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ProgramaçãodeObras Tecnologia II 1
Métodos de Programação e Controle de Obras
1. Introdução
1.1 Aspectos gerais
Uma das importantes funções da gestão de projectos de construção é o
planeamento, programação e controle do tempo de execução das actividades.
Com efeito, a par das outras variáveis de interesse, o factor tempo constitui um
dos aspectos fundamentais no controle e na medição do sucesso do projecto.
Para que um projecto seja concluído eficientemente e dentro do prazo aceitável é
pertinente que haja uma programação e controle efectivo do tempo de execução
das distintas actividades.
A dificuldade de programar adequadamente aumenta com a magnitude e
complexidade do projecto uma vez que estes factores determinam a quantidade e
natureza das actividades a realizar. Tendo em conta as actividades a executar é
preciso considerar a sua sequência e interdependência. Algumas actividades só
podem ser realizadas após a execução das precedentes, enquanto outras,
independentes, podem ser executadas em simultâneo. Em geral, existem
inúmeras actividades mutuamente dependentes e interelacionadas, as quais
quando combinadas dão origem a uma enorme rede de relações sequenciais.
A função de planeamento do projecto e da programação do tempo de execução
das actividades é desencadeada na fase preliminar do projecto, enquanto o
controle é exercido já no decurso das actividades.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 2
É comum na construção empregarem-se os termos planeamento e programação
como sinónimos. Importa, no entanto, fazer uma distinção entre ambos em
benefício da clareza e precisão. O planeamento é o processo da combinação
adequada dos diferentes recursos intervenientes tendo em vista os objectivos do
projecto. Portanto, o planeamento é um processo mais amplo que não lida
apenas com os aspectos das actividades e sua duração, abarcando os métodos de
gestão, os aspectos contratuais/legais, o tempo de execução, os custos, a
qualidade, os recursos humanos, os equipamentos, a tecnologia a empregar,
entre outros.
A programação, por seu turno, diz respeito à determinação do cronograma das
actividades a executar, incluindo a sua sequência e a interdependência. As
actividades são discriminadas até ao detalhe tornando possível visualizar o
escopo ou âmbito do projecto. O programa de trabalhos é um instrumento de
grande relevância uma vez que providencia informação sobre o calendário das
actividades, o período da necessidade da alocação dos equipamentos, o período
de aprovisionamento dos diferentes materiais, o período da alocação da mão de
obra. Adicionalmente, o programa permite a elaboração do diagrama de cash-
flow, além de constituir a base para a monitoria e controle do progresso das
actividades.
1.2 Responsabilidade da programação
De uma forma geral os diferentes actores da indústria de construção necessitam
de preparar planos, pese embora de diferentes tipos, detalhe e complexidade. A
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razão de fundo da distinção dos programas tem a ver com o objectivo de cada
uma das partes. O dono da obra, por exemplo, faz a programação para ter uma
ideia de como as actividades vão progredir, bem como para alocar recursos. O
consultor normalmente produz planos para o cliente poder tomar as decisões
mais apropriadas sobre o desenvolvimento do projecto, não sendo
frequentemente planos com um nível de detalhe significativo. O empreiteiro,
por sua vez, precisa de um plano de nível operacional a fim de executar
eficazmente as operações de construção. Portanto, a programação por parte do
empreiteiro é mais aturada e profunda.
2. Técnicas de programação
Os programas de construção podem ser produzidos e apresentados de diferentes
formas com recurso a distintos métodos. É obvio que cada um dos métodos
disponíveis tem os seus pontos fortes e fraquezas e a escolha de ou doutro
depende de vários factores, dentre as quais se destacam a natureza, a magnitude,
complexidade e os requisitos do projecto, bem como os recursos disponíveis por
parte da entidade que faz a programação. Em qualquer circunstância é preciso
considerar a implementação adequada das decisões tomadas.
Dentre as técnicas de programação existentes as mais importantes ou mais
utilizadas com frequência são as seguintes: gráficos de barras, métodos de
diagramas de rede e linhas de balanço.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 4
2.1 Gráficos de barras (Gantt)
O gráfico de barras é uma técnica inventada pelo engº americano, Henry Gantt,
cientista de gestão, nos princípios do século XX. É um gráfico (histograma) onde
o eixo horizontal é a escala do tempo (duração) e o vertical é constituído pelas
actividades. Entre as barras que representam cada actividade existem ligações
que mostram a interdependência lógica entre elas. A primeira etapa para a
construção do gráfico é a identificação e listagem das principais actividades a
levar a feito para a concretização do projecto. Tendo as actividades definidas
passa-se à estimativa da duração de cada uma delas a fim de se obter a duração
total do projecto.
O uso desta técnica neste trabalho provém do facto de esta ser uma das técnicas
mais antigas e mais fáceis de entender.
Pode-se enumerar diversas vantagens do uso desta técnica, dentre as quais:
simples de construir
fácil de interpretar
providencia uma ideia clara da sequência das operações
pode ser facilmente actualizado
marcos importantes podem ser visualizados
diferentes tipos de programas podem ser relacionados (master e
programa operacional)
É preciso notar que o gráfico de Gantt tem algumas desvantagens, a saber:
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dificuldade de mostrar relação entre actividades
a representação da sequência das actividades pode veicular uma
simplicidade excessiva que não ocorre na prática
Como ilustração desta última situação, se uma actividade estiver atrasada
pode ser bastante difícil determinar os efeitos deste atraso noutras actividades.
Actividade Dias
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Preliminares
Fundações
Alvenarias
Cobertura
Pinturas
Figura 1. 1 Exemplo de um diagrama de Gantt
A figura 1.1 mostra um diagrama de Gantt englobando actividades de um
projecto de construção. A execução dos preliminares decorre desde o dia 1 até
ao dia 3, as fundações de 3 a 6, por diante . O projecto tem o seu fim no dia 15
dos trabalhos. Alternativamente aos dias de trabalho é possível indicar os dias
de calendário, incluindo Sábados e Domingos.
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2.2 Diagramas de redes
2.2.1 Introdução
A procura de métodos e técnicas de programação que respondessem a cada vez
maior complexidade das operações dos projectos conduziu à criação de várias
ferramentas desde a invenção dos gráficos de Gantt nos primórdios do século 20.
O trabalho a este nível ganhou um impulso assinalável na década de 50 com o
desenvolvimento de novos procedimentos de análise sequencial das actividades.
Deste modo, nasce em 1957 o método do caminho crítico – Critical Path Method,
CPM, o qual foi inicialmente utilizado em projectos de engenharia de elevada
complexidade, em particular na construção, manutenção e deposição de
instalações da indústria química. Os autores desta técnica foram James Kelley da
firam Sperry Rand Corporation e Morgan Walker da Du Pont (Clough, 1974).
Paralelamente a este desenvolvimento havia outros esforços em outras áreas e
regiões visando melhorar o planeamento e controle de projectos. Em 1958 um
grupo de trabalho da marinha americana, em colaboração com a Booz-Allen
Hamilton Consultores e a Lockeed Corporation, envolvido no Projecto do
Sistema de Mísseis Polaris, visando construir um sistema de mísseis e respectivos
submarinos de transporte e lançamento, desenvolveu a Técnica de Revisão e
Avaliação de Programas - Program Evaluation and Review Technique, PERT.
Este foi um projecto extremamente complexo por conter uma grande dose de
incertezas inerentes ao processo de investigação, daí a dificuldade de realizar
estimativas de duração das diferentes actividades. A questão da duração do
projecto de desenvolvimento dos mísseis e do submarino era crucial, pois havia
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uma grande urgência na obtenção dos resultados ditada pelo Governo americano
face à corrida armamentista durante o período da guerra fria.
Embora haja semelhanças entre estas duas técnicas elas desenvolvidas
separadamente e apresentam características distintivas importantes no que tange
aos objectivos e aplicação.
O método PERT é mais efectivo quando aplicado em projectos de investigação e
desenvolvimento onde prevalecem muitas incertezas e riscos uma vez a maior
parte dos conceitos e variáveis serem abordados pela primeira vez. Em tais
circunstâncias é extremamente difícil fazer estimativas de duração com a
precisão desejada, sendo pois, normal recorrer-se ao tratamento probabilístico
das estimativa iniciais feitas.
O método PERT assenta no uso das probabilidades na estimativa da duração das
actividades e do projecto na sua globalidade. Ao invés de empregar uma
abordagem determinística para estimar a duração das actividades, estima-se a
probabilidade de uma actividade ou projecto ser concluído dentro de um dado
intervalo de tempo com recurso. Para este fim faz-se uso das diferentes
distribuições de probablidade, com destaque para a distribuição normal.
O método CPM, por sua vez, presta-se muito bem a situações em que a duração
das actividades pode ser estimada com elevada precisão. É sobretudo um
método destinado a controlar melhor o tempo de execução de projectos,
particularmente, para aqueles em que existem dados históricos e lições
apreendidas a partir dos quais se podem desenvolver estimativas de duração.
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Os projectos de construção constituem um caso típico onde a aplicação do CPM é
muita apropriado.
Efectivamente, o emprego do método PERT nos projectos de construção é muito
diminuto, provavelmente porque existe uma cultura de abordagem
determinística tanto nas estimativas de duração como de custos.
Pese embora a distinção feita entre as duas técnicas, importa referir que em
muitos casos práticos considera-se que as duas técnicas têm mais similaridades
do que diferenças e por isso é normal encontrar-se a designação PERT/CPM.
Com efeito é possível tomar as estimativas de duração do CPM como
probabilísticas, assim como considerar que se pode fazer uma compressão
(crash) das durações no PERT. Para efeitos da presente abordagem e a favor da
clareza far-se-á a apreciação de cada técnica em separado, com maior enfoque no
método CPM comparativamente ao método PERT.
2.2.2 Pontos fortes e fraquezas das redes
A análise das redes é das técnicas mais utilizadas hoje em dia no planeamento
dos projectos. Tal deve-se a um número de vantagens associadas às redes, sendo
de destacar:
indicação clara das relações entre as actividades
tem uma lógica determinada
indicação das actividades críticas
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actividades não críticas identificadas, possibilitando melhor alocação de
recursos
efeitos do atraso duma actividade em actividades futuras podem ser
identificados
efeitos resultantes da aceleração de algumas actividades no projecto
podem ser analisados
podem ser utilizados em projectos de elevada complexidade
Apesar destas vantagens é preciso sublinhar que as redes possuem algumas,
poucas, desvantagens:
não são facilmente interpretáveis
requerem conhecimento e habilidade para sua construção e análise
2.2.3 Técnica do PERT
Foi anteriormente referido que o uso da técnica PERT tem-se circunscrito a
projectos com significativa dose de incerteza na estimação da duração das
actividades. Enquandram-se nesta categoria projectos de inovação e investigação
para os quais praticamente não existem dados históricos que possam auxiliar a
preparação de tais estimativas. Todavia, o desenvolvimento dos meios de
cálculo como o computador tem vindo a facilitar e a possibilitar a expansão do
emprego desta técnica.
É preciso reconhecer, todavia, que mesmo nas circunstâncias em que existe uma
base de dados, a especifidade dos projectos de construção faz com que ainda haja
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um certo grau de incerteza ou riscos. Quer dizer, não dois projectos exactamente
iguais em termos das características técnicas, tecnologia de execução, localização
geográfica, envolvente comercial e ambiental, entre outras. Assim sendo, é
preciso considerar que o emprego do PERT pode contribuir para a aprendizagem
das partes intervenientes.
2.2.3.1 Essência do PERT
Dado o facto de existir uma grande variabilidade na duração das actividades e,
por conseguinte, a dificuldade de se fazer estimativas determinísticas, a técnica
do PERT assenta na definição probabilística das durações das actividades. A
variabilidade tem a ver com o grande número de factores intervenientes na
construção começando pelos complexos aspectos humanos da mão de obra,
passando pelas especificidades da operação dos equipamentos até aos aspectos
legais/contratuais, métodos de gestão e logísticos. Estes factores todos interagem
de alguma forma e influenciam significativamente a execução e a duração das
actividades.
Em face da complexidade inerente à determinação precisa da duração das
actividades faz-se recurso às probabilidades. O ponto de partida para o efeito do
cálculo da duração das actividades é a indicação de três estimativas,
designadamente a estimativa optimística, estimativa mais provável e a estimativa
pessimista. Esta indicação é feita com base na experiência e no ajuizamento. Um
profissional experiente pode, com razoável aproximação, estimar a duração de
determinadas actividades dentro de um intervalo (e não estimativa pontual).
