minha irma vampira - vampalicioso

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Ivy e Olivia não podem se separar novamente! Mesmo que as irmãs gêmeas Ivy e Olivia, separadas no nascimento, tenham se encontrado somente há poucos meses, elas não conseguem imaginar uma vida separadas. Mas o Sr. Vega decidiu mudar para a Europa – e levará Ivy com ele! Oh não! Com o otimismo da líder de torcida Olivia e com a inteligência da vampira Ivy, elas estão determinadas a realizar um plano para manter Ivy e seu pai em Franklin Grove. Mas o que seria?

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CAPÍTULO 1

Ivy Vega e sua melhor amiga, Sophia Hewitt, cami-nhavam apressadas pelo cemitério mais antigo de Franklin Grove, a caminho da escola, na manhã de segunda-feira. A grama da trilha, endurecida pela geada, rangia alto de-baixo de suas botas pesadas e Ivy ia com as mãos nos bol-sos de seu casacão preto para mantê-las aquecidas.

Sentirei falta desse velho cemitério quando me mudar para a Europa, Ivy pensou. Mesmo que ainda estivesse um pouco escuro, ela podia distinguir ao longe a silhueta baixa da cripta da família de seu namorado, onde ela e seus amigos haviam passado tanto tempo se divertindo. Fora dos portões do cemitério, as luzes das residências próximas cintilavam.

– Que festa boa! – Sophia exclamou, cortando os pen-samentos de Ivy. Embora parecesse ter acontecido há mi-

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lênios, no sábado, a gêmea humana de Ivy, Olivia, havia sido iniciada na comunidade vampírica, e, depois, houve uma pequena comemoração.

– Você deve estar muito animada – Sophia prosseguiu – com o fato de não ser mais segredo Olivia saber da exis-tência dos vampiros. Está por toda Vorld Vide Veb.

Ivy encostou a boca em seu cachecol preto tricotado e exalou, para esquentar o pescoço. Isso não é a única coisa que já não é mais segredo, pensou ela. – Sophia – disse em voz alta –, tenho uma coisa para lhe contar.

Olivia Abbott recebeu uma lufada de ar quente ao abrir uma das gigantescas portas de carvalho da Escola Franklin Grove. Examinando o saguão, tirou o gorro e o balançou por um dos cordões de amarrar, que termina-vam em pompons cor-de-rosa. Saltitava para espantar o frio. Havia vestido o uniforme de líder de torcida apenas pelo espírito de equipe, mas mesmo com legging, sentia-se um picolé.

Onde você está, Camilla?, pensou Olivia enquanto pu-lava de um pé para o outro, atenta para ver se avistava a amiga. Tenho grandes novidades!

A porta externa se abriu e Olivia olhou naquela di-reção com ansiedade. Infelizmente, era apenas Charlotte Brown, a presunçosa capitã da equipe de líderes de torci-da. Ela usava protetores de orelha brancos e felpudos.

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– Oi, Charlotte – disse Olivia sem conseguir disfarçar o tom de desapontamento em sua voz. Charlotte deixou a porta se fechar atrás dela, mas suas companheiras de equi-pe, Katie e Alison, apressaram-se em alcançá-la. Também usavam protetores de orelha.

– Nossa, Olivia, estou congelando! – queixou-se Charlotte.– Também estamos! – disseram Katie e Alison, que

tinham o talento de sempre pensar a mesma coisa que Charlotte.

– Então, é melhor vocês entrarem agora mesmo para se aquecerem! – Olivia disse, “ligando” o seu sorriso. Elas passaram por Olivia sem dizer mais nada.

Os alunos iam chegando à escola um após o outro e, cada vez que a porta externa se abria, o coração de Olivia pulava. Finalmente, ela avistou os saltitantes cachos lou-ros de Camilla.

– Camilla! – Olivia chamou.– Oi! – disse ela, abrindo um largo sorriso quando viu

Olivia. – Desculpe o meu atraso. Você me pareceu tão empolgada ao telefone ontem à noite. O que aconteceu?

