mecanismo de ação das incretinas e o potencial terapêutico de
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IncretinasTRANSCRIPT
Farmacecircuticas egressas da Universidade Vale do Rio Doce - UNIVALE Governador Valadares Minas Gerais Brasil Professora Doutora em Bioquiacutemica pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG Belo Horizonte Minas Gerais Brasil Docente dos cursos de Enfermagem e Farmaacutecia da Nova Faculdade Contagem Minas Gerais Brasil flaviarabelonovafaculdadecombr
Mecanismo de accedilatildeo das incretinas e o potencial terapecircutico de moleacuteculas relacionadas no tratamento do diabetes mellitus tipo 2
Cristiana Ferreira de Brito Elainy Rodrigues de Oliveira Lima
Juliane Aparecida de Oliveira Linara Cristhinni Scotta Merlo
Nayara Temponi Campos Flaacutevia Luacutecia Abreu Rabelo
RESUMO As incretinas GLP-1 e GIP satildeo hormocircnios produzidos pelo trato gastrointestinal e liberados no intestino em resposta agrave ingestatildeo de alimentos Desempenham importante papel na modulaccedilatildeo da atividade das ceacutelulas β-pancreaacuteticas com isso potencializam a secreccedilatildeo de insulina aleacutem de aumentar a sensibilidade dos seus tecidos-alvo Como estrateacutegia para favorecer o prolongamento dos efeitos das incretinas tem sido desenvolvidas substacircncias anaacutelogas ao GLP-1 que mimetizam sua accedilatildeo (exenatida e liraglutida) e inibidores da enzima que degrada as incretinas (sitagliptina e vildagliptina) Estudos cliacutenicos mostram que a administraccedilatildeo desses faacutermacos em monoterapia ou associados a outros medicamentos antihiperglicecircmicos eacute eficaz no controle glicecircmico e na reduccedilatildeo de peso em pacientes com DM2 Esta revisatildeo tem foco no mecanismo de accedilatildeo das incretinas sobre as ceacutelulas pancreaacuteticas e possiacuteveis accedilotildees terapecircuticas para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 PALAVRAS-CHAVE Incretinas Vias de sinalizaccedilatildeo Diabetes mellitus tipo 2 Anaacutelogos de GLP-1 Inibidores da DPP-4
ABSTRACT Incretins GLP-1 and GIP are hormones produced by the gastrointestinal tract and liberated in the intestine in response to the ingestion of food They fulfill important role in the modulation of the response of cells of the pancreatic islets to the ingestion of food thus they potentialize the insulin secretion by the pancreatic β-cells beyond increasing the sensibility of the target tissues to the insulin As strategy to favour the prolongation of incretins effects have been developed GLP-1 analogs mimetics (exenatide and liraglutide) and enzyme inhibitors of the incretins degradation (sitagliptin and vildagliptin) Clinical trials have shown incretins based drugs administration on monoterapy or in association with other anti-hyperglicemic drugs to be efficacious in glycemic control and weight loss in patients with type 2 diabetes This review focuses in the action mechanism of incretin on pancreatic cells and possible therapeutic target for the treatment of diabetes mellitus type 2 KEYWORDS Incretins Signalling pathways Diabetes mellitus type 2 GLP-1 analogs DPP-4 inhibitors INTRODUCcedilAtildeO
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) eacute causado por reduccedilatildeo da sensibilidade dos
tecidos-alvo aos efeitos metaboacutelicos da insulina condiccedilatildeo descrita como resistecircncia agrave
insulina Em contraste com o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) o DM2 estaacute associado ao
aumento da concentraccedilatildeo plasmaacutetica de insulina que ocorre como resposta
compensatoacuteria das ceacutelulas do pacircncreas devido agrave diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo e
armazenamento dos carboidratos Entretanto mesmo os niacuteveis aumentados de insulina
natildeo satildeo suficientes para manter a regulaccedilatildeo normal da glicose devido agrave acentuada
reduccedilatildeo da sensibilidade dos tecidos perifeacutericos agrave insulina (GUYTON amp HALL 2006
p 831-832)
O processo de digestatildeo e absorccedilatildeo dos alimentos nos mamiacuteferos ocorre
principalmente no intestino que funciona tambeacutem como um oacutergatildeo de liberaccedilatildeo de
hormocircnios denominados incretinas que desempenham importante papel na modulaccedilatildeo
da resposta das ceacutelulas das ilhotas pancreaacuteticas capazes de potencializar a secreccedilatildeo de
insulina e consequentemente levar agrave diminuiccedilatildeo de glucagon Elas ajudam a baixar as
taxas de glicose no sangue sobretudo depois das refeiccedilotildees quando esses niacuteveis tendem
a aumentar (DOYLE amp EGAN 2007 p 14 NELSON amp COX 2006 p 895-896)
Os dois principais hormocircnios incretinas satildeo polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico
(GIP) e peptiacutedeo 1 tipo glucagon (GLP-1) que pertencem a uma super-famiacutelia do
peptiacutedeo glucagon e como tal existe alguma homologia da sequecircncia de aminoaacutecidos
entre esses peptiacutedeos e o glucagon O hormocircnio predominante eacute o GLP-1 que aleacutem de
estimular a secreccedilatildeo de insulina suprime a liberaccedilatildeo de glucagon desacelera o
esvaziamento gaacutestrico diminui a ingestatildeo de alimentos e a resistecircncia agrave insulina
(CHACRA 2006 p S613-S614 GUPTA 2012 p S47-S48)
Em estudos realizados nos anos 60 por Nauck e colaboradores a administraccedilatildeo
de glicose por via oral mostrou ser capaz de causar resposta de insulina maior do que a
observada com a infusatildeo de glicose por via endovenosa (EV) apesar dos niacuteveis
sanguiacuteneos mais altos de glicose consequentes da administraccedilatildeo EV Esse fato eacute
conhecido como efeito incretina que significa que a ingestatildeo de glicose estimula a
liberaccedilatildeo de incretinas pelo intestino esses hormocircnios aumentam a secreccedilatildeo de insulina
aleacutem da secreccedilatildeo induzida apenas pela glicose absorvida Do mesmo modo o grau de
secreccedilatildeo de incretinas depende da quantidade de glicose ingerida e as incretinas satildeo
responsaacuteveis por aproximadamente 75 da resposta da insulina depois da ingestatildeo de
50g de glicose (CHACRA 2006 p S615 NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp
EGAN 2007 p 1)
Haacute inuacutemeros interesses nos mecanismos responsaacuteveis pela raacutepida melhora do
diabetes mellitus (DM) que eacute conseguida principalmente apoacutes o tratamento ciruacutergico
onde satildeo aproximadas partes do iacuteleo ao estocircmago de modo a intensificar a secreccedilatildeo de
incretinas que consequentemente levaraacute a uma maior secreccedilatildeo de insulina captando
maior quantidade de glicose da corrente sanguiacutenea e controlando a glicemia Apesar de
sua eficaacutecia esse eacute um meacutetodo invasivo e de alto custo o que leva ao investimento na
terapecircutica medicamentosa com substacircncias que favoreccedilam a accedilatildeo das incretinas Para o
desenvolvimento desses faacutermacos faz-se necessaacuterio o conhecimento do mecanismo de
accedilatildeo e das vias de sinalizaccedilatildeo das incretinas e suas relaccedilotildees com secreccedilatildeo de insulina e
com consequente normalizaccedilatildeo da glicemia em indiviacuteduos portadores de DM2
(MARTINS amp SOUZA 2007 p 344)
1 INCRETINAS
O intestino aleacutem de promover a digestatildeo e a absorccedilatildeo dos alimentos produz
hormocircnios denominados incretinas capazes de potencializar a secreccedilatildeo de insulina e
consequentemente levar agrave diminuiccedilatildeo de glucagon Elas ajudam a baixar as taxas de
glicose no sangue sobretudo apoacutes as refeiccedilotildees quando esses niacuteveis tendem a aumentar
(DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 14 GALLWITZ 2005 p 61-62)
A hipoacutetese da existecircncia de incretinas foi postulada na deacutecada de 30 mas
somente na deacutecada de 60 foram reconhecidas como hormocircnios insulinotroacutepicos Em
1986 Nauck e colaboradores postularam que essas substacircncias eram originadas no
intestino liberadas devido agrave ingestatildeo de grande quantidade de nutrientes pois
aumentavam a secreccedilatildeo de insulina Nesse estudo tambeacutem foi possiacutevel verificar que
apoacutes a ingestatildeo oral de glicose 75 da sua absorccedilatildeo era devido agrave secreccedilatildeo de incretinas
(NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp EGAN 2007 p1)
Os dois principais hormocircnios incretinas satildeo o GIP e GLP-1 (BOSI 2008 p
102 DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 GUPTA 2012 p S47)
O GIP eacute um peptiacutedeo de 42 aminoaacutecidos clivado de seu precursor Pro-GIP
secretado a partir do trato gastrointestinal no duodeno e jejuno pelas ceacutelulas K apoacutes a
ingestatildeo de nutrientes GIP age rapidamente sobre ceacutelulas β-pancreaacuteticas para estimular
a liberaccedilatildeo de insulina e assim garantir a raacutepida absorccedilatildeo de glicose pelos tecidos
Aleacutem disso GIP promove a remoccedilatildeo de trigliceriacutedeos da circulaccedilatildeo processo
parcialmente mediado pela sua capacidade de estimular a atividade da lipase
lipoproteacuteica que eacute uma enzima que converte trigliceriacutedeos em aacutecidos graxos
permitindo sua captaccedilatildeo pelos tecidos perifeacutericos (FULURIJA 2008 p1 GUPTA
2012 p S51)
O GLP-1 eacute um peptiacutedeo de 36 aminoaacutecidos secretado na corrente sanguiacutenea
