que nunca desempenharam uma
função semelhante. Essas sim, com certeza, sofreram muito mais do que eu, já que
durante a sua vida profissional sempre deram aula e, por sinal, a maioria delas fazia
isso de forma maravilhosa. As escolas de 1ª a 4ª séries perderam muito com isso,
pois essas professoras tinham muita experiência e contribuíam bastante com as
professoras municipais que estavam iniciando a carreira.
As pessoas que administram a educação deveriam ter o cuidado,
quando tomam determinadas decisões, mesmo que sejam para atender as
exigências da lei, pois as conseqüências podem ser desastrosas. Colocar
professores sem nenhum tipo de preparo para exercer uma função tão importante
como a de Pedagogo, por exemplo, é bastante grave, já que o Pedagogo é aquele
que “domina sistemática e intencionalmente as formas de organização do processo
de formação cultural que se dá no interior da escola” (SAVIANI, 1985, p. 28).
Dessa forma, como esperar que professoras que em sua carreira
profissional, praticamente inteira, só se dedicaram a docência de 1ª a 4ª séries do
Ensino Fundamental, pudessem desempenhar, de imediato, uma função tão
importante. Daí a necessidade de um preparo prévio para que o impacto não fosse
tão traumatizante.
Hoje já estou mais acostumada com o trabalho na escola, afinal
mudanças, embora no início nos causem medo, são necessárias.
Tenho tentando me empenhar, mas confesso que fazer o papel de
profissional multitarefeiro é complicado. A impressão que tenho a cada final de um
dia de trabalho é de que não fiz nada, pois a cada momento estou fazendo uma
coisa diferente e nunca consigo terminar aquilo que comecei.
Às vezes me sinto frustrada, pois era feliz e não sabia.
Tenho consciência de que houve pontos positivos, como por exemplo,
a oportunidade de estar participando do PDE.
Também é bom não precisar sofrer na época de eleição para prefeito,
pois sempre ficávamos na expectativa do que poderiam fazer conosco, já que não
pertencíamos ao quadro da Prefeitura.
Fazendo um balanço, hoje, considero que saímos ganhando, embora
continue pensando que somos seres humanos, temos sentimentos e não somos
somente um número de RG.
Esta é minha cidade: Ribeirão Claro, situada no norte do Paraná:
Foto disponível no site: www.ribeiraoclaro.com.br
Esta é nossa Igreja Matriz
Foto disponível no site: www.ribeiraoclaro.com.br
Essa é a ponte pênsil que faz divisa com o Estado de São Paulo, no Rio Paranapanema: Um dos pontos turísticos de nosso município.
Foto disponível no site: www.ribeiraoclaro.com.br
Essa é nossa escola: Escola Estadual Dr. João da Rocha Chueiri – EF
Esta sou eu e minha família
Eu, meu marido Humberto e minha filha Tatiane na noite de sua formatura em Enfermagem
3. MINHAS DIFICULDADES ENQUANTO PESQUISADORA
Foram muitas as dificuldades encontradas para iniciar meu Projeto de
Pesquisa, apesar de ter claro que o meu objeto de estudo seria a “Indisciplina
Escolar”, trabalho que estou desenvolvendo para uma outra etapa do PDE.
Delimitar o trabalho, escolher a metodologia e iniciar o trabalho foram
momentos muito angustiantes.
Credito essa dificuldade a minha formação acadêmica que não deu
embasamento teórico para tanto.
No decorrer dos cursos oferecidos pela Equipe do PDE, na UEL,
essas dificuldades foram diminuindo e pude começar a vislumbrar melhor o que é o
trabalho de pesquisa e confesso, estou “tomando gosto pela coisa”.
A partir do momento, que passamos a fazer o estudo de textos com
enfoque no materialismo histórico tudo foi ficando mais claro.
Entender o que está por trás das políticas educacionais no Brasil, além
de muito importante é bastante interessante. Você passa a olhar as coisas com
outros olhos e a questionar o que vem sendo posto.
Isto também nos remete a refletir sobre a importância da educação e
da mudança de postura do professor.
Se quisermos construir uma sociedade onde haja menos diferenças
entre as classes sociais é preciso que o professor, também faça sua parte e recobre
a confiança por parte da sociedade, seja valorizado, tenha oportunidade e o direito
de freqüentar cursos de formação de qualidade.
É claro que para tanto, não basta somente o esforço dos educadores,
mas se faz necessário que o governo aplique os recursos destinados a educação de
forma séria e bem planejada, implante uma política pública de ensino que seja séria
fazendo com que a educação realmente seja prioridade e não somente discurso em
época de eleição.
Para Kuenzer (1998), ao educador cabe fazer uma leitura do mundo
atual e no qual a escola está inserida, para tanto:
(...) ao educador compete buscar nas demais áreas do conhecimento as necessárias ferramentas para construir categorias de análise que lhe permita apreender e compreender as diferentes concepções e práticas
pedagógicas, strictu e lato sensu, que se desenvolvem nas relações sociais e produtivas de cada época; transformar o conhecimento social e historicamente produzido em saber escolar, selecionando e organizando conteúdos a serem trabalhados através de formas metodológicas adequadas; construir formas de organização e gestão dos sistemas de ensino nos vários níveis e modalidades; e, finalmente, no fazer deste processo de produção de conhecimento, sempre coletivo, participar como um dos atores da organização de projetos educativos, escolares e não-escolares, que expressem o desejo coletivo da sociedade. (KUENZER, 1998, grifos da autora)
Enfim, sempre tive claro que a escola tem papel fundamental na
construção do espírito de cidadania.
Hoje, isso se tornou ainda mais claro, a partir do momento que passei
a conhecer um pouco mais as obras de Saviani, por exemplo, que coloca “a
importância do trabalho escolar como elemento necessário ao desenvolvimento
cultural, que concorre para o desenvolvimento humano em geral”, (SAVIANI, 2005,
p. 103).
Os conhecimentos adquiridos durante esse tempo de estudo, também
traz um pouco de ansiedade e é muito algo muito preocupante, pois enquanto não
se tem conhecimento das coisas não temos obrigação de mudar, mas a partir do
momento que passamos a conhecer o porquê, o para quê, temos sim que tentar
empreender mudanças.
4. ENCAMINHAMENTOS DE UMA PESQUISA
Desde os primórdios o homem produz conhecimentos. Há princípio
esses conhecimentos eram baseados simplesmente nas evidências observadas em
seu cotidiano e naquilo que o ser humano julgava ser verdadeiro sem a preocupação
de explicações profundas a respeito de nada.
Com o passar do tempo se fez necessário o conhecimento
aprofundado acerca de alguns fenômenos com a finalidade de tornar a vida humana
mais organizada e produtiva. Dessa forma “os homens de cada período histórico
assimilam os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e
ampliando alguns aspectos novos”. (CERVO, 1983, p. 9)
Com isso, passou-se a buscar explicações para os fenômenos da
natureza baseados em observações, registros e estudos sobre os mesmos e teve
início o processo da pesquisa.
Atualmente, é muito comum se ouvir falar em pesquisa, em
decorrência das constantes mudanças que ocorrem mundialmente em todos os
setores.
Como a maioria das pessoas tem facilidade de acesso a essas
informações através dos meios de comunicação como a televisão, jornais, revistas e
principalmente a internet, é importante ter cuidado para se evitar a banalização e a
superficialidade com que essas informações chegam até os indivíduos, como
podemos observar no que diz Pescuma (2005, p. 11) “essa avalanche de
informações não possibilita a utilização do conhecimento adquirido nem garante a
relevância ou a veracidade da informação”.
Consciente disso, o ato de estudar a fim de aprimorar seus
conhecimentos passa a ser primordial para que as pessoas possam acompanhar o
ritmo acelerado com que o mundo vem evoluindo e assim não ficar alheias às
mudanças, nem se iludir com informações vagas e sem comprovação que são
veiculadas pelos meios eletrônicos.
Mesmo na escola, onde deveria ser o local ideal para se desenvolver a
pesquisa, pode ocorrer a disseminação do senso comum, por falta de um
planejamento mais rigoroso e sistematizado.
De acordo com Lakatos (1991) se faz necessário a diferenciação entre
o que é senso comum e conhecimento cientifico. Para a autora:
(...) senso comum é transmitido de geração para geração por meio de educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal, portanto, empírico e desprovido de conhecimento [...], já o conhecimento cientifico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. (LAKATOS 1991, p. 14)
Baseado nessas definições o conhecimento só pode ser considerado
cientifico se for sistemático, baseado em experimentos com a finalidade de se
comprovar sua veracidade ou não.
Em razão disso, a escola passa a ser o local adequado para a
disseminação e produção do conhecimento científico, já que sua função primordial
segundo Saviani (1985, p. 28) “é a difusão do saber sistematizado, isto é, aquele de
caráter científico”. Portanto, o professor é aquele que fará chegar até os alunos esse
conhecimento produzido pela humanidade e, segundo Demo (2003, p. 14) “quem
ensina carece pesquisar; quem pesquisa carece ensinar. Professor que apenas
ensina jamais o foi. Pesquisador que só pesquisa é elitista explorador, privilegiado e
acomodado”.