Olivia sorriu.– Simplesmente a novidade mais importante de toda a

minha vida!Camilla olhou-a com ceticismo.– Mais importante do que descobrir que você tinha

uma irmã gêmea separada de você ao nascer?Olivia franziu o nariz, Camilla tinha razão. Tanto Oli-

via como Ivy sequer sabiam que tinham uma irmã até o

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primeiro dia de aula de Olivia na Escola Franklin Gro-ve, poucos meses antes. Pensando bem, todo o lance de minha-irmã-é-uma-vampira também havia sido uma no-vidade e tanto, mas é claro que Camilla não sabia dessa parte. Olivia estava entre os pouquíssimos humanos no mundo inteiro que sabiam da existência de vampiros.

– Tão importante quanto – Olivia decidiu, puxando Camilla para trás do vaso com uma enorme samambaia no canto do saguão.

Olivia respirou fundo.– Você não pode contar para ninguém – disse. –

Promete?– Prometo – respondeu Camilla solenemente. – Mas

conte logo!

– Eu estou contando – Ivy protestou.– Não – Sophia disse –, o que você está fazendo é ten-

tar me contar. Até o momento, a única coisa que você fez foi suspirar um bocado.

Ivy suspirou de novo, soltando uma nuvenzinha no ar frio. – Ainda não consigo acreditar – murmurou, como um jeito de se explicar.

– Ivy – Sophia disse em tom severo –, estou congelan-do minhas presas parada aqui.

– Você não tem presas – respondeu Ivy, olhando ao redor do cemitério para se certificar de que não havia nin-

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guém por perto espreitando. – Você as serra como o res-tante de nós.

– É maneira de falar – Sophia replicou, elevando a voz com a frustração. – Agora, faça-me sua grande revelação!

– Eu descobri... – Ivy engoliu em seco. – Olivia e eu descobrimos...

Sophia a encarava com impaciência. – Quem é o meu verdadeiro pai – Ivy desembuchou,

finalmente.

– Sério? – Camilla gritou, arregalando os olhos. Olivia confirmou com a cabeça, mordendo o lábio para conter um sorriso.

– Estou tão feliz por você! – Camilla jogou os braços ao redor de Olivia, acidentalmente derrubando as samam-baias. Olivia riu.

– Eu sabia que você e Ivy iriam encontrar algumas respos-tas se continuassem a procurar.

Olivia teve de admitir que sua perseverança valeu a pena. Ela e sua irmã tentavam resolver o mistério de quem seus pais eram desde quando perceberam que eram irmãs gêmeas.

– Obrigada, Camilla – Olivia disse, abraçando-a de novo. – Eu queria contar a você pessoalmente.

– Então, quem é ele? Quem é o seu pai? – Camilla per-guntou com a voz estourando de curiosidade.

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Olivia apertou os lábios, saboreando o momento. Camilla leu seu rosto. – Eu sabia! – ela gritou. – É uma celebridade! Sempre

achei que vocês duas tinham o nariz do George Clooney! – Não – Olivia balançou a cabeça timidamente. –

Melhor ainda.– Antonio Banderas? – Camilla sussurrou admirada.

– Bem, então quem? – Sophia disse entusiasmada, passando o braço em torno de Ivy enquanto elas saíam do cemitério.

Os cabelos longos e escuros de Ivy caíram na frente de seu rosto.

– Ele é, hum, o nome dele é... Karl Lazar – ela gague-jou. Por que estou tendo tanta dificuldade para contar à minha melhor amiga a história toda?, Ivy se perguntou. De algu-ma forma, isso era muito inacreditável para contar num impulso.

– Lazar? – Sophia repetiu. – Você quer dizer aquele vampiro aristocrata da Transilvânia que se apaixonou por uma humana?