pelas ceacutelulas L enteroendoacutecrinas encontradas principalmente no iacuteleo e no coacutelon do
intestino (FULURIJA 2008 p 6) GLP-1 inibe a secreccedilatildeo de glucagon e o
esvaziamento gaacutestrico conducentes agrave reduccedilatildeo da glicemia e aumenta a concentraccedilatildeo das
ceacutelulas β mesmo em indiviacuteduos com diabetes tipo 1 GLP-1 eacute reconhecido como um
potenciador da secreccedilatildeo induzida de insulina que contribui substancialmente para seu
efeito (CHIA amp EGAN 2008 p 3703-3704 GALLWITZ 2005 p 62 HANSOTIA
2007 p143)
2 MECANISMO de accedilatildeo das incretinas
Quando a glicose sanguiacutenea aumenta no periacuteodo poacutes-prandial os
transportadores GLUT1 e GLUT2 presentes na membrana das ceacutelulas β-pancreaacuteticas
captam este carboidrato para equilibrar suas concentraccedilotildees do lado externo e interno da
membrana No interior da ceacutelula a glicose eacute rapidamente fosforilada a glicose-6-fosfato
pela glicoquinase que determina a velocidade da glicoacutelise ou seja ativa a geraccedilatildeo de
piruvato e sua entrada no ciclo do aacutecido ciacutetrico Subsequente o metabolismo oxidativo
fornece a ligaccedilatildeo entre os produtos do metabolismo da glicose e a secreccedilatildeo da insulina
O aumento da relaccedilatildeo citoplasmaacutetica adenosina trifosfato (ATP)adenosina difosfato
(ADP) decorrente da glicoacutelise aeroacutebica causa despolarizaccedilatildeo da membrana plasmaacutetica
atraveacutes do fechamento dos canais de K+ sensiacuteveis ao ATP (KATP) Isso permite a
abertura dos canais de Ca2+ voltagem-dependentes levando agrave liberaccedilatildeo dos estoques
intracelulares de Ca2+ Esse aumento na concentraccedilatildeo citosoacutelica de Ca2+ desencadeia a
fusatildeo das vesiacuteculas secretoras que contecircm insulina agrave membrana plasmaacutetica com raacutepida
exocitose desse peptiacutedeo (DOYLE amp EGAN 2007 p 14)
Entatildeo o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias
1) a via inicialmente desencadeada onde ocorre o fechamento dos canais de KATP
despolarizaccedilatildeo e aumento nas concentraccedilotildees intracelulares de Ca2+ e 2) a via
amplificadora onde haacute um aumento na exocitose das vesiacuteculas secretoras de insulina
induzida por Ca2+ As incretinas satildeo capazes de ativar essas vias por meio de sua
ligaccedilatildeo a receptores especiacuteficos e a consequente ativaccedilatildeo de moleacuteculas citoplasmaacuteticas
sinalizadoras Aleacutem disso a contiacutenua ativaccedilatildeo do receptor de GLP-1 (GLP-1R) tambeacutem
aumenta a siacutentese de insulina e a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas β (DOYLE amp EGAN 2007 p
14-19)
21 RECEPTORES de incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
Os receptores para GLP-1 e GIP satildeo da classe dos receptores acoplados agrave
proteiacutena G (GPCRs) Assim como outros receptores desse tipo possuem sete domiacutenios
α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7) trecircs alccedilas extracelulares (EC1 EC2 EC3)
trecircs alccedilas intracelulares (IC1 IC2 IC3) um grupo amino terminal extracelular e um
domiacutenio carboxilo terminal intracelular (DOYLE amp EGAN 2007 p 2-3)
As proteiacutenas G contecircm trecircs subunidades uma das quais se encontra ligada agrave
guanosina difosfato (GDP) Quando uma proteiacutena G se liga a um receptor ativo a sua
subunidade α sofre uma mudanccedila conformacional e troca o seu GDP por um guanosina
trifosfato (GTP) A subunidade α quando ligada ao GTP separa-se das outras
subunidades torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transduccedilatildeo de sinal
(DOYLE amp EGAN 2007 p 4 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GPCRs estatildeo agrupados em cinco famiacutelias principais baseadas na similaridade
estrutural e sequencial famiacutelia A (rodopsina) B (secretina) C (glutamato) adesatildeo e
frizzledtaste (ROSENBAUM RASMUSSEN amp KOBILKA 2009 p 356)
O GLP-1R eacute um membro da classe B e consiste em uma proteiacutena de 64 kDa
Dentro da classe B os receptores para os hormocircnios peptiacutedicos formam uma subclasse
de receptores da famiacutelia glucagon que tambeacutem incluem receptores de glucagon GLP-2
GIP liberador do hormocircnio do crescimento (GHRH) e secretina No entanto a ligaccedilatildeo
das incretinas aos seus receptores eacute muito especiacutefica sem qualquer reatividade cruzada
relevante a receptores para outros peptiacutedeos com exceccedilatildeo do glucagon que se liga a
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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-
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) eacute causado por reduccedilatildeo da sensibilidade dos
tecidos-alvo aos efeitos metaboacutelicos da insulina condiccedilatildeo descrita como resistecircncia agrave
insulina Em contraste com o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) o DM2 estaacute associado ao
aumento da concentraccedilatildeo plasmaacutetica de insulina que ocorre como resposta
compensatoacuteria das ceacutelulas do pacircncreas devido agrave diminuiccedilatildeo da utilizaccedilatildeo e
armazenamento dos carboidratos Entretanto mesmo os niacuteveis aumentados de insulina
natildeo satildeo suficientes para manter a regulaccedilatildeo normal da glicose devido agrave acentuada
reduccedilatildeo da sensibilidade dos tecidos perifeacutericos agrave insulina (GUYTON amp HALL 2006
p 831-832)
O processo de digestatildeo e absorccedilatildeo dos alimentos nos mamiacuteferos ocorre
principalmente no intestino que funciona tambeacutem como um oacutergatildeo de liberaccedilatildeo de
hormocircnios denominados incretinas que desempenham importante papel na modulaccedilatildeo
da resposta das ceacutelulas das ilhotas pancreaacuteticas capazes de potencializar a secreccedilatildeo de
insulina e consequentemente levar agrave diminuiccedilatildeo de glucagon Elas ajudam a baixar as
taxas de glicose no sangue sobretudo depois das refeiccedilotildees quando esses niacuteveis tendem
a aumentar (DOYLE amp EGAN 2007 p 14 NELSON amp COX 2006 p 895-896)
Os dois principais hormocircnios incretinas satildeo polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico
(GIP) e peptiacutedeo 1 tipo glucagon (GLP-1) que pertencem a uma super-famiacutelia do
peptiacutedeo glucagon e como tal existe alguma homologia da sequecircncia de aminoaacutecidos
entre esses peptiacutedeos e o glucagon O hormocircnio predominante eacute o GLP-1 que aleacutem de
estimular a secreccedilatildeo de insulina suprime a liberaccedilatildeo de glucagon desacelera o
esvaziamento gaacutestrico diminui a ingestatildeo de alimentos e a resistecircncia agrave insulina
(CHACRA 2006 p S613-S614 GUPTA 2012 p S47-S48)
Em estudos realizados nos anos 60 por Nauck e colaboradores a administraccedilatildeo
de glicose por via oral mostrou ser capaz de causar resposta de insulina maior do que a
observada com a infusatildeo de glicose por via endovenosa (EV) apesar dos niacuteveis
sanguiacuteneos mais altos de glicose consequentes da administraccedilatildeo EV Esse fato eacute
conhecido como efeito incretina que significa que a ingestatildeo de glicose estimula a
liberaccedilatildeo de incretinas pelo intestino esses hormocircnios aumentam a secreccedilatildeo de insulina
aleacutem da secreccedilatildeo induzida apenas pela glicose absorvida Do mesmo modo o grau de
secreccedilatildeo de incretinas depende da quantidade de glicose ingerida e as incretinas satildeo
responsaacuteveis por aproximadamente 75 da resposta da insulina depois da ingestatildeo de
50g de glicose (CHACRA 2006 p S615 NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp
EGAN 2007 p 1)
Haacute inuacutemeros interesses nos mecanismos responsaacuteveis pela raacutepida melhora do
diabetes mellitus (DM) que eacute conseguida principalmente apoacutes o tratamento ciruacutergico
onde satildeo aproximadas partes do iacuteleo ao estocircmago de modo a intensificar a secreccedilatildeo de
incretinas que consequentemente levaraacute a uma maior secreccedilatildeo de insulina captando
maior quantidade de glicose da corrente sanguiacutenea e controlando a glicemia Apesar de
sua eficaacutecia esse eacute um meacutetodo invasivo e de alto custo o que leva ao investimento na
terapecircutica medicamentosa com substacircncias que favoreccedilam a accedilatildeo das incretinas Para o
desenvolvimento desses faacutermacos faz-se necessaacuterio o conhecimento do mecanismo de
accedilatildeo e das vias de sinalizaccedilatildeo das incretinas e suas relaccedilotildees com secreccedilatildeo de insulina e
com consequente normalizaccedilatildeo da glicemia em indiviacuteduos portadores de DM2
(MARTINS amp SOUZA 2007 p 344)
1 INCRETINAS
O intestino aleacutem de promover a digestatildeo e a absorccedilatildeo dos alimentos produz
hormocircnios denominados incretinas capazes de potencializar a secreccedilatildeo de insulina e
consequentemente levar agrave diminuiccedilatildeo de glucagon Elas ajudam a baixar as taxas de
glicose no sangue sobretudo apoacutes as refeiccedilotildees quando esses niacuteveis tendem a aumentar
(DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 14 GALLWITZ 2005 p 61-62)
A hipoacutetese da existecircncia de incretinas foi postulada na deacutecada de 30 mas
somente na deacutecada de 60 foram reconhecidas como hormocircnios insulinotroacutepicos Em
1986 Nauck e colaboradores postularam que essas substacircncias eram originadas no