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 11
O intervalo, com dois extremos e um ponto central, reflecte a incerteza ou o risco
em torno da estimativa da duração. A designação das três estimativas, optimista,
pessimista e mais provável, está associada à forma como os profissionais
raciocinam, na prática. Efectivamente, o profissional pensa no que pode suceder
em termos de prazos (1) se o progresso do projecto correr muito mal (2) no que é
mais provável de acontecer em termos de progresso, e (3) no que pode acontecer
se o progresso for muito bom.
Utilizando as três estimativas, para cada uma das actividades, e procedendo-se à
modelação probabilística é possível determinar a duração esperada de cada
actividade bem como a duração total esperada de todo o projecto.
Para o efeito do cálculo é preciso encontrar um modelo de representação da
incerteza ou risco inerente à variável duração. Existe uma vasta gama, na ordem
de dezenas, de modelos probabilísticos, designados funções de distribuição de
probabilidade, em uso (Palisade, 1997). Entre alguns exemplos incluem-se as
distribuições triangular, rectangular, beta, binomial, gama, pearson, uniforme,
pareto, exponencial (Palisade, 1997). Para cada problema em estudo faz-se uma
análise e consequente selecção da distribuição que melhor se adequa. Há
evidências mostrando que uma grande parte dos fenómenos relativos à
construção tendem a conformar a distribuição normal. São exemplos, a
modelação das variáveis de custos e duração de actividades, daí o facto do seu
comportamento se caracterizar usando a distribuição normal.
2.2.3.2 Distribuição normal
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 12
A distribuição normal é uma função utilizada para a medição das variáveis
contínuas (não discretas), ou seja, as variáveis que podem assumir um número
infinito de valores. Existe na vida prática uma grande quantidade de grandezas
que se incluem neste conjunto, por exemplo, a altura e o peso dos pedreiros, a
duração de vida dos materiais de construção, a duração das actividades de
construção, os prazos de aprovisionamento, etc. A distribuição normal é tida
como uma das mais apropriadas para modelar um vasto leque de variáveis
associadas a fenómenos naturais e sociais, daí a grande amplitude da sua
utilização. Por exemplo, evidências mostram que muitos parâmetros estatísticos
como a média tendem a uma distribuição normal à medida que o tamanho da
amostra cresce.
(1.1)
Onde:
f(x) é a função da densidade de probabilidade que determina a forma da variável
distribuida normalmente x
µ é a média de x
σ é o desvio padrão de x
π é uma constante matemática (igual a 3,14)
е é uma constante matemática (igual a 2,71)
2/
2
1
22
1)(
x
exf
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 13
A fórmula da distribuição normal calculada para todos os valores de x dá corpo a
uma curva semelhante à mostrada na figura 1.2. A localização precisa e a forma
da curva depende apenas dos valores dos dois parâmetros µ e σ.
A curva é unimodal e simétrica em torno da média µ. As caudas da curva são
assimptóticas em relação ao eixo horizontal (dos x) e por isso, a variável pode
tomar valores desde o - ∞ ao + ∞.
- ∞ µ + ∞
Figura 1.2 Curva de distribuição Normal de Probabilidade
Uma das principais propriedades da função de distribuição normal reside no
facto da proporção de todas as observações da variável distribuida normalmente
x situadas num intervalo de n desvios padrão em ambos os lados da média
serem iguais para qualquer distribuição normal. Assim,
68,26% de todos os valores de x situam-se no intervalo de 1σ (um desvio
padrão) em ambos os lados da média (µ - 1σ a µ + 1σ)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 14
95,44% de todos os valores de x situam-se no intervalo de 2σ (dois desvios
padrão) em ambos os lados da média ((µ - 2σ a µ + 2σ)
99,73% de todos os valores de x situam-se no intervalo de 3σ (três desvios
padrão) em ambos os lados da média ( µ - 3σ a µ + 3σ).
Por exemplo, para uma variável x, duração do trabalho de pintura de paredes,
distribuída normalmente com uma média de 20 dias e um desvio padrão de 4
dias, 1 desvio padrão de cada um dos lados da média seria 20 ± 4 = 16 a 24 dias,
como mostrado na figura 1.3.
Figura 1.3 Distribuição Normal com média de 20 e Dpadrão de 4 (Minitab)
Deste modo pode-se dizer que a probabilidade de um valor de x seleccionado
aleatoriamente cai dentro do intervalo de 16 a 24 dias é de aproximadamente
68%. Do mesmo modo, a probabilidade de um valor de x seleccionado nas
mesmas condições cair entre 12 e 28 é de 95%, aproximadamente.
A probabilidade de um valor x assumir um determinado valor é representada
pela área por sobre a curva. Se se considerar toda a curva chega-se a uma
0.10
0.08
0.06
0.04
0.02
0.00
X
Den
sida
de
20
0.341
24
Distribuicao Normal Media = 20, Desvio = 4
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 15
probabilidade de 100%, o que significa a probabilidade de x assumir quase todos
os valores, ou seja, a duração da pintura de paredes assume valores extremos,
muito afastados da média.
Em termos práticos existem tabelas com parâmetros estatísticos e probabilidades
para um elevado número de situações. A criação das tabelas foi levada a cabo
com recurso à adopção de uma distribuição normal padrão com uma nova
variável Z, a fim de facilitar as operações. A nova variável Z é definida da forma
seguinte e designa-se variável normal padrão:
xz (1.2)
onde:
x é a observação da variável x,
µ é a média da população da variável x
σ é o desvio padrão da população da variável x
Após realizar algumas operações matemáticas chega-se ao Z com um valor
médio µ = 0 e um desvio padrão σ = 1, portanto uma variável distribuída
normalmente. Assim, Z é uma variável única, com uma média e desvio padrão
específicos e precisos, e praticamente todos os valores da distribuição encontram-
se no intervalo de µ ± 3σ. Os valores indicados nas tabelas representam as áreas
correspondentes à probabilidade de Z se situar entre 0 (média) e um valor
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específico Z1 , ou seja P(0 ≤ Z ≤ Z1 ). Substituindo Z pelos parâmetros estatísticos
da distribuição normal conforme a formula 2 obtém-se o valor respectivo.
Por exemplo, se Z for 1,96 a área obtida pela leitura na tabela é de 0,475, ou seja,
47,5% da área sob a curva de distribuição. Isto significa que a probabilidade de
um valor de x escolhido aleatoriamente situar-se no intervalo entre µ e µ + 1,96 é
de 0,475. Como a tabela fornece apenas valores para um dos ramos da
distribuição (metade da curva) e considerando a simetria da curva, para se obter
a probabilidade correspondente a todo o intervalo (esquerda e direita), isto é, µ -
1,96 e µ + 1,96 basta multiplicar a área de um lado do ramo da curva por 2.
Então, a probabilidade de um valor de Z situar-se no intervalo em questão é
expressa assim:
P( -1,96 ≤ Z ≤ 1,96) = 0,95 (1.3)
2.2.3.3 Estimativa da duração esperada das actividades e desenho da rede
Após uma breve resenha sobre as funções de distribuição, parte fundamental
para o entendimento dos fundamentos do PERT, importa analisar o processo de
cálculo da estimativa de duração esperada, desvio padrão e variância de cada
uma das actividades e de todo o projecto. Estes elementos são a base para a
construção da rede.
A duração esperada calculada de cada actividade é utilizada como a duração
efectiva da actividade na construção da rede (similar à duração assumida no
CPM). Tendo esta duração esperada para cada actividade calculam-se as folgas
e determina-se o caminho crítico. A duração total do projecto, duração total
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 17
esperada, é a soma das durações das actividades do caminho crítico. Tal como
no caso da moda da duração das actividades, a probabilidade associada à
duração total esperada é de 50% e a sua distribuição é sempre normal,
independemente das distribuições das actividades. É importante sublinhar que a
probabilidade associada à duração total no caso do CPM é também de 50%,
portanto, há semelhanças neste sentido entre as duas técnicas.
A partir da duração esperada do projecto e do desvio padrão, é possível saber a
probabilidade de se concluir o projecto. Por outras palavras, é possível obter a
probabilidade de se completar o projecto dentro de um dado intervalo definido
pela média e pelo desvio padrão.
Importa analisar a questão da probabilidade (50%) associada à duração total do
projecto. É prática comum os contratos de construção estabelecer a duração total
dos trabalhos, muitas vezes sem um estudo cuidadoso e detalhado das
actividades. Ora, considerando a probabilidade de atingir a duração esperada
não surprende que bastas vezes não se cumpram os prazos. Por isso, torna-se
pertinente analisar minuciosamente a duração das diferentes actividades, as
quais tendem a ser enviezadas para esquerda, e providenciar uma margem de
contingência à duração total para incrementar a probabilidade da duração
localizar-se no intervalo estimado.
A magnitude de contingência necessária para aumentar a probabilidade de
completar o projecto dentro do prazo previsto é uma função da forma da curva
de distribuição normal de Ee. Se a curva for muito esbelta (alta e estreita) o
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intervalo da duração total esperada do projecto será muito estreito. Se a curva
for de pequena altura e larga o espectro da duração total esperada é vasto
significando uma grande incerteza em torno da mesma, ou seja, existe um
conjunto vasto de valores possíveis da duração total do projecto.
A forma da curva é determinada pela soma das variâncias VEe de cada uma das
actividades do caminho crítico.
Estimativa optimista
Esta estimativa, Eo representa um cenário em que tudo corre de feição, como
planeado, no projecto em termos da duração das actividades parciais e da
duração total. Representa a duração mínima do projecto ou actividade. A
probabilidade de ocorrência deste cenário de duração optimista é de cerca de 1%,
conforme indicado na figura 1.4. Consequentemente, o valor da variável x,
duração, encontra-se junto à cauda esquerda da distribuição.
Figura 1.4: Distribuição Normal e representação da estimativa optimista
Estimativa mais provável – (moda)
0 .4
0 .3
0 .2
0 .1
0 .0
Z
De
nsi
da
de
- 2.33
0.01
0
D istribuic a o N o rm a lM e dia = 0 , D e s v io = 1
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 19
A estimativa mais provável Emp , ou modal, representa o cenário com a melhor
chance de acontecer, dadas as circunstâncias prevalecentes. Esta é a estimativa
frequentemente utilizada na construção das redes baseadas no caminho crítico -
CPM. A sua estimação é baseada na experiência e na análise das circunstâncias
onde se insere o projecto. Recorrendo a uma função normal de distribuição sem
enviesamento é possível estimar a probabilidade deste cenário se efectivar em
cerca de 50%, quer dizer, representa a média da distribuição da duração x. A
figura 1.5 ilustra esta probabilidade.
Figura 1.5: Distribuição normal e estimativa mais provável
Estimativa pessimista
A estimativa pessimista Ep assume que o progresso das actividades não vai ser
de acordo com o plano, ocorrendo a dilatação das durações. É o pior cenário,
representando portanto a máxima duração possível. A probabilidade de
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
X
Den
sida
de
0
0.5
Distribuicao NormalMedia=0 , Desvio=1
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 20
ocorrência deste cenário é de 99% aproximadamente, encontrando-se x junto à
cauda direita da distribuição, tal como mostrado na figura 1.6.
Figura : Distribuição Normal e estimativa pessimista
Figura 1.6: Distribuição Normal e estimativa pessimista
Como foi referido, a técnica do PERT assume que a probabilidade de exceder a
estimativa optimista Eo é de 99% e a de exceder a estimativa pessimista Ep de 1%.
As fórmulas a seguir definem os principais parâmetros do PERT:
Estimativa esperada
Ee = ( Eo + 4 Emp + Ep)/6 (1.4)
Onde:
Ee Estimativa esperada (duração esperada)
Eo Estimativa optimista (duração optimista - mínima)
Ep Estimativa pessimista (duração pessimista – máxima)
0.4
0.3
0.2
0.1
0.0
X
Den
sida
de
2.33
0.01
0
Distribuicao NormalMedia = 0, Desvio = 1
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 21
Emp Estimativa mais provável (duração mais provável)
Desvio padrão
σ Ee = (Ep - Eo ) / 6 (1.5)
Variância
V Ee = [(Ep - Eo ) / 6]2 (1.6)
A equação do cálculo da duração esperada corresponde à determinação da
estimativa da média da distribuição e representa a média ponderada das três
estimativas, optimista, mais provável e pessimista, numa proporção de pesos de
1:4:1.
No cálculo do desvio padrão é importante notar que o intervalo Ep - Eo
representa o espaço onde se situam praticamente todas as durações possíveis de
uma actividade ou de todo o projecto. Este intervalo corresponde a 98% de
probabilidade das durações possíveis, ou seja, 99% – 1% e cerca de ± 3 desvios
padrão, daí a divisão do intervalo por 6, como aparece na fórmula.