Ivy confirmou silenciosamente. – Isso é incrível! Você sabe se ele ainda está vivo? – So-

phia perguntou. – Ah, ele está vivo – Ivy disse. – Como você sabe? – Sophia pressionou.

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– Ele tem se escondido nos últimos treze anos – Ivy respondeu.

Como a Escola Franklin Grove já podia ser avistada ao longe, os passos de Sophia tornaram-se mais lentos.

– Ivy, por que acho que existe algo que você não está me dizendo?

Ela sorriu timidamente, aliviada por sua amiga a co-nhecer tão bem.

– Porque existe algo que eu não estou dizendo a você – Ivy respondeu.

Enquanto Sophia procurava por algo no rosto dela, Ivy suspirou fundo uma última vez e afastou os cabelos dos olhos.

– O meu pai é meu pai – anunciou, as palavras subin-do no ar como fumaça.

Sophia olhou para ela sem expressão. – Meu pai é o meu verdadeiro pai – Ivy esclareceu. Sophia, sem expressão, demorou para ter uma reação. – Você quer dizer que seu pai, Charles Vega, que você

conhece a sua vida inteira...– ... é Karl Lazar – Ivy completou. Sophia olhou para ela incrédula. – Para eu cair dura aqui, só falta você morder o meu

pescoço!Ivy sorriu.– Nada de presas, lembra?

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Mas por que o Sr. Vega fingiria ser pai adotivo de Ivy quando, na verdade, é pai verdadeiro? – Camilla perguntou.

– Nós não sabemos – Olivia franziu a testa. – Talvez ele não quisesse que Ivy soubesse que ela tinha uma irmã gêmea.

– Mas por que não? – Camilla insistiu. Tudo o que Olivia pôde fazer foi encolher os ombros.

Ela queria contar à amiga tudo o que ela e Ivy haviam descoberto sobre o pai delas ser um vampiro e a mãe ser humana e que ele havia separado as gêmeas depois de a mãe delas ter morrido. Mas ela havia feito um Juramento de Sangue de jamais violar a Primeira Lei da Noite, o que significava que ela nunca deveria revelar a existência de vampiros a um humano. Era uma chatice, porque Camilla era superesperta e Olivia achava que talvez ela tivesse boas ideias sobre o porquê do Sr. Vega ter feito o que fez.

Ivy e Sofia subiam os degraus da escola. – O seu pai sabe que você sabe? – Sophia perguntou. Ivy sacudiu a cabeça negativamente. – Olivia e eu conversamos sobre isso e concordamos

em não contar aos nossos pais ainda. A mãe de Olivia vai bater asas como um morcego quando descobrir a ver-dade. E meu pai já se sente totalmente desconfortável perto de Olivia.

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Elas foram para dentro e atravessaram o saguão, quan-do Ivy ouviu alguém chamar seu nome de forma abafada. Ela olhou ao redor, mas nenhum dos estudantes que se encontravam no saguão olhava em sua direção.

– Ivy! Sophia! – a voz chamou mais uma vez. – Acho que aquela samambaia está nos chamando –

Sophia murmurou, apontando para o canto. As duas fo-ram até lá. De repente, uma mão com unhas cor-de-rosa puxou Ivy para trás da folhagem. Olivia estava encolhida ali com Camilla.

– Você contou a ela? – Ivy e Olivia se perguntaram ao mesmo tempo. Elas balançaram a cabeça afirmativamente uma para a outra e, em seguida, as quatro se uniram num grande abraço.

– Parabéns por encontrar o seu pai – Camilla sorriu para Ivy.

– Você consegue acreditar que, todo esse tempo, o ver-dadeiro pai estava bem diante delas? – Sophia disse entu-siasmada à Camilla, que sacudiu a cabeça, incrédula.

– Vocês duas não podem contar a ninguém – Olivia disse, séria.