intestino liberadas devido agrave ingestatildeo de grande quantidade de nutrientes pois
aumentavam a secreccedilatildeo de insulina Nesse estudo tambeacutem foi possiacutevel verificar que
apoacutes a ingestatildeo oral de glicose 75 da sua absorccedilatildeo era devido agrave secreccedilatildeo de incretinas
(NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp EGAN 2007 p1)
Os dois principais hormocircnios incretinas satildeo o GIP e GLP-1 (BOSI 2008 p
102 DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 GUPTA 2012 p S47)
O GIP eacute um peptiacutedeo de 42 aminoaacutecidos clivado de seu precursor Pro-GIP
secretado a partir do trato gastrointestinal no duodeno e jejuno pelas ceacutelulas K apoacutes a
ingestatildeo de nutrientes GIP age rapidamente sobre ceacutelulas β-pancreaacuteticas para estimular
a liberaccedilatildeo de insulina e assim garantir a raacutepida absorccedilatildeo de glicose pelos tecidos
Aleacutem disso GIP promove a remoccedilatildeo de trigliceriacutedeos da circulaccedilatildeo processo
parcialmente mediado pela sua capacidade de estimular a atividade da lipase
lipoproteacuteica que eacute uma enzima que converte trigliceriacutedeos em aacutecidos graxos
permitindo sua captaccedilatildeo pelos tecidos perifeacutericos (FULURIJA 2008 p1 GUPTA
2012 p S51)
O GLP-1 eacute um peptiacutedeo de 36 aminoaacutecidos secretado na corrente sanguiacutenea
pelas ceacutelulas L enteroendoacutecrinas encontradas principalmente no iacuteleo e no coacutelon do
intestino (FULURIJA 2008 p 6) GLP-1 inibe a secreccedilatildeo de glucagon e o
esvaziamento gaacutestrico conducentes agrave reduccedilatildeo da glicemia e aumenta a concentraccedilatildeo das
ceacutelulas β mesmo em indiviacuteduos com diabetes tipo 1 GLP-1 eacute reconhecido como um
potenciador da secreccedilatildeo induzida de insulina que contribui substancialmente para seu
efeito (CHIA amp EGAN 2008 p 3703-3704 GALLWITZ 2005 p 62 HANSOTIA
2007 p143)
2 MECANISMO de accedilatildeo das incretinas
Quando a glicose sanguiacutenea aumenta no periacuteodo poacutes-prandial os
transportadores GLUT1 e GLUT2 presentes na membrana das ceacutelulas β-pancreaacuteticas
captam este carboidrato para equilibrar suas concentraccedilotildees do lado externo e interno da
membrana No interior da ceacutelula a glicose eacute rapidamente fosforilada a glicose-6-fosfato
pela glicoquinase que determina a velocidade da glicoacutelise ou seja ativa a geraccedilatildeo de
piruvato e sua entrada no ciclo do aacutecido ciacutetrico Subsequente o metabolismo oxidativo
fornece a ligaccedilatildeo entre os produtos do metabolismo da glicose e a secreccedilatildeo da insulina
O aumento da relaccedilatildeo citoplasmaacutetica adenosina trifosfato (ATP)adenosina difosfato
(ADP) decorrente da glicoacutelise aeroacutebica causa despolarizaccedilatildeo da membrana plasmaacutetica
atraveacutes do fechamento dos canais de K+ sensiacuteveis ao ATP (KATP) Isso permite a
abertura dos canais de Ca2+ voltagem-dependentes levando agrave liberaccedilatildeo dos estoques
intracelulares de Ca2+ Esse aumento na concentraccedilatildeo citosoacutelica de Ca2+ desencadeia a
fusatildeo das vesiacuteculas secretoras que contecircm insulina agrave membrana plasmaacutetica com raacutepida
exocitose desse peptiacutedeo (DOYLE amp EGAN 2007 p 14)
Entatildeo o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias
1) a via inicialmente desencadeada onde ocorre o fechamento dos canais de KATP
despolarizaccedilatildeo e aumento nas concentraccedilotildees intracelulares de Ca2+ e 2) a via
amplificadora onde haacute um aumento na exocitose das vesiacuteculas secretoras de insulina
induzida por Ca2+ As incretinas satildeo capazes de ativar essas vias por meio de sua
ligaccedilatildeo a receptores especiacuteficos e a consequente ativaccedilatildeo de moleacuteculas citoplasmaacuteticas
sinalizadoras Aleacutem disso a contiacutenua ativaccedilatildeo do receptor de GLP-1 (GLP-1R) tambeacutem
aumenta a siacutentese de insulina e a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas β (DOYLE amp EGAN 2007 p
14-19)
21 RECEPTORES de incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
Os receptores para GLP-1 e GIP satildeo da classe dos receptores acoplados agrave
proteiacutena G (GPCRs) Assim como outros receptores desse tipo possuem sete domiacutenios
α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7) trecircs alccedilas extracelulares (EC1 EC2 EC3)
trecircs alccedilas intracelulares (IC1 IC2 IC3) um grupo amino terminal extracelular e um
domiacutenio carboxilo terminal intracelular (DOYLE amp EGAN 2007 p 2-3)
As proteiacutenas G contecircm trecircs subunidades uma das quais se encontra ligada agrave
guanosina difosfato (GDP) Quando uma proteiacutena G se liga a um receptor ativo a sua
subunidade α sofre uma mudanccedila conformacional e troca o seu GDP por um guanosina
trifosfato (GTP) A subunidade α quando ligada ao GTP separa-se das outras
subunidades torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transduccedilatildeo de sinal
(DOYLE amp EGAN 2007 p 4 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GPCRs estatildeo agrupados em cinco famiacutelias principais baseadas na similaridade
estrutural e sequencial famiacutelia A (rodopsina) B (secretina) C (glutamato) adesatildeo e
frizzledtaste (ROSENBAUM RASMUSSEN amp KOBILKA 2009 p 356)
O GLP-1R eacute um membro da classe B e consiste em uma proteiacutena de 64 kDa
Dentro da classe B os receptores para os hormocircnios peptiacutedicos formam uma subclasse
de receptores da famiacutelia glucagon que tambeacutem incluem receptores de glucagon GLP-2
GIP liberador do hormocircnio do crescimento (GHRH) e secretina No entanto a ligaccedilatildeo
das incretinas aos seus receptores eacute muito especiacutefica sem qualquer reatividade cruzada
relevante a receptores para outros peptiacutedeos com exceccedilatildeo do glucagon que se liga a
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
50g de glicose (CHACRA 2006 p S615 NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp
EGAN 2007 p 1)
Haacute inuacutemeros interesses nos mecanismos responsaacuteveis pela raacutepida melhora do
diabetes mellitus (DM) que eacute conseguida principalmente apoacutes o tratamento ciruacutergico
onde satildeo aproximadas partes do iacuteleo ao estocircmago de modo a intensificar a secreccedilatildeo de
incretinas que consequentemente levaraacute a uma maior secreccedilatildeo de insulina captando
maior quantidade de glicose da corrente sanguiacutenea e controlando a glicemia Apesar de
sua eficaacutecia esse eacute um meacutetodo invasivo e de alto custo o que leva ao investimento na
terapecircutica medicamentosa com substacircncias que favoreccedilam a accedilatildeo das incretinas Para o
desenvolvimento desses faacutermacos faz-se necessaacuterio o conhecimento do mecanismo de
accedilatildeo e das vias de sinalizaccedilatildeo das incretinas e suas relaccedilotildees com secreccedilatildeo de insulina e
com consequente normalizaccedilatildeo da glicemia em indiviacuteduos portadores de DM2
(MARTINS amp SOUZA 2007 p 344)
1 INCRETINAS
O intestino aleacutem de promover a digestatildeo e a absorccedilatildeo dos alimentos produz
hormocircnios denominados incretinas capazes de potencializar a secreccedilatildeo de insulina e
consequentemente levar agrave diminuiccedilatildeo de glucagon Elas ajudam a baixar as taxas de
glicose no sangue sobretudo apoacutes as refeiccedilotildees quando esses niacuteveis tendem a aumentar
(DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 14 GALLWITZ 2005 p 61-62)
A hipoacutetese da existecircncia de incretinas foi postulada na deacutecada de 30 mas
somente na deacutecada de 60 foram reconhecidas como hormocircnios insulinotroacutepicos Em
1986 Nauck e colaboradores postularam que essas substacircncias eram originadas no
intestino liberadas devido agrave ingestatildeo de grande quantidade de nutrientes pois
aumentavam a secreccedilatildeo de insulina Nesse estudo tambeacutem foi possiacutevel verificar que
apoacutes a ingestatildeo oral de glicose 75 da sua absorccedilatildeo era devido agrave secreccedilatildeo de incretinas
(NAUCK et al 1986 apud DOYLE amp EGAN 2007 p1)
Os dois principais hormocircnios incretinas satildeo o GIP e GLP-1 (BOSI 2008 p
102 DOYLE amp EGAN 2007 p 1-2 GUPTA 2012 p S47)
O GIP eacute um peptiacutedeo de 42 aminoaacutecidos clivado de seu precursor Pro-GIP
secretado a partir do trato gastrointestinal no duodeno e jejuno pelas ceacutelulas K apoacutes a
ingestatildeo de nutrientes GIP age rapidamente sobre ceacutelulas β-pancreaacuteticas para estimular
a liberaccedilatildeo de insulina e assim garantir a raacutepida absorccedilatildeo de glicose pelos tecidos
Aleacutem disso GIP promove a remoccedilatildeo de trigliceriacutedeos da circulaccedilatildeo processo
parcialmente mediado pela sua capacidade de estimular a atividade da lipase
lipoproteacuteica que eacute uma enzima que converte trigliceriacutedeos em aacutecidos graxos
permitindo sua captaccedilatildeo pelos tecidos perifeacutericos (FULURIJA 2008 p1 GUPTA
2012 p S51)
O GLP-1 eacute um peptiacutedeo de 36 aminoaacutecidos secretado na corrente sanguiacutenea
pelas ceacutelulas L enteroendoacutecrinas encontradas principalmente no iacuteleo e no coacutelon do
intestino (FULURIJA 2008 p 6) GLP-1 inibe a secreccedilatildeo de glucagon e o
esvaziamento gaacutestrico conducentes agrave reduccedilatildeo da glicemia e aumenta a concentraccedilatildeo das