A pesquisa deve fazer parte do cotidiano de todos os profissionais da
área educacional, em razão de que os acontecimentos mundiais, as descobertas
científicas vem se transformando a cada dia numa velocidade muito rápida.
Neste sentido, os educadores não devem se acomodar e se contentar
somente com o conhecimento adquirido em seus cursos de formação e sim procurar
a cada dia se aprimorar e se atualizar, para que seus alunos, principalmente,
aqueles oriundos das camadas trabalhadoras tenham o direito de acesso ao
conhecimento e assim possam ter a oportunidade de transformação da condição
social em que vivem.
Isso se dá por meio de estudos constantes, leitura e consulta a
literatura atualizada.
Para tanto, de acordo com Pescuma (2005, p. 13) a “pesquisa deve
estar presente desde a educação infantil até o ensino superior”, com a finalidade de
vir a contribuir para a formação tanto pessoal quanto social.
O ser humano precisa ter claro que “diante de nossa ignorância e dos
nossos limites, há sempre o que conhecer, sobretudo conhecer faz parte do conceito
da vida criativa”. (DEMO, 2003, p. 16).
Em virtude do que foi exposto, antes de se iniciar uma pesquisa é
preciso ter claro o que se busca investigar, pois somente dessa forma é que fará
sentido o início do trabalho do pesquisador.
Para Pescuma (2005, p. 17) “qualquer ação deve ser planejada de
antemão.” Pesquisar, por pesquisar, não faz sentido, é preciso que a pesquisa tenha
um objetivo.
Mas afinal, o que vem a ser pesquisa?
Para Dalarosa (1999, p. 102) “constitui a busca, a investigação,
movida pela necessidade de se solucionar um determinado problema. Esta busca
sistemática, planejada e rigorosa consiste na pesquisa.”
Sempre que surge a dúvida ou a contradição sobre qualquer assunto,
torna-se mais fácil e coerente se fazer a pesquisa acerca da questão, para não gerar
mais controvérsias. O que não significa que toda pergunta obterá uma resposta.
Gil (1996, p. 19), define pesquisa:
(...) como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.
Baseados nessas considerações todo problema sem resposta requer
a formulação de uma pesquisa que deve ser planejada e organizada.
O ato de pesquisar para Barros (2002, p. 29) é “o esforço dirigido para
a aquisição de um determinado conhecimento, que propicia a solução de problemas
teóricos, práticos e/ou operativos; mesmo quando situados no contexto do dia-a-dia
do homem”.
Para esse autor, a investigação é algo próprio do ser humano, que
busca respostas para todos os acontecimentos diários de sua vida.
Já, Pescuma (2005, p. 12) traz a seguinte definição do que vem a ser
pesquisa: “é um conjunto de atividades, tais como buscar informações, explorar,
inquirir, investigar, indagar, argumentar e contra-argumentar.”
Diante das definições de pesquisa apresentadas anteriormente, pode-
se observar a contribuição desta, também, para o processo educativo, pois por meio
de uma pesquisa bem elaborada muitos problemas podem ser sanados e novos
conhecimentos podem ser adquiridos, pois “pesquisa é a atividade científica pela
qual descobrimos a realidade. Partimos do pressuposto de que a realidade não se
desvenda na superfície. Não é o que aparenta à primeira vista”. (DEMO, 1987, p. 23)
Portanto, aquilo que muitas vezes parece ser simples de ser
explicado, pode não ser assim tão claro, exigindo um aprofundamento do que é
aparente, embora, como já foi dito anteriormente, algumas vezes não consiga trazer
respostas objetivas sobre aquilo que se pretendia saber, pois de acordo com Demo
(2003, p. 36-37) “pesquisa poderia ser: diálogo inteligente com a realidade,
tomando-o como processo e atitude, e como integrante do cotidiano.” (grifos do
autor).
Esse diálogo, no entanto, não significa simplesmente uma conversa,
um discurso, porque dialogar quer dizer comunicar-se, confrontar-se, onde cada um
dos sujeitos é capaz de expor os seus pontos de vista, mas também saber receber
de modo crítico o ponto de vista do outro e a partir daí confrontar cada ponto de
vista, fazer a interpretação do que foi dito. Na verdade, nunca temos a certeza de
que conseguimos comunicar de forma clara o que pensamos e conseqüentemente
se fomos bem compreendidos.
Enfim, a pesquisa deve estar presente na vida daqueles que se
dedicam a educação, pois sempre há o que conhecer, o que aprender, já que
educação é algo interminável e continuamente estamos aprendendo algo novo.
Pesquisa, portanto, deve ser visto como comunicação, questionamento e
transformação.
Aquele que não pesquisa apenas ouve o que o outro tem a comunicar,
não questiona, não reflete sobre o que está sendo posto, apenas aceita como
verdadeiro o que o outro coloca. Isso pode ser visto para muitos como algo
confortável, pois aquele que não conjectura, não precisa se desgastar o que passa a
ser conveniente inclusive para a manutenção da sociedade como um todo.
Para muitos políticos, por exemplo, o fato da população não estar
preparada para questionar a sociedade na qual está inserida é muito cômodo, pois,
quanto menos conhecimento e condições de dialogar e questionar melhor para a
manutenção dos interesses políticos vigentes.
Para Demo (2003, p. 44) “quem sabe dialogar com a realidade de
modo crítico e criativo faz da pesquisa condição de vida, progresso e cidadania.”
Fundamentado nesta definição é possível reafirmar a importância que
tem a pesquisa na vida de qualquer indivíduo, para tanto, deve estar presente na
escola desde os anos iniciais com o objetivo de desenvolver no cidadão, desde a
mais tenra idade o espírito crítico, reflexivo e transformador.
5. MÉTODOS DE PESQUISA
Como foi visto anteriormente, a pesquisa é voltada para a solução de
problemas, no entanto, não é possível esquecer que conhecimento científico é
rigoroso, crítico, sistematizado e reflexivo, para tanto requer dedicação,
comprometimento e seriedade por parte do pesquisador.
Como a pesquisa se inicia a partir de uma dúvida ou problema, é
capaz de abordar vários aspectos e segundo Cervo (1983) pode ser classificada
como “pesquisa pura ou aplicada”:
(...) na pesquisa pura ou básica, o pesquisador tem como meta o saber, buscando satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento. Já na pesquisa aplicada, o investigador é movido pela necessidade de contribuir para fins práticos, mais ou menos imediatos, buscando soluções para problemas concretos. (CERVO, 1983, p. 54)
Ambos os tipos de pesquisa são indispensáveis para o progresso da
sociedade, pois uma contribui para o enriquecimento do conhecimento e outra para,
através de ações baseadas nos estudos obtidos propor a resolução de possíveis
problemas ou dificuldades encontradas em uma determinada situação.
Antes de se iniciar uma pesquisa, é preciso ter clareza quanto aos
métodos a serem utilizados, para que se tenha coerência, evitando-se o
espontaneísmo.
Os métodos se diferenciam pela forma com que abordam o problema
a ser estudado e também pela sua sistemática. Indicam o caminho a ser seguido e
vem em primeiro lugar. O tipo de problema a ser pesquisado é que indicará a
escolha do método.
A metodologia é o instrumento, como o investigador vai percorrer esse
caminho desde que seja coerente com o método escolhido.
Pode se utilizar vários métodos de pesquisa, implicando coerência
epistemológica, metodológica e técnica, abrangendo dois tipos de enfoque:
· Enfoque quantitativo
· Enfoque qualitativo;
5.1 Enfoque quantitativo
O enfoque quantitativo tem origem no Positivismo, com o objetivo de
se levantar resultados puramente estatísticos. Para os positivistas não interessava
as causas dos fenômenos estudados, pois consideravam que a ciência não era
responsável por isso.
Para o pensamento positivista o papel da ciência era exprimir a
realidade, não julgá-la, sendo verdadeiro somente aquilo que é empiricamente
verificável, por ser revestido de uma formulação matemática.
Como o próprio nome sugere no enfoque quantitativo a preocupação
está em garantir a precisão dos resultados obtidos, a fim de evitar distorções de
análise e interpretação.
Atualmente é considerado uma atividade mecânica, já que neste tipo
de enfoque, não interessa conhecer as conseqüências do que foi pesquisado.
(...) o método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de relação, análise de regressão, etc. (RICHARDSON, 1999, p.70).
Neste tipo de enfoque a preocupação é muito grande com os
números, não há preocupação com as causas nem as conseqüências dos
fenômenos estudados. Como podemos observar nas colocações de Triviños (1987,
p.36), o pesquisador quando usa esse método “não está interessado em conhecer
as conseqüências de seus achados”. Na prática ocorre que toda investigação
baseada na estatística, que pretende obter resultados objetivos, fica exclusivamente
no dado estatístico. Raramente o pesquisador aproveita essa informação para
avançar numa interpretação mais ampla da mesma.