– Nem mesmo ao Brendan? – perguntou Sophia. – Exceto Brendan – Ivy respondeu. Ela planejava con-

tar ao namorado depois da primeira aula. Queria dizer a ele no corredor da ala de Ciências, onde ele a chamou para sair pela primeira vez. Ela até havia feito um cartão para ele, agradecendo-lhe por todo o apoio durante sua busca pela verdade.

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– Deve ser mesmo um grande segredo – disse Sofia com um sorriso. – Afinal, estamos nos escondendo atrás de uma samambaia!

Pela primeira vez, Olivia não sorriu – Ivy e eu estamos declarando estado de emergência:

ela e seu pai vão se mudar para a Europa.– Ele é seu pai também – Ivy lembrou-a gentilmente. Olivia balançou a cabeça. – Certo – ela concordou, pensando que ia levar um

tempo para se acostumar. – E nós temos menos de dez dias para convencê-lo a não se mudar.

– Não vamos permitir que nos separem novamente – Ivy declarou corajosamente.

– E eu não vou perder meu pai biológico agora que eu sei quem ele é – Olivia acrescentou.

Camilla e Sophia se colocaram à disposição. – Como podemos ajudar? – Camilla perguntou. – Você realmente acredita que seu pai possa mudar de

ideia? – Sophia perguntou. – Ele tem de mudar – Ivy respondeu. – Nós temos de pensar em alguma coisa que torne isto

impossível – disse Olivia. – Algo tão espetacular – Ivy completou –, que o deixe

louco para ficar.– Como o quê? – indagou Sophia.Ivy e Olivia se olharam em dúvida. – Isso é o que nós esperamos que vocês nos ajudem a

descobrir – Ivy sorriu sem graça.

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As quatro meninas se entreolharam. Elas ainda esta-vam ali paradas, pensativas, quando o sinal para a primei-ra aula tocou.

– Conferência – Olivia convocou, e as quatro se apro-ximaram mais. – Vamos nos encontrar na hora do almoço para bolar um plano – disse.

Todas concordaram. Então, Olivia fez com que todas estendessem as mãos para o centro, apoiando-as umas nas outras.

– Franklin Grove ou morte – ela disse.– Franklin Grove ou morte! – Ivy e as amigas repeti-

ram em uníssono, bombeando as mãos em conjunto e, em seguida, erguendo-as para o ar como uma explosão.

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Ivy Vega e sua melhor amiga, Sophia Hewitt, cami-nhavam apressadas pelo cemitério mais antigo de Franklin Grove, a caminho da escola, na manhã de segunda-feira. A grama da trilha, endurecida pela geada, rangia alto de-baixo de suas botas pesadas e Ivy ia com as mãos nos bol-sos de seu casacão preto para mantê-las aquecidas.

Sentirei falta desse velho cemitério quando me mudar para a Europa, Ivy pensou. Mesmo que ainda estivesse um pouco escuro, ela podia distinguir ao longe a silhueta baixa da cripta da família de seu namorado, onde ela e seus amigos haviam passado tanto tempo se divertindo. Fora dos portões do cemitério, as luzes das residências próximas cintilavam.

– Que festa boa! – Sophia exclamou, cortando os pen-samentos de Ivy. Embora parecesse ter acontecido há mi-

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lênios, no sábado, a gêmea humana de Ivy, Olivia, havia sido iniciada na comunidade vampírica, e, depois, houve uma pequena comemoração.

– Você deve estar muito animada – Sophia prosseguiu – com o fato de não ser mais segredo Olivia saber da exis-tência dos vampiros. Está por toda Vorld Vide Veb.

Ivy encostou a boca em seu cachecol preto tricotado e exalou, para esquentar o pescoço. Isso não é a única coisa que já não é mais segredo, pensou ela. – Sophia – disse em voz alta –, tenho uma coisa para lhe contar.