2.2.3.4 Exemplo de cálculo com PERT
Uma instituição pretende levar a cabo a construção de instalações para alojar
seus serviços administrativos. Para o efeito contratará um consultor para
elaborar o projecto de construção e prestar assistência técnica, um consultor para
Fiscalização das obras, bem como um empreiteiro para executar as obras. As
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actividades a desenvolver são apresentadas na tabela. Pede-se estimar a duração
total do projecto.
Tabela 1.1: Actividades do projecto de construção de edifício
Actividade Descrição Precedência
1.0 Viabilidade e aprovação do projecto
2.0 Definição do projecto 1
3.0 Selecção do local da obra 2
4.0 Design arquitectura 2
5.0 Design engenharia 4
6.0 Concurso e contrato de construção 5
7.0 Termos de Referência p/ Fiscalização 2
8.0 Concurso 7
9.0 Contrato de Fiscalização 8
10.0 Execução dos trabalhos de construção 6,9
11.0 Vistoria e Recepção Provisória 3, 10
Resolução
Uma vez que a lista das actividades e as respectivas precedências já são
fornecidas a primeira acção para a determinação da duração do projecto será a
estimação das durações. Na prática, é preciso elaborar a lista das actividades e
estabelecer as relações das mesmas partindo dos elementos do projecto
executivo.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 23
Tratando-se da técnica PERT é necessário estimar os valores da duração de cada
actividade em termos intervalares, ou seja, estimativas optimista, mais provável
e pessimista. A estimativa é normalmente feita com recurso à experiência, mas
neste caso as durações são indicadas sem rigor e servem o propósito de ilustrar o
cálculo.
Tabela 1.2: Actividades e durações intervalares do projecto
Actividade Descrição Precedência Eo Ep Emp
1.0 Viabilidade e aprovação do projecto 13 16 15
2.0 Definição do projecto 1 4 6 5
3.0 Selecção do local da obra 2 4 4 4
4.0 Design arquitectura 2 4 5 4
5.0 Design engenharia 4 3 3 3
6.0 Concurso e contrato de construção 5 9 11 10
7.0 Termos de Referência p/ Fiscalização 2 14 17 15
8.0 Concurso 7 24 33 30
9.0 Contrato de Fiscalização 8 4 4 4
10.0 Execução dos trabalhos de construção 6,9 20 23 20
11.0 Vistoria e Recepção Provisória 3, 10 5 5 5
A fim de facilitar o entendimento da lógica de execução das actividades é
apresentado o desenho esquemático da rede, figura 1.7, com representação das
actividades no nó. Aqui constata-se haver diversos trajectos do princípio ao final
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 24
da rede, pelo que interessa estimar o caminho crítico sem se recorrer ao cálculo
total da rede.
Figura 1.7 Representação da relação lógica das actividades
Tabela 1.3: Cálculo da duração de projecto usando PERT
(1) Actividade
(2) Eo
(3) Ep
(4) Emp
(5) Ee
(6) Desvio Padrão
(7) Variância
(8) Ee do Caminho
critic
(9) Variância do
Caminho Crítico
1 13,00 16,00 15,00 14,83 0,50 0,25 14,83 0,25
2 4,00 6,00 5,00 5,00 0,33 0,11 5,00 0,11
3 4,00 4,00 4,00 4,00 0,00 0,00
4 4,00 5,00 4,00 4,17 0,17 0,03
5 3,00 3,00 3,00 3,00 0,00 0,00
6 9,00 11,00 10,00 10,00 0,33 0,11
7 14,00 17,00 15,00 15,17 0,50 0,25 15,17 0,25
8 24,00 33,00 30,00 29,50 1,50 2,25 29,50 2,25
9 4,00 4,00 4,00 4,00 0,00 0,00 4,00 0,00
10 20,00 23,00 20,00 20,50 0,50 0,25 20,50 0,25
11 5,00 5,00 5,00 5,00 0,00 0,00 5,00 0,00
Soma 94,00 3,11
Desvio Padrão 1,76
O cálculo da duração esperada Ee, desvio padrão e variância foi feito com
recurso às fórmulas apresentadas anteriormente. Observando os dados da tabela
1 constata-se que a duração esperada do projecto é de aproximadamente 94 dias.
Esta duração corresponde à duração estimada das actividades do caminho crítico
1 2
3
7
4
8 9 10 11
5 6
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 25
(coluna 8 da tabela). Sendo esta a duração mais esperada, pode-se dizer que
existe uma elevada probabilidade de esta ocorrer comparativamente às outras
durações possíveis. Se, por hipótese, se considerasse a realização deste projecto
inúmeras vezes, seja 1000, seria possível ter a duração total a entre 92 e 96 dias.
Isto significa que algumas vezes a duração seria de 92 dias, outras de 93, 94 e 96
dias, sendo todavia a duração de 94 dias a mais frequente.
No caso deste exercício e considerando que a probabilidade de 95% (confidência)
é suficiente para os propósitos do projecto e fazendo uso da distribuição normal
de probabilidades é possível afirmar que existe uma probabilidade de 95% do
projecto ser concluído entre 90,5 e 97,5 dias. Esta análise decorre do facto de 95%
de confidência representar dois desvios padrão para cada um dos ramos da
curva, µ - 2σ a µ + 2σ. Sendo o desvio padrão do caminho crítico de 1,76 dias o
intervalo tem os valores indicados.
2.2.4 Técnica do CPM
A técnica do CPM basea-se num modelo gráfico designado rede. A rede
apresenta em forma de diagrama as actividades ou trabalhos que devem ser
executados assim como a sua dependência temporal mútua. O diagrama
constitui um meio poderoso de comunicação face à complexidade inerente à
quantidade e interdependência das diferentes actividades. É igualmente uma
base para o cálculo da duração das actividades e de controle e monitoria do
tempo de execução.
A técnica do CPM faz uso de estimativas pontuais da duração das actividades.
Parte-se do princípio de que existe um manancial de experiências tidas em
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 26
trabalhos similares, o que permite determinar com aceitável precisão o tempo de
execução das diferentes actividades. As unidades comumente empregues
relativamente à duração têm sido as horas e os dias de trabalho. Todavia, a
escolha de uma ou outra unidade depende largamente da natureza do projecto e
da forma e metodologia de gestão.
2.2.4.1 Conceitos principais
Antes de se aprofundar o estudo da técnica CPM importa introduzir alguns
conceitos e definições fundamentais ao entendimento do assunto.
Actividade
Tarefa específica integrantes do projecto requerendo recursos e tempo para a sua
execução
Actividade fictícia
Actividade que não consome recursos e é colocada na rede para obviar
dificuldades de construção e interpretação da rede. A actividade fictícia é
desenhada com traço descontínuo entre dois eventos (círculos).
Evento ou acontecimento
Um evento ou acontecimento representa um instante no tempo onde justamente
uma actividade inicia ou termina. Portanto, não implica uso de recursos. Para
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 27
qualquer evento existem duas possibilidades designadamente a ocorrência ou
não, excluindo-se o meio termo, como acontece com uma actividade que pode
estar parcialmente executada. São exemplos de eventos, arranque das pinturas;
conclusão das alvenarias; início da cobertura. Os eventos na rede com
actividades na seta é representado pelo nó. Os eventos são também designados
por marcos.
Duração
Quantidade de períodos de tempo de trabalho efectivo (excluindo feriados,
folgas e outros períodos livres) necessário para executar uma actividade ou
pacote de trabalho.
Caminho crítico
Trajecto na rede contendo actividades, ligadas continuamente do início ao fim da
rede, com folga nula e com a maior duração de todos os trajectos possíveis. O
caminho crítico constitui a duração mínima possível do projecto e qualquer
alteração na duração de uma das actividades integrantes conduz a uma alteração
da duração do projecto.
Actividades críticas
Actividades ou eventos que quando retardados provocam um atraso na
conclusão do projecto
Diagrama de Precedência – (Precedence Diagram Method)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 28
É o sistema de rede em que a actividade é representada por um nó e as
dependências representadas por meio de setas. Entre um par de actividades a
actividade a actividade que se encontra na cauda da seta é independente e a que
se encontra na ponta da seta, dependente.
Dependência
Representa uma relação entre as actividades na rede, por exemplo algumas
actividades não podem ser realizadas antes da conclusão das precedentes. No
sequenciamento das actividades existem vários tipos de relações lógicas
importantes. Estas relações de precedência correspondem aos constrangimentos
encontrados na execução das actividades, e são de quatro tipos, designadamente:
fim para o início ( uma actividade, a actividade independente ou anterior,
deve terminar para a seguinte, a dependente, iniciar)
início para o início (uma actividade, a independente ou anterior, deve
iniciar para a seguinte, dependente, iniciar)
fim para o fim (uma actividade, independente ou anterior, deve terminar
para a seguinte, dependente, terminar)
Início para o fim (a actividade seguinte deve terminar alguns dias após o
início da anterior).
Em qualquer dos casos analisados o início ou fim de uma actividade seguinte ou
dependente pode ocorrer imediatamente ao início ou fim da anterior ou
independente ou após um dado intervalo (dias, semanas) consoante a situação.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 29
Por exemplo, o início para o início significa que a actividade dependente deve
iniciar algum tempo após o início da actividade independente/anterior.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 1.8 : Tipos de relação de dependência entre actividades; (a) fim para
início, (b) início para início, (c) fim para início, (d) início para fim.
Actividade na seta
Rede na qual as actividades são representadas através de setas. A extremidade
inicial da seta representa o início e a ponta da seta o fim da actividade. As
actividades são ligadas por intermédio de círculos designados por nós ou
eventos/acontecimentos. Os pontos onde as actividades começam ou terminam
chamam-se eventos, (Figura 1.9), e enumera-se para facilitar a sua identificação.
Existem as chamadas actividades fictícias que apenas expressam a dependência
entre as actividades e não uma actividade efectiva, e representa-se por uma seta
interompida.
A B C D
H I U V H I U V
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 30
Actividade
Duração
Figura 1.9 Representação da actividade na seta
Actividade no nó
Rede na qual as actividades são representadas através dos nós ou caixas. Todos
os dados relevantes são inseridos no nó, o qual pode ter várias formas de
representação. As actividades são ligadas por via das relações de precedência de
modo a evidenciar a sequência pela qual as actividades serão executadas.
Figura 1.10: Representação da actividade no nó (actividades A e B)
A alternativa da representação da actividade no nó é hoje a mais difundida na
construção das redes. O nó é tido como uma caixa onde são inseridos os dados
relevantes da actividade, designadamente a identificação da actividade, a
duração, as datas de início e fim cedo e tarde e a folga. Neste tipo de
representação das actividades não existem eventos ou acontecimentos, sendo
comum o uso de marcos (pontos) para assinalar datas importantes do projecto
(milestones).
1 2
A B
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 31
Início Mais Cedo Fim Mais Cedo
Folga Identificação da
Actividade
Duração da
Actividade
Início Mais Tarde Fim Mais Tarde
Figura 1.11: Representação detalhada do nó no diagrama de precedência
Considerando o diagrama de precedência, a actividade A é independente e a
actividade B, dependente.
“Forward pass”
Técnica empregue para o cálculo das datas mais cedo de início e data mais cedo
de fim de uma actividade constante da rede, progredindo o processo de trás para
frente (esquerda para direita). O objectivo principal deste procedimento é o de
determinar quão cedo cada uma das actividades pode iniciar ou terminar.
“Backward pass”
Técnica empregue para o cálculo das datas mais tarde de início e data mais tarde
de fim de uma actividade constante da rede, progredindo da frente para trás
(direita para esquerda). O objectivo principal deste procedimento é o de
determinar quão tarde cada uma das actividades pode iniciar ou terminar.
Folga Total
Quantidade total de tempo que uma actividade pode ser estendida ou atrasada
sem comprometer a data do fim do projecto. É calculada subtraíndo o início
mais tarde do início mais cedo ou o fim mais tarde do fim mais cedo.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 32
Folga Livre
Quantidade total de tempo que uma actividade pode ser estendida ou atrasada
sem interferir com a actividade que lhe sucede. É calculada subtraíndo o fim
mais cedo da actividade em causa do início mais cedo das actividades
imediatamente seguintes.
A diferença entre a folga total e a folga livre é igual a folga de interferência que é
a quantidade de tempo partilhada pela actividade sucessora.