Isto não significa que o enfoque quantitativo seja inútil, apenas quer
dizer que quando se utiliza unicamente dados estatísticos e se despreza os
elementos qualitativos a pesquisa se torna empobrecida. O interessante é poder
utilizar usar os dados numéricos em consonância com as particularidades de
comportamento dos indivíduos presentes na realidade pesquisada.
5.2 Enfoque qualitativo
Esse tipo de enfoque surgiu por volta da década de 70, em
contraposição ao enfoque quantitativo que passou a ser relacionado a um sistema
socioeconômico que considerava apenas os dados estatísticos para explicar a
miséria da população, número de analfabetos, repetentes, etc., sem se preocupar
com os significados sociais, o comportamento humano e outros.
Suas origens foram determinadas pela insatisfação de muitos com a
abordagem do enfoque quantitativo que o aperfeiçoaram a fim de que pudessem
explicar o comportamento humano e os fenômenos sociais.
Segundo Triviños (1987), o aparecimento da pesquisa com enfoque
qualitativo surgiu de maneira mais ou menos natural:
(...) a pesquisa qualitativa tem suas raízes nas práticas desenvolvidas pelos antropólogos, primeiro e, em seguida, pelos sociólogos em seus estudos sobre a vida em comunidades. Só posteriormente irrompeu na investigação educacional. (TRIVIÑOS, 1987, p. 120)
A pesquisa com enfoque qualitativo surgiu da necessidade de propor
“alternativas metodológicas para a pesquisa em educação”. Triviños (1987, p. 116).
Daí a importância da pesquisa com enfoque qualitativo para a educação, e para
tanto, deve-se buscar a melhor forma de utilizá-la a fim de que venha contribuir para
a transformação da realidade social na qual a escola está inserida.
Embora saibamos que a educação utiliza-se de muitos dados
quantificáveis como, por exemplo, média dos alunos, número de evasão e
repetência, a forma como esses dados são utilizados é que devem ser levados em
consideração, para a partir deles se propor alternativas metodológicas para a área
educacional. Isso é possível por meio deste tipo de pesquisa.
Utilizando-se do enfoque qualitativo, na pesquisa, é possível que o
pesquisador participe e interfira na realidade pesquisada, podendo propor mudanças
baseadas no resultado do que foi observado, no “entendimento das particularidades
do comportamento dos indivíduos.” (RICHARDSON 1999, p. 80).
Torna-se possível explicar porque determinados comportamentos
acontecem, qual a sua intensidade, as razões que levaram a desencadear tal
atitude.
No enfoque qualitativo, a observação é muito utilizada por permitir ao
pesquisador um envolvimento com o fenômeno a ser pesquisado.
Para Lüdke (1986, p. 26) “a observação direta permite também que o
pesquisador chegue mais perto da ‘perspectiva dos sujeitos’, um importante alvo nas
abordagens qualitativas”.
Essa participação mais próxima do investigador permite ao mesmo a
coleta de informações mais próximas à realidade, servindo de grande contribuição
por possibilitar o acesso a situações reais.
Vários tipos de pesquisa utilizam o enfoque qualitativo por ser uma
forma de se entender a natureza de um fenômeno social.
5.2.1 Alguns tipos de pesquisa que utilizam o enfoque qualitativo
5.2.2 Pesquisa bibliográfica
Toda pesquisa requer consultas a estudos feitos anteriormente a
respeito do problema a ser pesquisado.
É muito importante examinar a bibliografia existente que aborde o
tema seguindo a linha metodológica que será utilizada.
A pesquisa bibliográfica baseia-se na consulta a textos, livros,
documentos publicados a respeito do problema levantado e que gerou o interesse
pela pesquisa.
Segundo Cervo (1983, p.55) a pesquisa bibliográfica “busca conhecer
e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passado existentes sobre um
determinado, tema ou problema.”
Esse tipo de pesquisa é muito utilizada no meio acadêmico na área
das Ciências Humanas. O pesquisador se serve das pesquisas já existentes para
fundamentar seu trabalho, “utiliza-se de dados ou de categorias já trabalhados por
outros pesquisadores e devidamente registrados”. SEVERINO (2007,p. 122).
Esse tipo de pesquisa é base para qualquer tipo de trabalho cientifico
e inicia-se a partir dessa consulta bibliográfica.
5.2.3 Estudo de caso
Entre os tipos de pesquisa qualitativa o Estudo de Caso, é um dos
mais relevantes.
É um tipo de pesquisa que analisa um dado de forma mais profunda e
particular e exige objetividade, coerência para não correr o risco de se formar
opiniões equivocadas a respeito do caso observado.
Segundo Triviños (1987, p. 133) “é uma categoria de pesquisa cujo
objeto é uma unidade que se analisa aprofundadamente”.
Por abranger um caso especificamente, ele deve ser relevante, pois,
servirá de parâmetro para outros que surgirem posteriormente.
De acordo com Triviños (1987) estudo de caso, determina duas
circunstâncias: a natureza e a abrangência da unidade, que pode ser um sujeito ou
um grupo. Podemos tomar o exemplo dado pelo autor, para compreendermos
melhor o que o mesmo quer dizer:
(...) o exame das condições de vida (nível sócio-econômico, escolaridade dos pais,profissão destes, tempo que os progenitores dedicam diariamente ao filho, orientando-os nos estudos, tipo de alimentação do aluno, prática de esportes, sono, perspectivas do estudante e dos pais em relação ao futuro da criança, a opinião dos professores, dos colegas, etc.) que rodeiam um aluno que repetiu a primeira do 2º grau, de uma escola pública. (TRIVIÑOS 1987, p. 134)
De acordo com o exemplo dado é possível observar a importância e a
complexidade do Estudo de Caso, devendo ser feito com muito rigor e seriedade,
para que não leve a interpretações equivocadas e evasivas.
Para Severino (2007, p. 121) o Estudo de Caso se concentra em um
caso particular, que deve ser representativo, para poder “fundamentar uma
generalização em situações análogas, autorizando inferências.”
Segundo esse autor é fundamental que o pesquisador faça anotações
rigorosas e com máximo de proximidade à realidade observada, devendo registrar
tudo e apresentar o resultado obtido em forma de relatórios qualificados.
Portanto, a elaboração de todos os registros devem ser realizados
com muita clareza e precisão, para que retratem a veracidade do que foi observado
e venha a contribuir para a resolução de problemas semelhantes.
5.2.4 Pesquisa participante
O início da pesquisa participante, no Brasil foi um pouco tardio.
Segundo Silva (1991, p. 23), os primeiros registros foram observados em estudos
realizados por Paulo Freire a partir do início da década de 60.
Neste tipo de pesquisa o pesquisador deve estar inserido na realidade
a ser pesquisada e surgiu da necessidade de grupos sociais politicamente
marginalizados. Tem como objetivo procurar transformar a realidade desses grupos.
Severino (2007, p. 120), cita a pesquisa participante como “aquela em
que o pesquisador, para realizar a observação dos fenômenos, compartilha a
vivência dos sujeitos pesquisados, participando, de forma sistêmica e permanente,
ao longo do tempo da pesquisa, das suas atividades.”
Por meio da pesquisa participante, há a participação interativa com os
sujeitos e a realidade onde os mesmos estão inseridos, por meio de envolvimento o
mais próximo possível de todos os participantes.
O diálogo é muito importante nesse tipo de pesquisa, pois permite ao
pesquisador o contato direto sem que se coloque como detentor exclusivo do
conhecimento.
Para Triviños (1987, p. 125) “pode prestar-se melhor a um enfoque
dialético, histórico-estrutural que tenha por objetivo principal transformar a realidade
que se estuda”.
Assim, o indivíduo passa a atuar como ator social, onde todos os
envolvidos participam das decisões a serem tomadas com o propósito de diminuir os
problemas locais, e venham contribuir para a transformação da realidade. O que se
espera é que mesmo depois da pesquisa terminada as conclusões e propostas
obtidas perdurem e se efetivem.
5.2.5 Pesquisa etnográfica
A pesquisa etnográfica teve origem na década de 70 e surgiu de forma
mais ou menos natural com raízes na Sociologia e na Antropologia, em razão dos
antropólogos haverem notado que os problemas de uma população não podem ser
somente mensurados. Informações sobre a vida dos homens vão além de dados
estatísticos.
É conhecida também como estudo da cultura, pois segundo Triviños
(1987, p. 121) “existe um mundo cultural que precisa ser conhecido, que se tem
interesse em conhecer.” Esse mundo cultural envolve não somente a realidade que
se deseja conhecer, mas também a realidade do pesquisador.
Para Severino (2007, p. 119) “trata-se de um mergulho no
microssocial, olhado com lentes de aumento. Aplica métodos e técnicas compatíveis
com a abordagem qualitativa”.