Olivia Abbott recebeu uma lufada de ar quente ao abrir uma das gigantescas portas de carvalho da Escola Franklin Grove. Examinando o saguão, tirou o gorro e o balançou por um dos cordões de amarrar, que termina-vam em pompons cor-de-rosa. Saltitava para espantar o frio. Havia vestido o uniforme de líder de torcida apenas pelo espírito de equipe, mas mesmo com legging, sentia-se um picolé.

Onde você está, Camilla?, pensou Olivia enquanto pu-lava de um pé para o outro, atenta para ver se avistava a amiga. Tenho grandes novidades!

A porta externa se abriu e Olivia olhou naquela di-reção com ansiedade. Infelizmente, era apenas Charlotte Brown, a presunçosa capitã da equipe de líderes de torci-da. Ela usava protetores de orelha brancos e felpudos.

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– Oi, Charlotte – disse Olivia sem conseguir disfarçar o tom de desapontamento em sua voz. Charlotte deixou a porta se fechar atrás dela, mas suas companheiras de equi-pe, Katie e Alison, apressaram-se em alcançá-la. Também usavam protetores de orelha.

– Nossa, Olivia, estou congelando! – queixou-se Charlotte.– Também estamos! – disseram Katie e Alison, que

tinham o talento de sempre pensar a mesma coisa que Charlotte.

– Então, é melhor vocês entrarem agora mesmo para se aquecerem! – Olivia disse, “ligando” o seu sorriso. Elas passaram por Olivia sem dizer mais nada.

Os alunos iam chegando à escola um após o outro e, cada vez que a porta externa se abria, o coração de Olivia pulava. Finalmente, ela avistou os saltitantes cachos lou-ros de Camilla.

– Camilla! – Olivia chamou.– Oi! – disse ela, abrindo um largo sorriso quando viu

Olivia. – Desculpe o meu atraso. Você me pareceu tão empolgada ao telefone ontem à noite. O que aconteceu?

Olivia sorriu.– Simplesmente a novidade mais importante de toda a

minha vida!Camilla olhou-a com ceticismo.– Mais importante do que descobrir que você tinha

uma irmã gêmea separada de você ao nascer?Olivia franziu o nariz, Camilla tinha razão. Tanto Oli-

via como Ivy sequer sabiam que tinham uma irmã até o

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primeiro dia de aula de Olivia na Escola Franklin Gro-ve, poucos meses antes. Pensando bem, todo o lance de minha-irmã-é-uma-vampira também havia sido uma no-vidade e tanto, mas é claro que Camilla não sabia dessa parte. Olivia estava entre os pouquíssimos humanos no mundo inteiro que sabiam da existência de vampiros.

– Tão importante quanto – Olivia decidiu, puxando Camilla para trás do vaso com uma enorme samambaia no canto do saguão.

Olivia respirou fundo.– Você não pode contar para ninguém – disse. –

Promete?– Prometo – respondeu Camilla solenemente. – Mas

conte logo!

– Eu estou contando – Ivy protestou.– Não – Sophia disse –, o que você está fazendo é ten-

tar me contar. Até o momento, a única coisa que você fez foi suspirar um bocado.

Ivy suspirou de novo, soltando uma nuvenzinha no ar frio. – Ainda não consigo acreditar – murmurou, como um jeito de se explicar.

– Ivy – Sophia disse em tom severo –, estou congelan-do minhas presas parada aqui.

– Você não tem presas – respondeu Ivy, olhando ao redor do cemitério para se certificar de que não havia nin-

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guém por perto espreitando. – Você as serra como o res-tante de nós.

– É maneira de falar – Sophia replicou, elevando a voz com a frustração. – Agora, faça-me sua grande revelação!

– Eu descobri... – Ivy engoliu em seco. – Olivia e eu descobrimos...

Sophia a encarava com impaciência. – Quem é o meu verdadeiro pai – Ivy desembuchou,

finalmente.

– Sério? – Camilla gritou, arregalando os olhos. Olivia confirmou com a cabeça, mordendo o lábio para conter um sorriso.