Folga negativa
A folga negativa ocorre quando há imposição externa da data da conclusão do
projecto , a qual é muito difícil ou impossível cumprir. Normalmente isto ocorre
em situações em que não existe caminho crítico (todas as actividades têm folga) e
perde-se tempo até ultrapassarem as folgas disponíveis. Havendo sido
ultrapassadas as folgas estas tornam-se negativas e é preciso introduzir
alterações profundas ao plano para realizar o projecto.
2.2.4.2 Principais regras no desenho de redes
Existem no desenho dos diagramas de redes algumas regras fundamentais cujo
conhecimento e domínio é crucial, designadamente (1) a relação entre as
actividades, e a (2) ordem de interligação das actividades.
2.2.4.2.1 Relação entre actividades
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 33
As actividades podem ser em série, paralelas, e condicionantes.
As actividades em série são aquelas que se encontram em sequência, umas à
frente das outras, em determinado trajecto ou caminho da rede. Estas
actividades podem apenas ser executadas uma a seguir às outras e não em
simultâneo. Por isso, estas actividades também se designam de dependentes e
independentes.
As actividades em paralelo são aquelas que se podem realizar ao mesmo tempo
sem causar problemas no progresso do projecto.
As actividades condicionantes são aquelas que embora não consumindo recursos
nem tempo podem determinar a realização ou não de outras actividades. Por
exemplo, para realizar pinturas é fundamental que não haja chuva. Caso estiver
a chover não é possível tal acontecer. Por isso, a ausência de chuva é uma
actividade condicionante (actividade fictícia).
2.2.4.2.2 Ordem de interligação das actividades
O gráfico de rede desenha-se da esquerda para a direita
a numeração dos eventos faz-se da esquerda para direita de tal forma que
o número do evento seguinte seja maior que o do evento anterior.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 34
deve-se evitar tanto quanto possível o cruzamento de setas nos gráficos
duas actividades ou trabalhos diferentes não podem ter a mesma
designação
numa rede nunca se podem admitir caudas, ciclos fechados ou caminhos
sem saída. Por outras palavras, todas as actividades de uma rede com
excepção da inicial e da última, devem possuir uma entrada e saída de
outra actividade. Por outro lado, todas as actividades devem iniciar e
terminar com um evento.
Figura 1.12: Exemplo de um ciclo fechado
devem se evitar derivações numa rede, pois frequentemente estas não
conduzem à obtenção de resultados. Uma actividade pode ter uma ou
mais actividades predecessoras e uma ou mais actividades sucessoras.
1 2
3
1 2 3
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 35
Figura 1.13: Ilustração de uma derivação sem continuidade (não há saída em 4)
quando duas ou mais actividades paralelas independentes possuem os
mesmos eventos (círculo de partida e círculo de chegada) a designação
das actividades pode levar a uma confusão dado o facto de prevalecer o
mesmo nome para mais do que uma actividade. Para evitar este problema
cria-se uma actividade fictícia.
Preparar brita
Amassar betão
Preparar cimento
Figura 1.14. Actividades paralelas com a mesma designação
1 2 3
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 36
No caso da figura 1.14 as actividades preparar a brita e preparar cimento têm a
mesma designação apesar de serem distintas. Para resolver este conflito pode-se
criar uma actividade fictícia como mostrado na figura 1.15.
Preparar brita
Amassar betão
Preparar cimento
Figura 1.15: Actividade fictícia 2 – 3 introduzida
2.2.4.3 Etapas do CPM
identificação das actividades a executar para completar o projecto
determinação da sequência das actividades
estimação da duração de cada actividade
cálculo da duração total do projecto usando as estimativas de duração das
actividades individuais
estabelecer os intervalos de tempo dentro dos quais cada actividade deve
iniciar e terminar de modo a cumprir o prazo final do projecto
identificar as actividades cuja execução é crucial para o cumprimento da
duração total do projecto
1 3 4
2
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 37
se a duração do projecto não for de acordo com o contrato ou outros
requisitos, reduzir a duração calculada ao mínimo custo possível
utilizando as folgas disponíveis nas diferentes actividades ajustar o tempo
de início e têrminus de algumas actividades escolhidas a fim de minimizar
eventuais conflitos de recursos (equipamentos e humanos)
finalizar o programa com indicação clara das datas de início e de fim de
cada actividade.
2.2.4.3.1 Identificação das actividades
A identificação das actividades consiste na discriminação dos diferentes
trabalhos a executar para a concretização do projecto. É preciso considerar o
projecto no seu todo e pensar no modo prático como o mesmo pode ser dividido
em partes pequenas a fim de facilitar a execução e controle. O projecto é assim
repartido em pacotes ou espécies de trabalho e actividades. As actividades
constituem o nível máximo de subdivisão. A tarefa de identificação e listagem
das actividades pode ser levada a efeito com recurso ao mapa de quantidades,
peças desenhadas, dados históricos, assumpções e demais elementos relevantes
do projecto. O nível de detalhe deve ser o necessário de forma a permitir o
controle, evitando-se sempre incluir actividades supérfluas. Por exemplo,
trabalhos com uma duração menor do que 1 dia não são normalmente incluídos
na lista.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 38
2.2.4.3.2 Determinação da sequência das actividades
O sequenciamento das actividades envolve a determinação, com base na lista das
actividades, da sequência das actividades com base na interdependência lógica.
Com efeito, é importante analisar a forma e a ordem como os trabalhos vão ser
realizados, estabelecendo deste modo as dependências. As dependências
encontradas nos diagramas de rede são de três tipos: (1) mandatórias ou
obrigatórias, (2) discricionárias, e (3) externas. As dependências obrigatórias
dizem respeito às precedências naturais e inevitáveis. Por exemplo, não é
possível realizar reboco sem ter executado as alvenarias. As dependências
discricionárias são as definidas artificialmente por imperativos de gestão.
Representam uma opção relativamente à execução das actividades. As
dependências externas têm a ver com imposições colocadas por alguém de fora
da organização ou do projecto.
O estabelecimento da sequência das actividades requer bom conhecimento dos
métodos e técnicas de construção uma vez que as diversas relações entre as
actividades dependem largamente da natureza e da magnitude do projecto bem
como dos processos construtivos.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 39
2.2.4.3.3 Estimação da duração de cada actividade
A estimativa de duração das actividades é um exercício que requer conhecimento
e experiência das práticas e métodos de construção, em particular no tipo de
trabalho em questão. Um dos métodos amplamente utilizados para este efeito é
o emprego dos dados de rendimento da mão de obra e dos equipamentos e
determinar o produto entre estes e o número das unidades de trabalho.
É também comum fazer estimativas somente com base na experiência do pessoal
especializado em planeamento. Apesar deste modo de proceder ser informal
constata-se que em muitas ocasiões a experiência produz bons resultados,
particularmente quando se faz um trabalho de recolha sistemática e
sistematização de dados de campo.
De particular importância nas estimativas de duração é a execução de trabalhos
repetitivos ao longo do tempo. Nestas circunstâncias o desempenho melhora
com o tempo levando à redução da duração da execução da actividade. Isto
explica-se através da teoria da “curva de aprendizagem” a qual estabelece que à
medida que o mesmo tipo de trabalho for sendo executado o desempenho
melhora conduzindo à redução dos custos e do tempo de realização,
relativamente à etapa inicial, devido ao efeito do domínio que se vai tendo
âmbito. Noutras palavras, pode-se dizer que a habilidade e a produtividade na
execução de uma determinada actividade aumentam com a experiência e a
prática e isto reflecte-se nas etapas subsequentes.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 40
2.2.4.3.4 Cálculo da duração total do projecto
A duração de uma actividade é o período de tempo efectivamente dispendido
para executar na totalidade essa actividade, ou seja, o número de dias ou horas
que uma ou mais pessoas efectivamente devotam para realizar a actividade. A
estimativa da duração total do projecto é calculada somando a duração das
diversas actividades integrantes, tendo em conta (1) as datas de início e de fim
(cedo e tarde) de cada uma das actividades, (2) o calendário adoptado, (3) a
lógica da rede, (4) bem como as folgas.
À partida é preciso definir a data do início da execução do projecto, data donde se
fazem todos os cálculos subsequentes. Tendo esta data fixada o cáculo da
duração total é feito progressivamente utilizando a rede até se obter a data do
têrminus ou conclusão. Algumas vezes, a data da conclusão é imposta e o
cálculo tem de ser efectuado respeitando essa data, sendo preciso determinar a
data do início.
Antes de se aprofundar a metodologia do cáculo da duração importa clarificar os
conceitos de início e fim (cedo e tarde), úteis para o processo.
O início mais cedo e fim mais cedo de cada actividade - IC, FC
O início mais cedo de uma actividade é o tempo mais antecipado a partir do qual
essa actividade pode ser iniciada tendo em conta as actividades precedentes que
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 41
devem ser concluídas antes. O fim mais cedo de uma actividade é o tempo mais
antecipado da conclusão dessa actividade e é determinado pela adição do início
mais cedo à duração da actividade. Este cálculo é efectuado de trás para frente
na rede, do início para fim, daí o facto de se designar “Forward pass”.
Sejam duas actividades A e B, sendo B precedido por A.
FC = IC + duração – 1 (1.7)
A subtração por 1 serve apenas para ajustar o cáculo ao calendário.
O início mais cedo de uma actividade B precedida por uma actividade A é
calculada da seguinte forma:
IC (B) = FC (A) + 1 (1.8)
O fim mais cedo de B calcula-se do modo seguinte:
FC (B) = IC (B) + duração (B) – 1 (1.9)
O início mais tarde e o fim mais tarde de cada actividade – IT, FT
O início mais tarde de uma actividade é o tempo mais retardado admissível para
o início dessa actividade tendo em conta o prazo do projecto e é determinado
pela subtracção do fim mais tarde à duração da actividade . O fim mais tarde de
uma actividade é o tempo mais retardado admissível para a conclusão dessa
actividade atendendo o cumprimento do prazo global do projecto.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 42
Este cálculo é efectuado de frente para trás na rede, do fim para o início, daí o
facto de se designar “Backward pass”.
O fim mais tarde da actividade final é igual ao fim cedo da mesma, se não for
fixada uma data. Com efeito, por convenção existe sempre interesse em concluir
o projecto na data mais cedo possível (fim mais cedo calculado a partir do forward
pass) e não mais cedo do que tal data. A haver necessidade de antecipar a data
mais cedo possível seria forçoso redesenhar a rede ou comprimir a duração de
certas actividades (aumentando recursos, introduzindo horas extras, etc.) para
acomodar essa condição.
FT (B) = FC (B) (1.10)
IT (B) = FT (B) – duração (B) + 1 (1.11)
A adição da unidade na fórmula serve para ajustar o resultado.
FT (A) = IT (B) – 1 (1.12)
IT (A) = FT (A) – duração (A) + 1 (1.13)
Numa rede complexa com inúmeras actividades a convergir para uma actividade
no Forward pass escolhe-se o valor mais alto do fim mais cedo para calcular o
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 43
início mais cedo da actividade seguinte. Numa situação semelhante mas no caso
do Backward pass, escolhe-se o valor mais baixo do início mais tarde para
calcular o fim mais tarde da actividade predecessora.
Com base nos dados obtidos para cada uma das actividades da rede,
designadamente, a duração, o início mais cedo, o fim mais cedo, o início mais
tarde e o fim mais tarde, já é possível determinar a folga e o caminho crítico da
rede.
Folgas
A folga representa como foi mencionado a medida de flexibilidade ou tempo
adicional na programação das actividades. Ela indica a quantidade de tempo de
trabalho (dias, horas) em que a actividade pode ser retardada ou adiantada sem
ela influenciar a duração total do projecto ou o cumprimento de um prazo
previamente fixado. As folgas calculam-se usando uma das expressões indicadas:
Folga = Início mais tarde - Início mais cedo
Ou
Folga = Fim mais tarde – Fim mais cedo
A duração total do projecto corresponde à duração das actividades integrantes
do caminho crítico, ou seja, das actividades com folga nula e que, portanto, não
podem ser retardadas sob pena de atrasar a conclusão do projecto. O caminho
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 44
crítico corresponde ao trajecto de maior duração dentre os vários trajectos na
rede.
2.2.4.3.5 Exemplos de cálculo da rede CPM
Exemplo 1.
Na figura 1.16 estão representadas em forma de rede com actividades no nó, as
actividades necessárias para a execução das fundações de edifício. A duração de
cada uma das actividades é fornecida. As actividades são descritas como se
segue: 1 (vedação do terreno); 2 (limpeza do terreno); 3 (escavação dos caboucos),
4 (compactação dos leitos); 5 (betão em sapatas). Pede-se fazer uma análise da
rede e determinar o caminho crítico. A duração de cada actividade é de 2, 3, 1, 3 e
1 dia respectivamente.