Neste tipo de pesquisa o investigador irá observar o dia-a-dia dos
envolvidos de forma detalhada e minuciosa e não fica fora da realidade que procura
inquirir, embora essa participação deva ser disciplinada e orientada por métodos e
estratégias próprias.
Na pesquisa etnográfica é muito importante que os sujeitos sejam
observados em seu ambiente natural, pois acredita-se que a mudança de ambiente
tem o poder de interferir no padrão do comportamento dos indivíduos. “insere-se
neste campo a idéia de ‘contexto’, de uso mais ou menos comum entre os
pesquisadores educacionais.” (TRIVIÑOS, 1987, p. 122).
Busca-se por meio da pesquisa etnográfica compreender a influência
dos significados culturais na forma de agir e se manifestar dos sujeitos de um
determinado contexto social e isso deve ser levado em consideração pelo
pesquisador para que não haja equívocos na conclusão da pesquisa:
(...) se o investigador, envolvido numa perspectiva de inquisição qualitativa, não é capaz de compreender essas dimensões do comportamento do sujeito, derivadas, principalmente, do contexto cultural, pode observar um fenômeno e explicá-lo equivocadamente. (TRIVIÑOS, 1987, p. 123)
Isso significa que o investigador deve ter o cuidado ao interpretar a
realidade investigada, pois por menos que queira ele é proveniente de um mundo
diferente, de cultura diferente o que torna quase impossível que inicie seu trabalho
sem idéias pré-concebidas.
Para tanto, antes de concluir qualquer trabalho utilizando-se desse tipo
de pesquisa é preciso que faça uma leitura pormenorizada de todas as anotações e
observe todos os detalhes possíveis, mensagens implícitas e aborde somente os
elementos mais significativos.
Assim, alguns objetivos da pesquisa etnográfica segundo Lüdke
(1986), são:
- interpretar, perceber o que ocorre no objeto pesquisado, isto é, de forma apropriada para que quem tenha acesso à pesquisa se sinta um membro;
- ilustrar as perspectivas dos participantes, isto é, sua maneira de ver o mundo e as suas próprias ações;
- conhecer a realidade educacional no trabalho de construção teórica; - transcender o nível micro, acompanhando os diversos “fios” que o
vincula às estruturas macrossociais (apud AOYAMA, s.d., grifos do autor).
Enfim, na pesquisa etnográfica o pesquisador deve procurar
desvendar todos os pormenores presentes na situação estudada e dar significado
aos dados recolhidos por meio das anotações feitas a fim de que o que foi analisado
possa ser entendido por quem tiver acesso ao material produzido.
5.2.6 Pesquisa-ação:
A origem da pesquisa-ação teve início com os trabalhos de Kurt Lewin,
em 1946, num contexto de pós-guerra norte-americano, onde o mesmo tinha como
objetivo a mudança de hábitos alimentares desse povo e mudança de atitudes frente
aos grupos éticos minoritários. Segundo Franco (2005), esse início da pesquisa-
ação era de abordagem experimental e pautava-se em valores como:
(...) a construção de relações democráticas; a participação dos sujeitos; o reconhecimento de direitos individuais, culturais e étnicos das minorias; a tolerância a opiniões divergentes; e ainda a consideração de que os sujeitos mudam mais facilmente quando impelidos por decisões grupais. (FRANCO, 2005, p. 485)
Para Lewin a participação de todos os componentes de um grupo era
vital para que decisões fossem tomadas e a partir daí, mudanças ocorressem forma
coerente e participativa, para que realmente tivesse valor, pois poderiam opinar e
expor suas opiniões.
Além de realizar a observação dos fenômenos, este tipo de pesquisa
propõe intervenções na realidade da situação pesquisada.
Assim, “ao mesmo tempo em que realiza um diagnóstico e a análise
de uma determinada situação, a pesquisa-ação propõe ao conjunto de sujeitos
envolvidos, mudanças que levem a um aprimoramento das práticas analisadas.”
(SEVERINO, 2007, p. 120).
As propostas são elaboradas por todos os envolvidos no processo,
pois são elementos que participam ativamente no processo de investigação. Todas
as ações são planejadas em conjunto, como a formulação do problema, objetivos,
levantamento de hipóteses, coleta de dados, enfim em todas as etapas da pesquisa
a participação, tanto do investigador quanto a do grupo, é essencial e necessária.
Para Thiollent (1985) a ação dos envolvidos é despendida em favor da
resolução do problema levantado, o que distingue a pesquisa-ação da pesquisa
participante.
O pesquisador, na pesquisa-ação deve ter o cuidado para que a
mesma não perca o caráter cientifico, devendo se ater na preservação da
metodologia escolhida e fazer com que os envolvidos adquiram um conhecimento
maior sobre a realidade pesquisada.
É importante que a pesquisa-ação não perca de vista todo o processo
a respeito do problema, caso contrário corre o risco de deteriorar a sua verdadeira
função que é a participação para a transformação.
Na pesquisa-ação é praticamente impossível ter uma rigidez nos
procedimentos metodológicos, pois ela é flexível e vai se modificando em razão dos
fatos novos que vão surgindo durante o desenrolar da mesma.
È importante que conduza a um processo de reflexão e ação coletiva,
que não se restrinja simplesmente à teoria. O resultado desse tipo de pesquisa só
terá valor se as conclusões tiradas durante o processo realmente se efetivem na
prática.
Para Franco (2005, p. 489) ela é “eminentemente pedagógica”, pois
tem perspectivas de exercício pedagógico, que alia ciência à pratica educativa e
para tanto deve contemplar:
- a ação conjunta entre pesquisador-pesquisados; - a realização da pesquisa em ambientes onde acontecem as próprias
práticas;
- a organização de condições de autoformação e emancipação aos sujeitos da ação;
- a criação de compromissos com a formação e o desenvolvimento de procedimentos crítico-reflexivos sobre a realidade;
- o desenvolvimento de uma dinâmica coletiva que permita o estabelecimento de referências contínuas e evolutivas com o coletivo,
- no sentido de apreensão dos significados construídos e em construção; - reflexões que atuem na perspectiva de superação das condições de
opressão, alienação e de massacre da rotina; - ressignificações coletivas das compreensões do grupo, articuladas com
as condições sociohistóricas; - o desenvolvimento cultural dos sujeitos da ação. (FRANCO, 2005, p.
489)
Se para os educadores a função da educação é transformação do sujeito
fica claro por essas colocações que a pesquisa-ação é perfeitamente aplicável
nessa área, pois leva os indivíduos, através da participação, reflexão e da ação a
transformarem a realidade onde estão inseridos, cumprindo assim, o seu papel de
forma positiva.
6. PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DA PESQUISA
É fundamental que antes de iniciar a pesquisa propriamente dita se
elabore um projeto de pesquisa que é assim definido por Pescuma (2005, p. 19):
(...) projeto de pesquisa é um texto que, além de determinar o problema, define e aponta detalhadamente o caminho a ser seguido e a ordem das atividades a serem realizadas para a construção de um trabalho de pesquisa científica. Impõe ao pesquisador uma necessária disciplina na leitura cuidadosa dos textos, na coleta de dados, na argumentação rigorosa e no cumprimento dos prazos estabelecidos.
De acordo com a definição acima o pesquisador precisa estabelecer
prioridades e se organizar metodologicamente para iniciar sua pesquisa, Severino
(2007) esclarece que o trabalho de pesquisa precisa ser planejado, para tanto:
(...) o pesquisador precisa ter bem claro o seu objeto de pesquisa, como ele se coloca, como ele está problematizado, quais as hipóteses que está levantando para resolver o problema, com que elementos teóricos pode contar, de quais os recursos instrumentais dispõe para levar adiante a pesquisa e quais etapas pretende percorrer. (SEVERINO, 2007, p. 129) (grifos do autor).
Seguindo essas orientações o pesquisador passa a estabelecer as
atividades que irá desenvolver por ordem de preferência e necessidade de
organização, impondo-se inclusive uma disciplina de estudos e de distribuição do
tempo disponível.
Segundo Severino (2007, p. 129-131) a estrutura do projeto, enquanto
texto deve conter:
1. Título
2. Apresentação
3. Objeto e problema da pesquisa
4. Justificativa
5. Hipóteses e objetivos
6. Quadro teórico
7. Fontes, procedimentos e etapas
8. Cronograma
9. Bibliografia
Já Pescuma (2005, p. 23) sugere o seguinte modelo:
Elementos de um projeto de pesquisa:
Elemento O que é? Pergunta
Tema Assunto sobre o qual a pesquisa será realizada Qual é meu tema?
Justificativa Razoes de se realizar a pesquisa
Por que fazer?
Referencial teórico Conteúdo que o pesquisador conhece sobre o assunto.
O que sei sobre o assunto?
Delimitação do problema Pergunta que o pesquisador quer responder sobre o assunto.
Qual é minha pergunta?
Formulação das hipóteses Respostas antecipadas e provisórias ao problema – questões que encaminharão o desenvolvimento da pesquisa
O que o trabalho pretende demonstrar?