– Estou tão feliz por você! – Camilla jogou os braços ao redor de Olivia, acidentalmente derrubando as samam-baias. Olivia riu.

– Eu sabia que você e Ivy iriam encontrar algumas respos-tas se continuassem a procurar.

Olivia teve de admitir que sua perseverança valeu a pena. Ela e sua irmã tentavam resolver o mistério de quem seus pais eram desde quando perceberam que eram irmãs gêmeas.

– Obrigada, Camilla – Olivia disse, abraçando-a de novo. – Eu queria contar a você pessoalmente.

– Então, quem é ele? Quem é o seu pai? – Camilla per-guntou com a voz estourando de curiosidade.

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Olivia apertou os lábios, saboreando o momento. Camilla leu seu rosto. – Eu sabia! – ela gritou. – É uma celebridade! Sempre

achei que vocês duas tinham o nariz do George Clooney! – Não – Olivia balançou a cabeça timidamente. –

Melhor ainda.– Antonio Banderas? – Camilla sussurrou admirada.

– Bem, então quem? – Sophia disse entusiasmada, passando o braço em torno de Ivy enquanto elas saíam do cemitério.

Os cabelos longos e escuros de Ivy caíram na frente de seu rosto.

– Ele é, hum, o nome dele é... Karl Lazar – ela gague-jou. Por que estou tendo tanta dificuldade para contar à minha melhor amiga a história toda?, Ivy se perguntou. De algu-ma forma, isso era muito inacreditável para contar num impulso.

– Lazar? – Sophia repetiu. – Você quer dizer aquele vampiro aristocrata da Transilvânia que se apaixonou por uma humana?

Ivy confirmou silenciosamente. – Isso é incrível! Você sabe se ele ainda está vivo? – So-

phia perguntou. – Ah, ele está vivo – Ivy disse. – Como você sabe? – Sophia pressionou.

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– Ele tem se escondido nos últimos treze anos – Ivy respondeu.

Como a Escola Franklin Grove já podia ser avistada ao longe, os passos de Sophia tornaram-se mais lentos.

– Ivy, por que acho que existe algo que você não está me dizendo?

Ela sorriu timidamente, aliviada por sua amiga a co-nhecer tão bem.

– Porque existe algo que eu não estou dizendo a você – Ivy respondeu.

Enquanto Sophia procurava por algo no rosto dela, Ivy suspirou fundo uma última vez e afastou os cabelos dos olhos.

– O meu pai é meu pai – anunciou, as palavras subin-do no ar como fumaça.

Sophia olhou para ela sem expressão. – Meu pai é o meu verdadeiro pai – Ivy esclareceu. Sophia, sem expressão, demorou para ter uma reação. – Você quer dizer que seu pai, Charles Vega, que você

conhece a sua vida inteira...– ... é Karl Lazar – Ivy completou. Sophia olhou para ela incrédula. – Para eu cair dura aqui, só falta você morder o meu

pescoço!Ivy sorriu.– Nada de presas, lembra?

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Mas por que o Sr. Vega fingiria ser pai adotivo de Ivy quando, na verdade, é pai verdadeiro? – Camilla perguntou.

– Nós não sabemos – Olivia franziu a testa. – Talvez ele não quisesse que Ivy soubesse que ela tinha uma irmã gêmea.

– Mas por que não? – Camilla insistiu. Tudo o que Olivia pôde fazer foi encolher os ombros.

Ela queria contar à amiga tudo o que ela e Ivy haviam descoberto sobre o pai delas ser um vampiro e a mãe ser humana e que ele havia separado as gêmeas depois de a mãe delas ter morrido. Mas ela havia feito um Juramento de Sangue de jamais violar a Primeira Lei da Noite, o que significava que ela nunca deveria revelar a existência de vampiros a um humano. Era uma chatice, porque Camilla era superesperta e Olivia achava que talvez ela tivesse boas ideias sobre o porquê do Sr. Vega ter feito o que fez.