ceacutelulas β mesmo em indiviacuteduos com diabetes tipo 1 GLP-1 eacute reconhecido como um
potenciador da secreccedilatildeo induzida de insulina que contribui substancialmente para seu
efeito (CHIA amp EGAN 2008 p 3703-3704 GALLWITZ 2005 p 62 HANSOTIA
2007 p143)
2 MECANISMO de accedilatildeo das incretinas
Quando a glicose sanguiacutenea aumenta no periacuteodo poacutes-prandial os
transportadores GLUT1 e GLUT2 presentes na membrana das ceacutelulas β-pancreaacuteticas
captam este carboidrato para equilibrar suas concentraccedilotildees do lado externo e interno da
membrana No interior da ceacutelula a glicose eacute rapidamente fosforilada a glicose-6-fosfato
pela glicoquinase que determina a velocidade da glicoacutelise ou seja ativa a geraccedilatildeo de
piruvato e sua entrada no ciclo do aacutecido ciacutetrico Subsequente o metabolismo oxidativo
fornece a ligaccedilatildeo entre os produtos do metabolismo da glicose e a secreccedilatildeo da insulina
O aumento da relaccedilatildeo citoplasmaacutetica adenosina trifosfato (ATP)adenosina difosfato
(ADP) decorrente da glicoacutelise aeroacutebica causa despolarizaccedilatildeo da membrana plasmaacutetica
atraveacutes do fechamento dos canais de K+ sensiacuteveis ao ATP (KATP) Isso permite a
abertura dos canais de Ca2+ voltagem-dependentes levando agrave liberaccedilatildeo dos estoques
intracelulares de Ca2+ Esse aumento na concentraccedilatildeo citosoacutelica de Ca2+ desencadeia a
fusatildeo das vesiacuteculas secretoras que contecircm insulina agrave membrana plasmaacutetica com raacutepida
exocitose desse peptiacutedeo (DOYLE amp EGAN 2007 p 14)
Entatildeo o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias
1) a via inicialmente desencadeada onde ocorre o fechamento dos canais de KATP
despolarizaccedilatildeo e aumento nas concentraccedilotildees intracelulares de Ca2+ e 2) a via
amplificadora onde haacute um aumento na exocitose das vesiacuteculas secretoras de insulina
induzida por Ca2+ As incretinas satildeo capazes de ativar essas vias por meio de sua
ligaccedilatildeo a receptores especiacuteficos e a consequente ativaccedilatildeo de moleacuteculas citoplasmaacuteticas
sinalizadoras Aleacutem disso a contiacutenua ativaccedilatildeo do receptor de GLP-1 (GLP-1R) tambeacutem
aumenta a siacutentese de insulina e a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas β (DOYLE amp EGAN 2007 p
14-19)
21 RECEPTORES de incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
Os receptores para GLP-1 e GIP satildeo da classe dos receptores acoplados agrave
proteiacutena G (GPCRs) Assim como outros receptores desse tipo possuem sete domiacutenios
α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7) trecircs alccedilas extracelulares (EC1 EC2 EC3)
trecircs alccedilas intracelulares (IC1 IC2 IC3) um grupo amino terminal extracelular e um
domiacutenio carboxilo terminal intracelular (DOYLE amp EGAN 2007 p 2-3)
As proteiacutenas G contecircm trecircs subunidades uma das quais se encontra ligada agrave
guanosina difosfato (GDP) Quando uma proteiacutena G se liga a um receptor ativo a sua
subunidade α sofre uma mudanccedila conformacional e troca o seu GDP por um guanosina
trifosfato (GTP) A subunidade α quando ligada ao GTP separa-se das outras
subunidades torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transduccedilatildeo de sinal
(DOYLE amp EGAN 2007 p 4 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GPCRs estatildeo agrupados em cinco famiacutelias principais baseadas na similaridade
estrutural e sequencial famiacutelia A (rodopsina) B (secretina) C (glutamato) adesatildeo e
frizzledtaste (ROSENBAUM RASMUSSEN amp KOBILKA 2009 p 356)
O GLP-1R eacute um membro da classe B e consiste em uma proteiacutena de 64 kDa
Dentro da classe B os receptores para os hormocircnios peptiacutedicos formam uma subclasse
de receptores da famiacutelia glucagon que tambeacutem incluem receptores de glucagon GLP-2
GIP liberador do hormocircnio do crescimento (GHRH) e secretina No entanto a ligaccedilatildeo
das incretinas aos seus receptores eacute muito especiacutefica sem qualquer reatividade cruzada
relevante a receptores para outros peptiacutedeos com exceccedilatildeo do glucagon que se liga a
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
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-
ingestatildeo de nutrientes GIP age rapidamente sobre ceacutelulas β-pancreaacuteticas para estimular
a liberaccedilatildeo de insulina e assim garantir a raacutepida absorccedilatildeo de glicose pelos tecidos
Aleacutem disso GIP promove a remoccedilatildeo de trigliceriacutedeos da circulaccedilatildeo processo
parcialmente mediado pela sua capacidade de estimular a atividade da lipase
lipoproteacuteica que eacute uma enzima que converte trigliceriacutedeos em aacutecidos graxos
permitindo sua captaccedilatildeo pelos tecidos perifeacutericos (FULURIJA 2008 p1 GUPTA
2012 p S51)
O GLP-1 eacute um peptiacutedeo de 36 aminoaacutecidos secretado na corrente sanguiacutenea
pelas ceacutelulas L enteroendoacutecrinas encontradas principalmente no iacuteleo e no coacutelon do
intestino (FULURIJA 2008 p 6) GLP-1 inibe a secreccedilatildeo de glucagon e o
esvaziamento gaacutestrico conducentes agrave reduccedilatildeo da glicemia e aumenta a concentraccedilatildeo das
ceacutelulas β mesmo em indiviacuteduos com diabetes tipo 1 GLP-1 eacute reconhecido como um
potenciador da secreccedilatildeo induzida de insulina que contribui substancialmente para seu
efeito (CHIA amp EGAN 2008 p 3703-3704 GALLWITZ 2005 p 62 HANSOTIA
2007 p143)
2 MECANISMO de accedilatildeo das incretinas
Quando a glicose sanguiacutenea aumenta no periacuteodo poacutes-prandial os
transportadores GLUT1 e GLUT2 presentes na membrana das ceacutelulas β-pancreaacuteticas
captam este carboidrato para equilibrar suas concentraccedilotildees do lado externo e interno da
membrana No interior da ceacutelula a glicose eacute rapidamente fosforilada a glicose-6-fosfato
pela glicoquinase que determina a velocidade da glicoacutelise ou seja ativa a geraccedilatildeo de
piruvato e sua entrada no ciclo do aacutecido ciacutetrico Subsequente o metabolismo oxidativo
fornece a ligaccedilatildeo entre os produtos do metabolismo da glicose e a secreccedilatildeo da insulina
O aumento da relaccedilatildeo citoplasmaacutetica adenosina trifosfato (ATP)adenosina difosfato
(ADP) decorrente da glicoacutelise aeroacutebica causa despolarizaccedilatildeo da membrana plasmaacutetica
atraveacutes do fechamento dos canais de K+ sensiacuteveis ao ATP (KATP) Isso permite a
abertura dos canais de Ca2+ voltagem-dependentes levando agrave liberaccedilatildeo dos estoques
intracelulares de Ca2+ Esse aumento na concentraccedilatildeo citosoacutelica de Ca2+ desencadeia a
fusatildeo das vesiacuteculas secretoras que contecircm insulina agrave membrana plasmaacutetica com raacutepida
exocitose desse peptiacutedeo (DOYLE amp EGAN 2007 p 14)
Entatildeo o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias
1) a via inicialmente desencadeada onde ocorre o fechamento dos canais de KATP
despolarizaccedilatildeo e aumento nas concentraccedilotildees intracelulares de Ca2+ e 2) a via
amplificadora onde haacute um aumento na exocitose das vesiacuteculas secretoras de insulina
induzida por Ca2+ As incretinas satildeo capazes de ativar essas vias por meio de sua
ligaccedilatildeo a receptores especiacuteficos e a consequente ativaccedilatildeo de moleacuteculas citoplasmaacuteticas
sinalizadoras Aleacutem disso a contiacutenua ativaccedilatildeo do receptor de GLP-1 (GLP-1R) tambeacutem
aumenta a siacutentese de insulina e a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas β (DOYLE amp EGAN 2007 p
14-19)
21 RECEPTORES de incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
Os receptores para GLP-1 e GIP satildeo da classe dos receptores acoplados agrave
proteiacutena G (GPCRs) Assim como outros receptores desse tipo possuem sete domiacutenios
α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7) trecircs alccedilas extracelulares (EC1 EC2 EC3)
trecircs alccedilas intracelulares (IC1 IC2 IC3) um grupo amino terminal extracelular e um
domiacutenio carboxilo terminal intracelular (DOYLE amp EGAN 2007 p 2-3)
As proteiacutenas G contecircm trecircs subunidades uma das quais se encontra ligada agrave
guanosina difosfato (GDP) Quando uma proteiacutena G se liga a um receptor ativo a sua
subunidade α sofre uma mudanccedila conformacional e troca o seu GDP por um guanosina
trifosfato (GTP) A subunidade α quando ligada ao GTP separa-se das outras
subunidades torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transduccedilatildeo de sinal
(DOYLE amp EGAN 2007 p 4 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GPCRs estatildeo agrupados em cinco famiacutelias principais baseadas na similaridade
estrutural e sequencial famiacutelia A (rodopsina) B (secretina) C (glutamato) adesatildeo e
frizzledtaste (ROSENBAUM RASMUSSEN amp KOBILKA 2009 p 356)
O GLP-1R eacute um membro da classe B e consiste em uma proteiacutena de 64 kDa
Dentro da classe B os receptores para os hormocircnios peptiacutedicos formam uma subclasse
de receptores da famiacutelia glucagon que tambeacutem incluem receptores de glucagon GLP-2
GIP liberador do hormocircnio do crescimento (GHRH) e secretina No entanto a ligaccedilatildeo
das incretinas aos seus receptores eacute muito especiacutefica sem qualquer reatividade cruzada
relevante a receptores para outros peptiacutedeos com exceccedilatildeo do glucagon que se liga a