Título Nome que o trabalho irá receber Como se chamará?
Objetivos O que se pretender atingir com a pesquisa
Para que fazer?
Metodologia Conjunto de atividades organizadas para levantamento dos dados para a realização da pesquisa
Como vou desenvolver minha pesquisa?
Cronograma das atividades Lista, por ordem e prazos, da realização e conclusão das atividades relacionadas com a pesquisa.
Quando e em que ordem vou realizar a pesquisa/
Recursos humanos e materiais – orçamento
Lista de custos de materiais e mão-de-obra necessários para a realização da pesquisa
De que vou precisar?
Referências Lista de obras consultadas para a elaboração da pesquisa
O que consultei para fazer o projeto?
Complementando os autores acima citados, Dalarosa (1999, p. 102)
sugere que o projeto de pesquisa deve levar em conta os seguintes passos:
problema, justificativa, quadro teórico ou revisão bibliográfica, objetivos e
metodologia.
Em resumo, todos os autores até agora citados, sugerem uma
seqüência mais ou menos semelhante para a elaboração de um projeto de pesquisa,
como segue abaixo:
6.1 Título
Após o planejamento inicial do Projeto de Pesquisa que poderá ser
baseado em diversas experiências inclusive pessoais o pesquisador passará ao
registro deste planejamento. Para tanto deverá dar um título ao seu projeto.
Para Severino (2007, p. 129) ainda que provisório, o projeto de
pesquisa deve conter um título, mesmo que venha a ser modificado com o decorrer
do trabalho, que expresse o conteúdo do trabalhado pesquisado.
Seguindo as sugestões de Pescuma (2005, p. 31) o título “deve
apresentar de maneira fiel, clara, objetiva, sugestiva e direta o conteúdo do trabalho,
sintetizando o problema ou a hipótese.”
Perguntas para ajudar a escolher o título:
O título é fiel ao trabalho que pretendo realizar?
Expressa claramente o que pretendo desenvolver com meu trabalho?
Ø Exprime de maneira objetiva o que pretendo estudar?
Ø Comunica diretamente o que pretendo apresentar com meus
estudos?
Resumindo o título deve realmente ser fiel ao que pretendo estudar,
pesquisar e todo trabalho deve estar direcionado em torno do título proposto, mesmo
que durante o desenvolvimento dos estudos ele venha a se modificar.
6.2 Apresentação
Citando novamente Severino (2007) o projeto de pesquisa deve iniciar com
uma apresentação ”onde se exporá sinteticamente como se chegou ao tema de
investigação, qual foi a gênese do problema, as circunstâncias que interferiram
neste processo, por que se fez tal opção” ( SEVERINO, p. 129-130).
É uma parte bastante reservada, onde o autor pode colocar pretextos
de ordem particular que o levaram a iniciar esse projeto de pesquisa, sendo esse o
único momento onde pode constar uma parte mais pessoal.
6.3 Problema, pergunta síntese
A formulação de um problema, não é tarefa fácil. Deve-se tomar o
cuidado com a amplitude do que se pretende estudar, para não ser muito
abrangente. “Pode ser determinado por razões de ordem prática ou de ordem
intelectual.” (GIL, 1996, p. 27)
“Estabelecer qual é a problemática que envolve o objeto de pesquisa
(o questionamento básico sobre o que se quer conhecer)”, (DALAROSA, 1999, p.
102)
Severino (2007, p. 130), coloca a importância de se ter bastante claro
o problema a ser resolvido, que na verdade é uma exposição técnica e objetiva do
que foi colocado na apresentação.
Como formular o problema?
Citando Gil (1996, p. 29-33) formular um problema não é tarefa fácil,
no entanto, pode se seguir regras básicas como:
Ø o problema deve ser formulado como pergunta: maneira mais fácil
e direta de se formular um problema.
Ø o problema deve ser claro e preciso: não há como solucionar um
problema se não for apresentado de forma clara e precisa.
A questão da clareza é imprescindível para que não haja distorções na
hora da interpretação dos dados pesquisados.
Ø o problema deve ser empírico: deve privilegiar fatos empíricos e
não percepções pessoais e julgamentos morais. Embora as ciências sociais se
interessem também pelo estudo dos valores, os mesmos devem ser estudados
objetivamente.
Ø o problema deve ser suscetível de solução: para formular
adequadamente um problema é preciso ter o domínio da tecnologia adequada à sua
solução.
Ø o problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: é
importante a delimitação do problema para que seja viável, pois se for formulado de
forma muito ampla a investigação se tona inviável. “A delimitação do problema
guarda estreita relação com os meios disponíveis para investigação.”
A partir do levantamento do problema a ser pesquisado é que se
desenvolverá todo o trabalho de pesquisa.
Assim, “o problema é o centro do projeto de pesquisa”. (PESCUMA,
2005, p. 20)
A primeira maneira para se definir o problema de pesquisa permite ao
investigador definir o problema sozinho e previamente. A segunda maneira de
encarar a delimitação do problema manifesta-se da ação de outros sujeitos, além da
pessoa do investigador, segundo Triviños (1987, p. 94)
Em suma, o problema deve ser bem delimitado, com conceitos bem
definidos e que possa ser passível de superação.
Sem o estabelecimento do problema é impossível iniciar o trabalho de
pesquisa, pois somente com uma pergunta a ser respondida é que fará sentido o
trabalho sem nunca se esquecer da importância de uma delimitação do mesmo.
6.4 Justificativa
Demonstrar as razões, os motivos e a pertinência que levaram à
escolha do problema; de acordo com Dalarosa (1999, p. 102) deve ser feito dede
forma clara, objetiva e precisa.
Para Pescuma (2005, p. 25) “a justificativa é a tentativa de responder
à pergunta: Por que fazer essa pesquisa?”
A justificativa consiste em estabelecer as razões pelas quais se
decidiu fazer a pesquisa. Pescuma (2005, p. 26) orienta para se observar os
seguintes critérios:
Relevância Pessoal
Ø De onde minha pesquisa partirá?
Ø Por que eu tive interesse por este assunto?
Ø Quais fatores de minha vida influenciaram na escolha deste tema?
Ø Por que este assunto pode auxiliar minha formação pessoal?
Relevância Acadêmica
Ø Que contribuições este assunto pode trazer para o âmbito
científico?
Ø Este assunto tem um caráter retrospectivo ou prospectivo?
Ø Como este tema se relaciona com o conhecimentos científico
contemporâneo?
Relevância Profissional
Ø Este assunto pode contribuir para resolver os problemas de minha
profissão? Por quê?
Ø Como este assunto pode contribuir para o desenvolvimento de
minha profissão?
Ø Como este assunto abre novas perspectivas para os desafios de
minha profissão?
Relevância Social
Ø Este assunto pode contribuir para um melhor conhecimento dos
problemas de minha sociedade? Por quê?
Ø Como este assunto pode contribuir para a solução de inúmeros
problemas da sociedade contemporânea?
Ø Como este assunto contribui para que eu me responsabilize para a
construção de uma sociedade melhor?
A partir desses questionamentos prévios, elabora-se a justificativa do
projeto de pesquisa.
É na justificativa que o pesquisador vai expor o que ele espera com o
resultado da pesquisa a ser efetivada. O autor vai “adiantar a contribuição que se
espera dar com os resultados da pesquisa, justificando-se assim a relevância e a
oportunidade de sua realização, mediante o desenvolvimento do projeto.”
(SEVERINO, 2007, p. 130)
6.5 Hipóteses
Nesta fase o pesquisador deverá levantar hipóteses para a resposta
ao problema elaborado, as quais ele considere como verdadeiras. Durante o
desenvolvimento do trabalho, com o aprofundamento do tema ele poderá confirmar
ou refutar o que estabeleceu como uma resposta antecipada e provisória ao
problema, segundo nos mostra (PESCUMA, 2005, p. 30-31)
Para Gil (1996, p. 35) a hipótese nada mais é do que “uma expressão
verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa. Assim, a hipótese é a
proposição testável que pode vir a ser a solução do problema.”.
Portanto, o pesquisador faz um levantamento de uma proposição a
respeito do problema levantado que poderá ser confirmado ou não com o decorrer
do trabalho de pesquisa.
6.6 Objetivos
Os objetivos dizem respeito aquilo que o pesquisador procurará
demonstrar por meio de seus estudos e experimentos sobre o problema que
levantou.
Consiste em “descrever os objetivos que se pretende alcançar com o
desenvolvimento da pesquisa, sendo importante não confundir os objetivos com a
aplicação dos resultados da pesquisa”. (DALAROSA, 1999, p. 102)
Pescuma (2005, p. 32) sugere algumas perguntas que podem orientar
a formulação dos objetivos:
Ø Para que farei essa pesquisa?
Ø Onde quero chegar com essa pesquisa?
Ø Que metas pretendo atingir com essa pesquisa?
Os objetivos devem ser formulados com a utilização de verbos no
infinitivo.