Figura 1.16: Diagrama de rede do projecto de produção de betão
Resolução
A identificação das actividades, o seu sequenciamento e a determinação da
duração de cada uma das actividades já foram realizados. A etapa seguinte
consiste na determinação da duração do projecto.
1 2
4
3
5
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 45
Observando o diagrama constata-se que há dois caminhos desde a actividade
inicial até à final, designadamente os caminhos 1-2-4-5 e 1-2-3-5, com as durações
de 9 e 7 dias, respectivamente. Como se pode constatar, o caminho mais longo
da rede é de 9 dias correspondente a 1-2-4-5. Quer dizer não é possível terminar
o projecto antes de 9 dias. Qualquer alteração, para mais ou menos, da duração
de uma actividade no caminho 1-2-4-5 conduz à alteração da duração total do
projecto. Por outro lado, alterações de duração, para mais ou menos, até certa
magnitude no outro caminho não alteram a duração total do projecto. Se por
exemplo, a duração da actividade 3 for aumentada de 1 dia fica com 2 dias e não
altera a duração do projecto. O mesmo acontece se for reduzida de 1 dia.
O trajecto 1-2-4-5 é o caminho crítico do projecto e atenção particular deve ser a
ele prestada.
Como foi visto, a determinação da estimativa da duração total do projecto é
calculada somando a duração das diversas actividades integrantes, tendo em
conta (1) as datas de início e de fim (cedo e tarde) de cada uma das actividades,
(2) o calendário adoptado, (3) a lógica da rede, (4) bem como as folgas. Assim,
tem de se proceder a estes cálculos utilizando as fórmulas respectivas. Para este
fim é importante fixar-se a data de início do projecto. Seja esta data, dia 1 (um).
É também comum fixar-se a data de início o dia 0 (zero).
Forward pass (trás para frente)
Actividade 1
Duração – 2 dias
Início mais cedo, IC = 1 (dia 1)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 46
Fim mais cedo, FC = IC + duração -1 = 1 + 2 - 1 = 2 (dia )
Actividade 2
Duração – 3 dias
Início mais cedo, IC(2) = FC(1) +1 = 2 +1 = 3 (dia 3)
Fim mais cedo, FC = IC + duração -1 = 3 + 3 - 1 = 5 (dia 5)
Actividade 3
Duração – 1 dia
Início mais cedo, IC (3) = FC(2) + 1 = 5 + 1= 6 (dia 6)
Fim mais cedo, FC = IC + duração -1 = 6 + 1 - 1 = 6 (dia 6)
Actividade 4
Duração – 3 dias
Início mais cedo, IC (3) = FC(2) + 1 = 5 + 1= 6 (dia 6)
Fim mais cedo, FC = IC + duração -1 = 6 + 3 - 1 = 8 (dia 8)
Actividade 5
Duração – 1 dias
Início mais cedo, IC (5) = FC(4) + 1 = 8 + 1= 9 (dia 9)
Fim mais cedo, FC = IC + duração -1 = 9 + 1 - 1 = 9 (dia 9)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 47
Backward pass (de frente para trás)
Fim mais tarde, FT (5) = 9 (dia 9), correspondentes à duração mais longa da rede)
Início mais tarde, IT(5) = FT(5) – duração + 1 = 9 – 1 + 1 = 9 (dia 9)
Actividade 4
Duração – 3 dias
Fim mais tarde, FT (4) = IT(5) – 1 = 9 – 1 = 8
IT(4) = FT(4) – duração + 1 = 8 – 3 + 1 = 6 (dia 6)
Actividade 3
Duração – 1 dia
Fim mais tarde, FT(3) = IT(5) – 1 = 9 -1 = 8 dia 8
Início mais tarde, IT = FT – duração + 1 = 8 – 1 + 1 = 8 (dia 8)
Actividade 2
Fim mais tarde, FT (2) = IT(4) – 1 = 6 – 1 = 5
IT(2) = FT(2) – duração + 1 = 5 – 3 + 1 = 3 (dia 3)
Actividade 1
Duração – 2 dias
Fim mais tarde, FT (1) = IT (2) – 1 = 3 -1 = 2
IT(1) = FT(1) – duração + 1 = 2 – 2 + 1 = 1 (dia 1)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 48
Os dados obtidos do cálculo das datas de início e fim mais cedo e início e fim
mais tarde, bem como a determinação das folgas podem ser apresentados de
forma melhor sistematizada em forma de tabela.
Tabela 1.4: Cálculo dos inícios, fins e folgas das actividades Actividade Duração IC FC IT FT Folga
1 2 1 2 1 2 0
2 3 3 5 3 5 0
3 1 6 6 8 8 2
4 3 6 8 6 8 0
5 1 9 9 9 9 0
Como se pode constatar as actividades 1 (vedação do terreno) e 2 (limpeza do
terreno) têm folga nula, ou seja, encontram-se no caminho crítico da rede
(percurso 1-2-4-5). Por conseguinte, a vedação do terreno e a escavação dos
caboucos não podem ser atrasadas sob pena de atrasar todo o projecto. É
pertinente frisar que há possibilidades de reduzir a duração do projecto
recorrendo a várias abordagens, sendo a mais comum o aumento da quantidade
de recursos. Com efeito, o incremento dos recursos conduz à redução do tempo
de execução das actividades pelo aumento do ritmo de produção. Por exemplo,
se se alocarem quatro serventes para abertura de caboucos farão maior
quantidade de trabalho no mesmo intervalo de tempo do que fariam dois
serventes.
A actividade 3 (escavação dos caboucos) tem uma folga de 2 dias o que significa
que pode ser atrasada em dois dias no máximo sem afectar a duração do
projecto. Neste caso, ao invés de iniciar no dia 6 (IC) pode arrancar no dia 8 (IT).
Se for o último caso ela vai terminar o mais tarde possível, ou seja, no dia 8 (FT).
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 49
As actividades 4 (compactação do terreno) e 5 (betonagem das sapatas) também
não têm folgas.
Na posse destes dados é possível gerir o projecto da melhor maneira prestando
sempre atenção para as actividades situadas no caminho crítico e controlando as
folgas disponíveis nas diferentes actividades. Utilizando o diagrama pode-se
decidir melhor sobre a alocação dos recursos para a execução das actividades.
Exemplo 2
Considerando as actividades apresentadas na tabela referentes ao projecto de
execução de acabamentos de um edifício com dimensões de 85 m2 de área com
duas divisões, pretende-se fazer o desenho da rede usando o método de
diagrama de precedência.
Tabela 1.5 : Projecto de execução de acabamentos de um edifício
Actividade Designação
1 Assentamento de chapas de cobertura
2 Reboco de paredes
3 Assentamento de aros de portas e janelas
4 Assentamento de painéis solares
5 Pintura geral de paredes e carpintarias
6 Limpeza geral, vistoria e entrega das obras
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 50
Resolução
Fixa-se a data do início do projecto, neste caso data 0 (zero). As actividades já
estão identificadas. Interessa agora determinar a sua sequência em que serão
executados, bem como estimar a duração de cada uma das actividades. A
estimação da duração das actividades é feita com base na experiência em
projectos similares e rendimento da mão de obra, tendo em conta o volume dos
trabalhos envolvidos. O resultado do sequenciamento e da estimativa das
durações é mostrado na tabela.
Tabela 1.6 : Projecto de execução de acabamentos de um edifício
Actividade Designação Precedência Duração (dias)
1 Assentamento de chapas de cobertura - 15
2 Reboco de paredes - 10
3 Assentamento de aros de portas e janelas - 20
4 Assentamento de painéis solares 1 15
5 Pintura de paredes, chapas e carpintarias 1,2,3 20
6 Limpeza geral, vistoria e entrega das obras 4,5 10
Com base na duração inicial das actividades é possível determinar o caminho
crítico. Neste caso o caminho crítico seria o trajecto constituído pelas actividades
3-5-6 com a duração total de 50 dias. Na figura 1.17 mostra-se o desenho da rede
usando o método do diagrama de precedência.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 51
Figura 1.17: Diagrama de precedência com as actividades e sua duração
Utilizando as fórmulas apropriadas procede-se ao cálculo dos início e fim cedo e
início e fim tarde e posteriormente as folgas. Estes dados são desta feita
apresentados nos locais apropriados dos nós representativos das actividades, em
alternativa à apresentação em forma de tabela feita no exemplo anterior. Deste
modo, a rede tomaria a forma mostrada na figura 1.18.
1 15
4 15
6 10
2 10
5 20
3 20
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 52
Figura 1.18: Diagrama de precedência com as actividades e durações
Observando a figura é fácil constatar que as actividades 3, 5 e 6 possuem folga
nula, sendo daí parte integrante do caminho crítico. Tendo se fixada a data de
início o dia zero, o projecto é concluído no dia 49, perfazendo 50 dias de trabalho.
Se se tivesse fixado a data de início o dia 1, o projecto teria sido concluído no dia
50, com os mesmos 50 dias de trabalho. Portanto, a escolha da data de início não
altera em nada a duração do projecto.
Mais uma vez, é óbvio que interessa concentrar atenção no progresso destas
actividades para evitar constrangimentos no projecto.
As actividades 1, 2 e 4 possuem folgas de 5, 10 e 10 dias respectivamente, pelo
que dependendo das circunstâncias da execução do projecto é possível decidir-se
sobre a melhor forma de gerir a margem de flexibilidade disponível.
0 14
5 1 15
5 19
15 29
10 4 15
25 39 40 49
0 6 10
40 49
0 9
10 2 10
10 19
20 39
0 5 20
20 39
0 19
0 3 20
0 19
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 53
É preciso notar que ao proceder-se ao “forward pass” a actividade 5 é precedida
por três actividades, designadamente 1, 2 e 3. Como referido na explicação do
processo do forward pass, nestas circunstâncias o início cedo da actividade 5 é
calculado tendo em conta o “maior” fim mais cedo dentre as actividades
convergentes. Neste caso o maior valor desta grandeza é 19 correspondente à
actividade 3.
Por outro lado, no “backward pass” observa-se que o cálculo do início mais tarde
e fim mais tarde da actividade 1 convergem as actividades 4 e 5. O procedimento
neste caso é seleccionar o “menor” início mais tarde dentre as actividades
convergentes. Assim, sendo de 25 o “início mais tarde” da actividade 4 e 20 o
“início mais tarde” da actividade 5, escolhe-se este último valor por ser o menor
e faz-se a transmissão para o cálculo do início mais tarde de 1.
Exemplo 3
Pretende-se construir um diagrama de precedência referente à construção de
uma pequena casa de habitação com uma área bruta de 100 m2. As actividades
principais e a sua dependência lógica são mostradas na tabela.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 54
Tabela 1.7. Actividades e respectivas precedências
ITEM ACTIVIDADE DURAÇÃO PRECEDÊNCIA
Mobilização, limpeza do local 15
2.0 Escavação das fundações 5 1
3.0 Betão de limpeza 4 2
4.0 Alvenaria de bloco de 20 em
fundações
4 3
5.0 Pavimento em betão 3 4
6.0 Alvenaria de bloco de 15 15 5
7.0 Reboco de paredes 30 6
8.0 Cobertura em chapa de zinco e
barrotes
4 5
9.0 Carpintarias e ferragens 10 5
10.0 Pintura 20 7, 8
11.0 Limpeza geral, desmobilização 5 10
Exemplo 4
Para o projecto considerado (o mesmo do exemplo com PERT) e cujos dados são
apresentados na tabela é preciso determinar a duração total usando o método do
diagrama de precedência.
Tabela 1.8: Actividades e durações intervalares do projecto
Actividade Descrição Precedência Eo Ep Emp
1.0 Viabilidade e aprovação do projecto 13 16 15
2.0 Definição do projecto 1 4 6 5
3.0 Selecção do local da obra 2 4 4 4
4.0 Design arquitectura 2 4 5 4
5.0 Design engenharia 4 3 3 3
6.0 Concurso e contrato de construção 5 9 11 10
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 55
7.0 Termos de Referência p/ Fiscalização 2 14 17 15
8.0 Concurso 7 24 33 30
9.0 Contrato de Fiscalização 9 4 4 4
10.0 Execução dos trabalhos de construção 6,9 20 23 20
11.0 Vistoria e Recepção Provisória 3, 10 5 5 5
2.2. 5 Redes com actividade na seta
Os princípios aplicados para o cálculo de uma rede com actividades no nó são
válidos para o cálculo de redes com actividades na seta. Tendo sido os princípios
e os procedimentos gerais explanados não será necessário descer-se ao detalhe
para a situação das redes com actividades na seta. Para ilustrar a determinação
da duração mais provável de um projecto será apresentado um pequeno
exemplo.