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
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- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
Entatildeo o processo de exocitose aguda de insulina pode ser dividido em duas vias
1) a via inicialmente desencadeada onde ocorre o fechamento dos canais de KATP
despolarizaccedilatildeo e aumento nas concentraccedilotildees intracelulares de Ca2+ e 2) a via
amplificadora onde haacute um aumento na exocitose das vesiacuteculas secretoras de insulina
induzida por Ca2+ As incretinas satildeo capazes de ativar essas vias por meio de sua
ligaccedilatildeo a receptores especiacuteficos e a consequente ativaccedilatildeo de moleacuteculas citoplasmaacuteticas
sinalizadoras Aleacutem disso a contiacutenua ativaccedilatildeo do receptor de GLP-1 (GLP-1R) tambeacutem
aumenta a siacutentese de insulina e a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas β (DOYLE amp EGAN 2007 p
14-19)
21 RECEPTORES de incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
Os receptores para GLP-1 e GIP satildeo da classe dos receptores acoplados agrave
proteiacutena G (GPCRs) Assim como outros receptores desse tipo possuem sete domiacutenios
α-helicoidais transmembrana (TM1-TM7) trecircs alccedilas extracelulares (EC1 EC2 EC3)
trecircs alccedilas intracelulares (IC1 IC2 IC3) um grupo amino terminal extracelular e um
domiacutenio carboxilo terminal intracelular (DOYLE amp EGAN 2007 p 2-3)
As proteiacutenas G contecircm trecircs subunidades uma das quais se encontra ligada agrave
guanosina difosfato (GDP) Quando uma proteiacutena G se liga a um receptor ativo a sua
subunidade α sofre uma mudanccedila conformacional e troca o seu GDP por um guanosina
trifosfato (GTP) A subunidade α quando ligada ao GTP separa-se das outras
subunidades torna-se capaz de ativar diferentes mecanismos de transduccedilatildeo de sinal
(DOYLE amp EGAN 2007 p 4 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GPCRs estatildeo agrupados em cinco famiacutelias principais baseadas na similaridade
estrutural e sequencial famiacutelia A (rodopsina) B (secretina) C (glutamato) adesatildeo e
frizzledtaste (ROSENBAUM RASMUSSEN amp KOBILKA 2009 p 356)
O GLP-1R eacute um membro da classe B e consiste em uma proteiacutena de 64 kDa
Dentro da classe B os receptores para os hormocircnios peptiacutedicos formam uma subclasse
de receptores da famiacutelia glucagon que tambeacutem incluem receptores de glucagon GLP-2
GIP liberador do hormocircnio do crescimento (GHRH) e secretina No entanto a ligaccedilatildeo
das incretinas aos seus receptores eacute muito especiacutefica sem qualquer reatividade cruzada
relevante a receptores para outros peptiacutedeos com exceccedilatildeo do glucagon que se liga a
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
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-
GLP-1R mas com 100-1000 vezes menos afinidade do que a GLP-1 (DOYLE amp
EGAN 2007 p 2)
22 VIAS de sinalizaccedilatildeo ativadas pelas incretinas
Muitos estudos tecircm sido feitos com objetivo de elucidar as vias de sinalizaccedilatildeo
ativadas pelas incretinas nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas apoacutes sua interaccedilatildeo com os
receptores Entretanto as investigaccedilotildees estatildeo mais concentradas no GLP-1 Apesar
disso alguns autores consideram que GLP-1 e GIP compartilham de mecanismos de
accedilatildeo muito semelhantes (DOYLE amp EGAN 2007 p 1 14 HOLST amp GROMADA
2004 p E202-E203)
O GLP-1R eacute acoplado agrave subunidade Gαs e portanto envolvimento com o
ligante agonista resulta em ativaccedilatildeo de adenilato ciclase (AC) com formaccedilatildeo de AMP
ciacuteclico (cAMP) que ativa proteiacutena quinase A (PKA) que eacute um componente chave na
regulaccedilatildeo da secreccedilatildeo de insulina uma vez que essa enzima eacute responsaacutevel por vaacuterias
reaccedilotildees de fosforilaccedilatildeo necessaacuterias para a atividade secretora das ceacutelulas β A cascata de
sinalizaccedilatildeo induzida pelas incretinas tambeacutem envolve uma via independente de PKA
mas induzida por cAMP que eacute a ativaccedilatildeo de moleacuteculas conhecidas como proteiacutenas de
troca diretamente associadas agrave cAMP (EPAC) tambeacutem denominadas cAMP-GEFs
(ldquocAMP-regulated guanine nucleotide exchange factorsrdquo) Essas moleacuteculas satildeo
proteiacutenas quinase efetoras que fosforilam polipeptiacutedeos da famiacutelia Ras A ativaccedilatildeo das
vias PKA e EPAC induzida por GLP-1 leva a uma multiplicidade de acontecimentos
incluindo alteraccedilatildeo da atividade dos canais iocircnicos movimentaccedilatildeo de caacutelcio
intracelular e reforccedila a exocitose contendo gracircnulos de insulina (DOYLE amp EGAN
2007 p 10-11 HOLST amp GROMADA 2004 p E200)
GLP-1 ao se ligar no receptor GLP-1R provoca um aumento do cAMP isso
leva agrave ativaccedilatildeo de ambos PKA e EPAC Moderadas concentraccedilotildees de cAMP levam
preferencialmente agrave ativaccedilatildeo de PKA enquanto maiores concentraccedilotildees favorecem a via
EPAC Niacuteveis aumentados de cAMP incrementam os niacuteveis de ATP como
consequecircncia da ativaccedilatildeo da glicoacutelise provocada pela accedilatildeo de PKA sobre as enzimas
glicoliacuteticas Mantidos os aumentos de cAMP pela ativaccedilatildeo de GLP-1R haveraacute a
translocaccedilatildeo de PKA ao nuacutecleo onde promova a modulaccedilatildeo de PDX-1 (ldquopancreatic and
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
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- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
duodenal homebox 1rdquo) e a ativaccedilatildeo de CREB (ldquocAMP response element bindingrdquo) com
consequente transcriccedilatildeo de insulina Aleacutem disso na secreccedilatildeo aguda de insulina PKA e
EPAC atuam sobre os canais KATP e canais de K+ voltagem-dependentes (Kv) as
vesiacuteculas secretoras de insulina e canais IP3Ca2+ no retiacuteculo endoplasmaacutetico (DOYLE
amp EGAN 2007 p 10-11) Alguns dos eventos que se seguem agrave ligaccedilatildeo das incretinas a
seus receptores e que dependem de cAMP estatildeo representados na figura 1
Fig 1 - Representaccedilatildeo esquemaacutetica das principais vias de sinalizaccedilatildeo ativadas pela ligaccedilatildeo das incretinas a seus receptores nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas (AC adenilato ciclase ADP adenosina difosfato ATP adenosina trifosfato cAMP adenosina monofosfato ciacuteclica CREB proteiacutena elemento-ligante responsiva a cAMP EPAC proteiacutena de troca ativada por cAMP G proteiacutena G GIP polipeptiacutedeo inibitoacuterio gaacutestrico GLP peptiacutedeo tipo glucagon I insulina IP fosfatidil inositol IRS substrato do receptor de insulina PDX fator promotor de insulina PKA proteiacutena quinase dependente de cAMP RE retiacuteculo endoplasmaacutetico) Fonte Adaptado de HOLST amp GROMADA 2004 p E200 DOYLEamp EGAN 2008 p 73
A ligaccedilatildeo de GLP-1 a seu receptor tambeacutem ativa as vias Ca2+Calmodulina
proteiacutenas quinases ativadas por mitoacutegenos (MAPquinases) e fosfatidil inositol-3
quinases (PI3 quinases) que tambeacutem podem ter relaccedilatildeo com a estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo
de insulina mediada pelas incretinas Finalmente a produccedilatildeo de ATP reforccedilada pelo
aumento da mobilizaccedilatildeo de Ca2+ que por sua vez atua sobre desidrogenases
mitocondriais leva ao aumento da atividade de mTOR (ldquomammalian target of
rapamycinrdquo) e seus efetores S6K1 (ldquop70 ribosomal protein S6 kinase 1rdquo) mTOR estaacute
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
implicado em aumento da mitose de ceacutelulas β A ativaccedilatildeo de GLP-1R tambeacutem leva agrave
estabilizaccedilatildeo da transcriccedilatildeo de insulina estimulando a translocaccedilatildeo nuacutecleo-
citoplasmaacutetica de proteiacutena de ligaccedilatildeo agrave polipirimidina (PTB) que se liga a regiotildees ricas
em uracila do RNA mensageiros (mRNAs) que codificam a insulina e proteiacutenas das
vesiacuteculas secretoras de insulina estabilizando estes mRNAs (DOYLE amp EGAN 2007
p 14)
23 INATIVACcedilAtildeO das incretinas
GIP e GLP-1 tecircm sua atividade suprimida apoacutes clivagem catalisada pelo
dipeptidil peptidase-4 (DPP-4) DPP-4 originalmente conhecida como marcador CD26
da superfiacutecie celular de linfoacutecitos ou proteiacutenas de ligaccedilatildeo agrave adenosina desaminase
(ADA) eacute uma complexa enzima acoplada na superfiacutecie da membrana celular que
transmite sinais intracelulares atraveacutes de uma pequena cauda intracelular e apresenta-se
tambeacutem como uma forma menor e soluacutevel presente na circulaccedilatildeo (CHIA amp EGAN
2008 p 3710 DRUCKER 2007 p 1335-1336 HERMAN et al 2006 p 4617)
DPP-4 eacute uma serina protease constituiacuteda de 766 aminoaacutecidos que cliva
preferencialmente hormocircnios peptiacutedeos contendo dois resiacuteduos de alanina ou prolina
subsequentes GIP e GLP-1 satildeo substratos endoacutegenos fisioloacutegicos para DPP-4 e esta
tem sua accedilatildeo mediada pelo aumento dos niacuteveis dos hormocircnios sendo uma enzima
amplamente expressa que circula livremente ou se liga agrave membrana celular na maioria
dos tecidos incluindo o trato gastrointestinal o fiacutegado os rins os linfoacutecitos e as ceacutelulas
endoteliais A DPP-4 inativa o GLP-1 e o GIP ao clivar os peptiacutedeos na regiatildeo amino