Severino (2007, p. 130) salienta a importância e o cuidado que se
deve ter quanto à elaboração dos objetivos. O autor menciona que os objetivos
estão vinculados à hipótese que constitui um raciocínio demonstrativo
Portanto assim sendo os objetivos devem demonstrar claramente o
que se pretende alcançar com o desenvolvimento do projeto de pesquisa.
6.7 Referencial teórico
Nesta etapa o pesquisador fará uma busca de materiais teóricos a
respeito do tema a ser abordado. Ou seja, um levantamento de obras teóricas que
venham a subsidiar o seu trabalho.
6.8 Metodologia
É muito importante a escolha da metodologia a ser utilizada e ter
coerência com o suporte teórico que embasará o projeto de pesquisa.
Deve-se evitar a qualquer custo o ecletismo, a mistura de correntes de
pensamentos e as citações avulsas fora de contexto, que segundo Triviños (1987, p.
15) tem sido muito comum na apresentação de trabalhos científicos, devido
principalmente a nossa formação profissional deficitária, onde não se deu prioridade
à formação filosófica.
“Especificar a metodologia a ser aplicada no desenvolvimento do
projeto de pesquisa... por si só não faz sentido, mas se torna indispensável como
meio para a produção do conhecimento científico”. (DALAROSA, 1999, p. 102)
6.9 Cronograma
No cronograma, o pesquisador vai organizar o que pretende executar
durante a pesquisa, distribuindo suas ações de acordo com o tempo que tem
disponível.
No cronograma é conveniente que se observe a seqüência de ações
que serão executadas para que se cumpra o tempo determinado para a conclusão
estabelecido previamente.
6.10 Bibliografia
A partir da bibliografia selecionada, far-se-á a fundamentação teórica
da pesquisa a ser desenvolvida, buscando-se sempre a coerência de teorias.
“Delinear o quadro teórico, envolvendo o problema, e que consiste
preliminar e basicamente, na revisão da bibliografia disponível acerca do assunto-
problema”. (DALAROSA 1999, p. 102)
Toda a bibliografia consultada para a elaboração do projeto de
pesquisa deve ser elencada, seguindo rigorosamente as regras da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas).
A princípio a bibliografia pode não ser muito extensa, porém com o
incremento do trabalho ela pode ser ampliada, no entanto deve ser citada na íntegra
quando da conclusão do mesmo.
7. APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
Após a conclusão da pesquisa, ela deve ser apresentada em um
formato especial, seguindo normas estabelecidas pela Instituição de Ensino e de
acordo com r regras da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Os formatos de apresentação são praticamente os mesmos, variando
apenas alguns itens que são exigidos a mais ou a menos de acordo com a
instituição.
De acordo com Pescuma (2005, p. 37) a apresentação de um projeto
de pesquisa deve conter: capa, folha de rosto, resumo e sumário (elementos pré-
textuais), elementos do projeto (textuais), referência, anexos, apêndices e dados de
identificação do pesquisador (pós-textuais).
Já Severino (2007, p. 152-153) cita o seguinte roteiro para
apresentação geral de um trabalho científico:
- Capa inicial
- Página de Rosto
- Sumário
- Lista de tabelas e figuras
- Núcleo do trabalho:
Ø Introdução
Ø Desenvolvimento
Ø Conclusão
- Apêndices e anexos.
- Bibliografia
- Capa final ou quarta capa
7.1 Capa
A formatação da capa, assim como de todo o trabalho deve seguir as
normas da ABNT, como foi já foi citado anteriormente, no entanto, com a finalidade
de sugestão citamos o que sugere Pescuma (2005, p. 37) quanto a apresentação da
capa do trabalho pesquisado. Para essa autora a capa deve conter: nome da
instituição (opcional), nome do autor, título e subtítulo do projeto, local e data do
depósito.
Já Severino (2007, p. 153), assinala que na capa deve constar apenas
três elementos: no alto da página, o nome do autor na ordem normal com letras
maiúsculas; no centro da página, o título do trabalho grifado; embaixo a cidade e o
ano.
Modelo de capa para Pescuma (2005, p. 39):
Universidade Estadual de Londrina
Rogéria Aparecida Camargo Lima Bellia
A indisciplina na escola e as contribuições do Pedagogo para a superação de tal dificuldade
Londrina – 2008
De acordo com Severino esse é o modelo de capa:
A capa não deve ser numerada, ela será contada, no entanto, a
numeração não deverá aparecer.
De acordo com Muller (2007, p.13), o papel a ser utilizado, não só na
capa mas em todo o trabalho é o papel branco de boa qualidade no formato A4 (210
x 297 mm), impresso na cor preta, com exceção das ilustrações. O tipo de fonte,
usualmente utilizados, são o arial e o times new roman, no tamanho 12 para o corpo
ROGÉRIA APARECIDA CAMARGO LIMA BELLIA
A indisciplina na escola e as contribuições do Pedagogo para a superação de tal dificuldade
Londrina – 2008
do texto e 10 ou 11 para as citações longas, notas de rodapé, paginação,legendas e
ilustrações de tabelas.
7.2 Folha de rosto
A folha de rosto de acordo com Severino (2007, p. 153) e Pescuma
(2005, p. 37) deve conter: nome do autor no alto da página; título completo do
trabalho; mais abaixo a natureza e objetivo do trabalho; embaixo a cidade e o ano.
Modelo de folha de rosto, segundo Severino (2007, p.154):
ROGÉRIA APARECIDA CAMARGO LIMA BELLIA
A INDISCIPLINA NA ESCOLA E AS CONTRIBUIÇÕES DO PEDAGOGO PARA A SUPERAÇÃO DE TAL
DIFICULDADE
Trabalho de conclusão do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, entregue a SEED, sob orientação da prof. Silvia Alves dos Santos
Londrina – 2008
Os modelos acima são apenas ilustrativos. Na prática devem ser
respeitadas as normas da ABNT.
7.3 Sumário
O sumário deve conter todas as partes do trabalho de acordo com a
seqüência em que será apresentado e sua paginação.
Em outras palavras Severino (2007) recomenda que o sumário deve:
(...) esquematizar as principais divisões do trabalho: partes, seções, capítulos, etc. exatamente como aparecem no corpo do trabalho, indicando ainda a página em que cada divisão inicia. Indica ainda o prefácio, as listas, tabelas e bibliografia. Vem logo depois da folha de rosto. (SEVERINO, 2007, p.153)
As divisões do trabalho serão desenvolvidas de acordo com as
necessidades que forem durante o desenvolvimento do trabalho.
Exemplo de sumário:
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO DO TRABALHO............................................3
2 MINHA TRAJETORIA PROFISSIONAL ....................................4
3 MINHAS DIFICULDADES ENQUANTO PESQUISADORA .....11
4 ENCAMINHAMENTOS DE UMA PESQUISA ..........................13
5 MÉTODOS DE PESQUISA ......................................................18
5.1 Enfoque Quantitativo ................................................................19
5.2 Enfoque Qualitativo ..................................................................20
5.2.1 Pesquisa Bibliográfica ..............................................................21
5.2.2 Estudo de Caso ........................................................................22
5.2.3 Pesquisa Participante ...............................................................23
5.2.4 Pesquisa Etnográfica ................................................................23
5.2.5 Pesquisa-ação ..........................................................................25
6 PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DA PESQUISA ..................28
7 APRESENTAÇÃO DA PESQUISA............................................36
8 POSTURA DO INVESTIGADOR ..............................................43
BIBLIOGRAFICA CONSULTADA .........................................................47
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA.........................................................50
7.4 Lista de tabelas e figuras
Devem constar logo após o sumário se caso forem utilizadas no
trabalho.
Exemplo de lista de tabela, conforme Quadros (2006, p.177)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Custo de acordo com a natureza .........................15
Tabela 2 Distribuição dos custos por natureza ...................29
Tabela 3 Análise financeira de novos investimentos ..........31
Tabela 4 Relação de custo .................................................78
Tabela 5 Média e desvio de dados .....................................90
7.5 Núcleo do trabalho
Logo em seguida vem a apresentação do resultado do trabalho onde
constará a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, com as devidas divisões
em seções, capítulos, partes, enfim toda a parte de redação do trabalho pesquisado.
A fonte para digitação pode ser a arial ou times new roman, no
tamanho 12 para o corpo do texto, com espaçamento de 1,5 entre linhas.
Já nas citações longas o tamanho da fonte deverá ser 11 e o
espaçamento entre linhas 1,0.
A forma de citação deve ser de acordo com as normas estabelecidas
pela ABNT.
7.5.1 Citações
Na apresentação do trabalho, poderão constar citações de autores das
obras consultadas, desde que venham a enriquecer o trabalho, sejam relevantes e
venham a contribuir para a complementação das idéias e estudos realizados. No
entanto, é imprescindível que seja citado a obra, o autor, o ano de publicação, caso
contrário pode ser caracterizado plágio.