Considere-se a rede mostrada na figura 1.19 como representando trabalhos
auxiliares inerentes à construção de um canal de drenagem de águas pluviais
numa localidade do país. Precisa-se determinar a duração do pacote de
actividades.
Figura 1.19: Diagrama de rede
1 3
4
2
7 5
4
3
2
2
5
7
9
6
1
8
6
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 56
Resolução
A determinação da duração mais provável do projecto inicia a partir da
consideração do evento 1. A este evento atribui-se uma data de início designada
data zero ( 0 ), ou seja, as actividades 1-2, 1-3 e 1-4 podem arrancar no dia ou
semana zero. Daqui, o cálculo prossegue olhando-se para cada actividade.
Assim, soma-se a duração de cada actividade com a do evento que lhe deu
origem. Para o evento 2 ter-se-ia 0 + 4 = 4. Para os eventos 3 e 4 ter-se-á 0 + 2 = 2 e
0 + 3 = 3, respectivamente.
Relativamente ao evento 5 é de notar que convergem três actividades. O Tempo
do evento será determinado considerando o maior tempo entre todos os tempos
das actividades convergentes.
4 + 2 = 6
2 + 7 = 9
3 + 9 = 12
O maior tempo é 12 e assim o tempo do evento 5 é de 12 dias.
Para o evento 6 ter-se-á:
12 + 1 = 13
3 + 8 = 11
O maior tempo é 13 e assim o tempo do evento 6 é de 13 dias.
Para o evento 7 ter-se-á:
12 + 6 = 18
13 + 8 = 21
O maior tempo do evento 7 é 21 semdo o tempo do evento de 21 dias.
Este tempo corresponde à duração mais provável do projecto. Todavia, importa
referir que o cálculo total da rede envolve muito mais trabalho e inclui os inícios
e fins cedos e tardes dos eventos e das actividades bem como das folgas.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 57
2.2.5.1 Conceitos principais
Neste breve cálculo há aspectos que conduzem a dois conceitos importantes,
designadamente cedo do evento e tarde do evento. Cedo de um evento é o tempo
mais antecipado possível da sua ocorrência. Tarde de um evento é o tempo mais
dilatado possível para a ocorrência do evento sem comprometer a duração do
projecto (sem causar atrasos).
O cedo de um evento é o início cedo de todas as actividades provenientes do
referido evento. Tarde de um evento é o fim tarde de todas as actividades
convergindo ao referido evento.
Cedo de um Evento = máx { Cedo Anterior (C) + Duração (D)}
A forma comum de representação dos dados num evento é a apresentada na
figura 1.20.
Designação do evento Cedo do evento
Tarde do evento
Figura 1. 20 Representação dos dados no evento
No caso do exercício apresentado, os tempos calculados desde o evento 1 ao
evento 7 são efectivamente cedos dos eventos. O cedo do evento 2 é de 4 dias; o
do evento 3 é de 2 dias; e o do evento 4 é de 3 dias. O cedo do evento 7 é de 21
dias.
Partindo deste último e fixando o tempo tarde do mesmo evento é possível fazer
o “backward pass” até ao primeiro evento e subsequentemente determinar as
folgas das actividades.
Com estes dados pode-se determinar o caminho crítico e completar-se o cálculo
da rede.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 58
Tarde de um evento,
T = mín { Tarde do Evento Posterior (Tp) – Duração (D)}
A seguir mostra-se o cálculo a partir do evento 7 para o qual se fixa o valor do
tarde igual ao cedo.
Tarde do evento 7
21 dias
Tarde do evento 6
21 – 8 = 13
Tarde do evento 5
21 – 6 = 15
13 - 1 = 12
O 12 é o menor valor entre os dois, daí ser o tarde do evento
Tarde do evento 4
12 – 9 = 3
13 – 5 = 8
Tarde do evento 4 é 3
Tarde do evento 3
12 – 7 = 5
Tarde do evento 2
12 – 2 = 10
Tarde do evento 1
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 59
5 – 2 = 3
3 – 3 = 0
10 – 4 = 6
Tarde do evento 1 é 0, o menor dos três
2.2.5.2 Folgas e caminho crítico
A determinação do caminho crítico passa pelo cálculo das folgas das diferentes
actividades.
Começando pela actividade 6-7 a disponibilidade total de tempo é igual a tarde
do evento final (evento 7) subtraído do cedo do evento inicial (evento 6) e da
duração da actividade ( 21 – 13 – 8 = 0).
A disponibilidade total de tempo representa o tempo total dentro do qual a
actividade pode ser realizada e tem os seus pontos extremos no cedo do evento
inicial e no tarde do evento final. Dado o facto da actividade consumir tempo é
preciso deduzir deste intervalo total a duração da actividade. O resultado é a
folga total da actividade. Então, pode se dizer que a actividade 6-7 tem uma folga
total nula, ou seja, faz parte do caminho crítico.
Folga de um evento = Tarde – Cedo
Folga total = Tarde do Evento Final – Cedo do Evento Inicial - Duração
Actividade 5-7
Folga é igual a 21 – 12 – 6 = 3
Actividade 5-6
A folga é igual a 13 – 12 – 1 = 0
Actividade 4-6
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 60
A folga é 13 – 3 -5 = 5
Actividade 4-5
A folga é igual a 12 – 3 – 9 = 0
Actividade 3-5
A folga é igual 12 – 2 – 7 = 3
Actividade 2-5
A folga é igual a 12 – 4 -2 = 6
Actividade 1-4
A folga é igual a 3 – 0 – 3 = 0
Actividade 1-3
A folga é igual a 5 – 0 – 2 = 3
Actividade 1-2
A folga é igual a 10 – 0 -4 = 6
A forma como os cálculos foram apresentados serve para ilustrar de maneira
simples como os mesmos se processam. A representação gráfica ou em forma de
tabela é mais adequada em termos de organização e sistematização.
Tabela 1.9 Váriáveis para a determinação das folgas e caminho crítico
Item Actividade Duração Evento Inicial Evento Final Folga
Total
Folga
Livre
Cedo Tarde Cedo Tarde
1 1-2 4 0 0 4 10 6 0
2 1-3 2 0 0 2 5 3 0
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 61
3 1-4 3 0 0 3 3 0 0
4 2-5 2 4 10 12 12 6 6
5 3-5 7 2 5 12 12 3 3
6 4-5 9 3 3 12 12 0 0
7 4-6 5 3 3 13 13 5 5
8 5-6 1 12 12 13 13 0 0
9 5-7 6 12 12 21 21 3 3
10 6-7 8 13 13 21 21 0 0
Com base na tabela 1.9 pode-se constatar que o caminho crítico da rede é 1-4/4-
5/5-6/6-7 com uma duração total de 21 dias.
Chegados a esta parte importa assinalar alguns aspectos relevantes para a análise
das redes com actividades na seta.
O caminho crítico encontra-se no trajecto onde os eventos têm o cedo e o tarde
iguais. Convém notar, no entanto, que esta condição é necessária mas não
suficiente pois, podem-se encontrar actividades entre nós ou eventos com o cedo
e tarde iguais sem serem actividades críticas. Por isso, o critério válido para
determinar as actividades do caminho crítico é a folga.
Relativamente às actividades, e não propriamente aos eventos, importa
providenciar alguns conceitos úteis ao entendimento das redes. É preciso
sublinhar que há uma diferença entre os tempos dos eventos e os tempos das
actividades. Anteriormente, foram abordados os tempos dos eventos.
Início cedo da actividade é o tempo mais antecipado do arranque da actividade e
é dado pelo cedo do evento inicial. No caso do exemplo em análise o início cedo
da actividade 2-5 seria o dia 4.
Fim cedo da actividade é o tempo mais antecipado no qual a actividade pode ter
o seu têrminus e é dado pelo início mais cedo adicionado à duração da
actividade. No caso da actividade 2-5 este seria o dia 4 + 2 = 6. Notar que o fim
cedo não é correspondente ao cedo do evento final.
Início tarde da actividade é o tempo mais dilatado em que a actividade pode
arrancar e corresponde à diferença entre o fim tarde e a duração da actividade,
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 62
ou seja, ao tarde do evento inicial. No caso da actividade 2-5 em consideração
este seria 12 – 2 = 10 dias.
Fim tarde da actividade corresponde ao tarde do evento final. Na situação em
análise o fim tarde seria 12 dias.
A folga livre corresponde ao atraso máximo que uma actividade pode ter sem
alterar a data cedo do evento final desta actividade. Por outras palavras, a folga
livre representa o atraso máximo que uma actividade pode registar sem alterar a
data cedo do evento final da actividade.
Folga livre = (Cedo evento final – Cedo evento inicial – Duração)
Ou seja, diferença entre o cedo do evento final e cedo do evento inicial menos a
duração. A folga livre pode ser facilmente determinada lendo os dados nos
eventos e não na tabela.
Exemplo 5
Para a rede da figura 1.21, reflectindo a elaboração de um projecto de um
edifício, é preciso designar as actividades, determinar o caminho crítico e
desenhar o respectivo diagrama de precedência. A duração das actividades, em
semanas entre parenteses, é como se segue: 1-2 (6); 1-3 (7); 1-4 (10); 2-3 (5); 2-4 (8);
3-4 (9); 3-5 (17); 4-5 (8); 4-5 (12).
1 2
4
3
6 5
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 63
Figura 1.21: Diagrama de rede
2.3 Linhas de balanço
2.3.1 Introdução
A técnica das linhas balanço foi desenvolvida na sua forma actual pela Marinha
de Guerra dos Estados Unidos da América para a firma Goodyear nos
primórdios da década de 50. Em 1941 a própria Goodyear havia encetado os
primeiros passos da técnica com vista a resolver problemas ligados aos seus
processos produtivos (Turban, 1968 e Halpin, 1992). A técnica das linhas de
balanço - LDB tem aplicação em situações de trabalhos repetitivos e é derivada,
como foi referido, da indústria de manufactura onde a maior parte dos processos
são desta natureza. Pode-se afirmar que a produção de componentes e a
subsequente montagem de unidades de produtos são os principais candidatos
para o emprego da técnica.
Desde cedo a indústria de construção tem tentado fazer feito uso das LDB
procedendo às necessárias modificações para atender às especifidades do sector.
Das várias tentativas ocorridas nasceram várias versões da técnica, sendo de
destacar a “ Construction Planning Technique” – CPT (Peer and Selinger, 1973),
“Vertical Production Method” – VPM, (O´Brien, 1975), “Linear Scheduling
Method” – (Johnston, 1981) e “ Repetitive Project Model” – RPM, (Reda, 1990).
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 64
De todo o modo se se atender ao facto da técnica ter surgido antes da técnica do
diagrama de redes pode se pensar que esta última constitui um substituto
daquela, o que não é totalmente verdade, pois continua a ser utilizada. O grau
desta utilização, é preciso reconhecer, é muito baixo.
2.3.2 Fundamento da LDB
A técnica das LDB assenta no princípio de que o ritmo de produção de uma
determinada actividade é uniforme. A LDB está orientada para a realização de
um determinado número de unidades, baseada no conhecimento de quantas
unidades podem ser realizadas em cada unidade de tempo de modo a cumprir
aquele objectivo. Uma vez fixado o objectivo do projecto em termos do número
de unidades, a produtividade de cada e de todas as actividade deve ser tal que
não seja inferior que a este objectivo.
A produtividade óptima associada a uma equipe com dimensão óptima é
designada ritmo natural.
Para este efeito, o equilíbrio das equipes é uma questão fundamental. A grande
vantagem das LDB é a apresentação da produtividade e da duração das
actividades de uma forma gráfica simples. A LDB mostra claramente, à primeira
vista, o desempenho do projecto, bem como potenciais futuros problemas.
Relativamente a estes aspectos é o melhor método de programação da construção
linear comparativamente a outros como CPM e Gantt.
Se o eixo das abcissas representar o tempo de execução e as ordenadas
representarem o número de unidades, ter-se-á uma curva rectilínea crescente no
primeiro quadrante.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 65
O ritmo de produção é representado pelo declive ou gradiente da recta e é
expresso em termos de unidades de produto por unidade de tempo. Deste
modo, a técnica explora os recursos humanos (homem.hora) e o tamanho óptimo
das equipes para gerar o diagrama das linhas de balanço.