terminal e induzir a formaccedilatildeo de dois metaboacutelitos GLP-1 (aminoaacutecidos 9-36) e GIP
(aminoaacutecidos 3-42) Eacute essa raacutepida degradaccedilatildeo pela DPP-4 que limita os efeitos do GLP-
1 e do GIP na homeostase da glicose (CHIA amp EGAN 2008 p 3710-3711
DRUCKER 2007 p 1335-1336)
Tem sido demonstrado que niacuteveis circulantes de DPP-4 satildeo maiores em
indiviacuteduos com hiperglicemia crocircnica e diabetes tipo 2 no entanto se a atividade de
DPP-4 circulante estaacute correlacionada aos niacuteveis plasmaacuteticos de GLP-1 ativo em
humanos natildeo eacute conhecido (DRUCKER 2007 p 1335)
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
3 TRATAMENTO do diabetes baseado nas accedilotildees dos hormocircnios incretinas
Ainda que natildeo exista uma cura definitiva para o DM os pacientes podem ter
uma vida longa e saudaacutevel se seguirem com atenccedilatildeo e cuidado o tratamento O diabeacutetico
tipo 2 muitas vezes consegue compensar sua doenccedila apenas com dieta Muitos
pacientes obesos mantecircm-se totalmente compensados apenas chegando a seu peso ideal
Outros poreacutem necessitam de medicamentos para estabilizar os niacuteveis de accediluacutecar no
sangue (HERMAN et al 2006 p 4612-4613 INZUCCHI et al 2008 p 576)
Uma nova categoria de antihiperglicecircmicos baseada na terapia da modulaccedilatildeo do
sistema incretinas tem surgido recentemente Estrateacutegias terapecircuticas para o DM2
relacionadas agraves incretinas incidem sobre a utilizaccedilatildeo de anaacutelogos do GLP-1 (liraglutida
e exenatida) e dos inibidores de DPP-4 (vidalgliptina e sitagliptina) (HERMAN 2006
p 4612 INZUCCHI et al 2008 p 580-581)
A eficaacutecia e seguranccedila desses faacutermacos tecircm sido claramente demonstradas por
um grande nuacutemero de ensaios cliacutenicos como a reduccedilatildeo da hemoglobina glicosilada
(HbA1c) no jejum e poacutes-glicose e em alguns casos os faacutermacos apresentam ainda um
efeito favoraacutevel sobre a reduccedilatildeo do peso Aleacutem disso a baixa taxa de eventos
hipoglicecircmicos vista em estudos com esses faacutermacos fortalece as evidecircncias de sua
aplicabilidade (CHIA amp EGAN 2008 p 3708-3710 INZUCCHI et al 2008 p 577-
578) Alguns estudos mostram ainda que a estimulaccedilatildeo dos receptores GLP-1R possui
efeitos cardioprotetores promove a diminuiccedilatildeo da pressatildeo arterial inibe o acuacutemulo de
monoacutecitosmacroacutefagos na parede arterial e aumenta os niacuteveis seacutericos de HDL (GUPTA
2012 p S51)
31 ANAacuteLOGOS do GLP-1
As primeiras experiecircncias com o GLP-1 administrado EV foram animadoras e
confirmaram o potencial para terapias com incretinas no tratamento de diabetes No
entanto ficou claro desde o iniacutecio que o GLP-1 em si foi improacuteprio para uso
terapecircutico devido agrave sua meia vida muito curta secundaacuteria agrave raacutepida inativaccedilatildeo pela
enzima DPP-4 (BOSI et al 2008 p 103-104)
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
Os anaacutelogos do GLP-1 satildeo uma nova classe de agentes farmacoloacutegicos com
accedilotildees antihiperglicecircmicos que mimetizam os efeitos de incretinas endoacutegenos inclusive
o aumento da secreccedilatildeo de insulina dependente de glicose Vaacuterios anaacutelogos de GLP-1
que foram desenvolvidos a partir das incretinas se mostraram resistentes agrave degradaccedilatildeo
por DPP-4 (HINNEN et al 2006 p 614-615 GUPTA 2013 p 415)
A figura 2 ilustra as estruturas dos principais anaacutelogos de GLP-1 desenvolvidos
para o tratamento do diabetes exenatida e liraglutida
Fig 2 - Estrutura da GLP-1 nativa exenatida e liraglutida O dipeptiacutedeo N-terminal ldquoHArdquo da GLP-1 eacute clivado pela DPP-4 (Fonte Adaptado de CHIA amp EGAN 2008 p 3704)
A exenatida eacute a versatildeo sinteacutetica da exendina-4 que eacute um peptiacutedeo de 39
aminoaacutecidos isolado a partir da secreccedilatildeo da glacircndula salivar do lagarto Gila Monster
(Heloderma suspectum) A exenatida tem 53 de sequecircncia homoacuteloga ao GLP-1
humano e possui uma alta afinidade pelo receptor anaacutelogo de GLP-1 Esse peptiacutedeo natildeo
possui um aminoaacutecido alanina na posiccedilatildeo 2 que direciona a clivagem do DPP-4
tornando-o mais estaacutevel proteoliticamente que o GLP-1 Sendo assim a sua accedilatildeo eacute
devido agrave sua semelhanccedila estrutural com GLP-1 mas esta forma sinteacutetica tem uma maior
duraccedilatildeo de accedilatildeo (BOSI et al 2008 p 103 CHIA amp EGAN 2008 p 3704 GUPTA
2013 p 415-416)
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
A semelhanccedila estrutural entre exenatida e GLP-1 confere ao faacutermaco seus
efeitos insulinotroacutepicos atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao GLP-1R nas ceacutelulas β-pancreaacuteticas
(SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 70)
A exenatida foi aprovada em abril de 2005 pelo FDA (Food and Drug
Administration) como adjuvante no controle glicecircmico de pacientes com DM2 em uso
de metformina sulfonilureacuteia ou uma combinaccedilatildeo de metformina e sulfonilureacuteia
Ensaios randomizados tecircm mostrado que a exenatida foi eficaz na melhoria do controle
glicecircmico em combinaccedilatildeo com a metformina ou sulfonilureacuteia Raramente foi observado
hipoglicemia em pacientes tratados com essas combinaccedilotildees (BOND 2006 p 281
EDWARDS 2004 p 271 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71)
Inicialmente a dose de exenatida utilizada eacute 5 mcg por via subcutacircnea duas
vezes por dia 60 minutos antes do cafeacute da manhatilde e jantar podendo ser ajustada a 10
mcg por via subcutacircnea duas vezes por dia para alcanccedilar um melhor resultado apoacutes 1
mecircs de tratamento (BOND 2006 p 283 EDWARDS 2004 p 272 GREEN amp
FLATT 2007 p 500 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 72)
A absorccedilatildeo da exenatida atinge a concentraccedilatildeo plasmaacutetica meacutedia 21 horas
apoacutes a injeccedilatildeo subcutacircnea e esta droga eacute primariamente eliminada por filtraccedilatildeo
glomerular seguida da degradaccedilatildeo proteoliacutetica com uma meia-vida de eliminaccedilatildeo de
24 horas Em pacientes com insuficiecircncia renal leve a moderada a eliminaccedilatildeo natildeo eacute
consideravelmente reduzida natildeo sendo necessaacuterio o ajuste de dose Jaacute em pacientes
com insuficiecircncia renal grave a utilizaccedilatildeo da exenatida eacute contraindicada pois sua meia
vida eacute significativamente reduzida (BOND 2006 p 281)
Haacute crescente evidecircncia de que a perda de peso pode ser beneacutefica tanto na
prevenccedilatildeo como no tratamento do DM2 melhorando a sensibilidade insuliacutenica e
retardando a progressatildeo do diabetes mas tambeacutem eacute reconhecido que esta eacute difiacutecil de
conseguir na maioria dos pacientes Estudos com exenatida demonstram que a melhora
no controle glicecircmico obtida com sua administraccedilatildeo estaacute acompanhada por reduccedilatildeo
significativa no peso corporal Esse atributo oferece uma vantagem significativa agrave
exenatida sobre muitos outros medicamentos antihiperglicecircmicos como as
sulfonilureacuteias ou tiazolidinodionas que tendem a promover ganho de peso (GREEN amp
FLATT 2007 p 501 PINKNEY FOX amp RANGANATH 2010 p 402-403)
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
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HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
Aleacutem da perda de peso e melhorias no controle glicecircmico promovidas pela
utilizaccedilatildeo cliacutenica de exenatida tambeacutem satildeo observadas a diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de
glucagon estimulaccedilotildees da sensaccedilatildeo de saciedade inibiccedilatildeo do esvaziamento gaacutestrico
atrasando a digestatildeo e absorccedilatildeo dos carboidratos e possivelmente aumento no gasto
energeacutetico Em particular o potencial de reduccedilatildeo no peso corporal em pacientes com
diabetes tipo 2 pode ter um impacto positivo sobre o desenvolvimento de complicaccedilotildees
vasculares e resultados a longo prazo no paciente (BOND 2006 p 283-284 GREEN
amp FLATT 2007 p 502 SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 74)
A exenatida melhora o controle glicecircmico em pacientes com diabetes tipo 2
reduzindo significativamente a HbA1c em jejum e hiperglicemia poacutes-prandial
Considerando que a hiperglicemia poacutes-prandial parece ser fator de risco de doenccedilas
cardiovasculares mais importante que os niacuteveis plasmaacuteticos de glicose no jejum em
pacientes com DM2 o controle farmacoloacutegico da glicemia apoacutes as refeiccedilotildees com
exenatida tem um potencial para a reduccedilatildeo da incidecircncia dessas complicaccedilotildees a longo
prazo (SCHNABEL WINTLE amp KOLTERNAN 2006 p 71-72 PINKNEY FOX amp
RANGANATH 2010 p 403)
Seu uso eacute comumente associado a efeitos adversos gastrointestinais incluindo
naacuteuseas vocircmitos e diarreacuteia Como terapia continuada as naacuteuseas parecem declinar em
termos de gravidade e apresentam-se como efeito dose-dependente Um nuacutemero
relativamente baixo de episoacutedios de hipoglicemia foram notificados quando em
associaccedilatildeo com sulfonilureacuteias Nos estudos foram comparados exenatida com
sulfonilureacuteia utilizados isoladamente Natildeo existem estudos adequados em mulheres