Existem várias formas de citação. Destacaremos alguns tipos, como
nos exemplos abaixo:
7.5.1.1 Citação direta:
Quando é usada parte do texto de um autor consultado e deve constar
nas seguintes formas:
a) citações curtas – quando a citação for de até três linhas deve ser
incorporada ao texto entre aspas, com indicação de onde foi retirada.
Exemplo 1 : A partir da década de 90, no Brasil, várias mudanças
ocorreram na educação brasileira com a finalidade de atender às exigências do setor
privado e lógica neoliberal, além das orientações emanadas do Banco Mundial,
como a “orientação para articulação entre educação e produção do conhecimento,
por meio do binômio privatização e mercantilização da educação”, conforme nos
coloca Dourado (2002, p. 237).
b) citações longas – são as citações com mais de três linhas e devem
ser colocadas de forma especial, sem aspas, recuada a 4 cm da margem esquerda,
em letra menor do que a do texto. Como o normal é que se utilize a fonte 12 para o
texto normal, na citação pode ser usada a fonte 11.
Exemplo 2: De acordo com Lakatos (1991) se faz necessário a
diferenciação entre o que é senso comum e conhecimento cientifico. Para a autora:
senso comum é transmitido de geração para geração por meio de educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal, portanto, empírico e desprovido de conhecimento [...], já o conhecimento cientifico é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. (LAKATOS 1991, p. 14)
7.5.1.2 Citação indireta
Na citação indireta é reproduzida a idéia do autor consultado sem a
reprodução fiel do que consta no texto original. Mesmo assim é necessário que fique
claro de onde se baseou para retirar o conceito utilizado.
Exemplo 3 : Na verdade, segundo Franco (1986, p. 62-63) o professor
só se refere aos alunos quanto menciona os problemas da disciplina na escola. No
entanto, a disciplina diz respeito a todos os envolvidos no processo de ensino e
aprendizagem.
7.5.1.3 Citação de citação
Na citação de citação usa-se a reprodução da informação que já foi
citada por outro autor e que não teve acesso a obra original.
Essa forma de citação exige que se cite a fonte de onde foi retirada e
deixe claro que a idéia original está sendo citada por outro autor. Para tanto, é
necessário que se utilize a expressão latina apud, que significa junto a.
Podemos citar um exemplo de citação de citação, utilizado por Müller
(2007, p. 36):
Nesse sentido, argumenta Gardner:
[...] toda organização tem a obrigação de providenciar ou manter um meio ambiente agradável. Organizações que apagam a chama da individualidade de seus membros terão sua capacidade de mudança e adaptação seriamente afetada. Indivíduos que se sentem como uma espiga numa maquina, não produzindo idéias que trarão mudanças. Ao contrário, resistirão a tais idéias quando elas forem reproduzidas por outros. (apud FINI 1990, p. 16)
7.6 Apêndice e anexos
Nos anexos deverão constar os documentos que serviram de
complemento para o trabalho e fundamentaram a pesquisa. Já os apêndices
segundo Severino (2007, p. 155) “geralmente constituem desenvolvimentos
autônomos elaborados pelo próprio autor, para complementar o próprio raciocínio,
sem prejudicar a unidade do núcleo do trabalho.”
Esses documentos devem colocados logo em seguida a conclusão do
trabalho.
7.7 Bibliografia
A bibliografia pode ser indicada, no corpo do trabalho, em notas de
rodapé, ou seja, no pé da página e segundo Müller (2007, 30), devem constar:
Dentro das margens, separadas do texto principal ‘por um espaço simples de entrelinhas e por um filete [linha] de 3 cm de extensão’, a contar da margem esquerda, com fonte menor que a do texto, em espaço simples de entrelinhas.
Caso não utilize as notas de rodapé, a bibliografia devem ser elencar
todas as obras utilizadas em ordem alfabética dos autores.
A forma de ordenar essa listagem também deve seguir as normas
estabelecidas pela ABNT, como:
- iniciar com o sobrenome do autor, em letras maiúsculas, separado
do nome por vírgula,
- destacar o título da obra em negrito,
- todos os elementos da bibliografia são separados por ponto;
- o alinhamento é feito à esquerda
- espaçamento entre linhas simples e de uma obra para outra, dois
espaços simples.
- a fonte utilizada é a mesma do corpo do texto, ou seja, Arial ou
Times New Roman no tamanho 12.
Exemplos:
7.7.1 Utilização de uma única obra do autor:
BARROS, Aidil de Jesus Paes; LEHFELD, Neide Ap. de S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Introdução à metodologia científica. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. CERVO, Amado Luis; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 3.ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
7.7.2 Utilização de mais de uma obra do mesmo autor
SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da ANDE, São Paulo, n° 9, p. 27-28, 1985. ___. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. (Coleção educação contemporânea) ___. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 38. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: vol. 5).
7.7.3 Utilização de textos retirados na Internet:
FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação. In: Revista Educação e Pesquisa, v.31, n. 3, p. 483-502. São Paulo, set/dez 2005. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf
8. POSTURA DO PESQUISADOR
Como já foi exposto anteriormente um trabalho de investigação
científica requer seriedade, ética, responsabilidade e acima de tudo muita dedicação
e estudo.
Pesquisar e estudar não é tarefa fácil, requer hábitos e atitudes que se
adquirem com o passar do tempo.
Podemos fazer uma comparação quando se diz que para aprender a
se andar de bicicleta, só se aprende andando, nadar só se aprender nadando,
podemos dizer que estudar só se aprende estudando, seguindo o que nos coloca
Bastos (1996, p. 34), pois, “a formação de hábitos requer disposição, determinação
e disciplina pessoais”.
Portanto, cabe tanto ao estudante, ao professor e ao pesquisador criar
o hábito e a disciplina para o estudo, sem o qual é impossível desenvolver um
projeto de pesquisa, ou qualquer outro tipo de trabalho onde o conhecimento teórico
esteja presente.
Para Triviños (1987, p. 15) tem sido muito comum a apresentação de
trabalhos científicos onde nota-se a falta de disciplina dos pesquisadores onde “a
ausência de coerência entre os suportes teóricos que, presumivelmente, nos
orientam e prática social que realizamos”, que podem ser determinadas por vários
fatores como má formação acadêmica, espírito crítico não desenvolvido,
dependência cultural castrante, entre outros.
Faz-se, então, necessário o desenvolvimento do espírito crítico e
cientifico por parte daqueles que pretendem desenvolver o hábito da pesquisa e do
estudo e isto pode ser alcançado com a colocação de algumas atitudes que podem
ser consideradas simples, como por exemplo: estabelecer um horário para estudo;
organizar um local adequado, longe de sons e ruídos excessivos; organizar um
pequeno acervo bibliográfico onde constem livros, textos, dicionários, documentos
compatíveis com o tema ser abordado.
Para Severino (2007, p. 46-49) um aluno universitário, necessita de
um mínimo de organização da vida de estudos, para que ela se torne mais
produtiva. Aproveitamos essas recomendações que podem ser utilizadas por
qualquer pesquisador:
Ø Disponibilizar um horário para estudos;
Ø Estabelecer um ritmo de estudos;
Ø Estabelecer um tempo de estudos para os vários dias da semana.
Se, como foi afirmado anteriormente, estudar é um hábito que se
adquire, estabelecer essa rotina de horários é a primeira atitude que um pesquisador
deve empreender.
O tempo que se perde com coisas banais no dia-a-dia é muito grande,
portanto, organizar-se para que todo o tempo disponível seja bem aproveitado é
primordial. O importante não é a quantidade do período que se estabelecer para
essa tarefa, mas sim a qualidade e a objetividade que se colocar para “aproveitá-lo
com o máximo de concentração e atenção.” (BASTOS, 1996, p. 34).
Depois de estabelecido o horário para estudos e o local adequado o
pesquisador deve priorizar o que vai ser pesquisado e para tanto, selecionar a
devida bibliografia correspondente ao tema.
Posteriormente, iniciar-se-á o trabalho de pesquisa propriamente dito,
que deverá ser de interesse pessoal do pesquisador, pois caso contrário se tornará
algo imposto e por essa razão sem desafios a serem conquistados. Gil (1996, p. 20)
aponta algumas atitudes que deverão ser observadas pelo pesquisador:
a) conhecimento do assunto a ser pesquisado;
b) curiosidade;
c) criatividade;
d) integridade intelectual;
e) atitude autocorretiva;
f) sensibilidade social;
g) imaginação disciplinada;
h) perseverança e paciência;
i) confiança na experiência.
Baseado nessas observações, conclui-se que um trabalho de
investigação científica só pode ser realizado quando o pesquisador: tem
conhecimento a respeito do assunto que pretende estudar; tem curiosidade e
criatividade, pois não se faz pesquisa sem esses dois elementos. A curiosidade de
saber a respeito do assunto, de comprovar se as hipóteses levantadas são
verdadeiras ou falsas servem de incentivo ao pesquisador que procurará usar de
toda criatividade possível, para responder as suas indagações.