Ivy e Sofia subiam os degraus da escola. – O seu pai sabe que você sabe? – Sophia perguntou. Ivy sacudiu a cabeça negativamente. – Olivia e eu conversamos sobre isso e concordamos

em não contar aos nossos pais ainda. A mãe de Olivia vai bater asas como um morcego quando descobrir a ver-dade. E meu pai já se sente totalmente desconfortável perto de Olivia.

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Elas foram para dentro e atravessaram o saguão, quan-do Ivy ouviu alguém chamar seu nome de forma abafada. Ela olhou ao redor, mas nenhum dos estudantes que se encontravam no saguão olhava em sua direção.

– Ivy! Sophia! – a voz chamou mais uma vez. – Acho que aquela samambaia está nos chamando –

Sophia murmurou, apontando para o canto. As duas fo-ram até lá. De repente, uma mão com unhas cor-de-rosa puxou Ivy para trás da folhagem. Olivia estava encolhida ali com Camilla.

– Você contou a ela? – Ivy e Olivia se perguntaram ao mesmo tempo. Elas balançaram a cabeça afirmativamente uma para a outra e, em seguida, as quatro se uniram num grande abraço.

– Parabéns por encontrar o seu pai – Camilla sorriu para Ivy.

– Você consegue acreditar que, todo esse tempo, o ver-dadeiro pai estava bem diante delas? – Sophia disse entu-siasmada à Camilla, que sacudiu a cabeça, incrédula.

– Vocês duas não podem contar a ninguém – Olivia disse, séria.

– Nem mesmo ao Brendan? – perguntou Sophia. – Exceto Brendan – Ivy respondeu. Ela planejava con-

tar ao namorado depois da primeira aula. Queria dizer a ele no corredor da ala de Ciências, onde ele a chamou para sair pela primeira vez. Ela até havia feito um cartão para ele, agradecendo-lhe por todo o apoio durante sua busca pela verdade.

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– Deve ser mesmo um grande segredo – disse Sofia com um sorriso. – Afinal, estamos nos escondendo atrás de uma samambaia!

Pela primeira vez, Olivia não sorriu – Ivy e eu estamos declarando estado de emergência:

ela e seu pai vão se mudar para a Europa.– Ele é seu pai também – Ivy lembrou-a gentilmente. Olivia balançou a cabeça. – Certo – ela concordou, pensando que ia levar um

tempo para se acostumar. – E nós temos menos de dez dias para convencê-lo a não se mudar.

– Não vamos permitir que nos separem novamente – Ivy declarou corajosamente.

– E eu não vou perder meu pai biológico agora que eu sei quem ele é – Olivia acrescentou.

Camilla e Sophia se colocaram à disposição. – Como podemos ajudar? – Camilla perguntou. – Você realmente acredita que seu pai possa mudar de

ideia? – Sophia perguntou. – Ele tem de mudar – Ivy respondeu. – Nós temos de pensar em alguma coisa que torne isto

impossível – disse Olivia. – Algo tão espetacular – Ivy completou –, que o deixe

louco para ficar.– Como o quê? – indagou Sophia.Ivy e Olivia se olharam em dúvida. – Isso é o que nós esperamos que vocês nos ajudem a

descobrir – Ivy sorriu sem graça.

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As quatro meninas se entreolharam. Elas ainda esta-vam ali paradas, pensativas, quando o sinal para a primei-ra aula tocou.

– Conferência – Olivia convocou, e as quatro se apro-ximaram mais. – Vamos nos encontrar na hora do almoço para bolar um plano – disse.

Todas concordaram. Então, Olivia fez com que todas estendessem as mãos para o centro, apoiando-as umas nas outras.

– Franklin Grove ou morte – ela disse.– Franklin Grove ou morte! – Ivy e as amigas repeti-

ram em uníssono, bombeando as mãos em conjunto e, em seguida, erguendo-as para o ar como uma explosão.