graacutevidas no entanto em camundongos foi demonstrado que exenatida reduz o
crescimento fetal e tem efeitos esqueleacuteticos na dose maacutexima recomendada de 20 mcg
dia (BOND 2006 p 283)
Outro faacutermaco desenvolvido para o tratamento de diabetes eacute a liraglutida Sua
estrutura eacute baseada nas modificaccedilotildees de GLP-1 por meio de substituiccedilatildeo de Lisina-34
por Arginina-34 e a fixaccedilatildeo de uma cadeia de aacutecido graxo de 16 carbonos no resiacuteduo de
Lisina 26 (ligaccedilatildeo feita por meio de uma moleacutecula de aacutecido glutacircmico) que
presumivelmente dificulta a clivagem pela DPP-4 Essa modificaccedilatildeo por si soacute parece
ser suficiente para conferir certa resistecircncia ao liraglutida como tambeacutem eacute observado
com alteraccedilotildees semelhantes agrave GIP As substituiccedilotildees efetuadas no GLP-1 promovem a
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
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de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
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BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
lenta absorccedilatildeo e degradaccedilatildeo do liraglutida em comparaccedilatildeo com o GLP-1 fisioloacutegico
possivelmente atraveacutes da interaccedilatildeo com albumina e uma capacidade de formar
agregados no tecido subcutacircneo resultando em um tempo para concentraccedilatildeo maacutexima de
9-14 horas e meia-vida de ateacute 13 horas apoacutes administraccedilatildeo subcutacircnea onde se percebe
melhor adesatildeo do paciente sem efeitos adversos com doses adequadas (CHIA amp
EGAN 2008 p 3705 GALLWITZ 2005 p 63-64 MCGILL 2009 p 50 PRATLEY
amp GILBERT 2008 p 81-82)
Satildeo caracteriacutesticas importantes da terapia medicamentosa com liraglutida 1)
oferece baixo risco de hipoglicemia 2) melhora o funcionamento das ceacutelulas β 3) natildeo
estaacute associada ao ganho de peso 4) estaacute associada com pequenos ou moderados efeitos
adversos gastrointestinais 5) o faacutermaco eacute indicado para administraccedilatildeo de uma uacutenica
dose diaacuteria Efeitos adversos mais frequentemente relatados foram naacuteuseas e vocircmitos
especialmente nas doses mais elevadas Tambeacutem natildeo haacute desenvolvimento de anticorpos
observado em ensaios de ateacute 14 semanas (CHIA amp EGAN 2008 p 3705 GUPTA
2013 p 416)
A administraccedilatildeo de liraglutida leva agrave reduccedilatildeo da glicemia de jejum aumento da
primeira fase da secreccedilatildeo de insulina apoacutes refeiccedilotildees e supressatildeo da produccedilatildeo poacutes-
prandial de glucagon O medicamento age de forma dependente da glicose o que
significa que estimula a secreccedilatildeo de insulina e inibe a secreccedilatildeo de glucagon somente
quando os niacuteveis de glicose estatildeo mais altos que o normal (COSTA amp FORTI 2006 p
S621) Vaacuterios estudos cliacutenicos mostram que a liraglutida tem efeitos beneacuteficos na
funccedilatildeo das ceacutelulas β-pancreaacuteticas Em pacientes com DM2 este faacutermaco foi capaz de
aumentar marcadamente a funccedilatildeo das ceacutelulas β em 24 horas fato demonstrado pelo
significante aumento na secreccedilatildeo de insulina induzida por glicose (MCGILL 2009 p
51)
Em um estudo com pacientes diabeacuteticos tipo 2 foi relatado que uma uacutenica dose
de liraglutida foi capaz de restaurar a sensibilidade das ceacutelulas β agrave glicose Aleacutem disso
foi demonstrado por meio de um estudo duplo-cego de 12 semanas que a liraglutida
melhora a funccedilatildeo da ceacutelula β e eacute eficiente no controle da glicemia em pacientes com
DM2 Em doses de 0225 a 075 mg por dia a liraglutida diminui os niacuteveis de HbA1c
em pacientes com DM2 em ateacute 075 comparando a um placebo Outro dado
experimental mostra que a liraglutida em doses diaacuterias de 045 a 075 mg melhorou o
controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
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controle glicecircmico e o peso corporal tanto quanto agrave metformina (COSTA e FORTI
2006 p S621)
A associaccedilatildeo entre a liraglutida e outros faacutermacos usualmente prescritos para
pacientes com diabetes tambeacutem tem sido investigada Foi demonstrado que a
administraccedilatildeo de liraglutida associado agrave metformina durante 5 semanas reduziu em
meacutedia 08 a HbA1c quando comparado ao tratamento apenas com a metformina
Quando administrados juntos esses faacutermacos foram mais eficientes na reduccedilatildeo da
glicemia no jejum e do peso corporal quando comparados agrave associaccedilatildeo
metforminaglimepirida (CHIA amp EGAN 2008 p 3705)
Sullivan e colaboradores utilizaram um modelo de simulaccedilatildeo computadorizada
para avaliar o efeito das intervenccedilotildees farmacoloacutegicas com liraglutida em monoterapia
ou associada agrave glimepirida na sauacutede de pacientes com DM2 utilizando paracircmetros
cliacutenicos tais como HbA1c pressatildeo arterial sistoacutelica lipiacutedios seacutericos e iacutendice de massa
corporal De modo geral os resultados mostraram que pacientes em uso da associaccedilatildeo
liraglutidaglimepirida podem ter maior sobrevida e reduccedilatildeo das complicaccedilotildees
decorrentes do DM2 em um periacuteodo de 10 a 30 anos quando comparado com pacientes
utilizando a associaccedilatildeo rosiglitazonaglimepirida (SULLIVAN et al 2009 np)
32 INIBIDORES da DPP-4
Os inibidores do sistema enzimaacutetico DPP-4 satildeo novos medicamentos
promissores para o tratamento do diabetes tipo 2 A loacutegica do uso de inibidores da DPP-
4 baseia-se na hipoacutetese de reforccedilo endoacutegeno do GIP e GLP-1 atraveacutes da inibiccedilatildeo da sua
atividade enzimaacutetica Considerando a ampla expressatildeo de enzimas da famiacutelia DPP uma
condiccedilatildeo essencial de um agente antihiperglicecircmico eacute a sua seletividade para a DPP-4
com relaccedilatildeo agraves outras isoformas denominadas DPP-8 e DPP-9 a fim de minimizar o
risco de efeitos adversos (ROSENSTOCK et al 2008 p 32-33 VELLA et al 2007
p 1478)
Sitagliptina e vildagliptina (figura 3) satildeo altamente seletivos para a DPP-4 e
capazes de aumentar a concentraccedilatildeo de GLP-1 endoacutegeno sendo esses faacutermacos
atualmente os uacutenicos inibidores da DPP-4 aprovados para uso cliacutenico Seguindo a
mesma linha uma seacuterie de outras moleacuteculas incluindo saxagliptina e alogliptina estatildeo
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
atualmente sob investigaccedilatildeo em fase 2 e fase 3 dos ensaios cliacutenicos A grande vantagem
que esses faacutermacos apresentam eacute a via de administraccedilatildeo que eacute oral (ROSENSTOCK et
al 2008 p 34-35 VELLA et al 2007 p 1478 1480)
Fig 3 - Estrutura da sitagliptina e vildagliptina (Fonte Adaptado de CHIA amp
EGAN 2008 p 3704)
Inibidores da DPP-4 melhoram o controle glicecircmico a secreccedilatildeo de insulina e a
funccedilatildeo de ceacutelulas szlig-pancreaacuteticas (DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np) Em
pacientes com diabetes tipo 2 tratamento crocircnico com inibidores da DPP-4 diminui
glicose poacutes-prandial glicemia de jejum e HbA1c e eacute bem tolerada com efeitos neutros
no peso e uma baixa incidecircncia de eventos adversos gastrointestinais e hipoglicemia
(HERMAN et al 2006 p 4616 INZUCCHI et al 2008 p 578)
O inibidor do DPP-4 sitagliptina jaacute teve seu uso aprovado como segundo agente
de escolha para o tratamento do DM2 em indiviacuteduos que natildeo responderam ao primeiro
agente como metformina sulfonilureacuteia e tiazolidinodiona ou entatildeo como terceiro
agente de escolha quando a terapia combinada de dois agentes natildeo alcanccedilou a meta
glicecircmica A dose de sitagliptina eacute de 100 mg por dia no entanto esta deve ser corrigida
em pacientes com insuficiecircncia renal Aleacutem disso mostrou-se efetiva quando utilizada
em associaccedilatildeo com a metformina a sulfonilureacuteia ou a tiazolidinodiona (HERMAN et
al 2006 p 4617-4618 INZUCCHI et al 2008 p577)
Sitagliptina natildeo interage com outras proteases intimamente relacionadas agrave DPP-
4 Esse faacutermaco eacute rapidamente absorvido atingindo pico de niacuteveis plasmaacuteticos 1-6 h
apoacutes a administraccedilatildeo Sua meia-vida eacute 8-14 h com biodisponibilidade de 87 com ou
sem alimentos Cerca de 80 da dose eacute excretada inalterada pelo rim com 15 da
droga metabolizada pela citocromo P3A4 e citocromo P2C8 no fiacutegado Com a
administraccedilatildeo de 100 mg por dia a atividade de DPP-4 eacute inibida em mais de 80 por
um periacuteodo de 24 horas (BERGMAN et al 2006 p 56-57 BOSI et al 2008 p 104)
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
Como resultado a concentraccedilatildeo de GLP-1 intacta e biologicamente ativa eacute aumentada
de 2 a 3 vezes no periacuteodo poacutes-prandial (GALLWITZ 2007 p 204)
Aleacutem dos efeitos da sitagliptina sobre o metabolismo da glicose estudos em
camundongos mostraram que o tratamento com esse faacutermaco por 2 a 3 meses levou agrave
melhora de paracircmetros lipiacutedicos como concentraccedilotildees plasmaacuteticas de triacilgliceroacuteis e
aacutecidos graxos livres (GALLWITZ 2007 p 205)
A vildagliptina outro faacutermaco da classe eacute um inibidor seletivo e competitivo da
DPP-4 e possui baixo peso molecular Apoacutes a administraccedilatildeo oral vildagliptina eacute
rapidamente absorvida e atinge niacuteveis plasmaacuteticos em 1-2 horas Sua meia-vida de 2