Ter ética e não enganar as pessoas com dados manipulados. Nada
mais constrangedor do que uma pesquisa manipulada por interesses políticos, por
exemplo, onde o pesquisador direciona seus estudos a fim de responder a
perguntas que só interessam a governantes mal intencionados e que querem se
promover à custa de dados que lhes favoreçam.
Desenvolver um olhar cuidadoso sobre o grupo que pesquisa; ter
confiança no seu conhecimento e na sua experiência. Quando o pesquisador se faz
presente no grupo onde desenvolverá seu trabalho deve ter o cuidado de se
despojar de todo tipo de opinião pessoal para que possa interagir de forma neutra
valendo-se somente do conhecimento adquirido por meio de estudos e pesquisas
anteriores.
O pesquisador deve estar presente, no entanto, sua presença deve
ser sentida apenas com o intuito de aplicar na prática, o que adquiriu através da
teoria.
Enfim, espírito científico não é algo que se adquire de um dia para
outro. É conquistado ao longo da vida e exige muito esforço, que de acordo com
Cervo (1983, p. 18) “se traduz por uma mente crítica, objetiva e racional”.
Nesse espírito não é admitido ao pesquisador soluções pessoais a
respeito do que está sendo estudado, sendo necessário que se liberte de toda visão
subjetiva de mundo.
Para o pesquisador sério e comprometido não é admissível ao mesmo
o plágio, a cópia de trabalhos e muito menos a mentira a respeito do que foi
observado. O verdadeiro espírito científico caracteriza-se pela reflexão.
Para Cervo (1983, p. 18) “o espírito científico, na prática, se traduz por
uma mente crítica, objetiva e racional.” Crítica, não no sentido ruim da palavra, mas
sim no sentido de saber discernir e avaliar as questões levantadas da melhor
maneira possível. Quando se diz objetivo é saber se livrar de conceitos e opiniões
pessoais que possam interferir na forma com que se olha o objeto estudado.
O verdadeiro pesquisador deve se despir de qualquer tipo de
preconceito, opinião pessoal ou senso comum, pois uma pesquisa séria e
comprometida vai além do que o investigador pensa ou acha sobre determinado
assunto.
Essas são apenas algumas atitudes básicas que o pesquisador deve
ter em mente antes de iniciar o trabalho de pesquisa.
Como citado anteriormente, estudar e pesquisar são hábitos que se
adquirem com o passar do tempo e que cada indivíduo deve desenvolver de acordo
com suas possibilidades e necessidades. Pode ser doloroso no início, mas a partir
do momento que se inicia, passa a fazer parte do seu cotidiano e se torna mais
prazeroso e produtivo.
Pesquisa é algo interminável, sempre haverá algo a respeito de um
fato novo que se tornará interessante e instigante aprender.
Finalizando, pesquisa é hábito, atitude, disciplina, responsabilidade e
dedicação que deve resultar em mudanças pessoais e sociais.
9. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AOYAMA, Ana Lúcia Ferreira. Pesquisa etnográfica – Universidade Estadual de Londrina, s.d. 3 p. (Mimeo) BARROS, Aidil de Jesus Paes; LEHFELD, Neide Ap. de S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Introdução à metodologia científica. 7.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. CERVO, Amado Luis; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. DALAROSA, Adair Ângelo. Ciência, Pesquisa e Metodologia na Universidade. In: LOMBARDI, José Claudinei. Pesquisa em educação: história, filosofia e temas transversais. Campinas: Autores Associados: HISTEDBR, Caçador: UNC, 1999. DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. ___. Pesquisa: princípio científico e educativo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003. DIAS, Maria Luiza M. S. Marques. Mudanças em curso no ensino público do Paraná In: Revista Paranaense de. Desenvolvimento, Curitiba, n. 98, p. 45-65, jan./jun. 2000 FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação. In: Revista Educação e Pesquisa, v.31, n. 3, p. 483-502. São Paulo, set/dez 2005. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1996. KUENZER, Acácia Zeneida. A formação de educadores no contexto das mudanças no mundo do trabalho: Novos desafios para as faculdades de educação. In: Educação & Sociedade, v. 16, nº 63. Campinas, agosto de 1998.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73301998000200007&lng=pt&nrm=.pf&tlng=pt LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. MÜLLER, Mary Stela; CORNELSEN, Julce Mary. Normas e padrões para teses, dissertações e monografias. 6. ed. ver. e atual. Londrina, PR: Eduel, 2007. PESCUMA, Derna; CASTILHO, Antonio Paulo Ferreira de. Projeto de pesquisa – o que é? Como fazer? Um guia para sua elaboração. São Paulo: Olho d’Água, 2005. QUADROS, Marivete Basseto de. Monografias, dissertações & cia: caminhos metodológicos e normativos. Santa Cruz do Rio Pardo, SP: Editora Viena, 2006. RICHARDSON, Roberto Jarry. (et al.) Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da ANDE, São Paulo, n° 9, p. 27-28, 1985. ___. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. (Coleção educação contemporânea) ___. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 38. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: vol. 5). SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. SILVA, Maria Ozanira da. Refletindo a pesquisa participante. São Paulo: Cortez, 1991. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
10. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
AFONSO-GOLDFARB, Ana Maria. História da ciência. São Paulo: Brasiliense, 1994. BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, S/D. BARROS, Aidil de Jesus Paes; LEHFELD, Neide Ap. de S. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 13. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à metodologia científica. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. BIANCHETTI, Lucídio e MACHADO, Ana Maria Netto (organizadores). A bússola do escrever: desafios e estratégias na orientação e escritas de teses e dissertações. Florianópolis, SC: Ed. da UFSC; São Paulo: Cortez, 2006. BLOOM, Allan. Gigantes e anões. Ensaios (1960 – 1990). São Paulo: Editora Best Seller, S/D. BRANDÃO, Helena H. Nagamine. Introdução à análise do discurso. São Paulo: Editora da UNICAMP, S/D. CASTRO, Cláudio Moura. Memórias de um orientador de tese. In: NUNES, Edson (org.). A Aventura Sociológica – Objetividade, paixão, improviso e método na pesquisa social. Rio de janeiro: Zahar, 1978. CERVO, Amado Luis; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. CHALMERS, Alan F. A fabricação da ciência. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1994. CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.
DALAROSA, Adair Ângelo. Ciência, Pesquisa e Metodologia na Universidade. In: LOMBARDI, José Claudinei. Pesquisa em educação: história, filosofia e temas transversais. Campinas: Autores Associados: HISTEDBR, Caçador: UNC, 1999. DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1987. ___. Pesquisa: princípio científico e educativo. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2003. DIAS, Maria Luiza M. S. Marques. Mudanças em Curso no ensino público do Paraná In: Revista Paranaense de. Desenvolvimento, Curitiba, n. 98, p. 45-65, jan./jun. 2000 ECO, Umberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Editora Perspectiva, 1985. EPSTEIN, Isaac. Revoluções científicas. São Paulo: Ática, 1988. FERRO, Marc. A história vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989. FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia da pesquisa-ação. In: Revista Educação e Pesquisa, v.31, n. 3, p. 483-502. São Paulo, set/dez 2005. disponível em http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a11v31n3.pdf GADDIS, John Lewis. Paisagens da história. Como os historiadores mapeiam o passado. Rio de Janeiro: Campus Editora, 2003. GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Editora Ática, 1995. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1996. GREIMAS, A. J. e LANDOWSKI. Análise do discurso em ciências sociais. São Paulo: Global, 1986. JAPIASSU, Hilton. As paixões da ciência. Estudo de história das ciências. São Paulo: Letras & Letras, 1991.
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PÊCHEUX, Michel. O discurso: estrutura ou acontecimento. São Paulo: Pontes, 1997. PESCUMA, Derna; CASTILHO, Antonio Paulo Ferreira de. Projeto de pesquisa. O que é? Como fazer? Um guia para sua elaboração. São Paulo: Olho d’Água, 2005. RICHARDSON, Roberto Jarry. (et al.) Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999. RUBANO, Denise R. et al.. O confronto de alternativas na sociedade e na ciência. O capitalismo nos séculos XVIII e XIX. São Paulo: EDUC, 1987. SANTOS, Boaventura de Sousa. Conhecimento prudente para uma vida decente: um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo: Cortez, 2004. SAVIANI, Dermeval. Sentido da pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da ANDE, São Paulo, n° 9, p. 27-28, 1985. ___. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. (Coleção educação contemporânea) ___. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 38. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2006 (Coleção Polêmicas do Nosso Tempo: vol. 5). SCHWARTZMAN, Simon e CASTRO, Cláudio de Moura. Pesquisa universitária em questão. Campinas,SP: Editora da UNICAMP, 1986. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23. ed. rev. e atual. São Paulo: Cortez, 2007. SILVA, Maria Ozanira da. Refletindo a pesquisa participante. São Paulo: Editora Cortez, 1991. SPINK, Mary Jane (Org.). O conhecimento no cotidiano. As representações sociais na perspectiva da psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1995. THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.
TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.