Neste sentido, as LDB são um instrumento gráfico que permite os profissionais
vislumbrar de forma simples quais, dentre as inúmeras actividades que fazem
parte de todo o projecto, estão em equilíbrio. Por outras palavras, permitem
apurar em cada instante, que actividades estão progredindo de acordo com o
plano e quais as atrasadas.
A estimativa dos homem.hora e equipas óptimas podem ser obtida com recurso
às bases de dados, encarregados, director de obra ou outros profissionais
experientes em determinados trabalhos. Uma vez calculados o número das
equipas e a produtividade esperada para cada actividade, as linhas de balanço
podem ser desenhadas. O número das unidades a produzir ao longo do tempo é
indicado no gráfico. Duas linhas oblíquas e paralelas cujo gradiente é igual à
produtividade indicarão o tempo de início e de fim, respectivamente de cada
actividade para todas as unidades desde a primeira à última.
As LDB não se prestam a projectos com actividades de curta duração executadas
isoladamente relativamente a outras actividades.
2.3.3 Construção de LDB
Como referido anteriormente a técnica tem uma grande utilidade em situações
de construção linear e repetitiva, onde as outras técnicas em particular PERT e
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 66
CPM não se adequam dada a variabilidade da produtividade a qual introduz
ineficiências na alocação de recursos e aumento de custos (Lutz e Halpin, 1992).
Casos típicos desta situação são a construção de inúmeros edifícios de habitação
similiares num projecto de fomento habitacional, construção de edifícios de
grande altura, construção de estradas, construção de redes de esgotos,
construção de pipelines envolvendo uma grande extensão, centenas ou milhares
de kilómetros. O projecto de pipeline de gás de Pande a Secunda (Sasol) é uma
ilustração desta situação.
Sendo as diferentes actividades repetitivas, a sua representação por meio de
barras de Gantt ou de diagrama de precedências torna-se desconfortável e ocupa
muito tempo e espaço. As LDB simplificam este inconveniente de repetição por
via de integração das actividades similares a repetir com recurso a uma linha
recta. Quer dizer, as inúmeras actividades do projecto que seriam representadas
separadamente em Gantt ou MDP reunem-se numa recta (as similares). A
ordenada representa o número de unidades executadas (por exemplo, fundação
de uma casa tipo). Podem ser colocadas na ordenada várias grandezas no
mesmo gráfico para representar vários grupos de actividades similares (por
exemplo, pinturas (m2), lâmpadas (un), roda-pés (ml), betão (m3)). A abcissa
representa o tempo de execução das actividades.
A recta da LDB, contrariamente ao Gantt que mostra a duração de cada
actividade, indica (1) a que velocidade os trabalhos devem ser executados a fim
de se cumprirem os prazos fixados, (2) a relação entre um grupo de actividades
similares e o grupo de actividades similares subsequentes. Se por alguma razão
um grupo de actividades atrasar pode ter implicações sérias para os prazos dos
grupos subsequentes.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 67
2.3.3.1 Método de construção de LDB
A construção de LDB basea-se na metodologia de programação utilizada em
CPM e Gantt. Com efeito, a primeira etapa do processo consiste em estabelecer
uma lógica entre as actividades. Por isso, a construção faz-se seguindo os passos
enumerados:
identificação das actividades,
estabelecimento da relação lógica,
estimação dos recursos (homem.hora, etc) necessários para realizar cada
grupo de actividades similares
estimação do tempo de reserva para acomodar as interferências entre as
actividades
estimação da produtividade requerida a fim cumprir os prazos do
projecto
cálculo das variáveis principais, designadamente número de homens,
tamanho das equipes, dias de trabalho para cada actividade, datas de
início da unidade inicial e de início da unidade final.
desenho das linhas de balanço
análise das LDB a fim introduzir ajustamentos ( por exemplo, aumento da
produtividade por aumento do tamanho da equipe, substituição das
equipes, sobreposição das actividades, alinhar a produtividade das
actividades, etc)
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 68
É preciso sempre ter-se presente que o gráfico das linhas de balanço é obtido
tendo como base determinados recursos seleccionados e por isso os rendimentos
calculados tem em conta esses recursos. Por outras palavras, a base das LDB é a
estimação dos recursos disponíveis e a partir daqui calcular a produtividade que
pode ser alcançada com os mesmos. Se for fixado um objectivo em termos de
duração é preciso haver certeza de que os recursos mobilizados ajudam a
perseguir o objectivo, caso contrário ocorrerão atrasos.
Esta abordagem é claramente diferente daquela associada ao cálculo das redes, a
qual separa a lógica do desenho e a alocação dos recursos.
2.3.3.2 Exemplo simplificado
Considere-se um projecto destinado a construir três casas de habitação iguais.
Para este efeito considere-se também que será necessário executar duas
actividades principais, designadamente 1 e 2. Sejam a actividade 1, (fundações e
paredes) e a actividade 2 (cobertura).
Resolução
Este exemplo não vai seguir as etapas enumeradas e tem como propósito ilustrar
as características das LDB.
Como é óbvio, a implementação deste projecto involve a execução das
actividades 1 e 2 para cada uma das três unidades a construir. Supõe-se que a
actividade 1 precede a actividade 2.
Actividade 1 Unidade 1
Actividade 1 Unidade 2
Actividade 1 Unidade 3
Actividade 2 Unidade 3
Actividade 2 Unidade 2
Actividade 2 Unidade 1
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 69
Figura 1.22: Representação das actividades e das unidades a executar
Assumindo uma determinada produtividade (quantidade de trabalho por
unidade de tempo) é possível calcular o tempo necessário para concluir cada
grupo de actividades similares. Assim, foram desenhadas as linhas de balanço
mostradas na figura 1.23.
unidades
3
2
Actividade 1 Actividade 2
1
Duração
Figura 1.23 Linhas de balanço do projecto de casas
Interpretação
No caso da figura 1.23 podem-se fazer várias leituras principais. A primeira diz
respeito à sequência das actividades, onde se observa que a actividade 1 deve
iniciar antes do arranque da actividade 2. A segunda relaciona-se com o ritmo de
produção (produtividade), onde se constata que o ritmo de produção da
actividade 1 é mais baixo que o da actividade 2 (o gradiente da linha da
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 70
actividade 1 é menor que o da linha de 2). Esta situação do baixo ritmo de 1
pode comprometer os prazos de 2 dada a relação de precedência. A questão
central reside na estimação do ritmo ideal de 1 para que 2 progrida ao seu ritmo
e conforme os prazos do projecto. Por outro lado, se não houver recursos
disponíveis para acelerar o ritmo de execução a actividade 1 em si pode também
atrasar.
Como foi explicado anteriormente, as LDB assumem que o ritmo é constante e
que, portanto, a quantidade de recursos é fixa. Na prática, todavia, não é fácil
alcançar-se uma produtividade constante, ocorrendo flutuações devido às vários
factores. Apesar do nivelamento dos recursos poder ajudar na estabilização da
quantidade destes é comum ocorrerem ainda flutuações. Frequentemente, a
construção das LDB pode constituir uma base mais eficaz e fácil para o
nivelamento de recursos.
Controle
O controle do progresso dos trabalhos é feito desenhando uma linha reflectindo a
situação real da execução das actividades junto da linha de balanço do plano,
como se mostra na figura 1.24. Desta maneira é possível detectar qualquer
desvio, positivo ou negativo, relativamente á linha original. Observando a
produtividade real pode-se fazer uma estimativa de quanto tempo será
necessário para a conlusão de uma dada actividade. Também podem-se fazer
ajustamentos da produtividade se tal se revelar necessário.
Relativamente à figura 1.24 a actividade 1 observou-se alguma flutuação da
produtividade mas em média os trabalhos foram executados no prazo previsto
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 71
(trabalhos executados nas três unidades). Fazendo uma monitoria do progresso
da actividade 2 no tempo T0 constata-se que há um atraso significativo em
grande medida devido à baixa produtividade. Neste caso a probabilidade da
actividade 2 terminar além do prazo estipulado é grande e medidas devem ser
tomadas para corrigir a situação.
unidades
3
2
Act. 1 Actividade 2
1
Duração
To
Figura 1.24 Linhas de balanço do projecto de casas
Uma nota importante no capítulo de controle vai para a situação em que as
actividades têm diferentes taxas de produtividade e que podem levar à
dificuldades de execução do projecto. Podem ocorrer dois casos, como se mostra
na figura 1.25.
B C A
Unidades
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 72
Tempo
Figura 1.25 Actividades com diferentes velocidades e interferências
As actividades A, B e C devem ser executadas em sequência. A actividade B,
segunda actividade, tem uma taxa de produtividade maior que a actividade A,
primeira actividade. Devido a esta situação há um ponto de conflito que urge
resolver na parte inicial da execução. Por isso, quando se tem uma actividade (j +
1), actividade a seguir a actividade a j, com maior velocidade que j, tem se fazer
controle no princípio. Por outro lado, quando se tem uma actividade j + 1,
actividade a seguir a actividade a j, com menor velocidade que j tem se fazer o
controle no fim. O controle pode siginificar o ajustamento dos recursos, alteração
do objectivo, provisão de uma folga, entre outros.
Exemplo 2
Considere-se um projecto consistindo na construção de um edifício de grande
altura de pisos iguais, num total de 15. Para simplificação assume-se que as
actvidades envolvidas são os pilares e vigas e as lajes em cada piso desde o
segundo ao décimo quarto. O piso térreo é o piso 1.
Pede-se determinar as taxas de produtividade, a duração do projecto e construir
as linhas de balanço tendo em conta os dados apresentados. A quantidade de
recursos para as actividades é estimada em 85 homens.horas para os pilares, 95
homens.horas para as vigas e 75 homens.horas para as lajes.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 73
Assume-se como objectivo do projecto uma produtividade de 2 unidades, pisos,
por semana (P = 2). Uma semana tem 5 dias de 8 horas de trabalho cada. A
margem de contingência é fixada em 1 dia para cada actividade
Resolução
Em condições normais, com excepção das fundações, este é um trabalho
repetitivo de piso para piso e, portanto, muitas operações a partir da conclusão
das fundações serão similares até ao 15º piso.
As operações envolvidas neste projecto são lineares, designadamente execução
dos pilares, das vigas e das lajes. A partir daqui pode-se desenhar o digrama
lógico.
Figura 1.26 Relação lógica das actividades do projecto
A quantidade de recursos para as actividades é estimada em 85 homens.horas
para os pilares, 95 homens.horas para as vigas e 75 homens.horas para as lajes.
O objectivo do projecto pode ser fixado tendo em conta este ritmo
(produtividade) de execução.
A outra forma de fixar este objectivo é estabelecer uma data em função de outros
factores, comerciais por exemplo.
Pilares Vigas Lajes
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 74
Assume-se como objectivo do projecto uma produtividade de 2 unidades, pisos,
por semana (P = 2). Uma semana tem 5 dias de 8 horas de trabalho cada. A
margem de contingência é fixada em 1 dia para cada actividade. O número total
das unidades é de 14, pois exclui-se o piso térreo. Os cálculos pertinentes são
apresentados na Tabela 1.10.
Tabela 1.10 Cálculo das variáveis das linhas de balanço
Actividade (1)
Horas de
Trabalho por
Actividade (2)
Homens por
Actividade
(3)
Tamanho Teórico da
Equipe à Produtividade
Escolhida "P" (4)
Tamanho
Real da
Equipe (5)
Produtivid
ade Real
(6)
Tempo de
Cada
Actividade
(dias) (7)
Tempo Desde
Início da 1ª
Unidade ao Início
da Última Unidade
(8)
Tempo de
Reserva (9)
Pilares 85.00 6.00 4.25 6.00 2.82 1.77 23.02 1.00
Vigas 95.00 4.00 4.75 4.00 1.68 2.97 38.59 1.00
Lajes 75.00 5.00 3.75 5.00 2.67 1.88 24.38 1.00
Na Tabela 1.10 a coluna 1 indica as actividades. A coluna 2 indica o número total
dos homem.horas de trabalho em cada actividade, H, o qual é estimado com base
na experiência e ajuizamento. A coluna 3 apresenta o número de profissionais
em cada operação, Np, o qual também é estimado em aproximação tendo em
consideração o volume do trabalho e a produtividade estabelecida. A coluna 4
indica o tamanho teórico da equipe Tte, para garantir a taxa de produtividade
fixada ou estabelecida Pe. A coluna 5 mostra o tamanho real da equipe Tre.