horas eacute menor que a da sitagliptina Sua biodisponibilidade eacute de 85 e sua
farmacocineacutetica natildeo eacute afetada pelos alimentos A administraccedilatildeo de 100mg diariamente
inibe a 98 da atividade da DPP-4 em 45 minutos apoacutes a administraccedilatildeo e 60 apoacutes
24 horas Aproximadamente 85 do vildagliptina eacute metabolizado no fiacutegado e os 15
restantes satildeo eliminados inalterados pelos rins (BOSI et al 2008 p 104
ROSENSTOCK et al 2008 p 32)
Ensaios cliacutenicos avaliaram a vildagliptina como monoterapia inicial em
comparaccedilatildeo ao placebo e metformina rosiglitazona ou acarbose e tambeacutem como
primeira combinaccedilatildeo terapecircutica com pioglitazona em comparaccedilatildeo com a droga em
monoterapia Pacientes com dificuldade no controle glicecircmico tiveram reduccedilatildeo maior
da HbA1c apoacutes 24 semanas de uso do faacutermaco Dados do estudo sobre a ampliaccedilatildeo do
grupo com melhor controle glicecircmico mostraram que a reduccedilatildeo maacutexima de HbA1c
ocorreu em torno de 24-30 semanas Como monoterapia vildagliptina 50mg
administrada duas vezes por dia foi tatildeo eficaz quanto a rosiglitazona 8 mg uma vez ao
dia acarbose 100mg trecircs vezes ao dia em relaccedilatildeo agrave diminuiccedilatildeo das concentraccedilotildees de
HbA1c mas natildeo tatildeo eficaz como metformina 1000mg duas vezes ao dia A terapia
combinada com vildagliptina e pioglitazona mostrou-se melhor no controle glicecircmico
do que vildagliptina ou pioglitazona em monoterapia (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Vildagliptina eacute eficaz quando administrado como terapia adjuvante aos pacientes
inadequadamente controlados com sulfonilureacuteia metformina tiazolidinodiona ou
terapia com insulina Aleacutem disso vildagliptina e pioglitazona tambeacutem foram eficazes
como terapia adjuvante para os pacientes que eram inadequadamente controlados com
metformina (CHIA amp EGAN 2008 p 3711)
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
-
Os efeitos adversos da vildagliptina satildeo comparaacuteveis ao do sitagliptina
vildagliptina natildeo tem risco de eventos adversos gastrointestinais poreacutem haacute um aumento
de risco para infecccedilatildeo urinaacuteria e cefaleia (CHIA amp EGAN 2008 p 3712
DICEMBRINI PALA amp ROTELLA 2011 np)
CONCLUSAtildeO
A ligaccedilatildeo entre as incretinas GLP-1 e GIP e seus receptores nas ceacutelulas β-
pancreaacuteticas leva agrave ativaccedilatildeo das cascatas de sinalizaccedilatildeo celular que envolvem PKA e
EPAC de modo dependente da concentraccedilatildeo de cAMP O resultado dos eventos
decorrentes da ativaccedilatildeo dessas vias eacute o aumento das concentraccedilotildees intracelulares de
Ca2+ necessaacuterio ao processo de exocitose da insulina
Nos uacuteltimos anos foram desenvolvidos faacutermacos baseados na accedilatildeo das
incretinas para o tratamento de pacientes com DM2 Esses faacutermacos atuam basicamente
de duas formas distintas mimetizando a accedilatildeo das incretinas (exenatida e liraglutida) ou
inibindo a accedilatildeo da enzima responsaacutevel pela degradaccedilatildeo das incretinas dipeptidil
peptidase-4 (sitagliptina e vildagliptina)
A terapia com ldquomedicamentos incretinasrdquo tem se mostrado eficaz na utilizaccedilatildeo
como monoterapia ou associados a outros antihiperglicecircmicos assim eacute possiacutevel reduzir
as doses dos medicamentos e consequentemente os efeitos adversos A terapia apesar
de custo elevado possui grandes benefiacutecios para o paciente como diminuiccedilatildeo das
complicaccedilotildees cardiovasculares
REFEREcircNCIAS
BERGMAN Arthur J et al Pharmacokinetic and pharmacodynamic properties of multiple oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-IV inhibitor a double-blind randomized placebo-controlled study in healthy male volunteers Clin Ther v 28 n1 p 55-72 Jan 2006 BOND Aaron Exenatida (Byetta) as a novel treatment option for type 2 diabetes mellitus Proc (Bayl Univ Med Cent) Texas v 19 n 3 p 281ndash284 Jul 2006 BOSI Emanuele et al Incretin-based therapies in type 2 diabetes A review of clinical results Diabetes Res Clin Pract v 82 p 102-107 Nov 2008
CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
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CHACRA Antocircnio R Efeito fisioloacutegico das incretinas Adv Stud Med Satildeo Paulo v 6 (7 B) p S613 ndash S617 Jul 2006 CHIA Chee W EGAN Josephine M Incretin-based therapies in type 2 diabetes mellitus Clin Endocrinol Metab v 93 n 10 p 3703-3716 Oct 2008 COSTA e FORTI Adriana Estrateacutegias terapecircuticas baseadas nas vias do GLP-1 Adv Stud Med v 6 (7B) p S618-S626 Jul 2006 DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011 DOYLE Maacuteire E EGAN Josephine M Mechanisms of action of GLP-1 in the pancreas Pharmacol Ther v 3 p 1-83 Mar 2007 DRUCKER Daniel J Dipeptidyl peptidase-4 inhibition and the treatment of type 2 diabetes Diabetes Care v 30 n 6 p 1335-1343 Jun 2007 EDWARDS C Mark B GLP-1 target for a new class of antidiabetic agents J R Soc Med v 97 p 270ndash274 Jun 2004 FULURIJA Alma et al Vaccination against GIP for the treatment of obesity PLoS One v 3 n 9 p 1-11 Sep 2008 GALLWITZ Baptist New therapeutic strategies for the treatment of type 2 diabetes mellitus based on incretins Rev Diabetic Stud v 2 n 2 p 61-69 2005 GALLWITZ Baptist Review of sitagliptin phosphate a novel treatment for type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 3 n 2 p 203-210 2007 GREEN Brian D FLATT Peter R Incretin hormone mimetics and analogues in diabetes therapeutics Best Pract Res Clin Endocrinol Metab v 21 n 4 p 497ndash516 2007 GUPTA Vishal Pleiotropic effects of incretins Indian J Endocrinol Metab v 16(Suppl 1) p S47-S56 Mar 2012 GUPTA Vishal Glucagon-like peptide-1 analogues an overview Indian J Endocrinol Metab v 17 n3 p 413-421 May-Jun 2013 GUYTON Arthur C HALL John E Insulina glucagon e diabete melito In ______ Tratado de fisiologia meacutedica 10 ed Rio de Janeiro Guanabara Koogan 2006 p 827-840 HANSOTIA Tania et al Extrapancreatic incretin receptors modulate glucose homeostasis bodyweight and energy expenditure J Clin Invest v 117 p 143-152 2007
HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
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HERMAN Gary A et al Effect of single oral doses of sitagliptin a dipeptidyl peptidase-4 inhibitor on incretin and plasma glucose levels after an oral glucose tolerance test in patients with type 2 diabetes J Clin Endocrinol Metab v 91 n 11 p 4612ndash4619 Nov 2006 HINNEN Deborah et al Incretin mimetics and DPP-IV inhibitors new paradigms for the treatment of type 2 diabetes J Am Board Fam Med v 19 n 6 p 612 ndash 620 2006 HOLST Jens Juul GROMADA Jesper Role of incretin hormones in the regulation of insulin secretion in diabetic and nondiabetic humans Am J Physiol Endocrinol Metab v 287 p E199-E206 2004 INZUCCHI Silvio E et al New drugs for the treatment of diabetes - Part II incretin-based therapy and beyond Circulation v 117 p 574-584 2008 MARTINS Marcus VDC SOUZA Antocircnio A P Mecanismos ciruacutergicos de controle do diabetes mellitus tipo 2 apoacutes cirurgia bariaacutetrica Rev Col Bras Cir v 34 n 5 p 343-346 2007 MCGILL Janet B Impact of incretin therapy on islet dysfunction an underlying defect in the pathophysiology of type 2 diabetes Postgrad Med v 121 n1 p 46-58 Mar 2009 NAUCK M A et al Incretin effects of increasing glucose loads in man calculated from venous insulin and C-peptide responses J Clin Endocrinol Metab v 63 p 492ndash498 1986 NELSON David L COX Michael M Integraccedilatildeo e regulaccedilatildeo hormonal do metabolismo dos mamiacuteferos In ______ Princiacutepios de bioquiacutemica 4 ed Satildeo Paulo Sarvier 2006 p 872-914 PINKNEY Jonathan FOX Thomas RANGANATH Lakshminarayan Selecting GLP-1 agonists in the management of type 2 diabetes differential pharmacology and therapeutic benefits of liraglutide and exenatide Ther Clin Risk Manag v 6 p 401-411 2010 PRATLEY Richard E GILBERT Matthew Targeting incretins in type 2 diabetes role of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors Rev Diabet Stud v 5 n 2 p 73-94 2008 ROSENBAUM Daniel M RASMUSSEN Soren GF KOBILKA Brian K The structure and function of G-protein-coupled receptors Nature v 459 p 356-363 May 2009 ROSENSTOCK et al Effects of the dipeptidyl peptidase-IV inhibitor vildagliptin on incretin hormones islet function and postprandial glycemia in subjects with impaired glucose tolerance Diabetes Care v 31 p 30ndash35 2008
SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
- DICEMBRINI Ilaria PALA Laura ROTELLA Carlo M From theory to clinical practice in the use of GLP-1 receptor agonists and DPP-4 inhibitors therapy Exp Diabetes Res v 2011 art ID 898913 2011
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SCHNABEL Catherine A WINTLE Matthew KOLTERMAN Orville Metabolic effects of the incretin mimetic exenatida in the treatment of type 2 diabetes Vasc Health Risk Manag v 2 n 1 p 69ndash77 2006 SULLIVAN Sean D et al Long-term outcomes in patients with type 2 diabetes receiving glimepiride combined with liraglutida or rosiglitazone Cardiovasc Diabetol v8 art ID 12 Feb 2009 VELLA Adrian et al Effects of dipeptidyl peptidase-4 inhibition on gastrointestinal function meal appearance and glucose metabolism in type 2 diabetes Diabetes v 56 n 5 p 1475-1480 May 2007
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