A coluna 6 mostra a produtividade real Pr. A coluna 7 indica o tempo dispendido
em dias em cada actividade. A coluna 8 mostra o tempo decorrido desde o início
da unidade primeira e o início da última unidade em cada uma das actividades.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 75
Por exemplo neste caso, o início da execução dos pilares parte da primeira
unidade (piso) e início da execução dos pilares da décima quarta unidade (piso) é
medeado por um intervalo. A coluna 9 serve para estimar a margem de
contingência para cada actividade em termos de tempo (buffer).
As fórmulas utilizadas para calcular cada uma das variáveis mencionadas são
apresentadas a seguir.
Tamanho teórico da equipe
semanaportrabalhodehorasdeNúmero
actividadeporhoraensPTte
).(hom (1.14)
Tamanho real da equipe
semanaportrabalhodehorasdeNúmero
actividadeporhorasensPTre
).(hom (1.15)
O tamanho real da equipe é escolhido como um número, sendo múltiplo do
número dos profissionais necessários na equipe (número de homens por
actividade), mas próximo do valor do tamanho teórico da equipe. Se o tamanho
real for maior que o teórico, a produtividade real será maior que a produtividade
estabelecida e se o tamanho real for menor que o teórico a produtividade real
será menor que a estabelecida.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 76
Produtividade real
daEstabelecieodutividadEquipedaTeóricoTamanho
EquipedaalTamanhoPr Pr
Re (1.16)
Tempo dispendido (duração) em cada actividade em dias
TrabalhodeDiáriasHorasdeNúmeroEquipenasofissionaideNúmero
HoraHomenscursosdeQuantidadeDt
Pr
).(Re
(1.17)
Tempo desde o início da primeira unidade ao início na última unidade em cada
actividade
aleodutividad
SemanaporTrabalhodeDiasdeNUnidadesdeNPr
RePr
º)1º( (1.18)
Tendo todos os cálculos sido efectuados e mostrados na Tabela 1.9 pode-se
proceder ao desenho das linhas de balanço. Para o desenho destas utilizam-se
em grande medida os dados respeitantes ao tempo desde o início na primeira ao
início na última unidade de cada actividade (coluna 8) e a duração de cada
actividade (coluna 7).
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 77
Unidades
A B
14
12
10
8
6
4
2
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Tempo
Figura:1.26 Desenho das linhas de balanço do projecto
A primeira linha de balanço corresponde à primeira actividade, execução dos
pilares. O trabalho começa na data zero na primeira unidade (piso 1). O tempo
que decorre desde essa data até ao início da actividade execução dos pilares na
última unidade (piso 14) é de 23,02 dias, conforme se mostra na figura 1.22. Este
dado é retirado da tabela 1.9. A duração desta actividade (execução dos pilares)
é de 1,77 dias e, por isso, na última unidade a execução termina aos 24,79 dias
(23,02 + 1,77) enquanto que na primeira unidade termina a 1,77 dias dado que o
início é no dia zero. As duas linhas paralelas em cada uma das actividades
servem para indicar o início e o fim dos trabalhos em cada uma das 14 unidades.
0,0 1,77 2,77 5,74 20,92 22,80
23,02 24,79 41,36 44,33 45,33 48,86
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 78
Quanto á actividade execução das vigas o início dá-se aos 2,77 dias, pois há uma
folga de 1 dia desde o fim da primeira actividade (pilares) até ao início da
execução das vigas. A duração desta actividade é de 2,97 dias, por isso na parte
inferior da linha, primeira unidade, o fim ocorre aos 5,74 dias, enquanto que no
topo, última unidade, o fim ocorre aos 41,33 dias. O tempo que decorre desde o
início da actividade na primeira unidade ao início da mesma na última unidade é
de 38,59 dias, como se pode constatar.
No que diz respeito a actividade execução das lajes há uma nota importante a
reter. Em princípio, esta actividade deveria iniciar aos 6,74 dias na primeira
unidade atendendo a folga de 1 dia após o fim da actividade anterior. Todavia
isto não pode ocorrer porque haveria um desequilíbrio na execução das
actividades, ou seja, as linhas não estariam em balanço. Se efectivamente esta
actividade iniciasse aos 6,74 dias na primeira unidade a mesma actividade
iniciaria aos 31,12 dias na última actividade. Ora sabe-se que as vigas no último
piso terminam apenas aos 44,33 dias, donde decorre uma impraticabilidade. Por
isso, a folga de 1 dia é colocada a partir da última unidade (14) projectando a
linha de balanço para a primeira unidade, donde se determina o início aceitável
aos 20,92 dias. Consequentemente, a última unidade é concluída aos 48,86 dias
enquanto a primeira é finalizada aos 45, 33 dias.
Este caso é uma ilustração das possibilidades e flexibilidade que existem no
desenho das linhas de balanço a fim de se chegar a programas práticos e
racionais.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 79
A duração total do projecto é de 48,86 dias, como se pode constatar a partir das
linhas de balanço. Com efeito, o fim da última actividade, execução das lajes na
última unidade (piso 14), ocorre no dia 48,86 dos trabalhos.
Estas são portanto as linhas de balanço do programa se recursos suficientes
forem alocados para manter o ritmo de produção estabelecido e representado no
gráfico.
Em qualquer instante é possível determinar o estágio de realização das
actividades usando o gráfico e os dados reais de implementação do projecto.
Exemplo 3
Pretende-se construir uma linha de energia constituída por 95 torres metálicas.
As operações serão em sequência conforme se mostra na Tabela 1.11. São
também indicadas as horas de trabalho o número óptimo dos operários a
envolver. A taxa de produtividade é de 4 torres por semana. Desenhar as linhas
de balanço e determinar a duração total do projecto. Assumir uma semana de 5
dias, trabalho de 8 horas por dia e uma folga de 2 dias entre as actividades.
Tabela 1.11 Actividades, homens.hora e nº de operários
Actividade Homens.hora Nº de operários
Escavação 40 5
Betão em fundações 45 5
Fixação da torre 60 6
Fixação de consolas 134 6
Fixação de isoladores 18 7
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 80
2.4 Emprego de computadores na programação
O avanço das tecnologias de informação e comunicação permitem simplicar em
grande medida operações que outrora eram realizadas manualmente com muito
esforço. Com o efeito, o desenvolvimento das capacidades e flexibilidades dos
computadores a partir das décadas de 70 e 80 criaram condições para que muitas
técnicas e rotinas passassem a ser implementadas electronicamente com um
significativo ganho em termos de tempo e recursos. Hoje é possível recorrer ao
computador para resolver os problemas de programação de projectos de
construção.
Existem no mercado, centenas de pacotes informáticos que realizam o cálculo
dos diagramas de rede utilizando o MDP - método de diagrama de precedência,
a técnica do PERT, e o digarama de Gantt.
A escolha de um ou de outro depende de vários factores, como o desempenho, a
natureza, dimensão e complexidade do trabalho a realizar, os constrangimentos
de recursos, a acessibilidade, entre outros. Assim, é possível utilizar pacotes
muito simples e baratos, como se pode optar por software altamente profissional
e caro.
Sem ser por factores de importância mencionam-se aqui dois dos pacotes de
planeamento e programação mais divulgados na indústria de construção,
designadamente a Primavera e a Microsoft Project.
Entre estes dois o Microsoft Project tem uma ampla difusão e aplicação na
construção em Moçambique comparativamente à Primavera.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 81
2.4.1 Microsoft Project
Usando o MS Project é possível elaborar diagramas de redes e de barras com
uma simplicidade impressionante. Os dados básicos de entrada para este efeito
são as actividades, as suas durações e precedências. Há também lugar à
definição dos recursos, e os custos associados a estes, a fim de possibilitar o
cálculo dos custos do projecto.
Tendo todos estes elementos o programa faz o desenho da rede através do MDP,
determina o caminho crítico, as folgas das actividades fora do caminho crítico,
desenha os gráficos de alocação de recursos ao longo do tempo, calcula os custos
relativos a cada actividade e os custos globais, entre outras funcionalidades.
Relativamente, à programação do projecto, a funcionalidade mais importante é o
estabelecimento do programa de trabalhos. Com base neste programa
desenhado pelo software a gestão do projecto pode efectivamente ser feita de
forma mais efectiva. A cada instante é possível verificar o progresso real no
terreno e compará-lo com o estabelecido no programa e caso necessário
introduzir ajustamentos. De igual modo os dados do progresso podem ser
incorporados no computador a fim de actualizar os dados iniciais e fazer
previsões futuras do curso do projecto.
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 82
ANEXOS
TABELAS DE DISTRIBUIÇÃO NORMAL
P(0 z a)
a 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09
0.0 0.0000 0.0040 0.0080 0.0120 0.0160 0.0199 0.0239 0.0279 0.0319 0.0359
0.1 0.0398 0.0438 0.0478 0.0517 0.0557 0.0596 0.0636 0.0675 0.0714 0.0753
0.2 0.0793 0.0832 0.0871 0.0910 0.0948 0.0987 0.1026 0.1064 0.1103 0.1141
0.3 0.1179 0.1217 0.1255 0.1293 0.1331 0.1368 0.1406 0.1443 0.1480 0.1517
0.4 0.1554 0.1591 0.1628 0.1664 0.1700 0.1736 0.1772 0.1808 0.1844 0.1879
0.5 0.1915 0.1950 0.1985 0.2019 0.2054 0.2088 0.2123 0.2157 0.2190 0.2224
0.6 0.2257 0.2291 0.2324 0.2357 0.2389 0.2422 0.2454 0.2486 0.2517 0.2549
0.7 0.2580 0.2611 0.2642 0.2673 0.2704 0.2734 0.2764 0.2794 0.2823 0.2852
0.8 0.2881 0.2910 0.2939 0.2967 0.2995 0.3023 0.3051 0.3078 0.3106 0.3133
0.9 0.3159 0.3186 0.3212 0.3238 0.3264 0.3289 0.3315 0.3340 0.3365 0.3389
1.0 0.3413 0.3438 0.3461 0.3485 0.3508 0.3531 0.3554 0.3577 0.3599 0.3621
1.1 0.3643 0.3665 0.3686 0.3708 0.3729 0.3749 0.3770 0.3790 0.3810 0.3830
1.2 0.3849 0.3869 0.3888 0.3907 0.3925 0.3944 0.3962 0.3980 0.3997 0.4015
1.3 0.4032 0.4049 0.4066 0.4082 0.4099 0.4115 0.4131 0.4147 0.4162 0.4177
1.4 0.4192 0.4207 0.4222 0.4236 0.4251 0.4265 0.4279 0.4292 0.4306 0.4319
1.5 0.4332 0.4345 0.4357 0.4370 0.4382 0.4394 0.4406 0.4418 0.4429 0.4441
1.6 0.4452 0.4463 0.4474 0.4484 0.4495 0.4505 0.4515 0.4525 0.4535 0.4545
1.7 0.4554 0.4564 0.4573 0.4582 0.4591 0.4599 0.4608 0.4616 0.4625 0.4633
1.8 0.4641 0.4649 0.4656 0.4664 0.4671 0.4678 0.4686 0.4693 0.4699 0.4706
1.9 0.4713 0.4719 0.4726 0.4732 0.4738 0.4744 0.4750 0.4756 0.4761 0.4767
2.0 0.4772 0.4778 0.4783 0.4788 0.4793 0.4798 0.4803 0.4808 0.4812 0.4817
ProgramaçãodeObras Tecnologia II 83
2.1 0.4821 0.4826 0.4830 0.4834 0.4838 0.4842 0.4846 0.4850 0.4854 0.4857
2.2 0.4861 0.4864 0.4868 0.4871 0.4875 0.4878 0.4881 0.4884 0.4887 0.4890
2.3 0.4893 0.4896 0.4898 0.4901 0.4904 0.4906 0.4909 0.4911 0.4913 0.4916
2.4 0.4918 0.4920 0.4922 0.4925 0.4927 0.4929 0.4931 0.4932 0.4934 0.4936
2.5 0.4938 0.4940 0.4941 0.4943 0.4945 0.4946 0.4948 0.4949 0.4951 0.4952
2.6 0.4953 0.4955 0.4956 0.4957 0.4959 0.4960 0.4961 0.4962 0.4963 0.4964
2.7 0.4965 0.4966 0.4967 0.4968 0.4969 0.4970 0.4971 0.4972 0.4973 0.4974
2.8 0.4974 0.4975 0.4976 0.4977 0.4977 0.4978 0.4979 0.4979 0.4980 0.4981
2.9 0.4981 0.4982 0.4982 0.4983 0.4984 0.4984 0.4985 0.4985 0.4986 0.4986
3.0 0.4987 0.4987 0.4987 0.4988 0.4988 0.4989 0.4989 0.4989 0.4990 0.4990